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CIÊNCIAS E HUMANIDADES
São Paulo
2018
GABRIELLA DESTRO BORGES
São Paulo
2018
GABRIELLA DESTRO BORGES
Data de aprovação: de de
BANCA EXAMINADORA:
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ARTES,
CIÊNCIAS E HUMANIDADES
São Paulo
2018
DEDICATÓRIA
Agradeço à minha mãe por nunca ter desistido de mim, enquanto eu já o fiz há um
bom tempo.
Bispo Catador
exemplo vivo de superação e empreendedorismo individual, meu mais novo ídolo;
Neli
o segundo grande motivo, após minha mãe, por eu ter continuado tentando finalizar este
trabalho e esta graduação.
Ednilson Viana
meu professor orientador, que me aconselhou sempre de forma calma e tranquila
durante o projeto, e que sem tal abordagem e paciência, eu provavelmente teria
abandonado o projeto no meio do caminho.
Andrea e Helene
eles sabem o porquê
“Life is only precious because it ends, kid.”
Rick Riordan
RESUMO
Among the new modalities of solid waste that emerged from the modernization and fast
obsolescence of information and technologies, increasingly present in the urban daily life,
there is the e-waste (WEEE). This is a waste with great potential for progress and an extended
life cycle, and for that to happen, not only specific processing technologies are needed, but a
good flow management. Brazil is one of the countries that most produces WEEE: in 2014, it
was responsible for the second largest production of this type of waste on the planet (WHO,
2015). The big issue about Electronic Waste is its inadequate disposal, as it contains heavy
metals and some toxic components causing environmental (pollution) and health problems
(GERBASE, 2012). On the other hand, in France, the legislation that articulates the flow of
the Electronics is fulfilled hence a great part of these residues retake their life cycle; already
in Brazil, the difficulties concerning the Reverse Logistics of WEEE are notorious for the very
low recycling rate of this type of material. In view of this scenario, this work aims to describe
the difference between the two streams of Electrical and Electronic Waste (Brazil vs France)
and to propose suggestions to improve WEEES management, based on French practices and
adapting to the Brazilian reality, considering the vulnerable element summed by the waste
pickers, who already are informally part of it, and must be officially inserted in the process.
The results indicate that Brazil has legally as much potential as France to establish a
sustainable flow of WEEE but for the legislation to be complied with, there are fundamental
efforts that must come from all the actors involved in the process.
Keywords: Urban Solid Waste, Electronic Waste, E-waste, Sustainable Management of Solid
Waste, Circular Economy, Reverse Logistics for Electrical and Electronic Equipment, Shared
Responsibility, Extended Responsibility.
RÉSUMÉ
Parmi les nouvelles modalités de traitement des déchets solides qui accompagnent la
modernisation et l'obsolescence rapide de l'information et des technologies, de plus en plus
présentes dans la vie urbaine figurent les déchets électro-électroniques (DEEE). Il s’agit d’un
résidu qui a un grand potentiel de progrès et prolongement de son cycle de vie; pour que ça
soit fait, il faut pas seulement avoir des technologies de traitement spécifiques, mais une
bonne gestion des flux de ces déchets. Le Brésil est l'un des pays qui plus produisent les
DEEEs: en 2014, il était responsable de la deuxième plus grande production de ce type de
déchet de la planète (OMS, 2015). Le problème majeur en ce qui concerne les déchets
électroniques est leur élimination inadéquate, car ceux-ci contiennent des métaux lourds et
certains composants toxiques qui causent des problèmes environnementaux (pollution) et
dans la santé humaine (GERBASE, 2012). D'autre part, en France, la législation qui articule
le flux de l'électronique est respectée, ce qui fait qu'une grande partie de ces résidus
reprennent leur cycle de vie; Déjà au Brésil, les difficultés concernant la logistique inverse des
DEEE sont connues pour le très faible taux de recyclage de ce type de matériel. Dans ce
scénario, l'objectif de ce travail était de décrire la différence entre les deux flux de déchets
électriques et électroniques (au Brésil contre en France) et de proposer des suggestions pour
améliorer la gestion de DEEES, sur la base des pratiques françaises et en train de s'adapter
à la réalité brésilienne, en considérant, principalement l’element vulnérable constitué par les
ramasseurs de déchets, qui font déjà partie informellement, mais doivent être officiellement
insérés dans ce processus. Les résultats indiquent que le Brésil a légalement autant de
potentiel que la France pour établir un flux durable des DEEEs, mais pour que la législation
soit respectée, des efforts fondamentaux doivent être fournis par tous les acteurs participants
dans le processus.
Mots-clés: déchets solides urbains, déchets électroniques, gestion durable des déchets
solides, économie circulaire, logistique inverse pour les D3E, responsabilité partagée,
responsabilité élargie
Sumário
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................11
2. OBJETIVOS.........................................................................................................13
3. REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................14
3.1 RESÍDUOS ELETROELETRÔNICOS.................................................................14
3.2 ECONOMIA CIRCULAR......................................................................................30
3.3 CRIMES, EXPORTAÇÃO E MERCADO INFORMAL DE REEEs......................35
4. METODOLOGIA..................................................................................................38
5. RESULTADOS.....................................................................................................41
5.1 O FLUXO DOS RESÍDUOS NA FRANÇA...........................................................41
5.1.1 CONTEXTO E LEGISLAÇÃO........................................................................41
5.1.2 ESTATÍSTICAS DA GERAÇÃO DE REEES .................................................55
5.1.3 RESPONSABILIDADE EXTENDIDA DO PRODUTOR.................................61
5.1.4 ESTUDO DE CASO E ENTREVISTAS (EMMAUS).......................................61
5.2 O FLUXO DE RESÍDUOS NO BRASIL...............................................................66
5.2.1 CONTEXTO E LEGISLAÇÃO........................................................................66
5.2.2 ESTATÍSTICAS DA GERAÇÃO DE REEES.................................................73
5.2.3 LOGÍSTICA REVERSA..................................................................................78
5.2.4 ESTUDO DE CASO E ENTREVISTAS (INSTITUTO GEA)...........................88
5.3 COMPARAÇÕES, ORIENTAÇÕES E SUGESTÕES..........................................95
5.4 CONCLUSÕES..................................................................................................108
REFERÊNCIAS........................................................................................................108
ANEXO A - FOLHETO DE COMPRA SOLIDÁRIA POR PREÇOS ACESSÍVEIS
PARA REEEs RECUPERADOS E CONSERTADOS..............................................117
ANEXO B – FOLHETO DE INSTRUÇÃO: ONDE SE INFORMAR PARA TRIAR OS
RESÍDUOS...............................................................................................................118
ANEXO C – FOLHETO EDUCATIVO DE TRIAGEM, O QUE SEPARAR E O QUE
PODE.......................................................................................................................119
ANEXO D – EMMAÜS VANNES, PARTE DA RÉCYCLERIE (RECICLARIA) - LOCAL
DE TRABALHO DE LUDOVIC................................................................................120
ANEXO E – DÉCHÈTERIE VANNES – JEAN FRANÇOIS RESPONSÁVEL PELA
ORGANIZAÇÃO DIÁRIA DO LOCAL.....................................................................121
1. INTRODUÇÃO
O acesso às reservas está cada vez mais difícil e caro (REUTER et al., 2013), portanto,
independentemente da consciência ambiental, as instituições e empresas devem considerar
a importância do reaproveitamento dos recursos sob perspectiva monetária: se a exploração
for mantida nas taxas atuais, ela ficará de mais em mais cara e este valor será repassado aos
produtos, o que deve trazer diversas organizações à falência. O reaproveitamento de recursos
não somente é benéfico para o meio ambiente (e, consequentemente, para a sociedade),
como também pode ser financeiramente vantajoso para as corporações envolvidas. Por isso
a sustentabilidade ambiental deve ser considerada como parte integrante do processo de
tomada de decisão estratégica das organizações (OLIVEIRA, 2016). Condutas
11
ambientalmente responsáveis são cobradas pelo mercado e pela sociedade, e as empresas
trabalham em soluções que atendam à esta demanda sem perder competitividade, e sem que
isto signifique prejuízo financeiro (ÁVILA, 2013). A geração e o descarte de resíduos estão
estritamente relacionados às questões de salubridade e conservação de recursos naturais
(MMA, 2016) devido ao potencial de contaminação que a exposição destes materiais traz, e
portanto, este tópico deve ser visto como essencial para a resolução de problemas de saúde
pública.
Os impactos globais dos RS (resíduos sólidos) estão cada vez mais evidentes, pois a
grande geração e disposição inadequada (além da falta de tratamento) destes, contribuem
fortemente para poluição do ar, inundações e impactos na saúde humana - incluindo doenças
respiratórias, diarreia etc – (WORLD BANK, 2012). Os componentes perigosos, tais como
óleos, metais pesados, líquidos de refrigeração e gases disseminados no solo, ar e água,
prejudicam os ecossistemas e indiretamente afetam a qualidade das colheitas e da água
potável (BISSCHOP, 2012).
Isso mostra que o tratamento inadequado do lixo eletrônico é uma ameaça atual e
futura tanto para a saúde humana e a ecologia, quanto para a economia e a política. É por
isso que os transportes ilegais de Resíduos Eletroeletrônicos foram identificados como uma
das principais formas de crime ambiental por parte da comunidade internacional. A descoberta
e a atenção da mídia para os locais de despejos de lixo tóxico nos países em desenvolvimento
durante os anos 80 e 90 levaram à adoção de marcos legislativos internacionais e Europeus
que regulam (e) os transportes de resíduos (BISSCHOP,2012).
2
Regulamentações através de leis federais, estaduais, municipais, normas nacionais e
internacionais, diretivas etc.
12
tecnologia tornam-se obsoletos, e o resultado são muitos resíduos eletrônicos descartados
(GROSSMAN, 2006; PUCKETT, et al., 2002 apud GIBBS, 2010)
Dentro dos Resíduos Sólidos, existem alguns resíduos especiais que por conta de
algumas características particulares, exigem procedimentos específicos para coleta,
tratamento e disposição, o que pode ocorrer por sua periculosidade e/ou volume (GÜNTHER,
2008 apud PEREIRA, 2018). Dentre esses resíduos, estão os Resíduos Eletroeletrônicos
(REEEs): uma categoria de resíduo urbano que surgiu com os avanços tecnológicos
paralelos ao fenômeno da globalização. A curta duração da vida útil desses aparelhos, ligada
ao rápido progresso técnico-científico que marca a modernidade, faz com que estes se
tornem rapidamente obsoletos. O que significa que a tendência deste resíduo é se avolumar
de mais em mais com o passar dos anos.
Para uma boa gestão de REEE, é necessário desenvolver produtos de concepção
ecológica, coletar, recuperar, reciclar e descartar os REEE por meio de métodos e técnicas
seguras, proibir a transferência de dispositivos eletrônicos usados para os países em
desenvolvimento, e aumentar a conscientização da sociedade sobre o impacto do REEE
(OLIVEIRA, 2016).
2. OBJETIVOS
13
3. REVISÃO DE LITERATURA
14
descartabilidade dos EEEs cresce, uma vez que estes caem em desuso por causa dessa
obsolescência programada34 (LI et al., 2013 apud OLIVEIRA, 2016).
No Brasil, o conceito detalhado de REEE mais empregado é o mesmo adotado na
legislação Europeia (SANTOS et al., 2014), são resíduos de equipamentos que são
dependentes de correntes elétricas ou de campos eletromagnéticos para funcionar
corretamente, bem como os equipamentos para geração, transferência e medição dessas
correntes e campos e, ainda, aqueles equipamentos projetados para uso com uma tensão
nominal não superior a 1.000 volts para corrente alternada e 1500 volts para corrente
contínua.” (UNIÃO EUROPEIA, 2003)
Os REEEs (Resíduos Eletroeletrônicos) representam a maior fonte de resíduos do
planeta (BABU; PARANDE; BASHA, 2007 apud OLIVEIRA, 2016) e exibem a maior taxa de
crescimento anual (SAVAGE, et al., 2006; HOGG et al., 2009; ILO, 2012; CUCCHIELLA et
al., 2015 apud OLIVEIRA, 2016). “Aquecedores, chaleiras, torradeiras, máquinas de lavar
pratos, ferros de passar ruopas, aspiradores de pó e batedeiras, antes manuais ou a gás,
deram lugar a equipamentos elétricos comprados e foram os primeiros produtos a serem
comprados em massa na Inglaterra, nos anos 1920” (ASSUMPÇÃO, 2017). Deste então,
novos produtos surgiram, incentivando o consumismo e contribuindo para o ciclo da
obsolescência e descarte em massa de REEEs (Resíduos Eletroeletrônicos) no mundo todo.
No Brasil, atualmente, mais de 1,5 milhão de tonelada de REEE está sem tratamento
para a recuperação de seus componentes (PSP, 2014 apud OLIVEIRA, 2016), além de ser
o 8° maior gerador de REEE do mundo (OLIVEIRA, 2016). Um relatório publicado pela UNI-
IAS5 chamado “eWaste in Latin America”, mostra que foram gerados, em 2014, cerca de 7kg
de REEE per capita no Brasil. E para o ano de 2018, projeta-se que serão aproximadamente
8,3kg por habitante (ABINEE, 2017).
Pesquisas indicam que o REEE é um dos poucos resíduos que continua crescendo
no mundo. Sua taxa de geração global anual é de 5% e estima-se que seu volume aumente
em até 500% em alguns países. (ABINEE, 2017). O aumento de 60% da extração de recursos
naturais nas últimas duas décadas, fomentou a escassez de alguns os principais metais que
compõem esses tipos de equipamentos, como o gálio, índio, ouro, prata, tungstênio, cobre,
3
Supõe o estabelecimento de uma data de morte do produto já no momento de sua
fabricação, como uma espécie de “Data de Validade” para os equipamentos EEEs (ASSUMPÇÃO,
2017).
4 “A obsolescência programada surge com a intenção de salvar a economia americana
que, depois da grande crise de 1929, assim como muitos mercados mundiais, tinha de um lado uma
grande capacidade industrial e de outro um povo sem poder de compra. Os estoques das lojas eram
grandes e era preciso aumentar o consumo, o ‘meio de acabar com o excesso de comida era produzir
comilões’ (PACKARD, 1965, p.27). Vender mais significava também gerar mais empregos, pois levaria
a um aumento maior da produção.” (ASSUMPÇÃO, 2017)
5 United Nations University – Institute for the Advanced Study of Sustainability
15
antimônio e estanho (ABINEE, 2017). Na Tabela 2, observa-se uma relação dos principais
metais utilizados na fabricação desses equipamentos, incluindo preços, aplicações, produção,
reservas mundiais e uma estimativa da disponibilidade dessas reservas (OLIVEIRA, 2016).
16
Agora, na Figura 1, pode-se observar o histórico de extração de recursos naturais
aproximadamente em cada década desde 1980:
Figura 1 - Taxa de Extração Mundial de recursos úteis na produção de EEE entre 1980 e 2020.
Fonte: OLIVEIRA (2016) adaptado de EMF (2013a).
