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CENTRO UNIVERSITÁRIO SANTO AGOSTINHO UNIFSA

DISCIPLINA: PROCESSO CIVIL III


PROFESSOR: GILBERTO
ALUNOS(A): BRENDA, DÉBORA, IRLANO, JOÃO PAULO, JÚLIO,
KAIO LUAN, KARINE E SAMUEL.

RELATÓRIO SOBRE PRÁTICAS COMERCIAIS

1. Da oferta

2. Da publicidade

A publicidade é tida como uma ferramenta capaz de auxiliar na circulação de bens e serviços,
contribuindo com a economia e a geração de riquezas. Ocorre que, se faz necessária avaliar
em que medida deve ser adotada esta prática pelo empresariado, sob pena do cometimento
de abusos frente aos consumidores e, até mesmo, diante dos concorrentes. Desta forma, a
informação, transparência e harmonia das relações devem ser preservadas.

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. AÇÃO


COLETIVA DE CONSUMO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO,
CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. NÃO VERIFICAÇÃO. PUBLICIDADE
ABUSIVA. ART. 37, § 2º, DO CDC. TEMA MORALMENTE SENSÍVEL.
DANO MORAL COLETIVO. LESÃO EXTRAPATRIMONIAL. VALORES
ESSENCIAIS DA SOCIEDADE. HIPÓTESE CONCRETA. OCORRÊNCIA. 1.
Ação coletiva de consumo por meio da qual se questiona a abusividade de
publicidade que trata de tema moralmente sensível e na qual se pede seja vedada a
veiculação da propaganda objurgada e compensados danos morais coletivos. 2.
Recurso especial interposto em: 25/02/2015; conclusão ao Gabinete em:
25/08/2016; aplicação do CPC/73. 3. O propósito recursal consiste em determinar
se: a) ocorreu negativa de prestação jurisdicional; e b) se, na hipótese concreta, a
veiculação da publicidade considerada abusiva é capaz de configurar dano moral
coletivo. 4. Ausentes os vícios do art. 535 do CPC/73, rejeitam-se os embargos de
declaração. 5. Os danos morais coletivos configuram-se na própria prática ilícita,
dispensam a prova de efetivo dano ou sofrimento da sociedade e se baseiam na
responsabilidade de natureza objetiva, a qual dispensa a comprovação de culpa ou
de dolo do agente lesivo, o que é justificado pelo fenômeno da socialização e
coletivização dos direitos, típicos das lides de massa. 6. Ademais, os danos morais
coletivos têm como função a repressão e a prevenção à prática de condutas lesivas
à sociedade, além de representarem uma forma de reverter a vantagem econômica
obtida individualmente pelo causador do dano em benefício de toda a coletividade.
7. A publicidade questionada reproduz o seguinte diálogo: "- Posso trazer meu
namorado para dormir em casa, passar a noite fazendo sexo selvagem e acordando
a vizinhança toda? - Claro filhote! - Aí paizão, valeu! Sabia que cê ia deixar. - Ufa!
Achei que ela ia me pedir o carro!". 8. Na hipótese concreta, tendo o acórdão
recorrido reconhecido a reprovabilidade do conteúdo da publicidade,
considerando-a abusiva, não poderia ter deixado de condenar a recorrida a ressarcir
danos morais coletivos, sob pena de tornar inepta a proteção jurídica à indevida
lesão de interesses transindividuais, deixando de aplicar a função preventiva e
pedagógica típica de referidos danos e permitindo a apropriação individual de
1
vantagens decorrentes da lesão de interesses sociais. 9. Recurso especial
parcialmente provido. Sentença reestabelecida.

(STJ - REsp: 1655731 SC 2015/0270550-4, Relator: Ministra NANCY


ANDRIGHI, Data de Julgamento: 14/05/2019, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 16/05/2019)

Atualmente, em razão do estímulo ao consumo, os fornecedores adotam vários mecanismos


de publicidade, visando atingir o maior público possível. Assim, além das práticas
convencionais, como anúncios na TV e revistas, panfletos, flyers, outdoors, entre outros,
foram incluídos meios tecnológicos que dissipam com facilidade a informação e atingem
muitos usuários em curto prazo.

Todos os indivíduos sujeitos a publicidade, identificáveis ou não, estão acobertados pela


legislação consumerista, podendo adotá-la caso sintam-se lesados em algum momento.

