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Igreja Presbiteriana de Santo Antônio de Jesus

"A evidência de que você um dia recebeu


a salvação é que continua se
arrependendo e crescendo em Cristo"

Predestinação – Eleição

ESTUDO SOBRE PREDESTINAÇÃO

F. Solano Portela Neto

I. Introdução

Dentre as doutrinas contidas na Bíblia, a predestinação é uma das mais difíceis de serem abordadas. Creio que
poderíamos identificar três razões para essa dificuldade:

1. Rejeição em função de nossa natureza pecaminosa – Nossa natureza, influenciada pelo pecado, traz uma
tendência de rejeição da exaltação do Deus Soberano, ao mesmo tempo em que passa a considerar o homem
superior àquilo que ele realmente é. Nesse sentido, tendemos nos apresentar numa posição de autonomia e
superioridade, contrariando o que a Palavra de Deus nos revela sobre o nosso ser. As pessoas fazem um grande
esforço para se desvincularem da esfera de autoridade divina, e para tirarem Deus da regência de suas vidas e do
seu destino.

2. Distorção, por insuficiência de base bíblica – Às vezes, a doutrina é apresentada, ou absorvida com um exame
superficial da base bíblica. Se todos os ângulos não forem estudados, ou se recorrermos mais ao “eu acho”, “eu
penso”, do que a uma aceitação sem preconceitos do que a Bíblia revela, sobre as ações e planos do Deus
soberano, saímos com uma idéia distorcida dessa doutrina.

3. Diluição, para facilidade de compreensão – Muitas vezes, temos a idéia de que a veracidade ou não de uma
doutrina está baseada na nossa capacidade de compreensão total da mesma, esquecendo-nos de que nossa
compreensão é finita, imperfeita e limitada. A diluição, ao nível de nossa capacidade, traz uma série de problemas
secundários que tornam a doutrina, no cômputo final, diferente da apresentação bíblica e de impossível aceitação,
mediante um estudo sério da questão.

Quando estudarmos a predestinação teremos, portanto, de estar cientes das dificuldades do estudo mas, se
tivermos seriedade e humildade para aprender o que Deus nos revelar em sua palavra, devemos ter a disposição
de considerar:

1. Os dados bíblicos – examinarmos o maior número possível de passagens.

2. A necessidade de não rejeitar os conceitos bíblicos simplesmente porque estes podem fugir à nossa
compreensão, ou experiência, mas deixá-los permanecer em toda a sua objetividade e lógica transcendental,
gradativamente, pela ação do Espírito, penetrando em nossas convicções.

3. O testemunho histórico da Igreja – ele não determina doutrina, mas o seu estudo é relevante para vermos
como Deus tem guiado a sua igreja, e para discernirmos a diferença entre inovações – ventos de doutrina e as
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doutrinas verdadeiras provadas no cadinho do tempo e da história eclesiástica.
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4. O fato de que, quanto mais aprendermos e exaltarmos a pessoa de Deus, mais cresceremos espiritualmente e
mais chegaremos perto de nossa finalidade que é a de glorificarmos a ele, em todas as nossas ações.

II. O Plano de Deus – No seu relacionamento com o homem, Deus tem um

PLANO, que é mais do que um mero MAPA, constituído de caminhos alternativos, para se chegar a dois destinos
finais. A Bíblia nos diz que Deus tem um plano – este plano é:

A. Eterno. Is 46.9 e 10, diz: “Lembrai-vos das coisas passadas da antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro,
eu sou Deus, e não há outro semelhante a mim; que desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a
antigüidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a
minha vontade” (veja também: 2Tm 1.9; Sl 33.11; Is 37.26; Jr 31.3; Mt 25.34; 1 Pe 1.20; Sl 139.16; 2 Ts 2.13; At
15.17,18).

B. Imutável. Tg 1.17-18, diz: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes,
em quem não pode existir variação ou sombra de mudança…” (veja também: Is 14.24,27; Is 46.10,11;
Nm 23.19; Ml 3.6).

C. Inclui os atos futuros dos homens. Isso pode ser visto em todas as profecias da Bíblia, mas considere,
especialmente, Mt 20.18 e 19: “Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos
principais sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte. E o entregarão aos gentios para ser
escarnecido, açoitado e crucificado; mas, ao terceiro dia, ressurgirá”; e Lc 22.22: “Porque o Filho do Homem,
na verdade, vai segundo o que está determinado, mas ai daquele por intermédio de quem ele está sendo
traído” (veja também: Dn 2.28 e Jo 6.64).

D. Inclui os eventos não importantes, ou ocasionais. Como lemos em Pv 16.33: “A sorte se lança no
regaço, mas do SENHOR procede toda decisão” (veja também: Jn 1.7; At 1.24,26; Mc 14.30; 1 Rs 22.28-34).

E. Especifica a certeza e a inevitabilidade dos eventos. Já vimos isso em Lc 22.22, acima, e o mesmo
conceito está presente em Jo 8.20: “… ninguém o prendeu, porque não era ainda chegada a sua hora” (veja
também: Gn 41.32; Hq 2.3; Mt 24.36; Lc 21.24; Jr 15.2; Jó 14.5; Jr 27.7).

F. Até os atos pecaminosos do homem estão incluídos (sem que Deus seja o autor de pecado). Lemos em
Gn 45.8, que as ações malévolas dos irmãos de José faziam parte do plano de Deus: “Assim, não fostes vós que me
enviastes para cá, e sim Deus, que me pôs por pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador
em toda a terra do Egito”. Deus, entretanto, não é o autor do pecado, como nos ensina Tg 1.13 e Dt 32.4: “Eis a
Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele
injustiça; é justo e reto” (veja também: Sl 5.4; Tg 1.13; Gn 50.20; Mt 21.42; At 3.17-18; Am 3.6).

III. O livre arbítrio e a liberdade – O nosso conceito de liberdade e de livre arbítrio é muitas vezes
identificado com a execução de ações erráticas, aleatórias, sem nenhum enquadramento em um modelo
comportamental ou sem nenhuma ligação com a natureza e características intrínsecas das pessoas. Será que é
mesmo assim? Vamos repensar um pouco os nossos conceitos, partindo de um exame da doutrina bíblica sobre a
pessoa de Deus:

A. DEUS é livre?
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1. Certamente que sim!—Ele é livre em um grau muito mais alto do que qualquer outro ser. Veja a Sua liberdade
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expressa no Sl 115.3: “No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada”; e em 1 Co 12.11: “Mas um só e o
mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um…”.

2. Isto significa que suas ações são incertas? Que ele pode mudar como um pêndulo? Pode ele quebrar o
concerto com o Seu povo? Não! Por que não? Existe alguma compulsão EXTERNA obrigando-o a isto?

3. Certamente que não! Não existe nenhum agente ou força externa exercendo pressão ou autoridade sobre
Deus, que é Soberano e está acima de tudo e todos.

4. ENTRETANTO, é impossível para Deus mentir! Tito 1.2 fala do “… Deus que não pode mentir… ”. Por que?
Porque isto seria contrário à sua natureza e aos seus atributos! O Breve Catecismo de Westminster, responde a
pergunta 4 (“Quem é Deus?”) com uma descrição dos atributos de Deus:

Deus é Espírito:

Infinito Ser, Sabedoria,

Eterno Poder, Justiça,

Imutável…em seu Bondade e Verdade.

5. Portanto, nunca, na menor de Suas ações, Ele se desviará daquele padrão de perfeição que Sua própria
natureza determina.

B. E o HOMEM, ele é livre?

1. SIM, o homem é livre no sentido de que suas escolhas não são determinadas, em linhas gerais, por nenhuma
compulsão externa. Podemos dizer que ele tem LIVRE AGÊNCIA.

2. ENTRETANTO, suas ações são determinadas pela natureza de seu próprio caráter, e nós sabemos que esta
natureza é só pecado (Rm. 3.10-23). Neste sentido, ele não tem LIVRE ARBÍTRIO de escolher o bem, pois é
escravo do pecado. Este “livre arbítrio” foi perdido com a queda, em Adão.

3. Mesmo não possuindo “livre arbítrio”, definido como a possibilidade de escolha do bem, a “liberdade” que
possui, definida como livre agência, não é incompatível com o enquadramento do Homem nos planos divinos.
Deus, soberanamente, executa os seus desígnios ATRAVÉS da vontade das suas criaturas (veja os seguintes
trechos: Fp 2.13; Pv 20.24; 2 Co 3.5; Jr 10.23; Rm 9.16 e Tg 4.13-15).

* Talvez não compreendamos COMO Deus faz isso – como Ele preserva a livre agência, mas executa com
precisão os Seus planos. Mas a aceitação dos pontos 2 e 3, acima, é a chave para entendermos melhor a doutrina
da soberania de Deus e a própria predestinação. Não é negando a existência do plano de Deus, nem diminuindo a
sua soberania, que retratamos a realidade expressa na Bíblia sobre essas questões. Não possuímos “livre arbítrio”,
mas Deus é infinitamente soberano e onipotente para executar seus planos, sem violação da LIVRE AGÊNCIA que
nos concedeu.

IV. Deus realmente determina as ações do homem? Cremos que sim. Na execução do seu plano soberano
ele determina “tudo que acontece”, mas muitos têm dificuldade na aceitação deste fato. Na realidade, temos
apenas duas posições possíveis, ou Deus determina as ações do Homem, ou Ele não determina estas e o homem é
completamente autônomo.
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Concordamos que este é um ponto de difícil compreensão. Alguns tentam contornar este problema dizendo que
Deus não determina, na realidade, mas como Ele tudo conhece de antemão, Ele “determinaria”,
Fechar e aceitarou
“predestinaria”, as coisas que Ele sabe que irão acontecer. Ou seja, a sua determinação é dependente do
Seu conhecimento prévio, de sua onisciência. Com isso, procura-se deixar as pessoas “livres”.

Será que é mesmo assim e que esta posição resolve o problema? Cremos que não! Querer resolver o problema da
“liberdade humana” ancorando a soberania de Deus e a sua predestinação na onisciência dele, traz uma solução
apenas aparente mas não real. A Confissão de Fé de Westminster, em seu Cap. III, seção 2, diz que Deus “… não
decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura”.

Vejamos a posição contrária: se ele determina, simplesmente porque conhece de antemão (como, por exemplo,
falando-se das profecias registrada na Palavra de Deus), na hora em que ele houvesse determinado, essas
situações se tornariam fixas e imutáveis. Dificilmente um cristão dirá que Deus não é soberano, ou que ele não
cumpre o que profetizou. Sendo Ele soberano as coisas serão cumpridas, como previamente registradas. Como
fica, então, a defesa da liberdade irrestrita das pessoas, do “livre arbítrio”, neste sentido? E se os homens, segundo
esse conceito, que são os agentes diretos do cumprimento das determinações que Deus colocou no seu plano
(apenas “porque Ele já conhecia”), na última hora resolverem “mudar de idéia”, como fica esse plano de Deus?
Deus também ficará mudando, à mercê das determinações do homem, e até quando?

Vemos que procurar escapar à imensa evidência bíblica que ensina a irrestrita soberania de Deus, o seu plano
sábio e sua onipotência no cumprir tudo que antes predeterminou, com o sofisma de que Deus realmente não
determina, mas apenas conhece previamente, não traz qualquer pretensa “liberdade” ao homem, a não ser que se
pretenda reduzir o poder de Deus. A seguir, temos um diagrama com as diferentes alternativas, posições e
algumas referências bíblicas, mostrando como podemos organizar os dados das Escrituras e, até onde levam
alguns pensamentos e deduções:

V. A Predestinação – Dentro do contexto bíblico, que estamos estudando, a Predestinação é simplesmente um


ponto específico deste plano de Deus. O nosso Deus é soberano e não existe uma área sequer do universo, da
nossa vida e existência, que não esteja sob esta soberania e regência, inclusive a questão da salvação de almas.

A. Definição: Poderíamos definir a Predestinação como sendo:

O aspecto da pré-ordenação de Deus, através do qual a salvação do crente é considerada efetuada de acordo
com a vontade de Deus, que o chamou e o elegeu em Cristo, para a vida eterna, sendo a sua aceitação
VOLUNTÁRIA, da pessoa e do sacrifício de Cristo, uma CONSEQUÊNCIA desta eleição e do trabalho do Espírito
Santo, que efetiva esta eleição, tocando em seu coração e abrindo-lhe os olhos para as coisas espirituais.

B. A Fonte da Predestinação: É a Soberana Vontade de Deus. No capítulo 6 do Evangelho de João, temos três
versículos pertinentes: 37 – “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum
o lançarei fora”; 44 – “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no
último dia”; e 65 – “E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai,
não lhe for concedido” (veja também – Ef 1.4, 5 e 11; Rm 9.11, 16).

C. A Causa da Predestinação: É a misericórdia infinita de Deus e a manifestação de sua glória. Rm 9.23 diz –
“… a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória
preparou de antemão” (veja também – Rm 11.33; Ef 1.6 e Jo 3.16).

D. Os Objetos da Predestinação: Pessoas pecadoras. Note Jo 1.12 e 13 – “Mas, a todos quantos o receberam,
deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do
sangue,
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todos em João – 5.21; 6.65; 10.26 e 27; 12.37-41; 15.16; 17.6-8).
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E. Os Meios para a concretização da Predestinação:


1. O chamado externo – Mt 22.14 “Porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos”.

2. A resposta ao chamado interno (crença) – At 13.48 “… e creram todos os que haviam sido destinados para a
vida eterna”.

VI. A Doutrina da Predestinação, na História. Vamos dar uma olhada “relâmpago” na acolhida, exposição
e reflexos das doutrinas relacionadas com a Soberania de Deus, com Seus decretos e, especialmente, com a
Predestinação através da história:

A. Entre os Judeus: Os Judeus aceitavam normalmente a idéia de Deus, expressa no Antigo Testamento, que o
apresenta como estando em controle de tudo e de todos, dirigindo os passos e os destinos dos homens, como
indica Pv 16.33 – “A sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão” (veja também – Am 3.5 e
6; Is 45.7 e Jo 9.2).

B. Na História da Igreja Neo-testamentária:

1. Ensinada por Jesus – Jo 5.21; 6.65; 10.27; 15.16.

2. Explanada por Paulo – Rm 9.1-16; Ef 1.4,5-11.

3. Registrada por João, Lucas e outros: Jo 1.12,13; At 13.48

4. Aceita pelos Patriarcas da Igreja, como por exemplo: Policarpo, Irineu e Eusébio.

5. Contestada pelos ramos heréticos da Igreja, dos quais o maior expoente, nos primeiros séculos, foi PELÁGIO,
que defendia o livre arbítrio irrestrito, em oposição a AGOSTINHO, que defendeu e enalteceu a Soberania de Deus
em todas as esferas, principalmente na salvação de almas.

6.Esquecida pela Igreja Católica, na medida em que ela foi se formando entrelaçada ao Estado, após a regência do
Imperador Constantino. Este esquecimento foi paralelo ao de outras doutrinas cardeais da Bíblia, que foram
sufocadas e suplantadas pelas tradições e conveniências da Igreja, concretizando-se no humanismo pragmático de
Tomás de Aquino.

7.Reaparecida em todos os movimentos Pré-reforma que desabrocharam na Idade Média, sendo uma constante,
paralelamente às outras doutrinas chaves da Bíblia, entre os Valdenses (seguidores de Waldo), os Hussitas
(seguidores de João Huss) os Lolardos (seguidores de Wyclif), etc.

8.Revivida por Lutero, na Reforma do Século XVI, que despertando para as doutrinas fundamentais que haviam
sido mumificadas pela Igreja Católica, a defende e a proclama, principalmente em seu livro: “De Servo Arbitrio”
(A Prisão do Arbítrio), escrito em resposta a Erasmo de Roterdã.

9.Constante em todos os movimentos Pós-reforma, como por exemplo nos escritos e tratados de Melânchton,
Zuínglio, João Knox, etc.

10.Sistematizada, em seus ensinamentos, por João Calvino, que reapresenta e sistematiza a posição de Paulo e de
Agostinho em seu tratado “Institutas da Religião Cristã”, e em outros livros e comentários bíblicos que escreveu,
fundamentando a posição da Igreja Protestante contra os Arminianos.

11.Atacada apenas,
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(vide item 5, acima), levando ao posicionamento contrário, oficial, conhecido como os cânones de Dort
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(Dordrecht) – que resume a doutrina reformada sobre a soberania de Deus na salvação , refletindo, igualmente a
interpretação bíblica dessas doutrinas contidas no Catecismo de Heildelberg e na Confissão de Fé Belga.

12.Constituída no posicionamento oficial de quase todas as denominações que se afirmaram após a Reforma:

PRESBITERIANOS—A apresentam na Confissão de Fé de Westminster, principalmente nos capítulos V, VIII, IX,


X, XI e em várias perguntas e respostas dos Catecismos (Breve e Maior).

BATISTAS—Estes adotaram a Confissão de Fé de Londres (1689, na Inglaterra e 1742 nos Estados Unidos), que é
semelhante em tudo à de Westminster, exceto na forma prescrita para o batismo.

CONGREGACIONAIS—Na sua doutrina soteriológica se assemelhavam aos Presbiterianos. Alguns puritanos


(caracterizados pela convicção plena da soberania de Deus) eram presbiterianos, outros (como Roger Williams, na
América) eram batistas, mas muitos eram congregacionais, como Jonathan Edwards.

ANGLICANOS—Na primeira reestruturação desta Igreja, sob Edward VI, quando foram escritos os 42 Artigos de
Fé, a soberania de Deus e a posição Calvinista, sobre a salvação, foi retratada e defendida.

13.Presente nas mensagens dos grandes pregadores dos séculos 17 a 19, tais como:

CHARLES SPURGEON—O grande pastor batista, que muito escreveu sobre eleição e soberania de Deus.

JOÃO WESLEY—O reavivalista, compositor de hinos e iniciador do Metodismo, de quem seu irmão Charles
Wesley mais tarde se separou, adotando posição Arminiana adversa.

J. EDWARDS e GEORGE WHITEFIELD, nos EE UU, e muitos outros de tradição puritana.

14. Considerada como o esteio da Igreja e da Nação Holandesa, durante séculos (na forma mais abrangente da
Soberania de Deus – pois penetrou a vida plena da nação, inclusive na política), o que pode ser constatado nos
movimentos missionários e de catequização deflagrados pelos holandeses nos séculos 16 e 17 e, mais
contemporaneamente, nas vidas e escritos de KUYPER, BAVINCK e outros ilustres homens de Deus, daquele país.

15. Considerada a mola mestra dos movimentos missionários desencadeados pela Igreja Norte Americana, pois
constituía a doutrina explanada pelos grandes doutores, tais como Charles Hodge, Benjamin Warfield, Dabney e
tantos outros. Neste sentido, esteve presente no Brasil desde o início da Igreja Presbiteriana, pois era a doutrina
dos antigos missionários (a começar com Simonton – discípulo de Hodge) e dos primeiros pastores formados por
estes, tais como o Dr. Antônio Almeida e muitos outros.

16. Infelizmente, esquecida e relegada a segundo plano por quase todo o mundo evangélico contemporâneo, mais
preocupado que está com os “modismos” da época, em vez de concentração nas raízes sólidas da doutrina bíblica e
na aplicação destas às pessoas, em todas as suas atividades. Este esquecimento foi provavelmente causado pelo
advento do Dispensacionalismo, há cerca de 150 anos, que, popularizado pela Bíblia de Scofield, tomou conta da
mensagem e da teologia da maioria das denominações, até da Igreja Presbiteriana, no maior reavivamento de
Pelagianismo e Arminianismo desde a aparição destas correntes.

17. Necessária no ensinamento das Igrejas, que deveriam rever os seus Padrões de Doutrina, achegando-se cada
vez mais à Palavra, para que a posição de Deus venha a ser exaltada, e para que o Evangelho puro possa ser
pregado, para a glória do Seu Nome.
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Acreditamos, portanto, que a Doutrina da Predestinação é bíblica; harmoniza-se com o todo da revelação da
pessoa de Deus, conforme as Escrituras; e tem sido sustentada pelo testemunho dos segmentos fiéisFechar e aceitar
da igreja de
Cristo. Em artigo próximo, examinaremos algumas objeções contra a doutrina da predestinação e concluiremos
este estudo. Fonte: http://www.pensador.cristao.nom.br/solano8.htm

OS DIVINOS E TERNOS DECRETOS E A DOUTRINA


DA ELEIÇÃO
Não é presunçoso pensar que o homem possa discutir os eternos Decretos Divinos? Não deveríamos nós ser
dissuadidos de tal compromisso, particularmente do ponto de vista da revelação bíblica, já que as Escrituras
Sagradas tão decidida e duramente dirigem nossa atenção para a revelação histórica? Isto certamente, implica em
que nós tenhamos de permanecer satisfeitos com o que Deus tem nos mostrado dentro da esfera de nossa
experiência humana e nem mesmo desejamos saber os mistérios eternos que Deus guarda para si próprio? Não é
uma doutrina de Decretos Eternos, mas uma tentativa de “escalar o íngreme subida para Majestade Suprema”,
contra aquilo que Lutero avisou-nos tão urgentemente, quando ele disse: ego scio, ego expertus sum? Dessa
forma, a própria tentativa de formular uma doutrina da Predestinação não é algo a ser condenado de pronto,
mesmo antes de ter sido iniciada?

