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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

República da Guiné - Bissau


Ministério da Educação Nacional
Faculdade de Direito de Bissau

Regente: Me Braima N'Dami


Assistente: Dra. Aniri Bandeira

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

Aula do dia 14.10.2019

Manual Base: Professor Sousa Franco

As finanças públicas tanto no sentido objetivo como no subjetivo preocupa em Estudar as formas
como o Estado capta e afeta os recursos públicos para a satisfação dos interesses da coletividade.
Portanto, o Estado fá-lo recorrendo ao jus imperri (poder de autoridade) lançando mão aos impostos
no sentido deste ser forçoso o seu cumprimento, porque o Estado não negoceia a aplicação dos
impostos obrigando o contribuinte a cumprir. Os impostos resultam de uma decisão unilateral do
Estado.

Dizia Aristóteles que o que é do interesse coletivo é o que é mais menosprezado, porque o
homem tende a preocupar-se com a satisfação dos seus interesses particulares.

Nas finanças públicas as taxas não se confundem com os impostos, Em princípio as taxas
pressupõem uma contrapartida.

Finanças privadas são aspetos puramente monetários, em fim é o que fazemos no nosso dia-a-dia
arrecadando receitas para a satisfação dos nossos interesses particulares.

Aula do dia 15.10.2019


INTRODUÇÃO ÀS FINANÇAS PÚBLICAS
CONCEITO DE FINANÇAS PÚBLICAS

Noção Preliminar; Finanças públicas e Finanças Privadas


Finanças Públicas exige a separação do conceito de Finanças Privadas

Finanças Privadas - Por finanças privadas entende-se os aspetos tipicamente monetários do


financiamento de uma economia ou dos problemas relacionados com a moeda e o crédito ou mais
restritamente pelos mercados financeiros (que são encarados como o local onde se transacionam os
títulos de créditos a médio e longo prazo).
Diferentemente as finanças públicas designam a atividade económica de um ente público com o
propósito de afetar bens a satisfação de necessidades que lhe estão confiadas com base nos poderes
que lhe são confiados. Isto é, tem a preocupação de captar recursos e afetar esses recursos para a
satisfação dos interesses da coletividade.

O FENÓMENO FINANCEIRO
NOÇÕES GERAIS

PRINCIPAIS ACEPÇÕES DA EXPRESSÃO «FINAÇAS PÚBLICAS»

A expressão finanças públicas envolve três sentidos, designadamente:

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

1- Finanças públicas em sentido orgânico: aqui fala-se em finanças públicas para se designar
conjunto de órgãos de Estado (por exemplo ministério das finanças) ou de outras entidades públicas
a quem compete gerir os recursos económicos disponíveis para a satisfação de necessidades sociais.

2 - Finanças públicas em sentido objetivo: atividade concreta através da qual o Estado ou outra
entidade pública afeta bens (recursos) económicos à satisfação das necessidades sociais.

3 - Finanças públicas em sentido subjetivo: diz respeito a disciplina científica que estuda os
princípios e regras que regem a atividade do Estado com o fim de satisfazer as necessidades que lhe
estão confiadas. No fundo tem que ver com a própria cadeira denominada de finanças públicas.

Fenômeno financeiro: representa o Estado de relação económica entre as pessoas e instituições


sociais por um lado, e o Estado do outro lado.

Aula do dia 18.10.2019


Sumário: A ECONOMIA DO FENOMENO FINANCEIRO:
ECONOMIA PRIVADA, SOCIAL E PÚBLICA
A atuação económica das pessoas, dos grupos e da sociedade pode ser exercida de diferentes formas.
Em alguns casos achamo-nos perante indivíduos, famílias ou organizações de base contratual que,
na produção, no consumo, na repartição ou ainda na circulação, atuam como organizações de mera
base contratual na satisfação das respetivas necessidades segundo critérios essencialmente
individuais. Trata-se da economia privada, em regra contratual.

SEGUNDA FORMA - COOPERATIVA (ECONOMIA SOCIAL)


Outras vezes, estamos perante organizações que visam satisfazer necessidades segundo a lógica de
grupo ou chamada a lógica cooperativa, recorrendo a disciplina institucional interna do grupo mas
sem possibilidade de recorrer a mecanismos coativos externos. São exemplos da economia
comunitária, cooperativa ou coletiva.

*Aqui a lógica é cooperativa e não privada propriamente mas podem ter regulamentos internos que
podem sancionar as pessoas que infringirem as regras internamente isto é, são vinculativas apenas
aos membros da organização cooperativa. Nas cooperativas o propósito não é obtenção de lucros.

Enfim, as pessoas podem associar-se em organizações políticas, que visam o interesse geral de
sujeitos indeterminados, indo assim para além de simples satisfação de necessidades sociais comuns.
Por isso recorrem a poderes de autoridade no sentido duplo:
1º sentido- da produção de perceitos sociais obrigatórios (leis) que impendem sobre todos, mesmo
para quem não participou na respectiva elaboração.

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

2º sentido - resulta da possibilidade de recorrer se necessário a coação por parte dos órgãos da
instituição. Temos assim a chamada economia pública, que assenta a partida, na existência de uma
solidariedade organizada e dotados de poder político.

Na economia pública temos um número indeterminado de pessoas e a atuação do Estado é baseada


no princípio da solidariedade e não na obtenção de lucros visto que o «Estado é uma pessoa de
bem». Apesar de em algumas situações o Estado atua na lógica do mercado permitindo o Estado
obter ganhos e que depois são partilhados para a comunidade afim de poderem sentir o efeito útil
dos ganhos obtidos pelo Estado.

