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CONCLUSÃO – p45
APÊNDICE – p46
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
INTRODUCÃO
MORTE OU IMORTALIDADE
A primeira questão a analisar é a seguinte: Para quê um Deus todo poderoso e imortal
idealizaria uma criação esmerada como o homem, com o propósito de faze-lo viver uma
breve existência e depois disso perecer? Teria o homem sido criado para ser finito
eternamente? A palavra de Deus nos afirma o contrário:
“Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também
pôs a eternidade no coração do homem, sem que este
possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio
até ao fim.” Eclesiastes 3:11
A eternidade está no coração do homem, de modo que a morte acaba sendo um
paradoxo ao seu entendimento, pois sente que a sua existência não se finda. Por isso as
primeiras manifestações religiosas dos povos primitivos procuraram dar uma solução a esse
problema. Se analisarmos a cultura egípcia, por exemplo, entenderemos que as misteriosas e
gigantescas construções das pirâmides nada mais são do que imensos túmulos onde eram
depositados os mortos pertencentes à casta real dos faraós. Ao morrer um faraó, era
sepultado com suas riquezas e até mesmos com seus escravos ainda vivos, pois criam que
não permaneceriam mortos, antes de alguma forma retornariam à vida e os seus escravos
poderiam assim estar ali para servi-los.
A transcendência da alma dos mortos para um outro plano de existência era a única
explicação que alentava aos que ficavam vivos, inconformados com a abrupta subtração
daqueles que outrora estavam vivendo em pleno vigor no mundo. Isso se reflete em todas as
culturas religiosas antigas, e é fruto dessa necessidade latente do homem em não admitir o
fim de sua existência.
A verdade é que homem não deixa de existir ao morrer neste plano material que
chamamos mundo. A centelha de sua vida continua existindo, pois, sua alma (o ser em
essência) é eterna.
O que é a morte?
Não é, como já dissemos, a aniquilação da vida, tão pouco é a falência do fôlego de
vida, como acontece com os animais que não têm alma semelhante a do homem, e por isso
ao findar esse fôlego vital, perecem juntamente com o corpo inanimado. Poderíamos dizer
tecnicamente, que a morte do ser humano se configura na ruptura do equilíbrio entre a alma
e o seu corpo físico (parte material). Quando a vida do homem, por qualquer trauma ou
colapso nas suas funções orgânicas é obrigada a deixar sua habitação, há a separação da
alma e do corpo, e a isso chamamos morte.
“Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo
dia, perecem todos os seus desígnios. ” Salmos 146:4
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
“e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a
Deus, que o deu.” Ec 12:7
A experiência da morte
A explicação dada anteriormente apenas constata os fatores que acarretam a morte no
sentido técnico, porém, a morte deve ser analisada pelo prisma espiritual, sendo ela uma
conseqüência do pecado original do primeiro homem, Adão.
Até Adão consumar a desobediência a Deus, que resultaria na escravidão de todos os
seus descendentes ao jugo da morte, esta mesma morte deveria lhe parecer algo
incompreensível, já que estava inaugurando e gozando sobre a terra a vida humana em plena
comunhão com o Criador.
Ao cair de dimensão e a maldição contamina-lo, assim como contaminou toda a
criação, a morte passou a se assenhorear do homem com direitos legais de tragá-lo para os
seus domínios. Adão que só tinha conhecimento teórico da morte veria seu efeito funesto, na
prática, com a morte de seu filho Abel. O primeiro homicídio, executado por Caim em seu
irmão Abel, inaugurou o processo que alcançaria todo homem e consumou o decreto de
Deus dado a Adão. Com isso, a primeira alma humana deixou o corpo passando a existir,
agora noutro plano, e a prova de que sua alma ainda vivia, está implícito na linguagem
figurada, usada no registro bíblico para dizer, que Abel clamava ao Criador a justiça por sua
morte:
“E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão
clama da terra a mim. És agora, pois, maldito por sobre a
terra, cuja boca se abriu para receber de tuas mãos o
sangue de teu irmão. ” Gênesis 4:10-11
A expressão: “a voz do sangue de teu irmão clama ”, Deve ser
compreendida vendo o sangue como sinônimo de vida (alma) e poderia ser traduzido como a
voz da alma de Abel clama a Deus desde a terra. Os termos “Desde a terra” e a “boca se
abriu”, referindo à terra, também nos dão os primeiros indícios da localização do mundo dos
mortos. Se seguirmos o mesmo raciocínio dos antigos de que o sangue é a vida (alma) e
olharmos para o texto acima, traduziríamos assim: “a terra, cuja boca se abriu para receber
de tuas mãos a alma de teu irmão”. Se o texto se refere á parte imaterial do homem, também
o termo “boca da terra” não diz respeito a uma cova, que seria para o corpo de Abel, antes é
para onde se dirigiu a sua alma.
Continuaremos a explanar essa questão de para onde vão as almas, no decorrer desse livro.
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
CAPITULO I
O PROPÓSITO DE DEUS COM A MORTE
Partamos de um pensamento geral para chegarmos a uma conclusão: “Se Deus é o
criador de todas as coisas que existem, logo também, é o criador da morte. ” Esse conceito
está correto, pois somente Deus poderia ter planejado criar essa dimensão espiritual.
Muitas vezes nos pegamos tentando defender a Deus da acusação de ter criado algo
tão terrível quanto a morte. É um pensamento piedoso que só consegue atribuir bondade aos
feitos de Deus e em contrapartida não consegue associa-lo a nada, que aos nossos olhos, seja
mal e injusto. No entanto, antes de concebermos uma idéia limitada da questão devemos
pensar que Deus está acima do conceito que temos de “bem” e “mal”, “justo” e “injusto”. A
vontade soberana de Deus é a sua justiça.
“ Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal;
eu, o SENHOR, faço todas estas coisas. ” Isaías 45:7
Então, não devemos nos perguntar: “Por que um Deus bom criaria algo tão ruim como
a morte? ”, antes devemos buscar discernir, à luz da palavra, a seguinte questão: “Para quê,
com que propósito, Deus criou a morte? ”
A palavra de Deus é clara em dizer que onde não há lei, não há transgressão (Romanos
4:15), logo o fato de Deus ter dado a Adão uma lei, isto já pressupõe o castigo. Se Deus não
lho proibisse, tendo em vista que Adão era passível de queda, não teria ele cometido nenhum
erro, portanto, concluímos que Deus não só previu que o homem transgrediria, antes ao dar a
sentença da lei a um ser que não era incorruptível e imortal, já o estava conduzindo ao seu
propósito.
De fato, foi Adão que pecou e Deus não interferiu em seu livre arbítrio, contudo para
que seu propósito eterno fosse executado, criou Deus o ambiente propício à queda, ao pôr
diante de Adão e Eva a árvore do conhecimento do bem e do mal, ao lhe dar o decreto da lei,
incluindo a sentença e por fim, ao deixar que o Diabo cirandasse o casal no Éden. Sim, pois
Deus poderia não ter deixado o diabo ter fácil acesso as suas recém-formadas criaturas, e
sem poder tentá-los seria um pouco mais difícil a transgressão. Prova de que tudo estava
preparado por Deus só que com um fim muito maior.
A misericórdia de Deus para com o homem caído foi impedir o acesso a árvore da
vida, pois isso perenizaria definitivamente a condição do homem, ficaria imortal e
eternamente corrompido. Veja o cuidado de Deus com sua criatura especial, o banimento do
Éden, antes de ser apenas uma drástica punição, visava dar ao homem a chance de
posteriormente ser redimido pelos méritos de Cristo Jesus.
“Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se
tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal;
assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore
da vida, e coma, e viva eternamente. O SENHOR Deus,
por isso, o lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar
a terra de que fora tomado. E, expulso o homem, colocou
querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de
uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da
árvore da vida. ” Gênesis 3:22-24
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
A providência Divina
Todos os cristãos sabem que o antídoto para a morte inoculada por Adão na raça
humana é a vida proveniente de Jesus, o filho de Deus. No entanto, muitos crêem que Deus
enviou seu filho ao mundo como se Cristo fosse um reparo (conserto) no projeto de Deus em
vistas do fracasso humano. Seria assim, se Deus fosse como o ser humano, passível de
surpresas, mas, como Deus é perfeito e planeja todas as coisas perfeitamente, isso não
ocorreu desta forma.
Deus tem um propósito eterno, elaborado antes de todas as coisas e o envio do
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, estava predeterminado.
“segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo
Jesus, nosso Senhor,” Efésios 3:11
A prova maior que temos para afirmarmos que a morte, com a queda do homem, já
estava planejada de antemão é que o Cordeiro santo de Deus foi decretado morto desde a
fundação do mundo, ainda que só viesse a consumar isto dentro do tempo, na época
estabelecida pelo Pai.
“e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra,
aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida
do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.”
Apocalipse 13:8
“Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido
muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém,
ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por
todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o
pecado. ” Hebreus 9:26
O cordeiro, decretado morto desde a fundação do mundo por causa da criatura
humana, veio aniquilar o poder da morte com seu sacrifício que paga o resgate que Deus
fixou e requereu.
“e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por
meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas,
quer sobre a terra, quer nos céus.” Colossenses 1:20
Então, se a morte de Jesus não é um remendo no projeto de Deus e a queda de Adão já
estava programada, concluímos que Deus Pai objetiva alguma coisa com esse fatídico plano.
A palavra de Deus responde perfeitamente essa indagação:
“Porque Deus a todos encerrou na desobediência, a fim
de usar de misericórdia para com todos. ” Romanos
11:32
A solução divina alcançará todos os homens, pois de igual forma os homens não são
diretamente culpados pelo erro de apenas um. Já nascemos nesse mundo condenados a uma
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
morte herdada, sem, contudo, termos comido qualquer pedaço do fruto que Adão comeu e
isso seria sem dúvida grande injustiça. No entanto, a morte, para Deus cumpre um propósito
específico já que providenciou por meio de Jesus a redenção do pecado original para todo os
homens. E não digo que isso seja uma providência só para aqueles que crêem, pois até
mesmo os homens maus de todos os tempos receberão o benefício da ressurreição
conquistada por Jesus, mesmo que depois sejam julgados e aí sim recebam seu castigo
eterno que é a segunda morte. Da primeira morte (que é a morte natural) todos escapam.
Para Deus a morte dos homens não é um problema já que todos reviverão na
ressurreição do último tempo.
