Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
1
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
As finanças públicas tanto no sentido objetivo como no subjetivo preocupa em Estudar as formas
como o Estado capta e afeta os recursos públicos para a satisfação dos interesses da coletividade.
Portanto, o Estado fá-lo recorrendo ao jus imperri (poder de autoridade) lançando mão aos impostos
no sentido deste ser forçoso o seu cumprimento, porque o Estado não negoceia a aplicação dos
impostos obrigando o contribuinte a cumprir. Os impostos resultam de uma decisão unilateral do
Estado.
Dizia Aristóteles que o que é do interesse coletivo é o que é mais menosprezado, porque o
homem tende a preocupar-se com a satisfação dos seus interesses particulares.
Nas finanças públicas as taxas não se confundem com os impostos, Em princípio as taxas
pressupõem uma contrapartida.
Finanças privadas são aspetos puramente monetários, em fim é o que fazemos no nosso dia-a-dia
arrecadando receitas para a satisfação dos nossos interesses particulares.
O FENÓMENO FINANCEIRO
NOÇÕES GERAIS
2
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
1- Finanças públicas em sentido orgânico: aqui fala-se em finanças públicas para se designar
conjunto de órgãos de Estado (por exemplo ministério das finanças) ou de outras entidades públicas
a quem compete gerir os recursos económicos disponíveis para a satisfação de necessidades sociais.
2 - Finanças públicas em sentido objetivo: atividade concreta através da qual o Estado ou outra
entidade pública afeta bens (recursos) económicos à satisfação das necessidades sociais.
3 - Finanças públicas em sentido subjetivo: diz respeito a disciplina científica que estuda os
princípios e regras que regem a atividade do Estado com o fim de satisfazer as necessidades que lhe
estão confiadas. No fundo tem que ver com a própria cadeira denominada de finanças públicas.
*Aqui a lógica é cooperativa e não privada propriamente mas podem ter regulamentos internos que
podem sancionar as pessoas que infringirem as regras internamente isto é, são vinculativas apenas
aos membros da organização cooperativa. Nas cooperativas o propósito não é obtenção de lucros.
Enfim, as pessoas podem associar-se em organizações políticas, que visam o interesse geral de
sujeitos indeterminados, indo assim para além de simples satisfação de necessidades sociais comuns.
Por isso recorrem a poderes de autoridade no sentido duplo:
1º sentido- da produção de perceitos sociais obrigatórios (leis) que impendem sobre todos, mesmo
para quem não participou na respectiva elaboração.
3
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
2º sentido - resulta da possibilidade de recorrer se necessário a coação por parte dos órgãos da
instituição. Temos assim a chamada economia pública, que assenta a partida, na existência de uma
solidariedade organizada e dotados de poder político.
ORDENAÇÃO ECONÓMICA
Cabe aos poderes públicos estabelecer quadro geral que toda a atividade económica deve obedecer
(contendo a filosofia traçada pelo próprio Estado). A máquina política e administrativa, em larga
parte procede assim a definição do enquadramento da vida económica, designadamente de natureza
jurídica e social bem como a estrutura da atividade económica e condiciona a atuação dos agentes
económicos. No fundo consiste no estabelecimento das regras para condicionar os sujeitos
económicos.
Obs: Se a filosofia do quadro jurídico for liberal veremos uma pouca intervenção do Estado na
economia.
*Um primeiro aspeto desta ordenação resulta naturalmente da definição e execução de uma doutrina
ou política económica e social seguida pelo Estado: abstencionista, liberal, socialista, comunista etc.
INTERVENÇÃO ECONÓMICA
A intervenção económica é o modelo que visa alterar concretamente o que seria a atividade livre e
4
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
normal dos sujeitos económicos. Portanto, a intervenção económica pressupõe antes a liberdade de
atuação económica. O Estado procura apenas modificar a atuação normal ou comportamento dos
sujeitos económicos por via de política económica.
Obs: a intervenção do Estado acontece de diversas formas...
ATUAÇÃO ECONÓMICA
Aqui o Estado ele próprio desenvolve política de sociedade - uma atividade enquanto sujeito
económico e social.
Em todos os tempos na história da humanidade encontramos zonas de atividade económica ligadas
com os fins e funções do Estado e que foram exercidos pelo próprio. Exemplo: áreas como de
segurança, justiça e bem-estar implicam em termos efetivos a administração de diversos bens raros
a qual de “per si" é a atividade económica.
