Edição Lisboa • Ano XXX • n.º 10.

816 • 1,30€ • Terça-feira,

Terça-fe
eira
i , 3 de Dezembro de 2019 • Director: Manuel Carvalho Adjuntos: Amílcar Correia, Ana Sá Lopes, David Pontes, Tiago Luz Pedro Directora de Arte: Sónia Matos

Bola de Ouro Guiné Equatorial

A BD que Obiang
Quatro anos proibiu chega a Portugal
(e em português)
depois, Mundo, 28/29
o trono é Educação
novamente Escolas deixam
professores contratados
de Messi sem subsídio de Natal
Desporto, 46
De Sociedade, 16

Estado gastou mais 180 milhões

com medicamentos num ano
Subida é a maior dos últimos cinco anos e eleva factura do SNS com fármacos para 2,5 mil milhões de euros.
Gastos já se aproximam dos níveis dos anos anteriores à intervenção da troika em Portugal Sociedade, 14
TOM BRENNER/REUTERS

PS deixa
cair eleição
directa para
as regiões Cimeira
de Lisboa Aos 70 anos,
e Porto as muitas sombras
que pairam
Oposição de Marcelo
e de autarcas matou eleição sobre a NATO
directa dos presidentes das Destaque, 2 a 4
áreas metropolitanas de
Lisboa e Porto. CCDR terão
poderes reforçados já em
2020 p10/11 e Editorial

Advogados Greta atraca “Completar

dão vitória em Lisboa com o a união bancária HOJE 12.º volume
a candidata que mundo de olhos está ao nosso Médicos Escritores
afinal perdeu em Madrid alcance” Na Luz do Fim
Eleição por voto electrónico Cimeira do Clima abre sob Acordo é incerto mas já não
para a Ordem deixa dúvidas o signo da emergência. “Só é uma miragem. Centeno Por +
sobre Äabilidade do sistema. um punhado de fanáticos fala ao PÚBLICO em
Auditoria vai esclarecer p15 nega a evidência” p24/25 vésperas de Eurogrupo p20/21 6,90€
ISNN-0872-1548

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2 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019

DESTAQUE
CIMEIRA DA NATO

Aos 70 anos,
uma crise já pode
ser fatal?
Cimeira da NATO para celebrar 70 anos não foge à turbulência
que atingiu as relações transatlânticas desde a eleição
de Trump. Macron declarou a “morte cerebral” da Aliança.
Os aliados europeus não querem ouvir falar de tal coisa
como indispensável para a segurança desapareça, quando ele próprio dos ao dar a entender que os Estados
Teresa de Sousa europeia. No Ænal da semana passa-
da, Angela Merkel voltou a lembrar
desaparecer da Casa Branca. Unidos poderiam “dispensar” a
NATO, se os europeus continuassem
Aliança “activa e indispe

S
erá mais uma cimeira da que a Europa ainda não tem meios Cimeira para “agradar” a não querer pagar pelos serviços
Aliança Atlântica envolta em para se defender. “A preservação da O secretário-geral da NATO, o norue- prestados para garantia da sua defesa. Chefe da diplomacia portug

polémica, disso já ninguém
tem dúvida. E desta vez não
é apenas graças à presença
de Donald Trump, cujo com-
portamento é sempre imprevisível,
para além do seu confessado desa-
mor pela organização. As declara-
ções recentes do Presidente francês
sobre a “morte cerebral” da NATO
contribuíram também para aumen-
tar a tensão em torno do futuro e da
utilidade da Aliança entre os aliados
europeus.
Emmanuel Macron lançou o rasti-
lho na sua já célebre entrevista à The
Economist, publicada a 7 de Novem-
bro, na qual resolveu declarar a NATO
“estrategicamente em morte cere-
bral”, acrescentando que os EUA “nos
estão a virar as costas”. A resposta
dos aliados europeus, a começar por
Berlim, foi imediata, distanciando-se
da declaração do Presidente francês
e reclamando a Aliança Atlântica
NATO é do nosso interesse fundamen-
tal, talvez ainda mais do que na Guer-
ra Fria. Por enquanto, a Europa não
consegue defender-se sozinha”, disse
a chanceler perante o Bundestag.
Mas a polémica está lançada e o
Presidente francês não deu sinais de
arrependimento, argumentado que
“ignorar os problemas” deixou de
ser uma alternativa viável. Não che-
ga a haver uma incompatibilidade
absoluta entre as duas posições — a
de Paris e a da maioria dos aliados
europeus, a começar por Berlim e
incluindo Portugal (ver texto ao
lado). Há, sim, um sentido de opor-
tunidade diferente entre os que pen-
sam, como Macron (e não são mui-
tos), que chegou o momento de pôr
as cartas na mesa, e os que conside-
ram que o melhor é “fazerem-se de
mortos” até que a turbulência pro-
vocada na relação transatlântica
pelo actual Presidente americano
guês Jens Stoltenberg, que tem anda-
do de capital em capital a tentar colar
os cacos, preparou uma cimeira que
seja breve e cuja agenda agrade a
Trump, para evitar que aconteça em
Londres o mesmo que aconteceu em
Bruxelas, em Julho do ano passado,
quando o Presidente americano con-
seguiu lançar o pânico entre os alia-
‘A preservação da
NATO é do nosso
interesse
fundamental. [...] Por
enquanto, a Europa
não consegue
defender-se sozinha’,
disse Merkel
Outra pequena frase esteve na origem
do sobressalto: “Os Estados Unidos
podem seguir o seu próprio cami-
nho.” Trump, além de se mostrar
relutante em referir o Artigo 5.º do
Tratado de Washington (“um ataque
a um é um ataque a todos”), resolveu
elevar inesperadamente a meta para
os gastos com a defesa de 2 para 4%
do PIB até 2024. Um objectivo que
nem os próprios EUA alcançam. Che-
gou a apelidar alguns aliados de
“delinquentes” e acusou Berlim de se
“deixar controlar” pela Rússia, apon-
tando o dedo ao novo gasoduto que
em breve ligará os dois países para
fornecimento de gás à Alemanha.
Jens Stoltenberg tenciona apresen-
tar durante a cimeira uma panóplia
de números que provam que os alia-
dos estão efectivamente a aumentar
a sua contribuição: de 2016 a 2020
esse aumento saldou-se em 130 mil
milhões de dólares. O Governo de
P
ortugal compreende a
intenção do Presidente
francês ao declarar a NATO
em “morte cerebral”, mas
também considera que a forma
como o fez foi “exagerada” e, de
alguma maneira, “injusta”. Para
o ministro de Estado e dos
Negócios Estrangeiros
português, a Aliança Atlântica
continua “activa e indispensável
para a segurança e a defesa do
Atlântico Norte e para a
projecção de estabilidade
internacional”. O chefe da
diplomacia portuguesa destaca
três aspectos fundamentais para
a reunião magna da Aliança que
hoje começa em Londres. Um
de natureza “celebratória”, que
considera fundamental. “A
celebração tem um efeito

ensável” para a segurança europeia
guesa destaca três aspectos fundamentais para a reunião magna da NATO
político muito importante, a
cerimónia servirá para afirmar
mais uma vez que esta é a
organização de defesa colectiva
das democracias do Atlântico
Norte”, e continua a ser,
acrescenta o ministro, “a melhor
expressão da comunidade
transatlântica”. E, para que não
haja qualquer dúvida, Santos
Silva lembra que a posição
portuguesa em relação à
NATO não padece de
qualquer falta de clareza
no debate que hoje se
trava em torno da defesa
europeia: “O reforço da
defesa europeia é o
reforço do pilar
europeu da
NATO — não
alimentamos
qualquer ambiguidade.”
A segunda dimensão relevante,
segundo o ministro, é avaliação
do ambiente estratégico em que
a NATO se move. Portugal
entende que o terrorismo
internacional é a “principal
ameaça existencial” às
democracias europeias. E
entende também que se deve
manter com a Rússia um “diálogo
político conjugado com
firmeza na dissuasão”.
Finalmente, é preciso levar
em
e conta, como pretendem
os americanos, os desafios
geopolíticos que a ascensão
da China possa colocar,
“mas a China não
deve ser
definida como
uma ameaça à
CHRISTIAN HARTMANN/REUTERS
NATO”. Curiosamente, nesta
definição de prioridades
estratégicas, a posição
portuguesa volta a aproximar-se
da França. O “terceiro
andamento” da cimeira de
Londres diz respeito ao chamado
“burden sharing” — quem paga o
quê. Portugal deu o seu acordo à
proposta apresentada pelo
secretário-geral de reduzir o
montante da participação dos
EUA para o funcionamento
corrente da organização dos
actuais 22% para 16%,
aumentando o da Alemanha de
13 para 16% e cobrindo os outros
aliados a parte que falta
preencher. Portugal já anunciou
que aumentará a sua
participação no montante que
lhe vier a caber. T.S.
Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 3
À pressão feita por
Trump aos membros
da NATO, junta-se
agora a declaração
de Macron,
que declarou a
organização “em
morte cerebral”
Berlim já anunciou que aumentará a
sua contribuição Ænanceira para as
despesas de funcionamento da NATO
(2,5 mil milhões de dólares no total)
de forma a permitir a redução da con-
tribuição americana. É um gesto sim-
bólico, mas que apenas diz respeito
ao Ænanciamento da organização e
não à sua dimensão militar (mais de
70% a cargo da América). Berlim tam-
bém já disse que só atingirá os 2% do
PIB em 2031.
Entretanto, como escrevia no site
Politico.eu Paul Taylor, há duas NATO:
a política, em que ninguém parece
entender-se, e a militar, que continua
a funcionar como se nada tivesse
acontecido. Nos últimos anos, sobre-
tudo depois da anexação da Crimeia
pela Rússia, têm aumentado signiÆ#
cativamente os gastos do Pentágono
com a Europa, nomeadamente para
Ænanciar a Iniciativa Europeia de Dis-
suasão, centrada na Polónia e nos
países bálticos e destinada a deter
qualquer aventura de Putin.
O espaço e a China
A cimeira, que começa hoje com uma
recepção oferecida pela rainha, terá
apenas uma sessão de trabalho ama-
nhã de manhã, seguida de um almoço
livre para encontros bilaterais. Para
além de decorrer nas instalações
luxuosas de um campo de golfe a Nor-
te de Londres, Stoltenberg incluiu na
agenda um conjunto de temas que
sabe serem do agrado do Presidente
americano, entre as quais a defesa
espacial e a ascensão da China. O
secretário-geral da NATO insistiu em
que a inclusão da dimensão espacial
na estratégia da Aliança tem uma
natureza exclusivamente defensiva e
não inclui a utilização de armamento.
Trump, dizem fontes de Washington,
tenciona voltar à carga com a questão
da Huawei, insistindo com os aliados
para que proíbam o seu acesso à tec-
nologia 5G.
À espera de Novembro
Para tentar apaziguar os ânimos, Ber-
lim propôs na última reunião dos
chefes da diplomacia da NATO, em
Outubro, a criação de um “grupo de
peritos” presidido pelo secretário-
geral para reÇectir sobre o futuro da
Aliança. A proposta já foi subscrita
pela França, que vê assim uma forma
de sair do isolamento provocado
pelas declarações de Macron. “Passá-
mos do brain dead para o brainstor-
ming”, disse a ministra da Defesa
francesa, Florence Parly. O grupo
deverá apresentar as primeiras con-
clusões em Novembro do próximo
ano, o mês em que os aliados euro-
peus saberão se já podem suspirar de
alívio ou ainda não. As eleições presi-
denciais americanas decorrem justa-
mente no início desse mês.
O que fazer com a Turquia
Outro objecto de atenta observação
será o Presidente turco, cujo compor-
tamento já conseguiu levantar, pela
primeira vez, a questão de saber se é
possível expulsar ou suspender um
dos membros da organização, o que
não está previsto nos estatutos. O últi-
mo incidente grave entre Ancara e a
NATO foi a invasão do Norte da Síria
para eliminar os curdos sírios, que
foram os aliados do Ocidente na luta
contra o Estado Islâmico. Recep Erdo-
gan nem sequer se deu ao trabalho de
informar a NATO, embora tenha obti-
do uma espécie de luz verde de
Trump, quando o Presidente anun-
ciou inesperadamente a retirada das
tropas especiais americanas da Síria
— também ele sem informar os aliados
e deixando as tropas francesas e britâ-
nicas no terreno sem apoio logístico.
Outra decisão altamente polémica
do Presidente turco diz respeito à
aquisição de um sistema de defesa
antiaérea à Rússia, o S-400, que já
levou os EUA a suspenderem a parti-
cipação da Turquia no programa de
construção e aquisição dos novíssi-
mos aviões de combate F-35. Ancara
mantém com a NATO a mesma ambi-
guidade com que trata a sua relação
com a UE: não quer cortar deÆnitiva-
mente os laços com o Ocidente, mas
não quer qualquer limitação para a
sua deriva antidemocrática e as suas
aspirações à hegemonia regional.
Macron pergunta na mesma entre-
vista o que fará a NATO em matéria
de Artigo 5.º se a Síria responder à
agressão turca no seu território. “Se
Bashar al-Assad decidir retaliar contra
a Turquia, agimos de acordo com o
Artigo 5.º? É uma questão crucial.”
Erdogan já respondeu, acusando-o de
ser ele quem está em “morte cere-
bral”. O problema é mais sério do que
parece. Das cerca de 150 bombas
nucleares americanas instaladas em
território europeu, um número inde-
terminado está na Turquia, dividin-
do-se as restantes pela Itália, Alema-
nha e Reino Unido.
teresa.de.sousa@publico.pt
4 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019
DESTAQUE
CIMEIRA DA NATO
A NATO e o regresso do medo
Opinião
Tiago Moreira de Sá
F
oi em setembro. Em 1948.
Poucos meses antes da
criação da NATO. Na
Assembleia Geral das Nações
Unidas. Paul-Henri Spaak
conversava com o
representante soviético. Já tinha
havido a criação do Kominform, o
“golpe de Praga” e o início do
bloqueio de Berlim. E havia a
hegemonia da URSS em
praticamente toda a Europa de
Leste. Exasperado, o
primeiro-ministro belga virou-se
para o seu parceiro de diálogo e
atirou, certeiramente: “Sabeis qual
é a base da nossa política? É o
medo! O medo de vós, o medo do
vosso governo, o medo da vossa
política.”
É dezembro. Ano 2019. Em
Londres, reúnem-se os dirigentes
dos países membros da
Organização do Tratado do
Atlântico Norte. Celebram os 70
anos. Tratam do presente e
decidem se há futuro. Haverá? O
Presidente francês parece achar
que nem por isso e o melhor é
mesmo procurar alternativas,
enquanto o seu homólogo
norte-americano parece considerar
que sim, pedindo a todos que
gastem mais com a defesa comum.
Nunca se pode ter a certeza nos
dias de hoje, mas, ironicamente,
ainda pode ser a Administração
Trump a salvar a NATO, dando-lhe
não só mais poder como,
sobretudo, um novo propósito
comum.
Todas as conversas andam à
volta da recente entrevista de
Emmanuel Macron à revista The
Economist. O que ele disse não é só
errado. É muito perigoso. Desde
logo para a França, que, sem a
NATO e com o “Brexit”, pode Æcar
novamente sozinha com a
Alemanha na Europa. Não costuma
acabar bem. O Presidente francês
acha que os países europeus já não
podem conÆar nos Estados Unidos,
que a NATO está “cerebralmente
morta” e tem de ser substituída por
uma “aliança de defesa europeia”,
que a Europa deve funcionar como
“um poder equilibrador”. E não
disse, mas está implícito nas suas
palavras, que a UE deve considerar
de forma equivalente os EUA, a
Rússia e a China. De resto, ainda
acrescentou que era preciso um
entendimento com os russos, com
ou sem os norte-americanos.
Estaline concordaria. Aliás, chegou
a mandar Molotov propor isso
mesmo aos europeus.
Estas ideias, a serem postas em
prática, só podem resultar numa
rutura dos laços políticos e de
segurança entre os Estados Unidos
e a Europa, culminando numa
“separação atlântica”, pois, neste
caso, a NATO deixa de ter qualquer
interesse para ambos os lados do
oceano e o seu Æm é apenas uma
questão de datas. Mas ainda há
esperança. Os restantes líderes
europeus não acompanham o
Presidente francês. Os alemães até
pedem desculpa. E os
norte-americanos já Æzeram saber
que a prioridade é fazer face ao
regresso da competição entre
grandes potências e à grande
ameaça que vem das revisionistas
Rússia e China. Estão preparados
para o fazer sozinhos. Mas, retórica
à parte, sabem bem que é do seu
interesse agir com os aliados.
Desde que, como lembrou a Casa
Branca nas vésperas da cimeira,
continue o “avanço sem
precedentes” da partilha de
encargos, que, desde 2016, já
permitiu um aumento de 100
milhões de dólares em novos
gastos de defesa.
Em Londres, como
habitualmente, todas as atenções
estão viradas não para Macron mas
para Donald Trump. E se, por uma
vez, desviarmos os nossos olhares
dos faits divers, até mesmo da
personalidade do Presidente dos
EUA, e olharmos para os principais
documentos estratégicos
norte-americanos, percebemos
que, não ignorando os riscos que a
NATO enfrenta, ela tem hoje um
propósito que já não tinha desde o
Æm da Guerra Fria. Dito de uma
forma simples: o medo está de
regresso.
Comecemos pelo medo da
Rússia. A Estratégia de Segurança
Nacional, de 2017, a Estratégia de
Defesa Nacional e a Nuclear Posture
Review, ambas de 2018,
identiÆcam-na, sem ambiguidades,
como uma potência revisionista,
um competidor estratégico e uma
ameaça para a segurança dos
Estados Unidos. No primeiro
documento pode mesmo ler-se que
os russos pretendem “refazer o
mundo de uma forma antitética aos
valores e aos interesses
norte-americanos” e procuram
“estabelecer esferas de inÇuência
na sua vizinhança próxima”. E
continua: Moscovo tem “como
objetivo enfraquecer a inÇuência
dos EUA no mundo” e “separá-los
Não ignorando os riscos que a NATO
enfrenta, ela tem hoje um propósito
que já não tinha desde o fim da
Guerra Fria. Dito de uma forma
simples: o medo está de regresso
RUI GAUDÊNCIO
dos seus aliados e parceiros”,
vendo “a NATO e a União Europeia
como ameaças”. Finalmente, para
referir apenas alguns exemplos,
diz-se que a Rússia “está a investir
em novas capacidades militares,
incluindo sistemas nucleares que
continuam a ser a mais signiÆcativa
ameaça existencial aos Estados
Unidos”. Mais claro do que isto era
impossível.
Depois, há o medo da China,
que, de acordo com a mesma
Estratégia de Segurança Nacional,
pretende reescrever as regras da
ordem internacional e criar novas,
ao mesmo tempo que vai
implementando o seu projeto de
hegemonia regional e de expansão
da sua inÇuência ao nível mundial.
Como? Construindo “a mais capaz
e bem Ænanciada força militar do
mundo” logo a seguir à dos EUA.
Aumentando o seu poder nuclear.
Construindo postos militares
avançados no mar do Sul da China,
“pondo em perigo o livre
comércio, ameaçando a soberania
de outras nações e minando a
estabilidade regional”.
Contrapondo à ordem
norte-americana uma ordem
chinesa, traduzida no projeto
Belt&Road Initiative. Usando
inventivos e penalidades
económicas para estender a sua
inÇuência em outros Estados,
penetrando assim em várias
regiões.
E as grandes ameaças não Æcam
por aqui. As duas referidas são as
principais. Mas elas também vêm
dos Estados-párias, como o Irão e,
pelo menos até há algum tempo
atrás, a Coreia do Norte. Do
terrorismo. E dos ciberataques.
Os mais cínicos estão neste
momento a pensar que, mesmo
sendo tudo isto verdade, tal não
tem um impacto signiÆcativo na
Aliança Atlântica, pois, não só
Trump tem tweetado a sua
desconÆança em relação aos
aliados permanentes e a sua
preferência por agir
unilateralmente, como os Estados
Unidos não precisam da NATO para
nada. Pelo menos no caso da
Rússia (e, talvez, mais cedo ou mais
tarde, da China) a realidade prova
o contrário, como o demonstra a
extraordinária unidade
transatlântica na reação à guerra
da Ucrânia e anexação da Crimeia
(que não se alterou com a eleição
de Donald Trump, estando este a
cumprir todos os compromissos
assumidos pelo seu antecessor),
assim como na ação concertada no
caso Skripal.
Se Paul-Henri Spaak fosse vivo e
estivesse na cimeira, dirigir-se-ia
não a um representante soviético,
mas aos líderes presentes na sala,
para lhes dizer que a NATO é hoje
mais importante do que em
qualquer outro momento do
pós-Guerra Fria. E explicar-lhes-ia
a atual base da política comum dos
Estados-membros: “É o medo! O
medo da Rússia. O medo da
China.” Não deixa de ser curioso
que os EUA, de Trump, tenham
sido os primeiros a perceber isto.
Professor na Nova FCSH
e investigador no IPRI
6 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019

ESPAÇO PÚBLICO
Sem surpresas de última hora, Lionel Messi
foi distinguido com a Bola de Ouro pela
sexta vez, prémio da revista France Football
para o melhor jogador do ano, ficando à frente do
central holandês do Liverpool Virgil van Dijk e de
Cristiano Ronaldo, com quem o argentino manteve
uma disputa acesa pelo prémio. O jogador do
Barcelona soma assim seis troféus, que não
conquistava desde 2015, agora mais um do que o
Lionel Messi internacional português. (Pág. 46) J.J.M.
Depois da extraordinária reviravolta frente ao
Young Boys, o FC Porto regressou à realidade
nacional, mas o confronto com o Paços de
Ferreira também foi exigente para a equipa treinada
por Sérgio Conceição, apesar de ter marcado cedo.
O FC Porto não obteve uma vitória estrondosa, mas
alcançou aquele que era o seu objectivo: não perder
pontos na perseguição ao líder Benfica. A luta pelo
título ficou ainda mais reduzida a estes dois clubes.
Sérgio Conceição (Pág. 44) J.J.M.

O Governo e a descentralização: um barco à deriva

lá disse o óbvio (que Portugal é um
anacronismo centralista entre os
países mais desenvolvidos e precisa
de pensar e executar políticas
regionais), mas nem isso foi capaz de
Manuel Carvalho clariÆcar a posição do Governo. Pelo
Editorial contrário, parece ter-lhe acentuado as
territorial do Estado, dava poder de
decisão legitimada politicamente aos
pólos mais fortes do país e afastava-os
do resto do território que estruturam.
Ninguém imagina uma região do
Norte sem o papel polarizador do
Porto nem Lisboa e Vale do Tejo sem a
Olhando a experiência do passado, o
maior poder dos autarcas vai tornar
as CCDR num organismo dominado
pelos legítimos interesses locais,
quando o seu papel é criar uma escala
de administração capaz de potenciar
políticas à escala regional. Se até

O
PS, a começar no seu
secretário-geral e a acabar nos
autarcas até das mais remotas
vilas do país, é defensor da
regionalização. E deseja-a tanto
que, depois de um vasto pacote de
medidas para avançar com uma
versão low cost dessa reforma
administrativa, lançada logo no
princípio da anterior legislatura pelo
ministro Eduardo Cabrita, decidiu
esperar pelas conclusões de uma
comissão nomeada pela Assembleia
para estudar o problema. A Comissão
dúvidas e consolidado a hesitação. Já
percebemos: nada vai mudar para
que tudo continue como antes.
A decisão de travar a eleição directa
dos presidentes das áreas
metropolitanas é mais um exemplo
dessa indecisão. Mas, ao contrário dos
que comparavam essa medida com
uma “regionalização encapotada”,
ainda bem que a eleição directa foi
enterrada porque destruía a longo
prazo qualquer possibilidade de uma
regionalização. Porque, para lá da
perversidade de aumentar ainda mais
a fragmentação da administração
força motriz de Lisboa. Acabar com
esse remendo mal-amanhado foi por
isso uma opção sensata.
Subsiste uma outra ideia elaborada
ainda nos tempos em que Eduardo
Cabrita foi ministro adjunto a
merecer a mesma sorte: a eleição, por
um colégio dominado por autarcas,
das comissões de coordenação
regional. António Costa defende que
este passo serve “para criar no país a
conÆança necessária para os passos
seguintes”, mas também aqui cai
numa cilada que, a prazo, pode
comprometer a regionalização.
agora uma das glórias das CCDR era
lutar contra o minifúndio
institucional das autarquias,
forçando-as a olhar para lá das suas
fronteiras, no futuro Æcarão reféns
desse minifúndio. Mais uma bela
prova desta política feita de
tergiversação, que nem resolve o
problema da macrocefalia do Estado,
nem cria alicerces para que o país
tenha políticas regionais a prazo
como existem nos países que tanto
gostamos de emular.
manuel.carvalho@publico.pt

As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar e
eventualmente reduzir os textos não
solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt
Telefone: 210 111 000
CARTAS AO DIRECTOR
Segurança
pública, polícias
e gestão
Muito se tem ultimamente dito
e escrito sobre as diÆculdades
de vária ordem nas forças
policiais. Tentando abordar o
assunto por uma perspectiva
que me parece que não tem
sido muito salientada,
recorrendo a dados do Eurostat
(de 2016, os mais recentes),
constata-se que o nosso rácio
de polícias por 100 mil
habitantes é dos mais altos da
UE e está na ordem dos 450.
Superior a este valor só se
encontram os de Chipre, Malta,
Grécia, Croácia, Letónia e
Itália.
A média na UE era de 318.
Todos os países da União com
que gostamos de nos comparar
tinham valores
signiÆcativamente inferiores,
por exemplo Espanha, com 361,
e vários abaixo de 300, países
nórdicos mesmo abaixo de 200.
Sendo Portugal um dos países
mais seguros do mundo, como
sempre é frisado, Æco na dúvida
se isso se deve ao facto de
termos um tão elevado número
de proÆssionais nas forças
policiais. Todavia, a percepção
que tenho, bastando para tal
andar pelas ruas e estradas do
país, é que a sua presença não é
especialmente notada, antes
pelo contrário.
Num país tão seguro, não seria
natural que o rácio fosse mais
consentâneo com esse facto,
permitindo que os recursos se
distribuíssem melhor entre
meios humanos e materiais?
Será que uma grande parte das
nossas diÆculdades se devem a
um sério problema de gestão?
César Ribeiro,
Lisboa
O 1.º de Dezembro
As comemorações do 1.º de
Dezembro, como tem
acontecido nos anos mais
recentes, não passou de mais
uma efeméride que o tempo
vai apagando, como depois foi
o 5 de Outubro, e dentro de
poucos anos será o 25 de Abril.
Mas, uma vez que há
comemoração, com paradas e
festejos, embora presente,
estranha-se o silêncio do nosso
Presidente Marcelo. Será pouco
importante comemorar a
restauração dum país de que
ele é representante máximo?
Será por ser uma festa
conotada com a restauração da
monarquia? Uma festa que
devolveu aos portugueses a sua
Pátria e os seus destinos não
devia ser só lembrada, mas
comemorada.
Duarte Dias da Silva,Lisboa
Novo Banco
Dá que pensar o artigo de
Ricardo Cabral no PÚBLICO de
ontem — “Uma proposta que
nunca deveria ver a luz do dia” —
sobre o negócio da venda do
Novo Banco à “sanguessuga”
Lone Star. Exaustiva descrição
da situação actual na iminência
da entrega pelo Estado (todos
nós, ricos, remediados ou
pobres) de 2 mil milhões de
euros. Os astronómicos
montantes que temos doado
indirectamente a todos os
causadores desta negociata,
todos livres e sem problemas,
ultrapassa o razoável. Qual o
papel dos deputados da
Assembleia da República, mais
preocupada com a gaguez de
uma deputada ou as saias de um
acompanhante?
Carlos Leal,
Lisboa
 Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 7

A opinião publicada no jornal respeita a norma ortográfica escolhida pelos autores

Em plenas negociações do Orçamento do As contas de 2015 da Ordem dos

Estado para 2020, há mais um dado a pôr
pressão nas contas da Saúde: os gastos do
SNS com medicamentos dispararam no último ano
para 2,5 mil milhões de euros, consumindo já mais
de 25% do total do orçamento do Serviço Nacional
de Saúde. Ao todo, foram mais 180 milhões gastos
num só ano pelos hospitais públicos. Com esta
factura, será Centeno sensível aos pedidos de mais
Marta Temido investimento do BE e do próprio PS? (Pág. 14) T.L.P.
Enfermeiros, que à data tinha Germano
Couto como bastonário, não foram
aprovadas pelo Tribunal de Contas devido a
incorrecções, que dá 180 dias à Ordem para
implementar medidas de controlo interno e
determinou que terá de pagar 17 mil euros em
emolumentos. Segundo a auditoria conhecida
ontem, as contas da Ordem “não estão completas” e
Germano Couto “verdadeiras”. (Pág. 16) J.J.M.

ESCRITO NA PEDRA
O haver
Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo;
podeis mesmo enganar algumas pessoas sempre; mas não já houve
vos será possível enganar sempre toda a gente
Abraham Lincoln (1809-1865), estadista
SEM COMENTÁRIOS BORIS JOHNSON, PRIMEIRO-MINISTRO BRITÂNICO, VISITA O PORTO DE SOUTHAMPTON
HANNAH MCKAY/REUTERS

EM PUBLICO.PT
O mundo das misses
não é para mães
A modelo Veronika Didusenko, de 24 anos,
venceu o concurso Miss Ucrânia há um
ano. Quatro dias depois, foi desqualificada,
por ter um filho publico.pt/impar
“Chegaremos à Lua num
segundo, a Marte em 20
minutos e a Plutão em 8h”
O físico Michio Kaku é o “senhor futuro”.
Carlos Fiolhais falou com ele em Lisboa
publico.pt/p24-podcast
S
Reciclagem de roupa (ainda)
é mais mito do que realidade
A sustentabilidade surge como tábua de
salvação para a indústria têxtil portuguesa.
Mais um capítulo do especial A (in)susten-
-tabilidade da moda publico.pt/moda
Miguel Esteves Cardoso
Ainda ontem
e calhar é da quadra, de já se terem
aberto as primeiras janelinhas dos
calendários de Advento. Se calhar
são os onze meses de egoísmo
desenfreado que começam a pesar
nas consciências dos transeuntes.
É que as duas últimas vezes que
pedi ajuda a peões, para me
ajudarem a chegar a bom porto,
as boas almas que escolhi — em
vez de me dizerem que não sabiam e me
deixarem seguir caminho à procura de quem
soubesse — Æzeram questão de entrar em
cavaqueira comigo, não fosse eu pensar que
a ignorância deles era apenas uma questão
de má vontade.
“Eu não sou de cá”, disse uma senhora
mas, em vez de rematar com um ponto Ænal,
continuou: “Mas quer-me parecer que não é
para aqui. O melhor será perguntar numa
loja ou numa paragem de táxis...”
O segundo informador gastou cinco
minutos a puxar pela cabeça, repetindo o
nome da rua desejada como se fosse um
“abre-te Sésamo”, sempre com o mesmo nulo
resultado.
Fazemos todos parte da mesma tribo.
Portugal é um país cheio de já soubes.
Pergunta-se a alguém qual é a capital do
Madagáscar e dizem sempre “Já soube...” em
vez de “Antananarivo”.
Passa-se o mesmo com todas as moradas
do nosso vasto sistema rodoviário: todos nós
já soubemos onde cada uma delas se
encontrava, com o maior dos rigores.
Anda-se à procura de lâmpadas de
tungsténio e em todas as lojas onde se entra
asseguram-me “eu já tive...”.
Porque, parecendo que não, é muito útil
conhecer o inventário passado de uma
empresa.
Não se pode é perguntar ao lojista se acha
que vai voltar a ter: “Repare: eu ter, já tive...”
8 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019
ESPAÇO PÚBLICO
Um PS cada vez mais pálido
1.
Paulo Rangel
Palavra e Poder
Nas últimas semanas, o PS assumiu
posições que mostram que está em
curso um relaxamento dos valores
fundadores. O PS desfalece e
empalidece; está cada vez mais baço,
cada vez mais pálido. As causas da
liberdade, da democracia e do
Estado de direito são relativizadas e
secundarizadas. Pode ser no silêncio
perante a crise do Estado de direito
em Malta (com um Governo socialista
“amigo”). Pode ser com a atitude
envergonhada diante da evocação do 25 de
Novembro. Pode ser com a subalternização
do balanço dos regimes comunistas, a
propósito da queda do Muro de Berlim. Não
há indignação diante do assassinato de
jornalistas e tentativas de controlo oÆcial da
investigação. Não há vontade de valorizar o
legado do 25 de Novembro. Não há coragem
para condenar as atrocidades do totalitarismo
comunista. O PS, por acção e omissão, tem
dado sinais altamente preocupantes de que,
seja por comodismo táctico, seja por
conveniência oportunista, está disposto a
ceder.
2. A defesa intransigente dos valores
democráticos — direitos fundamentais,
liberdade de imprensa e de expressão,
pluralismo e primado do direito — fazia parte
do património genético do PS. Fazia parte,
aliás, da sua tradição retórica e tribunícia.
Sem pôr em causa a sua diferenciação
ideológica e programática, o PS nunca
hesitava na condenação de todos os
autoritarismos e totalitarismos de esquerda
ou de direita, nunca tergiversava no seu
compromisso com a opção europeia ocidental
e atlântica. O grande arauto desse
posicionamento foi Mário Soares, mas não é
difícil arrolar centenas de nomes de políticos
socialistas que invariavelmente sedimentaram
e consubstanciaram essa tradição.
3. O “socratismo” representou já um desvio
preocupante, especialmente pela sua prática
“intimidatória” e “persecutória”, muito
fomentadora da “autocensura” e
“silenciamento” nos meios de comunicação
social e na sociedade civil. Foi o período do
que, à época, pude denunciar como
“claustrofobia democrática”, que,
infelizmente, como ontem nestas páginas
lapidarmente denunciava António Barreto,
está subtil e engenhosamente de regresso. A
conivência com o “chavismo bolivariano” —
que excedeu em muito o exigido pelo
pragmatismo de uma realpolitik — é um bom
exemplo da mundividência “socratista”. E o
mesmo se diga, em ambiente diverso e com
MÁRIO CRUZ/LUSA
outros pressupostos, do apoio entusiasta e
irrestrito ao “lulismo” brasileiro (também
agora reeditado).
4. Malta, o mais pequeno Estado da União
Europeia, atravessa, de há dois anos a esta
parte, uma enorme crise institucional, por
causa do assassinato à bomba de uma
jornalista que investigava um enorme
escândalo de corrupção (com ligações
manifestas ao coração do Governo). O
Governo em causa é socialista e pertence à
família política dos socialistas europeus.
Apesar de ali estar em jogo a violação das mais
elementares garantias do Estado de direto
democrático, nunca o PS português teve uma
palavra de preocupação a este respeito. Não
se exigia, claro está,
que fosse o Governo
Costa, em termos
oÆciais, a fazê-lo. Mas assassinado, por estar a investigar um caso limita ao “duplo padrão” na esfera europeia,
o PS, em Portugal ou grave de corrupção. A dada altura, o em que nunca se pronuncia sobre situações
O PS tem na Europa, tinha
todas as condições
primeiro-ministro eslovaco foi forçado a
demitir-se, mas do PS nada se ouviu. E que
em que governam “partidos-irmãos”. O PS
cedeu e sucumbiu na defesa aberta e
dado sinais para ter denunciado dizer da Roménia, que também tinha um intrépida do legado do 25 de Novembro.
altamente a situação. O PS não o
fez e continua a
Governo socialista “problemático”, sempre a
tentar amnistiar crimes de corrupção e a
Ninguém lhe pede — nem a mim me parece
que isso se justiÆque — que alinhe na proposta
preocupantes recusar-se a fazê-lo. controlar a investigação criminal, mas que de fazer comemorações autónomas. Mas daí
de que, seja por Foi lesto — e bem, nunca foi criticado pelo PS (a não ser, muito até à posição tímida e envergonhada de mal
comodismo muito bem — a
condenar os
tibiamente, numa fase terminal e por osmose
europeia).
reconhecer o signiÆcado daquela data vai
grande distância. Não há compromisso à
táctico, seja por atropelos ao Estado esquerda, com Bloco ou com PCP, que possa
conveniência de direito,
promovidos pelos
5. No caso de Malta, há uma excepção: Ana
Gomes. Uma excepção que vale por si e de
justiÆcar uma tal apatia, um tal descaso.
Pior ainda: o PS, a propósito dos 30 anos da
oportunista, Governos húngaro e nada aproveita ao PS, que nunca a queda do Muro de Berlim, pouco diz sobre os
está disposto a polaco, mas nada foi
capaz de dizer sobre
acompanhou. Ana Gomes foi, desde o
primeiro minuto, uma activista em defesa do
crimes cometidos pelos regimes comunistas.
E que, quer se goste, quer não, são inerentes e
ceder Malta. Como nada Estado de direito, da justiça independente e intrínsecos à ideologia marxista-leninista.
disse sobre a da democracia em Malta. Uma activista de Com efeito, eles não ocorreram apenas na
Eslováquia, em que estatuto verdadeiramente europeu, que todos União Soviética de Estaline ou nos países da
também o Governo é reconhecem e que, muitos não saberão, Cortina de Ferro. Eles ocorreram onde quer
socialista e em que sofreu ameaças de morte e intimidações de que o comunismo se tenha instalado, da
também um todo o tipo pela sua coragem e ousadia. China a Cuba, do Camboja a Angola.
jornalista foi 6. O amortecimento do PS, porém, não se Considerar que são apenas um “desvio” e que
nada têm que ver com a natureza da ideologia
comunista é algo sistematicamente
desmentido por todas as suas incarnações
históricas. De resto, bastaria considerar a
herança económica, social e ambiental dos
países do socialismo real para esperar do PS
uma outra desenvoltura. Ironicamente, vi o
PS e muitos dos seus dirigentes mostrarem
grande preocupação com os 30 anos de uma
“nefasta” deriva neoliberal” que assolou o
mundo depois da queda do muro. Mas vi
Ursula von der Leyen Domingo, a COP 25 Arrancou ontem em muito poucos lamentarem as vítimas e o
nova Comissão iniciou funções, Madrid, em face da urgência que terror totalitário dos regimes que precederam
o derrube da muralha. Aproveitando
depois de um claríssimo voto vivemos. Não pode ser mais abusivamente uma coincidência: não foi
de confiança do Parlamento uma oportunidade perdida. A UE António Costa que acabou de dizer que a
“geringonça” apagou o último vestígio do
Europeu. A Presidente fez um voltará a mostrar ambição a Muro de Berlim?
discurso inspirador e liderar a luta global contra as
motivador. Há um novo fôlego. alterações climáticas. Eurodeputado (PSD). Escreve à terça-feira
paulo.rangel@europarl.europa.eu

