Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
MICRO E PEQUENAS
EMPRESAS
Preencha a ficha de cadastro no final deste livro
e receba gratuitamente informações
sobre os lançamentos e as promoções da Elsevier.
ISBN 978-85-352-3698-9
Nota: Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros
de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação
ao nosso Serviço de Atendimento ao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão.
Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais danos ou perdas a
pessoas ou bens, originados do uso desta publicação.
CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte.
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
_________________________________________________________________________
L57a Lemes Júnior, Antônio Barbosa, 1949-
Administrando micro e pequenas empresas / Antônio Barbosa
Lemes Júnior, Beatriz Jackiu Pisa. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-352-3698-9
CDD: 658.022
10-0445. CDU: 005.71-022.51/.55
_________________________________________________________________________
Agradecimento
Muito se tem falado sobre a importância das Micro e das Pequenas Empresas na economia
de qualquer país. Especialmente no Brasil, fruto do incansável trabalho de instituições públicas e
privadas e de líderes visionários, os pequenos negócios passaram a ter lugar de destaque nas pautas
política e econômica. E é neste contexto que os professores Antonio Barbosa Lemes Júnior e
Beatriz Jackiu Pisa oferecem uma valiosa contribuição às comunidades acadêmica e empresarial,
ao realizar um profundo “mergulho” no mundo do empreendedorismo e na realidade das micro
e pequenas empresas. Agora, podem comemorar os excelentes resultados desse intenso trabalho.
Administrando Micro e Pequenas Empresas é um livro completo, dividido em quatro
partes – Empreendedorismo, Micro e Pequenas Empresas, Transformando o Sonho em Realidade
e Continuidade e Crescimento –, e que nos faz refletir sobre o papel dos pequenos negócios,
seus desafios, suas conquistas. O empreendedorismo é uma força viva que mexe com a vida das
pessoas e com a economia dos países no mundo todo. Exemplos de como os pequenos negócios
transformam realidades não faltam.
A Emilia-Romagna, no centro da Itália, tinha, até a década de 1970, uma economia agrícola
e de baixo desenvolvimento. A região transformou sua dinâmica a partir da criação de distritos
industriais apoiados na disseminação de uma forte cultura de cooperação e no fortalecimento de
redes de pequenas empresas. Como resultado, a região hoje apresenta indicadores de renda per
capita, qualidade de vida e distribuição de renda entre os melhores da Europa.
A Irlanda foi, por mais de dois séculos, um dos países mais pobres da Europa, com baixos
níveis de escolaridade e elevados níveis de emigração. O governo reduziu, no final da década de
1980, a carga tributária do setor produtivo ao mesmo tempo que investiu em educação, desburo-
cratização e no tratamento diferenciado às pequenas empresas. O PIB irlandês atingiu os níveis
da União Europeia em 1998, o desemprego caiu para 4% em uma década e o país tornou-se um
dos centros mundiais de software e tecnologia.
Castilla y Leon é uma região espanhola que, até o início da década de 1990, era essencialmente
uma área rural com alto nível de desemprego. Em 1994, a região criou um Sistema Regional de
Inovação, baseado numa rede de agentes locais que visitavam áreas isoladas, levando inovação às
VIII Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
pequenas empresas. Desta iniciativa, resultaram projetos que, a partir de sua implantação, alavan-
caram os níveis de competitividade das empresas com consequente dinamização da economia de
toda a região e redução do desemprego.
Embora alguns elementos na abordagem dessas histórias de sucesso sejam diferentes –
cooperação na Emilia-Romagna, educação e desburocratização na Irlanda, inovação em Castilla
y Leon, temos entre elas um ponto em comum: o empreendedorismo e as micro e as pequenas
empresas como elementos do processo de transformação e desenvolvimento, o que pode ser
conferido nesta obra. São exemplos que evidenciam o acerto de estratégias que privilegiaram e
deram tratamento diferenciado aos pequenos negócios.
Em 2006, o Brasil também deu um passo importante ao instituir um novo Estatuto Nacional
da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. Também conhecido como Lei Geral da Micro e
Pequena Empresa, a legislação criou mecanismos para melhorar o ambiente institucional para os
pequenos negócios. Uma lei não apenas focada em aspectos tributários, mas também em questões
como a desburocratização, acesso a novos mercados, ao crédito, à inovação. Uma revolução, cujos
resultados serão colhidos nos próximos anos.
Mudanças legais que por si só, entretanto, não são suficientes para dar corpo a esse movimento
em prol do empreendedorismo. A qualificação dos empreendedores e empresários de micro e
pequenas empresas se faz mister. Sem ela, não há legislação capaz de promover a transformação
necessária. Os autores de Administrando Micro e Pequenas Empresas pensaram nisso. A obra
traz informações e análises sobre as mais diversas facetas do empreendedorismo e das micro e
pequenas empresas. Os dados apurados minuciosamente pelos autores ajudam a conhecer um
pouco melhor o mundo corporativo.
Outra virtude desta obra está no seu nível de abrangência. É difícil imaginar um tema pertinente
ao processo empreendedor e à gestão de pequenos negócios que não tenha sido coberto pelos
autores. A lista começa em comportamento empreendedor, empreendedorismo por oportunidade,
empreendedorismo por necessidade, empreendedor investidor, gestão, motivação empreendedo-
ra, passa por planejamento, inovação, finanças, responsabilidade socioambiental, balanço social,
princípios de governança corporativa, empresas familiares, e termina com erros que devem ser
evitados e uma apresentação de instituições de apoio, como o Sebrae, que podem atuar como
facilitadores em todo esse complexo processo.
Finalmente, a obra que o leitor tem agora em mãos possui ainda duas grandes virtudes. A primeira
é a de trazer para a realidade exemplos reais, amparados por informações técnicas e consistente
embasamento científico, que ensinam, de forma prática e diretamente aplicável, como enfrentar o
dia a dia das micro e pequenas empresas. E a segunda é evidenciar que, numa economia globalizada,
crises geram oportunidades, oportunidades viram negócios e negócios podem ser fonte de lucro e
geração de riqueza para os empresários de micro e pequenas empresas que apostam no conheci-
mento. Um livro de fácil compreensão, mas sem ser simplista. Sem dúvida, um manual de leitura
obrigatória para quem está começando e também para quem já é empresário.
Empreendedorismo
1.1. Introdução
1.2. Comportamento empreendedor
1.3. Empreendedorismo por oportunidade e por necessidade
1.4. O empreendedor investidor
1.5. Motivação empreendedora
1.6. Erros a evitar
1.7. A atividade empreendedora e as MPEs
1.8. Onde buscar apoio
1.9. Ética, sustentabilidade e governança corporativa
1.10. Questões
1.1. Introdução
A atenção sobre os pequenos negócios está crescendo dia após dia, a maioria dos países está
direcionando investimentos para esse setor porque reconhece a importância do papel exercido
pelas Micro e Pequenas Empresas (MPEs) na geração de empregos e negócios, distribuição de
renda e criação de valor, importantes para o desenvolvimento da economia de qualquer país.
As oportunidades de negócios encontram-se no ambiente e são visíveis por algumas pessoas
capazes de identificá-las, selecioná-las e transformá-las em negócio real. Quem tem essa capacidade
é chamado de “empreendedor”. É ele quem vê oportunidades onde outros nada enxergam, é ele
quem leva adiante o projeto e o torna viável e é ele quem não mede sacrifícios pessoais para criar
e manter seu empreendimento e, mais ainda, faz isso com tal entusiasmo que consegue convencer
outras pessoas a ajudá-lo nessa realização.
Os empreendedores são considerados seres criativos movidos pelo desafio, capazes de
perceber novas possibilidades de negócio e possuidores de determinadas características para
aproveitá-las. Na Figura 1.1. a seguir, algumas das características principais do empreendedor:
4 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
VISÃO DA
OPORTUNIDADE
NOVA
FORÇA DE
UTILIZAÇÃO
VONTADE EMPREENDEDOR
PARA
PARA CRIAR
VELHAS IDEIAS
CAPACIDADE
DE APRIMORAR
PROCESSOS E
PRODUTOS
Existem diversas maneiras de buscar ideias para o empreendimento, no Quadro 1.1. apre-
sentamos algumas delas:
Identificada a ideia do negócio, o passo seguinte é perguntar: Será que essa ideia representa
também uma boa oportunidade? Uma boa oportunidade quer dizer: a chance do negócio ser
bem-sucedido. Não há fórmulas preestabelecidas para o sucesso, porém existem princípios bási-
cos, que deverão ser verificados:
1. Existe mercado para o que se vai oferecer (tamanho e potencial)?;
2. Eu sei fazer o produto ou prestar o serviço (domínio da tecnologia, know-how)?;
3. Está sendo oferecido o desejável grau de inovação (valor para o cliente)?;
4. O negócio trará o necessário retorno financeiro (lucratividade)?.
O passo seguinte é desenvolver o conceito do negócio, ou seja, planejar o empreendimento
nos mínimos detalhes, identificando os riscos e ameaças, bem como as maneiras de reduzi-los ou
neutralizá-los. Avaliar profundamente o potencial do lucro e crescimento do negócio, identificando
qual é a força de nosso produto ou serviço e a melhor estratégia a ser adotada para aproveitar
isso e aumentar as chances de sucesso. Esse procedimento é concretizado através da elaboração
do plano de negócio.
Depois de ter estabelecido tudo, partir para a abertura, propriamente dita.
Capítulo 1 • Empreendedorismo 5
Com a empresa aberta, mantê-la bem administrada e rentável por muitos anos. A Figura 1.2.
esquematiza os passos para empreender com sucesso:
4o 1o
Administrar Idenficar
com eficiência oportunidades
o dia a dia
Empreendimento
bem-sucedido
3o 2o
Concrezar o Desenvolver o
negócio conceito do
negócio
Este parece ser um processo contínuo, que envolve uma série de ações, de forma bem se-
melhante à que ocorre com a criação artística: primeiro a pessoa tem uma ideia de como será o
trabalho definitivo, depois vai trabalhando etapa por etapa, até chegar ao resultado final. Cada
etapa contém novas ideias, que vão modificando aquela visão inicial, e é justamente esse processo
criativo que leva à perfeição, ou seja, a ideia não nasce pronta, é necessário garimpá-la, adaptá-la
e aprimorá-la ao longo de todo processo criativo.
Otimiza os recursos visando atingir metas prees- Estabelece as metas e os objetivos para depois
tabelecidas conseguir os recursos
Busca adaptar-se às mudanças Busca iniciar mudanças
Define tarefa e papéis que criam uma estrutura
Trabalha dentro de uma estrutura existente
na organização
Apoia-se na autoconfiança, na sua própria visão,
Busca conhecimentos gerenciais e técnicos
e na capacidade de inovação e criação de valor.
Padrão de trabalho implica imaginação
Padrão de trabalho implica análise racional
e criatividade
Foca a evolução individual e a comunicação do
Foca o trabalho em grupo
grupo
Trabalha centrado em processos que levam em Trabalha centrado no planejamento de processos
conta o meio em que ele se desenvolve que resultam de uma visão diferenciada do meio
Apoia-se na cultura da afiliação Apoia-se na cultura da liderança
Desenvolve padrões em busca de aplicações Desenvolve padrões em busca de regras gerais
concretas e específicas e abstratas
Enfatiza a adaptabilidade Enfatiza a perseverança
Busca do conhecimento em gerenciamento de Busca do conhecimento que elevam
recursos da própria especialização a ocupação de espaço no mercado
Fonte: Administradores.com.br, 2009.
Autor-
-realização
Autoesma
Necessidades Sociais
Necessidades de Segurança
Ao entendermos melhor o que caracteriza uma necessidade, podemos então definir em-
preender por necessidade como uma das formas de alguém garantir a sobrevivência, devido
à total ausência de outros meios para satisfazer as necessidades fisiológicas ou de segurança
próprias e da sua família.
Resumindo, os empreendedores por necessidade são aqueles que iniciam seu próprio negócio,
geralmente de maneira informal, motivados pela falta de opções satisfatórias de trabalho e renda.
Esta realidade tende a ser maior entre os países em desenvolvimento, por causa das dificuldades
de inserção no mercado de trabalho formal.
10 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
O que se observa, entretanto, é que a imensa maioria dos negócios criados não sobrevive,
pois falta ao empreendedor os conhecimentos básicos e até mesmo as características para levá-lo
adiante. Segundo dados do Sebrae, cerca de 80% dos micro e pequenos empresários perdem em
parte, ou totalmente, os recursos investidos que, geralmente, são recursos próprios.
Para se avaliar o que isso significa para a economia do País, levantamos alguns dados inte-
ressantes:
• A cada ano são abertas em média 130 mil empresas; ao mesmo tempo são demitidos de 70 a
80 mil funcionários;
• Quanto aos índices de mortalidade das empresas:
29% fecham antes de completar o primeiro ano;
56% fecham antes do quinto ano;
44% sobrevivem aos cinco primeiros anos.
Quanto ao jovem empreendedor, são definidos como os que estão na faixa etária entre 18 e 24
anos e representam, de acordo com os dados da pesquisa GEM 2008,7 29,1% dos empreendedores
novos e nascentes em 2008 – esta proporção, considerada a mais alta de todos os tempos, pode
significar duas verdades distintas:
Capítulo 1 • Empreendedorismo 11
1. A primeira, de que não existe emprego suficiente para todos que atingem a idade adulta, e este
motivo levaria o jovem a criar negócios por necessidade;
2. A segunda, de que jovens que saem das universidades estão finalmente enxergando no
empreendedorismo uma oportunidade de sucesso, vencendo o aspecto cultural de que
se deve estudar para conseguir um bom emprego. Mesmo porque o emprego formal é
oferecido em número cada vez menor, devido a fatores como automatização, globalização,
estrutura organizacional enxuta, exigência de funcionários com características multitarefa,
entre outras.
A nosso ver os jovens são os que melhor identificam as inovações e têm coragem e criati-
vidade para arriscar-se em negócios com novas tecnologias; são eles quem sabem o que a nova
geração pensa e deseja, por isso a necessidade de o jovem empreendedor ser estimulado com
linhas específicas de financiamentos.
O nicho do jovem empresário pode ser os negócios com internet, como lan houses, locadoras
de jogos eletrônicos, bares temáticos com música eletrônica, lojas especializadas em personalização
de automóveis (ex.: adesivos, pinturas, rodas importadas, equipamento de som e imagem), lojas
de roupas especializadas para as diversas “tribos” e modalidades esportivas, como surfe, corrida,
motocicletas, bicicletas, além das academias de ginástica especializadas em diversos setores, como
musculação, hidroginástica, pilates, ioga entre outras.
EMPRESA
EMERGENTES
No caso dos Estados Unidos, os investidores anjos são a principal fonte de financiamento
de empresas emergentes e investem, em média, de 20 a 25% de seu patrimônio, em troca de
participação que varia de 20 a 30%.
Na Europa existem os chamados Business Angel Network (BAN), que são organismos priva-
dos, ou semiprivados, cujo objetivo é promover o encontro entre empreendedores que buscam
financiamento em troca de participação acionária com investidores anjos.
14 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Filosoficamente, esse tipo de investimento poderia ser considerado uma evolução daquele
velho conceito concebido por Karl Marx, no sentido de que o Capital estaria amparando
o Trabalho, obviamente com o objetivo de lucro, porque investidores não apostariam em
qualquer projeto que não ofereça a possibilidade de um bom retorno financeiro, e quanto
maior, melhor.
Vamos avaliar por que alguém deixaria de aplicar na bolsa de valores, por exemplo, para se
aventurar num empreendimento qualquer. A resposta parece óbvia: o retorno pode ser muito mais
satisfatório, desde que se saiba escolher bem o parceiro empreendedor. Muitos desses investidores
exigem um potencial de valorização de seus ativos de mais de 50% ao ano.
Bons empreendedores, com ótimas ideias, não faltam no país, empreendedores com potencial
de serem bem-sucedidos, com ideias excepcionais e inovadoras, bom plano de negócios, moti-
vados, bem preparados tecnicamente e eticamente corretos são mais difíceis de ser encontrados.
Porém, quando se unem disponibilidade financeira e ideias excepcionais, o sucesso tem grande
possibilidade de acontecer.
Os empreendedores investidores também possuem todas as características já descritas, princi-
palmente quando se trata de se identificar uma boa oportunidade, porque são visionários e sabem
assumir riscos calculados.
Eles podem e devem participar da administração da empresa escolhida – seria esta mais uma
garantia do sucesso –, porém, se desejarem simplesmente aportar capital, poderão fazê-lo com
boas chances de lucro e sem a necessidade de abandonarem seus empregos ou rotina diária. No
Brasil já existem fundos especializados nesse tipo de investimento.
Outra forma de participar em investimento de risco com boas possibilidades de lucro seria a
aquisição de cotas emitidas pelo BNDES Participações (BndesPar), que é o órgão subordinado
ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES.
Já vimos, muitos empreendem não porque identificaram uma boa oportunidade no mercado,
mas por pura falta de opção de renda. Tais situações abrangem profissionais que saíram de grandes
empresas estatais, privatizadas na década de 1990, por meio de programas de demissão voluntá-
ria (PDVs), receberam recursos econômicos significativos e que resolveram criar sua empresa.
A maioria teve insucesso por falta de conhecimentos básicos do funcionamento do mercado e
mesmo de administração do dia a dia.
É imprescindível estar preparado para enfrentar as muitas dificuldades, como a concorrência, a
falta de incentivo, a carga tributária, a exigência de flexibilidade e adaptabilidade, inovação e qualidades.
Lembrar que esse fato sempre ocorreu e continua ocorrendo com aqueles que se aposentam,
sejam oriundos de empresas públicas ou da iniciativa privada. Com poucas exceções, o destino das
empresas abertas é o mesmo descrito anteriormente, ou seja, o fechamento. O capital acumulado
durante anos, seja no FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), seja por prêmio para
aposentadoria ou poupança própria, pode ser desperdiçado.
Daí a necessidade de se buscar conhecimento antes de se aventurar na abertura de uma
empresa. O ideal é iniciar negócios dos quais já se tenha conhecimento e experiência anterior.
O sucesso da empresa depende de se começar bem, é indispensável que a ideia do produto
ou serviço seja atraente ao seu público. E mais, o empreendedor deve saber fazer o produto ou
serviço que vai oferecer, deve conduzir o negócio segundo o planejado, os recursos precisam
estar disponíveis com custo suportável e é desejável que existam políticas e órgãos de apoio a
empresas iniciantes.
Outro exemplo decorre do não fornecimento de nota fiscal, o que impede a empresa de
participar de concorrências públicas ou fornecer a outras empresas formalizadas.
Um estudo do SEBRAE de São Paulo, apresentado em outubro de 20089 revelou as principais
causas de fechamento de empresas paulistas, criadas nos anos de 2000 a 2005.
A Tabela 1.1 resulta de pesquisa realizada de out./06 a mar./07 junto aos empreendedores de
empresas que efetivamente fecharam as portas. Esses fechamentos poderiam ter sido evitados se
erros básicos fossem corrigidos no início da empresa. A falta de clientes, por exemplo, poderia
ser prevenida com a simples observação do mercado, da concorrência ou do produto que estava
sendo oferecido. Muitas vezes a localização e os produtos ou serviços oferecidos pela empresa
não estão de acordo com as características do mercado onde atua.
Estatística apresentada no relatório GEM 2008 também aponta os principais motivos de
encerramento de empresas brasileiras:
A observação do quadro permite concluir que a maioria das empresas fechou por dificulda-
des de gestão e não para aproveitar boas oportunidades para deixar o negócio. O aumento no
quesito “outro trabalho” deve-se, segundo o relatório do GEM2008, ao aumento do emprego
formal no Brasil.
Essas medidas decorrem das estatísticas de mortalidades das MPEs e seus efeitos já começam
a aparecer, pois segundo pesquisa do SEBRAE do ano de 2007, 78% dos empreendimentos
abertos no período de 2003 a 2005 continuavam no mercado, o que representa uma melhora em
relação ao índice anterior, que era 50,6%.
No Brasil, segundo informações do Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empesa-2008
SEBRAE/DIEESE, com base na RAIS (2006),12 a representatividade das micro e pequenas
empresas pode ser resumida assim:
Capítulo 1 • Empreendedorismo 19
• Total de 16,2 milhões de MPEs, sendo 5,9 milhões de empresas formais (97,5% das
empresas formais no Brasil) e 10,3 milhões de informais;
• 28 milhões de postos de trabalho (67% dos trabalhadores formais e informais);
• No setor formal urbano as MPES empregam 51% da força de trabalho do setor privado
(cerca de 13,2 milhões de postos de trabalho);
• 85% dos estabelecimentos rurais o que representa 4,1 milhões de proprietários fami-
liares%;
• 38% da massa salarial;
• 28% do faturamento do setor formal (receita bruta);
• 20% do Produto Interno Bruto (PIB);
• 13% do fornecimento para o governo;
• 2,7% das exportações.
O Gráfico 1.1 nos permite concluir a importância das MPEs na economia brasileira e o quanto
ainda têm por crescer em faturamento, fornecimento para o Governo e principalmente quanto ao
PIB e exportação. Veja que 99,23% das empresas brasileiras (formais + informais) representam
apenas 20% do PIB e 2,7% das exportações.
O empreendedorismo reflete as características estruturais do país onde se insere, sejam estas
as condições econômicas ou fatores culturais, políticos, legais e sociais. Quando todos esses fa-
tores se alinham em diretrizes de apoio, a atividade empreendedora ganha força e responde com
geração de riqueza no longo prazo.
20 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
• Tamanho da população
Sobre atividade empreendedora existem outros dois enfoques de fatores responsáveis pelo
sucesso ou não de um negócio, que tanto podem ser externos ou internos, e devem ser analisados
criteriosamente por ocasião da definição do melhor momento para se ingressar numa atividade
empresarial. Esses fatores são representados no Quadro 1.6.
22 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
1. Fatores externos:
• Características do mercado
• Demanda
• Oferta
• Situação da economia
• Estabilidade, políticas de apoio
• Crises locais ou mundiais
• Investidores dispostos a aplicar capital
2. Fatores internos:
• Gestão da empresa
• Estratégias financeiras
• Estratégias de marketing e vendas
• Estratégias de custos e produção
• Qualidade do pessoal
• Capacidade de inovação
• Capacidade de negociação com fornecedores e distribuidores
• Capacidade de gerar lucro e honrar compromissos.
Fonte: Unipem.
De acordo com o relatório do GEM 2008, o Brasil é o terceiro país no ranking do empreen-
dedorismo entre os jovens de 18 a 24 anos, com o percentual de 25% dos negócios iniciais do ano
de 2008; isso representa uma taxa 15% superior ao ano de 2007, e pode configurar duas situações:
1a efeitos do desemprego gerado pela crise e/ou não absorção pelo mercado dos jovens que
buscam o primeiro emprego;
Capítulo 1 • Empreendedorismo 23
2a aumento do interesse dos jovens em abrir seu próprio negócio em oposição à cultura estabe-
lecida de busca do emprego em empresas públicas ou privadas.
Porém, na faixa etária dos 54 aos 65 anos, que teoricamente representaria a outra faixa ideal
para se iniciar negócios, o Brasil apresentou, em 2008, apenas 3,4% dos empreendimentos ini-
ciais,13 ocupando o quadragésimo lugar entre quarenta e dois países pesquisados. Isso nos remete
a algumas deduções: que os brasileiros estão demorando mais para solicitar a aposentadoria; que
diminui ano a ano o número dos que recolhem para a Previdência; que não tem havido interesse
devido ao temor da crise; ou que o aposentado está arcando com responsabilidades familiares
cada vez maiores, como auxílio financeiro aos filhos e netos.
Para que possamos visualizar o que representa cada faixa etária quanto ao empreendedorismo
no Brasil, e compará-las aos demais países da América Latina e outros emergentes, veja o Gráfico
1.2., emitido a partir da pesquisa GEM-2008:
Gráfico 1.2. Empreendedores iniciais por faixa etária, América Latina e Bris14
Essa constatação já coloca o Brasil rumo a patamares observados nos Estados Unidos e na
União Europeia, e, obviamente, existe longo caminho pela frente para se igualar, mas somente o
fato do índice ter se invertido já representa uma boa notícia.
Vamos então, conhecer o que se tem feito para oferecer apoio aos micro e pequenos empre-
sários. Escolhemos o Sebrae, APLs, Incubadoras, Sociedades Garantidoras de Crédito (SGC),
Microcrédito e Programa Prime, por terem âmbito nacional. Sabemos, no entanto, que cada estado,
município e região do país desenvolve suas próprias políticas locais de incentivo, dependendo de
sua disponibilidade financeira.
O Quadro 1.7. apresenta alguns objetivos fundamentais pelos quais trabalha o Sebrae:
Para buscar esse órgão de apoio, o interessado deve procurar o Sebrae de seu município ou
acessar a página da internet, onde estão disponíveis inúmeras informações, artigos, legislação,
cursos e muitas orientações úteis. Para acessar essa página, você deverá digitar o endereço www.
sebrae.com.br do Sebrae nacional e, então, direcionar para seu estado.
Existem dezenas de estudos de casos e informações valiosas para a abertura da empresa, ideias
de negócios, legislação, tributação. Se você já possui um negócio, poderá obter consultoria para
melhorar a gestão ou identificar problemas específicos, bem como receber informações sobre
os controles financeiros, gestão da qualidade, estabelecimento de preços, controle de custos e
qualificação de pessoal.
Aconselhamos aos interessados em empreender a participar dos treinamentos presenciais
ou dos cursos a distância (disponíveis na internet no endereço http://www.ead.sebrae.com.br/),
como, por exemplo, os cursos: Aprender a Empreender; Análise e Planejamento Financeiro; Como
Vender Mais e Melhor; D-Olho na Qualidade: 5Ss para os pequenos negócios. Esses e alguns
outros cursos são gratuitos, o tempo é suficiente para o empreendedor participar e terminar e
têm bom material, didática acessível e fornecem certificados.
Existe outro curso especialmente valorizado – o Empretec, que visa ao desenvolvimento das
características empreendedoras individuais para criação e desenvolvimento empresarial. O curso
possui várias fases que vão da inscrição, seleção, entrevista à participação em workshops, com nove
dias de duração e dedicação exclusiva, orientando ao empreendedor na criação e condução de
negócios.
Os projetos da instituição são lançados através de editais nacionais de seleção pública, como,
por exemplo, as chamadas para seleção de propostas para constituição de sociedades de garantias
de crédito-SGC, para parceiras de apoio técnico e/ou financeiras às MPEs.
Os prêmios, como o Prêmio Sebrae TOP-100 de artesanato, onde são selecionadas 100
empresas avaliadas, segundo 10 critérios de gestão, o prêmio visa incentivar as formas mais bem
organizadas do ponto de vista mercadológico e não somente estético.
Para o público universitário de todo o país, foi criado um jogo chamado Desafio Sebrae, que
tem seis meses de duração entre etapas regionais e nacional. O objetivo do jogo é despertar o
espírito empreendedor nos jovens e proporcionar nova visão profissional e alternativas de carreiras.
As disputas acontecem em simulador gerencial, em equipes de três a cinco universitários.
Cada equipe será responsável por gerenciar uma empresa virtual, porém, com questões bem
reais, enfrentando todas as situações e problemas do cotidiano de uma MPE. Eles devem tomar
decisões, analisar mercado, utilizar estratégias administrativas de marketing, finanças, logísticas.
Os prêmios oferecidos aos vencedores, além do reforço no currículo, são notebooks e uma
viagem internacional até importantes centros de empreendedorismo.
Muitos vencedores de prêmios dos anos anteriores hoje são jovens empresários bem-sucedidos,
os quais creditam parte desse sucesso ao aprendizado adquirido nos jogos do desafio.
Finalizando, o Sebrae também participa do apoio aos Arranjos Produtivos Locais e às incu-
badoras de empresas, que são os dois próximos assuntos deste capítulo.