É importante destacar o sentido de publicidade tratado pelo Código de Defesa do


Consumidor (CDC), a fim de que não seja confundida com "propaganda". A publicidade tem
o condão de tornar alguma coisa pública, isto é, publicizar o produto ou o serviço a ser
consumido.

Assim, a exposição do bem por meio publicitário se torna eficaz ao fornecedor e, de certa
forma, pode gerar riscos ao consumidor, pois a veiculação que não atende os preceitos
estabelecidos na norma de consumo pode ser considerada abusiva ou enganosa.

Entende-se como publicidade abusiva aquela que é tida como discriminatória, que incite à
violência, explore o medo ou a superstição, aproveite a deficiência de julgamento e
experiência da criança, desrespeite valores ambientais, ou, ainda, permita a indução do
indivíduo em comportamento prejudicial ou perigoso à saúde ou segurança. – Art. 37, § 2°
do CDC.

Já a publicidade enganosa é conceituada como qualquer modalidade de informação ou


comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro
modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados
sobre produtos e serviços. – Art. 37, § 1° do CDC.

Ressalta-se que o uso da publicidade como um meio de divulgação de produtos e serviços


não é uma imposição legal, ao contrário, é uma faculdade do fornecedor. Porém, se este opta
por fazê-la, deve atender todos os dispositivos que a regulam.

Desta forma, para que sejam evitados excessos dos fornecedores, é preciso observar os
princípios que norteiam a prática publicitária de consumo. Vale destacar que os princípios
gerais de consumo são aplicáveis as questões publicitárias, pois orientam a interpretação da
lei.

No que diz respeito, aos princípios específicos, há o da veracidade que prima pela verdade
do produto ou do serviço apresentado pelo fornecedor. Não devem constar falsas impressões

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que sugestionem interpretação diversa ou criem falsas expectativas pelo consumidor. A
publicidade deve ser realizada sem ampliar ou omitir informações sobre o que está
anunciando.

O princípio da identidade publicitária se presta para garantir que a publicidade não seja
veiculada com recursos indevidos, tais como, mensagens subliminares, clandestinas,
ofensivas.

No que diz respeito ao princípio da informação, esta preserva o consumidor da ausência de


informações sobre produtos ou serviços, ou seja, ao fazê-la esta deve ser clara e precisa.

O princípio da veracidade trata da representação da verdade nos anúncios dos produtos e


serviços pelos fornecedores, a fim de que os consumidores não sejam induzidos ao erro. Ao
tratar da verdade, a legislação de consumo indica que não pode ser por comissão ou omissão,
ou seja, não deve ter ampliação para valorizar ou omitir características do bem.

Quando se trata do princípio da não – abusividade há relação com o conceito da publicidade


abusiva previsto no §2º, do art. 37, do CDC. Este se conjuga com o princípio da veracidade,
pois reprime os desvios publicitários, especialmente no tocante ao desrespeito às normas
constitucionais.

Já princípio da vinculação obriga o fornecedor as ofertas realizadas nos anúncios


publicitários. Caso ocorra uma mensagem equivocada, tem-se o vínculo das partes. Portanto,
para que se caracterize o engano, é preciso o seu recebimento como verdadeiro pelo
consumidor. Quanto a este aspecto, o Superior Tribunal de Justiça apresentou a seguinte
posição:

Consumidor. Recurso Especial. Publicidade. Oferta. Princípio da vinculação.


Obrigação do fornecedor. O CDC dispõe que toda informação ou publicidade,
veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e
serviços oferecidos ou apresentados, desde que suficientemente precisa e
efetivamente conhecida pelos consumidores a que é destinada, obriga o fornecedor
que a fizer veicular ou dela se utilizar, bem como integra o contrato que vier a ser
celebrado. Se o fornecedor, através de publicidade amplamente divulgada, garantiu
que os imóveis comercializados seriam financiados pela Caixa Econômica Federal,
submete-se a assinatura do contrato de compra e venda nos exatos termos da oferta
apresentada.

(REsp 341.405/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,


julgado em 03/09/2002, DJ 28/04/2003, p. 198)

Vale destacar ainda que, o princípio da vinculação da publicidade foi aplicado em situação
decorrente de falência da empresa, imputando a responsabilidade à fornecedora do bem,
como pode ser vista da decisão do STJ que segue:

Consumidor. Recurso especial. Publicidade. Oferta. Princípio da vinculação.


