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Mestrado em Direito
Jurídico-Empresariais
Ernesto Ribeiro
Ciência Jurídico-Empresariais
Ernesto Ribeiro
Acidente de Trabalho
Acidente
Acidente de Trabalho
ROMANO MARTINEZ (Direito do Trabalho, 2ª Edição, Almedina, Coimbra, 2005, p. 779), ci-
tando CUNHA GONÇALVES e CARLOS ALEGRE, salienta que o acidente de trabalho
“pressupõe que seja súbito o seu aparecimento, assenta numa ideia de imprevisibilidade quanto
à sua verificação e deriva de factores exteriores.”.
Daí que o legislador tenha adoptado, historicamente, a solução de apresentar uma descrição do
acidente de trabalho, enunciando os requisitos que deverão estar preenchidos para que se possa
entender estar perante uma situação de sinistro indemnizável.
Assim, nos termos da Lei n.º 98/2009, de 4 de Setembro, actualmente em vigor, está-se pe-
rante um acidente de trabalho indemnizável sempre que, cumulativamente, se verifiquem os
seguintes requisitos:
c) Ser o acidente causa directa ou indirecta de lesão corporal, perturbação funcional ou doença
para o trabalhador;
Uma inovação introduzida no artigo 284º, nº1, da Lei nº99/2003 ( Código do Trabalho ) foi a
incorporação dos elementos de subitaneidade e imprevisibilidade, que a jurisprudência vem
utilizando para a configuração do acidente de trabalho face à doença profissional, definindo o
mesmo como o “sinistro, entendido como acontecimento súbito e imprevisto, sofrido
pelo trabalhador que se verifique no local e no tempo de trabalho.”
Todavia, no Código do Trabalho agora vigente ( Lei nº7/2009 de 12 de Fevereiro - art. 283º ) tal
definição desapareceu e, na Lei nº 98/2009, que entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 2010, a
noção de Acidente de Trabalho ( art. 8º ) voltou a omitir aqueles elementos.
Mas, quer no artigo 286º, nº1, do Código do Trabalho de 2003, quer na Lei nº 98/2009 agora em
vigor, para a concretização da noção de Acidente de Trabalho, há que, desde logo, preencher
juridicamente os conceitos operatórios essenciais de local e de tempo de trabalho, que pre-
tendem delimitar temporal e espacialmente a área de autoridade do empregador, dentro da qual
qualquer acidente se presume de trabalho (art. 10º, n.º1 da LAT).
Assim, nestes dois diplomas ( que vêm reiterar o já disposto no n.º 3 do artigo 6º da LAT-Lei
100/97 de 13 de Setembro ) entende-se por:
Temos, assim, que se entende que o local de trabalho é o lugar onde o trabalho é materialmente
executado, mas de igual modo, todo o local onde o trabalhador se encontra para prestar o tra-
balho ou aonde deve dirigir-se em virtude do mesmo, desde que o empregador aí tenha poder
de controlo e de autoridade sobre o este, directa ou indirectamente.
Por controlo directo entende-se a situação normal em que, durante o horário normal de traba-
lho, o trabalhador está sujeito ao poder de direcção do empregador.
Por sua vez, o conceito de tempo de trabalho é, de igual modo, amplo à luz dos diplomas em
vigor: além do período normal de trabalho, o que precede o seu início, em actos de preparação
ou com ele relacionados, e que se lhe segue, em actos também com ele relacionados, e ainda as
interrupções normais ou forçosas de trabalho.
Para além do elemento espacial ( local de trabalho ) e do elemento temporal ( tempo de traba-
lho ), é ainda relevante para a qualificação de Acidente de Trabalho a existência do elemento
causal - nexo de causa e efeito entre o acidente e a lesão, perturbação ou doença, e entre estas e
a redução da capacidade de trabalho ou de ganho, ou ainda a morte.
É a teoria do risco económico ou de autoridade que está subjacente ao conceito de acidente de tra-
balho.
