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SoftsXmúsica: o fim da virtuosidade na música eletrônica

Por Cláudio Manoel Duarte*

O surgimento dos samplers - máquinas que tiram amostras de sons para serem coladas
ou repetidas infinitamente - e sequencers - sintetizadores que reproduzem tunes
(melodias, ritmos e linhas de baixos que podem ser alternados, manipulados) dá poderes
criativos para aqueles que não têm formação de teoria musical - os novos instrumentos
geram uma música experimental, tribal, voltada para as pistas de dança e pode ser
produzida por quem queira - djs passam a ser produtores, músicos eletrônicos.

Esse novo conceito de produção musical ao questionar o artista virtuoso resgata o


principal discurso do ideário punk do “Do it yourself “ (faça você mesmo). É o fim do
estrelismo, do pop star. A produção música não é mais propriedade de poucos eleitos. A
música de vanguarda - experimental, eletrônica, que traz novidades, novas texturas
sonoras - não é, aliás, propriedade de ninguém: os samplers autorizam a cópia e põe um
fim à obra intocável, definitiva, única. O que vale é o processo; é aí que reside, no
processo, o original, o autêntico. O produto - a música em si - é apenas um elemento do
banco de dados de sons disponível para nova manipulação, novo recorte, nova colagem.
A música eletrônica é uma obra inacabada. Ela é, em si mesma, um banco de dados
manipulável. Uma trilha que rompe com a ortodoxia da canção tradicional e sua
estrutura formal de início-refrão-meio-refrão-fim-refrão. A música tecnológica não
começa, não termina: ela sugere continuidade, infinitude, hipersonoridade, mixagem,
novas colagens, novas conexões. É uma obra em constante estado de fluxo, pois é
intermediada pelos softs e por toda ordem de interfaces digitais, que possibilitam a
cópia e a colagem e a potencialização do cidadão comum como um grande produtor.

Esse contexto inovador do processo criativo da música eletrônica baseado nas


tecnologias contemporâneas, incluindo aí os softs, aceleram a disseminação dessa
cultura pelo mundo, já que essa disponibilidade (a tecnologia como suporte criativo)
está em todo o Planeta. Salto fantástico dessa produção acontece com a utilização da
Web (nos anos 90) e os vários sites com arquivos de sons temporários (o MP3 garante a
qualidade de CD) disponíveis para o surgimento de novos produtores. Aliado a isso,
surgem softwares gratuitos na Internet que simulam sintetizadores, editores de som e
groove box (equipamento de produção de ritmos).

A própria indústria de software investe nessa área e produz programas musicais que não
exigem nenhum conhecimento de teoria musical. Softwares que apelam para a criação
musical baseada em recursos eminentemente visuais a serem arrumados, ordenados em
trilhas (gráficos coloridos, ícones, colocados, arrastados pelo mouse em diferentes
trilhas, faixas de canais). Som produzido através de gráficos, através de imagens.
De novo é reforçado (agora pelo mercado, com os programas de computador que
editam música) o conceito punk “do it yourself”, retirando mais poderes do músico
virtuoso e facilitando, por outro lado, a produção sem qualidade, sem pesquisa. Essa é a
face dupla desta facilidade advinda dos novos suportes tecnológicos associados à
criatividade”.

• Cláudio Manoel (ou Cláudio M.) é jornalista de formação, Mestre em Comunicação e


Cultura Contemporânea pela UFBA, fundador e dj do grupo de música eletrônica
Pragatecno, sub-editor da publicação 404nOtF0und, Assessor de Cultura Digital da
Secult (Governo do Estado da Bahia) e professor do Centro Universitário Jorge Amado
e professor da Pós-Graduação da Faculdade Social da Bahia.

Links....

United Trackers (central de softs para música)


http://www.united-trackers.org/

Shareware Music Machine (central de soft gratuitos)


http://www.hitsquad.com/smm/

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