Montijo: quando o
óptimo é o second best
N H
Carlos Matias Ramos
um artigo publicado no PÚBLICO
de 25 de Novembro, da autoria do
vice-presidente do grupo
parlamentar do PS, deputado
Carlos Pereira, com o título
“Montijo: quando o óptimo é o
second best”, são feitas várias
aÆrmações, na linha das que o
Governo e a ANA/Vinci têm vindo
a produzir. É referido logo no
início: “É mesmo preciso repetir o óbvio.” Ora
o óbvio, nas aÆrmações do deputado, é a total
sintonia com a narrativa do Governo e da
concessionária sobre a opção de construir um
aeroporto complementar no Montijo. Todos
sabemos que teses repetidas acabam muitas
vezes por aparecer aos olhos da opinião
pública como verdades absolutas. É o caso
das narrativas sobre a solução Montijo.
Vamos a factos. O projecto do Novo
Aeroporto da Lisboa (NAL) no Campo de Tiro
de Alcochete (CTA) foi elaborado pela ANA
em 2010. Tem uma Declaração de Impacto
Ambiental (DIA) válida desde esse ano. Desde
essa data estavam reunidas todas as
condições para que fosse iniciado o processo
de construção. Permitiria a construção em
quatro fases, tendo a primeira fase os
elementos funcionais equivalentes, em
termos de dimensão e custos, à solução
prevista para o Montijo. O Contrato de
Concessão entre o Estado e a Vinci foi
assinado em Dezembro de 2012. No artigo
42.1, estabelece que “A Concessionária (Vinci)
deve envidar os melhores esforços para
maximizar a capacidade operacional das
Infra-Estruturas Aeroportuárias do Aeroporto
da Portela até à abertura do NAL”, ou seja, do
aeroporto no CTA.
A maximização da capacidade operacional
foi autorizada pelo Governo com a permissão
para passar de 40 para 48 movimentos/hora,
com as consequentes implicações de ruído,
poluição e riscos para população de Lisboa e
concelhos limítrofes. A construção do NAL foi
ficando “esquecida”, não obstante os sinais
do congestionamento da Portela. Passados
seis anos surge a conveniente emergência,
que justifica a libertação do concessionário do
cumprimento da referida disposição
contratual. De um ponto de vista estritamente
empresarial, a posição da ANA/Vinci, no
sentido de manter a Portela até ao final da
concessão e rentabilizar o seu negócio, é
inteiramente compreensível. É esse o
interesse do país? Uma análise
técnico-económica comparada rigorosa entre
a opção NAL no CTA (1.ª fase) e a opção
Montijo facilmente teria concluído que esta
última não é nem mais barata nem de
construção mais rápida.
A incorporação dos aspectos ambientais
seria ainda mais favorável para o CTA. Além
dos problemas da avifauna e do risco de
colisão de aves com os aviões, o aeroporto no
Montijo vai afectar cerca 30.000 a 35.000
habitantes com níveis de ruído superiores aos
legais. No CTA seriam cerca de 400. Na
solução de adaptação da BA6 aproveita-se
pouco mais que a localização da pista. Pista
esta que exige total reformulação, recarga,
alteamento (2,7m na Pista 01) e o seu
prolongamento para o estuário do Tejo em
cerca de 300m (três campos de futebol) e
para norte em 90 m. Exige a construção e
pavimentação de toda a plataforma. O
prolongamento na solução em aterro, com
cerca de 10m de altura máxima, assentará em
lodos. O leito rochoso está a cerca de 22m de
profundidade. Solução mais barata e de
menor tempo de execução?
Quanto a condições operacionais, a
vantagem do CTA é avassaladora. No CTA não
haveria quaisquer restrições. A pista teria o
comprimento necessário para a operação de
todo o tipo de aeronaves. A solução Montijo
Æca restrita a aeronaves narrow body de médio
curso, essencialmente do segmento low-cost.
A opção Montijo é uma solução sem futuro. O
aeroporto da Portela, segundo um estudo do
Eurocontrol, mesmo com 48 movimentos por
hora, estará completamente saturado em
2030, sem hipótese de crescer mais. A solução
Portela+Montijo saturará em meados da
década de 30. Enviámos ao Governo e aos
grupos parlamentares os documentos com as
metodologias e os resultados que justiÆcam
estes valores.
Procurámos sempre
o contraditório e
nunca foi
apresentado. As
A opção justiÆcações
apresentadas pelo
Montijo Governo e pela ANA/
é uma solução Vinci são sempre sob
sem futuro a forma de
monólogos sem
apresentação de
documentos
comprovativos.
Quanto à decisão
da APA em propor
uma DIA favorável
condicionada, a nota emitida por esta agência
refere apenas “três áreas que foi necessário (?)
dirimir: Avifauna, Ruído e Mobilidade”, que
têm muitas insuÆciências. O EIA utilizou 15
descritores. Uma decisão não pode ser
sustentada em opiniões, mas sim em
argumentos devidamente sustentados com
base técnico-económica. Não entendemos,
por isso, o título “Montijo: quando o óptimo é
o second best”.
Antigo presidente do LNEC
e ex-bastonário dos Engenheiros
Um símbolo para
iluminar a escuridão
João Camargo
oje, Greta Thunberg chega a
Portugal. Em menos de um ano,
tornou-se um símbolo mundial,
ultrapassando em muito a
dimensão que a sua greve frente
ao Parlamento em Estocolmo
tinha, e representando um
catalisador para um movimento
em ascensão. Mas não podemos
enganar-nos: a situação é grave e,
apesar da mobilização em massa por todo o
mundo, a insanidade institucional de não
reagir perante a crise climática é ainda a nota
dominante.
Quando o catamarã em que Greta
atravessou o Atlântico chegar a Lisboa, nesta
manhã, uma multidão receberá Greta
Thunberg antes da sua saída para a Cimeira
do Clima em Madrid. A cimeira deveria ter
decorrido no Brasil, mas o Governo
negacionista de Bolsonaro cancelou-a, tendo
passado para Santiago do Chile, mas os
protestos maciços contra a austeridade
levaram o Presidente chileno a cancelar a
cimeira, tendo o Governo espanhol oferecido
a sua capital para albergar o encontro. Pouco
tempo depois, Pedro Sánchez
“concessionava” a cimeira às grandes
empresas do IBEX35, solicitando 60 milhões
de euros às multinacionais para pagar a
logística do evento. Ontem, a Endesa, uma
das maiores emissoras de gases com efeito de
estufa em Espanha, comprou as capas de
todos os jornais para anunciar o seu empenho
no combate às alterações climáticas.
O rocambolesco episódio acima descrito é
um microcosmos da abordagem às alterações
climáticas das instituições do capitalismo
global: governos negacionistas que sabotam
as negociações climáticas, governos
austeritários que reprimem os seus povos e se
descartam de sequer mexer neste problema e
governos teoricamente progressistas que
entregam as negociações a empresas que são
responsáveis pela crise climática.
Considerando que 2019 baterá novamente o
recorde de emissões de gases com efeito de
estufa (que era de 2018, que tinha batido o
recorde de 2017 e por aí fora), e que vários dos
pontos de não retorno estão a ser atingidos
agora e não daqui a 30 ou 40 anos como era
previsto, este microcosmos de insanidade
pinta um panorama muito grave.
Quando Matos Fernandes envia uma carta a
Greta a congratular-se com os esforços que
Portugal faz no combate às alterações
climáticas, mas há pouco tempo não via
incoerência em explorar petróleo e gás,
quando atirava à cara de dezenas de milhares
de activistas que fechar as centrais a carvão
era “deixar metade do país às escuras”,
quando autorizava e se comprazia com a
Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 9
ESPAÇO PÚBLICO
construção de mais um aeroporto em Lisboa,
percebemos que a insanidade não é defeito, é
feitio. Quando António Costa ontem subiu ao
palco em Madrid para anunciar que os preços
da energia Æcam mais baratos com as
renováveis, que as alterações climáticas
devem ser interpretadas como uma “grande
oportunidade” para mais crescimento
económico, percebemos como o panorama é
grave. Neste capitalismo tardio, governos e
governantes são uma extensão nos interesses
empresariais diversos e olham para todo e
qualquer evento ou situação como uma nova
oportunidade de fazer dinheiro. Mas não, as
alterações climáticas não são uma “grande
oportunidade” para fazer negócios, são a
maior ameaça que alguma vez já pairou sobre
a humanidade. Resolvê-las não pode ser
sujeito à lógica de fazer dinheiro. Resolver a
crise climática requer um investimento
maciço para mobilizar o esforço humano que
permita evitar atingir pontos sem retorno
identiÆcados pela ciência. Este esforço não
tem como objectivo
principal ou sequer
secundário produzir
rendimento e lucro,
mas sim mudar a
Greta é um estrutura da
produção de energia,
símbolo que transportes,
nos permite ver agricultura,
um futuro, mas comércio, indústria.
Essa mudança será
são precisos em muitos casos a
milhões de diminuição da
estrutura. Isto não é
mãos e gerível pelo chamado
cabeças para o “mercado”, pelo
meio milhar de
construir capitalistas que
controla a economia
mundial, porque
implica que esse
meio milhar de
capitalistas deixe de
controlar a economia
mundial e que a mesma passe a ser planiÆcada
não para produzir capital, mas sim para uma
transição histórica imprescindível para
continuar a haver civilizações. O sistema
actual é o principal inimigo da humanidade e
o principal obstáculo a resolver esta crise.
Ao dizer “oiçam a ciência”, Greta diz-nos
que é preciso cortar 50% das emissões à escala
global na próxima década para travar o
colapso climático. Não diz para
compatibilizarmos isto com o status dos donos
do mundo — isso é impossível. Neste momento
de escuridão, Greta é um símbolo que nos
permite ver um futuro, mas são precisos
milhões de mãos e cabeças para o construir.
Investigador em alterações climáticas;
activista do Climáximo
10 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019
POLÍTICA
PS deixa cair eleição directa
nas áreas metropolitanas
Avança a desconcentração de poderes
para as CCDR e a eleição indirecta dos
seus presidentes. A oposição de Marcelo
e de autarcas matou eleição directa dos
presidentes das áreas metropolitanas
Descentralização
São José Almeida
OÆcialmente, está adiada para o Æm
da legislatura, mas o núcleo duro da
direcção do PS já decidiu deixar cair
a ideia de aprovar na Assembleia da
República uma lei que permita a elei-
ção directa dos presidentes das áreas
metropolitanas de Lisboa e Porto,
soube o PÚBLICO.
Enquanto, até Janeiro de 2021, se
concretiza a primeira fase da descen-
tralização, que consiste na transferên-
cia de competências do Estado cen-
tral para as autarquias, o Governo vai
arrancar em 2020 com a segunda fase
deste processo de desconcentração
de serviços. O próprio primeiro-mi-
nistro, António Costa, anunciou no
sábado, ao intervir no congresso da
Associação Nacional dos Municípios
Portugueses (ANMP), em Vila Real:
“Já no primeiro semestre de 2020,
queremos que seja possível proceder
ao reforço da legitimidade democrá-
tica para que as comissões de coorde-
nação e desenvolvimento regional
[CCDR] possam assumir plenamente
o desenvolvimento de estratégias
regionais.”
Com esta alteração legal, a escolha
dos presidentes das CCDR passará a
ser feita por eleição indirecta, ou seja,
por uma assembleia constituída pelos
autarcas da respectiva região: presi-
dentes e vereadores das câmaras,
deputados municipais e presidentes
das juntas de freguesia.
Esta segunda fase da descentraliza-
ção passa ainda por uma nova des-
concentração de serviços do Estado
central para as CCDR e de competên-
cias que não foram ainda transferidas
para as câmaras porque funcionam à
escala regional. Como António Costa
assumiu no congresso de municípios,
“o Governo vai integrar nas CCDR os
serviços desconcentrados do Esta-
do”, nos sectores da Saúde, da Cultu-
ra, do Turismo, da Conservação da
Natureza e Florestas. Haverá também
novas transferências de competên-
cias para as comunidades intermuni-
cipais e áreas metropolitanas.
Razões do Äm
Mas se é certo que as áreas metropo-
litanas de Lisboa e Porto vão rece-
ber mais competências, também é
verdade que elas não serão transfor-
madas num novo nível autárquico
intermunicipal. Contudo, a medida
que estava prevista no programa elei-
toral do PS e no Programa do Gover-
no em 2015, permanece em 2019:
eleger os presidentes das áreas metro-
politanas directamente pelos eleito-
res nas eleições autárquicas.
Actualmente, eles são um dos pre-
sidentes das câmaras municipais da
área em questão, escolhido pelos seus
pares. Esta mudança signiÆcaria que
as áreas metropolitanas de Lisboa e
Porto passariam a ser autarquias
locais — isto é, órgãos de poder polí-
tico legitimados em eleição directa
pelos eleitores.
A alteração é possível e está prevista
na Constituição que, apesar de, no
artigo 236.º, elencar como autarquias
locais no continente “as freguesias, os
municípios e as regiões administrati- da razão para o adiamento oÆcial da nistrativas, ou seja, com a regionali-
vas”, já admite, no ponto 3 do mesmo
A direcção eleição directa dos presidentes das zação. Isto, porque a criação de
artigo, que, “nas grandes áreas urba- máxima do PS não áreas metropolitanas, ao aÆrmar que autarquias está prevista na Constitui-
nas e nas ilhas”, a lei venha a estabele- “o Governo tem ponderado a apreen- ção e a lei fundamental estipula tam-
cer “outras formas de organização
quer abrir uma são de muitos autarcas, das próprias bém o que é a divisão do país em
territorial autárquica”. E o artigo 164.º, guerra desta áreas metropolitanas de Lisboa e do regiões administrativas, as quais
sobre as matérias de “reserva absolu- Porto e dos seus presidentes, de que terão um nível de poder e de autono-
ta de competência legislativa” da
dimensão com as eleições directas das áreas metro- mia superior aos de municípios ou
Assembleia da República, estabelece, Marcelo politanas possam ser entendidas outras que venham a ser criadas,
na alínea n), que é ao Parlamento que como entrave à regionalização”. como seria o caso das áreas metro-
cabe decidir sobre “criação, extinção O facto é que a maioria dos municí- politanas, se os seus presidentes pas-
e modiÆcação de autarquias locais e de ser aprovado pelos dois principais pios, sobretudo os que estão fora das sassem a ser eleitos directamente.
respectivo regime, sem prejuízo dos partidos. Mas esbarraria em Belém, áreas metropolitanas, está contra esta Quanto à regionalização, o progra-
poderes das regiões autónomas”. já que Marcelo poderia vetá-la. O medida, por considerar que criaria ma eleitoral do PS não a previa para
A decisão do núcleo duro da direc- núcleo duro da direcção do PS está uma situação de desigualdade e que esta legislatura, assim como já não a
ção do PS de deixar cair a medida convicto de que o Presidente se opõe iria privilegiar as zonas urbanas onde previa em 2015. Até porque os socia-
deve-se a razões políticas. Mais preci- à criação de autarquias intermunici- já há mais desenvolvimento e cresci- listas sabem que a criação de regiões
samente à percepção de que a ideia pais. E por muito que o Parlamento a mento económico, aumentando administrativas tem de ser feita por
não agrada ao Presidente da Repúbli- pudesse reaprovar e obrigar o Presi- assim a falta de coesão territorial. referendo, como prevê a Constituição,
ca, Marcelo Rebelo de Sousa. Dirigen- dente a promulgar a lei, a ideia que no artigo 256.º, e que as regra consti-
tes socialistas assumiram ao PÚBLICO existe na direcção máxima do PS é a Mais autonomia política tucionais prescrevem que “quando a
que a medida poderia até ter o apoio de que não pode ser aberta uma guer- Ora, a verdade é que a criação de maioria dos cidadãos eleitores parti-
parlamentar do PSD, algo que é essen- ra desta dimensão com Marcelo. novas autarquias, mesmo de nível cipantes não se pronunciar favoravel-
cial, já que se trata de uma alteração No congresso da ANMP, o primeiro- intermunicipal, não pode ser confun- mente em relação a pergunta de
no quadro autárquico, pelo que teria ministro apresentou apenas a segun- dida com a criação de regiões admi- alcance nacional sobre a instituição
 Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 11
Costa diz que
o Governo foi
sensível ao receio
de “muitos autarcas”
de que as eleições
directas nas áreas
metropolitanas
viessem a ser
“um entrave à
regionalização”
PEDRO SARMENTO COSTA/LUSA
em concreto das regiões administra-
tivas, as respostas a perguntas que
tenham tido lugar relativas a cada
região criada na lei não produzirão
efeitos”. Isto é, a regionalização só
existirá se for aprovada por 50 por
cento mais um dos votos expressos.
É, aliás, esta a razão de fundo para, já
em 2015, o PS ter optado por descen-
tralizar e não por tentar regionalizar.
No plano da regionalização, o úni-
co passo que o núcleo duro da direc-
ção do PS está a pensar dar é o de
rever a Lei-Quadro das Regiões Admi-
nistrativas, aprovada por unanimida-
de em 1991, no Ænal do segundo
Governo de Cavaco Silva, que estipu-
la o funcionamento das regiões admi-
nistrativas que venham a ser criadas.
O objectivo é adaptá-la à revisão de
1997 da Constituição, que passou a
impor que a regionalização seja sub-
metida a referendo.
sao.jose.almeida@publico.pt
TUDO GIRA À
VOLTA DE CULTURA
CONHEÇA AS NOSSAS
COLECÇÕES DE MÚSICA,
LITERATURA, CINEMA
E BANDA DESENHADA
PS critica “agenda”
de Marques Mendes
O
presidente da Associação
Nacional dos Autarcas
Socialistas e presidente
da Câmara de Vila Real,
Rui Santos, desmentiu ao
PÚBLICO as afirmações feitas
por Marques Mendes, no
domingo, na SIC. “Marques
Mendes baralha conceitos e
baralha propositadamente,
com uma ‘agenda’ detonadora
deste processo de
democratização das
comissões de coordenação e
desenvolvimento regional
(CCDR)”, acusa.
Rui Santos reage assim ao
comentário em que Marques
Mendes considerou que a
eleição indirecta dos
presidentes das CCDR, que
António Costa anunciou no
sábado, já tinha existido e tinha
sido revogada, em 2005, por
Costa, quando tutelava as
autarquias, como ministro da
Administração Interna.
De facto, a proposta que o
PS vai apresentar é diversa.
Consiste na eleição dos
presidentes das CCDR por um
colégio eleitoral da região. MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010
Estes órgãos serão
constituídos pelos presidentes
das câmaras e vereadores,
deputados às assembleias
municipais e presidentes das
juntas de freguesia.
O regime criado em 2003
pelo Governo de Durão Barroso
CONHEÇA A NOSSA SELECÇÃO
consistia em que os conselhos
regionais, órgãos consultivos
das CCDR, propusessem três
nomes, dos quais o Governo
escolheria os presidentes. Os
conselhos regionais são
DE VINHOS E PRODUTOS GOURMET
constituídos pelos presidentes
das câmaras municipais, dois
representantes das freguesias,
um indicado pela Comissão
Permanente de Concertação
Social, dois pelas
universidades e um dos
politécnicos, um representante
das entidades regionais de
turismo e outros
representantes de
associações.
MAIS INFORMAÇÕES: loja.publico.pt | 210 111 010
12 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019

POLÍTICA

BE pede mais dinheiro para a saúde

e aguarda por “surpresa” de Costa
Bloco de Esquerda apresenta 15 medidas para salvar o Serviço Nacional de Saúde. Catarina Martins quer
“medidas coerentes” e diz que o Bloco está a negociar “com seriedade” com o executivo socialista
DANIEL ROCHA

Orçamento
Liliana Borges
O Bloco de Esquerda deixou ontem
claras as suas prioridades em maté-
ria de Serviço Nacional de Saúde
(SNS) e Orçamento do Estado (OE)
para 2020. Em conferência de
imprensa na sede do partido, os
deputados Catarina Martins e Moisés
Ferreira insistiram no Æm da subor-
çamentação do SNS através do refor-
ço da verba para o sector em 800
milhões de euros.
Esta será uma das quatro medidas
consideradas essenciais para que o
documento que António Costa irá
apresentar em São Bento mereça o
apoio dos bloquistas. Mas há mais 11
propostas — o BE apresentou 15
medidas de emergência para salvar
o SNS. Catarina Martins quer ainda
aumentar o peso do SNS no PIB até
aos 6% (actualmente não chega as
5%) até ao Ænal da legislatura, propõe
uma planiÆcação de investimento
plurianual e a implementação de um
regime de exclusividade para proÆs-
sionais no SNS, nomeadamente
directores de serviços, com incenti-
vos associados.
“Esperamos que haja um aumento
do orçamento para a saúde. Nenhu-
ma economia cresce sem dedicar
parte da sua riqueza aos serviços de
saúde”, justiÆcou Catarina Martins. Bloquistas querem reforço na verba a atribuir ao Serviço Nacional de Saúde de 800 milhões de euros, o valor do défice do SNS em 2018
A líder bloquista defendeu o reforço
dos meios complementares e de dia- tado preocupação com o SNS, pres- todos os dias lhe chegam “relatos de de trabalhadores em hospitais. Para saúde primários, não deverão estar
gnóstico dos hospitais e cuidados de sionando o executivo. Na TSF, Carlos falhas no SNS”. A situação obriga a responder às necessidades dos ser- sujeitos a taxas moderadoras já no
saúde primários como alternativa César disse que ou o Governo “resol- uma “solução rápida e musculada” viços, o Bloco pede que se faça o próximo ano, conforme consta na
aos 500 milhões de euros gastos em ve estas questões, com a inversão que inclua mais dinheiro e mais pro- levantamento das necessidades de Lei de Bases da Saúde.
2018 em convenções com privados. desta tendência de degradação do Æssionais, disse. proÆssionais até ao Ænal do ano. Mas Apesar de prioritárias, Catarina
“Os 200 milhões de euros gastos em SNS, ou vai ser complicado justiÆcar- A tudo isto António Costa respon- adianta já algumas prioridades. Uma Martins ressalva que as propostas
horas extraordinárias davam para se aos portugueses”. Para o presi- deu, no último debate quinzenal. é o alívio da pressão sobre as urgên- “não esgotam tudo o que BE acha
reforçar o SNS em oito mil trabalha- dente do PS, a saúde terá de ser uma “Muito brevemente terá uma agra- cias hospitalares através do alarga- que tem de ser feito” no SNS. “Preci-
dores”, apontou Moisés Ferreira. das prioridades desta legislatura. Já dável surpresa. Com a programação mento da resposta dos centros de samos de deixar de apagar fogos e
Os 800 milhões de euros de que Ana Catarina Mendes, líder parla- para a legislatura não só dos grandes saúde, não só nos dias úteis mas tam- garantir que o SNS funciona em con-
fala agora o BE correspondem ao mentar do PS, contou à Visão que investimentos nas unidades e na bém aos sábados. Para isso, deverão dições todos os dias”, concluiu.
déÆce do SNS em 2018, de acordo redução sustentada na suborçamen- ser contratados médicos, “de forma Catarina Martins acredita que “do
com dados divulgados pela Unidade tação. Estamos a programar susten- transitória e nas zonas do país onde lado do Ministério da Saúde há com-
Técnica de Apoio Orçamental. Na
“Nenhuma tadamente a suborçamentação por- existe maior carência de especialis- preensão para a necessidade de
última semana, o Ministério das economia cresce que sem isso não haverá sustentabi- tas em medicina geral e familiar”. implementação destas medidas”.
Finanças anunciou que o Orçamento lidade do sistema”, disse a Catarina Além de médicos de família, o BE Mas não diz o mesmo sobre o gabi-
do Estado registou um excedente de
sem dedicar parte Martins. Mário Centeno não reagiu. quer psicólogos clínicos nos centros nete das Finanças e fala numa “com-
998 milhões de euros nos primeiros da sua riqueza aos Entre as 15 medidas enumeradas de saúde e defende a criação de pro- preensão errada sobre os problemas
dez meses do ano. está também o pedido apresentado gramas de resposta para ansiedade de gestão”.
Sem avançar números, dois diri-
serviços de saúde”, pelo BE para que o Governo recue e e depressão que, à semelhança dos
gentes socialistas já tinham manifes- diz a líder do BE abra a porta ao aumento do número restantes serviços nos cuidados de liliana.borges@publico.pt

Breves
Partidos
Mendes da Silva
eleito líder da distrital
de Viseu do CDS
Francisco Mendes da Silva foi
eleito líder da distrital do CDS
de Viseu, no sábado, com
55,5% dos votos, derrotando a
lista concorrente de Paulo
Duarte. Mendes da Silva, que
faz parte da actual comissão
política nacional, substitui
Hélder Amaral, que se demitiu
do cargo em resultado das
últimas legislativas em que
não foi eleito deputado como
cabeça de lista.
Iniciativa Liberal
Cotrim de Figueiredo
é candidato único
a líder da IL
O deputado João Cotrim de
Figueiredo é o único candidato
à liderança da Iniciativa Liberal
(IL), que elege nova comissão
executiva na III Convenção
Nacional do partido, no
domingo, em Pombal. Cotrim
de Figueiredo encabeça a lista
única à comissão executiva,
com a moção de estratégia
global “Juntos a liberalizar”.
Caso de Tancos
Vasco Brazão diz que
agiu sob orientação
do director da PJM
O ex-porta-voz da Polícia
Judiciária Militar (PJM) e
arguido no caso Tancos, Vasco
Brazão, alega que seguiu
orientações do director, Luís
Vieira, e que “a acção paralela”
da PJM foi “oportunamente
comunicada ao então ministro
da Defesa”. No requerimento
de abertura de instrução,
Vasco Brazão diz que o
ministro e o chefe de gabinete
tentam desvalorizar o
memorando sobre a acção de
encobrimento na recuperação
do material furtado.
Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 13
Antigo bastonário da Ordem dos Advogados fará 70 anos em breve
Marinho e Pinto
não se recandidata à
presidência do PDR
Partidos
Luciano Alvarez
Ex-eurodeputado diz
que é altura de “dar lugar
aos novos” no partido
que fundou em 2014
Marinho e Pinto não se vai recandida-
tar à presidência do Partido Demo-
crático Republicano (PDR), que fun-
dou em 2014 na sequência da sua
ruptura com o Movimento Partido da
Terra (MPT), pelo qual tinha sido elei-
to para o Parlamento Europeu. “É
altura de dar lugar aos novos”, aÆr-
mou ao PÚBLICO o advogado.
O ex-eurodeputado diz que a única
razão para não se recandidatar à pre-
sidência do PDR é entender que o
partido necessita de uma liderança
“mais jovem e com pessoas com outra
visão” do mundo e da política. “Eu
vou fazer 70 anos em breve. É altura
de me retirar”, acrescentou, assegu-
rando, porém, que continua no PDR,
mas apenas como Æliado.
O novo presidente será eleito pela
assembleia geral de Æliados do PDR.
Esta reunião estava marcada para 18
de Janeiro de 2020, segundo um
comunicado do partido de 16 de
Outubro. Na mesma nota, lia-se que
o regulamento eleitoral seria publica-
do “dentro de alguns dias”.
Até agora, o regulamento eleitoral
não foi revelado e Marinho e Pinto
disse ao PÚBLICO que a assembleia
não se vai realizar na data avançada:
“Era uma data indicativa, não era oÆ#
cial. O regulamento eleitoral e a nova
POLÍTICA
ENRIC VIVES-RUBIO
NESTA ÉPOCA ESPECIAL, NÃO PERCA
AS NOSSAS SUGESTÕES, IDEIAS,
E RECEITAS PARA UMA CEIA DE NATAL
DIFERENTE E ORIGINAL!
data serão revelados em breve”.
O ainda presidente do PDR revelou
também que o partido vai deixar a
sede da Estrada da Luz, em Lisboa,
aÆrmando que a nova localização
será divulgada em breve. O ex-euro-
deputado desmente assim informa-
ções de que o partido iria ser despe-
jado da sua sede de Lisboa.
Marinho e Pinto foi eleito para o
Parlamento Europeu (PE) em 2014,
então pelas listas do Movimento Par-
tido da Terra, que, com 234.603 votos
(7,14%), conseguiu dois deputados. Só
que, ainda nesse ano, o antigo basto-
nário da Ordem dos Advogados
entrou em ruptura com os dirigentes
do MPT e acabou por Æcar no PE como
não-inscrito, fundando então o PDR.
Nas europeias deste ano, o PDR,
com Marinho e Pinto como cabeça de
lista, conseguiu apenas 15.789 votos
(0,48%), não elegendo qualquer
deputado. Já nas legislativas de Outu-
bro, o partido, também com Marinho
e Pinto como cabeça de lista e com o
advogado dos motoristas de matérias
perigosas, Pardal Henriques, como
número dois, teve ainda uma votação
mais baixa, Æcando-se pelos 11.761
votos (0,22%).
No Ænal de 2017, Marinho e Pinto
teve um conÇito com o conselho €0,50
50 €1
nacional do PDR, que pedia a sua des- DESCONTO
tituição, depois de o partido ter obti-
do apenas 2799 votos nas autárquicas
desse ano. Este organismo acabou EM CARTÃO
por recuar e destituiu o presidente do
conselho, reconhecendo Marinho e
Pinto como “legítimo impulsionador”
daquela força política.
lalvarez@publico.pt
14 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019

SOCIEDADE
Despesa com fármacos disparou.
SNS gastou mais 178 milhões
Foi nos hospitais públicos que a despesa com medicamentos mais cresceu no ano passado. Gastos
já se aproximam dos níveis dos anos anteriores à intervenção da troika em Portugal
RUI GAUDÊNCIO

Saúde
Alexandra Campos
A despesa do Serviço Nacional de
Saúde (SNS) com medicamentos
vendidos nas farmácias e dispensa-
dos nos hospitais públicos disparou
no ano passado. Foram mais 178
milhões de euros do que em 2017,
num total de 2,461 milhões, que
representam já mais de um quarto
(26,21%) da despesa global do SNS e
1,22 % do PIB (Produto Interno Bru-
to), revela o último relatório com a
Estatística do Medicamento e Produ-
tos de Saúde que acaba de ser divul-
gado pelo Infarmed. Somado aos
gastos dos cidadãos com fármacos,
que aumentaram em valor no ano
passado (cerca de 11 milhões de
euros), a factura com medicamen-
tos aproximou-se já dos 3,2 mil
milhões em Portugal.
Os encargos estatais com compar-
ticipações de medicamentos vendi-
dos nas farmácias e com fármacos
disponibilizados nos hospitais têm
vindo a crescer nos últimos anos,
depois de terem diminuído substan-
cialmente no tempo da intervenção
da troika em Portugal, entre em 2011
e 2014. Mas nunca tinham aumen-
tado tanto desde 2015. Se remontar-
mos a 2014, altura em que a factura
com fármacos representava 1,15%
do PIB, no ano passado foram gastos
mais 331 milhões de euros. A despe-
sa tem crescido sobretudo nos hos- A troika pretendia que a despesa pública com medicamentos baixasse para 1% do PIB em Portugal
pitais, em grande parte devido aos
medicamentos inovadores. abaixo dos valores de 2010, quando prejuízo superior a 848 milhões de passado face a 2017. Ou seja, foi nos comparticipação estatal aumentou
A troika pretendia que a despesa suplantou os 2,600 milhões. euros (ver página 12) — um agrava- hospitais públicos que a despesa ligeiramente em comparação com
pública com medicamentos baixas- mento da ordem dos 145% em com- mais cresceu, o que tem sido justiÆ# o ano anterior.
se para 1% do Produto Interno Bru- Prejuízo de 848 milhões paração com 2017 — já se destacava cado sobretudo com a aprovação de Quanto ao preço médio global dos
to em Portugal (cerca de 1700 No Relatório e Contas do SNS de a contribuição do crescimento dos medicamentos inovadores, com medicamentos vendidos nas farmá-
milhões de euros, nos valores dessa 2018, que foi tornado público em gastos com medicamentos no acrés- preços muito elevados. cias, esse tem vindo a crescer desde
altura). Nessa altura, o ministro da Outubro passado, e em que se reve- cimo da despesa global. Mas o Nas farmácias, os cidadãos 2015, ainda que ligeiramente (pas-
Saúde Paulo Macedo impôs duras lava que o Serviço Nacional de Saú- “buraco” nas contas do SNS em 2018 desembolsaram mais de 711 milhões sou de 10,65 euros para 10,79 no ano
políticas de contenção da despesa de terminou o ano passado com um Æcou a dever-se sobretudo ao de euros no ano passado, e a venda passado), o que representa igual-
neste sector e, em 2012, graças em aumento da despesa com recursos de embalagens de medicamentos mente uma alteração da tendência
grande parte à obrigação de emis- humanos (mais 220 milhões de continuou a aumentar. Os encargos veriÆcada nos anos anteriores.
são de notas de crédito pela indús-
“Buraco” nas euros do que em 2017) e à factura dos utentes baixaram ligeiramente Por regiões, a despesa é superior,
tria farmacêutica que não respeitas- contas do SNS Äcou com fornecimentos e serviços exter- em percentagem, foram até meno- em valor, em Lisboa e Vale do Tejo e
se os limites estabelecidos e à queda nos (mais 230 milhões). res do que em 2014, mas ainda assim no Norte, mas é no Alentejo e no Cen-
dos preços dos fármacos, a factura
a dever-se O relatório agora divulgado pelo cresceram em valor comparativa- tro que os gastos per capita com fár-
baixou para cerca de dois mil sobretudo à subida Infarmed indica que, com a com- mente com os dois anos anteriores macos são maiores, Æcando a região
milhões de euros logo em 2012, participação de medicamentos ven- e continuam a ser superiores a um do Algarve no Æm desta tabela.
Æcando ainda assim abaixo da meta
da despesa com didos nas farmácias, o SNS gastou terço do total da factura global com
estabelecida pela troika, mas bem recursos humanos mais 41 milhões de euros no ano medicamentos (36,2%). O valor da acampos@publico.pt

Erro leva Ordem dos
Advogados a anunciar vitória
de candidata que terá perdido
Eleições
Mariana Oliveira
Na primeira eleição por
voto electrónico já há quem
levante dúvidas sobre
fiabilidade do sistema e
admita impugnar eleições
Um erro levou a comissão eleitoral da
Ordem dos Advogados a anunciar a
vitória de Paula Alexandre Ferreira,
na corrida ao Conselho de Deontolo-
gia do Porto, quando na realidade o
vencedor terá sido Orlando Carvalho
Leite. Tudo aconteceu na sexta-feira
à noite, durante a divulgação pública
dos resultados da primeira eleição
por voto electrónico. O Instituto de
Engenharia de Sistemas e Computa-
dores, Investigação e Desenvolvimen-
to (INESC-ID), que audita o processo
eleitoral, prevê divulgar um “relatório
circunstanciado da ocorrência nos
próximos dias”, diz a comissão elei-
toral numa nota divulgada no site da
Ordem. Já há quem levante dúvidas
sobre a Æabilidade da votação e admi-
ta impugnar as eleições.
O comunicado garante que foi cor-
recta a contabilização das respectivas
votações, mas atribui o “manifesto
lapso” na divulgação do vencedor a
um “erro na aplicação do método de
Hondt”. O que não explica é porque
esse problema se manifestou apenas
no Conselho de Deontologia do Porto
se aquele método se aplica na eleição
dos membros dos sete conselhos
deontológicos regionais, os órgãos
base de disciplina da Ordem.
Na sexta-feira à noite, após vários
elementos da comissão eleitoral colo-
carem as suas senhas no sistema infor-
mático, este forneceu vários Æcheiros,
que foram abertos numa cerimónia
pública no Salão Nobre da Ordem, em
Lisboa. Ao contrário do que aconte-
ceu com os restantes órgãos da Ordem
(bastonário, Conselho Superior, con-
selhos regionais, etc.), em que as lis-
tagens apresentadas continham o
número de votos de cada um dos can-
didatos, no caso dos sete conselhos de
deontologia só surgiu o vencedor e os
mandatos que este e os restantes can-
didatos tinham obtido.
Paula Alexandra Ferreira, da Lista
Z, apareceu como vencedora, tendo
garantido oito dos 15 mandatos que
compõe o órgão de disciplina. E
Orlando Carvalho Leite, da lista V,
Resultados das eleições foram anunciados na sexta-feira
A votação correu
de forma excelente
e foi um processo
auditado.
[Participaram na
votação mais de
24 mil advogados],
o maior número
de sempre
Guilherme Figueiredo
Actual bastonário dos Advogados
apareceu com sete lugares. Só duas
horas mais tarde, quando a comissão
eleitoral procedia ao envio das vota-
ções para os respectivos conselhos
regionais, é que o erro terá sido nota-
do. Isso mesmo explica ao PÚBLICO
Ricardo Brazete, presidente da
comissão eleitoral, na qual estão
representados elementos das várias
candidaturas.
“O problema ocorreu na conversão
do Æcheiro de apuramentos de resul-
tados no Æcheiro PDF que estava a ser
visualizado por todos”, aÆrma Braze-
te. O responsável da comissão eleito-
ral não sabe bem explicar porque é
que só houve problemas no Conselho
de Deontologia do Porto, mas diz-se
tranquilo com todo o processo: “As
conclusões da auditoria vão tirar
quaisquer dúvidas que existam.”
A situação foi comunicada aos dois
RUI GAUDÊNCIO
candidatos à 1h30 de sábado. AÆnal,
Orlando Carvalho Leite teria obtido
2988 votos, que lhe garantiam oito
lugares, e Paula Alexandra Ferreira,
2440 votos, que lhe asseguravam
sete mandatos. “Na mesma noite
ganhei e perdi as eleições”, constata
Paula Alexandra Ferreira, que adian-
ta que apresentou pelas 3h uma
reclamação que ainda não teve res-
posta da comissão eleitoral. Ontem
à tarde, os auditores do INESC-ID e
os responsáveis da empresa espa-
nhola contratada para assegurar o
processo eleitoral estiveram reuni-
dos e hoje deve ser conhecido o rela-
tório deste incidente.
O actual bastonário, Guilherme
Figueiredo, que disputa a segunda
volta com Menezes Leitão daqui a
menos de duas semanas, desvaloriza
o erro. “A votação correu de forma
excelente e foi um processo audita-
do”, sublinha Guilherme Figueiredo,
que insistiu no uso do voto electróni-
co apesar da oposição da maior parte
dos seus concorrentes. O problema,
diz, terá ocorrido na conversão da
votação. O bastonário realça que par-
ticiparam na votação mais de 24 mil
advogados, “o maior número de sem-
pre”, num universo de perto de 33
mil votantes. Menezes Leitão, o can-
didato a bastonário pela lista de Pau-
la Alexandra Ferreira, lamenta a
“situação muito desagradável”, mas
não vê motivos para pôr em causa a
globalidade das eleições. “Os resulta-
dos foram auditados”, justiÆca. Mes-
mo assim diz-se solidário com a can-
didata da sua lista e diz que irá apoiar
qualquer decisão que esta tomar.
mariana.oliveira@publico.pt
Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 15
Mário Lino volta a
negar ter sido usado
por José Sócrates
Operação Marquês
Ana Henriques
“Não sei se vocês são
instrumentalizados. Eu não
sou”, disse antigo ministro
aos jornalistas após ser
inquirido pelo juiz Ivo Rosa
O ex-ministro das Obras Públicas e
Transportes Mário Lino voltou ontem
a negar ter sido usado por José Sócra-
tes para favorecer o grupo Lena no
projecto do TGV. À saída do Tribunal
Central de Instrução Criminal, onde
foi ouvido pelo juiz Ivo Rosa na qua-
lidade de testemunha na Operação
Marquês, o antigo governante disse
aos jornalistas não ter sido instrumen-
talizado pelo ex-primeiro-ministro e
principal arguido do processo. “Não
sei se vocês são instrumentalizados.
Eu não sou”, disse aos jornalistas.
Além do projecto do Grupo Lena
para o troço do TGV Poceirão-Caia,
ao longo das cerca de cinco horas de
inquirição Mário Lino teve de respon-
der a perguntas relacionadas com
outros dois assuntos visados pela
Operação Marquês em que também
teve algum tipo de intervenção: os
negócios do Grupo Lena na Venezue-
la e a fracassada oferta pública de
aquisição (OPA) da Sonae, proprietá-
ria do PÚBLICO, sobre a Portugal
Telecom. Este último caso remonta a
2006. Segundo a tese do Ministério
Público (MP), o líder do BES, Ricardo
Espírito Santo, pagou seis milhões ao
então primeiro-ministro para que
Mário Lino foi ontem ouvido no
âmbito da Operação Marquês
SOCIEDADE
este o ajudasse a inviabilizar a OPA,
operação que, se fosse bem-sucedida,
acabaria com os privilégios que aque-
le accionista tinha dentro da Portugal
Telecom. Se Ricardo Salgado perdes-
se o controlo da operadora de teleco-
municações, gorar-se-iam vários dos
negócios que a PT tinha entregado ao
GES. O então ministro Mário Lino,
descreve a acusação, foi uma das pes-
soas a quem José Sócrates foi dando
instruções destinadas a fazer gorar as
pretensões da Sonae.
No que diz respeito à Venezuela,
diz o MP que foi graças a Sócrates mas
também ao seu ministro das Obras
Públicas que o Grupo Lena conseguiu
vender àquele país milhares de casas
de habitação social prefabricadas. O
Ministério Público acredita que Mário
Lino aproveitou uma visita que fez à
Venezuela no Verão de 2008 para
fazer referência à proposta do grupo
de Leiria. Foi ele quem assinou um
acordo bilateral entre os dois países.
Já no caso do TGV, as suspeitas
recaem não só sobre o facto de o Gru-
po Lena integrar o consórcio vence-
dor do troço Poceirão-Caia como
também sobre o teor do contrato atra-
vés do qual foi Ærmada esta parceria
público-privada, que segundo a acu-
sação era lesiva do interesse público.
Ainda hoje esse consórcio reivindica
190 milhões ao Estado a título de com-
pensação pelas despesas que teve
com um projecto que nunca viu a luz
do dia. “Fazendo uso dos seus pode-
res de direcção da actividade do
Governo, e instrumentalizando os
ministros e secretários de Estado com
a tutela da Rede Ferroviária de Alta
Velocidade, José Sócrates (...) honrou
o compromisso assumido relativa-
mente aos interesses do Grupo Lena”,
descreve o Ministério Público.
Num artigo de opinião que escre-
veu no PÚBLICO em 2017, Mário
Lino assegura porém que o ex-pri-
meiro-ministro “nunca teve inter-
venção nem se intrometeu nos pro-
cessos administrativos ou técnicos”
destes concursos, “designadamente
no que se refere a fazer propostas ou
a dar sugestões de nomes para os
júris dos concursos, para as cláusu-
las dos respectivos cadernos de
encargos, para os critérios de avalia-
ção das propostas ou sobre matérias
discutidas entre os concorrentes e
os júris dos concursos na fase de
apreciação das propostas”.
ana.henriques@publico.pt
16 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019
SOCIEDADE
Ministério garante que o pagamentos de subsídios a estes docentes ocorrerá antes do final deste mês
Há professores
que não receberam
o subsídio de Natal
Educação
Samuel Silva
Erro das escolas levou a que
não fosse pago subsídio a
pelo menos uma dezena de
contratados. Tutela diz que
situação será regularizada
Pelo menos uma dezena de profes-
sores contratados não recebeu o
respectivo subsídio de Natal no Ænal
do mês passado, tal como os restan-
tes colegas. Um erro de interpreta-
ção levou várias escolas a excluir
estes docentes da requisição de
pagamento dos vencimentos que
têm de apresentar mensalmente ao
Ministério da Educação (ME). A
tutela garante que o problema será
resolvido antes do Ænal deste mês.
Ao PÚBLICO, o ME diz ter conhe-
cimento de “cerca de uma dezena”
de casos de professores que não
receberam o subsídio de Natal. O
pagamento devia ter sido feito a 22
de Novembro, juntamente com o
vencimento mensal. Também a
Federação Nacional dos Professores
(Fenprof ) recebeu várias comunica-
ções de associados no mesmo senti-
do. Todos os casos conhecidos envol-
vem professores contratados em
regime de substituição temporária.
O problema prende-se precisa-
mente com um erro de interpreta-
ção de uma circular do Instituto de
Gestão Financeira da Educação (Ige-
fe) do Verão passado, em que era
explicado às escolas como proces-
sar o pagamento do subsídio de
Natal aos professores substitutos —
proporcionalmente ao tempo de
serviço efectivamente prestado. Só
que as escolas estavam a excluir do
pagamento alguns docentes, ou por
entenderem que não cumpriam o
tempo necessário para receber o
subsídio ou porque o colega que
estavam a substituir retomaria o
serviço no mês seguinte.
Entendimento incorrecto
“O Igefe já esclareceu os agrupa-
mentos que qualquer entendimen-
to da lei que não tenha levado ao
pagamento do dito subsídio não
está correcto”, sublinha fonte do
Ministério da Educação ao PÚBLI-
CO, garantindo que todas as situa-
ções serão regularizadas, no máxi-
mo, até ao Ænal deste mês pelas
escolas.
A tutela emitiu outra nota infor-
RUI GAUDÊNCIO
mativa aos estabelecimentos de
ensino exigindo “os pagamentos dos
proporcionais do subsídio de Natal
até ao mês de Novembro”. Caso os
professores em causa mantenham
o contrato em Dezembro, “pode-
riam processar o proporcional”
relativo a esse mês nessa altura.
Segundo a Fenprof, havia escolas
que pretendiam pagar o subsídio de
Natal apenas no Ænal do contrato do
professor substituto. O sindicato vai
enviar uma minuta de reclamação aos
docentes aos quais não foi pago o sub-
sídio para que possam recebê-lo já.
O processo de pagamento dos
docentes não faz qualquer discrimi-
nação entre professores contratados
e professores do quadro. O proces-
samento e pagamento é da respon-
sabilidade das escolas. O Ministério
da Educação transfere, todos os
meses, através do Igefe a verba
necessária ao pagamento dos ven-
cimentos de professores e funcioná-
rios. O pagamento é feito em função
da requisição apresentada pelos
estabelecimentos de ensino. O pro-
cedimento decorreu, no mês passa-
do, “normalmente” e “nos prazos
previstos”, segundo a tutela.
samuel.silva@publico.pt
Tribunal não aprova
contas de 2015
da Ordem dos
Enfermeiros
Tribunal de Contas
Ana Maia
Havia incorrecções
“a nível dos movimentos
contabilísticos”
e “pagamentos
a fornecedores”
O Tribunal de Contas (TdC) recusou
homologar as contas de 2015 da
Ordem dos Enfermeiros (OE) devido
a várias incorrecções que foram
detectadas. Nessa altura, era basto-
nário Germano Couto.
Segundo a auditoria, publicada
ontem, verificaram-se incorrecções
“a nível dos movimentos contabilísti-
cos, revisão das reconciliações ban-
cárias e de folhas de caixa, reporte
mensal das facturas emitidas, adian-
tamentos e pagamentos a fornecedo-
res, processamento de ajudas de
custo, alteração de registos após o
encerramento das contas, cobrança
de taxas de inscrição e a emissão de
notas de crédito”. Motivos pelos quais
conclui “pela existência de irregula-
ridades de natureza técnica e admi-
nistrativa, pela ausência de normas
de controlo interno”. E que levam o
TdC a dizer que “as contas não estão
completas, verdadeiras, objectivas e
com informação consistente, o que
justiÆca a recusa de homologação da
conta de 2015”.
Dos dez elementos da anterior
direcção da OE, sete prestaram escla-
recimentos, incluindo o ex-bastoná-
rio. “De uma forma global, os anterio-
res responsáveis alegam que desco-
Ordem diz que recomendações
do TdC foram implementadas
nheciam as situações evidenciadas no
relato e que, até à data, não foram
suscitados a prestarem qualquer
esclarecimento sobre os aspectos
identiÆcados pelo contabilista como
‘de substancial gravidade’. Assim, ale-
gam que são completamente alheios
ao facto de o novo contabilista certiÆ#
cado não ter obtido a clariÆcação e o
necessário suporte contabilístico para
as situações indicadas, que, reforçam,
desconheciam”, lê-se.
No contraditório, os anteriores
membros da Ordem disseram enten-
der que a “empresa responsável pela
preparação dos registos contabilísti-
cos e pelas funções de contabilista
certiÆcado não prestava a informação
contabilística atempadamente e de
acordo com as necessidades daquele
órgão”, o que levou a contratar uma
nova empresa que entrou em funções
em Novembro desse ano. A anterior
direcção informou ainda que o “direc-
tor Ænanceiro da Ordem foi suspenso
em resultado da prática de actos que
o bastonário entendeu ‘(...) absoluta-
mente incorrectos (...)’”.
Na sequência da auditoria, o TdC
recomendou à OE a aprovação de
regulamentos e a implementação de
medidas de controlo interno, “desi-
gnadamente quanto a regras jurídi-
cas, orçamentais e contabilísticas
relativas à autorização de despesas,
autorização de pagamentos”, “neces-
sidade de justiÆcar documentalmen-
te os lançamentos contabilísticos
efectuados” e de “deÆnição clara de
acessos aos sistemas de contabilida-
de”, entre outros. O tribunal determi-
nou que as conclusões fossem reme-
tidas ao actual conselho directivo da
Ordem, a quem deram 180 dias para
comunicar as medidas adoptadas. A
OE terá ainda de pagar cerca de 17 mil
euros de emolumentos.
A OE assegurou que as recomenda-
ções do TdC “já foram implementa-
das” nos últimos quatro anos pela
actual direcção. Ao PÚBLICO, a bas-
tonária Ana Rita Cavaco recordou
que, quando iniciou funções, em
2016, detectaram “uma série de irre-
gularidades”, que a levou a apresen-
tar queixa na PJ. Ana Rita Cavaco
referiu que a Ordem está a veriÆcar a
possibilidade de poder imputar o
pagamento dos emolumentos aos
membros da anterior direcção da
Ordem no âmbito da responsabilida-
de pessoal.
amaia@publico.pt
18 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019

