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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

A crescente do Euroceticismo
Análise sobre a aversão dos europeus quanto a União Europeia sobre a
perspectiva do Brexit

BELO HORIZONTE

2019
Introdução

Ao longo do semestre, tivemos a oportunidade de conhecer mais sobre


todo o processo de integração do continente europeu, que culminou na União
Europeia e toda sua estrutura econômica, diplomática, financeira e política.
Contudo, o bloco enfrenta desafios e passa por um momento conturbado
ao se deparar com a crescente do pensamento extremista e do populismo no
continente (mas também fora de seus domínios) o que gera alta implicação política.
O Brexit, a eleição de Donald Trump (e suas políticas protecionistas) nos
Estados Unidos, a escalada de uma extrema direita xenófoba e a ascensão do
populismo – que preenche a lacuna política da extrema direita – fazem com que a
União Europeia esteja posta em um contexto desafiante para o futuro.
Há um forte risco de retrocesso quanto à continuidade de suas políticas
de integração e até mesmo quanto à garantia dos direitos humanos de cidadãos
europeus ou imigrantes dentro do continente. Também se tem um forte risco do
prejuízo institucional que medidas impensadas podem trazer a esse bloco, que como
foi visto em sala de aula, teve um longo processo para chegar ao nível de
atualmente.

O resultado mais recente dessa “onda” que atinge o mundo e cujos


efeitos foram ditos acima, é o Brexit. A saída do Reino Unido da União Europeia
representa uma dura incerteza sobre diversos aspectos na vida dos britânicos
(principalmente sobre a economia e mercado de trabalho). Podemos ver isto
claramente nas conturbadas negociações para um acordo de saída entre o governo
do Reino Unido e a UE.
Tais problemas foram evidenciados depois do pleito sobre a saída, mas já
se tinha uma noção consolidada sobre os riscos de se assumir tal aventura extrema
e mesmo assim a maioria da população decidiu por comprar o discurso anti-Europa.
E além disso, mesmo agora que as dificuldades estão escancaradas, o discurso
contra a União Européia continua crescendo, como foi visto nas recentes eleições
para o Parlamento Europeu, com uma alta representatividade para os eurocépticos
via “Brexit Party” de Nigel Farage.
Entender os motivos dessa crescente aversão à União Europeia, que não
se restringe ao Reino Unido (apesar de ser o mais contemplado nesse estudo por
conta do Brexit), mas também está presente em outros países como a Itália e a
França, é meu objetivo neste trabalho.

O impacto inicial do Brexit:

Logo após o resultado do Brexit ficar claro, os mercados financeiros na


Europa e no resto do mundo entraram em desespero. A Libra Esterlina se
desvalorizou fortemente frente ao dólar. No âmbito político, também aconteceram
fatos importantes como a renúncia do então primeiro ministro David Cameron e uma
maior força do movimento separatista da Escócia.
Todavia, apesar de inesperado, o resultado do Brexit segundo Sara B.
Hobolt, autora do artigo “The Brexit Vote: A Divided Nation, a Divided Continent”, o
resultado não é surpreendente dado, entre outros motivos, a característica da
população britânica de ser mais eurocéptica e da atuação contundente dos
partidários anti-União Européia na condução das campanhas contra o bloco.

Mas o que motivou o resultado do referendo?

Sara Hobolt é enfática em seu artigo ao categorizar o eleitor pró-Brexit


como sendo majoritariamente mais pobres e menos instruídos, além de se dividirem
geograficamente no território britânico. Em oposição, os apoiadores da continuidade
do país na União Europeia se concentravam nos grandes centros e eram na maioria
jovens. É a mesma visão presente no artigo “Who voted for Brexit? A comprehensive
district-level analysis”, de Sascha O Becker, Thiemo Fetzer e Dennis Novy.
Os principais motivos para o voto contra a manutenção do país no bloco
foram em suma por conta de sentimentos anti-imigração e anti-establishment.
Neste ponto podemos fazer uma correlação clara entre essas duas
pautas e a campanha eleitoral de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos
em 2016, que também tiveram tais temas com muito destaque. Portanto, podemos
entender que essas são pautas que encontram ressonância facilmente na direita
global atualmente, até mesmo no Brasil e no discurso do presidente Bolsonaro.
É esse o principal fator por trás do resultado do Brexit. Há uma visível
divisão entre os dois grupos (favoráveis ou contrários a UE), que pode ser
compreendida entre quem se sente desamparado pelos efeitos da globalização e da
recente migração em massa para a Europa, e o outro grupo que entende que essa
conjuntura é benéfica.
Até por isso, o aspecto cultural foi (e continua sendo) profundamente
abordado no continente. Existe um considerável grupo de europeus que enxergam o
acolhimento aos imigrantes como uma ameaça cultural, e isso teve papel importante
na votação a favor do “British Leave”.