Capítulo 1 • Empreendedorismo 27
A ideia de aglomeração dever ser entendida em sentido amplo, não somente de um agru-
pamento de empresas que atuem numa determinada atividade, mas todos os envolvidos nessa
atividade produtiva, que ocupem esse mesmo local, seja um município ou uma região, e que de
alguma forma atuem em interação e cooperação e seja possível estabelecer aprendizagem entre
eles; tais envolvidos seriam, por exemplo, fornecedores, distribuidores, clientes, prestadores de
serviços, instituições de apoio, universidades, entidades de classe e políticas.
A finalidade desses arranjos é também proporcionar desenvolvimento a essa aglomeração,
oferecendo benefícios como laboratórios, bibliotecas, centros de prestação de serviços, pesquisa
e desenvolvimento, entre outros.
28 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
De modo geral, os APLs são constituídos de pequenas empresas que lutam por ampliar suas
participações no mercado, principalmente quanto à exportação, quando a formação de consórcios
vem reduzir os custos e os riscos com que as pequenas empresas não poderiam arcar individualmente.
Porém, a cooperação não é fácil de ser obtida. É preciso buscar interesses comuns entre as
empresas para que isso funcione, como, por exemplo, para conseguir atender ao pedido de um
grande lote de determinado produto para exportação, uma série de pequenas empresas pode se
reunir para atender a essa demanda.
Deve-se deixar claro que a competição também existe nos APLs, e que a cooperação deriva dos
interesses comuns, sendo que a cooperação mais observada é aquela entre cliente e fornecedor.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES também tem estu-
dado e proposto políticas para facilitar o acesso ao financiamento às micro, pequenas e médias
empresas, com ênfase nas garantias necessárias, particularizando o caso das empresas situadas
em Arranjos Produtivos Locais.
O esforço a ser empreendido será na direção de tornar o território competitivo, ou seja,
promover e fortalecer, a partir das demandas e potencialidades dos mercados, seu adensamento
empresarial, seu dinamismo socioeconômico, sua inserção efetiva no mercado por meio de seus
produtos e suas especializações produtivas.
Segundo o Sebrae-SC, estado em que atualmente estão em andamento diversos programas
de desenvolvimento de APLs (visite o endereço na internet: http://www.sebrae-sc.com.br, siga
as abas institucionais, áreas de atuação, e conheça esses projetos), os quais trazem inúmeros be-
nefícios, não somente às empresas participantes, mas para toda a região onde são implantados.
O Quadro 1.8. indica alguns desses benefícios.
Ressaltando a importância desses arranjos para a economia de uma região, citamos como
exemplo o Arranjo Produtivo Local de Cianorte/Maringá, situado na região Noroeste do estado
do Paraná, que, organizado através do sistema Fiep, atua com cerca de 1.650 indústrias no setor
de vestuário, gerando 20 mil empregos diretos e indiretos.
Os produtos deste APL atendem às demandas do público em geral, especialmente moda
jovem e produtos em jeans. A produção estimada é de sete milhões de peças/mês, o que permite
direcionar produtos para exportação, tendo em vista o investimento em inovação e qualidade.
O excelente resultado da produção do APL de Cianorte/Maringá fez dessa região uma refe-
rência de produção em moda para todo o país.16
Cabe ainda informar que as empresas que fazem parte dos APLs podem participar das feiras
patrocinadas pelo Sebrae, geralmente com descontos na taxa de inscrição e/ou em parcelamen-
tos desta, o que representa mais uma forma de auxílio, permitindo o acesso das MPEs a esses
importantes eventos.
1. Objetivos Gerais:
• Aproximar as MPEs do sistema financeiro e dos recursos
destinados ao seu desenvolvimento
• Facilitar e viabilizar o acesso das MPEs ao crédito
• Aumentar a competitividade e taxa de sobrevivência
2. Objetivos Específicos:
• Prestar garantia e aval aos associados nas operações de
crédito junto aos bancos ou cooperativas de crédito
• Disseminar informações
• Assessorar na preparação da documentação para con-
cessão de crédito, prestar suporte à gestão e disseminar
práticas de governança
• Reduzir os custos e riscos das operações de crédito, através
da diminuição da inandimplência
Fonte: Adaptado de Sebrae NA, Fórum da Micro e Pequena Empresa, 2008.
No Brasil, um bom exemplo de SGC está no Rio Grande do Sul, na AGC da Serra Gaúcha,
que tem trazido benefícios aos associados e aos municípios que integra. Para conhecer mais sobre
essa associação acesse: www.agcserra.org.br.
1.8.5. Microcrédito
Modalidade de financiamento, cujo “público-alvo são pessoas físicas ou jurídicas, formais e
informais, excluídas do acesso ao crédito pelo sistema financeiro tradicional, ou que, por razões
de sua fragilidade socioeconômica, têm dificuldades de acessar as linhas de financiamento exis-
tentes”. (Fonte: Banco do Povo-GO, setembro/2009.)
32 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Pode ser utilizado por pessoas de qualquer ramo de atividade, exemplo: costureiras, pintores,
mecânicos, artesãos, comerciantes, feirantes, manicures e tantos outros prestadores de serviços
em geral.
O programa de microcrédito faz parte das políticas públicas do governo para atender carências
das MPEs e estabelece nova relação entre credor e investidor, incluindo consultorias técnicas e
acompanhamento.
O acesso ao crédito pode ser através de inúmeras instituições, como os bancos federais,
estaduais ou municipais, Bancos do Povo, cooperativas de crédito e programas de parceria com
organizações não governamentais (ONGs, OCCIPs) ou grupos empresariais.
Os recursos geralmente variam de R$100,00 e R$ 2.000,00, em casos especiais poderão che-
gar a R$ 10.000,00 dependendo da avaliação pelo agente de microcrédito que visitará o negócio.
O crédito poderá ser utilizado para aquisição de maquinário, equipamentos, móveis, utensílios
e capital de giro e o objetivo é a ampliação manutenção do negócio.
Segundo o texto “Desafio do Microcrédito no Brasil” de autoria de Marcelo Mançano Aro
coordenador Executivo do Banco do Povo de Cidade Ocidental, publicado pelo Banco do Povo e
disponível na página da Internet (http://bancodopovo.br.tripod.com/desafio.htm) “as condições
de operação desse programa, embora social, lembram as práticas adotadas pelo mercado financeiro
tradicional no que se refere à avaliação cadastral do cliente (verificação de restrição no SERASA
e SPC), à análise técnica de viabilidade do negócio a ser financiado, da capacidade de pagamento
do empréstimo e à recuperação do crédito”.
Os principais diferenciais do microcrédito, segundo esse mesmo artigo, são:
• taxas de juros mais baixas;
• cadastro simples e de fácil compreensão;
• possibilidade do aval solidário ou de avalistas que não necessitam ter rendas elevadas
ou bens;
• possibilidade de oferecer o próprio objeto do financiamento como garantia.
No programa Prime, o valor total do apoio será da ordem de R$ 240 mil, por empresa. Esses
recursos serão liberados em duas fases:
1a fase: No primeiro ano, um aporte de R$ 120 mil do Programa de Subvenção Econômica à Ino-
vação. Nessa primeira etapa o financiamento é não reembolsável e poderá ser utilizado para
apoio ao empreendedor e gestor do negócio, e também para contratação de consultorias
de mercado em áreas de gestão consideradas relevantes para a empresa, como recursos
humanos, propriedade intelectual, formulação estratégica e inovação.
a
2 fase: Caso o empreendedor cumpra as metas definidas no projeto, ele terá direito a mais R$ 120
mil no segundo ano, com verba do Programa Juro Zero, que prevê a devolução do em-
préstimo em 100 parcelas sem juros.
Segundo a Finep, qualquer empresa está apta a participar do Programa, desde que atenda
às exigências dos editais e, principalmente, desenvolva atividades de pesquisa e disponha de um
produto viável economicamente. A meta do Prime é trabalhar para o desenvolvimento regional,
a inovação tecnológica e a ascensão das pequenas empresas inovadoras do país. (Fonte: Finep.)18
longo período, perpetuando o bem-estar social da comunidade onde está inserida e proporcio-
nando riqueza aos proprietários, e sujeitando-se à tributação.
No Brasil, onde as MPEs empregam a maioria dos trabalhadores formais, a sobrevivência da
empresa deixa de ser apenas interessante para o proprietário e passa a ser também fundamental
para o desenvolvimento econômico e social do país.
O modo mais indicado para que uma empresa seja reconhecida como socialmente responsável
é ela já nascer com essa preocupação, o comportamento ético deve permear desde a criação e
estender-se por todas as fases da existência. Quanto mais empresas começarem assim, mais be-
nefícios retornarão à sociedade, por meio dos diversos programas que poderão ser implantados,
inclusive em conjunto, amenizando as necessidades sociais.
Parcerias com Organizações Não Governamentais são um bom caminho para auxiliar a
comunidade, porque exige pouco ou nenhum investimento financeiro e trará muitos beneficios
à empresa, que passará a ser mais bem conceituada, proporcionando satisfação ao proprietário
e seu pessoal, aumentando a possibilidade de desenvolvimento da região onde está inserida. Um
bom exemplo é oferecer vagas de aprendizes aos menores carentes da vizinhança, exigindo a
continuidade dos estudos; e esse menor poderá até ser contratado futuramente.
Outra possibilidade é incentivar os empregados a participar de ações voluntárias na comunida-
de. Pesquisas têm evidenciado que funcionários que se envolvem com esses trabalhos sentem-se
mais felizes e realizados, aumentando, inclusive, sua produtividade.
Esse tipo de ação deve ser visto pela empresa como um investimento, pois, ao melhorar o
padrão de vida da comunidade, estará também garantindo a própria existência, através da manu-
tenção dos clientes e do consumo de seus produtos ou serviços.
36 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
2. Justiça e equidade
É não fazer diferença entre o empregado contratado e o membro da família que tenham a
mesma função, em termos salariais, de benefícios oferecidos e até da exigência de qualidade e
produtividade no trabalho.
38 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
3. Prestação de contas
É importante, porque todos os que investem, financiam e trabalham na empresa têm o direito
de saber se os resultados estão sendo favoráveis ou não. A prestação de contas pode ser feita por
meio da adoção de índices ou percentuais de análise do desempenho, não significando que os
dados financeiros tenham que ser expostos, indiscriminadamente, a todos os stakeholders.
4. Obediência às leis
Não diz respeito somente ao Fisco, mas também às leis previdenciárias, trabalhistas, sociais
e ambientais. Há também leis subjetivas ou morais de respeito à diversidade de credo, raça, sexo
aparência física ou orientação política. Inclui-se aí o relacionamento com o mercado.
5. Atitudes éticas
São aquelas que nossa cultura e consciência consideram como tais, ou seja, o respeito aos
empregados, clientes, fornecedores, comunidade, meio ambiente e também às regras de bom
senso e civilidade.
1.10. Questões
1. Discutir em grupos e selecionar duas ideias de negócios promissores que gostariam de iniciar.
2. Listar e explicar pelo menos três diferenças fundamentais entre o comportamento do em-
preendedor e o do gerente.
3. Descrever três motivos que levam uma pessoa a empreender. Discutir em grupo e escrever
suas conclusões.
Capítulo 1 • Empreendedorismo 39
2.1. Introdução
2.2. O ambiente de negócios
2.3. As MPEs no mundo
2.4. As MPEs no Brasil
2.5. Empresas familiares
2.6. O início do empreendimento
2.7. Princípios de estratégia
2.8. Analisando as oportunidades de negócio
2.9. Questões
2.1. Introdução
Não existe critério único para definir micro ou pequenas empresas, tanto no Brasil quanto
em qualquer país do mundo, e essas diferenças de classificação ocorrem não somente de país
para país como também entre regiões de um mesmo país, e entre órgãos governamentais ou não,
como os bancos de desenvolvimento e particulares ou instituições de apoio.
A classificação tanto pode ser feita levando-se em conta o pessoal que emprega, quanto o
faturamento (aqui entendido como receita bruta operacional com vendas ou na prestação de ser-
viços, no exercício fiscal). Essa diversidade de conceitos decorre, basicamente, por serem distintos
os objetivos e a finalidade das instituições que os enquadram. O Sebrae define pelo número de
empregados, o BNDES, pela Receita Operacional Bruta, da mesma forma como está definido
na Lei do Simples Nacional.
De acordo com Viapiana,1 é justamente a dificuldade de caracterização, devido aos diferentes
critérios, tanto qualitativos quanto quantitativos, adotados pelos órgãos públicos, um dos maiores
entraves ao se estudar as MPEs no Brasil.
Na tabela a seguir, podemos observar alguns dos critérios para enquadramento das empresas no
Brasil e no Mercosul, tanto pelo critério da receita operacional quanto pelo número de empregados:
44 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
A União Europeia (UE) adota a seguinte definição oficial para classificação das empresas
quanto ao número de trabalhadores, conforme a edição 2008 do relatório Prioridade às PME da
Comissão Europeia Empresa e Indústria:
• microempresa: 1 a 9 trabalhadores;
• pequena empresa: 10 a 49 trabalhadores;
• média empresa: 50 a 249 trabalhadores;
• grande empresa: mais de 250 trabalhadores.
As MPEs europeias representam: 98,7% do total das empresas europeias; 50,2% dos postos
de trabalho do setor privado e mais de 80% dos postos em alguns setores industriais, como o de
produtos metálicos, da construção e de fabricação de móveis.
Os números comparativos por tamhano das empresas europeias, segundo estatísticas dispo-
níveis no Portal Eurostat, são:
Fonte: Eurostat, indicadores-chave para empresas de economia não financeira, UE27, 2005.
Nos Estados Unidos, segundo a agência Small Business Administration – SBA, as pequenas
empresas:
• representam mais de 99,7% dos empregadores;
• geram anualmente de 60 a 80% dos novos empregos;
• empregam mais da metade dos trabalhadores do setor privado;
• são responsáveis por mais de 45% da folha de pagamento do setor privado dos Estados
Unidos;
• contribuem com mais de 50% do Produto Interno Bruto privado alheio à agricultura.
A SBA é uma agência federal americana que, em 2008, teve orçamento de cerca de US$ 570
milhões, aprovado pelo Congresso americano, com as funções de ajudar, assessorar e assistir às
pequenas empresas e proteger seus interesses; além de preservar a livre concorrência; manter e
fortalecer a economia do país em geral; e ajudar na recuperação econômica de comunidades após
terem sido atingidas por calamidades.
46 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Tabela 2.2. Distribuição das empresas por porte no Brasil de 2002 a 2006
Evolução da distribuição dos estabelecimentos, por parte
Brasil 2002 – 2006 (em %)
Micro e Pequena Total
Média Grande Total
Ano Micro Pequena Total (nos absolutos)
2002 84,4 13,2 97,6 1,5 0,9 100,0 1.905.912
2003 84,3 13,3 97,6 1,5 0,9 100,0 1.963.674
2004 83,9 13,6 97,6 1,5 0,9 100,0 2.054.841
2005 83,7 13,8 97,5 1,6 0,9 100,0 2.148.906
2006 83,6 13,9 97,5 1,6 0,9 100,0 2.241.071
Fonte: MTE. Rais – Anuário das MPEs 2008, do Dieese.
Obs.: Inclui apenas os estabelecimentos com empregados.
Tabela 2.3. Distribuição das empresas por setor de atividade e porte no Brasil de 2002 a 2006
Número de estabelecimentos, por setor de atividade e porte
Brasil 2006
Porte Comércio Serviços Indústria Construção Total
Micro e Pequena 986.865 847.072 277.037 73.960 2.184.934
Micro 861.493 714.016 234.062 63.670 1.873.241
Pequena 125.372 133.056 42.975 10.290 3.11.693
Média 8.550 15.547 9.187 2.064 35.348
Grande 4.790 13.991 1.735 273 20.789
Total 1.000.205 876.610 287.959 76.297 2.241.071
O relatório também afirma que “em sete anos existirá uma pequena empresa para cada 24 ha-
bitantes”. A maior concentração deverá ser no setor de comércio (55%), seguido pelos de serviços
(34%) e indústria (11%). Essa proporção aproximará o Brasil dos índices europeus registrados
em 2000, quando Alemanha, França, Reino Unido e Itália apresentavam, respectivamente, 23, 24,
23 e 14 habitantes por empresa. O Gráfico 2.2. caracteriza essa situação:
Nota: Os dados de 2010 a 2015 são estimados em expansão das MPEs de 5,1%.
O Gráfico 2.3., a seguir, ilustra a perspectiva de participação das MPEs, por setor, para os
anos de 2009 a 2015, no qual se observa, mais uma vez, que o setor de serviços é o que conti-
nuará apresentando crescimento, o de comércio apresentará ligeira queda e o da indústria queda
mais acentuada.
Capítulo 2 • Entendendo o Mundo das MPEs 49
Situação atual
Apesar de os esforços governamentais ainda serem considerados insuficientes, é crescente
a preocupação com as MPEs, como se verifica no art. 179 da Constituição Federal, que rege:
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e empresas de
pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simpli-
ficação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou
redução destas por meio de lei.
NEGÓCIO
SUCESSÃO
Deixar de adotar as boas práticas gerenciais contribuem apenas para enfraquecer os negócios
familiares. John L.Ward3 propõe algumas práticas salutares:
• Estimular modos novos de pensar e reciclar entendimentos estratégicos.
• Atrair e manter gestores excelentes que não façam parte da família.
• Criar uma organização flexível e inovadora.
• Criar e conservar capital.
• Preparar sucessores para assumir a liderança.
• Explorar a vantagem exclusiva de possuir uma empresa familiar.
A seguir o mesmo autor sugere modelo a ser adotado quanto à gestão das empresas familiares
em busca do sucesso, vejamos a Figura 2.2:
Em que bairro e rua será montado o negócio? Qual o tamanho de loja ideal para atender
ao público esperado? O local tem estacionamento próprio, boa circulação de pessoas, é bem
servido de transporte público? Existem no local escolhido os ditos “estabelecimentos-âncora”,
como supermercados, colégios, universidades ou igrejas, que possam propiciar maior exposição
da empresa?
O cuidado que se deve tomar é saber se algum desses estabelecimentos irá concorrer di-
retamente com o nosso; por exemplo, a existência atual ou futura de um shopping center nas
proximidades poderá ser ideal para se montar um estacionamento, mas certamente será fatal para
uma pizzaria ou loja de confecções.
Pequenos negócios não devem objetivar mercados de massa, pois seria impossível concorrer
com as grandes empresas.
A diferenciação, o conhecimento do seu mercado e a agilidade na inovação são os grandes
trunfos dos pequenos negócios.
Exemplo: Qualquer empresa que pretenda se estabelecer no mercado vai sofrer alguma barreira,
seja dos concorrentes, seja de ordem legal. Quanto maior o número de concorrentes,
mais fortes serão as barreiras de entrada.
Mesmo que os conceitos apresentados por Porter se refiram às indústrias, eles também podem
ser adaptados, e muito bem aproveitados pelos demais setores como do comércio, de serviços e
até mesmo do agronegócio.
São úteis também às MPEs e possibilitam orientar a análise que o empreendedor deve realizar
sobre do mercado, para a adoção da melhor estratégia , essencial ao sucesso do novo negócio.
Porter sugeriu os seguintes métodos para fazer frente às forças competitivas e superara a
concorrência:
1. Liderança de custos - oferecer produtos ou serviços com custos inferiores aos praticados pela
concorrência, utilizando a eficiência como diferencial competitivo.
Exemplo: O Wal-Mart é conhecido mundialmente por sua estratégia de baixos preços, isso só
é possível devido toda uma estratégia de redução de custos, como auto-atendimento:
o cliente pega, paga é que arruma as compras nas sacolas; as instalações são simples
e quase não se tem auxilio de vendedores dentro da loja.
Análise Swot
Trata-se de uma análise dos ambientes externo e interno de uma empresa, como ferramentas
de apoio ao seu processo de planejamento estratégico.
O termo Swot é uma sigla oriunda do idioma inglês, que significa: Forças (Strengths), Fraquezas
(Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats).
A análise Swot é bastante significativa, pois permite:
1. identificar pontos fracos nas áreas pelas quais a empresa enfrenta ameaças graves da concor-
rência e tendências desfavoráveis para o negócio;
2. compreender oportunidades descobertas a partir de seus pontos fortes;
3. corrigir pontos fracos nas áreas em que a organização vislumbra oportunidades potenciais;
4. monitorar áreas onde a organização possui pontos fortes, a fim de não ser surpreendida fu-
turamente por possíveis riscos e incertezas.
Após a identificação dos pontos fortes e fracos, das oportunidades e ameaças, é possível
visualizar a situação real do empreendimento. Lembrando que esse é um processo que deve ser
refeito com a mesma periodicidade das mudanças ambientais.
A interpretação da matriz Swot oferece orientação estratégica útil do que deve ser feito:
• Corrigir o que estiver errado dentro da empresa.
• Aproveitar ao máximo as oportunidades identificadas no ambiente.
A Figura 2.5. apresenta um esquema da análise SWOT, diferenciando a análise de acordo com
o ambiente interno e externo:
Capítulo 2 • Entendendo o Mundo das MPEs 61
Concluímos o capítulo com as seguintes constatações: nosso país está entre os mais empreen-
dedores do mundo, e um terço daqueles que aqui empreendem o fazem por necessidade, devido
ao alto índice de desemprego e à falta de qualificação para assumir as vagas oferecidas.
Falamos sobre os diversos tipos de empreendedor e como identificá-los:
1. É empreendedor quem vislumbrou uma ótima oportunidade.
2. É aquele que, se antecipando ao futuro, está inovando para oferecer produtos ou serviços
diferenciados.
3. Está assumindo negócio familiar.
4. Está aposentado e sente que não chegou a hora de parar.
62 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
2.9. Questões
1. Reflita sobre o ambiente globalizado dos mercados atualmente e teça considerações de como
ele atingiu as MPEs e o que pode ser feito para aumentar a competitividade das MPEs brasi-
leiras.
2. Você observou que, no mundo, as MPEs representam a maioria das empresas existentes.
São responsáveis por inúmeros postos de serviços e movimentam a economia dos países. A
Comunidade Europeia e os Estados Unidos perceberam a importância de se promover mais
apoio a essas empresas. Quais os esforços observados no Brasil quanto ao apoio efetivo às
MPEs?
3. Dentre a totalidade de empresas do mundo e, especialmente entre as MPEs, observa-se que a
maioria são empresas familiares. No Brasil, representam mais de 90% das empresas formais, e
esse número é ainda maior se levarmos em conta as que trabalham na informalidade. Comente
como as empresas familiares funcionam sob os aspectos família, gestão e propriedade.
4. Releia o tópico Fontes de ideias para um novo negócio e escolha três ideias ou crie novas
possibilidades, tecendo comentários e citando exemplos para cada uma.
5. Descreva o que você entendeu sobre cada uma das cinco forças competitivas de Michel Porter
e como elas podem ser adaptadas para a prestação de serviço.
6. Imagine que você pretende abrir uma MPE, escolha o ramo e elabore a análise Swot do em-
preendimento.
CAPÍTULO 3
Formas de Entrada
3.1. Introdução
3.2. Criar uma nova empresa
3.3. Adquirir uma empresa existente
3.4. Participar de fusões e cisões
3.5. Participar de franquia ou franchising
3.6. Assumir empresa familiar
3.7. Participar de terceirizações
3.8. Questões
3.1. Introdução
Na realidade, existem muitas maneiras de se começar um novo negócio, como podemos
observar na Figura 3.1. Pode-se iniciá-lo totalmente novo, adquirir ou fundir-se a um já existente
ou até mesmo participar de uma rede de franquia. Cada uma dessas modalidades apresenta prós
e contras e devem ser escolhidas dependendo do perfil e das disponibilidades do empreendedor.
Hotéis, pousadas, restaurantes, agências de viagem voltadas para o turismo rural histórico ou
de aventura, empresas ocupadas em dar suporte e manutenção a equipamentos, automóveis
ou edificações utilizados pelo turismo nesses locais: eis aí uma oportunidade real.
7. Reflorestamento e agronegócio
No caso do reflorestamento, existe uma árvore de origem asiática, da mesma família do mogno,
chamada nim, que apresenta excelente oportunidade de negócio, pois dela tudo se aproveita e tem
crescimento rápido, chegando a atingir de oito a dez metros em cinco anos de plantio.
É uma planta que se desenvolve em regiões quentes, como o nosso semiárido, por ser resis-
tente à seca, suportar temperaturas elevadas e ser facilmente adaptável a diferentes tipos de solos.
O nim é utilizado como inseticida, na medicina humana e animal, na fabricação de cosméticos,
no reflorestamento, como madeira de lei, como adubo e no paisagismo.5
2. Pontos Negativos
• Possibilidade de haver problemas graves, ocultos à primeira vista, como, por exemplo: pas-
sivos trabalhistas, fiscais ou ambientais. Não se deve negligenciar a tomada de informações
sobre o real motivo da venda da empresa e realizar pesquisa junto aos fornecedores, bancos
e clientes, antes de fechar o negócio.
Capítulo 3 • Formas de Entrada 67
• O negócio pode não estar indo tão bem quanto o atual proprietário quer demonstrar.
Deve-se proceder a um exame criterioso das informações financeiras, principalmente
aquelas relativas a contas a pagar, financiamento a amortizar, dívidas tributárias, dívidas
trabalhistas, dívidas com o Imposto de Renda.
• Mesmo que a empresa não seja obrigada a apresentar o balanço, verificar a existência de
demonstrativos financeiros que possam indicar problemas ocultos de falta de caixa ou até
mesmo insolvência.
• Existência de problemas crônicos, causados pela força da concorrência; uma boa análise
do mercado local é fundamental para determinar as possibilidades futuras de continuidade
da empresa, principalmente observar se o preço praticado pela empresa-alvo é competitivo
• Existência de projeto futuros para instalações de shopping centers ou de grandes
supermercados, por exemplo, que possam afetar substancialmente o negócio.
Podemos dizer que os pontos positivos e negativos são os mesmos enumerados para uma
aquisição comum, porém consideramos alguns, que nos parecem mais relacionados no caso de
fusões e cisões de empresa:
1. Pontos Positivos
• Base de clientes preexistente.
• Economia de escala.
• Redução do custo da ociosidade.
68 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
• Utilização dos mesmos recursos de marketing e vendas para base maior de produto.
• Acréscimo de novos produtos, tecnologia e recursos.
• Aumento de possibilidade de financiamento junto às instituições financeiras.
• Com a produção maior, a nova empresa torna-se alvo para novas fusões, principalmente
com empresas europeias e americanas.
• No caso das cisões, a experiência da empresa originária auxilia na gestão do novo negócio.
2. Pontos Negativos
• Diferenças culturais e administrativas entre as empresas que se uniram ou cindiram-se.
• Insegurança e medo entre os funcionários, o que gera reação interna contrária.
• Herança de problemas estruturais das empresas envolvidas.
• Possibilidade de perda de funcionários-chave.
• Possibilidade de atritos iniciais com fornecedores e clientes, devido à mudança administrativa.
• Aumento de custos fixos, pelo menos, imediatamente pós-fusão ou cisão.
2. Pontos Negativos
• Autonomia parcial.
• Exigências de controles rigorosos.
• Risco de desistência.
• Pagamento de taxa de franquia.
• Localização forçada pelo franqueador.
• Risco associado ao desempenho, devido à exigência do cumprimento de metas de venda.
• Restrição da cessão do sistema.
• Contratos verbais são perigosos, deve-se firmar sempre contratos escritos; deve-se, também,
ler e atentar quanto às restrições e obrigações de ambas as partes.
Aqui vislumbramos uma oportunidade interessante para fazer um bom negócio, quando
chegar o momento da sucessão e o empreendedor-fundador não possuir herdeiros dispostos a
tocar o negócio.