A história da doutrina da Predestinação em si ensina-nos que a indagação dos Decretos Divinos tem-nos colocado
em uma zona perigosa, na qual a fé pode sofrer graves danos e o pensamento teológico pode facilmente incorrer
em erros desastrosos. E, ainda assim, não se pode renunciar a essa tentativa, não porque nossos pensamentos nos
dirijam a isto, mas porque o testemunho da revelação nas Escrituras forçam esse assunto sobre nossa atenção,
para considerações teológicas. Não é meramente — comparativamente pequena — menção de “Decretos Divinos”
que nos move para isso, mas o fato de que a Eleição constitui o centro do Velho Testamentos. O conteúdo da
revelação divina em Cristo Jesus é simplesmente o “mistério de Sua Vontade” o qual é revelado à fé, na história
terrena, dentro da Palavra da Encarnação, através do Filho de Deus Crucificado, o que não é nada menos que a
eterna Vontade de Deus. “Tornando-me conhecedor do mistério da Sua Vontade, de acordo com o seu prazer, o
qual ele objetivou nEle sobre a dispensação da plenitude dos tempos, para reunir todas coisas em Cristo, as coisas
nos céus e as coisas sobre a Terra: nEle, eu digo, no qual nós fomos feitos herança, tendo sido ordenados de
acordo com o propósito dEle, cujo trabalho em todas coisas foi realizado após a Sua Vontade. Quando Deus revela
a Si próprio, Ele revela identidade: a eterna origem e o eterno fim, o qual “existia” antes de toda a história e
existirá por detrás e após toda a história, isto (do nosso ponto de vista) compreende eternidade, entre a qual paira
nossa histórica existência terrena, como uma ponte suspensa entre dois pilares, sustentada por eles e localizada
num abismo do Nada.

Jesus Cristo veio para revelar essa eternidade e para integrar nossas vidas dentro da dimensão dessa eternidade, a
fim de que nossas vidas não fossem perdidas no nada. Para separarmo-nos dessa integração com a eternidade,
“nós passamos os anos como um conto que nos é narrado”. Fora deste fundamento na eternidade e desse objetivo
na eternidade, a história completa da humanidade é meramente nada, o qual é tragado pelo redemoinho do
temporal. Sem essa firme fundação na nossa origem eterna e sem o firme propósito no final dos tempos, o homem
literalmente vive “para o dia-a-dia” e, então, desaparece. Sua vida é transcorrida no limite do finito. Somente
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através de sua relação com a eternidade é que ele pode se aprofundar; a “superfície” é o finito, o temporal, a
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eternidade sozinha é a “profundidade”. E esta dimensão de “profundidade” é a mesma de “significado”. Ou a vida
Fechar e aceitar
tem um significado eterno ou não tem significado algum. Porque o que é o significado, se ele pode ser finalmente
tragado pela significância e aniquilado? E que tipo de “significado” existiria sem formação eterna?

Não é só a Fé Cristã que ocupa a vida humana e a vida como um todo, dentro da dimensão da eternidade. Ela
também ocupa espaço nas religiões não-cristãs. Ela acima de tudo naquela escola de pensamento que,
paralelamente à mensagem Cristã, tem influenciado a vida espiritual e intelectual no Ocidente do mundo mais
profunda e permanentemente: a filosofia idealista dos Gregos. Até mesmo a filosofia de Platão ensina o homem a
procurar e encontrar significado na eternidade. Essa eternidade do mundo das idéias é, entretanto, de um tipo
singular a qual deprecia o valor do Temporal e Histórico de tal forma que partilha uma “mudança” e, por isso, se
torna mais ou menos uma ilusão. Como uma multidão de seres humanos parece pequena se vista de uma grande
altitude, assim é a visão da eternidade que não relaciona valores decisivos a acontecimentos no tempo, porque tais
acontecimentos e a eternidade não se podem conectar pelo significado da idéia de “evento decisivo”. Do local que
a eternidade é concebida, do fim humano, não há evento decisivo, não há evento que nos una com a eternidade.
Há, apenas, idéias que não se limitam ao tempo, a verdade eterna, e com esse contraste Acronológico e Eterno,
bem como a verdadeira Existência é meramente transitória. Acontecimentos temporais com a qualidade de
“decisão no tempo”, comente existem onde a eternidade em si tem se incluído no tempo, onde o Logos que se
tornou Homem entra na História e revela ao homem, perdido no tempo, sua origem e seu final eterno e faz destes
o objetivo de sua decisão de fé. Somente através deste prisma de eternidade é que a nossa história adquiriu um
pedaço dessa eternidade.

Portanto, é exclusivamente essa eternidade revelada, através da qual e na qual, eu, este ser humano individual,
esta pessoa individual, recebo o significado eterno e minha própria existência individual é levada a sério. Aquele
que somente conhece uma Eternidade intelectualmente concebida — uma eternidade de Idéias, uma Eternidade
de verdades intelectuais e de valores espirituais, encontra sua existência pessoal intercalada na vida de todos, na
revelação Cristã de eternidade, entretanto, meus olhos estão abertos para perceberem a verdade que Deus,
MeuSenhor, considera-me desde toda a eternidade, com o sentimento de amor eterno e, portanto, minha
existência pessoal e minha vida agora recebem um significado eterno. Através do fato de que minha visão de fé
contempla o Deus Eterno é que eu sei que estou olhando pelo prisma de Seu amor eterno. “teus olhos viram-me
quando não tinha forma. “Eu pessoalmente adquiro a dignidade eterna. A chamada que me é endereçada através
de Jesus Cristo chama-me para o destino eterno. Para ser chamado da eternidade de Deus, para a eterna
comunhão com Deus, o qual é o Evangelho de Jesus Cristo. Resumidamente, este é o significado da mensagem do
Novo Testamento sobre eleição eterna. Como, então, nós não podemos ver que esta mensagem de eleição é a
mesma das boas novas de “filiação” e do reino de Deus?

Por outro lado, quão terrível e paralisante é o assunto da predestinação, de um decreto de Deus, pelo qual todas as
coisas que hão de acontecer já estabelecidas desde a eternidade. Há algo mais devastador para a liberdade e
realidade de decisão do que essa idéia de que todas as coisas estão predeterminadas? Isto não reduz toda a
história a algo que já foi determinado e está sendo processado nas linhas predeterminadas?. E assim, toda decisão
e liberdade são ilusões?. Tal ponto de vista faz da história humana um mero jogo de xadrez, no qual as figuras
humanas são movidas no tabuleiro por uma mão invisível ou como uma peça de tapeçaria de muitas cores, através
do qual o destino da humanidade é tecido, mais sem o auxílio do homem (um tapete já todo preparo desde a
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Política cookies o qual dá significado e dignidade à vida humana,
elemento esse de responsabilidade e livre ação?
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Finalmente, se todas coisas são predestinadas pelos decretos divinos, como poderia algum outro tribunal de
apelação ser responsável por algum acontecimento, se Ele havia predeterminado isso? Se todas as coisas são
predeterminadas, bondade bem como a maldade, incredulidade bem como fé, inferno bem como o céu, ser salvo
bem como ser condenado, se tudo é predeterminado pelos eternos decretos divinos de Deus, que não somente o
tempo, mas também o destino eterno dos homens são assinados desigualmente. Assim, alguns são destinados à
vida eterna e outros à morte eterna. É possível chamar Aquele que promulgou esse decreto terrível de Pai de Amor
de todos os homens? Se este decreto oculto de Deus está por trás da revelação de Jesus Cristo, que significado têm
a fé, o arrependimento e a confiança? Esta doutrina não ameaçaria toda a mensagem de amor de Deus e a
seriedade da decisão de fé?

Se há algum ponto em que a Igreja deveria reexaminar urgentemente, na Mensagem Cristã. Certamente, ela seria
nos aspectos dos divinos decretos e eleição.

Teólogos reformados geralmente fazem distinção entre o decreto da criação e o decreto da eleição. As Escrituras
não oferecem apoio para isto. De qualquer forma, as idéias que caracterizam o decreto eterno no Novo
Testamento não se aplicam à Criação. Isto não e devido como veremos, qualquer erro de linguagem, mas a uma
ordenança estritamente observada, não deverá portanto haver qualquer dúvida de que a origem, da criação é
simplesmente o pensamento e a vontade de Deus. Deus permite tais coisas. Portanto tudo é a expressão,
manifestação e revelação de seu pensamento e vontade. Por causa do pensamento, pensamento de Deus,
sabedoria de Deus, estas coisas deitam na sua própria fundação, pois há uma ordenança que pode ser percebida:
porque essas coisas são acessíveis ao conhecimento e porque elas têm um aspecto lógico e reacional. Para usar a
linguagem dos antigos, isto é “compreensível para a razão”. Mas porque isto tem sido criado pela vontade de Deus,
tornou-se “contingente”, não necessária. A idéia de contingentia mundi somente tornou-se assunto para a
filosofia através do Cristianismo.

Esta é a primeira grande diferença entre a teoria Grega do Cosmos e a doutrina Cristã da Criação. Para a doutrina
Grega, filosoficamente o Cosmo não é somente acessível à razão, mas também é racional, porque ele não foi criado
através da vontade de Deus, mas porque ele procede, sem necessidade do tempo, fora do “Logos Eterno”. Para o
pensamento especulativo o Cosmos não tem liberdade de criar ou de deixar de criar. Como para causa há um
efeito, o mundo provém do Logos. Neste ponto de vista, não há lugar para o elemento irracional da vontade. O
mundo provém da eternidade, porque nele não há começo. Mas é precisamente a doutrina da Eleição que
compreende o mundo como algo que não estava lá “no começo”, mas como algo que foi precedido por algo mais.
Quase sempre, onde quer que a doutrina da Eleição seja mencionada, enfatiza-se esta frase “antes da Criação do
Mundo”.

A segunda diferença fundamental entre a idéia do Cosmos e a idéia da Criação é conectada com uma idéia que à
primeira vista parece ser elemento comum `a duas idéias: o Logos. O Cosmos é pervadido pelo Logos, ele provém
do Logos. O Logos é o ultimato, pressuposição fundamental do pensamento. É o princípio necessário do
pensamento necessário e portanto é o suporte firme para toda a filosofia. Como tal, é uma idéia impessoal e
abstrata. Mas a idéia Bíblica da Criação é baseado sobre um Logos diferente: sobre aquela Palavra a qual “estava
no princípio”, “sem a qual nada teria sido criado”, e é idêntico ao Filho de Deus. Nele o qual é a “imagem do Deus
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invisível”, “o Primogênito de toda a criação”- “Nele todas as coisas são criadas, através dEle e para Ele são todas
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
coisas e Ele está antes de tudo e nEle todas as coisas subsistem.” Não um Logos impessoal do pensamento, mas o
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pensamento e a vontade amável da parte da parte de Deus, que nos encontra na Pessoa de Cristo, “Filho do Seu
Amor” está a fundação e a origem de toda a existência.

Nesta conexão a verdade que nós já vimos adquire novo significado: que o mundo, em verdade, foi criado através
— — do Filho, mas não pelo — — Filho, que ele tem sido criado nEle e para Ele, mas que nEle
mesmo nunca é chamado de Criador. Agradou a Deus o Criador Ter criado o mundo no Filho, através do Filho,
mas não pelo Filho. O fato de que entre o Criador e a Criação existe um Mediador da Criação significa que o
mundo á um Ato da Liberdade de Deus, que ele não procede do Logos. O Filho é o significado do mundo para
quem Deus, em total liberdade de decisão, determina e cria o mundo. Se fosse o Eterno Filho, também seria livre
resolução de Deus, que Ele cria o mundo no Filho e para o Filho. A auto revelação de Deus como a Origem e o Fim
de toda a criação é livre ação de Deus. Portanto as Escrituras sugerem que “Deus” sozinho é o Sujeito da Criação –
não o Filho, muito embora Ele “desse o Filho para que tivesse vida nEle mesmo”. A liberdade para planejar e criar
deve ser distinguida uma da outra, se a Criação é um ato de liberdade. A livre ação de Deus é o plano do mundo
“em Jesus Cristo.”

A Criação do mundo está conectada com o decreto da Eleição pelo fato de que o Mediador de ambos é o Filho,
Filho o qual Deus “amou antes da fundação do mundo”. Ele é o Filho-Logos que, como o Encarnado, nos dá
ambos os conhecimentos da Eleição e de que o mundo tem sido criado através do Filho, no Filho e para o Filho.
Por isso, a origem, significado e propósito do mundo são somente compreendidos onde a fé na revelação histórica
do amor de Deus, no chamado à Divina comunhão através da crucificação, torna-se a certeza da salvação eterna. A
verdade que concerne à criação é – tanto no aspecto de tempo e de fato – subordinada à verdade na qual se insere
a eleição. Esta é a razão pela qual a Bíblia não fala de um decreto da Criação. A Criação é subordinada à Eleição,
ela não é coordenada nem super-ordenada. O caminho da verdade precede a revelação histórica à Eleição eterna,
somente através desta à Criação. Isso é decisivo para a compreensão em si.

A primeira verdade que a doutrina da Eleição contém não é total “decretum generale”, como a fórmula dos
teólogos é descrita – dubiamente – a qual é então seguida pelo “decretum speciale” da Eleição pessoal. Na Bíblia,
mais enfaticamente, esta não é a maneira na qual a Eleição é mencionada. No Novo Testamento, a fé não é
generalizada, em uma doutrina. Já que o ser humano, individual e pecador, encontra a vontade generosa e
graciosa de Deus em Jesus Cristo, o Crucificado, e através dele é “resgatado do poder das trevas”, da ira de Deus, e
é elevado ao plano de filiação, ele ganha uma visão íntima no pano de fundo da eternidade: ele experimenta e ouve
as palavras de um chamado histórico como a palavra da Eleição eterna. A fé é, primeiro que tudo, uma “relação-
com-o-Tu” e somente após isso é a relação de Deus com o mundo, com a Criação. A verdade revelada ao que crê –
como aquele a quem a palavra da graça e afiliação justificadoras em Cristo Jesus foi derramada – é, em primeiro
lugar, aquela que “era antes da fundação do mundo” e somente após essa verdade ele chega a aprender a outra:
que o mundo como um todo deriva em sua origem, seu significado e sua preservação do próprio Filho, a quem ele
tem aprendido a conhecer como “o Filho do Seu amor”. A fé é diretamente relacionada com o eterno, com a
vontade de Deus dirigida à pessoa, com Seu decreto de eleição “antes da fundação do mundo”, não com o próprio
mundo criado. O ser humano individual, aquele que é “chamado”, possui sua relação direta com o Deus que
“elege” e com Sua vontade, que precede a tudo mais – tão pessoalmente e tão intensamente é tudo isso dirigido ao
“Tu”. A verdade da Eleição não é, o resultado de uma dedução de uma afirmativa generalizada; fé é, e permanece
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–Para
mesmo quando
saber mais, seu como
inclusive sobre conteúdo
controlar é
osa eleição
cookies, eterna
consulte – uma
aqui: Política relação pessoal, direta e imediata, o que é exato oposto de
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uma teoria geral.


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A fé possui essa característica devido à sua origem histórica. Isso sozinho é o ponto de partida, com isso tudo deve
se relacionar, se em contraste com aquilo que os teólogos chamam de “predestinação” nós temos que entender o
que a Bíblia que dizer como Eleição. Israel experimentou sua eleição como um evento histórico: “Porque és povo
santo ao Senhor, teu Deus; e o Senhor te escolheu, de todos os povos que há na face da Terra.”( Deuteronômio
14:2) Através de Moisés e os Profetas aquele povo conscientizou-se de que Iahweh estava falando para ele através
dos eventos da história, como um ato incompreensível, livre, insondável de Deus, um ato que é também uma
Palavra. (Amós 2:3) Sua eleição é a mesma que o curso peculiar da história através do qual Deus lidera esse Povo
– e esse povo somente, entre todas as nações. A Eleição de Israel, de fato, consiste nesse encontro histórico no
qual o Santo e Misericordioso Deus manifesta-se ao povo como “o Senhor teu Deus” e isso faz de Israel Seu
próprio Povo; e, assim fazendo, Deus o particularizou entre todas as outras nações sobre a Terra. O fato de que
essa eleição é baseada tão somente na livre eleição de Deus, no insondável amor de Deus, e não em qualquer
qualidade inerente do próprio Israel é trazido à tona para ele no fato de que Jeová pode rejeitar e afastar Seu Povo
escolhido. (Amós 3:2 – Jeremias 5:12; 7:4) A base da eleição nunca repousa naquele que é escolhido, mas
exclusivamente n’ Aquele que escolhe. ( Deuteronômio 7:6) A Eleição significa precisamente isso: que Israel sabe
que é totalmente dependente da graça d’ Aquele que o escolheu e que ele deve viver nessa atitude de contínua
dependência. O caráter histórico do fato da eleição, e a liberdade de Deus na eleição, são único e a mesma coisa.
“Mas o Senhor vos tomou e vos tirou do forno de ferro do Egito, para que lhe sejais por povo hereditário…” (Dt
4:20) Pois esse fato histórico da eleição é verdade que não pode ser deduzida de argumentos: é Deus em ação.
Única e Insondável.

Tudo isso, entretanto, é somente cumprido nos eventos históricos da revelação de Cristo. Aí, somente, o Histórico
se torna o Único no estrito senso da palavra, aí somente está o caráter absolutamente insondável do divino Ato de
amor totalmente manifestado – na “loucura da Cruz” ( I Cor. 1:18), na justificação do pecador, no sofrimento
vicário d’ Ele que, como o Santo, tinha todo o direito de estar enraivecido e de condenar. A Eleição aqui tem lugar
através do fato de que o amor de Deus entra na maldição que a humanidade pecadora para si mesmo provocou.
Na Cruz de Cristo, aquele “mesmo assim” do Amor Divino tem lugar, para que não seja o pecador aquilo que é
aniquilado, mas a maldição do pecado, que separa o homem de Deus. (Col. 2:14) Na Cruz, nós ouvimos o chamado
de Deus, um chamado que apresenta somente uma condição: que nós devemos ouvi-lo como um chamado
incondicional que ele é, isto é, que nós temos que crer.

Assim, da mesma forma que Israel percebeu e recebeu sua eleição na “Palavra-Ação” histórica , na Palavra
Encarnada de Deus, Jesus Cristo, através da fé: “Tu és meu, Meu filho”. “Teu eu sou, Teu Pai”. Aqui, também, a
eleição é basicamente a mesma da Velha aliança, o encontro com o Deus que chama em amor, o Deus que nos
chama para Si. O “eleitor” é “aquele que é chamado”, aquele que aceita com fé o chamado para adoção por Deus e
para comunhão com Deus. Somente o indivíduo pode aperceber-se desse chamado como um chamado endereçado
a ele pessoalmente, da mesma forma que Israel o recebeu e percebeu que ele era verdadeiro. “Eu sou o Senhor Teu
Deus”. Agora, entretanto, esse chamado não é endereçado à nação, mas ao pecador individualmente, pois esse
chamado deseja aquilo que somente o indivíduo pode dar: decisão pessoal, a obediência à fé.

Mas a fim de que esse chamado possa ser realmente percebido como o chamado do Deus Eterno – já que o Filho é
conhecido como o Filho Eterno do Pai, como aquele que veio de além de tudo que foi criado, como Aquele em
quem o segredo eterno do Pai se manifesta – ele deve ser compreendido como um chamado da eternidade, e o
encontro com ele em uma realidade histórica se torna o encontro com a eterna vontade de Deus. A medida em que
me entendo como amado no Filho Eterno, eu entendo que tenho sido amado por toda a eternidade. A
, a eleição eterna, abre as portas ao . Mas como em nosso conhecimento do Filho não é
a pré-existência do Filho aquilo o que predomina, mas o Seu ato histórico e fixamos nossos olhos para além disso
no cenário
Privacidade eterno,
e cookies: por
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utiliza momento que
Ao continuar seja
a usar este mas não
site, você ficamos
concorda com seu lá
uso.– aqui também é assim. A verdade da eleição
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
eterna é vista pelo olhos da fé, mas ela não permanece aqui, porque ela está se encaixando para habitar no
Fechar
encontro histórico. Se esse cenário se tornar primeiro plano, então é quase inevitável que a idéia da e aceitar
fé se torne
especulativa, e então pervertida, pela tentativa de lidarmos com assuntos que são muitos elevados para ela, o que
leva somente à produção de “verdades” ilusórias do tipo mais perigoso.

Se o ponto de partida permanece firmemente estabelecido na centralização histórica, e se a fé continua a perceber


que o “chamado” de Jesus Cristo é o chamado de Deus, então é impossível que haja alguma contradição entre
eleição e responsabilidade. Aquele que sabe que foi assim “chamado” por Deus como filho e foi alçado à condição
de “Seu próprio”, sabe que, em assim fazendo, ele é chamado para o serviço do Santo Deus, como um “escravo de
Jesus Cristo”, como alguém que não mais pertence a si mesmo, mas a Ele que o chamou das trevas “para sua
maravilhosa Luz”. Ele sabe que foi chamado “conforme a imagem de Seu Filho” (Rm. 8:29), para morrer com
Aquele que o chamou – como “velho homem”- e para levantar-se com Ele, para uma nova vida. Por essa razão a
evidência do Novo Testamento não contém um traço de todo aquele complexo de problemas relacionados com a
predestinação, dizendo respeito especialmente à liberdade e responsabilidade. Assim, os problemas
atormentadores e insolúveis levantados por uma crença errônea –Predestinação – por exemplo, como podem
coexistirem preordenação e liberdade, predestinação e responsabilidade? – não somente não constituem qualquer
problema para o Novo Testamento, como são lembrados como verdade que se interligam natural e
inseparavelmente. Já que a eleição de Israel para uma relação de aliança com Deus constituiu uma obrigação para
o serviço, e de fato foi baseada em uma relação exclusiva para o serviço de Iahweh, e já que toda o ethos particular
do povo da Velha Aliança é baseado nessa eleição, a eleição em Jesus Cristo constitui o fundamento do ethos da
Igreja Cristã. De fato, nós devemos mesmo chamar a ética Cristã de “ética de eleição”. É responsabilidade
daqueles que são “chamados para serem santos”, os quais em sua experimentam tanto a terna eleição como o
chamado para o serviço em amor. Essa conexão surge particularmente limpa naquela passagem onde a eleição
eterna é expressada com especial ênfase e significado: “Como também nos elegeu nEle, antes da funda do mundo,
para que fossemos santos e irrepreensíveis, diante dEle em amor… Porque somos feitura Sua, criados em Cristo
Jesus, para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 1:4 e 2:10)

Não somente eleição e liberdade não cancelam-se a si mesmas, como liberdade é baseada no fato da eleição.
Somente aquele que sabe que está eleito, que aceita sua eleição em Jesus Cristo, é realmente livre. Já que – para
usar esta analogia no planto natural – a Lei Moral, segundo Kant, é a base da liberdade moral, da mesma forma o
fato de pertencer ao Santo e Amável Deus em Jesus Cristo, isto é, a eleição e existência eternas em Deus, liberdade
da compulsão do pecado e, assim, liberdade genuína, tudo isso se baseia na fé. “Se, pois, o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres” (João 8:36) “… e onde há o Espírito do Senhor, há liberdade.” (2 Cor. 3:17) A única
liberdade verdadeira é saber que desde a eternidade nós fomos destinados, através do Filho, à comunhão com
Deus.