Aula do dia 21.10.2019


Sumário: O PODER E A ECONOMIA:
ORDENAÇÃO, INTERVENÇÃO E ATUAÇÃO ECONÓMICAS
São as três formas da relação entre o poder e a economia que podemos encontrar em todos os países
independentemente do sistema económico vigente.

*Quando se fala da ordenação estamos a pensar sobretudo na perspectiva do legislador, no sentido


de permitir efetivamente perceber-se como o poder quer que a economia seja organizada porque é
o poder político que traça qual o rumo que a economia deve seguir traçando o quadro geral para o
desenvolvimento da economia.

ORDENAÇÃO ECONÓMICA
Cabe aos poderes públicos estabelecer quadro geral que toda a atividade económica deve obedecer
(contendo a filosofia traçada pelo próprio Estado). A máquina política e administrativa, em larga
parte procede assim a definição do enquadramento da vida económica, designadamente de natureza
jurídica e social bem como a estrutura da atividade económica e condiciona a atuação dos agentes
económicos. No fundo consiste no estabelecimento das regras para condicionar os sujeitos
económicos.
Obs: Se a filosofia do quadro jurídico for liberal veremos uma pouca intervenção do Estado na
economia.

*Um primeiro aspeto desta ordenação resulta naturalmente da definição e execução de uma doutrina
ou política económica e social seguida pelo Estado: abstencionista, liberal, socialista, comunista etc.

Se a filosofia for abstencionista a tendência do estado é abster-se de intervir nas atividades


económicas.

INTERVENÇÃO ECONÓMICA
A intervenção económica é o modelo que visa alterar concretamente o que seria a atividade livre e

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

normal dos sujeitos económicos. Portanto, a intervenção económica pressupõe antes a liberdade de
atuação económica. O Estado procura apenas modificar a atuação normal ou comportamento dos
sujeitos económicos por via de política económica.
Obs: a intervenção do Estado acontece de diversas formas...

ATUAÇÃO ECONÓMICA
Aqui o Estado ele próprio desenvolve política de sociedade - uma atividade enquanto sujeito
económico e social.
Em todos os tempos na história da humanidade encontramos zonas de atividade económica ligadas
com os fins e funções do Estado e que foram exercidos pelo próprio. Exemplo: áreas como de
segurança, justiça e bem-estar implicam em termos efetivos a administração de diversos bens raros
a qual de “per si" é a atividade económica.

DIFERENÇA ENTRE A INTERVENÇÃO E A ATUAÇÃO ECONÓMICA


Na intervenção económica o Estado toma medidas para alterar o comportamento dos sujeitos
económicos.
Na atuação económica tem que ver em termos restritos com à cobrança dos impostos que depois
são canalizados para a satisfação dos interesses da coletividade.

NB: a questão ligada a segurança conclui-se que é uma atividade económica porque na verdade o
Estado cobra os impostos e depois canaliza-os para as áreas ligadas a segurança do Estado.

Aula do dia 25.10.2019


Sumário: ATIVIDADE FINANCEIRA

A atividade financeira: corresponde a utilização de meios económicos (meios objetivamente


raros susceptíveis de aplicações alternativas) por entidades públicas ou pela própria
comunidade com o propósito de satisfazer necessidades comuns. Noção dada pelo professor
Sousa Franco.

Problema do Mosquito portador de paludismo: como combaté-lo?


Ele propõe as seguintes soluções:
- não sair de casa;
- não sair de casa mas colocar ar condicionado tornando a casa mais confortável;
- sair de casa mas usando repelentes;
- uso de repelentes no jardim de casa por exemplo;
Obs: todas essas soluções alternativas não são 100% eficazes.
Salvo pulverização aérea que é mais eficaz e custoso. Mas a questão que se coloca é quem é que
vai custear a pulverização aérea?

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O Estado ou outra entidade pública pode porque tem meios coercivos a seu favor, e pode direta ou
indiretamente recuperar os custos daquele investimento por meio dos impostos.

Antes da tomada de grandes decisões económicas há sempre questões que são levantadas por
exemplo:
- porque são certas atividades prosseguidas pela ação coletiva privada e outras pela ação coletiva
pública?
- como se decide sobre a quantidade do bem coletivo público a produzir e sobre a quantidade de
recursos a atentar-lhe?
- como distribuir os custos da provisão de bens coletivos entre os membros da coletividade?
- como são tomadas as decisões coletivas, a partir das preferências individuais?
- como são distribuídos os benefícios e os custos?

A OTIMIZAÇÃO SOCIAL E SEUS CRITÉRIOS TEÓRICOS


A questão geral que se levanta para atingir essa otimização ou bem-estar social é: porque é que há
necessidades que são satisfeitas pela comunidade (ou pelo Estado), ao passo que outras o são
pelas pessoas e pelos grupos?
R: a resposta irá depender do tipo de economia em vigor num país. Ser for numa economia de
mercado a resposta é dada pelo próprio mercado.

*Numa economia de mercado o Estado atua em última ratio.


Mas se for numa economia dirigida (planificada) quem vai responder essas questões é o Estado
porque o Estado aqui substitui o próprio mercado.

Obs: Os bens produzidos fora do mercado isso leva-nos a reconhecer a incapacidade ou falhas do
mercado. Portanto se existir falhas o Estado intervém.