Obrigação do fornecedor. - O CDC dispõe que toda informação ou publicidade,
veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e
serviços oferecidos ou apresentados, desde que suficientemente precisa e
efetivamente conhecida pelos consumidores a que é destinada, obriga o fornecedor
que a fizer veicular ou dela se utilizar, bem como íntegra o contrato que vier a ser

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celebrado. - Constatado pelo Eg. Tribunal a quo que o fornecedor, através de
publicidade amplamente divulgada, garantiu a entrega de veículo objeto de
contrato de compra e venda firmado entre o consumidor e uma de suas
concessionárias, submete-se ao cumprimento da obrigação nos exatos termos da
oferta apresentada. - Diante da declaração de falência da concessionária, a
responsabilidade pela informação ou publicidade divulgada recai integralmente
sobre a empresa fornecedora.

Em havendo a infração dos princípios da publicidade, cabível a responsabilidade do


fornecedor de forma objetiva, isto é, há a obrigatoriedade da reparação do dano
independentemente da comprovação da culpa. Seguindo esta linha, se posicionou o Superior
Tribunal de Justiça, como se verifica na forma que segue:

RECURSO ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO


INDENIZATÓRIA. PROPAGANDA ENGANOSA. COGUMELO DO SOL.
CURA DO CÂNCER. ABUSO DE DIREITO. ART. 39, INCISO IV, DO CDC.
HIPERVULNERABILIDADE. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANOS
MORAIS. INDENIZAÇÃO DEVIDA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL
COMPROVADO. 1. Cuida-se de ação por danos morais proposta por consumidor
ludibriado por propaganda enganosa, em ofensa a direito subjetivo do consumidor
de obter informações claras e precisas acerca de produto medicinal vendido pela
recorrida e destinado à cura de doenças malignas, dentre outras funções. 2. O
Código de Defesa do Consumidor assegura que a oferta e apresentação de produtos
ou serviços propiciem informações corretas, claras, precisas e ostensivas a respeito
de características, qualidades, garantia, composição, preço, garantia, prazos de
validade e origem, além de vedar a publicidade enganosa e abusiva, que dispensa
a demonstração do elemento subjetivo (dolo ou culpa) para sua configuração. 3. A
propaganda enganosa, como atestado pelas instâncias ordinárias, tinha aptidão a
induzir em erro o consumidor fragilizado, cuja conduta subsume-se à hipótese de
estado de perigo (art. 156 do Código Civil). 4. A vulnerabilidade informacional
agravada ou potencializada, denominada hipervulnerabilidade do consumidor,
prevista no art. 39, IV, do CDC, deriva do manifesto desequilíbrio entre as partes.
5. O dano moral prescinde de prova e a responsabilidade de seu causador opera-se
in re ipsa em virtude do desconforto, da aflição e dos transtornos suportados pelo
consumidor. 6. Em virtude das especificidades fáticas da demanda, afigura-se
razoável a fixação da verba indenizatória por danos morais no valor de R$
30.000,00 (trinta mil reais). 7. Recurso especial provido.

(REsp 1329556/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,


TERCEIRA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 09/12/2014)

Ao analisar a responsabilização do fornecedor, avalia-se a posição das agências publicitárias


e dos veículos de comunicações. Há entendimento majoritário que se inclina para a
responsabilização das agências. Mas, há quem defenda o contrário, que a sua atividade é
apenas de supervisão e, ainda, há a aprovação do anúncio pelo fornecedor, logo, não há que
se falar em responsabilidade da agência.

É possível perceber que, o consumidor está constantemente assediado pelo mercado


publicitário. Para que se estabeleça um equilíbrio das relações se faz necessário avaliar a
conduta dos agentes envolvidos.

Analisando, tem-se que de um lado há o consumidor que está submetido ao estímulo da


aquisição de bens e serviços e do outro o fornecedor cujo objetivo é a obtenção de lucro.

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Embora pareçam complementares, há que se considerar que ao consumidor é tido pelo CDC
como vulnerável nesta relação, o que significa dizer mais frágil frente ao fornecedor.

Tomando isso, a norma consumerista visa o equilíbrio das relações entre as partes, não em
detrimento econômico, mas visando minimizar as incongruências que desestabilizam os
contratos que as partes firmam.