LOCAL
Celebrar o Natal ao ritmo
do esplendor barroco
O Natal em Lisboa passa pela primeira vez pela Basílica dos Mártires, onde um concerto a quatro mãos vai
evidenciar a qualidade de um órgão com 234 anos. A programação inclui ainda concertos em vários locais
RUI GAUDÊNCIO

Lisboa
João Pedro Pincha
Entrar na Basílica dos Mártires, no
Chiado, é uma experiência visual
arrebatadora, tal é a profusão de
cores e imagens no tecto e ao redor
da nave central. A exuberância diÆcil-
mente se adivinha do lado de fora — a
fachada é discreta — e quase ofusca
um tesouro desta igreja barroca: o seu
órgão. Também ele uma obra de arte,
é um instrumento como há poucos
em Lisboa.
Maria Teresa Fonseca, organista
titular, faz a visita guiada e toca umas
notas para demonstrar “o cuidado
posto na arquitectura sonora deste
órgão”. Construído em 1785 por “um
dos nossos melhores organeiros” da
época, António Xavier Machado e
Cerveira, o majestoso instrumento
entra pela primeira vez na rota do
Natal em Lisboa, a programação que
a EGEAC dedica a esta altura especial
do ano.
A 7 de Dezembro, o órgão será cha-
mado a dar corpo a um programa
com oito peças portuguesas, espa-
nholas e italianas dos séculos XVII,
XVIII e XIX e que, no entender de
Teresa Fonseca, permitirão perceber
a grande variedade de sons que os
seus 1764 tubos conseguem produzir.
“É um programa diversiÆcado, com
peças de grande brilhantismo, mas
também com registos mais doces”, Construído em 1785 por António Xavier Machado e Cerveira, o órgão entra este ano, pela primeira vez, na rota do Natal em Lisboa
comenta.
O concerto, a ser executado por dos órgãos ibéricos, que ainda se esquerda”, sublinha a organista. Esta tauro, António Simões, e que em 2011, através de uma pequena placa. Teve
António Duarte (organista titular da diferenciam dos do centro da Europa especiÆcidade condicionou a produ- durante uma operação de limpeza, depois uma carreira intensa, na qual
Sé) e Daniel Oliveira, inclui, entre por não terem pedais e por terem ção de peças para órgão em Portugal faria uma descoberta surpreendente. produziu mais de uma centena de
outras, uma Sonata para Órgão, de tubos na horizontal. até muito tarde e, ainda hoje, requer Alguns tubos que se julgavam de ori- órgãos para igrejas de Lisboa, Mafra,
Marcos Portugal, Tres Glosas sobre el “Num único teclado é possível fazer um conhecimento especíÆco para gem são mais antigos e podem até ter Açores e Brasil, entre outros.
Canto Llano de la Immaculada Con- efeitos de duplo teclado. Permite lidar com os instrumentos na hora de vindo do órgão da primitiva Basílica A programação do Natal em Lisboa
cepción, de Francisco Correa de Arau- solos com a mão direita e com a mão os tocar. dos Mártires. dá este ano um grande destaque à
xo, Elevazione, de Davide de Berga- Até ao Terramoto de 1755, a paró- música, com inúmeros concertos: São
mo, e ainda um Rondó em Sol Maior Concertos e mais concertos quia tinha sede numa igreja que se Vicente de Fora, Paços do Concelho,
para órgão a quatro mãos, de Ramón
A 7 de Dezembro, Em 1994, por ocasião da Lisboa Capi- localizaria na zona que hoje corres- Aeroporto, São Luiz, Convento do
Ferreñac. o órgão soará com tal Europeia da Cultura, o grande ponde, grosso modo, ao Largo das Grilo, Igreja de Santo Eugénio e Igreja
Esta última peça será particular- órgão dos Mártires foi alvo de um res- Belas-Artes. Foi a destruição desse de São Jorge de Arroios são alguns dos
mente desaÆante, diz Teresa Fonse-
oito peças tauro profundo. Tinha havido outros templo que originou a sua reconstru- locais que terão programas musicais.
ca. Isto porque o órgão tem apenas portuguesas, no século XIX e até no XX, mas foi ção — mas noutro local e, naturalmen- Estão ainda previstas actividades na
um teclado com cerca de um metro este que lhe devolveu as característi- te, seguindo o gosto arquitectónico Comunidade Hindu de Portugal, um
de largura, espaço em que terão de
espanholas e cas barrocas originais entretanto per- da época. curso de iniciação à meditação pela
caber ambos os tocadores para exe- italianas dos didas, sustenta Teresa Fonseca. Ao Machado e Cerveira, também Ælho União Budista e visitas guiadas ao
cutarem a obra em simultâneo. Ter subir as escadas que ligam o coro alto de um organeiro, teve nos Mártires a Centro Ismaili.
apenas um teclado (e não dois ou
séculos XVII, XVIII ao teclado, encontra-se à esquerda a sua terceira construção a solo, facto
mais) é uma característica própria e XIX assinatura do organeiro que fez o res- indicado logo por cima do teclado joao.pincha@publico.pt

Assembleia
municipal chumba
Orçamento do
Funchal para 2020
Madeira
Márcio Berenguer
Executivo da coligação
Confiança liderada por PS e
Bloco obrigada a governar
em duodécimos no próximo
ano. Oposição votou contra
A oposição chumbou ontem, em blo-
co, o orçamento da Câmara Municipal
do Funchal para 2020, durante uma
sessão tensa da assembleia municipal
em que se aprofundaram as divisões
entre o executivo municipal e os res-
tantes partidos.
O orçamento, no valor de 107,7
milhões de euros, foi chumbado com
os votos contra do PSD (17 deputa-
dos), CDS (três) e PCP, JPP, PTP (todos
com um representante) e o deputado
independente. A coligação ConÆança
(PS/BE/PDR/Nós, Cidadãos!), que
governa o cidade com uma maioria
absoluta de seis vereadores (PSD tem
quatro e o CDS um), está em minoria
na assembleia municipal: tem 19
deputados em 43. Nos orçamentos
anteriores, conseguiu negociar com
a oposição, mas desta vez não houve
abertura para entendimentos.
Do lado da oposição, o PTP e o JPP
justiÆcaram o voto com o facto de o
executivo não ter acolhido as suas
propostas. O executivo responde acu-
sando PSD e CDS de serem forças de
bloqueio à cidade, e os restantes par-
tidos de cumplicidade.
“Ao votar contra o Orçamento, PSD
e CDS deixam bem claro qual o seu
papel no concelho, bloqueando de
forma gratuita e vergonhosa a acção
desta câmara, que preferem tentar
estrangular Ænanceiramente”, apon-
tou o presidente do município, Miguel
Gouveia.
Perante este chumbo, e de acordo
com a legislação, a gestão do municí-
pio — o mais populoso da Madeira —
terá de ser feita em duodécimos, com
base no orçamento anterior.
Gouveia, que substituiu Paulo Cafô-
fo na liderança da autarquia em Maio
deste ano, quando este renunciou ao
mandato para encabeçar a candida-
tura do PS ao governo regional, acusa
PSD e CDS de terem “ultrapassados
todos os limites” da falta de coerên-
cia. “A oposição considera legítimas
as nossas políticas estratégicas de
desenvolvimento para o Funchal,
mas, ainda assim, chumbou o orça-
mento que permitiria Ænanciá-las e
executá-las, numa posição a todos os
títulos incompreensível”, disse no
Ænal o autarca, referindo-se ao facto
de o orçamento ter sido chumbado,
mas as Grandes Opções do Plano
terem sido aprovadas.
“O Funchal apresentou este ano
um orçamento justo, equilibrado e
transparente, um dos maiores e
melhores orçamentos que já foram
apresentados nesta década, com
várias fontes de Ænanciamento pre-
vistas, seja através de fundos comu-
nitários ou de recurso a empréstimos,
a partir de uma baixa Æscalidade, com
devolução de impostos às famílias via
IRS e da taxa de IMI mais baixa de
sempre”, considerou.
Não concordou a oposição. O docu-
mento, no valor de 107,7 milhões de
euros, foi bastante criticado durante
a discussão, tanto à direita como à
esquerda. PSD e CDS apontaram a
pouca ambição, com os centristas a
verem nos números apresentados um
aumento da dívida municipal.
O PCP lamentou a falta de investi-
mento e uma “verdadeira política”
para a habitação e o JPP condicionava
A coligação
Confiança tem
maioria absoluta
na câmara, mas
está em minoria
na assembleia
municipal
o voto ao compromisso do executivo
com uma auditoria à empresa muni-
cipal Frente Mar Funchal. Mais con-
tundente, o deputado independente
Roberto Vieira exigia a demissão de
Miguel Gouveia. “Seis partidos vota-
ram contra”, contabilizou, para dizer:
“Sr. presidente, demita-se”.
É, respondeu Miguel Gouveia, uma
câmara com maioria absoluta. “Não
vejo motivos para cair”, aÆrmou,
depois de o PSD ter também pedido
eleições intercalares.
PSD e CDS, que governam em coli-
gação a Madeira desde as eleições
regionais de Setembro, recusaram
responsabilidades no chumbo do
orçamento por, argumentam, ape-
nas representarem 20 deputados de
uma assembleia de 43. No ano pas-
sado, os centristas e o JPP (que che-
gou a integrar a coligação) viabiliza-
ram o orçamento.
marcio.berenguer@publico.pt
Uma “fraude”. Chovem
críticas e reclamações à
Capital do Natal em Algés
Oeiras
Cristiana Faria Moreira
Há quem peça o reembolso
dos bilhetes, acusando os
promotores de “publicidade
enganosa”. Muitas queixas
são de espanhóis
Prometia ser uma “recriação total da
Lapónia”, com direito a Pai Natal,
elfos e neve “a sério”, mas é a desilu-
são que marca o arranque da Capital
do Natal, o primeiro Christmas Fun
Park da Europa e o maior evento do
país dedicado ao Natal, como anun-
ciavam os seus promotores. O parque
abriu na sexta-feira em Algés, conce-
lho de Oeiras, às portas de Lisboa, e
desde então têm chovido críticas ao
recinto, às actividades ali promovidas
e à própria decoração do espaço,
com os visitantes a aÆrmarem sentir-
se enganados e vítimas de “publici-
dade enganosa”.
Ao final da tarde de ontem, a orga-
nização reagiu em comunicado, aÆr-
mando que tinha tido conhecimento
que “algumas entidades em Espanha,
como blogues e agências de viagem,
veicularam informação incorrecta
sobre o evento, como por mero
exemplo a existência de pistas de
esqui com neve”. “Esta acção acabou
por criar falsas expectativas a alguns
visitantes e afectou negativamente a
sua experiência no parque, o que deu
origem a um conjunto de queixas e
comentários negativos nas redes
sociais”, notam os promotores.
Segundo a Christmas Fun Park, as
críticas não afectaram, até ao
momento, a venda de bilhetes e
esclarece que está “a responder indi-
vidualmente a todas as queixas e
comentários negativos e a avaliar as
formas possíveis de resolver as situa-
ções reportadas”.
Rute Brás saiu no sábado de Vila
do Conde em direcção à Capital do
Natal, mas o que viu deixou-a “total-
mente desiludida”. “Era uma desor-
ganização total. Não há magia do
Natal. Não vi elfos, não ouvi música
de Natal, nem iluminação”, conta.
Além da falta de animação do espa-
ço, o piso “estava horrível”, enla-
meado.
As atracções, como a roda gigante,
o escorrega ou a pista de gelo, esta-
vam “com Ælas de duas horas”. “Eu
não me importava de esperar numa
Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 19
Æla de duas horas se houvesse espíri-
to natalício à volta, com música, ani-
mação, o que não havia. Tinha de
haver mais Ægurantes”, repara. Rute
Brás acabou por Æcar menos de uma
hora no parque e saiu sem apresentar
nenhuma reclamação, ainda que se
tenha sentido “roubada”. “Vou a
todas as feiras. Foi o bilhete mais caro
que paguei e o pior onde já fui. Nem
de graça lá voltava.”
Em resposta ao PÚBLICO, a asso-
ciação de defesa do consumidor Deco
dá nota de que, até ao momento, não
recebeu qualquer reclamação sobre
a Capital do Natal, mas diz estar a
acompanhar o caso.
Além das críticas dos portugueses,
são, sobretudo, os visitantes espa-
nhóis que aproveitaram o Æm-de-se-
mana para visitar o parque, que dei-
xam os reparos mais duros à organi-
zação. O que encontraram, dizem,
não corresponde ao que era veicula-
do nas imagens promocionais que
anunciavam o evento.
“Gostaria de dizer que este parque
é uma fraude, um engano, publicida-
de enganosa”, escreve uma visitante
espanhola na página de Facebook da
Muitos utentes
dizem que o que
encontraram não
corresponde ao
que era veiculado
nas imagens
promocionais
que anunciavam
o evento
O evento decorre até 12 de Janeiro no Passeio Marítimo de Algés
LOCAL
Capital do Natal, lembrando a “má
organização, as Ælas intermináveis”
e a falta de ambiente de Natal.
“Fazem-se 300 quilómetros, paga-se
uma entrada familiar de 88 euros,
hotel e a comida no parque é caríssi-
ma, tendo em conta que não pensa-
ram que poderia haver crianças celía-
cas. Em pouco tempo, estavam sete
espanhóis a escrever reclamações.
Lamentável”, escreveu a visitante.
Contactada pelo PÚBLICO, a Unión
de Consumidores de Extremadura
(UCE), uma associação de defesa dos
consumidores espanhola, disse que
durante a manhã de ontem recebeu
“mais de cem chamadas” com recla-
mações de visitantes que moram
sobretudo na região da Extremadura,
mas também na Andaluzia.
Fonte da associação disse ainda
que já remeteu à empresa responsá-
vel pelo evento, a Christmas Fun
Park, uma reclamação escrita por
email, a exigir o reembolso dos bilhe-
tes dos queixosos. A UCE entende
que há “publicidade enganosa, por-
que na publicidade que a empresa
fez do evento constam serviços e ins-
talações que o parque não tem”.
Foi entretanto criado um grupo de
Facebook de presumíveis “lesados”
— “Capital do Natal Estafa”, assim se
chama — e uma petição, que reunia,
por volta das 18h de ontem mais de
2100 assinaturas, onde os subscrito-
res pedem mesmo o encerramento
do parque.
O evento decorre até 12 de Janeiro
no Passeio Marítimo de Algés. Os
bilhetes custam 25 euros para crian-
ças e seniores e 30 para adultos.
cristiana.moreira@publico.pt
FRANCISCO ROMÃO PEREIRA
20 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019
ECONOMIA
União bancária ainda é incerta
mas já não é uma miragem
Sinais de abertura na Alemanha e na
Itália melhoraram as expectativas de
um acordo para um seguro de depósitos
comum. Mas derrota de Olaf Scholz no
SPD veio baralhar as contas
Eurogrupo
Sérgio Aníbal
Aquele que tem sido um dos passos
mais difíceis no objectivo de reforço
da união monetária europeia — a con-
clusão da união bancária com a cria-
ção de um seguro de depósitos
comum para todos os Estados-mem-
bros — Æcou nas últimas semanas, de
forma algo surpreendente, mais per-
to de ser alcançado, à medida que
Alemanha e Itália, os dois países no
centro do desentendimento sobre
esta matéria, deram sinais de estar
dispostos a ceder nas suas posições.
Questões políticas internas dos dois
países, contudo, podem trazer obstá-
culos adicionais.
Amanhã, o processo de criação de
um seguro de depósitos comum
(EDIS, do inglês European Deposit
Insurance Scheme) vai ser um dos
temas em debate na reunião do Euro-
grupo que se realiza em Bruxelas. E,
se de anteriores reuniões nunca saiu
mais do que o compromisso de ana-
lisar tecnicamente a questão (a fór-
mula usada em Bruxelas para evitar
reconhecer a existência de um desen-
tendimento insanável), amanhã, pela
primeira vez, existe a possibilidade
de se realizar um avanço concreto na
direcção de um acordo.
Embora num cenário ainda de
grande incerteza, neste momento
existe a expectativa de que, embora
não se chegando a um entendimento
completo e imediato, se possa pôr em
marcha um processo calendarizado
de negociações, preparação e imple-
mentação de um seguro de depósitos
europeu, com a deÆnição de metas
intermédias que têm de ser atingidas
para se continuar a progredir.
Em declarações ao PÚBLICO, o pre-
sidente do Eurogrupo reconhece que,
neste momento, “há um novo clima
de compromisso à volta da mesa” e
mostra conÆança que será possível
deÆnir “uma fase de preparação e
uma fase de implementação, com
várias metas intermédias”. “Há dois
anos, seria porventura acertado falar
de um tabu em alguns países, neste
momento já não é assim”, aÆrma
Mário Centeno.
O maior optimismo do ministro das
Finanças é sobretudo o resultado das
posições recentemente assumidas
pelos responsáveis políticos alemães
e italianos. Até aqui, os dois países
têm estado na linha da frente do con-
fronto de ideias que impede a conclu-
são da união bancária na zona euro.
A Alemanha receia que um seguro
de depósitos comum — em que os
países da zona euro asseguram em
conjunto a protecção dos depositan-
tes dos bancos de qualquer país —
faça com que o país Æque exposto
aos riscos de uma falência dos ban-
cos mais débeis do Sul da Europa,
aqueles que têm maiores níveis de
crédito malparado.
A Itália (numa posição que tem vin-
do a ser assumida também por outros
países, como Portugal) defende que
para o sistema bancário do seu país
deixar de ser débil é fundamental que
exista um seguro de depósito euro-
peu, não sendo possível reduzir os
riscos sem que antes se faça também
uma partilha de riscos.
Nas últimas semanas, pressionados
pelos apelos de entidades como o
Banco Central Europeu (BCE) para
que a união bancária seja concluída
e a braços com uma conjuntura eco-
nómica mais difícil, tanto o executivo ção dos bancos à dívida soberana do são no imediato. Ainda assim, o novo
alemão como o italiano decidiram
Até aqui, Alemanha seu próprio país. Neste momento, a Governo italiano, ao contrário do
mostrar que estão mais abertos a e Itália têm estado dívida soberana é considerada, nas anterior, não fechou a porta ao diá-
fazerem concessões. contas dos bancos, como um activo logo e, na semana passada, Vincenzo
O primeiro passo foi dado pelo
na linha da frente sem risco, e o que a Alemanha pre- Amendola, ministro italiano para os
ministro das Finanças alemão, Olaf do confronto de tende é que se passe a considerar Assuntos Europeus, disse estar con-
Scholz, que num artigo de opinião esse risco — o que levaria, por exem- Æante em que um “bom compromis-
publicado no Financial Times a 22 de
ideias que impede plo, a que os bancos portugueses so” possa ser alcançado este mês.
Novembro defendeu que a zona euro a conclusão da com um peso muito grande da dívida A baralhar esta expectativa de
“não se pode dar ao luxo de manter o portuguesa nos seus balanços fossem maior abertura ao diálogo surgiram,
impasse” em relação à criação de um
união bancária na forçados a reduzir essa exposição no entanto, alguns desenvolvimentos
seguro de depósitos comum, fazendo zona euro. Mas para não verem os seus rácios de políticos nos dois países. Na Alema-
a sua própria proposta para se poder capital cair. nha, Olaf Scholz, que é a cara do
chegar a um entendimento.
posições recentes A reacção de países como a Itália esforço para se chegar a um entendi-
Como contrapartidas, o ministro de políticos dos e Portugal a este tipo de condições mento nesta matéria, perdeu no sába-
continua a exigir uma redução mais tem sido negativa, defendendo que do a eleição para a liderança do seu
signiÆcativa do nível de crédito mal-
dois países vieram tal colocaria os sectores bancários partido, o SPD. Não só o seu lugar
parado e uma diminuição da exposi- trazer optimismo dos seus países sob ainda maior pres- como ministro das Finanças está pos-

Seguro de
depósitos
comum vai
amanhã à
reunião do
Eurogrupo,
liderado por
Centeno
to em causa, como não é seguro que
a actual coligação governamental na
Alemanha sobreviva.
Por isso, na reunião do Eurogrupo
de amanhã, Scholz estará certamente
menos à vontade para assinar um
acordo do que estaria se mantivesse
a liderança do SPD.
Em Itália, a vontade dos membros
do Governo em avançar para um
entendimento está também a ser
posto em causa, neste caso pelo
maior partido da coligação, o 5 Estre-
las, que quer incluir também na dis-
cussão outro tema: a entrega de
poderes que se pretende dar ao
Mecanismo Europeu de Estabilidade.
Neste tema, um entendimento já
STEPHANIE LECOCQ/EPA
tinha sido atingido na zona euro, mas
a Itália ameaça não dar, amanhã, a
assinatura Ænal.
É por causa do clima de ainda mui-
ta incerteza que ninguém se arrisca a
deÆnir prazos para a chegada a um
entendimento na conclusão da união
bancária. O máximo que Mário Cen-
teno se dispõe a dizer é que irão ser
“muito mais rápidos” do que foram
os EUA. O problema desta compara-
ção é que, como lembra o próprio
ministro das Finanças, uma garantia
de depósitos nacional nos EUA ape-
nas surgiu após 80 anos de negocia-
ções entre os estados.
sergio.anibal@publico.pt
“Não podemos criar uma crise na tentativa
de prevenir uma crise futura”
Entrevista
Sérgio Aníbal
Mário Centeno, presidente do
Eurogrupo, assinala ao PÚBLICO,
em respostas enviadas por email,
que há neste momento “um novo
clima de compromisso à volta da
mesa”. Ainda assim, aÆrma que o
processo terá de ser gradual.
Quais são as expectativas em
relação à possibilidade de um
acordo concreto em relação à
introdução do EDIS? Tem havido
conversações desde a
apresentação da proposta do
Governo alemão sobre a matéria?
A discussão sobre a introdução de
um fundo europeu de garantia de
depósitos tem evoluído bastante.
Há dois anos, seria porventura
acertado falar de um tabu em
alguns países; neste momento já
não é assim. Em Junho de 2018, os
líderes europeus introduziram pela
primeira vez o objectivo de iniciar
negociações para o EDIS nas suas
conclusões. De seguida, elevámos a
discussão do nível técnico para o
nível de secretários de Estado, ou
seja, a um nível político.
IdentiÆcámos as características de
uma união bancária completa e em
velocidade de cruzeiro, e deÆnimos
os passos necessários para lá
chegar. No último Eurogrupo Æcou
claro que este roteiro para
completar a união bancária está ao
nosso alcance. Há um novo clima de
compromisso à volta da mesa. Há
ainda um novo elemento a ter em
conta. Este compromisso é hoje
mais fácil devido à enorme redução
de riscos nas nossas economias, que
abre caminho a novos passos no
sentido de completar a gestão dos
riscos agora a um nível europeu.
ReÆro-me à clara redução dos níveis
de malparado e também à
tendência de redução do rácio da
dívida pública. Portugal é um dos
maiores exemplos deste esforço e
do seu sucesso.
As contrapartidas propostas pela
Alemanha, nomeadamente as
relacionadas com os níveis de
Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 21
Por causa do clima
ainda de muita
incerteza ninguém
se arrisca a deÄnir
prazos para um
entendimento
crédito malparado e com os
títulos de dívida soberana
nacional, não se arriscam a ser
incomportáveis para os sistemas
financeiros de alguns países?
O erro que muitos cometeram até
há pouco tempo foi olhar para o
EDIS e para cada uma destas peças
em isolamento. O que está em cima
da mesa é um leque amplo de
iniciativas que terão de ser levadas a
cabo de forma gradual, sem
provocar qualquer sobressalto nos
mercados Ænanceiros. Não
podemos criar uma crise na
tentativa de prevenir uma crise
futura. Estas peças incluem um
reforço dos instrumentos para lidar
com bancos em diÆculdades,
harmonizando regras de supervisão
e resolução bancárias; medidas
para incentivar a diversiÆcação de
carteiras de títulos soberanos e
reduzir a fragmentação; a protecção
de depósitos, entre outros.
A proposta alemã, na linha do que
vem sendo discutido a nível dos
secretários de Estado da UE, propõe
a introdução de um factor
concentração nos títulos soberanos.
Esta medida tem que ser vista em
associação com outras. Para mim, é
crucial que não percamos de vista o
nosso propósito e justiÆcação. Não
se trata de impedir os Estados de se
Ænanciarem junto dos bancos,
especialmente em tempos de crise,
mas de garantir que os bancos
No último
Eurogrupo Äcou
claro que este
roteiro para
completar a união
bancária está ao
nosso alcance
Mário Centeno
Presidente do Eurogrupo
investem em títulos de diferentes
países. Os bancos alemães devem
comprar dívida de outros países
assim como o inverso deve
acontecer. Isto é o que chamo
gestão prudente do risco, mas agora
a um nível europeu — devemos criar
as condições e os incentivos para
que os bancos não ponham os ovos
todos no mesmo cesto. Como é
sabido, o tratamento prudencial da
dívida soberana esteve na agenda
das negociações sobre a reforma do
sistema Ænanceiro após a crise. Um
acordo não foi possível a nível
global. A Europa não pode de forma
alguma colocar os seus bancos
numa posição de desvantagem
competitiva face aos congéneres
internacionais. Por outro lado, se
este modelo for bem calibrado e
acompanhado de outras medidas,
poderá reforçar a credibilidade do
sistema bancário e aumentar a
conÆança dos investidores. É por
isso que está em cima da mesa.
Em que data podemos esperar
ter esta componente da união
bancária concluída?
Depois da criação das autoridades
únicas de supervisão e de resolução
bancárias, o terceiro e último pilar
da União Bancária é a criação de um
fundo de garantia de depósitos
europeu. É, porventura, o mais
complexo em termos técnicos e
políticos. Não é por acaso que nos
EUA este passo de integração dos
modelos nacionais de garantia de
depósitos demorou 80 anos e foram
precisas mais de 150 propostas ao
Congresso. Na Europa, estou seguro
que vamos ser muito mais rápidos.
Não temos uma data precisa em
mente e não creio que isso seja um
problema nesta fase. Teremos uma
fase de preparação e uma fase de
implementação, com várias metas
intermédias, mas uma direcção
clara que — espero — seja aceite por
todos no próximo Eurogrupo. Só a
decisão de avançar com este último
pilar da União Bancária já envia um
sinal claro aos investidores e
depositantes do compromisso dos
líderes europeus com este
objectivo.
22 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019
ECONOMIA
A acção realizada a 28 de Maio à beira da rotunda de Alfena, em Valongo, foi cancelada no próprio dia
Fisco compensa contribuintes
interpelados sem razão
na operação stop de Maio
Impostos
Pedro Crisóstomo
Autoridade fiscal fez uma
“reflexão” sobre acção em
Valongo e afasta processos
disciplinares na Direcção
de Finanças do Porto
Ao ver que alguns contribuintes (23)
foram interpelados pelo Æsco sem
razão durante a operação stop lança-
da em Maio para cobrar dívidas e
penhorar carros em Valongo, o secre-
tário de Estado dos Assuntos Fiscais,
António Mendonça Mendes, determi-
nou à Autoridade Tributária (AT) que
reparasse os “direitos dos contribuin-
tes interceptados que não reuniam as
condições de penhora”.
O relatório interno do Æsco, cujas
conclusões foram divulgadas ontem
pela AT, conÆrma que em 93 carros
imobilizados pela GNR por indica-
ção dos funcionários do Æsco (asso-
ciados a 88 devedores), quatro não
eram os devedores identiÆcados
pela administração tributária por-
que já não eram os proprietários do
carro; 17 já tinham pago as dívidas
em Abril e Maio, antes da acção de
28 de Maio; e dois contribuintes
tinham, entretanto, sido declarados
insolventes.
Mendonça Mendes, que cancelou
a Acção sobre Rodas quando no pró-
prio dia soube do que se passava à
beira da rotunda de Alfena, decidiu
que, a partir de agora, embora sem
comprometer a “eÆciência” das exe-
cuções Æscais, essas acções externas
devem ser decididas com área da
Relação com o Contribuinte — uma
nova unidade — e que ao mesmo tem-
po elas devem ser comunicadas atem-
padamente “a nível central pela área
da Justiça Tributária e, a nível local,
pelas Direcções de Finanças”, adian-
tou o Ministério das Finanças. Em
primeiro lugar, será preciso avaliar se
as acções são de facto necessárias e
ter em conta a proporcionalidade dos
meios escolhidos.
O relatório reconhece falhas nos
procedimentos internos e tira conse-
quências para futuro, para não se
repetir uma situação semelhante.
Embora reconhecendo falhas, o
inquérito considerou que “as faltas
observadas não justiÆcam a instaura-
ção de processos disciplinares” a
funcionários. Mas isso não quer dizer
que o Æsco não tire consequência do
que se passou. O processo, garante o
Æsco, permitiu fazer “uma reÇexão
sobre a necessidade de adopção de
ESTELA SILVA/LUSA
medidas que habilitem os serviços
centrais da AT a intensiÆcar a coorde-
nação geral e a supervisão de proce-
dimentos executivos de massa ou que
possam vir a ter maior exposição
pública”. Daí as decisões do secretá-
rio de Estado.
Em linha com o que o secretário
de Estado e a directora-geral do Æsco,
Helena Borges, já tinham considera-
do, o relatório conclui que houve
uma mobilização de meios “despro-
porcionados”, pois esses Æns pode-
riam ser alcançados “em alguns
casos”, sem “a exposição pública”
dos cidadãos e dos funcionários
do Porto.
O Æsco elaborou uma listagem dos
devedores (partindo de “cerca de três
milhões de processos de execução
Æscal”) e, na rotunda de Alfena, os
funcionários avistavam os veículos e
conÆrmavam se as matrículas eram
de proprietários com dívidas em exe-
cução. Nesses casos, pediam aos
agentes da GNR para mandarem
parar os carros e seguia-se o atendi-
mento no local. Só aí era “possível
validar, em tempo real, através da
consulta às aplicações informáticas
da AT, a existência de dívidas em con-
dições legais de justiÆcar a penhora
de bens ou apreensão de veículos já
penhorados e em circulação”.
Ex-inquilinos da
Fidelidade continuam
a assistir a mudanças
de senhorio
Habitação
Luísa Pinto
Apollo faz passagens
de propriedade entre
subsidiárias para valorizar
aquelas que, alegadamente,
pretende alienar
A morada é exactamente a mesma,
mas o nome do senhorio e o NIB para
onde os moradores de dois prédios
localizados no Dafundo, em Oeiras,
deverão mensalmente passar a depo-
sitar as suas rendas passa a ser dife-
rente. A partir do dia 15 de Novembro,
os ex-inquilinos da Meritpanorama
— uma das quatro empresas-veículo
criadas pelo Fundo Apollo para distri-
buir o portefólio imobiliário compra-
do à Fidelidade Property — passaram
a pagar a renda à Neptunecategory, o
nome de outra das quatro empresas
que são controladas pela Apollo a par-
tir de offshores nas ilhas Caimão.
A carta que foi enviada aos mora-
dores no início do mês de Novembro
informava ter sido feita “uma escritu-
ra pública de permuta” que fazia a
transmissão de propriedade, e que
passava a ser a Neptunecategory
quem passava a assumir “os direitos
e obrigações que resultam do contra-
to de arrendamento (…) não resultan-
do da referida transmissão qualquer
alteração aos termos e condições
acordadas nos contratos”.
A Fidelidade era senhoria de cinco
edifícios nesta freguesia de Oeiras, e
foram os cinco parar à gestão da
Por 425 milhões, a Apollo
comprou 271 imóveis no país
Meritpanorama no Verão de 2018.
Mudam agora, de novo, de mãos, mas
a convicção dos inquilinos é que as
transacções não vão parar por aqui.
Uma das explicações avançadas
por vários inquilinos ao PÚBLICO (e
que pedem para não ser identiÆca-
dos) é que a Meritpanorama alienou
à Neptunecategory os dois prédios
mais valiosos dos cinco, se o critério
de avaliação a ter em conta for a loca-
lização e a vista de mar. E que o objec-
tivo é valorizar os activos da Neptu-
necategory, que deverá em breve ser
vendida a um novo proprietário.
A Apollo nunca aceitou dar expli-
cações sobre todo este negócio. Mas
a verdade é que cumprindo o propó-
sito para que foram criadas as suas
sociedades subsidiárias — que se apre-
sentaram como sociedades de pro-
moção imobiliária, que fazem compra
e venda de activos, e lembrando a
isenção de IMT que auferiram numa
transacção de 425 milhões de euros
— o objectivo é alienar esses activos.
O PÚBLICO voltou a contactar fonte
oÆcial da Apollo, mas recebeu a mes-
ma resposta de que a empresa não faz
comentários às suas transacções.
Os inquilinos permanecem apreen-
sivos, por não saberem a que mão vão
parar as casas em que moram, e se
algum dia lhes vai ser dado o direito
de exercer a preferência na aquisição.
A venda de 271 imóveis, localizados
por todo o país, mas com particular
incidência nas cidades de Lisboa e
Porto, foi comunicada a estes mora-
dores em Abril de 2018. A carta que
receberam dizia que poderia exercer
o direito de preferência, mas apenas
se adquirissem todo o portefólio, ava-
liado nos referidos 425 milhões de
euros. Este impedimento foi colocado
não só aos moradores mas também
aos municípios — por isso a Câmara
do Porto está a tentar que um tribunal
lhe reconheça o direito de comprar
os imóveis que pretende, sem ter de
adquirir todo o portefólio.
Já nos outros prédios no Dafundo
que até agora não receberam nenhu-
ma comunicação, os moradores nota-
ram que alguns apareceram à venda
em alguns sites, e pelo menos dois
moradores já se propuseram a com-
prar os andares em que habitam, mas
nunca chegaram a ter resposta da
Meritpanorama. As outras duas
empresas da Apollo são a Fragrants-
trategy e a Notablefrequency.
luisa.pinto@publico.pt
 Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 23