Isso em primeira linha pressupõe que temos que estar numa sociedade politicamente organizada
(Estado). Esta é uma das condições essenciais para a teoria que defende a otimização social;

Competição entre os diferentes atores que intervêm no mercado. (No fundo os atores são rivais
entre si); mais ou menos é o que acontece nas sociedades capitalistas onde em primeira linha
preocupa-se com a satisfação dos interesses individuais afastando-se o princípio da solidariedade,
que a atitude do Estado em relação a provisão de bens disponíveis seja passiva - não ativa.
Que a afetação de recursos nessa sociedade se faz através dos mercados livres tendencialmente em
concorrência pura e perfeita.

Obs: quando os vendedores competem entre si isso poderá provocar a produção de bens em

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

melhores qualidades.

Aula do dia 29.10.2019


Sumário: A ECONOMIA DE BEM-ESTAR

A luz da economia de bem-estar que tem como pressupostos o individualismo, racionalismo e


hedonismo, fornece a melhor base de análise das situações em que o mercado não é capaz de
satisfazer da melhor maneira possível os interesses de todos os membros de uma comunidade. Ela
explica teoricamente as regras para a formulação de juízo de valor (que nunca pode derivar
diretamente e apenas de juízos de realidade: regra de Hume).
Sobre situações globais e finais de economia. Por outras palavras, é uma concepção que aponta para
o equilíbrio que não é mecanicista e nem moralista, o que é chamado pelo Rawls de equilíbrio
reflexivo.

Obs: Essa teoria de bem-estar é uma teoria que aposta firmemente no individualismo, racionalismo
(razão) e no hedonismo (filosofia que surgiu na Grécia antiga e significa hedona, prazer ou vontade)
e o bem supremo para eles deve ser a satisfação da nossa vontade.
Para estes autores o Estado tem que fazer as pessoas perceberem as suas decisões sem que no entanto
tenha que usar mecanismos extras de intimidação ou condicionamento para impor as pessoas por
exemplo a pagarem impostos. Qualquer coisa que vai contra a vontade das pessoas estaria-se a violar
o direito dessas pessoas. Portanto, segundo eles, o Estado tem que pautar pelo equilíbrio reflexivo.

* TEORIA DE PIGOU (em relação a teoria de bem-estar)


Ele aplicou critérios de bem-estar aos estudos de distribuição de recursos entre setor público e
privado - como entre os sujeitos da economia em geral, partindo do pressuposto que cada indivíduo
recebe utilidades da utilização ou consumo dos bens públicos, e o pagamento de impostos para
financiar bens é uma desutilidade para os indivíduos, pois, são obrigados a sacrificar o consumo
privado para pagar os impostos.
Para cada pessoa o ponto ótimo de oferta de bens públicos é o ponto em que a utilidade marginal
dos bens públicos é igual a desutilidade marginal do imposto: se pagasse mais impostos, a sua
utilidade marginal implicava mais sacrifício do que benefício obtido dos bens públicos; se pagasse
menos impostos, então a utilidade do último bem privado corresponderia a desutilidade marginal
do bem público que obtinha. Este princípio aplicado a todos os indivíduos, regerá a afetação ótima
dos recursos individuais entre bens privados e bens públicos.

*No fundo quer mostrar que deve existir um ponto de equilíbrio entre aquilo que pagamos e
o serviço público prestado pelo Estado. Caso contrário estaríamos em desutilidade.

Desutilidade: corresponde ao esforço ou sacrifício.

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

Desutilidade marginal: é o último sacrifício.

CRÍTICAS À TEORIA DE PIGOU


1ª limitação: toma a utilidade em termos cardinais e não apenas ordinais; * (não faz sentido estarmos
a enumerar as utilidades dos serviços públicos prestados pelo Estado);

2ª admite que as apreciações subjetivas são comparáveis; * (não levou em conta que a apreciação
que as pessoas fazem do serviço público que o Estado presta são incomparáveis porque a apreciação
é subjetiva, varia de indivíduo para indivíduo);

3ª não fornece nenhum mecanismo de agregação de ótimos individuais para determinar um ótimo
social; * Para atingirmos o ótimo social teríamos que fazer o somatório dos ótimos individuais para
podermos atingir o ótimo social, facto que não foi revelado na teoria do PIGOU. Mas mesmo assim
não seria possível atingirmos o verdadeiro ótimo social porque desde logo as apreciações individuais
são subjetivas.

Para PIGOU a distribuição do sacrifício entre os indivíduos assentaria em duas ideias principais:
Iª O máximo do bem-estar social resultaria da igualdade entre todos, porque só assim seriam iguais
todas as satisfações marginais de todos os indivíduos;

IIª A distribuição de carga fiscal deve basear-se nos princípios de que todos os indivíduos devem ser
tratados da mesma forma.
Tanto a primeira ideia como a segunda não são exequíveis numa sociedade. A primeira ideia
poderia colocar em risco a liberdade e tornaria impossível a manutenção de níveis elevados de
poupança.
A segunda ideia ao concretizar-se obrigaria a que as situações desiguais fossem comparáveis e é
sobejamente defendido que o sacrifício fiscal deve ser repartido de acordo com a capacidade
contributiva de cada cidadão.
Portanto deve-se tratar as situações iguais de forma igual e as situações diferentes de forma diferente.

Aula do dia 01.11.2019


Sumário: TEORIA DE PARETO

Este autor, na sua pesquisa, deu apenas uma explicação para a mera definição de critérios de
melhoria do bem-estar («eficiencia económica») em relação às situações anteriores, como efeito de
decisões económicas pontuais (ótimo relativo ou ótimo de PARETO).