É possível ver que a extração de recursos naturais de todos os tipos tende a aumentar,
e que todos os tipos de extração entre 190 e 2020 (projeção) praticamente dobram, com
exceção dos minérios metálicos, que quase triplica. Apesar de todos esses tipos de recursos
serem necessários de alguma maneira na fabricação dos Eletroeletrônicos, os recursos que
são mais usados na produção de equipamentos EEEs são os minérios metálicos, e é
exatamente a classe de recurso natural que está crescendo a uma taxa muito maior do que
as outras extrações. O impacto ambiental da exploração desses recursos é considerável:
grande quantidade de terra precisa ser extraída para encontrá-los, são gerados dióxido de
enxofre (SO2), CO2 e águas residuais, além de consumirem muita energia (SCHLUEP, 2009).
Ou seja, as perturbações causadas por esses recursos não impactam somente no descarte
incorreto (gerando poluição e contaminação) mas sim em todo o processo, desde a extração
dos mesmos. Por este motivo, estes devem ser poupados ao máximo, e devem predominar
esforços conjuntos de todos os setores da sociedade e do mercado em direção ao seu uso
sustentável.
O Brasil produz 183 mil toneladas por dia de Resíduos Sólidos Urbanos e 50% dos
municípios dispõem em lixões a céu aberto. Atuam hoje 34 mil catadores. E o índice de
reciclagem de resíduos secos é de somente 13% (MMA, 2010 apud ARAUJO, 2013). No
país há, atualmente, cerca de 250 milhões de celulares em operação, ocupando o 6° lugar
no mercado mundial de celulares, e o 10° lugar no mercado mundial de computadores
pessoais (ABINEE, 2017). De 2003 a 2010, a produção anual de computadores no Brasil
aumentou em 337%, passando de 3,2 milhões para 14 milhões de unidades ao ano
(ABINEE, 2012, apud OLIVEIRA, 2016).
17
Tabela 3 - Histórico e perspectiva da indústria de eletroeletrônicos no Brasil.
No mais, os recursos que são reciclados através da Economia Circular é apenas uma
parte dos recursos realmente utilizados e desperdiçados na produção dos EEEs. A quantidade
total de recursos consumidos ao longo de todas as fases do ciclo de vida de um produto
recebe o nome de Carga Ecológica, ou Mochila Ecológica (STEP, 2015). Um conceito similar
ao da pegada ecológica6. Dessa forma, toda tentativa de reduzir a mochila ecológica é
favorável do ponto de vista ambiental. Isto pode ser feito fechando ciclos e assegurando cerca
de 100% da taxa de reciclagem ou, pelo menos, prolongando o tempo de vida dos
6
“A Pegada Ecológica de um país, de uma cidade ou de uma pessoa, corresponde ao tamanho
das áreas produtivas de terra e de mar, necessárias para gerar produtos, bens e serviços que
sustentam seus estilos de vida. Em outras palavras, trata-se de traduzir, em hectares (ha), a extensão
de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza”, em média, para se sustentar” (WWF,
2018).
18
componentes ou do produto completo, e/ou também através da reutilização. A mochila/carga
ecológica é muito pesada para a maioria dos EEEs, geralmente com um peso muito acima da
massa real de um produto (STEP, 2015). A Mochila Ecológica de um telefone móvel (celular)
padrão é marcante: apesar do produto pesar apenas 80g, sua Mochila Ecológica totaliza
aproximadamente 44,4 kg de recursos empregues em sua produção: na extração são
utilizados 28,6 kg de matéria-prima, na utilização 9,8 kg, na produção 6 kg e na disposição
final 0,1 kg.
Apesar de toda essa geração, o Brasil recicla menos de 1% dos REEEs (ELIAS-
TROSTMANN, 2012 apud OLIVEIRA 2016). Somente em 2016, 44,7 milhões de toneladas de
lixo eletrônico foram geradas no mundo, das quais, 435 mil toneladas foram telefones
celulares, representando mais do que a massa do Empire State Building. Apenas 20% do lixo
eletrônico é documentado para ser coletado e reciclado sob condições adequadas, enquanto
os 80% restantes descartados com sucata ou são lançados no fluxo de resíduos residuais,
sendo comercializados ou tratados em condições abaixo do padrão (EMF, 2018). Em 2008,
foram vendidos 3 bilhões de EEE (Equipamentos Eletroeletrônicos) no planeta; em 2015,
essas vendas chegaram a 3,8 bilhões (OLIVEIRA, 2016). “Estima-se que os REEE
descartados no mundo, apenas no ano de 2014, contenham cerca de 16,5 milhões de
toneladas de aço, 1,9 milhão de tonelada de cobre, 300 toneladas de ouro e quantidades
significativas de prata, alumínio, paládio, entre outros recursos reutilizáveis, com um valor total
estimado em US$ 52 bilhões” (BALDÉ et al., 2015 apud OLIVEIRA, 2016).
20
21
Figura 2 - Substâncias presentes nos REEEs e seus impactos na saúde humana.
Fonte: OLIVEIRA (2016) adaptado de ILO (2012).
22
Figura 3 - Composição típica dos REEEs. Fonte: OLIVEIRA (2016)
Também deve ser considerado o fato de que a migração de produtos antigos para os
novos significa componentes e substâncias que antes estavam presentes, e agora não mais;
e componentes que antes não estavam presentes, mas agora estão. E as tecnologias e
sistemas de processamento desse material devem abranger ambas as situações. Na Tabela
4 constam algumas substâncias e exemplos de produtos nos quais elas estão presentes:
Tabela 4 - Substâncias Perigosas e presença em produtos.
23
Alguns dos impactos mais relevantes envolvidos em diferentes etapas do ciclo de vida7
dos Equipamentos Eletroeletrônicos:
• Produção - tem migrado para regiões com um menor controle sobre segurança e
saúde dos trabalhadores (SMITH et al., 2006 apud ARAÚJO, 2013).
As atuais práticas de descarte significam que grande parte da energia, dos recursos e
do valor incorporado nos produtos eletrônicos é perdida (EMF, 2018). No caso de alguns
metais, como paládio e cobalto, a indústria dos telefones móveis por si só consome mais que
10% da produção anual global (STEP, 2015). Cada categoria de EEEs tem sua particularidade
em relação aos materiais e substâncias presentes em sua composição. A adoção de novos
modelos de negócio é uma necessidade já que o aumento de 60% da extração de recursos
naturais nas últimas duas décadas, reflete-se na escassez de metais que compõem esses
7
O ciclo de vida de um produto se refere a todo o período de vida do produto, que está muito
além da entrega ao cliente. Os produtos podem se tornar obsoletos com o tempo, danificarem, ou não
funcionarem de acordo com suas características e nesses casos surge a necessidade do envio ou
retorno ao fabricante, para serem devidamente descartados, reaproveitados ou reparados (LACERDA,
2009 apud ROSA, 2016).
24
tipos de equipamentos, como o gálio, índio, ouro, prata, tungstênio, cobre, antimônio e
estanho (ABINEE, 2017). Essa escassez é traduzida no aumento do preço dos recursos, como
por exemplo alguns metais como índio, estanho, prata, cobre, cobalto e ouro que tiveram seus
valores de mercado acrescidos entre 91 e 368% (MANHART, 2011 apud OLIVEIRA, 2016).
26
Com isso, é possível observar também uma discrepância nos procedimentos mais
frequentes na reciclagem do Resíduo Eletroeletrônico entre países mais desenvolvidos vs em
desenvolvimento, o que contribui para ideia de que há uma incompatibilidade dos níveis de
educação e instrução da população que efetua o manuseio desses resíduos, e isto acontece
por motivos diversos. Essa disparidade de método também significa uma disparidade nos
riscos associados. Na tabela 5 ,apresentada por FERREIRA (2014), constatam-se algumas
dessas relações do manuseio e reciclagem entre países desenvolvidos e países em
desenvolvimento:
Tabela 5 - Comparação dos cenários de manejo de REEEs e seus riscos associados em países
Desenvolvidos vs países em Desenvolvimento.
27
Fonte: FERREIRA (2014), adaptado de Tsydenova e Bengtsson (2010).
28
Na situação brasileira antes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a cadeia é bem
curta, composta somente pelo gestor de limpeza urbana que coleta os REEE juntamente com
os resíduos domiciliares comuns e os destina aos aterros municipais, e, eventualmente às
recicladoras de metais. Porém, há a presença de um mercado de reuso, assim como
evidências de alguma atuação de catadores e cooperativas na coleta de REEE (ARAUJO,
2013), mas este mercado é informal e, portanto, difícil de monitorar e quantificar.
Surge então a chamada mineração urbana (urban mining), que nada mais é do que a
extração de metais a partir de outros materiais e equipamentos que já estão no mercado
urbano, como, por exemplo, os próprios REEEs (PROSUM, 2018 apud PEREIRA, 2018).
Oportunidades significativas existem na transição entre este “fazer, usar e jogar fora” (modelo
linear) para um modelo baseado nos princípios de uma Economia Circular. Uma Economia
Circular é uma abordagem que implica em dissociar gradualmente as atividades econômicas
que envolvem o consumo de recursos finitos, e a projetação desses resíduos para fora do
sistema. (EMF, 2018). Centros de inovação e de excelência ainda não foram estabelecidos
devido à falta de conhecimento básico sobre reciclagem de lixo eletrônico em economias
emergentes (SCHLUEP, 2009).
A Economia Circular surge da compreensão de que pode ser economicamente
vantajoso reutilizar e reciclar recursos o máximo de vezes possível, contrapondo-se à
economia linear, que, tradicionalmente extrai recursos naturais, produz, utiliza o produto e
encaminha o resíduo para disposição final (KARASKI et al., 2018 apud PEREIRA, 2018). A
Economia Circular pode ser categorizada em três níveis de aplicação: I. micro – de empresa
ou individual, II. meso – de parque industrial ou ecoindustrial e III. macro – de eco-cidade
(GENG et al., 2011 apud ARAÚJO, 2017). Dentro do nível de aplicação macro, que promove
atividades de produção e consumo sustentáveis e visa criar uma sociedade orientada para a
Economia Circular (GENG et al., 2011 apud ARAÚJO, 2017), podemos citar políticas e ações
como a PNRS (Política Nacional dos Resíduos Sólidos) e outras normas e legislações
brasileiras que estabelecem providências como a Logística Reversa para alguns resíduos; e
as Diretivas e protocolos Europeus que também dissertam sobre sistemas de Economia
Circular que contribuem para os processos sustentáveis de recuperação de resíduos (sejam
estes eletrônicos ou não).
O desenvolvimento da Logística Reversa torna-se fundamental por fatores como
necessidade de redução de custos internos das organizações, desenvolvimento sustentável,
ciclos de vida útil dos produtos cada vez mais reduzido, exigências legais (cumprimento às
legislações vigentes), e até mesmo conscientização ambiental dos consumidores
(FONSCECA et. al.; 2013 apud ROSA, 2016). “A partir dos anos 2000, a UE estabeleceu uma
série de diretivas sobre esse tema, sendo sua experiência de sucesso considerada
atualmente, como referência na formulação e implementação de políticas para o avanço da
29
gestão de REEEs“ (PEREIRA, 2018). O Brasil surge com esforços em direção à Logística
Reversa de EEE através de leis e normas desde meados de 2005.
Porém, apesar de toda a legislação vigente detalhada e cautelosa na Europa, apenas
cerca de 37% dos REEEs gerados na UE são coletados e contabilizados de acordo com as
Diretivas, enquanto a maior parte é descartada juntamente aos RSU, exportada para países
em desenvolvimento ou informalmente reciclada (BALDÉ et al., 2017 apud PEREIRA, 2018).
Em termos de política e legislação, as principais barreiras provêm da falta de quadros legais
específicos, baixa prioridade a nível nacional neste tema, legislações inconsistentes
existentes e implementação descoordenada da lei (SCHLUEP, 2009) . No nível de tecnologias
e competências, as barreiras acorrem principalmente da falta de padrões de EHS, da forte
influência do setor informal, falta de infraestruturas de triagem, atividades de coleta seletiva,
bem como baixa qualificação e falta de conscientização. Outras barreiras para as empresas,
negócios e finanças incluem a responsabilidade limitada das indústrias, altos custos de
logística, possível exploração de trabalhadores orientes de comunidades desfavorecidas,
crime e corrupção, bem como as falsas expectativas dos consumidores (SCHLUEP, 2009).
Este cenário leva ao questionamento em relação ao prazo necessário pra que esse tipo de
regulação seja efetivo em países que já possuem um histórico ineficiente de aplicação de
normas, como é o caso do Brasil. Pois, uma vez que a Europa, usualmente notada pela prática
sistemática da legislação, possui este baixo índice de registro do final do fluxo de REEEs (o
que impede de obter dados que permitam a melhoria e adaptação das normas vigentes),
quanto tempo seria necessário então pra que a UE consiga prosperar neste índice? E qual
seria então o prazo para os países em desenvolvimento que possuem fraco histórico de
cumprimento de protocolos, como o Brasil?
31
No caso dos produtos eletroeletrônicos, a destinação ambientalmente adequada após sua
vida útil, permite a redução do resíduo descartado incorretamente e viabiliza a recuperação
de materiais – que faz parte dos propósitos da Economia Circular – fechando assim o ciclo
econômico, retirando o resíduo de seu túmulo (locais de descarte) e o levando novamente ao
seu berço (fábrica) (ABINEE, 2017).
O Brasil é um país com potencial para adequar a prática da Economia Circular à gestão
dos Resíduos Eletroeletrônicos (ELIAS-TROSTMANN, 2012 apud OLIVEIRA, 2016). Com
isso surgem as normas de Logística Reversa em diversas esferas jurídicas brasileiras.
Com a implantação dos SLR (Sistemas De Logística Reversa), ocorre a redução das
despesas com os serviços de coleta, transporte e destinação dos Resíduos Sólidos Urbanos,
que são custeados pelos municípios (COUTO, 2017).
Figura 5 - Diferença entre os Fluxos da Economia Linear e Economia Circular. Fonte: SAUVÉ, BERNARD
e SLOAN (2016) apud ARAÚJO (2017).
Uma das chaves da Economia Circular é repensar o desenho dos produtos, ou seja,
trabalhar na constituição ou formato que possibilite com que aquele material retome seu ciclo
de vida (RMAI, 2018). Isso pode ser visto na Figura 5, onde o dejeto final (representado pelas
nuvens indicadas por setas pontilhadas) é sempre menor no ciclo da Economia Circular (lado
direito), pois o que se tornaria resíduo, passa novamente pelo reaproveitamento
(representado pelo símbolo da reciclagem) após cada etapa do ciclo de vida do material.
Portanto, um mesmo material pode perfazer este circuito muitas vezes, e só eventualmente,
quando não possuir mais potencial de serventia como matéria-prima nem componente
secundário, se tornar um resíduo. “As soluções baseadas em tecnologias de ponta e novos
aplicações permitem uma recuperação dos resíduos com excelência, o que aumenta a
qualidade e a quantidade dos resíduos recuperados” (RMAI, 2018).
