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O que é um Dogma?

Concílio Vaticano II

Um dogma é uma doutrina na qual a Igreja propõe de maneira definitiva uma verdade
revelada, de uma forma que obriga o povo cristão na sua totalidade. Esta é definição que se
pode encontrar num dicionário de Teologia. Para quem não é muito especialista neste tipo de
linguagem, impõe-se uma tradução e algum esclarecimento.

Para perceber a natureza de um dogma, é necessário esclarecer alguns pressupostos, para não
criar confusões logo à partida. O primeiro é que um dogma se refere sempre à Revelação, isto
é, é uma expressão definitiva que a Igreja, a dado momento da sua história, cristaliza numa
afirmação que esclarece determinado aspecto da revelação de Deus à humanidade. O ponto
máximo da revelação de Deus é Jesus e, a partir d’Ele, nada mais há a ser manifestado, da
parte de Deus. Tal manifestação de Deus vem testemunhada na Escritura e na tradição da fé e
do magistério da Igreja ao longo dos séculos. O que a Igreja tem necessidade de fazer é, a certo
ponto, esclarecer algum aspecto dessa revelação.

O segundo aspecto é a questão da verdade do dogma. Em que sentido se pode entender que o
dogma é uma verdade definitiva? Para isso, é essencial reflectir sobre o conceito de verdade,
que tendemos a associar à verdade objectiva e científica, isto é: é verdadeiro o que se pode
provar empiricamente, é verdadeiro aquilo que corresponde à nossa observação. A noção
bíblica de verdade, da qual participa a natureza do dogma, é a verdade como emeth, isto é,
apoio. O termo hebraico para verdade significa apoiar-se, ter segurança. Deus é verdadeiro e
comunica verdade na medida em que n’Ele apoio a minha existência e a minha fé.

O teólogo jesuíta B. Lonergan tem esta expressão que nos ajuda a desmontar muitas ideias pré-
concebidas em relação aos dogmas: “Um dogma tem uma data”, isto é, é uma formulação
escrita numa determinada linguagem e contexto, numa altura em que era essencial para a
Igreja esclarecer aquilo que está mais de acordo com a revelação, quando há divergência de
opiniões. Os debates teológicos dos séc. IV, V e VI, que resultaram nos grandes concílios de
Niceia, Constantinopla, Calcedónia, Éfeso, e outros, são momentos decisivos para fixar por
escrito, por exemplo, as verdades que se referem à pessoa de Jesus: da mesma substância de
Deus Pai, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, nascido da Virgem Maria, etc. No séc. XVI, por
exemplo, a Igreja sentiu necessidade de fixar a verdade acerca da presença real de Jesus na
Eucaristia, numa época em que o confronto com a reforma protestante punha isto em questão.

Por isso, um dogma não é uma realidade que surge do nada, mas é essencialmente um ponto
de chegada de uma tradição de fé, muitas vezes de vários séculos que, a determinado
momento passam a ser definitivos. Sendo escritos numa época determinada e condicionada
pelas suas circunstâncias, o seu conteúdo permanece imutável, mas a sua formulação pode ser,
e deve ser traduzida, explicada e aplicada às circusntãncias de cada tempo e de cada lugar. Um
dogma não acrescenta nada à Revelação, mas explica-a de outra forma, confirma ou esclarece
aquilo que está na Escritura ou que vem sendo vivido ao longo da experiência de fé da Igreja
como um todo.

António Valério, sj

01.03.2011

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