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03/07/2019 Portal Secad

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ATUALIZAÇÃO EM ANABOLIZANTES

ALEXANDRE HOHL
FÁBIO FERREIRA DE MOURA

■ INTRODUÇÃO
Os usuários de substâncias de melhora de rendimento (em inglês, performance enhancing
substances [PES]) com frequência consomem doses altamente suprafisiológicas de
anabolizantes, combinando-os entre si e/ou com outros fármacos. O uso de PES está
associado a um risco aumentado de morte e a uma grande variedade de doenças
cardiovasculares, psiquiátricas, metabólicas, endócrinas, neurológicas, infecciosas, hepáticas
e renais, assim como a distúrbios musculoesqueléticos.
Como, por razões éticas, os ensaios randomizados não podem duplicar as grandes doses
de anabolizantes e os diversos fatores associados ao uso dessas substâncias, a maior parte
das informações científicas dessa área vem de estudos observacionais.
Além disso, não há estudos suficientes sobre a prevalência do uso de PES, os mecanismos
pelos quais os anabolizantes exercem efeitos adversos para a saúde e as interações dessas
substâncias com lesões esportivas e outros riscos associados a mudanças comportamentais.

■ OBJETIVOS
Ao final da leitura deste artigo, o leitor será capaz de
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descrever o que são substâncias anabolizantes;
reconhecer quais são os principais anabolizantes existentes;
identificar os principais efeitos adversos associados ao abuso de anabolizantes;
indicar o uso adequado da testosterona no tratamento do hipogonadismo masculino.

■ ESQUEMA CONCEITUAL
+

■ CONCEITOS E ORIGEM DOS ANABOLIZANTES

As PES são substâncias usadas pelos indivíduos — atletas ou não — para melhorar
seu desempenho atlético ou sua aparência física.1 Nesse grupo, estão os esteroides
androgênicos anabólicos (EAAs), popularmente conhecidos como “anabolizantes”. Os
EAAs fazem parte de um grupo de derivados sintéticos da testosterona com efeito de
fortalecimento muscular esquelético (ação anabolizante) e efeito masculinizante
(androgênico).2

Em 1889, o fisiologista Charles Brown-Séquard relatou melhora de várias funções corporais


— como força física, inteligência e força do jato urinário — após injetar em si mesmo um
extrato de testículos de cachorro e de cobaia.3
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LEMBRAR
A testosterona é o hormônio masculino primário e foi isolada pela primeira vez por
Karoly David e colaboradores, em 1935, a partir de testículos de touros. Por sua vez,
Adolf Butenandt e Lavoslav Ruzicka sintetizaram independentemente a testosterona
nesse mesmo ano e receberam o Prêmio Nobel em 1939 por seu trabalho.3

A maior parte dos EAAs foi desenvolvida durante a década de 1950, quando os químicos
tentaram, sem sucesso, separar as propriedades anabólicas e androgênicas desses
derivados de testosterona.3
A nandrolona, um análogo 19-nor da testosterona, foi o primeiro esteroide anabólico com
dissociação suficiente das propriedades androgênicas e anabólicas para justificar a
introdução na prática clínica durante os anos de 1950.4 El Dr. John Ziegler, médico e
halterofilista norte-americano, usou EAAs em três futuros campeões de levantamento de peso
norte-americanos depois de saber do sucesso do uso desses esteroides em halterofilistas
russos no Campeonato Mundial de 1954.5

Em 1958, a agência regulatória americana — Food and Drug Administration (FDA) —


aprovou o uso de metandrostenolona (Dianabol®) para o tratamento de hipogonadismo,
o que provocou o aumento da disponibilidade desse esteroide. Em meados da década
de 1960, propagou-se o uso de esteroides para melhorar o desempenho nos esportes,
particularmente entre os levantadores de peso e outros atletas de força.6

Estima-se que um terço dos estadunidenses que praticavam atletismo no campo de


treinamento pré-olímpico de 1968 estavam usando EAAs. De 1966 até a reunificação da
Alemanha, em 1990, centenas de médicos e cientistas da Alemanha Oriental realizaram
pesquisas com esteroides e preparações de medicações experimentais não aprovadas em
adultos e adolescentes atletas de ambos os sexos.7

Dopagem — em inglês, doping — é a utilização de substâncias proibidas no desporto


que podem tornar o atleta mais forte e mais rápido. É considerada uma espécie de
trapaça e está proibida em torneios e campeonatos por promover o aumento ilícito do
rendimento do atleta.1,7

LEMBRAR
Os esteroides anabolizantes estão na lista de substâncias proibidas para uso no
esporte competitivo nos dias atuais.