Nesse momento, o empreendedor ou sucessores terão três opções:
1. Continuar a empresa, arriscando a perder tudo.
2. Contratar gestão profissional.
3. Vender a empresa.
72 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
A opção 3 geralmente é a escolhida nesses casos, porque é a que oferece menor risco e pos-
sibilita bons negócios, tanto para o vendedor quanto para o comprador.
1. Pontos Positivos
• Autoridade definida na pessoa do fundador ou empreendedor; só ele negocia.
• Interesse comum no sucesso da empresa.
• Facilidade de transmissão de informações e da cultura empresarial.
• Simplicidade de estrutura.
• Flexibilidade nos métodos e processos.
• Clima de confiança e segurança.
• Carteira de clientes e cadastro de fornecedores implantados.
• Para o comprador: subavaliação no momento de vender, após a saída do empreendedor.
2. Pontos Negativos
• Na maioria dos casos não possui gestão profissional.
• Ausência de um plano de negócio escrito.
• O ambiente da empresa se isola face aos acontecimentos do mercado.
• Confusão entre o patrimônio da empresa e o da família.
• Falta de controles em geral, principalmente os financeiros.
• Geralmente os financiamentos obtidos para a empresa são em nome da pessoa física do
empreendedor.
• Problemas com a sucessão.
inclusive com relação às normas técnicas próprias ou estrangeiras, às quais a empresa contratada
deve se submeter.
1. Pontos Positivos
• Redução de custos fixos para a empresa contratante.
• Possibilidade de sobrevivência e lucro para a empresa contratada.
• Não necessidade de imobilizar capital em infraestrutura.
• Maior flexibilidade.
• Maior tempo para dedicar-se ao que realmente importa: o seu produto.
2. Pontos Negativos
• Correr o risco de terceirizar tudo, inclusive áreas estratégicas e sigilosas da empresa.
• Empregados da terceirizada são menos comprometidos do que os de uma empresa.
• A contratante pode ser citada perante a Justiça do Trabalho juntamente com a contratada.
3.8. Questões
1. Descreva os pontos positivos e negativos de três das formas de começar um novo negócio.
2. Escolha uma das possibilidades de entrada, procure um exemplo prático e descreva o que
observou.
3. Por que muitos consideram as franquias uma forma de entrada que oferece maior segurança?
Quais as vantagens e desvantagens desse tipo de empreendimento?
CAPÍTULO 4
Aspectos Legais
4.1. Introdução
4.2. Principais leis referentes às MPEs
4.3. Custo para abrir a empresa
4.4. Prazo para legalização da empresa
4.5. Etapas para abertura da empresa
4.6. Guia completo para abertura da empresa
4.7. À procura de sócios – como estabelecer a sociedade
4.8. Questões
4.1. Introdução
Chegamos a um momento importante e desafiador: criar a empresa legalmente. Isso vai
exigir do empreendedor muita paciência, disposição e força de vontade, para enfrentar alguns
procedimentos burocráticos exigidos pelos órgãos governamentais.
Nosso intuito é direcioná-lo para agir da forma mais acertada, evitando retrabalho e agilizando
o tempo para o registro da empresas. De nada adianta ficar lamentando que no Brasil é difícil abrir
um negócio, que a tributação é terrível, que é melhor ficar na informalidade. Um empreendedor
de verdade não pode deixar-se abater nessa primeira fase da realização do seu sonho.
A informalidade pode parecer tentadora num primeiro momento, porém à medida que a
empresa cresce, se torna conhecida e ganha mercado, isso será um entrave mais que uma como-
didade, pois uma empresa informal não possui CNPJ, nota fiscal, também não poderá fornecer
para as grandes redes de varejo, como mercados e supermercado e não participará das licitações
públicas, que representam uma excelente oportunidade na vida de qualquer empreendimento,
aliado ao fato que o governo tem buscado diversificar suas compras para atingir também as MPEs.
Cabe-nos esclarecer que a legislação brasileira sofre constantes atualizações, por isso é impor-
tante que se busque informações junto aos órgãos responsáveis para verificar exatamente quais são
os requisitos legais para criação da pessoa jurídica e o exercício da atividade econômica almejada.
Todas as nossas orientações visam auxiliá-lo nesta árdua tarefa, não eximindo a busca dos
serviços de um contador experiente e dos órgãos fiscais do seu município.
Capítulo 4 • Aspectos Legais 75
Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto na Lei das MPEs, a pessoa jurídica:
1. De cujo capital participe de outra pessoa jurídica.
2. Que seja filial, sucursal, agência ou representação de empresas com sede no exterior.
3. De cujo capital participe empresário ou sócio de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado,
em que a receita bruta total ultrapasse o limite previsto para MPEs.
4. Cujo titular ou sócio participe com mais de 10% do capital de outra empresa não beneficiada pela Lei
no 123/2006.
5. Cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde
que a receita bruta global ultrapasse o limite previsto para MPEs.
6. Constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo.
7. Que participe do capital de outra pessoa jurídica.
8. Que exerça atividade de banco, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imo-
biliário, de corretora, dentre outras.
9. Seja resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica
que tenha ocorrido em um dos cinco anos-calendário anteriores.
10. Seja constituída sob a forma de sociedade por ações.
Fonte: LC 123/2006.
Cabe ainda esclarecer que a Lei no 123/2006 não exclui as MPEs da incidência de impostos ou
contribuições como: IOF (imposto sobre operações financeiras); II (imposto sobre a importação);
IE (imposto sobre a exportação); contribuições ao FGTS; ITR (imposto sobre a propriedade
territorial rural) e demais descritos na Lei, devidos na qualidade de contribuinte ou responsável,
em relação aos quais será observada a legislação aplicável às demais pessoas jurídicas.
Fonte: LC 123/2006.
Observações importantes:
1. As MEs e as EPPs optantes pelo Simples Nacional poderão adotar contabilidade simplificada
para os registros e controles de suas atividades, conforme regulamentação do Comitê Gestor10
(Art. 27).
2. Deverão ser anexados ao registro de vendas ou de prestação de serviços, na forma regula-
mentada pelo Comitê Gestor, os documentos fiscais comprobatórios das entradas de merca-
dorias e serviços tomados referentes ao período, bem como os documentos fiscais relativos às
operações ou prestações realizadas eventualmente emitidos.
3. A apresentação da escrituração contábil, em especial do livro diário e do livro razão, dispensa
a apresentação do Livro Caixa.
4. A base de cálculo mensal é realizada segundo o regime de competência ou o regime de
caixa. A partir de 01/01/2009, a empresa deverá optar por um desses regimes antes de iniciar
a primeira apuração do ano-calendário, sendo essa opção irretratável para todo o ano-calen-
dário em questão.
Capítulo 4 • Aspectos Legais 79
5. Para efeito de determinação da alíquota, a MPE utilizará a receita bruta acumulada nos doze
meses anteriores ao do período de apuração. No caso de início de atividade a alíquota será
proporcional ao número de meses de atividade.
6. A alíquota é determinada localizando-se na tabelas, anexas à Lei, o tipo de receita e a faixa
da receita bruta total acumulada da pessoa jurídica, determinando-se assim o valor a ser reco-
lhido mensalmente.
7. Para ter direito a todos os benefícios do Simples Nacional a empresa deve, dentre outras
obrigações, manter em dia o pagamento dos seus tributos, emitir as notas fiscais relativas às
suas vendas e registrar seus empregados.
Fonte: LC 123/2006.
Estímulo à inovação
A lei determinará que, no mínimo, 20% dos recursos de tecnologia da totalidade dos órgãos
e entidades da esfera federal, estadual e municipal deverão ser destinados às MEs e EPPs, inclu-
sive com previsão em seus orçamentos anuais. Ainda, são propostas várias políticas de fomento
ao desenvolvimento tecnológico de ME e EPP. Isso estimulará que os órgãos e fundos estatais
apoiem de forma crescente o segmento.
O SEBRAE12 é um dos órgãos indicados para orientar aos micro e pequenos empreendedores
para legalizar e formalizar a empresa. A formalização exige uma série de providências, entrar em
contato com diversos órgãos e instituições que possuem cada qual uma burocracia a ser cumprida
durante o processo de formalização ou legalização da empresa.
Elaboramos um resumo geral com os principais órgãos a serem visitados pelo empreendedor:
Alertamos, que a abertura e legalização de empresas no Brasil são processos bastante buro-
crático, assim sendo, será aconselhável a contratação de um contador, não apenas para a abertura
como também para a escrituração rotineira do seu negócio.
A mensalidade de um contador vai depender do ramo de atividade e pode variar entre um
terço até o valor de um salário mínimo inteiro.13
Existem ainda outras formas de classificação, que pode ser pela quantidade de sócios, tamanho,
fins, organização ou natureza, conforme a seguir:
• Empresa individual: quando a empresa é constituída por apenas uma pessoa, que é o proprietário
neste tipo de organização o capital particular do proprietário se confunde com o da empresa.
• Empresa por Cotas ou de Responsabilidade Limitada: é o tipo mais comum, é aquela em
que a responsabilidade dos sócios será medida de acordo com a quantidade de cotas que
possuem. Mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. Este
é o tipo mais utilizado pela MPEs.
• Sociedade Anônima: tem seu capital distribuído em ações e a responsabilidade de cada
sócio, ou acionista, é correspondente a quantidade e valor das ações que ele possui.
• Sociedade em Comandita Simples: tipo de sociedade em que além dos sócios de responsa-
bilidade ilimitada e solidária, existem aqueles que entram apenas com capital, não partici-
pando da gestão do negócio, tendo sua responsabilidade restringida ao capital subscrito.
• Sociedade em Comandita por ações: são regidas pelas mesmas normas das sociedades
anônimas visto estar seu capital dividido em ações.
• Sociedade em Nome Coletivo: deve ser constituída somente por pessoas físicas, sendo que
todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais.
• Sociedades sem Fins Lucrativos: são as organizações onde toda a receita é revertida para
as atividades que mantém, geralmente de caráter social e humanitário.
• Microempresa: o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, que tem receita bruta
anual igual ou inferior a R$ 240.000,00 (Lei no 123 de 14/12/2006).
• Empresa de Pequeno Porte: o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada que possua
receita bruta anual superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (Lei
no 123 de 14/12/2006).
As MPEs não precisam nem devem se organizar de forma sofisticada e cara. As duas melhores
formas de se constituírem e atuarem legalmente são:
1. Firma Individual: situação na qual a empresa que pertence a uma única pessoa.
2. Sociedade Limitada: situação na qual os sócios têm responsabilidade limitada.
2. Consulta comercial
A finalidade da consulta comercial é a aprovação do local de funcionamento da empresa,
pela Prefeitura Municipal. É muito importante verificar essa aprovação da Prefeitura com
bastante antecedência, para que seja viável a procura de outro local caso o escolhido não
seja aprovado.
Os órgãos responsáveis em fornecer essa aprovação são:
• A Prefeitura Municipal.
• A Secretária Municipal de Urbanismo.
Os documentos que você deve levar quando se dirigir a um desses locais são:
• Cópia do carnê de IPTU do local pretendido.
• Preencher um formulário próprio para esse fim, fornecido pela prefeitura, onde serão
solicitadas as seguintes informações:
Capítulo 4 • Aspectos Legais 85
3. Razão Social: Caracteriza-se pela utilização do nome completo ou abreviado de sócios na sua
na sua composição. Exemplos:
• Silva e Souza Ltda.
• Silva e Souza e Cia. Ltda.
• Irmãos Silva e Companhia.
86 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Devemos ainda observar que no caso de microempresas o nome empresarial deve ser acrescido
da expressão: Microempresa ou ME Exemplo:
• Maria Lucia Alves Artesanatos em Madeira ME.
6. Alvará de licença
O alvará é a licença que permite o estabelecimento e o desenvolvimento das atividades de
instituições comerciais, industriais, agrícolas e prestadoras de serviços, assim como de sociedades
e associações de qualquer natureza, vinculadas a pessoas físicas ou jurídicas.
Os órgãos responsáveis por fornecer esse licenciamento são:
• A Prefeitura Municipal.
• A Administração Regional.
• A Secretaria Municipal de Finanças/Fazenda de cada município.
A documentação que deverá ser encaminhada na solicitação do alvará é composta por:
• Preenchimento do formulário próprio fornecido pela Prefeitura.
• Consulta comercial aprovada.
• Cópia do CNPJ.
• Cópia do Contrato Social.
• Laudo do corpo de bombeiros, quando for o caso.
• Laudo da vigilância sanitária, quando for o caso.
• Documentos específicos pedidos na consulta comercial, quando necessário.
7. Inscrição Estadual
Inscrição Estadual é o registro do contribuinte no cadastro do Cadastro de Contribuintes do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, mantido pela Receita Estadual.
88 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Toda empresa que executa atividades envolvendo a circulação de mercadorias, como ocorre
nos setores do comércio, indústria e serviços de transporte intermunicipal e interestadual, bem
como as concessionárias dos serviços de comunicação e energia, deve solicitar a Inscrição Esta-
dual, que é feita na Secretaria de Estado de Fazenda.
A Documentação necessária para a inscrição estadual geralmente é a seguinte, podendo variar
conforme o Estado:
• Formulários de documentos de cadastro preenchido a partir do endereço eletrônico da
Receita Estadual com assinatura do responsável pela da empresa.
• Certidão Negativa de Débitos de Tributos Estaduais ou cópia autenticada, atualizada.
• Instrumento constitutivo da sociedade ou declaração de empresário, devidamente arquivado
na Junta Comercial do Estado.
• Comprovante de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ.
• Cópia autenticada do comprovante de localização da empresa, geralmente a primeira folha
do carnê do IPTU.
• Cópia autenticada do documento que comprove direito de uso do imóvel, que poderá ser:
o contrato de locação do imóvel ou escritura pública.
• Cópia do RG/CPF dos sócios.
• Cópia do comprovante de endereço dos sócios, autenticada ou original.
• Contrato de prestação de serviço do contador com a empresa.
• Certificado de Regularidade Profissional do contador da empresa, emitido pelo Conselho
Regional de Contabilidade do Estado.
• Cópia do alvará de licença. Em alguns estados a inscrição estadual é solicitada antes do
alvará de funcionamento.
• Enquadramento para microempresa e empresa de pequeno porte, se for o caso.
Caso a empresa vá também prestar serviços, é necessário inscrição na Secretaria da Fazenda
Municipal Mediante a seguinte documentação:
• Fichas de cadastramento, duas vias de cada.
• Cópia do contrato social ou declaração de empresário.
• Cópia da Inscrição na Receita Federal – CNPJ.
• Comprovante de contribuinte do Imposto sobre Serviços – ISS.
• Cópia do comprovante de localização da empresa.
• Cópia do comprovante de endereço dos sócios.
• Cópia do RG e CPF dos sócios.
8. Licença Sanitária
A Licença Sanitária, também conhecida com Alvará Sanitário deve ser solicitada por todo
estabelecimento que fabricar, produzir, manipular, fracionar, comercializar, distribuir, armazenar,
transportar, vender ou entregar produtos e serviços de interesse à saúde humana, como farmácias,
consultórios médicos e odontológicos, dentre outros
A finalidade da licença é comprovar que aquele estabelecimento foi inspecionado e atendeu
às exigências das normas determinadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
Capítulo 4 • Aspectos Legais 89
O Órgão responsável por fornecer essa licença é a Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura
Municipal, setor de Vigilância Sanitária
A documentação solicitada neste caso é:
• Cópia do contrato social.
• Cópia do CNPJ.
• Cópia do atestado de viabilidade, aprovado na consulta comercial.
4.8. Questões
1. Quais os principais objetivos da Lei Complementar no 123/2006 (Lei Geral das MPEs) e quais
as principais vantagens oferecidas?
2. Quais os critérios para uma empresa ser enquadrada no sistema de tributação do SIMPLES
Nacional e quais suas vantagens e quais os tributos incidentes?
3. Comente o que a Lei estabeleceu de tratamento diferenciado às MPEs, a serem obedecidos
pelos entes públicos, quanto aos processos licitatórios.
4. Comente sobre os custos para abrir uma empresa no Brasil. Porque esse processo é mais
demorado comparado com outros países.
5. Cite as etapas para abertura de uma empresa no Brasil, comente a respeito.
6. Quais as vantagens e cuidados na busca por um sócio na abertura de uma empresa?
CAPÍTULO 5
Transformando o Sonho em
Realidade
5.1. Introdução
5.2. Ramos de atividades para as MPEs
5.3. O plano de negócios (business plan)
5.4. Questões
5.1. Introdução
Até aqui, apresentamos conceitos, definições e estatísticas, e você, por vezes, supôs que este
livro seria bastante teórico, mas, se bem sabemos do espírito empreendedor, ele deseja a prática,
o fazer acontecer. Acredite, tudo o que dissemos até agora foi para permitir a ação mais segura
no momento exato em que o empreendimento sairá da mente empreendedora para o mundo real.
Agora, vamos tomar desse conhecimento e dar início ao trabalho. Mas por onde começar?
Qual o primeiro passo? Podemos dizer, sem medo de errar, que chegou o momento de planejar,
da mesma maneira que o faz quem vai construir uma casa. Não se há de começar pelo telhado!
A empresa começa a existir primeiramente no papel. Isso mesmo! Vamos escrever tudo que é
necessário para fazê-la existir e funcionar. Esse relatório escrito, prevendo cada ação, necessidade
e estratégia chama-se “plano de negócios”.
Não existe um conceito definitivo e absoluto para definir o que seja um plano de negócio,
sabe-se, no entanto, que ele representa uma ferramenta indispensável para o sucesso do novo
empreendimento. Vamos ver o porquê.
Agora o empreendedor já idealizou a empresa, sabe o que vai oferecer ao público-alvo e tem
uma ideia básica de como vai produzir; porém, ele ainda não avaliou profundamente onde estarão
esses clientes; quantos serão; quais seus hábitos de consumo ou como ficarão sabendo da exis-
tência do seu produto ou serviço. É necessário, principalmente, saber quais serão seus principais
concorrentes e que práticas utilizam para atrair a clientela.
Outra questão importante será: onde buscar o financiamento para abrir o negócio e mantê-lo
até que comece a produzir lucro. Os recursos próprios serão suficientes? Vamos buscá-los na
98 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
família? Com amigos? Em um banco que ofereça linhas de crédito especiais para micro e pequenas
empresas? Qual o custo dos empréstimos? Lembre-se: quanto maior o investimento, maior será
o seu risco. Tudo isso precisa ser pensado antes.
O investimento deve retornar no menor prazo possível, para que o excedente possa ser
reaplicado no negócio, possibilitando seu desenvolvimento contínuo. No início do negócio o
empreendedor deve ter em mente que só poderá retirar dinheiro da empresa após um período
de maturação, que costuma ser de dois ou três anos. Muitos negócios fracassam porque o em-
preendedor não tem persistência para aguardar essa maturação, descapitalizando a empresa antes
de se tornar autossustentável.
Os lucros iniciais precisam ser reinvestidos na empresa para dar estabilidade financeira e
conduzir suas operações sem grandes sobressaltos.
“Plano de negócios é a formalização das ideias, das oportunidades, dos riscos, e de como mini-
mizá-los, das condições, das estratégias competitivas, bem como de todo planejamento (finanças,
marketing, vendas, pessoal, produção, inovação, qualidade, compras e distribuição) para viabilizar
e manter o negócio.”
Nos tópicos a seguir desenvolveremos toda a estratégia para responder a cada uma das ques-
tões levantadas e proporcionar um nascimento sem traumas. Vamos trilhar juntos esse caminho,
aprendendo e tirando nossas próprias conclusões do que é melhor para cada empreendimento
em particular.
Seja qual for o setor ou ramo escolhido, cada um possui particularidades e atrativos próprios;
o importante é obter o máximo de informações a respeito para identificar os prós e contras da
atividade e, principalmente, saber sobre:
• mercado;
• a legislação própria desse setor;
• que inovações serão possíveis;
• que valores agregar para superar a concorrência.
É importante buscar uma atividade que não esteja saturada, os negócios inovadores são os
que mais têm chances de dar certo. Mesmo em atividades tradicionais, é possível inovar, seja na
forma de gestão, nas técnicas de atendimento aos clientes, na apresentação dos produtos, no
pós-venda, nas políticas de crédito e cobrança.
Aspecto fundamental é o empreendedor ter alguma experiência na atividade escolhida, seja
porque já trabalhou como empregado seja porque teve no passado outro negócio semelhante.
Isso previne erros e evita o desperdício de recursos, sempre escassos.
Participar de feiras, ler revistas especializadas, buscar órgãos como o Sebrae ou o Núcleo do
Arranjo Produtivo Local – APL da sua região pode ser útil para obter informações, principalmente
quanto ao uso de tecnologia e inovações, pesquisas de mercado, negociação com fornecedores
em grupos de empresas similares.
Realizar pesquisa com outros empreendedores, aproveitando suas experiências, ajuda o bom
começo do seu empreendimento.
PLANO DE NEGÓIO
MERCADO ESTRATÉGIAS
PRODUTO
E FINANÇAS
FLUXO DE CAIXA
M V
Financiamentos CONCORRENTES
P
PRODUÇÃO E CONTINUIDADE
R CLIENTES N
PESSOAS
E D SEDIMENTAÇÃO
Invesmentos
S
DEMANDA INOVAÇÃO A
CRESCIMENTO
A S
TECNOLOGIA
LUCRATIVIDADE
Fonte: Autores.
O esquema sugere que o plano deve estar estabelecido sobre três pilares principais:
a) A estrutura de recursos de que poderá dispor.
b) O conhecimento do mercado que se pretende atingir.
c) As estratégias para implantar e implementar o negócio com sucesso.
Ao longo deste e dos próximos capítulos vamos analisar cada um desses pilares, em seus
desdobramentos específicos, para gestão de pequenos negócios.
Definição dos Elementos do Plano:
Para atingir seus objetivos, o plano deve conter as informações relevantes da empresa, o
produto ou serviço oferecidos e a estrutura e os recursos que vai utilizar. A seguir, listamos os
principais elementos a serem definidos.
Capítulo 5 • Transformando o Sonho em Realidade 101
• Localização geográfica
• Objetivos e metas
Existem planos de negócios de 200 ou 300 páginas, porém, não é a nossa recomendação.
O plano de negócio deve ser sucinto e o número de páginas deve variar entre 15 e 25; conter
elementos visuais como gráficos e quadros resumos para facilitar a compreensão, tendo em vista
que ele deverá ser utilizado como um “mapa da mina”.
Levar em conta que além do fato de que você deverá utilizá-lo como um guia de ação, muito
provavelmente as pessoas que o analisarão serão bastante ocupadas (gerentes de banco, investidores,
fornecedores), e quanto mais rápido o entendimento, melhor será para sua empresa. Planos muito
longos, confusos, com erros ortográficos, informações exageradamente detalhadas tornam-se
cansativos e poderão ser descartados.
Com a elaboração do Plano, aumentam as chances do sucesso do novo empreendimento e,
sendo um documento confidencial, deverá ser distribuído somente a quem possa colaborar com
o alcance dos objetivos:
a) sócios, administradores ou empregados-chave da empresa;
b) conselheiros profissionais;
c) investidores e/ou fontes potenciais de recursos;
d) fornecedores e distribuidores;
e) clientes importantes.
1. Sumário Executivo
Consiste na elaboração de resumo das informações mais importantes que estarão descritas
no plano. É parte fundamental, pois, se for eficiente, proporcionará a leitura do restante do do-
cumento; caso contrário, o plano de negócios poderá ser descartado.
As principais informações que deverão aparecer no sumário executivo são:
a) dados dos empreendedores: breve currículo dos sócios e/ou administradores do negócio,
destacando experiência profissional e atribuições;
b) dados do empreendimento: deve oferecer o panorama geral da empresa quanto à sua forma
jurídica (firma individual, sociedade limitada), se é optante do Simples. Fornecer o endereço
e número do telefone. Se já estiver legalizado, colocar também o número do CNPJ;
c) setor de atividades em que vai atuar;
d) missão da empresa;
e) capital social: aporte de capital que os sócios investem no negócio e participação percentual
de cada sócio, pois representam a fatia da empresa que pertence a cada um deles;
f) fonte de recursos: demonstrar de onde virão os recursos para implantação do negócio (quanto
dos próprios sócios e quanto de terceiros).
Apesar de o sumário executivo ser a primeira parte a ser lida, ele deve ser elaborado por
último, pois só assim você será capaz de filtrar as informações relevantes capazes de sintetizar o
plano como um todo.
2. Descrição da empresa
Localização e quem são os contatos (endereço, telefone, e-mail).
Pode-se incluir, nos anexos – parte final do plano de negócios –, uma planta ou leiaute das
instalações e citá-los neste tópico, caso o avaliador se interesse em conhecer mais detalhes.
Descrever o ramo de atividade (indústria, comércio, agronegócio ou prestação de serviços)
em que pretende atuar e como se divide esse ramo dentro do segmento que se quer alcançar,
por exemplo:
Capítulo 5 • Transformando o Sonho em Realidade 103
• Ramo: agronegócios.
• Segmento do negócio: plantação de verduras e legumes orgânicos (sem utilização de agro-
tóxicos).
• Público-alvo: pessoas que buscam qualidade de vida e que possam pagar mais caro por
esse tipo de alimento.
Declarar a “missão” da empresa, que significa o porquê de sua existência. Exemplo: se o
empreendimento for uma pastelaria, a missão poderia ser: “oferecer o mais crocante e delicioso
pastel da cidade com rapidez, higiene e qualidade”.
3. Análise estratégica
Abrange as informações necessárias à determinação da viabilidade de longo prazo. Aqui serão
utilizados os modelos apresentados no Capítulo 2:
Modelo de Michael Porter: análise preliminar das cinco forças: força dos concorrentes, poder
de barganha dos compradores, poder de barganha dos fornecedores, ameaças de novos entrantes
e ameaças de produtos substitutos. A seguir, sugerimos modelo prático para análise e avaliação
de cada uma dessas forças. São criadas tabelas com diversos fatores, aos quais serão atribuídos
notas, conforme avaliação executada. Exemplo: notas de 1 a 5 para cada fator, segundo o critério:
1 = concordo plenamente;
2 = concordo em parte;
3 = discordo em parte;
4 = nem concordo nem discordo;
5 = discordo totalmente.
(continua)
104 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Vejamos, a seguir, o modo de avaliar os resultados obtidos nas tabelas acima, que nos per-
mitindo analisar se o mercado onde estamos prestes a ingressar oferece boas perspectivas de
sucesso. Essas informações são úteis para determinar as estratégias a utilizar para cada uma das
forças analisadas. Vamos avaliar o exemplo em questão:
Ao incluir as notas atribuídas em cada quadro de análise das Forças de Porter obteremos um
valor que, comparado às notas mínimas e máximas, nos oferecerão uma visão real do mercado
onde se pretende produzir e vender.
Análise SWOT: definir as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. A análise das forças e
fraquezas refere-se ao produto, o que ele apresenta de inovação em relação aos concorrentes, a
que preço será comercializado, que abrangência terá a distribuição. As oportunidades e ameaças
Capítulo 5 • Transformando o Sonho em Realidade 107
dizem respeito ao mercado no qual está inserido, se o momento é propício, se está saturado, se a
concorrência é forte ou fraca, se os fornecedores estão disponíveis.
Exemplo: Implantação da Floricultura Rosa Azul, que será instalada em rua movimentada,
no centro de uma grande cidade, com sede e estacionamento próprios. Sua estratégia comercial
é oferecer arranjos diferenciados, com utilização de flores exóticas, papel crepom, fios, tecidos
especiais e pedras sintéticas, expostos em vitrines especialmente projetadas para valorizá-los (cores
e luzes) e também em catálogos na internet.
6. Operação, métodos e processos: diz respeito às atividades de produção daquilo que a empresa
vai oferecer ao mercado:
• Quais as fases de fabricação e da venda?