A publicidade é tida como influenciadora na aquisição de bens e serviços. Como a cada dia
há a intensificação do seu uso, é preciso que os envolvidos estejam atentos para que não
sejam cometidos abusos ou excessos para que não ocorram desequilíbrios. Assim, a atuação
dos órgãos de controle é relevante, bem como o questionamento daqueles que porventura
foram lesados.

3. Das práticas abusivas

Das práticas abusivas na relação de consumo: é sabido que os fornecedores praticam


diariamente diversos atos que lesam os consumidores e atribuem, na maior parte das vezes, a
culpa na economia, competitividade do mercado entre outras alegações das quais camuflam
tais práticas levando o consumidor a erro e, na maior parte das vezes acarretam prejuízos ao
seu patrimônio.
O prejuízo ainda que não demasiado, é passível de indenização quando devidamente
verificado os respectivos pressupostos, e, ainda, quando graves, podem ocasionar danos
morais.

Mas afinal qual seria o conceito de prática abusiva? Quando se estará diante desta
prática?Vejamos o que leciona Antônio Carlos Efing, "são comportamentos, tanto na esfera
contratual quanto à margem dela, que abusam da boa-fé ou situação de inferioridade
econômica ou técnica do consumidor" e na mesma linha temos o apontamento de Antônio
Herman V. E Benjamin:"É a desconformidade com os padrões mercadológicos de boa
conduta em relação ao consumidor’." ou seja, estaremos diante das práticas comerciais
abusivas quando todas as condutas tendem a ampliar a vulnerabilidade do consumidor.

Destaca-se que a prática abusiva consiste apenas na utilização em excesso de algum direito
de modo a prejudicar ou ampliar a vulnerabilidade do consumidor.

Exemplificarei este breve conceito com as seguintes hipóteses: imagine que uma companhia
aérea ao informar que o voo foi cancelado não indique o prazo para restituição dos valores
pagos, deixando a fixação do prazo para devolução ao exclusivo critério dela, ou, ainda, que
esta mesma companhia aérea eleve sem justa causa a passagem lhe gerando ônus maior do
que fora inicialmente contratado, imaginou? Imagine ainda que, ao comprar a passagem lhe
é condicionado o fornecimento de outro produto ou serviço que não relacionado à passagem
(serviços de natureza distinta e usualmente comercializados em separado), por exemplo, um
seguro de vida. Isto é abusivo?

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E a imputação de um pagamento mínimo para se entrar em um estabelecimento qualquer, sem
justa causa, é admitido ou não?

Ao longo desse relatório serão encontradas as respostas para as perguntas aqui efetuadas.

O Código do consumidor demonstrará em seu Art. 39, hipóteses em que é vedado ao


fornecedor de produtos ou de serviços de utilizar aqueles atos por serem abusivos, ou seja, as
práticas lá demonstradas não são admitidas pelo atual ordenamento jurídico, o hall do
dispositivo legal supramencionado é exemplificativo, ou seja, não se limita apenas as
situações nele expostas, servindo estas como referência interpretativa para todas as outras que
podem se enfrentar no dia-dia.

É notório que diante de tais fatos estar-se-ia diante de infrações ao código do consumidor
podendo o fornecedor incorrer conforme o caso, nas mais diversas sanções administrativas,
sem prejuízo das de natureza civil, penal e das definidas em normas especifica, a saber:

Art. 56 CDC: I - multa; II - apreensão do produto; III - inutilização do


produto; IV - cassação do registro do produto junto ao órgão competente; V
- proibição de fabricação do produto;
VI - suspensão de fornecimento de produtos ou serviço; VII - suspensão
temporária de atividade; VIII - revogação de concessão ou permissão de
uso; IX - cassação de licença do estabelecimento ou de atividade; X -
interdição, total ou parcial, de estabelecimento, de obra ou de atividade; XI
- intervenção administrativa; XII - imposição de contrapropaganda.
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo serão aplicadas pela
autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser
aplicadas cumulativamente, inclusive por medida cautelar, antecedente ou
incidente de procedimento administrativo.

Ou seja, o PROCON será competente, por exemplo, para aplicar a respectiva sanção ao
fornecedor que se utiliza de prática abusiva em seu dia-dia lesando o consumidor, além deste
segundo poder procurar indenização para os danos por ele degustado junto a esfera civil
através do juizado especial civil, ou a depender do caso, até a detenção do fornecedor na
esfera criminal.

