Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Rev. Assoc. Med. Bras. vol.60 no.1 São Paulo jan./fev. 2014
http://dx.doi.org/10.1590/1806-9282.60.01.015
ARTIGO ORIGINAL
Luciana C Trindade 1
Jorge Vanrell 3
Danilo Godoy 4
José CA Martins 5
1
Especialista, Faculdade de Medicina Nova Esperança (FAMENE), Departamento de
Medicina Legal da Paraíba (DMl / PB), João Pessoa, PB, Brasil; Doutoranda em
Bioética pela Universidade do Porto, Portugal.
2
Especialista, Departamento de Medicina Legal da Paraíba (DMl / PB), João Pessoa,
PB, Brasil.
3
Especialista, Universidade Paulista (UniP), São Paulo, SP, Brasil.
4
Estudante de Medicina da Faculdade de Medicina Nova Esperança - FAMENE, João
Pessoa, PB, Brasil.
5
Doutora em Ciências de Enfermagem, Universidade do Porto, Portugal.
6
Doutora em Direito Civil, Universidade do Porto, Portugal.
ABSTRATO
Objetivo
Métodos
Resultados
Em 2009, 421 indivíduos vítimas de violência sexual foram atendidos. Desses, 379
(90%) tinham menos de 18 anos e 66 casos foram excluídos desses relatórios. A
maioria era do sexo feminino (81,2%). A faixa etária mais acometida foi de 10 a 13
anos (36,7%), seguida de 5 a 9 anos (30,7%). Na maioria dos casos (86,3%), havia
laços familiares ou de amizade entre vítimas e agressores, sendo mais frequentemente
acusados de conhecidos ou amigos da família (42,3%), seguidos pelo padrasto (16,6%)
e pai (10,9%) .
Conclusão
Os resultados são semelhantes a outros estudos realizados no país. Este trabalho visa
preencher uma lacuna causada pela falta de pesquisas sobre esse tema no Estado, na
esperança de colaborar para melhorar as políticas públicas contra o abuso sexual
infantil.
RESUMO
Objetivo
Métodos
estudo descritivo, com coleta de dados a partir das informações dos melhores
sexólogos, realizado no ano de 2009, das vítimas de violência com menos de 18 anos
de idade. O instrumento de coleta foi um formulário com informações sociodemográficas
sobre vítima - sexo, idade - e informações sobre respeito à violência sexual - local de
ocorrência, tempo decorrido entre violência e perícia, queixas relacionadas, achados de
exame sexológico, descrição de lesões fora do local da região genital e vínculo entre a
vítima e o agressor.
Resultados
no ano de 2009, foram atendidas 421 pessoas vítimas de violência sexual. Destas, 379
(90%) eram menores de 18 anos, tendo sido excluídas 66 desses louvores. A maioria
era do sexo feminino (81,2%). A faixa etária mais acometida foi de 10 a 13 anos
(36,7%), seguida por 5 a 9 anos (30,7%). Na maioria dos casos (86,3%), havia vínculo
familiar ou amizade entre as vítimas e os acusados, sendo o mais frequente ou acusado
conhecido ou amigo da família (42,3%), seguido do padrasto (16,6% ) e do pai
(10,9%).
Conclusão
os resultados encontrados são semelhantes aos outros estudos avançados no país. Este
trabalho pretende preencher uma lacuna decorrente da pesquisa sobre esse tema no
Estado, esperando colaborar nas políticas públicas de enfrentamento desse mal.
INTRODUÇÃO
Toda criança tem direito a uma vida saudável, livre de violência. Apesar disso, a
Organização Mundial da Saúde estima que milhões de crianças em todo o mundo
sofrem violência, direta ou indiretamente. Entre suas muitas formas, está a
violência sexual. 1
No país, os crimes sexuais são regulamentados pelo Código Penal (CC) de 1940,
modificado pela Lei nº. 12015, de 2009, que agora os classifica como “crimes
contra a dignidade pessoal”, atualmente sendo vistos como um insulto à liberdade e
à moralidade sexual. 14 , 15
A nova lei tem uma definição mais ampla de estupro e inclui o estupro de
vulnerável, definido como "ter conhecimento carnal ilegal ou praticar outros atos
libidinosos com menor de 14 (catorze) anos", incorrendo na mesma pena para
quem pratica essas ações. com alguém que não pode oferecer resistência.
Diante do exposto, fica claro que a violência sexual precisa ser estudada de forma
consistente. Este trabalho enfoca a questão e tem como objetivo descrever o perfil
demográfico e epidemiológico de crianças e adolescentes vítimas de violência
sexual atendidas em uma Unidade de Medicina Legal no estado da Paraíba, em
2009, bem como o relacionamento com os agressores. e as lesões apresentadas
para exame forense.
MÉTODOS
Este estudo foi conduzido pelo Departamento de Medicina Legal da Paraíba (DFM /
PB), órgão do grupo que integra o Instituto de Polícia Científica da Paraíba (IPC /
PB), subordinado à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social da Paraíba. . A
agência está localizada nos arredores da cidade de João Pessoa (PB), capital de um
estado localizado na região nordeste do Brasil, e é responsável por realizar exames
médicos especializados das vítimas (inclusive no caso de crimes sexuais)
decorrentes de a capital e cidades vizinhas.
Relatos de vítimas com mais de 18 anos e mulheres com menos de 18 anos, cuja
motivação para a realização do exame sexológico não foi considerada violência
sexual, mas de outra forma relacionada ao próprio desejo e / ou ao desejo do
responsável legal de conhecer ou provar a integridade do hímen foi excluída do
estudo.