• Quais os métodos e processos a serem utilizados?
• Qual será a capacidade máxima de produção (ou serviços) e comercialização?
• Qual o volume de produção (ou serviços) e comercialização iniciais?
• Custos fixos: aluguel, telecomunicações, água, luz, seguros, propaganda, suprimentos, juros,
tributos, serviços contratados e depreciação.
• Determinação do ponto de equilíbrio: custos fixos, variáveis, status de produção e margem.
• Fluxo de caixa dos primeiro anos de funcionamento, apresentando as entradas (recursos
dos sócios, vendas e financiamentos) e saídas (fornecedores, salários, tributos, pagamentos
dos financiamentos, pró-labores e distribuição de lucros).
9. Cenários
Devem-se fazer constar informações realistas da empresa e do ambiente externo, que possam
influenciar os resultados do negócio. Geralmente, trabalha-se com a previsão de cenários para os
resultados: um realista, um otimista e um pessimista. Por exemplo: a) no cenário realista, seu lucro
será de R$ 100.000,00, se o preço do produto ficar na casa dos R$ 2,00; b) no cenário pessimista,
seu lucro será de R$ 90.000,00, se o preço do produto cair a R$ 1,80; e c) no cenário otimista
seu lucro será de R$ 120.000,00, se o preço do produto fechar em R$ 2,20. Na construção de
cenários é importante evitar o excesso de otimismo e análises rápidas e superficiais. Levar em
conta possíveis riscos não previstos e problemas normais do dia a dia:
a) a demanda pode ser menor do que a avaliada;
b) os recursos necessários geralmente extrapolam a previsão;
c) pode ocorrer atraso, devido à demora nos procedimentos legais de formalização ou por qual-
quer outro motivo;
d) os concorrentes podem reagir com estratégias agressivas, não previstas.
10. Agenda de atividades: descrever as prioridades e as principais tarefas dos sócios e/ou empre-
gados e os prazos críticos que a empresa deve cumprir, principalmente quanto às obrigações
financeiras com funcionários, fornecedores e bancos.
11. Anexos: são documentos que apoiam as informações contidas no plano. Não se deve colocar
relatórios extensos e detalhados; se a pessoa que estiver lendo as informações se interessar
por algum detalhe a mais, deverá encontrá-lo nos anexos, que podem conter:
1. pesquisas de mercado;
2. esquemas e cronogramas da produção, produto/serviço;
3. listagem dos potenciais clientes;
4. listagem dos fornecedores;
5. leiaute das instalações;
6. especificações técnicas;
7. registros legais;
8. contrato social;
9. descrição dos trabalhos;
10. planilhas financeiras (faturamento, custos; despesas, lucro);
11. planos detalhados;
110 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Os planos de negócio não são úteis apenas para o início da atividade e devem ser atualizados
constantemente, de acordo com as mudanças que sempre ocorrem, tanto no macro quanto no
microambiente empresarial.
Os interessados poderão aprofundar o tema pesquisando o site do Sebrae.
5.4. Questões
1. Muitas empresas de sucesso nunca elaboraram formalmente um plano de negócios; não se
sabe, no entanto, a estatística daquelas que fracassaram. Analise o fato e comente no que a
elaboração formal do plano de negócios pode auxiliar a MPE.
2. Crie uma empresa fictícia e preencha os quadros do modelo de Porter, situando a empresa
em relação ao mercado, aos fornecedores e aos concorrentes. Monte o quadro de avaliação
e descreva suas conclusões sobre a viabilidade da implantação de sua empresa.
3. Descreva que características um bom plano de negócios deve apresentar e por quê?
4. Elabore uma matriz SWOT, descrevendo as oportunidades e ameaças que o mercado oferece
bem como os pontos fortes e fracos da empresa criada por você exercício 2. Analise os resul-
tados e verifique a viabilidade ou não da abertura dessa empresa.
CAPÍTULO 6
6.1. Introdução
6.2. Tomando decisões financeiras
6.3. Administrando o capital de giro
6.4. Estabelecendo o preço de venda
6.5. Analisando o ponto de equilíbrio
6.6. Integrando finanças e vendas
6.7. Questões
6.1. Introdução
Neste capítulo, apresentaremos conceitos e técnicas de gerenciamento financeiro. Não tenha
dúvida de que o sucesso da empresa depende muito da sua saúde econômica e financeira, que
pode ser representada, principalmente, pelo fluxo de caixa superavitário.
Quem quer que venha a abrir um negócio saberá da realidade deste conceito. Os recursos
são realmente escassos e os consumidores cada vez mais exigentes quanto ao preço, à qualidade
e à inovação. Como conciliar tudo isso, e ainda manter o caixa equilibrado, representa uma difícil
tarefa para o empresário da MPE.
É fundamental conhecer os resultados do empreendimento, por isso selecionamos e apre-
sentamos, a seguir, alguns conceitos fundamentais da gestão financeira, que o auxiliarão em sua
missão de gerar riqueza e administrar o negócio.
112 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
× =
Receita
operacional
bruto
b) Impostos faturados e devoluções são tributos como o Imposto sobre Produtos Industriali-
zados – IPI, cobrados dos clientes e recolhidos à Receita Federal, e devoluções de produtos
pelos clientes.
c) Receita operacional líquida é a receita operacional bruta menos os impostos faturados e as
devoluções.
Exemplo:
Receita operacional bruta 33.000,00
(-) IPI faturado 3.000,00
(-) Devoluções1 1.600,00
(=) Receita operacional líquida 28.400,00
Custos indiretos: não estão ligados diretamente à produção ou prestação dos serviços, como
os salários do pessoal de supervisão, laboratórios, almoxarifado, manutenção, segurança.
e) Lucro bruto ou margem bruta é a diferença entre a receita operacional líquida e o custo
das vendas. Custo das vendas é representado pelo custo dos produtos vendidos (indústria),
custo das mercadorias vendidas (comércio) e custo dos serviços prestados (prestação de
serviços).
Receita Custo
líquida das
vendas
- das
vendas = Margem
bruta
f) Despesas: são representadas pelos gastos não relacionados diretamente com a fabricação
do bem ou a prestação de serviços, como é o caso dos salários dos empregados adminis-
trativos e os referentes à comercialização, venda ou publicidade. Podem ser subdivididas
em:
Despesas fixas: são gastos não relacionados à produção, como seguros, salários do pessoal
da administração, publicidade e propaganda, manutenção, pagamento de despesas financeiras
e IOF, depreciação (desgaste natural sofrido por um bem qualquer, pela ação do tempo e do
uso).
Despesas variáveis: são aquelas que variam em função do volume de vendas da empresa e a
quantidade de clientes que possuem, e dizem respeito principalmente às contribuições, mão
de obra direta e comissões pagas sobre as vendas, aos tributos incidentes (PIS, Cofins, ICMS,
ISSQN), demais gastos que ocorram em função do volume de vendas.
g) Resultado ou Lucro Operacional (prejuízo operacional): é a receita operacional líquida menos
os custos das vendas e despesas. Diz-se lucro ou prejuízo operacional, porque é o resultado
antes do Imposto de Renda.
h) Imposto de Renda: é a taxa de imposto sobre a renda devida por todas as MPEs que aufiram
lucros tributáveis de acordo com as leis do país.
i) Retorno sobre o investimento ou ROI, do inglês, Return on Investment ou Taxa de Retorno
sobre o Ativo Total (Trat): é uma medida de desempenho usada para avaliar a eficiência de
um investimento ou para comparar a eficiência de diferentes investimentos.
114 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Demonstração do
Resultado
Vendas
$ 1.000
menos
menos
Despesas
Financeiras Taxa de Retorno
$ 50 sobre o Avo Total
mulplicado por
(TRAT)
menos 7%
Imposto de Renda
$ 60
Vendas
$ 1.000
Avo Circulante Giro do Avo
$ 900 dividido por Total Taxa de Retorno
0,5 mulplicado por sobre o Patrimônio
Avo Total Líquido (TRPL)
mais
$ 2.000 9,33%
Avo Não
Circulante
$ 1.100
Passivo Circulante
Exigível Total
$ 300 Passivo Total
$ 500
$ 2.000 Relação Passivo
mais Total/Patrimônio
mais dividido por Líquido
Exigível de Longo Patrimônio Patrimônio 1,33
Prazo Líquido Líquido
$ 200 $ 1.500 $ 1.500
Balanço
Patrimonial
Fonte: Lemes Júnior, Antônio Barbosa et al. Administração financeira: Princípios, Fundamento Práticas
Brasileiras. 3a ed. Rio de Janeiro: Campos/Elsevier, 2010.
A análise do retorno sobre ativos permite que se avalie a produtividade do capital investido
na empresa como um todo e nos departamentos em particular, propiciando a coordenação dos
esforços despendidos na busca dos objetivos empresariais.
j) Fluxo de caixa: demonstrativo financeiro que informa saldos iniciais de caixa e bancos, entradas
de caixa, saídas de caixa e saldos finais de caixa e bancos. Instrumento normalmente elaborado
em planilhas eletrônicas, por exemplo, Excel, é fundamental para a gestão diária dos negócios.
Demonstrativo de Fluxo de Caixa ou apenas Fluxo de Caixa é uma planilha financeira que
possibilita o planejamento, gerenciamento e controle das entradas e saídas de caixa, aplicações
dos saldos e captação de empréstimos e financiamentos.
Trabalha com um horizonte de tempo anual ou semestral, aberto em meses, semanas e dias.
Por exemplo: a primeira semana deve ser aberta em dias, o primeiro mês deve ser aberto em
semanas, o ano deve ser aberto em meses.
Para as MPEs, o controle adequado do fluxo de caixa determinará a disciplina econômica e
financeira, fundamental para sua sobrevivência e expansão.
Em suas fases iniciais, as MPEs baseiam os controles de caixa na alocação do proprietário ou
de familiares para evitar desvios de recursos. Trata-se de uma prática perfeitamente defensável,
pois, se não há bons controles, não se pode delegar funções, menos ainda as de caixa.
Muitos empresários não sabem diferenciar econômico de financeiro. A Figura 6.2. apresenta
um esquema desses conceitos.
116 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Fontes: Autores.
Observam-se dois ramos distintos: a) o econômico, que implica receitas, gastos e resultados consi-
derados no momento em que ocorrem, não importando se envolvem entradas ou saídas de caixa; e b)
o financeiro, que só considera as receitas, gastos e resultados se existir efetiva entrada ou saída de caixa.
Embora seja necessário que a médio e longo prazo a MPE tenha boa saúde econômica e
financeira, é possível encontrarmos situações em que sua saúde econômica esteja boa, mas a
saúde financeira esteja ruim.
Exemplo: Uma construtora de estradas ganha uma obra de dois anos, monta seus canteiros
de obras, adquire equipamentos, máquinas, tratores financiados e inicia os trabalhos. Seis meses
depois, o país que a contratou entra em guerra com um país vizinho. A empresa desmonta o
canteiro de obras, retira os funcionários do país e aguarda os acontecimentos. Economicamente
está bem: tem um bom contrato, gerou boas receitas (emitiu faturas), tem máquinas, equipamen-
tos. Financeiramente está péssima: o governo que a contratou atrasou por mais de um ano os
pagamentos; ela teve que tomar recursos em bancos a altas taxas de juros, e quebrou.
Obs.: Este é um caso real.
Para que essa ferramenta seja utilizada com sucesso, as informações de entradas e saídas de-
vem ser constantemente atualizadas, caso contrário, não servirá para amparar tomadas de decisão,
principalmente quanto às aplicações e empréstimos ou financiamentos.
O ideal é elaborar planilhas diárias, semanais e mensais que permitirão, entre outras coisas,
identificar sazonalidades e impactos de fatores externos sobre o caixa, como crises econômicas,
mudanças na tributação, promoções e liquidações realizadas pela concorrência.
Os fluxos de caixa atualizados poderão confirmar sua importância como instrumento de
decisão gerencial ao:
a) Entradas
Vendas à vista: apesar de a ideia de que vendas à vista são aquelas pagas imediatamente
após a aquisição do bem ou serviço, podem ser aceitos como à vista, os valores recebidos
no prazo de até 30 dias, e sobre os quais não incide juros, tais como: cartões de crédito,
cheques pré-datados, concessão para pagamentos semanais, quinzenais.
Contas a receber: são títulos resultantes de vendas a prazo, representados pelas duplicatas
a receber, cheques pré-datados e cartões de crédito. O pagamento dessas duplicatas depende
da política de concessão de prazos aos clientes. Exemplos: 30, 45 ou 60 dias.
As contas a receber representam direitos com liquidez imediata, mesmo que ainda não rece-
bidos, porque podem ser negociadas através de descontos em instituição financeira (bancos
ou factoring).
Atualmente, quase todas as compras são pagas com cartões de crédito, cujas administradoras
cobram taxas variáveis sobre o valor faturado de cada compra, em torno de 3 a 4%. Essas
taxas variam de acordo com cada ramo de negócio, sendo que são maiores para aquelas que
apresentam altas taxas de inadimplência, como postos de gasolina e restaurantes.
Embora seja vantajoso para as MPEs o uso destas modalidades de venda, porque elimina o
risco de crédito, as taxas cobradas oneram significativamente o negócio. Por isso, muitas delas
estão praticando descontos para pagamentos em dinheiro.
Empréstimos: são contratos estabelecidos entre o empresário e a pessoa física ou o banco,
nos quais estes disponibilizam àquele certa quantia em dinheiro, cobrando despesas financeiras
(taxa de abertura de crédito, seguros de crédito, imposto sobre operações financeiras e juros)
que serão pagas na data da concessão ou nas amortizações.
Para sua saúde econômico-financeira, as MPEs devem evitar a tomada de empréstimo e de
financiamento, sempre que possível. Os empréstimos são recursos de livre movimentação
para o tomador, podendo ser utilizado como melhor lhe convier.
Financiamentos são contratos estabelecidos com instituições financeiras e para fins espe-
cíficos. No Brasil, existe, por exemplo, o Finame, do BNDES, modalidade de financiamento
para máquinas e equipamentos. Neste caso, os recursos vão diretamente para os fornecedores.
b) Saídas
Contas a pagar: são obrigações da empresa e referem-se às duplicatas e obrigações com
fornecedores e terceiros em geral, e ainda não pagas. Muitas MPEs adquirem reputação no
mercado por pagarem suas contas em dia.
Tributos a pagar: são os impostos, taxas e contribuições de melhoria a pagar.
Adiantamentos de clientes: referem-se a adiantamentos recebidos dos clientes de bens ou
serviços que ainda não foram entregues.
Amortização de financiamentos e empréstimos: corresponde ao pagamento mensal das
parcelas (juros + principal) dos recursos captados junto a bancos.
Capítulo 6 • Administrando Finanças e Riscos 119
Na gestão de caixa é importante fazer com que os prazos de recebimento das vendas sejam
inferiores ao período de giro dos estoques e o de pagamento das contas.
Para conseguir um fluxo de caixa que retrate a realidade de sua empresa, você terá que alimentar
as informações diariamente, registrando todas as entradas e saídas, o que exigirá controles efetivos.
Muitos empresários de MPEs não têm o hábito de utilizar esse instrumento, mas possuem
uma disciplina econômico-financeira que lhes permite controlar seus negócios de modo a evitar
déficits de caixa. Porém, esta prática não é suficiente para criar segurança e estabilidade numa
eventual ausência do empresário.
No Quadro 6.1., mostramos um exemplo de planilha de fluxo de caixa, lembrando que esse
modelo deve ser adaptado à realidade de cada empresa. O importante é que esse controle exista
e ofereça subsídio efetivo às decisões do empresário.
Fontes: Autores.
Exemplo: Às vezes, o saldo operacional é bom, mas saídas não operacionais, como retiradas
exageradas pelos sócios, podem levar a crer que o negócio não vai bem, quando, na verdade, o
que não vai bem, é a disciplina particular dos sócios.
l) Risco: probabilidade de ocorrer o pior. Exemplos: Uma má concessão de crédito dar origem a
uma situação de inadimplência; falta de seguros contra sinistros pode provocar grandes perdas.
A previsão de riscos é um assunto muitas vezes deixado para segundo plano, tanto no início
do novo negócio como no dia a dia dos que estão funcionando. Ninguém gosta de ser pessimis-
ta, imaginando que algo errado aconteça, entretanto, os riscos existem, e devem ser avaliados e
previstos.
Risco refere-se a acontecimento futuro e incerto que poderá causar prejuízos maiores ou me-
nores, dependendo da intensidade com que ocorram. A administração de uma empresa convive
com alguns desses riscos:
1. Risco financeiro (retorno do investimento, lucro, capital de giro, investimento e aplicações
financeiras, sonegação de tributos e encargos sociais).
2. Risco operacional (falta de matéria-prima, quebra de equipamento).
3. Risco de mercado (vendas fracas, fornecedores que não cumprem prazo, inadimplência dos
clientes, perda de cliente importante).
4. Risco ambiental (contaminação do meio ambiente e consequente multa).
5. Risco de acidente (com pessoal ou com máquinas e equipamentos).
6. Desastres naturais (inundação, queda de raio, vendaval, granizo).
Por esses motivos, deve-se elaborar planos de contingência, formalizando e divulgando normas
sobre providências a serem tomadas no caso dos riscos tornarem-se realidade. Tudo que possa
ser prevenido antes de causar dano representa preservação do patrimônio ou redução de perdas.
Contratando seguros para o imóvel ou para os empregados, se está assumindo despesas,
contudo, uma análise detalhada do custo-benefício pode evidenciar que é melhor pagar para não
usar do que arcar com as consequências se o fato incerto acontecer.
É preferível pagar os encargos sociais, trabalhistas e tributários do que ser autuado e conde-
nado a recolhê-los com atraso, arcando, ainda, com juros e multas. Existem centenas de casos de
empresas que fecharam as portas por alguns desses motivos.
De todos os riscos descritos, existem dois muito prejudiciais às empresas de qualquer porte,
e fatais para as MPEs:
1. Risco de não vender. Decorre principalmente da falta de pesquisa de mercado e planejamento,
e refere-se a preço acima da concorrência, produto obsoleto, marca desconhecida, mercado
mal avaliado (o consumidor não deseja o produto); localização inadequada (falta de estacio-
namento, proximidade de concorrentes poderosos, características demográficas mal avaliadas,
como idade, renda, classe social); qualidade aquém do esperado; não existência de políticas de
prazos para pagamento; concorrentes que reagiram fortemente por meio de promoções.
2. Risco de não receber. Em decorrência da política equivocada de concessão de prazos de pa-
gamento, impontualidade ou inadimplência, que podem ser causadas por: crises nacionais ou
mundiais; problemas de caixa dos clientes; falência ou concordata dos clientes; não realização de
consultas básicas (SPC, Serasa); concessão de prazos aos clientes superiores aos que obteve para
pagamento dos fornecedores (ciclo operacional mal planejado e mal negociado); não formalização
de contrato ou não fornecimento de nota fiscal, o que prejudica a adoção de ações judiciais.
Avaliar os riscos e projetá-los para identificar o impacto sobre o negócio não é tarefa fácil, e
exige, no mínimo, muito bom senso, conhecimento do ramo e do próprio negócio. A ilustração
a seguir retrata como os riscos devem ser gerenciados, uma vez que não podem ser ignorados
nem eliminados totalmente:
Qual a probabilidade
Avaliação de ocorrerem?
Quais as perdas e
custos decorrentes?
Riscos
Estabelecer cenário:
omista, provável e
pessimista
Plano de conngência
Fontes: Autores.
122 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Uma forma de avaliar e controlar os impactos dos riscos é elaborar cenários, estabelecendo
eventos e suas probabilidades.
Há empresas com boas perspectivas, mas que pecam por, desde o início, utilizar abusivamente
empréstimos bancários, principalmente o cheque especial, que tem custo proibitivo.
À medida que a MPE vai se desenvolvendo, realizando negócios, aumentando faturamento, geran-
do lucros, assegurando boa saúde econômico-financeira, pode aproveitar as oportunidade de utilizar
financiamentos subsidiados ou de baixo custo do BNDES, Banco do Brasil ou Caixa Econômica.
Ao utilizar financiamentos bancários para alavancar os negócios, a MPE deve se preparar para
as negociações com bancos, que envolvem alguns aspectos relevantes, como buscar a formalidade
atuando segundo a legislação vigente no país.
Crédito é confiança, ninguém confia em quem não conhece. Manter relacionamento com
bancos significa atualizar cadastros, apresentar e discutir projetos, prestar informações, esclarecer
políticas, entender pontos de vista e assim por diante.
Nas negociações com os bancos existem outros procedimentos que auxiliam o empresário
no momento de solicitar empréstimo, tais como:
1. manter o cadastro atualizado;
2. apresentar o plano de negócios;
3. apresentar e discutir o fluxo de caixa;
4. mostrar a evolução do faturamento;
5. informar sobre os principais clientes e fornecedores;
6. relatar os contratos firmados com grandes empresas ou governo;
7. recolher os tributos no banco;
8. Ter carteira de recebimento dos clientes do banco;
9. Pagar os empregados através do banco (folha de pagamento).
Não é bem vista a concessão de crédito para cobrir outros empréstimos ou prejuízos, frutos
da má administração do fluxo de caixa, má-formação dos preços de venda ou aquisições desne-
cessárias (perfumaria).3
A geração de lucro líquido nas atividades operacionais representa a melhor maneira de honrar
as obrigações com empregados, fornecedores e terceiros em geral. A empresa precisa identificar a
causa real dos problemas financeiros que, costumeiramente, têm origem no prejuízo operacional,
devido aos custos elevados de produção (desperdícios, mau uso da energia e de outros recursos,
falta de treinamento dos empregados), redução nas vendas e aumento das despesas.
Os empréstimos e financiamentos devem sempre visar a melhoria da capacidade de produ-
ção, da prestação de serviços – como a aquisição de softwares, máquinas, equipamentos, novas
tecnologias –, e o capital de giro.
Ao buscar financiamento estar consciente de que não existe dinheiro barato, especialmente
para quem está começando, devido aos riscos envolvidos. Os bancos elaboram suas avaliações de
risco de crédito conforme resoluções do Banco Central e de seus normativos internos.
Segundo o art. 2o da Resolução no 2.682/1999, que dispõe sobre critérios de classificação
das operações de crédito e regras para constituição de provisão para créditos de liquidação
duvidosa:
A classificação da operação no nível de risco correspondente é de responsabilidade da instituição detentora
do crédito e deve ser efetuada com base em critérios consistentes e verificáveis, amparada por informações
internas e externas, contemplando, pelo menos, os seguintes aspectos:
O empresário deve decidir sempre pela fonte que lhe for mais conveniente em termos de taxas
de juros menores, prazos para pagamento e carências maiores e menores exigências com garantias.
Capítulo 6 • Administrando Finanças e Riscos 125
p) Competitividade é ter preços, prazos e qualidade igual ou melhores que os praticados pelos
seus concorrentes.
q) Redução de custos (e despesas) é a atitude do empresário para assegurar boa situação econô-
mico-financeira.
Na gestão financeira das MPEs, o empresário tem ao seu dispor de uma série de instrumentos
gerenciais. Para isso, deve se organizar e registrar as operações diárias do negócio, de forma a
gerar informações para análise e tomada de decisões.
A demonstração de resultados expressa em balancetes mensais é um excelente instrumento
de gestão. Peça sempre ao seu contador que a providencie. O Quadro 6.3. apresenta uma de-
monstração de resultados com análise vertical (percentual das contas). Habitue-se a usá-la todos
os meses. Você ficará surpreso com a melhora de resultados em sua empresa.
O Quadro 6.3. permite que se avalie a situação da MPE identificando, por exemplo, devoluções
de 4,17% das receitas de vendas. Denota um problema sério, pois o lucro da empresa é de 7,04%.
Poderia ser mais de 10,00%, se tivéssemos um percentual bem menor de devoluções. O ICMS
representa 15% da Receita de Vendas. A empresa está operando no Simples? O que está havendo?
Uma das maiores dificuldades das MPEs é a falta de formalidade com a consequente falta de
informações contábeis para a tomada de decisão. Nossa preocupação não é consertar o mundo, mas
mostrar que é possível criar instrumentos gerenciais simples, independentemente da contabilidade.
Existem outros conceitos relevantes que dizem respeito especificamente aos recursos para
criar e manter a empresa. Vamos imaginar que você já decidiu o ramo de negócio, identificou o
público-alvo, pesquisou localização, falou com fornecedores, verificou os custos de legalização,
e assim por diante.
No momento de planejar o início da operação devem surgir questões como:
Idenficar Prever Estabelecer
E se for necessário buscar recursos fora? Qual a melhor opção? Qual será o prazo de pagamen-
to? Que taxa de juros será aplicada? Haverá lucro para pagar os empréstimos e financiamentos?
As respostas a estas questões previamente ao início do negócio não são simples e dependem de
projeções as mais realistas possíveis.
Poderemos ter alguma segurança nas respostas a essas questões se soubermos organizar o
plano financeiro antes de implantar efetivamente o negócio. É aconselhável elaborar planilhas
dos dispêndios com aluguel, salários de empregados, matéria-prima, embalagens e impostos.
Praticamente, tudo é quantificável e possível de ser previsto com pesquisas simples. Mesmo
que não se saiba exatamente o volume das vendas, poder-se-á estimá-las, desde que se tenham
bons conhecimentos do mercado-alvo, isso também pode ser levantado junto a outras empresas,
e mesmo em órgãos de apoio, como o Sebrae e as APLs.
Vamos então conhecer outros conceitos úteis no momento de elaborar o plano financeiro e
também na rotina diária do negócio:
1) Investimentos: representam a necessidade de recursos, o início ou modernização da empresa
e podem ser de dois tipos: a) investimentos fixos: máquinas, equipamentos, terrenos, veículos,
mobiliário, licenças de franquia, luvas, ou seja, todos os bens duráveis necessários à produção
e administração da empresa; b) investimentos pré-operacionais: são os recursos necessários
ao início da operação: despesas com a legalização, pesquisas de mercado, estudos e projetos,
decoração da loja, entre outros.
Em nossas experiências profissionais, verificamos muitas MPEs investirem todos os seus re-
cursos em terrenos, prédios, veículos e equipamentos, e depois não sobrar recursos para adquirir
matérias-primas, manter estoques de produtos acabados e financiar clientes. Falta planejamento,
estudos, análises.
Capítulo 6 • Administrando Finanças e Riscos 127
2) Financiamentos: são representados pelos empréstimos de curto prazo e de longo prazo que
as empresas buscam junto a instituições financeiras ou particulares. O ideal para as MPEs é o
autofinanciamento, ou seja, a reaplicação dos lucros na própria empresa, evitando endivida-
mento bancário.
As taxas de juros no Brasil são altas, os juros cobrados pelas administradoras de cartões de
crédito também. Assim, devem-se evitar retiradas de pró-labore que penalizem a liquidez da
empresa.
3) Capital de giro: são os recursos necessários para as atividades diárias ligadas à produção ou
prestação dos serviços, como: pagamentos de compromissos, manutenção de estoque, vendas
a prazo.
Em seu planejamento, o empresário da MPE deve levar em consideração o tempo desde a
aquisição de matérias-primas, fabricação do produto, venda e recebimento.
Não há como sobreviver no mercado financiando essas necessidades com cartões de crédito
ou cheque especial, como muitas vezes observamos.
Estes são problemas conhecidos como “falta de capital de giro”. Trataremos do tema mais
à frente.
s) Patrimônio de uma empresa é representado pelo conjunto dos bens, direitos e obrigações,
avaliados do ponto de vista monetário.
PATRIMÔNIO
Avo Passivo
Bens e Direitos Obrigações
O lado esquerdo, ativo, refere-se a todos os bens e direitos. O lado direito, passivo, representa
as dívidas da empresa.