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

Para os clássicos, o bem-estar comum era a mera soma de utilidades individuais:


Quanto maior fosse (utilidades individuais) maior ele seria (neste caso, o bem-estar).
PARETO e BARONE formularam uma concepção do bem-estar relativo, segundo a qual numa dada
situação a determinação do bem-estar assentaria nos seguintes pressupostos:

1º cada pessoa é o melhor juiz do seu próprio bem-estar;


2º o bem-estar social é função apenas do bem-estar de cada um dos membros da sociedade;
3º se o bem-estar de uma pessoa é melhor na situação X do que na situação Y, e se o bem-estar de
todos os outros não é menor em nenhuma das duas, então o bem-estar social é maior na situação X
do que na situação Y.

Obs: o pressuposto base é sempre o bem-estar individual.


Generalizando este critério, pode dizer-se que é relativamente eficiente em termos paretianos,
qualquer melhoria do bem-estar que não afete a situação dos restantes membros da sociedade; uma
situação que corretamente não pode dizer-se ótima e eficiente quando não for possível nenhuma
melhoria na situação de qualquer dos membros sem prejudicar os restantes.
Conforme esse critério, o êxito de uma situação é atingido se, e somente se, for impossível
aumentar a utilidade de uma pessoa sem reduzir a utilidade de outra.
*Se as situações dos demais não é pior, para o PARETO o bem-estar é eficiente.

Aula do dia 05.11.2019


Sumário: CAUSAS DA INCAPACIDADE DO MERCADO
Primeira situação da incapacidade do mercado
Bens coletivos ou bens puramente públicos: são bens que para um determinado nível de existência
ou provisão do bem, a utilização por uma pessoa não prejudica minimamente a sua utilização por
qualquer outra. Ex: Caso de um farol, da defesa nacional, patrulha costeira, do funcionamento dos
órgãos de soberania. * Porque há determinados bens que têm que estar ao alcance de todos mesmo
que a sua produção não seja suficiente para todos ou na sua plenitude mas de certa forma as pessoas
sentem o reflexo disso, porque as pessoas em certa medida não se sacrificam para obtenção de
determinados serviços prestados pelo Estado. Por exemplo o caso da Segurança.

Ao contrário, os bens individuais ou puramente privados se são consumidos por uma pessoa em
determinada quantidade não podem ser consumidos por outra.
Ex: o pão que o A come não pode ser consumido por B.

Sumário:
CARACTERÍSTICAS TÍPICAS DOS BENS COLETIVOS

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

1ª são bens que são por natureza proporcionadores de utilidades indivisíveis e proporcionam
satisfação passivas; Ex: iluminação pública (se eu tiver a tirar a utilidade dessa iluminação não
posso impedir que outra também o tire).

2ª em regra, são bens não exclusivos; (pode haver maior ou menor exclusão ainda que artificial).

3ª são bens não emulativos que significa que os seus utilizadores não entram em concorrência para
conseguir a sua utilização; Ex: Segurança por parte da força de defesa e segurança.

*Essas características mostram claramente que esses bens não podem ser produzidos por
particulares porque esses tendem a procurar lucros enquanto que o Estado preocuparia em satisfazer
os interesses públicos.

CUSTOS DECRESCENTES E O EFEITO DO MONOPÓLIO


A produção dos bens é regida normalmente pela lei de proporções definidas, segundo a qual existe
um ponto ótimo nas combinações de fatores produtivos em que os custos de produção por unidade
é o mais baixo possível com excepção de casos de melhoria por alteração da própria combinação
produtiva ou de melhor técnica, como as economias de escala. Até ao ponto ótimo, os custos de
produção são normalmente decrescentes. Depois dele (ponto ótimo) entra-se na fase dos custos
crescentes isto é, o custo da unidade marginal.
*Se ultrapassar o tal ponto ótimo os custos a apartir daí vão aumentando.

*Se os custos de produção estiverem a decrescer, quem produz melhor e tem mais condições para a
produção faz com que este permaneça no mercado obrigando deste modo o afastamento dos outros.
Desde logo quem controla o mercado vai começar a praticar atos com vista a condicionar os
consumidores.

AS EXTERNALIDADES E A ATIVIDADE PÚBLICA (OUTRA CAUSA DE


INCAPACIDADE DE MERCADO).

A interdependência entre as pessoas em sociedade gera situações difíceis de regular: na verdade as


decisões de um consumidor ou de um produtor refletem-se por vezes positiva ou negativamente
sobre outras pessoas que com elas nada têm que ver, proporcionado-lhes utilidades externas
(benefícios) ou impondo-lhes desutilidades externas (custos)

Aula do dia 11.11.2019

Sumário:

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PROVISÃO (distribuição) PÚBLICA DE BENS (Como forma de suprir a incapacidade do


mercado).

a) FORMAS DE SUPRIR AS INCAPACIDADES DE MERCADO.


Com o propósito de garantir níveis aceitáveis de bem-estar social, admite-se atuações corretivas e
supletivas dos sujeitos económicos não dominados pela lógica do mercado.

*Quer dizer que determinadas entidades públicas (por exemplo o ESTADO) é uma entidade que
não atua em funções das regras do mercado porque aqui os sujeitos económicos privados quando
atuam é para obterem lucros, mas o Estado visa outros fins (por exemplo a satisfação dos interesses
da coletividade) apesar de em algumas situações ele atua como um ente privado. O Estado enquanto
entidade que interpreta as necessidades da coletividade atua por forma a corrigir as falhas do
mercado.

