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2013
Comitê CientíÞco dos textos contidos neste volume: Prof. Dr. Afonso Maria Ligorio Soares
(PUC-SP); Prof. Dr. Arnaldo Érico Huff Júnior (UFJF); Prof.ª Dr.ª Eunice Simões Lins Gomes
(UFPB); Prof. Dr. Lourival José Martins Filho (UDESC); Prof.ª Dr.ª Gisela Isolde Waechter
Streck (Faculdades EST); Prof. Dr. Iuri Andréas Reblin (Faculdades EST); Prof.ª Dr.ª Laude
Erandi Brandenburg (Faculdades EST); Prof. Dr. Leomar Antônio Brustolin (PUC-RS); Prof.
Dr. Remí Klein (Faculdades EST) e Prof. Dr. Sérgio Rogério Azevedo Junqueira (PUCPR)
Apoio: A publicação deste livro recebeu o apoio do PROEX da CAPES, entidade governa-
mental brasileira de incentivo à pesquisa cientíÞca voltada à formação de recursos humanos.
E61 Ensino religioso: docência e(m) formação / [Organizado por] Laude Erandi
Brandenburg, Remí Klein, Iuri Andréas Reblin e Gisela I. W. Streck. – São
Leopoldo : Sinodal/EST, 2013.
ISBN 978-85-8194-011-3
IX Simpósio de Ensino Religioso
CDU 2:37
Catalogação na publicação: Leandro Augusto dos Santos Lima – CRB 10/1273
1
Doutor em Teologia com o apoio do CNPq e professor da Faculdades EST, em São Leopol-
do/RS, atuando como coordenador técnico de publicações, eventos e EAD da instituição.
É autor de “Para o alto e avante: uma análise do universo criativo dos super-heróis” e de
“Outros cheiros, outros sabores, o pensamento teológico de Rubem Alves”, além de autor de
diversos artigos e capítulos e organizador de livros envolvendo principalmente os seguintes
temas: teologia, arte e cultura; religião e educação, histórias em quadrinhos, cinema e supe-
raventura. Contato: reblin_iar@yahoo.com.br
2
ECO, Umberto. Seis passeios pelos bosques da Þcção. 9. reimpr. São Paulo: Companhia das
Letras, 2004. p. 137.
3
ECO, Umberto. A Misteriosa Chama da Rainha Loana. Rio de Janeiro: Record, 2005.
A teologia do cotidiano
4
LARROSA, Jorge. Pedagogia Profana: danças, piruetas e mascaradas. 4. ed. 3. reimpr.
Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
5
REBLIN, Iuri Andréas. A Superaventura: da narratividade e sua expressividade à sua po-
tencialidade teológica. 2012b. 257 f. Tese (Doutorado em Teologia) – Faculdades EST, São
Leopoldo, 2012. p. 76-94.
6
ECO, 2004, p. 99.
no. Aqueles não existem fora deste, visto que emergem justamente da relação
do ser humano com o mundo à sua volta, em sua tentativa incessante de orga-
nizar o mundo na perspectiva de seus valores, ou, como sugeriu Max Scheler,
na perspectiva do amor.7 A religião (e aqui não se referindo à religião enquanto
instituição, mas enquanto experiência) é a expressão máxima desse movimen-
to e, justamente por isso, ela encontra lugar nos mais diversos bens culturais.8
A teologia, por sua vez, é muito mais que um saber acadêmico ou eclesiástico.
A teologia não é apenas ciência eclesiástica. Ela não se restringe a esta. Falar
em teologia não é repetir dogmas, nem apenas pensá-los enquanto que a vida
acontece. Falar em teologia é, principalmente e, em primeiro lugar, mergu-
lhar dentro de cada indivíduo, em sua história pessoal, em seus encontros e
desencontros diante da ambiguidade da vida. Falar em teologia é dizer acerca
das coisas divinas, das coisas sagradas, das coisas melhores, dos relaciona-
mentos entre as pessoas e o mundo que as cercam, da natureza, da fé, das
motivações humanas. Falar em teologia é falar daquilo que faz as pessoas
aguentarem Þrmes diante da morte e aguentarem Þrmes durante a vida, é
falar de situações de desespero, de angústia e também é falar dos sinais de
esperança.9
7
SCHELER, Max. “Ordo amoris”. In: ______. Gesammelte Werke. Zurique: Francke Verlag,
1957. v. 10, p. 347-376.
8
Cf. REBLIN, Iuri Andréas. Teologia, arte e cultura: os caminhos da teologia do cotidiano.
In: JACOBSEN, Eneida; SINNER, Rudolf von; ZWETSCH, Roberto E. (Orgs.). Teologia
Pública: desaÞos sociais e culturais. São Leopoldo: Sinodal, EST, 2012c. p. 181-200.