Agora que definimos o enfoque correto à verdadeira doutrina da eleição, que está de acordo com a revelação, há
ainda certos mal-entendidos e más interpretações que devemos discutir; para o próprio bem deles e devido – até
um certo ponto – suas desastrosas conseqüências, eles necessitam de alguma atenção. Um deles, que é muito
recente, e por isso ainda não expandiu sua influência, pode ser mencionado somente de uma maneira mito breve.
Para a pergunta: Quem elege e quem é eleito? – em ambos a resposta é Cristo. Agora, não pode ser negado que
Jesus Cristo, como Filho do Seu Amor, como Aquele sobre quem o , o “beneplacitum” de Deus,
repousa, é o Eleito de Deus. (Explicitamente em 1 Pedro 2:4,6) e que, por outro lado, como Aquele que Ele mesmo
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chama
Para saberamais,
Si inclusive
mesmo sobrepara Ele mesmo,
como controlar Ele éaqui:
os cookies, consulte aquele que
Política de elege. (Veja João 15:16) Mas, acima de tudo, a idéia
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fundamental nessa visão é que falar de Eleição significa falar de Jesus Cristo, em inteira harmonia com a
Fechar e aceitar
sabedoria das Escrituras.
E ainda assim não podemos aceitar essa visão: que o Sujeito da eleição Eterna é Jesus Cristo. Onde o Novo
Testamento fala de eleição eterna da fé em Cristo Jesus, o Sujeito da Eleição é tão somente, e sem exceção, Deus,
como também o Sujeito da Criação é tão somente, e sem exceção, Deus. Jesus Cristo é o Mediador da Eleição, já
que Ele é o Mediador da Criação. Nele, através dEle, mas não por Ele nós somos eleitos, como o mundo foi criado
nEle, através dEle, nEle, mas não por Ele. Qual o significado dessa distinção? Não somente lealdade para com o
testemunho explícito das Escrituras está aqui envolvida, mas muito mais que isso: a liberdade de Deus. Deus tem
liberdade em Cristo Jesus para eleger, e fora de Jesus para rejeitar. Mas se o Próprio Cristo Jesus se torna o
Sujeito da eterna Eleição, então não há liberdade divina, em Cristo, para eleger, e fora de Cristo para rejeitar.
Então, nem em Deus nem no homem é possível um “ou … ou”; então, em Jesus Cristo a decisão para cada ser
humano foi antecipada; então, um grupo privilegiado eleito existe e não há mais iníquos do que há uma ira de
Deus; porque então o único que é rejeitado – e essa conclusão é explicitamente oferecida por aqueles que
defendem esse ponto de vista é Jesus Cristo, o Crucificado, que é, ao mesmo tempo, Aquele que é Eleito desde a
eternidade. Mas isso significa que – não somente para aqueles que crêem, que estão “em Cristo”, mas para todos,
crentes ou não, o Julgamento foi ab-rogado, a possibilidade de estar “perdido” foi afastada de todos. Não há
decisão. Assim, o resultado dessa visão é a mais absoluta doutrina de Universalismo que já foi formulada.

Por essa razão, no testemunho da revelação no Novo Testamento o Sujeito da eleição é Deus, somente. É Seu livre
propósito que nos coloca a nós, pecadores, através da fé, na realidade do Filho do Seu Amor, já que é Seu
propósito mandar-nos Seu Filho, para revelar-se a si mesmo a nós e fazê-lo conhecido por nós. Todas as
expressões usadas no Novo Testamento e que falam da Eleição eterna apontam para esse propósito. O fato de que
Ele nos coloca dentro do “Reino do Filho do Seu Amor”- é Seu beneplacitum, este é o “mistério da Sua vontade”.
Em si mesmo, o Filho significa Eleição: onde o Filho está, há Eleição; mas onde o Filho não está, não há eleição.
Mas o Filho só está presente onde há fé. Por essa razão, no Novo Testamento, os “eleitos”, e somente eles, são
aqueles os que crêem. Somente por causa disso a fé é decisão na qual as possibilidades são salvação ou ruínas; não
é uma decisão fingida onde tudo foi decidido de antemão. As conseqüências podem ser sérias, se, a fim de escapar
da doutrina de uma dupla predestinação, nós tomamos a trilha errada e acabamos no Universalismo. Aqui, uma
ênfase errônea sobre “{Cristo somente” levou a uma “solução” que não é menos perigoso do que a visão oposta
que deseja excluir. É o mesmo Cristo-Monismo errôneo que nós já encontramos na doutrina da Trindade; a
equação absoluta de Deus e Cristo, através da qual o Filho, de Mediador da Criação, se torna o Criador, o que leva
necessariamente à visão de que o Filho é o Sujeito da Eleição eterna, e, dessa forma, a idéia do Julgamento é
ignorada e a possibilidade de estar finalmente perdido é eliminada.

Os dois outros mal-entendidos levam na direção oposta. Através de duas idéias, que foram sorrateiramente
introduzidas através da filosofia, a conexão entre eleição e responsabilidade tem sido obscurecida: a idéia de
Causalidade e uma idéia errada Eternidade.

Causalidade. – Foi especialmente interesse dos Reformadores (p315) na “solo gratia”, o desejo de se livrarem de
todos os traços de sinergismo, que levou os reformadores a entenderem o Homem como um mero objeto da Graça
e, dessa forma, a fé simplesmente como uma obra da Graça divina. Esse meio-termo dúbio aqui foi “mero
passivo”, isto é, em relação à recepção da graça o homem é completamente passivo. O elemento certo nessa idéia
era que o homem é simplesmente o receptor, que fé não é um mérito ou um triunfo. Mas, então, essa idéia
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teológica levou
Para saber mais, a sobre
inclusive umacomo
idéia psicológica
controlar de passividade.
os cookies, consulte Ao invés daquele que é a de “puramente receptor”, foi
aqui: Política de cookies

levantada a idéia do “puramente efetivo”. Dessa forma, o Homem teria se tornado o objeto da obra da graça,
Fechar e aceitar
“truncus et lapis”. A relação pessoal entre Deus e o Homem se tornaria uma relação causal: Deus a causa, fé o
efeito. Naquela época, os homens não sabiam que mesmo na esfera de causalidade física não há a mera
passividade, mas somente reatividade. Do postulado teológico da “sola gratia”, os homens construíram um
processo puramente passivo na alma, isto é, um processo no qual a fé era entendida simplesmente e tão somente
tanto como efeito da graça divina, como sua causa. É claro que tal fé não tem conexão com aquela que a Bíblia
chama de “fé”, ela é puramente teoria artificial de teólogos que não tinha base em nada que homens pudessem
imaginar no resto de suas experiências. O postulado foi lançado: que o que conhecemos por fé é tão somente o
efeito da graça divina como causa, sem nada mais perguntar, caso a aplicação da idéia causal à relação pessoal
entre “Palavra de Deus e Fé” seja de algum modo permitida ou possível

Essa visão equivocada da fé, entretanto, também afetou a compreensão da Eleição. Eleição, então, tornou-se
“determinação”. Através da eleição eterna, o homem está determinado, sua porção foi estabelecida. O padrão da
tapeçaria já foi tecido antes do homem iniciar sua real existência: a vida somente significa o desenrolar do tapete
que já está pronto. Se é isso o que a eleição significa, então certamente não há determinação mais radical do que o
que está contido na doutrina da Eleição ou Predestinação. De fato, foi o próprio Lutero que, em sua ânsia de
combater a doutrina da liberdade ensinada por Erasmus, o tipo errado de indeterminismo, e de prevenir-se contra
a ameaça à doutrina da “sola gratia”, desaguou na linha determinista – e não podia ter feito mais para expressar a
completa passividade do homem – pelo uso de todos os tipos de imagem e idéias causais. Em um estágio seguinte,
Lutero conscientizou-se de seu erro, sendo iluminado pela doutrina das Escrituras.

Por trás do desenvolvimento dessa doutrina perigosa, repousa uma confusão de idéias fatal. O que esses teólogos
realmente queriam dizer é que o homem por si mesmo é incapaz de fazer a vontade de Deus e de crer em Cristo, e
que, dessa, fé e liberdade são integralmente dom de Deus. Es é, na realidade, o ensinamento da Bíblia e sua visão
de Deus e Seu relacionamento com o homem pecador, ensinamento esse que emana da revelação. Mas tudo isso
repousa dentro da dimensão: “Palavra – responsabilidade”, “Pessoa divina – pessoa humana”. Isso significa que o
homem nunca pode “ganhar” a graça, e mais, que ele não pode nem ao menos entender corretamente a palavra da
graça e crer nela, salvo se o Espírito Santo abrir seu coração para isso. Mas, em tudo isso, esse homem permanece
como “pessoa” e a transação entre Deus e o homem permanece algo pessoal, algo que tem lugar dentro da esfera
da responsabilidade e que nunca deve ser transferido para a dimensão de “poder-coisa”, “causa-efeito”. Mesmo o
homem pecador é um sujeito, não um objeto, e mesmo a graça “dada” é um ato pessoal, e não a causa de um
efeito. Na verdade da Escritura, essa relação pessoal fundamental nunca é afetada, mas é preservada
explicitamente; por essa razão, o homem, mesmo como o receptor da graça, permanece um sujeito responsável e
nunca se torna “truncus et lapis”. Por isso, nós não encontramos na Bíblia quaisquer indícios da interpretação da
Eleição no sentido de uma doutrina determinista de Predestinação.

O Conceito de Eternidade – Tão devastadora em seus efeitos quanto a introdução da idéia de causalidade foi a
introdução da idéia errada de Eternidade. A Eleição eterna foi compreendida de maneira puramente teórica como
o veredito de Deus que havia sido pronunciado antes do Tempo existir, e, assim sendo, foi da mesma forma
removido da esfera do relacionamento pessoal. É claramente verdade que algumas das terminologias bíblicas
pareciam apoiar tal visão; eleição eterna é sempre ligada com a idéia de “antes”: - , -
. Para uma fé não reflexiva isso era suficiente, pois esse tipo de fé não pode tolerar o paradoxo: ser
predestinado e ser responsável. Mas, quando homem começaram a pensar, essa formulação primitiva não foi
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suficiente,
Para saber mais,pois, uma
inclusive sobrevez
comoiniciado o processo
controlar os cookies, de reflexão,
consulte aqui: quase inevitavelmente uma maneira de pensar “pessoal”
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tendia a derivar para um ponto de vista “impessoal”.


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A compreensão Bíblica de tempo é ligada intimamente com a compreensão do pessoal. É por isso radicalmente
diferente dos conceitos físicos e matemáticos de Tempo. No modo de pensar dos escritores bíblicos, o Tempo é
sempre tempo humano, tempo histórico, tempo de decisão. Em Jesus Cristo, como “Tempo Messiânico”, ele se
torna “ultimus tempus”, que significa tanto “hora propícia”, como “os últimos tempo”. Através de Jesus Cristo,
para o crente, o Tempo adquire uma qualidade de decisão desconhecida de outra forma; decisão entre Céu e
Inferno, entre ser salvo e perder-se para sempre, entre a realização absoluta do sentido das coisas e a total perda
de todo o sentido. Essa decisão teve lugar em Jesus Cristo, na “plenitude dos tempos”. Mas, isso que teve lugar de
uma vez por todas em Jesus Cristo como um evento universal da História, deve ser “apropriado” pelo que crê. Ele,
também, tem lugar dentro da esfera da decisão e essa decisão é fé. Na esfera da fé, o Tempo terreno é cheio de
tensão de eternidade. Na fé, nós, na verdade, antecipamos a eternidade ao compartilhá-la; já fomos recebidos na
cidadania celestial da era supratemporal. Por essa razão, na fé, o Tempo não é simplesmente contrastado com a
Eternidade; ele próprio tem um quinhão na Eternidade. Ele é controlado e repleto de significado daí em diante.
Assim, ele se localiza no extremo final da escala, oposto ao qual está o tempo neutro, atomizado da física
matemática, que é composto puramente de átomos de tempo. Entre esses dois extremos de Tempo Físico e Tempo
Messiânico, repousa nosso Tempo Histórico comum, onde, é verdade, decisões são tomadas, mas não “a” decisão.
Mas, o Tempo Messiânico, o tempo de Jesus Cristo e daqueles que a Ele pertencem, é o oposto do tempo
atomizado dos físicos; ele é encadeado pela eternidade, como as notas de uma obra musical são encadeadas pelo
sinal que denota uma “frase”. Em Cristo, nós vivemos ao mesmo tempo tanto fora quanto dentro da esfera do
tempo comum.

Assim, a Eleição eterna é algo bem diferente de uma decisão que se tomou em relação a nós há muito, muito
tempo atrás. A Eleição eterna é, ao contrário, aquela que em Jesus Cristo se torna “Evento” no Tempo. A Eleição
eterna significa que a Palavra de Amor de Deus, que agora alcança-me em Cristo Jesus, alcança-me fora da
Eternidade – que vai “antes” da minha existência e minha decisão – como aquela que torna isso possível. Por isso,
ela não torna minha existência nem a minha decisão, que toma lugar no tempo, fúteis; ela não reduz minha
decisão a uma ilusão; ao contrário, através da verdade da eleição eterna, minha decisão de fé é vista como aquela
com a escolha graciosa de Deus. O “Sim” de Deus para mim, e o meu “Sim” para Ele são um só, indissoluvelmente
ligados. Deus me amou, antes que eu existisse, por toda a eternidade, de tal forma que Ele deseja que eu seja
alguém que, com liberdade de decisão, diga “Sim” ao Seu chamado de amor. A resposta humana está incluída na
vontade divina como uma decisão pessoal livre. Do lado oposto, está somente a decisão pessoal livre em que esse
destino eterno se realiza como um ato temporal, na fé nEle, em quem o “Sim” eternal de Deus para mim me
alcança no Tempo, em Jesus Cristo. A eternidade entendida por fé não elimina a liberdade de decisão, na verdade
constitui sua base. Em todo o mundo, não há nada mais livre, nada que tenha mais caráter de decisão, como a
decisão de fé, que em Jesus Cristo repousa segura no “Sim” eterno, o amor eterno de Deus para comigo. E a fé
conhece uma outra eternidade e nem conhecerá outra que não aquela que estabelece nossa decisão de fé como um
ato de liberdade, como a resposta à Palavra original de Deus.

Há, entretanto, outro mal-entendido a ser removido, o qual (com os outros dois) é a causa da falsa idéia da
Eleição, a doutrina da “dupla predestinação”. Junto com a idéia da “Eleição” surgiu ali, primeiro que tudo, a visão
de que Aquele que elege separa determinados indivíduos de um determinado número; assim, temos uma idéia de
“seleção”. A palavra grega expressa isso ainda mais claramente do que a palavra alemã
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Erweählen. Esta idéia
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sobre como princípio, inseparável
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consulte aqui: Política Bíblica da Eleição. Somente Israel foi escolhido “dentre
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todas as nações” como o Povo da Aliança e da revelação. Essa frase “somente tu” é usada constantemente e com
Fechar e aceitar
ênfase especial. (Amós 3:2; Dt. 7:6) Mas, essa idéia de seleção não deve ser compreendido como se significasse
que Deus estivesse assim preso por necessidade, ou que Ele desejasse estar tão preso, ao receptor de Sua graça e
de sua Escolha. A “escolha” é meramente um substrato da liberdade divina. Tudo o que isso significa é que a
aplicação da graça é totalmente baseada no amor generoso de Deus, amor que é um ato de soberania real. Israel,
que foi dessa forma “escolhido” pode também ser “rejeitado”. (Oséias 5:12; Is. 49:6; 42:1; 60:3) e essa eleição pode
ser estendida a outras nações. Não tem nada a ver com Israel como tal, nada a ver com “números”, é um assunto
totalmente dependente da liberdade de Deus. Na eleição ou na escolha ou na separação de Israel, Deus demostra
Sua liberdade absoluta, a liberdade, o caráter sem motivações de Seu “amar” e Seu “dar-se”. E essa escolha de
eleição sempre permanece, é verdade, da parte de Deus, absoluta e livre, mas da parte do homem, do Povo de
Israel, condicionada. Há contida nela um “conditionalis divinus”. Desde que Israel obedeça… Por essa razão, a
Eleição pode também dar lugar à Rejeição. É, de fato, um “foedus monopleuron” (Aliança Unilateral), o
estabelecimento de uma Aliança, que é baseada totalmente no mover de Deus em direção a Israel, mas é também
uma aliança que inclui obediência, a correspondência de Israel, uma Aliança genuína.

Esse estágio preparatório de revelação, a eleição de Israel, se torna, através da completa revelação em Jesus
Cristo, a eleição de todos aqueles que nEle crêem. Aqui, a idéia de um “número do qual uma seleção é feita, cai por
terra; a eleição não tem mais a o substrato aparente de seleção. A graça de Deus em Sua absoluta liberdade está
agora totalmente “localizada” em Jesus Cristo; nEle a graça de Deus está presente, por isso todo aquele que está
em Cristo é um dos “eleitos”. Os “eleitos” são o mesmo que crentes genuínos. Há uma seleção somente no sentido
de que a condição humana, que sempre foi incluída na idéia da Eleição, a eleição de Israel – aqui, agora, firma-se
bem claramente como o princípio único da seleção: “que todo aquele que nEle crê não pereça.” (João 3:16) Isso é a
continuação em sentido particular da afirmativa universal: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu
seu Filho unigênito.” A graça absolutamente livre de Deus, amor puramente generoso – que é Jesus Cristo. Ele se
aplica ao mundo como um todo, ele se aplica a tudo; mas, ele se aplica a todos desde que creiam. Quem quer que
se exclua a si mesmo, está excluído: aquele que não se deixe incluir, não é incluído. Mas aquele que se permita
incluir, aquele que crer, está “eleito”. Crer em Jesus Cristo e ser um dos eleitos são a mesmíssima coisa, da mesma
forma que não crer em Jesus Cristo e não ser um dos eleitos são também a mesma coisa. Não há outra seleção
além dessa, não há outro número além daquele constituído pelo fato de crer ou não crer.

A medida em que o tempo passou, essa identidade de “ser eleito” e “fé”, que obvia no testemunho do Novo
Testamento, não mais foi entendida. Quando “fé” e “eleição” foram separadas da esfera “pessoal”; quando “fé”
veio a significar afirmativa doutrinária teórica, já que fé não foi mais entendida como um encontro “Eu-Tu”, mas
como uma “verdade” na terceira pessoa, essa correlação de eleição e fé foi quebrada, o conditionalis divinus que
ela contém foi ignorada e, ao invés disso, foi postulado um Numerus teórico. Foi nesse ponto que a doutrina
levantou que “alguns” são eleitos desde a eternidade e “outros” não. A doutrina da dupla predestinação foi
formulada e, em nome do Deus de Amor, o “horrible decretum” ensinou que, da mesma forma que alguns foram
“eleitos” desde a eternidade, outros – e de fato a grande maioria – a “massa perditionis” foi condenada desde a
eternidade para a destruição eterna. E, ainda assim, não foi algum dos menos conhecidos e menos importantes
professores da Igreja que se firmaram nessa terrível doutrina, mas alguns dos melhores e maiores. O fato de terem
firmado nela – muito embora ela os tenha compelido a declarar sua crença no que chamaram um Horribile
decretum – foi porque criam que assim fazendo estava sendo fiéis aos ensinamentos da Bíblia. Como eles
conseguiram chegar a essa posição, e com que direito eles se reportaram às Escrituras como apoio, deve ser
examinado agora em melhores detalhes.

CAPÍTULO 23

O PROBLEMA DA “DUPLA PREDESTINAÇÃO”


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É particularmente importante para o teólogo Reformado chegar a termo com esse problema, porque por séculos
Fechar e aceitar
essa doutrina tem sido citada com uma doutrina típica das Igrejas Reformadas, não somente em contraste com a
doutrina da Igreja Católica, mas também com a das Igrejas Luteranas. É claro que é verdade que Lutero, de início
e especialmente em seu controverso panfleto contra Erasmus, defendeu firmemente essa doutrina, mas, mais
tarde, sem revogar explicitamente essa visão, ele deixou de apoiá-la na prática, possivelmente porque ele não
estava totalmente consciente da extensão da mudança em seu ponto de vista. Ele conclamava as pessoas a não
devotarem atenção demais ao tema da Predestinação. Até certo ponto, por isso, seus sucessores foram justificados
por apelarem para seu exemplo quando estiveram se esforçando para controverter os ensinamentos de Calvino, os
quais, casados com os de Zwinglio, contém as afirmativas mais impiedosas da idéia da dupla predestinação. Por
outro lado, o veredito da história, especificamente, que na teologia Reformada a doutrina de uma dupla
predestinação é o “dogma central”, tem que ser modificada, pelo menos em sua extensão; devemos reconhecer
que na teologia de Calvino a doutrina da Predestinação tem sido erradamente igualada com o coração real de sua
crença, especificamente a doutrina da Eleição em Cristo. Como nossos pais nas Igrejas Reformadas conseguiram
ensinar essa terrível teoria teológica em nome do Evangelho Bíblico?