NB: a questão ligada a segurança conclui-se que é uma atividade económica porque na verdade o
Estado cobra os impostos e depois canaliza-os para as áreas ligadas a segurança do Estado.
5
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
O Estado ou outra entidade pública pode porque tem meios coercivos a seu favor, e pode direta ou
indiretamente recuperar os custos daquele investimento por meio dos impostos.
Antes da tomada de grandes decisões económicas há sempre questões que são levantadas por
exemplo:
- porque são certas atividades prosseguidas pela ação coletiva privada e outras pela ação coletiva
pública?
- como se decide sobre a quantidade do bem coletivo público a produzir e sobre a quantidade de
recursos a atentar-lhe?
- como distribuir os custos da provisão de bens coletivos entre os membros da coletividade?
- como são tomadas as decisões coletivas, a partir das preferências individuais?
- como são distribuídos os benefícios e os custos?
Obs: Os bens produzidos fora do mercado isso leva-nos a reconhecer a incapacidade ou falhas do
mercado. Portanto se existir falhas o Estado intervém.
Isso em primeira linha pressupõe que temos que estar numa sociedade politicamente organizada
(Estado). Esta é uma das condições essenciais para a teoria que defende a otimização social;
Competição entre os diferentes atores que intervêm no mercado. (No fundo os atores são rivais
entre si); mais ou menos é o que acontece nas sociedades capitalistas onde em primeira linha
preocupa-se com a satisfação dos interesses individuais afastando-se o princípio da solidariedade,
que a atitude do Estado em relação a provisão de bens disponíveis seja passiva - não ativa.
Que a afetação de recursos nessa sociedade se faz através dos mercados livres tendencialmente em
concorrência pura e perfeita.
Obs: quando os vendedores competem entre si isso poderá provocar a produção de bens em
6
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
melhores qualidades.
Obs: Essa teoria de bem-estar é uma teoria que aposta firmemente no individualismo, racionalismo
(razão) e no hedonismo (filosofia que surgiu na Grécia antiga e significa hedona, prazer ou vontade)
e o bem supremo para eles deve ser a satisfação da nossa vontade.
Para estes autores o Estado tem que fazer as pessoas perceberem as suas decisões sem que no entanto
tenha que usar mecanismos extras de intimidação ou condicionamento para impor as pessoas por
exemplo a pagarem impostos. Qualquer coisa que vai contra a vontade das pessoas estaria-se a violar
o direito dessas pessoas. Portanto, segundo eles, o Estado tem que pautar pelo equilíbrio reflexivo.
*No fundo quer mostrar que deve existir um ponto de equilíbrio entre aquilo que pagamos e
o serviço público prestado pelo Estado. Caso contrário estaríamos em desutilidade.
7
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
2ª admite que as apreciações subjetivas são comparáveis; * (não levou em conta que a apreciação
que as pessoas fazem do serviço público que o Estado presta são incomparáveis porque a apreciação
é subjetiva, varia de indivíduo para indivíduo);
3ª não fornece nenhum mecanismo de agregação de ótimos individuais para determinar um ótimo
social; * Para atingirmos o ótimo social teríamos que fazer o somatório dos ótimos individuais para
podermos atingir o ótimo social, facto que não foi revelado na teoria do PIGOU. Mas mesmo assim
não seria possível atingirmos o verdadeiro ótimo social porque desde logo as apreciações individuais
são subjetivas.
Para PIGOU a distribuição do sacrifício entre os indivíduos assentaria em duas ideias principais:
Iª O máximo do bem-estar social resultaria da igualdade entre todos, porque só assim seriam iguais
todas as satisfações marginais de todos os indivíduos;
IIª A distribuição de carga fiscal deve basear-se nos princípios de que todos os indivíduos devem ser
tratados da mesma forma.
Tanto a primeira ideia como a segunda não são exequíveis numa sociedade. A primeira ideia
poderia colocar em risco a liberdade e tornaria impossível a manutenção de níveis elevados de
poupança.
A segunda ideia ao concretizar-se obrigaria a que as situações desiguais fossem comparáveis e é
sobejamente defendido que o sacrifício fiscal deve ser repartido de acordo com a capacidade
contributiva de cada cidadão.
Portanto deve-se tratar as situações iguais de forma igual e as situações diferentes de forma diferente.