A saber, para concluir, nas hipóteses acima mencionadas da Cia aérea resta clara que as
condutas mencionadas são abusivas, ressalta-se ainda que condicionar o fornecimento de
produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa
causa, a limites quantitativos (conforme abaixo das hipóteses e a ultima pergunta acima
realizada); é o que se chama vulgarmente de “venda casada”, não sendo apenas abusiva a
prática como também é caracterizada crime, conforme demonstrado, no artigo 39, I, CDC:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas


abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de
outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;

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II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas
disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto,
ou fornecer qualquer serviço;
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua
idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou
serviços;
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização
expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as
partes;
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor
no exercício de seus direitos;
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo
com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas
não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade
credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Conmetro);
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se
disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de
intermediação regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884,
de 11.6.1994)
X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. (Incluído pela
Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado
em inciso XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a
fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. (Incluído pela Lei nº 9.008,
de 21.3.1995)
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente
estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999)
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um
número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como
máximo. (Incluído pela Lei nº 13.425, de 2017)
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao
consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis,
inexistindo obrigação de pagamento.

Seguindo esta linha, se posicionou o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, como se verifica na
forma que segue:

RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO.


TAXA REFERENCIAL (TR). LEGALIDADE. SEGURO HABITACIONAL.
CONTRATAÇÃO OBRIGATÓRIA COM O AGENTE FINANCEIRO OU POR
SEGURADORA POR ELE INDICADA. VENDA CASADA CONFIGURADA. Para os
efeitos do art.543-C do CPC:1.1. No âmbito do Sistema Financeiro da Habitação, a
partir da Lei 8.177/91, é permitida a utilização da Taxa Referencial (TR) como índice
de correção monetária do saldo devedor. Ainda que o contrato tenha sido firmado
antes da Lei n.º 8.177/91, também é cabível a aplicação da TR, desde que haja
previsão contratual de correção monetária pela taxa básica de remuneração dos
depósitos em poupança, sem nenhum outro índice específico.1.2. É necessária a
contratação do seguro habitacional, no âmbito do SFH. Contudo, não há
obrigatoriedade de que o mutuário contrate o referido seguro diretamente com o agente
financeiro, ou por seguradora indicada por este, exigência esta que configura “venda
casada”, vedada pelo art. 39, inciso I, do CDC.2. Recurso especial parcialmente
conhecido e, na extensão, provido.REsp 969129/MG, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, DJe 15/12/2009. SFH. SEGURO HABITACIONAL. CONTRATAÇÃO

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FRENTE AO PRÓPRIO MUTUANTE OU SEGURADORA POR ELE INDICADA.
DESNECESSIDADE. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. VENDA CASADA.

Bom, seguindo com o assunto, para se compreender o significado de prática abusiva, é


necessário que antes pensemos na questão do abuso do direito.

Com efeito, a ideia da abusividade tem relação com a doutrina do abuso do direito. A
constatação de que o titular de um direito subjetivo pode dele abusar no seu exercício acabou
levando o legislador a tipificar certas ações como abusivas 1.

A prática real do exercício dos vários direitos subjetivos acabou demonstrando que, em
alguns casos, não havia ato ilícito, mas era o próprio exercício do direito em si que se
caracterizava como abusivo. A teoria do abuso do direito, então, ganhou força e acabou
preponderando.

Pode-se definir o abuso do direito como o resultado do excesso de exercício de um direito,


capaz de causar dano a outrem. Ou, em outras palavras, o abuso do direito se caracteriza pelo
uso irregular e desviante do direito em seu exercício, por parte do titular 2.
Assim, por exemplo, abusa do direito o patrão que ameaça mandar embora o empregado sem
justa causa caso ele não se comporte de certa forma 3.

A legislação brasileira, adotando a doutrina do abuso do direito, acabou regulando uma série
de ações e condutas que outrora eram tidas como práticas abusivas.

E o exemplo próprio disso são as normas do CDC, que proíbem o abuso e nulificam cláusulas
contratuais abusivas. A abusividade do exercício do direito, transformada pela lei 8.078 em
norma tipificada com conduta ilícita aparece em várias seções.

Práticas abusivas em geral

A lei 8.078 tratou especificamente de regular as práticas abusivas em três artigos: 39, 40 e
41. Mas apenas no art. 39 as práticas que se pretendem coibir, e que lá são elencadas
exemplificativamente, são mesmo abusivas. O art. 40 regula o orçamento e o art. 41 trata de
preços tabelados.