“tendo esperança em Deus, como também estes a têm,
de que haverá ressurreição, tanto de justos como de
injustos.” Atos 24:15
Havendo Deus planejado um dia em que julgará todos os mortos de todos os tempos e
que para Ele todos vivem, podemos afirmar que estas almas, temporariamente sem seus
corpos, estão reservadas em algum lugar aguardando aquele dia. E a despeito de pouco
sabermos sobre como é esse lugar; a dimensão dos mortos, o fato é que existe e a palavra de
Deus fala a seu respeito em várias passagens que analisaremos a seguir.
CAPITULO II
AS PORTAS DO SHEOL – HADES
(O Mundo dos Mortos)
As referências bíblicas ao mundo dos mortos no Antigo testamento, sempre estão
relacionadas ao vocábulo SHEOL ou SEOL. Infelizmente as traduções em português, tanto
católicas como evangélicas não fazem referência a essa palavra como mundo dos mortos,
antes reduzem seu sentido para “cova” e “sepultura”. No entanto, em hebraico, existem
palavras específicas para cova e sepultura, quando se quer falar sobre o lugar dos restos
mortais, por isso há prejuízo de compreensão com a imprecisão da tradução. Falaremos mais
sobre isso no apêndice deste livro.
A primeira referência ao Sheol está em Gênesis 37:35, quando Jacó fica sabendo da
suposta morte de José, ele anela ir ao encontro de seu filho. Ficaria ilógico achar que ele
estivesse falando em descer apenas à cova, pois nem se quer sabia a localização do corpo de
José, antes Jacó tinha a esperança de rever seu filho no mundo do além.
“Levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas
filhas, para o consolarem; ele, porém, recusou ser
consolado e disse: Chorando, descerei a meu filho até à
sepultura (SHEOL). E de fato o chorou seu pai”.
Gn 37:35
A idéia de que o Sheol está em baixo, no coração da terra, também é vista na
passagem em que há um juízo de Deus sobre a sedição provocada por Corá, Datã e Abirão;
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
com o povo de Israel no deserto. Podemos perceber a força da expressão “descerem vivos ao
Sheol”, na verdade querendo demonstrar que foram engolidos pela terra no fenômeno
provocado por Deus, mas o texto concluí que pereceram.
“Mas, se o SENHOR criar alguma coisa inaudita, e a terra
abrir a sua boca e os tragar com tudo o que é seu, e
vivos descerem ao abismo (SHEOL), então, conhecereis
que estes homens desprezaram o SENHOR”. Números
16:30
“Quanto ao Hades, o lugar onde estão as almas dos justos e injustos, é necessário que se
comente a respeito. O Hades fica em algum lugar não especificado no mundo; uma região
subterrânea onde a luz deste mundo não brilha... há ali uma escuridão perpétua. É um
lugar onde as almas são admitidas em custódia, e onde existem anjos que as guardam. Os
mesmos distribuem às almas punições temporárias, de acordo com o comportamento de
cada uma..
Nessa região há um determinado lugar à parte, como um lago de fogo eterno, onde supõe-se
que ninguém até agora esteve; mas está preparado para um dia predeterminado por Deus,
quando será proclamada a sentença que cada homem merecer... O injusto receberá seu
castigo eterno... enquanto o justo obterá um reino incorruptível e que nunca findará. Estes
últimos estão ainda confinados no hades, mas não no mesmo lugar onde os injustos estão...
Há um declive naquela região, em cujo portão há um arcanjo postado com um exército...
O justo é guiado para a direita, e dirigido com hinos cantados pelos anjos... a uma região
de luz, na qual os justos têm vivido desde a fundação do mundo.... Tal lugar é chamado seio
de Abraão.
Mas quanto ao injusto, será levado à força para a esquerda, por anjos que distribuirão
punições, como prisioneiros... e não apenas isso, mas de onde estão podem ver também o
lugar dos patriarcas e dos justos; até com estas visões são punidos, pois um profundo e
largo caos os separa; de tal forma que nenhum homem justo, mesmo que tivesse compaixão
deles poderia ser admitido, nem tão pouco o injusto, mesmo que tivesse coragem suficiente
para tentar, conseguiria atravessar”.
Discurso aos gregos acerca do Hades – Flávio Josefo séc.I
É impressionante o paralelo entre essa descrição de Flavio Josefo e as palavras de
Jesus em Lucas 16, levando-se em consideração que Flavio Josefo nunca foi cristão. Judeu,
de linhagem sacerdotal, fariseu, culto em todas as formas do pensamento religioso judeu,
Flavio Josefo representa bem os seus contemporâneos a respeito da fé dos judeus ortodoxos
do século I d.C.
No seu relato vemos o Hades contendo todas as almas dos homens, que são
encaminhados à dois compartimentos distintos separados por um “caos”(o abismo). Ainda,
denomina o lado dos justos da mesma forma que Jesus, chamando-o de Seio de Abraão. Fala
também, da impossibilidade de se atravessar de um lado para outro, mas que é possível ver
de um lado ao outro. Outro detalhe, e a menção do “Portão” que guarda o Hades, como já
dissemos, crença comum na descrição do mundo dos mortos.
Outro paralelo interessante é a noção de que os ímpios já sofrem no lado de tormento,
castigo, enquanto, em custódia, aguardam a ressurreição do Juízo.
“é porque o Senhor sabe livrar da provação os piedosos
e reservar, sob castigo, os injustos para o Dia de Juízo”,
2 Pedro 2:9
Mitologia greco-romana
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Vitória sobre a Morte
Para fins de conhecimento do pensamento comum sobre o Hades no mundo
helenizado, falaremos resumidamente sobre a mitologia dos gregos assimilada pelos
romanos.
Hades – Nome grego do deus do mundo inferior para onde as almas eram levadas após
a morte. O seu nome latino era Plutão. Raptor e marido de Prosérpina. O nome tanto servia
para designar esse deus como também o seu domínio.
Setores do Hades - Para lá corriam rios onde as almas eram levadas de barco por
Caronte. O rio Estige era o caminho normal das almas ao chegarem ao Hades que ao
desembarcarem atravessavam a planície dos Narcisos. Um terrível cão de três cabeças de
nome Cérbero guardava o lugar. Mais adiante ficavam os campos verdes do Érbero e do rio
Letes, nesse lugar ficava o Palácio de Hades. Aí as almas eram julgadas para verem que
destino lhes reservariam os juízes, se ficariam no Campo dos Narcísios, ou se tivessem
algum mérito, iriam para os Campos Elísios e caso fossem dignos de punição eram enviados
para o Tártaro. Os Campos Elíseos era um lugar iluminado com paisagem verdejante e som
de flautas onde havia banquetes e vinhos em cascatas. Os heróis mitológicos e as almas
consideradas justas iam para lá.
Para outro lugar eram levadas às almas dos maus e transgressores, iam para o Tártaro,
cujas portas de bronze só se abriam para dar entrada e nunca saída. Era o lugar das penas e
punições e para lá também foram confinados os deuses rebelados chamados Titãs que
perderam a batalha contra Zeus.
Nota-se alguma influência da mitologia greco-romana nas elaborações teológicas
posteriores do cristianismo católico, com a idéia de Céu para os bons comparado aos
Campos Elíseos, e o Inferno para os maus com seu paralelo no Tártaro. Também sobre as
almas que ficam no estágio intermediário semelhante, em parte, ao Purgatório.
A idéia de julgamento imediato das almas que então seguem para o seu destino eterno
nega a revelação bíblica da necessária ressurreição dos mortos para o julgamento no dia do
juízo final.
Outro detalhe interessante é a prisão dos deuses derrotados na rebelião contra Zeus no
lugar chamado Tártaro dentro do Hades. A bíblia faz menção a essa palavra apenas uma vez,
justamente para descrever a punição dos anjos expulsos do Céu por causa da rebelião de
Satanás.
“Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes,
precipitando-os no inferno (TÁRTARO), os entregou a
abismos de trevas, reservando-os para juízo;” 2 Pedro
2:4
CAPITULO III
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“Declarou-lhe Jesus: Teu irmão há de ressurgir. Eu sei,
replicou Marta, que ele há de ressurgir na ressurreição,
no último dia. Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a
vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo
o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês
isto? ” João 11:23-26
O poder do Pai que estava em Jesus já lhe conferia autoridade sobre a morte, ao ponto
dela não poder resistir o seu comando. Ao chamar o morto pelo nome, a alma retornava ao
corpo do outrora falecido sem que a morte pudesse reter tal alma. Mesmo que depois, como
foi com Lázaro a morte viesse novamente a recebê-lo, o fato é que Jesus dava testemunho do
Poder da ressurreição. A vida vence a morte.
Conquanto Jesus soubesse que iria sofrer escárnios sendo entregue nas mãos dos
pecadores e por fim seria supliciado na cruz, também sabia que ressurgiria dentre os mortos,
pois isso fazia parte do propósito eterno do Pai.
“Então, começou ele a ensinar-lhes que era necessário
que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, fosse
rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e
pelos escribas, fosse morto e que, depois de três dias,
ressuscitasse. ” Marcos 8:31
Sua angústia de morte e a realidade de receber sobre si a maldição do homem a fim de
redimi-lo, são bem retratadas em cores vivas no relato do Getsemani quando teve uma
trombose e suou sangue. Isto é importante para a afirmação de que Jesus Cristo realmente
morreu naquela cruz, consumando a obra redentora e Ele realmente rendeu seu espírito, ou
seja, faleceu.
“Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos
entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou. ” Lucas
23:46
A Descida de Jesus Cristo ao Hades
A morte de Jesus é um fato registrado na palavra de Deus que também relata não só o
seu sepultamento no túmulo cedido por José de Arimatéia, como também revela o que
aconteceu no período em que o Senhor esteve morto antes de ressuscitar.
Podemos, então, refutar três correntes de pensamento que tentam negar a revelação
bíblica. A primeira afirmação desmente a morte literal de Jesus, dizendo que o Senhor teria
entrado em estado comatoso vindo a recobrar-se logo depois. No entanto a palavra afirma:
“Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre
morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para
Deus. ” Romanos 6:10
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Vitória sobre a Morte
“Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que
Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras, ” 1 Coríntios 15:3
A Segunda afirmativa descalçada da verdade, não nega que o Senhor Jesus tenha
morrido, no entanto afirma que ao expirar sobre o madeiro, a alma de Jesus teria
imediatamente subido ao Céu à presença do Pai. No entanto, a palavra não diz em tempo
algum que ao morrer, Jesus subiu ao céu, antes afirma que depois de ressuscitado ele ainda
não tinha subido para Deus:
“Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda
não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e
dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus
e vosso Deus.” João 20:17
A outra idéia simplista diz que Jesus realmente morreu e que sua alma não foi para
lugar nenhum, antes quando diz que ele desceu ao Hades está falando figuradamente sobre o
seu sepultamento. Analisemos as afirmações inequívocas dos textos bíblicos sobre o local
para onde foi a alma de Jesus e a sua atividade depois de morto.