Este autor, na sua pesquisa, deu apenas uma explicação para a mera definição de critérios de
melhoria do bem-estar («eficiencia económica») em relação às situações anteriores, como efeito de
decisões económicas pontuais (ótimo relativo ou ótimo de PARETO).
8
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
Ao contrário, os bens individuais ou puramente privados se são consumidos por uma pessoa em
determinada quantidade não podem ser consumidos por outra.
Ex: o pão que o A come não pode ser consumido por B.
Sumário:
CARACTERÍSTICAS TÍPICAS DOS BENS COLETIVOS
9
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
1ª são bens que são por natureza proporcionadores de utilidades indivisíveis e proporcionam
satisfação passivas; Ex: iluminação pública (se eu tiver a tirar a utilidade dessa iluminação não
posso impedir que outra também o tire).
2ª em regra, são bens não exclusivos; (pode haver maior ou menor exclusão ainda que artificial).
3ª são bens não emulativos que significa que os seus utilizadores não entram em concorrência para
conseguir a sua utilização; Ex: Segurança por parte da força de defesa e segurança.
*Essas características mostram claramente que esses bens não podem ser produzidos por
particulares porque esses tendem a procurar lucros enquanto que o Estado preocuparia em satisfazer
os interesses públicos.
*Se os custos de produção estiverem a decrescer, quem produz melhor e tem mais condições para a
produção faz com que este permaneça no mercado obrigando deste modo o afastamento dos outros.
Desde logo quem controla o mercado vai começar a praticar atos com vista a condicionar os
consumidores.
Sumário:
10
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
*Quer dizer que determinadas entidades públicas (por exemplo o ESTADO) é uma entidade que
não atua em funções das regras do mercado porque aqui os sujeitos económicos privados quando
atuam é para obterem lucros, mas o Estado visa outros fins (por exemplo a satisfação dos interesses
da coletividade) apesar de em algumas situações ele atua como um ente privado. O Estado enquanto
entidade que interpreta as necessidades da coletividade atua por forma a corrigir as falhas do
mercado.
*Ao fazer a provisão dos bens o Estado tem que pensar nos domínios da segurança,* saúde,
justiça, segurança social etc...porque o Estado não pode abdicar dessas responsabilidades com
o fundamento na lógica do mercado.
A provisão pública de bens tem que ver com a atividade que o Estado faz com vista a garantir
necessariamente que as pessoas em situações precárias tenham acesso à esses bens e serviços
públicos essenciais para a vida dos cidadãos. *
A questão de segurança deve ser deixada integralmente ao critério do Estado.
SISTEMAS E ESTRUTURA
*Conforme as estruturas podemos interpretar duma ou outra forma o sistema econômico de um
determinado país.
Sistemas abstractos: por um sistema abstrato nós podemos entender como um tipo ideal de
organização e funcionamento de uma sociedade centrada em duas ideias fundamentais: a primeira
ideia fundamental é a ideia da economia livre ou descentralizada, a segunda ideia é da economia
11
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
*Durante a revolução industrial passamos a ter dois grandes sistemas em afronta que são: sistema
capitalista (aqui é presente a ideia da economia livre) e coletivista (em que está presente as ideias
da direção central).
*Ou seja quando estamos a falar de capitalismo por exemplo, estamos a falar de um sistema em
concreto, porque é aplicável em qualquer latitude e pode ter sucesso se for aplicado de forma
conviniente em qualquer estrutura de um país.
*Regime económico pode ser também definido como sendo a forma como o poder político se
relaciona diretamente com a economia.
O professor Felipe Falcão entende que é difícil emplementar o capitalismo na Guiné Bissau...
No sistema capitalista destacam-se dois tipos de regimes económicos fundamentais que são:
LIBERALISMO E INTERVENCIONISMO no sentido lato.
Liberalismo: deve existir multiplicidade de direitos económicos dos sujeitos económicos num
determinado mercado, relegando o Estado para o segundo plano onde o assento tônico é apontado
aos indivíduos.
12
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
DOUTRINAS
A partir do século XIX, surgiram muitas doutrinas que passamos a citar:
Individualismo - (enquadra-se e muito no capitalismo, tem assento tônico na proteção do
indivíduo), o Estado serve como um meio de prossecução dos fins individuais agregados
contratualmente;
Concepções solidaristas - (doutrina que influencia o sistema socialista)
Doutrinas organicistas - (encontramos os seus traços nos sistemas socialistas, a sociedade
deve ser organizada com base nas ideias defendidas pelo Estado. A ideia base aqui é de
mostrar que deve existir uma organização ou entidade suprema que vai organizar o resto
das estruturas não sendo o mercado a organizar).