Bens são as disponibilidades: valores disponíveis em caixa e bancos, aplicações financeiras,
estoques de matéria-prima e produtos acabados ou em processo de fabricação, máquinas e equi-
pamentos, instalações, marcas e patentes.
Direitos são os créditos que a empresa tem de terceiros, tais como contas a receber de vendas
a prazo.
Obrigações são as dívidas, como duplicatas e impostos a pagar.
128 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Fonte: Livro Administração Financeira: Princípios, Fundamentos e Práticas Brasileiras. Antônio Barbosa
Lemes Júnior et al. 3a ed. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2010.
No Ativo Circulante (capital de giro), precisamos estabelecer o mínimo de caixa a ser mantido
na empresa, por motivos de transação, precaução e especulação. Transação, diz respeito às opera-
ções do dia a dia, tais como: pagamentos de contas e despesas em geral. Precaução, refere-se ao
cuidado com situações inesperadas de déficits de caixa. Exemplos: não recebimento de contas,
quebra de máquina, acidentes, falta de estoques, dentre outros. Especulação, diz respeito ao apro-
veitamento de oportunidades, como liquidações, campanhas de vendas, descontos promocionais.
No Ativo Não Circulante, pode haver realizáveis de longo prazo indesejáveis pela empresa,
como empréstimos compulsórios da Eletrobrás ou retenção de valores de depósitos bancários.
As MPEs não costumam fazer investimentos em outras empresas, adquirindo participações
acionárias, por exemplo. Deve-se tomar cuidado, no entanto, com excesso de gastos com insta-
lações, máquinas e equipamentos, descuidando-se do capital de giro necessário para utilização
desta capacidade adquirida.
Quanto aos chamados bens intangíveis – marcas e patentes –, as MPEs costumam descuidar
dos devidos registros e acabam perdendo valores significativos, ao verem, por exemplo, suas
tecnologias sendo apropriadas por terceiros.
Isso vale também para as marcas. Às vezes, a MPE desenvolve, por anos, uma marca, gastando
em criação de logotipos, banners, impressos, identificação da empresa, dentre outros, e esquece de
Capítulo 6 • Administrando Finanças e Riscos 129
registrá-los. Outra empresa faz pesquisas e consultas nos órgãos reguladores, constata que não
há registros e apropria-se da marca.
b) Decisão de financiamento
O empresário decidirá o grau de endividamento que deverá ser suportado. A composição de
recursos da empresa é chamada de estrutura financeira, sendo verificada no Passivo. O Qua-
dro 6.5., a seguir, apresenta as questões relevantes antes de se tomar uma decisão de financiamento.
Fonte: Livro Administração Financeira: Princípios, Fundamentos e Práticas Brasileiras. Antônio Barbosa
Lemes Júnior et al. 3a ed. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2010.
Os recursos financeiros vêm de duas fontes: capital próprio e capital de terceiros. O capital
próprio é formado por recursos dos proprietários (empreendedores e sócios) e o capital de terceiros
é representado pelos financiamentos ou empréstimos os quais demandam pagamento de juros.
Até mesmo quando a empresa consegue junto a um fornecedor um prazo para pagamento de
matéria-prima, por exemplo, estes recursos deverão ser considerados como capital de terceiros,
pois esse fornecedor está financiando o negócio.
Fontes de financiamento
As principais fontes de financiamento da empresa são:
c) Decisão de resultado
A terceira decisão refere-se à decisão de resultados, que exige do empresário a compreensão
do funcionamento de toda a empresa e sua relação com finanças.
Da mesma forma que fizemos com as decisões de investimento e de financiamento, apresen-
tamos, no Quadro 6.6., algumas questões a serem respondidas:
Fonte: Livro Administração Financeira: Princípios, Fundamentos e Práticas Brasileiras. Antônio Barbosa Lemes
Júnior et al. 3a ed. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2010.
Capítulo 6 • Administrando Finanças e Riscos 131
Atingir metas de receita operacional bruta é objetivo fundamental de qualquer empresa, pois
é dela que se retiram todos os custos e despesas para gerar lucros.
A ROB é resultado da quantidade vendida versus o preço praticado. Muitas vezes, para aumen-
tar o faturamento, a MPE reduz preços, aumenta prazos de pagamento, facilita créditos, negocia
juros de mora, enfim, cria condições para vender.
Essa prática ilude o empresário e tira seu foco dos reais objetivos do negócio, que são a criação
de riqueza (geração de lucro). A grande dificuldade é atingir as metas de faturamento sem fazer
concessões exageradas que tragam prejuízos.
No caso das indústrias, pode ocorrer problemas graves com a fiscalização, pois por reterem dos
clientes o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), elas são fiéis depositárias do governo,
não podendo, em hipótese alguma, deixar de repassá-lo. O que se verifica na prática, em alguns
casos, é a MPE utilizar indevidamente estes recursos para solucionar seus problemas de caixa,
incorrendo em autuações com pesadas multas.
As devoluções – atrasos de entrega, erros de quantidade, defeitos de fabricação, não confor-
midade de cores, tamanhos, pesos – podem tornar-se problemas sérios na vida das empresas. Há
casos em que elas representam 4%, 5% da ROB.
A falta de solução na origem do problema costuma trazer gastos e mais gastos para corrigir
as constantes reclamações dos clientes, tornando-se uma “bola de neve” e levando a crises de
todos os tipos.
Os custos operacionais devem ser controlados e reduzidos, sempre que possível, sabendo-se
que o mercado não está disposto a pagar pela ineficiência das empresas.
Da mesma forma, as despesas operacionais devem ser controladas, sendo importante que os
empresários tenham uma boa noção de quanto por cento elas podem representar das receitas.
Por exemplo, em supermercados espera-se que as despesas administrativas não superem 5% das
receitas operacionais líquidas.
Na Tabela 6.1., abaixo, apresentamos modelo de planilha para apurar as necessidades de capital
de giro para determinado período:
Fonte: Autores.
A essa altura você já percebeu que o capital de giro representa a totalidade dos recursos ne-
cessários para cumprimento das atividades diárias ligadas à produção, venda de mercadorias ou
prestação dos serviços: caixa e bancos, contas a receber e estoques.
Para suprir essas necessidades, você contará com financiamentos espontâneos, como: forne-
cedores, tributos a pagar, salários a pagar e encargos sociais a pagar.
Ciclo operacional
Para exercer controle efetivo dos recursos que transitam pelo caixa da empresa, é necessário
conhecer como e quando isso ocorre. A identificação do ciclo operacional auxilia a administração
do caixa e permite antecipar a necessidade de capital de giro, tornando mais eficiente a gestão
das finanças.
O ciclo operacional é composto pelos ciclos econômico e financeiro. No gráfico destes ciclos,
Figura 6.5., a seguir, é possível identificar os diversos prazos a que se submete a administração
financeira, desde a compra da matéria-prima, ou mercadoria, até o recebimento das vendas, pos-
sibilitando a adequação dos mesmos em favor do caixa:
Capítulo 6 • Administrando Finanças e Riscos 133
Ciclo econômico
Representa o giro dos estoques, no caso 30 dias. Inicia-se com a compra da matéria-prima,
insumo ou mercadorias, e encerra-se com a venda do produto ou da mercadoria. Esse ciclo mostra
o quanto a empresa demora em renovar seus estoques. Sabemos que o estoque representa ônus
financeiro, e quanto menor seu nível e maior a rotação, melhor.
Ciclo financeiro
Este ciclo vai desde a venda do produto ou mercadoria até o seu recebimento, no caso 60
dias. Pela análise do ciclo financeiro verifica-se a capacidade da empresa de pagar suas contas. Ela
demorará 30 dias para girar seus estoques, mais 60 dias para receber suas contas, e terá 45 dias
para pagar seus fornecedores, ficando com 45 a descoberto.
No cálculo do ciclo operacional são utilizados os seguintes conceitos:
• pmrc = prazo médio de recebimento dos clientes: é o tempo decorrido entre a aquisição
de matéria-prima, insumos, ou mercadorias, e a sua venda.
• pmre = prazo médio de rotação do estoque.
• pmpf = é o prazo médio de pagamento aos fornecedores.
Exemplo:
Suponha que a Farmácia Santa Luzia tenha os seguintes prazos em suas operações:
Prazo médio de recebimento dos clientes: 60 dias;
134 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
A empresa deve ter reservas para suprir suas necessidades de capital de giro; caso isso não
ocorra, a solução será a tomada de empréstimos com a menor taxa de juros possível. Se o ciclo
operacional não for ajustado, a busca constante por empréstimos poderá trazer grandes dificul-
dades financeiras à MPE.
Antes do advento dos cartões de crédito, supermercados, armazéns, panificadoras, açougues,
farmácias, dentre outras MPEs, que costumavam vender à vista e tinham suas compras financiadas
pelos fornecedores, estavam com a situação de ciclo financeiro bastante favorável.
Com a crescente utilização dos cartões, as empresas não recebem mais à vista as vendas, pois
os clientes pagam com cartões e elas agora demoram, em média, até 30 dias para receber. Com
taxas de 3% a 5% ao mês, cobradas pelas administradoras, a situação dessas empresas, que era
favorável, inverteu-se.
Aprendendo a calcular os prazos
pmrc = dr x prazo
vv
dr = duplicatas a receber;
vv = valor das vendas.
Para calcularmos o prazo médio de recebimento das vendas (pmcr), primeiro devemos saber
o prazo médio de vendas (pmv). Para ilustrar, vamos a um caso prático:
Exemplo: Supondo que uma empresa adote a seguinte política de faturamento:
10.000,00 para 30 dias = 300.000,00
20.000,00 para 45 dias = 900.000,00
15.000,00 para 60 dias = 900.000,00
5.000,00 para 90 dias = 450.000,00
50.000,00 2.550.000,00
Passados três meses de faturamento, considerando o mesmo prazo médio de vendas, sua
empresa apresentou a seguinte realidade:
Observando o resultado do pmrc identificamos que, apesar do prazo médio das vendas ser de
51 dias, e o recebimento das mesmas ocorrer em 52,5 dias, isto representa uma média de atraso
dos clientes em 1,5 dias. Esse fato pode levar à necessidade de tomada de empréstimos.
Sempre que a empresa oferecer prazo de pagamento, estará financiando o cliente, e esse pro-
cedimento representa importante estratégia de conquista e fidelização, mas é aconselhável tomar
precaução com atrasos e inadimplência.
O crédito deve ser oferecido somente aos que comprovarem que são bons pagadores. A
pesquisa cadastral é muito útil nessa ocasião, bem como a prática de manter banco de dados
atualizado, com o histórico de pagamento dos clientes, identificando quais são pontuais e quais
as médias de atrasos.
Nesse sentido, o controle eficaz das contas a receber e a cobrança tempestiva dos atrasos
previnem a falta de liquidez e seu efeitos indesejáveis, como tomada de empréstimos, pagamento
de multas por atraso ou retaliação dos fornecedores.
O pmre do período que desejamos determinar será a soma dos prazos médios dos diversos
tipos de estoque
Exemplo: Supondo que uma empresa apresente a situação de estoques descrita a seguir, calcular
os prazos médios de cada um e o pmre total no período de 90 dias.
Então:
1o) Cálculo do prazo médio de rotação dos estoques de matéria-prima – pmrepsa:
pmremp = vemp x prazo → 2.000,00 x 90 = 37,5 dias
cmp 4.800,00
2o) Cálculo do prazo médio de rotação dos estoques dos produtos semiacabados – pmrepsa:
pmrepsa = vepsa x prazo → 1.000,00 x 90 = 9 dias
cpv 10.000,00
3o) Cálculo do prazo médio dos estoques dos produtos acabados – pmrepa:
pmrepa = vepa x prazo → 2.300,00 x 90 = 20,7 dias
cpv 10.000,00
Capítulo 6 • Administrando Finanças e Riscos 137
4o) O prazo médio de renovação total dos estoques será a soma dos prazos médios obtidos
para cada modalidade de estoque calculada acima:
pmre = pmremp + pmrepsa + pmrepa → 37,5 + 9 + 20,7 = 67,2 dias
Isso quer dizer que, para o ciclo de 90 dias, o estoque, em média, se renova a cada 67,2 dias.
Os esforços para conservar a rotação rápida e o nível baixo de estoques são indispensáveis para
manter positivo o fluxo de caixa da empresa.
Então:
1o) Cálculo do prazo médio de pagamento de duplicatas aos fornecedores – pmpda:
pmpda = dap x prazo → 4.500,00 x 90 = 54 dias
vc 7.500,00
2o) Cálculo do prazo médio de pagamento das demais despesas operacionais – pmpdo:
pmpdo = dop x prazo → 800,00 x 90 = 24,83 dias
doc 2.900,00
É importante lembrar que quando o fornecedor nos concede prazo de pagamento, está finan-
ciando a produção dos bens ou os serviços prestados. Nesse momento, o empreendedor precisa
negociar com firmeza e conseguir o maior prazo possível, pois assim terá tempo de produzir,
vender e receber dos clientes para só então efetuar o pagamento.
Essa prática representa uma das razões da existência de empresas lucrativas e empresas com
prejuízos. O domínio do ciclo operacional proporciona o equilíbrio das contas e a visão clara
das estratégias a serem utilizadas quando da negociação de prazos com clientes e fornecedores,
e também no volume de estoques a ser mantido.
Mark-up, ou multiplicador sobre custos, é uma metodologia para se determinar preços de venda.
O preço deve ser formado de maneira a cobrir todos os custos, as despesas fixas, as despesas
variáveis de venda e os impostos e gerar lucro.
Capítulo 6 • Administrando Finanças e Riscos 139
Mark-up é um índice ou percentual que irá adicionar-se aos custos e despesas, o que não
significa que deve ser aplicado linearmente a todos os bens e serviços.
O mark-up a ser utilizado será estruturado conforme a incidência de impostos, despesas variá-
veis de venda, despesas operacionais e o lucro desejado na venda, observadas as circunstâncias
e interesses mercadológicos e financeiros, as experiências passadas, tudo combinado de forma
equilibrada para que a empresa consiga atingir seus objetivos.
O preço assim formulado com o mark-up é um referencial a ser analisado.
Confunde-se, na prática, mark-up com lucro da venda, o que é danoso à imagem das empresas,
além de incorreto. Se uma empresa utiliza o custo multiplicado por um mark-up de 2, por vezes
entendido como lucrar 100%, isto não é verdadeiro, pois existem impostos e despesas que precisam
ser pagos com o produto da venda, não restando o lucro de 100% sobre os custos.
Construção do mark-up
Apresentamos, a seguir, demonstrações de como trabalhar o conceito de mark-up de preços de
venda para se obter o lucro desejado.
Exemplo: Vamos supor que a Mercearia Canela queira estabelecer o preço de venda de um
produto cujo custo seja R$ 10,00 e que suas despesas sobre vendas sejam: despesas
administrativas, 5,80%; despesas comerciais, 6,90%; despesas financeiras, 2,60; ICMS,
18%, PIS, 0,65%; e Cofins, 3,00%. Sua margem de lucro desejada é 8,20%.
Podemos encontrar o preço de venda de duas formas: a) utilizando o mark-up multiplicador;
e b) utilizando o mark-up divisor.
Custo 10,00000
Mark-up multiplicador 1,823154
Preço de venda 100,00% 18,23154
*Trabalhamos com cinco casas após a vírgula, para comprovar que o preço gerará o lucro desejado.
140 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
O Quadro 6.7. mostra como se estabelece o preço para se obter o lucro desejado, após
coberto o custo do produto e todas as despesas. Vamos verificar como se chega a este quadro,
passo a passo.
a) Construção do mark-up multiplicador e estabelecimento do preço de venda:
1) Somar os percentuais de despesas + margem de lucro desejada = 45,15%.
2) Diminuir de 100% (preço de venda) o valor encontrado, 45,15% = 54,85% .
3) Dividir 100 pelo valor encontrado 54,85% = 1,823154, e temos o mark-up multiplicador.
4) Multiplicar 10,00000 (custo) por 1,823154 (mark-up multiplicador) e temos o preço de
venda = R$ 18,23154.
5) Na última coluna, provamos ao leitor que o preço estabelecido pelo mark-up multiplicador
cobre o custo do produto, todas as despesas e gera o lucro desejado.
2) Dividindo 10,00000 (custo) por 0,54850 (mark-up divisor), encontramos o preço de venda
= R$ 18,23154.
Como vimos, não há dificuldade em se estabelecer o mark-up multiplicador, desde que tenha-
mos as informações necessárias.
Significa que, a partir desse ponto, começa a geração de lucro, e já estarão pagas todas as
despesas e custos fixos e variáveis.
custos
variáveis
vendas
produto C
custos
fixos
vendas
despesas
produto B
variáveis
vendas
despesas
produto A
fixas
Capítulo 6 • Administrando Finanças e Riscos 141
Margem de Contribuição – MC
Margem de contribuição é a percentagem com que cada R$ 1,00 de vendas, após cobrir os custos
variáveis, contribui para cobrir os custos fixos e gerar lucros.
Exemplo:
Preço de venda unitário = R$ 1,00
Custo de venda unitário = R$ 0,70
Margem de contribuição = R$ 0,30
Quando se quer obter a margem de contribuição global, se toma a receita de venda total menos
os custos variáveis totais menos as despesas variáveis totais, como abaixo:
A margem de contribuição expressa o potencial que cada produto, após deduzidos os custos
e despesas variáveis, tem de contribuir para cobrir os custos fixos e gerar lucros.
A partir dessas colocações, alguns elementos podem ser observados:
• O preço de venda aceito pelo mercado deve ser suficiente para cobrir pelo menos os custos
e as despesas variáveis dos produtos.
• Quanto maior a margem de contribuição melhor.
• A margem de contribuição unitária de cada produto ou unidade de negócio não é a solu-
ção da equação de resultados. Ela deve ser associada ao volume de negócios, gerando a
contribuição total.
• Toda adição positiva de margem de contribuição é, em princípio, bem recebida. Se o mer-
cado permitir, a empresa deve otimizar esse indicador de desempenho.
• A margem de contribuição total da empresa deve ser confrontada com os custos fixos
totais, para verificar os seus níveis de cobertura.
• Somente após cobertos integralmente os custos fixos totais, a margem de contribuição
passa a gerar lucros para a empresa.
Exemplo: Os supermercados trabalham com 2.000, 3.000, 4.000 itens de estoque. Eles são
dispostos nas lojas em departamentos ou setores, tais como: panificadora, carnes e
derivados, bebidas, alimentos, eletrodomésticos, eletrônicos, vestuário, dentre outros.
Normalmente, os produtos considerados de primeira necessidade, tais como pão, leite,
arroz, feijão, sal, açúcar, têm baixa margem de contribuição, 3%, 5% ou 7%.
A estratégia de se diferenciar as margens de contribuição dos produtos é usada para assegurar
uma margem de contribuição total, que maximize a riqueza dos proprietários dos supermercados.
E F G H
MC – 10% MC – 12% MC – 14% MC – 16%
I J K L
MC – 19% MC – 20% MC – 21% MC – 25%
Fonte: Os autores.
Capítulo 6 • Administrando Finanças e Riscos 143
Observação: em muitos livros costuma-se apenas designar “custos fixos” (já incorporando
despesas fixas)
Q = Quantidade de vendas em unidades (volume) necessária para que a empresa cubra seus
custos e despesas fixas
CF = Custos Fixos
DF = Despesas Fixas
MCun = Margem de Contribuição Unitária
O ponto de equilíbrio (PE), pode ser representado, conforme o gráfico a seguir:
Fonte: Autores.
Valores
Mês R$ %
1. Receita do mês 15.000,00 100,00
2. Custos variáveis mensais 4.500,00 0,30
3. Despesas variáveis mensais 1.500,00 0,10
Margem de contribuição = 1 -2 -3 9.000,00 0,60
4. Despesas fixas mensal 1.200,00 0,08
5. Custos fixos mensal 6.000,00 0,40
6. Custos fixos totais do mês 7.200,00 0,48
Lucro 1.800,00 0,12
MC = 0,60
pe = custos fixos = 7.200
margem de contribuição 0.60
pe = 12.000,00
146 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Produto ou Serviço
R$ A B C D
1. Preço de venda 700,00 500,00 430,00 380,00
2. Custos variáveis (mercadorias, materiais, mão de obra) 80,00 190,00 70,00 20,00
3. Despesas variáveis (impostos, comissões, fretes) 200,00 180,00 250,00 70,00
Margem de contribuição = 1 -2 -3 420,00 130,00 110,00 290,00
4. Despesas fixas totais 10.000,00
5. Custos fixos totais 18.000,00
Certamente isso ocorre porque, nessas empresas, não é possível se ter uma boa separação de
funções. Trata-se, porém, de funções conflitantes, porque a área de vendas precisa vender e tende
a aprovar mais facilmente cadastros de clientes e limites de crédito, causando sérias dificuldades
financeiras, decorrentes de inadimplências e perdas com maus pagadores.
Apresentamos, a seguir, as políticas de crédito e de cobrança, tecendo considerações sobre a
atuação das duas áreas.
Políticas de Crédito
Em determinados ramos de negócio a venda a prazo é obrigatória e exige das MPEs a adoção
de políticas de crédito que equilibrem o rigor da aprovação do crédito com a necessidade de vender.
Disso resulta o estabelecimento de normas para análise e concessão quanto a dois aspectos:
a) Requisitos para concessão
O primeiro aspecto a ser analisado é se a concessão de crédito vai proporcionar aumento do
volume de venda. É interessante o aumento de volume e o lucro decorrente, porém não se deve
deixar de prever possíveis perdas oriundas dos devedores duvidosos.
Cada empresa deve estabelecer requisitos mínimos para concessão de crédito aos clientes. Para
clientes antigos, essa análise não é difícil, basta utilizar o banco de dados da empresa e verificar
se esse cliente costuma pagar sempre em dia, quanto tempo atrasa em média e se esses atrasos
são eventuais e justificados.
Para novos clientes, é de praxe solicitar documentação da empresa e dos sócios (pessoa jurí-
dica), como Contrato Social e alterações, ata de constituição, procuração dos sócios, inscrição na
Junta Comercial, CNPJ. No caso de pessoa física, devem ser solicitados os documentos pessoais,
como RG, CPF, comprovante de renda e residência. É aconselhável pedir referências pessoais,
comerciais e bancárias comprovadas.
Esses procedimentos permitem avaliar com mais segurança quem merece receber crédito, mas
certamente vão impactar nos custos da empresa, porque pesquisas cadastrais junto aos órgãos de
proteção ao crédito são cobradas, bem como tarifas telefônicas para confirmação de referências,
horas trabalhadas por empregados em pesquisas e digitação de cadastros e contratos.
Todas essas despesas precisam ser calculadas e levadas em conta no momento de cobrar taxas
cadastrais ou adicioná-las na formação do preço de venda.
No dia a dia das empresas é natural os clientes efetuarem seus pagamentos através de diversas
modalidades:
• à vista, em cheque, dinheiro ou cartão de débito; observar que no caso do cartão de débito
é necessário levar em conta os valores cobrados pelas administradoras, para intermediar a
transação;
• a prazo, com cheque pré-datado, cartão de crédito ou duplicatas a pagar.
Com todas essas possibilidades, há necessidade de se estabelecer o valor das vendas de tal
maneira que, no preço final das vendas a prazo, estejam embutidos os acréscimos referentes às
despesas financeiras da concessão do prazo ou dos parcelamentos.
Há necessidade de estabelecer a taxa de juros que se irá adotar, que poderá ser a mesma cobrada
pelos fornecedores da matéria-prima ou mercadorias, ou outra que seja razoável.
Quanto aos descontos para pagamento à vista, devem ser concedidos a todos clientes. O valor
do desconto também deve ser calculado em função da taxas de juros; normalmente as empresas
concedem de três a cinco por cento.
Os parcelamentos são concessões do proprietário, e nas MPEs é melhor que não ultrapassem
três vezes. O empresário deve adaptar o ciclo operacional e receber do cliente antes de efetuar o
pagamento aos fornecedores.
Políticas de cobrança
Ao decidir pela concessão de crédito aos clientes, há necessidade de criar políticas de cobrança
eficazes, que dependem, principalmente, de cadastro atualizado, permitindo a rápida identificação
dos meios de comunicação com o cliente.
As MPEs devem adotar políticas de cobrança menos onerosas. Ao se constatar o atraso no
pagamento, no dia seguinte ao vencimento executar os seguintes procedimentos:
1. Envio de e-mail ou carta ao cliente, lembrando-o do vencimento do faturamento ou parcela.
2. Telefonema reiterando a necessidade do pagamento e, se for o caso, propondo renegociação
ou estabelecendo novo prazo, caso o cliente relate ocorrência de imprevistos. A melhor solução
será sempre o acordo.
3. Protesto judicial, caso não haja cumprimento do acordo e se perceba que o cliente se esquiva.
Deve ser o último recurso, porque gera custos e desgastes para a empresa.
Para simples atrasos, deverão ser estabelecidos juros de mora, multa e acréscimos. Na emissão
de instrumento de cobrança ou fatura, os valores a serem cobrados no caso de atrasos devem
estar discriminados.
Capítulo 6 • Administrando Finanças e Riscos 149
Baixar o título atrasado, assim que for pago, no sistema do banco ou da empresa, evi-
tando protestos indevidos e desgastes com o cliente.
6.7. Questões
1. Conceitue Administração Financeira e explique porque ela é tão importante para a sobrevivência
das MPEs.
2. Em sua opinião, quais são os cinco principais conceitos de finanças para as MPEs?
3. Conceitue receitas, gastos, custos, despesas, resultados e investimentos. Dê exemplos.
4. Suponha que você é assistente financeiro do Sr. João Carlos Ferreira, diretor financeiro da LG
Empreendimentos, o qual lhe mostrou os demonstrativos financeiros de 2009, apresentados
abaixo, solicitando que você encontre o retorno sobre o Ativo, usando a fórmula da DuPont.
Outros 7.500
A que risco a
empresa está exposta?
Qual a probabilidade
Avaliação de ocorrerem?
Quais as perdas e
custos decorrentes?
Riscos
Estabelecer cenário:
omista, provável
pessimista
Plano de conngência
13. O que é ciclo operacional? E ciclo econômico? E ciclo financeiro? Como é calculado o ciclo
financeiro?
14. A Panificadora Campo Mourão tem os seguintes prazos em suas operações:
• Prazo médio de recebimento dos clientes: 53 dias;
• Prazo médio de giro dos estoques: 28 dias;
• Prazo médio de pagamento aos fornecedores: 41 dias;
• Qual seu ciclo operacional?
16. A Fábrica de Bolachas Ibaiti apresenta a situação de estoques descrita abaixo, calcular os
prazos médios de cada um e o pmre total no período de 90 dias.
Custo dos produtos vendidos: R$ 9.100,00
Matéria prima consumida no ciclo: R$ 4.400,00
Valor do estoque de matéria-prima: R$ 1.800,00
Valor do estoque de produtos semiacabados: R$ 9.000,00
Valor do estoque de produtos acabados: R$ 2.000,00
17. Calcule os mark ups e o preço de venda do produto abaixo, e demonstre sua correção (Coluna 4)
Custo 15,00000
Mark-up multiplicador
Preço de venda 100,00%
*Trabalhe com cinco casas após a vírgula, para comprovar que o preço Gerará o lucro desejado.
18. Calcule o ponto de equilíbrio da Cerâmica Quatiguá, que tem custo fixo de R$ 40.000,00
mensais, preço de venda unitário de R$ 2,95, custo variável unitário de 1,90. Qual o ponto de
equilíbrio da empresa?
CAPÍTULO 7
7.1. Introdução
O principal objetivo de um negócio é vender os produtos, mercadorias ou serviços. Para que
isso ocorra, devem existir consumidores que desejem e adquiram os produtos. Esses consumidores
são chamados de público-alvo.
Capítulo 7 • Administrando Marketing e Vendas 153
O mercado é muito amplo e as MPEs não deverão planejar atendê-lo inteiramente, mas sim
descobrir qual parte desse mercado é formada pelos consumidores potenciais dos seus produtos
ou serviços.