Estima-se que, na União Europeia, mais da metade dos REEE são tratados de forma
inadequada e exportados ilegalmente (MUDGAL, 2013 apud OLIVEIRA, 2016). Isso pode
contribuir para a inautenticidade dos dados relativos ao índice de reciclagem do bloco
Europeu, uma vez que o total considerado é enganoso, enquanto o restante fora enviado para
regiões menos afluentes do mundo (BISSCHOP, 2012). Como consequência de
regulamentações mais rigorosas sobre os resíduos, os preços da gestão de resíduos
aumentaram nos países industrializados, o que tornou os resíduos uma commodity do
mercado global. Exportá-los é uma maneira de externalizar os danos e criar uma distância
entre produtores e consumidores, por um lado, e aqueles afetados pelo despejo ou reciclagem
dos produtos, por outro (BISSCHOP, 2012).
“Além dos dados de produção formal são necessários dados de produção informal,
como por exemplo, montagem de desktops por pequenas oficinas caseiras, assim como
dados de importação legal e ilegal (mercado cinza). Se a obtenção de dados de produção dos
35
equipamentos já é difícil, a estimativa da quantidade desses produtos que são descartados
pelo consumidor, ou seja, a geração de resíduos eletroeletrônicos é mais complexa ainda”
(ARAÚJO, 2013). Medir o crime ambiental é complexo e é difícil de avaliar. Transportes ilegais
de REEE não são exceção. Este é um fenômeno sobre o qual há poucos dados oficiais,
apesar da questão dos resíduos estar no mercado internacional (BISSCHOP, 2012).
9
As Convenções de Basiléia9, Rotterdam e Estocolmo9 fornecem a vanguarda dos esforços
globais no rastreamento e gerenciamento de resíduos perigosos e produtos químicos, juntamente com
outras iniciativas, como a Iniciativa da Resolução da Problema de Resíduos Eletroeletrônicos - UN
Solving the E-waste Problem (StEP) sobre resíduos eletrônicos (RUCEVSKA, 2015).
36
(Hicks et al., 2005), onde os tubos de raios catódicos (TRCs) quebrados eram jogados em
terreno aberto após a remoção dos jugos (BAN e SVTC, 2002 apud FERREIRA, 2014).
37
lembrar que nem sempre os incentivos econômicos são possíveis, e por este motivo, é preciso
recorrer a outras estratégias, como: (i) incentivos fiscais e desburocratização de processos,
que estimulam o Ecodesign, Acordos Setoriais, criação de cooperativas etc; (ii) fiscalização
rigorosa dos cumprimentos legais ambientais; (iii) promoção da consciência ambiental, tanto
da população geral quanto das empresas e organizações etc.
4. METODOLOGIA
A ideia inicial deste trabalho era realizar uma comparação entre o fluxo de
Eletroeletrônicos em uma cidade francesa, chamada Vannes; e em uma cidade brasileira,
Jacareí; ambas com o mesmo porte populacional e reconhecidas por uma boa gestão de
resíduos sólidos. Devido à dificuldade de estabelecer contato com a prefeitura de Jacareí, à
escassez de alguns dados e contradição de outros, a análise tornou-se inviável e por isso o
produto deste estudo está agora voltado à uma aplicação, e não uma comparação.
A consolidação deste trabalho não responde à uma pergunta de pesquisa, mas sim,
suscita algumas sugestões para aprimorar o gerenciamento dos Resíduos Eletroeletrônicos
no Brasil, valendo-se de um estudo de caso na França, e adaptando esta execução para a
realidade brasileira, trivialmente em relação aos catadores/recicladores individuais, categoria
que prevalece dominante no público associado a este tipo de atividade nos países em
desenvolvimento.
O desenvolvimento deste trabalho deu-se em um conjunto de etapas consecutivas
baseadas nos objetivos específicos, tais como:
4.1 Identificação o fluxo dos Resíduos Sólidos Eletrônicos na França, com base
no aspecto legal e em um projeto de inserção social (Emmaüs) em que um dos focos
são os REEEs
38
- sites de cooperativas, empresas de reciclagem e associações relacionadas (Ecologic,
Eco-systèmes, Recylum)
- revistas e periodicos cientificos (Web of Science, Scopus, Springer, Research Gate,
Revista Science, Google Acadêmico etc)
- sites com as legislações vigentes (Comissão Europeia, Legisfrance, EUX-lex)
- pesquisas gerais nos buscadores comuns (Google, Duckduckgo etc) utilizando
palavras-chaves como:
Équipements Électriques et Électroniques
Déchets d'Équipements Électriques et Électroniques
DEEE/D3E
Écoconception
Réglementation Française des Déchets
Cadre Réglementaire Européen des Déchets
Em suma: a matéria de Resíduos Sólidos Eletroeletrônicos é contextualizada na
jurisdição e prática francesas; alguns números relevantes do histórico de cumprimento
dessas legislações observado no país e os atores envolvidos no processo, e; um estudo de
caso, sobre a organização solidária Emmaüs, especificamente a unidade de Vannes, na
região da Bretanha. Em campo, foi feita uma entrevista com Erwan Uguen - responsável
pelos resíduos sólidos urbanos de Vannes; Jean François – responsável pela Déchèterie de
Vannes; e Ludovic - técnico que conserta os REEEs da casa Emmaüs da cidade. Caracteriza-
se então a práxis francesa em cada etapa do fluxo dos REEEs. As entrevistas não possuem
um questionário pré-definido, pois as perguntas seguiram a direção natural da conversa
(abordagens diferentes e respeitando o conhecimento de cada um dos entrevistados, que
pertencem a diferentes esferas da sociedade). Porém, em todas as entrevistas, buscou-se
confirmar a validade das informações teóricas que estão nos relatórios e na legislação sobre
o fluxo de resíduos (as normas são realmente praticadas? E quais são as lacunas?).
39
e o catador Bispo, que participou das capacitações feitas pelo Instituto e agora tem sua renda
focada exatamente nos Resíduos Eletroeletrônicos.
As informações do panorama são dados secundários retirados de fontes como:
- sites de ONGs e organizações ambientais mundiais (ONU, UNEP, STEP, EMF,
WORLD BANK, OMS etc)
- bancos de dados de teses, artigos e dissertações de Universidades (SIBI, Dedalus)
- sites e documentos de Ministérios Governamentais (Ministério do Meio Ambiente,
Governo do Brasil)
- sites de legislação e notícias do Governo (Planalto do Governo, Governo do Brasil)
- sites de cooperativas, empresas de reciclagem e associações relacionadas (ABINEE,
ABDI, CEMPRE, ABRELPE etc)
- revistas e periodicos cientificos (Web of Science, Scopus, Springer, Research Gate,
Revista Science, Google Acadêmico etc)
E as palavras-chaves utilizadas foram:
Equipamentos Elétricos e Eletrônicos
Resíduos Eletroeletrônicos
Ecodesign
Ciclo de Vida
REEE
Sustentabilidade de REEEs
Resíduos Sólidos
Logística Reversa de EEE
Economia Circular
40
5. RESULTADOS
A Europa possui a segunda maior geração de REEEs do mundo, responsável por 28%
da produção de resíduos eletroeletrônicos, atrás apenas da Ásia (STEP, 2015), mas
observando essa geração per capita, o continente Europeu figura no topo, tendo gerado uma
média de 15,6 kg/hab em 2014 (STEP, 2015). Essa estatística induz à conclusão de que,
para ser de fato a maior produtora de REEEs, bastaria que a população Europeia fosse tão
grande quanto a Asiática.
Este preocupante cenário levou o bloco a adotar algumas medidas específicas em
relação aos resíduos eletroeletrônicos, de forma semelhante ao que foi feito para a
problemática dos resíduos sólidos urbanos em geral há alguns anos. A primeira Diretiva
Europeia que trata sobre Resíduos Sólidos é a 75/442/EEC de 1975, que legisla sobre
prevenção e redução da geração de resíduos (OLIVEIRA, 2016). Com isso, surgem algumas
leis Europeias que mencionam os REEEs (ou que são válidas nominalmente para os REEEs,
i.e. cita-os).
“As primeiras discussões sobre a regulamentação destes resíduos
iniciaram-se na União Europeia em 1998, e em 27 de janeiro de 2003
aprovaram duas importantes regulamentações. A Diretiva 2002/95/CE
(Restriction on use of Certain Hazardous Substantes in Electrical and
Electronic Equipment), conhecida como Diretiva ROHS, a qual determina
que a partir de 2006 os produtores de EEE não ultrapassassem os limites
41
especificados para várias substâncias consideradas perigosas, como
mercúrio, chumbo, cádmio, cromo hexavalente, bifenóis polibromados
(PBB), e éteres difenílicos polibromados (PBDEs), e a Diretiva 2002/96/CE,
conhecida como Diretiva dos REEE, que tem como principal objetivo
prevenir a geração de REEE e também contribuir para a reutilização,
reciclagem e outras formas de valorização dos resíduos.”
(FERREIRA, 2014)
As regulações jurídicas na União Europeia são feitas com diferentes tipos de atos
legislativos, e possuem as seguintes validades:
Regulamentos (neste trabalho também tratado por norma) - ato legislativo
vinculativo, aplicável em todos os seus elementos em todos os países da EU; Diretivas – ato
legislativo que fixa objetivos gerais, também aplicável em todos os seus elementos em todos
os países da EU. Estabelece metas e cada país deve criar sua própria legislação de forma a
atingir os objetivos e as metas das Diretivas; Decisões – ato legislativo que decide algum
procedimento, e é aplicável somente ao destinatário que se cita na decisão (pode ser apenas
para um país ou mesmo uma empresa); Recomendações – ato legislativo não-vinculativo,
ou seja, não tem consequência jurídica, é apenas uma sugestão de conduta; Pareceres –
ato legislativo não-vinculativo, também não gera obrigação legal, normalmente resume um
ponto de vista sobre algum cenário. União Europeia (2018)
Portanto, para qualquer legislação específica elaborada por qualquer país membro da
União Europeia, parte-se do princípio que a mesma estará sempre em conformidade com
todos os atos legislativos aplicáveis à EU (União Europeia). Neste trabalho, então, ao citar
acerca de alguma conduta de algum país pertencente à UE, deve-se considerar sinônimas
as Normas e Diretivas Europeias e a legislação vigente do país-membro em questão. Ao
pesquisar por Waste Electrical & Electronic Equipment (WEEE) no site da Comissão
Europeia, uma das publicações que aparece mostra uma síntese das normas Europeias que
legislam acerca dos REEEs:
Tabela 7 - Lista de Normas Europeias que legislam especificamente sobre REEEs.
42
Requisitos de coleta, logística e tratamento para REEE - Parte 3-3: Especificação
RS 50625-3-3 para a despoluição, REEE contendo CRTs e telas planas
Requisitos de coleta, logística e tratamento para REEE - Parte 2-3: Requisitos de
EN 50625-2-3 tratamento para equipamento de regulação de temperatura
Coleta, logística e tratamento para REEE - Parte 3-4: Especificação para
TS 50625-3-4 equipamento de regulação de temperatura
Requisitos de coleta, logística e tratamento para REEE - Parte 2-4: Requisitos de
EN 50625-2-4 tratamento para painéis fotovoltaicos
Coleta, logística e requisitos de tratamento para REEE - Parte 3-5: Especificação
TS 50625-3-5 para despoluição de painéis fotovoltaicos
Requisitos de coleta, logística e tratamento para REEE - Parte 4: Especificação
TS 50625-4 para a coleta e logística associadas aos REEE
Requisitos de coleta, logística e tratamento para REEE - Parte 5: Especificação
TS 50625-5 para o processamento final de fracções de REEE - cobre e metais preciosos
Requisitos para a preparação para a reutilização de resíduos de Equipamentos
EN 50614 Elétricos e Eletrônicos (ainda não publicado)
Fonte: EC (2018)
É possível observar que a legislação Europeia é avançada em matéria de Resíduos
Eletroeletrônicos, e ainda mais no que tange os Resíduos Sólidos em geral, pois a quantidade
de normas Europeias com o tema REEE é já maior do que a quantidade de normas federais
sobre Resíduos Sólidos em geral para o Brasil (comparação viável, uma vez que não existe
legislação com este objeto para a América Latina – correspondente ao continente Europeu -
então, o próximo nível de influência legislativa é exatamente as federações).
Pela Diretiva 1999/31/EC, que regula resíduos que podem e não podem ser
depositados em aterros sanitários, esta disposição final é a menos preferível e deve ser
restringida ao máximo (União Europeia, 2016). A taxa de geração de Resíduos Sólidos
Urbanos da OECD tende a reduzir-se e esse fenômeno deve-se ao comprometimento da
OECD com estratégias de gestão e planejamento urbano, incluindo a adoção de instrumentos
legais e econômicos que contribuem para a melhor Gestão de Resíduos Sólidos
(RUCEVSKA, 2015). A Diretiva RoHS (Restriction on use of Certain Hazardous Substantes
in Electrical and Electronic Equipment) EC 2002/95 impõe que a partir de 2006 os produtores
de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos não ultrapassem em seus produtos alguns limites
especificados para várias substâncias consideradas perigosas, como cádmio, cromo
hexavalente, mercúrio, chumbo, bifenóis polibromados (PBB), e éteres difenílicos
polibromados (PBDEs). Essa legislação tem como principal objetivo sensibilizar os
produtores para mudarem seus processos de manufatura, portanto, afetando o ciclo de vida
do produto desde seu início. A partir disso, os fabricantes que ofertam seus produtos no
mercado Europeu, foram alterando seus processos produtivos, para uma produção de
equipamentos que gerem resíduos menos ambientalmente impactantes. (ARAÚJO, 2013).
A união entre os recicladores e a Associação Europeia de Logística Reversa de
Resíduos Eletroeletrônicos traz o “WEEE Forum”, do qual participam 41 programas de
Logística Reversa e reciclagem, com um total de 17 mil produtores de Equipamentos
Eletroeletrônicos afiliados, cujos membros em 2008 trataram de 1,5 Mt de REEE, para um
total estimado de 8.3 Mt na UE, ao custo total de 240 milhões de Euros (160 euros/t). Em
43
2008 lançaram o WEEELABEX – selo de certificação para o tratamento de REEE, em busca
de uma harmonização de padrões de tratamento (WEEE FORUM, 2009).” (ARAÚJO, 2013)
A Diretiva de Resíduos Eletroeletrônicos 2002/96/EC (WEEE Directive) discorre sobre
a prevenção da geração de REEEs, incentivo ao reuso e à reciclagem com fins de redução
da disposição de rejeitos (ARAÚJO, 2013). Ela também traz algumas definições como (I)
Reuso – qualquer operação pela qual o REEE os seus componentes são usados para o
mesmo fim para os quais foram concebidos, incluindo o contínuo uso do equipamento e seus
componentes, que foram retornados aos postos de coleta, distribuidores, recicladores e
produtores. (II) Reciclagem – reprocessamento em um processo produtivo de materiais
residuais para o mesmo fim, ou para outro fim, mas excluindo a recuperação energética, o
que significa o uso do material combustível como insumo energético, através de incineração
direta, com ou sem outro resíduo, mas com recuperação de calor. (III) Recuperação –
qualquer das operações aplicáveis listados no anexo IIB da Diretiva 75/442/EC.