Na maioria dos casos (86,3%), havia um vínculo entre vítimas e réus, e na maioria
das vezes o réu era familiar ou amigo (42,3%), seguido pelo padrasto (16,6%) e
pai (10,9%). Outras relações observadas com menos frequência foram: primo
(2,6%); tio (2,6%); companheiro de avó ou tia (2,2%); irmão, padrinho e vizinho,
cada um deles com uma frequência de 1%; superior, sogro da cunhada e ex-
marido da mãe, cada um com uma frequência de 0,3%. Em 20 casos (6,4%) não
havia informações a esse respeito.
Quanto às lesões corporais apresentadas por vítimas fora da região genital, 49,5%
não apresentavam evidências; em 47,3% dos relatos não havia referência a essas
informações e 10% das vítimas apresentavam lesões.
Os tipos mais comuns de violência sexual sofrida pelas vítimas, de acordo com a
conclusão dos relatos de especialistas, foram: ausência de traços de violência
(64,2%), estupro de pessoa vulnerável (13,7%) e resultados inconclusivos
(9,9%). Outros achados foram: atos libidinosos (7%), estupro anal (3,2%), estupro
vaginal (1,6%) e outros (0,3%).
DISCUSSÃO
Em relação à idade, neste estudo, a maioria das vítimas tinha entre 12 e 14 anos,
seguida por crianças de 9 a 11 anos, semelhante aos achados de Ribeiro et
al. 3 Esses resultados diferem de estudos de outros autores, que descobriram que a
faixa etária mais afetada foi a de crianças de 5 a 10 anos. 3 , 8 , 12
Além das lesões genitais, a violência sexual pode ser acompanhada de lesões não
genitais, descritas em 10% dos relatos analisados neste estudo. Tais achados
demonstram outra das conseqüências do abuso sexual, além dos danos morais e
psicológicos e dos riscos inerentes às situações. 07 A presença de lesões não
genitais pode ajudar a caracterizar o uso de força física e coerção em crimes
sexuais, principalmente para vítimas acima de 14 anos, quando a relação
consensual não constitui crime. 3
CONCLUSÃO
Este trabalho tem como objetivo ajudar a preencher uma lacuna resultante da falta
de pesquisas sobre violência sexual no Brasil. Suas limitações estão relacionadas ao
estudo retrospectivo, com dados coletados indiretamente e não da própria
vítima. Isso impediu que dados relevantes, que poderiam estar ligados ao
fenômeno da violência, como as condições socioeconômicas da vítima e do
agressor, sejam deixados de fora dos registros. Além disso, os relatórios estavam
incompletos e, por esse motivo, a conclusão do exame forense era frequentemente
deduzida pelos pesquisadores com base nas descrições médicas.
Assim como descrito por vários autores, as principais vítimas de violência sexual
deste estudo foram crianças e adolescentes do sexo feminino, com algum tipo de
relacionamento emocional ou parental com o agressor, o que aumenta sua
vulnerabilidade.
REFERÊNCIAS
Gawryszewski VP, Valencich DMO, Carnevalle CV, Marcopito LF. Maustratos contra a
criança e o adolescente no Estado de São Paulo, 2009. Rev Assoc Med Bras
2012; 58 (6): 659-65. [ Links ]
Ribeiro MA, Reis JN, Ferriani MGC. Violência sexual contra crianças e adolescentes:
características incluídas na vitimização nas relações familiares. Cad Saúde Pública
2004; 20 (2): 456-64. [ Links ]
Zambon MP, Jacintho ACA, Medeiros MM, Guglielminetti R, Marmo DB. Violência
doméstica contra crianças e adolescentes: um desafio. Rev Assoc Med Bras
2012; 58 (4): 465-71. [ Links ]
Reis JN, Martin CCS, Ferriani MGC. Mulheres vítimas de violência sexual: meios
coercitivos e produção de lesões não genitais. Cad Saúde Pública 2004; 20 (2):
465-73. [ Links ]
Habigzang LF, Azevedo GA, Machado PX. Abuso sexual infantil e familiar: Aspectos
observados em processos jurídicos. Psic Teor Pesq 2005; 21 (3): 341-8. [ Links ]
Gomes R, Junqueira MFPS, Silva CO, Junger WL. A abordagem dos maus-tratos
contra a criança e o adolescente em uma unidade pública de saúde. Ciênc Saúde
Coletiva 2002; 7 (2): 275-83. [ Links ]
Azevedo MA, Guerra VNA. Crianças vitimizadas: A síndrome do pequeno poder. São
Paulo: Iglu, 1989. [ Links ]
Barros FD. Vulnerabilidade nos novos delitos sexuais. Carta Forense. 2 de março de
2010. [citado em 10 de maio de 2012]. Disponível em:
http://www.cartaforense.com.br/Materia.aspx?id=5314. [ Links ]
Elliott AN, Carnes CN. Reações de pais não agressores ao abuso sexual de seus
filhos: Uma revisão da literatura. Child Maltreat 2001; 6 (4): 314-31. [ Links ]
De Antoni C, Koller SH. Violência doméstica e comunitária. In: Contini MLJ, Koller
SH, Barros MNS (eds.). Adolescência e psicologia: Concepções, práticas e reflexões
críticas. Brasília (DF): Conselho Federal de Psicologia, 2002. p.85-91. [ Links ]
Lopes IMRS, Gomes KRO, Silva BB, Deus MCB, Galvão ERCGN, Borba
DC. Caracterização da violência sexual em mulheres atendidas no Projeto Maria-
Maria em Teresina-PI. Rev Bras Ginecol Obstet 2004; 26 (2): 111-6. [ Links ]
Rua Aderbal Maia Paiva, s / n, Q 245, L 198 Portal do Sol João Pessoa - PB CEP:
58046-527 Telefone: +55 83 3235-8831 / 3218-5214 / 9382-
0781 trindadeluc@ig.com.br