O Apóstolo Pedro em seu discurso comenta as palavras proféticas de Davi, a respeito
do Messias que ressurgiria de entre os mortos. Pedro destaca que a morte não poderia reter a
Jesus.
“Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o
Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com
milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus
realizou por intermédio dele entre vós, como vós
mesmos sabeis; sendo este entregue pelo determinado
desígnio e presciência de Deus, vós o matastes,
crucificando-o por mãos de iníquos; ao qual, porém, Deus
ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto
não era possível fosse ele retido por ela.”
Atos 2:22-24
Na continuidade, Pedro aplica a Jesus as palavras de Davi dizendo literalmente que a
alma do Senhor não seria deixada no Hades.
“Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente a
respeito do patriarca Davi que ele morreu e foi
sepultado, e o seu túmulo permanece entre nós até hoje.
Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia
jurado que um dos seus descendentes se assentaria no
seu trono, prevendo isto, referiu-se à ressurreição de
Cristo, que nem foi deixado na morte (HADES), nem o
seu corpo experimentou corrupção.” Atos 2:29-31
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Não há sentido figurado, nem tampouco o fato de ter descido faz alusão a seu
sepultamento sob a terra, antes “às regiões inferiores da terra” é clara referência ao Hades.
“Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia
descido às regiões inferiores da terra? Aquele que
desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os
céus, para encher todas as coisas.” Efésios 4:9-10
Duas coisas aconteceram enquanto Jesus estava no Hades, e os textos bíblicos relatam
exatamente essas atividades do Senhor no Mundo dos mortos. Muitos comentadores
polemizam a questão se atendo a termos técnicos do texto para desconsiderar o relato
questionando a pregação aos mortos. Tampouco o texto afirma que as almas dos mortos
tiveram chance de sair do tormento e ir para o paraíso se convertendo depois de mortos. O
texto somente afirma que o Senhor foi “Proclamar” seu senhorio como Rei de vivos e
também dos mortos, já que os mortos em questão, nenhuma revelação tinham a respeito do
Cristo.
“Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos
pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a
Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no
qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, os
quais, noutro tempo, foram desobedientes quando a
longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé,
enquanto se preparava a arca, na qual poucos, a saber,
oito pessoas, foram salvos, através da água,” 1 Pedro
3:18-20
“Foi precisamente para esse fim que Cristo morreu e
ressurgiu: para ser Senhor tanto de mortos como de
vivos.” Romanos 14:9
Deus fez convergir em seu filho primogênito, todas as coisas criadas, por isso até
mesmo os mortos no Hades deveriam reconhecer a Jesus como o Senhor de tudo e de todos.
De forma indireta podemos observar essa realidade no texto que fala de todas as dimensões
de seres existentes, tanto no céu: os principados e potestades; na terra: os vivos; e debaixo da
terra: os mortos, se curvando diante do nome de Jesus.
“para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos
céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse
que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.”
Filipenses 2:10-11
O Senhor Jesus além de proclamar seu senhorio universal, foi até o Hades com o
propósito principal de vencer a morte. Sua alma havia sido edificada como morada do Pai,
possuía a plenitude de Deus que são seus sete espíritos e por isso a morte não pôde dominá-
lo. A morte é um grande inimigo do ser humano e Jesus como representante da nova ordem
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Vitória sobre a Morte
de seres humanos que hão de surgir sobre a terra, sendo o primogênito dos ressuscitados em
glória, precisava inaugurar o processo de vitória sobre a morte a partir de si mesmo.
“Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o
primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas
ter a primazia,” Colossenses 1:18
Tendo triunfado sobre a morte em sua ressurreição gloriosa, tomou as chaves da morte
e do seu domínio. As chaves significam o poder, a autoridade que desde então pertence a
Jesus sobre todos os mortos.
“e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo
pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e
do inferno(HADES).” Ap1:18
Outro texto importante que confirma esta verdade está em Efésios 4:8, que diz que o
Senhor Jesus levou cativo o cativeiro. Obviamente ao referir-se ao cativeiro está falando da
dimensão da morte que também tencionava aprisiona-lo, mas ao contrario foi subjugada. É
importante, no entanto, asseverar que Ele levou cativo o seu próprio cativeiro, ou seja,
somente Ele venceu a morte e todos os demais mortos continuam subjugados a ela. Digo
isso, porque existem correntes de pensamentos teológicos que vêem nesse texto base para
afirmarem que Jesus teria levado cativo o cativeiro dos santos que estavam no Hades até a
sua morte. O Contexto deixa claro que a vitória de Jesus concedeu dons aos homens por
causa do espírito enviado a Igreja e dos dons desse espírito que promove o aperfeiçoamento
dos santos. Sobre essa idéia apócrifa falaremos noutro capítulo.
“Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o
cativeiro e concedeu dons aos homens.” Efésios 4:8
A ressurreição de Jesus Cristo confere a Igreja a esperança real de, como o Senhor,
ressurgir dentre os mortos consumando a vitória conquistada pelo primogênito a fim de que
todos os santos reinem com Ele, no estabelecimento do Reino sobre a terra.
“Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a
nós pelo seu poder.” 1 Coríntios 6:14
“Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos
quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas
dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem
como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não
adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não
receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e
reinaram com Cristo durante mil anos.” Apocalipse 20:4
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Vitória sobre a Morte
CAPITULO IV
EDIFICAREI A MINHA IGREJA...
A vitória de Jesus sobre a morte, depois de descer ao hades e ressuscitar em corpo
glorificado, é a base da esperança da Igreja de, um dia, que já se aproxima, igualmente
prevalecer sobre a morte, e em condição de vida eterna reinar com Jesus. Essa esperança
tem por fundamento as próprias palavras do Senhor ditas a Pedro, registradas no livro de
Mateus:
“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno (HADES)
não prevalecerão contra ela”.
Mateus 16:18
Sem entrar no mérito da questão sobre o primado de Pedro e o trocadilho usado por
Jesus sobre a pedra, o que importa asseverar é que o Senhor profetiza que a sua Igreja não
ficaria para sempre mais fraca do que a morte.
Apesar de todos os santos “descansarem no Senhor” de todas as suas labutas e
gozarem do refrigério de estar no Paraíso ou Seio de Abraão, o fato é que estão mortos e essa
condição, ainda que não definitiva, não lhes permite consumar o plano do Pai de
estabelecimento do Reino na terra. Todos dependem do cumprimento das palavras
proféticas de Jesus para participarem da grande vitória coletiva do corpo de Cristo na
ressurreição dos justos.
Jesus garante que Ele mesmo trabalhará para a edificação da Igreja, sua noiva,
primeiramente enviando o seu espírito, veículo da sua graça que edifica e aperfeiçoa a Igreja.
“agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne,
mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele
santos, inculpáveis e irrepreensíveis,”
Colossenses 1:22
O Apóstolo Paulo fala a respeito do aguilhão da morte que é o pecado, e enquanto
houver pecado, ainda que seja apenas um, todo ser é mais fraco que a morte e por ela é
subjugado. A solução é tornar-se puro e sem pecado para prevalecer sobre ela.
O problema que surge na nossa mente é: como a Igreja poderá vencer a morte se é
constituída de homens pecadores? Mesmo os mais santos tinham pecados e por isso
encontram-se mortos, no estado desincorporado. A solução para isso é que o Senhor trabalha
em sua Igreja, levando-a a avançar em estatura espiritual até a plenitude, a fim de torná-la
irrepreensível fazendo-a chegar à perfeição para então, por fim, faze-la triunfar sobre a
morte.
“Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade,
à medida da estatura da plenitude de Cristo,” Efésios
4:13
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
Esse processo de edificação já perfaz cerca de dois mil anos, mas fato é que a Igreja
do tempo do fim alcançará esse estágio de perfeita em Cristo. Podemos ilustrar da seguinte
forma: Imagine uma Construção de um prédio. A primeira etapa é o alicerce, depois se
erguem as vigas de sustentação para depois erguer as paredes e na etapa final concluir com
os acabamentos. Sendo Cristo Jesus o alicerce, os santos da Igreja primitiva poderíamos
dizer que foram as colunas que começaram a erguer a construção, vindo depois deles as
demais equipes cada qual com sua empreitada. No entanto a obra só será concluída pela
última equipe que a finalizará tornando-a de fato edificada. Assim será a vitória da Igreja,
quando a Igreja do tempo do Fim alcançar a plenitude de Cristo em perfeição, toda a obra
edificada pelos demais santos, finalmente será recompensada consumando a salvação de
todos no tempo do fim.
“que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé,
para a salvação preparada para revelar-se no último
tempo.” 1 Pedro 1:5
A igreja que dorme no Senhor, que é constituída de santos vencedores, depende que a
Igreja militante do tempo do fim cumpra a sua parte chegando à perfeição, tornando-se sem
ruga sem mácula, sem pecado a fim de que o noivo possa finalmente vir desposar sua Igreja
completa e totalmente aperfeiçoada.
“para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem
mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e
sem defeito.” Efésios 5:27
Por mais que, para muitos cristãos, isto pareça loucura ou uma impossibilidade, dado
ao estado atual da Igreja que possui em seu seio muita corrupção moral e etc...,para o Senhor
Jesus é uma realidade totalmente possível, pois Ele tem dado do poder que recebeu do Pai
para transformar a sua igreja em noiva gloriosa.
“Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de
tropeços e para vos apresentar com exultação,
imaculados diante da sua glória,” Judas 1:24
Dizemos isso porque restou para nossa geração, a graça de sermos os consumadores
dessa maravilhosa salvação. Ilustrarei isso da seguinte forma: Imagine uma corrida de
revezamento. O primeiro corredor entra na sua raia e percorre o seu trajeto o mais rápido
possível carregando o bastão. Concluída sua carreira o segundo corredor se posiciona para
receber o bastão e cumprir a sua parte e assim, passando o bastão para o seguinte até chegar
ao último que cruza a faixa e consuma a vitória. Na hora de subir ao pódio, todos os
corredores daquela equipe são igualmente honrados e coroados com os louros dos
vencedores. Assim sucederá com a Igreja, todo o esforço dos mártires dos primeiros séculos
não será tido como vão, pois no final a vitória da Igreja será vista no dia da ressurreição dos
justos e da glorificação dos santos.
“Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por
sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da
promessa, por haver Deus provido coisa superior a nosso
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
respeito, para que eles, sem nós, não fossem
aperfeiçoados.” Hebreus 11:39-40
Outra coisa importante a ser dita sobre essa edificação que o Senhor Jesus está
promovendo na Igreja, é que Ele o está fazendo através das revelações reservadas para esse
tempo do fim. É por sua palavra que o Senhor limpa a sua noiva de todo pecado e engano.
“para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da
lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si
mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, porém santa e sem defeito.” Efésios 5:26-27
Contudo, como já dissemos acima, a Noiva não é passiva nesse processo. Através das
revelações dadas pelo Senhor a Igreja opera a sua salvação, Ela própria convertendo o que
ouve pelo espírito em atitude santas, obras justas e dignas de Deus. Por isso, diz o texto, Ela
mesma se preparou, se ataviou:
“Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque
são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si
mesma já se ataviou,” Apocalipse 19:7
Este texto citado de Apocalipse joga por terra a falsa noção de muitos cristãos, que em
vistas do estado atual da Igreja de Cristo na terra, têm uma atitude de cruzarem os braços e
aguardar a volta do Senhor, para que o Senhor Jesus a purifique. De maneira nenhuma será
assim, pois Jesus aguarda a noiva se aprontar para encontrá-la já perfeita para as bodas.
“Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas,
empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem
mácula e irrepreensíveis,” 2 Pedro 3:14
O Apóstolo Paulo canta profeticamente esse dia glorioso em que a Igreja debochará da
morte que perdeu totalmente a condição de detê-la, já que perfeita e incorruptibilizada, o
aguilhão do pecado não mais tem onde se enganchar.
“E, quando este corpo corruptível se revestir de
incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de
imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está
escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó
morte, a tua vitória? Onde está, ó morte(HADES), o teu
aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do
pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por
intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo.” 1 Coríntios
15:54-57
Vejamos, agora, a grande graça concedida à Igreja que estiver militando
triunfantemente sobre a terra no tempo do fim.
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
Maior privilégio terá a Igreja do tempo do fim, que será incorruptibilizada, tornada
gloriosa ainda viva sem desincorporar. Viverá a experiência mais extraordinária, consciente,
vendo o que era mortal se revestindo de imortalidade. Glória a Deus, por tão grande
privilégio! Creia meu irmão e minha irmã e anseie participar dessa Igreja gloriosa que não
terá de passar pela desagradável experiência da morte. Queira estar vivo e em condições para
ver o noivo vir se encontrar contigo.
“Vigiai, pois, a todo tempo, orando, para que possais
escapar de todas estas coisas que têm de suceder e
estar em pé na presença do Filho do Homem”.
Lucas 21:36
A Questão do “Inferno”
Retomando o sentido original das palavras de Jesus, devemos entender que as “Portas
do Hades” (literalmente no grego) e não as “Portas do Inferno”, não terão prevalência sobre
a Igreja edificada. Mesmo porque a palavra INFERNO do latim Infernus, não é uma
expressão bíblica.
A adaptação mais antiga dos termos Sheol/Hades/Geena por Inferno deveu-se a
Jerônimo que revisou uma versão latina anterior e traduziu toda a Bíblia para o Latim. Sua
versão datada de cerca de 382-404 d.C., conhecida como “Vulgata Latina” foi a tradução
mais adotada nas Igrejas do Ocidente por aproximadamente mil anos.
Não haveria problema algum se o termo Inferno fosse associado à idéia do
Sheol/Hades, preservando o sentido de mundo dos mortos. No entanto, o desenvolvimento
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
teológico da cristandade aos poucos foi adulterando o conceito que esta palavra encerra, até
transformá-la na concepção de “lugar de tormento eterno”, mais aproximado ao Tártaro
mitológico greco-romano.
No princípio a Igreja aceitou a transliteração tendo em vista o mesmo sentido da
palavra hebraica e grega, admitindo que o Senhor Jesus desceu até o Inferno, o mundo
subterrâneo dos mortos. A tradição conservou o que chamaram de “Credo dos Apóstolos”
que na versão latina de Aquiléia por volta de 400 d.C. descrevia que o filho de Deus foi
crucificado e morto; foi ao Inferno - “descendit ad inferna” (desceu aos infernos/Hades).
Como já foi dito o problema não está necessariamente na troca das palavras originais
por Inferno, a questão está na evolução (ou involução) do pensamento teológico cristão
acerca do Inferno que aos poucos, pelo espírito da apostasia, concebeu uma idéia totalmente
divorciada da verdade bíblica.
Por causa dessa deturpação da Igreja, que resumiu o destino das almas a dois lugares,
os bons para o céu e os maus para o Inferno, tendo as almas, imediato acesso a ambos os
destinos eternamente, sem precisar passar pela ressurreição ou mesmo pelo Juízo final, é que
criaram no Imaginário dos homens o Inferno clássico, um lugar no centro da terra, cheio de
fogo e enxofre, onde o diabo está com um tridente na mão, mexendo um caldeirão imenso
onde as almas desgraçadas são lançadas. Seria apenas um comentário sarcástico, se isso
realmente não refletisse o pensamento médio das pessoas acerca do Inferno.
Muitos, no ocidente regido pelo cristianismo católico romano, têm a sua concepção
herdada da superstição medieval, muito bem representada na obra do escritor italiano Dante
Alighieri chamada: “A Divina Comédia”(1321d.C.). Dante descreve sua ida ao Inferno que
descendo em camadas cada vez mais profundas, vislumbra o infortúnio das almas
atormentadas em castigos variados. Quanto mais para o fundo do Inferno, maior o castigo.
Por fim, sua jornada o conduz ao Poço onde está Satanás, que descreve como sendo um
gigante vermelho, com asas de morcego, que passa todo o tempo devorando as almas. Cito
um pequeno trecho do Livro I da Obra:
“Havíamos por fim chegado – tremo ao descrevê-lo em versos - àquele ponto onde os
condenados, cobertos pelo gelo, nele transpareciam como trincas no bom vidro. Alguns vi,
deitados; outros eretos; grande número, com as pernas para o alto, vários deles, vergados a
ponto de com os pés e as faces formarem arco. Quando, no entender do mestre,
avançáramos o bastante, decidiu-se a indicar-me a criatura que outrora exibira formoso
semblante. Tocou-me e me deteve, dizendo: “Eis Lúcifer! Este é o local onde de estrema
fortaleza convém que armes o espírito... O imperador do reino doloroso erguia o peito para
fora da geleira. Eu, com minha estatura, mais próximo estou de um gigante do que um
gigante comparado com o braço, apenas, de Lúcifer. Imagina pois, leitor, quão grande será
Lúcifer se calculado pelo tamanho de seus braços. Se um dia foi belo, quanto é hoje
horrendo; se contra seu Criador alçou a fronte, bem entendo seja ele a fonte única do mal
que o mundo chora. Ah! Qual não foi minha estupefação ao aperceber-me de que de três
faces era a sua cabeça. Era vermelha (a indicar o ódio que o move) a face que eu via de
frente; as outras repousavam, cada uma sobre largo ombro, mas lá em cima, no alto crânio,
formavam as três um só conjunto. A da direita estava entre o branco e o amarelo; a da
esquerda lembrava a cor que amorena a gente nascida e afeita à terra onde o Nilo tem seu
curso. Sob cada face, duas asas vastas o quanto convém a um ser de tal modo volátil e mau.
Velas assim grande não vi jamais em nau de alto-mar. Não tinham penas, e mais lembravam
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
pela forma as asas dos morcegos. Continuamente agitadas, produziam os três ventos gélidos
que mantêm arregalado o cócito. Pelos seis olhos chorava; por três peitos escorriam suas
lágrimas, pranto feito de sangue e espuma. Em cada boca triturava um pecador, qual
moinho a esmagar o grão. Para o condenado da boca fronteira o morder era pouco, pois
com as garras, em constante fúria, Lúcifer lhe arrancava a pele.
(A Divina Comédia – livro I/ O Inferno-XXXIV).
Parece bobagem, mas mesmo os cristãos, leitores da bíblia, se forem indagados, de
imediato responderão que o diabo está realmente no Inferno junto com todos os demônios.
Por isso ao lerem o texto de Mateus, imaginam a Igreja arrombando as portas do Inferno e
resgatando as almas de lá (mesmo no sentido figurado de libertação dos pecadores do
domínio do diabo.) No entanto, satanás e os demônios não estão presos, pelo contrário eles
continuam atormentando a humanidade a partir das regiões celestiais.
“nos quais andastes outrora, segundo o curso deste
mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do
espírito que agora atua nos filhos da desobediência;”
Efésios 2:2
“porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e
sim contra os principados e potestades, contra os
dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças
espirituais do mal, nas regiões celestes”. Efésios 6:12
Satanás, somente será lançado na prisão do Abismo no principio do Reino Milenar dos
santos com Jesus, sendo solto ao fim do milênio para então ser lançado definitivamente no
Lago de fogo e enxofre.
“Ele segurou o dragão, a antiga serpente, que é o diabo,
Satanás, e o prendeu por mil anos;” Apocalipse 20:2
“Quando, porém, se completarem os mil anos, Satanás
será solto da sua prisão” Apocalipse 20:7
“O diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do
lago de fogo e enxofre, onde já se encontram não só a
besta como também o falso profeta; e serão
atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos
séculos.” Ap 20:10
Portanto, é totalmente equivocada a tradução de Sheol/Hades por Inferno, se contiver
a idéia de lugar de punição eterna onde satanás está. Esse conceito só pode ser aplicado,
levando em consideração a época aprazada por Deus no Apocalipse, para a palavra GEENA
ou “Lago de fogo e Enxofre”.
Falaremos um pouco mais sobre o problema das traduções no apêndice desse livro.