Os dados brasileiros sobre o uso de esteroides anabolizantes entre atletas recreacionais


são escassos No entanto em uma metanálise realizada a partir de 14 artigos evidenciou-se3/19
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são escassos. No entanto,
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em uma metanálise realizada a partir de 14 artigos, evidenciou-se
uma grande heterogeneidade dos dados, com prevalência variando entre 2,1 e 31,6%, de
acordo com a região do Brasil.8 O único dado incontestável desse estudo foi o aumento
progressivo na prevalência do uso dessas substâncias. Não foram encontrados dados
relativos à sua utilização entre atletas profissionais.
Um aspecto importante e menos conhecido do emprego de esteroides anabolizantes é o
motivo pelos quais as pessoas utilizam essas substâncias. Em um realizado estudo com 175
atletas recreacionais, embora a maior parte dos pacientes afirmasse utilizar os esteroides
anabolizantes em busca da melhora do desempenho físico e do aumento da massa
magra (uso estético) — ou seja, os dois usos clássicos —, ao menos um terço dos indivíduos
elegeu como motivo principal alterações psicológicas, como se sentir mais autoconfiante e
mais agressivo e até se preparar para cometer crimes.9

■ TIPOS DE ANABOLIZANTES MAIS UTILIZADOS


Os hormônios esteroides têm em comum o núcleo ciclopentanoperhidrofenantreno, que é
formado por quatro anéis rotulados de A, B, C e D, conforme indicado a seguir, na Figura 1.10

Figura 1 — Testosterona (R: –OH)

Existem diferentes compostos derivados da testosterona (a partir do núcleo


ciclopentanoperhidrofenantreno) com ação anabolizante e que são de administração
parenteral. Eles diferem no tipo de radical químico ligado ao anel principal. Entre eles,
destacam-se os seguintes:

propionato de testosterona;
enantato de testosterona;
cipionato de testosterona;
decanoato de testosterona;
fenpropionato de testosterona.
A estrutura química da testosterona e de seus derivados pode ser conferida no Quadro 1.
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(home) Quadro 1
ESTRUTURA QUÍMICA DA TESTOSTERONA E SEUS DERIVADOS
Composto Radical (R)
Testosterona +

Propionato de testosterona +

Enantato de testosterona +

Cipionato de testosterona +

Decanoato de nandrolona +

sem grupo metil na posição 19


Fenpropionato de nandrolona +

sem grupo metil na posição 19


Fonte: Elaborado pelos autores.

Há também compostos derivados da testosterona com ação anabolizante e que são de


administração oral. Os principais exemplos são:

a metiltestosterona;
o estanozolol;
a metandienona;
o danazol;
a oxandrolona;
a fluoximesterona.
Na Figura 2 estão representadas as estruturas químicas dos principais derivados da
testosterona de administração oral.

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Figura 2 — Estruturas químicas dos principais derivados da testosterona de administração oral:


A) metiltestosterona; B) estanozolol; C) metandienona; D) danazol; E) oxandrolona; F)
fluoximesterona.

No Quadro 2, estão listados os EAAs mais utilizados de forma lícita ou ilícita, em formulações
orais e injetáveis.
Quadro 2
EAAS MAIS UTILIZADOS EM FORMULAÇÕES ORAIS E INJETÁVEIS
Oral Injetável
Etilestrenol Undecilenato de boldenona
Fluoximesterona Clostebol
Mesterolona Propionato de drostanolona
Metandienona Enantato de metanolona
Metenolona Decanoato de nandrolona
Metandrostenolona Fenpropionato de nandrolona
Metiltestosterona Cipionato de testosterona
Acetato de metenolona Enantato de testosterona
Mibolerona Propionato de testosterona
Noretandrolona Trembolona1
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Oxandrolona
(home) Acetato de trembolona2
Oximetolona Undecilato de testosterona
Estanozolol2 –
EAAs: esteroides androgênicos anabólicos.
1
Esteroide de uso veterinário.
2
Esteroide de uso intramuscular; menos comum.
Fonte: Elaborado pelos autores.