A responsabilidade financeira do gerenciamento dos resíduos históricos (resíduos
produzidos antes da publicação da diretiva) deve ser dividida por todos os produtores
existentes de forma proporcional à participação de cada produtor no mercado da época. E
para os produtos colocados no mercado após 13/08/2005, cada produtor será
financeiramente responsável pelos custos das operações referidas na norma relativas aos
resíduos dos produtos por esses fabricados (ARAUJO, 2013).
44
A adaptação da legislação baseada nas estatísticas de monitoramento é essencial
para a continuidade da eficácia de um sistema de gerenciamento de resíduos sólidos, a título
desse pressuposto, houve alterações das legislações Europeias referentes aos REEEs, como
mostra a Figura 6.
As normativas Europeias devem orientar a legislatura dos países participantes do
continente. Com isso, todas as leis de menor escala, devem se adaptar e estar sempre em
conformidade com os regulamentos superiores. Para a França, isso é igualmente aplicado:
as regulamentações francesas em matéria de resíduos estão em consonância com as
Europeias. E com isso, na Figura 7, temos as normas norteadoras Europeias e as francesas
que derivam desse direcionamento.
A coleta segura (especialmente de REEEs e itens volumosos)
é um modelo de coleta que explora o potencial de reutilização de
bens recolhidos. O objeto (resíduo/lixo) coletado mantém seu estado desde sua coleta, até
entrar no centro de triagem e reparo. O envolvimento de diferentes
atores-chave é necessário para permitir o fornecimento de bens úteis e ter oportunidades de
reutilização e reparação do mercado (MEDDE, 2014).
O suporte para o fortalecimento deste método de coleta pode ser obtido por meio de:
• Definição dos métodos de coleta de objetos a serem incluídos nas
especificações dos diferentes atores públicos e privados.
• Definição das especificações dos espaços de reutilização na
eliminação de resíduos. (MEDDE, 2014)
45
Figura 7 - Articulação das regulamentações Europeias e Francesas
Fonte: DEPROUW, 2017
Pela Diretiva WEEE existem 2 formas dos produtores e distribuidores atenderem às
obrigações impostas: ter um programa de Logística Reversa individual aprovado pelas
autoridades locais, ou se juntar à um programa coletivo.” (ARAUJO, 2013).
“Reuso de um equipamento eletroeletrônico ou de seus componentes é a continuação do
uso deles, para o mesmo fim que foram concebidos, para além do ponto que as especificações
do equipamento falham em atender as necessidades do proprietário atual, e este cessa de usar
o equipamento” (UNEP, 2009 apud ARAUJO, 2013). O reuso é previsto tanto na hierarquia de
resíduos da legislação Europeia, quanto na brasileira. Na revisão da Diretiva REEE é indicada
uma tendência de uma meta específica para reuso (HUISMANN et al. 2007 apud ARAUJO,
2013). No mercado Europeu existem algumas organizações voltadas para o mercado
secundário de produtos. Entre elas destaca-se a União Europeia de Empreendedores Sociais
46
de Reuso e Reciclagem (Reuse and Recycling European Union Social Entreprises –
www.rreuse.org), que é uma rede de organizações voltadas para o empreendimento social
focada em reuso e reciclagem de vários bens, com um total de 42 mil funcionários, e 120 mil
voluntários. (ARAUJO, 2013).
A hierarquia Europeia e francesa dos métodos de gestão de resíduos coloca a
prevenção no topo da agenda das políticas da gestão de resíduos, considerando que "o
melhor resíduo é aquele que não é produzido". A França já está fortemente comprometida
com iniciativas de prevenção de resíduos. O primeiro plano nacional de prevenção de
resíduos, realizado a título voluntário em 2004, posicionou a França como uma das pioneiras
em matéria de resíduos na escala Europeia. Este programa é também o resultado da
aplicação da diretiva de 2008, relativa aos resíduos, que estabelece que cada Estado-Membro
da União Europeia deve desenvolver e implementar um planejamento nacional para a
prevenção de resíduos. O programa, previsto para ser implementado durante o período 2014-
2020, aborda todo o conjunto de ações associadas à prevenção: prevê, assim, a
implementação gradual 54 ações concretas, divididas em 13 eixos estratégicos, que
possibilitarão contribuir para o alcance dos objetivos. Os instrumentos selecionados são
diversos e balanceados, com o objetivo de garantir uma máxima eficiência: ferramentas
regulamentares, procedimentos voluntários, compartilhamento de informações, auxílios e
incentivos. O programa também tange as decisões administrativas tomadas no domínio dos
resíduos: por exemplo, exercícios de planejamento local. (MEDDE, 2014)
A regulamentação Europeia sobre REEEs impõe notadamente:
• Ecodesign dos REEEs, para viabilizar o reemprego e o tratamento destes
• A coleta seletiva de REEEs, com objetivos progressivos de coleta e uma obrigação
de retorno gratuito do dispositivo antigo ao vender um novo dispositivo similar;
• Tratamento sistemático de certos componentes (capacitores PCB, placas de circuito
impressos, lâmpadas de descarga, etc.) e substâncias perigosas (mercúrio, CFC, etc.) para
evitar qualquer poluição;
• Reutilização, reciclagem, recuperação de REEE recolhidos, com metas de
reciclagem e alta recuperação, a prioridade a ser dada à reutilização de eletrodomésticos
inteiros. (DEPROUW, 2017)
A diretiva RoHS10 define uma lista de substâncias cujo uso é proibido ou muito limitado
na fabricação de equipamentos. A maioria dos EEES estão englobados nesta lista, as duas
legislações estão, portanto, intimamente ligadas. A Diretiva 2011/65/UE incorpora novas
categorias de equipamentos (alguns dispositivos médicos, instrumentos de monitoramento e
vigilância) na lista de EEE sujeitos à restrição de uso de substâncias perigosas.
OS 5 TIPOS DE PRODUTORES
FABRICANTE fabrica na França e vende sob sua marca
IMPORTADOR Importa de um país fora da União Europeia
INTRODUTOR Importa de um país da União Europeia
REVENDEDOR SOBRE SUA MARCA Distribui somente sob sua própria marca
VENDEDOR À DISTÂNCIA Vende remotamente do exterior
Fonte: (DEPROUW, 2017)
O Código Ambiental francês impõe as seguintes obrigações ao distribuidor de
Aparelhos Eletroeletrônicos Domésticos:
• Ele é obrigado a sistematicamente e visivelmente oferecer o retorno gratuito de
um dispositivo usado na compra de um novo produto do mesmo tipo (obrigação
de "aquisição de um por um") no local de venda do aparelho, ou no local de
entrega
• Com uma área superior a 400 m² dedicada à vendas de EEE, ele deve retomar
gratuitamente os equipamentos que possuem todas as dimensões inferiores a 25
cm, sem obrigação de compra (o chamado “um por zero”)
• Deve informar os compradores sobre i. a obrigação de não eliminar Resíduos
Eletroeletrônicos junto com os resíduos domésticos, ii. os sistemas de coleta à sua
disposição e iii. os efeitos potenciais das substâncias perigosas presentes nos
EEE sobre o ambiente e sobre a saúde humana.
49
ou presença de componentes poluentes. Os produtores de EEE, ou Eco-organismos agindo
em seu nome, devem declarar anualmente no Registro, mantido pela ADEME11:
• as quantidades de EEE colocados no mercado nacional,
• as quantidades de REEE coletados na França e depois tratados, na França ou no exterior,
por local de tratamento, assim como as quantidades de certos componentes ou
substâncias específicas originadas no tratamento desses resíduos. (DEPROUW, 2017)
Os produtores de eletrodomésticos (ou produtos domésticos similares) têm duas
possibilidades de organização para cumprir o decreto:
• Colocar em prática e obter aprovação para um sistema individual de coleta e
tratamento (atualmente nenhum sistema individual está aprovado);
• Aderir a um Eco-organismo/Eco-organização aprovado para a coleta e tratamento de
equipamentos domésticos (que trata de maneira coletiva os resíduos de múltiplos produtores)
(DEPROUW, 2017)
A partir de 1° de janeiro de 2017, 4 Eco-organismos estavam oficialmente autorizados
a realizar a coleta e tratamento dos REEEs. Portanto as categorias sob responsabilidade de
cada Eco-organismo são:
• Categorias 1,2,3,4,6,7 e 10: Ecologic
• Categorias 1,2,6,9 e 10: Eco-systèmes
• Categorias 5,6,8 e 9: Récyclum
• Categoria 11: PV Cycle
Os REEEs são atualmente coleados dos seguintes modos:
50
• Coletividades locais que instalaram a coleta independente (déchèterie12, coleta de
proximidade) e assinaram um contrato com a OCAD3E13 para beneficiar de uma
indenização pelos custos dessa coleta. No final de 2016, 65,5 milhões de habitantes
estavam servidos por uma coleta seletiva de REEE, em particular através de mais de
4800 centros de eliminação de resíduos (déchèterie);
• Distribuidores (na recuperação "um por um" ou "um por zero" na loja ou possivelmente
na entrega: um equipamento usado retirado para uma compra do mesmo tipo ou coleta
sem compra para equipamentos pequenos). No final de 2016, quase 22.500 pontos de
coleta do tipo "distribuidores" poderiam receber REEEs e mais de 16.700 lâmpadas;
• Atores da economia social e solidária responsáveis pela reemprego: associações,
empresas de integração/reinserção, etc. (cerca de 300 pontos de coleta no final de 2016).
• Novos canais de coleta desenvolvidos pelas Eco-organizações (empresas, atores da
reciclagem etc) (DEPROUW, 2017)
O fluxo físico dos REEEs obedece, então, a sequência da Figura 8.
Já o esquema da Figura 9 mostra um resumo do fluxo de REEE resultante de todas
as interações descritas, este fluxo é gerido por cada Eco-organismo para cada tipo de resíduo
a ele atribuído.
Os Eco-organismos dos REEEs também colaboram igualmente entre si,
particularmente no contexto das ações de comunicação. Os Eco-organismos desempenham
REEE
51
um papel central na organização dos fluxos financeiros do setor dos REEEs domésticos e
similares. Os domicílios ou profissionais que adquirem equipamentos domésticos também
estão envolvidos no financiamento do setor por meio da ecoparticipação (ou contribuição
visível), paga no momento da compra do equipamento. Esta contribuição foi posta em vigor
para permitir o tratamento de equipamentos colocados no mercado antes de 13 de agosto de
2005, e pelos quais os produtores não são responsáveis. No caso de equipamento
profissional colocado no mercado a partir de 13/08/2005 ou mais velhos “reiniciados” com
alguma substituição, os produtores são responsáveis pelo seu fim de vida e têm desde agosto
2014 duas possibilidades de procedimento: (i) Estabelecer um sistema individual de coleta e
tratamento (sem a necessidade de aprovação, ao contrário do setor doméstico); (ii) Aderir a
um Eco-organismo
Em 2006, os Eco-oganismos fundaram o OCAD3E, um órgão de coordenação
encarregado de gerenciar as relações entre as Eco-organizações e as autoridades locais,
encarregadas de coletar REEE. Para os REEEs colocados no mercado antes da entrada em
vigor da responsabilidade dos produtores, os usuários permanecem responsáveis pela gestão
dos seus REEE. Portanto, os produtores devem recolher gratuitamente os REEEs no sistema
de compra 1 por 1 (consumidor compra um novo produto e pode retornar o velho para o
produtor). E então, os produtores financiam a gestão e o tratamento dos REEEs recuperados.
Existem cinco tipos de tratamento REEE listados abaixo, em ordem de prioridade
definida pela regulamentação:
Tabela 10 - Tipos e hierarquia de tratamentos de REEEs.
TÍTULO TIPO DE TRATAMENTO
Preparação para reutilização reutilização do equipamento inteiro
Reutilização de peças reutilização de peças ou subconjuntos do equipamento
Reciclagem de materiais reciclagem da matéria
Valorização energética incineração com recuperação de energia
Eliminação eliminação de resíduos sem recuperação (aterro, incineração, sem
recuperação de energia)
Fonte: (DEPROUW, 2017)
Após a chegada a um centro de tratamento, o REEE passa por operações diferentes.
Estas etapas variam em dependendo dos fluxos a serem processados e dos processos de
reciclagem implementados pelos operadores. O tratamento geralmente consiste em seis
etapas principais:
- desmantelamento (separação de diferentes componentes) e despoluição (extração de
substâncias poluente)
- trituração em pequenos pedaços;
- separação eletromagnética de elementos ferrosos através de ímãs;
52
- uma classificação óptica que separa as placas eletrônicas, que são subseqüentemente
avaliados por meio de outro processo de reciclagem para recuperar os metais estratégicos
contidos nessas frações;
- separação dos elementos de metais não ferrosos (incluindo o cobre) por meio de correntes
de Foucault;
- separação de plásticos por flotação ou triagem óptica (outros resíduos, como papel ficam no
fundo do tanque, enquanto o plástico permanece na superfície).
Lâmpadas:
As lâmpadas são trituradas para recuperar os diferentes materiais, o que permite
reciclar mais de 90% do seu peso. Elas consistem principalmente em vidro (88%), que é
reciclado para fazer novas lâmpadas. Os metais, que representam 5% do peso das lâmpadas,
são reinjetados na indústria para fabricar novos produtos. O pó fluorescente, que contem entre
3 e 30% de ELEMENTOS terras raras, dependendo das lâmpadas, são enviados para
reciclagem em outro centro de tratamento. O mercúrio, presente em quantidades muito
pequenas, é neutralizado. Resíduos (plásticos, etc.) são incinerados com recuperação de
energia.
GEM froid14:
Resíduos GEM frios incluem equipamentos de refrigeração (geladeira, freezer) e
condicionadores/climatizadores de ar. Contem fluidos refrigerantes poluentes (CFC, HCFC,
HFC, HC), que exigem um tratamento específico. Os GEMs frios são compostos por quase
60% de metais, mas também plásticos (20%), espumas de poliuretanos (13%) e outros
resíduos (7%), incluindo componentes que requerem extração específica como gases
refrigerantes (em circuitos e espumas de isolamento), óleo de compressor, condensadores no
PCB e interruptores de mercúrio. O tratamento com GEM a frio é realizado em duas fases:
- Fase 1: Cabos de energia externos, elementos de madeira e peças de vidro
(prateleiras) são removidos manualmente. Os condensadores são despoluídos, assim
como os como possíveis interruptores de mercúrio. Gases refrigerantes e o óleo contidos nos
compressores são sugados de forma semi-automática usando um aparato específico. O
compressor limpo é então desmontado antes da fase de moagem confinada.
- Fase 2: Carcaças do GEM F cujas espumas são isoladas por gases refrigerantes do
tipo CFC ou Pentano são tratados por um britador confinado (atmosfera neutra criada pela
Tratamento de telas:
O fluxo de telas inclui telas de TV e telas de computador. As diferentes tecnologias de
tela requerem tratamento adaptado de acordo com os seus componentes. As telas atualmente
coletadas, no entanto, são na sua maioria telas CRT ou LCD, não representativas das vendas
de telas atuais. Novos métodos de processamento estão sendo desenvolvidos para antecipar
a futura coleta dessas telas. O tratamento das telas de TRC começa com o desmantelamento
das televisões, para separar o tubo de raios catódicos de outros componentes (casco, cabos,
cartões eletrônicos, pistola de elétrons, etc.). Este passo pode ser manual ou automatizado.