É claro que a não entrega do orçamento e a violação do sistema de preços controlados são
também consideradas práticas abusivas. Porém, a organização do texto não foi muito boa. A
rigor, as chamadas práticas abusivas previstas no art. 39 têm apenas um elenco mínimo ali
estampado. Há outras espalhadas pelo CDC. Por exemplo, a desconsideração da
personalidade jurídica em caso de abuso do direito (art. 28), a cobrança constrangedora (que
é regulada no art. 42, c/c o art. 71), a “negativação” nos serviços de proteção ao crédito de
maneira indevida (que o art. 43 regulamenta), o anúncio abusivo e enganoso, previsto nos
parágrafos do art. 37 etc.

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Práticas abusivas objetivamente consideradas

As chamadas "práticas abusivas" são ações e/ou condutas que, uma vez existentes,
caracterizam-se como ilícitas, independentemente de se encontrar ou não algum consumidor
lesado ou que se sinta lesado. São ilícitas em si, apenas por existirem de fato no mundo
fenomênico.

Assim, para utilizarmos um exemplo bastante conhecido, se um consumidor qualquer ficar


satisfeito por ter recebido em casa um cartão de crédito sem ter pedido, essa concreta
aceitação sua não elide a abusividade da prática (que está expressamente prevista no inciso
III do art. 39). A lei tacha a prática de abusiva, portanto, sem que, necessariamente, seja
preciso constatar-se algum dano real.

Práticas abusivas pré, pós e contratuais

As chamadas práticas abusivas podem ser classificadas em "pré-contratuais", que, como o


próprio nome diz, surgem antes de firmar-se o contrato de consumo, como aquelas que
compõem a oferta ou a ação do fornecedor que pretende vincular o consumidor. No primeiro
caso estão, por exemplo, a prática ilícita de condicionar o fornecimento de algum produto ou
serviço à aquisição de outro produto ou serviço, conhecida como operação casada 4. Na
segunda hipótese está, por exemplo, o envio do cartão de crédito sem que o consumidor tenha
pedido, acima comentado.

A prática "pós-contratual" surge como ato do fornecedor por conta de um contrato de


consumo preexistente. Como exemplo, tome-se a "negativação" indevida nos serviços de
proteção ao crédito.

E a "contratual" é aquela ligada ao conteúdo expresso ou implícito das cláusulas


estabelecidas no contrato de consumo. Tomem-se como exemplo todas as hipóteses de
nulidade previstas no art. 51 e a do inciso IX do art. 39, que dispõe como abusiva a não
estipulação de prazo para o cumprimento da obrigação pelo fornecedor, artigos descritos
abaixo:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas


abusivas: (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha
a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação
regulados em leis especiais; (Redação dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994).

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por
vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou
disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor
pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis;
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos
previstos neste código;
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
eqüidade;
V - (Vetado);
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VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem;
VIII - imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico
pelo consumidor;
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora
obrigando o consumidor;
X - permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira
unilateral;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual
direito seja conferido ao consumidor;
XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação,
sem que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
XIII - autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a
qualidade do contrato, após sua celebração;
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias
necessárias.
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que:
I - ofende os princípios fundamentais do sistema jurídico a que pertence;
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza do contrato,
de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a
natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares
ao caso.
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto
quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a
qualquer das partes.
§ 3° (Vetado).
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade que o represente requerer ao
Ministério Público que ajuíze a competente ação para ser declarada a nulidade de
cláusula contratual que contrarie o disposto neste código ou de qualquer forma não
assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes.

Continuando com o relatório, coisa boa é ir ao cinema comendo aquela pipoca ou alguma
guloseima. No entanto, ainda há lugares que tentam

impedir que os clientes comprem comidas em lojas que não sejam as vinculadas às redes de
cinema. Essa prática não pode acontecer. Como você também não pode receber em sua casa
aquele produto que você não solicitou.

Essas e muitas outras atitudes caracterizam práticas abusivas, cometidas por empresas e
comerciantes contra consumidores, seja por desconhecimento da lei ou por má fé, mesmo. O
consumidor, muitas vezes, acaba sendo lesado por não saber identificar essas práticas. O
consumidor é considerado a parte mais fraca da relação de consumo porque ele não domina o
conhecimento total, o que pode levá-lo a passar por situações de obstrução de direito.