Exemplo: Uma empresa fabrica e vende bijuterias e acessórios femininos. Os preços praticados
são baixos, há variedade de modelos e a qualidade é boa. O perfil dos consumidores
será o de mulheres que não tenham renda para adquirir acessórios nos shopping centers,
mas que não dispensam o uso desses produtos. A empresa deverá então observar os
lançamentos da moda nas ruas, revistas femininas, novelas e direcionar esforços de
produção nesse sentido.
Uma empresa precisa descobrir seu público-alvo e trabalhar para chamar a sua atenção,
identificando necessidades e desejos não satisfeitos, planejando o negócio de forma a atendê-los,
oferecendo facilidades como crédito, descontos e promoções.
a) Ambiente externo
É representado pelo ambiente em que a empresa atua e concorre, e do qual sofre influências
constantes. Esse ambiente é composto pelos fatores econômicos, políticos, sociais, culturais e
pelos consumidores e concorrentes, e oferece tanto oportunidades quanto ameaças.
Para serem bem-sucedidas, as empresas necessitam conhecer, monitorar e adequar-se cons-
tantemente às mudanças ocorridas nesse ambiente.
b) Ambiente interno
É no ambiente interno que a empresa se diferencia dos concorrentes, através das inovações
e tecnologias que adota, da forma de gerir os recursos financeiros e materiais de como motiva e
recompensa o pessoal, e das estratégias de atração e conservação dos clientes, pela utilização de
políticas de preço, concessão de descontos, prazos e promoções.
No ambiente interno se pode identificar as forças e as fraquezas da empresa, e o sucesso ou
fracasso dependem da visão e do gerenciamento do empresário.
2. Características do mercado
O mercado é um mundo de oportunidades. A MPE não pode pensar em termos de mercado
total, e sim em segmento de mercado, o que significa direcionar seus esforços para atingir uma
parcela da população com determinadas características.
A segmentação pode levar em conta duas variáveis principais, relacionadas às:
• características próprias do consumidor, como: local onde moram ou trabalham, clima da
região, idade, sexo, ocupação, renda, educação, classe social, entre outras;
• características do consumidor em relação ao produto ou serviço, tais como: expectativas
de qualidade, benefício ou status, avaliação de valor, taxa de utilização, grau de satisfação e
lealdade à marca.
Ao selecionar o segmento para o qual se vai trabalhar, a MPE precisa levar em conta alguns
aspectos, como tamanho e adequação do segmento aos objetivos e recursos da empresa, visando
garantir seu próprio crescimento e prosperidade.
A tendência atual é segmentar e se especializar, cada vez mais, até atingir um número seletivo
de consumidores que compõem os chamados “nichos de mercado”. Os nichos são mais sensíveis
à prestação de serviços e representam parcelas do mercado não interessantes às grandes empresas,
que preferem padronização e custos reduzidos.
Exemplos de negócios para nicho de mercado podem ser um restaurante que se especializou
em carne de caça ou peixes exóticos; tatuagem e colocação de piercings; pousadas localizadas em
lugares distantes e desertos, com poucas e confortáveis acomodações; treinadores e cuidadores
de animais de estimação que atendem no domicílio dos clientes; produção de joias ou bijuterias
sob encomenda, inéditas ou desenhadas pelo próprio cliente.
Os consumidores de um nicho de mercado podem não estar preocupados com preço, mas
sim com bom atendimento e exclusividade, e representam ótimas oportunidades para as MPEs.
Capítulo 7 • Administrando Marketing e Vendas 155
Uma certeza quanto aos consumidores é que eles, hoje, são muito mais exigentes, informados e
sensíveis à inovação e à personalização do atendimento, cumprimento dos prazos de entrega e ga-
rantia, e valorizam embalagens, promoções e condições de pagamento adaptadas à suas necessidades.
Uma empresa para alcançar o sucesso tem que conhecer as exigências do seu público, moni-
torando desejos, criando valor e inovando constantemente para mantê-lo satisfeito e fiel.
Um empresário atento busca constantemente encantar o cliente. Seus olhos estarão sempre
a observar novidades onde quer que vá, estará sempre pronto a ouvir sugestões e reclamações
daqueles que comparecem ao seu estabelecimento.
Ouvir, falar, sorrir, dar atenção, eis algumas “armas infalíveis” para conquistar o cliente sem
gastar um centavo.
Além de estar atento, o empresário deve permanecer atualizado, observando tendências, cores,
perfumes e sabores da moda. Não deve esperar que o concorrente lance um novo produto, sua
empresa deverá tomar essa iniciativa. A capacidade de identificar oportunidades e transformá-las
rapidamente em prática é qualidade própria dos empreendedores.
4. Características da concorrência
Essa definição é bastante genérica e nos remete a uma análise simples: como fazer com que
o consumidor escolha o “meu” produto ou serviço e traga seu dinheiro para a “minha” empresa.
A resposta começa com “conhecer seu concorrente”.
156 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
5. Posicionamento de mercado
Após a análise da concorrência, é possível identificar no que o nosso negócio é diferente dos
demais e no que ele supera os principais concorrentes (pontos fortes).
O diferencial pode estar na existência de estacionamento, na proximidade do centro da cidade,
em produtos ou serviços inovadores e diferenciados, nos prazos para pagamento ou de garantia,
no pessoal do atendimento, sempre bem treinado e motivado.
Todos os pontos em que as empresas são fortes devem ser transmitidos aos consumidores,
criando em sua mente uma imagem diferenciada da dos concorrentes.
O cliente precisa saber que, ao escolher comprar no seu estabelecimento, receberá sempre o
tratamento que espera, terá vaga para estacionar, poderá pagar a prazo, terá instalação ou monta-
gem gratuita, será bem tratado se necessitar de assistência técnica, assim como o foi na aquisição,
só para citar alguns exemplos; cada empresa deve fortalecer e divulgar o seu diferencial.
Merece atenção especial o fato de a empresa aceitar cartões de crédito e débito em seus esta-
belecimentos. Na vida moderna, as pessoas praticamente não utilizam dinheiro, apenas cartões.
A não aceitação de cartões de crédito é uma desvantagem competitiva enorme.
A imagem que o consumidor faz, é como se fosse parte do patrimônio de uma empresa, e
compõe a análise de valor que este cria antes de se decidir por um produto ou serviço.
Outra forma de se posicionar no mercado decorre das estratégias de preço e qualidade. Seu
diferencial será o de oferecer sempre o preço mais baixo ou o melhor produto? Saiba que há
consumidores que valorizam esses dois aspectos, avalie seus concorrentes e consumidores e
decida-se pelo que for mais vantajoso para a sua empresa.
Exemplo: A clientela de sua empresa é diferenciada quanto à renda e vai procurar seu produ-
to porque valoriza “status” porque sua empresa personaliza ambientes, oferecendo
móveis sob medida, com detalhes exclusivos e garantia contra defeitos de fabricação.
Sabedores disso, os clientes não se importarão em pagar mais caro do que no principal
concorrente, que não passa a mesma imagem de valor.
Capítulo 7 • Administrando Marketing e Vendas 157
A figura acima evidencia que os consumidores exigem mais do que o simples objeto de troca
(produto núcleo); ele procura pela marca, exige qualidade, encanta-se com a embalagem e demais
características do produto, como tamanhos, cores, sabores ou aromas.
Além disso, procura o que se caracteriza por valor agregado, que pode ser: instalação gratuita,
garantia, assistência técnica ou serviço de pós-venda.
Mercadoria
Quando se trata de comércio, a satisfação da necessidade do consumidor é obtida pela oferta
de mercadorias adquiridas de outras empresas.
Diferentemente de empresas industriais, o comércio não fabrica bens, apenas os comercializa
e, por isso, o que elas fazem é avalizar os fabricantes das mercadorias que vendem.
158 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Devem, portanto, saber que são responsáveis por aquilo que vendem e, por isso, zelar pela
escolha de fornecedores idôneos, porque qualquer reclamação dos clientes terá que ser resolvida
pela empresa que vendeu e não por seus fornecedores.
Muitas MPEs comercializam produtos nacionais e importados. Produtos importados oferecem
boas oportunidades de negócio, cabendo ao empresário aprender os procedimentos de importação
e procurar fornecedores idôneos.
Esse fato nos faz refletir que, prestar um serviço, esteja ele ou não atrelado a produto, é muito
diferente de pegar o bem na prateleira, emitir nota e levar embora. O serviço envolve a utiliza-
ção de critérios subjetivos de satisfação imediata, que não podem ser colocados em embalagens
atraentes. O sucesso envolve treinamento de pessoal, conscientização e parceira.
Devemos saber como fazer para a empresa vender mais, gastar menos e lucrar mais. Ao longo
deste livro, várias vezes falamos de custos e despesas, e depende da empresa tê-los sob controle
e reduzi-los.
Para vender mais e lucrar mais, entram em cena outras variáveis, como decisão dos clientes,
vendedores treinados e motivados, preços praticados pelos concorrentes, existência de bons
fornecedores, custos dos fretes.
Para vender mais a empresa precisa ser conhecida. Muitos fatores influenciam na decisão de
compra do cliente:
1. Localização
É fundamental escolher o ponto de venda condizente com as características do negócio e dos
consumidores que se pretende atingir.
Depois de definida a adequação do ponto e do potencial de mercado onde se pretende instalar o
negócio, cabe tomar a decisão final de localização. Podemos, para isso, utilizar os seguintes critérios:
• proximidade da concorrência;
• presença de “lojas âncora”, que atraiam muitas pessoas;
• visibilidade da loja;
• facilidade de acesso;
• esquina, aumenta a visibilidade;
• local de passagem ou de permanência de público;
• estacionamento é fundamental;
• proximidade de pontos de ônibus ou terminais de passageiros;
• proximidade de estruturas sociais, culturais e de lazer (centros comunitários, igrejas, escolas,
praças, cafés, restaurantes, cinemas).
Se sua intenção é abrir uma papelaria, deverá procurar local próximo a escolas. Se for um
açougue, perto de um terminal de ônibus. Uma lanchonete, perto de grandes hospitais, colégios,
universidades e assim por diante.
Exemplo 1: Para escolher o local de uma loja de eletrodomésticos, alguns empresários de MPEs,
não tendo disponibilidades para contratar pesquisa de mercado, observam onde
se instalaram outras lojas de maior porte, conhecidas como “lojas âncoras”, que
160 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
possam alavancar seus negócios, tais como: Magazine Luíza, Casas Pernambucanas,
Lojas Colombo, Ponto Frio. As grandes empresas sempre realizam pesquisas antes
de instalar suas lojas. Por que não aproveitar essa “dica” e procurar um ponto nessa
região?
Uma das principais preocupações com a localização dever ser a concorrência – quanto menor
o seu número, melhor. No mundo das MPEs, a concorrência sempre existirá e deve ser levada em
conta. No caso abaixo, o empresário soube aproveitar bem uma oportunidade, ganhou dinheiro
e identificou o momento em que o local deixou de ser interessante.
Há exceções, quando determinada região da cidade concentra grande numero de lojas espe-
cializadas, e isso pode ser tornar vantajoso.
Exemplo: Local onde se concentram lojas de material eletroeletrônico.
3. Embalagens
Foi-se o tempo em que as embalagens serviam apenas para proteger produtos. Hoje, elas
são tão importantes quanto o produto, além de possuírem funções de propaganda e promoção.
Devem ser projetadas para atrair a atenção e divulgar a marca, entre outras possibilidades.
Exemplo: Observe-se a revolução que foi a introdução das embalagens “longa vida” para o
leite e seus derivados; sucos; polpas; extratos de tomate. Este é um bom exemplo de
inovação, que trouxe benefícios ao consumidor e riqueza a quem as idealizou.
produtos, e as vendas caírem, é certo que os demais itens da linha do produto não serão capazes
de cobrir os gastos da empresa.
5. As promoções
Toda empresa deve adotar políticas de promoção em datas conhecidas pelos consumidores,
como o aniversário de inauguração, ou liquidações de coleções de verão ou inverno, ao se tratar
de confecção; liquidação de saldos de Natal no mês de janeiro, por ser tradicionalmente um mês
fraco para o comércio.
Exemplo: Liquida Curitiba, uma promoção do comércio curitibano, realizada no final de agosto
e começo de setembro de cada ano, para liquidar estoques de inverno.
O cuidado que se deve tomar é não manter promoções de desconto por períodos muito longos,
sob pena de os consumidores considerarem esse preço como normal e não mais responderem
ao apelo.
Quando se oferecer vales-brindes ou prêmios é necessário estabelecer regras claras e cumpri-las.
Exemplo 1: Uma pizzaria adota a seguinte promoção: oferece selos de vales-brindes a serem
recortados nas caixas de pizza, estabelecendo que, ao se juntar determinada quantia
(10 ou 15 selos), poderão ser trocados por outra pizza, com os recheios que o con-
sumidor escolher.
Exemplo 2: Quando os lojistas de um shopping popular se reúnem para oferecer um carro no
Natal, sorteado através de cartelas numeradas e distribuídas aos clientes que gastarem
mais do que determinada quantia, a premiação deve ter regras claras e confiáveis. O
ideal é utilizar combinações de algarismos da loteria federal ou outra sorteada pu-
blicamente pela Caixa Econômica. Os prêmios devem ser entregues imediatamente,
aproveitando essa oportunidade para ampla publicidade e propaganda das empresas
que bancaram o prêmio.
Outro motivo para realizar promoções é quando determinado produto não vendeu o esperado
e seu estoque está parado, gerando custos. O melhor a fazer nesses casos é oferecer os famosos
“leve três e pague dois”, ou formar kits com outro produto que está vendendo bem, oferecendo
preços convidativos.
A degustação e amostras de produto também são tipos de promoção. Consiste em oferecer
gratuitamente pequenas amostras de bebidas, alimentos ou qualquer outro produto para que o
consumidor experimente, na esperança de aquisição imediata.
É fato notório que muitos consumidores compram por impulso. O objetivo dessas promoções
é atingir esses consumidores e divulgar a marca ao mercado, chamando a atenção do consumidor.
Nos supermercados é comum a prática desse tipo de promoção.
Capítulo 7 • Administrando Marketing e Vendas 163
6. Demanda
Um aspecto muito importante na política e estratégia de preços é saber se um bem é ou não
elástico.
Bem elástico é aquele que sofre variação na demanda na medida em que a renda dos consu-
midores varia.
Exemplos: Cosméticos, viagens de turismo, restaurantes, salão de beleza.
Bem inelástico é aquele que não sofre variação de demanda, embora os consumidores tenham
variação de renda.
Exemplo: Sal, pão francês, gás de cozinha.
Exemplo: Um produto apresenta a seguinte situação: uma variação de preço de 2,5%, para mais
ou para menos, faz com que a demanda se altere 10% no mesmo sentido.
Essa noção permite avaliar se pequenas reduções de preços afetam significativamente as vendas
e proporcionam aumento nos lucros. Da mesma forma, permite a identificação do aumento do
preço de venda, a partir do qual a demanda diminui.
1. Estabelecimento de preços
No enfoque financeiro, determinamos o preço, utilizando o conceito do mark-up, que pres-
supunha cobertura de custos e despesas e geração do lucro desejado, sem se preocupar com a
opinião do cliente e com os preços praticados pelos concorrentes. Aqui, precisamos agregar estas
considerações:
Exemplo: Suponha que o preço de um produto foi determinado em R$ 50,00 para cobrir custos,
despesas e gerar o lucro desejado. A empresa oferece este produto ao mercado por
164 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
esse preço e o mercado não paga. O que a empresa deve fazer? Poderá decidir por
retirar o produto de linha, por mantê-lo para atrair clientes e vender outros produtos
ou por buscar reduzir seu custo.
Por outro lado, o preço estabelecido pelo enforque financeiro pode estar muito aquém do
preço praticado pelo mercado. Nesta situação, a empresa poderá decidir por aumentar o preço,
e ganhar mais, ou manter o preço, e vender mais unidades.
2. Percepção do consumidor
É importante ressaltar a percepção do mercado consumidor no estabelecimento do preço.
Lembre-se de que o valor do produto para o consumidor não coincide, necessariamente, com os
custos reais da produção ou prestação de serviços. Cabe, nesse caso, à empresa manter o preço,
oferecer algum valor agregado, que a diferencie dos concorrentes
3. Concorrência
É importante também monitorar a concorrência para identificar se os preços praticados por
ela estão mais atrativos devido a alguma promoção, porque seus custos podem ser menores ou
seus cálculos podem não estar corretos.
Funções do preço
As principais funções do preço são: passar a imagem de produto desejada pela empresa; per-
mitir participação no mercado; e atingir a lucratividade e a rentabilidade esperadas.
Os consumidores avaliam, interpretam e reagem de maneira diferente em decorrência das
políticas de preços. Vejamos:
a) Se a empresa adota políticas de descontos e preços baixos, os clientes podem interpretar que:
• pode ser uma boa oportunidade para comprar;
• a qualidade do produto não deve ser boa;
• o produto deve apresentar pequenos defeitos;
• esse produto está prestes a ser retirado do mercado.
Capítulo 7 • Administrando Marketing e Vendas 165
A empresa pode também estabelecer preços diferentes, conforme os mercados que se queira
atingir. Os preços podem ser:
• Diferenciados por segmento: venda de um produto com preços diferenciados em função
da segmentação.
Exemplo: Se existirem estoques “encalhados”, pode-se procurar outro segmento, de menor
renda, por exemplo, e realizar promoções para esse público.
• Preço por imagem: preços diferentes para um mesmo produto, de acordo com as diferenças
de imagem.
Exemplo: A imagem de seu produto pode ser considerada boa para alguns segmentos e não tão
boa para outros. Uma pizzaria que acaba de ser inaugurada em determinado bairro,
não terá a mesma imagem daquela ali estabelecida há muitos anos. É preciso elabo-
rar estratégias para atrair o consumidor a experimentar e comprovar o bom preço e
qualidade.
• Preço por período: preços variam em função do período de venda ou taxa de utilização
(sazonalidade).
Exemplo: Quando existe sazonalidade de vendas, haverá períodos de maior faturamento mas
também, maiores custos fixos e variáveis. Isso pode levar a empresa a modificar seus
preços.
Na prestação de serviços, pode haver itens tabelados, comuns a todos os clientes, como no
caso de salões de beleza, restaurantes, teatros, entre outros. Também existem tipos de negócio em
que o preço é individual e determinado pelo orçamento dos serviços a serem prestados, como
no fornecimento de móveis sob medida, decoração de ambientes, confecção de trajes exclusivos
e muitos outros.
Encerrando este tópico, apresentamos o Quadro 7.2., comparativo entre o valor do preço de
venda a ser praticado e o mercado em que a empresa atua:
166 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Fonte: Adaptado de Preços de Venda na Prestação de Serviços, Série Saiba Mais, Sebrae-SP, 2004.
FORNECEDORES
MATÉRIA-PRIMA, MERCADORIA,
PREÇOS/CONFIABILIDADE
INSUMOS
EMPRESA
PRODUÇÃO/PRESTAÇÃO SERVIÇOS VENDAS
DISTRIBUIDORES
ENTREGAS PREÇOS/RESPONSABILIDADE
CONSUMIDORES
NECESSIDADES/DESEJOS AQUISIÇÃO DO BEM OU SERVIÇO
Capítulo 7 • Administrando Marketing e Vendas 167
O processo produtivo começa com os fornecedores, que são as fontes onde a empresa vai
buscar a matéria-prima, as mercadorias ou qualquer material que integre os produtos ou serviços
que serão oferecidos ao mercado.
O empresário deve encontrar fornecedores idôneos, negociar preços e prazos. O ideal é
estabelecer parcerias do tipo ganha-ganha (aquela que oferece vantagens para ambos os lados),
sabendo que isso decorre naturalmente da confiança mútua que virá com o tempo, após as pri-
meiras entregas no prazo, estabelecimento de preço justo para ambos, qualidade dos produtos e
pagamentos pontuais.
A empresa representa o local da transformação da matéria-prima em produto, da revenda das
mercadorias compradas no atacado ou materiais utilizados em prestação de serviços.
Os distribuidores representam aqueles que transportam e entregam os produtos acabados e
adquiridos pelos consumidores ou outras empresas, chamadas de intermediárias. Também aqui
o empresário deverá estabelecer parcerias confiáveis, porque é fator de maior importância que
o consumidor receba suas compras rapidamente e sem avarias. Lembrar que o preço do frete
impacta nos preços de venda e avarias ensejam trocas que causam prejuízos.
Algumas empresas possuem transporte próprio para entregas em seu município e regiões
próximas. Deve-se analisar se o custo de manter esse serviço não seria menor se fosse terceiri-
zado, liberando recursos para investir no produto ou serviço, verdadeiro objetivo da existência
da empresa.
Neste tópico, verificamos a importância das parcerias com fornecedores e distribuidores, as
quais comumente são denominadas parcerias estratégicas, porque determinam a disponibili-
dade e pontualidade da entrega dos materiais, influenciam no preço de venda, na qualidade dos
produtos, na eficiência e na confiabilidade da entrega.
Todos os elos dessa cadeia trabalham para promover a satisfação do cliente. Atualmente, é
comum ouvirmos falar da falta de logística e de parcerias. Grandes empresas têm setor especial-
mente estruturado para cuidar delas.
Nas MPEs, esse conceito deve ser desenvolvido na medida em que se busca fornecedores
e distribuidores que realmente tragam vantagens e propiciem o bom atendimento e a satisfação
do consumidor.
Os clientes não aceitam mais ser tratados como números, exigem atendimento personalizado
e valorizam ser bem tratados. Nesse ponto, as micro e pequenas empresas levam vantagem sobre
as maiores, pois é mais fácil para elas o contato direto com o cliente.
As MPEs devem organizar banco de dados com as principais informações de seu público, que
deve conter desde o nome completo, endereço, telefone, e-mail, data de nascimento até anotações
sobre os produtos que costumam comprar, as quantidades, com que frequência, em que datas
compram e quanto costumam gastar.
Mesmo que a empresa não tenha computador para organizar os dados, é possível utilizar
fichários em pastas individuais. O importante é saber usar essas informações para, por exemplo,
oferecer um brinde no aniversário, um desconto na proximidade de datas em que se sabe que ele
compra mais, chamá-lo pelo nome, oferecer condições de pagamento preferidas por ele, entre
outras inúmeras possibilidades.
Esses procedimentos não oneram a empresa e trazem resultados efetivos. A principal tarefa
deverá ser identificar os melhores clientes, assim considerados aqueles que compram regular-
mente e pagam em dia. Trabalhar para mantê-los satisfeitos garantirá a continuidade das vendas
e a prosperidade do negócio.
Lembre-se de que a concorrência está cada vez mais acirrada e a qualquer momento pode
oferecer diferencial que leve seu cliente a experimentar novas oportunidades de compra. Se ele
tentar uma vez e julgar que foi melhor atendido e com a mesma qualidade do produto ou serviço,
provavelmente trocará de fornecedor.
O investimento em treinamento do pessoal de vendas é fundamental – e desse modo deve
ser encarado –, assim como cuidados com a limpeza e a decoração da loja ou do escritório, apre-
sentação dos empregados, sempre bem informados sobre os produtos ou serviços, atenciosos,
sorridentes, usando uniformes e crachás.
Procedendo dessa maneira, a empresa passará imagem de segurança, confiança e respeitabi-
lidade, essenciais na avaliação dos consumidores.
A prova de fogo nesses casos ocorre nos momentos do pós-venda, quando há necessidade de
trocas ou assistência técnica. Nem sempre costuma-se oferecer o bom atendimento dispensado
nas vendas. Este pode ser um erro fatal. O procedimento correto é oferecer a mesma dedicação
demonstrada na venda, e solucionar o mais rapidamente a demanda.
O fato de o cliente ir até a empresa para trocar mercadoria ou reclamar de um serviço pode
ser aproveitado para mostrar a rapidez com que os problemas são resolvidos e tornar o relacio-
namento ainda mais duradouro, garantindo vendas futuras.
Deve-se conquistar o cliente para muitas compras e não somente para uma compra no presen-
te. Se o cliente não ficar seguro de que fez um bom negócio, ou sentir-se enganado, não voltará
mais e ainda fará propaganda contrária. Hoje, é comum as pessoas procurarem informações com
outros consumidores a respeito de produtos e serviços, e geralmente procuram aqueles indicados
por amigos, colegas ou familiares.
Não existe receita pronta e infalível para vender melhor que os concorrentes, principalmente
se os preços forem semelhantes e não houver diferenciação significativa nos produtos. O diferen-
Capítulo 7 • Administrando Marketing e Vendas 169
cial então deverá estar no atendimento dos vendedores. A seguir, selecionamos alguns aspectos
a serem observados no trato com o consumidor:
• A aparência do ponto de venda e do pessoal: limpeza, organização, conservação, segurança
das instalações. Asseio e cuidados com a apresentação pessoal dos vendedores e atendentes,
adoção de uniformes e crachás.
• Informação sobre o produto ou serviço: catálogos, tabela de cores, estilos, usos, tamanhos
e preços; embalagem atraente, garantias, assistência técnica, origem e referências.
• Confiabilidade do produto ou serviço: decorre da capacidade de cumprir o que foi con-
tratado, no preço ajustado e no tempo estabelecido.
• Segurança: demonstrar que os produtos ou serviços não oferecem riscos à integridade
física ou à saúde do consumidor.
• Capacitação técnica: comprovação da habilidade necessária para executar o serviço, dentro
das normas estabelecidas, sejam técnicas, legais ou de segurança.
• Urbanidade: cortesia no trato com o consumidor, utilização de linguagem adequada ao
perfil deste, educação, paciência e respeito, mesmo quando o cliente ficar exaltado por
qualquer motivo.
• Comunicação: informação prestada de maneira simples, clara e eficiente, certificando-se de
que o que foi dito foi entendido da maneira correta; repetir quantas vezes for necessário.
• Credibilidade: sempre prestar informações verdadeiras, que possam ser observadas após a
venda, quando da utilização do bem ou serviço. Nunca se deve “chutar” quando o cliente
pergunta algo que o vendedor não saiba. O certo nessa situação é procurar a resposta nos
catálogos, com o fornecedor ou com os técnicos da empresa. É melhor pedir prazo para
responder e depois telefonar ao cliente do que prestar informação errada.
• Acessibilidade: facilidade para manter contato com a empresa, em qualquer dos estágios
da venda ou execução dos serviços, inclusive no pós-venda. A imagem da empresa ficará
seriamente prejudicada na mente do consumidor se, após a venda e eventual ocorrência
de problemas, a empresa se tornar inacessível, principalmente no atendimento ao telefone
por parte de quem deveria prestar a assistência ou informação.
• Compreensão das necessidades e possibilidades do cliente: resultante dos esforços da em-
presa em manter atualizado o banco de dados ou fichas cadastrais, adequando propostas
e orçamentos ao perfil de cada cliente.
Exemplo: Se uma pessoa tem renda de um salário-mínimo, é casada e tem filhos, não se deve
pressioná-la a adquirir mais do que sua capacidade de pagamento; se isso ocorrer,
poderá levá-la à inadimplência, o que não é interessante para ambos – empresa e
cliente.
• Preço: deve ser claramente informado, não podem pairar dúvidas ou entendimentos equi-
vocados. A adoção de orçamento escrito é o melhor caminho para evitar mal-entendidos,
principalmente quanto à prestação de serviços. Tudo deve ser escrito e cada parte que
comporá a prestação orçada individualmente, permitindo ao cliente avaliar e decidir as
prioridades de execução.
170 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Exemplo: Uma empresa que monta móveis sob medida para escritórios deverá orçar cada móvel
separadamente, destacando o valor dos materiais e dos serviços de cada um, possibili-
tando ao cliente escolher entre os que lhe são prioritários. Nesse momento, a empresa
poderá oferecer parcelamento da dívida para fechar o contrato total, dependendo da
aprovação do cadastro do cliente.