ECONOMIA

Tribunal de Contas segue

Bruxelas e declara contrato
da zona franca ilegal
Contratação pública
Pedro Crisóstomo
Portugal e a Comissão
Europeia ainda estão
a negociar solução para
a gestão da Zona Franca
da Madeira
Depois da Comissão Europeia, o Tri-
bunal de Contas português (TdC)
considerou “ilegal” o ajuste directo
da concessão da exploração da Zona
Franca da Madeira (ZFM) à Sociedade
de Desenvolvimento da Madeira
(SDM), em 2016, por mais dez anos.
Numa auditoria ontem divulgada, o
tribunal acompanha a interpretação
de Bruxelas, que há mais de dois
anos (em Julho de 2017) abriu um
procedimento de infracção contra
Portugal por considerar que o facto
de o governo regional não ter aberto
um concurso público viola as regras
europeias ao impedir que as empre-
sas potencialmente interessadas
Æzessem propostas.
Quando foi feita a adjudicação, Por-
tugal já devia ter transposto uma
directiva europeia de 2014 sobre con-
tratação pública e, quando decide
contratar a SDM naqueles termos, o
Funchal fá-lo invocando uma norma
do Código dos Contratos Públicos que
frisa agora o tribunal — “conÇitua”
com uma norma dessa directiva que
visava eliminar distorções no merca-
do interno, forçando à “inadmissibi-
lidade da contratação de um opera-
dor económico sem a prévia publica-
ção”, salvaguardadas “as excepções
previstas na referida norma”. Embo-
ra o tribunal sublinhe que o novo
texto europeu “constitui uma novida-
de”, vinca que “também não é menos
certo que os princípios e valores”
tutelados pela directiva “não consti-
tuem propriamente uma ‘surpresa’
para as entidades adjudicantes”. Por
outras palavras: esta contratação não
caberia dentro daquelas excepções.
A entidade que gere centro de
negócios desde 1987, controlada pelo
grupo Pestana e participada pela
Região Autónoma da Madeira, acaba-
ria por continuar a ser a concessioná-
ria, mas agora através de um novo
contrato. Quando esse é já um facto
consumado, Bruxelas avança em
Julho de 2017 com procedimento de
infracção contra Portugal que ainda
se mantém de pé. Num primeiro
momento, Portugal manteve-se ina-
movível, reaÆrmando que o ajuste
O Governo
Regional da
Madeira mandou
estudar a
viabilidade de
lançar uma PPP
para a concessão
directo não violava o direito da UE,
mas quando Bruxelas manteve a sua
acusação, o Estado acabou por recuar
e comprometeu-se em Janeiro a estu-
dar soluções, estando o Funchal a
estudar a viabilidade legal de criar
uma parceria público-privada.
No momento da auditoria do TdC,
de 14 de Novembro, as negociações
com o executivo comunitário ainda
decorriam. Portugal tinha-se compro-
metido a preparar o lançamento de
um concurso. O TdC deu agora seis
meses ao governo regional para que
o executivo dê informação sobre o
dossier europeu, incluindo “informa-
ção sobre a solução adoptada pela
região”. Citado pelo DN Madeira, o
vice-presidente regional, Pedro Cala-
do, disse estar “consciente das reco-
mendações” do tribunal e que está a
trabalhar com Bruxelas para se “ultra-
passar qualquer contingência”.
pedro.crisostomo@publico.pt

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COMUNICADO
Para efeitos dos artigos 416.º e 1380º e ss do Código Civil; da Lei n.º 111/2015, de 27 de Agosto, da Portaria n.º 219/2016, de 9 de Agosto e do Decreto-Lei nº 73/2009, de 31 de março (Regime Jurídico da RAN), na sua redação
atual, os proprietários dos imóveis abaixo indicados (“Vendedores”), atenta a impossibilidade de notificar os proprietários dos prédios confinantes aos referidos imóveis que sejam titulares de direitos de preferência legais
na venda dos mesmos (“Preferentes Legais”) nas respetivas moradas e/ou identificar o paradeiro dos mesmos, vêm comunicar por este meio aos Preferentes Legais a sua intenção de proceder à venda dos referidos Imóveis
(“Imóveis”), expondo-se infra as principais condições do projeto de compra e venda (“Transação Projetada”), para exercício dos respetivos direitos legais de preferência:

1. Imóveis, Vendedores e Preço:
Os Imóveis a transmitir correspondem aos seguintes prédios rústicos descritos na:
• Conservatória do Registo Predial de Vila Franca de Xira sob o n.º 2103 da freguesia de Alverca do
Ribatejo, inscrito na respetiva matriz predial rústica sob o artigo 11 da União de freguesias de Alverca do
Ribatejo e Sobralinho, pelo preço de € 29.670,00 e de que é proprietário o Banco Comercial Português
S.A.
• Conservatória do Registo Predial de Vila Franca de Xira sob o n.º 3206 da freguesia de Alverca do
Ribatejo, inscrito na respetiva matriz predial rústica sob o artigo 37 da União de freguesias de Alverca do
Ribatejo e Sobralinho, pelo preço de € 21.867,00 e de que é proprietário Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória do Registo Predial de Setúbal sob o n.º 5962 da freguesia de S. Lourenço, inscrito na
respetiva matriz predial rústica sob o artigo 247 da União de freguesias de Azeitão (S. Lourenço e S.
Simão), pelo preço de € 23.560,00 e de que é proprietário o Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória do Registo Predial de Paredes sob o n.º 634 da freguesia de Sobrosa, inscrito na respetiva
matriz predial rústica sob o artigo 857 da freguesia de Sobrosa, pelo preço de € 41.541,00 e de que é
proprietário o Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória do Registo Predial de Torres Novas sob o n.º 3361 da freguesia de Assentiz, inscrito na
respetiva matriz predial rústica sob o artigo 123 da freguesia de Assentiz, pelo preço de € 82.044,00 e
de que é proprietário o Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória do Registo Predial de Tarouca sob o n.º 17 da freguesia de S. João de Tarouca, inscrito na
respetiva matriz predial rústica sob os artigos 4778, 4779 e 4781 da freguesia de S. João de Tarouca, pelo
preço de € 82.614,00 e de que é proprietário o Millennium bcp Imobiliária S.A. – Em liquidação
• Conservatória dos Registos Civil, Predial, Comercial e Automóveis de Alenquer sob o n.º 1518 da fregue-
sia de Olhalvo, inscrito na respetiva matriz predial rústica sob os artigos 8, 9 e 10 da freguesia de Olhalvo,
pelo preço de € 74.827,00 e de que é proprietário o Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória dos Registos Civil, Predial, Comercial e Automóveis de Amarante sob os n.º 21 e 22 da
freguesia da Várzea, inscrito na respetiva matriz predial rústica sob os artigos 1841, 1853 e 1080 da União
de freguesias de Aboadela, Sanche e Várzea, pelo preço de € 46.823,00 e de que é proprietário o Banco
de Investimento Imobiliário S.A.
• Conservatória do Registo Predial de Carregal do Sal sob o n.º 5102 da freguesia de Oliveira do Conde,
inscrito na respetiva matriz predial rústica sob o artigo 2678 da freguesia de Oliveira do Conde, pelo
preço de € 37.380,00 e de que é proprietário o Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória do Registo Predial de Ovar sob o n.º 2950 da freguesia de Esmoriz, inscrito na respetiva
matriz predial rústica sob o artigo 1526 da freguesia de Esmoriz, pelo preço de € 2.322,00 e de que é
proprietário o Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória do Registo Predial de Faro sob o n.º 7158 da freguesia de Santa Bárbara de Nexe, inscrito
na respetiva matriz predial rústica sob o artigo 245 da freguesia de Santa Bárbara de Nexe, pelo preço
de € 21.000,00 e de que é proprietário o Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória do Registo Predial de Alcanena sob o n.º 811 da freguesia de Vila Moreira, inscrito na
respetiva matriz predial rústica sob o artigo 167 da União de freguesias de Alcanena e Vila Moreira, pelo
preço de € 19.905,00 e de que é proprietário o Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória do Registo Predial de Marco de Canaveses sob o n.º 394 da freguesia de Magrelos, inscrito
na respetiva matriz predial rústica sob o artigo 2187 da freguesia de Bem Viver, pelo preço de € 29.146,00
e de que é proprietário o Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória do Registo Predial de Santarém sob o n.º 1174 da freguesia de Achete, inscrito na respetiva
matriz predial rústica sob o artigo 27 da União de freguesias de Achete, Azóia de Baixo e Póvoa de
Santarém, pelo preço de € 3.912,00 e de que é proprietário o Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória dos Registos Civil, Predial, Comercial e Automóveis de Baião sob o n.º 236 da freguesia de
Santa Marinha do Zêzere, inscrito na respetiva matriz predial rústica sob o artigo 1810 da freguesia de
Santa Marinha do Zêzere, pelo preço de € 1,00 e de que é proprietário o Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória do Registo Predial de Pinhel sob o n.º 629 da freguesia de Alverca da Beira, inscrito na
respetiva matriz predial rústica sob o artigo 1027 da freguesia de Alverca da Beira/Bouça Cova, pelo
preço de € 1,00 e de que é proprietário o Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória do Registo Predial de Valpaços sob o n.º 791 da freguesia de Tinhela, inscrito na respetiva
matriz predial rústica sob o artigo 3561 da freguesia de Tinhela e Alvarelhos, pelo preço de € 1,00 e de
que é proprietário o Banco Comercial Português S.A.
• Conservatória dos Registos Civil, Predial, Comercial e Automóveis de Oliveira de Azeméis sob o n.º 1199
da freguesia de Pinheiro da Bemposta, inscrito na respetiva matriz predial rústica sob o artigo 1354 da
União das freguesias de Pinheiro da Bemposta, Travanca e Palmaz, pelo preço de € 1,00 e de que é
proprietário o Banco Comercial Português S.A.
2. Compradora: Palavras Colossais, S.A., com o número único 514  666 650 de pessoa coletiva e de
matrícula na Conservatória do Registo Comercial, com sede no Edifício D. Sebastião, Rua Quinta do Quintã,
número 6, Quinta da Fonte, na União das Freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias,
concelho de Oeiras, com o capital social de €50.000.
3. Condições de Pagamento: Pagamento integral na data de celebração da respetiva escritura de compra
e venda por transferência bancária para a conta do respetivo Vendedor e recebida na conta bancária do
mesmo nessa data.
4. Data da Escritura: O contrato definitivo de compra e venda será outorgado através de escritura pública
de compra e venda que será outorgada previsivelmente até 29 de fevereiro de 2020, em dia, hora e local a
acordar, ficando o agendamento a cargo do respetivo Vendedor.
5. Estado dos Imóveis: Os Imóveis serão vendidos no estado em que se encontram, livres de ónus ou
encargos que afetem o título de propriedade dos mesmos.
6. Custos, Impostos e Despesas: Todos os custos, impostos e despesas relacionados com a celebração da
respetiva escritura de compra e venda e com os respetivos registos serão suportados pela Compradora.
O prazo para exercício da preferência pelos referidos Preferentes Legais é de 8 dias corridos contados da
publicação do presente aviso, nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 416.º e dos artigos 225º e seguintes
do Código Civil, sob pena de caducidade do respetivo direito de preferência.
Informa-se ainda que os Preferentes Legais apenas poderão exercer o direito de preferência em relação ao
Imóvel cuja venda lhe confere esse direito, nos termos acima expostos, não sendo possível exercer direito de
preferência na venda de qualquer um dos outros Imóveis ou sobre o conjunto dos mesmos.
Para contato: dli.sul@millenniumbcp.pt
Os Vendedores,
Banco Comercial Português S.A.
Millennium bcp Imobiliária S.A. – Em liquidação
Banco de Investimento Imobiliário S.A.
24 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019
MUNDO
“Só um punhado de fanáticos
nega a evidência”
A cimeira do clima arrancou em Madrid
sob o signo da emergência. É preciso fazer
mais e mais depressa, disse o
secretário-geral da ONU, António Guterres
COP25
Patrícia Carvalho
Quando ontem de manhã o chefe do
Governo espanhol, Pedro Sánchez, se
referiu a “um punhado de fanáticos”
que nega o aquecimento global, na
abertura da 25.ª Conferência das Par-
tes (COP25) da Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre as Altera-
ções Climáticas, em Madrid, estava a
referir-se ao Presidente dos Estados
Unidos? A pergunta foi feita a Sánchez
numa conferência de imprensa que
decorreu durante a tarde, mas o
socialista não confirmou nem des-
mentiu. Numa cimeira do clima em
que se apela à participação de todas
as nações, empresas e pessoas para
actuar com mais ambição e rapidez
no sentido de travar o aumento de
emissões de gases com efeitos de
estufa (GEE), o facto de Donald
Trump ter anunciado a saída do país
do Acordo de Paris é uma pedra nes-
se caminho que ninguém ignora.
Pedro Sánchez não quis esclarecer
se era de Trump que falava quando,
horas antes, afirmara: “Durante anos
vivemos com o negacionismo climá-
tico. Hoje só um punhado de fanáticos
nega a evidência. Não há muro sufi-
cientemente alto que proteja desta
ameaça qualquer país, por mais alto
que seja.”
À tarde, o socialista recusou confir-
mar se nesse punhado de fanáticos
incluía Trump. Já o secretário-geral
da ONU, António Guterres, não isolou
qualquer país, mas insistiu — como
tem feito ao longo do ano — que o tra-
balho que o mundo tem pela frente
para impedir que a temperatura suba
acima de 1,5 graus Celsius implica
“uma transformação” do modo como
vivemos. “Precisamos de uma
mudança rápida e profunda no modo
como fazemos negócios, como cria-
mos energia, como construímos cida-
des, e como alimentamos o mundo.
Se não mudarmos urgentemente o
nosso modo de vida, pomos em risco
a própria vida”, disse.
A mensagem que deixou na aber-
tura da COP25 (que termina dia 13),
frisou, era para todos os actores mun-
diais — governos, empresas, socieda-
de civil —, mas em particular para os
principais emissores de GEE. “Ainda
estamos à espera de um movimento
transformador da maior parte dos
países do G20, que representam três
quartos das emissões globais”, avisou
Guterres, lembrando que “todos os
emissores têm de fazer mais”, mas
que “sem o envolvimento total dos
grandes emissores todos os esforços
estarão minados”.
À tarde, na conferência de impren-
sa conjunta com Sánchez, Guterres
foi ainda mais claro: “Falemos com
sinceridade, [os principais emissores]
são os que estão mais atrasados em
assumir os compromissos necessários
para que ganhemos a guerra contra
as alterações climáticas.” No sentido
oposto, o responsável máximo da
ONU salientou o bom exemplo da
nova presidente da Comissão Euro-
peia, Ursula von der Leyen, que numa
cimeira de líderes que decorreu ao
final da manhã, lembrou que em dez
dias vai apresentar o Pacto Ecológico
Verde e que irá avançar com um fun-
do para a transição justa.
Costa reaÄrma 2050
Portugal esteve representado pelo
primeiro-ministro, António Costa, depressa, para tentar evitar as conse- ma destas medidas será suficiente se
que referiu o trabalho já feito pelo
Pedro Sánchez não quências “catastróficas” que o incum- não se fizer uma “transição justa”
país na redução de GEE e na transição quis esclarecer se primento das metas do Acordo de para a economia verde, que “reco-
para as energias renováveis, renovan- Paris, ao nível do controlo do aqueci- nheça a necessidade de apoiar o futu-
do o compromisso da neutralidade
era de Trump que mento global, irá provocar. ro dos trabalhadores que serão nega-
carbónica em 2050 e de fazer subir a falava quando tivamente afectados, em termos de
percentagem da electricidade consu- A dependência do carvão emprego, educação para toda a vida
mida com origem em fontes renová-
aÄrmou: “Durante Fazer mais é assumir, já em Madrid, e redes de apoio social”.
veis dos actuais 54% para os 80% em anos vivemos com que temos de terminar com “a nossa O caminho para atingir tudo isto
2030. dependência do carvão” e inverter a está traçado pela comunidade cientí-
Além disso, o Banco Europeu de
o negacionismo previsão de um aumento de produ- fica. E a tecnologia para o conseguir
Investimento anunciou que vai inves- climático” ção de combustíveis fósseis na próxi- existe. O facto de as mudanças conti-
tir um milhão de milhões de euros ma década que será o dobro do que é nuarem, apesar disso, a ocorrer a um
nos próximos dez anos em acção cli- uma transição justa para a economia exigido para que consigamos manter ritmo demasiado lento é o que deixa
mática e investimentos ambiental- verde e aumentando a contribuição o aumento da temperatura abaixo de o secretário-geral “frustrado”. Por
mente sustentáveis. E a própria Espa- financeira para o fundo de apoio aos 1,5 graus Celsius. E avançar com isso, insistiu, há que aumentar a ambi-
nha, pela voz de Sánchez, compro- países menos desenvolvidos. Guter- mudanças “da agricultura aos trans- ção de cada país, cidade e empresa.
meteu-se a aumentar a ambição dos res referiu-se e estes compromissos portes, do planeamento urbano e Antes do apelo aos líderes das 157
seus planos, atingindo a neutralidade como “extremamente importantes” construção às indústrias de cimento, partes reunidas na COP25, Guterres
carbónica em 2050, reduzindo as e que devem ser replicados “por aço e outras”. Se não o fizermos, recordou alguns dos dados que vie-
emissões em uma de cada três tone- todos os países do mundo”. “estaremos longe de um caminho ram a público nos últimos 18 meses e
ladas de GEE produzidos até 2030, Durante a manhã, Guterres insisti- sustentável”, disse. que demonstram a urgência em agir
criando um Pacto Verde para garantir ra que era preciso fazer mais e mais Além disso, frisou Guterres, nenhu- de imediato. Dados de três relatórios

António
Guterres
com Pedro
Sánchez,
na abertura
da COP25
CHEMA MOYA/EPA
do Painel Intergovernamental para as
Alterações Climáticas (IPCC), mas
também da Organização Mundial
Meteorológica, e que dizem que nada
do que deveria ter sido alcançado na
última década, em termos de contro-
lo da subida da temperatura, foi con-
seguido. “Cada um confirma que
estamos conscientemente a destruir
o sistema de apoio que nos mantém
vivos”, acusou o secretário-geral.
Dados que, como lembrou o presi-
dente do IPCC, Hoesung Lee — que foi
o primeiro a discursar nesta cerimó-
nia oficial de abertura —, estão dispo-
níveis para todos e continuarão a ser
actualizados em relatórios futuros.
Quanto ao mais, disse aos decisores
políticos que o ouviam: “Digam-nos
o que precisam de nós e iremos tra-
balhar convosco.”
patricia.carvalho@publico.pt
Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 25
António Costa voltou
a dizer que em 2030 quer
Portugal a consumir
80% de electricidade
de fontes renováveis
Oxfam pede mais apoio para os países
pobres, com foco nas mulheres
DANIEL ROCHA
e apenas um, a Dominica, está na
Patrícia Carvalho lista dos cem maiores emissores de
GEE per capita — mas numa modes-
Os dez países com maior tíssima 96.ª posição. Cuba, Tuvalu,
Filipinas, São Martinho, Vanuatu,
risco de ver as populações
Fiji, Sri Lanka e Tonga são os restan-
deslocadas estão entre tes estados mais vulneráveis, refere
os que menos contribuem o relatório. Os habitantes do Tuvalu
para a emissão de GEE ou de Cuba “têm 150 vezes mais pro-
babilidades de serem deslocadas por
No dia da abertura da COP25, a razões relacionadas com fenómenos
Oxfam revelou um relatório em que extremos [do clima] do que quem
lembra que as alterações climáticas vive na Europa”, refere a Oxfam.
são as responsáveis pela esmagadora Além disso, defende este organis-
maioria de deslocações forçadas mo, é preciso entender melhor as
internas (87%), que afectam, sobre- implicações das alterações climáticas
tudo, os países menos desenvolvidos nos conÇitos que ocorrem em vários
e que menos contribuem para a países. Salientando que há ainda
emissão de gases com efeito de estu- Em Março, o ciclone Idai devastou o centro de Moçambique “muito a aprender” sobre essa liga-
fa (GEE). Em linha com o que pede ção, a Oxfam aÆrma que “há provas
as Nações Unidas, a confederação de res que lá vivem são o grupo que mais Segundo os dados compilados pela crescentes de que a crise climática
associações que lutam contra a sofre, já que em muitos deles, ques- confederação, dos dez países em que está a exacerbar a instabilidade em
pobreza pediu uma redução “maior tões básicas como aprender a nadar as pessoas correm mais risco de muitas regiões, piorando as condi-
e mais urgente” das emissões e uma estão-lhes vedadas, diz o documento serem desalojadas por desastres ções que levam ao conÇito e aumen-
actualização dos documentos nacio- revelado ontem. naturais, só a Somália não é uma ilha tando os riscos no futuro”.
nais determinados dos países, acom-
panhados de um aumento dos apoios
Ænanceiros a prestar a estes países.
A lista de recomendações que a
Oxfam deixa aos decisores políticos
presentes na COP25 inclui a capaci-
dade de estes “garantirem que os que
sofrem mais perdas e danos pela cri-
se climática recebem o apoio neces-
sário”. Para isso, dizem, há que criar
“uma nova forma de Ænanciamento”
no âmbito do Mecanismo de Varsó-
via sobre Perdas e Danos. Outros
meios de apoio, sugerem, podem
passar pela criação de uma “taxa de
danos climáticos” para quem extrai
combustíveis fósseis ou “o alívio da
dívida” em caso de um desastre pro-
vocado por fenómenos climáticos
extremos.
As mulheres, diz ainda a Oxfam,
devem estar no centro de todas as
decisões, e as suas necessidades e for-
ças particulares “devem servir para
desenhar todas as iniciativas de per-
das e danos”. Porque se os países mais
pobres e menos responsáveis pelas
emissões de GEE são os mais afecta-
dos pelos desastres naturais, as mulhe-
26 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019
MUNDO
O impeachment de Trump
mudou de sítio mas a Casa
Branca continua a evitá-lo
EUA
Alexandre Martins
Com a chegada do processo
à Comissão de Justiça,
a acusação deverá ser
conhecida nas próximas
duas semanas
Depois de umas curtas férias para
comemorar o Dia de Acção de Graças
em família, num clima anunciado de
alegria e concórdia, os congressistas
do Partido Democrata e do Partido
Republicano retomam amanhã a luta
azeda no processo de destituição do
Presidente Donald Trump, num dia
em que vão sobressair algumas
cadeiras vazias. Ontem, o advogado
da Casa Branca, Pat Cipollone, escre-
veu ao Partido Democrata para dizer
que nem ele nem o Presidente acei-
tam o convite para participarem
num processo “que não tem o menor
vestígio de justiça”.
A resposta da Casa Branca ao con-
vite da Comissão de Justiça da Câma-
ra dos Representantes não foi uma
surpresa e serviu apenas para con-
Ærmar as estratégias que os dois
lados deÆniram para lidar com o pro-
cesso nas próximas semanas.
No lado do Partido Democrata, a
ideia é Ænalizar rapidamente as audi-
ções na Câmara dos Representantes
e aprovar uma acusação contra o
Presidente Trump antes das férias do
Natal. Para a Casa Branca, a melhor
resposta é manter as portas fechadas
a qualquer hipótese de colaboração
com a câmara baixa do Congresso,
deixando que sejam os congressistas
republicanos nas comissões de inves-
tigação a defenderem o Presidente
— com a contra-acusação de que o
Partido Democrata só abriu um pro-
cesso de destituição porque ainda
não engoliu a vitória de Trump nas
eleições de 2016.
E se as audições às testemunhas de
matéria de facto, em Novembro,
puseram em evidência o elevado
grau de animosidade entre os con-
gressistas dos partidos, a primeira
audição desta nova fase promete ser
ainda mais conturbada.
Agora que o processo passou para
a Comissão de Justiça, depois de dois
meses na Comissão de Serviços
Secretos, vai ser possível ver em
acção alguns dos mais fervorosos
apoiantes do Presidente Trump na
O Presidente americano diz que a audição foi marcada de propósito durante a cimeira da NATO
Este inquérito
sem fundamento
viola precedentes
históricos, direitos
e princípios
básicos de Justiça
Pat Cipollone
Advogado da Casa Branca
Câmara dos Representantes, como
Matt Gaetz ou Greg Steube — dois dos
republicanos que invadiram a sala
onde decorriam audições à porta
fechada, em Novembro, num protes-
to inédito no Congresso e em que
foram violadas regras de segurança
quando os congressistas entraram
com os seus telemóveis num espaço
cobiçado pelas agências de espiona-
gem internacionais.
Amanhã, num ambiente que pro-
mete dividir ainda mais o país, os 41
congressistas da gigantesca e pode-
rosa Comissão de Justiça vão ouvir
as posições de quatro peritos na
Constituição dos EUA — três convo-
cados pelo Partido Democrata e um
pelo Partido Republicano.
O seu trabalho: dizer aos congres-
sistas, e aos eleitores através deles,
o que signiÆca o impeachment no
sistema norte-americano e se Trump
merece ser afastado da Casa Branca
por causa das suas acções nos últi-
mos meses em relação à Ucrânia.
O líder da Comissão de Justiça, o
democrata Jarrod Nadler, tinha per-
guntado à Casa Branca se queria
participar nesta fase, estendendo o
convite ao próprio Presidente
Trump. A resposta chegou à caixa de
correio de Nadler no domingo e foi
revelada ontem.
“Como sabe, este inquérito sem
fundamento e partidário viola pre-
cedentes históricos, direitos e prin-
cípios básicos da Justiça”, disse
Cipollone, repetindo, por outras
palavras, as acusações que o Presi-
dente faz no Twitter de que está a ser
alvo de uma “caça às bruxas”.
E a Casa Branca reforçou as suas
queixas quando se percebeu que no
dia da audição para a qual o Presi-
dente foi convidado, Donald Trump
estará em Londres para participar na
cimeira da NATO.
“Vou a caminho da Europa para
representar o nosso país e para lutar
arduamente pelo povo americano,
JONATHAN ERNST/REUTERS
enquanto os democratas marcaram,
de propósito, uma audição no
embuste do impeachment para o
mesmo dia da NATO. Não é bonito!”,
disse o Presidente no Twitter.
Acusação até ao Natal
É possível que a Comissão de Justiça
venha a questionar mais testemu-
nhas na próxima semana, mas a sua
tarefa começa a Æcar refém da falta
de tempo. Hoje, recebe o relatório
sobre o trabalho feito nos últimos
dois meses pela Comissão de Servi-
ços Secretos, e é com base nesse
documento que vai decidir duas coi-
sas: se Trump deve ser destituído e,
se a resposta for sim, que crimes
cometeu para merecer a punição.
Para que essa acusação formal
possa ser votada pelos 435 congres-
sistas de ambos os partidos até às
férias do Natal, o trabalho da Comis-
são de Justiça terá de Æcar concluído
na semana que começa a 16 de
Dezembro. Depois disso, após a
aprovação esperada pela maioria do
Partido Democrata na Câmara dos
Representantes, o processo passa
para o Senado, que deverá julgar o
Presidente Trump ao longo do mês
de Janeiro de 2020.
alexandre.martins@publico.pt
Breves
Ásia
China proíbe entrada
de navios da Marinha
dos EUA em Hong Kong
A China proibiu a entrada de
navios e aviões militares
norte-americanos em Hong
Kong em retaliação pela
aprovação de uma lei pelo
Congresso dos EUA vista por
Pequim como um sinal de
apoio aos protestos na cidade.
“Apelamos aos EUA para
corrigirem os erros e pararem
de interferir nos nossos
assuntos internos”, disse o
porta-voz do Ministério dos
Negócios Estrangeiros, Hua
Chunying. O Governo chinês
também anunciou que
pretende aplicar sanções a
ONG que acusa de encorajar
os manifestantes em Hong
Kong — são elas o National
Endowment for Democracy, a
Freedom House e a Human
Rights Watch.
Médio Oriente
Netanyahu tenta
encontrar-se com
Pompeo em Lisboa
O primeiro-ministro israelita,
Benjamin Netanyahu, está a
tentar encontrar-se com o
secretário de Estado dos EUA,
Mike Pompeo, em Lisboa, diz o
diário Haaretz. Netanyahu
tinha posto a hipótese de uma
visita a Londres, onde decorre
a cimeira da NATO, para se
reunir com Pompeo, mas as
autoridades britânicas
invocaram “problemas
logísticos” e declinaram a
visita em cima da hora.
Pompeo vai estar em Lisboa na
sexta-feira, onde deverá
encontrar-se com o
primeiro-ministro, António
Costa, e o ministro dos
Negócios Estrangeiros,
Augusto Santos Silva.
O primeiro-ministro israelita
enfrenta uma acusação por
corrupção, fraude e abuso de
confiança em três casos.
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28 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019
MUNDO
A BD que Obiang pr
Entrevista
Bárbara Reis
Dos três autores de O Pesadelo de
Obi, a banda desenhada satírica
sobre a ditadura da Guiné
Equatorial, só um é conhecido:
Ramón Esono Ebalé, o ilustrador.
Chamam-lhe “el chico loco” e haverá
alguma dose de loucura em Ebalé
para, vivendo fora do país desde
2011, ter visitado a Guiné Equatorial
em 2017, já o seu “livro maldito”
circulava em Malabo. Mal chegou,
foi preso e metido na Prisão de
Black Beach. “Nos seis meses em
que estive na Black Beach, todos os
dias alguém foi torturado. Todos os
dias”, diz Ebalé, de 42 anos, numa
entrevista telefónica ao PÚBLICO, a
partir de El Salvador, onde vive. Às
edições em espanhol e inglês
junta-se, a partir de hoje, uma em
português, lançada pela Livraria
Tigre de Papel, que organizou um
lançamento-debate para hoje, às
18h30, no espaço cultural Todo
Mundo, no centro de Lisboa.
Os outros dois autores, Chino e
Tenso Tenso, vivem na “zona quente”
de Malabo e ninguém sabe quem são.
Em 2011, estavam a almoçar uma
“pepesup”, uma sopa de peixe pican-
te, quando Teodoro Obiang Nguema,
Presidente desde 1979, apareceu na
televisão e leu um discurso. Os três
amigos sentiram que o ditador estava
a rir-se deles e do seu povo. E se fos-
sem eles, e o povo da Guiné Equato-
rial, a rir-se do ditador? Três anos
depois, nasceu O Pesadelo de Obi.
Nas primeiras páginas do livro,
põem o Presidente da Guiné
Equatorial a fazer sexo numa
piscina. O que vos levou a
extremar tanto o retrato de
Obiang?
A ideia é mostrar um Obiang
poderoso. Levá-lo aos limites indica
que estamos perante um homem
muito poderoso, uma espécie de
semideus. Quisemos tirar-lhe esse
estatuto, quisemos desendeusá-lo.
Primeiro há muito dinheiro, muitos
contactos e um mundo machista.
Mais tarde, tiramos-lhe tudo: as
mulheres, o dinheiro, o palácio, os
carros e os seguranças. Na parte do
pesadelo, Obiang tem uma mulher
que o controla, lhe dá ordens e até
estaladas. Obiang acaba dominado
por uma mulher, já não jovem como
as outras, mais corpulenta, mais big
mama africana.
Na primeira visita que fez à
Guiné Equatorial a seguir à
publicação do livro, foi preso.
Não estava à espera?
Saí da Guiné Equatorial em 2011
para o Paraguai, onde vivi sete anos.
Tinha de renovar os documentos e
por isso fui a Malabo. O livro tinha
saído em espanhol em 2014 e já
estava traduzido em inglês. Não é
que seja fácil ler este livro na Guiné
Equatorial, mas alguém no regime o
terá lido e não gostou. E então
inventaram uns absurdos para me
prender. Quando me prenderam,
queriam que eu mostrasse
arrependimento por ter
caricaturado Obiang. Mas assino
sempre os meus desenhos. Não
regressei a Malabo como
provocação, apenas para renovar o
meu passaporte.
Não receou ser preso?
A minha família estava preocupada
que, por causa do livro, do blogue
[Las Locuras de Jamón y Queso] e
da Locos TV, o regime não me
perdoasse. Mas não tinha medo de
ser preso, nem de regressar. Aliás,
terei de voltar à Guiné Equatorial
em breve. Ninguém me aconselha a
ir, mas preÆro estar morto a não ver
a minha família.
Considera-se um exilado
político?
As circunstâncias actuais são de
exilado político. O meu Ælho, que
tem 20 anos, está em Espanha
como refugiado político. Mas eu
vivo fora do país porque a minha
mulher, uma espanhola de Valência
que conheci em Malabo, é directora
do Centro Cultural de Espanha em
ia
ra
El Salvador. Não me considero um
exilado. Não quero ter essa
mentalidade. Seria mais fácil para a
Guiné Equatorial. Não quero
dar-lhes essa oportunidade. Quero o
pensar que posso regressar ao meu u
país sempre que me apetece — até
que me matem. A Guiné Equatorial al
quer que todos os críticos se vão
embora. Para o regime, o ideal era
que todos os críticos fossem
exilados. Assim, ninguém estaria
perto da população.
O que vai acontecer quando
regressar?
Poderá acontecer algo mais grave.
Em 2017, quando me prenderam,
tive a sorte de estar com dois amigos
os
espanhóis, um deles diplomata.
Não me prenderam para me pôr na a
prisão ou levar-me a um juiz,
porque eu não tinha cometido
nenhum crime. Prenderam-me
para me levarem para Guantánamo o
e torturarem-me. Queriam dar-me
um castigo.
Por causa do livro?
Por causa do livro e do blogue.
Queriam assustar-me, como agora
estão a fazer com o meu
companheiro “Paysa” [Joaquín Eló ó
Ayeto, militante do partido

oibiu
Convergência para a Democracia
Social, da oposição, preso desde
Fevereiro]. Se eu for agora à Guiné
Equatorial, há duas possibilidades:
matam-me ou deixam-me desfrutar
do país.
Pensa que Obiang leu o livro?
Penso que todas os membros do
Governo e muitas pessoas na Guiné
Equatorial leram o livro. Recebo
muitas mensagens de pessoas que o
leram, às escondidas, claro.
Sabemos que uns 300 exemplares
entraram clandestinamente no país.
O guião está entre a ficção e a
realidade. Há coisas que são
factuais, outras que podem ou
não ser, como os guarda-costas
presidenciais israelitas e
marroquinos, a sauna finlandesa
oferecida pela Exxon Mobil, o
curandeiro de Houston…
É tudo verdadeiro. O regime de
Obiang é um regime familiar
africano baseado na desculpa de
que é um Estado soberano
reconhecido pela ONU. Mas a gestão
do Estado é a base africana do
poder. O médico de Houston
representa as vezes que Obiang e a
família vão ao estrangeiro para ir ao
médico, porque não há estruturas
de saúde no país para os atender.
Quisemos incluir o médico na BD
porque sabemos que Obiang vai
muito ao médico ao estrangeiro,
mas também para dizer que “Deus”
está doente. O mesmo com a
segurança: um dos Ælhos de Obiang
chama-se Hassan [Pastor Hassan
Obiang] porque é aÆlhado do rei
Hassan II de Marrocos, que era um
grande amigo de Obiang. Por isso,
nos anos 80, Obiang tinha
guarda-costas marroquinos. No
livro identiÆcámos, com humor,
essas relações. Se pesquisar, veriÆca
que nada é fake.
É um retrato fiel da realidade?
Sim. Nunca saímos do que os
guinéu-equatorianos vão
reconhecer. É uma BD de
sensibilização: as situações na
esquadra de polícia, no restaurante
chinês, na igreja… tudo isso são
coisas que acontecem no regime de
Obiang. Para quem vive na Guiné
Equatorial, tudo isto é muito
familiar.
Retrata o seu povo como
sofredor, mas também como
subserviente, como a cena em
que dois homens lutam para
apanhar o lenço sujo de Obiang...
A Guiné Equatorial é um país
pequeno que tem cinco etnias,
entre as quais os fang, a de Obiang.
As ditaduras têm pessoas que as
apoiam. Muitas pessoas apoiam as
ditaduras apenas porque pensam
Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 29
Ramón Esono Ebalé É lançada hoje a tradução portuguesa da
banda desenhada que satiriza o Presidente Obiang e o coloca
num pesadelo: ser um cidadão normal da Guiné Equatorial. O
castigo para o ilustrador foram seis meses numa prisão. “Se for
à Guiné Equatorial, matam-me ou deixam-me desfrutar do país”
que as ditaduras as beneÆciam. O
regime de Obiang é um bom cenário
para se entender como funciona
uma ditadura. A etnia fang é a mais
beneÆciada pelo regime. Obiang
utiliza muito coros de animação,
A Guiné Equatorial formados por mulheres que cantam
nas cerimónias públicas para que o
quer que todos os povo oiça: “Obiang és guapo!”,
críticos se vão “Obiang és bonito!”, “Obiang
trabaja para el pueblo!”. Há muitas
embora. Para o pessoas que trabalham para que o
regime se mantenha. Neste caso,
regime, o ideal era são os próprios guinéu-
-equatorianos que vivem na
que todos os críticos ditadura como se fosse uma coisa
normal, que olham para Obiang
fossem exilados. como a pessoa que facilita as suas
Assim, ninguém vidas. Obiang limpa o nariz, um
gesto nojento, mas apesar disso há
estaria perto da gente que luta para ter o lenço sujo.
Não é só para ter um cargo na
população administração ou ganhar muito
dinheiro. É também ser servil, é
Ramón Esono Ebalé querer que Obiang nos veja como
Ilustrador pessoas que até aceitam o seu lenço
com ranho.
O livro é um apelo à rebelião?
Não proponho uma revolução como
noutros países, onde houve golpes
de Estado. Proponho reÇexão.
O que é o Bairro New Bili, onde
Obiang acorda no pesadelo?
O New Bili é um bairro pobre e
marginalizado onde vivem os
MUNDO
desgraçados de Malabo, mesmo no
centro da cidade.
Obiang vai para a fila da água
com um balde. A falta de água é
uma realidade?
O problema foi tapado com a
bonança do petróleo, mas é uma
constante. A qualquer momento
pode faltar água ou luz em vários
bairros, não apenas no New Bili.
Como foram os seus seis meses
na prisão?
A nível físico, saí com vários
problemas, sobretudo de visão e
audição. Há uma poluição sonora
muito grave e, em relação aos olhos,
é muito difícil, porque estamos
numa espécie de nave gigante onde,
a partir das seis da tarde, Æcamos à
nossa sorte. A Prisão de Black Beach
está dentro da Zona da Presidência
da República, a uns 300 metros do
palácio onde Obiang dorme. A Black
Beach terá de acabar no dia em que
o regime acabar, porque tem uma
história criminosa e desumana. Nos
seis meses em que estive na Black
Beach, todos os dias alguém foi
torturado. Todos os dias. É um tema
muito profundo falar sobre o que é
ouvir pessoas a gritar porque lhes
estão a arrancar a pele ou a
espancar o corpo.
breis@publico.pt
30 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019

CIÊNCIA
Partos ocorrem seis dias mais
cedo por causa do clima quente
Estudo analisou dados de 56 milhões de nascimentos nos EUA durante um período de quase 20 anos,
entre 1969 e 1988, e conclui que uma média de 25 mil bebés por ano nasceu mais cedo por causa do calor
JOÃO GUILHERME