No caso de Zwinglio, a resposta que nós devemos dar a essa questão é muito diferente daquela que devemos dar
quando chegamos a analisar Calvino, muito embora ambos os Reformadores tenham certas idéias em comum que
apontam na mesma direção. Na essência, a doutrina da Predestinação de Zwinglio é apresentada em seu grande
sermão, De Providentia, apresentado em Marburg. Seus pontos bem iniciais mostram que estamos lidando com
filosofia especulativa e não com teologia Cristã. O ponto de partida, do qual tudo se desenvolve, é a idéia de Deus o
“Summum bonum”. Essa idéia não pertence à Idéia do Deus da Bíblia e da revelação, mas àquela da especulação
Platônica. O “Summum bonum”, que Zwinglio usa aqui, é simplesmente a idéia Neo-platônica do Ser Absoluto
com a qual, com todas as conseqüências que dela advêm, estamos já bastante familiarizados na doutrina dos
Divinos Atributos. Assim, não há nada acidental no fato de quem no início Zwinglio apela para os filósofos pagãos
gregos, que identificaram Deus com a Verdade e que ele acrescenta a isso como o Imutável e o Simples. Zwinglio
está aqui desenvolvendo a idéia do, sob a impressão de que ele está expandido a doutrina Cristã de Deus.
“Somente Aquele, singular Deus Altíssimo é verdadeiro, isto é, simples, puro e sincero.” Desse início, ele então –
de uma maneira especulativa e racional – prossegue com a derivação da idéia da Onisciência e Onipotência, dando
apoio aos seus argumentos através de apelos a Moisés, Paulo, Platão e Seneca. Ele fica inteiramente inconsciente
do imenso golfo que separa a essa idéia especulativa do Absoluto da idéia Bíblia de Deus. Por isso, ele não hesita
em traçar conclusões obviamente panteístas de seus conceitos.:” Já que existe somente um Único que é
Incondicional, não pode haver qualquer outro…” Aí se segue, “… em vista do Ser e da existência tudo deve ser, sem
dúvida, ser divindade: pois é o existir de todas as coisas. “Mas, quando ele expressa esse ponto de vista, até ele
parece se perguntar se isso soa filosófico demais, e assim conforta a si mesmo e a seus leitores com um lembrete:
“Será que importa se nós realmente falamos da verdade Divina e religiosa em termos filosóficos? Pois se nós
deixarmos tudo para os filósofos, sem refletir que a Verdade sempre procede do Espírito Santo e que toda Verdade
é a mesma, seja qual for sua fonte, nós nos arriscamos a fazer os homens odiarem a Verdade. “Ele, então,
acrescenta a exposição da idéia do “Todo-Um”: “Já que tudo vem dAquele e existe, consiste, se move, trabalha
nEle, assim esse Aquele é a causa único e real de todas as coisas. As assim chamadas causas imediatas
(causalidade de criaturas) não são absoluta e realmente causas. “Em apoio a esse evidente panteísmo, Zwinglio
apela a Plínio para defendê-lo contra a reprovação de chamar a Natureza de “Deus”.

Em segundo lugar, com sua doutrina especulativa do Absoluto, Zwinglio aqui combina uma concepção Platônica
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do
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como um anjo, mas ela se torna obscurecida pelo material de inferior qualidade do corpo, o Fechar
qual eaaceitar
torna
impotente para seguir o guiar do espírito. “No desenvolvimento adicional de seu pensamento, Zwinglio usa idéia
Neoplatônica de que o mal é “necessário”, a fim de que a virtude possa exibir sua beleza. Somente agora, no sexto
capítulo, nós chegamos ao próprio e real assunto, introduzido pela frase transitória que ele escreveu na parte
anterior da obra a fim de mostrar que não meramente a justiça – como os teólogos tinham ensinado – mas
também a “bondade” de Deus, é a fonte da Predestinação; aqui, novamente, a “bondade” de Deus não é entendida
no sentido Bíblico como uma boa disposição, mas no sentido filosófico Neoplatônico como o “Summum Bonum =
Summum Ens”.

Após isso, a doutrina da Predestinação se desenvolve de maneira bem simples, e, como era inevitável, fora da
doutrina de Deus como a Causa única de tudo aquilo que acontece. Nem mesmo a idéia do Mal assusta Zwinglio
para longe desse argumento “de trilha única”. Pois ele diz que se um homem comete um crime, como chamamos,
isso é um expressão imprópria, pois aqui Deus está agindo, somente que não podemos chamar Sua ação um
“crime” já que ele não está sujeito à lei. “O adultério de Davi, já que Deus foi a causa dele, não é mais pecado do
que a ação do touro que pula sobre o rebanho. “Uma outra analogia que ele usa é aquela do ladrão que mata sua
vítima: Deus incita o ladrão ao ato fatal do assassinato. Mas, se é Deus que incita o ladrão a cometer esse assalto,
então “o ladrão é forçado a fazer isso? Eu admito que ele é, mas então ele é obrigado a ser executado.” Assim, tudo
é dito para se derivar da pan-causalidade de Deus; se Deus é a Causa do pecado e da condenação em que isso
incorre, então mais ainda Ele é a Causa da Bondade, e da salvação para a vida eterna. Então, tudo está
determinado na vontade de Deus; de fato, Zwinglio vai além ainda e declara que tudo é obra de Deus sozinho.

Tudo isso tem nada, nada seja o que for, a ver com a teologia Cristã, mas é uma metafísica racional, parcialmente
Estóica em seu caráter e parcialmente Neoplatônica; é um “corpo estranho” na teologia do Reformador, a qual é,
por outro lado, tão claramente Bíblica e pode somente ser compreendida à luz de toda a tradição teológica.
Bullinger, sucessor de Zwinglio deu nova roupagem ao erro de seu amigo através da exposição completa da
Escritura sobre a doutrina da Eleição que deu na Confessio Helvetica, X.

A doutrina de Calvino sobre a Predestinação é bem diferente, tanto em caráter quanto em origem. Mas, antes de
tudo, devemos esclarecer vários pontos de vista que têm sido expressados na história do dogma. Não é verdade
que a idéia da Onipotência Divina, no sentido da “potestas absoluta”, seja o eixo giratório que o pensamento de
Calvino revolve. Mas que isso, é bem evidente que centro do seu pensamento teológico, como também de suas
pregações, é a obra histórica da revelação e da redenção em Jesus Cristo. Em segundo lugar, não é verdade que o
pensamento de Calvino é dominado pela idéia da glória Divina. É verdade que, como na Bíblia, ela tem um papel
importante; mas, ela nunca se separa da idéia da salvação: a Santidade de Deus, Sua vontade para manifestar Sua
Glória e a Misericórdia através da qual Deus se dá à criatura pecadora para redimi-la, são todas igualmente
enfatizadas por Calvino – quando olhamos sua obra como um todo. Não podemos nunca separar sua ênfase sobre
a “soli deo gloria” da “sola gratia”. Se devemos falar em um “ponto central” na teologia de Calvino, então
podemos somente destacar esta: a doutrina da Eleição em Jesus Cristo. Então, como devemos compreender a
doutrina de Calvino sobre a dupla Predestinação quando levamos essas pressuposições em conta e acrescentamos
a elas o princípio formal da absoluta lealdade às Escrituras, a determinação de ensinar algo que não seja ensinado
pelas Escrituras?

1). Como a doutrina da Justificação de Lutero, “pela fé somente”, a doutrina de Calvino sobre “a graça de Jesus
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Cristo somente” leva à idéia da Eleição divina. Essa verdade central da Fé Bíblica deve ser firmada a todo custo,
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contra todos os ataques. Já que os oponentes da “sola fide” ou da “sola gratia”, afim de desacreditar essa
Fechar e aceitar
doutrina, argumentaram que “Graça” deve ser, então, uma “escolha” arbitrária e, assim, que a “sola fide” implica
na doutrina da dupla predestinação.; Calvino, se podemos assim expressar, parece que assumiu esse desafio,
dizendo: “Muito bem, então! Que assim seja! Vamos admitir essa “dupla predestinação!” Duas observações
parecem provar que esse foi realmente o problema: O primeiro rascunho das Institutas de Calvino, de 1536, não
menciona a doutrina da “dupla predestinação”; por outro lado, há muito sobre Eleição em Jesus Cristo e sobre as
operações de Deus nos corações dos “reprovados”. O segundo fato é ainda mais impressionante. Muito embora a
idéia da Eleição em Jesus Cristo deva ser lembrada como o tema central da pregação de Calvino, nas centenas de
sermões que Calvino pregou ele raramente menciona a doutrina da dupla predestinação; mesmo seus comentários
– muito embora com menos intensidade – mostram uma ênfase desigual similar sobre as doutrinas da Eleição e
da Predestinação. O fato permanecem entretanto, que há um perigo de má compreensão da doutrina da Eleição, o
que praticamente iguala esta última com a doutrina da “dupla predestinação”. Isso nós já notamos (no capítulo
anterior) em nossa discussão das três concepções subordinados errôneas: causalidade, uma idéia errada de
Eternidade e uma visão errônea da idéia da “escolha”.

2). A idéia de Onipotência desempenha um papel secundário nessa discussão. Mas. mesmo Calvino, cuja mente
não era muito filosófica, teve que utilizar, de algumas forma, a conceituação de Onipotência da tradição filosófica-
teológica, isto é, a idéia de “potestas absoluta”[1]. Desde que já estava estabelecido que ao final da História
haveria um Julgamento, uma separação entre aqueles que vão para a Vida Eterna e aqueles que enviados para a
destruição eterna – a qual, de fato, é um ensinamento cristão geral – não seria difícil dar um passo a mais e
imputar esse resultado dicotômico à Toda-Poderosa Vontade de Deus, e, assim, dedicar uma dupla predestinação.
Pois, como poderia alguma coisa absolutamente acontecer se não fosse desejada por Deus? E se ela já tiver sido
desejada por Deus, então foi desejada por toda a eternidade. Calvino não faz a distinção de Lutero – a qual Lutero
sente ser importante – entre a vontade “revelada” e a vontade “escondida” de Deus, ou então se chegou a pensar
nisso, ele assume um ponto de vista bem diferente. Dessa forma, do ponto de vista da idéia de Onipotência,
Calvino acreditava que havia um exato paralelo entre a vontade positiva e negativa de Deus, entre a Onipotência
que realiza a salvação e a Onipotência que realiza a ruína do homem. Se a realização da salvação do homem é
baseado em um Decreto eterno, então a realização da destruição do homem é também baseado em um decreto
divino. Esse tipo de argumento encaixou-se exatamente com o resultado da idéia de seleção: se há um “numerus
electorum”, então também há um “numerus reproborum”.

3). Um terceiro motivo no desenvolvimento do pensamento de Calvino, que não deve ser subestimado, é o
exemplo do seu admirado líder eclesiástico Agostinho. Agostinho foi o único grande professor da Igreja nascente
que deu ensinamento Bíblico confiável sobre os assuntos de Pecado e Graça, isto é, que se ocupou com o principal
problema da teologia Reformista. Ele, também, foi o primeiro a combinar essa doutrina da Graça com a da dupla
predestinação. Não foi difícil de seguir seu exemplo a esse respeito.

Por último na lista dessa influências, podemos nomear a da exegese: pois, embora é perfeitamente verdadeiro que
Calvino desejava ser o primeiro e antes de tudo um teólogo Bíblico, é, por outro lado, igualmente evidente que
ninguém tem nenhum direito de ler a doutrina da dupla predestinação dentro da Bíblia, e, de fato, se nós
prestarmos a devida atenção ao que as Escrituras dizem, é absolutamente impossível deduzir essa doutrina da
Bíblia. Assim, a Bíblia pode ser somente lembrada como uma fonte para a doutrina de Calvino nesse ponto e nesse
sentido: que se alguém finalmente embarcar na onda de pensamento que culminou com a doutrina da dupla
predestinação, é possível encontrar passagens que parecem, pelo menos, ensiná-la e que poderiam facilmente ser
mal compreendidas nesse sentido; mas, tão logo isso tenha acontecido, esse apoio aparentemente “Escritural” dá
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dupla predestinação – então quais teólogos Bíblicos ousariam não ensiná-la? Fechar e aceitar
3

Após o que foi dito no capítulo anterior, e toda a nossa discussão sobre a doutrina da Divina Onipotência em outra
passagem, nossa tarefa final será examinar as afirmativas da Escritura que parecem apoiar a doutrina da
Predestinação. Nós iremos agora antecipar os resultados desse exame e dar as razões para essas conclusões nos
parágrafos a seguir. Aqui está o resultado desse estudo: a Bíblia não contém a doutrina da dupla predestinação,
muita embora em algumas passagens isoladas pareça chegar perto disso. A Bíblia ensina que toda a salvação é
baseada na Eleição eterna de Deus em Jesus Cristo e que essa Eleição eterna brota total e inteiramente da
liberdade soberana de Deus. Mas, seja lá onde isso aconteça, não há menção a um decreto de rejeição.(Rm 8:28;
1:2; Efésios 1:5; 4:28) A Bíblia ensina que, lado a lado com os eleitos, estão aqueles que não estão eleitos, que são
“reprovados”, e, que, de fato, aqueles são minoria e estes maioria, mas, nessas passagens, o ponto em questão não
é a eleição eterna, mas “separação” ou “seleção” do Julgamento (Mateus 22:14) Assim, a Bíblia ensina que haverá
um resultado duplo na história do mundo: salvação e ruína, Céu e Inferno. Mas, enquanto que a salvação é
explicitamente ensinada como derivada da eleição eterna, a conclusão adicional não é levantada de que a
destruição é também baseada em um decreto final correspondente. Ao Eleito é dito: “Vinde, vós eleitos de meu
Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”; mas ao rejeitado: “Apartai-
vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25:34 e 41) O elemento
distinto na afirmativa Bíblica não a “congruência” mas a “incongruência” da “mão direita e mão esquerda”. Bíblia
ensina, é verdade, que Deus também opera no mal e no pecado onde os homens endureçam seus corações e traiam
o Altíssimo; mas, esse “operar” não é atribuído a um decreto eterno (Êxodo 4:21; Is 6:10;Rm 11:8) e o “endurecer
dos corações” particularmente no caso decisivo de Israel – não é conceituado como irrevogável. Israel, que
presentemente está endurecido e por isso rejeitado, pode – e de fato irá – ainda ser salvo, se não permanecer em
estado de desobediência. (Rm 11:23) A Bíblia ensina que Judas cometeu seu ato de traição a fim de que “se
cumprissem as Escrituras” (Atos 1:16), mas ela não diz que isso foi um resultado de um decreto divino. Ela ensina
que os homens são filhos da ira (Efésios 2:3), desde que não creiam em Jesus Cristo e que “a ira de Deus sobre ele
permanece”, se eles não se voltarem para Cristo (João 3:36), mas ela ensina que essa ira é baseada em um decreto
divino. Ela ensina que em uma casa há vasos para honra e vasos para desonra; mas também ensina que se um
homem se purificar “será vaso para honra” (Rm. 9:21; 2 Tm 2:21). Em uma passagem, – e aqui nós iremos chegar
muito próximo da doutrina da dupla predestinação – a Bíblia fala daqueles que descobriram que a “pedra angular
principal” era “uma pedra de tropeço e uma rocha de escândalo”, “para o que, também, foram destinados” (I
Pedro 2:8). Mas aqui, também, não há sugestão de um decreto eterno de rejeição, nem mesmo de que essa
descrença ou desobediência foi causada por Deus; o que a passagem diz é que ao “tropeçar” na “rocha de
escândalo”, que é o resultado de sua desobediência, a ruína causada por sua descrença é “destinada” por Deus
como um resultado necessário. Mesmo em sua descrença, homens não caem para fora da esfera da Vontade
Divina, Mesmo em sua ruína, a Vontade de Deus está operando.

A Bíblia ensina “que o Senhor fez todas as coisas para seus próprios fins, e até o ímpio para o dia do mal.”(Pv.
16:4) Aqui as palavras reais parecem chegar bem perto da idéia de um decreto de rejeição; mas a idéia em si é
simplesmente esta: que o homem sem Deus, pelo próprio fato de que no dia do mal ficará evidente que ele não
tem Deus, deve servir ao propósito divino. O escritor do Apocalipse fala daqueles “cujos nomes não estão escritos
no Livro da Vida[2], mas esse livro é o Livro do Juiz, muito embora o Juiz saiba todas as coisas antecipadamente.
Aqui, também, não há a idéia de um decreto de rejeição.
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OPara
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dupla predestinação e, por essa razão, requer considerações muito cuidadosas. Por isso, é extremamente
Fechar e aceitar
importante mostrar muito claramente a conexão desse capítulo com os dois que se seguem. Eles não lidam com a
salvação e a condenação do indivíduo, mas com o destino de Israel. Assim, o próprio ponto de vista é inteiramente
diferente daquele da doutrina da predestinação. O “probandum” não é um “decreto duplo”, mas é, por um lado, a
validação das promessas divinas a Israel, a despeito do endurecimento de coração do povo Judeu contemporâneo
desorganizado; e, por outro lado, a razão do desenvolvimento defeituoso em Israel, especificamente do ponto de
vista humano da auto-justiça de Israel, ao invés do reconhecimento da Graça de Cristo; e. do ponto de vista de
Deus, é o plano divino de redenção aberto a todos, para o qual mesmo a temporária rejeição de Israel deve
contribuir.

Tudo isso parece bem diferente da doutrina de um “decreto duplo”, através do qual um “numerus electorum”
desde a eternidade é confrontado com um “numerus reprobatorium”. O “nervus probandi”, o argumento
principal, não é a parábola do oleiro e do barro, mas basicamente a liberdade de Deus em Sua Eleição e
“endurecimento” e, em segundo lugar, a impossibilidade de fazer qualquer clamor a Deus. Essa liberdade de Deus
é equilibrada pela doutrina da justiça somente através da fé. Porque Israel pratica a auto-justiça, ele perde a
salvação; mas, se Israel abandonar sua auto-justiça e se converter, estão ele irá receber salvação. Quando parece,
no meio do capítulo, que Paulo irá finalmente argumentar sobre um decreto de rejeição, então – bem diferente de
uma exegese detalhada que nós devemos levar a cabo em um momento – nós devemos refletir que aqueles que
aqui são chamados de “vasos de ira”, são os mesmos que aqueles que, no Capítulo 11, serão representados como já
estando finalmente salvos. Assim, o fato de que eles são agora “vasos de ira” não os impede de serem os “salvos”
no final dos tempos. Até onde os detalhes desse capítulo dizem respeito, o qual tem usado com tanta freqüência
para apoiar a doutrina da predestinação, é necessário dizer-se o seguinte:

a). Tanto no contexto total, como no exemplo de Jacó e Esaú, na maneira de pensar do Apóstolo Paulo, este não é
um argumento em apoio a um “duplo decreto”, mas é uma ilustração da liberdade de Deus em sua ação na história
da Salvação. Quando lemos: “Porque não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o
propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama)… “isso
não se refere a um duplo “decretum”, mas à liberdade da eleição divina. Aqui não há questionamento sobre a
salvação eterna de Jacó e a condenação eterna de Esaú; a questão é simplesmente o papel que cada um representa
na história da redenção. Paulo deseja mostrar que Deus escolhe os instrumentos de ação redentora, os
sustentadores da história da Aliança, da maneira que quer. O tema dessa passagem não é a doutrina da
predestinação, mas a operação soberana de Deus na História, o Deus que tem Se satisfeito em revelar-se a Si
mesmo em um ponto particular na História, em Israel.

b). Da mesma forma, nos versículos seguintes, Faraó é simplesmente um instrumento histórico de redenção nas
mãos de Deus, o simplesmente que, através de seu “endurecimento” deve servir aos propósitos de Deus. Não se
questiona aqui sua salvação ou condenação. Todo o argumento está concentrado em um ponto: Deus tem
Misericórdia de quem lhe aprouver e endurece quem quer. A questão de tudo é a liberdade da graça.

c). Finalmente, nós chegamos à crítica passagem principal, versículos 19-22, o ponto em toda a Bíblia que mais se
aproxima da doutrina de um decreto duplo – e ainda assim é separado dela por um grande golfo. A parábola do
oleiro e do barro, extraída de Isaías 28:16 e Jeremias 18:6, expressa o direito absoluto de Deus em dispor de Sua
criatura como lhe aprouver. A criatura não tem o direito de clamar sobre coisa alguma contra Deus: Ele pode fazer
com ela o que desejar. Ele não necessita prestar contas de Seus Atos a ninguém. Deus é o Senhor e Sua autoridade
não conhece limites.

O versículo difícil é o 22: “E que direis se Deus, querendo mostrar Sua ira e dar a conhecer o Seu poder, suportou,
com muita paciência, os vasos da ira, preparados para perdição; para que também desse a conhecer as riquezas da
Sua glória nos vasos de misericórdia, que para a glória já dantes preparou…” A sentença se acaba aqui. Toda a
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aqui: o de
Política que você dirá? Os “vasos da ira” que são aqui mencionados
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como os meios do divino plano de salvação são os Judeus. A passagem não diz que eles foram criados como
Fechar vasos
e aceitar
da ira, menos ainda que tenham sido destinados desde a eternidade para isso, mas que, por conta de sua
descrença, eles estão “preparados” – Tradução de Moffat). Paulo nunca usa a idéia da “ira de Deus”, salvo no
sentido da reação divina ao pecado humano e á recusa do homem em obedecer. Não há mais referência aqui a um
decreto negativo, ou a um propósito negativo na criação, do que há para um fim negativo precípuo; pois no
Capítulo 11 se fala dos mesmos Judeus, que, após sua temporária rejeição servir aos propósitos de Deus, irão ser
restaurados para o favor Divino, Tão logo se arrependam e sejam convertidos. Paulo nunca esquece por
momento sequer a relação e a conditionalis divinus, isto é, o Deus Vivo.

De forma nenhuma os “vasos da ira” mencionados nessa passagem são os “reprobi” da doutrina da Predestinação.
Aqui, na verdade, não há absolutamente menção de indivíduos como indivíduos, mas todo o Povo de Israel está
sendo discutido e a questão não é que o “Povo” como um todo vá se perder eternamente, mas que agora, no
momento, eles desempenham um papel negativo na história da salvação, o qual no futuro, após eles se
converterem, irá se tornar positivo. A questão do julgamento da ira será a sua salvação. Aqui. novamente, nós
notamos que há uma destacada “incongruência” entre aqueles “na mão esquerda” e aqueles “na direita”, como em
Mateus 25. Os “vasos de ira” são designados por um passivo impessoal,
, eles estão “maduros para a destruição”. Assim, está
explicitamente afirmado que não foi Deus quem fez o que eles são. A frase lingüística está deliberadamente no
passivo, denotando uma condição presente, e pode igualmente ser traduzida como “maduros para condenação”.
Em contraponto a eles estão os “vasos de misericórdia”, os quais Deus “de antemão preparou para a glória”. No
primeiro caso, nenhum sujeito ativo e nenhum indicação de um ato de predeterminação; no segundo exemplo, um
Sujeito ativo, Deus, e uma clara indicação de eleição eterna. Assim, mesmo nessa aparentemente clara passagem
“predestinária” não há sugestão de decreto duplo! O exame das afirmativas das Escrituras com respeito a essa
doutrina leva, por isso, a um resultado completamente negativo. Não existe nenhuma doutrina de decreto duplo
no Novo Testamento e menos ainda no Velho Testamento.