Doutrina do transpersonalismo social (mostra que o Estado está acima de qualquer
indivíduo ou instituição social, esta ideia pode ser encontrada muito presente no marxismo
ou comunismo).
1º - Privatização da economia: que significa que ao Estado compete apenas criar as condições que
permitam a sociedade manter-se organizada e estável, defendendo a propriedade privada e a
iniciativa privada.
*O estado reduzia-se a funções tradicionais: segurança, justiça etc...cobrança dos impostos... do
resto deveria ser desenvolvida pela iniciativa privada com o intuito de garantir a melhor
competitividade e consequentemente a produtividade.
13
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
*Isto é, em termos da riqueza produzida o Estado não pode ir além dos 15%, por outras palavras
quer dizer que 85% fica nas mãos dos particulares.
Esta ideia está relacionada à primeira perspetiva.
Hoje em dia, os países Europeus que foram muito influenciados pela doutrina liberal os seus
cidadãos são muito sufocados com as cargas fiscais (impostos). Ex: Reino Unido, Inglaterra, França
etc...
Há quem diga que os impostos elevados não ajudam no crescimento económico, apesar de outros
entenderem o contrário.
4º - simplicidade das finanças públicas: de acordo com essa perspectiva, o Estado cobra apenas a
administração tradicional de uma maneira uniforme e homogénea não se justificando por isso a
criação de empresas públicas, de administrações autónomas ou complexos regimes de
especialização financeira.
*Ou seja temos aqui uma característica essencial do pensamento liberal em que se defendem que as
finanças públicas têm que ser bem simples. Por causa dessa ideia de simplicidade o Estado não
podia ter empresas públicas (que depois não saberá gerir convinientemente) e nem criar estruturas
autónomas porque estes comportam regimes jurídicos complexos, muito menos entrar em
engenharias financeiras complicadas segundo esta perspectiva.
Ainda essa perspectiva entende que o Estado tinha que ser neutro ou seja abster-se das atividades
económicas, deixando essas atividades aos privados. Portanto as finanças tinham que ser neutras,
permitindo que o Estado atue apenas como um mero espectador.
14
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
1º a evolução interna das economias liberais: uma das razões tem que ver com os próprios
partidos trabalhistas ou partidos de esquerda que começaram a lançar exigências ao Estado no
sentido deste desempenhar um papel mais ativo.
A ideia do Estado ter mais recursos por forma a alimentar as forças armadas e se um Estado for
muito livre como é que podia sustentar as forças armadas? Portanto o Estado tem que exercer
atividades lucrativas porque a modernização das forças armadas exigia mais meios e recurso por
parte do Estado.
a) O intervencionismo e o dirigismo
Na fase do capitalismo tardio, tal como designou o Werner Sombart, o conceito do intervencionismo
Estadual correspondente a doutrina segundo a qual o Estado tenta corrigir as falhas do mercado em
todas as suas dimensões, alterando os aspetos ineficazes, injustos e inconvinientes, mas sem alterar
os princípios fundamentais do sistema do mercado.
*No fundo é o que temos no intervencionismo. O Estado tem um papel muito mais ativo
condicionando a atuação dos sujeitos económicos.
No dirigismo económico, o Estado propõe determinados objetivos globais que hão de guiar a
atuação de todos os sujeitos económicos.
* Temos aqui uma diferença qualitativa entre o intervencionismo e o dirigismo. No
INTERVENCIONISMO temos apenas a ideia de correção que o Estado é chamado a efetuar mas
quando se fala do dirigismo o Estado tem um papel muito mais ativo, porque fixa metas ou objetivos
15
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
Nesta fase, as finanças públicas passam a ter uma função mais ativa diferentemente do princípio da
privatização da economia que inculca a ideia de subordinação do setor público ao privado. Em
síntese pode dizer-se que as finanças públicas ganham autonomia e o Estado passa a satisfazer mais
as necessidades coletivas fora das necessidades tradicionais.
* Nas finanças Ativas O Estado passa a ter uma posição preponderante por causa das necessidades
que visa satisfazer passando a assumir outras missões que não limitam apenas na satisfação das
necessidades que são tradicionais.
c) regra do ótimo;
Ao contrário da regra do mínimo, o critério definidor do setor público estabelece-se em obediência
à regra do ótimo no sentido de que o Estado tenta satisfazer mais necessidades procurando atingir
o ótimo social.