Saúde
Andrea Cunha Freitas
Uma dupla de investigadores olhou
para os registos de mais de duas déca-
das de gravidezes nos EUA, entre
1969 e 1988, à procura de mais dados
sobre os efeitos da exposição ao calor
no aumento de risco de parto. O estu-
do, publicado ontem na revista Natu-
re Climate Change, mostra que, por
ano, uma média de 25 mil bebés nas-
ceu mais cedo. A média da redução
do tempo de gestação observada foi
de 6,1 dias, mas os cientistas notam
que algumas gravidezes acabaram
duas semanas antes do previsto por
causa do calor. Os cálculos revelam
ainda que o clima quente “roubou”
um total de 150 mil dias de gestação
por ano.
Estudos anteriores já tinham mos-
trado que a exposição ao clima quen-
te aumenta o risco de parto. Sabe-se
também que este encurtamento, por
mais ligeiro que seja, pode prejudicar
a saúde dos recém-nascidos e resultar
em problemas na idade adulta. Por
Æm, será quase escusado lembrar que
a exposição ao calor tem aumentado
devido às mudanças climáticas. Mas
apesar de todas estas conclusões, o
impacto do calor no tempo de gesta-
ção não está ainda claramente docu-
mentado.
Alan Barreca e Jessamyn Schaller, O parto precoce ou prematuro, se ocorrer antes das 37 semanas de gestação, pode ter implicações na saúde do bebé
dois investigadores que, apesar de
pertencerem a outras instituições, dias de gestação por ano e que, apoia- de bebés com menores pesos, mesmo resultados cognitivos mais tarde na
têm em comum o facto de trabalha-
Cálculos revelam do em projecções climáticas, sugere que o parto ocorra na altura certa. infância”, referem os autores que,
rem no Instituto Nacional de Investi- que o clima quente perdas adicionais de 250 mil dias por “Embora acreditemos que a mudan- embora se tenham dedicado a anali-
gação Económica de Cambridge, nos ano até ao Ænal do século. ça climática cause perdas gestacio- sar os efeitos da exposição do calor
EUA, quiseram vasculhar registos
“roubou” um Com este estudo de grande cober- nais, a magnitude exacta dos custos no Ænal da gravidez, admitem que
antigos e fazer alguns cálculos inédi- total de 150 mil tura temporal, os investigadores qui- futuros é incerta”, aÆrmam os inves- estes também são sentidos no início
tos. Assim, a dupla de investigadores seram colmatar a ausência de estima- tigadores, que admitem que alguns da gestação.
que assina o artigo na Nature Climate
dias de gestação tivas precisas de dias gestacionais destes efeitos possam ser reduzidos A hipótese de que o calor extremo
Change concluiu que durante os 19 por ano nos EUA perdidos que os estudos realizados com medidas de adaptação ao clima causa um aumento imediato no risco
anos que decorreram entre 1969 e até agora não conseguiram apresen- quente e que, se assim for, os impac- de parto tem sido admitida tanto para
1988, uma média de 25 mil bebés nas- que as taxas de natalidade aumentem tar. “A nossa abordagem pode quan- tos na saúde infantil podem vir a ser animais como para seres humanos,
ceu mais cedo por causa do clima em 5% nos dias com temperatura tiÆcar a perda de dias gestacionais atenuados. “O acesso ao ar condicio- constatam, sugerindo que “um canal
quente. Os cientistas usaram estima- máxima acima de 32,2 graus Celsius, resultante da exposição ao calor, nado é uma estratégia de adaptação possível para esses efeitos é que o
tivas das mudanças nas taxas diárias com uma redução gestacional média identiÆcando a mudança no tempo eÆcaz e que provavelmente será calor aumenta os níveis de oxitocina,
de nascimentos para quantiÆcar o de 6,1 dias. Mas, avisam, alguns nas- dos nascimentos ao longo dos dias”, adoptada mais em locais onde o clima uma hormona essencial para o início
número total de dias perdidos de ges- cimentos ocorreram duas semanas escrevem. quente é agora ainda pouco frequen- do parto”. O calor extremo também
tação associados ao calor. mais cedo. “Descobrimos que a expo- Alan Barreca e Jessamyn Schaller te”, exempliÆcam. pode provocar um aumento do stress
A amostra incluiu 56 milhões de sição ao calor extremo causa um notam ainda que está provada a rela- “A saúde infantil é multifacetada, cardiovascular e, dessa forma, ante-
nascimentos, abrangendo mais de grande aumento no risco de parto”, ção entre a exposição ao calor extre- mas o parto precoce é uma métrica cipar um nascimento.
três milhões de dias. No estudo, Alan escrevem no artigo que contabiliza mo durante o segundo e terceiro tri- importante que se mostrou fortemen-
Barreca e Jessamyn Schaller calculam uma perda total de mais de 150 mil mestres da gravidez e o nascimento te associada à saúde neonatal e aos acfreitas@publico.pt
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32 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019

CULTURA
A história da Albânia que
nos chega pelo olhar dos

Marubi
Uma visita ao museu nacional de fotograÄa Marubi,
em Shkodër, mostra que nesta área a Albânia não esteve
desfasada do que se fazia no resto do mundo. A história
de três gerações de fotógrafos é também uma história
de emigração e o espelho de um desejo de modernidade
lo no papel de cirurgião (com um sabe da sua existência pelo que Æcou
Isabel Coutinho, machado na mão), no papel de doen- escrito em documentos. Por isso, a
em Shkodër te (com uma perna amputada) e no
papel de cliente vestido com o traje
foto mais antiga do arquivo Marubi é
de 1858: um retrato de Hamzë Kazazi,

N
uma das paredes da
colecção permanente
do Marubi — Museu
Nacional de FotograÆa,
em Shkodër, na Albâ-
nia, está aquela que se
pensa ser uma das pri-
meiras fotograÆas que
o imigrante italiano
Pietro Marubbi (ou
Pjetër Marubi) manipulou no seu
estúdio albanês. “É provavelmente
uma das primeiras collages”, diz o
director do museu, Luçjan Bedeni,
referindo-se a Giacinto Simini (1860),
enquanto acompanha o grupo de
jornalistas europeus numa visita
guiada àquele que é o primeiro
museu de fotograÆa do país, e um dos
mais ricos dos Balcãs por causa do
seu arquivo de mais de 500 mil nega-
tivos da segunda metade do século
XIX até ao Æm do século XX.
“A colagem que o autor cria é pro-
vavelmente um anúncio daquela
época”, lê-se na legenda que acom-
panha a fotograÆa. É o Ælho do doutor
Gennaro Simini, um médico italiano
que abriu um hospital na Albânia
otomana, o “actor” que aparece na
fotograÆa em três momentos. Vemo-
dos católicos de Shkodër (com a mão
estendida na direcção do hospital,
convidando os cidadãos a irem lá
para curar os seus males). A técnica
utilizada por Marubbi na época era
fotografar, recortar, colar e fotografar
outra vez.
Só em 2013, quando estavam a
fazer um dos últimos inventários da
fototeca, é que descobriram alguns
destes negativos. São do Ænal dos
anos 1800 e testemunham que nessa
altura já se fazia manipulação foto-
gráÆca na Albânia. “O arquivo con-
tém muitas outras imagens experi-
mentais, incluindo Visto buono per
Napoli e 100 franchi prima volta 1874,
ambas fotomontagens de Pietro
Marubbi; um retrato duplo de Kel
Marubi e da sua irmã, cujas cabeças
foram montadas nos corpos de dois
combatentes africanos; e um retrato
de Jak Bjanku com um amigo, cada
um a segurar uma imagem da cabeça
do outro”, escreve o director do
Museu Marubi, Luçjan Bedeni, num
ensaio disponível online no blogue
Post do MoMA.
Aquela que se pensa ter sido a pri-
meira fotograÆa albanesa terá sido
tirada em 1856, mas perdeu-se. Só se
que lutou contra o império otomano,
feito por Pjetër Marubi. Do arquivo
faz também parte a primeira fotogra-
Æa panorâmica que se conhece de
Shkodër, datada de 1861. Outra das
fotograÆas importantes mostra um
documento onde estão todas as assi-
naturas da declaração da indepen-
dência da Albânia. “Esta fotograÆa foi
feita por Kel Marubi, não no próprio
dia da declaração da independência,
a 28 de Novembro de 1912, mas no
25.º aniversário da independência
[numa exposição organizada para
assinalar a data, em 1937]. Mais tarde,
esse documento perdeu-se. Só temos
acesso ao documento original graças Giacinto Simini (1860), colagem Itália, 1834–Shkodër, 1903), um imi-
à fotograÆa que Kel fez dele. Essa foto- de Pietro Marubbi, fotógrafo grante italiano que, tendo passado
graÆa é agora um documento da his- que podemos ver ao lado. Em por Corfu, na Grécia, e atravessado a
tória da Albânia”, diz Tea Çuni, res- cima, a recriação do seu estúdio Albânia, chegou a esta cidade em
ponsável pela comunicação do 1856, em fuga do seu país por causa
museu, que acompanha a visita. das suas actividades políticas (era
Foi, aliás, na quinta-feira passada, não foi afectada pelo sismo que ocor- apoiante do general Giuseppe Gari-
28 de Novembro, que se comemorou reu no centro do país, em Thumane, baldi contra a potência ocupante da
mais um Dia de Independência da perto da cidade portuária de Durrës. altura, a Áustria-Hungria).
Albânia, dois dias depois do sismo O museu tem, por estes dias, estado Arquitecto, pintor e escultor, Pie-
que já fez mais de 40 mortos. No dia a funcionar normalmente. tro Marubbi foi o primeiro professor
seguinte, também feriado nacional, O slogan do Marubi, inaugurado de artes no colégio jesuíta de
Dia da Libertação da Albânia, falámos em 2016, é “um museu pode mudar Shkodër, em 1878, e apresentou pro-
com o director Luçjan Bedeni que uma cidade”. Esta frase inspirou-se jectos para a catedral católica e para
nos disse que a cidade de Shkodër na vida de Pietro Marubbi (Piacenza, o consulado italiano, além de ter

PIETRO MARUBBI/ MARUBI - MUSEU NACIONAL DE FOTOGRAFIA
desenhado murais para a igreja orto-
doxa. Começou a fotografar por
hobby, mas rapidamente se proÆssio-
nalizou. Percorria a cidade e os paí-
ses vizinhos para fotografar e, em
1856, fundou o seu estúdio de foto-
graÆa. Mas não Æcava lá fechado.
“Fazia postais de albaneses vestidos
com trajes de regiões montanhosas
e das planícies, bem como retratos
em diferentes formatos”, lê-se na
biograÆa disponível numa das pare-
des. Um dos trabalhos fora do estú-
dio de Pietro Marubbi são as fotogra-
Æas que fez de trabalhadores albane-
ses e estrangeiros a construírem a
catedral de Shkodër em 1898.
No livro Marubi, une dynastie de
photographes albanais, de Loïc Chau-
vin e Christian Raby, os autores con-
Ærmam que “os primeiros trabalhos
de Pietro Marubbi testemunham
grandes acontecimentos da história
da nação albanesa” e foram publica-
dos nas revistas ilustradas italianas,
britânicas e francesas da época.
“Usava técnica de colódio húmido
e, posteriormente, a técnica de gela-
tina seca. O seu legado no campo da
fotograÆa são 40 mil negativos de
vidro de diferentes tamanhos”, lê-se
num placard do museu.
Pietro tirou fotograÆas nos países
vizinhos, à família real do Montene-
gro e a habitantes e paisagens do
Montenegro. E, como lembra o escri-
tor Ismail Kadaré no prefácio que
escreveu para esse livro, a localida-
de de Shkodër, como o resto da Albâ-
nia, fazia parte do Império Otomano,
onde a representação dos homens
era tradicionalmente proibida. Con-
seguir fotografá-los não terá sido
tarefa fácil.
“Quando se trata de Pietro
Marubbi, o que é importante é a
criação do estúdio de fotograÆa. Por
isso, neste quarto, a partir de uma
fotograÆa de família antiga, foi
reconstruído o seu estúdio tal como
CHRISTIAN RICHTERS
DŽENANA
Esta sala serve
para que as crianças
que nos visitam
percebam que
a fotografia não
é só um clique, como
acontece hoje
Tea Çuni
era”, conta Tea Çuni. Numa das
paredes deste cubículo, há um
pequeno orifício. Um a um, os visi-
tantes, espreitam. E o que vêem? Um
espaço com um tecto envidraçado,
chão de madeira e um tapete tradi-
cional a cobri-lo. À esquerda, uma
cortina negra para controlar a luz
natural vinda da janela. Ao fundo
estão os cenários com as paisagens
que pintava à mão. “Pietro aprendeu
pintura antes de ser fotógrafo.
Temos as suas telas nos nossos arqui-
vos”, acrescenta. Nas paredes bran-
cas do estúdio, pontualmente apa-
Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 33
recem vitrinas com objectos que lhe
pertenceram.
Entretanto, alguns visitantes avan-
çaram pela porta do estúdio adentro,
e já estão, em pose, à espera do cli-
que vindo do smartphone do amigo
que espreita pelo buraco do lado de
fora. “É o sítio ideal para as selfies”,
conclui Tea Çuni, perante a galhofa
que de repente se gerou.
Não é só um clique
O Marubi — Museu Nacional de Foto-
graÆa Æca na principal rua pedestre
de Shkodër, que tem o nome de um
outro arquitecto, pintor e fotógrafo
albanês, Kolë Idromeno, de quem o
museu possui também o arquivo. É
ele o autor do edifício original do
museu, que albergava um banco
antes de ter sofrido um incêndio.
Para a recuperação do edifício (que
teve o apoio da União Europeia) e
construção do Museu Marubi, hou-
ve um concurso internacional lan-
çado pelo Governo albanês e o ven-
cedor foi o atelier holandês Casano-
va+Hernandez, dos arquitectos
espanhóis Helena Casanova e Jesus
Hernandez. Os arquitectos quiseram
promover o diálogo entre a tradição
e a modernidade e preservaram “o
volume espacial do edifício” criado
por Idromeno, como se o edifício
fosse também um objecto que Æzes-
se parte da exposição do museu, e
instalaram lá dentro “caixas funcio-
nais” que são pré-fabricadas, sepa-
radas do edifício original, e funcio-
nam como elementos escultórios ou
peças de mobiliário, como se pode
ler num documento que o atelier
enviou ao PÚBLICO.
É num desses cubículos que foi
recriado o estúdio. A exposição per-
manente é a apresentada cronologi-
camente e mostra a vida e o trabalho
de três gerações de fotógrafos atra-
vés de negativos, rolos de Ælmes, de
documentação, lentes, máquinas.
Cada cubículo expositivo é dedicado
a cada um dos membros da dinastia
Marubi: Pietro, o fundador; Kel, que
herdou o estúdio e desenvolveu nele
a câmara escura, e Gegë, que orga-
nizou o arquivo.
O estúdio de fotograÆa era um
negócio familiar. Pietro casou-se com
Marietta, também italiana e 20 anos
mais velha do que ele. Não tinham
Ælhos e deixaram o estúdio ao Ælho
mais velho do jardineiro, Mati (1862-
1881), que começou por ser assisten-
te de fotograÆa de Marubbi, estudou
a disciplina em Trieste e morreu pre-
maturamente, aos 19 anos. Sucedeu-
lhe Kel, o irmão mais novo, que her-
dou o estúdio e acabou por mudar o
seu nome de família, Kodheli, para
Marubi. “E até hoje a sua família tem
mantido o nome, para honrar Pie-
tro”, conta Tea Çuni.
Kel Marubi (1869-1940) também
estudou em Trieste. De lá trouxe
novos equipamentos e uma nova
maneira de fotografar, dando parti-
cular atenção à composição.
“Kel foi muito importante na
dinastia Marubi porque fez parte do
movimento patriótico pela indepen-
dência do país e foi o fotógrafo oÆcial
do rei Zog I, da Albânia. Na sua maio-
ria, as fotograÆas oÆciais que existem
do rei foram feitas por ele”, diz Tea
Çuni. No museu, há 34 mil negativos
de vidro da sua lavra e mostra-se o
seu conceito de câmara escura. “Pie-
tro tentou fazer uma câmara escura
no seu quintal, mas foi Kel que trou-
xe equipamento especíÆco para o
fazer como deve ser. Esta sala serve
para que as crianças que nos visitam
percebam que a fotograÆa não é só
um clique, como acontece hoje.
Todos os equipamentos que se
encontram aqui são originais e guar-
dados pela família.”
Desejo de serem modernos
Mais tarde, Kel enviou o seu Ælho,
Gegë Marubi (1907-1984), para Fran-
ça, onde estudou na escola dos
irmãos Lumière. Para o director do
museu, Luçjan Bedeni, o que é notá-
vel nestas três gerações de fotógrafos
é o seu desejo por serem modernos
e quererem estar a par das tendên-
cias estéticas e das tecnologias usa-
das nas suas épocas. Embora em
outras artes a Albânia tenha estado
desfasada do que se fazia no resto do
mundo, a história da fotograÆa no
país acompanhou a história da foto-
graÆa mundial.
Regressado à Albânia, Gegë Maru-
bi continuou o negócio de família e
reuniu os arquivos, quer os da dinas-
tia Marubi, quer de outros fotógra-
fos. Por isso, o último cubículo é-lhe
dedicado. Diz Tea Çuni que “por
cada fotograÆa há informação do
título, a técnica, a dimensão, a data”.
Deixou 51 mil negativos de vidro e
negativos em película.
Mas, durante o regime comunista,
Gegë “foi forçado a doar todo o arqui-
vo ao Estado”, em 1970. Foi a partir
desse arquivo, que consistia em
493.819 negativos, 246 cartas e tele-
gramas, 219 câmaras e outro tipo de
material fotográÆco que foi fundada
a Fototeca Marubi. “Por isso, a nossa
colecção principal não é só constituí-
da pelas obras dos Marubi. Temos as
obras de outros fotógrafos que per-
tenciam à cooperativa quando era
obrigatória a doação de negativos.
Alguns deles tinham sido alunos de
Pietro Marubbi”, diz Tea Çuni.
O museu disponibiliza online os
seus arquivos (http://www.marubi.
gov.al) onde se podem fazer buscas
por autor, por temas, etc.. É uma
viagem à história da Albânia e o site
está disponível em três línguas.
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34 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019
CULTURA
Enlevo e comoção por
uma superstar do canto
Crítica de música
Andreas Scholl e Divino Sospiro
mmmmm
Obras de Porpora, Ragazzi, Anfossi,
Vinci e Vivaldi. Centro Cultural de
Belém — Grande Auditório.
Dia 1, às 17h
Andreas Scholl é um dos grandes
contratenores do nosso tempo. No
domingo, juntou-se ao Divino Sospi-
ro para um concerto único em Lis-
boa. Tratava-se de um programa
extremamente bem pensado, dedi-
cado a composições relacionadas
com o culto de Maria, e integralmen-
te preenchido por obras de compo-
sitores italianos de inícios do século
XVIII. Contudo, a grande atracção da
tarde era mesmo Andreas Scholl.
Sentia-se à porta um certo clima de
culto, mas não era de Maria…
Já no século XVIII a devoção reli-
giosa (os seus modelos de identiÆ#
cação e os seus modos de comuni-
car) começou a “migrar” em grande
medida para o domínio da arte, e a
música foi um dos seus lugares pre-
dilectos. Algumas das regras “sagra-
das” da sala de concerto, aliás, vêm
certamente desse processo que se
cristalizou nos séculos seguintes e
permanece na escuta da música eru-
dita: pedem-se atenção, silêncio,
pouca movimentação, uma atitude
respeitosa e uma entrega do espec-
tador — devemos deixar-nos levar, e
enlevar. O máximo ruído que se
espera ouvir na sala será, talvez, um
suspiro…
O Divino Sospiro tem-se destaca-
do, nos seus já 15 anos de existência,
como uma das mais interessantes
orquestras de câmara barrocas e cer-
tamente um dos projectos mais esti-
mulantes no campo da música antiga
em Portugal, com um reconhecimen-
to que passa fronteiras. E percebe-se
porquê: neste concerto tão coerente
e bem arquitectado, ouviu-se uma
orquestra com uma qualidade de
interpretação excepcional, com uma
direcção rigorosa mas sem perder a
inventividade e a capacidade de des-
coberta de novos traços nas compo-
sições de Nicola Porpora, Angelo
Ragazzi, Pasquale Anfossi, Leonardo
Vinci e o mais famoso de todos eles,
Antonio Vivaldi.
Andreas Scholl foi primoroso logo
na primeira Ária de Maria, Occhi Mes-
ti, de Porpora. Mas, para um cantor
assim, o “muito bom” não chega —
não basta admirar a sua capacidade
de mudar de registos vocais sem que
nada se note, sem quebra alguma,
fazendo a máxima artiÆcialidade
parecer toda natureza. Não basta
admirar o seu delicioso timbre ou
extasiarmo-nos com a sua aÆnação
quase tão imaculada como Maria.
Até um escorregar de folhas no início
ele soube transformar num belo tre-
molo inovador!
Mas de facto só na segunda parte
do concerto ele deu os voos mais do
que esperados para outra dimensão.
E aí o enlevo da música barroca, toca-
da com uma certeiríssima intenção
pelo Divino Sospiro, levou a sala silen-
ciosa e imóvel para uma verdadeira
comoção, resultado de uma escuta
devota e, queremos crer, atenta.
A orquestra Divino Sospiro esme-
rou-se em cada detalhe, em cada
respiração, num trabalho muito cui-
O Stabat Mater de
Vivaldi, com Scholl
em grande estilo
cantando o que tão
bem conhece e o
Divino Sospiro…
divinal. A devoção
à superstar
tornou-se comoção
vivaldiana e
mariana
JAMES MCMILLAN/DECCA
dado de articulação e dinâmica. Com
um baixo contínuo alargado, com
cravo, órgão, fagote, contrabaixo e
dois violoncelos, e um conjunto de
violinos e violetas magníÆco, encan-
tou na Sinfonia de Vinci (da oratória
Maria Dolorata) e com o violoncelo
barroco da espantosa Rebeca Ferri a
acompanhar Scholl no belíssimo Chi
mi priega, chi m’ama (“Quem me
implora, quem me ama”) do mesmo
Leonardo Vinci.
Faltavam dois momentos altos da
noite: o Concerto em dois coros para
a Santíssima Assunção de Maria Vir-
gem, de Vivaldi, com o virtuosismo
do violinista Stefano Barneschi. E,
depois, o Stabat Mater de Vivaldi,
com Scholl em grande estilo cantan-
do o que tão bem conhece e o Divino
Sospiro… divinal. Aí sim, a devoção
à superstar tornou-se comoção vival-
diana e mariana. Um momento assim
já não pode ser trocado por um CD
que se tira da estante, porque a pre-
sença colectiva na sala de concerto,
apesar de parecer coisa bem antiga,
ainda provoca, acredite-se ou não,
encanto, emoção e enlevo. E, culpas
para Vivaldi, uma pontinha de irre-
sistível melancolia.
Que pena faltar naquela sala uma
presença maior de estudantes de
música. Será falta de curiosidade?
Talvez. Serão os bilhetes muito
caros? É possível. Há “bilhetes de
última hora” mais baratos, mas ain-
da assim… Por que não disponibili-
zar bilhetes francamente baratos ou
mesmo gratuitos a jovens das esco-
las de música? AÆnal, apesar de
estar cheia a plateia, lá para cima a
sala estava vazia.
Pedro Boléo
Público ClassiÄcados • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 35
36 • Público ClassiÄcados • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019

Contratação de Pessoal Docente

(M/F)
1 – Ref.ª CD-CTTI-195-ARH/2019 - Doutor Paulo Jorge dos Santos Gonçalves
Ferreira, Professor Catedrático e Reitor da Universidade de Aveiro, faz saber
que, pelo prazo de trinta dias úteis contados do dia útil imediato àquele em
que o presente anúncio for publicitado, se encontra aberto concurso documen-
tal, de âmbito internacional, para recrutamento de 1 (um) posto de trabalho
de Professor Auxiliar, para a área disciplinar de Ciências Sociais, na subárea
de Políticas Públicas, para o Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do
Território da Universidade de Aveiro, em regime de contrato de trabalho por
tempo indeterminado, ao abrigo do Código do Trabalho e do Regulamento
sobre Regime das carreiras próprias do pessoal docente em regime de direito
privado da Universidade de Aveiro e respetiva contratação (Regulamento n.º
384/2014, de 26 de agosto).
2 - O requerimento de candidatura deverá ser elaborado nos termos do edital
Bloco de Esquerda Voto de saudação ao 25 de Novembro de 1975
Assembleia Municipal de Oeiras antes referido, publicitado no seguinte endereço eletrónico: https://www.ua.pt/
Completaram-se ontem 44 anos sobre 0 25 de Novembro. Para aqueles que sgrhf/PageText.aspx?id=15031.
VOTO DE PESAR desta data apenas conhecem os relatos de quem a vivai ou as múltiplas e diver-
PELO FALECIMENTO DE JOSÉ MÁRIO BRANCO sificadas interpretações sobre os factos então ocorridos, não passará de mais 3 - O prazo de candidaturas é de 30 dias úteis, contados a partir da data da
Faleceu no dia 19 de novembro de 2019, José Mário Branco, músico que ao longo publicação do presente anúncio.
um momento na linha diacrónica da recente História de Portugal.
de meio século de carreira deixou a sua marca na cultura portuguesa e em várias Aveiro, em 7 de novembro de 2019
gerações de artistas. A sua vida foi marcada igualmente pela intervenção política, Para quantos viveram esses momentos é fundamental, sem barricadas, sem
vencedores nem vencidos, relembrar quanto lhe somos devedores. O Reitor, Prof. Doutor Paulo Jorge dos Santos Gonçalves Ferreira
pelo combate às opressões e à desigualdade social.
Nascido no Porto em maio de 1942, grava o seu primeiro EP “Cantigas de Amigo” Nas palavras de Mário Soares, «foi o virar de uma página, que podia ter sido
em 1967, a convite de Michel Giacometti e Fernando Lopes Graça. É no exílio em trágica, e a restituição da Revolução de Abril à sua pureza inicial: a democracia
França que compõe as músicas para textos de Natália Correia, Alexandre O’Neill,
Luís de Camões e Sérgio Godinho que formam o seu primeiro álbum de longa dura-
pluralista de tipo ocidental, num Estado de Direito, civilista, respeitador dos
Direitos Humanos e com uma dimensão social, marcada pela igualdade de
RECRUTAMENTO DE 1 Controller Financeiro
ção “Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades” em 1971. Este álbum levou-o a oportunidades.» Empresa do sector industrial com sede em PENICHE procura
percorrer vários países europeus em concertos para as comunidades portuguesas e A essa data e ao que ela representa devemos a cultura e o ambiente democrá-
em atos de solidariedade contra o fascismo português em França, Suíça, Alemanha,
para entrada imediata um Controller financeiro.
tico que, ao longo destes 44 anos soubemos desenvolver e que nos garantem,
Holanda e Itália. Esta ação foi sempre marcada pela sua participação política na luta com total respeito pela diversidade de ideias, a cordialidade com que, nesta 1 - Principais responsabilidades
contra o fascismo e nos combates pela liberdade. Destaca-se a sua ativa militância Assembleia, todos lutamos em prol do progresso e do desenvolvimento de
no Maio de 68 em França. Reportando diretamente ao administrador financeiro (CFO), o
Oeiras e das suas gentes.
Regessa a Portugal após a revolução do 25 de Abril e toma-se uma das figuras
Assim, a Assanbleia Municipal de Oeiras, reunida na sessão extraordinária n.º profissional terá como principais responsabilidades:
da cultura portuguesa nos primeiros tempos de liberdade. Para além das inúmeras
intervenções musicais, estende a sua atividade ao teatro, integrando o grupo A Co- 21/2019 de 26 de Novembro de 2019, aprova um voto de saudação ao 25 de - Elaboração e monitorização do Budget anual;
muna, onde veio a conhecer a sua companheira Manuela de Freitas, mas também Novembro de 1975. - Realização de reports mensais.
ao cinema e à ação cultural, fundando com Fausto, Tino Flores e Afonso Dias o GAC Este voto de saudação deve ser publicado no sítio electrónico da Assembleia
- Realização de relatórios de indicadores financeiros e
- Grupo de Ação Cultural - Vozes na Luta logo após chegar a Portugal. O GAC dina- Municipal de Oeiras e em, pelo menos, um jornal diário de expansão nacional.
mizou centenas de sessões de canto em aldeias, fábricas e quartéis por todo o país, operacionais de apoio ao controlo de gestão;
Oeiras, 26 de Novembro de 2019
participando inclusivamente no Festival da Canção de 1975 com o tema “Alerta”. - Reporte e análise mensal de KPls face ao orçamento e ao
Num contexto cultural marcado também pela luta entre as diferentes orientações Pelo grupo INOV, António Vicente
período homólogo;
políticas da esquerda revolucionária, a Intervenção política de José Mário Branco
nesse tempo foi orientada para o agrupamento das correntes maoístas que viriam a SESSÃO EXTRAORDINÁRIA N.º 21/2019 DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL - Acompanhamento da atividade das várias unidades de
dar origem à UDP, da qual foi fundador e dirigente, tendo sido eleito para a direção DE OEIRAS REALIZADA EM 26 DE NOVEMBRO DE 2019 negócio;
da UDP em 1980. MINUTA DE PARTE DA ATA - Estabelecer a ponte com os vários departamentos da
O período pós-revolucionário foi marcado por cisões tanto ao nível partidário como
cultural, com as divergências a determinarem igualmente a sua saída do GAC e DELIBERAÇÃO N.º 140/2019 empresa, assim como dar suporte a decisões estratégicas
também da Comuna. E neste período que compõe e edita duas das suas maiores VOTO DE SAUDAÇÃO AO 25 DE NOVEMBRO DE 1975, APRESENTADO PELO da empresa.
obras musicais, “FMI” e “Ser Solidário”, que ficariam para sempre como a marca GRUPO POLÍTICO MUNICIPAL DO INOV
da desilusão por parte de uma geração que entregou a sua juventude ao processo 2 - Perfil do candidato
revolucionário e assistia então ao desfazer das esperanças de construir uma socie- A Assembleia Municipal de Oeiras tomou conhecimento do Voto de Saudação
referido em título, e deliberou por maioria, com trinta e um votos a favor, sendo de-
Formação superior na área de Gestão, Economia ou Finanças;
dade socialista em Portugal. O cantor conclui o período com a canção e autêntico
manifesto: “Eu vim de longe, eu vou para longe” do disco “Ser Solidário”. zoito do Grupo Político Municipal Isaltino Inovar Oeiras de Volta, cinco do Partido - Experiência comprovada de 5 anos em empresas de
Os anos seguintes seriam parcos em edições - “A Noite” em 1985 e “Correspondên- Socialista, cinco do Grupo Político Municipal Independentes Oeiras Mais À Fren- auditoria ou consultoria de âmbito internacional;
cias” em 1990, ambos editados pela editora que criou, a UPAV, mas férteis em co- te, dois do Partido Social Democrata e um do Centro Democrático Social-Partido - Conhecimentos avançados de Microsoft Office (Nível
laborações com outros artistas, assumindo a orquestração, composição e arranjos Popular, com quatro votos contra, sendo três da Coligação Democrática Unitária
musicais em trabalhos de velhos parceiros, como José Afonso, Fausto, Sérgio Godi- e um do Bloco de Esquerda e com uma abstenção do Partido Pessoas-Animais-
avançado EXCEL);
nho ou Janita Salomé, mas também de novos companheiros como os Gaiteiros de -Natureza, aprovar um Voto de Saudação ao Vinte e Cinco de Novembro de mil - Bons conhecimentos de Inglês;
Lisboa e Amélia Muge e um novo interesse pelo fado, onde colabora com Carlos do novecentos e setenta e cinco. - Orientação para resultados e para o negócio;
Carmo ou Camané. Edita um álbum de canções ao vivo em 1997 e dois anos depois Este Voto de Saudação deve ser publicado no sítio eletrónico da Assembleia Mu-
participa na ftndação do Bloco de Esquerda, de que foi membro da Mesa Nacional, - Capacidade de planeamento e trabalho em equipa;
nicipal de Oeiras e em, pelo menos, um jornal diário de expansão nacional.
num tempo marcado pela mobilização pela independência de Timor, da qual viria a
Mais foi deliberado, por unanimidade, aprovar em minuta esta parte da ata. - Forte sentido de responsabilidade, rigor e qualidade de
tomar o título do álbum seguinte, já em 2004, “Resistir é Vencer”.
Cinco anos depois, regessa aos palcos ao lado de Fausto e Sérgio Godinho no Oeiras, aos vinte e seis dias do mês de novembro de dois mil e dezanove
trabalho;
projeto “Três Cantos”, com vários dias de concertos no Campo Pequeno, depois - Disponibilidade imediata.
editados em álbum e DVD. A PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL
Em 2018 deu a conhecer um conjunto de canções e composições gavadas com Elisabete Maria de Oliveira Mota Rodrigues de Oliveira Resposta: info@enp.pt
o álbum “Inéditos 1967-1999” e já este ano viu um gupo de artistas prestarem-lhe
tributo com o álbum “Um disco para José Mário Branco”, que reuniu nomes como TRIBUNAL JUDICIAL TRIBUNAL JUDICIAL
Camané, Ana Deus, Mão Morta, Walkabouts, Peste & Sida, Ermo, Osso Vaidoso, DA COMARCA DA COMARCA
Batida, JP Simões e João Grosso, entre outros.
DE LISBOA DE LISBOA
Os cinquenta anos de carreira de José Mário Branco estão reunidos num arquivo Juízo Local de Pequena Juízo Local Cível do Seixal
digital criado pelo Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM) da Criminalidade de Lisboa Juiz 2
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Juiz 5 Processo: 830/18.7T8SXL
Processo: 12/15.0XELSB
Assim a Assembleia Municipal de Oeiras, reunida em 26 de novembro de 2019, ma- AdRA - Águas da Região de Aveiro, S.A. ANÚNCIO
nifesta a sua profunda consternação pela morte do cidadão socialmente empenhado ANÚNCIO Acompanhamento de Maior
Processo Sumário (art.º 381.º CPP) Requerente: Ministério Público
que foi José Mário Branco, e exprime aos seus familiares e amigos, as mais sentidas A Mma Juiz de Direito, Dra. Sofia Beneficiária: Maria da Conceição
Marinho Pires, do Tribunal Judicial Faz-se saber, que nos autos de Acom-
condolências, fazendo um minuto de silêncio. AVISO da Comarca de Lisboa - Juízo Local panhamento do Maior, acima identifi-
Mais delibera que este voto de pesar seja publicado num jornal de âmbito nacional. de Pequena Criminalidade de Lis- cados, por sentença já transitada em
INTERRUPÇÃO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA boa - Juiz 5:
FAZ SABER que no Processo Sumá-
julgado, em que é beneficiária Maria
da Conceição, estado civil: Viúva,
O eleito do Bloco de Esquerda, Miguel Almeida Pinto rio (art.º 381.º CPP) n.º 12/15.OXEL- nascido(a) em 03-08-1946, freguesia
SB, em que é arguido Paulo Jorge de Poiares [Peso da Régua], NIF -
de Basto Rosendo, filho de Eugénio 114602786, BI - 6804013, Segurança
SESSÃO EXTRAORDINÁRIA N.º 21/2019 DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE OEIRAS 05/12/2019 – DAS 09:00H ÀS 13:00H Estanislau Felipe Rosendo e de social - 11052992119, Endereço: Casa
REALIZADA EM 26 DE NOVEMBRO DE 2019 Fernanda Esteia Nogueira Xavier de de Acolhimento Familiar, Avª 5 de Ou-
MINUTA DE PARTE DA ATA
Rua Nuno Álvares Pereira, Travessa Nuno Álvares Pereira, Rua dos Aidos, Basto Rosendo, natural de: Portugal -
Almada - Almada [Almada]; nacional
tubro, Lote 909, Pinhal General, 2865-
200 Fernão Ferro, foi decretado o seu
Rua do Fontenário (entre os n.ºs 124 ao 464 e 123 ao 511), Rua Pinhal do de Portugal, nascido em 07-12-1966, acompanhamento, e aplicar à mesma
DELIBERAÇÃO N.º 138/2019 estado civil: Casado, profissão: Mo- a medida de representação geral (cfr.
VOTO DE PESAR PELO FALECIMENTO DE JOSÉ MÁRIO BRANCO, APRESENTA- torista de Veículos Ligeiros e Pesa-
Chopre e Rua João Simões Neves (entre os n.ºs 250 ao 294 e 191 ao 285) dos, NIF - 165342358, BI - 9665833,
artigo 145, nº 2. alínea b), do CC, fican-
do vedado, nos termos do artigo 147,
DO PELO GRUPO POLÍTICO MUNICIPAL DO BE ² União de Freguesias de Vagos e Santo António de Vagos ² Município de Vagos Segurança social - 10098357343, do Código Civil, o exercício de direitos
domicílio: Praceta 25 de Abril, Casa
A Assembleia Municipal de Oeiras deliberou por maioria, com vinte e seis votos a favor, 168, 1.º Cova do Vapor, 2825-897 pessoais e a celebração de negócios
Trafaria, foi o mesmo condenado da vida corrente.
sendo oito do Grupo Político Municipal Isaltino Inovar Oeiras de Volta, cinco do Partido pela prática do crime 1 (um) crime Fixada como data a partir da qual a
Socialista, cinco do Grupo Político Municipal Independentes Oeiras Mais À Frente, três de Especulação, p.p. pelo art.º 35.º medida decretada se tornou conve-
n.º 1, al. b), do Dec. Lei n.º 28/84, niente, o dia 08.01.2018 (cfr. artigo
da Coligação Democrática Unitária, dois do Partido Social Democrata, um do Cen- de 20 de Janeiro, por referência 900, nº 1 do CPC).
às cláusulas 6ª e 7ª da Convenção Determinada a revisão da medida
tro Democrático Social-Partido Popular, um do Bloco de Esquerda e um do Partido para as Tarifas de Táxi, praticado em de acompanhamento no prazo de 5
Pessoas-Animais-Natureza, e com dez abstenções do Grupo Político Municipal Isaltino 30-01-2015; por sentença proferida (cinco) anos (cfr. artigo 155, do Có-
nos presentes autos e transitado em digo Civil).
Inovar Oeiras de Volta, aprovar um voto de pesar, manifestando a sua profunda cons- julgado em 09-03-2015, na pena de: Nomeado como acompanhante da be-
- 1 (um) ano e 6 (seis) meses de neficiária, o seu filho Carlos Manuel da
ternação pela morte do cidadão socialmente empenhado que foi José Mário Branco, prisão; suspensa na sua execução Conceição Parauta.
exprimindo aos seus familiares e amigos, as mais sentidas condolências, fazendo um por igual período; e na pena de 100 Nomeados, para efeitos de compo-
(cem) dias de multa, à taxa diária de sição do Conselho de Família: José
minuto de silêncio. € 5,00 (cinco euros); o que perfaz o Augusto Almeida Peralta, filho da be-
montante global de € 500,00 (qui- neficiária, como protutor, e Carla da
Mais delibera que este voto de pesar seja publicado num jornal de âmbito nacional. nhentos euros). Conceição Parauta Casimiro, filha da
Mais foi deliberado, por unanimidade, aprovar em minuta esta parte da ata. N/ Referência: 391690651 beneficiária, na qualidade de vogal.
Lisboa, 08-11-2019. N/ Referência: 392316427
Oeiras, aos vinte e seis dias do mês de novembro de dois mil e dezanove (Documento elaborado por Escrivão Seixal,28-11-2019.
A Juíza de Direito
O Presidente do Conselho de Administração Ajunto Jorge Dias)
Dra. Marina Torais de Oliveira
A PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA MUNICIPAL Fernando Vasconcelos, Eng. A Juíza de Direito O Oficial de Justiça
Dra. Sofia Marinho Pires
Elisabete Maria de Oliveira Mota Rodrigues de Oliveira Público, 03/12/2019
José Pires
Público, 03/12/2019