ATIVIDADES

1. Observe as afirmações a seguir sobre os EAAs e sua utilização por parte de atletas.
I — Os EAAs são derivados da testosterona e estão entre as principais medicações
utilizadas para melhorar o desempenho atlético.
II — Os EAAs exercem ações androgênicas (virilizantes) e miogênicas (anabólicas).
III — O uso de EAAs está bem regulamentado, sendo permitido para atletas
competitivos.
IV — Além da otimização do desempenho físico e do aumento da massa magra, a
melhora da autoconfiança e da sensação de bem-estar são referidas como razões
para a utilização de EAAs.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I, a II e a III.
B) Apenas a I, a II e a IV.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta

2. Assinale a alternativa correta com relação ao histórico dos EAAs.


A) A maior parte dos EAAs foi desenvolvida na década de 1950, como resultado do
sucesso da separação das propriedades anabólicas e androgênicas desses
derivados de testosterona.
B) O primeiro esteroide anabólico com dissociação suficiente das propriedades
androgênicas e anabólicas para justificar sua introdução na prática clínica foi a
nandrolona.
C) Desde o descobrimento dos EAAs, seu uso para melhorar o desempenho nos
esportes foi proibido e desestimulado pela grande maioria dos médicos.
D) O uso de EAAs para otimizar o desempenho nos esportes se iniciou apenas nos
anos de 1990, principalmente em esportes de velocidade.
Confira aqui a resposta
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3. Observe as seguintes alternativas com relação aos principais tipos de EAAs e sua
forma de ação e de administração.
A) Quanto maior é a ação androgênica do EAAs, maior é a potência anabólica.
B) Os principais EAAs de uso oral são o propionato de testosterona, o enantato de
testosterona e o cipionato de testosterona.
C) Os principais EAAs de o uso parenteral são o estanozolol, o danazol e a
oxandrolona.
D) Todas as alternativas estão erradas.
Confira aqui a resposta

■ DERIVADOS DE TESTOSTERONA UTILIZADOS NO


TRATAMENTO DO HIPOGONADISMO MASCULINO
No Brasil, há alguns derivados de testosterona utilizados clinicamente no tratamento do
hipogonadismo masculino.11 Os medicamentos injetáveis existentes no mercado são
formulações oleosas que permitem aumentar o intervalo das doses e prolongar a ação do
derivado da testosterona. No momento, existem três formulações comerciais injetáveis
disponíveis no Brasil:12

cipionato de testosterona;
ésteres de testosterona;
undecilato (ou undecanoato) de testosterona.

Na prática, apenas o cipionato de testosterona e os ésteres de testosterona, usados no


tratamento do hipogonadismo, também são utilizados como anabolizantes por parte de
atletas. Isso ocorre por seu baixo custo e pela possibilidade de causarem um pico nos
níveis séricos de testosterona (hipertestosteronemia prolongada).

CIPIONATO DE TESTOSTERONA

O cipionato de testosterona (ampolas de 200 mg) é uma formulação oleosa segura,


administrada via IM que eleva os níveis séricos de testosterona rapidamente, atingindo o pico
sérico por volta dos primeiros 2 a 5 dias e o nadir médio por volta dos 150 aos 200 dias. Isso
permite que sejam administradas doses com intervalos que podem variar de 2 a 4 semanas,
dependendo da resposta clínica de cada paciente.
A sua vantagem é o menor número de aplicações; porém, destaca-se como desvantagem a
não mimetização do ciclo fisiológico hormonal e os níveis suprafisiológicos atingidos nos
primeiros dias após a aplicação. É de reposição de custo baixo e de fácil acesso.
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ÉSTERES DE TESTOSTERONA

Os ésteres de testosterona consistem em ampolas de 250 mg que contêm quatro ésteres —


propionato, fenilpropionato, isocaproato e decanoato de testosterona. Nessa formulação —
também oleosa e administrada via IM — os quatro tipos de ésteres de testosterona têm
proporções e picos de ação diferentes, o que confere a esse medicamento picos hormonais
em diferentes momentos, na tentativa de tentar evitar um pico suprafisiológico inicial e de
promover um ciclo mais próximo ao normal.
As vantagens e desvantagens se assemelham às do cipionato de testosterona.

