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O presidente do Brasil disse que os incêndios possivelmente foram causados por ONGs.
O que o senhor acha dessa interpretação?
Para começar, estamos de saco cheio daqueles que pensam que é a lição de casa de um país
interferir em problemas domésticos dos outros, comentar declarações e julgar uns aos outros.
Então eu respeito a abordagem do presidente Bolsonaro, porque ele tem informação que eu não
tenho. Não quero criticá-lo.
Um dos objetivos de fortalecer laços entre Hungria e Brasil é a proteção de cristãos que
sofrem perseguição. Que ações específicas os países devem tomar neste sentido?
Por algum motivo, não é politicamente correto falar de perseguição contra a comunidade cristã.
Mas temos que admitir que os cristãos são os mais perseguidos no mundo todo. São 11 cristãos
mortos todos os dias. Quatro de cada cinco pessoas que morrem por fé religiosa são cristãs. E
isso deveria ser respeitado. Nós começamos um programa que se chama “Hungria Ajuda”, cujo
objetivo é que os cristãos possam morar com segurança em suas casas. Em vez de irem embora,
estamos encorajando eles a ficarem. Já gastamos US$ 35 milhões nesse programa. Ajudamos
50 mil cristãos a terem moradia em Síria, Iraque, Líbano e Jordânia.
Como os países da nova direita, como Hungria e Brasil, podem se aliar em questões
estratégicas?
Essas fórmulas de cooperação já começaram. É só ver a nossa posição no Pacto Global pela
Migração. Formamos um grupo de seis países, EUA, Israel, Brasil, República Tcheca, Polônia
e Hungria, que votaram contra. As instituições da ONU e alguns governos pró-migração tentam
ainda inserir medidas escondidas do pacto global em cada capítulo de resoluções internacionais.
Então desenvolvemos um sistema que, se identificamos uma tentativa dessas, avisamos os
demais países e formamos um bloco contra a medida, um mecanismo de “aviso prévio”. Esses
governos conservadores são considerados anti mainstream, o que é uma expressão idiota,
porque o que é o mainstream? E se tem cada vez mais de nós contra o mainstream, nós é que
nos tornamos mainstream. Então estamos pressionados pelas elites liberais, na política, no
jornalismo, e isso cria uma simpatia e solidariedade entre nós, sem dúvidas.
O presidente Bolsonaro quer que seu filho, Eduardo, seja embaixador do Brasil nos
EUA. Baseado no seu contato com ele, seria um bom embaixador?
Ele é um cara muito qualificado. Eu não sou brasileiro, então não importa o que eu penso, mas
como pessoa, e não como chanceler da Hungria que não quer interferir em assuntos domésticos,
ficaria feliz se ele fosse um embaixador meu, por exemplo. Se ele fosse húngaro, com certeza
poderia ser embaixador. Ele é muito inteligente, entende muito de política externa.