CSC - ASSOCIAÇÃO DE SOCORROS
MÚTUOS DE EMPREGADOS
NO COMÉRCIO DE LISBOA
INSTITUIÇÃO PARTICULAR DE SOLIDARIEDADE SOCIAL
Largo de S. Cristóvão, 1 – 1149-053 Lisboa
Pessoa Colectiva N.º 500 722 250
CLÍNICA DE SÃO CRISTÓVÃO - ASMECL
ASSEMBLEIA GERAL
De acordo com os Artigos 18.º, alínea i), 19.º, n.º 1, alínea a),
20.º, 21.º, n.º 2, alínea c), dos Estatutos, convoco a Assembleia
Geral a reunir em Sessão Ordinária, na sede social, no dia 20
de dezembro do presente ano de 2019, pelas 14.30 horas, em
primeira convocatória, com a seguinte Ordem de Trabalhos:
1. Diversos;
2. Apresentação, discussão e deliberação sobre o Plano de
Ação e Orçamento para o ano de 2020;
3. Atualização do valor da quota associativa;
4. Alteração do Regulamento de Benefícios.
Se à hora marcada não estiverem presentes, pelo menos,
metade dos Associados com direito a voto, a reunião terá
lugar uma meia hora depois, ou seja, pelas 15.00 horas, com
qualquer número de Associados, nos termos do Artigo 22.º,
n.º 1, dos Estatutos.
Lisboa, 29 de novembro de 2019.
O Presidente da Mesa - Dr. João Gaspar Lopes Ribeiro
Nota:
Na Assembleia terão capacidade para votar os Sócios Efetivos, no
pleno gozo dos seus direitos sociais, nomeadamente, que tenham
as suas quotas pagas nos termos do artigo 6.º/n.º 2 dos Estatutos.
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE
ARGA E LIMA, VIANA DO CASTELO
Abertura do Procedimento Concursal
para Eleição do Diretor
Nos termos do disposto no artigo 22.º do
Decreto-Lei n.º 75/2008, de 22 de abril, na
versão atual publicada em anexo ao Decre-
to-Lei n.º 137/2012, de 2 de julho, torna-se
público que se encontra em aberto, pelo pra-
zo de dez dias úteis a contar ao dia seguinte
ao da publicação do aviso n.º 19299/2019
do Diário da República, 2.ª Série, n.º 231,
de 2 de dezembro de 2019, o procedimen-
to concursal prévio à eleição do Diretor do
Agrupamento de Escolas de Arga e Lima.
Este aviso encontra-se afixado nos locais
apropriados da Escola Básica e Secundária
de Arga e Lima (Lanheses): sala de profes-
sores, átrio e sala de pessoal não docente.
Para mais informações, os interessados
deverão consultar a página eletrónica da
Escola: agargalima.ccems.pt, na qual se en-
contram disponíveis o Regulamento do Pro-
cedimento Concursal e o modelo de reque-
rimento para a formalização da candidatura.
Lanheses, 2 de dezembro de 2019
O Presidente do Conselho Geral
Manuel Hermenegildo Ribeiro da Costa
AVISO
BOLSA DE RECRUTAMENTO
DE ASSISTENTES TÉCNICOS(AS)
Encontra-se aberto, nos dias 5 e 6 de dezembro de 2019 Concurso para
constituição de Bolsa de Recrutamento de Assistentes Técnicos (m/f), para
exercício de funções em regime de contrato individual de trabalho (sem termo
ou a termo certo ou incerto), de acordo com as necessidades do CHBV.
HORÁRIO SEMANAL E LOCAL DE TRABALHO - O horário semanal é
de 35 horas, de segunda a domingo, em qualquer uma das 3 Unidades
do CHBV.
REMUNERAÇÃO-BASE - A remuneração mensal é de € 683,13.
MÉTODO DE SELEÇÃO - A seleção será efetuada por avaliação curricular
e entrevista.
FORMALIZAÇÃO DE CANDIDATURAS: Preenchimento obrigatório
de requerimento dirigido à Presidente do Conselho de Administração,
acompanhado dos seguintes documentos:
a) Fotocópia do documento comprovativo das habilitações literárias;
b) Exemplar único do curriculum vitae, em formato modelo Europeu,
devidamente datado, paginado, rubricado e assinado;
c) Declarações de organismos nos quais tenha sido exercida atividade
profissional, independentemente do vínculo jurídico (quando
aplicável), nas quais constem as funções exercidas ou a referência à
categoria. Como comprovativo do exercício da atividade profissional,
os candidatos deverão ainda apresentar uma declaração da
Segurança Social, na qual constem os períodos em que foram
efetuados os descontos. (Os candidatos que exerçam ou exerceram
funções no CHBV estão dispensados de apresentação da declaração
de tempo de exercício profissional referente a estes períodos).
Nota: No dia da entrevista é obrigatório exibir os originais de todos os
documentos e fazer-se acompanhar do cartão de cidadão/ bilhete de
identidade atualizado.
As candidaturas deverão ser entregues presencialmente das 09h às 13h
e das 14h às 16h nas datas acima referidas, ou enviadas por correio
postal registado com aviso de receção para Centro Hospitalar Baixo
Vouga, EPE/Serviço de Gestão Recursos Humanos/Avenida Artur
Ravara/3814-501 Aveiro, devendo a data de expedição coincidir com
a data para apresentação de candidaturas.
A leitura integral do aviso de abertura deve ser efetuada no seguinte
endereço:
http://www.chbv.min-saude.pt/informacao-de-gestao-recursos-humanos/
Nota: O prazo de validade da presente Bolsa de Recrutamento é de 24
meses a partir da publicação da lista de classificação final, considerando-
se elegíveis apenas os candidatos com nota de classificação final igual ou
superior a 13 valores.
Qualquer informação poderá ser solicitada ao Serviço de Gestão
de Recursos Humanos.
Telefone: 234 378 300 Fax: 234 378 395
Email: rhv@chbv.min-saude.pt
Público ClassiÄcados • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 37
Aviso
Concurso documental para Professor Associado na área
Bolsa de Reserva de Recrutamento de Assistentes disciplinar de Audiovisuais e Produção dos Media ou área
Técnicos (M/F)
afim, na especialidade em Design Visual e/ou de Interação
Torna-se público que, por deliberação do Conselho de
Administração, de 22.08.2019, encontra-se aberto, pelo Requisitos de admissão:
prazo de 3 dias úteis, a contar da data de publicitação do
presente extrato, o procedimento concursal com vista à
• Ser titular do grau de doutor na área disciplinar de Audiovisuais
constituição de reserva de recrutamento de assistentes e Produção dos Media ou área afim, na especialidade em Design
técnicos, para celebração de contratos individuais de Visual e/ou de Interação, há mais de 5 anos à data limite de candi-
trabalho. datura, com publicações recentes e indexadas e que, preferencial-
Os requisitos, gerais e especiais, e o perfil de mente, esteja integrado num centro de investigação acreditado e
competências exigido, a composição do júri, os avaliado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia com “muito
métodos e critérios de seleção e outras informações bom” ou “excelente”;
de interesse para a apresentação das candidaturas e
para o desenvolvimento do procedimento concursal • Ter como formação base licenciatura e experiência profissional re-
em apreço, constam da publicitação integral do aviso levante na área disciplinar do concurso;
de abertura, inserto na página eletrónica do Centro • Ter domínio da língua portuguesa e inglesa (falada e escrita);
Hospitalar Universitário do Algarve, E,P.E., in http://www.
chualgarve.min-saude.pt/concursos/. • Os titulares do grau de doutor obtido no estrangeiro deverão pos-
A Diretora do Serviço de Gestão de Recursos Humanos, suir equivalência/ reconhecimento/ registo daquele grau a idêntico
Adriana Sabas grau concedido por universidade portuguesa.
Os interessados deverão consultar o regulamento do concurso no
site da Universidade Europeia em www.europeia.pt
Direção de Finanças de FARO - 7081
N.º de Vagas: 1
Data Limite: 03/01/2020
ÉDITOS / ANÚNCIO Unidade Orgânica: IADE-UE - Faculdade de Design, Tecnologia e
ÉDITOS DE 30 DIAS / ANÚNCIO DE VENDA Comunicação
N.º de Processo de Execução Fiscal: 1112201101140809 Envio de candidaturas para recruitment@universidadeeuropeia.pt
Identificação do Executado: Para informações adicionais, contactar Cátia Barros, através do
N.º de Processo de Execução Fiscal: 1112201101140809
NIF/NIPC: 135600421 +351 210 309 900
Nome: LUÍS JOSÉ DA SILVA FERNANDES
Morada: R. DA JUVENTUDE N.º 14, 2.º DTO. - ALVERCA DO RIBATEJO Contacte-nos: europeia.pt | iade.europeia.pt
IDENTIFICAÇÃO DO(S) BEM(NS)
N.º da Venda: 1112.2012.162 - O direito a 1/75 indivisos do prédio urbano tipo outros, (piscinas não integradas
em edifícios), com a área bruta de construção de 85,4500 m2, sito nas RESIDÊNCIAS ROTUNDA PARK - Alto
do Pacheco em PORTIMÃO, freguesia de Portimão, concelho de PORTIMÃO, inscrito na respetiva matriz
predial urbana sob o artigo n.º 14 752, com o valor patrimonial correspondente à fraçäo de € 1 539,27 e descrito
na Conservatória do Registo Predial de PORTIMÃO, sob o n.º 7146/20000124 PORTIMÃO.
OBS: Recomenda-se aos interessados que pretendam apresentar proposta de aquisição, que devem proceder
à verificação prévia do estado do bem. A falta desta verificação por parte do proponente não determina, nos
termos legais, a anulação da venda.
Executado: Luís José da Silva Fernandes - NIF 135600421.
PEF: 1112201101140809 Concurso documental para Professor Associado na área
Francisco Carlos da Silva Lima Dias, Diretor de Finanças de FARO-7081 , sito em R. COMANDANTE FRAN-
CISCO MANUEL, 3 - A, faz saber que por esta Direção de Finanças, no âmbito do(s) processo(s) de execução disciplinar de Turismo Design ou área afim, na especialidade
fiscal, infra identificado(s), instaurado(s) para cobrança da(s) dívida(s) em baixo identificada(s), correm Éditos
de 30 dias, citando o(a) executado(a) abaixo melhor identificado(a), hoje, ausente em parte incerta, para, no
prazo de 30 (trinta) dias, contados do termo dos presentes Éditos, acrescidos da dilação de 30 (trinta) dias,
em Design Industrial ou de Produto
prevista no n.º 3 do artigo 245.º do Código de Processo Civil (CPC), querendo, deduzir oposição ou requerer a
dação em pagamento, nos termos dos artigos 203.º n.º 1 e 201.º n.º 1, ambos do Código de Procedimento e de Requisitos de admissão:
Processo Tributário (CPPT).
Dívida: Processo 1112201101140809, proveniente de IRS do ano de 2008, com a quantia exequenda em dívida de
€ 1.890,85, ao qual acrescem juros de mora e custas a contar nos termos da Lei.
• Ser titular do grau de doutor na área disciplinar de Design ou área
Mais se faz saber que irá proceder à venda do(s) bem(ns) penhorado(s) supra indicado(s), penhorado(s) ao(à)
executado(a), abaixo identificado(a), na modalidade de «Leilão eletrónico», nos termos do artigo 248.º e seguin-
afim, na especialidade em Design Industrial ou de Produto, há mais
tes do CPPT «e da Portaria n.º 2019/2011, de 1 de junho». de 5 anos à data limite de candidatura, com publicações recentes
O valor-base da venda (250.º CPPT) será de € 1.077,49.
É fiel depositário(a) o(a) Sr(a). LUÍS JOSÉ DA SILVA FERNANDES, residente em ALVERCA DO RIBA- e indexadas e que, preferencialmente, esteja integrado num centro
TEJO, «contacto 924089837, que deverá mostrar o(s) bem(s) aos potenciais interessados (249.º/6 CPPT), entre
as 09:00 horas do dia 2020-02-03 e as 15.30 horas do dia 2020-03-24.
de investigação acreditado e avaliado pela Fundação para a Ciên-
As licitações deverão ser apresentadas via Internet, mediante acesso ao “Portal das Finanças” e autenticação en-
quanto utilizador registado, em www.portaldasfinancas.gov.pt, na opção “Venda de bens penhorados”, ou seguindo
cia e Tecnologia com “muito bom” ou “excelente”;
consecutivamente as opções, “Cidadãos”, “Outros Serviços”, “Venda Eletrónica de Bens”, “Leilão Eletrónico”. • Ter como formação base licenciatura e experiência profissional re-
Só serão aceites licitações de valor igual ou superior ao valor-base da venda e desde que superiores a qualquer
das propostas anteriormente apresentadas para a mesma venda (n.º 2 do artigo 6.º da Portaria n.º 219/2011, levante na área disciplinar do concurso;
de 1 de junho).
O prazo para apresentação de propostas tem início no dia 2020-03-10, pelas 10.00 horas, e termina às 10.00 horas • Ter domínio da língua portuguesa e inglesa (falada e escrita);
do dia 2020-03-25, salvo pagamento nos termos do n.º 4 do artigo 264.º do CPPT.
As propostas, uma vez submetidas, não podem ser retiradas, salvo em caso de adiamento da abertura por mais • Os titulares do grau de doutor obtido no estrangeiro deverão pos-
de 90 dias (n.º 4 do artigo 5.º da Portaria n.º 219/2011, de 1 de junho e n.º 4 do artigo 893.º do Código de
Processo Civil - CPC). suir equivalência/ reconhecimento/ registo daquele grau a idêntico
No dia e hora designados para o termo do leilão, o Órgão de Execução Fiscal decide sobre a adjudicação do bem
(artigo 6.º da Portaria n.º 219/2011, de 1 de junho).
grau concedido por universidade portuguesa.
A totalidade do preço deverá ser depositada, à ordem do Órgão de Execução Fiscal, no prazo de 15 dias, conta-
dos da decisão de adjudicação, mediante guia a solicitar junto daquele órgão, sob pena de ficar sujeito às sanções
legalmente previstas [256.º/1/e) CPPT e 825.º/1/c)/2 CPC].
Os interessados deverão consultar o regulamento do concurso no
Caso o preço de venda seja superior a 500 unidades de conta (1 UC = € 102) e mediante requerimento funda- site da Universidade Europeia em www.europeia.pt
mentado, entregue no prazo de 5 dias contados da decisão de adjudicação, poderá ser autorizado o depósito,
no prazo mencionado no parágrafo anterior, de apenas parte do preço, não inferior a um terço, e o restante no
prazo máximo de 8 meses [256.º/1/f) CPPT].
N.º de Vagas: 1
O não pagamento do preço devido, no prazo legalmente determinado, impede o adjudicatário faltoso de apre- Data Limite: 03/01/2020
sentar qualquer proposta, em qualquer venda em execução fiscal, durante um período de 2 anos (256.º/4 CPPT).
A emissão do título de transmissão depende do pagamento integral do preço e dos impostos que se mostrem Unidade Orgânica: IADE-UE - Faculdade de Design, Tecnologia e
devidos, designadamente, Imposto Municipal Sobre as Transmissöes Onerosas de Imóveis, Imposto do Selo,
Imposto Sobre o Valor Acrescentado ou outros.
Comunicação
Mais correm éditos de 10 dias (239.º/2 CPPT), citando os credores desconhecidos e os sucessores dos credores
preferentes para, no prazo de 15 dias, contados da data da citação, reclamarem o pagamento dos seus créditos Envio de candidaturas para recruitment@universidadeeuropeia.pt
que gozem de garantia real sobre o(s) bem(ns) penhorado(s) acima melhor descrito(s) (240.º/1 CPPT).
Mais ficam citados os comproprietários da fração objeto da venda para, querendo, exercer o direito de preferên-
cia, ao abrigo do Art.º 1409.º do Código Civil. Para informações adicionais, contactar Cátia Barros, através do
2019-11-29 +351 210 309 900
A Chefe de Finanças - Maria do Carmo Cabrita dos Santos Custódio
(Por delegação de competências - Despacho 5467/2018, DR 106 - 2.ª Série, n.º 106, de 2018/06/04)
Público, 03/12/2019 - 1.ª Pub.
Contacte-nos: europeia.pt | iade.europeia.pt
38 • Público ClassiÄcados • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019

PROPOSTAS EM CARTA FECHADA

TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DA MADEIRA, JUÍZO DE COMÉRCIO DO FUNCHAL, JUIZ 3 - PROC. N.º 5626/17.0T8FNC
INSOLVÊNCIA DE QUINTA DO LORDE, PROMOÇÃO E EXPLORAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DESPORTIVOS E TURÍSTICOS, S.A.

QUINTA DO LORDE RESORT HOTEL & MARINA

Emanuel Gamelas, Administrador de Insolvência do processo acima identificado, faz saber que, com a concordância da Comissão de Credores, vai proceder à venda através de ne-
gociação particular em lote único e por meio de propostas em carta fechada, do Estabelecimento Comercial denominado “Quinta do Lorde Resort Hotel & Marina”, que integra um
Hotel, Aldeamento Turístico e Marina, localizado em Sítio da Piedade, Freguesia do Caniçal - Ilha da Madeira.

Os principais bens/direitos incluídos no Estabelecimento são os seguintes:

Bens imóveis
Verba 1 - Prédio misto descrito na CRP Machico com o n.º 258 da freguesia de Caniçal, artigo matricial 32.º, secção M na parte rústica e 1413.º na parte urbana, ambos da freguesia
de Caniçal;
Verba 2 - Direito de concessão por 75 anos, com início a 08-11-2002, da Marina decorrente de contrato celebrado com a Secretaria Regional do Equipamento Social e Transportes, nas
condições nele constantes (descrito na CRP Machico com o n.º 1530 da freguesia de Caniçal, artigo matricial urbano 2378.º da freguesia de Caniçal);
Verba 3 - Prédio urbano descrito na CRP Machico com o n.º 1650 da freguesia de Caniçal, artigo matricial 2425.º da freguesia de Caniçal;
Verba 4 - Terreno para construção descrito na CRP Machico com o n.º 1651 da freguesia de Caniçal, artigo matricial 2428.º da freguesia de Caniçal;
Verbas 5 a 17 e 19 a 160 - Prédio urbano descrito na CRP Machico com o n.º 1462 da freguesia de Caniçal, artigo matricial 2426.º da freguesia de Caniçal, composto por 155 frações
autónomas; (Obs.: não está incluída na venda deste prédio a fração “N” - Verba 18).
Bens móveis: Verbas163 a 259 do auto de apreensão.
Marcas Registadas: Verba 260 - “Quinta do Lorde Resort. Marina” (marca nacional n.º 458179) e “Quinta do Lorde Resort Hotel Marina” (marca nacional n.º 521827).
Participações sociais: Verba 161 e verba 162 - 2 quotas, uma de € 4.999,00 (verba 161) e outra de € 1,00 (verba 162), representativas da totalidade do capital social da sociedade
“Quinta do Lorde - Gestão e Exploração Hoteleira, Lda.”.
A transmissão do estabelecimento inclui os contratos de trabalho vigentes à data da celebração do respetivo contrato de compra e venda.
REGULAMENTO:
11. Os bens e direitos acima referidos encontram-se apreendidos a favor da Massa Insolvente de Quinta do Lorde, Promoção e Exploração de Empreendimentos Desportivos e Turís-
ticos, S.A.
12. O Auto de Apreensão de bens encontra-se à disposição para consulta dos interessados no escritório do Administrador da Insolvência, sito na Rua Beatriz Costa, N.º 6 - Loja B,
2610-195 Alfragide, entre as 14:00 Horas e as 17:30 Horas em qualquer dia útil.
13. O valor mínimo de venda do Estabelecimento, correspondente a lote único, é de € 54.084.168,00 (Cinquenta e Quatro Milhões, Oitenta e Quatro Mil, Cento e Sessenta e Oito Euros).
A discriminação do valor de cada uma das verbas que integram o lote único poderá ser consultada no escritório do Administrador de Insolvência.
14. As propostas dos interessados na aquisição do Estabelecimento devem ser remetidas por escrito em carta fechada e lacrada, entregues em mão (mediante registo) ou enviadas por
correio registado com aviso de receção, dirigidas para o Administrador de Insolvência do Processo N.º 5626/17.0T8FNC, com a referência “Resposta ao Anúncio - Insolvência
de Quinta do Lorde”, para a Rua Beatriz Costa, N.º 6 - Loja B, 2610-195 Alfragide, tendo que ser rececionadas impreterivelmente até às 17.00 horas do dia 16 de janeiro de 2020.
15. A abertura das propostas, com a presença da Comissão de Credores, terá lugar no dia 17 de janeiro de 2020, pelas 11:00 Horas, no escritório do Administrador de Insolvência sito
na Rua Beatriz Costa, N.º 6 - Loja B, 2610-195 Alfragide
16. As propostas deverão ser de valor igual ou superior ao valor mínimo de venda não podendo estar sujeitas a qualquer termo, condição ou reserva, e deverão conter os seguintes
elementos: identificação do proponente (nome ou denominação social completa, morada, número de contribuinte ou de pessoa coletiva, nome do representante legal, em caso de
pessoa coletiva, Telefone e/ou Fax), declaração de aceitação integral das presentes condições e identificação do valor oferecido por extenso e expresso em euros, sob pena de as
propostas poderem ser excluídas.
17. O pagamento do preço de aquisição deverá realizar-se:
a) com a assinatura de contrato de promessa de compra e venda, pagamento de 5% do preço a título de sinal, com entrega de cheque bancário emitido por Instituição de Crédito
de primeira ordem;
b) o restante valor será liquidado com a celebração da escritura de compra e venda, através de cheque bancário emitido por Instituição de Crédito de primeira ordem.
18. O contrato promessa de compra e venda será celebrado no prazo de 15 (quinze) dias a contar da comunicação de aceitação da proposta e a escritura de compra e venda do esta-
belecimento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias após a celebração do contrato promessa de compra e venda, em data, hora e local a indicar pelo Administrador de Insolvência.
19. Os bens e/ou direitos que integram o Estabelecimento são vendidos no estado físico e jurídico em que se encontram, não dispensando a consulta da documentação registral dos
imóveis e/ou outra documentação considerada relevante, sendo da responsabilidade do comprador todos os custos inerentes à aquisição.
10. A transmissão do Estabelecimento acima identificado será feita ao proponente que apresente a proposta de maior valor, com respeito pelos termos e condições deste regulamento
de venda, e a posse dos bens e/ou direitos que o integram apenas será transmitida na data da outorga do respetivo contrato de compra e venda.
11. Qualquer incumprimento por parte do proponente selecionado determinará a anulação da proposta apresentada e/ou a perda dos montantes já pagos a título de sinal a favor da
Quinta do Lorde, Promoção e Exploração de Empreendimentos Desportivos e Turísticos, S.A., em especial, a retirada de alguma proposta entregue ou o incumprimento dos prazos
para celebração do contrato promessa de compra e venda ou do contrato de compra e venda do Estabelecimento e dos bens e direitos que o integram.
12. Se por causa não imputável aos proponentes, a venda for considerada sem efeito, por quem de direito, as quantias recebidas a título de sinal serão devolvidas em singelo.
13. Na data da abertura das propostas será lavrada uma ata da respetiva sessão de abertura de propostas, com a descrição das propostas. A ata e as propostas serão remetidas aos
autos do processo de insolvência, para consulta pelos credores e demais interessados.
14. Caso não haja nenhuma proposta de valor igual ou superior ao valor mínimo de venda, poderão vir a ser analisadas propostas de valor inferior, sem qualquer compromisso de
adjudicação, sendo as mesmas posteriormente submetidas a apreciação/decisão do Administrador da Insolvência, dos credores com garantia real e da Comissão de Credores;
15. Todas as informações relativas à venda e bem assim o agendamento de visitas ao Estabelecimento serão prestadas/realizadas pelo Administrador de Insolvência - Dr. Emanuel
Gamelas, através dos seguintes contatos : Tel: 21 408 35 32 Fax: 21 471 90 11, morada: Rua Beatriz Costa, N.º 6 - Loja B, 2610-195 Alfragide, E-mail: emanuel.gamelas@sapo.pt.
Público, 03-12-2019 - 1.ª Pub

CINEMA
Cisne Negro
AXN Black, 21h14
Nina pertence à companhia de
Ballet de Nova Iorque e
praticamente todos os dias da sua
vida foram dedicados à dança.
Quando o director artístico da
companhia decide substituir a
intérprete principal na
apresentação d’ O Lago dos Cisnes,
ela torna-se uma das escolhas mais
prováveis. Mas Lily, uma outra
bailarina em ascensão, parece ter
algumas características que faltam
a Nina... Um thriller psicológico
realizado por Darren Aronofsky.
Creed: O Legado de Rocky
Hollywood, 21h30
Sétimo Ælme da saga Rocky, com
argumento e realização de Ryan
Coogler. Adonis Johnson nunca
conheceu o pai, Apollo Creed,
campeão mundial de
pesos-pesados, morto devido a
ferimentos ocorridos no ringue.
Depois de uma infância
complicada que o levou por
caminhos perigosos, ele está agora
decidido a dedicar a sua vida ao
boxe e tornar-se um campeão, em
honra do progenitor. Para isso,
segue viagem até FiladélÆa, o local
do lendário combate entre Creed e
Rocky Balboa e pede a este último
que lhe ensine as suas tácticas e se
torne seu mentor. Além de
Sylvester Stallone no seu mítico
papel de Rocky Balboa, o elenco
conta ainda com Michael B.
Jordan, Tessa Thompson, Tony
Bellew e Graham McTavish.
O Céu Pode Esperar
RTP1, 1h01
Remake do clássico de 1941 Here
Comes Mr Jordan, de Alexander
Hall, baseado na peça Heaven Can
Wait, de Henry Segall. Foi a estreia
na realização do actor Warren
Beatty, popular sex symbol da
altura, e conta a história de Joe
Pendleton (Beatty, Globo de Ouro
de melhor actor), uma estrela de
futebol que sofre um acidente
mortal devido ao excesso de
ansiedade de um anjo (Buck
Henry), que o leva para o céu. Só
que, quando chega ao céu,
Pendleton descobre que ainda não
tinha chegado a sua hora.
Entretanto, como o seu corpo já foi
cremado, não tem outra hipótese
senão voltar à Terra noutro corpo,
que acaba por ser o de um
milionário recentemente
assassinado. Mas a mulher do
milionário, o seu contabilista e os
assassinos Æcam confusos com este
desenvolvimento, enquanto
Pendleton, agora Leo Farnsworth,
compra a equipa onde jogava para
Televisão
lazer@publico.pt
RTP 1
6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da
Alegria 13.00 Jornal da Tarde 14.10
Bem-vindos a Beirais 15.05 A Nossa
Tarde 17.30 Portugal em Directo 19.06
O Preço Certo 19.53 Direito de Antena
19.59 Telejornal 21.00 Outras Histórias
21.32 Joker 22.35 VOTE - Portugueses
na Política dos EUA 23.35 Prova Oral
1.01 O Céu Pode Esperar 2.47 Europa
Minha 3.04 O Sábio 3.43 Televendas
RTP 2
7.00 Espaço Zig Zag 10.56 Degrassi: A
Turma Seguinte 11.24 A Pide Antes da
Pide 12.14 O Regresso de Lucas 13.02
CJ a DJ 13.28 Danger Mouse 13.53
Folha de Sala 14.00 Sociedade Civil:
Crowdfunding 15.03 A Fé dos Homens
15.38 Visita Guiada 16.17 O Outro Lado
do Paraíso 17.13 Espaço Zig Zag 21.00
Degrassi: A Turma Seguinte 21.30
Jornal 2 22.04 Folha de Sala 22.13 A
Fronteira 23.13 Nada Será como Dante
23.40 Paris etc 0.16 Muito Barulho Para
Nada 1.33 Sociedade Civil 2.35 E2 -
Escola Superior de Comunicação
Social 3.02 Tanto Para Conversar 3.44
Euronews 5.06 Dentro
SIC
6.00 Edição da Manhã 9.15 Alô
Portugal 10.15 O Programa da Cristina
13.00 Primeiro Jornal 14.50 Amor
Maior 16.15 Júlia 18.15 Amor à Vida
19.15 Casados à Primeira Vista - Diário
19.57 Jornal da Noite 21.40 Nazaré
22.20 Terra Brava 23.25 Casados à
Primeira Vista - Extra 23.55 A Dona do
Pedaço 0.30 Passadeira Vermelha
2.40 Investigação Criminal
TVI
6.00 1.ª hora 7.00 Diário da Manhã
10.14 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma
14.47 Belmonte 15.35 Doce Tentação
16.15 A Tarde é Sua 19.12 Ver P’ra Crer
19.57 Jornal das 8 20.52 Ana Leal 21.50
Na Corda Bamba 22.57 Prisioneira
23.58 Mundo ao Contrário 0.28 Louco
Amor 1.06 1000 à hora 2.40 Mar de
Paixão 3.05 Remédio Santo 3.55 Saber
Amar 4.15 TV Shop
TVC1
11.15 Assim Nasce uma Estrela 13.35
Captain Marvel 15.40 Mulher Que
Segue à Frente 17.25 Pedro e Inês
Os mais vistos da TV
Domingo, 1
Pesadelo na Cozinha
% Aud. Share
TVI 13,0 24,8
Jornal da Noite SIC 11,4 21,9
Nazaré SIC 10,8 19,4
Jornal das 8 TVI 9,6 18,4
Casados à Primeira... SIC 9,4 20,2
FONTE: CAEM
19.35 Pela Borda Fora 21.30 Ladrões de
Tuta e Meia 23.20 Cinetendinha 23.30
The Forgiven - Redenção 1.30 Eva 3.15
Drones Assassinos 4.45 Prece Ao
Nascer do Dia
FOX MOVIES
11.03 Balada do Deserto 13.02 Vício de
Matar 14.44 Homem Sem Rumo 16.12
Invasores 17.33 Jornada de Heróis
19.05 Nevada Smith 21.15 O Expresso
de Von Ryan 23.17 O Voo da Fénix 1.37
O Justiceiro de Nova Iorque 3.03 O
Lago Perfeito 4.26 O Vingador da Noite
CANAL HOLLYWOOD
11.15 Por Falar de Amor 13.10 Soldado
Milhões 14.40 A Teoria de Tudo 16.40
The Giver - O Dador de Memórias 18.15
O Espião Fantasma 19.55 O
Bibliotecário - Regresso às Minas do
Rei Salomão 21.30 Creed: O Legado de
Rocky 23.40 Esconderijo 1.20 O Clube
de Dallas 3.15 Zoom In 3.25 Coragem
Debaixo de Fogo 5.20 Zoom In
AXN
13.08 Investigação Criminal 13.56
Mentes Criminosas 15.23 Snitch -
Infiltrado 17.14 Eu, Frankenstein 18.47
Chicago Fire 20.25 Investigação
Criminal 22.05 The Good Doctor 22.58
3 Dias Para Matar 1.01 Jogo de Risco
2.29 The Good Doctor 3.14 Absentia
AXN BLACK
13.50 Layer Cake - Crime Organizado
15.33 Amigos com Dinheiro 16.58
Hancock 18.28 Django Libertado 21.14
Cisne Negro 23.04 Alta Pedrada 0.56
Ocean’s Eleven - Façam as Vossas
Apostas 2.48 Ocean’s 12
AXN WHITE
13.22 O Mentalista 14.07 Sobre Rodas
15.55 Que Se Lixem as Notícias 17.50 O
Mentalista 19.20 A Teoria do Big Bang
21.24 O Turno da Noite 22.12 A Verdade
e Só a Verdade 23.59 Uma Mente
Brilhante 2.10 O Turno da Noite 3.38
The Catch
FOX
9.41 Hawai Força Especial 11.10 C.S.I.
14.17 Investigação Criminal: Los
Angeles 15.51 Hawai Força Especial
Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 39
RTP1 11,9%
% nove nomeações para os Óscares
RTP2 1,9
SIC 17,4
TVI
17,1
Cabo
37,4
17.23 C.S.I. Miami 18.57 Investigação
Criminal: Los Angeles 20.37 Hawai
Força Especial 22.15 SEAL Team 0.00
Redenção (2013) 1.46 C.S.I. Miami 4.39
Investigação Criminal: Los Angeles
FOX LIFE
9.42 Nora Roberts: Refém do amor
11.14 Anatomia de Grey 12.49 The
Resident 13.36 Chicago Med 14.20 A
Gingerbread Romance 15.52
Christmas at Holly Lodge 17.29 A
Heavenly Christmas 19.05 Lei &
Ordem: Unidade Especial 20.40 The
Resident 21.28 Chicago Med 22.20 For
the People 23.12 Bull 0.06 Switched for
Christmas 1.42 Lei & Ordem: Unidade
Especial 3.08 The Resident 3.52
Chicago Med 4.34 Vis a Vis
DISNEY
15.05 A Irmã do Meio 15.55 A Raven
Voltou 16.45 Mickey Mouse 16.50 A Lei
de Milo Murphy 17.17 Phineas e Ferb
17.35 Star Contra as Forças do Mal
18.25 Os Green na Cidade Grande
19.15 Gravity Falls 20.05 Miraculous -
As Aventuras de Ladybug
DISCOVERY
17.30 Alasca: A Última Fronteira 19.15
Segredos das Catacumbas 21.00
Expedição Ao Passado 22.00 Os
Vikings Perdidos da América 23.50
Expedição Ao Passado 0.40 Os Vikings
Perdidos da América 2.15 Curiosidades
da Terra 3.00 Segredos do Universo
Com Morgan Freeman 4.30 Guerra de
Propriedades
HISTÓRIA
17.22 Alienígenas 18.45 O Inexplicável
20.08 Forjado no Fogo 22.15 Forjado
no Fogo: Faca Ou Morte 2.28 Forjado
no Fogo 4.37 Capos
ODISSEIA
17.03 Animais Arquitectos 17.59
América do Norte Vista do Céu 18.52
Rio Resgate 19.37 Clima Extremo Viral
20.21 Guerreiros do Ar 21.14 Jumbo
747: A Revolução 22.14 Perigo Extremo
23.00 The Weekly 23.27 Power 0.17
Perigo Extremo 1.04 The Weekly 1.30
Power 2.21 Clima Extremo Viral 3.05
Trump Confidencial 4.32 Naledi: a
História do Pequeno Elefante
FICAR
a conseguir levar à Super Taça. Das
de 1979, recebeu o de melhor
direcção artística.
DOCUMENTÁRIOS
Chuva é Cantoria na Aldeia
dos Mortos
TVC2, 22h
Ihjãc tem 15 anos e é um dos
indígenas krahô do Norte do Brasil.
Perdeu o pai e é visitado pelo
espírito dele, o que o leva a
preparar uma festa de Æm de luto.
Entre o documentário e a Æcção,
este Ælme de João Salaviza e Renée
Nader Messora resulta do convívio
de anos que os realizadores
tiveram com este povo indígena. É
uma produção luso-brasileira que
ganhou o prémio especial do júri
na secção Un Certain Regard da
edição de 2019 do Festival de
Cannes e também recebeu os
prémios de melhor obra de Æcção
e melhor fotograÆa no Festival de
Cinema de Lima (Peru).
VOTE — Portugueses na Política
dos EUA
RTP1, 22h35
A emigração portuguesa para os
EUA tem mais de um século, mas o
envolvimento de portugueses na
vida política e cívica americana é
relativamente recente. Histórias de
lusodescendentes que têm vindo a
fazer carreira política no país do
Tio Sam. Hoje, com Mike
Rodrigues, senador no estado de
Massachusetts que tem raízes na
Beira Baixa, e Marc Pacheco,
também senador no mesmo
estado, cujos avós emigraram de
Portugal no início do século XX.
This Is Personal — A Marcha
das Mulheres
TVC2, 1h40
Um retrato da Marcha das
Mulheres, realizada logo após o
discurso de posse do Presidente
Donald Trump, em 2017. O
documentário usa a manifestação
e seus conÇitos internos como
gatilho para discutir o papel e as
diÆculdades do activismo político,
ao mesmo tempo que a realizadora
Amy Berg analisa o esforço que é
gerir as diferentes ideologias.
MAGAZINE
Nada Será Como Dante
RTP2, 23h13
Filipa Leal e Pedro Lamares falam
de uma amizade sincera, citando
Marcel Proust, para abrir Um Livro
Debaixo da Asa. No purgatório da
semana, incluem-se os admiráveis
surrealistas Perfecto Quadrado e
Cruzeiro Seixas.
40 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019
SAIR
CINEMA
Lisboa
Cinema City Alvalade
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040
Cinzas e Brasas M12. 21h;Â Dor e Glória
M16. 13h35;Â Joker M14. 15h;Â Um Dia de
Chuva em Nova Iorque M12. 13h05, 15h50,
17h45;Â Bostofrio M12. 21h;Â Le Mans ‘66:
O Duelo M12. 17h30;Â Frozen II - O Reino do
Gelo M6. 13h25, 15h20, 17h35 (V.Port./2D),
13h15 (V.Orig./2D);Â Turno do Dia M12.
20h30;Â Knives Out: Todos São Suspeitos
M12. 15h40, 18h20, 20h20;Â Infância,
Adolescência, Juventude M12. 19h40Â
Cinema Ideal
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295
Vitalina Varela M12. 18h45;Â Passámos Por
Cá M14. 14h30;Â Il Sogno Mio d’Amore M12.
16h20;Â Tragam-me a Cabeça de Carmen
M. 21h30;Â
CinemaCity Campo Pequeno
Centro de Lazer. T. 217981420
Mulher em Guerra M12. 19h45;Â Variações
M12. 19h30;Â Joker M14. 13h10, 17h10,
21h40, 00h10;Â Um Dia de Chuva em Nova
Iorque M12. 13h20, 21h30;A Família
Addams M6. 13h20, 15h15 (V.Port./2D);Â Os
Caloiros da Medicina M12. 20h;Â Le Mans
‘66: O Duelo M12. 18h10, 21h55, 23h40;Â Os
Anjos de Charlie M12. 13h40, 16h10, 19h,
21h50, 00h20;Â Os Órfãos de Brooklyn
M16. 15h15, 21h15, 23h55;Â Frozen II - O
Reino do Gelo M6. 13h45, 15h30, 16h, 17h45,
18h40 (V.Port./2D), 13h15, 15h20, 17h25,
19h30, 21h35, 24h (V.Orig./2D);Â Knives
Out: Todos São Suspeitos M12. 13h15,
15h55, 18h30, 21h10, 23h50;Â One Piece
Stampede: O Filme M12. 13h25, 15h35 (V.
P./2D), 17h45, 21h45, 00h15 (V.Orig./2D)Â
Cinemas Nos Alvaláxia
Estádio José Alvalade. T. 16996
Joker M14. 13h15, 16h05, 18h50, 21h35;
 Doutor Sono M16. 14h30, 20h45;
 Maléfica II: Mestre do Mal M12. 13h20,
16h10 (V.P./2D), 18h50, 21h30 (V.O/2D);
 Exterminador Implacável: Destino
Sombrio M14. 13h10, 15h55, 21h05;
 Countdown M14. 14h10, 16h35, 18h55,
21h15;Â Quem Brinca Com o Fogo... M12.
21h10;Â Até à Morte M16. 18h45;Â Le Mans
‘66: O Duelo M12. 13h40, 17h, 20h35;
 Enquanto a Guerra Durar M12. 13h50,
16h20, 19h10, 21h40;Â Os Anjos de Charlie
M12. 13h10, 15h45, 18h25, 21h05;Â Frozen II
- O Reino do Gelo M6. 13h20, 16h, 18h30,
21h (V.Port./2D);Â Perigo Iminente M14.
13h25, 16h05, 18h45, 21h25;Â Tristeza e
Alegria na Vida das Girafas 18h15;Â Knives
Out: Todos São Suspeitos M12. 13h55,
17h30, 21h20Â
Cinemas Nos Amoreiras
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996
Onde Estás, Bernadette? M12. 13h20,
15h50, 21h10, 23h40;Â Joker M14. 12h40,
15h20, 18h40, 21h40, 00h20;Â Um Dia de
Chuva em Nova Iorque M12. 13h30, 16h,
19h, 21h20, 23h50;Â Os Caloiros da
Medicina M12. 13h;Â Enquanto a Guerra
Durar M12. 13h40, 16h10, 21h50, 00h15;
 Comportem-se como Adultos M12.
12h40, 15h30, 18h30;Â Frozen II - O Reino
do Gelo M6. 13h, 15h40, 18h20 (V.Port./2D),
21h, 23h30 (V.Orig./2D);Â Tristeza e Alegria
na Vida das Girafas 19h10;Â Passámos Por
Cá M14. 15h10, 18h10, 20h50, 23h20;
 Knives Out: Todos São Suspeitos M12.
21h30, 00h20;Â Il Sogno Mio d’Amore M12.
18h50Â
Cinemas Nos Colombo
Av. Lusíada. T. 16996
Onde Estás, Bernadette? M12. 13h40,
16h10, 19h, 21h45, 00h20;Â Joker M14.
12h50, 15h40, 18h20, 21h10, 23h55;
 Maléfica II: Mestre do Mal M12. 12h40,
15h20, 21h, 23h45 (V.O./2D);Countdown
M14. 13h30, 16h, 18h30, 21h50, 00h05;Â Le
Mans ‘66: O Duelo M12. 13h20, 17h40,
20h50, 00h15;Â Os Anjos de Charlie M12.
13h10, 15h50, 18h35, 21h20, 00h10;Â Frozen
II - O Reino do Gelo M6. 13h, 15h30, 18h,
20h40, 23h30 (V.Port./2D);Â Perigo
Iminente M14. 18h10;Â Knives Out: Todos
São Suspeitos M12. 12h45, 15h35, 18h40,
21h40, 00h30;Â Os Anjos de Charlie M12.
Sala IMAX 13h50, 16h30 (V.Port./2D), 18h50,
21h30, 24h (V.Orig./2D)Â
Cinemas Nos Vasco da Gama
Parque das Nações. T. 16996
Joker M14. 12h50, 15h50, 18h40, 21h30,
00h20;Â Midway M12. 13h20, 16h30,
21h50;Â Le Mans ‘66: O Duelo M12. 13h10,
16h50, 21h, 00h10;Â Os Anjos de Charlie
M12. 12h30, 15h20, 18h10, 21h10, 23h50;
 Frozen II - O Reino do Gelo M6. 13h,
15h30, 18h (V.P./2D), 21h20, 24h (V.O./2D);
 Knives Out: Todos São Suspeitos M12.
12h40, 15h40, 18h50, 21h40, 00h30Â
Nimas
Av. 5 Outubro, 42B.
T. 213574362
Onde Estás, Bernadette? M12. 19h;
Vitalina Varela M12. 12h15;Comportem-se
como Adultos M12. 14h30;Â Sibyl M16.
17h;Â Graças a Deus 21h30 (antestreia)Â
UCI Cinemas - El Corte Inglés
Av. Ant. Aug. Aguiar, 31.
T. 213801400
Onde Estás, Bernadette? M12. 14h10,
16h45, 19h20, 21h45, 00h10;Â Mulher em
Guerra M12. 14h20, 16h50, 19h25, 21h55,
00h15;Â A Herdade M12. 14h, 17h30;
 Downton Abbey M12. 13h25, 16h;
 Joker M14. 16h10, 18h45, 21h30;
 Parasitas M14. 15h50, 18h40; Um Dia de
Chuva em Nova Iorque M12. 14h05, 16h20,
21h40;Â Os Caloiros da Medicina M12.
13h55, 19h10;Â O Traidor M14. 18h30,
23h50;Â Midway M12. 18h35, 00h25;Â Le
Mans ‘66: O Duelo M12. 14h20, 18h15, 21h25,
23h50;Â Enquanto a Guerra Durar M12.
14h05, 16h40, 19h15, 21h45, 00h10;
 Comportem-se como Adultos M12.
13h45, 16h30, 19h10, 21h50, 00h25;Â Os
Anjos de Charlie M12. 13h50, 16h25, 19h,
21h35, 00h10;Â Os Órfãos de Brooklyn
M16. 16h05, 21h20, 00h20;Â Frozen II - O
Reino do Gelo M6. 13h50, 16h35, 19h10,
00h15 (V.Port./2D), 21h50 (V.Orig./2D);
 Perigo Iminente M14. 13h35, 00h10;
 Tristeza e Alegria na Vida das Girafas
13h25, 00h20;Â Passámos Por Cá M14.
21h15, 00h25;Â Knives Out: Todos São
Suspeitos M12. 13h40, 16h20, 19h05, 21h40,
00h25;Â Klimt e Schiele - Eros e
Psique 21h30Â
Almada
Cinemas Nos Almada Fórum
Estr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de
Mourelos. T. 16996
Onde Estás, Bernadette? M12. 13h20,
16h05, 18h50, 21h45;Â Joker M14. 12h20,
15h15, 18h, 21h10, 24h;Â Maléfica II: Mestre
do Mal M12. 13h05, 16h10 (V.Port./2D),
21h35, 00h20 (V.Orig./2D);Â Exterminador
Implacável: Destino Sombrio M14. 12h25,
15h25, 21h25, 00h20;Â Os Caloiros da
Medicina M12. 18h35;Â Countdown M14.
12h45, 15h10, 17h20, 19h35, 22h10, 00h20;
 Quem Brinca Com o Fogo... M12. 20h55,
23h40;Â Até à Morte M16. 00h25;Midway
M12. 20h45, 23h50;Â Le Mans ‘66: O
Duelo M12. 13h55, 17h10, 20h40, 23h55;
 Enquanto a Guerra Durar M12. 13h40,
16h15, 21h55, 00h25;Â Comportem-se
como Adultos M12. 12h35, 15h35, 20h50,
23h45;Â Os Anjos de Charlie M12. 12h50,
15h40, 18h30, 21h20, 00h10;Â Frozen II - O
Reino do Gelo M6. 12h30, 13h, 15h30,
16h20,18h10, 19h (V.Port./2D), 21h40, 00h10
(V.Orig./2D);Â Perigo Iminente M14.
18h45;Â Tristeza e Alegria na Vida das
Girafas 18h55;Â Passámos Por Cá M14.
19h20;Â Knives Out: Todos São Suspeitos
M12. 12h40, 15h50, 21h30, 00h25;Â One
Piece Stampede: O Filme M12. 13h10 (V.
Port./2D), 15h45, 18h15 (V.Orig./2D);Â Os
Anjos de Charlie M12. Sala 4DX - 13h50,
16h30, 19h10, 21h50, 00h30Â
Em estreia
lazer@publico.pt
Comportem-se como Adultos
De Costa-Gavras. Com Christos
Loulis, Alexandros Bourdoumis,
Ulrich Tukur. GRE/FRA. 2019.
124m. Drama, Biografia. M12.
Com realização e argumento do
cineasta grego Costa-Gavras, uma
co-produção franco-grega focada
nos meandros do Eurogrupo e das
suas reuniões, quando foi imposto
um programa de austeridade à
Grécia, em 2015.
Enquanto a Guerra Durar
De Alejandro Amenábar. Com
Karra Elejalde, Eduard Fernández,
Santi Prego. ESP/ARG. 2019.
107m. Drama, Guerra. M12.
Espanha. A 18 de Julho de 1936,
um grupo de militares liderados
pelos generais Emilio Mola e
Francisco Franco realiza um golpe
de Estado contra o Governo da
Segunda República. O escritor e
Ælósofo Miguel de Unamuno
assume publicamente o seu apoio.
Contudo, mais tarde, vê-se a
questionar a sua posição.
Hálito Azul
De Rodrigo Areias. POR. 2018.
78m. Documentário. M12.
Com assinatura de Rodrigo Areias,
um documentário sobre a
comunidade piscatória de Ribeira
Quente, na ilha açoriana de São
Miguel. A câmara Æxa-se nas
actividades do dia-a-dia dos seus
habitantes.
Il Sogno Mio d’Amore
De Miguel Moraes Cabral,
Nathalie Mansoux. POR. 2018.
100m. Documentário. M12.
Um documentário em que
Nathalie Mansoux e Miguel Moraes
Cabral acompanham dois anos do
Conservatório de Música de
Lisboa. Durante esse tempo,
Ælmam o quotidiano de alunos,
professores e funcionários.
Infância, Adolescência,
Juventude
De Rúben Gonçalves. POR. 2018.
96m. Documentário. M12.
Um documentário de Rúben
Gonçalves que segue as actividades
dos alunos da Escola de Dança do
Conservatório Nacional.
Knives Out: Todos São
Suspeitos
De Rian Johnson. Com Ana de
Armas, Toni Collette, Chris Evans,
Daniel Craig, Jamie Lee Curtis,
Michael Shannon, Christopher
Plummer, Don Johnson, Frank Oz.
EUA. 2019. 130m. Drama,
Comédia, Policial. M12.
Um escritor de renome resolve
celebrar o seu 85.º aniversário.
Tudo isto não passaria de uma
vulgar reunião familiar não fosse o
facto de, no dia seguinte, o velho
senhor aparecer morto. Para
investigar o caso é enviado um
detective conhecido pela sua
agudeza de espírito. Qual não é o
seu espanto quando percebe que
todos têm um motivo para
assassinar o patriarca.
Mulher em Guerra
De Benedikt Erlingsson. Com
Halldóra Geirharðsdóttir, Jóhann
Sigurðarson, Juan Camillo
Roman Estrada, Jörundur
Ragnarsson. Islândia/FRA/
Ucrânia. 2018. 101m. Aventura,
Comédia Dramática. M12.
Convicta das suas ideias, Halla tenta
combater a indústria dos alumínios
e chamar a atenção para os
problemas ambientais. Mas a sua
luta ganha novos contornos com a
chegada de uma carta que pode
concretizar o maior sonho da sua
vida: a adopção de uma criança.
Onde Estás, Bernadette?
De Richard Linklater. Com Cate
Blanchett, Kristen Wiig, Judy
Greer. EUA. 2019. 109m.
Comédia Dramática. M12.
Bernadette há muito que deixou a
arquitectura, a sua grande paixão,
para se dedicar em exclusivo à
família. Um dia, pouco antes de
embarcar numa viagem de lazer à
Knives Out: Todos
São Suspeitos
Antárctida com o marido e a Ælha,
foge de casa sem dar explicações.
One Piece Stampede: O Filme
De Takashi Otsuka. Com Felecia
Angelle (Voz), Major Attaway
(Voz), Greg Ayres (Voz), Tia Lynn
Ballard (Voz). JAP. 2019. 101m.
Animação. M12.
A mais famosa convenção de
piratas de todo o mundo contará
com a presença de grandes
personalidades da área.
Reencontros, corridas de barco e
atribulações de todos os tipos
aguardam os que decidam
participar. Entre eles está Monkey
D. Luèy e a sua tripulação.
Os Anjos de Charlie
De Elizabeth Banks. Com Naomi
Scott, Sam Claflin, Kristen
Stewart, Elizabeth Banks. EUA.
2019. 118m. Comédia, Acção,
Aventura. M12.
Elas são inteligentes, bonitas e
trabalham para Charlie, um
milionário invisível. Peritas em
artes marciais e capazes de
enfrentar qualquer inimigo, vão
ser responsáveis pela salvação do
mundo.
Sibyl
De Justine Triet. Com Virginie
Efira, Adèle Exarchopoulos,
Gaspard Ulliel, Sandra Hüller,
Niels Schneider. FRA. 2019.
100m. Comédia Dramática. M16.
Apesar de bem-sucedida como
psicanalista, Sibyl sempre desejou
ser escritora. Um dia, abandona
todos os seus pacientes para se
dedicar exclusivamente à escrita...
Até ser abordada por uma jovem
actriz com a vida do avesso.