UNDECILATO DE TESTOSTERONA

O undecilato de testosterona (ampolas de 1.000 mg) é uma formulação oleosa de


administração via IM, utilizando como veículo o óleo de castor. A sua principal vantagem com
relação aos outros andrógenos injetáveis é que não apresenta pico de ação e ação mais
prolongada, mantendo níveis próximos aos fisiológicos por um período de 10 a 14 semanas.
Como principais vantagens do undecilato de testosterona estão o mimetismo ao ciclo
hormonal normal e o maior tempo de duração de ação da aplicação. Como desvantagem,
tem-se o custo, que é consideravelmente maior do que o do cipionato de testosterona e o dos
ésteres de testosterona. Apresenta poucos efeitos adversos e, na maioria dos casos, eles
estão limitados ao local de aplicação.
Existem duas formulações comerciais na forma de géis disponíveis no Brasil para
tratamento do hipogonadismo masculino.12 Como, em teoria, elas não causam
hipertestosteronemia, seu uso em ciclos de anabolizantes é praticamente inexistente.
A formulação hidroalcoólica de testosterona é aplicada na região axilar masculina, em
doses de 30 a 120 mg por dia para tratar o hipogonadismo masculino. As vantagens dessa
formulação são a sua praticidade e boa tolerabilidade, o que proporciona flexibilidade na dose
e apresenta poucos efeitos adversos, na maioria das vezes limitados às irritações locais. A
sua desvantagem, é a potencial transferência da solução para o(a) parceiro(a), por contato
direto com a pele.
Há também a formulação de testosterona gel, que vem em sachês de 25 ou 50 mg. A dose
diária varia de 50 a 75 mg ao dia, e sua aplicação é feita na região do braço, tórax ou
abdome. Essa formulação apresenta vantagens e desvantagens semelhantes às da solução
hidroalcoólica.

■ OUTROS ESTEROIDES ANABOLIZANTES


A nandrolona é comercializada no Brasil em doses de 25 e 50 mg. Seu uso está indicado na
caquexia, como adjuvante para terapias específicas e medidas dietéticas em condições
patológicas caracterizadas pelo balanço negativo de nitrogênio, como durante doenças
debilitantes crônicas, terapias prolongadas com glicocorticoides ou após uma grande cirurgia
ou trauma. Ela também pode ser usada no tratamento de sarcopenia e osteoporose.
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É recomendado administrar doses adequadas de vitaminas, minerais e proteínas em
uma rica dieta calórica para obter um efeito terapêutico favorável.

A oxandrolona está indicada na recuperação de grandes queimados. Ela não é


comercializada em farmácias alopáticas no Brasil, sendo adquirida por atletas em farmácias
de manipulação.
O estanozolol é outro esteroide androgênico anabólico muito utilizado por atletas e
esportistas. Entretanto, ele não está padronizado para uso humano no Brasil, e toda forma de
aquisição no nosso meio ocorre de maneira ilegal.

■ PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS DO USO INDEVIDO DE


ANABOLIZANTES
O uso de EAAs é sempre feito em doses muito elevadas e não testadas clinicamente em
seres humanos. Também existe a possibilidade de ocorrer mistura de diferentes substâncias
com suas interações. Isso faz com que os efeitos colaterais, tanto físicos como psicológicos,
sejam perigosos, variando entre homens e mulheres.13 Os efeitos colaterais podem ser ainda
mais perigosos em jovens que estão em fase de desenvolvimento, podendo interromper o
crescimento e o desenvolvimento sexual adequado.
De uma maneira geral, os efeitos adversos do uso abusivo dos EAAs em mulheres
são:13,14

engrossamento da voz;
aumento do apetite;
crescimento do clitóris;
diminuição das mamas;
aumento de pelos na face e no corpo (hirsutismo);
irregularidade menstrual, amenorreia e/ou infertilidade.
Os principais eventos adversos nos homens são:13,14