De acordo com o nº 2 , do referido artigo 9º da LAT, para que exista uma relação de causalidade
no sentido da qualificação do acidente como sendo acidente de trabalho in itinere, basta que o
mesmo ocorra “nos trajectos normalmente utilizados” de ida e regresso para e do local de tra-
balho e durante o período de tempo habitualmente gasto pelo trabalhador, mesmo quando es-
ses trajectos tenham “sofrido interrupções ou desvios determinados pela satisfação de necessi-
dades atendíveis do trabalhador, bem como por motivo de força maior ou por caso fortuito”.
Caso Prático
Da Matéria Alegada - 1ª Instância
Autores
No caso em apreciação, os pais do sinistrado Rui Marques, porquanto o seu filho teve um aci-
dente do qual resultou a sua morte em 5-10-2010, intentaram uma acção de condenação contra
duas companhias de seguros, para quem a entidade patronal do trabalhador havia transferido a
sua responsabilidade emergente de acidentes de trabalho, reclamando uma pensão anual vitalí-
cia de 2.245, 75 Euros, para cada um deles, um subsídio por morte no valor de 3.818,80 Euros, a
quantia de 2.545,86 Euros a título de subsídio de funeral, e ainda a quantia de 20 Euros a título
de transportes, a tudo acrescido dos respectivos juros de mora legais.
Para tanto alegaram que o seu filho foi vitima de um despiste de moto, ao Km 48,260 da Estra-
da Nacional nº 4 , cerca das 15 horas, quando o mesmo se deslocava para o seu posto de traba-
lho, sito na A6 de Vendas Novas, onde trabalhava como portageiro por conta da Brisa.
Rés
Da Decisão
Proferido o Despacho Saneador, fixados os factos assentes e organizada a base instrutória sem
que ninguém reclamasse, foi marcada a audiência de discussão e julgamento após a qual se res-
pondeu aos quesitos. Proferida a sentença foi a acção julgada totalmente improcedente, com a
consequente absolvição das RR do pedido e com custas a cargo dos AA.
Do Recurso
a)O Rui Marques, tanto podia trabalhar nas portagens da A6 de Vendas Novas, como Pegões,
Marateca e Montemor:
b) A portagem onde era habitual o Rui trabalhar era a da Marateca, que fica depois de Pegões e
depois do local onde se verificou o acidente;
c)Como era esse o seu local habitual de trabalho, o Rui passava regularmente pelas bombas da
BP, onde se dirigiu no dia do acidente e onde era frequente abastecer-se de gasolina;
d) E fazia-o nessa bomba especificamente, por ter um cartão de cliente da BP, que lhe dava
acesso a vários prémios em função dos seus consumos;
e)Resulta daqui uma ligação entre o local onde abasteceu a sua moto e o seu local de trabalho,
pois habitualmente tinha que passar pela localidade onde ficam as bombas da BP;
f) No dia do acidente e apesar de se ter abastecido de gasolina das bombas da BP, este local fa-
zia parte do seu percurso normal de casa para o trabalho;
g) Daí, o acidente dos autos ter que ser declarado como um típico acidente de trabalho;
h) Deveria assim satisfazer-se o pedido dos AA, pois o sinistrado contribuía para as despesas
familiares, dependendo os pais deste auxílio.