A doutrina do decreto duplo é, no entanto, não somente não apoiada pela evidência da Escritura. É também
impossível igualá-la com a mensagem da Bíblia. Ela leva a uma compreensão de Deus e do homem que é contrária
à idéia de Deus e do homem como apresentadas em revelação. Ela leva a conseqüências que estão em oposição
absoluta e direta às afirmativas centrais da Bíblia. É claro que os campeões da doutrina da Predestinação nunca
admitiram isso, pelo contrário, eles têm sofrido muito para evadir essas conclusões e para “amaciar” as
contradições; mas, em seu esforço especulativo, o qual, dentro do próprio ponto de vista deles, era inevitável, seu
processo de argumentação tornou-se sofista e contraditório. Se Deus é Aquele que, antes de ter criado o mundo,
concebeu o plano de criar dois tipos de seres humanos – non pari conditione creantur omnes, diz Calvino
explicitamente – especificamente, aqueles destinados à eterna – a minoria – e o resto – a maioria – para
destruição eterna, então é impossível cultuar verdadeiramente a Deus como Deus de Amor, mesmo que isso seja
ordenado a nós milhares de vezes e, na verdade, ao custo da perda da salvação eterna. Essencialmente, é
impossível considera a vontade que concede esse decreto duplo, como o mesma vontade que é representado como
Agape no Novo Testamento. Todos os argumentos de Calvino contra essas objeções chegam a um mesmo ponto
no fim: esses dois conceitos devem ser mantidos juntos em pensamento, porque ambos estão mencionados na
Palavra de Deus. Deus é Amor, essa é a clara mensagem da Bíblia; Deus concedeu o duplo decreto, isto é – de
acordo com a opinião de Calvino – igualmente e de maneira clara a mensagem da Bíblia; assim alguém tem que
identificar o Deus do decreto duplo com o Deus que é Amor. Mas, quando revelamos o erro da segunda afirmação,
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todo o argumento,
Para saber que
mais, inclusive sobre resulta
como controlaro
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revela a nós como o Deus de amor, criou alguns seres humanos para a vida eterna e o resto para o castigo
Fechar eeterno.
aceitar
Igualmente, de maneira inevitável, o decreto duplo contém uma segunda conseqüência para a Idéia de Deus que
está em oposição à mensagem Bíblica: Deus é então, sem chance de erro, “autor peccati”. Zwinglio deduziu essa
conclusão corajosamente, sem “mexer um fio de cabelo”, somente dando a ressalva de que o padrão moral que é
válido para nós não pode ser aplicado a Deus. Isso ao menos pode ser dito e, em si, a idéia não é contraditória.
Calvino, ao contrário, ficou terrificado com essa conclusão e a chamou de blasfema. De fato, é impossível dizer que
o Deus que a revelação Bíblica nos mostra é o Autor do Mal. Mas Calvino tenta, em vão, eliminar essa conclusão
de sua doutrina da predestinação. Aqui, também, seu argumento simplesmente se encerra assim: “Você não pode
chegar a essa conclusão!”- uma exortação que não pode ser obedecida por qualquer um que pense.

As conseqüências da doutrina da predestinação são simplesmente desastrosas para o entendimento do Homem,


como também são para a Idéia de Deus. Predestinação, no sentido de “decreto duplo”, significa sem chance de
erro: Tudo está estabelecido desde a eternidade. Desde a eternidade, antes de ser criado, cada indivíduo tem sido
inscrito em um Livro ou outro. Predestinação no sentido do decreto duplo é o determinismo mais cruel que pode
ser imaginado. Antes de haver qualquer mundo, antes de haver qualquer coisa como tempo, causas, coisas e
criaturas, já estava tudo estabelecido – não somente de que haveria dois tipos de seres humanos, pecadores que
seriam salvos e pecadores que não seriam, mas também a qual dos grupos cada ser humano que Deus iria criar
pertenceria. E aqui, na verdade, não estamos preocupados com a exposição amena da teoria sublapsoriana –
lapsus est primus homo quia Dominus ita expedire censuerat – de que Deus de fato (é verdade) vê tudo de
antemão, mas que Ele somente deseja uma coisa de antemão, a positiva – não, a destruição eterna é desejada por
Deus exatamente da mesma maneira que a eterna salvação, e aqueles humanos que estão destinados à destruição
foram criados por Deus para esse fim, exatamente da mesma forma que os outros que foram destinados à
salvação. Para cada ser humano que pensa, e não força sua mente para aceitar sofismas, fica claro que o resultado
completo é de que não pode haver nem liberdade nem responsabilidade, que a decisão, no sentido histórico, é
somente uma ilusão, já que tudo já havia sido decidido na eternidade. Calvino – e Calvino em particular, que se
preocupou tanto com a responsabilidade moral – tenta evitar essa conclusão, mas todos os seus argumentos são
logicamente insustentáveis e terminam todos em um postulado: devemos ater-nos a ambas as idéias, juntas, em
nossas mentes, já que Bíblia ensina ambas.

Finalmente, as conseqüências para a soteriologia não são menos sinistras. Se essa doutrina é verdade, de que vale
pregar o Evangelho e chamar homens ao arrependimento? Aquele que será salvo, será salvo de qualquer maneira,
e aquele destinado à perdição irá se perder de qualquer jeito. Os apelos à decisão que todas as pregações contêm
são meramente truques, porque decisão é uma ilusão. Todas essas conseqüências absolutamente devastadoras da
doutrina da Predestinação para a Fé Cristã e para a atividade da Igreja devem, nós achamos, ter sido levemente
sentidas por Calvino e os outros teólogos que defendem esses pontos de vista, mas eles não permitiram que esses
sentimentos eclodissem. O fato de que eles devem ter tido consciência delas parece evidente, quando refletimos
que – com algumas exceções – eles não ousaram pregar essa doutrina, nem incluí-la no Catecismo. Foi “de facto”
uma teoria teológica artificial, uma doutrina esotérica para teólogos, que eles não ousaram pregar ao povo como
um todo. Nós podemos, entretanto, somente explicar o fato de esses próprios teólogos acreditaram que eles
tinham condição de escapar dessas conclusões e que eles escaparam realmente delas, na proporção em que eles
não permitiram que elas os roubassem tanto de sua fé no Deus de amor, quanto de sua crença na liberdade e na
responsabilidade humanas, sugerindo que em seus próprios pensamentos a verdadeira doutrina Bíblica da Eleição
e essa falsa e não-Bíblica doutrina da Predestinação estavam constantemente se confundindo. Porque, no
entendimento genuíno da fé, eles sabiam que Eleição e responsabilidade, Eleição e o Amor de Deus, não somente
não se contradizem, como são uma coisa só; eles puderam se sustentar firmemente a doutrina do decreto duplo
sem retirar essas conclusões dela. O mal causado por essa doutrina foi sentido menos na esfera da fé e vida Cristã,
do que na reflexão teológica e, na verdade, somente na comparativamente tolerável forma do argumento
sofisticado impossível. Isso deveria ser incluído fora da – assim chamada – “lealdade” à Bíblia. O fato de que
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homens puderam sustentar à doutrina da predestinação em boa consciência foi devido à inconsciente confusão
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entre Eleição e Predestinação. Porque eles tinham consciência de que doutrina da Eleição é o coração da Bíblia,
Fechar e aceitar
mas não perceberam que é totalmente diferente da doutrina da Predestinação, o sentimento genuíno com respeito
à doutrina da Eleição foi transferido para a Predestinação. Mas os conflitos que isso causou se tornaram até certo
ponto inócuos, pelo fato de que o ensino claro da Bíblia evitou que eles tirassem as conclusões lógicas da doutrina
da Predestinação. A impossibilidade lógica dessa situação foi apoiada pela convicção de que, em assim fazendo,
eles estavam se firmando nós fundamentos da Sagrada Escritura.

Mas, a doutrina da dupla predestinação não é o único mal entendido que ameaça a genuína doutrina Bíblica da
Eleição; do lado oposto, repousa e não menos perigosa, e falsa, doutrina que é igualmente inconsistente com a Fé
ensinada nas Escrituras da , a doutrina da restauração final de todos
os homens – a afirmativa: Todos já foram eleitos desde a eternidade, por isso todos irão participar da vida eterna.
Dos dias de Origens em diante, essa doutrina herética apareceu na Igreja, mas, desde o começo, foi reconhecida e
condenada como heresia. Ela não podia tomar pé dentro dos ensinamentos da Igreja, porque contradiz de
maneira por demais óbvia o claro ensino Bíblico sobre o Julgamento e a possibilidade de alguém chegar a se
perder. O testemunho dos Apóstolos, como também o ensino do próprio Jesus, falou muito claramente do Ultimo
Julgamento, da separação entre aqueles que são salvos e aqueles que estão perdidos; e a idéia do Ultimo
Julgamento foi ancorada de maneira firme demais no credo da Igreja, e em sua atividade prática na obra pastoral
e de ensino, para permitir que o perigo desse lado se tornasse grave. Isso somente aconteceu no período quando a
fundação Bíblica da Igreja se tornou precária no seu todo e uma otimista figura auto-glorificadora do homem
ocupou uma posição que não mais podia tolerar a idéia de um Julgamento Final Divino. Mas, como sabemos hoje
em dia, a doutrina da Salvação Universal pode também derivar-se de outras causas, especialmente de um
“objetivismo” errado na doutrina de Jesus Cristo, o qual repousa na afirmativa das palavras “Porque Deus amou o
mundo” e não presta atenção naquelas que se seguem “para todo aquele que nEle crê não pereça…” Se a revelação
divina do amor no sentido de monergismo é enfatizada de maneira tão unilateral que não deixa espaço para
decisão humana, então não podemos evitar a conclusão de que a vontade universal de Deus para a salvação do
homem – “Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da
verdade;” (I Tm. 2:3-4) – significa a doutrina da salvação universal. O caráter absoluto da oferta divina de graça é
enfatizado – em um modo tão unilateral – ao custo da conditionalis divinus – em tal proporção que ao final o
outro lado desaparece conjuntamente ignorado.

A Igreja tinha boa razão para rejeitar a doutrina da salvação universal, não somente em terreno “Bíblico” formal,
mas também do ponto de vista do real ensino das Escrituras. Isso não significa que a salvação final de todos os
homens possa ser negada como uma possibilidade divina, mas somente que ela não pode ser estabelecida como
uma doutrina humana positiva. Tudo que nós deveríamos guardar é que nós não podemos permitir que sejamos
nós mesmos ludibriados por uma falsa segurança em aceitar a possibilidade de uma decisão graciosa e
incompreensível de Deus como certa; nós não neggmos que essa possibilidade possa existir. O erro na doutrina da
salvação universal não é que ela deixa a porta da possibilidade divina aberta, mas que ela deixa somente essa
porta aberta e fecha a porta à outra possibilidade. Essa que é uma possibilidade divina incompreensível é aqui
aceita por homens com uma certeza. Essa é uma oposição absoluta tanto à compreensão Bíblica de Deus, quanto à
compreensão Bíblica do homem e da salvação.

a). Da mesma forma que é simplesmente impossível combinar a idéia do decreto duplo, no sentido em que
Calvino o utiliza, com o amor de Deus, assim também é impossível combinar a doutrina da salvação universal com
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aPara
idéia
saberde Santidade
mais, inclusive sobrede Deus.
como Os
controlar homens
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consulte dizer
aqui: Políticaarrogantemente:
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ninguém.” Então, talvez não seja verdade que “Deus não se deixa ridicularizar”, que “os homens devem semear o
Fechar e aceitar
que plantou”. Então não é verdade que o homem que não se submeter a Deus deve ser feito em pedaços rocha da
justiça imutável de Deus? Então, também, não é verdade que o Evangelho não é um Evangelho de liberdade do
perigo iminente e absoluto – pois não haveria tal perigo? Então o próprio uso do termo “libertação” é um ledo
exagero, uma espécie de blefe, que é usado somente como um meio de assustar os homens para que se
arrependam e se convertam, uma ameaça, a qual não tem pretensão de seriedade. Se não há a possibilidade de se
ficar “perdido”, não há regozijo em se estar “salvo”.

Mais uma vez : O ponto em questão não é nós neguemos a possibilidade de que Deus possa vir a salvar todos os
homens, mas sim que essa possibilidade implique na impossibilidade de acontecer o oposto. O erro na doutrina
da Apokatastasis não é a assertativa da possibilidade positiva, mas a exclusão da possibilidade negativa. Essa
doutrina destrói a unidade dialética de Santidade e Amor, que é a idéia Bíblica de Deus. A Bíblia permite ambas as
possibilidades; mas a possibilidade negativa exclui a decisão de fé. A fé sabe que “nada pode nos separar do Amor
de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” (Rm. 8:39) Mas a fé, ao mesmo tempo, sabe que somente em
Cristo Jesus, somente pela fé, essa decisão pode ser, e é, tomada; e, assim, que fora da fé a outra possibilidade
permanece em aberto e, no caso em que a descrença é final, deve se tornar realidade.

b). Novamente, pela doutrina da Apokatastasis, a responsabilidade humana se torna uma ilusão e na verdade não
somente porque não é possível – como na doutrina da dupla predestinação, mas porque não é necessária. Pois
essa doutrina exclui, de seu início, qualquer idéia de que o perigo possa ser sério. Não há mais dois caminhos –
um que leva à vida e um que leva à morte – mas somente aquele que leva à salvação, que é certa para todos. Todos
os caminhos levam a esse final. Assim, nem a decisão de fé nem a obra de restauração de Jesus têm qualquer
seriedade absoluta, afinal. A visão que lembra a salvação final de todo homem como uma possibilidade Divina
final é compatível com uma visão profundamente séria da vida.; é somente quando a outra possibilidade é
descartada que a seriedade se perde. Se não há possibilidade de se ficar perdido, então o perigo não é grave. Se o
perigo não é grave, então a salvação não é uma libertação real. A doutrina da salvação universal rouba da vida sua
genuína seriedade de decisão. Se não há possibilidade negativa, mas somente um possibilidade positiva final,
então todos os caminhos levam ao mesmo objetivo. Assim sendo, não é necessário fazer qualquer esforço para
achar o caminho certo. Certamente que os campeões dessa doutrina não irão admitir essa conclusão – mas, quem
pode evitar que aqueles que são carentes e superficiais cheguem a ela? Nós não devemos dizer que essa linha de
argumento é a mesma seguida por Paulo em Romanos 6, a qual ele rejeita: “Permaneceremos no pecado, para que
a graça abunde?” (Rm. 6:1). Pois, na compreensão Paulina de fé, temor está incluído nessa desastrosa
possibilidade e preserva a fé contra a frivolidade. Assim como o defensor da dupla predestinação tenta, em vão,
preservar a possibilidade de uma decisão, também, de maneira igualmente vã, o protagonista da doutrina da
Salvação Universal tenta manter a necessidade real de decisão.

Ambos os erros, as doutrinas do Decreto Duplo e a Salvação Universal, igualmente eliminam a tensão vital,
baseada na dicotomia do Amor e da Santidade de Deus, através de um schema monístico. Ambas tentam afastar a
verdade da liberdade de Deus, que é intolerável ao pensamento lógico, pelo estabelecimento de uma doutrina
estabelecida: por um lado, de uma maneira pessimista e negra e, por outro lado, de modo otimista e animado.
Ambas buscam uma solução que satisfaça a mente. Logicamente satisfatória, muito embora terrível para o
coração, é a doutrina do duplo decreto. Logicamente satisfatória, muito embora terrível para a consciência, é a
doutrina da salvação certa para todos os homens. A doutrina Bíblica da Eleição não reconhece nenhuma dessas
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duas soluções
Para saber racionais
mais, inclusive lógicas.
sobre como Ela
controlar os ensina
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consulte doutrina do
Política de Deus Santo e Misericordioso, o qual, em Jesus Cristo, já
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escolheu todos os que crerem nEle desde a eternidade, mas que rejeita aquele que recusam essa obediência de fé.
Fechar e aceitar
A compreensão correta da Eleição, é, por isso, somente possível onde a relação dicotômica de Santidade e
Misericórdia é perfeitamente entendida – pois é a característica fundamental da Idéia Bíblica de Deus – e também
corresponde – na doutrina da Trindade – à verdade de que o Pai e o Filho são uma Unidade, mesmo não sendo
um. A Santidade de Deus é idêntico ao Amor de Deus – em Jesus Cristo, pela fé. O que Deus é em Si mesmo é
idêntico ao que Ele é para nós – em Jesus Cristo, pela fé. O Decreto de Deus é o Decreto da Eleição – em Jesus
Cristo, pela fé. Mas, fora de Jesus Cristo, fora da fé, a Santidade de Deus não é a mesma que o Seu Amor, pois há a
Sua ira; aquilo que Deus é “em Si mesmo” não é o mesmo que Ele é “para nós”, aí estará o insondável e
impenetrável mistério do “nuda majestas”; aí não há eleição, mas rejeição, julgamento, condenação, mas não um
decreto eterno. Pois de fato não há aí palavra, luz, vida. A Luz, a Palavra e a Vida estão onde está o Filho e somente
no Filho podemos perceber o decreto divino.

Essa dicotomia está em harmonia com a assimetria das afirmativas Bíblicas. A vontade de Deus da ira não é do
mesmo modo “Sua” vontade como é Sua vontade de Amor; Seu governador em ira é Sua obra “estranha”, não sua
“própria” obra. Deus nunca é chamado de “Ira”. Nunca se diz de Deus que Ele é “ira”, como se diz que Ele é Amor.
Dessa forma, nunca se diz que Ele, desde a eternidade, tenha desejado a condenação de alguns, enquanto que é
continuamente afirmado que desde toda a eternidade ele já escolheu os Seus. Essa incongruência da mão
“esquerda” e da “direita”, é – em contraste com essa maneira de pensar “congruente”, racional e “bitolada”- a
característica da liberdade de Deus, a qual inclue dentro de si mesma a liberdade de decisão para o homem e que é
a base de sua liberdade de decisão. Somente porque é assim, citadamente, logicamente tão insatisfatória, é que há
espaço para a liberdade de decisão, para a verdadeira responsabilidade da fé. Temos que escolher entre aquela,
que é logicamente satisfatória mas não deixa espaço para decisão, e aquela que é logicamente insatisfatória, mas
deixa espaço para decisão. Ou melhor, não é que nós “tenhamos a escolha”, mas que pela fé “nós decidimos”; e já
que decidimos pela fé, nós sabemos que desde a eternidade a decisão foi tomada por nós. Mas se nós decidimos
pela fé, então sabemos também que fora dessa decisão de fé há somente duas possibilidades não-dicotômicas,
racionais, “via única”, a pessimista e a otimista, que são excluídas pelo próprio ato da fé.

A doutrina da Eleição é, por isso, ininteligível na teoria, mas somente na decisão pela fé; não como uma doutrina
– “acerca de”, mas somente como um endereço para o “Tu”, como Palavra de Deus, que em Jesus Cristo, através
do Espírito Santo, dirige-se a nós de tal maneira que temos acreditar, podemos acreditar e devemos acreditar. Tão
logo isso que é conhecimento pela fé se solidifica em uma doutrina impessoal objetiva, ou se torna ininteligível ou
permanece uma daquelas simplesmente muito inteligíveis possibilidades: dupla predestinação ou salvação
universal. Isso, também, nos ajuda a compreender como é que, quando a Bíblia enfoca uma alternativa ou a outra,
em um momento parece ensinar o decreto duplo – o particularismo da salvação divinamente desejado – e, em
outro momento, a doutrina da Apokatastasis – aquela da salvação certa e segura para todos, sem levar em conta a
fé – ainda que, de fato, nunca realmente se comprometa com qualquer dessas alternativas.

Assim sendo, a doutrina cristã da vontade de Deus está em inteira harmonia com a doutrina Cristã da Natureza
Divina. O paradoxo de fé da Santidade e do Amor de Deus que são idênticos em Cristo, mas contraditórios longe
dEle, corresponde ao paradoxo de fé que Deus em Cristo elegeu a todos que nEle crêem, mas não aqueles que se
recusam a prestar a Ele obediência pela fé. Esse paradoxo de fé, novamente, está de acordo com o caráter da
própria fé; decisão sobre o que é Fé ou Descrença é um assunto de vida ou morte, céu ou inferno, de real liberdade
ou da real possibilidade de estar perdido. A revelação Cristã, que exige obediência, confronta-nos com os apelos
para decisão; de fato, é somente na revelação Cristã que vemos que vemos que essa decisão de “vida ou morte”
tem que ser feita; é somente do ponto de vista da revelação que a existência humana adquire a energia infinita.
Fora da fé, o homem nada sabe disso; ele vive na dependência das coisas que acontecem, seja um otimista ou um
pessimista, tanto na auto-decepção Utópica quanto na resignação desesperada. Somente a fé conhece o abismo do
qual Cristo
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APENDICE AOS CAPÍTULOS 22 E 23


Fechar e aceitar
1. SOBRE A HISTÓRIA DA DOUTRINA DA PREDESTINAÇAO
Antes de Agostinho, não havia doutrina da Predestinação. Em um mundo como aquele de antiquidade decadente,
dominado pela idéia de Destino, era bem mais importante salientar a liberdade e a responsabilidade do homem do
que o fato de ele ser determinado. Esse interesse levou os Pais da Igreja Iniciante para o extremo oposto ao da
doutrina da Predestinação: para a doutrina da Livre Vontade, que eles desenvolveram em conexão com a idéia
Estóica de como a pressuposição de responsabilidade moral.