*Ao fazer a provisão dos bens o Estado tem que pensar nos domínios da segurança,* saúde,
justiça, segurança social etc...porque o Estado não pode abdicar dessas responsabilidades com
o fundamento na lógica do mercado.
A provisão pública de bens tem que ver com a atividade que o Estado faz com vista a garantir
necessariamente que as pessoas em situações precárias tenham acesso à esses bens e serviços
públicos essenciais para a vida dos cidadãos. *
A questão de segurança deve ser deixada integralmente ao critério do Estado.

FINANÇAS, DOUTRINA E SISTEMAS ECONÓMICOS

SISTEMAS E ESTRUTURA
*Conforme as estruturas podemos interpretar duma ou outra forma o sistema econômico de um
determinado país.

A atividade financeira configura-se de forma diferente consoante o sistema econômico e social em


que se concretiza.
Sistema econômico em geral - quando se fala de sistemas económicos em geral pensamos em
formas típicas de organização e funcionamento da sociedade em geral e da atividade económica em
particular. * Isto é, maneira como opera a organização e funcionamento numa sociedade, mas
quando se fala dos sistemas económicos tem que ver com a forma como uma economia está
estruturada e funciona.

Sistemas abstractos: por um sistema abstrato nós podemos entender como um tipo ideal de
organização e funcionamento de uma sociedade centrada em duas ideias fundamentais: a primeira
ideia fundamental é a ideia da economia livre ou descentralizada, a segunda ideia é da economia

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

de direção central total.

NB: Estes sistemas são influenciados pela doutrina.

*Durante a revolução industrial passamos a ter dois grandes sistemas em afronta que são: sistema
capitalista (aqui é presente a ideia da economia livre) e coletivista (em que está presente as ideias
da direção central).

Sistema concreto: é tipo de organização e funcionamento da atividade económica suficientemente


diferenciado dos outros e aplicável em diferentes estruturas.

*Ou seja quando estamos a falar de capitalismo por exemplo, estamos a falar de um sistema em
concreto, porque é aplicável em qualquer latitude e pode ter sucesso se for aplicado de forma
conviniente em qualquer estrutura de um país.

CARACTERÍSTICAS TIPICAS DO SISTEMA CAPITALISTA


a) Existência de um conjunto de instituições jurídico-sociais típicas (capital e empresa);
b) existência de um conjunto de princípios e leis económicas fundamentais (propriedade privada
(que o Estado é obrigado a respeitar) iniciativa privada (também fundamental dentro do sistema
capitalista (liberdade de contratar, liberdade de formar empresa, liberdade de trabalho);
c) é móbil específico (obtenção de lucro).

Aula do dia 15.11.2019


OS REGIMES ECONÓMICOS E AS DOUTRINAS
Como ficou assente na aula passada, as estruturas em que os sistemas são aplicados, são bastante
diferentes entre si por um lado, por outro lado, a articulação entre o poder político e a atividade
económica pode fazer-se também de maneiras diferentes. O que pode originar diferenças a nível do
funcionamento do sistema, que podem ser designados de regimes económicos.

*Regime económico pode ser também definido como sendo a forma como o poder político se
relaciona diretamente com a economia.
O professor Felipe Falcão entende que é difícil emplementar o capitalismo na Guiné Bissau...

No sistema capitalista destacam-se dois tipos de regimes económicos fundamentais que são:
LIBERALISMO E INTERVENCIONISMO no sentido lato.

Liberalismo: deve existir multiplicidade de direitos económicos dos sujeitos económicos num
determinado mercado, relegando o Estado para o segundo plano onde o assento tônico é apontado
aos indivíduos.

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

No intervencionismo: o Estado é que dita as regras (normas jurídicas) e condiciona o


funcionamento do mercado ou atuação dos sujeitos económicos. O Estado pode até criar uma
entidade pública para atuar em determinados setores por exemplo: energia, exploração petrolífera-
PETROGUIN o caso da Guiné-Bissau etc...
Numa economia do mercado, o mercado é que ordena, o Estado não altera de forma alguma o
funcionamento do mercado.

Fala-se de intervencionismo mesmo dentro do sistema capitalista.


*Dentro da intervenção económica temos a Ordenação e a intervenção no sentido restrito.

DOUTRINAS
A partir do século XIX, surgiram muitas doutrinas que passamos a citar:
 Individualismo - (enquadra-se e muito no capitalismo, tem assento tônico na proteção do
indivíduo), o Estado serve como um meio de prossecução dos fins individuais agregados
contratualmente;
 Concepções solidaristas - (doutrina que influencia o sistema socialista)
 Doutrinas organicistas - (encontramos os seus traços nos sistemas socialistas, a sociedade
deve ser organizada com base nas ideias defendidas pelo Estado. A ideia base aqui é de
mostrar que deve existir uma organização ou entidade suprema que vai organizar o resto
das estruturas não sendo o mercado a organizar).
 Doutrina do transpersonalismo social (mostra que o Estado está acima de qualquer
indivíduo ou instituição social, esta ideia pode ser encontrada muito presente no marxismo
ou comunismo).

Aula do dia 18.11.2019


LIBERALISMO E FINANÇAS NEUTRAS

Podemos distinguir quatro perspectivas fundamentais dentro do liberalismo em relação as finanças


públicas:

1º - Privatização da economia: que significa que ao Estado compete apenas criar as condições que
permitam a sociedade manter-se organizada e estável, defendendo a propriedade privada e a
iniciativa privada.
*O estado reduzia-se a funções tradicionais: segurança, justiça etc...cobrança dos impostos... do
resto deveria ser desenvolvida pela iniciativa privada com o intuito de garantir a melhor
competitividade e consequentemente a produtividade.