Segundo Dan Barufaldi, autor do artigo “Small Business: It’s All About Relationships”, à
medida que o negócio vai se tornando mais complexo, os proprietários de MPEs começarão a
perceber que lhes faltam conhecimentos e habilidade específicos sobre inúmeras questões da
vida empresarial.
Apesar de ser extremamente importante concentrar esforços em produzir, conquistar clientes
e controlar com rigor os custos e o fluxo de caixa, é igualmente importante cultivar e consolidar
relacionamentos com um grupo de sustentação que inclui:
• Clientes
• Empregados
• Fornecedores
• Gerente de banco
• Contador ou especialista em tributos
• Advogado
• Corretor de seguro
Capítulo 7 • Administrando Marketing e Vendas 171
Essas pessoas serão importantes quando ocorrerem fatos inesperados, que necessitem ser
resolvidos rapidamente, e não houver recursos para contratar especialista ou não se conhecer a
pessoa certa para resolver o problema.
Exemplo 1: A empresa é autuada por órgão fiscal ou ambiental. O que fazer? Muitas vezes é pos-
sível recorrer de multas, utilizando a legislação ao seu favor. Para isso, conhecer um
advogado ou tributarista pode evitar dissabores. Esse profissional poderá orientá-lo
sobre como resolver a situação, solicitar parcelamento da multa, contestar, propor
acordo etc.
Exemplo 2: Um cliente importante deixou de pagar a fatura da qual depende para pagar os
empregados. Atrasos nos pagamentos dos salários geram pesadas multas para uma
empresa. Se na sua rede de relacionamento houver um gerente de banco que saiba da
sua empresa e conheça sua idoneidade, será mais rápido conseguir um empréstimo
nesse banco do que em qualquer outro.
Uma rede de relacionamentos, segundo Barufaldi, se compõe, basicamente, de três grupos
distintos:
1. Operacional: são pessoas que o ajudam a gerar novas ideias e fazem as coisas acontecerem,
põem a “mão na massa”. Pode ser empregado da própria empresa ou de outra com a qual se
mantém relações de trabalho.
2. Conselheiros: são as pessoas que podem analisar suas ideias sob perspectivas diferentes,
criticá-las e oferecer sugestões para aprimoramento. Professores, consultores, executivos de
empresas maiores são indicados, e devem ser do relacionamento pessoal do empresário.
3. Decisores: grupo formado por clientes importantes, principais fornecedores e distribuidores.
São essas pessoas que darão a palavra final para as propostas das empresas, seja quanto à
implantação de novos produtos, serviços ou tecnologias, aumento de preços ou formas de
distribuição.
São quem auxiliam a empresa a se manter afinada com as tendências do mercado.
172 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
7.9. Questões
1. Por que as MPEs devem procurar segmentos e nichos de mercado para direcionar seus pro-
dutos e serviços? Cite alguns exemplos observados por você.
2. O que significa dizer que o maior concorrente de uma MPE é outra MPE? Por que as grandes
empresas podem não ser consideradas concorrentes diretas?
3. O que significa posicionamento de mercado do ponto de vista das estratégias de preço e
qualidade? Cite um exemplo que você conheça de empresa que adote essa estratégia.
4. Reveja a Figura 7.1 e comente o que você entendeu sobre os níveis de produto.
5. Comente sobre as principais diferenças entre produtos e prestação de serviços. Reveja o caso
da consumidora desiludida. Comente suas conclusões.
6. Quais os principais fatores que influenciam as estratégias de compra do cliente? Faça breve
comentário sobre cada fator.
7. Porque a empresa não deve concentrar as vendas em um ou poucos produtos?
8. Comente sobre a importância das promoções e quando devem ser utilizadas.
9. O que significam bens elásticos, inelásticos e elasticidade da demanda e qual a importância
destes para a formação do preço de venda?
10. Por que é uma boa estratégia para a empresa adotar o mark up quando da formação do preço
de venda?
11. Além do mark up, o que mais deve ser considerado na formação dos preços?
12. Identifique quais são as principais funções do preço.
13. O que é “cadeia logística” e como representa fator fundamental de sucesso para a empresa?
14. Quais as melhores práticas a serem adotadas para aprimorar o relacionamento com os clientes?
15. Descreva três fatores que você considera importante destacar como fator de diferencial compe-
titivo quando os preços e as qualidades dos produtos são semelhantes entre os concorrentes.
16. Por que é importante para a MPE estabelecer redes de relacionamentos? Quais são os principais
componentes dessas redes?
CAPÍTULO 8
Administrando Pessoas
8.1. Introdução
8.2. Orçamento de pessoal
8.3. Selecionando e contratando pessoas
8.4. Motivando e icentivando pessoas
8.5. Treinando e capacitando as pessoas
8.6. Avaliando desempenho e promovendo pessoas
8.7. Questões
8.1. Introdução
Quando visitamos a fábrica de chocolates Icab, para escrevermos o case Icab, o que nos cha-
mou a atenção, acima de tudo, foi o profundo reconhecimento do trabalho dos empregados. No
decorrer da conversa, quando falávamos sobre políticas salariais e de reconhecimento, o sócio
entrevistado falou espontaneamente que os empregados eram seu maior patrimônio.
Essa declaração nos convenceu ser esse um dos segredos do sucesso dessa empresa. Quisé-
ramos que todos os administradores de empresas, de qualquer porte, tivessem essa visão.
Pois bem, vamos agora dedicar um pouco de nosso tempo avaliando o que pode ser feito para
selecionar, contratar, capacitar, motivar, valorizar e manter bons empregados.
A quantidade de pessoas a contratar varia de acordo com o porte da empresa; podem ser até
nove para as microempresas e entre dez e quarenta e nove para as pequenas empresas.
Antes de colocar anúncio em busca dos candidatos, o empresário precisa dimensionar o
quadro de pessoal e avaliar os custos que acarretarão ao negócio.
174 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Esse dimensionamento nada mais é do que determinar quantos empregados serão necessários,
quais as funções que exercerão e quais os custos para a empresa. Nos Quadro 8.1., apresentamos
exemplos:
Fonte: Autores.
Nas MPEs é comum acontecer de a maioria dos que ali trabalham pertencerem a uma mesma
família, cada qual com uma função.
Exemplo: O(a) empresário(a), seu cônjuge, filhos, irmãos, sobrinhos. Nem todas essas pessoas
serão sócias da empresa ou terão direito ao pró-labore (salário dos sócios).
Quem não se enquadrar como tal, deverá ser contratado como empregado, com direito aos
salários, benefícios, mais os encargos sociais decorrentes.
A folha de pagamento no Brasil é onerada com uma série de tributos. Isso tem levado à
prática da informalidade, o que, desde já adiantamos, é prejudicial tanto para a empresa quanto
para o empregado.
No Quadro 8.2 a seguir, apresentamos resumo dos encargos incidentes sobre a folha de
pagamento de empresas optantes e não optantes pelo regime de tributação SIMPLES Federal:
Quadro 8.2. Encargos sociais incidentes sobre a folha de pagamento das empresas
ENCARGOS SOCIAIS MENSAIS INCIDENTES SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO
1. EMPRESAS NÃO OPTANTES PELO SIMPLES % %
MONTANTE DA FOLHA DE PAGAMENTO 100,00
I.N.S.S 20,00
SAT – Seguro de Acidente do Trabalho (1 a 3%) 3,00
Salário-Educação 2,50
SESC 1,50
SENAC 1,00
SEBRAE total de 0,60
INCRA 5,8 0,20
SUBTOTAL 28,80
FGTS SUBTOTAL 8,50
continua
Capítulo 8 • Administrando Pessoas 175
Quadro 8.4. Encargos sobre Férias, 13o Salário e Verbas Rescisórias – empresa optante pelo Simples
FOLHA DE PAGAMENTO FÁBRICA DE CALÇADOS PÉ NO CHÃO
BENEFÍCIOS SOCIAIS – R$
Seguro
Vale- de Cesta Plano de Vale-
No Função Salário Quant. Valor transporte Vida Básica Saúde refeição
R$ 4,20 0,5% R$ 120,00 R$ 30,00 R$ 150,00
Quantidade por empregado 22 — 1 1 1
1 Supervisor de Produção 700,00 1 700,00 92,40 3,5 120,00 30,00 150,00
2 Artífices (ou operários) 545,00 3 1.635,00 92,40 8,18 120,00 30,00 150,00
3 Auxiliar Administrativo 525,00 1 525,00 92,40 2,63 120,00 30,00 150,00
4 Vendedor 600,00 1 600,00 92,40 3,00 120,00 30,00 150,00
5 Auxiliar de Serviços Gerais 510,00 1 510,00 92,40 2,55 120,00 30,00 150,00
TOTAL 3,970,00 462,00 19,85 600,00 150,00 750,00
TOTAL SALÁRIOS + BENEFÍCIOS SOCIAIS 5.951,85 TOTAL BENEFÍCIOS 1.981,85
Existem benefícios sociais obrigatórios por lei, como é o caso do vale transportes, outros são
liberalidades da empresa, como o vale refeição e o auxílio farmácia.
No orçamento de pessoal devem ser incluídos recursos destinados a treinamento e capacitação,
indispensáveis para melhoria da produtividade e qualidade dos produtos ou serviços.
Levar em conta que, às vezes, a falta de experiência é facilmente suprida com treinamento,
enquanto a capacidade de aceitar hierarquia, responsabilidade com o trabalho e iniciativa são
qualidades mais difíceis de serem encontradas.
178 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Uma opção simples e eficiente para observar a experiência e iniciativa do candidato é apresentar
situações do dia a dia da empresa e perguntar o que ele faria diante de uma delas ou de algum problema.
Exemplo: Uma empresa fabrica roupas. O horário de trabalho é de 8h às 17h50, com uma hora
para almoço, mais 50 minutos por dia para compensar o sábado (42,5 horas semanais
de trabalho).
O negócio apresenta sazonalidade e, nos meses de novembro e dezembro, é necessário o pes-
soal trabalhar uma hora a mais por dia e, no sábado, até as 12h, com pagamento de horas extras.
O entrevistador pode perguntar se haveria problema para comparecer ao trabalho numa
situação dessas.
Se observar que ele não tem disponibilidade, será uma decisão de ambos aceitar a situação,
não se podendo alegar futuramente o desconhecimento dessa possibilidade.
Após a escolha, deve-se proceder à contratação, assinatura da carteira de trabalho, inclusão
do empregado no fundo de garantia, Seguridade Social. Se for o primeiro emprego, talvez seja
necessário orientar a pessoa para inscrição no Programa de Integração Social (PIS).
Existem políticas governamentais que estimulam a contratação de jovens em busca do pri-
meiro emprego, através de reduções de encargos trabalhistas, ou por outros tipos de subsídios
ou incentivos.
O cuidado que se deve tomar é quanto à legislação trabalhista, que proíbe trabalho antes dos
16 anos, exceto como aprendiz, a partir dos 14 anos.
É possível assinar contrato de experiência por 90 dias e depois avaliar se continua com o em-
pregado. Caso se opte pela dispensa, devem constar data de entrada e saída na carteira de trabalho,
prevenindo ações trabalhistas. O maior cuidado no contrato de experiência é que deve ser de 90
dias corridos, se ultrapassar esse prazo, passará a ser por tempo indeterminado.
Outra possibilidade de contratação é o contrato por tempo determinado, que pode suprir mão
de obra nas sazonalidades ou afastamentos de outros empregados. Esse tipo de contrato deve ser
assinado por, no máximo, dois anos, e os cuidados com o prazo são os mesmos.
Uma opção de custo reduzido é participar dos programas de estágio das escolas profissio-
nalizantes, cursos técnicos ou mesmo universidades. Os estagiários não recebem salário e nem é
necessário recolher INSS e FGTS; paga-se uma bolsa mensal, geralmente no valor de um salário-
mínimo, para 4 horas de trabalho, mais vale-transporte.
Se o cargo a ser preenchido referir-se à área administrativa, o ideal é trazer alguém de confiança,
como um familiar ou pessoa com indicação, que possua alguma experiência, pois provavelmente
esse empregado virá a ser o “braço direito” do empresário, principalmente na área financeira.
Manter o pessoal motivado é um dos maiores desafios para as empresas. Nas MPEs, o contato
entre o proprietário e funcionários é próximo, e permite ao empresário conhecer profundamente
aqueles que ali trabalham.
O processo de motivação do empregado deve começar a partir do momento da contratação.
O responsável deve acompanhá-lo em seu primeiro dia, apresentá-lo aos colegas, mostrar a quem
se deve reportar no caso de problemas, informar os horários e normas da empresa, que devem
estar afixadas em quadro no local de trabalho.
A divisão de tarefas de forma igualitária entre aqueles que possuem a mesma função e mesmo
salário é fundamental, para que ninguém se julgue injustiçado. Cada qual deve saber exatamente
o que e como fazer seu trabalho.
Algumas “regras do jogo” são importantes: manter o ambiente limpo e seguro, prevenir
desentendimentos entre empregados ou entre estes e o superior (pode ser o próprio dono da
empresa), adotar políticas de reconhecimento, como escolher o “empregado do mês”; oferecer
prêmios aos mais produtivos, possibilitar treinamentos no Senai, Senac, entre outras.
Esses procedimentos mostram que os empregados estão sendo valorizados e cria expectativas
que precisam ser investigadas, para comparar se o que a empresa pode oferecer condiz com o
que o empregado espera alcançar.
Ao se perceber defasagem nesse sentido, é preciso explicar claramente à equipe o que a empresa
pode oferecer no curto prazo, os planos para o futuro, em termos de salário e promoção do pessoal.
Mesmo que o quadro de pessoal seja pequeno e os cargos iguais, deve-se ter a preocupação de
premiar o bom desempenho. Um simples elogio pode causar grande satisfação àquele que o recebe.
A empresa precisa trabalhar também com incentivos em dinheiro, oferecendo um percentual
a mais nos salários, por tempo de serviço e/ou por merecimento.
Para o pessoal de vendas, as comissões por si só já representam um bom incentivo, mas se,
além disso, for oferecido um prêmio ao melhor vendedor do ano, por exemplo, o resultado pode
melhorar muito.
Alguém pode ir trabalhar na sua empresa por necessidade e, a princípio, estará satisfeita com
o salário, mas, com o passar do tempo, vão surgindo outras necessidades – lembre-se da pirâmide
de Maslow.
O segredo para as MPEs pode estar no fato de o “chefe” estar bem próximo, chamar a todos
pelo nome, saber dos problemas, demonstrar compreensão, mas ao mesmo tempo é preciso que
seja firme quanto aos propósitos da empresa e falar claramente o que espera de cada empregado.
O relacionamento de confiança entre o proprietário e sua equipe é, sem dúvida, fator de
motivação no trabalho; e empregado motivado trabalha mais pelo sucesso da empresa.
Mesmo quando se contrata um novo empregado, com experiência, muitas vezes é preciso
ensinar como manusear determinados equipamentos ou executar uma tarefa específica.
É importante reservar um percentual do orçamento para investir na capacitação e melhoria
das habilidades técnicas do pessoal. O treinamento é o recurso que mais rapidamente apresenta
retorno sobre o investimento, porque diz respeito à melhoria daquilo que a empresa faz.
Com os consumidores cada vez mais exigentes, não importando a que classe social pertençam,
ninguém pode garantir que os tem “cativos”. Eles observam, comparam e trocam de fornecedor.
A fidelização vem da percepção do valor agregado no qual se inclui a qualidade do atendimento
prestado pelos empregados.
Apresentamos algumas possibilidades para as MPEs treinarem seu pessoal:
Instituições como Sesc, Senai, Senac, Senar e Sebrae devem ser consideradas importantes
fontes de apoio aos empresários das MPEs, tanto para capacitação dos trabalhadores quanto do
próprio empresário.
O proprietário ou empresário necessita de informação e capacitação mais do que qualquer outro
dentro da empresa, afinal trata-se da sua fonte de renda e de sua família e dos demais que ali trabalham.
Estar atualizado quantos às inovações no ramo de negócio, participar de cursos de gestão,
aprender sobre finanças, mercado, novas tecnologias amplia os horizontes da empresa e promove
o crescimento.
Os cursos devem ser escolhidos conforme a necessidade de cada ramo de negócio e de cada
MPE. Os ligados à área de Informática, por exemplo, devem ter o objetivo de qualificar, habilitar
e atualizar os funcionários visando a modernização, a racionalidade e a agilidade nos processos e
a retenção, guarda e disseminação de informações importantes.
Cursos realizados na internet, oferecidos pelas instituições já citadas ou por outras que prestem
esses serviços, é uma opção de baixo custo e traz bons resultados.
Porém, há necessidade de a empresa disponibilizar um computador e local para os estudos.
Se a MPE dispuser desses recursos, poderá ser acertado horário diferenciado para que todos os
empregados possam acessar e concluir os cursos.
O ideal é estabelecer horários durante o expediente, para não gerar horas extras e onerar a
folha de pagamento.
Capítulo 8 • Administrando Pessoas 181
Os empregados precisam ser conscientizados de que a relação de trabalho traz muitas vanta-
gens, mas também obrigações para com a empresa.
As promoções, prêmios e demais benefícios espontâneos, que são oferecidos pela empresa,
deverão direcionar-se àqueles que se destacaram e foram responsáveis por bons resultados, pas-
síveis de medição e avaliação.
Os critérios para avaliação dependem das características de negócio. Se o ramo for comercial,
pode-se avaliar os vendedores por meio das metas de venda em relação ao seu alcance e superação.
Numa indústria, o fator de avaliação pode ser a quantidade produzida sem defeitos.
Todas as empresas devem elaborar quadro com critérios que consideram importantes, e infor-
mando aos empregados que aqueles serão os itens de avaliação para promoções por merecimento.
O Quadro 8.6. sugere alguns critérios de avaliação.
Categorias de Avaliação
Ótimo Bom Regular Fraco
FATORES
Sempre ultrapassa Frequentemente Satisfaz às Incapaz de atingir
as exigências ultrapassa a exigências exigências as exigências
Qualidade de trabalho
Iniciativa
Aptidão técnica
Produtividade
Capacidade de atingir metas
Responsabilidade
Flexibilidade/Adaptabilidade
Disponibilidade/Disposição
Integração
Cooperação
Pontualidade
Comprometimento
Organização
Apresentação Pessoal
8.7. Questões
1. O que levar em conta quando se estabelece o orçamento de pessoal? Por que a empresa deve
avaliar criteriosamente a real necessidade de contratação de pessoas?
2. Por que, em certas ocasiões, é preferível contratar empregado menos experiente?
3. Elabore uma entrevista para contratação de empregado para a empresa fictícia que você criou
no capítulo anterior. Pense no perfil e nas características que considera ideal para ocupar o
cargo oferecido.
4. Por que os treinamentos para capacitação do empregado devem ser considerados como
investimento?
5. Qual a importância da avaliação do desempenho e das promoções e prêmios oferecidos pela
empresa ao seu pessoal?
6. Que vantagens tem o proprietário de MPEs quando comparado as grandes empresas, no trato
com o pessoal?
CAPÍTULO 9
Qualidade e Produtividade
9.1. Introdução
9.2. Qualidade em produtos e serviços
9.3. Controlando a produtividade
9.4. Questões
9.1. Introdução
Uma das tarefas mais importantes dos empresários das MPEs é assegurar a qualidade dos
produtos e serviços de sua empresa e a melhor produtividade possível.
Ambas impactam nos resultados financeiros, a qualidade por representar exigências dos con-
sumidores e a produtividade por atender às necessidades da própria empresa, de utilizar melhor
os recursos e, com isso, aumentar o lucro.
Há vários conceitos de qualidade. Um dos mais aceitos é o de Joseph Moses Juran: “Qua-
lidade é adequação ao uso”, onde a adequação é definida pelo consumidor, mesmo quando ele
deseja algo fora do que o fabricante imaginou.
Joseph M. Juran
184 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Segundo Juran, o conceito de gerenciamento de Qualidade Total está baseado em três aspectos:
• Planejamento
• Controle da Qualidade
• Melhoria da Qualidade
No contexto das certificações da série ISO 9000, a qualidade pode ser entendida como o
grau em que um conjunto de características inerentes preenche os requisitos. Para uso técnico,
adota-se dois significados específicos:
1. As características de um produto ou serviço que suportam sua capacidade de satisfazer ne-
cessidades declaradas ou implícitas.
2. Um produto ou serviço livre de deficiências.
Na empresa, a rotina de manutenção da qualidade deve ser orientada sob dois aspectos: a
garantia de qualidade, quanto à “prevenção de defeitos”, e a “detecção de defeitos”, que se refere
a contabilizar os defeitos que chegaram a ocorrer.
Observamos a redução de custos que representa para a empresa a prevenção dos defeitos. Na
detecção, o defeito já ocorreu e só podemos levantar os custos decorrentes.
Evite aceitar pequenos defeitos todos os dias, porque, com o passar do tempo, eles se somam
e tornam-se sérios problemas.
Outra questão relacionada às MPEs, é o fato de que muitas vezes seus produtos são tacha-
dos de “segunda linha”, porém, não se deve encarar isso como problema, desde que a falta de
recursos para designs mais modernos ou a utilização de material mais barato não comprometam a
funcionalidade. Um produto mais barato vai atender a outra fatia do mercado, que exigirá menos
inovação e não dispensará o bom funcionamento, que, neste caso, é o que representa qualidade
para esse consumidor.
A Qualidade representa a busca permanente pelo melhor desempenho de cada elemento em
cada processo. Atingir a qualidade como o cliente deseja envolve as duas dimensões da qualidade:
qualidade do produto e qualidade do serviço.
É possível avaliar a qualidade de um produto, porém, os serviços, por terem características
intangíveis, são mais difíceis de ser quantificados. Entretanto, ambos necessitam de pessoas mo-
tivadas e comprometidas.
Por mais que se projete ou defina um produto ou serviço em seus menores detalhes, se não
se promover, em primeiro lugar, a qualidade de vida no trabalho, as demais fases do processo
estarão comprometidas.
Qualidade exige comprometimento, e somente empregados motivados estarão dispostos a
oferecer o melhor de si para alcançar os resultados da empresa.
Estudos comprovam que enquanto menos de 15% dos clientes compra em outra empresa,
porque achou um produto melhor ou mais barato, tratando-se de serviços, 20% trocam de esta-
belecimento por falta de atenção do pessoal, e 45% por mau atendimento.
Isso vem comprovar a importância das pessoas nesse processo.
Indicadores de qualidade
Indicadores de qualidade representam a eficácia com que os processos atendem à necessidade
do cliente.
A quantidade de erros pode ser entendida como o número de defeitos, retrabalho, refugos,
quantidade de falhas do produto ou serviço após a entrega ao cliente.
186 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Uma lição que temos a aprender sobre qualidade é que ela representa aquilo que o cliente
pode pagar. Se tivermos uma qualidade excepcional e seu custo for além do que o cliente pode
pagar, estaremos fadados ao insucesso.
Há casos de empresas que quebram por falta de qualidade e há casos de empresas que que-
bram por excesso de qualidade.
Exemplo: O carro Rolls Royce, inglês, era o melhor carro do mundo por muito anos. Deixou
de ser vendido por ser muito caro. Tinha poucos clientes.
Não se trata de fabricar produtos de má qualidade ou de prestar maus serviços, mas de produ-
zir bons produtos e prestar bons serviços de acordo com o poder de compra de nossos clientes.
Rolls Royce
Exemplo: Uma fábrica de jeans possui apenas uma máquina de bordar. As costureiras montam
as peças e encaminham para o bordado. Como existem muitas costureiras e apenas
uma máquina, as peças formam pilhas, aguardando o bordado. Neste caso, a máquina
é o “gargalo” da produção dessa empresa. A solução é adquirir outra máquina, pois
o aumento da produtividade resultará em maior lucro, que pagará o custo do novo
equipamento.
Os indicadores de produtividade mostram quanto a empresa é eficiente em seus processos
de produção. Ao se melhorar um indicador, isso significa também aumento de competitividade
da empresa.
A fórmula da produtividade é a razão entre as saídas (resultados) e as entradas (matéria-prima,
mercadorias, insumos).
Produtividade = Saídas
Entradas
Cada empresa poderá estabelecer os indicadores que lhe forem mais convenientes, dependendo
do que desejam medir. Exemplos:
Fonte: Unipem.
9.4. Questões
1. Pense em produto e serviço. Um produto ruim é passível de ser quantificado pelo número de
defeitos ou falhas que apresente. Um produto bom, associado a um serviço ruim, pode levar o
consumidor a criar imagem negativa do bom produto. Reflita sobre essas questões e descreva
suas considerações a respeito.
2. Mesmo um produto dito de “segunda linha” pode ser considerado de ótima qualidade. Explique.
3. Qualidade envolve uma série de aspectos, e podemos dizer que é o consumidor quem decidirá
se um produto a possui ou não. Nestes termos, formule uma definição sua para qualidade.
4. O que os indicadores de produtividade avaliam na empresa? Cite alguns exemplos.
5. Procure dois exemplos de atividades que possa representar um “gargalo” – um para produção
e outro para prestação de serviços. Apresente a solução para o problema, levando em conta
a realidade da empresa.
CAPÍTULO 10
Continuidade e Crescimento
10.1. Introdução
10.2. Principais causas de mortalidade
10.3. Sucessão e gestão profissional
10.4. Inovação para competir e crescer
10.5. Preparando-se para deixar o negócio
10.6. Questões
10.1. Introdução
Existem mais de quinze milhões de MPEs no Brasil, entre formais e informais, e a cada dia
esse número cresce. Quantos empregos gerados, quantos sonhos. O que fazer para que essas
empresas prosperem e sobrevivam? Muitas respostas podem vir à mente do leitor:
• aumentar as políticas de apoio;
• capacitar os empresários e empregados;
• aumentar as linhas de financiamento;
• reduzir a carga tributária.
Diríamos que tudo isso, e algo mais: conscientizar o empreendedor e o empresário já estabe-
lecido, de que o sucesso, sob muitos aspectos, depende somente dele. Da sua experiência de vida,
do seu entusiasmo e força de vontade. Da sua capacidade de aprender com os próprios erros.
Incentivos, informação e inovação, esses poderiam ser definidos como os três “is” para o
sucesso das MPEs. Infelizmente, muitos começam sem o auxílio sequer de uma dessas chaves.
O resultado é a luta pela sobrevivência e por recursos.
Aproximadamente 80% dos empresários das MPEs perdem tudo, ou parte dos recursos
investidos, e, na maioria dos casos, são recursos próprios. (Fonte: Sebrae – SP, 2009.)
Neste capítulo, vamos aprofundar e estudar um pouco mais sobre o que pode causar a morte
ou o crescimento dessas empresas.
192 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
As empresas que conseguirem ultrapassar a marca dos cinco anos estarão mais preparadas
para enfrentar as dificuldades e oportunidades oferecidas pelo mercado.
Até o final do 1o ano, 49,40% encerram suas atividades, até o final do 2o, 56,40%, e até o final
do 3o, 59,90%. Portanto, apenas 40,10% continuam a existir após três anos de vida.
O sucesso não é fácil de ser alcançado, mas se o empresário se propuser a planejar, conhecer
o mercado e o próprio negócio, estabelecer metas e mantiver um comportamento de austeridade
financeira, verá suas chances aumentadas significativamente. Vejamos a Figura 10.1:
Capítulo 10 • Continuidade e Crescimento 193
Equipe:
Incenvos
Capacitação Finanças:
Proposta de Valor: Foco em Crescer Auteridade
Inovação de valor Controle de custos
Reinvesmento
Markeng e Vendas
Contexto: Foco no cliente
Rede de Valor agregado
Relacionamento Diferencial
CONTINUIDADE
Ao longo deste livro, cada um dos assuntos descritos nos retângulos da figura acima foram
estudados e comentados. A aplicação é decisão importante, a ser tomada de imediato, por quem
planeja abrir seu próprio negócio ou já o está comandando.
