Consoante a Declaração Universal dos Direitos Humanos- ratificada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948- todos os indivíduos devem gozar dos mesmos direitos e liberdades independente de sua raça, cor, religião, entre outros. Todavia, ao analisar a questão indígena no Brasil, vê-se que esse direito se encontra apenas no papel e não desejavelmente na prática, já que não é dada a devida importância da valorização e da garantia de direitos da minoria indígena, seja pela questão constitucional, seja questão educacional. Nesse sentido, não há dúvidas de que no Brasil contemporâneo, a percepção das populações indígenas é repleta de preconceitos e más condutas, contando com pressões para sua adaptação à cultura externa e conflitos pela propriedade de terras. Em primeiro lugar, é necessário entender que a visão de selvagens e não civilizados dos indígenas tem raízes históricas profundas no processo de formação do nosso país. No primeiro documento redigido em território brasileiro, Pero Vaz de Caminha já dizia, quanto á sua impressão dos nativos, que eram um grupo de pessoas que necessitaram ser civilizados, catequizados e inseridos na cultura europeia. Tal ponto de vista atravessou séculos e perdura até atualidades já que a cultura indígena continua sendo desvalorizada e colocada em segundo plano, considerada muitas vezes folclórica, ao passo que as dos demais povos brasileiros é classificada rica e civilizada. Além disso, com o desenvolvimento da atividade comerciais e agrícola, os índios brasileiros ainda tem de lutar por terra. Mesmo havendo a garantia juridica de seu território desde de a criação da Declaração das Nações Unidas sobre Direitos dos Povos Indígenas, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2007, os indígenas continuam tendo suas terras tomadas pela bancada ruralista em busca de expandir sua atividade comercial. Não obstante, a Constituição Federal define as terras indígenas como todas as áreas permanentemente habitadas pelos índios, sendo elas utilizadas para suas atividades produtivas e também para a preservação de suas culturas e tradições. Portanto, mais do que simplesmente a área de moradia direta, as terras indígenas devem envolver todo o espaço usado pelos índios para garantir sua sobrevivência, incluindo áreas de caça e extrativismo. Logicamente, as terras ocupadas pelos índios deveriam ser respeitas e garantidas a eles, visto que foram os primeiros ocupantes. Ao analisar os fatos, percebe-se que o reconhecimento das terras indígenas no Brasil é uma das principais políticas implementadas pelo governo, sendo necessária a resolução dessa questão da demarcação de terras. No entanto, apenas isso não é suficiente para dar dignidade aos índios, assegurando seus direitos já previstos na Declaração dos Direitos dos povos indígenas. Portanto, é mister que o Estado tome providencias para superar o impasse. Para isso o Poder Executivo e a FUNAI têm de agilizar os estudos e demarcações referentes às terras indígenas, bem como intensificar a fiscalização policial de reservas a fim de manter à defesa de certas tribos. Ademais, o Ministério da Educação (MEC) deve efetivar a lei 11.645/08 nas escolas em parceria a campanhas midiáticas que desmistificam os estigmas ligados aos povos nativos, promovendo uma discussão com a sociedade civil e integrando-a à causa indígena. Só assim surgirão ações de apoio e valorização à população indígena no que se refere à terra e à cultura e fazer cumprir o que a constituição lhes assegurou. Os índios precisam ser tratados como parte da população brasileira com direitos e deveres e não como uma categoria transitória, fadada ao desaparecimento.