Por outro lado, o tratamento do tubo apresenta altos riscos de exposição às diferentes
partículas tóxicas, sendo, portanto, feito automaticamente.
O tratamento do tubo de raios catódicos (parte interna da tela) visa recuperar os dois
tipos de vidros que o compõem: o vidro de laje que representa aproximadamente 2/3 do peso
do tubo e que contém bário; e o copo de cone que representa 1/3 do peso do tubo e que
contém 20% de chumbo (ver diagrama ao lado).
Placas eletrônicas:
As placas eletrônicas são amplamente usadas em computadores, telemóveis,
impressoras ou até calculadoras e representam um depósito economicamente interessante.
Uma placa eletrônica é feita de plástico (frequentemente contendo trióxido de
antimónio, retardantes de chama), metais preciosos e raros, assim como fibras de vidro para
suporte de resina epóxi. Uma tonelada de placas eletrônicas pode armazenar até 200g de
ouro, enquanto uma mina produz 5g por tonelada. A valorização do material dessas placas é,
portanto, interessante para recuperar os metais preciosos que os constituem.
Várias tecnologias de tratamento existem atualmente. Uma vez que as placas
eletrônicas são extraídas dos REEE que as contêm e esmagadas, a maioria delas é hoje
processada por pirometalurgia. Somente uma dezena de empresas de fundição ao redor do
mundo pode processar placas assim (ex: Umicore). O material moído é introduzido em fornos
de alta capacidade, misturado com resíduos e minérios metalúrgicos. Este processo permite
uma taxa de recuperação de metais preciosos superior a 95% (cobre, ouro, prata, paládio).
No entanto, uma fração de resíduos finais persiste no final do processo. Além disso, a fração
de polímero é queimada e a presença de compostos bromados resulta na liberação de furanos
54
e dioxinas, que devem ser filtrados (usando filtros de carvão ativado) para evitar qualquer
liberação na atmosfera.
O tratamento dos paineis fotovoltaicos não será mencionado aqui pois não é
representativo da matriz energética brasileira, portanto este tipo de resíduo ainda não é uma
realidade do país.
Figura 10 - Objetivos mínimos de reutilização e reciclagem e valorização para cada categoria de REEE na
França. Fonte: (DEPROUW, 2017).
vezes o peso do Titanic (DEPROUW, 2017). Desses equipamentos, 664 milhões eram
eletrodomésticos (o que totaliza 9,6 aparelhos por habitante).
Em 2016, os produtores e as Eco-organizações relataram 497 locais de tratamento e
1020 estações de tratamento (962 relatados por Eco-organismos domésticos, e 345 para o
profissional, sendo que alguns são mistos), incluindo 200 instalações que realizam somente
55
a preparação para reutilização como por exemplo a Emmaüs e Envie. Isso corresponde a
uma média de 2,4 fluxos tratados por local. A tabela 7 mostra o peso total processado e as
toneladas de equipamentos preparados para reutilização, doméstica e profissional.
O peso unitário médio em todas as categorias é estável (2,3 kg em 2016 e 2015).
Porém as categorias de equipamentos mais massivamente comercializadas em 2016 tiveram
uma queda de peso unitário:
• Categoria 3 (equipamento informático e de telecomunicações), que representa 23,2%
de todas as comercializações no mercado em número de unidades, registrou queda
de 2,8% do peso médio unitário;
Figura 11 - Repartição do número de equipamentos colocados no mercado, por categoria e por ano
Fonte: (DEPROUW, 2017).
Os dados do registro podem mudar de ano para ano porque, devido a distorções ou
atrasos, os produtores têm a opção de declarar ou modificar suas declarações
retrospectivamente. O estudo anual do Instituto GfK sobre o mercado de bens técnicos
(televisões, câmeras, telecomunicações, áudio, computador, dispositivos conectados,
correspondendo principalmente às categorias 3 e 4), mostra um aumento de 2% em relação
a 2015 (15,5 bilhões de euros de despesas em 2016). O mercado de eletrodomésticos na
França mostra atualmente um aumento de 7,2% em relação ao 1° trimestre de 2016
(DEPROUW, 2017).
56
Já em relação à categoria 5, sua importância diminui consideravelmente devido ao
baixo peso unitário das lâmpadas em comparação com outros equipamentos. De acordo com
a Eco-organização Récylum, a colocação no mercado para esta categoria atingiu um limite
máximo e deve parar de aumentar, por causa da chegada em massa de lâmpadas de LED
com uma maior vida útil mais do que lâmpadas fluorescentes compactas (DEPROUW, 2017).
No quadro da Figura 11, é possível observar o número de equipamentos colocados
no mercado de cada categoria e ao longo dos anos:
Com isso, observamos que:
• A categoria 1 (equipamentos de troca térmica e grandes eletrodomésticos) é a mais
produzida, e portanto é a mais vendida também, além de ser a única que apresentou
um crescimento significativo entre 2010 e 2016
• A emergência da categoria 11 (painéis fotovoltaicos) aconteceu em 2015
• As categorias 3 e 4 apresentaram um declínio ao longo dos anos; que são
representados por equipamentos de informática e telecomunicação e grandes
equipamentos
Tabela 12- Instalações e locais para tratamento de REEE por categoria em 2016 (excluindo reutilização)
57
(equipamentos de informática e telecomunicação, excluindo telas), e 9 (instrumentos de
monitoramento e controle).
Um outro objeto focal muito importante na política de Resíduos Eletroeletrônicos
francesa é o Ecodesign. A Diretiva Europeia 2012/19/UE incentiva a “cooperação entre
produtores e recicladores e medidas que promovem a concepção e produção dos EEEs, em
especial, com vista a facilitar a reutilização, desmantelamento, bem como a
recuperação/valorização de REEEs e seus componentes e materiais" (Artigo 4). Na França,
A Eco-systèmes e a Récylum, com o apoio da ADEME, lançaram, em 2015, um projeto para
criar um inventário do ciclo de vida do setor de REEE, ou seja, um banco de dados ambiental
que permite aos produtores de equipamentos avaliar os impactos ambientais de seus
produtos em fim da vida como parte da abordagem do Ecodesign. Esta ferramenta visa
facilitar a otimização de recursos e a consideração do melhor fim de vida para estes produtos,
já que um mesmo material utilizado num frigorífico ou em uma tela não terá o mesmo fim de
vida e, portanto, precisam ser analisados de forma diferente.
Esta ferramenta, única na Europa, deve ajudar os produtores a evoluir
seus produtos para economizar recursos e limitar o uso de substâncias perigosas. A
base de dados será atualizada regularmente, em particular, nos REEEs profissionais.
Eco-organismos domésticos criaram um site para educar os produtores sobre o
Ecodesign e fornecer informações sobre o trabalho de acordo com a finalidade pretendida
(aumentar a reutilização ou desmantelamento) ou os materiais utilizados (em especial, as
regras relativas às misturas de materiais que podem reduzir a eficiência da reciclagem) e
ferramentas existentes para Ecodesign: http://eco3e.eu
A Eco-systèmes desenvolveu uma ferramenta de apoio ao design ecológico para
todos os seus produtores membros: "REEECYC'LAB" permite projetar novos produtos. Ao
informar características essenciais de seus equipamentos na interface de simulação, os
produtores têm também acesso à uma avaliação completa dos seus produtos:
https://reeecyclab.eco-systemes.com/.
A efervescência atual a favor da Economia Circular, que visa otimizar o uso dos
recursos naturais e garantir que o desperdício de alguns seja o recurso de outros, é benéfico
para incentivar o Ecodesign dos REEEs (DEPROUW, 2017). Por este motivo, as estatísticas
sobre a origem dos produtos declarados são importantes. A maior parte dos produtos
colocados no mercado francês são importados (43%) (DEPROUW, 2017). Isso invalida o
esforço do Ecodesign pois os produtos importados já vêm como estão, e por isso há pouca
influência sobre esses equipamentos (que infelizmente são a maioria, e sabemos que vem
de fora da União Europeia, pois estão classificados como importadores e não introdutores –
tabela 5).
58
Em 2016, o montante total das contribuições recebidas pelos Eco-organismos pelos
EEE domésticos colocados no mercado aumentou para 189 milhões de euros (DEPROUW,
2017). Sendo que o Eco-organismo Eco-systèmes foi responsável por 74,8% desses
processamentos de REEEs.
Alguns Eco-organismos puderam, assim, concluir parcerias com algumas profissões
integralmente, levando a aumentos acentuados no gênero dos REEEs profissionais. Por
exemplo, em 2014, a Ecologic reuniu todo o setor de cozinha profissional. Acordos de Eco-
organismos em outros setores profissionais (pequenos extintores de incêndio no caso da
Récylum e “resíduos de elementos de mobiliário” (DEA) das cozinhas profissionais da
Ecologic) permitem sinergias que facilitam a conscientização dos produtores envolvidos pelos
dois setores (DEPROUW, 2017).
No caso dos equipamentos profissionais, diferente dos eletrodomésticos, o tipo de
produtor mais presente é o fabricante (42%), e não o importador (DEPROUW, 2017). Em
2016, o montante total das contribuições recebidas pelos Eco-organismos pelos EEEs
profissionais colocados no mercado chegou a 10,8 milhões de euros. Os Eco-organismos
notam uma diminuição na qualidade do equipamento recolhido para ser tratado, devido à
redução de utilização de peças ferrosas e não ferrosas em favor do plástico. Isso levanta
novos problemas já que o plástico é mais difícil de reciclar e contém substâncias que
requerem tratamento especialmente devido à sua toxicidade (retardantes de chama
bromados). O nível de tratamento destes plásticos é, no entanto, razoável na França, e
algumas medidas estão sendo tomadas para limitar a sua colocação no mercado (Ecodesign,
Ecomodulação).
Em 2016, graças a estes diferentes fluxos de REEE recolhidos, a taxa de coleta foi de
45,2%, permitindo assim atingir o objetivo fixado pela directiva de 45%. A coleta de telas e
lâmpadas foi retomada em 2016 com um aumento de 19,2% e 2,7%, respectivamente.
Podemos atribuir o aumento na coleta de telas à forte renovação de TVs, desde a extinção
do sinal MPEG2 em abril de 2016, observado nos dados de comercialização, o que leva,
entre outras coisas, à remoção de TVs CRT mais pesadas, incapazes de funcionar com este
novo dispositivo (DEPROUW, 2017). Os Eco-organismos também estabelecem ações nos
centros de disposição de resíduos (Déchèteries) para evitar o roubo: rastreamento eletrônico
ou papel do equipamento recolhido pelos distribuidores durante as devoluções de entrega,
marcação dos equipamentos coletados nos centros de disposição de resíduos, recipientes
seguros (caçambas/banheiras), aumento das freqüências de coleta, apoio financeiro às
comunidades para o estabelecimento de soluções contra roubos e furtos (DEPROUW, 2017).
Em 2016, com 15% dos resíduos coletados de canais de coleta não atendidos pelo serviço
público de gestão de resíduos, a aquisição de distribuidores ou de resíduos provindos de
59
equipamentos não reutilizados pelos atores da ESS15 trouxe o atendimento do objetivo fixado
de 15% pela lei. 32.153 toneladas adicionais foram coletadas em relação a 2015. A meta é
gradualmente aumentada até 30% em 2019 (DEPROUW, 2017). A coleta é, então, algo a ser
sempre desenvolvido. E isto é visto nas ações recentes, por exemplo: a Ecologic desenvolve
a coleta em empresas que possuem REEE, oferecendo-lhes uma solução de coleta local nas
empresas. Os contêineres são disponibilizados aos funcionários, que podem depositar seus
pequenos REEEs. Os REEE são coletados periodicamente para processamento. A Récylum
realizou várias ações em 2016 que começam a produzir frutos, incluindo eventos com
particulares (em Paris, Marselha, Toulouse e Lyon), uma campanha de comunicação
televisiva e programas de entretenimento nos pontos de coleta. (DEPROUW, 2017). A coleta
é dificultada pela retenção dos equipamentos utilizados pelos indivíduos, bem como pelo
roubo de telefones nas caixas de coleta, apesar da introdução de dispositivos antifurto
reforçados. Um dos eixos de melhoria do desempenho da coleta é, portanto, informar o
consumidor sobre a triagem, na intenção de evitar esse estoque de aparelhos em casa. De
fato, 41% dos usuários mantêm seus dispositivos antigos até uma nova compra para ter uma
solução de substituição em caso de falha. Outros o retêm por seu valor sentimental e pelos
dados nele contidos (fotos, por exemplo). Dois outros grandes obstáculos ao gesto de
escolha são a preocupação com a eliminação sistemática de dados (embora a Eco-Systèmes
garanta o apagamento de dados como parte de sua premissa de reutilização) e o tamanho
pequeno de equipamento que leva a sua conservação sem desconforto para o indivíduo
comparado a outros aparelhos mais volumosos. Distribuidores são obrigados a informar os
compradores sobre a obrigação de não dispor equipamentos misturados aos resíduos
domésticos; bem como, a indicar-lhes os dispositivos de coleta disponíveis. A comunicação
de Eco-organismos geralmente diz respeito ao REEE como um todo, e não é específico para
telefones móveis apesar da existência de uma coleta dedicada para telefones. O Senado
propõe o lançamento de uma campanha nacional dedicada à triagem de telefones móveis
"esvazie as suas gavetas para o emprego e para o planeta" e considera examinar a
conveniência de aumentar a porcentagem do orçamento dos Eco-organismos dedicado à
comunicação sobre triagem e valorização de telefones celulares (DEPROUW, 2017).
Ambiental, focada na questão da Economia Circular. Nesta ocasião, a Emmaüs reafirma que
a Economia Circular e Solidária não se limita à questão da reciclagem. Com isso, o carácter
social da Economia Circular deve ser tido em conta: ela permite o desenvolvimento de
Figura 13 - Coleta solidária em benefício da Emmaüs - van que recolhe materiais a serem doados pela população
Fonte: EMMAÜS, 2014.
63
Na cidade de Vannes foram entrevistados Jean François, responsável pela
Déchèterie; Ludovic, técnico da Emmaüs; Erwan Uguen, funcionário da prefeitura,
responsável pelo serviço ambiental e gestão de resíduos da aglomeração de Vannes.
64
também uma espécie de aterro onde os produtos não-reaproveitados são descartados e
enterrados. Neste centro de desmantelamento em Lorient, os desmantelamentos são em
nível de matéria-prima, e então ela é revendida separadamente.
Esta valorização dos REEEs é feita pela Emmaüs há cerca de 10/15 anos. Ele diz que
no caso das geladeiras, elas são enviadas diretamente a Lorient para serem desmontadas e
o gás inflamável retirado do motor; é um dos produtos mais difíceis de serem reciclados.
