Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
1. Da oferta
2. Da publicidade
A publicidade é tida como uma ferramenta capaz de auxiliar na circulação de bens e serviços,
contribuindo com a economia e a geração de riquezas. Ocorre que, se faz necessária avaliar
em que medida deve ser adotada esta prática pelo empresariado, sob pena do cometimento
de abusos frente aos consumidores e, até mesmo, diante dos concorrentes. Desta forma, a
informação, transparência e harmonia das relações devem ser preservadas.
Assim, a exposição do bem por meio publicitário se torna eficaz ao fornecedor e, de certa
forma, pode gerar riscos ao consumidor, pois a veiculação que não atende os preceitos
estabelecidos na norma de consumo pode ser considerada abusiva ou enganosa.
Entende-se como publicidade abusiva aquela que é tida como discriminatória, que incite à
violência, explore o medo ou a superstição, aproveite a deficiência de julgamento e
experiência da criança, desrespeite valores ambientais, ou, ainda, permita a indução do
indivíduo em comportamento prejudicial ou perigoso à saúde ou segurança. – Art. 37, § 2°
do CDC.
Desta forma, para que sejam evitados excessos dos fornecedores, é preciso observar os
princípios que norteiam a prática publicitária de consumo. Vale destacar que os princípios
gerais de consumo são aplicáveis as questões publicitárias, pois orientam a interpretação da
lei.
No que diz respeito, aos princípios específicos, há o da veracidade que prima pela verdade
do produto ou do serviço apresentado pelo fornecedor. Não devem constar falsas impressões
2
que sugestionem interpretação diversa ou criem falsas expectativas pelo consumidor. A
publicidade deve ser realizada sem ampliar ou omitir informações sobre o que está
anunciando.
O princípio da identidade publicitária se presta para garantir que a publicidade não seja
veiculada com recursos indevidos, tais como, mensagens subliminares, clandestinas,
ofensivas.
Vale destacar ainda que, o princípio da vinculação da publicidade foi aplicado em situação
decorrente de falência da empresa, imputando a responsabilidade à fornecedora do bem,
como pode ser vista da decisão do STJ que segue:
3
celebrado. - Constatado pelo Eg. Tribunal a quo que o fornecedor, através de
publicidade amplamente divulgada, garantiu a entrega de veículo objeto de
contrato de compra e venda firmado entre o consumidor e uma de suas
concessionárias, submete-se ao cumprimento da obrigação nos exatos termos da
oferta apresentada. - Diante da declaração de falência da concessionária, a
responsabilidade pela informação ou publicidade divulgada recai integralmente
sobre a empresa fornecedora.
4
Embora pareçam complementares, há que se considerar que ao consumidor é tido pelo CDC
como vulnerável nesta relação, o que significa dizer mais frágil frente ao fornecedor.
Tomando isso, a norma consumerista visa o equilíbrio das relações entre as partes, não em
detrimento econômico, mas visando minimizar as incongruências que desestabilizam os
contratos que as partes firmam.
A publicidade é tida como influenciadora na aquisição de bens e serviços. Como a cada dia
há a intensificação do seu uso, é preciso que os envolvidos estejam atentos para que não
sejam cometidos abusos ou excessos para que não ocorram desequilíbrios. Assim, a atuação
dos órgãos de controle é relevante, bem como o questionamento daqueles que porventura
foram lesados.
Mas afinal qual seria o conceito de prática abusiva? Quando se estará diante desta
prática?Vejamos o que leciona Antônio Carlos Efing, "são comportamentos, tanto na esfera
contratual quanto à margem dela, que abusam da boa-fé ou situação de inferioridade
econômica ou técnica do consumidor" e na mesma linha temos o apontamento de Antônio
Herman V. E Benjamin:"É a desconformidade com os padrões mercadológicos de boa
conduta em relação ao consumidor’." ou seja, estaremos diante das práticas comerciais
abusivas quando todas as condutas tendem a ampliar a vulnerabilidade do consumidor.
Destaca-se que a prática abusiva consiste apenas na utilização em excesso de algum direito
de modo a prejudicar ou ampliar a vulnerabilidade do consumidor.