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

2º - Setor público reduzido: é reduzido substancialmente comparativamente aos períodos


históricos anteriores, desfazendo-se o Estado de muitas atividades que vinha desenvolvendo. No
geral, no liberalismo o Estado não pode ir além dos 10 a 15% do produto nacional. O que significa
que cabe essencialmente aos privados a criação da riqueza. No domínio produtivo o Estado
abandonou até atividades produtivas que tradicionalmente vinha exercendo e reduziu o seu
património, que aumentara durante o mercantilismo.

*Isto é, em termos da riqueza produzida o Estado não pode ir além dos 15%, por outras palavras
quer dizer que 85% fica nas mãos dos particulares.
Esta ideia está relacionada à primeira perspetiva.
Hoje em dia, os países Europeus que foram muito influenciados pela doutrina liberal os seus
cidadãos são muito sufocados com as cargas fiscais (impostos). Ex: Reino Unido, Inglaterra, França
etc...
Há quem diga que os impostos elevados não ajudam no crescimento económico, apesar de outros
entenderem o contrário.

3º - Princípio do mínimo: segundo esse princípio, qualitativa e quantitativamente, a atividade


financeira (para arrecadar receitas) deve reduzir-se ao mínimo indispensável, absorvendo a menor
parcela possível do rendimento nacional.
*O estado não pode absorver grande quantidade da riqueza produzida.

4º - simplicidade das finanças públicas: de acordo com essa perspectiva, o Estado cobra apenas a
administração tradicional de uma maneira uniforme e homogénea não se justificando por isso a
criação de empresas públicas, de administrações autónomas ou complexos regimes de
especialização financeira.

*Ou seja temos aqui uma característica essencial do pensamento liberal em que se defendem que as
finanças públicas têm que ser bem simples. Por causa dessa ideia de simplicidade o Estado não
podia ter empresas públicas (que depois não saberá gerir convinientemente) e nem criar estruturas
autónomas porque estes comportam regimes jurídicos complexos, muito menos entrar em
engenharias financeiras complicadas segundo esta perspectiva.
Ainda essa perspectiva entende que o Estado tinha que ser neutro ou seja abster-se das atividades
económicas, deixando essas atividades aos privados. Portanto as finanças tinham que ser neutras,
permitindo que o Estado atue apenas como um mero espectador.

Portanto aqui o mercado é que substitui o Estado.

A TRANSIÇÃO PARA AS FINANÇAS INTERVENCIONISTAS


Principais fatores de mutação:

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

1º a evolução interna das economias liberais: uma das razões tem que ver com os próprios
partidos trabalhistas ou partidos de esquerda que começaram a lançar exigências ao Estado no
sentido deste desempenhar um papel mais ativo.
A ideia do Estado ter mais recursos por forma a alimentar as forças armadas e se um Estado for
muito livre como é que podia sustentar as forças armadas? Portanto o Estado tem que exercer
atividades lucrativas porque a modernização das forças armadas exigia mais meios e recurso por
parte do Estado.

2º surgimento de movimentos doutrinais e teóricos como de John M. Kanes e Wicksell (da


escola de Stocolmo)
Estes movimentos começaram exigir do Estado outro papel, as igrejas também começaram a
precionar mais o Estado no sentido de satisfazer os mais necessitados e promover a igualdade social.

3º existência de factos marcantes da evolução económica do século XXI:


primeiro facto marcante é a primeira GM que representou um enorme esforço militar em
economia de guerra e forçou o Estado a assumir a orientação da economia numa clara rutura com o
liberalismo.
No período pós guerra, caracterizado por uma depressão e instabilidade sobretudo na Europa.
Outro aspecto que podemos chamar a colação é a crise de 1929 e a consequente depressão com
enorme volume de desempregados e o sub-aproveitamento dos fatores de produção.
Segunda GM com o reforço de blocos socialistas e a necessidade de maior intervenção do Estado
para garantir a reconstrução da Europa.

INTERVENCIONISMO FINANCEIRO E AS FINANCAS ATIVAS

a) O intervencionismo e o dirigismo
Na fase do capitalismo tardio, tal como designou o Werner Sombart, o conceito do intervencionismo
Estadual correspondente a doutrina segundo a qual o Estado tenta corrigir as falhas do mercado em
todas as suas dimensões, alterando os aspetos ineficazes, injustos e inconvinientes, mas sem alterar
os princípios fundamentais do sistema do mercado.

*No fundo é o que temos no intervencionismo. O Estado tem um papel muito mais ativo
condicionando a atuação dos sujeitos económicos.

No dirigismo económico, o Estado propõe determinados objetivos globais que hão de guiar a
atuação de todos os sujeitos económicos.
* Temos aqui uma diferença qualitativa entre o intervencionismo e o dirigismo. No
INTERVENCIONISMO temos apenas a ideia de correção que o Estado é chamado a efetuar mas
quando se fala do dirigismo o Estado tem um papel muito mais ativo, porque fixa metas ou objetivos

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

que todos devem seguir (privados) incluindo ele próprio - Estado.


Mas tudo isto é no âmbito de um sistema capitalista não coletivista.