ginecomastia;
disfunção erétil;
diminuição ou atrofia testicular;
queda de libido após o uso dos esteroides;
oligozoospermia, azoospermia e/ou infertilidade;
artralgias;
ruptura de tendões.
A ruptura de tendões provavelmente acontece porque os esteroides estimulam a hipertrofia
muscular sem apresentar o mesmo efeito sobre os tendões, gerando uma desproporção que
aumenta o risco de ruptura tendínea.15
A seguir, são apresentados alguns dos efeitos adversos que podem ocorrer em ambos os
13 14
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13,14
sexos: (home)

acne e pele oleosa;


queda do cabelo;
alteração de enzimas hepáticas, hepatite medicamentosa e tumores hepáticos;
irritabilidade ou comportamento agressivo;
distúrbios psiquiátricos, como paranoia, alucinações e psicoses;
hipercoagulabilidade e risco de trombose;
retenção hídrica;
hipertensão arterial sistêmica (HAS);
risco de adquirir doenças transmissíveis, como hepatite B e C e aids, por compartilhamento de
agulhas.

LEMBRAR
A duração dos efeitos adversos do uso indevido dos EAAs depende da dose de cada
substância, do tempo de uso e do número de vezes que foram utilizados (ciclos). Muitos
efeitos adversos podem ser reversíveis com a suspensão do uso dos esteroides;
entretanto, na medida em que a utilização dessas substâncias se torna repetitiva, o
risco de irreversibilidade aumenta consideravelmente.

Especificamente com relação aos hormônios sexuais em homens, uma revisão sistemática
e metanálise demonstrou a normalização nos níveis de hormônio luteinizante (em inglês,
luteinizing hormone [LH]) e de hormônio folículo estimulante (em inglês, follicle-stimulating
hormone [FSH]) entre 12 a 24 semanas após a suspensão do uso dos esteroides
anabolizantes. Por sua vez, o nível de testosterona demorou mais a se normalizar, e a
recuperação iniciou apenas após a 16ª semana de suspensão dos anabolizantes.16

LEMBRAR
Em quase todos os estudos foram reveladas alterações quantitativas — como
diminuição da contagem de espermatozoides — e qualitativas — como modificações
em algum parâmetro do espermograma —, com a normalização entre 8 e 30 semanas
após a suspensão dos fármacos.16

Um dado ressaltado em um estudo com halterofilistas apontou duração prolongada dos


efeitos colaterais dos esteroides anabolizantes sobre o eixo hipófise-testículos, pois,
mesmo após sua suspensão, os atletas que foram usuários dessas substâncias
apresentaram, em média, menor volume testicular, pior desempenho em escalas de avaliação
do desejo sexual e níveis séricos de testosterona mais baixos do que indivíduos que nunca
usaram tais substâncias. Além disso, 8% desses atletas não recuperaram totalmente o desejo
sexual, e 29% apresentou um quadro depressivo após a interrupção do uso de esteroides
anabolizantes.17

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■ OUTRAS (home)
SUBSTÂNCIAS UTILIZADAS ILICITAMENTE
PARA MELHORAR O RENDIMENTO NO ESPORTE
Na lista de proibições do Comitê Olímpico Internacional (COI), além dos anabolizantes
clássicos, estão relacionadas as substâncias apresentadas no Quadro 3.
Quadro 3
SUBSTÂNCIAS UTILIZADAS PARA MELHORAR O RENDIMENTO NO ESPORTE
QUE CONSTAM NA LISTA DE PROIBIÇÕES DO COI
Gonadotropinas hCG (em homens);
LH (em homens).

Moduladores androgênicos inibidores de aromatase, como anastrozole e letrozole;


antiestrogênicos, como clomifeno e tamoxifeno;
androstenediona;
DHEA.