9
REBLIN, Iuri Andréas. A teologia do cotidiano. In: BOBSIN, Oneide et al. (Orgs.). Uma
religião chamada Brasil: estudos sobre religião e contexto brasileiro. São Leopoldo: Oikos,
2008a. p. 85-86.
10
REBLIN, Iuri Andréas. A não ciência de Deus a partir de Rubem Alves. In: SCHAPER, Va-
lério Guilherme et al. (Orgs.). Deuses e Ciências na América Latina. São Leopoldo: Oikos/
EST, 2012a. p.110-121. p. 111.
11
ALVES, Rubem. O que é religião? 6. ed. São Paulo: Loyola, 2005a. p. 12.
12
REBLIN, 2008, p. 82-96. Cf. também REBLIN, 2012b, p. 151ss.
13
REBLIN, 2008, p. 91.
14
ECO, Umberto. O Super-Homem de Massa. São Paulo: Perspectiva, 1991. p. 22ss. (Deba-
tes; 238).
15
ECO, 1991, p. 23-24.
16
ECO, 1991, p. 14.
17
Cf. a discussão sobre o status da cultura contemporânea em: ECO, Umberto. Apocalípticos
e Integrados. 6. ed. 1. reimpr. São Paulo: Perspectiva, 2004. p. 7-88. (Debates; 19).
Há também produções de
autores que utilizam elementos do
universo religioso para contar ou-
tras histórias, quer sejam anedotas
ou adaptações livres; isto é, não se
trata de uma adaptação das histó-
rias bíblicas, mas da utilização de
motivos atinentes ao imaginário re-
ligioso e as concepções provenien-
tes de um senso religioso comum.
A coletânea das tiras de Laerte pu-
blicada pela Editora Olho D’Água
é um bom exemplo disso (Figuras
9 a 11). Com sagacidade e bom hu-
mor, o artista brinca com conceitos
sedimentados e os mais diferentes
estereótipos relacionados à esfera
religiosa. Não tem a pretensão pela
verdade e pela Þdelidade ao que se
possa falar sobre Deus ou mesmo
sobre o universo do “sobrenatu-
ral”, mas provocar a ironia e o
questionamento das ideias (abso-
lutas) que por vezes se possa vir a
se fazer das coisas sagradas. Como
aÞrmou Frei Betto, no prefácio do
primeiro volume, “O que Laerte
faz é um santo humor. Livra-nos
daquela imagem de um Deus car-
rancudo, mal humorado, provedor
do inferno, para nos aproximar da
imagem evangélica que Jesus nos
passa: Deus é amor, mais íntimo a Figuras 9, 10 e 11: Tiras de Laerte
nós do que nós a nós mesmo, como com motivos religiosos
dizia Santo Agostinho”18. pela Editora Olho d’Água
18
BETTO, Frei. Brincando nos Campos do Senhor. In: DEUS segundo Laerte. 5. ed. São
Paulo: Olho D’Água, 2005. p. 5.
19
REBLIN, Iuri Andréas. Para o Alto e Avante: uma análise do universo criativo dos super-
-heróis. Porto Alegre: Asterisco, 2008b; e REBLIN, Iuri Andréas. A teologia e a saga dos
super-heróis: valores e crenças apresentados e representados no gibi. Protestantismo em
Revista, São Leopoldo, v. 22, p. 13-21, maio/ago. 2010. Disponível em: <http://periodicos.
est.edu.br/index.php/nepp/article/view/54/63>. Acesso em: 20 ago. 2012.
20
REBLIN, 2008b; 2010; 2012b e também REBLIN, Iuri Andréas. Os super-heróis e a jorna-
da humana: uma incursão pela cultura e pela religião. In: VIANA, Nildo; REBLIN, Iuri An-
dréas (Orgs.). Super-heróis, cultura e sociedade: aproximações multidisciplinares sobre o
mundo dos quadrinhos. Aparecida: Idéias e Letras, 2011, p. 55-92 e REBLIN, Iuri Andréas.
O Planeta Diário: rodas de conversa sobre quadrinhos, super-heróis e teologia. São Leopol-
do: EST, 2013 (e-book). Disponível em: <http://www.est.edu.br/downloads/pdfs/biblioteca/
livros-digitais/O_Planeta_Diario_PDFA_Final.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2013.
21
Nessa direção, um referencial teórico importante torna-se o livro SANTOS NETO, Elýdio
dos; SILVA, Marta Regina Paulo da (Orgs.). Histórias em Quadrinhos & Educação: for-
mação e prática docente. São Bernardo do Campo: Metodista, 2011. Um vídeo ilustrativo