Nesta fase, as finanças públicas passam a ter uma função mais ativa diferentemente do princípio da
privatização da economia que inculca a ideia de subordinação do setor público ao privado. Em
síntese pode dizer-se que as finanças públicas ganham autonomia e o Estado passa a satisfazer mais
as necessidades coletivas fora das necessidades tradicionais.

* Nas finanças Ativas O Estado passa a ter uma posição preponderante por causa das necessidades
que visa satisfazer passando a assumir outras missões que não limitam apenas na satisfação das
necessidades que são tradicionais.

b) Equilíbrio entre a economia pública e privada;


*O Estado deixa de ser aquele mínimo tal como defendiam os liberais.

c) regra do ótimo;
Ao contrário da regra do mínimo, o critério definidor do setor público estabelece-se em obediência
à regra do ótimo no sentido de que o Estado tenta satisfazer mais necessidades procurando atingir
o ótimo social.

d) Dimensão crescente do setor público;


O setor público passa a abarcar entre 30 a 50% do rendimento nacional.
* O Estado tende a absorver mais riquezas produzidas, passando a ser um Estado mais ativo e
detentor de empresas públicas.

e) Pluralidade e complexidade do setor público;


Nesta fase o setor público alarga-se consideravelmente, multiplicam-se as empresas públicas, cresce
o peso dos impostos e aumenta também o recurso aos empréstimos públicos: as finanças estaduais,
que eram simples, assumem crescente complexidade, pelas novas funções que assumem.

f) A integração entre a economia e finanças


Os liberais defendiam o contrário mas aqui a economia integra as finanças.

g) As finanças passam a ser funcionais e ativas


O Estado abandona a posição de neutralidade e passa a influenciar o comportamento dos privados.

h) Afirmação predominante dos direitos económicos e sociais;


I) ressurgimento do património;
j) saturação fiscal.

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

Aula do dia 22.11.2019


SISTEMA ECONÓMICO COLECTIVISTA

GENERALIDADES
Caracterizam os sistemas colectivos três traços tais como: a apropriação pública dos meios de
produção, o papel central do plano como super-lei e o interesse estatal, a solidariedade e o
bem-estar colectivo como motivações dominantes.

O caso paradigmático é o da URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, onde por o
Estado ser o principal produtor pergunta-se ser correcto falar da fronteira entre actividade financeira
e economia privada. A resposta afirmativa decorre de se reconhecer que se justifica a distinção entre
o sector público administrativo e o sector público produtivo, entre o orçamento e a actividade
empresarial do Estado.

Embora as instituições sejam idênticas às dos sistemas capitalistas as funções diferem e passamos
a estudá-las.

FUNÇÕES DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS


A primeira função dos instrumentos financeiros, na fase revolucionária de implementação do
socialismo, é a de desapropriação.

Na fase de transição os instrumentos financeiros visam assegurar actividades colectivas essenciais


não produtivas, o equilíbrio sectorial e regional na distribuição dos recursos; o orçamento funciona
como instrumento da execução do plano e de canalização de recursos estéreis para o funcionamento
das actividades públicas ou socialmente úteis.

CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS

Podem apontar-se como características fundamentais dos instrumentos financeiros:


a) A relevância do orçamento na execução do plano;
b) Relevo das receitas patrimoniais;
c) Reduzida pressão social;
d) Equilíbrio orçamental.

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

FINANÇAS PÚBLICAS E SISTEMAS COLETIVISTAS


Os sistemas coletivistas do século XX podem caracterizar-se por três grandes traços:
 Apreensão pública pública dos meios de produção (com o desaparecimento tendencial da
propriedade privada);
 A subordinação vinculada ao plano;
 A existência de motivações dominantes de interesse estatal, solidariedade social e o bem-
estar coletivo.
* Apreensão pública dos meios de produção: esta é a característica presente em todo os sistemas
coletivistas do século.
Estes sistemas tiveram força na África depois da colonização. Aqui desaparece tendencialmente a
propriedade.
Ao contrário do que acontece no capitalismo em que o estado só vai poder assumir aquilo que é
desprezado pelos privados.
O Estado nacionaliza os principais meios de produção. Por isso, que se disse que aqui há uma
tendência de desaparecimento, aliás, a destruição da propriedade privada.

VINCULAÇÃO OBRIGATÓRIA AO PLANO ECONÔMICO TRAÇADO PELO ESTADO


Aqui todos são obrigados a seguir o plano económico que o Estado traça. Quer dizer, este é um
plano que vincula que os privados como as públicas.
Tudo gira em termos de plano.

MOTIVAÇÕES DOMINANTES
Aqui ao contrário do que acontece no capitalismo que é de ganhar lucro, no coletivismo as
motivações é a solidariedade social. O móbil específico do coletivismo é a solidariedade social.

FUNÇÕES DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS


Na fase revolucionária d implantação do socialismo os instrumentos financeiros apresentavam-se
como um meio idóneo para desapropriar...
Aula do dia 25.11.2019
O ESTADO E O SETOR PÚBLICO

O termo Estado refere-se a qualquer país soberano, com estrutura própria, politicamente organizada,
bem como designa o conjunto das instituições que controlam e administram uma nação. É uma
instituição organizada política, social e juridicamente, ocupando um território ... normalmente onde
a lei máxima é a constituição escrita, dirigida por um governo também possuindo soberania
reconhecida interna e externamente.

Setor público é uma parte do Estado que lida com a produção, distribuição e entrega de bens e
serviços por e para o governo ou para os seus cidadãos.

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

Há serviços que o setor público coloca a disposição da comunidade a título gratuito.


Ex: serviços de consulta gratuita às crianças até uma determinada idade.