SARMs –
GH –
COI: Comitê Olímpico Internacional; hCG: gonadotrofina coriônica humana; LH: hormônio luteinizante; DHEA:
dehidroepiandrosterona; SARMs: moduladores seletivos dos receptores de androgênios; GH: hormônio do
crescimento.
Fonte: Adaptado de Iyer e Handelsman (2017);14 Pope e colaboradores (2014).18

No Quadro 4, estão descritas situações em que a suspeita do uso de EAAs deve ser
lembrada em homens, mulheres, crianças e adolescentes.
Quadro 4
FATORES DE SUSPEIÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE EAAS EM HOMENS, MULHERES,
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Homens Mulheres Crianças e Todos os
adolescentes indivíduos
Competição em um esporte ou Desenvolvimento Surgimento de sinais Padrão
uma atividade física em que o de ciclos de puberdade bioquímico/hormonal
excesso de andrógenos está menstruais precoce, como de elevação do
associado à melhora do irregulares; desenvolvimento de hematócrito com:
desempenho esportivo; sinais físicos características
mudança súbita de como hirsutismo, sexuais secundárias;
comportamento, como acne eatrofia das desenvolvimento da alto nível de
depressão, irritabilidade ou mamas; massa muscular testosterona sérica;
agressividade; recessão inapropriado para a baixos níveis de LH
aumento mais intenso e rápido temporal dos idade/gênero; e FSH séricos;
da força física e da massa cabelos; fechamento diminuição do nível
muscular em comparação com engrossamento prematuro de epífises; sérico de SHBG.
os outros atletas; da voz; diminuição da altura
ginecomastia, acne, testículos clitoromegalia; final.
pequenos e baixa densidade aumento rápido
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p q p
de espermatozoides;(home) e intenso da
rupturas idiopáticas de tendão, massa muscular;
especialmente na parte diminuição da
superior do corpo. gordura corporal.
EAAs: esteroides androgênicos anabolizantes; LH: hormônio luteinizante; FSH: hormônio folículo estimulante;
SHBG: globulina ligadora dos hormônios sexuais.
Fonte: Adaptado de Pope e colaboradores (2014).18

■ TERAPIA DO HIPOGONADISMO INDUZIDO PELO USO


DE ESTEROIDES ANDROGÊNICOS ANABOLIZANTES
Os detalhes do tratamento do hipogonadismo induzido pelo uso de EAAs estão além do
escopo deste artigo. No entanto, é possível citar as seguintes intervenções principais:19–21

interrupção do uso de EAAs;


fornecimento de suporte psicológico/psiquiátrico;
utilização de testosterona e seus derivados, se necessário, nos casos de hipogonadismo grave,
em doses fisiológicas e decrescentes, por curtos períodos;
emprego de SARMS, como clomifeno, ou hCG injetável para a recuperação do eixo
hipotálamo-hipófise-gônada.

ATIVIDADES

4. Observe as seguintes afirmativas sobre o uso de medicações, como EAAs, para tratar
o hipogonadismo masculino.
I — O cipionato é frequentemente utilizado como EAA, pois, além de ter baixo custo,
causa picos de concentração de testosterona sérica.
II — O undecilato de testosterona não é utilizado como EAA por não apresentar picos
expressivos de testosterona, ter meia-vida prolongada e ser muito caro.
III — As apresentações de testosterona em forma de géis não são utilizadas como
EAAs, pois não causam grandes picos de concentração de testosterona.
IV — Apesar do baixo custo, a mistura de ésteres de testosterona não ocasiona picos de
concentração de testosterona e, por isso, não é utilizada como EAA.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I, a II e a III.
B) Apenas a I, a II e a IV.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta

5 Observe as seguintes alternativas com relação aos efeitos dos EAAs em mulheres
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5. Observe as (home)
seguintes alternativas com relação aos efeitos dos EAAs em mulheres.
I — Aumento da massa magra.
II — Alteração do timbre de voz.
III — Incremento do volume das mamas.
IV — Acréscimo da oleosidade da pele, acne e hirsutismo.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I, a II e a III.
B) Apenas a I, a II e a IV.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta

6. Observe as seguintes alternativas com relação às consequências do uso crônico de


EAAs em homens.
I — Aumento da fertilidade.
II — Diminuição do volume testicular.
III — Decréscimo da produção de espermatozoides.
IV — Ruptura de tendões, especialmente dos músculos dos membros inferiores.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I, a II e a III.
B) Apenas a I, a II e a IV.
C) Apenas a I, a III e a IV.
D) Apenas a II, a III e a IV.
Confira aqui a resposta