Segue um comentário sobre a Imprecisão do termo associado a Mateus 16:18:
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
“pylê” (Portão, porta ) é empregado com respeito às portas do Hades em Mt 16:18. É
improvável que as portas do Hades em Mateus signifiquem os poderes ímpios do submundo
que assaltam a rocha, pois o Hades não é considerado como a moradia de poderes
malignos, de onde surgem para atacar os homens. À luz do pano de fundo judaico, a figura
de linguagem melhor se entende como sendo uma afirmação de que a morte, a despeito do
seu poderio até então inconquistável, não ganhará o controle da rocha ou, mais
provavelmente, da ekklésia erigida sobre a rocha: a morte não vencerá o Messias que
edifica a Igreja, nem os membros da comunidade messiânica.
(Dicionário Internacional de teologia do Novo testamento – vol.III)
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
“Sofremos os últimos tormentos e nos alegramos de morrer, pois cremos que Deus nos
ressuscitará por meio de seu Cristo e nos tornará incorruptíveis, impassíveis e imortais”.
(Justino o mártir diálogo com Trifão 45:4 e 46:7/ 150-160 d.C.).
“Esta é a doutrina em que nós cremos: Deus ressuscitará os nossos corpos mortais que
guardaram a justiça e os tornará incorruptíveis e imortais”.
(Irineu de Lião -Contra heresias II/29:2/185 d.C.).
A clara expectativa é a de ressurreição e reversão do mortal em imortal, do que é
corruptível em incorruptível. Aliás, essa palavra: incorruptível, quase sempre associada a
ressurreição dos justos, era palavra bastante comum nos lábios dos cristãos primitivos a
respeito de sua fé. Infelizmente, por causa da idéia geral da cristandade de que os justos ao
morrerem vão imediatamente para o céu, gozar a vida eterna lá, é que se aboliu todo anseio
da ressurreição gloriosa em incorruptibilidade, sendo que isso não é matéria de fé comum
aos cristãos desse tempo.
Note, no trecho abaixo, escrito por Irineu, Bispo de Lião, que foi discípulo de Pápias,
que por sua vez foi discípulo direto do apóstolo João, como era compreendido, nos
primórdios da Igreja, a correlação entre a vitória pessoal de Jesus Cristo e a futura vitória da
Igreja sobre a morte.
“Se o Senhor se submeteu às leis da morte para ser primogênito entre os mortos e ficou três
dias nas regiões inferiores da terra (Hades) antes de ressuscitar na carne, para mostrar aos
discípulos também os sinais dos pregos, e assim subir ao Pai, devem-se envergonhar os que
afirmam que o Inferno é este nosso mundo e que o homem interior sobe para um lugar
supra celeste, deixando aqui o corpo. Tendo o Senhor ido entre as sombras da morte, onde
estavam as almas dos mortos, e ressuscitando depois corporalmente, e depois de
ressuscitado, sendo levado ao céu, indicou que o mesmo aconteceria com seus discípulos,
pois era para eles que o Senhor fez tudo isso: as almas deles irão a um lugar invisível
estabelecido por Deus e aí ficarão até a ressurreição, à espera dela; depois reassumirão
seus corpos, da mesma forma que o Senhor ressuscitou, e irão à presença de Deus.
“Nenhum discípulo é superior ao mestre, mas todo discípulo será perfeito como o seu
mestre”. Como o nosso Mestre não voltou logo para o céu, mas esperou o tempo da sua
ressurreição, estabelecido pelo Pai e indicado pela história de Jonas, e ressuscitando depois
de três dias, foi assunto ao céu; assim nós devemos esperar o momento da nossa
ressurreição estabelecido pelo Pai e prenunciado pelos profetas.
(Irineu de Lião -Contra heresias V/31:1-2/185 d.C.).
CAPITULO V
A RESSURREIÇÃO DE TODOS OS HOMENS
Recapitulando o que já vimos até aqui; a morte dos homens foi planejada por Deus,
levada a cabo por Adão e revertida em Cristo Jesus. Sabe-se que as almas no estágio
desincorporado, ou estágio intermediário, encontram-se guardadas em uma dimensão
espiritual chamada Sheol-Hades, ou Mundo dos mortos, em dois compartimentos distintos, a
saber: O Seio de Abraão para os Filhos de Deus, e o outro lado que é para as demais almas,
sendo que tal condição não é eterna. Também podemos ver pelos textos bíblicos que o
Senhor Jesus foi até o Hades anunciar seu Senhorio sobre todos e depois disso, ressuscitou
glorificado, inaugurando o processo que terá direito todo o justo vencedor. No entanto a
Bíblia nos mostra que a redenção conquistada por Jesus, alcança não somente os justos, mas
também todos os homens de todos os tempos, que por causa dos méritos do Senhor Jesus,
alcançarão a ressurreição dos mortos.
“Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre
todos os homens para condenação, assim também, por
um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens
para a justificação que dá vida”. Romanos 5:18
E isso se dá exclusivamente para reparar a mórbida maldição herdada de Adão,
portanto, todo homem terá direito a ressurgir dos mortos escapando do efeito da morte
natural, o que não quer dizer que não verão mais o Juízo de Deus.
“E, assim como aos homens está ordenado morrerem
uma só vez, vindo, depois disto, o juízo”, Hebreus 9:27
A Seqüência das Ressurreições
A primeira Ressurreição – dos Justos
Se não atentarmos para toda a revelação, podemos ficar com o nosso entendimento
limitado a respeito desse assunto essencial. Ao lermos os textos que falam sobre a
ressurreição, temos a impressão que ela se dá de uma só vez, ou seja, a ressurreição dos
justos e dos ímpios parece acontecer simultaneamente, vindo depois disso o Juízo.
“Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão,
uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror
eterno.” Daniel 12:2
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
“os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida;
e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do
juízo.” João 5:29
No entanto, essa impressão se dissipa, pois os textos acima falam de modo geral e
resumido. Mas ao observamos os demais textos bíblicos que esclarecem os detalhes da
revelação, entendemos que a ressurreição dos Justos é a primeira que ocorre na face da terra,
por isso é chamada de primeira ressurreição, claro que sem contar a ressurreição de Jesus,
pois, sem sombra de dúvidas, é o primeiro a ressuscitar glorificado.
“Os restantes dos mortos não reviveram até que se
completassem os mil anos. Esta é a primeira
ressurreição. Bem-aventurado e santo é aquele que tem
parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda
morte não tem autoridade; pelo contrário, serão
sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele os mil
anos”. Apocalipse 20:5-6
A primeira ressurreição é somente para os justos e acontece na inauguração do Reino
Milenial de Cristo sobre a terra com os santos. Os santos de todos os tempos ressuscitam
primeiro e juntos com a Igreja que estiver viva, transformada em gloriosa e incorruptível
estabelecem o Reino sobre a Terra, sendo o Senhor Jesus Cristo o Rei que descerá dos céus
para reger o mundo.
“num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar
da última trombeta. A trombeta soará, os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados”.1 Coríntios 15:52
“Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de
ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta
de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro”; 1 Ts 4:16
Essa primeira ressurreição que é a dos santos glorificados é a recompensa dada pelo
Pai aos seus filhos vencedores, que partilham com o primogênito a co-regência do Reino
Milenial.
“Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos
quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas
dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem
como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não
adoraram a besta, nem tampouco a sua imagem, e não
receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e
reinaram com Cristo durante mil anos”. Apocalipse 20:4
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
A Igreja Primitiva tinha clara noção de que a ressurreição dos justos precede a dos
demais homens. Os primeiros relatos dos sucessores dos apóstolos davam testemunho da
doutrina, asseverando a autenticidade apostólica.
Então aparecerão os sinais da verdade. Primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal
do toque da trombeta; em terceiro lugar, a ressurreição dos mortos.Ressurreição sim, mas
não de todos, conforme foi dito: O Senhor virá, e todos os santos estarão com ele.
(Didaquê – O ensino dos Apóstolos 16:6-7/ 90-100 d.C.)
Além disso, houve entre nós um homem chamado João, um dos apóstolos de Cristo, que,
numa revelação que lhe foi feita, profetizou que os que tiverem acreditado em nosso Cristo
passarão mil anos em Jerusalém e que depois disso, viria a ressurreição universal e,
dizendo brevemente, a ressurreição eterna e o julgamento de todos juntos.
(Justino o mártir diálogo com Trifão 81:4/150-160 d.C.)
Este texto acima de Justino do segundo século não só testifica a fé no futuro
estabelecimento do reino dos santos com Cristo desde Jerusalém, como também demonstra
claramente que os vencedores ressuscitarão mil anos antes de todos os demais homens que
viveram na Terra. Justino denomina a segunda ressurreição como “ressurreição universal”,
termo esse usado por outros cristãos primitivos para designar a ressurreição de todos os
homens naturais que morreram em todos os tempos.
A sabedoria de Deus realiza tudo isso para demonstrar, mesmo por esses exemplos, que ele
é Deus poderoso para realizar a universal ressurreição de todos os homens.
(Teófilo de Antioquia – livro I – 13/ cerca de 180 d.C.).
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
“Porque importa que todos nós compareçamos perante o
tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o
bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo”. 2
Coríntios 5:10
Atenágoras, um escritor cristão do segundo século, já citado anteriormente,
argumentou em sua apologia, discursando sobre a ressurreição dos mortos, que o homem
deve pagar por seus delitos cometidos quando era composto, ou seja, com corpo e alma e
não depois de morto, quando o corpo já se desfez na matéria e a alma está nua. O escritor
cristão alega que a ressurreição se justifica por haver o homem transgredido como um ser
inteiro.
Mesmo quando sentimos que as paixões não pertencem somente ao corpo, mas ao homem, e
nisso dizemos bem, pois corpo e alma constituem uma única vida, nem por isso diremos que
tais paixões convêm à alma, se considerarmos simplesmente a sua natureza própria. Se
alguém recebe as leis, é justo que também receba o castigo pela sua infração, e foi o homem
inteiro que recebeu as leis e não a alma por si é o homem inteiro e não a alma por si que
deve responder pelos pecados contra as leis.
(Atenágoras – sobre a ressurreição dos mortos 21 e 23/ 177 d.C.)
O Senhor Jesus é categórico ao afirmar que o homem receberá o juízo de Deus com o
seu corpo e alma, quando, sendo culpado, for lançado no GEENA de fogo eterno. Sobre o
Geena falaremos mais adiante, mas note a afirmação de Jesus sobre em que estado o homem
recebe o castigo.