Também há serviços que o setor público coloca a disposição da comunidade a título quase gratuito.
Ex: o caso das prestações pagas na FDB em comparação ao que se pratica em certas universidades
privadas.

Ainda presta serviços comercializáveis.


Ex: EAGB

O professor Sousa Franco define o setor público em das perspectivas:


1º em sentido objetivo: concebe-o como conjunto de atividades económicas de qualquer natureza,
exercida pelas entidades públicas (Estado, associações e instituições públicas quer assentes na
representatividade e na descentralização democrática, quer resultantes da funcionalidade
tecnocrática e da desconcentração por eficiência.

2º em sentido subjetivo: já em sentido subjetivo o setor público é visto pelo professor Sousa Franco
como conjunto homogéneo de agentes económicos que desenvolvem as atividades económicas atrás
referidas.

SUB-SETORES INSTITUCIONAIS
- Setor público-administrativo ou Administração central
- Segurança social
- Setor empresarial do Estado

Administração central: é conjunto de instituições e serviços que apoiam tarefas de um órgão


central normalmente com características de decisão.
Ex: governo.
A administração central pode ser vista em duas perpetivas:
1ª na perpetiva administrativa;
2ª na perpetiva de contabilidade nacional.

Na primeira perspetiva, ela diz respeito a pessoa coletiva Estado e aos seus órgãos centrais.
Na segunda perpetiva, a administração central refere-se a produção e consumo público de bens e
serviços produzidos pelos órgãos políticos e pela administração pública incluindo as respetivas
entidades autónomas com exclusão das unidades de produção organizadas em moldes empresariais
e da coletividade do âmbito territorial inferior ao nacional.

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

Artigos 8º e 9º do decreto nº 5/2010 regulamento geral de contabilidade pública.

A administração central do Estado constitui o núcleo principal do setor público. Ela está
subordinada ao OGE e as suas contas são registradas na conta geral do Estado.
A responsabilidade pelas respetivas decisões em matéria financeira, cabe ao ministro das Finanças
e ao ministro da respetivo pilogo (área). Cfr Artigos 8º e 9º do decreto nº 5/2010 regulamento geral
de contabilidade pública.

SEGURANÇA SOCIAL
A segurança social é um sistema que pretende assegurar os direitos básicos dos cidadãos bem como
igual oportunidade, bem-estar e coesão social a todos os nacionais ou estrangeiras que exerçam
profissão ou residam no país.
O Professor Sousa Franco define o risco social como probabilidade de verificação de eventos
danosos. Ele assentua que o risco social são aqueles riscos a que se encontram sujeitos os membros
da sociedade ou para alguns, apenas os trabalhadores - quanto a redução ou diminuição de condições
para angariarem por si próprio os meios de subsistência.
A tipificação dos riscos sociais varia de país para país, a convenção 102 da OIT refere a nove tipo
de riscos com diferença a sua cobertura.

1- cuidados de doenças e suas compensações;


2- desemprego;
3- velhice;
4- acidente de trabalho;
5- doenças profissionais;
6- maternidade;
7- invalidez;
8- morte;
9- encargos familiares.

Para cobrir estes riscos muitas pessoas recorriam as companhias de seguro.

São três as concepções dominantes em matéria da segurança social:


Primeira, universalista;
Segunda, laborista;
Terceira, assistencialista.

CONCEPÇÃO UNIVERSALISTA
É aquela que procura garantir o direito a proteção social à todos os cidadãos independentemente da
sua atividade laboral ou da sua contribuição anterior, basta residir num país;

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APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020

Esta concepção teve origem no relatório Beveridge, segundo ele, a segurança social deve ser geral
para cobrir todas as situações de carência social, deve ser integral por via dos sistemas de Estado,
deve ser acessível a todos os cidadãos, e ser gratuito.
Cfr. Artigo 4 e 5 lei de enquadramento de proteção social.

CONCEPÇÃO LABORISTA / TRABALHISTA


Para esta concepção, quem deve beneficiar do direito a segurança social são os trabalhadores.
REQUISITOS
- ser trabalhador;
- estar inscrito no sistema;
- contribuir para o funcionamento do sistema.
Esta concepção teve origem na revolução industrial. O chanceler Alemão Bismarck, tornou-se
pioneiro nesta realização que regulamentava o seguro de doença, seguro contra acidentes de trabalho,
é o seguro de invalidez e velhice em 15.06.1883, 06.07.1884, 22.06.1889 respetivamente.

Cfr. Artigos 17, 19 e 24 da lei de enquadramento de proteção social.

Aula do dia 03.12.2019


CONCEPÇÃO ASSISTENCIALISTA
Esta concepção reconhece o direito a segurança social apenas aos indivíduos que se encontram
numa situação de carência, devendo para o efeito solicitar a proteção social e fazer prova da
sua situação.
Esta concepção teve origem nas ações de caridade inicialmente desenvolvida pelas instituições
religiosas em benefício dos pobres.
Cfr. Artigo 7º/1 lei de enquadramento de proteção social.

Cfr. Artigos 5º, 26º/1 (concepção universalista) e 46º (concepção trabalhista) CRGB

SETOR EMPRESARIAL DO ESTADO


Cfr artigo 1º Decreto 55/93 (Legislação de capa verde)
Obs: não existe sociedade anónima de responsabilidade limitada tal como é previsto na
redação do nº 3 do artigo 1º do diploma em causa.
Cfr. Artigo 10º Acto uniforme do direito comercial geral

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