1) O Sinistrado exercia funções de operador principal de portagem por conta e sob as ordens,
direcção e fiscalização da Brisa, Auto-Estradas de Portugal, S.A. auferindo à data do acidente
o salário anual de 14.971,67 Euros;
2) O Rui Marques, assim como todos os restantes colegas, quando ia trabalhar, apresentava-se
cerca de 15 a 25 minutos antes do início do seu trabalho quer no turno 16H00-24H00, quer
em relação a qualquer turno;
3) O Rui Marques tinha que vestir a farda de trabalho para que assim, pelas 16H00 todos os
trabalhadores daquele turno pudessem iniciar o seu trabalho dentro do referido horário;
4) Existia um contrato de seguro do ramo de acidentes de trabalho por conta de outrem, onde
as rés, Bonança e Fidelidade, ambas companhias de seguros, assumiam no proporção de 20%
e 80% respectivamente, a responsabilidade infortunística por acidentes de trabalho até ao
montante de 14.971,67 Euros;
6)O Rui Marques tinha um cartão de cliente das bombas BP que lhe atribuía prémios median-
te pontos que acumulava nos abastecimentos que fazia;
7) A bomba da BP sita em Pegões dista cerca de 12,2 Km da casa onde Rui Marques residia;
8) No dia do acidente, o Rui Marques foi a Pegões e de seguida, seguiu para Vendas Novas, para
se apresentar na portagem onde iria iniciar o seu turno das 16:00;
9)O Rui fazia-se transportar de uma moto nova, marca Honda 600, no dia do fatídico aciden-
te;
10)No regresso de Pegões , cerca das 15H00, na E.N. nº 4 ao Km 48,260 no sentido Pegões-
Vendas Novas, o sinistrado perdeu o controle da moto que conduzia, tendo-se despistado e
saído do estrada;
11) Do acidente resultaram as lesões descritas nos autos e designadamente no relatório de au-
tópsia de fls. 17 e seguintes, que foram causa directa e necessária da sua morte;
12) Se o Rui marques se deslocasse directamente de sua casa para o local de trabalho para aque-
le dia indicado, seguiria em direcção a Estremoz e não em direcção a Pegões, precisamente o
sentido inverso;
13) O trajecto percorrido pelo sinistrado, levou a que mesmo tivesse percorrido, nesse dia, cer-
ca de 24,4 Km em vez de 5 Km, distância existente entre a casa habitada pelo mesmo e o lo-
cal de trabalho;
15) A mãe do Rui Marques é doméstica e não aufere qualquer rendimento, e o seu pai, também
autor, é mecânico de profissão;
16) Os autores despenderam cada um em transportes nas deslocações ao tribunal para compa-
recer às diligências para que foram convocadas, a quantia de 20 Euros.
Decisão
Em face dos factos relatados como provados e, em função da explicação técnico-teórica no que
concerne à qualificação do acidente de trabalho típico e, do acidente de trabalho in itinere,
tenderia a enquadrar este acidente do Rui Marques, no dia 5-10-2010, na óptica do acidente de
trabalho, mais especificamente no quadro da extensão do conceito do artigo 9º da LAT.
Para efeitos da aferição da legitimidade dos seus pais para intentarem a respectiva acção de
condenação, verifique-se o artigo 57º da LAT, nomeadamente o seu nº 1 alínea d), onde se con-
sagra como titulares do direito à pensão por morte, “os ascendentes que, à data da morte do
sinistrado, se encontrem nas condições previstas no n.º 1, do artigo 49º” da mesma Lei.
Ao alegarem os AA, que o Rui Marques vivia com os mesmos, ainda que tal matéria não tivesse
ficado demonstrada nos factos tidos como provados, e presumindo-se que não deixava descen-
dentes, cônjuge, ex-cônjuge ou cônjuge separado à data da morte do sinistrado e com direito a
alimentos, e ainda os outros possíveis titulares do direito previstos nas alíneas a), b), c), d) e e)
do n.º 1 do Artº 57º da LAT, constata-se que os pais do Rui Marques serão mesmo os únicos
possíveis titulares do direito à pensão de morte, e logo os únicos com legitimidade para inten-
tarem a respectiva acção de condenação decorrente de acidente de trabalho.
Não restando quaisquer dúvidas sobre o elemento da relação laboral entre o Rui Marques e a
entidade patronal, Brisa, S.A, e feita a prova da transmissão da responsabilidade desta, decor-
rente de acidente de trabalho, a favor de duas seguradores em regime de co-responsabilidade,
resta, contudo, articular os factos e verificar se os mesmos se podem enquadrar na previsão dos
artigos 8º e 9º da Lei dos Acidentes de Trabalho.
Feita a prova que a morte de Rui Marques resultou, inelutavelmente, das lesões provocadas
pelo acidente de moto, no dia 5-10-2010, pelas 15 horas, ao Km 48,260 da E.N. nº 4, importará
saber, de igual modo se o acidente se deu no tempo e no espaço da relação jurídica laboral.