E não é apenas no sentido cultural, os efeitos da globalização provoca


medo no que se refere à economia também, e isto teve alta relevância.
Tal fator pode ser explicado em uma das três abordagens que estudiosos
sobre o euroceptismo apontam, a abordagem utilitarista. Esta afirma que a
liberalização do comércio europeu favorece os mais instruídos, que auferem mais
renda, e acaba por não ser tão benéfico para com os trabalhadores mais pobres. Por
isso, como quem geralmente reside nos grandes centros urbanos é mais propenso a
se caracterizar por maior nível de educação e conhecimento técnico, estes são os
que mais apoiam o projeto de integração. Além disso, há uma crescente literatura
que caracteriza os dois grupos como “vencedores” e “perdedores” do globalismo,
sendo os vencedores, jovens dos centros urbanos com alto grau de formação
educacional e os marginalizados nesse processo seriam trabalhadores mais velhos
e menos instruídos.
Até por conta dessas características de cada grupo, segundo tal literatura,
o primeiro grupo seria mais propenso a abertura das fronteiras, a imigração e
cooperação internacional. Já os trabalhadores “deixados para trás” no processo de
globalização se opõem a tais pautas justamente por não colherem os benefícios do
processo, e assim não compreenderem o que a integração representa para a
Europa.
Além de toda essa questão econômica e cultural que estudos acerca da
rejeição do processo de integração apontam, outra explicação está na identidade
nacional, ou sensação de perda dela.
Basicamente o cidadão muito nacionalista tende a vislumbrar que a
integração europeia, rouba parte dos poderes soberanos de seu país. Isso motiva o
voto contrário à União Europeia, e é um dos fatores determinantes ao voto favorável
ao Brexit.

Talvez o principal problema que ficou evidente com o que se pode apurar
de todo o processo para a saída do Reino Unido da União Europeia, seja o fato de
parte importante da população entender que os problemas relacionados acima não
podem ser resolvidos pelo bloco, ou pior, que o bloco é responsável por eles.

Quais as chances do Brexit ocasionar um efeito dominó no resto da


Europa?

Essa foi a pergunta mais pronunciada na Europa após o resultado final do


referendo no Reino Unido. Isto porque a saída de mais estados-membros da União
Europeia significaria um forte baque na instituição e no processo de integração
europeu. A saída apenas do Reino Unido é suportável, ainda mais dada a relação
sempre menos amistosa entre os britânicos e a UE do que os outros estados
membro. Inclusive isso foi amplamente visto no decorrer dos seminários e também é
apontado pelos artigos analisados para esse trabalho.

Contudo, por mais que haja um movimento nacional-populista crescente


na Europa, na maior parte dos países os partidos eurocéticos não possuem força
para convocar um referendo, e mesmo que o fizessem, pesquisas demonstram que
o resultado seria favorável para a União Europeia, como podemos ver abaixo no
gráfico extraído do artigo de Sara Hobolt:
Como é visível, o Reino Unido é o único país no gráfico onde a rejeição a
União Europeia foi alta durante a maior parte desde o início da pesquisa.

Mesmo assim, o voto pelo Brexit não representa um sentimento


exclusivamente britânico, tem relações diretas com os mesmos motivos que
alavancam partidos eurocépticos populistas em todo o continente. Por conta disso,
as eleições parlamentares europeias, tanto em 2014 como recentemente a dias
atrás, tiveram resultados favoráveis para o nacional-populismo, avesso a integração
europeia.
Tais resultados benéficos para essas eleições do parlamento tem ligação
direta com os mesmos motivos e grupos que deram a vitória ao Brexit: pessoas mais
pobres, menos instruídas, afetadas pela crise da zona do euro, que veem a
imigração e o multiculturalismo como um problema.

Conclusão

Com base no exposto neste trabalho, entendo que a crescente do


euroceticismo é um fator com laços umbilicais ao populismo e nacionalismo que
também crescem no continente europeu. O medo do multiculturalismo, a aversão
aos imigrantes, a ascensão do pensamento nacionalista e protecionista no mundo
fazem com que parte da população renegue o tão importante avanço de cooperação
entre os países proporcionado pela integração. E não só isso, talvez o mais
importante fator seja o econômico, porque dele advém o campo fértil para que o
populismo se forme no continente.
A pouca inclusão direta dos cidadãos periféricos (trabalhadores de baixa
instrução) nos ganhos que a integração proporciona, é um sério problema que.
Problema tal que precisa ser resolvido para conter o avanço populista e evitar
deixem a ideia e iniciativa de homens como Jean Monnet morrer por conta de
políticos que se aproveitam da inocência alheia para fomentar uma repulsa aos as
instituições.

Referências:

Hobolt, Sara (2016) The Brexit vote: a divided nation, a divided continent.
Journal of European Public Policy, 23 (9). pp. 1259-1277.
http://eprints.lse.ac.uk/67546/7/Hobolt_The%20Brexit%20vote%20a%20divided%20.pd
f
Sascha O. Becker, Thiemo Fetzer and Dennis Novy
Who voted for Brexit? A comprehensive district-level analysis
https://academic.oup.com/economicpolicy/article/32/92/601/4459491

Ronald F. Inglehart, Pippa Norris


Trump Brexit, and the Rise of Populism: Economic Have-Nots and Cultural Backlash
https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=2818659

Matérias:
https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/convidados/interior/a-europa-numa-
encruzilhada-5676149.html
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-36633977
https://www.publico.pt/2019/05/31/politica/noticia/confianca-tambem-ficou-abalada-
1874910

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