65
5.2 O FLUXO DE RESÍDUOS NO BRASIL
66
Entre os principais objetivos da PNRS, destacam-se:
• Não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos,
bem como disposição final adequada dos rejeitos;
• Estímulos à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e
serviços (racionalização de recursos na produção);
• Aumento da reciclagem;
• Redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos;
• Inclusão social, geração de emprego e renda para catadores;
• Disposição final adequada dos rejeitos;
• Aquisições e contratações governamentais, reciclados e recicláveis, e bens,
serviços e obras com padrões ambientalmente sustentáveis.
(ARAUJO, 2013)
O volume de resíduos determina a factibilidade da coleta seletiva, da reciclagem, da
construção de aterros sanitários e, essencialmente, da operacionalização e manutenção do
sistema de gestão dos resíduos sólidos, incumbências que, não deve-se esquecer: são muito
caras para as administrações dos pequenos municípios (MMA, 2014).De acordo com os
artigos 61 e 62 do decreto 6.514/08, que regulamenta a lei de crimes ambientais, quem
causar poluição que possa resultar em danos à saúde humana ou ao meio ambiente,
incluindo a disposição inadequada de resíduos sólidos, estará sujeito à multa de R$ 5 mil a
R$ 50 milhões (MMA,2014). A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece como
condicionante para o acesso a recursos da União ou por ela controlados, a elaboração de
planos de gestão de resíduos sólidos. Então o município que optar por soluções consorciadas
para a gestão dos resíduos sólidos e/ou que implantar a coleta seletiva com a participação
de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis poderá ser priorizado. (MMA, 2014)
Com isso, a Tabela 13 mostra as principais mudanças observadas após a
implementação da PNRS no Brasil.
67
Tabela 13 - Mudanças principais para cada ator, anterior e posterior à implementação da PNRS do Brasil
ANTES DEPOIS
• Exploração por atravessadores e riscos à • Catadores reduzem riscos à saúde e aumentam renda em
saúde cooperativas
• Informalidade • Cooperativas são contratadas pelos municípios para coleta
CATADORES
• Falta de prioridade para o lixo urbano • Municípios farão plano de metas sobre resíduos com
• Existência de lixões na maioria dos municípios participação dos catadores
PÚBLICO
PODER
68
• Linha Azul - batedeiras, liquidificadores, ferros elétricos e furadeiras.
(BRASIL, 2014)
Apesar da PNRS ter sido publicada e entrar em vigor em 2010, até 2014 ainda não
existia nenhum sistema de Logística Reversa de Eletroeletrônicos implantado (FERREIRA,
2014).
70
“No caso dos eletroeletrônicos, uma porta de grande entrada de
produtos ilegais no Brasil se dá pelo Paraguai, principalmente através de
comerciantes brasileiros que atravessam a fronteira com sacolas cheias de
mercadorias para revenderem em pequenas lojas, comércio e barracas de
comerciantes de rua, conhecidos como ‘camelôs’. De acordo, com
representante da indústria os principais produtos que passam pela fronteira
desta forma são secadores de cabelo, chapinhas, produtos eletrônicos de
beleza em geral” (FERREIRA, 2014).
17 “A Constituição Federal faz referência expressa ao poluidor-pagador nos § 2° e 3° do art. 225. Com
efeito, ao passo em que o princípio do poluidor-pagador busca evitar a degradação dos bens tutelados,
o princípio do usuário-pagador visa evitar a escassez dos bens tutelados. A concepção do usuário-
pagador, assim como a do poluidor-pagador, retira seu fundamento de validade do art. 4o da Lei no
6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) que em seu inciso VII estabelece "à imposição, ao
poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos" (HUPFFER et al., 2011). O
princípio do poluidor-pagador se diferencia da responsabilidade tradicional, pois busca afastar o ônus
do custo econômico da coletividade e dirigi-lo diretamente ao utilizador dos recursos ambientais. Logo
ele não está fundado no princípio da responsabilidade (DERANI, 2008), mas sim na solidariedade social
71
contrapartida, poderá alterar os padrões de comportamento de consumo, levando-o a
repensar suas escolhas de compra, privilegiando produtos ecológicos (ecodesign),
embalagens reutilizáveis, produtos com maior durabilidade etc. (FERREIRA, 2014).
Pelos artigos 31 e 32 da PNRS fica definida a responsabilidade estendida dos
produtores, importadores, distribuidores e comerciantes, responsabilizando-os por: (I)
Desenvolvimento de produtos aptos à reutilização, à reciclagem ou a outra forma de
destinação ambientalmente adequada; (II) Divulgação de informações; (III) Recolhimento dos
produtos e resíduos após uso, e destinação ambientalmente adequada; (IV) Participação das
ações dos planos municipais de gestão RSU; (V) Embalagens fabricadas com materiais que
propiciem a reutilização e reciclagem (responsabilidade do fabricante de embalagem ou
fornecedor do material para fabricação de embalagens, ou aquele que coloca em circulação
esses materiais em qualquer fase da cadeia de comércio). (ARAUJO,2013)
e na prevenção mediante a imposição da carga pelos custos ambientais nos produtores e consumidores
(ANTUNES, 2002).” (FERREIRA, 2014)
72
GTT04 é coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e
deveria, no ano de 2013, definir como seria a relação entre os diversos atores envolvidos na
gestão dos REEE, especificando suas responsabilidades (ARAUJO, 2013).
A PNRS define acordo setorial (AS) como sendo um ato de natureza contratual
firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes,
tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto
(Lei 12.305 de 2010 Art. 3° Inciso I). O objetivo de um AS é reunir todos os atores
responsáveis, quais sejam fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes,
consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos, pelo fornecimento de matéria prima, fabricação, comercialização, consumo e
destinação final de um ou mais determinados produtos, para que todos possam encontrar
soluções socioambientais adequadas, contribuindo assim para um sistema de produção e
consumo sustentável, instaurando assim a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida
dos produtos, de forma encadeada e individualizada. (SANTANA, 2017)
Para produtos eletroeletrônicos pós-consumo, a ABDI (2012) destaca que a adesão
dos usuários está condicionada à facilidade no descarte dos equipamentos. Por exemplo, o
consumidor só vai descartar sua geladeira usada quando a nova estiver a ponto de ser
instalada. Diferentes portes de equipamentos sugerem sistemas diferenciados de descarte,
como retirada na residência do consumidor, para equipamentos de grande porte, ou pontos
de entrega voluntária, para equipamentos menores (COUTO, 2017).
O procedimento para o estabelecimento da Logística Reversa através de Acordo
Setorial pode ser realizado tanto pelo setor público quanto pelo setor privado. Os acordos
setoriais coordenados pelo Governo Federal, são encabeçados pelos editais de chamamentos
públicos. Enquanto isso, outros atores envolvidos (fabricantes, importadores, distribuidores
ou comerciantes dos produtos e embalagens) também podem tomar a iniciativa de elaborar
um acordo setorial, desde que apresentem uma proposta formal ao Ministério do Meio
Ambiente (MMA) (Art. 20 do Decreto nº 7.404/2010) (SANTANA, 2017).
73
De acordo com a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), em 2013, o
número de aparelhos telefônicos era de 315 milhões de aparelhos. 53,1% do volume total
coletado se concentra na região sudeste do país, seguido por 22% no Nordeste, 10,8% no
Sul, 8% no Centro Oeste, e 6,1% no Norte (ARAÚJO, 2013). “Menos de 3% são reciclados,
nesse balanço causando impacto ambiental, social e de saúde pública” (FIESP, 2017)
18
Resíduos Sólidos Urbanos
74
Até 2030, segundo o Banco Mundial, 3 bilhões de pessoas passarão a ter padrões de
consumo de classe média e haverá, portanto, muita pressão sobre os recursos naturais
(FIESP, 2017). O consumo dos eletroeletrônicos tem aumentado principalmente nos países
em desenvolvimento, pois para movimentar a economia, os governos incentivam o consumo
por meio de políticas de redução dos impostos sobre produtos industrializados (IPI), como é
o caso do Brasil, por exemplo (FERREIRA, 2014).
19“Após a desmontagem, o material é enviado para a moagem, que é uma etapa problemática,
pois substâncias perigosas podem ser dispersas no material moído, se os componentes que as contém
não forem devidamente separados (EEA, 2003). Após a moagem o material é separado por tipo, e.g.
metais ferrosos, não ferrosos; plásticos, e outros; e enviado para processos de reciclagem específicos.
Dependendo do REEE a rota tecnológica pode ser mais simples, como o tratamento mecânico (CUI &
FORSSBERG, 2003) indicado para linha branca para produtos que tem volume grande, e poucos
componentes, com predomínio de ferro.” (ARAUJO, 2013)
75
esses produtos. E os empreendimentos existentes estão concentrados nas regiões sudeste e
sul do país.
RODRIGUES (2007) reporta, por exemplo, uma recicladora na cidade de São Paulo
que coleta placas de circuito impresso e, após a moagem, essas são exportadas para
posterior tratamento e recuperação de materiais em outros países (ARAÚJO, 2013). Este é
o cenário que ilustra a maior parte da situação brasileira na reciclagem de REEEs, onde
esses equipamentos são desmontados, as partes são separadas de acordo com os materiais,
que são posteriormente moídos. O material final é enviado para algumas indústrias para
reuso como matéria-prima secundária ou dispostos em aterros industriais (RODRIGUES,
2007 apud ARAÚJO, 2013).
76
Tabela 15 - Instrumentos Regulatórios brasileiros em esfera Federal que mencionam o Resíduos
Eletroeletrônicos e correspondente situação no trâmite jurídico.
78
Figura 18 - Diferença entre o gerenciamento da cadeia de suprimentos direta vs reversa.
Fonte: GUARNIERI et al (2006) apud SOUZA (2017).
“A Logística Reversa pode contribuir para a sustentabilidade ambiental, visto que ela
é entendida como um instrumento de desenvolvimento econômico e social destinado a
viabilizar: a coleta, a triagem, o recondicionamento, a remanufatura, a reciclagem e a
consequente restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento em
seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, bem como para outra destinação final
ambientalmente adequada” (LEITE, 2009; LAVEZ; SOUZA; LEITE, 2011; LAMBERT;
RIOPEL; ABDUL-KADER, 2011; CNI, 2014; RUBIO; JIMÉNEZ-PARRA, 2014; VALLE;
SOUZA, 2014 apud OLIVEIRA 2016).
I. Pós-venda:
Logística, cujo retorno dos bens pode acontecer devido a um dos motivos:
81
II. Pós-consumo
Logística, cujo retorno dos bens pode acontecer devido a um dos motivos:
82
2017). A implantação deste sistema irá refletir em vantagens competitivas para as empresas,
ao nível de menores custos e melhoria de serviço ao consumidor (AVILA, 2013).
Dificuldade na realização do
Retorno de material aumenta caixa da empresa
controle e retorno de materiais,
Reduzir custos internos e e reduz custos com matéria-prima. Eliminação
podendo gerar grandes
desperdícios de resíduos nos processos produtivos reduz
estoques e conseqüentemente
custos de fabricação.
custos adicionais.
83
Sistemas informatizados, com dados
alimentados periodicamente. Informações Necessita de grande
Sistemas de comunicação e
sobre ciclos do produto, saída e retorno. investimento financeiro, além da
informação
Comunicação efetiva com parceiros da rede de dependência de terceiros.
Logística Reversa.
Necessita de grande
Desenvolvimento de novas Desenvolvimento de novas tecnologias limpas investimento inicial em
tecnologias além de gerar registros de patente adquirida. tecnologia e Pesquisa e
Desenvolvimento.
Dificuldade de formação de
Necessária a formação de novas equipes e
parceiros para auxiliar no
parceiros para realização do controle do ciclo
Equipes e parceiros controle logístico reverso do
de vida e fluxo de movimentação e retorno do
produto. Aumenta a
produto.
dependência de terceiros.
A PNRS por si só, tem sido incapaz de motivar a implementação dos sistemas de
Logística Reversa dos REEEs no Brasil (SANT’ANNA, 2014 apud OLIVEIRA, 2016).
Em 2013, foi divulgado o Edital 01/2013 – Elaboração de Acordo Setorial para Implantação
de Sistema de Logística Reversa (SLR) dos Produtos Eletroeletrônicos e seus componentes,
incluindo fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, sendo que o acordo
deveria contemplar os seguintes pontos essenciais:
• até o quinto ano após a assinatura do acordo setorial, 100% dos municípios com mais
de 80.000 habitantes devem ser atingidos pelo SLR, neles devendo haver a destinação
final ambientalmente adequada de 100% dos resíduos recebidos;
• pelo menos um ponto de recolhimento para cada 25 mil habitantes em cada cidade;
84
• até o quinto ano após a assinatura do acordo setorial, deve haver o recolhimento (e a
respectiva destinação final ambientalmente adequada) de 17%, em peso, dos produtos
eletroeletrônicos objeto do SLR que foram colocados no mercado nacional no ano
anterior ao da assinatura do acordo setorial. (FERREIRA, 2014).
Porém, até a metade do ano seguinte (2014), o Acordo Setorial ainda não havia sido
assinado. Uma questão mencionada por cooperativas é exatamente a exclusão dos catadores
nos debates para implantação da Logística Reversa. Essa alegação é consolidada
observando a negação das propostas enviadas por representantes das cooperativas ao poder
público com relação aos encaminhamentos do Acordo Setorial. O Governo alegou que a
categoria “cooperativas” não estava dentro do escopo do Edital, e por isso suas propostas
não seriam consideradas (FERREIRA, 2014).
Após a publicação da PNRS em 2010, uma série de normas envolvendo EEE foram
publicadas. Ao pesquisar no site da ABNT (abnr.org.br) por normas mencionando o termo
eletroeletrônicos, aparecem os seguintes resultados:
85
reversas e as respectivas informações e ao operacionalizar o fluxo desde a coleta dos bens
de pós-consumo ou de pós-venda. Isto se dá por meio dos processos logísticos de
consolidação, separação e seleção, até a reintegração ao ciclo (AVILA, 2013).
Com a revalorização logística garantida pela fluxo de retorno dos equipamentos
usados até as consolidações em centros de distribuição reversos especializados, a
revalorização econômica e tecnológica por meio do reuso de equipamentos e componentes
significam também uma revalorização ecológica, reduzindo o impacto dos produtos no meio
ambiente (AVILA, 2013). Porém, a implementação de redes de distribuição reversa constitui
um grande desafio pelos fatores logísticos, tecnológicos e econômicos envolvidos para
recuperar bens, transportá-los e reutilizá-los (ROSA, 2016).
Estudos realizados por Richey et al. (2005) e Autry (2005) indicam que existe elevado
grau de inovação em SLR, em termos de criação de sistemas e procedimentos, bem como na
busca de soluções para lidar com produtos e materiais devolvidos. A diversidade de produtos
e materiais requer um grau de gerenciamento desenvolvido, e exige a participação de diversas
empresas de tratamento e disposição final de resíduos (SHEU, 2007 apud COUTO, 2017).
Na abordagem da Logística Reversa, são levados em consideração os mesmos componentes
encontrados na logística tradicional, que são: armazenagem; estoques; transportes; fluxos de
movimentação interno e externo de materiais; tipos de serviços e níveis envolvidos; sistemas
de informações e comunicações; etc. (SOUZA e FONSECA, 2008 apud ROSA, 2016).