Amadora
CinemaCity Alegro Alfragide
C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030
Joker M14. 13h20, 15h50, 18h40, 21h25;
 Maléfica II: Mestre do Mal M12. 13h15 (V.
Port./2D);Â Um Dia de Chuva em Nova
Iorque M12. 13h35, 15h40, 19h50;Â A
Família Addams M6. 13h30 (V.Port./2D);
 Exterminador Implacável: Destino
Sombrio M14. 21h10, 23h50;Â Quem Brinca
Com o Fogo... M12. 17h45;Â Midway M12.
18h20, 21h55;Â Le Mans ‘66: O Duelo M12.
15h45, 18h45, 21h45, 23h55;Â Os Anjos de
Charlie M12. 13h50, 16h20, 19h, 22h,
00h30;Â Os Órfãos de Brooklyn M16.
21h30;Â Frozen II - O Reino do Gelo M6.
13h45, 15h30, 16h, 17h45, 18h50, 19h35,
21h30, 23h45 (V.Port./2D), 13h15, 15h20,
17h35, 19h40, 21h45, 00h05 (V.Orig./2D);
 Perigo Iminente M14. 13h10, 15h35;
 Knives Out: Todos São Suspeitos M12.
13h30, 16h10, 18h30, 21h20, 24h;Â One
Piece Stampede: O Filme M12. 13h20,
15h25, 00h10 (V.Port./2D), 17h35, 20h,
21h50, 00h25 (V.Orig./2D)Â
UCI Ubbo
Estrada Nacional 249/1, Venteira.
Abominável M6. 14h20, 16h40 (V.P./2D);
 Maléfica II: Mestre do Mal M12. 13h20,
15h50 (V.Orig./2D);Â A Família Addams M6.
14h, 16h20 (V.Port./2D);Â Exterminador
Implacável: Destino Sombrio M14. 13h40,
16h20, 19h, 21h50;Â Countdown M14.
19h05, 21h30;Â Quem Brinca Com o
Fogo... M12. 19h05, 21h35;Â Midway M12.
18h35, 21h30;Â Le Mans ‘66: O Duelo M12.
13h50, 17h30, 21h15;Â Os Anjos de Charlie
M12. 14h, 16h45, 19h20, 21h55;Â Os Órfãos
de Brooklyn M16. 18h25, 21h25;Â Frozen II -
O Reino do Gelo M6. 13h50, 14h15, 16h30,
16h45, 19h10 (V.Port./2D), 19h25 (V.P./3D),
21h30 (V.Orig./2D);Â Perigo Iminente M14.
13h20, 16h20, 21h45;Â Knives Out: Todos
São Suspeitos M12. 13h20, 16h05, 18h50,
21h40Â
Cascais
Cinemas Nos CascaiShopping
CascaiShopping-EN 9. T. 16996
Onde Estás, Bernadette? M12. 13h10,
15h50, 18h20, 20h50, 23h20;Â Joker M14.
12h50, 15h30, 18h10, 21h20, 24h;Â Quem
Brinca Com o Fogo... M12. 13h40, 16h40,
18h50;Â Le Mans ‘66: O Duelo M12. 13h20,
16h50, 20h30, 23h40;Â Os Anjos de
Charlie M12. 12h30, 15h10, 17h50, 20h40,
23h50;Â Frozen II - O Reino do Gelo M6.
13h30, 16h, 18h30, 21h, 23h30 (V.Port./2D);
 Perigo Iminente M14. 21h10, 00h10;
 Knives Out: Todos São Suspeitos M12.
12h40, 15h40, 18h40, 21h30, 00h15;
 Frozen II - O Reino do Gelo M6. Sala IMAX
10h50(Sáb e Dom), 13h, 15h20, 17h30 (V.
Port./2D), 20h, 22h20 (V.Orig./2D)Â
O Cinema da Villa - Cascais
Avenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla
Shopping Center). T. 215887311
Mulher em Guerra M12. 13h15, 15h20, 17h25,
19h30, 21h35;Â Joker M14. 19h;Â A
Biblioteca dos Livros Rejeitados M12.
13h25;Â Os Órfãos de Brooklyn M16. 15h30,
18h20, 21h10;Â Passámos Por Cá M14.
15h50, 17h35, 21h35;Â Knives Out: Todos
São Suspeitos M12. 13h40, 16h15, 18h50,
21h25Â
Sintra
Cinema City Beloura
Beloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9,
Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643
Mulher em Guerra M12. 19h40;Â Joker M14.
21h40;Â Um Dia de Chuva em Nova Iorque
M12. 15h10, 17h10;Â Midway M12. 21h25;
 Le Mans ‘66: O Duelo M12. 15h40, 18h40,
21h10;Â Os Anjos de Charlie M12. 15h50,
19h, 21h30;Â Os Órfãos de Brooklyn M16.
18h50, 21h45;Â Frozen II - O Reino do
Gelo M6. 15h30, 16h, 17h45, 19h10 (V.P./2D),
15h20,1 7h35, 19h35, 21h40 (V.O./2D);
 Knives Out: Todos São Suspeitos M12.
16h10, 18h30, 21h20;Â One Piece
Stampede: O Filme M12. 15h25 (V.Port./2D),
17h35, 21h50 (V.Orig./2D)Â
Castello Lopes - Alegro Sintra
Loja 2.21 - Alto do Forte. T. 219184352
Joker M14. 13h05, 15h45, 18h25, 21h05;
 Maléfica II: Mestre do Mal M12. 16h10,
18h50 (V.Port./2D), 21h30 (V.Orig./2D);Â A
Família Addams M6. 16h15 (V.Port./2D);
 Countdown M14. 21h30; Midway M12.
13h10;Â Le Mans ‘66: O Duelo M12. 14h,
17h30, 21h;Â Os Anjos de Charlie M12.
13h20, 16h, 18h40, 21h20;Â Frozen II - O
Reino do Gelo M6. 13h30, 16h, 18h30, 21h (V.
Port./2D);Â Perigo Iminente M14. 13h20,
18h50;Â Knives Out: Todos São Suspeitos
M12. 13h25, 16h, 18h20, 21h10Â
Leiria
Cinema City Leiria
Rua Dr. Virgílio Vieira da Cunha, Ponte das
Mestras. T. 244845071
Joker M14. 17h40, 21h55;Â A Família
Addams M6. 15h25, 17h20 (V.Port./2D);
 Exterminador Implacável: Destino
Sombrio M14. 21h30;Â Le Mans ‘66: O
Duelo M12. 15h40, 18h40, 21h40;Â Os Anjos
de Charlie M12. 19h10, 19h, 21h45;Â Frozen
II - O Reino do Gelo M6. 15h20, 16h, 17h35,
18h20, 19h15, 21h35 (V.Port./2D), 19h50 (V.
O./2D);Â Knives Out: Todos São Suspeitos
M12. 15h50, 18h30, 21h20;Â One Piece
Stampede: O Filme M12. 15h30 (V.Port./2D),
22h (V.Orig./2D);Â Infância, Adolescência,
Juventude M12. 20hÂ
Loures
Cineplace - Loures Shopping
Quinta do Infantado, Loja A003.
Onde Estás, Bernadette? M12. 19h20,
21h40;Â Joker M14. 21h10;Â Abominável
M6. 16h30, 18h40 (V.Port./2D);Â Maléfica II:
Mestre do Mal M12. 18h50 (V.Port./2D);Â A
Família Addams M6. 15h, 16h55 (V.P./2D);
 Le Mans ‘66: O Duelo M12. 21h; Os Anjos
de Charlie M12. 16h30, 19h, 21h30;Â Frozen
II - O Reino do Gelo M6. 15h10, 16h40,
17h20, 18h50, 21h40 (V.Port./2D), 19h30 (V.
Port./3D);Â Perigo Iminente M14. 21h20;
 Knives Out: Todos São Suspeitos M12.
16h10, 18h50, 21h30;One Piece Stampede:
O Filme M12. 15h (V.P./2D), 17h10 (V.O./2D)
Oeiras
Cinemas Nos Oeiras Parque
C. C. Oeirashopping. T. 16996
Joker M14. 13h, 15h40, 18h20, 21h10, 24h;
 Le Mans ‘66: O Duelo M12. 13h30, 17h,
20h50, 00h10;Â Enquanto a Guerra
Durar M12. 13h10, 15h50, 21h, 23h40;Â Os
Anjos de Charlie M12. 13h25, 16h10, 18h50,
21h40, 00h25;Â Frozen II - O Reino do
Gelo M6. 13h30, 16h, 18h40 (V.Port./2D),
21h20, 23h50 (V.Orig./2D);Â Tristeza e
Alegria na Vida das Girafas 18h10;Â Knives
Out: Todos São Suspeitos M12. 12h40,
15h30, 18h30, 21h30, 00h20Â
Santarém
Castello Lopes - Santarém
Largo Cândido dos Reis. T. 243309340
Mulher em Guerra M12. 13h50, 16h15;
 Joker M14. 18h50, 21h30; Abominável
M6. 16h (V.Port./2D);Â Maléfica II: Mestre
do Mal M12. 16h10 (V.P./2D);Â Midway M12.
13h10;Â Le Mans ‘66: O Duelo M12. 14h,
17h30, 21h;Â Os Anjos de Charlie M12.
13h40, 16h20, 19h, 21h40;Â O Imperador de
Paris 18h40, 21h15;Â Frozen II - O Reino do
Gelo M6. 13h20, 15h50, 18h30, 21h10 (V.
Port./2D);Â Knives Out: Todos São
Suspeitos M12. 13h, 18h15, 21hÂ
Setúbal
Auditório Charlot
Av. Dr. António Manuel Gamito, 11.
T. 265522446
Onde Estás, Bernadette? M12. 21h30Â
Cinema City Alegro Setúbal
C. C. Alegro Setúbal. T. 265239853
Joker M14. 13h15, 15h45, 18h50, 21h25;
 Doutor Sono M16. 23h55; Abominável
M6. 15h20 (V.Port./2D);Â Maléfica II: Mestre
do Mal M12. 13h25, 15h55 (V.Port./2D), 21h50
(V.Orig./2D);Â A Família Addams M6. 13h20
(V.Port./2D) ;Â Countdown M14. 13h40,
24h;Â Midway M12. 21h10;Â Le Mans ‘66: O
Duelo M12. 18h40, 21h40, 23h55;Â Os Anjos
de Charlie M12. 13h40, 16h10, 19h, 21h35,
00h15;Â Frozen II - O Reino do Gelo M6.
13h45, 15h30, 16h, 17h45, 18h25, 19h35,
21h30, 23h45 (V.Port./2D), 13h20, 15h25,
17h40, 19h45, 21h50 (V.Orig./2D);Â Perigo
Iminente M14. 00h05;Â Knives Out: Todos
São Suspeitos M12. 13h10, 15h50, 18h30,
21h20, 00h10;Â One Piece Stampede: O
Filme M12. 13h30, 15h40, 17h25 (V.Port./2D),
17h50, 21h45, 00h20 (V.O./2D);Â Infância,
Adolescência, Juventude M12. 19h50Â
Évora
Cinemas Nos Évora Plaza
Rua Luís Adelino Fonseca, lote 4.
Joker M14. 12h50, 15h40, 18h20, 21h10;Â Le
Mans ‘66: O Duelo M12. 13h30, 17h, 21h;
 Os Anjos de Charlie M12. 12h30, 15h30,
18h30, 21h20;Â Frozen II - O Reino do Gelo
Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 41
M6. 13h, 13h20, 15h30, 16h, 18h30, 21h20 (V.
P./2D); Knives Out: Todos São Suspeitos
M12. 12h40, 15h20, 18h10, 21h10Â
Faro
Cinemas Nos Fórum Algarve
C. C. Fórum Algarve. T. 289887212
Countdown M14. 13h05, 15h25, 21h05,
00h25;Â Le Mans ‘66: O Duelo M12. 12h30,
15h35, 18h45, 21h50;Â Os Anjos de Charlie
M12. 13h15, 15h50, 18h40, 21h25, 24h;
 Frozen II - O Reino do Gelo M6. 12h55,
15h15, 17h30, 19h50 (V.Port./2D), 22h10,
00h05 (V.Orig./2D);Â Tristeza e Alegria na
Vida das Girafas 18h20;Â Knives Out:
Todos São Suspeitos M12. 12h45, 15h45,
18h30, 21h15, 23h30Â
Albufeira
Cineplace - AlgarveShopping
Estrada Nacional 125 - Vale Verde.
Mulher em Guerra M12. 16h30;Â Joker M14.
18h40, 21h20;Â Maléfica II: Mestre do Mal
M12. 18h30, 21h (V.Orig./2D);Â A Família
Addams M6. 16h10 (V.Port./2D);Â Le Mans
‘66: O Duelo M12. 18h10, 21h10;Â Enquanto
a Guerra Durar M12. 17h, 19h20, 21h40;
 Comportem-se como Adultos M12.
18h40, 21h20;Â Os Anjos de Charlie M12.
16h40, 19h10, 21h40;Â Os Órfãos de
Brooklyn M16. 18h10;Â Frozen II - O Reino
do Gelo M6. 15h10, 16h30, 17h20 (V.P./2D),
19h30 (V.P./3D), 14h50, 21h40 (V.O./2D);
 Perigo Iminente M14. 21h10; Knives
Out: Todos São Suspeitos M12. 16h10,
18h50, 21h30;Â One Piece Stampede: O
Filme M12. 16h (V.Orig./2D)Â
TEATRO
Lisboa
Teatro da Politécnica
Rua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281
Vemo-nos ao Nascer do Dia Artistas
Unidos. Enc. Jorge Silva Melo. Com Andreia
Bento e Joana Bárcia. De 6/11 a 14/12. 3ª e 4ª
às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h.
Teatro Villaret
Av. Fontes Pereira Melo, 30A. T. 213538586
BecaBeca Grupo: Os Improváveis. Dia 3/12
às 21h30 (com Mafalda Ribeiro). M/16.
MÚSICA
Faro
Teatro das Figuras
Horta das Figuras (EN 125). T. 289888110
Nouvelle Vague Dia 3/12 às 21h30.
EXPOSIÇÕES
Lisboa
Museu Nacional de Arte Antiga
Rua das Janelas Verdes. T. 213912800
Alvaro Pirez d’Évora - Um Pintor Português
em Itália nas Vésperas do Renascimento
De 29/11 a 15/3. 3ª a Dom das 10h às 18h.
Apostolados - Pedes In Terra Ad Sidera
Visus De José-María Cano e Francisco de
Zurbarán. De 21/11 a 12/1. 3ª a Dom das 10h
às 18h. Arcádia - Desenhos de Temas
Bucólicos (Séculos XVI-XIX) De 8/10 a 26/1.
3ª a Dom das 10h às 18h. Francisco de
Zurbarán - Frei Pedro Machado De 19/9 a
12/1. 3ª a Dom das 10h às 18h. Luxo Asiático
De 27/9 a 26/1. 3ª a Dom das 10h às 18h.
Pavilhão de Portugal
Parque das Nações. T. 218919898
Harry Potter: The Exhibition De 16/11 a 8/4.
2ª a 5ª das 10h às 19h. 6ª, Sáb e Dom das 10h
às 20h30. Cinema, objectos.
SAIR
FARMÁCIAS
Lisboa - Serviço Permanente
Alameda (Lumiar) - Al. das Linhas de Torres, 201 -
B - Tel. 217590942 Morão (Graça) - Largo da
Graça, 63 - Tel. 218824924 Sírius (Bairro Azul) -
Rua Fialho de Almeida, 38-A - Tel. 213876700
Vieira Borges (Rato - Marquês de Pombal) - Rua
Alexandre Herculano, 28 - 30 - Tel. 213140536
Outras Localidades - Serviço Permanente
Abrantes - Santos (Rossio ao Sul do Tejo)
Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense
Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal -
Alcacerense Alcanena - Correia Pinto Alcobaça
- Holon Alcobaça Alcochete - Cavaquinha ,
Póvoas (Samouco) Alcoutim - Caimoto Alenquer
- Catarino Aljustrel - Pereira Almada - Guerreiro
(Monte da Caparica) Almeirim - Correia de
Oliveira Almodôvar - Ramos Alpiarça - Aguiar
Alter do Chão - Alter , Portugal (Chança)
Alvaiázere - Ferreira da Gama , Castro Machado
(Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis
(Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho
Amadora - Damaia , Soares Correia Ansião -
Medeiros (Avelar) , Pires (Santiago da Guarda)
Arraiolos - Misericórdia Arronches - Batista ,
Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos
Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz
Azambuja - Dias da Silva , Nova, Peralta
(Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do
Intendente) Barrancos - Barranquense Batalha -
Ferraz , Silva Fernandes (Golpilheira) Beja -
Oliveira Suc. Belmonte - Costa , Central (Caria)
Benavente - Batista Bombarral - Franca Borba -
Carvalho Cortes Cadaval - Central Caldas da
Rainha - Branco Lisboa Campo Maior - Campo
Maior Cartaxo - Central do Cartaxo Cascais - Luz
(Alcabideche) , Vilar (Carcavelos) Castelo Branco
- Pereira Rebelo Castelo de Vide - Freixedas
Castro Verde - Alentejana Chamusca - Bonfim ,
S. Pedro Constância - Vila Farma Constância ,
Carrasqueira (Montalvo) Coruche - Higiene
Covilhã - Mendes Cuba - Da Misericórdia Elvas -
Costa Entroncamento - Carvalho Estremoz -
Carapeta Irmão Évora - Misericórdia Faro -
Almeida , Da Penha Ferreira do Alentejo - Fialho
Ferreira do Zêzere - Graciosa , Soeiro, Moderna
(Frazoeira/Ferreira do Zezere) Figueiró dos
Vinhos - Campos (Aguda) , Correia Suc.
Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide) Fundão - Sena
Padez (Fatela) Gavião - Mendes (Belver) , Gavião
Golegã - Salgado Grândola - Moderna
Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) Lagoa
- José Maceta Lagos - Neves Loulé - Avenida
Loures - Central de Bucelas (Bucelas) , Pedro
Gomes (Valbom) Lourinhã - Marteleirense ,
Ribamar (Ribamar) Mação - Catarino Mafra -
Popular (Encarnação) , Rolim (S. Cosme) Marinha
Grande - Central Marvão - Roque Pinto Mértola -
Pancada Monchique - Higya Monforte - Jardim
Montemor-o-Novo - Novalentejo Montijo - do
Forum Mora - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão,
Central (Pavia) Moura - Nataniel Pedro Mourão -
Central Nazaré - Silvério , Maria Orlanda (Sitio da
Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto Óbidos - Vital
(Amoreira/Óbidos) , Senhora da Ajuda (Gaeiras),
Oliveira Odivelas - Santa Rita Oeiras - Albergaria
(Queluz de Baixo) Oleiros - Martins Gonçalves
(Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier Gomes
(Orvalho-Oleiros) Olhão - Nobre Sousa Ourém -
Leitão Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense
Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor -
Melo Peniche - Higiénica Pombal - Vilhena
Ponte de Sor - Varela Dias Portalegre - Romba
Portel - Fialho Portimão - Arade Porto de Mós -
Lopes Proença-a-Nova - Roda , Daniel de Matos
(Sobreira Formosa) Redondo - Xavier da Cunha
Reguengos de Monsaraz - Martins Rio Maior -
Candido Barbosa Salvaterra de Magos -
Carvalho Santarém - Oliveira Santiago do
Cacém - Barradas São Brás de Alportel - São
Brás Sardoal - Passarinho Seixal - Silva Carvalho
Serpa - Serpa Jardim Sertã - Lima da Silva ,
Farinha (Cernache do Bonjardim) Sesimbra - de
Santana (Santana) Setúbal - Luísa Todi , Farinha
Pascoal Silves - Algarve Sines - Atlântico ,
Monteiro Telhada (Porto Covo) Sintra - Rodrigues
Rato , Silva Duarte (Cacém), Correia (Queluz)
Sobral Monte Agraço - Costa Sousel - Mendes
Dordio (Cano) , Andrade Tavira - Félix Franco
Tomar - Central Torres Novas - Higiene Torres
Vedras - São Gonçalo Vendas Novas - Ribeiro
Viana do Alentejo - Nova Vidigueira - Pulido Suc.
Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira -
Estevão (Brejo) , Quinta da Piedade (Quinta da
Piedade), Higiene Vila Nova da Barquinha - Tente
(Atalaia) , Carvalho (Praia do Ribatejo), Oliveira
Vila Real de Santo António - Pombalina Vila
Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha
Alvito - Baronia Ansião - Moniz Nogueira
Redondo - Alentejo Odivelas - Odivelas
42 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019

JOGOS

CRUZADAS 10.816 TEMPO PARA HOJE

Horizontais: 1. Igualmente. Reúne. Verticais: 1. Ainda (popular). Relativo a
2. Cargo de ministro de Estado. Sigla de época. 2. Cada uma das placas usadas
«Save Our Souls». 3. Preposição que para deslizar sobre a neve ou sobre a
designa posse. Faço passar por um filtro. água. Instituto Nacional de Estatística. Bragança
Viana do
Um dos quatro naipes das cartas de 3. Empresa Pública. Despido. Queimam. Castelo -1º 8º
jogar. 4. Peixe teraponídeo semelhante 4. Árvore rosácea, cujo fruto é a maçã. 4º 14º
ao cherne. Redução das formas Símbolo de libra (unidade de massa). Braga
linguísticas “de” e “a” numa só. Cálcio (s. 5. Estrela. Líquido pestilencial que 2º 14º Vila Real
q.). 5. O qual. Em grande quantidade. 6. escorre de certas úlceras ou abcessos. 0º 8 º
A minha pessoa. Irritar. 7. Queixar-se 6. Aperto com nó. Levanta-se cedo. 14º Porto
(gíria). Planta solânea e venenosa. 7. Gálio (s.q.). Existe por muito tempo. 5º 13º
8. Abandonar. Deus do Amor entre os Gracejar. 8. Progenitor. Rede tecida Viseu
Gregos. 9. Prefixo (aquém de). pelas aranhas. 9. Utiliza. Boi bravo. Guarda
Interessante. 10. Comparação. Césio (s. 10. Em pequena quantidade. Volta em 1-1,5m 2º 8º
Aveiro
q.). 11. Recordar. Organização das espiral. 11. Queima. Aeriforme. -2º 5º
4º 14º Penhas
Nações Unidas para a Alimentação e a
Douradas
Agricultura. Depois do problema resolvido
Coimbra -2º 5º
encontre o provérbio nele inscrito
(6 palavras). 3º 12º
Castelo
Branco
Leiria 3º 12º
3º 15º

Santarém
Portalegre
Solução do problema anterior: 6º 16º
Horizontais: 1. Caim. Areal. 2. Errar. Assam. 3. Gestual. CIA. 4. On. Rígido. 5. Geode. 5º 11º
Emir. 6. Casco. Usado. 7. Arma. Ura. Em. 8. BRANCO. 9. AP. Valido. 10. Lagoa. Sanca. Lisboa
11. Arrolo. Real. 9º 15º
Verticais: 1. Cego. Cavala. 2. Arengar. Par. 3. IRS. Esmo. Gr. 4. Matroca. Voo. 5.
RUÍDO. Baal. 6. Age. URL. 7. Rali. Urais. 8. Es. Desandar. 9. Ascoma. Cone. 10. Lai. Setúbal
Ideo. Ca. 11. Marrom. Tal. 7º 15º Évora
Título da Obra: Ruído branco. 5º 16º
AMANHÃ

14º Beja
Sines
BRIDGE SUDOKU 8º 16º
5º 15º

Dador: Este jogo na mão. Temos mais uma informa- Problema 1,5m
Vul: Ninguém ção importante: Este passou inicial-
mente e já mostrou 7 pontos (Ás e 9406 Sagres
Dama de espadas e o Valete de paus), Dificuldade: 9º 17º
Faro
NORTE por isso Este não poderá ter os dois 10º 18º
Ƅ K10 Reis que faltam, ou teria pontos sufi-
Fácil
16º
Ɔ Q1094 cientes para abrir. Com estes dados 1m
Ƈ AQJ como deveremos continuar?
ƅ AK86 Simples, jogamos uma copa para o Ás!
Açores
Porquê? Corvo
Pela razão de que Este não pode ter os Graciosa
Terceira
OESTE ESTE dois Reis, isto é, se o Rei de copas esti- Flores
Solução do S. Jorge 15º 19º
Ƅ J9742 Ƅ AQ85 ver em Este, teremos a certeza de que problema 9404 15º 18º
ƆK Ɔ 65 o Rei de ouros estará em Oeste, apro- 18º
Ƈ K83 19º Pico
Ƈ 1074 veitamos assim a hipótese suplemen-
ƅ Q532 ƅ J1097 tar de o Rei de copas estar seco em
Faial
2-2,5m
Oeste!
15º 20º
2-2,5m S. Miguel
Considere o seguinte leilão:
SUL 15º 20º
Oeste Norte Este Sul
Ƅ 63 Ponta
? 20º Delgada
Ɔ AJ8732
Em que abriria, caso estivesse não
Ƈ 9652 2-2,5m
ƅ4 vulnerável contra adversários vulne-
ráveis?
Madeira Sta Maria

Porto Santo
Ƅ42 Ɔ7 ƇJ1097 ƅAKJ987 Problema 15º 20º
Resposta: Abra em três paus. Não é 9407 21º
Oeste Norte Este Sul
passo passo possível abrir em dois paus (lembre-se Dificuldade:
que se trata de uma abertura forte). A Funchal
passo 1ƅ passo 1Ɔ
distribuição 6-4 nos naipes pobres e a
Difícil 2,5m
0,5-1m
passo 3ST1 passo 4Ɔ 21º 16º 21º
Todos passam qualidade do naipe de paus são boas
razões para poder abrir em barragem.
Sol Lua Quarto
Leilão: Equipas ou partida livre. 1. Para
Nascente 7h37 Crescente
este par, a voz de 3ST mostra uma mão
com 18-19 pontos e 4 cartas de apoio Poente 17h15 4 Dez. 6h58
no rico do parceiro. Solução do
problema 9405
Carteio: Saída: 2Ƅ. O adversário em Marés
Este faz o Ás e a Dama de espadas e
contra-ataca com o Valete de paus. Leixões Cascais Faro
Qual deverá ser a melhor forma de jo-
gar esta partida? Preia-mar 07h24 2,8 07h01 2,8 07h04 2,7
20h06 2,5 19h44 2,5 19h40 2,5
Solução: Mais uma vez, temos um jogo
em que o importante é colocar as figu- Baixa-mar
13h46 1,3 13h26 1,4 13h15 1,4
ras de modo a que nos seja possível ga- 02h01* 1,5 01h39* 1,6 01h25* 1,5
nhar.
Se um dos Reis, o de ouros ou o de co- João Fanha/Pedro Morbey Fonte: www.AccuWeather.com *de amanhã
pas, estiver bem colocado, teremos o (bridgepublico@gmail.com) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