7. Observe as seguintes alternativas com relação a quais são as consequências do uso


crônico de EAAs em ambos os gêneros.
A) Poliglobulia, com hipercoagulabilidade e aumento do risco de trombose.
B) Retenção hídrica e edema.
C) Alterações no humor, com diminuição da agressividade.
D) Todas as alternativas estão corretas
Confira aqui a resposta

8. Com relação ao tratamento do hipogonadismo masculino, marque V (verdadeiro) ou F


(falso).
( ) A interrupção do uso de EAAs é mandatória.
( ) O suporte psicológico/psiquiátrico, com uso de antidepressivos em casos específicos,
é quase sempre desnecessário para esses pacientes.
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( ) A substituição dos EAAs por derivados de testosterona em doses fisiológicas e


(home)

regressivas, por períodos curtos, é uma alternativa.


( ) Os SARMS e o hCG podem ser úteis nesses casos.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

A) F — V — V — V
B) V — F — V — V
C) V — V — F — V
D) V — V — V — F
Confira aqui a resposta

■ CASO CLÍNICO
Na avaliação física, o paciente apresenta-se em bom estado geral, corado, hidratado,
eupneico e com musculatura esquelética muito desenvolvida. Também evidencia
desenvolvimento sexual completo compatível com o gênero biológico, ginecomastia
bilateral confirmada por ultrassonografia de mamas, bolsa escrotal sem alterações e
testículos de volume e consistência normais. A tiroide e o abdome não mostram
alterações.
O exame físico mostrou os seguintes parâmetros:

peso = 85 kg;
altura = 178 cm;
cintura abdominal = 85 cm;
índice de massa corporal = 26,9 kg/m2;
percentual de gordura corporal = 9% (VR = 10–20%);
pressão arterial = 120/80 mmHg;
frequência cardíaca = 78 bpm.
Por sua vez, os exames laboratoriais apresentam os seguintes resultados:

LH = 0,1 mUI/mL;
FSH = 0,1 mUI/mL;
SHBG = 78 nmol/L;
testosterona total = 2.343 ng/dL;
testosterona livre calculada = 43,2 ng/dL;
prolactina = 11 ng/mL;
estradiol = 101 ng/dL.

ATIVIDADE
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ATIVIDADE Portal Secad

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9. Analise as seguintes afirmativas sobre o caso clínico apresentado.


I — O padrão de LH/FSH baixo com testosterona elevada sugere uso de EAAs.
II — A presença de ginecomastia com ausência de atrofia testicular sugere uso recente
de EAAs.
III — As alterações de comportamento e a percepção da imagem corporal apresentadas
pelo paciente são muito frequentes entre os usuários de EAAs.
Quais estão corretas?

A) Apenas a I e a II.
B) Apenas a I e a III.
C) Apenas a II e a III.
D) A I, a II e a III.
Confira aqui a resposta

Após interrogatório mais detalhado, o paciente admitiu ter usado EAAs pelos,
aproximadamente, últimos 5 meses, pois queria melhorar a aparência e, principalmente,
garantir uma vaga no time universitário, pois acabou de ingressar em uma universidade
privada com bolsa de 50% por ser atleta.
O paciente revelou, ainda, que conseguiu informações sobre as medicações na internet
e que as adquiriu com um colega na academia de musculação. Ao longo da consulta,
demonstrou grande nível de informação sobre o tema e afirmou que já sabia que a
ginecomastia era consequência do uso de EAAs. Também mencionou que gostaria de
manter o uso dos fármacos com suporte médico. A mãe, que já desconfiava que o jovem
estivesse usando EAAs, ficou bastante constrangida e manteve uma atitude agressiva
em relação ao filho.
O nível sérico suprimido de LH/FSH associado aos altos níveis de testosterona total e
livre sugeriram uso de EAAs. O alto nível de estrogênio decorre da conversão periférica
de testosterona em estradiol pelo aumento da aromatização periférica. A ginecomastia
ocorre por causa desse desequilíbrio na relação testosterona/estradiol e pode ocorrer
mais precocemente do que outros sintomas/sinais. O fato de que o paciente não
apresente outras alterações, tais como atrofia testicular, sugere que o uso de EAAs é
relativamente recente.
A partir da consulta, ficou claro que a intervenção precisa ser ampla, com ações médicas
e de suporte familiar. Inicialmente, enfatizou-se sobre a posição francamente contrária
dos endocrinologistas ao uso estético de EAAs, ressaltando todos os riscos associados
a essa medida. Em seguida, foram dadas explicações sobre o plano de desmame dos
EAAs como o uso de doses fisiológicas e sobre o uso de tamoxifeno na tentativa de16/19
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03/07/2019 Portal Secad
EAAs, como o(home)
uso de doses fisiológicas, e sobre o uso de tamoxifeno, na tentativa de
diminuir a ginecomastia. Por fim, sugeriu-se fortemente que toda a família participe de
terapia psicológica e, caso necessário, psiquiátrica.
O paciente disse que pensaria sobre a proposta, mas, até agora, não regressou para a
reavaliação.