“E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor
entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos,
ires para o inferno (Geena), para o fogo inextinguível
onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga. E, se
teu pé te faz tropeçar, corta-o; é melhor entrares na vida
aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no
inferno (Geena)”. Marcos 9:43-45
Não há sentido figurado nas palavras do Senhor, pois o ser lançado no Geena com o
corpo que cometeu delito é justiça de Deus. Por isso adverte que melhor será amputar o
membro com o qual peca se isso impedir que continue transgredindo com o corpo
redundando na condenação eterna ao Geena. O texto a seguir é mais claro ainda.
“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a
alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no
inferno (Geena) tanto a alma como o corpo”. Mateus
10:28
CAPITULO VI
GEENA DE FOGO, A SEGUNDA MORTE
Toda vez que pensamos nos homens maus que viveram na face da terra, e em todas as
atrocidades que impiamente cometeram, nós só conseguimos clamar por justiça e confiar
que Deus lhes retribuirá lançando-os no Inferno. Desde o primeiro homicida Caim passando
por um descendente seu, Lameque que a bíblia cita dizendo que se gabava com suas duas
esposas de ter matado dois homens, um deles um jovem, somente por ter pisado em seu pé
(Gênesis 4:23), vemos nesses homens indignos da raça humana o seu total desprezo pela
vida do próximo. Homens como Nero, que transpassava cristãos em postes, besuntando-os
de betume e os assou vivos como verdadeiras tochas humanas. Ou mais próximo de nossa
época, Hitler responsável pelo genocídio de milhões de judeus, o fato é que tais criaturas se
levantarão no dia do juízo reassumindo seus corpos, unicamente por causa dos méritos de
Cristo que lhes outorgou o escape da primeira morte, a natural. Contudo, uma morte ainda
mais terrível lhes aguarda, que é a segunda morte, essa sim, eterna e perene no Lago de fogo
e enxofre, onde existirão para sempre atormentados nas chamas do Geena.
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
Cabe aqui comentarmos um pouco sobre o termo e a sua aplicação bíblica: “Geena”
(geena) é a forma grega do termo hebraico “Ge Hinnon”, que designa o vale dos filhos de
Hinnon, que ficava ao sul de Jerusalém. Neste lugar foram oferecidos sacrifícios de crianças
(2 Crônicas 28:3; 33:6). Posteriormente tornou-se área de incineração do lixo, corpos de
animais e até mesmo de cadáveres de homens malignos. Também é dito pelo profeta
Jeremias que esse lugar será o vale em que Deus entrará em juízo com os seus inimigos
(Jeremias 7:31-32 e 19: 5-7). No entanto, este Geena que ficava ao sul de Jerusalém, nos
tempos do Reino, será uma área muito maior também ao sul, e a revelação bíblica nos
permite projetar sua localização.
37
As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
alijando-se de qualquer possibilidade de perdão, tendo seus nomes riscados do livro da vida,
onde estavam.
“E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida,
esse foi lançado para dentro do lago de fogo”.
Apocalipse 20:15
Por fim, para tornar totalmente inequívoca a diferença entre o Sheol/Hades e Geena,
observaremos nas palavras de Jesus Cristo, que no Geena o homem é lançado com sua alma
e corpo, diferentemente do período intermediário em que somente a alma sofria um
tormento.
“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a
alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no
inferno(Geena) tanto a alma como o corpo”. Mateus
10:28
Concluindo a revelação, como já foi visto, a dimensão do Sheol/Hades e a própria
morte são lançadas para dentro do Geena depois do Juízo. Fica indesculpável a tradução
atribuir ao mesmo tempo a designação de inferno, tanto para a dimensão temporária do
Sheol/Hades, quanto para o Geena, já que a última englobará a primeira.
“Então, a morte e o inferno (Hades) foram lançados
para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o
lago de fogo”. Apocalipse 20:14
CAPITULO VII
A APOSTASIA DE MORRER E IR PARA O CÉU
Amados de Deus urge que nos apeguemos fortemente à verdade revelada de Deus,
pois o Senhor suporta a ignorância, porém, não tem o desobediente por inocente. Como
podemos ver nos registros mais antigos da história da Igreja, os primeiros cristãos,
sucessores dos apóstolos, não esperavam outra coisa senão ressuscitarem em corpos
glorificados quando do estabelecimento do Reino de Cristo na terra. Até meados do segundo
século foi assim, porém, em vindo o mistério da iniqüidade levando ao arrefecimento da
verdade sobre a terra, as doutrinas de demônios começaram a assolar a Igreja, forjando um
evangelho humano que só serviu ao espírito do anticristo.
Trataremos de fatos históricos, pois não há registro nos Pais da Igreja primitiva até o
segundo século, de qualquer expectativa de morrer e ir para o céu de Deus. Se assim não é,
como então criam os discípulos dos apóstolos? Vejamos então, o testemunho incontestável
sobre para onde acreditavam que iam as almas dos cristãos ao morrerem.
Na argumentação de Irineu que segue, ele faz um paralelo entre o Senhor Jesus e a
Igreja, mostrando que tal qual o primogênito necessitou ir para o Hades, assim também os
santos mortos devem lá aguardar o tempo de sua ressurreição.
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
“Se o Senhor se submeteu às leis da morte para ser primogênito entre os mortos e ficou três
dias nas regiões inferiores da terra(Hades) antes de ressuscitar na carne, para mostrar aos
discípulos também os sinais dos pregos, e assim subir ao Pai, devem-se envergonhar os que
afirmam que o Inferno é este nosso mundo e que o homem interior sobe para um lugar
supra celeste, deixando aqui o corpo. Tendo o Senhor ido entre as sombras da morte, onde
estavam as almas dos mortos, e ressuscitando depois corporalmente, e depois de
ressuscitado, sendo levado ao céu, indicou que o mesmo aconteceria com seus discípulos,
pois era para eles que o Senhor fez tudo isso: as almas deles irão a um lugar invisível
estabelecido por Deus e aí ficarão até a ressurreição, à espera dela; depois reassumirão
seus corpos, da mesma forma que o Senhor ressuscitou, e irão à presença de Deus.
“Nenhum discípulo é superior ao mestre, mas todo discípulo será perfeito como o seu
mestre”. Como o nosso Mestre não voltou logo para o céu, mas esperou o tempo da sua
ressurreição, estabelecido pelo Pai e indicado pela história de Jonas, e ressuscitando depois
de três dias, foi assunto ao céu; assim nós devemos esperar o momento da nossa
ressurreição estabelecido pelo Pai e prenunciado pelos profetas”
.(Irineu de Lião -Contra heresias V/31:1-2/185 d.C.).
Note bem, que o Bispo Irineu rejeita a ida do homem interior (alma) para um lugar
supra celeste logo após a morte. Enfatiza, no entanto a ordenação de Deus da permanência
no lugar estabelecido para as almas dos justos até ao tempo determinado.
Nesta outra citação das escrituras por Irineu, ele nos dá claramente a chave para
decifrarmos um texto um tanto implícito usado pelos modernos teólogos para afirmarem que
os santos estão no Paraíso no céu.
“Que no céu haja criaturas espirituais o proclamam todas as escrituras e Paulo atesta que
são espirituais quando diz que foi arrebatado ao terceiro céu e, pouco depois, revela ter
sido levado ao paraíso e ter escutado palavras inefáveis que o homem não pode pronunciar.
E a que lhe poderia ter servido o ser levado ao paraíso ou elevado ao terceiro céu, lugares
estes que estão em poder...”
“Ora se Paulo contou o seu arrebatamento ao terceiro céu como algo de grande e
extraordinário, estes não poderão subir acima do sétimo céu, pois não são melhores do que
o Apóstolo”.
(Irineu de Lião -Contra heresias II/30:7/185 d.C.).
O esclarecimento de Irineu é impressionante sobre as duas experiências de
arrebatamento vividas pelo apóstolo Paulo. Ele fala que o apóstolo foi “levado” ao Paraíso,
que é o Seio de Abraão no Hades e também, depois foi “elevado” ao terceiro céu, dando
claro sinal de que um é para cima e o outro não. Ainda complementa dizendo que são dois
lugares diferentes. Ele chega a asseverar um espaço de tempo entre as duas experiências,
coisa que um olhar rápido no texto bíblico não deixa perceber. No entanto analisando o texto
vemos uma evidente repetição da narrativa separada por um estratégico “e”, que é uma
conjunção aditiva.
“Se é necessário que me glorie, ainda que não convém,
passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um
homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado
até ao terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
sei, Deus o sabe) e sei que o tal homem (se no corpo ou
fora do corpo, não sei, Deus o sabe) foi arrebatado ao
paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito
ao homem referir”. 2 Coríntios 12:1-4
Não é de se estranhar que não haja registro da Igreja primitiva sobre qualquer
expectativa de morrer e ir para o céu, levando em consideração que Ela viveu tempos de
terríveis perseguições e martírios. Como não deixariam registrada sua esperança de
abandonando o mundo irem ter consolo no céu? – Por que não criam assim, pelo contrário,
tal idéia era tida como blasfêmia.
“De fato, eu não me disponho a seguir humanos ou ensinamentos que dele provêm. Se vós
encontrastes alguns que se dizem cristãos e não confessam isso, mas se atrevem a blasfemar
contra o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, e dizem que não há ressurreição dos mortos,
mas que no momento de morrer suas almas são recebidas no céu, não os considereis como
cristãos”.
(Justino o mártir diálogo com Trifão 80:3-4/ 150-160 d.C.).
A teologia construiu toda uma série de argumentações para provar que o Senhor
prometeu levar os cristãos para o céu, já que a apostasia apagou completamente a noção de
um reino literal sobre a terra. Isto visava dar um consolo piedoso as almas assegurando-lhes
que iriam gozar imediatamente a presença do Pai. No entanto, tal idéia seria boa se fosse
verdade bíblica, porém é desvio maligno já que nunca foi prometida tal coisa na palavra de
Deus.
Os argumentos fundamentam-se principalmente no texto de João capítulo 14, onde se
supõem que o Senhor Jesus iria adiante dos discípulos prepara lugar nas “Mansões
celestiais”. Uma análise destituída de preconceito e sem os óculos do preceito aprendido de
cor, traz luz sobre o que verdadeiramente Jesus asseverava.
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede
também em mim. Na casa de meu Pai há muitas
moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito.