A grande realização de Agostinho foi a redescoberta da “sola gratia” Bíblica; por isso, ele significou tanto para os
Reformadores. Agostinho foi, no entanto, também responsável por conectar a doutrina da Eleição (contra os
ensinamentos das Escrituras) com o psico-antropológico problema da Liberdade. A partir do momento em que
Agostinho se colocou decididamente sob a influência do pensamento Paulino, a idéia da Graça predominou em
sua teologia. Como um genuíno discípulo do grande Apóstolo, ele viu como o homem está desperançosamente
emaranhado na rede do pecado e compreendeu a mensagem de Deus mais e mais como a doutrina de que Deus,
por Sua Graça, livra o homem de sua ligação com o pecado. Em tudo isso ele permaneceu verdadeiramente na
linha de pensamento Cristã do Novo Testamento. É verdade que nesse ponto há um sinal de movimento em
direção à Antropologia, que sobressai do concepção agustiniana da Graça: Agostinho não está tão interessado na
graciosa ação de Deus em Jesus Cristo, como está na transformação do homem, que estava ligado ao pecado, em
um homem livre pela ação da Graça. A infusio caritatis, não a remissio peccatorum, aceita pela fé, é a sua idéia
principal. Ele não entendeu que a justificação do pecador não se segue ao derramamento do amor, mas o precede.

Dessa transformação que tem lugar no homem, ele prossegue sua argumentação em termos de causalidade. Se
essa transformação é realmente devida somente à Graça, então esse fator divino, que tem importância sozinho,
deve ser investigado desde suas origens eternas. Essa origem é a divina escolha na graça. Então, Eleição não é
mais o estado de “estar-eleito-em-Cristo”, do que a fé o estado de “estar-justificado-em-Cristo”. Ao contrário, a
separação psicológica entre a graça e Cristo (gratia infusa) corresponde à separação entre Eleição e Cristo.
Eleição é esse ato pré-temporal de Deus para o qual a consideração causal da obra divina da graça na alma
humana leva. Eleição está totalmente desvinculada da revelação em Cristo, é o postulado metafísico que resulta da
consideração causal da experiência da Graça.

O grande golfo, no pensar de Agostinho, entre fé em Cristo e Eleição, resulta muito claramente do fato de que –
para Agostinho – “fé” não necessariamente implica na certeza da Salvação e Eleição: Quis enim ex multitudine
fidelium quadiu in hac mortalitate vivitur, in numero praedestinatorium se esse praesumat? (Opp. X, 999).
Dessa forma, eleição não é o que alguém aceita em Cristo, mas é um “X” metafísico ao qual a conclusão causal
retrospectiva – ou para ser mais exato: a consideração causal da Graça no abstrato – leva. Essa dissociação entre a
Eleição e a Fé em Cristo agora significa que a Eleição está definida de modo mais restrito como a seleção de um
“numerus praedestinatorium” de dentro da “massa perditionis”. A má compreensão da passagem da Escrituras
em Mateus 22:14, que contrasta o grande número daqueles que são “chamados” com o pequeno número daqueles
que são “escolhidos”, pareceu fornecer uma base nas Escrituras para essa visão. Na verdade, essa passagem não se
refere de forma alguma ao assunto da eleição eterna, mas meramente à separação entre um grupo e outro no
Julgamento.

Diferentemente, Agostinho não desenvolve ainda a idéia da predestinação até à sua conclusão mais impiedosa, de
uma gemina praedestinatio. Ao contrário, em seu pensamento nós podemos ainda detectar traços de ênfase
desigual da Bíblia, quando ele fala de uma “praedestinatio” para salvação, mas não de uma “predestinação” para
destruição; ele fala somente de uma “pré-ciência” de rejeição e dos reprovados. Essa distinção torna possível para
ele a compreensão
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afetados pela Queda de Adão, Deus escolhe alguns para serem salvos; o resto Ele deixa a seu próprio destino auto-
Fechar e aceitar
escolhido. O primeiro homem a pronunciar a terrível frase “praedestinatio gemina” foi um monge chamado
Gottschalk, em cujos escritores nós já encontramos a expressão “pariter”, que a fórmula de Calvino reviveu. A luta
contra Gottschalk, e seu defensor Ratramnus, mostra que a Igreja Católica estava ainda menos inclinada a aceitar
essa idéia extrema da Predestinação, já que, na prática, estava se movendo mais em direção do Semi-
pelagianismo. Por outro lado, Aquinas novamente adotou a doutrina de Agostinho nesse ponto; ele, também, fala
de “certus numerus praedestinatorum”(I, 23,7); ele, também, distingue entre a predestinação dos Eleitos e a pré-
ciência em relação aos não-eleitos. A despeito de sua ênfase na “pan-causalidade” da Vontade Divina, Duns Scotus
tornou-se o precursor do Pelagianismo do povo Católico, contra o qual Bradwardine, e Wycliff, reagiram com um
reavivamento dos conceitos de Agostinho contendo um elemento muito forte de determinismo: “omnia quae
evenient de necessitate causae primae… omnia illa evenient de voluntate divina, quae… necessaria et inevitabilis
in causando est” (De causa Dei, III, 27).

Se nós temos que avaliar a doutrina da Predestinação de Lutero e Calvino de forma correta, devemos começar do
fato de que, para eles, o problema era analisado inteiramento do ponto de vista da questão entre Agostinanismo e
Pelagianismo. Assim, desde o início eles adotaram a posição do “Ou…Ou” estabelecida por Agostinho, aceitando,
assim, a perversão fatal da idéia da Eleição, que nós vimos estar presente no pensamento de Agostinho. Uma vez
que eles tinham enveredado por essa trilha, eles a seguiram até seu fim mais amargo, até o “horribile decretum”
de uma dupla predestinação. Calvino expressou essa visão em termos que conduzem exatamente ao que ele queria
dizer:: “non pari conditione creantur omnes, sed aliis vita aeternam aliis damnatio aeterna
praeordinatur”(Institutas, III, 21,5). Essa formula deixa-nos sem qualquer dúvida com relação a se Calvino
realmente ensinava essa doutrina no sentido Supralapsoriano ou não. Lutero, também, em sua obra, de servo
arbítrio, questionou o estrito determinismo de Bradwardine até seu amargo fim, com extrema, poder-se-ia até
dizer brutal, lógica.

No ensinamento de Lutero, entretanto, isso não foi a sua última palavra. Esse determinismo predestinário foi
mais tarde contradito ppr sua nova compreensão sobre a Eleição, compreensão essa ganha através de uma recente
observação preceptiva do Novo Testamento. Lutero, é verdade, nunca revogou o que disse in de servo arbítrio;
mas, de 1525 em diante, seus ensinamentos era diferente. Ele tinha se libertado da afirmativa Agostiniana sobre o
problema e do pensamento causal de Agostinho. Ele viu que essa doutrina da predestinação era teologia
especulativa e humana, e entendeu a idéia Bíblica da Eleição em, e através de, Jesus Cristo. Já que essa mudança
no pensamento de Lutero é ainda muito pouco conhecida – apesar de destacada evidência de Th. con Harnack (A
Teologia de Lutero, I, pp 148-190) – e já que estamos interessado em uma verdade mais importante, para não
dizer fundamental, devemos lidar com esse assunto com maiores detalhes.

Enquanto que antes de 1525, e especialmente em de servo arbítrio, Lutero explicitamente negava o universalismo
da vontade divina da salvação, ele agora enfatiza a verdade de que Deus em Cristo nos oferece, como sua Vontade
pessoal, o Evangelho da Graça – “nec est praetur hunc Christum alius Deus aut aliqua Dei voluntas quarenda”–
e, a isso, ele acrescenta que quem quer que especule sobre a vontade de Deus fora de Cristo, perde Deus (40, I,
256). Em Cristo, o Crucificado, “vós conheceis a esperança concreta da Misericórdia de Deus para vós e roda a
raça humana” ( ibid.., 255). Ele agora faz uma distinção explícita entre o universalismo da promessa e o
particularismo da maneira em que o mundo irá chegar ao fim. “Pois o Evangelho oferece a todos os homens, é
verdade, perdão de pecados e vida eterna através de Cristo; mas, nem todos os homens aceitam a promessa do
Evangelho… mas o fato de que nem todos os homens aceitam a Cristo é culpa deles próprios… Interim manet
sententia Dei et promissio universalis… Pois é a vontade de Deus e Cristo seja um communis thesaurus
omnium… Mas a descrença bloqueia essa graciosa vontade de Deus” (Erl. ed., 26, 300).

Assim daí por diante, ele faz uma distinção entre o universalismo da divina vontade da Salvação e o
particularismo
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verbi quod sanctum est et vitam offert, sed sua culpa quod hanc salutem quae offertur rejiciunt…”( 40, 2, 273).
Fechar e aceitar
Aqui, então, no fato da descrença do homem, a doutrina da descrença do homem deriva da vontade de Deus e,
assim, do “decreto” de Deus. Aqui, entretanto, segue-se a virada decisiva no pensamento de Lutero. De 1525 em
diante, ele alerta seus ouvintes contra a busca de um decreto divino oculto desse tipo. Em tom exaltado, ele exorta
seus estudantes, em suas Palestras sobre Gênesis: “Vos igitur qui nunc me auditis, memineritis me hoc docuisse,
non esse inquirendum de praesdestinatione Deis absconditi. Sed ea aquiescendum esse quae revelatur per
vocationem et per ministerium verbi. Ibi enim potes de fide et salute tua certus esse…”. A graça de Deus em Jesus
Cristo – essa é a verdadeira “beneplacitum Dei patris” (43, 463).

Lutero se apercebe que a questão da predestinação repousa fora da esfera da revelação Cristã e da fé, e que é uma
questão de teologia humana especulativa. É a teologia escolástica especulativa que faz a distinção entre uma
“voluntas signi” ( a vontade revelada) e uma “voluntas beneplaciti”, as insondáveis eleição ou rejeição divinas.
“Ninguém deve discutir sobre a “nuda Divinitas” (isto é, sobre a vontade de Deus que não foi revelada), mas
devemos fugir de tais pensamentos como do próprio Inferno e das tentações do diabo”. Somente no Verbo Dei é
que temos o verdadeiro conhecimento da vontade de Deus: “aliae cogitationes de voluntate beneplaciti-occidunt
et dammant”. E mesmo assim eles ( os teólogos Escolásticos) erroneamente os chamam de ”dies die voluntas
beneplaciti”. Pois essa que o Evangelho mostra deve ser chamada “voluntas beneplaciti”: “Heac voluntas gratiae
recte et proprie vocatur voluntas beneplaciti… Heac voluntas beneplaciti divini ab aeterno disposita est in
Christo revelata”. É o “Primus graduz erroris”, afirma Lutero, “quando os homens deixam o Deus Encarnado
afim de seguir o Deus nuduz”. Pois então não sobra nada, a não ser a Ira de Deus. A visão desse “Deus desnudo”
nos aniquilaria inevitavelmente, como nós seríamos consumidos se fossemos expostos aos raios diretos do sol
(42:297 ff). “Se nós começarmos a lidar com o Deus não-revelado, não há fé, não há palavra, não há
conhecimento; pois ele é o Deus Invisível, a quem vós não fareis visíveis. Dessa forma, Deus proibiu muito
estritamente essa idéia de Deus (istam adfectationem dinitatis)… quia scrutator majestatis opprimetur a
glória…” “Eu, no entanto, “diz Deus”, farei conhecida a vós, de maneira magnífica, a minha pré-ciência e minha
predestinação, mas não por esse caminho da razão e da ciência carnal. como vós imaginais. Mas, assim o farei. Do
Deus não-revelado tornar-me-ei Aquele que é revelado e, ainda assim, permanecerei o mesmo Deus..” Outras
idéias e os caminhos (viae!) da razão ou da carne são fúteis, porque Deus os abomina: “Si vis effugere
desperationem, odium, blasphemiam Dei, omitte speculationem de Deo abscondito et desine frustra contendere
ad vivendum faciem Dei…” “Se vós realmente credes no Deus revelado e recebestes Sua Palavra, então logo
também o Deus oculto se revelará a vós outros… Se vós vos agarrardes com fé firme ao Deus revelado… então
estais vós certamente predestinados e conhecereis o Deus oculto” (43:460).

Em tudo isso, Lutero percebeu duas verdades: primeiro, que a doutrina tradicional da Predestinação, como ele
mesmo havia trazido de Agostinho, é teologia especulativa e, dessa forma, não cria um real conhecimento de
Deus, ao contrário, leva os homens ao desespero – e, em segundo lugar, que a verdadeira doutrina da
Predestinação é simplesmente o conhecimento da Eleição em Jesus Cristo através da fé. Assim, nesse ponto, como
em muitos outros, Lutero livrou o Evangelho do jugo da tradição que quase inteiramente o obscureceu e mais uma
vez baseia a verdade teológica na revelação de Deus em Jesus Cristo.

Com Calvino a situação é diferente. Desde que ele era um pregador do Evangelho, para ele também a Eleição em
Jesus Cristo através da fé era o círculo central que todo o seu pensamento rodeava ( conforme e boa Dissertação
de Zurique, de G. Jacobs, Erwählung und Verantwortlichkeit bei Calvin, 1927). Como um teólogo dogmático,
entretanto, ele era inteiramente da mesma opinião de Agostinho, cuja doutrina da predestinação ele amplifica no
sentido da “gemina praedestinato” e da equação supralapsoriana de pré-conhecimento e pré-vontade. A
desigualdade Bíblica de eleição e rejeição é, em sua teoria, inteiramente removida; mas, na prática, ela aparece no
fato de que afora muito poucas exceções Calvino nunca pregou sobre o Decreto Duplo, mas somente sobre Eleição.
Calvino
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concorda com da dupla predestinação – isto é, teologia humana
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especulativa – extraída da aplicação do conceito causal de descrença – devido ao fato de ele crer que derivou sua
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doutrina totalmente das Sagradas Escrituras, quando ele combina certas passagens Bíblicas com outras – de tal
forma que, juntas, parece fornecer a prova Bíblica para a gemina praedestinato.

A desenvolvimento posterior da doutrina da predestinação é de pouco interesse. Nenhuma idéia nova foi
introduzida nela. Beza dá um passo a frente de Calvino, nesse ponto, pois ele não posiciona a doutrina da
predestinação, como seu mestre, em conexão com a doutrina da Graça de Deus em Cristo – a doutrina da
Justificação. Ao invés disso, ele a coloca no início de seu Dogma e a desenvolve em conexão com a doutrina da
Criação, mostrando, assim, inquestionavelmente, que ela não deriva da revelação Cristã, mas do processo de
pensamento especulativo: como já vimos ( pág. 321 ff.), isso é revelado muito claramente nos ensinamentos de
Zwinglio.

A controvérsia entre os Luteranos – que, seguindo as declarações posteriores de Lutero, rejeitam a gemina
praedestinato e ensinam o universalismo do Evangelho – e os Calvinistas (como também a controvérsia entre os
Supralapsorianos e os Sublapsorianos) não é de interesse para nós aqui. A doutrina de Calvino até certo ponto
culmina nos Artigos de Dordrecht. No primeiro desses Artigos, sobre a doutrina da Eleição, o decreto duplo é
formulado de uma forma Agostiniana, o que equivale a dizer, uma forma Sublapsoriana: “non omnes homines esse
electos, sed quosdam non electos sive in aeterna dei electione praeteritos quos scilicet deus ex liberrimo,
justissimo… irreprehensibili et immutabili beneplacito decrevit in communi miseria, in quando se sua culpa
praecipitarunt, relinquere” (Müller: Die Bekenntnisschriften des reformieertem Kirche, pp 845 ff.) Com essa
declaração, a doutrina da predestinação retorna à sua origem, à doutrina de Agostinho, sem, no entanto,
realmente condenar a doutrina mais extrema de Calvino.

Nos tempos modernos, a doutrina de Agostinho encontrou uma seguidora na teoria especulativa determinística de
Schleiermacher – com certeza com modificações panteístas – e encontrou seu historiador em um de seus mais
destacados pupilos, Alexandre Schweizer ( Die protestantischen Zentraldogmen). Diferentemente, em teologia
posterior, a visão menos prejudicial da doutrina do Novo Testamento é enfatizada. Mesmo o teólogo reformado
Böhl não fala mais de um Decreto duplo, mas “do” Decreto de Deus, mesmo quando está se chocando contra o
“universalismo” Lutero – que ele evidentemente confunde com a teoria geral de que “todos serão salvos”(
Dogmatik, pág. 289). Somente dentro teologia estritamente Calvinista de Holland (Kuyper e sua escola) e na
América foi que a doutrina Calvinista do Decreto Duplo – na sua maioria, entretanto, na forma modificada dos
Artigos de Dordrecht – se manteve.

2. A DOUTRINA DA ELEIÇÃO, DE KARL BARTH


A monumental apresentação da doutrina da Predestinação e, em particular, da Eleição que nós encontramos dos
Dogmatik de Karl Barth (Kirchl Dogm., II, 2, pp. 1-563), justifica que façamos nossa própria avaliação crítica
dela, em parte porque é a mais detalhada e compreensível discussão desse problema na teologia moderna, mas,
acima de tudo, porque nela algumas idéias inteiramente novas foram introduzidas na questão como um todo.

De início, eu observaria que na tendência principal há firme concordância entre a doutrina de Barth e aquela que
está representada neste livro: a preocupação de Barth é a mesma nossa, especificamente no desejo de afirmar a
doutrina da Eleição, a qual está em harmonia com revelação e o pensamento da Bíblia como um todo; dessa
forma, é nosso interesse comum rejeitar a doutrina especulativa da Predestinação criada por Agostinho, a mais
intensa e lógica expressão do que é a doutrina do Decreto Duplo, de Calvino. Nosso interesse é que a Eleição
nunca seja mencionada a não ser nas bases da revelação de Cristo; que nós só conhecemos o “decreto divino” em
Jesus Cristo; e que nada temos a ensinar sobre um “decreto oculto” de Deus com respeito àqueles que não aceitam
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Entretanto, sobre esse assunto Karl Barth combinou um bom número de suas próprias idéias, as quais, porque
Fechar são
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completamente novas, necessitam de um exame especial.
Barth apresenta a ligação entre Eleição e Jesus Cristo pela tese dupla: Jesus Cristo é o único Deus que elege; Jesus
Cristo é o único Homem Eleito.

i). Jesus Cristo é o único Deus que elege; Ele é o Sujeito da Eleição eterna. Essa idéia é a conseqüência necessária
da doutrina da Trindade, como Barth a entende. Nós já discutimos a doutrina da Trindade de Barth ( vela acima.
pp. 235 ff) como também suas conseqüências para a doutrina da Eleição (veja acima, pp 313). Nesse ponto, nós
devemos lidar mais inteiramente com essas afirmativas e as conclusões a que elas levam.

ii). O segundo artigo principal de sua doutrina ‘’e assim expresso: Jesus Cristo é o único Homem Eleito. A fim de
desenvolver mais esse ponto ele tem que fazer uma terceira afirmativa: “Jesus, o Homem Eleito eternamente” (p.
111), “o pré-existente Deus-Homem, que, como tal, é a base eterna de toda eleição” (p.119).

Nenhuma prova especial é necessária para mostrar que a Bíblia não contém tal doutrina, nem que qualquer teoria
desse tipo tenha sido jamais formulada por qualquer teólogo. Se a pré-existência eterna do Deus-Homem fosse
um fato, então a Encarnação não mais seria um Evento; não mais seria o grande milagre do natal. No Novo
Testamento, o novo elemento é o fato de que o Filho eterno de Deus tornou-se Homem e que, daí em diante,
através de Sua Ressurreição e Ascensão, a humanidade recebeu nEle uma participação na glória celestial; ainda
assim, nessa visão de Barth, tudo isso e agora antecipado, como já foi, arrancado da esfera da história e lançada na
esfera pré-temporal, na pré-existência do Logos. Os resultados dessa nova verdade seriam extraordinários.
Felizmente, Barth não tenta deduzi-los. A idéia da Humanidade Divina pré-existente é uma teoria artificial ad hoc
do pensador teológico, que pode somente apoiar até o final, por meio dessa teoria, seu argumento de que o
Homem Jesus é o Único ser Humano Eleito.

iii). Não podemos mais prosseguir nas referências de Barth sobre a doutrina da Predestinação em geral; algumas
são muito válidas, outras são confusas. Qualquer um que de início entendeu que o alvo de Barth é o oposto exato
da doutrina do Decreto Duplo, de Calvino, vai achar muito estranho que Barth continuamente se constitua em
seguidor da doutrina de Calvino, e contra a visão Luterana, e que ele inclusive defende a visão supralapsoriana
mais extrema contra a doutrina moderada dos sublapsorianos. Não se pode escapar da impressão de que Barth
está jogando com as idéias teológicas bizarras, quando ele fala ( sobre Jesus Cristo): “desde o princípio, e nEle, Ele
é a dupla predestinação” (p. 170). Mas nos soa não simplesmente estranho, mas horrível, quando ele diz que, nas
bases do decreto divino, “a única pessoa que é realmente rejeitada é Seu próprio Filho”’(p.350). Essa visão é a
inferência inevitável de sua primeira afirmativa. Mas o que a afirmativa “que Jesus é o único homem realmente
rejeitado” significa para a situação do Homem? Evidentemente, que não existe o fato de estar “perdido”, que não
há possibilidade de condenação e, assim, que não há Julgamento Divino final. Karl Barth tem sido acusado de
ensinar o Universalismo. Quando ele nega isso, não está de todo errado. Ele sabe demais sobre os não
particularmente ilustres teólogos – que ensinaram essa doutrina da Apokatastasis na história Cristã – para estar
desejando permitir que seja enumerado entre eles. “A Igreja não deve pregar Apokatastasis” (p.529). Assim, a
doutrina de Barth não é aquela de Origem e seus seguidores.

iv). Ao contrário, Barth vai mais adiante, pois nenhum deles jamais ousou manter que através de Jesus Cristo,
todos – crentes ou descrentes – estão salvos da ira de Deus e participam da redenção através de Jesus Cristo. Mas,
isso é o que Karl Barth ensina: pois Jesus Cristo é, tanto o único Eleito como o único homem Reprovado. Assim,
desde que Jesus Cristo apareceu e, através dEle, não mais existe qualquer rejeitado. Não somente para aqueles
que se encontram “nEle” através da fé, mas para todos os homens. O Inferno foi obliterado; condenação e
julgamento eliminados. Isso não é uma dedução que Eu tirei da afirmativa de Barth, mas é a dela mesmo. Já que
Jesus Cristo tomou sobre Si a condenação do pecado, “a rejeição não pode novamente se tornar a porção do
homem” (p.182). “Ele não pode desfazer a decisão tomada por Deus na eternidade… ele não pode criar qualquer
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fato quemais,
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controlar os(p.342). A condenação,
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homens, não afetará qualquer pessoa ímpia. O ímpio pode fazer o que puder – há uma coisa que não alcançarão:
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“a posição e o lugar do rejeitado, após o que – já que rejeitaram Deus – eles estendem suas mãos em sua loucura,
mas certamente não a alcançarão” (p. 351). O homem ímpio é também um dos Eleitos; ele somente não sabe disso
e ainda não vive de acordo com essa verdade. Mas, Jesus “destruiu o terror que o ameaçava” (p. 353). “Eles
podem, é verdade, trazer vergonha à escolha graciosa divina; mas, eles não podem derrotá-la e não podem
desfazê-la” (p.385). “Se o objeto apropriado de Seu amor for outra pessoa que não Ele somente (Cristo), então
longe dele ninguém pode ser consumido pelo calor da ira de Deus” (p. 391). “Fora de Cristo não há rejeitados” (p.
389). “Mesmo o rejeitado permanece nessa luz da Eleição” (p. 552).