Na base da decisão do tribunal de primeira instância estaria o facto de não se ter provado o
nexo de tempo e de espaço entre o acidente e a relação laboral, pois ao não demonstrem os AA
que o sinistrado tinha uma pluralidade de locais de trabalho, já que o Rui Marques tanto podia
O que terá ficado provado naquela instância, foi o facto de o sinistrado ter o seu local de traba-
lho na portagem da A6 de Vendas Novas, de residir a 5 km do mesmo e, naquele dia ter tido um
acidente, numa zona de circulação oposta ao seu trajecto habitual, que distava a cerca de 12,2
Km da sua residência habitual. Perante tais factos, não pôde o tribunal relevar outros elemen-
tos que pudessem reconduzir a situação em análise à configuração de acidente de trabalho in
itinere, por extensão do conceito do artigo 9º da LAT.
Situação diferente ocorrerá perante a evidência dos factos alegados no recurso, com a prova da
existência de vários locais de trabalhos possíveis na relação laboral, assim se evidenciando não
um, mas sim vários percursos “habituais” possíveis, e com isso nos podermos reconduzir à pré-
configuração deste acidente como um acidente de trabalho in itinere.
Sempre se poderia contestar, que apesar de existirem vários locais de trabalho possíveis, existi-
ria, com certeza, uma escala de alocação do trabalhador em função dos dias de calendário, e
tendo aquele conhecimento que o seu local de trabalho, naquele dia, era o da portagem da A6
de Vendas Novas, não faria sentido qualificar como percurso habitual, uma deslocação que en-
volvesse percorrer mais 19,4 Km do que o percurso mais directo da casa do sinistrado até aque-
la portagem.
Ainda que se pudesse levar em linha de conta tal argumentação para se afastar a natureza espa-
cial do nexo de causalidade da relação de trabalho com o acidente em análise, existe, na minha
óptica, um elemento determinante para relevar essa mesma proximidade, e enfatizar a qualifi-
cação destes factos como um acidente in itinere, que é o facto de o trabalhador se ter deslocado
a Pegões, à “bomba” da BP, onde ia com regularidade, em função de se encontrar no trajecto de
outros dos seus locais de trabalho e pelo facto de o mesmos ser portador de um cartão de clien-
te da BP, que lhe dava prémios pela regularidade no seu consumo de combustíveis.
O sinistrado, ao se deslocar à “bomba” da BP, no dia do acidente, ainda que o tenha feito com
um desvio de mais 19,4 km ao seu percurso habitual, da sua residência à portagem de Vendas
Novas, esse mesmo facto parece-me justificável e susceptível de ser enquadrado no numero 3
do artigo 9º da LAT, na medida em que o desvio é executado no sentido da realização de neces-
sidades atendíveis do trabalhador.
Uma outra questão se pode relevar em todo este processo e que poderá levantar dúvidas quanto
à qualificação destes factos como sendo um acidente de trabalho, dirá respeito ao tempo gasto
nesta deslocação para o trabalho.
Revela-se, por isso, de igual modo relevante saber-se se o acidente ocorrido uma hora antes da
prevista para a entrada ao serviço, é ou não assumido como tempo habitual, ainda que estives-
se-mos dentro da previsão do trajecto normalmente utilizado, na base do nº 3 do referido artigo
9º da LAT.
O acidente do Rui Marques aconteceu cerca das 15 Horas, quando o mesmo entrava ao serviço
da empresa, às 16 horas. Será esta circunstância suficiente para afastar a previsão do artigo 9º,
n.º 3 da LAT, já que a satisfação de necessidades atendíveis, deve ser assegurada, ainda assim, na
circunscrição desta previsão, num período de tempo delimitado e, por isso próximo da sua hora
de entrada ou de saída do trabalho? E, assim sendo, qual seria essa razoabilidade temporal?