Entretanto, a Logística Reversa é traduzida em uma sucessão de etapas onde os produtos
não somente sejam descartados de forma a reduzir o impacto ambiental, mas também
fornecendo subsídios para a competitividade da empresa (AVILA, 2013), tornando o processo
economicamente viável.
86
O potencial de agregação de
valor aos REEEs é correspondido
(em primeira instância) pelo valor de
mercado das peças segregadas
manualmente na triagem, e depois,
pelo valor de mercado das
substâncias e recursos extraídos
dessas peças no processo de
reciclagem em si, onde cada tipo de
matéria-prima é separado, seja por
densidade, por granulometria etc. Na
Figura 23 são contemplados alguns Figura 22 - Preços Médios de alguns materiais/peças de
REEEs por kg de resíduo. Fonte: EcoEletro. Disponível em:
valores de peças facilmente <http://ecoeletrofase2.com.br/ecoeletro2/comercio-de-
sucata-eletronica/>. Acesso em 20 nov. 2018.
desmembráveis e sua cotação.
87
5.2.4 ESTUDO DE CASO E ENTREVISTAS (INSTITUTO GEA)
Na maior parte das cidades brasileiras, são realizadas atividades de coleta de RSU20
totalmente desconectadas dos sistemas públicos: atividades organizadas por sucateiros,
proprietários de depósitos de materiais recicláveis que concentram seus negócios em aparas
de papel, papelão, latinhas de alumínio, embalagens de polietileno tereftalato (PET) etc.
Geralmente, trata-se de materiais de alto valor agregado 21 (COUTO, 2017).
A participação do setor informal é característica marcante na GRSU22 dos países do
BRICS, notando-se, portanto, a necessidade de integração do setor informal ao sistema
formal de coleta destes resíduos (GONÇALVES, 2018). Organizados em cooperativas, os
catadores foram reconhecidos pela nova lei brasileira como agentes da gestão do lixo.
(CEMPRE, 2018). Por este motivo, eles devem ser incluídos e levados em conta no
planejamento e gestão de resíduos urbanos. Os catadores atuam tanto na coleta seletiva em
residências e empresas como na triagem dos resíduos para revenda/reciclagem.
Terão prioridade às fontes financeiras do governo federal os municípios que
implantarem coleta seletiva com participação de cooperativas de catadores (CEMPRE, 2010.)
Na base desse fluxo estão os catadores autônomos e informais, sujeitos à exploração por
intermediários que repassam os materiais recicláveis para sucateiros de maior porte ou
revendem para a indústria, para serem utilizados como matéria-prima. No final dessa cadeia,
o preço pode ser quatro vezes superior ao inicialmente pago aos carroceiros
(CEMPRE,2010). Este repasse de valores é injusto, uma vez que os catadores fazem o
trabalho físico mais custoso, que é a garimpagem dessas peças pelas ruas (diferentemente
dos casos onde as empresas estão acordadas com algumas cooperativas e entregam o
material direto no local para que seja triado e destinado).
As operações de coleta pelos depósitos de reciclagem são feitas diretamente nas
grandes fontes geradoras dos resíduos, quando estes são homogêneos (como resíduos
provenientes de empresas e indústrias); em pontos de concentração dos resíduos, coletados
individualmente por catadores de materiais recicláveis a eles vinculados informalmente; ou
ainda em pequenos sucateiros que atuam como atravessadores dos materiais recicláveis
garimpados por catadores nas ruas das cidades (COUTO, 2017).
Apenas 10% dos catadores estão melhor organizados (galpões de reciclagem,
cooperativas etc), i.e sem a relação com intermediários. Nesses casos, vários catadores
trabalham buscando melhorar a qualidade, aumentar a quantidade e agregar valores aos
20
Resíduos Sólidos Urbanos
21 “[...] parcela de valor que é acrescentada no processo social de produção, em que se transformam e
criam mercadorias” (FARIA, 1983).
22 Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos
88
materiais separados do lixo. (CEMPRE, 2010). Portanto, conseguem angariar mais fundos
para a organização e viver de forma mais justa. Além disso, uma vez estabelecidos em grupos
de cooperados, essas pessoas reúnem maior quantidade de um mesmo tipo de material, o
que facilita a revenda direta para fábricas e indústrias, já que a grande maioria dos
compradores só adquire mercadorias a partir de um peso ou unidades mínimos.
“Na década de 1990, começou a ganhar repercussão pública a
situação precária de milhares de pessoas, inclusive crianças, que
sobreviviam da cata de materiais em lixões. Diante dessa situação de
calamidade em vários lixões do país, em 1998 foi criado o Fórum Nacional
Lixo e Cidadania (FNLC) por uma iniciativa do United Nations Children's
Fund (UNICEF) com os seguintes objetivos: erradicar o trabalho de crianças
e adolescentes em lixões; estimular a inserção social e econômica de
catadores em programas de coleta seletiva; e mudar a forma de destinação
do resíduo no país, eliminando os lixões e adotando aterros sanitários. O
FNLC e o MNCR Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis
demandavam do poder público nas diferentes esferas de governo,
sobretudo na federal, o reconhecimento e a construção de políticas públicas
voltadas à inserção de catadores em programas de coleta seletiva e à
eliminação dos lixões no país.” (FERREIRA, 2014)
A PNRS prevê a participação e inclusão das cooperativas de catadores, em
intersecção com outras ações de âmbito federal (Decreto 7.405/10), que institui o Programa
Pró-Catador e o Comitê Interministerial para a Inclusão Social e Econômica dos Catadores de
Materiais Reutilizáveis e Recicláveis, e tem algumas metas como
I. Expansão da coleta seletiva
II. Melhoria das condições de trabalho
III. Ampliação das oportunidades de inclusão social e econômica dos
trabalhadores etc.
Contudo, a exclusão das cooperativas no Edital de Chamamento, mostra que, talvez,
a articulação de apoio não seja tão homogênea dentre os diversos Ministérios do Governo,
gerando uma contradição entre intenções da Lei e ações práticas (FERREIRA, 2014). O
Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) realizou um
levantamento sobre o arranjo desses trabalhadores no Brasil, em 2006. Nessa sondagem, é
verificado que 72% dos catadores se enquadram na categoria “Desorganizado (atuando nas
ruas ou lixões):
89
Tabela 17 - Diagnóstico da situação dos catadores, realizado pelo MNCR. Fonte: BESEN (2011) apud
FERREIRA (2014).
NÚMERO DE
SITUAÇÃO % CARACTERÍSTICAS
MEMBROS
EQUIPAMENTOS E GALPÕES PRÓPRIOS, E
FORMALMENTE
1381 4 CAPACIDADE DE IMPLANTAR UNIDADES DE
ORGANIZADOS (A)
RECICLAGEM
ALGUNS EQUIPAMENTOS PRÓPRIOS, PRECISAM
FORMALMENTE
2753 8 DE APOIO PARA A COMPRA DE EQUIPAMENTOS
ORGANIZADOS (B)
E/OU CONSTRUÇÃO DE GALPÕES
POUCOS EQUIPAMENTOS, PRECISAM DE APOIO
EM ORGANIZAÇÃO 5720 16 PARA A AQUISIÇÃO DE EQUIPAMENTOS E DE
GALPÕES
DESORGANIZADO NÃO POSSUEM EQUIPAMENTOS, CONDIÇÕES DE
(ATUANDO NAS 25783 72 TRABALHO PRECÁRIAS, E VENDA PARA
RUAS OU LIXÕES) ATRAVESSADORES E DEPÓSITOS DE SUCATA
TOTAL 35637 100 -
“O comércio e indústria não negam a inclusão das cooperativas, mas existe dificuldade
em incluí-las como unidade gestora na LR, pois as cooperativas, em geral, não apresentam
estrutura e documentação legal exigidas para conveniar com outros setores envolvidos na
LR” (FERREIRA, 2014).
Os números dessas atividades são praticamente desconhecidos no Brasil, uma vez
que não há, em geral, fiscalização e controle por parte das prefeituras. A atuação desses
depósitos e catadores é a responsável pelos bons números da reciclagem de materiais de
alto valor agregado no Brasil, como, por exemplo, as latinhas de alumínio. Assim, os SLR
precisam considerar esse sistema (atualmente informal) de movimentação de materiais
recicláveis (COUTO, 2017).
Os REEEs, especificamente, possuem grande potencial de agregação de valor a partir
do desmantelamento do material em qualquer nível, principalmente os produtos da chamada
linha verde (desktops, notebooks, impressoras, aparelhos celulares etc). A placa de circuito
impresso (PCI), pertencente de produtos típicos da linha verde, é um dos itens de maior
interesse para reciclagem, pois apresentam metais preciosos. Segundo HAGELUKEN
(2006), a composição de uma PCI é: 20% Cu, 7% Fe, 5% Al, 3% Sn, 1.5% Pb, 1% Ni e 25 %
de compostos orgânicos e em ppm: 1.000 Ag, 250 Au e 100 Pd. (ARAUJO, 2013).
Os catadores individuais, por trabalharem sozinhos, garimpam materiais certeiros,
com ciência do valor agregado. As cooperativas, muitas vezes recebem materiais em massa
das empresas, extremamente volumoso e sem nenhuma triagem. Por isso, diversas vezes
os recicladores individuais dispõem de matéria com melhor qualidade do que as cooperativas.
90
A maior parte da coleta é feita por catadores, autônomos ou associados em
cooperativas, que retiram dos RSU, os materiais de mais alto valor, em condições de trabalho
precárias e com baixa remuneração (IBGE 2012 apud COUTO 2017).
Os catadores particulares - e não somente os associados às cooperativas - precisam,
então, estar inseridos nos sistemas de Logística Reversa, uma vez que eles sempre existirão,
e seus materiais de coleta terão sempre melhor qualidade do que os materiais que chegam
à porta das cooperativas deixados pelas organizações. Estes recicladores individuais devem
receber capacitação para que coletem e manuseiem corretamente os produtos.
Surgem, então, algumas iniciativas que integram a sociedade (tanto para a população
consumidora como para os catadores) ao descarte tecnológico. Esses projetos foram
fundamentais para guiar a materialização da PNRS, e para promover a consciência ambiental
em diversas esferas, porém, não são projetos que fazem parte da realidade organizacional
do Brasil. Por este motivo, é fundamental focar em propostas que abrangem o real cenário
brasileiro e que podem concretizar a própria execução da PNRS. Neste caso, englobando o
trabalho dos catadores de materiais recicláveis, como a própria Política Nacional de Resíduos
Sólidos prevê (FERREIRA, 2014). Um exemplo de projeto que visa nivelar a participação
das cooperativas nas decisões sobre a Logística Reversa de Eletroeletrônicos é o EcoEletro,
noticiado pelo governo em 2012 no link: http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-
ambiente/2012/04/projeto-capacita-catadores-de-53-cooperativas-a-separar-o-lixo-
eletronico
O projeto EcoEletro, patrocinado pela Petrobras, levou dez catadores por mês para
os bancos da Poli-USP, onde estes aprenderam como lidar de forma segura e mais rentável
com o lixo eletrônico (BRASIL, 2012). A realização foi feita pelo Instituto GEA, uma OSCIP
(Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), cuja finalidade principal é desenvolver
a cidadania e a educação ambiental, assim como assessorar a população a implantar
programas de coleta seletiva de lixo e reciclagem (GEA, 2018).
“Nas duas campanhas de esclarecimento e conscientização dos consumidores para
o descarte correto do lixo eletrônico, promovidas pela secretaria, foram coletadas quase 12
toneladas de resíduos eletroeletrônicos. Em relação aos cuidados que a população deve ter
em relação a esses materiais, o superintendente recomendou que devem procurar empresas
de reciclagem que comprem resíduos eletroeletrônicos e tenham como garantir a destinação
correta desses materiais. Outra alternativa, disse, ‘é guardar em casa até a montagem de
uma Logística Reversa ou entrar em contato com o fabricante do produto e saber se ele tem
uma solução” (BRASIL, 2012).
Com estes cursos de capacitação é possível impulsionar a Logística Reversa de
Eletroeletrônicos, ao permitir que os produtos incorretamente descartados pela população,
91
sejam coletados pelos recicladores; isso, somado às campanhas de conscientização e
iniciativas que estimulam os consumidores a reduzir compras desnecessárias e entregar os
REEEs, guardados em casa, aos pontos de coleta disponibilizados e bem divulgados,
fecharia a conta dos EEEs que são vendidos vs os que são recolhidos. Pois a população
consciente faz a entrega, e a população não-consciente é contemplada pela coleta dos
catadores/recicladores que recuperam os produtos antes de serem enviados aos aterros e
lixões.
Além de complementar a eficácia do sistema, essa dinâmica traz renda aos catadores,
se tornando uma decisão de importantíssimo cunho social.
Foram entrevistados:
I. Wagner Akio, do Instituto GEA - realizador do projeto EcoEletro fase 1 e fase
2 (patrocínio Petrobrás): http://ecoeletrofase2.com.br/ecoeletro2/ e do
Descarte Legal (patrocínio Caixa):
http://www.institutogea.org.br/projetos/projeto-descarte-legal-caixa/.
II. Catador Bispo – participante do projeto Descarte Legal, e que agora tem sua
renda baseada no garimpo de eletroeletrônicos
92
• Placas (de vários tipos, cada um vendido – normalmente – a um consumidor
diferente), por exemplo:
93
Infelizmente, a realização destes projetos só
é possível com patrocínio, e por isso o fomento
financeiro do governo ou demais instituições
patrocinadoras é essencial para a continuidade de
alguns e a criação de outros. Estas propostas,
segundo AKIO (2018), possuem, no mínimo, os
seguintes custos:
• Pagamento de pessoal envolvido no
trabalho (não são voluntários, são
convidados para cada projeto)
• Subsídio de transporte, alimentação e
compensação de trabalho ausente (pois,
durante o período do curso, os recicladores
não atuam na cooperativa de origem, e
deixam de gerar renda, então, há uma
compensação econômica para suprir os dias
de ausência).
Figura 25 - Resultados dos Projetos
Os resultados (Figura 25) mostram que realizados pelo Instituto GEA em parceria com
a Petrobras (EcoEletro, fase 1 e fase 2).
somente o desmantelamento em nível manual e Fonte: EcoEletro. Disponível em:
<http://ecoeletrofase2.com.br/ecoeletro2/>.
relativamente superficial (pois não há desmontagem Acesso em 20 nov. 2018.
de material fino e nem separação de substâncias, somente segregação de peças) já é capaz
de agregar valor ao resíduo. Com isso, vê-se a factibilidade do repasse destes conhecimentos
e o ganho real que é possível obter com essas informações nas mãos corretas.
II. O catador Bispo participou de um dos projetos realizados pelo Instituto GEA, neste
caso, o projeto Descarte Legal. Sempre foi ligado à internet e redes sociais,
divulgando os projetos dos quais participa e aberto a conhecer outros. Através deste
curso, Bispo - que já carregava muito conhecimento sobre Logística Reversa,
conceitos como valor agregado e Economia Circular, além de estar ciente de diversas
leis ambientais e estatísticas sobre geração de resíduos - aprendeu como o
desmonte de REEEs pode gerar renda mais rapidamente do que a reciclagem de
outros materiais.