Um Estio na Alemanha
Luiz Damas Mora
“Abel de Lima Salazar (1889-1946) é
uma Ægura ímpar da medicina
portuguesa, que atravessou a vida
impulsionado por um profundo
sentido de liberdade traduzido
numa quase constante rebeldia.
Histologista de prestígio
internacional, foi sobretudo a sua
personalidade aÆrmativa, brilhante
e multifacetada que deixou uma
marca inconfundível entre os
médicos de várias gerações. Além
de pintor de reconhecido talento,
estava a par das correntes
ÆlosóÆcas mais recentes, e
mostrou-se sempre atraído e
disponível para participar em
polémicas que traziam ao de cima
a sua cultura e a sua inteligência,
alicerçadas no estilo implacável e
contundente com que rebatia os
argumentos dos adversários”.
Este primeiro parágrafo do
capítulo Abel Salazar, um
inconformista, da obra Médicos e
Abel Salazar: escritor
António Pedro Pita
Abel Salazar desenvolveu
atividade de destaque na
reconÆguração do campo cultural
acelerada pela instauração da
república. Demarcando-se, por
vezes tempestuosamente, de
movimentações coletivas aÆns da
Renascença Portuguesa (Ægura
tutelar: Teixeira de Pascoaes) e
distinguindo-se igualmente de
todos aqueles que, como António
Sérgio, assentavam essa
renovação numa reforma das
10 de Dezembro mentalidades cuja matriz era o
Um Estio na Alemanha Abel pensamento ÆlosóÆco idealista,
Salazar Abel Salazar, genericamente
17 de Dezembro alinhado pelo cientismo
Contos Durienses João de positivista, fez decorrer todo o
Araújo Correia trabalho de um diagnóstico: “O
Sociedade — Para a história da
Medicina em Portugal coordenada
por Barros Veloso (Ed. By The Book,
2017) é uma síntese do que foi a vida
de um homem que, além de
professor universitário da
Faculdade de Medicina do Porto, foi
pintor, escultor, divulgador de
FilosoÆa da Ciência e escritor.
Esta última faceta é a menos
conhecida, e, no entanto, Abel
Salazar foi um escritor prolíÆco.
Basta dizer que, ao lado da sua
actividade cientíÆca que Æcou
registada em 116 trabalhos
publicados em revistas médicas
portuguesas, francesas, italianas,
alemãs e americanas, escreveu
sobre os mais diversos temas (A
Crise Europeia, A Falência da
Metafísica, A Propósito da
Vulgarização do círculo de Viena, A
Arquitectura de Paris, A Ciência e o
Direito, A Relatividade Restrita de
Einstein) num total de cerca de 500
ensaios.
Alguns deles foram coligidos em
livro, como é o caso de Um Estio na
Alemanha, que sai a lume em 1944,
reunindo 58 artigos publicados no
semanário O Trabalho entre Janeiro
de 1936 e Março de 1939.
A obra contém as suas impressões
pensamento e a ciência [estavam]
em Portugal, sob o ponto de vista
ÆlosóÆco, atrasados pelo menos
cinquenta anos”.
Para “trazer o país à consciência
intelectual do momento” era
necessário substituir o privilégio
do artístico-literário pelo rigor de
uma nova “cultura cientíÆca” —
embora o facto de só os novos
contributos cientíÆcos poderem
hegemonizar tal renovação não
signiÆcasse desvalorizar a emoção,
que, estando presente nas artes
com especial intensidade, “é a
origem comum de todas [as]
manifestações do sentimento
humano”. Ao que afeta sob a forma
da Emoção, Abel Salazar chamou
Mistério, que distinguiu de
Desconhecido. Enquanto este
pode tornar-se conhecido, o
Mistério permanecerá: é tudo o
que, “além de desconhecido, tem
qualquer coisa de singular, de
estranho, de inquietante e de
hipnotizante”.
Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 43
INICIATIVAS
de viagem não só de Berlim, mas,
também, de Madrid, Bruxelas e
Amesterdão, onde visita os museus
e discorre sobre os hábitos sociais
destes grandes burgos.
Num contraste — que se
subentende — com a vida paroquial
e quase monástica das cidades
portuguesas, A. Salazar Æca
enfeitiçado com a vida nocturna das
cidades alemãs, deixando-se
seduzir pela beleza das fräulein, que
descreve em termos sensuais tão
característicos da sua natureza
meridional, manifestada, de resto,
em toda a obra pictórica que nos
deixou.
Mas Abel Salazar não é um turista
acidental. Os seus ensaios de crítica
de arte não são uma avaliação
técnica ou meramente estética dos
pintores que disseca; transparecem
neles as facetas mais notáveis da
própria personalidade e a sua
capacidade de fazer uma análise
feroz e satírica das obras.
Sedento de liberdade,
impressiona-o à saída do Museu de
Kaiser-Friedrich o militarismo da
Alemanha (“Hoch! Deutschland über
alles!”), país que compara a um
grande quartel. Iconoclasta, detesta
Murillo (“um poeta para
Em 1915, concluiu com
brilhantismo o Curso na Escola
Médico-Cirúrgica do Porto que
frequentara contrariado. Ao
mesmo tempo que cultivava as
artes plásticas (caricatura,
desenho, óleo), prefere o trabalho
de investigador à carreira docente.
Na área de Histologia e
Embriologia, conquistou prestígio
no país e signiÆcativa irradiação
internacional; torna-se presença
frequente em c cientíÆcos um
pouco por toda a Europa.
Dessa intensa circulação, a que
pertence o exílio voluntário
durante o ano de 1934, nasceram
obras como Uma Primavera em
Itália (1934), Paris em 1934 (1938) e
Um Estio na Alemanha (1944): um
políptico de crónicas em que deve
relacionar-se com a ambição
teórica de A Crise da Europa (1942).
Um Estio na Alemanha (Coimbra:
Editorial Nobel, 1944) é a tardia
reunião em volume de artigos
dispersamente publicados desde
FOI RESPEITADA A OPÇÃO ORTOGRÁFICA DOS AUTORES
costureiras”; “uma espécie de
santeiro e nada mais”), e o sempre
admirado Goya (“um ilustrador de
reportagens rápidas”; “um
jornalista de processos sumários e
apressados”; “Goya não tem o
sentido da cor; não é um pintor”).
Mas, por outro lado, há pintores
que o deslumbram, como
Rembrandt, o qual, tendo, para si,
uma pintura feia e triste, que traduz
o aniquilamento do homem pelo
cristianismo e pelo seu deus (é um
pensamento obsessivo de A.
Salazar: “A metafísica não é boa
nem é má; simplesmente,não faz
sentido”), “fez uma das páginas
supremas da pintura — e a tal ponto
se elevou no poder da expressão
intensa que, a seu lado, Rubens
parece um falador prolixo e Miguel
Ângelo um atleta de feira”.
É também com entusiasmo que
escreve sobre Rafael, Velasquez, El
Greco, Vermeer, Terborch ou
Delacroix. Abel Salazar é um
apaixonado, e é muito curioso
veriÆcar como essa característica
transparece desta obra, em boa
hora editada pelo PÚBLICO em
parceria com a Ordem do Médicos.
Médico
1936. Apesar do título, também se
fala de Espanha, da Bélgica e da
Holanda, num arco temporal que
começou antes da I Guerra
Mundial (como o próprio texto
sinaliza) e se estendeu até aos anos
30 (devo a informação à Dr.ª Luísa
Garcia Fernandes e ao Dr. André
Azevedo, da Casa-Museu Abel
Salazar).
É um cientista atento ao detalhe,
ao movimento urbano, às mulheres
que passam, à velocidade e ao seu
reverso: a contemplação demorada,
que tem nos museus oportunidade
de intenso exercício qualiÆcado. De
tal modo que, nestas páginas
singulares e talvez inesperadas,
nem será tanto o reputado cientista
que aguarda o leitor,mas o cronista
que Æxa a Çuidez do mundo com a
destreza e a rapidez do croquis e o
escritor que não resiste à
imaginação Æccional provocada por
encontros e situações.
Professor catedrático
44 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019
DESPORTO
Loum decidido a não facilitar
aumenta pedalada do FC Porto
Golo do senegalês e “bicicleta” de Zé Luís mantiveram os “dragões” no rumo certo, numa noite em
que Aboubakar voltou a ser infeliz e Sérgio Oliveira regressou para enviar a última bola aos ferros
FC Porto
Loum 18’, Zé Luís 76’
Paços de Ferreira
Estádio do Dragão, no Porto
Espectadores 26.215
FC Porto Marchesín, Manafá, Pepe,
Marcano a52’, Alex Telles, Danilo a81’,
Loum, Otávio (Nakajima, 84’),
Corona (Sérgio Oliveira, 69’),
Marega, Aboubakar (Zé Luís, 38’).
Treinador Sérgio Conceição
Paços de Ferreira Ricardo Ribeiro,
Bruno Santos a60’, Marco Baixinho,
Maracás, Bruno Teles, Luiz Carlos,
Diaby a62’ (Reabciuk, 70’), Pedrinho,
Hélder Ferreira, Uilton a20’
(Murilo, 61’), Douglas Tanque (Diogo
Almeida, 65’). Treinador Pepa
Árbitro Tiago Martins (AF Lisboa)
Positivo/Negativo
Loum
O senegalês está apostado
em dificultar a vida a Uribe,
justificando a cada
oportunidade a confiança
de Conceição. Para além de
cumprir sem problemas a
missão, ao lado de Danilo,
ainda se estreou a marcar,
dando vantagem à equipa
na sequência de um canto.
Zé Luís
Quebrou longo jejum com
um golo acrobático,
evitando um final tremido.
Marchesín
Um par de intervenções a
garantir a serenidade e a
transmitir segurança aos
companheiros.
Aboubakar
Depois do “bis” decisivo na
Suíça, na Liga Europa,
surgiu moralizado no
Dragão. Mas nova lesão
impediu-o de prosseguir,
tendo sido substituído na
primeira parte.
2 Crónica de jogo
Augusto Bernardino
O FC Porto bateu o Paços de Ferreira
0
na 12.ª jornada (2-0), mantendo a
invencibilidade caseira em mais um
jogo em que não consentiu qualquer
golo no Estádio do Dragão, e repôs,
sem problemas, a diferença de dois
pontos para o líder BenÆca. Tudo
num jogo em que os pacenses, apesar
de algumas tentativas para desesta-
bilizar o adversário, nunca alimenta-
ram grandes ilusões de alcançar um
resultado positivo. Loum e Zé Luís
decidiram o jogo com um golo em
cada parte, havendo ainda a registar
dois remates aos postes do guardião
Ricardo Ribeiro.
Com uma única alteração — troca
de Mbemba por Manafá, para confe-
rir um pendor mais ofensivo na direi-
ta — relativamente ao último “onze”
utilizado frente ao Young Boys, o FC
Porto entrou mentalizado para um
jogo de paciência, fazendo uma boa
circulação de bola na expectativa de
aproveitar a mínima falha pacense.
Sérgio Conceição mantinha a dupla
de ataque Marega e Aboubakar, mas
Pepa apresentava um Paços de Fer-
reira com as linhas sempre muito
unidas, apostando na capacidade de
explosão de Tanque e Uilton para
explorar os espaços que os “azuis e
brancos” teriam de conceder.
Mas, mesmo sem criar grandes
ocasiões, o FC Porto haveria de resol-
ver o primeiro problema, marcando
por Loum na sequência de mais um
lance de bola parada. O senegalês
surgiu sem oposição a cabecear,
reduzindo os níveis de ansiedade
com um golo pouco depois do pri-
meiro quarto de hora de jogo.
Perante uma conjuntura desfavo-
rável, o Paços de Ferreira foi obrigado
a expandir-se, o que fez com proces-
sos simples, embora beneÆciando de
um ressalto no lance em que Marche-
sín foi obrigado a aplicar-se (27’) para
evitar o pior, num dos raros remates
da primeira parte, que Hélder Ferrei-
ra tentou colocar ao segundo poste.
O jogo presseguiria sem grandes ras-
gos até que Marega, num dos movi-
mentos que privilegia, atirou ao pos-
te da baliza pacense, após desvio
Aboubakar acabou por sair lesionado no final da primeira parte
REACÇÕES
“Marcámos num canto,
tivemos uma bola no poste
e controlámos sempre.
‘Matámos’ o jogo, mesmo
sem muitas ocasiões”
Sérgio Conceição
FC Porto
FERNANDO VELUDO/LUSA
subtil de Ricardo Ribeiro. Mas essa foi
a excepção numa noite em que o peri-
go surgia sempre associado a livres
ou cantos. Pedrinho dispôs de uma
boa ocasião para tentar o empate,
mas do livre frontal nada resultou.
O registo da segunda metade, já
com Zé Luís no lugar de Aboubakar,
não diferia muito. E foi preciso um
lance entre Diaby e Otávio, na área
dos “castores”, para agitar as banca-
das, que reclamavam um penálti...
que o VAR não assumiu, apesar do
contacto evidente do francês, a tocar
o rosto do brasileiro, impedindo-o de
prosseguir o lance.
Indiferente a polémicas, Loum
insistia e Æcava perto de bisar, obri-
gando Ricardo Ribeiro a voar para
travar um remate em arco. O guarda-
redes do Paços de Ferreira consegui-
ria apenas adiar a explosão portista,
negando o golo a Marega antes de Zé
Luís inventar um novo conceito de
pontapé-de-bicicleta, sempre com
Alex Telles nas assistências. O avan-
çado cabo-verdiano colocava um
ponto Ænal na discussão e no jejum
que o afastou dos golos ao longo de
oito partidas (76’).
Por essa altura já Sérgio Conceição
tinha sido forçado a substituir Coro-
na, que cedeu o lugar a Sérgio Olivei-
ra, um regresso à Liga após ausência
prolongada (lesionou-se na Liga dos
Campeões, com o Krasnodar, e
ensaiou o regresso na Taça e na equi-
pa B). O golo de Zé Luís — o sétimo na
Liga —, numa altura em que o Paços
de Ferreira se insinuava com alguma
insistência na área de Marchesín, aca-
bou por atenuar os efeitos da saída do
mexicano, mesmo numa noite menos
fulgurante do que o habitual de Coro-
na nos últimos compromissos.
Mais tranquilo, o FC Porto procu-
rava afastar o adversário das imedia-
ções da gande área, levando-o para
terrenos menos críticos, tendo a
entrada de Nakajima servido, em cer-
“Sabíamos que o FC Porto ta medida, para impor maior respei-
ia entrar forte, como to e travar algum ímpeto. Uma jogada
entrou. O golo podia que resultou em pleno, com Sérgio
Oliveira a assinar o último grande
ter-nos abalado, mas a momento, num cruzamento/remate
equipa manteve-se coesa” ao poste, o décimo dos “dragões” na
presente época.
Samuel Correia
Paços de Ferreira augusto.bernardino@publico.pt
 Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 45

DESPORTO
HUGO DELGADO/LUSA

CLASSIFICAÇÕES Bruno Lage e

I LIGA a “obrigação”
de ganhar ao
Jornada 12
Santa Clara-Boavista 1-2
Moreirense-Desp. Aves 3-2
Benfica-Marítimo
Portimonense-Famalicão
Tondela-Belenenses SAD
4-0
2-1
0-1
Sp. Covilhã
V. Setúbal-V. Guimarães 1-1
Gil Vicente-Sporting 3-1
Sp. Braga-Rio Ave 2-0
FC Porto-Paços de Ferreira 2-0

Futebol
1. Benfica
J V
12 11
E D
0 1
M-S
29-4 33
P
Nuno Sousa
2. FC Porto 12 10 1 1 24-5 31
3. Famalicão 12 7 3 2 24-18 24 Benfica disputa hoje a 2.ª
4. Sporting 12 6 2 4 19-15 20
5. Boavista 12 4 6 2 11-8 18 jornada da fase de grupos
6. Sp. Braga 12 5 3 4 16-15 18 da Taça da Liga. Depois
7. V. Guimarães 12 4 5 3 20-15 17
8. Gil Vicente 12 4 4 4 12-13 16 do empate com o Vitória,
9. Rio Ave 12 4 3 5 15-15 15 só um resultado interessa
10. Tondela 12 4 3 5 11-12 15
11. Moreirense 12 3 5 4 16-17 14
12. Belenenses SAD 12 4 2 6 9-18 14
O BenÆca é o primeiro dos “três”
13. Santa Clara 12 3 4 5 8-12 13 grandes a entrar em cena para acertar
14. V. Setúbal 12 2 7 3 4-8 13 calendário na Taça da Liga. Na 2.ª
15. Marítimo 12 2 5 5 12-21 11 jornada do Grupo B, o campeão
16. Portimonense 12 2 5 5 10-17 11
17. Paços de Ferreira 12 2 2 8 7-19 8
nacional procura alcançar, na Covilhã
18. Desp. Aves 12 1 0 11 14-29 3 (20h15), o primeiro triunfo na prova,
Próxima jornada Boavista-Benfica,
João Palhinha conduz a bola com Carlos Mané e Junio Rocha por perto depois do empate com o V. Guima-
Marítimo-Santa Clara, Famalicão-Tondela, rães. Mas os serranos partem em bus-

De cruzamentos e mau relvado

Desp. Aves-Sp. Braga, P. Ferreira-V. Setúbal, V. ca do mesmo objectivo, para pode-
Guimarães-Portimonense, Sporting-Moreirense,
Belenenses SAD-FC Porto, Rio Ave-Gil Vicente rem pensar no acesso à final four.
“Não conseguimos vencer o pri-

se fez o sorriso do Sp. Braga

II LIGA
meiro jogo e estamos todos em igual-
Jornada 11 dade pontual no grupo. Para este
Sp. Covilhã-Feirense 1-2
Farense-Desp. Chaves 1-0 jogo, temos a ambição e a obrigação
Vilafranquense-Académica 3-2 de vencer, fazer um bom jogo e mar-
Varzim-Penafiel 1-0
Estoril-Leixões 1-1
car golos”, enunciou Bruno Lage,
Casa Pia-Nacional 0-1 Com o forte “povoamento” da zona adoptar um modelo táctico teorica- técnico das “águias”, que aproveitou
Benfica B-Mafra
FC Porto B-Cova da Piedade
2-2
4-1
Crónica de jogo central, a equipa de Vila do Conde mente desconexo do sistema: espe- a ocasião para, em declarações à BTV,
Oliveirense-Ac. Viseu 22 Dez, 15h Diogo Cardoso Oliveira conseguiu suster quase todas as inves-
tidas do adversário em cruzamentos,
rava-se alguma predisposição para o
momento ofensivo, com o 4x4x2 pon-
desdramatizar o desconforto causado
pela expulsão de Gabriel, frente ao
J V E D M-S P
1. Farense 12 10 0 2 21-9 30 O Rio Ave fez uma má sobretudo de Sequeira e Diogo Viana. tiÆcado por Taremi e Bruno Moreira, Marítimo, no sábado.
2. Nacional 12 7 4 1 18-8 25 Até que a história mudou. Aos 41’, mas a equipa jogou, sobretudo, em “Temos de entender o jogador. É
3. Estoril 11 7 1 3 21-11 22
primeira parte, mas acabou Sequeira cruzou, o Rio Ave Æcou, pela transições. E pouco aproveitou o isto que o torna especial e muito
4. Leixões 11 6 3 2 18-13 21 por desperdiçar primeira vez, em igualdade numérica espaço deixado entre as linhas ofen- importante para a nossa equipa: a
5. Sp. Covilhã 11 6 2 3 17-11 20
6. Varzim 12 5 4 3 14-14 19
oportunidades, ficando a na área e Fransérgio amorteceu para siva e defensiva de um Sp. Braga a vencer por 4-0, disputa aquele lance
7. Desp. Chaves 11 6 0 5 16-14 18 dever a derrota a si próprio Paulinho fazer o quinto golo na Liga. pressionar alto, mas não em bloco. como se fosse o último, e, com um
8. Mafra 11 4 4 3 17-15 16 Da parte do Rio Ave assistiu-se a pou- A segunda parte foi mais equilibra- cartão amarelo, é expulso. É um joga-
9. Feirense 11 3 5 3 12-11 14
Num relvado indigno de um jogo de ca presença ofensiva, com a equipa a da, com um Rio Ave mais predisposto dor especial e que vive o jogo com
10. Penafiel 11 3 4 4 10-10 13
11. Vilafranquense 11 4 1 6 17-20 13
I Liga, o Sp. Braga subiu ao quinto a surgir na área adversária e com o Sp. esta intensidade. E, por isso, este é
12. FC Porto B 12 3 4 5 15-18 13 lugar da tabela, ontem, com um Braga visivelmente desgastado Æsica- um não assunto”, rematou.
13. Ac. Viseu 10 3 3 4 8-12 12 triunfo frente ao Rio Ave, por 2-0. A Sp. Braga 2 mente — houve jogo europeu a meio O treinador do BenÆca não conta-
14. Benfica B 11 3 3 5 9-16 12 Paulinho 41’, Ricardo Horta 80’
partida Æcou marcada por vários da semana. O Rio Ave acabou por ter rá, por isso, com Gabriel para o emba-
15. Académica 11 2 3 6 11-15 9
16. Oliveirense 10 2 2 6 10-15 8
erros técnicos dos jogadores, sobre- boas oportunidades, com destaque te desta noite, nem com André Almei-
tudo na recepção de bola, algo indis- para os 66’, momento em que Taremi da. O lateral sofreu uma lesão muscu-
17. Casa Pia 11 2 1 8 9-18 7 Rio Ave 0
18. Cova da Piedade 11 2 0 9 8-21 6 sociável do estado do relvado do recebeu com classe na esquerda, lar na face posterior da coxa esquerda,
Próxima jornada Penafiel-FC Porto B, Municipal de Braga, em más condi- puxou para dentro, e quando o golo no passado Æm-de-semana, e junta-se
Nacional-Farense, Cova Piedade-Vilafranquense, ções — será trocado em breve. parecia inevitável, o iraniano tornou- no boletim clínico a David Tavares,
Desp. Chaves-Oliveirense, Feirense-Benfica B,
Ressaltos e buracos à parte, os pri- Jogo no Estádio Municipal de Braga o evitável, rematando muito ao lado Rafa e Seforovic.
Académica-Casa Pia, Leixões-Ac. Viseu,
Mafra-Estoril, Varzim-Sp. Covilhã meiros 45 minutos Æcaram marcados — o relvado não terá ajudado. Pouco Indiferente aos problemas do
Sp. Braga Eduardo, Diogo Viana a88’,
por uma autêntica avalanche de cru- Bruno Viana, Pablo, Sequeira a74’, depois, Bruno Moreira desperdiçou adversário, Ricardo Soares mantém
MELHORES MARCADORES
zamentos. Foi essa a via escolhida Palhinha, Fransérgio, André Horta mais uma boa oportunidade, não total conÆança nas capacidades do
pelo Sp. Braga para chegar à área do (Galeno, 65’), Ricardo Horta, Wilson conseguindo Ænalizar um lance em seu plantel. O treinador do Sp. Covi-
Rio Ave e não foi apenas uma vez. Eduardo (João Novais, 81’), Paulinho que Eduardo já não estava na baliza. lhã, actual 5.º da II Liga, acredita que
(Rui Fonte, 60’). Treinador Sá Pinto
Nem duas. Nem cinco. Foram muitas E foi com o Rio Ave balanceado para jogar no Estádio Santos Pinto repre-
mais, nuns primeiros 45 minutos Rio Ave Kieszek, Junio Rocha a85’, o ataque que o recém-entrado Rui sentará uma ligeira vantagem, mas é
recheados de solicitações vindas dos Borevkovic, Aderlan Santos, Fonte isolou Ricardo Horta, com o na “plena motivação” dos jogadores
I Liga corredores laterais. E o motivo não Matheus Reis, Pedro Amaral (Joca, extremo a “matar” o jogo. que encontra o maior dos atributos.
9 golos Pizzi (Benfica) 60’), Vitó a14’(Gabrielzinho, 75’), Filipe
7 golos Vinícius (Benfica), Zé Luís (FC Porto) foi trivial. Foi, primeiro, porque é Em suma, o Rio Ave Æcou a dever a “Se estivermos num dia excelente e
Augusto, Carlos Mané, Taremi,
II Liga 9 golos Roberto (Estoril) uma via já habitual nos minhotos. E Bruno Moreira (Schutte, 82’). si próprio os pontos perdidos frente se o BenÆca não estiver num dia bom,
foi, em segundo lugar, porque o Rio Treinador Carlos Carvalhal a um Sp. Braga tranquilo, mas com poderemos fazer um bom resultado
Ave fechou bastante os laterais, con- alguma fortuna. e uma excelente exibição.”
Árbitro Nuno Almeida (AF Algarve)
vidando o Sp. Braga, dominador, a
apostar nos corredores. diogo.oliveira@publico.pt nsousa@publico.pt
46 • Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019
DESPORTO
Lionel “Messix” ficou com
a Bola de Ouro pela sexta vez
Argentino do Barcelona volta a ser o melhor jogador do ano para a France Football. CR7 Äcou em terceiro
lugar e não foi à cerimónia em Paris para ir a Milão receber o prémio de melhor da Série A em 2018-19
Futebol
Marco Vaza
Depois de três anos a ver outros
ganharem, Lionel Messi voltou
ontem a conquistar a Bola de Ouro,
prémio atribuído pela revista France
Football ao melhor futebolista do
ano. Foi a sexta vez que o craque
argentino do Barcelona conquistou
este galardão — a France Football
brincou com isso na capa da sua pró-
xima edição, “Messix” — e voltou a
isolar-se no topo da lista dos que
mais venceram a Bola de Ouro, dei-
xando Cristiano Ronaldo, com cinco,
para trás.
CR7 nem sequer marcou presença
na cerimónia realizada em Paris, o
que geralmente costuma ser um indi-
cador de que não iria ganhar, aca-
bando por ficar em terceiro na vota-
ção dos jornalistas, atrás de Messi e
do central holandês do Liverpool,
Virgil van Dijk, repetindo-se nestes
prémios o pódio dos “The Best” da
FIFA, de há pouco mais de um mês.
Não tendo sido um ano extraordi-
nário em termos de conquistas colec-
tivas — “apenas” um título de cam-
peão espanhol com o Barcelona,
entre falhanços na Champions com
os catalães, e na Copa América, com
a selecção argentina —, Messi teve
mais um ano de nível superior em
termos individuais, com um total de
46 golos e 17 assistências em 54 jogos
(em 2019), sendo que terminou a
época passada como o melhor mar-
cador da Liga espanhola (36 golos) e
da Champions (12). E estes números
acabaram por ser mais significativos
para o painel dos jornalistas escolhi-
dos pela publicação francesa do que
a Liga dos Campeões que Van Dijk
ganhou com o Liverpool, ou a Liga
das Nações (com a selecção portu-
guesa) e a Série A (com a Juventus)
que Ronaldo acrescentou ao seu cur-
rículo, em 2019.
Ronaldo não foi a Paris ver Messi
ultrapassá-lo, e preferiu fazer uma
viagem mais curta, até Milão, onde
recebeu o prémio de melhor jogador
da Série A italiana em 2018-19, na
gala que celebrou os melhores do
“calcio”. Para além de melhor joga-
dor, Ronaldo foi ainda eleito o
YOAN VALAT/EPA
Messi é agora o recordista isolado no palmarés da Bola de Ouro
melhor avançado a actuar em Itália
“Em todo este e integrou o melhor “onze” da Série
tempo nunca parei A, no qual também marcou presença
João Cancelo.
de sonhar e de Mesmo sem chegar ao prémio
crescer. Vai-se maior, Ronaldo continua no pódio
da votação promovida pela France
aproximando o Football pelo nono ano consecutivo.
momento da CR7 começou a receber votos em
2004 (foi 12.º) e chegou ao pódio
retirada, mas pela primeira vez em 2007 (segundo,
ainda me resta atrás de Kaká). Depois, só falhou um
dos três primeiros em 2010 (ocupado
muito tempo” por Messi, Iniesta e Xavi), com cinco
vitórias (2008, 2013, 2014, 2016 e
2017), seis segundos (2007, 2009,
A CLASSIFICAÇÃO FINAL
1. Lionel Messi (Barcelona/Argentina)
2. Virgil Van Dijk (Liverpool/Holanda)
3. Cristiano Ronaldo (Juventus/Portugal)
4. Sadio Mané (Liverpool/Senegal)
5. Mohamed Salah (Liverpool/Egipto)
6. Kylian Mbappé (PSG/França)
7. Alisson (Liverpool/Brasil)
8. Lewandowski (Bayern Munique/Polónia)
9. Bernardo Silva ((Man. City/Portugal)
10. Riyad Mahrez (Manchester City/Argélia)
11. Frenkie de Jong (Barcelona/Holanda)
12. Sterling (Manchester City/Inglaterra)
13. Eden Hazard (Real Madrid/Bélgica)
14. K. de Bruyne (Manchester City/Bélgica)
15. Mathijs de Ligt (Juventus/Holanda)
16. Kun Aguero (Manchester City/Argentina)
17. Roberto Firmino (Liverpool/Brasil)
18. Antoine Griezmann (Barcelona/França)
19. Alexander-Arnold (Liverpool/Inglaterra)
20. Pierre Aubameyang (Arsenal/Gabão)
20. Dusan Tadic (Ajax/Sérvia)
22. Son Heung-Min (Tottenham/Coreia)
23. Hugo Lloris (Tottenham/França)
24. Marc ter Stegen (Barcelona(Alemanha)
24. Kalidou Koulibaly (Nápoles/Senegal)
26. Karim Benzema (Real Madrid/França)
26. G. Wijnaldum (Liverpool/Holanda)
28. Donny van de Beek (Ajax/Holanda)
28. João Félix (Atlético Madrid/Portugal)
28. Marquinhos (PSG/Brasil)
2011, 2012, 2015 e 2018) e um terceiro
lugar (2019).
Na perspectiva portuguesa, a novi-
dade é a presença de Bernardo Silva
no top 10. O médio do Manchester
City foi o nono mais votado, repetin-
do a classificação em 2016 de Pepe,
o último português que não se cha-
ma Cristiano Ronaldo a ficar entre os
dez mais votados. Já João Félix, jul-
gado por um ano dividido entre Ben-
fica e Atlético Madrid, ficou em 28.º
na votação, empatado com o brasi-
leiro Marquinhos (PSG) e o holandês
Donny van de Beek (Ajax).
A sexta Bola de Ouro de Messi sur-
ge dez anos depois de a ter conquis-
tado pela primeira vez, em 2009 —
seguiram-se mais cinco, em 2010,
2011, 2012 e 2015. “Tinha 22 anos e
vim com os meus irmãos. Era qual-
quer coisa de impensável. Agora, é a
minha sexta Bola de Ouro. É comple-
tamente diferente, vim com a minha
família e os meus filhos”, disse o
argentino, após subir ao palco para
receber o prémio das mãos de Didier
Drogba. Messi falou, depois, de uma
inevitável retirada. “Em todo este
tempo nunca parei de sonhar e de
crescer. Quero ter mais anos para
continuar. Vai-se aproximando o
momento da retirada, mas ainda me
resta muito tempo. Passa tudo muito
depressa, mas quero aproveitar”,
disse ainda o argentino.
Durou apenas um ano a pausa na
divisão de prémios de melhor do
mundo entre Messi e Ronaldo. Luka
Modric tinha vencido em 2018 graças
à campanha croata no Mundial (vice-
campeão) e do Real Madrid na Cham-
pions (13.º título). Ainda se pensou
que Van Dijk, o comandante de um
grande Liverpool campeão europeu
e sério candidato à Premier League,
pudesse ser o primeiro defesa a
ganhar o prémio depois de Cannava-
ro (2006), mas acabou por ser o
segundo mais votado, enquanto
Modric nem sequer esteve entre os
30 nomeados.
“Foi um ano espectacular, mas há
um par de jogadores que não são
normais. É preciso respeitar a gran-
deza”, declarou o holandês. Ainda
assim, a votação Ænal espelha o ano
espectacular ano que os “reds” de
AnÆeld estão a ter. Tiveram sete
nomeados, com quatro deles a Ægu-
rarem entre os dez mais votados
—Van Dijk (2.º), Mané (4.º), Salah
(5.º) e Alisson (7.º).
Entre os outros prémios atribuídos
na capital francesa, a norte-america-
na Megan Rapinoe ganhou o galar-
dão de melhor jogadora de 2019. A
média norte-americana também já
tinha conquistado “The Best”, graças
a um ano em que foi a maior figura
da selecção dos EUA que se sagrou
campeã mundial em França e em
que se manteve como uma voz bem
activa pela igualdade de género no
futebol. Rapinoe não esteve presen-
te na cerimónia em Paris, mas dei-
xou uma mensagem a agradecer a
distinção da France Footbal.
Matthjis de Ligt, central da Juven-
tus, foi eleito o melhor jogador jovem
do ano (à frente de Jadon Sancho e
João Félix), Alisson Becker, do Liver-
pool, recebeu o prémio Yashin para
o melhor guarda-redes — Ter Stegen,
do Barcelona, e Ederson, do Man-
chester City, completaram o pódio.
mvaza@publico.pt

Breves
Futebol
Brescia despede
treinador contratado
há um mês
O Brescia anunciou ontem,
através do site oficial, o
despedimento do treinador
Fabio Grosso, que chegara ao
clube há um mês e que
abandona o cargo apenas com
três jogos pelo clube. O
técnico de 42 anos, que
representou a selecção
italiana por 48 vezes enquanto
jogador, somou três desaires,
encaixando dez golos sem que
o Brescia tivesse apontado um
único. Para ocupar a vaga
deixada por Fabio Grosso, a
direcção do clube decidiu
chamar o técnico que tinha
despedido no dia 3 de
Novembro, Eugenio Corini.
Último classificado da Série A,
com sete pontos em 13 jogos,
o Brescia venceu pela última
vez no dia 21 de Setembro.
Natação
Roma vai organizar
Europeu de desportos
aquáticos em 2022
A cidade de Roma vai acolher
os Campeonatos da Europa de
desportos aquáticos de 2022,
organizando o evento de 11 a
21 de Agosto, no Foro itálico. O
complexo já recebeu, em
2009, os Mundiais de natação,
e terá agora cerca de 1500
atletas e 52 países em várias
especialidades, da natação à
natação artística e saltos, com
a prova de águas abertas a ser
disputada em local a designar.
O destaque desta edição será
o primeiro Europeu de saltos
de grande altura, para o qual a
Liga Europeia de Natação está
a “avaliar a possibilidade de o
receber num local icónico de
Roma”, como o Coliseu, o
Vaticano ou o Castelo de
Sant’Angelo. A cidade romana
bateu os russos de Kazan e os
alemães de Munique na
corrida à organização.
O tribunal de Monsanto acolheu ontem a sétima sessão do julgamento
Coordenador de segurança
recorda dia do ataque:
“Não vão sair daqui vivos”
Sporting
Ricardo Gonçalves depôs
ontem em tribunal no caso
do ataque de Alcochete
e identificou os elementos
que comandavam o grupo
O antigo coordenador de segurança
e operações da Academia de Alcoche-
te relatou ontem, no tribunal de Mon-
santo, em Lisboa, que houve ameaças
de morte, agressões e injúrias a joga-
dores do Sporting durante o ataque
perpetrado ao centro de treinos do
clube, em Maio do ano passado. De
acordo com Ricardo Gonçalves, os
argentinos Acuña e Battaglia terão
sido os principais alvos dos adeptos.
Na sétima sessão do julgamento do
ataque à academia do Sporting, com
44 arguidos, o antigo responsável
pela segurança relatou que desconhe-
cia a “visita” deste grupo organizado
de adeptos. “Pela forma como se des-
locaram para a zona [do vestiário],
onde estavam o Acuña e o Battaglia,
pelo foco nesses dois, presumo que
fossem[os principais alvos]. Faziam
ameaças como: ‘Vou-te matar, não
vales nada, não jogas nada, não vão
sair daqui vivos’”, descreveu a teste-
munha, perante o colectivo de juízes,
sublinhando que viu o grupo a entrar
na academia. No trajecto até aos bal-
neários, garante que tentou demover
os arguidos de continuarem, mas
revela que foi ameaçado.
“Observei ainda os diversos ele-
mentos abordarem os jogadores,
empurrões, agressões, ameaças,
deÇagração de engenhos pirotécni-
cos. O preparador físico Mário Mon-
teiro foi atingido. Vi uma geleira a
voar pelo ar e um depósito de água.
Vi uma série de indivíduos a empurrá-
los e a ‘soqueá-los’ [aos jogadores],
um indivíduo a atingir com um cinto
o Misic [jogador] e confusão”, descre-
veu Ricardo Gonçalves.
O antigo coordenador de seguran-
ça apontou em tribunal, a pedido da
presidente do colectivo de juízes, Síl-
via Pires, os quatro elementos da
Juventude Leonina que seguiam à
frente do grupo de adeptos encapu-
zados que invadiu o espaço no dia 15
de Maio de 2018 e que se dirigiram a
Acuña e Battaglia, “que estavam
encostados num canto” do balneário:
Tiago Silva, Válter Semedo, Pavlo
Antonchuk e João Calisto Marque.
Quanto à agressão a Bas Dost, Ricardo
Gonçalves assegura que não a teste-
munhou, mas nota que o jogador
holandês estava já a sangrar da cabe-
ça. Durante a fuga, aÆrmou ainda ter
visto o treinador Jorge Jesus a “levar,
pelas costas, um soco”.
Ricardo Gonçalves indicou que foi
Público • Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019 • 47
TIAGO PETINGA/LUSA
o arguido Bruno Jacinto, à data dos
factos oÆcial de ligação aos adeptos,
quem lhe telefonou, pelas 16h55, a
dar conta de que “iam adeptos à aca-
demia”, sem precisar o número e o
que iriam lá fazer. O grupo chegaria
“dez a 12 minutos depois.
A testemunha explicou que, após
o contacto de Bruno Jacinto, telefo-
nou ao secretário técnico Vasco Fer-
nandes e que este iria contactar
André Geraldes, à data team manager
do Sporting. Nesse momento, voltou
a telefonar ao oÆcial de ligação aos
adeptos, que já lhe pareceu “um pou-
co mais nervoso”.
A testemunha assumiu ainda que
deu, em função da informação de que
dispunha no momento, a autorização
ao vigilante da academia para a entra-
da do BMW azul que serviu depois
para retirar este grupo de arguidos do
interior da academia. “Se fosse hoje,
não teria permitido a saída, que foi
errada. Mas, naquele momento, disse
que sim, pois tinha muita coisa em
mãos e só queria que saíssem dali”,
justiÆcou.
Dois dos advogados dos arguidos
apontaram “contradições” e “discre-
pâncias” no depoimento face às
declarações inicialmente prestadas à
GNR, tendo a juíza Sílvia Pires rejeita-
do um pedido de extracção de certi-
dão para uma investigação do Minis-
tério Público. Lusa
DESPORTO
Mundial de
49er arranca
com dois
portugueses
Vela
David Andrade
Jorge Lima e José Costa, que
já asseguraram uma vaga
olímpica para Portugal
na classe, deverão entrar
hoje em competição
Com uma vaga olímpica já assegurada
na classe 49er, Portugal está, a partir
de hoje, representado no Mundial da
categoria pela dupla de velejadores
Jorge Lima e José Costa, que encara a
competição na Nova Zelândia como
“um importante treino”. A competi-
rem em casa, os neozelandeses Peter
Burling e Blair Tuke, campeões mun-
diais na classe em 2013, 2014, 2015 e
2016, e vencedores do ouro olímpico
em 2016, são os grandes favoritos.
Após conseguirem um 12.º lugar em
2017, em Matosinhos, e a 9.ª posição
no ano seguinte em Aarhus, na Dina-
marca, Jorge Lima e José Costa enca-
ram a participação no Mundial de
Auckland como mais uma etapa na
preparação para os Jogos Olímpicos
de Tóquio, no próximo ano.
“Para eles, será um treino de prepa-
ração muito importante, que lhes
permitirá também estar entre a elite
da classe”, disse à agência Lusa Rui
Reis, coordenador do projecto olím-
pico e de alto rendimento da Federa-
ção Portuguesa de Vela (FPV).
A dupla formada por Jorge Lima e
José Costa já assegurou uma vaga
para Portugal nos Jogos de Tóquio e
deverá ser a escolhida para represen-
tar o país na competição que terá
lugar entre 24 de Julho e 9 de Agosto
do próximo ano.
Jorge Lima e José Costa, que já estão
em Auckland há mais de duas sema-
nas, deverão entrar em competição
hoje, para a primeira regata de apu-
ramento, estando a regata das meda-
lhas marcada para 8 de Dezembro.
Rui Reis explicou que os dois por-
tugueses “estão a trabalhar com um
treinador local” e alertou para as con-
dições excepcionais do espaço onde
decorrerá a competição. “É o primei-
ro Mundial na Nova Zelândia e vai
disputar-se num local um pouco dife-
rente do habitual e desconhecido
para todos. Será em águas internas,
numa baía, e não em mar aberto”,
explicou Rui Reis. com Lusa
dandrade@publico.pt
Terça-feira, 3 de Dezembro de 2019

BARTOON LUÍS AFONSO

O RESPEITINHO NÃO É BONITO

A minha carta para Greta Thunberg

JOHN G. MABANGLO/EPA
alarmista, e que um dia destes o ambiente. É uma crise de direitos
admitisses que o mundo — e o humanos, de justiça e de vontade
combate às alterações climáticas, já política. Sistemas de opressão
agora — é um pouco mais coloniais, racistas e patriarcais
complicado do que a forma como o criaram-na e alimentaram-na. Nós
retratas. Há uma diferença precisamos de os desmantelar a
João Miguel Tavares

C
ara Greta
Estás a ver aquela carta
que o ministro do Ambiente
de Portugal te escreveu?
Esquece. Não leias. O
engenheiro Matos
Fernandes até é um homem
simpático e com sentido de humor,
mas aquilo que ele fez com essa
carta foi o que quase todos os
adultos fazem quando estão ao pé
de ti: usar a tua popularidade para
se porem em bicos de pés, Ængindo
que sonham todas as noites com
calotas polares a derreter e que
acreditam mesmo que o mundo vai
acabar lá para 2050. Lamento,
Greta — eles não sonham, nem
acreditam. Estão mesmo só a
aproveitar-se de ti, para se sentirem
menos velhos e parecerem bué
sintonizados com as preocupações
da juventude.
Já no que me diz respeito, Greta,
podes estar descansada, que eu
não quero nada de ti. Minto: talvez
queira uma pequena coisa. Gostava
que fosses um pouco menos
signiÆcativa entre diminuir a
pegada ecológica e cortar um pé, e
temo que tenhas diÆculdade em
distinguir uma coisa da outra. Seria
magníÆco que conseguisses olhar
para o ser humano como mais uma
espécie animal que habita o
planeta Terra, e que por isso
também tem uma cultura e um
modo de vida a preservar. Deu uma
trabalheira desgraçada chegar até
aqui, e, sim, nos últimos 150 anos
os combustíveis fósseis ajudaram
bastante.
Conheces aquela frase muito
bonita que Isaac Newton escreveu
há 350 anos? “Se eu vi mais longe,
foi por estar em cima de ombros de
gigantes.” Esta ideia de nos
apoiarmos no legado de gente
extraordinária remete para uma
gratidão em relação ao nosso
passado, e aos sacrifícios que foram
feitos por milhões de homo sapiens
que nos precederam, até
atingirmos um nível de vida sem
paralelo na história da
humanidade. Aquilo que me
preocupa no teu discurso, nota
bem, não são as mais do que
todos.” Aquilo que as pessoas que
não concordam com o radicalismo
do teu discurso já tinham
percebido há algum tempo, é que
seria inevitavelmente aqui que as
tuas reivindicações iriam desaguar
— em vez de pacatamente
ambientais, furiosamente políticas.
Essa parte, desculpa, eu não
compro. As justiÆcações para as
alterações climáticas já não são
apenas os automóveis a gasóleo ou
as vacas com Çatulência — são os
tais “sistemas de opressão” que é
legítimas preocupações com o preciso, a todo o custo,
ambiente. Não posso estar mais de “desmantelar”. Ora, se não te
acordo contigo quanto dizes que importas, Greta, convém ter algum
não há um planeta B. Mas, para cuidado com aquilo que se
continuar com o planeta A, desmantela. Nunca, em tempo
Gostava que fosses um convém não regredir até um modo
de vida Z, porque nem todos têm o
algum, houve tão pouca violência
no mundo e tantas pessoas a viver
pouco menos alarmista, privilégio de navegar pelo planeta acima do limiar da pobreza. Tu, eu,
e que um dia destes em barcos de luxo — feitos, aliás,
numa magníÆca Æbra de carbono.
todos nós, temos uma sorte
imensa. Ser conservador no
admitisses que o mundo E é neste ponto que nós ambiente e revolucionário na
é um pouco mais discordamos profundamente. política é um cocktail explosivo.
Ainda há dias, escreveste um artigo Ainda és muito nova para o beber.
complicado do que a em conjunto com duas outras
forma como o retratas jovens activistas onde dizias isto: “A Jornalista
crise climática não é apenas sobre jmtavares@outlook.com

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