16
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
GENERALIDADES
Caracterizam os sistemas colectivos três traços tais como: a apropriação pública dos meios de
produção, o papel central do plano como super-lei e o interesse estatal, a solidariedade e o
bem-estar colectivo como motivações dominantes.
O caso paradigmático é o da URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, onde por o
Estado ser o principal produtor pergunta-se ser correcto falar da fronteira entre actividade financeira
e economia privada. A resposta afirmativa decorre de se reconhecer que se justifica a distinção entre
o sector público administrativo e o sector público produtivo, entre o orçamento e a actividade
empresarial do Estado.
Embora as instituições sejam idênticas às dos sistemas capitalistas as funções diferem e passamos
a estudá-las.
17
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
MOTIVAÇÕES DOMINANTES
Aqui ao contrário do que acontece no capitalismo que é de ganhar lucro, no coletivismo as
motivações é a solidariedade social. O móbil específico do coletivismo é a solidariedade social.
O termo Estado refere-se a qualquer país soberano, com estrutura própria, politicamente organizada,
bem como designa o conjunto das instituições que controlam e administram uma nação. É uma
instituição organizada política, social e juridicamente, ocupando um território ... normalmente onde
a lei máxima é a constituição escrita, dirigida por um governo também possuindo soberania
reconhecida interna e externamente.
Setor público é uma parte do Estado que lida com a produção, distribuição e entrega de bens e
serviços por e para o governo ou para os seus cidadãos.
18
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
Também há serviços que o setor público coloca a disposição da comunidade a título quase gratuito.
Ex: o caso das prestações pagas na FDB em comparação ao que se pratica em certas universidades
privadas.
2º em sentido subjetivo: já em sentido subjetivo o setor público é visto pelo professor Sousa Franco
como conjunto homogéneo de agentes económicos que desenvolvem as atividades económicas atrás
referidas.
SUB-SETORES INSTITUCIONAIS
- Setor público-administrativo ou Administração central
- Segurança social
- Setor empresarial do Estado
Na primeira perspetiva, ela diz respeito a pessoa coletiva Estado e aos seus órgãos centrais.
Na segunda perpetiva, a administração central refere-se a produção e consumo público de bens e
serviços produzidos pelos órgãos políticos e pela administração pública incluindo as respetivas
entidades autónomas com exclusão das unidades de produção organizadas em moldes empresariais
e da coletividade do âmbito territorial inferior ao nacional.
19
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
A administração central do Estado constitui o núcleo principal do setor público. Ela está
subordinada ao OGE e as suas contas são registradas na conta geral do Estado.
A responsabilidade pelas respetivas decisões em matéria financeira, cabe ao ministro das Finanças
e ao ministro da respetivo pilogo (área). Cfr Artigos 8º e 9º do decreto nº 5/2010 regulamento geral
de contabilidade pública.
SEGURANÇA SOCIAL
A segurança social é um sistema que pretende assegurar os direitos básicos dos cidadãos bem como
igual oportunidade, bem-estar e coesão social a todos os nacionais ou estrangeiras que exerçam
profissão ou residam no país.
O Professor Sousa Franco define o risco social como probabilidade de verificação de eventos
danosos. Ele assentua que o risco social são aqueles riscos a que se encontram sujeitos os membros
da sociedade ou para alguns, apenas os trabalhadores - quanto a redução ou diminuição de condições
para angariarem por si próprio os meios de subsistência.
A tipificação dos riscos sociais varia de país para país, a convenção 102 da OIT refere a nove tipo
de riscos com diferença a sua cobertura.
CONCEPÇÃO UNIVERSALISTA
É aquela que procura garantir o direito a proteção social à todos os cidadãos independentemente da
sua atividade laboral ou da sua contribuição anterior, basta residir num país;
20
APONTAMENTOS DE FINANÇAS PÚBLICAS & DIREITO FISCAL 2019/2020
Esta concepção teve origem no relatório Beveridge, segundo ele, a segurança social deve ser geral
para cobrir todas as situações de carência social, deve ser integral por via dos sistemas de Estado,
deve ser acessível a todos os cidadãos, e ser gratuito.
Cfr. Artigo 4 e 5 lei de enquadramento de proteção social.
Cfr. Artigos 5º, 26º/1 (concepção universalista) e 46º (concepção trabalhista) CRGB
21