■ CONCLUSÃO
A atenção dada nos últimos anos ao abuso da utilização de anabolizantes na sociedade atual
deve ser usada como uma oportunidade para educar os atletas e a população em geral
quanto a seus efeitos adversos. É preciso desencorajar a utilização desses compostos,
principalmente entre adolescentes.
Ainda são necessárias investigações para identificar formas de acelerar a recuperação do
eixo gonadal nos usuários de EAAs e determinar mais claramente os mecanismos dos efeitos
colaterais dessas substâncias usadas isoladamente ou em conjunto.

■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS


Atividade 1
Resposta: B
Comentário: A terceira afirmativa sobre a utilização de EAAs por parte de atletas é incorreta,
pois, o uso de EAAs é considerado doping e está proibido para atletas competitivos.
Atividade 2
Resposta: B
Comentário: A primeira alternativa é incorreta porque, embora a maior parte dos EAAs foi
desenvolvida a partir de tentativas malsucedidas de separar as propriedades anabólicas e
androgênicas desses derivados de testosterona. A segunda alternativa é correta porque o
primeiro esteroide anabólico com dissociação suficiente das propriedades androgênicas e
anabólicas para justificar a introdução na prática clínica foi a nandrolona, um análogo 19-nor
da testosterona. A terceira e a quarta afirmativas são falsas, dado que os EAAs foram
utilizados desde os anos de 1950 para melhorar o desempenho nos esportes e que esse
emprego se propagou em meados da década de 1960, particularmente entre os levantadores
de peso e outros atletas de força.
Atividade 3
Resposta: D
Comentário: A primeira afirmativa é falsa porque a ação miogênica é a que apresenta o efeito
anabólico. A segunda e a terceira afirmativas também são falsas porque o propionato de
testosterona, o enantato de testosterona e o cipionato de testosterona são de uso parenteral,
enquanto que o estanozolol, o danazol e a oxandrolona são de uso oral.
Atividade 4
Resposta: A
Comentário: A quarta afirmativa sobre o uso de medicações para tratar o hipogonadismo é
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incorreta, pois a mistura


(home) de ésteres de testosterona e o cipionato são frequentemente
utilizados como EAAs, dado que, além de terem baixo custo, causam picos de concentração
de testosterona sérica.
Atividade 5
Resposta: B
Comentário: A terceira alternativa sobre os efeitos dos EAAs em mulheres é incorreta, pois,
essas substâncias apresentam efeitos androgênicos (como acne e hirsutismo), miogênicos
(anabólicos) e provocam a diminuição do volume das mamas.
Atividade 6
Resposta: D
Comentário: A primeira alternativa sobre as consequências do uso crônico de EAAs em
homens é incorreta, pois ele pode causar atrofia testicular — com diminuição da produção de
espermatozoides e consequente infertilidade — e ruptura de tendões.
Atividade 7
Resposta: D
Comentário: Todas as afirmativas estão corretas.
Atividade 8
Resposta: B
Comentário: A segunda alternativa sobre o tratamento do hipogonadismo masculino é
incorreta, pois a ocorrência de depressão é frequente após a interrupção do uso de EAAs,
tornando o suporte psicológico/psiquiátrico, inclusive com o uso de antidepressivos,
imprescindível em alguns casos.
Atividade 9
Resposta: D
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