Não há duvidas de que muitas pessoas atualmente ficarão alegres em ouvir tal doutrina e se rejubilarão porque,
finalmente, um teólogo ousou jogar para a idéia de um Julgamento divino final, e a doutrina de que um homem
pode se “perder”. Mas há um ponto que mesmo eles não podem discutir: que, em assim fazendo, Karl Barth está
em absoluta oposição não somente à toda a tradição eclesiástica, mas – e esse argumento sozinho se torna a
objeção final a essa idéia – também ao claro ensinamento do Novo Testamento. Como podemos eliminar a
proclamação de um Julgamento final divino das Parábolas de nosso Senhor, dos ensinamentos dos Apóstolos –
tanto de João como de Paulo, do escritor de Hebreus como também das Epístolas de Pedro e do livro do
Apocalipse – sem destruir inteiramente seu significado? O que a Bíblia diz sobre libertação da condenação e do
Julgamento é que “não há condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus; que Jesus Cristo salva os que
crêem do julgamento da ira divina por vir; que através de Seu amor salvador em Jesus “todos aqueles que nEle
crêem não perecerão”; que a loucura da cruz “é o poder de Deus para nós que estamos sendo salvos”, mas para
aqueles que estão perdidos é “loucura”; que a justiça divina recém-doada é “para todos os que crêem”; e que Jesus
Cristo torna justo aquele que “tem fé em Cristo”. Por esta razão que, há dois Caminhos: o caminho largo” o qual
leva à destruição”- “e muitos há que o encontrarão”- e o caminho estreito que leva à Vida e “poucos o irão
encontrar”. Como, então, é possível para Barth chegar a tal perversão da mensagem Cristã da Salvação?

v). A resposta a essa pergunta está em um elemento peculiar ao seu ensino, o qual tem sempre sido característica e
permeia seu ensinamento como um todo: seu “objetivismo”, isto é, a separação forçada entre revelação e fé, ou
melhor – já que Barth também deseja, naturalmente, criar uma base para a fé – a visão de que, comparada à
revelação (com a Palavra de Deus objetiva) o elemento subjetivo, fé, não está no mesmo nível mas em um plano
muito inferior.

Enquanto que, na mensagem do Novo Testamento, Cristo e fé; participação na salvação em Cristo e fé; e
Justificação e fé se “interpertencem” e estão exatamente no mesmo nível para que possamos dizer: “Onde não há
fé, não há Cristo; onde não há, lá, também, não há salvação em Cristo”, Barth não admite que essa correlação
exista. Por isso, ele diz explicitamente: “Se, no entanto, a natureza da fé consiste no fato… de que o homem é
levantado pela graça de Deus e nasce de novo uma nova criatura, então exatamente por essa razão, não é possível
absolutamente colocá-lo em posição superior contra alguém que, diferentemente dele, não torna visível e real a
atitude de fé – sua forma – assim que consideramos o primeiro homem, em contraste com este último, como
“eleito” e deste último – opostamente – como “rejeitado”. Se uma pessoa, como membro dos “Eleitos”, é essa nova
criatura, então, como tal ( e somente em Jesus Cristo isso é possível), ele é até certo ponto elevado acima de si
mesmo em seu melhor comportamento e sobre o outro no pior comportamento dele. Assim, visto daí em diante, o
contraste entre eles torna-se um contraste relativo … Como poderia a Graça de Deus significar Seu favor absoluto
para alguém e seu desfavor absoluto para outrem?’” (p.360). O crente em particular não pode possivelmente
reconhecer, na descrença dos outros, um fato definitivamente estabelecido” (ibid..).

Mais uma vez, devemos dizer: Pode ser que esse “objetivismo”, essa “relativização” da fé, possa parecer
iluminador para muitos e possa provocar sua concordância entusiástica. Mas, há uma coisa sobre a qual mesmo
eles não podem discutir: que, em assim fazendo, eles estão em clara oposição ao ensino do Novo Testamento,
onde passagens
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com seu
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eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobe ele permanece.”
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vi). Agostinho deduziu sua doutrina dupla predestinação – a qual ele tinha certeza que era provada pelas
evidências das Escrituras – do fato de que haverá dois tipos de pessoas no Julgamento – aqueles que serão salvos
e aqueles que serão condenados; disso ele retroagiu à causalidade divina e tirou essa conclusão. Era uma
especulação: Teologia Natural (humana) baseada em uma afirmativa que tinha uma semente Bíblica. Karl Barth
toma uma linha oposta. Do fato de que – de acordo com o ensinamento das Escrituras – Jesus Cristo é a oferta
divina de salvação para todos; ele conclui que, em conseqüência disso, todos estão salvos; isso, também é Teologia
Natural baseada em uma afirmativa que tem semente Bíblica. Em conectando condenação a um decreto divino,
Agostinho deixa o terreno da revelação Bíblica, a fim de tirar uma conclusão lógicas que parece a ele iluminativa.
Karl Barth, em sua transferência aos não crentes da salvação oferecida por fé, deixa o terreno da revelação Bíblica,
afim de tirar uma conclusão lógica que parece para ele iluminativa. Qual, no entanto, é o resultado?

vii). Em primeiro lugar, o resultado é que a decisão real somente tem lugar na esfera objetiva e não na subjetiva.
Assim: a decisão foi tomada em Jesus Cristo – por todos os homens. Se eles a conhecem ou não, acreditam nela ou
não, não é tão importante. O ponto principal é que eles estão salvos. Eles são como pessoas que parecem estar
parecendo em um mar tempestuoso. Na realidade, não estão em mar onde alguém pode se afogar, mas em água
rasa, onde é impossível que alguém se afogue. Só que eles não sabem disso. Por essa razão, a transição de
descrença para fé não é a transição de “ser um perdido” para “ser um salvo”. Esse momento de virada não existe,
já que não é mais possível estar perdido. Mas, se olharmos mais detalhadamente esse ponto de vista, também
vemos que o momento de virada no Evento histórico, não é um momento de virada real, pois Eleição significa que
tudo já aconteceu na esfera da pré-existência. Um real: o momento de virada no evento histórico depende
absolutamente de se o descrente também experimenta uma mudança de mentalidade e coração que o levam à fé.
Pois, foi para o bem dessa “mudança” que Cristo se tornou Homem e morreu na Crus a decisão de fé não é
absolutamente séria, então a salvação através de Jesus Cristo não é absolutamente séria também; tudo já foi
decido com antecedência. Assim Karl Barth, de maneira mais decisiva que qualquer outro adepto da doutrina da
Apokatastasis, finalmente encontra o polo exatamente oposto ao da doutrina da dupla predestinação. Mas, a
despeito do contraste, há também uma afinidade entre os dois: em ambos os casos, tudo já havia sido decidido de
antemão e não permanece espaço para que o homem tome uma decisão real. Na primeira doutrina, tudo já foi
decidido antecipadamente no sentido de uma “dualidade terrível; destino da salvação eterna para alguns, destino
da perdição eterna para o restante. Na última, tudo está decidido no sentido de uma unidade encorajante: destino
de salvação eterna para descrentes como também para os crentes, a impossibilidade de qualquer um se perder.

Do ponto de vista da doutrina de Barth, nós podemos ver o que pode se levantado contra essa conclusão final.
Mas, também, não podemos ver como poderemos aceitá-la. É por isso que se deve definitivamente esperar que
com respeito a esse assunto ele, Barth, ainda não tenha dito sua última palavra.

3. SOBRE A DOUTRINA DA APOKATASTASIS


A expressão que se tornou o “terminus technicus” para descrever uma doutrina que a Igreja como um todo
reconheceu como heresia, vem de Atos 3:21. Mas, nessa passagem, a referência não é a salvação de todos os
homens, mas à “restauração de todas as coisas, das quais Deus falou, pela boca de todos os seus santos profetas,
desde o princípio”. A Bíblia não fala de salvação universal, mas, pelo contrário, de julgamento e de um destino
duplo: salvação e condenação. Então, também, um dos primeiros protagonistas da doutrina da “restauração de
todos” foi um teólogo que, a despeito de sua alta reputação na vida da Igreja, teve vários de seus pontos de vista
condenados tempos depois: Origem. Mesmo o ímpio, diz Origem, após esta vida terrena – alguns mais cedo,
outros mais tarde – de acordo com seus méritos, sua resistência à punição leve ou pesada, após ter sido
restaurado por esse severo método de educação e após ter ido em frente – de estágio em estágio – e alcançado
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uma condição melhor, irá finalmente “entrar naquilo que é eterno e invisível (De princ., 1, 6, 3). Assim, em seu
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pensamento, a doutrina da Apokatastasis está evidentemente ligada com sua idéia educacional de
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desenvolvimento, que ela mesma, novamente, baseada na antropologia Platônica. O segundo teólogo que apoiava
esse ponto de vista foi o igualmente forte Platonista e discípulo de Origen: Gregório de Nyssa (orat, catech., 8:35).
Mais tarde, essa mesma visão foi defendida por Duns Scotus e os Panteístas Sírios do sexto século (cf. Harnack,
Dogmengeschichte, 11, 113). Juntamente com outras idéias heréticas de Origem, está doutrina foi condenada por
Justiniano, no Sínodo de Constantinopla, no ano de 543. Daquele tempo até o período da Reforma, nenhuma
pensador de renome argumentou a favor desse ponto de vista; então, os anabatistas Denk e Hut, a tomaram,
enquanto a Augustana, no Artigo 170 falou durante contra os “anabatistas que ensinam que o Demônio e os
homens que estão condenados não terão que sofrer dor eterna e tormento”. Durante a Iluminação e depois, havia
muita simpatia por essa doutrina entre pensadores “iluminados”, como também entre Pietistas. Mas, o único
teólogo importante com visão Bíblica que a adotou foi F. Ch. Ötinger. Bengel era mais sábio, nunca a ensinou.
Mas, diz a tradição religiosa que ele afirmou uma vez: “Aquele que tem alguma percepção sobre a doutrina da
Apokatastasis e fala sobre ela, está “falando de cátedra” “Entre os defensores da doutrina, se encontrava,
naturalmente ( de acordo com seu tipo de pensamento monístico) Schleiermacher (Ueber die Lehre von der
Erwählung); pelo menos, ele a apresenta como uma hipótese – ela tem tanto direito quanto a outra doutrina – já
que seu agnosticismo escatológico evitava que ele sustentasse uma doutrina definitiva.

Essa genealogia alimenta nosso pensamento. Certamente, é difícil para nós conceber que passo a passo com
aqueles que estão salvos em Cristo – a quem cada crente acha que pertence – deve haver outros que são isolados
da Presença de Deus por toda a eternidade e, em miséria sem esperança, devem viver eternamente uma vida que é
pior que a morte. Mas, quem pode dizer que essa é a alternativa à doutrina da Apokatastasis? Nenhuma doutrina
ensinada na Bíblia, quanto mais aquela da salvação em Cristo, é nós a fim de imaginemos o que está preparado
para aqueles que não aceitarem essa salvação. A Palavra de Cristo é, para nós, a palavra de decisão, a qual, até
enquanto nós crermos nela, nos dá a salvação e, precisamente por que ela nos chama a essa decisão, nos proíbe de
crermos em uma libertação que nos espera – ou esperar por qualquer um – fora da esfera da fé. Da mesma forma
que nós pensamos que somente Deus em Jesus Cristo é o Deus da Graça e fora de Cristo o Deus da Ira, nós
também devemos pensar que Ele somente é gracioso para aquele que nEle crê e que Ele não age assim para aquele
que está fora da esfera da fé. Mas, isso não pode ser para nós um objeto de doutrina teórica ou mesmo de idéias
imaginárias. Isso é dito para que nós possamos crer; e compete a nós falar aos outros da forma que ouvimos, a fim
de que eles também possam chegar a crer. Isso é da nossa conta, mas nada mais que isso. Nós devemos resistir
completamente à inclinação para extrair “conclusões lógicas”, já que elas somente levam a um dos erros: ou à
doutrina do decreto duplo ou à doutrina da salvação universal, as quais, ambas, removem a realidade da decisão
por fé. Somente a renúncia à doutrina logicamente satisfatória cria espaço para a decisão verdadeira, mas o
Evangelho é a Palavra que nos confronta com os apelos à decisão.

[1] O fato de que em sua doutrina da Onipotência Calvino rejeita essa idéia de “potestas absolutas” não prova o
contrário.

[2] Por outro lado, se fala de outros que tiveram seus nomes removidos do Livro da Vida.

“Deixem Deus Ser Deus”:


A Predestinação de Acordo com Martinho Lutero
Timothy George
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O problema da predestinação é levantado pela especificidade da tradição judeu-cristã: o fato de que Deus revelou-
se exclusivamente num povo, Israel, e supremamente num homem, Jesus de Nazaré. Jesus, assim como Paulo,
falou dos “eleitos” e dos “poucos escolhidos”. A tensão entre a livre eleição de Deus e a resposta humana genuína
está presente já nos documentos do Novo Testamento. Entretanto, Agostinho, em sua luta clássica com Pelágio,
foi quem primeiramente desenvolveu uma doutrina madura da predestinação.

Para Pelágio, a salvação era uma recompensa, o resultado das boas obras livremente realizadas pelos seres
humanos. A graça não era algo diferente ou além da natureza, nem acima dela; a graça estava presente dentro da
própria natureza. Em outras palavras, a graça era simplesmente a capacidade natural, que todos possuem, de
fazer a coisa certa, de obedecer aos mandamentos e assim obter a salvação. Agostinho, por outro lado, via um
grande abismo entre a natureza, em seu estado caído, e a graça. Profundamente cônscio da impotência total de
sua própria vontade em escolher corretamente. Agostinho entendia a salvação como a livre e surpreendente
dádiva de Deus: “Atribuo à tua graça e misericórdia, porque dissolveste meus pecados como se fossem gelo”. Se,
entretanto, a fonte de nossa conversão a Deus reside não em nós mesmos, mas somente no bom prazer de Deus,
por que alguns reagem positivamente ao Evangelho, enquanto outros o desprezam? Essa pergunta levou
Agostinho à discussão paulina da eleição, exposta em Romanos 9-11. Aqui ele encontra a base para sua própria
doutrina “cruel” da predestinação: da massa da humanidade decaída, Deus escolhe alguns para a vida eterna e
omite outros que estão, assim, destinados à destruição, e tal decisão é feita independentemente de obras ou
méritos humanos.

Durante os mil anos transcorridos entre Agostinho e Lutero, a principal corrente da teologia medieval dedicou-se
a dissolver o severo predestinacionismo daquele. É verdade que Pelágio fora condenado no Concílio de Éfeso
(431), e o semipelagianismo, a saber, a visão de que ao menos o inicio da fé, o primeiro voltar-se para Deus, era
resultado do livre-arbítrio, foi rejeitado pelo II Concílio de Orange (529). Contudo, a maioria dos teólogos, tentou
modificar a doutrina de Agostinho, enfraquecendo a base da predestinação. Alexandre de Hales recorreu ao
principio da eqüidade divina: “Deus relaciona-se de igual para igual com todos”. Outros afirmavam que a
predestinação era subordinada ao conhecimento prévio, ou seja, Deus elege aqueles que sabe com antecedência
que receberão méritos de seu próprio livre-arbítrio. Nenhuma dessas teorias da salvação era “puramente”
pelagiana, porque todas requeriam a assistência da graça divina. Ainda assim, o fator crucial continuava sendo a
decisão humana de responder positivamente a Deus, em lugar da livre e desacorrentada decisão de Deus de
escolher quem desejasse.

Vimos como a doutrina da justificação sustentada por Lutero rompeu decisivamente com o modelo agostiniano de
distribuição progressiva da graça. Somos justificados não porque Deus nos está tornando gradualmente justos,
mas porque fomos declarados justos com base no sacrifício expiatório de Cristo. Contudo, a partir do princípio
anterior da sola gratia, Lutero – e Zuínglio e Calvino depois dele – permanece firme com Agostinho contra os
“pelagianos” posteriores que exaltam o livre-arbítrio humano à custa da livre graça de Deus. Nesse aspecto, a linha
principal da Reforma Protestante pode ser vista como uma “aguda agostinianização do cristianismo”. Alguns
historiadores consideram a doutrina da predestinação de Lutero uma aberração de seus temas principais ou, na
melhor das hipóteses, “um pensamento meramente auxiliar”. Mas Lutero via o assunto de maneira diferente.
Respondendo ao ataque de Erasmo a essa doutrina, Lutero elogiou o humanista por não aborrecê-lo com questões
insignificantes como o papado, o purgatório ou as indulgências. “Apenas você”, ele disse, “atacou a questão
verdadeira, isso é, a questão inicial […] Apenas você percebeu o eixo ao redor do qual tudo gira, e apontou para o
alvo vital.”

Uma das queixas de Lutero contra os “teólogos-porcos” era a tese deles de que a vontade humana, em sua própria
volição,
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alguém poderia obter certa permanência perante Deus. A essa avaliação otimista do potencial humano, Lutero
opôs um duro contraste entre natureza e graça. “A graça coloca a Deus no lugar no lugar de tudo oFechar
maiseque ela
aceitar
vê, e o prefere a si mesma, mas a natureza coloca a si mesma no lugar de tudo, e mesmo no lugar de Deus, e busca
apenas o que lhe é próprio e não o que é de Deus”. Como “natureza” Lutero não queria dizer simplesmente o reino
criado, mas sim o reino criado decaído e particularmente, a vontade humana decaída, que esta “curvada sobre si
mesma” (incurvatus in se), “escravizada” e manchada com o mal em todas as suas ações. Na Disputa de
Heidelberg, em 1518, Lutero defendeu a tese: “Depois da queda, o livre-arbítrio existe apenas nominalmente, e,
enquanto, alguém ´faz o que está em si´, está cometendo um pecado mortal”. Inclui-se essa formulação na bula
Exsurge Domine, pela qual o Papa Leão X excomungou Lutero, em 1520.

Então, será que Lutero era um determinista absoluto? Erasmo e alguns estudiosos pensavam assim. Lutero, de
fato, aproximou-se perigosamente de linguagem necessitariana. Todavia, ele nunca negou que o livre-arbítrio
mantém seu poder em assuntos que não se relacionam com a salvação. Assim, Lutero disse a Erasmo: “Sem
dúvida você está certo em conferir ao homem algum tipo de livre-arbítrio, mas imputar-lhe um arbítrio que seja
livre nas coisas de Deus é demais”. Lutero admitiu abertamente que mesmo uma vontade escravizada “não é um
nada”, que, com respeito àquelas coisas “inferiores” a ela, a vontade mantém seu poder total. É apenas com
respeito àquilo que é “superior” a ela que a vontade é mantida presa em seus pecados e não pode escolher o bem
de acordo com Deus. Aqui, encontramos um paralelo ao desprezo de Lutero para com a razão. Em sua esfera
legítima, a razão é o mais elevado dom de Deus, mas no momento em que excede para a teologia, torna-se a
“prostituta do diabo”. O mesmo se dá com o livre-arbítrio. Entendido como a capacidade vinda de Deus para
tomar decisões ordinárias, para cumprir as responsabilidades no mundo, o livre-arbítrio permanece intacto. O
que ele não pode fazer é realizar a própria salvação. Nesse sentido, o livre-arbítrio está totalmente corrompido
pelo pecado e cativo a Satanás.

Lutero descreveu a natureza dessa escravidão sob o aspecto de uma luta entre Deus e Satanás.

Assim, a vontade é como um animal entre dois cavaleiros. Se Deus o monta, ele quer ir e vai aonde Deus quer. […]
Se Satanás o monta, ele quer ir e vai aonde Satanás quer; ele não pode escolher correr para um deles ou seguir a
um deles, mas os próprios cavaleiros brigam pela posse e controle dele.

Mesmo tendo alguns estudiosos encontrado traços de um dualismo maniqueísta nessa metáfora, Lutero estava
meramente desenvolvendo uma imagem já apresentada por Jesus: “…todo o que comete pecado é escravo do
pecado” e “Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe aos desejos…” (Jo 8.34,44). Há outro ponto
que Lutero desenvolveu com respeito à vontade escravizada. Embora nosso destino eterno, em certo sentido, seja
determinado por Deus, não somos com isso compelidos a pecar. Pecamos espontânea e voluntariamente.
Continuamos querendo e desejando fazer o mal, a despeito do fato de que em nossas próprias forcas não podemos
fazer nada para alterar essa condição. Essa é tragédia da existência humana se a graça: estamos tão curvados
sobre nós mesmos que, pensando estar livres, entregamo-nos exatamente àquelas coisas que apenas aumentam
nossa escravidão.