No entanto, não creio existir uma fórmula única para a avaliação destas situações, e cada caso,
tendo em conta a sua natural especificidade deve ser avaliado casuisticamente, a fim de se rele-
Para análise do caso sub judice, importará concretizar, forçosamente, que o tempo de trabalho
sendo aquele que está ligado ao período normal de execução do trabalho, é, de igual modo,
aqueloutro “que precede o seu início, em actos de preparação ou com ele relacionados”.
Assim, sabendo-se que Rui Marques chegava ao seu local de trabalho, tal como todos os seus
colegas de função, cerca de 15 a 25 minutos antes, a fim de efectuar toda uma série de actos
preparatórios ao exercício da sua função, como por exemplo vestir a sua farda, é previsível que
o mesmo tivesse que calcular a sua saída de casa para o emprego atendendo a esse factor, logo
não creio ser desajustado o calculo de uma hora, como período mínimo, para o trabalhador
efectuar o seu trajecto para o seu local de trabalho, e manter, por essa essa via o nexo de causa-
lidade exigido na lei para a qualificação deste acidente como sendo um acidente de trabalho.
Se se levar em conta que Rui Marques teria cerca de 35 minutos úteis para chegar ao seu traba-
lho, parquear a moto e, deslocar-se às instalações da Brisa a fim de dar por iniciados os seus ac-
tos preparatórios, não me parece descabido, para uma pessoa normal e diligente, que o faça
com esta previsão temporal antecipada. Isto aliás, só releva a especial responsabilidade de quem
a protagoniza, e essa não deve ser censurada. Muito pelo contrário!
Tendo em conta os factos enunciados, a sua qualificação, e dado o exposto anteriormente, ten-
deria a concluir pela existência de um acidente de trabalho in itinere, pelo que decidiria na
condenação das Rés, de forma parcial no pedido, quantificando os direitos dos Autores da
seguinte forma:
1) Presumindo-se que os pais de Rui Marques se encontravam nas condições previstas no n.º 1
do artigo 49º da RAT, por força da aplicação na alínea d) do n.º1, do artigo 57ª da mesma Lei,
isto é , sendo ascendentes ( pai e mãe ) e tendo os mesmos rendimentos conjuntos que não ex-
cediam o valor da pensão social ( e assim seria pois o pai do Rui Marques era mecânico e auferi-
ria cerca de seiscentos euros e a sua mãe sendo doméstica não teria qualquer tipo de rendimen-
to ), os próprios teriam direito, por força do artigo 61º da RAT, e especificamente o seu n.º 2, e
porque estamos na ausência de outros titulares referidos nas alíneas a) a c) do n.º1 do artigo 57º,
a receber, cada um, “15% da retribuição do seu filho, até perfazerem a idade legal de refor-
ma por velhice, e 20% a partir dessa idade, ou no caso de deficiência ou doença crónica que
afecte sensivelmente a sua capacidade para o trabalho”.
3) O subsídio por morte, como determina o artigo 65º da LAT, só é devido aos beneficiários
nele expressamente previstos, sendo que como determina o n.º 4 do mesmo artigo, não deixan-
do o sinistrado qualquer dos beneficiários previstos no n.º 2 do mesmo artigo, este subsídio, tal
como requerido no pedido, não deve ser concedido. Como se depreende da Lei, os ascendentes
, ainda que vivendo em comunhão de casa e mesa, e não deixando qualquer dos beneficiários
previstos no artigo 65º da LAT, não são considerados para efeitos da concessão deste benefício,
numa decisão legislativa, no mínimo. discutível, na minha modesta opinião. Quando a conces-
são deste benefício pode incluir ex-cônjuge, cônjuges separados judicialmente, ou pessoa que
vivesse em união de facto com o defunto, não se percebe o porquê de não se considerar, de
igual modo, os ascendentes que vivessem em comunhão de casa e mesa com aquele. Só é com-
preensível, tal injustiça legislativa, por omissão involuntária...
Apesar de não poder concordar com a Lei neste ponto, não me restaria outra solução, em face
da previsão da mesma, que não fosse absolver as Rés, neste ponto do pedido.
6) 6) Todos os direitos reconhecidos na decisão final, de cuja reparação resultam valores pecuni-
ários, são todos acrescidos dos respectivos juros de mora legais.