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Abaixo, dez práticas abusivas comuns e como se proteger delas.

1- Venda casada: essa é uma prática muito comum que ocorre quando o consumidor é obrigado
a levar um produto na compra de outro. Segundo Dori, isso acontece quando o consumidor não
tem vontade, mas se sente obrigado a comprar. “Um exemplo claro de venda casada é quando
o cliente contrata um serviço de internet e é obrigado a contratar também o serviço de telefone.

2- Mentir sobre falta de produto: o advogado explica que isso ocorre quando o fornecedor
alega falta de produto no estoque e a informação é falsa. Ele conduz o consumidor a comprar
outro produto, agindo de má fé. Essa é uma prática abusiva e ilegali.

3- Envio de produto não solicitado: segundo a legislação o fornecedor não pode enviar um
produto para a residência do consumidor sem que este tenha sido solicitado. Se isso acontecer,
o consumidor pode considerar que o produto enviado é uma amostra grátis e não é obrigado a
pagar. Segundo o Artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor, o consumidor não é obrigado
a pagar produtos ou serviços não solicitados.

4- Cobranças abusivas de dívidas: durante a cobrança de dívidas, o fornecedor não pode


utilizar-se da fraqueza ou da ignorância do consumidor como vantagem. Ele também não pode
utilizar-se da sua idade, saúde, conhecimento ou posição social na contratação de um produto
ou serviço. O fornecedor não pode prometer retirar a dívida do consumidor mediante uma taxa
de abertura, por exemplo.

5- Contratação de um serviço sem apresentação de orçamento prévio: o orçamento é um


documento importante que dará condições ao consumidor de saber como serão relacionados os
serviços com valores de mão de obra, além dos os direitos e obrigações das partes envolvidas.
O consumidor não é obrigado a aceitar o serviço sem a apresentação de um orçamento que
contenha todos os dados importantes e o prazo de execução, além de eventuais custos
adicionais.

6- Humilhação ou difamação: o fornecedor não pode humilhar ou difamar o consumidor


porque ele exerceu o seu direito, por exemplo. Dori explica que isso corre quando o consumidor
vai reclamar os seus direitos dentro da lei e o fornecedor repassa alguma informação
depreciativa, fala mal ou divulga a reclamação em alguma mídia social. Isso são provas que
envolvem danos morais.

7- Falta de fixação de prazo nas prestações de serviço: Dori explica que nesse caso, o
prestador se serviço não pode deixar de estipular um prazo para o cumprimento da sua obrigação
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ou deixar essa delimitação do prazo a sua vontade própria. Isso deve ser combinado entre as
duas partes e deve ser oferecido e cumprido. O prestador de serviço deve informar por escrito
o prazo para execução do serviço ou entrega do produto.

8 – Reajuste de preço acima da média: é considerada prática abusiva o reajuste de preços


diferente do que é legal ou estabelecido no contrato. Os aumentos devem ser feitos de acordo
com o que está previsto no documento. Tanto fornecedor quanto consumidor são obrigados a
cumprir os reajustes, desde que sejam legais. O que não pode ocorrer é o fornecedor modificar
ou aumentar qualquer valor que não estiver escrito no documento.

9 – Não entregar cupom fiscal após a compra: é obrigatória a entrega ou emissão de cupom
fiscal na venda de produtos ou na prestação de serviços. O descumprimento é considerado uma
infração à Lei Federal 8.137 de 27 de dezembro de 1990 que proíbe essa prática.

10- Cobrar preços diferentes em cartões de crédito ou cheque: O preço à vista deve ser igual
nos pagamentos em cheque, cartão ou dinheiro, o comerciante não pode fazer diferenciação de
preços nesses casos.

Caso o consumidor se depare com algumas dessas situações, pode se dirigir diretamente ao
fornecedor para resolver a questão. Caso não chegue a uma solução, é preciso procurar um
órgão de defesa do consumidor da sua cidade e do seu estado e registrar uma reclamação
formulada. Essa reclamação deve ser feita perante o fornecedor, por escrito. Quando a situação
ultrapassa a questão administrativa, o consumidor pode contratar um profissional para entrar
com uma ação judicial ou procurar o juizado especial cível.

4. Da cobrança de dívidas

5. Dos bancos de dados

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