Ele aponta que, desde que percebeu o potencial de arrecadação de dividendos, tem
focado no garimpo dos Eletroeletrônicos, principalmente da linha verde.
Segundo Bispo, há muitos recicladores que não fazem ideia do valor agregado que
esses componentes tecnológicos possuem, embora a maioria deles saiba, superficialmente,
94
que existem substâncias nocivas presentes em algumas partes desses produtos. Além disso,
Bispo recupera um ponto importante sobre a reciclagem de REEEs (e serve pra outros
materiais também): as peças e objetos garimpados pelos catadores possuem sempre melhor
qualidade do que as peças que chegam em aglomerados na cooperativa, doados por
empresas que querem dar destinação final aos seus produtos, seja por pressão de estoque
ocupado, seja por consciência ambiental.
96
públicos, sem ponto específico mãe pesadas são separadas das revitalizados para
formal de coleta. outras; se há um comprador para fios reutilização e busca
Para alguns produtos específicos de cobre, todos os fios de cobre são gerar fundos para as
como pilhas e baterias, há pontos separados. instituições ou é
de coleta relativamente bem Não há um desmantelamento fino aplicado para fins
divulgados (farmácias, (a nível de resistores, componentes sociais de
mercados, universidades, lojas pequenos e matérias-primas aprendizado (oficinas,
parceiras etc). A população deve específicas como ouro) pois para escolas, cursos de
levar até estes pontos e depois, isso é necessária mão-de-obra informática).
teoricamente, esse material é qualificada. Destinação final:
levado para um centro de (grande maioria) –
reciclagem (não há retorno ao aterros e lixões
fabricante, pois são de muitas
fabricantes diferentes). Porém,
não se sabe ao certo a
destinação destes insumos após
a entrega nos pontos. Enquanto
para outros REEEs não há
instrução clara de descarte e a
população deixa nas calçadas,
aguardando um “carreto”
(informal) que passa e recolhe.
Principalmente para aparelhos de
grande porte como a geladeira,
isto é um problema. E para
televisão também, por conta dos
materiais perigosos presentes.
França Com muitos pontos de coleta Os resíduos coletados são, ou Reuso: Emmaüs e
espalhados pela cidade e com enviados para os Eco-organismos Envie - revenda para
informações divulgadas em que os triam e os enviam para cada público por preços
folhetos nas caixas de correio tipo de prestador, ou já são menores (ANEXOS A
residenciais, os residentes recolhidos por esses prestadores e D)
também devem fazer a entrega estabelecidos (como o caso da Reciclagem - feita até
em mãos, voluntariamente. Corepile, que já recolhe as pilhas o nível da matéria
Isso pode ser feito nas casas diretamente da Déchèterie em prima
Emmaüs, nos pontos de coleta Vannes). Destinação final –
espalhados pelas ruas (há Cada prestador é responsável pelo parcela mínima:
muitos), ou diretamente nas tratamento do REEE atribuído, e o valorização
unidades físicas dos Eco- faz da forma mais conveniente energética
organismos, que estão bem possível. (incineração) ou
localizados e a população em As partes não reaproveitáveis ou enterrado e
geral sabe apontar onde fica o não-consertáveis consertáveis são monitorado por dez
mais próximo. desconstruídas e desmanteladas até anos
Não há sucateiros. o nível da matéria prima, que então é
vendida para algum manufaturador
que a utiliza em seus produtos. As
porções não separáveis e portanto
não vendíveis (ou que não possuem
um mercado cujo valor da matéria
reutilizada compense o valor da
nova) são enterrados nos aterros
sanitários.
Fonte: elaborado pelo autor.
Quanto à participação de catadores de materiais reaproveitáveis nos Sistemas de
Logística Reversa de embalagens, por exemplo, estima-se a criação de 128.217 novos
postos de trabalho em todo o território nacional (COUTO, 2017). Ao considerar os REEEs
como uma categoria de material que ainda não dispõe de nenhum tipo de organização,
97
devemos lembrar que muitos mais postos de trabalho seriam criados se um SLR eficiente
fosse estabelecido para esta cadeia, além de movimentar grandes montantes devido ao valor
agregado que está associado aos Resíduos Eletroeletrônicos.
Por isso, esta discussão final é um rol de orientações e sugestões, (baseadas no fluxo
de resíduos da França) que devem ser consideradas na implantação de um sistema de
Logística Reversa de Eletroeletrônicos, visando melhorar o gerenciamento de Resíduos
Sólidos Eletroeletrônicos no Brasil:
I. Em matéria de suporte:
Conceitos:
Avaliação do Ciclo de vida
A Avaliação do Ciclo de vida foi padronizada pela International Organization for
Standardization (ISO), que elaborou a ISO 14040 sobre a Avaliação do Ciclo de Vida,
publicada no Brasil pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT. Conforme
a própria ISO 14040 (2006), a Avaliação do Ciclo de Vida é a compilação e avaliação das
entradas, das saídas e dos impactos ambientais potenciais de um sistema de produto ao
longo do seu ciclo de vida (WILLERS, 2013). Para identificar as estratégias de melhoria mais
eficazes e evitar o deslocamento da carga de um impacto ambiental para outro, todos os
impactos que ocorrem através da cadeia produtiva (cadeia de suprimentos mais as fases de
uso e descarte) devem ser contabilizados (HELLWEG, 2014).
Economia Circular
Como uma estratégia sustentável, regenerativa e restaurativa, cujo objetivo é manter
produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo
(ARAÚJO, 2017).
Logística Reversa
É a área da logística empresarial que fecha o ciclo dos fluxos logísticos empresariais
tradicionais da chamada logística direta: de suprimentos, internos à organização e de
distribuição de mercadorias na direção do mercado, ocupando-se com os diversos fluxos de
98
retorno de mercadorias, sob a forma de produtos de pós-venda ou de pós-consumo. (LEITE,
2014)
Ecodesign
O Ecodesign é executado através da definição criteriosa dos materiais a serem utilizados e
do desempenho ambiental do processo de fabricação, da correta manutenção do produto, da
prática da Logística Reversa, da reutilização, desmontagem, remanufatura, reciclagem e
disposição final do produto. Valendo-se destas técnicas em todas as etapas do ciclo de vida
do produto, é possível alcançar produtos e processos ambientalmente sustentáveis
(GONTIJO, 2010). O Ecodesign pode agregar sustentabilidade às estratégias de projeto e à
gestão de operações (BORCHARDT, 2010).
99
• Definir os procedimentos para resolver e responsabilizar os casos de exceção (i.e
casos que não se enquadram nas atribuições pré-definidas)
100
sem outra brecha, dar a destinação correta para todos os componentes); e isto
não somente pelo ambiente mas sim porque é a principal fonte de renda para os
mesmos.
Os setores vulneráveis da sociedade que podem ser incluídos neste postos, gerando
renda e segurança social para os mesmos, são:
❖ Ex-presidiários
❖ Deficientes desalocados no mercado de trabalho
❖ Imigrantes em situação de irregularidade
❖ Idosos
❖ Catadores (já executam sua função dentro dessa logística)
102
Portanto o Ecodesign deve ser incentivado, por exemplo, através de isenções fiscais
e tributárias para os produtores que estiverem sempre aprimorando seus produtos.
III. Alguns dos princípios necessários para desenvolver uma boa política de REEEs:
103
“A criação e desenvolvimento de novas unidades gestoras privadas e
cooperativas é uma necessidade para absorver o volume de resíduos que
serão coletados a partir da aprovação dos sistemas de Logística Reversa. A
capacitação dos catadores de materiais recicláveis é um importante fator
social, que vai gerar renda e auxiliar várias famílias, e deve ser considerada,
pois está prevista na PNRS e em outros Programas federais, como é o caso
do programa Pró- Catador.” (FERREIRA, 2014)
104
• Crie, se necessário, algum tipo de certificação (como o WEEELABEX) de
destinação correta para que todos os setores e agentes da sociedade confiem no
sistema de Logística Reversa implantado, estimulando assim, os primeiros passos
a serem trabalhados no fluxo dos Resíduos Eletroeletrônicos no Brasil: I. a
devolução do produto pelo consumidor aos fabricantes e II. a entrega desse
material pelos setores responsáveis pelo recebimento deste, aos recicladores
organizados
• Consiga gerir e identificar os ônus e bônus presentes na Logística Reversa para
cada setor da sociedade, para que os acordos setoriais e as políticas de incentivo
estejam sempre regulando em consonância aos interesses de todos os atores
envolvidos, mantendo a eficácia do SLR. (Pois por exemplo, representantes do
setor do comércio e indústria frequentemente mencionam que ficariam em
desvantagem total com alguns sistemas de LR, já que teriam que arcar com custos
da destinação, por exemplo, de produtos pirateados, que não foram produzidos e
vendidos por eles.)
• Legisle de forma clara e não ambígua ao responsabilizar os atores por diferentes
processos e serviços, e divulgue midiaticamente em linguagem popular e acessível
sobre essas atribuições
• Oriente a mudança de cultura do consumidor, do comerciante e de suas equipes
quanto ao manuseio e à segregação adequada e a posterior devolução dos
resíduos (COUTO, 2017), além de divulgar e informar aos habitantes como
proceder com todos os resíduos, e tornar os pontos de coleta local de
solidariedade, convivência social e atrativo para o público, “desestigmatizando” a
impressão do lixo como algo sujo, inferior, isolado. (ANEXOS B e C)
105
orfãos, caroneiros, alocação dos custos de tratamento entre os produtores
participantes do programa e outros.” (ARAUJO, 2013).
Com o estudo de caso francês, fica claro que todo o processo só funciona graças à
cooperação entre todos os atores, incluindo consumidores, Eco-organismos,
produtores/fabricantes etc. Portanto, os acordos setoriais devem:
• Ser detalhados ao máximo, mencionando documentos de segurança que devem
ser requeridos e emitidos por cada parte, recibos, estatísticas de monitoramento,
metas etc
• Satisfazer de forma razoável todos os setores da sociedade, de forma a ser
realmente assinado por todos, sem exceção
• Serem regulamentados por um órgão fiscalizador maior para que os
procedimentos sejam controlados
IV.4 Legislação
Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, municípios acima de 20 mil
habitantes devem possuir Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, e abaixo deste
porte, devem elaborar um Plano Simplificado de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
(PSGIRS). Ou seja, todas as administrações devem metodizar a coordenação dos seus
resíduos em alguma medida, sem exceções, e este desígnio deve ser alcançado o mais
rápido possível levando em consideração o precário cenário brasileiro em relação à produção
de resíduos. Este é o primeiro passo a ser seguido para a sustentabilidade na gestão dos
resíduos em geral.
Não obstante, esforços devem ser feitos também sobre as categorias de resíduos
emergentes, incluindo os REEEs. Portanto, por exemplo, as prefeituras devem:
I. Legislar em suas normas, de forma específica e clara, sobre a temática dos
Resíduos Eletroeletrônicos;
II. Declarar metas para esses sistemas;
III. Instituir formas de monitoramento;
IV. Criar bancos de dados integrados com outras administrações para
compartilhar resultados e permitir o diagnóstico acerca das falhas e êxitos
dessas políticas governamentais;
V. Designar exatamente como devem proceder todos os atores com poder de
ação em matéria de Resíduos nessa esfera administrativa (municipal);
VI. Estabelecer, quando necessário, concessões e acordo setoriais que
possibilitem um bom desempenho na execução dessas políticas;
VII. Considerar a importância de divulgar, aos habitantes, esses
conhecimentos/procedimentos sobre resíduos e acerca da legislação da
cidade;
107
VIII. Reiterar o interesse e mérito do sucesso da Gestão de Resíduos Sólidos como
parte da performance das políticas de saneamento básico da cidade
IX. Evocar a magnitude da “pequena atitude municipal” ao não contribuir com o
despejo e venda informal de lixo eletrônico, sem alimentar, portanto, a situação
precária de crianças e outros vulneráveis envolvidos na reciclagem informal
da exportação de REEEs
X. Reformular sua política sempre que houver sugestão cabível ao
aprimoramento da gestão de resíduos sólidos da cidade, independente da
categoria destes.
5.4 CONCLUSÕES
Diante da clara comparação entre os cenários Brasil e França, pôde-se concluir que
ambos são equiparáveis no âmbito legal, o que é uma constatação justificável uma vez que
a legislação brasileira em matéria de REEEs foi baseada exatamente nas Diretivas Europeias
citadas neste trabalho. A principal diferença entre os dois países são as tecnologias
disponíveis para o processamento desses resíduos, e a eficiência na aplicação e fiscalização
dessas normas.
Desse modo, os esforços dos atores envolvidos no processo são diferentes e isso traz
resultados ruins para o caso brasileiro. Existe a necessidade de considerar a atual situação
do país para que uma solução adequada seja encontrada, e isso inclui, essencialmente, a
inclusão e capacitação dos catadores de material reciclável, além da solidificação burocrática
de cada responsável pela cadeia (como a assinatura do Acordo Setorial, por exemplo).
A sustentabilidade é negligenciada em um país tão próspero quanto o Brasil, e cada
passo em direção à resolução deste problema, deve ser dado, independente de sua
magnitude. “O maior de todos os erros é não fazer nada só porque se pode fazer pouco. Faça
o que lhe for possível”. – Sydney Smith
REFERÊNCIAS
108
ABDI – AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. Logística Reversa de
Equipamentos Eletroeletrônicos – Análise de Viabilidade Técnica e Econômica. Brasília, 2013.
Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/arquivos/dwnl_1416934886.pdf>. Acesso em 19 nov. 2018.
ABINEE – Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica. PNRS – Logística Reversa dos
Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos – REEEs. CMARS – Subcomissão Temporária de
Resíduos Sólidos, 4ª reunião. Disponível em: <http://www19.senado.gov.br/sdleg-
getter/documento/download/78fa498c-9042-42b2-afe6-5278a89e2cb8>. Acesso em 6 nov. 2018.
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ANEXOS
117
ANEXO B – FOLHETO DE INSTRUÇÃO: ONDE SE INFORMAR PARA TRIAR OS
RESÍDUOS
118
119
ANEXO C – FOLHETO EDUCATIVO DE TRIAGEM, O QUE SEPARAR E O QUE PODE
SER DESCARTADO NA DÉCHÈTERIE
120
ANEXO D – EMMAÜS VANNES, PARTE DA RÉCYCLERIE (RECICLARIA) - LOCAL DE
TRABALHO DE LUDOVIC
121
ANEXO E – DÉCHÈTERIE VANNES – JEAN FRANÇOIS RESPONSÁVEL PELA
ORGANIZAÇÃO DIÁRIA DO LOCAL
122
Caixa de coleta da Corepile, Eco-organismo responsável, desde 2010, pela coleta e
reciclagem das pilhas por toda a França.
123
Depósito de resíduos
têxteis, onde a população
deve colocar roupas e
sapatos. Estas podem ir para
doação e alimentar
instituições de economia
solidária como a Emmaüs (55%), ser reciclada (35%) ou energeticamente valorizada (10%).
124
Caçamba da
Déchèterie destinada aos
resíduos não valorizáveis, que
são enviados ao Centro de
enterro.
125