Exemplificarei este breve conceito com as seguintes hipóteses: imagine que uma companhia
aérea ao informar que o voo foi cancelado não indique o prazo para restituição dos valores
pagos, deixando a fixação do prazo para devolução ao exclusivo critério dela, ou, ainda, que
esta mesma companhia aérea eleve sem justa causa a passagem lhe gerando ônus maior do
que fora inicialmente contratado, imaginou? Imagine ainda que, ao comprar a passagem lhe
é condicionado o fornecimento de outro produto ou serviço que não relacionado à passagem
(serviços de natureza distinta e usualmente comercializados em separado), por exemplo, um
seguro de vida. Isto é abusivo?
5
E a imputação de um pagamento mínimo para se entrar em um estabelecimento qualquer, sem
justa causa, é admitido ou não?
Ao longo desse relatório serão encontradas as respostas para as perguntas aqui efetuadas.
É notório que diante de tais fatos estar-se-ia diante de infrações ao código do consumidor
podendo o fornecedor incorrer conforme o caso, nas mais diversas sanções administrativas,
sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas especifica, a saber:
Ou seja, o PROCON será competente, por exemplo, para aplicar a respectiva sanção ao
fornecedor que se utiliza de prática abusiva em seu dia-dia lesando o consumidor, além deste
segundo poder procurar indenização para os danos por ele degustado junto a esfera civil
através do juizado especial civil, ou a depender do caso, até a detenção do fornecedor na
esfera criminal.
A saber, para concluir, nas hipóteses acima mencionadas da Cia aérea resta clara que as
condutas mencionadas são abusivas, ressalta-se ainda que condicionar o fornecimento de
produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa
causa, a limites quantitativos (conforme abaixo das hipóteses e a ultima pergunta acima
realizada); é o que se chama vulgarmente de “venda casada”, não sendo apenas abusiva a
prática como também é caracterizada crime, conforme demonstrado, no artigo 39, I, CDC:
6
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas
disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto,
ou fornecer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua
idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou
serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização
expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as
partes;
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor
no exercício de seus direitos;
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo
com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas
não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade
credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Conmetro);
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se
disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de
intermediação regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884,
de 11.6.1994)
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. (Incluído pela
Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado
em inciso XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a
fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. (Incluído pela Lei nº 9.008,
de 21.3.1995)
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente
estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999)
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um
número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como
máximo. (Incluído pela Lei nº 13.425, de 2017)
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao
consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis,
inexistindo obrigação de pagamento.
Seguindo esta linha, se posicionou o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, como se verifica na
forma que segue:
7
FRENTE AO PRÓPRIO MUTUANTE OU SEGURADORA POR ELE INDICADA.
DESNECESSIDADE. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. VENDA CASADA.
Com efeito, a ideia da abusividade tem relação com a doutrina do abuso do direito. A
constatação de que o titular de um direito subjetivo pode dele abusar no seu exercício acabou
levando o legislador a tipificar certas ações como abusivas 1.
A prática real do exercício dos vários direitos subjetivos acabou demonstrando que, em
alguns casos, não havia ato ilícito, mas era o próprio exercício do direito em si que se
caracterizava como abusivo. A teoria do abuso do direito, então, ganhou força e acabou
preponderando.
A legislação brasileira, adotando a doutrina do abuso do direito, acabou regulando uma série
de ações e condutas que outrora eram tidas como práticas abusivas.
E o exemplo próprio disso são as normas do CDC, que proíbem o abuso e nulificam cláusulas
contratuais abusivas. A abusividade do exercício do direito, transformada pela lei 8.078 em
norma tipificada com conduta ilícita aparece em várias seções.
A lei 8.078 tratou especificamente de regular as práticas abusivas em três artigos: 39, 40 e
41. Mas apenas no art. 39 as práticas que se pretendem coibir, e que lá são elencadas
exemplificativamente, são mesmo abusivas. O art. 40 regula o orçamento e o art. 41 trata de
preços tabelados.
É claro que a não entrega do orçamento e a violação do sistema de preços controlados são
também consideradas práticas abusivas. Porém, a organização do texto não foi muito boa. A
rigor, as chamadas práticas abusivas previstas no art. 39 têm apenas um elenco mínimo ali
estampado. Há outras espalhadas pelo CDC. Por exemplo, a desconsideração da
personalidade jurídica em caso de abuso do direito (art. 28), a cobrança constrangedora (que
é regulada no art. 42, c/c o art. 71), a “negativação” nos serviços de proteção ao crédito de
maneira indevida (que o art. 43 regulamenta), o anúncio abusivo e enganoso, previsto nos
parágrafos do art. 37 etc.