Pois vou preparar-vos lugar”. João 14:1-2
Do que Jesus está falando, de casa no céu para nós morarmos, ou da Casa que o Pai
quer habitar? Lembre-se que Jesus enquanto na terra era a única habitação do espírito do Pai
e que Jesus é o edificador da Casa espiritual composta de muitas moradas que somos nós os
santos.
“edificados sobre o fundamento dos apóstolos e
profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra
angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce
para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós
juntamente estais sendo edificados para habitação de
Deus no Espírito”. Efésios 2:20-22
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
“Cristo, porém, como Filho, em sua casa; a qual casa
somos nós, se guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e
a exultação da esperança”. Hb 3:6
Para que você não rejeite a revelação achando tratar-se de blasfêmia, observe mais
este detalhe do discurso do Senhor e veja que Jesus fala que iria preparar lugar, uma
“posição” no corpo de Cristo que é o edifício no qual, ele o Senhor é a pedra fundamental.
Ainda fala no tempo presente, onde ele estava, não se referindo ao local geográfico, mas a
posição espiritual que os discípulos desfrutariam depois que o Senhor glorificado lhes
enviasse seu espírito.
“E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos
receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou,
estejais vós também”. João 14:3
“Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?
As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo;
mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras”.
João 14:10
E para elucidar de vez qualquer dúvida e só acompanhar o restante do discurso e ver
que o Senhor não promete nenhuma morada no céu, antes diz que cada cristão será morada
do Senhor e do Pai pelo espírito.
“Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha
palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e
faremos nele morada”. João 14:23
A base apócrifa do dogma
O desvio milenar que envia os santos mortos para o céu tem por base uma
argumentação equivocada sobre o texto de Efésios 4:8, que como já comentamos
anteriormente diz que o cativeiro dos santos no Sheol/Hades teria sido levado por Jesus
Cristo ao ressuscitar, para o céu.
Essa argumentação pode ser vista nos registros históricos, porém apócrifos, destituído
de aceitação canônica, do quarto e quinto séculos d.C.
No chamado evangelho de Nicodemus, composto de dois documentos denominados:
Atos de Pilatos e Descida de Cristo ao Inferno, provavelmente do quarto século d.C.,
encontra-se a seguinte narrativa:
“Enquanto o Inferno admoestava assim satanás, o Rei da glória estendeu sua mão direita e
com ela pegou e levantou o primeiro pai Adão. Depois dirigiu-se aos demais e disse-lhes:
“Vinde aqui comigo todos os que foram feridos de morte pelo madeiro que me tocou, pois
eis aqui que eu vos ressuscito pela madeira da cruz”. E com isto levou todos para fora. E o
primeiro pai Adão apareceu transbordante de gozo e dizia: “Agradeço, Senhor, tua
magnanimidade por me haveres tirado do mais profundo inferno”. E também todos os
profetas e santos disseram:” Damos-te graças, ó Cristo salvador do mundo, porque tiraste
nossa vida da corrupção.
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
Depois de assim haverem falado, o salvador abençoou Adão na testa com o sinal da
cruz. Depois fez a mesma coisa com os patriarcas, profetas, mártires e progenitores. E a
seguir pegou-os a todos e deu um salto do Inferno. E enquanto ele caminhava, os santos
pais seguiam-no cantando e dizendo: “bendito aquele que vem em nome do Senhor. Aleluia!
Sejam para eles os louvores de todos os santos”.
(Descida de Jesus ao Inferno VIII. 1-2/ Quarto séc. d.C.)
Além dessa delirante ficção narrada por um dos supostos ressuscitados que saíram dos
túmulos quando da ressurreição de Jesus, a fantasia ainda avança até ao momento em que
conduzidos por Jesus os santos chegam ao Paraíso no céu.
“Ia, então, a caminho do Paraíso levando pela mão o primeiro pai Adão. E ao chegar,
entregou-o, assim como os demais justos, ao arcanjo Micael E quando entraram pela porta
do Paraíso, saíram dois anciãos, aos quais os santos pais perguntaram:” Quem sois vós,
que não vistes a morte nem descestes ao Inferno, mas viveis de corpo e alma no Paraíso?”
Um deles respondeu e disse: “Eu sou Enoque, aquele que agradou ao Senhor e foi trazido
aqui por ele; e este é Elias o Tesbita; ambos seguiremos vivendo até a consumação dos
séculos; então seremos enviados por Deus para enfrentar o anticristo e ser mortos por ele, e
ressuscitar no terceiro dia para depois sermos arrebatados pelas nuvens ao encontro do
Senhor”.
(Descida de Jesus ao Inferno IX/ Quarto séc. d.C.)
A idéia se tornou corrente e é retratada em outro escrito apócrifo encontrado em língua
copta, derivada de um dialeto do Egito.
“Aquele é o filho de Deus ressuscitado dos mortos, Ele salvou Adão e todos os seus filhos;
perdoou-lhes os pecados, por meio da paz de seu Pai. Amém. O salvador ressuscitou dos
mortos e conduziu para o alto os que estavam em prisão.”
(Fragmento de texto copta V.3/ Quinto séc. d.C.).
Outro ponto controverso que precisou de imaginosa criatividade para ser explicado é o
caso do ladrão à direita de Jesus, já que recebeu do Senhor a promessa de no mesmo dia
(sexta) ir para o paraíso.
Como já foi visto nos capítulos anteriores, a Igreja primitiva concordava unânime na
descida de Jesus Cristo ao Hades, onde foi tão logo expirou na cruz. Também, era ponto
pacífico que lá permaneceu cerca de três dias (pela contagem judaica) até ressurgir dentre os
mortos, e que o próprio Senhor, já ressuscitado disse a Maria Madalena que ainda não havia
subido aos céus. Então, como coadunar a promessa de Jesus ao ladrão de que naquele
mesmo dia encontra-lo no paraíso e ao mesmo tempo afirmar que o ladrão foi para o céu se
Jesus para lá não foi de imediato? A engenhosa apostasia deu um jeito nisso fazendo com
que, acreditem, o ladrão esperasse na porta do paraíso do céu até Jesus chegar com os santos
resgatados do Hades.
“Enquanto eles assim se expressavam, veio outro homem de aparência humilde, que levava
ainda sobre os seus ombros uma cruz. Os santos pais disseram-lhe: “Quem és tu, que tens
aspecto de ladrão, e que é essa cruz que levas sobre teus ombros/” Ele respondeu:”Eu,
segundo dizes, era ladrão e assaltante no mundo e por isso os judeus prenderam-me e
entregaram-me à morte na cruz juntamente com Nosso Senhor Jesus Cristo. E enquanto ele
pendia na cruz, ao ver os prodígios que se sucederam, acreditei nele e roguei a ele dizendo:
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
“Senhor, quando reinares, não te esqueças de mim”. E ele logo disse-me:” Em verdade em
verdade te digo, hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. Vim, pois, com minha cruz nas
costas até o paraíso e, encontrando o arcanjo Micael, disse-lhe: “Nosso Senhor Jesus,
aquele que foi crucificado, enviou-me aqui; leva-me, então, até a porta do Éden.” E quando
a espada de fogo viu o sinal da cruz, abriu-me a porta e entrei. Depois o arcanjo disse-me:
“Espera um momento, já que também deve vir o primeiro pai da raça humana, Adão, em
companhia dos justos, para que eles também entrem.” E agora, ao vê-los, saí ao vosso
encontro.”
(Descida de Jesus ao Inferno X./ Quarto séc. d.C.)
Nessa ficção imaginária o ladrão foi o primeiro ser humano a ir morto para o céu, só
que devia esperar os demais santos mortos tirados do Hades. O que Jesus prometeu foi
encontrá-lo naquele mesmo dia, e isso aconteceu, só que, no “Seio de Abraão” dentro do
Hades, lugar de conforto e tranqüilidade, se comparado ao lado do tormento, por isso o
Senhor chamou-o de paraíso. O paraíso prometido aos santos vencedores está nos céus e de
lá descerá com a Nova Jerusalém, na eternidade futura, conforme se vê em Apocalipse
capítulos 21 e 22.
É possível que mesmo lendo tudo isso que dissemos, você olhe para a antiguidade do
dogma, bem como sua aceitação mundial, e possa estar influenciado a pensar que a maioria é
que está certa. No entanto, permita ao Espírito da verdade lhe convencer, pois foi por
permissão de Deus que o ministério da apostasia prevaleceu até agora.
Ainda há outro problema, que é o fato de as traduções da Bíblia conterem adaptações
e acréscimos e também algumas mutilações, baseadas nas doutrinas vigentes, que
infelizmente influenciaram os tradutores em suas obras. São textos chaves que
supostamente dão alguma idéia de promessa de céu, no entanto examinados exegeticamente
à luz do original grego, são facilmente denunciadas como acomodações capciosas.
O texto acima não faz alusão direta ao céu, no entanto reforça a idéia de que Jesus não
terá um reino literal na terra, levando a muitos a concluírem que seu reino é exclusivamente
no céu. A versão em questão é João Ferreira de Almeida revisada e comete a supressão da
partícula grega nun, que significa agora. Jesus afirmou que naquele momento o seu reino
não era daqui. As versões de Almeida Atualizada e Corrigida esclarecem o equívoco.
“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o
meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue
aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui”.
João 18:36 (ARA)
Acréscimo
“O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me
{levará} salvo para o seu reino celestial. A ele, glória
pelos séculos dos séculos. Amém!”
2 Timóteo 4:18
O acréscimo capcioso neste texto, na versão de Almeida atualizada, é o verbo levar no
sentido de conduzir para um lugar. Como está, dá a idéia de que Paulo ansiava por passar
logo pela morte e “ser levado” imediatamente para o reino celestial de Jesus. No entanto, o
original somente contém um verbo no futuro swsei (que quer dizer salvará) e, portanto
seria melhor traduzido com o seguinte sentido: “... e me salvará para o seu reino celestial”.
Dito corretamente corrobora com a verdade bíblica de que os justos descansam de suas
obras, e são guardados, na condição de salvos em Cristo Jesus e por isso terão direito de
participarem do seu reino divino na ressurreição.
“Então, ouvi uma voz do céu, dizendo: Escreve: Bem-
aventurados os mortos que, desde agora, morrem no
Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas
fadigas, pois as suas obras os acompanham”.