O Quadro 10.1., a seguir, retrata a situação pesquisada pelo Sebrae-MG, junto aos empresários
de MPEs, sobre os motivos de sucesso ou fracasso:
Para as MPEs, inovar não significa criar novos produtos ou serviços. Isso demanda tecnologia
e investimento que não estão ao seu alcance. Para essas empresas, inovar significa criar novas
formas de oferecer o mesmo produto ou serviço.
É agregar valor com bom atendimento, com entrega gratuita, instalação ou outras facilidades.
Cada empresa pode pensar modos diferentes de oferecer seu produto ou serviço e aumentar
as vendas.
Esteja certo de que o caminho para o crescimento passa, necessariamente, pela inovação, e
isso envolve:
• Novas formas de abordagem para produtos já existentes: seja por meio de mudanças na
embalagem; na maneira de atingir os clientes, através da utilização de novas mídias mais bem
direcionadas, e até mesmo da distribuição e colocação dos produtos ou serviços no mercado.
Exemplo: As recentes mudanças de abordagem do setor turístico, incluindo pacotes específicos
para público da terceira idade e homossexuais, após constatação que esses nichos
possuem disponibilidades de tempo para garantir bons negócios fora das épocas de
temporada e/ou renda suficiente para superar os lucros provenientes dos segmentos
tradicionais.
• Desenvolvimento de novos produtos: através do estabelecimento de uma visão “plugada”
nas tendências mais recentes do mercado. O ideal é antecipar-se aos desejos de seu público,
mostrando-lhe necessidades que ele mesmo ainda não percebeu.
Exemplo: O telefone celular com câmara, MP3 e internet. Todos esses produtos existem sepa-
radamente, porém, a partir do momento em que alguém os lançou acoplados, passou
a ser necessidade, principalmente para o público jovem.
Concluímos que aquele empreendedor que traz um projeto inovador, capaz de se tornar eco-
nomicamente viável, precisa ter atenção dos programas de apoio às MPEs, o que, na verdade, já
196 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
1o Passo
Idenficar necessidades
do mercado e planejar
nova tecnologia para
atendê-las
2o Passo
Desenvolver a nova
tecnologia para que seja
aproveitada
comercialmente
3o Passo
Aliar o conceito da nova
tecnologia à imagem da
empresa; caracterizando-
a como inovadora na
mente do consumidor
1. Correios
Considerado o meio mais fácil para atingir o mercado externo, o programa tem o nome de
“Exporta Fácil”, sistema de entrega criado pelos Correios. É possível exportar mercadorias com
valor de até US$ 20.000, em pacotes de até 30kg, para mais de 200 países.
Capítulo 10 • Continuidade e Crescimento 197
2. Sebrae
Presta consultoria, orientando os caminhos da exportação, da análise de mercado ao fecha-
mento do contrato. Auxilia as empresas na participação em cooperativas e consórcios destinados
à exportação e oferece cursos em seus escritórios espalhados pelo país. No site do órgão, existe
material sobre comércio exterior. Consulte: www.sebraesp.com.br.
4. Banco do Brasil
O Programa de Geração de Negócios Internacionais foi criado para apoiar às micro, pequenas
e médias empresas que queiram exportar.
O programa oferece consultoria sobre o melhor caminho a seguir, ajuda a reconhecer as
melhores oportunidades, treina, orienta na documentação, calcula preços e ensina a logística.
Foi criado um Portal de Negócios na internet, com dicas sobre legislação, produtos, potenciais
compradores, câmbio e calendários de cursos e feiras. Consulte: www.bb.com.br
5. Portal do Exportador
Criado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, é um ótimo
caminho para explorar o mercado internacional. O portal tem muitas informações para quem
deseja exportar. Consulte: www.portaldoexportador.gov.br
1. Venda da empresa
Incluir a colheita no plano de negócios é muito mais que vender e deixar a empresa, redu-
zindo o risco e criando opções de futuro. O dono do negócio pode receber muito dinheiro pela
venda, mas continuar frustrado com os resultados se não estiver preparado para a mudança
de estilo de vida.
Existem várias formas de estabelecer o valor de uma empresa para venda. Um deles é o
múltiplo de faturamento mensal.
Exemplo: Suponha que uma panificadora fature, mensalmente, R$ 50.000,00, e que o múltiplo
neste ramo seja 4. Temos, então, o valor da empresa, que é R$ 200.000,00.
Quando se trata de MPEs, não se tem muito o que fazer, pois geralmente o critério para
estabelecimento de valor é subjetivo. No caso das médias empresas, é possível prepará-las para
ser vendidas em médio ou longo prazo.
Caso pense em sair do negócio, vendendo a empresa, o empresário poderá aplicar metodolo-
gias de projeções de fluxos de caixa para avaliá-la ou contratar empresa especializada no mercado.
Outra forma é prepará-la para abrir o capital, ou seja, negociar títulos de dívidas e ações na
bolsa. Neste caso, pode procurar um fundo de private equity.
Fundos de private equity são empresas especializadas na capitalização de empreendimentos,
através da subscrição de ações ou debêntures conversíveis. Visam atrair investidores institucio-
nais para aplicar capital de risco em empresas que apresentem boa perspectiva de crescimento
e valorização.
O BNDESPar é a maior empresa de private equity, e pertence ao Sistema BNDES. Seus ob-
jetivos são:
• Fortalecimento da estrutura de capital das empresas e apoio a novos investimentos na
economia.
• Apoio à reestruturação da indústria, através de fusões e aquisições.
• Apoio à capitalização de pequenas e médias empresas.
• Desenvolvimento da indústria de fundos de capital de risco no Brasil.
Uma das prioridades atuais da BNDESPar é alavancar suas aplicações nas empresas, através
do investimento indireto – via fundos. A constituição desses fundos é feita por intermédio de
parcerias com administradores privados de fundos e coinvestidores.
Caso tenha interesse em conhecer melhor essas operações, consulte o site www.bndes.com.br
2. Fechamento da empresa
Se optar por fechar a empresa, elabore um plano de fechamento. Pode-se fazer isso de maneira
gradual, ou radical. Depende da urgência e da vontade. Cuide, porém, de alguns aspectos relevantes:
1. Dívidas com empregados. Inclusive encargos sociais.
2. Dívidas com fornecedores e bancos, com garantias reais.
3. Dívidas tributárias.
Capítulo 10 • Continuidade e Crescimento 199
Para se evitar dívidas com impostos e taxas é necessário fechar legalmente a empresa. Levar
em conta que é difícil abrir uma empresa, mais difícil ainda é a burocracia e o tempo necessários
para fechá-la.
A Lei do Simples vem buscando simplificar esse processo, mesmo assim, é quase impossível
dar conta dessa tarefa sem ou auxílio de um contador e os honorários costumam ser maiores que
os cobrados para a abertura da empresa.
Entre outras providências, é necessário:
• Solicitar o cancelamento do comprovante de inscrição e dar baixa na Junta Comercial ou no
Cartório de Registro de títulos e Documentos para Pessoa Jurídica (em caso de empresas
prestadoras de serviço)
• Solicitar o cancelamento do:
– CNPJ, na Receita Federal;
– Número de inscrição de registro estadual, na Secretaria Estadual da Fazenda (presta-
doras de serviço estão isentas dessa inscrição)
– Comprovante de cancelamento de inscrição na prefeitura
– Comprovante de cancelamento de inscrição no INSS.
Dependendo do ramos de atividade, haverá necessidade de pedir baixa dos registros da em-
presa em outros órgãos. Como não existe ainda um sistema interligado, cada órgão tomará as
providências cabíveis, cada qual com suas verificações e procedimentos. Isso acarreta demora nas
liberações dos pedidos e custos para os empresários.
Qualquer situação que enfrentar, leve em consideração sua reputação, ela valerá muito quando
decidir reiniciar em qualquer outro empreendimento.
10.6. Questões
1. Comente as principais causas de mortalidade das MPEs no Brasil.
2. Cite os 10 pontos importantes da inovação.
3. Nem sempre o fechamento da empresa representa mau negócio para o empresário. Comente
a respeito.
4. Quais as principais entidades de apoio às MPEs para importar e exportar?
5. Qual o papel do BNDESPar nas capitalização das MPEs para efeito de avaliação e venda.
6. Efetue pesquisa e descreva as principais dificuldades para o fechamentos legal de uma empresa
e comente o fato de que é mais difícil fechar do que abrir uma empresa no Brasil e o que se
tem feito para facilitar esse procedimento.
Estudos de Casos Brasileiros
Fonte: IBGE – Elaboração: Depec – Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos – Bradesco, 2009.
202 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
2. Oportunidades
O brasileiro não é considerado um grande consumidor de chocolates, porém, o volume vem
aumentando substancialmente, devido à estabilidade econômica, e as perspectivas para o futuro
são boas.
O consumo médio de chocolate per capita no Brasil é de 2,12 quilos por habitante ao ano. Os
gráficos, a seguir, mostram dados comparativos entre o consumo no Brasil e em outros países,
bem como a evolução histórica do consumo, comprovando a tendência de crescimento:
Fonte: IBGE – Elaboração: Depec – Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos – Bradesco, 2009.
3. Empregos
O dados da Abicab indicam que esse setor emprega cerca de 15 mil pessoas no Brasil, e as
empresas de menor porte são as responsáveis pela contratação de grande parte dessa mão de obra.
Como o setor apresenta forte sazonalidade, as contratações para o período de Páscoa elevam
esse número de contratações (temporárias) para cerca de 25 mil empregos diretos e 15 mil indiretos.
4. Riscos da Atividade:
Segundo os estudos já citados do Depec (Bradesco), os principais fatores de risco são:
• dependência do nível de renda;
• dependência da importação de cacau – 30% do consumo doméstico;
• preços de insumos (cacau, açúcar e embalagem) têm o preço formado no mercado externo,
assim, sofrem influência da volatilidade do câmbio. Os principais países fornecedores são:
55%, Costa do Marfim e 39%, Indonésia.
Desde então, a família Muffone mantém intactas as receitas do chocolate de sabor delicado.
À medida que o número de clientes aumentava, a loja foi se tornando pequena, obrigando o
proprietário a fazer uma nova fábrica, na rua Augusto Stellfeld, onde está instalada até hoje.
Seus produtos ganharam fama e tradição de qualidade como as das melhores fábricas europeias.
Atualmente, a Icab possui seis lojas em Curitiba e apreciadores em todo o Brasil, e é adminis-
trada pela terceira geração da família Muffone, os irmãos Luigi e Thiago.
A empresa não possui lojas em outras cidades do país, porém, avalia a possibilidade de abrir
uma em São Paulo ou no Rio de Janeiro, e ainda não estudou a possibilidade de abrir franquias.
Produção
A produção é “puxada” pela demanda das seis lojas. Como o estoque médio é para duas
semanas, a demanda determina o ritmo de produção.
O processo de produção é semiartesanal, incluindo trabalho de máquinas e pessoas.
Uma das maiores preocupações da Icab é com a higiene no local de produção. O processo
inclui, diariamente, limpeza das máquinas, equipamentos e instalações. O pessoal utiliza equipa-
mentos de proteção individuais como máscaras, luvas, toucas e aventais.
A linha de produtos da Icab é diversificada em:
• biscoitos;
• bombons em caixas personalizadas e arranjos;
• bombons à escolha do consumidor (por quilo);
• tabletes;
• chocolates em formatos especiais: coração, garrafa de champagne, bichos (coelho, urso);
• linha Páscoa;
• linha diet;
• panetones (festas de final de ano).
Perdas na produção existem, mas são consideradas pequenas. Isso ocorre porque os empre-
gados são bem treinados e trabalham há muitos anos na empresa.
Mercado Fornecedor
Quanto aos fornecedores, a Icab costuma manter relacionamentos de parceria por longos
anos; alguns fornecedores são de Curitiba, outros de São Paulo. O prazo para pagamento dos
fornecedores, em média, é de 30 dias, podendo ser maior nos meses de forte sazonalidade.
Os fornecedores são escolhidos pelo critério de qualidade, sendo esse o requisito fundamental
e não o preço. Não há muita facilidade de troca de fornecedor, mas se a qualidade cair, é possível
buscar outros.
Estrutura Funcional
A estrutura funcional é simples. A administração da empresa divide-se em dois setores:
Administrativo-Financeiro e de Produção, comandados pelo irmão Luigi e Thiago Muffone,
respectivamente.
A empresa possui quatro sócios, os pais e os dois filhos, e 23 empregados, a maioria lotada
no setor de produção.
A Icab busca a fidelidade dos empregados e não apresenta grande rotatividade, a maioria já
está há muitos anos trabalhando na empresa. As vendedoras são escolhidas em entrevista, geral-
mente jovens e comunicativas.
A empresa oferece regularmente cursos de capacitação aos empregados, tanto aos da produção
quanto aos de vendas.
O salário é pago pontualmente e os aumentos são dados em função de quanto a empresa
pode pagar; existe diálogo com funcionários que são bem informados sobre as possibilidades da
empresa quanto aos reajustes anuais.
Luigi Muffone, um dos sócios, responsável pela gestão administrativa e financeira, comentou
categoricamente, que considera a marca e seu pessoal os maiores patrimônios da empresa.
Quanto ao cuidado com a satisfação do cliente, foi constatado o zelo pela qualidade dos
produtos e das embalagens. Luigi comentou que em suas viagens para o exterior costuma visitar
lojas de chocolates e conhecer as novidades em termos de leiaute de lojas, vitrines, balcões de
exposição, embalagens, novidades em relação aos sabores, formatos e combinações com frutas
e outros ingredientes.
Documentos consultados:
Pesquisa Chocolates e Doces, 2009, do Depec – Departamento de Pesquisas e Estudos Econô-
micos – Bradesco;
Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab);
Página da Icab Chocolates na internet, endereço: www.chocolatesicab.com.br, acessada em
30/08/2009.
2. Histórico
Em 1974 teve início a fabricação de bonés em Apucarana-PR, a partir da produção artesanal
de bandanas e tiaras que eram comercializadas em feiras agropecuárias, exposições e nas praias
do litoral paranaense.
No início da década de 80, começaram a surgir as primeiras empresas do segmento, na maioria,
empresas familiares como a Faroli, a Cotton’s, a Sementec e a Kep’s. Faltavam, no entanto, os
elos da cadeia produtiva, sendo necessário buscar recursos de fabricação bem como aquisição da
matéria-prima, máquinas e equipamentos na cidade de São Paulo. Em 1986 surgiram as primeiras
empresas da cadeia produtiva, como a Dalplast e Showa, entre outras.
Nessa época as empresas se reuniram com intuito de melhorar a qualidade e a produtividade da
indústria dos bonés, a partir desse esforço começaram a surgir os contratos com empresas nacio-
nais e estrangeiras, por exemplo: Cofap, Arisco, franquia do filme Jurassic Park. O fato marcante
foi o contrato com o Banco Nacional, no qual o piloto brasileiro de fórmula um, Airton Sena
atuou como garoto propaganda e projetou em nível nacional os bonés fabricados em Apucarana.
208 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
3. Produção e Faturamento
A produção dos bonés, na sua quase totalidade, se dá sob pedido, pois é uma indústria que
atende principalmente a eventos.
Segundo informações fornecidas pelo APL, as indústrias de bonés ali instaladas respondem
por aproximadamente por 70% da produção nacional, fabricando, em média, 6 milhões de peças/
mês, não consideradas as vendas de produtos complementares.
A produção pode ser dividida entre bonés e produtos complementares, conforme o quadro
a seguir:
• Grifes • Bolsas
• Lojas de Departamentos • Porta CDs
• Institucionais • Chapéus
• Político Nacional • Viseiras
• Marcas Próprias
• Promocional Exportação
• Político Exportação
Como o preço dos bonés varia, em média, de R$ 1,60 a R$ 13,00 e tendo em vista que as
quantidades comercializadas por preço oscilam diàriamente, é difícil estabelecer o valor do fatu-
ramento mensal.
4. Empregos
As micro e pequenas empresas possuem alto potencial de geração de emprego e renda na
região, avalia-se que as MPEs são responsáveis por 91% dos empregos no setor.
Os números estimados são de 10.000 empregos diretos e 7.000 indiretos, nas cerca de 150
indústrias formais vinculadas à atividade de confecções de bonés e 400 estabelecimentos informais
que prestam serviços domiciliares às empresas confeccionistas. (CENSO industrial, IPARDES e
Faculdade de Apucarana, 2006.)
5. Fornecedores e distribuidores
Aspecto marcante no APL de bonés de Apucarana é a presença de um grande número de
fornecedores de insumos instalados no município, os quais propiciam um maior adensamento da
cadeia produtiva local, reduzindo custos e permitindo maior interação entre os elos produtivos.
Quanto à procedência dos insumos utilizados no processo produtivo, observa-se que, com
exceção do tecido, da entretela e da linha, a região mostra-se autoassuficiente para atender o setor,
na medida em que mais de 90% dos outros insumos são adquiridos na própria região do APL.
Quanto aos fornecedores das indústrias 30% da matéria-prima é local (tecidos, abas, linhas,
botões, etiquetas e viés) e 70% nacional (tecidos). No processo produtivo 55% das máquinas e
acessórios são nacionais, 30% regionais e 10% locais. Apenas 5% das máquinas ou processos
são importados.
às vezes, procuram trabalhar um pouco o público classe B. Já as lojas de tamanho médio, como
Forum, Zoomp, Triton, Cantão e Redley, buscam o público de classe A e B, as quais visam o
lançamento de coleções exclusivas, desenhadas por elas e encomendadas às empresas fabricantes
do APL de bonés de Apucarana.
7. Perspectivas
Há um cenário muito positivo em função de ações de interesse comum desenvolvidas pelo
APL. Projeto de meio ambiente e kit Escolar (Bonés nas escolas). Também há o trabalho da
Governança que é proativo e permanente. São reuniões semanais e constante busca de adesão
dos confeccionistas. O APL está consolidado e sempre presente na comunidade. Tem credibili-
dade e isto nos leva a crer que as perspectivas são de fortalecimento e crescimento, com efetivo
envolvimento dos empresários envolvidos com Boné.
É inexpressivo o índice de mortalidade nas empresas participantes do APL.
8. Aprendizado do Caso
Observamos deste caso a vantagem do associativismo como fator fundamental de crescimento
e desenvolvimento de PMEs de um determinado ramo e como esta união os levou à conquista
da liderança nacional.
*
Agradecemos a Antonio Fernando Terna Machado e Gihan Teixeira Jebai, do PTI Empreendedorismo, do Parque
Tecnológico Itaipu, pela autoria e pela cessão dos direitos autorais.
212 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
• “Houve um momento em que pensamos em desistir, pois a empresa já não ia muito bem
das pernas e a concorrência estava aumentando muito. Sem falar que já tínhamos perdidos
alguns projetos para autônomos, que eram os que mais pegam serviços na nossa área.”
A Palmares vem buscando desenvolver alianças estratégicas com outras empresas de maneira
a fortalecer e consolidar o Programa RECOMPENSE®. Até o momento firmou parceria com
as organizações abaixo e encontra-se em tratativas com outras que confirmaram interesse em
representar o Programa em outros estados do Brasil e em Portugal.
• Parque Nacional do Iguaçu
• Parque Tecnológico Itaipu
• Alpha Gestão Carbono
• EJI consulting
• IBF – Instituto Brasileiro de Florestas
• ZAFRA – Serviços Florestais e Agropecuários
Documentos consultados
PALMARES GEOPROCESSAMENTO E ANÁLISE AMBIENTAL LTDA. Plano de Negócios.
Foz do Iguaçu, 2007.
PALMARES GEOPROCESSAMENTO E ANÁLISE AMBIENTAL LTDA. RECOMPENSE
– Programa de Redução e Compensação de Emissões de Gases de Efeito Estufa. Foz do Iguaçu,
2009.
PALMARES GEOPROCESSAMENTO E ANÁLISE AMBIENTAL LTDA. Ficha de Inscrição
do Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável. Foz do Iguaçu: ISAE/RPC, 2010.
PORTER, M. Estratégia Competitiva: técnicas para análise de indústrias da concorrência. Rio de
Janeiro: Campus, 1986.
Notas
Parte I
1 Schumpeter, 1934.
2 Peter Drucker, 1987.
3 FILLION, Jacques Louis, 1991 – pesquisador e professor canadense, especializado em MPEs.
4 Sebrae nacional em seu curso Aprender a Empreender, pela internet.
5 Karl Marx (1818-1883). Economista, filósofo e socialista alemão. O Capital, publicado em 1867.
6 Abraham Maslow (1908-1970) psicólogo americano, considerando o pai do humanismo na
psicologia.
7 GEM-Organismo internacional dedicado a pesquisa sobre a atividade empreendedora mundial.
8 Ver Maslow – Teoria das Necessidades Humanas.
9 Ver o relatório “10 Anos de Monitoramento da Sobrevivência e Mortalidade de Empresas”
do Sebrae-SP, na internet: http://www.Sebraesp.com.br/sites/default/files/mortalida-
de_2006_2007.pdf.
10 Ver: Global 21 Guia do Exportador, 2005. Visite o site http://www.g21.com.br
11 Portal da pequena empresa na Europa.
12 Rais – Relação Anual de Informações Sociais, último relatório disponibilizado foi de 2006.
13 Empreendedores iniciais, na análise do GEM 2008, são aqueles cujos empreendimentos têm
até 42 meses de vida (três anos e meio).
14 BRIS: Brasil, Índia e África do Sul (South África).
15 Para saber mais, ver Mdic, aba desenvolvimento, da produção. Endereço: http://www.mdic.gov.br.
16 Maiores informações de APL no Paraná, visite do site da IEL/PR no endereço: http://www.
ielpr.org.br/apl/.
17 Maiores informações sobre os editais e quais são as primeiras incubadoras no país a serem
escolhidas para o Prime poderão ser pesquisados no endereço da Finep, na internet: www.
finep.gov.br.
18 Para saber mais sobre este programa acesse a página da Internet. http://www.finep.gov.br
19 Organização não governamental com a missão de auxiliar empresas a gerir seus negócios de
forma socialmente responsável.
220 Administrando Micro e Pequenas Empresas • Antônio Barbosa Lemes Júnior & Beatriz Jackiu Pisa ELSEVIER
Parte II
1 Ver Viapiana, 2001. Fatores de Sucesso e Fracasso nas MPES.
2 Os interessados poderão se aprofundar nestes conceitos (Lean, Seis Sigma, Just in Time).
3 John L. Ward é professor da Kellogg School of Management e do IMD, onde ensina admi-
nistração estratégica, liderança e continuidade da empresa familiar.
4 Vide Michel Porter. Estratégia Competitiva e Vantagem Competitiva.
5 A árvore nim foi comentada em sala de aula pelo professor Carlos R. Roberts, da UFPR.
6 Stakeholder: representa todos os entes com quem a empresa se relaciona: investidores, clientes,
fornecedores, empregados, consumidores, por exemplo.
7 Vide ABF – Associação Brasileira de Franquias, http://www.portaldafranchising.com.br.
8 Lei no 123/2006, Lei no 127/2007 e Lei no 128/2008.
9 Lei no 123/2006, Art. 17: Vedações ao ingresso no Simples Nacional.
10 O Comitê Gestor do Simples Nacional está previsto no art. 2 da LC no 123/2006 é vinculado
ao Ministério da Fazenda, composto por quatro representantes da Secretaria da Receita Federal
como representantes da União; dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios,
para tratar dos aspectos tributários.
11 Reportagem: Um negócio em 7 dias, por Roberta Paduan em 07/08/2008, publicado na revista
Exame.
12 Vide SEBRAE-PR, tópico Legalizando minha empresa.
13 Valor do salário-mínimo nacional em janeiro de 2010: R$ 510,00.
14 Vide endereço do Ministério da Previdência Social no site: http://www1.previdencia.gov.br.
Parte III
1 Devoluções podem constituir um problema sério para a MPE. Reduzem lucros, geram inadim-
plência, dedicação e esforço para evitar desgastes de imagem e assim por diante.
2 Liquidez: recursos de disponibilidade imediata da empresa como os saldos mantidos em contas
bancárias e que podem ser utilizados em casos de emergência ou para aproveitar oportunidades.
3 Perfumaria, no jargão financeiro, é o gasto desnecessário com coisas que não gerem receita
ou não se refiram à atividade produtiva da empresa.
Parte IV
1 Visite a página do BNDES na Internet e saiba mais sobre essa linha de financiamento: http://
www.bndes.gov.br/pme/default.asp
2 Artigo: Exportar para micro e pequenas empresas. Maria de Fátima G. V. Sprogis – Sebrae-SP,
Racre – Revista de Administração, Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 07, n.11, jan./dez. 2007.
Referências
GUIA Prático do Simples Nacional para o Espírito Santo. Acesso Em 25/03/2009. Disponível
em: http://www.biblioteca.Sebrae.com.br/.
IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios: PNAD: microdados. Rio de Janeiro, 2003-
2006. CD-ROM.
IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios: síntese dos indicadores: 2006. Rio de Janeiro, 2007.
Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/
IBQP – Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade. Projeto GEM Brasil. Acesso em
07/12/2008. Disponível em www.ibqp.org.br/empreendedorismo.
INVESTOPEDIA. BARUFALDI, Dan. Artigo “Small Business: It’s All About Relationships”.
Acesso em 20/09/2008. Disponível em: http://www.investopedia.com.
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada. Acesso em 19/01/2009.
JURAM, J. M. On Planning for Quality, Free Press. 1988.
KOTLER, P.; ARMSTRONG, G. Princípios de marketing. 9a ed. Rio de Janeiro: Prentice Hall do
Brasil, 1998.
KOTLER P.; KELLER K. Administração de marketing, 12a ed. São Paulo: Pearson-Prentice Hall, 2006.
KOTLER, P. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e dominar mercados. São Paulo:
Futura, 1999.
LEMES JÚNIOR, Antônio Barbosa et al. Administração financeira: princípios fundamentos e práticas
brasileiras. 3a ed. Rio de Janeiro. Campus/Elsevier, 2010.
LEI COMPLEMENTAR no 123/2006.
LEI COMPLEMENTAR no 127/2007.
LEI COMPLEMENTAR no 128/2008.
LEI no 11.598, de 3 de dezembro de 2007.
LEI DAS FRANQUIAS no 8.955/1994
LONGENECKER, Justin G; MOORE, Carlos W.; PETTY, J.William; PALLICH, Leslie E.
Administração de pequenas empresas. São Paulo: Thomson Learnig, 2007.
MATRÍCULA no Cadastro Específico do INSS (CEI) – Orientações. Ministério da Previdência
Social. Acesso em: 26/02/2009. Disponível em: http://www1.previdencia.gov.br.
“O MOVIMENTO jovem empreendedor no Brasil”. Artigo publicado por Ângela Ferreira na
Gazeta Mercantil, São Paulo, 26 de setembro de 2007.
OLIVO, S.; MELLO.A. O perfil de um empreendedor. São Paulo: Associação Brasileira de Desenvol-
vimento do Empreendedorismo, 1998.
PNAD 2007. Primeiras Análises – Demografia e Gênero. Brasília/ Rio de Janeiro, Ipea, 2008.
PASSO A PASSO para registro de uma empresa. Sebrae-PR, 2009.
PORTAL EUROPEU para as Pequenas e Médias Empresas. Políticas para PMEs na Europa.
Acesso em 20/06/2009. Disponível em: http://ec.europa.eu/scadplus/leg/pt/lvb/n26002.htm.
PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva – Técnicas para Análise da Indústria e da Concorrência.
Campus. Rio de Janeiro, 1986.
PORTER, Michel. Vantagem Competitiva. Rio Janeiro: Campus, 1989.
Referências bibliográficas 223