8
Práticas abusivas objetivamente consideradas
As chamadas "práticas abusivas" são ações e/ou condutas que, uma vez existentes,
caracterizam-se como ilícitas, independentemente de se encontrar ou não algum consumidor
lesado ou que se sinta lesado. São ilícitas em si, apenas por existirem de fato no mundo
fenomênico.
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por
vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou
disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor
pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos
previstos neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
eqüidade;
V - (Vetado);
9
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico
pelo consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora
obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira
unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual
direito seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação,
sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a
qualidade do contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias
necessárias.
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato,
de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a
natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares
ao caso.
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto
quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a
qualquer das partes.
§ 3° (Vetado).
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao
Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de
cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não
assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.
Continuando com o relatório, coisa boa é ir ao cinema comendo aquela pipoca ou alguma
guloseima. No entanto, ainda há lugares que tentam
impedir que os clientes comprem comidas em lojas que não sejam as vinculadas às redes de
cinema. Essa prática não pode acontecer. Como você também não pode receber em sua casa
aquele produto que você não solicitou.
Essas e muitas outras atitudes caracterizam práticas abusivas, cometidas por empresas e
comerciantes contra consumidores, seja por desconhecimento da lei ou por má fé, mesmo. O
consumidor, muitas vezes, acaba sendo lesado por não saber identificar essas práticas. O
consumidor é considerado a parte mais fraca da relação de consumo porque ele não domina o
conhecimento total, o que pode levá-lo a passar por situações de obstrução de direito.
10
Abaixo, dez práticas abusivas comuns e como se proteger delas.
1- Venda casada: essa é uma prática muito comum que ocorre quando o consumidor é obrigado
a levar um produto na compra de outro. Segundo Dori, isso acontece quando o consumidor não
tem vontade, mas se sente obrigado a comprar. “Um exemplo claro de venda casada é quando
o cliente contrata um serviço de internet e é obrigado a contratar também o serviço de telefone.
2- Mentir sobre falta de produto: o advogado explica que isso ocorre quando o fornecedor
alega falta de produto no estoque e a informação é falsa. Ele conduz o consumidor a comprar
outro produto, agindo de má fé. Essa é uma prática abusiva e ilegali.
3- Envio de produto não solicitado: segundo a legislação o fornecedor não pode enviar um
produto para a residência do consumidor sem que este tenha sido solicitado. Se isso acontecer,
o consumidor pode considerar que o produto enviado é uma amostra grátis e não é obrigado a
pagar. Segundo o Artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor, o consumidor não é obrigado
a pagar produtos ou serviços não solicitados.
7- Falta de fixação de prazo nas prestações de serviço: Dori explica que nesse caso, o
prestador se serviço não pode deixar de estipular um prazo para o cumprimento da sua obrigação
11
ou deixar essa delimitação do prazo a sua vontade própria. Isso deve ser combinado entre as
duas partes e deve ser oferecido e cumprido. O prestador de serviço deve informar por escrito
o prazo para execução do serviço ou entrega do produto.
9 – Não entregar cupom fiscal após a compra: é obrigatória a entrega ou emissão de cupom
fiscal na venda de produtos ou na prestação de serviços. O descumprimento é considerado uma
infração à Lei Federal 8.137 de 27 de dezembro de 1990 que proíbe essa prática.
10- Cobrar preços diferentes em cartões de crédito ou cheque: O preço à vista deve ser igual
nos pagamentos em cheque, cartão ou dinheiro, o comerciante não pode fazer diferenciação de
preços nesses casos.
Caso o consumidor se depare com algumas dessas situações, pode se dirigir diretamente ao
fornecedor para resolver a questão. Caso não chegue a uma solução, é preciso procurar um
órgão de defesa do consumidor da sua cidade e do seu estado e registrar uma reclamação
formulada. Essa reclamação deve ser feita perante o fornecedor, por escrito. Quando a situação
ultrapassa a questão administrativa, o consumidor pode contratar um profissional para entrar
com uma ação judicial ou procurar o juizado especial cível.
4. Da cobrança de dívidas
12