O propósito da graça é libertar-nos da ilusão da liberdade, que é na verdade escravidão, e guiar-nos para a
“gloriosa liberdade dos filhos de Deus”. Só quando a vontade recebeu a graça, ou, para usar sua outra metáfora, só
quando Satanás é vencido por um cavaleiro mais forte, “é que o poder da decisão torna-se realmente livre, em
todos os aspectos concernentes à salvação”. A verdadeira intenção por trás do reforço de Lutero à vontade
escravizada mostra-se óbvia agora. Deus deseja que possamos ser verdadeiramente livres em nosso amor para
com ele; contudo, isso não é possível até que sejamos libertos de nosso cativeiro a Satanás e ao ego. O eco de
resposta à escravidão da vontade é a liberdade do cristão.

Visto que, fora da graça, o homem não possui nem uma razão sã, nem uma vontade boa, “a única preparação
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a predestinação
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de predestinação absoluta e dupla, ainda que admitisse que “isso é um vinho muito forte e comida substancial
Fechar e aceitar
para os fortes”. Ele até restringiu o alcance da expiação aos eleitos: “Cristo não morreu por todos absolutamente”.
Contra a objeção de que tal visão transformava Deus num ogro arbitrário, Lutero respondeu – como Paulo –
“Deus assim o quer, e porque ele o quer, isso não é perverso”. A “prudência da carne” diz que “é cruel e miserável
Deus buscar sua glória em minha maldade. Ouça a voz da carne! ´Meu, minha´, diz ela! Lance fora esse ´meu´ e
diga, em lugar disso ´Glória a ti, Senhor´, e você será salvo”. A postura da razão é sempre de egocentrismo. Deus é
apenas tão “injusto”, falando estritamente, ao justificar os ímpios à parte de seus méritos, quanto o é ao rejeitar
outros à parte de seus deméritos. Ainda assim, ninguém reclama da primeira “injustiça”, porque o interesse
pessoal está em jogo! Em ambos os casos, Deus é injusto pelos padrões humanos, mas justo e verdadeiro pelos
seus. Lutero recusou-se a submeter Deus ao tribunal da justiça humana como se a “Majestade, que é o criador de
todas as coisas, tivesse de curvar-se a uma das escórias de sua criação”. “Deixem Deus ser bom”, clamava Erasmo,
o moralista. “Deixem Deus ser Deus”, replicava Lutero, o teólogo.

Embora Lutero nunca tenha suavizado sua doutrina da predestinação (como fizeram posteriormente os
luteranos), ele de fato tentou estabelecer o mistério no contexto da eternidade. Lutero nunca admitiu que os
inescrutáveis julgamentos de Deus eram realmente injustos, mas sim que somos incapazes de apreender o quanto
são justos. Há, segundo ele, três luzes – a luz da natureza, a luz da graça e a luz da glória. Pela luz da graça,
tornamo-nos capazes de entender muitos problemas que pareciam insolúveis pela luz da natureza. Mesmo assim,
na luz da glória, os retos julgamentos de Deus – incompreensíveis para nós agora, mesmo pela luz da graça –
serão abertamente manifestos. Lutero, então, apelava para a reivindicação escatológica da decisão de Deus na
eleição. A resposta ao enigma da predestinação encontra-se no caráter oculto de Deus, por trás e alem de sua
revelação. No final, quando tivermos prosseguido através das “luzes” da natureza e da graça para a luz da glória, o
“Deus escondido” se mostrará um só como o Deus que está revelado em Jesus Cristo e proclamado no Evangelho.
Nesse ínterim, Lutero admitiu, podemos apenas acreditar nisso. A predestinação, como a justificação, é também
sola fide.

Ninguém conhecia melhor do que Lutero a angústia que o duvidar da própria eleição podia provocar numa alma
vacilante. Como um pastor poderia responder a alguém que estivesse atormentado por esse problema? Lutero deu
duas respostas a essa questão, uma para o cristão forte, a outra para o mais fraco ou para o novo convertido. A
mais alta posição entre os eleitos pertence àqueles que “se conformam com o inferno se Deus o deseja”. A
resignação com o inferno era tema popular na tradição mística e significava passividade absoluta, um total deixar-
se perder (Gelassenheit) ante o abismo do ser de Deus. Lutero dizia que Deus dispensava esse dom aos eleitos de
maneira breve e escassa, quase sempre na hora da morte.

Mais, comumente Lutero era chamado a aconselhar cristãos comuns que estavam atormentados pela questão da
eleição. O conselho básico de Lutero era: “Agradeça a Deus por seus tormentos!”. É característico dos eleitos, não
dos réprobos, tremer em face dos desígnios ocultos de Deus. Além disso, ele instava por uma completa refutação
do diabo e uma contemplação de Cristo. Foi típica sua resposta a Bárbara Lisskirchen, que estava aflita sentindo
não se encontrar entre os eleitos:

“Quando tais pensamentos a assaltam, você deve aprender a perguntar a si mesma: “Por favor, em que
mandamento está escrito que eu deva pensar sobre esse assunto e lidar com ele?”. Quando parecer que não há
tal mandamento, aprenda a dizer: “Saia daqui, maldito diabo! Você está tentando fazer com que eu me
preocupe comigo mesma. Meu Deus declara em todos os lugares que eu devo deixá-lo tomar conta de mim […]”.
A mais sublime de todas as ordens de Deus é esta, que mantenhamos diante de nossos olhos a imagem de seu
Filho querido, nosso Senhor Jesus Cristo. Todos os dias ele deve ser nosso excelente espelho, no qual
contemplamos o quanto Deus nos ama e quão bem, em sua infinita bondade, ele cuidou de nós ao dar seu Filho
amado por nós. Desse modo, eu digo, e de nenhum outro, um homem aprende a lidar adequadamente com a
questão
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chamada, então muito certamente está predestinada. Não deixe que esse espelho e trono de graça seja quebrado
diante de seus olhos […] Contemple o Cristo dado por nós. Então, se Deus desejar, você se sentirá melhor”.
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A doutrina da predestinação defendida por Lutero não era motivada por interesses especulativos ou metafísicos.
Era uma janela para a vontade graciosa de Deus, que se ligou livremente à humanidade em Jesus Cristo. A
predestinação, como a natureza do próprio Deus, só pode ser atingida mediante a cruz, mediante as “feridas de
Jesus”, às quais Staupitz havia dirigido o jovem Lutero em suas primeiras batalhas.

____
Timothy George. Teologia dos Reformadores. 1a Edição. São Paulo, Edições Vida Nova, 1999. pp. 74-80.
Todos os direitos reservados à editora. Reproduzido com autorização.
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Email: evnsp@uol.com.br
Digitação: Dawson Campos de Lima

A Doutrina da Predestinação
Comentário do Texto de Romanos 8.29-30

John Stott

Primeiro há uma referência a aqueles que Deus de antemão conheceu. Essa alusão a “conhecer de antemão”, isto
é, saber alguma coisa antes que ela aconteça, tem levado muitos comentaristas, tanto antigos como
contemporâneos, a concluir que Deus prevê quem irá crer e que essa presciência seria a base para a predestinação.
Mas isso não pode estar certo, pelo menos por duas razões: 1a) neste sentido Deus conhece todo mundo e todas as
coisas de antemão, ao passo que Paulo está se referindo a um grupo específico; 2a) se Deus predestina as pessoas
porque elas haverão de crer, então a salvação depende de seus próprios méritos e não da misericórdia divina;
Paulo, no entanto, coloca toda a sua ênfase na livre iniciativa da graça de Deus.

Assim, outros comentaristas nos fazem lembrar que no hebraico o verbo “conhecer” expressa muito mais do que
mera cognição intelectual; ele denota um relacionamento pessoal de cuidado e afeição. Portanto, se Deus
“conhece” as pessoas, Ele sabe o que passa com elas (Sl 1.6; 144.3); e quando se diz que Ele “conhecia”os filhos de
Israel no deserto, isto significa que ele cuidava e se preocupava com eles (Os 13.5). Na verdade Israel foi o único
povo dentre todas as famílias da terra a quem Javé “conheceu”, ou seja, amou, escolheu e estabeleceu com ele uma
aliança (Am 3.2). O significado de “presciência” no Novo Testamento é similar: “Deus não rejeitou o seu povo
[Israel], o qual de antemão conheceu”, istao é, a quem Ele amou e escolheu (11.2 Cf. 1 Pe 1.2). À luz deste uso
bíblico John Murray escreve: “‘Conhecer’ … É usado em um sentido praticamente sinônimo de ‘amar’…Portanto,
‘aqueles que ele conheceu de antemão’ … é virtualmente equivalente a ‘aqueles que ele amou de antemão'”.
Presciência é “amor peculiar e soberano”. Isto se encaixa com a grande declaração de Moisés: “Não vos teve o
Senhor afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos que qualquer povo … mas porque o Senhor vos
amava …” A única fonte de eleição e predestinação divina é o amor divino.

Segundo, aqueles que [Deus] de antemão conheceu, ou que amou de antemão, também os predestinou para
serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (29). O verbo
predestinou é uma tradução de prooriz, que significa “decidiu de antemão”, como se vê em Atos 4.28: “Fizeram o
que o teu poder e tua vontade haviam decido de antemão que acontecesse”. É, pois, evidente que o processo de
tornar-se um cristão implica uma decisão; antes de ser nossa, porém, tem de ser uma decisão de Deus. Com isso
não estmos negando o fato de que nós “nos decidimos por Cristo”, e isso livremente; o que estamos afirmando é
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que, se o fizemos, é só porque, antes disso, Ele já havida “decidido por nós”. Esta ênfase na decisão ou escolha
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soberana e graciosa de Deus é reforçada pelo vocabulário com o qual ela está associada. Por um lado, ela é
Fechar e aceitar
atribuída ao “prazer” de Deus, a sua “vontade”, “plano” e “propósito” (Ef 1.5, 9, 11; 3.11), e por outro lado, já existia
“antes da criação do mundo”(Ef 1.4) ou “antes do princípio das eras”(1 Co 2.7; 2 Tm 1.9; cf. 1 Pe 1.20; Ap 13.8). C.
J. Vaughan resume esta questão nas seguintes palavras:

Cada um que se salva no final só pode atribuir sua salvação, do primeiro ao último passo, ao favor e à ação de
Deus. O mérito humano tem de ser excluído: e isto só pode acontecer voltando às origens do que foi feito e que se
encontra muito além da obediência que evidencia a salvação, ou mesmo da fé que a ela é atribuída; ou seja, um
ato de espontâneo favor da parte daquele Deus que antevê e pré-ordena desde a eternidade todas as suas obras.

Este ensino não pode ser minimizado. Nem a Escritura nem a experiência nos autoriza fazê-lo. Se apelarmos para
a Escritura, veremos que no decorrer de todo o Antigo Testamento se reconhece ser Israel “a única nação da terra”
a quem Deus decidiu “resgatar para ser seu povo”, escolhido para ser sua “propriedade peculiar”; e em todo Novo
Testamento se admite que os seres humanos são por natureza cegos, surdos e morto, de forma que sua conversão
é impossível, a menos que Deus lhes dê vista, audição e vida.

Nossa experiência confirma isso. O Dr. J. I. Packer, em sua excelente obra O Evangelismo e a Soberania de Deus
aponta que, mesmo que neguem isso, a verdade é que os cristãos crêem na soberania de Deus na salvação. “Dois
fatos demonstram isso”, ele escreve. “Em primeiro lugar, o crente agradece a Deus por sua conversão. Ora, por
que o crente age assim? Porque sabe em seu coração que foi Deus inteiramente responsável por ela. O crente não
se salvou a si mesmo; Deus o salvou. (…) Há um segundo modo pelo qual o crente reconhece que Deus é soberano
na salvação. O crente ora pela conversão de outros … roga a Deus que opere neles tudo quanto for necessário para
a salvação deles”. Assim os nossos agradecimenos e a nossa intercessão provam que nós cremos na soberania
divina. “Quando estamos de pé podemos apresentar argumentos sobre a questão; mas, postados de joelhos, todos
concordamos implicitamente”.

Mesmo asim há mistérios que permanecem. E, como criaturas caídas e finitas que somos, não nos cabe o direito
de exigier explicações ao nosso Criador, que é perfeito e infinito. Não obstante, ele lançou luz sobre o nosso
problema de tal maneira a contradizer as principais objeções que são levantadas e a mostrar que a predestinação
gera conseqüências bem diferentes do que se costuma supor. Vejamos cinco exemplos.

1. Dizem que a predestinação gera arrogância, uma vez que (alega-se) os eleitos de Deus se gloriam de sua
condição privilegiada. Mas acontece é justamente o contrário: a predestinação exclui a arrogância, pois afinal, não
dá para entender como Deus pôde se compadecer de pecadores indignos como eles! Humilhados diante da cruz,
eles só querem gastar o resto de suas vidas “para o louvor da sua gloriosa graça”e passar a eternidade adorando o
Cordeiro que foi morto.

2. Dizem que a predestinação produz incerteza e que cria nas pessoas uma ansiedade neurótica quanto a serem ou
não predestinadas e salvas. Mas não é bem assim. Quando se trata de incrédulos, eles nem se preocupam com a
sua salvação – até que, e a não ser que, o Espírito Santo os convença do pecado, como um prelúdio para a sua
conversão. Mas, se são crentes, mesmo que estejam passando por um período de dúvida, eles sabem que no final a
sua única certeza consiste na eterna vontade predestinadora de Deus. Não há nada que proporcione mais
segurança e conforto do que isso. Como escreveu Lutero ao comentar o versículo 28, a predestinação “é uma coisa
maravilhosamente doce para quem tem o Espírito” (Lutero).

3. Dizem que a predestinação leva à apatia. Afinal, se a salvação depende inteiramente de Deus e não de nós,
argumentam, então toda responsabilidade humana diante de Deus perde a razão de ser. Uma vez mais, isso não é
verdade. A Escritura, ao enfatizar a soberania de Deus, deixa muito claro que isso não diminui em nada a nossa
responsabilidade. Pelo contrário, as duas estão lado a lado em um antinomia, que é uma aparente contadição
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entre duas verdades. Diferentemente de um paradoxo, uma antinomia “não é delieradamente produzida; ela nos é
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imposta pelos próprios fatos … Nós não a inventamos e não conseguimos explicá-la. Não há como nos livrar dela,
Fechar e aceitar
a não ser que falsifiquemos os próprios fatos que nos levam a ela”(J. I. Packer). Um bom exemplo se encontra no
ensino de Jesus quando declarou que “ninguém pode vir a mim, se o Pai … não o atrair” (Jo 6.44) e que “vocês não
querem vir a mim para terem vida” (Jo 5.40). Por que as pessoas não vão a Jesus? Será porque não podem”Ou é
porque não querem? A única resposta compatível com o próprio ensino de Jesus é: “Pelas duas razões, embora
não consigamos conciliá-las”.

4. Dizem que a predestinação produz complacência e gera antinomianos. Afinal, se Deus nos predestinou para a
salvação, por que não podemos viver como nos agrada, sem restrições morais, e desafiar a lei divina? Paulo já
respondeu esta questão no Capítulo 6. Aqueles que Deus escolheu e chamou, ele os uniu com Cristo em sua morte
e ressurreição. E agora, mortos para o pecado, eles renasceram para viver para Deus. Paulo escreve também em
outro lugar que “Deus nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em
sua presença (Ef 1.4 cf. 2 Tm1.9). Ou melhor, ele nos predestinou para sermos conformes à imagem de seu Filho.

5. Dizem que a predestinação deixa as pessoas bitoladas, pois os eleitos de Deus passam a viver voltados apenas
para si mesmos. Mas o que acontece é o contrário. Deus chamou um único homem, Abraão, e sua família apenas,
não para que somente eles fossem abençoados, mas para que através deles todas a famílias da terra pudessem ser
abençoadas (Gn 12.1ss). Semelhantemente, a razão pela qual Deus escolheu seu Servo, a figura simbólica de Isaías
que vemos cumprida parcialmente em Israel, mas especialmente em Cristo e em seu povo, não foi apenas para
glorificar Israel, mas para trazer luz e justiça às nações (Is 40.1ss; 49.5ss). Na verdade estas promessas serviram
de grande estímulo para Paulo quando ele, num ato de grande ousadia, decidiu ampliar sua visão evangelística
para alcançar os gentios. Assim, Deus fez de nós seu “povo exclusivo”, não para nos tornarmos seus favoritos, mas
para que fôssemos suas testemunhas, “para anunciar as grandezas daquele que nos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz”(1 Pe 2.9ss).

Portanto, a doutrina da predestinação divina promove humildade, não arrogância; segurança e não apreensão ;
responsabilidade e não apatia; santidade e não complacência; e missão, não privilégio. Isso não significa que não
existam problemas, mas é uma indicação de que estes são mais intelectuais que pastorais.
(Coleção A Bíblia Fala Hoje – Romanos, John Stott, p.300 a 304)

Igreja Presbiteriana do Natal


Em Deus Faremos Proezas: Uma Igreja em Cada Bairro
http://br.geocities.com/ipnatal

Doutrina da Eleição

Fonte de Encorajamento Para a


Pregação do Evangelho a Pecadores

(The Doctrine of Election – The Only Ground of Encouragement to Preach the Gospel to Sinners)

Dr. Bennet Tyler (1783-1858)

Bennet Tyler nasceu a 10 de julho de 1783, em Middlebury, Connecticut. Concluiu seus estudos preparatórios com
o Reverendo Ira Hart, seu pastor, e ingressou na Faculdade de Yale no outono de 1800. No seu segundo ano de
curso ele nasceu de novo – um ano memorável, pelo reavivamento de 1802, quando por volta de setenta alunos
foram alvos da graça regeneradora.
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Depois
Para saber de
mais,estudar teologia
inclusive sobre comosocookies,
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consulte aqui: Hooker,
Política de cookies de Goshen, Connecticut, Tyler foi licenciado pela
Associação do Norte do Condado de Litchfield em 1806, e ordenado pastor da igreja em South Britain em
Fechar 1808.
e aceitar
Foi eleito para o cargo de presidente do Dartmouth College (1822-1828) e depois serviu como pastor em Portland,
Maine (1828-1834). O resultado de uma séria disputa teológica com Nathanael Taylor o levou a ser indicado para
a presidência de um novo seminário que viria a ser conhecido como Hartford Theological Seminary (1834) –
posição que ocupou até a sua morte, em 1858.

O Dr. Tyler foi especialmente agraciado como instrutor teológico, administrador e pregador. Foi o autor de “A
Vida e os Labores de Asahel Nettleton”.

***

” Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário,
fala e não te cales; porquanto eu estou contigo e ninguém ousará te fazer mal, pois tenho muito
povo nesta cidade.” (Atos 18:9-10)

Os fatos aqui relatados ocorreram em Corinto, cidade grega destacada pela sua riqueza e magnificência, e não
menos pela sua luxúria e licenciosidade. Paulo parece ter sido a primeira pessoa a pregar o Evangelho naquela
cidade. Sua pregação, embora tenha obtido algum sucesso imediato, encontrou violenta oposição, e ele parece ter
ficado por um tempo grandemente desencorajado. Ciente da sua completa insuficiência para acalmar a inimizade
dos judeus, ou para conter a torrente de impiedade que prevalecia entre os gentios, ele estava quase pronto a
desistir, e a procurar algum outro campo de trabalho mais promissor.

Mas Deus, que conforta os abatidos, apareceu-lhe em uma visão e prometeu estar com ele e protegê-lo. Também
assegurou-lhe que, embora a situação parecesse tenebrosa e desencorajadora, os seus esforços ainda seriam
coroados com significativo sucesso, pois disse-lhe: ” tenho muito povo nesta cidade”. Encorajado por essa
declaração, permaneceu lá por um ano e seis meses, e teve um papel decisivo na formação de uma grande e
florescente igreja.

Em que sentido era verdade que Deus tinha muito povo em Corinto? Não em que eles fossem verdadeiros crentes,
pois quando essa declaração foi feita muito poucos haviam abraçado a fé cristã. A massa do povo continuava
idólatra e entregue aos mais grosseiros vícios. Mas havia muitas pessoas naquela cidade cujos nomes estavam no
livro da vida, das quais Deus tinha proposto fazer troféus da Sua graça – pessoas que Deus havia dado a Cristo no
pacto da redenção e que tinham sido predestinadas para a adoção de filhos.

Mas, se elas tinham sido dadas a Cristo e sido predestinados para a vida eterna, que necessidade havia de que
Paulo lhes pregasse o Evangelho, ou que algum meio fosse usado para efetivar sua conversão e salvação? Não
serão salvos aqueles que Deus escolheu para a salvação? Sem dúvida que sim; mas eles não serão salvos sem a
instrumentalidade dos meios, porque é parte do Seu divino propósito que eles sejam salvos desta forma. A razão
pela qual Deus determinara que Paulo continuasse a pregar o Evangelho em Corinto era porque Ele tinha muitas
pessoas naquela cidade. Isso foi dito para o seu encorajamento, e foi a principal fonte de encorajamento que ele
teve para perseverar em seus labores. Ele sabia que essas pessoas estavam mortas no pecado. Ele sabia que todos
os seus esforços para despertá-los para a vida espiritual eram totalmente impotentes; e que, por conseqüência,
elas viriam inevitavelmente a perecer, a menos que Deus se interpusesse pela Sua graça. Quão animadora
portanto deve ter sido para ele a compreensão de que Deus não tinha destinado todos os habitantes daquela
grande cidade para uma completa destruição, mas havia determinado, através da sua instrumentalidade, trazer
multidões das trevas para a Sua maravilhosa luz! E essa consideração susteve Paulo não só em Corinto mas em
todos os lugares onde era chamado para pregar o Evangelho. “Tudo suporto”, disse ele, “por causa dos eleitos,
para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus com eterna glória” (2 Tm 2:10). A mesma
consideração deveria nos suster e encorajar em nossos esforços para promover os interesses do reino de Cristo na
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terra. Eu retiro do texto, portanto, a seguinte doutrina:
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Fechar e aceitar
“O fato de Deus ter um povo escolhido na terra provê o encorajamento para a pregação do
Evangelho,
ou para se empregar os meios para a salvação de pecadores”

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