Apocalipse 14:13
——————————————————————
“Mas, agora, aspiram a {uma pátria} superior, isto é,
celestial.Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser
chamado o seu Deus, porquanto lhes preparou uma
cidade”. Hebreus 11:16 (ARA)
nun de kreittonov oregontai tout estin epouraniou dio ouk epaiscunetai
autouv o yeov epikaleisyai autwn htoimasen gar autoiv polin
O acréscimo entre chaves é o termo “uma pátria”, inexistente no original.
Logicamente que o contexto fala da cidade celestial que o Pai preparou, que é a Nova
Jerusalém e que hoje está nos céus, no entanto o texto não diz que os santos ao morrerem
vão para lá. A verdade é que todos os filhos de Deus que tinham a revelação aspiravam pelo
dia em que veriam a cidade celestial estabelecida na terra. Sim, pois a cidade celestial
“descerá dos céus” para ser morada de Deus com os homens por toda a eternidade.
“Ao vencedor, fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus,
e daí jamais sairá; gravarei também sobre ele o nome do
meu Deus, o nome da cidade do meu Deus, a nova
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
Jerusalém que desce do céu, vinda da parte do meu
Deus, e o meu novo nome”. Apocalipse 3:12
“Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia
do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada
para o seu esposo”. Apocalipse 21:2
Texto com variantes
“Porque também vos compadecestes dos que estavam
nas prisões e com gozo permitistes a espoliação dos
vossos bens, sabendo que, em vós mesmos, {tendes nos
céus} uma possessão melhor e permanente”.
Hebreus 10:34 (ARC)
kai gar toiv desmoiv mou sunepayhsate kai thn arpaghn twn uparcontwn
umwn meta carav prosedexasye ginwskontev ecein eautoiv kreittona
uparxin en ouranoiv kai menousan
kai gar toiv desmioiv sunepayhsate kai thn arpaghn twn uparcontwn
umwn meta carav prosedexasye ginwskontev ecein eautouv kreittona
uparxin kai menousan
“Porque não somente vos compadecestes dos
encarcerados, como também aceitastes com alegria o
espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós
mesmos patrimônio superior e durável”. Hebreus 10:34
(ARA)
Este é um caso interessante, pois existem alguns manuscritos com o termo:
en ouranoiv(nos céus) e outros que não possuem tal acréscimo. A maioria dos tradutores
prefere suprimir a sentença “nos céus”, deixando a ênfase no fato de os cristãos possuírem
em si mesmos o patrimônio superior e durável. Contudo, não é problema algum asseverar
que o nosso patrimônio tanto está em nós, sendo entendido que temos o espírito da graça,
penhor da nossa herança, como também se pensarmos na cidade celestial a qual somente os
filhos terão direito de entrar pelas portas e que se encontra nos céus.
Textos com tradução inadequada
“Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo
deixar o corpo e {habitar} com o Senhor”. 2 Coríntios
5:8
yarroumen de kai eudokoumen mallon ekdhmhsai ek tou swmatov kai
endhmhsai prov ton kurion
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
A tradução insere o termo “habitar” inexistente no original grego para reforçar a idéia
de moradia no céu para os santos após a morte.
O fato é que aqui não se trata de morte, mas da glorificação. E, na verdade é isso que o
texto diz no versículo 2.
“E, por isso, neste tabernáculo, gememos, aspirando por
sermos revestidos da nossa habitação celestial”; 2
Coríntios 5:2
“Ausentes desse corpo” significa: a absorção desse corpo mortal, pela vida, pela
imortalidade, ou seja, o corpo glorificado. Por isso mesmo, o apóstolo em sua primeira
epístola aos Coríntios asseverou que para tomarmos posse da eterna herança, é necessário
estarmos transformados, termos deixado de ser apenas homens naturais.
“Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem
herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a
incorrupção. Eis que vos digo um mistério: nem todos
dormiremos, mas transformados seremos todos”, 2
Coríntios 5:2
Ademais, o apóstolo tinha total ciência de que só estaremos com o Senhor onde Ele
estiver, na sua vinda, quando então, já em corpo glorificado o encontraremos nos ares
celebrando assim a união definitiva do Noivo com a Noiva.
“depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos
arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o
encontro do Senhor nos ares, e, assim,
estaremos para sempre com o Senhor”. 1 Ts 4:17
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
dignidade de filhos celestiais de Deus, com todo o esplendor e glória que isso significa. Por
isso o contexto imediato fala dessa glorificação do nosso corpo tal qual o do Senhor.
“que transformará o nosso corpo abatido, para ser
conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz
poder de sujeitar também a si todas as coisas”.
Filipenses 3:21
__________________________________________________________________________
“Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim
também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia,
os que dormem.” 1 Ts 4:14
ei gar pisteuomen oti ihsouv apeyanen kai anesth outwv kai o yeov touv
koimhyentav dia tou ihsou axei sun autw
A opção dos tradutores para esse versículo não poderia ser mais infeliz e tendenciosa,
devido provavelmente a força da doutrina vigente. Do jeito que está, dá a entender que as
almas dos santos mortos em Cristo vêm com Jesus do céu para ressuscitarem o que é
absurdamente antibíblico e até irônico, haja vista que as almas descem do céu para depois se
encontrarem com Jesus e subirem de novo com Ele.
A inversão do termo axei muda totalmente o sentido das palavras de Paulo. A palavra
axei não quer dizer “trazer” e sim o oposto: levar, guiar, conduzir. Os exegetas, mesmo
sabendo disso, ficam embaraçados para explicarem porque preferem optar por trazer, se lêem
outra coisa.
A tradução correta fica assim: “Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim
também Deus, mediante Jesus levará (conduzirá) com Ele mesmo os que dormem”.
Logicamente o contexto diz respeito à ressurreição dos mortos e a glorificação de todos os
santos para o encontro com o Senhor nos ares (arrebatamento) e só então estarmos para
sempre com o Senhor. É o legítimo anelo da noiva, finalmente, glorificada, encontrar com o
noivo para as bodas.
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida”.
2 Coríntios 5:1-4
Nesse argumento de Paulo, todo ele em figura de linguagem, o entendimento do assunto
depende da revelação, para não incorrer no erro da má interpretação. Paulo fala de casa
terrestre do tabernáculo em contraste do edifício, contrapõem a fragilidade do primeiro que
se desfaz com a condição eterna daquele feito por Deus. O entendimento é simples, Paulo
fala de corpo terrestre (a casa) da alma (tabernáculo) em comparação ao corpo glorioso
(habitação celestial). Veja bem que não diz que irá para esse “edifício no céu”, antes quer
“revestir-se” dele, por isso a continuidade do texto demonstra que fala de alma que tem de
estar vestida com o espírito de Cristo para ser revestida de imortalidade.
“Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem
dúvida, uma é a glória dos celestiais, e outra, a dos
terrestres”. 1 Coríntios 15:40
“Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se
há corpo natural, há também corpo espiritual. Pois assim
está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma
vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante. Mas
não é primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o
espiritual. O primeiro homem, formado da terra, é
terreno; o segundo homem é do céu. Como foi o primeiro
homem, o terreno, tais são também os demais homens
terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os
celestiais”.
1 Coríntios 15:44-48
“Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso
galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas
que viveram antes de vós”. Mateus 5:12
Olhando para esse texto, alguns esperam receberem a recompensa logo assim que morrerem
e forem para o céu. Como já foi amplamente demonstrado nesse livro, tal realidade não
existe na bíblia. É importante, então entender que realmente é no céu que é feita a
contabilidade e a anotação das nossas boas obras e é lá que acumulamos tesouro e honra. No
entanto, nós não recebemos cada um individualmente nossa recompensa ao morrermos,
antes nosso galardão será trazido do céu pelo próprio Senhor Jesus Cristo quando em glória
vier.
“E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão
que tenho para retribuir a cada um segundo as suas
obras”. Apocalipse 22:12
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
O apóstolo Paulo tinha clara noção dessa promessa e sabia que a coroação dos fiéis
será no dia de Cristo quando todos receberão o galardão devido. Por enquanto o galardão
fica no céu, guardado, reservado até o dia da glorificação dos santos.
“Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o
Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a
mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda”.
2 Timóteo 4:8
________________________________________________________________
“Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as
almas daqueles que tinham sido mortos por causa da
palavra de Deus e por causa do testemunho que
sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até
quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não
julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam
sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma
vestidura branca, e lhes disseram que repousassem
ainda por pouco tempo, até que também se completasse
o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser
mortos como igualmente eles foram”. Apocalipse 6:9-11
Por último, destacamos esse texto de apocalipse, ótimo para demonstrar o equívoco no
coração de muitos cristãos sobre a condição das almas dos santos. Veja bem que a descrição
de João das almas que estão debaixo do altar, é a visão de quem olha de cima para baixo. Se
considerarmos que o altar é o lugar de imolar o sacrifício, compreenderemos que em relação
as almas dos que foram mortos, martirizados, o altar do seu sacrifício foi a terra, onde
verteram seu sangue. Corrobora com essa visão aquele texto de gênesis analisado no início
desse livro sobre o a voz do sangue de Abel clamando justiça a Deus desde a terra. É a
mesma situação. Veja bem que esses santos não estão no céu gozando de situação
confortável, ou desfrutando o paraíso, ou mesmo passeando na nova Jerusalém, antes estão
numa dimensão sob o altar do sacrifício, aguardando a justiça de Deus, o dia da Ira do
Senhor sobre os ímpios na terra. São consolados e exortados a permanecerem em repouso
(sem obras ou fadiga) aguardando serem acrescentados de outras almas de santos que ainda
serão mortos por causa da verdade do evangelho do Reino.
CONCLUSAO
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APENDICE
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As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
Agora que você já compreende a realidade do Mundo dos Mortos, como sendo
doutrina bíblica é importante que tenha oportunidade de examinar todos os textos onde
aparecem os termos: Sheol, Hades e Geena. Removida a maquiagem da tradução, você
poderá fazer como os bereanos e conferir se é assim mesmo que consta no original,
analisando as passagens com o entendimento correto do mundo dos mortos, ao invés das
inadequações de cova, sepultura ou mesmo inferno generalizado. Confirme, e edifique-se na
verdade.
51
As Portas do Hades Não Prevalecerão
Vitória sobre a Morte
Apostila (Livro)
O Evangelho da Igreja Primitiva
O ANTICRISTO JÁ VEIO
Pr. Damazio M. de Sena Filho
Cursos:
O Evangelho do Reino de Deus –
Seminário Profético Bíblico 1º e 2º Módulo
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