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PREFEITURA MUNICIPAL DE IBIRITÉ

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE CENTRO UNIVERSITÁRIO


DE BELO HORIZONTE
CURSO DE PSICOLOGIA

CAPACITAÇÃO PARA O ACOLHIMENTO DE


USUÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS
DROGAS E USUÁRIO
DOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL

Sumário
Apresentação 3
1- 4

2- 5

2.1- Princípios doutrinários 6


2.2- Princípios organizativos 7
3- 7

3.1- A Rede de Atendimento Psicossocial em Ibirité 7


4- 8

4.1- Linhas de cuidado 9


5- 10

5.1- O acolhimento em saúde 11


6- 11

6.1 A atenção básica e os usuários da saúde mental 12


6.1.2 O Guia de Saúde Mental ... 12
6.2- A atenção básica e os usuários de álcool e outras drogas 13
6.2.1 Abordagem da Redução de Danos na Atenção Básica 14
6.3 - Atendimento humanizado na Atenção Básica 16
6.4 O papel do ACS na equipe de saúde 17
CONCLUSÃO.........................................................................................18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20
Apresentação
O projeto proposto será conduzido
pelos alunos* do curso de Psicologia
do Centro Universitário de Belo
Horizonte- UniBH, sob a supervisão
da professora Cíntia Maria Teixeira.
Os acadêmicos referidos encontram-
se no último período do curso de
Psicologia e finalizam sua formação com o objetivo de contribuir para a capacitação
dos sujeitos e das equipes nas instituições, identificando modos de atuação
preventiva na saúde.

Os alunos serão capazes de contribuir no processo de formação dos agentes


comunitários de saúde (ACS) propondo uma compreensão macro sobre o Sistema
Único de Saúde (SUS), bem como dos equipamentos que compõem a Rede de
Atenção Psicossocial. Nesse sentido será possível fomentar discussões acerca da
articulação dos equipamentos de saúde mental integrantes da Rede de Atenção
Psicossocial e responsável por acolher os usuários de álcool e outras drogas, bem
como usuárias da saúde mental. As discussões acerca da complexidade da lida, do
tratamento e do acolhimento desta população será embasada nos conhecimentos
construídos nas disciplinas de Psicopatologia e Psicofarmacologia. Desse modo,
será possível sustentar discussões sobre a atual estigmatização da loucura e
qualificar o senso crítico dos agentes comunitários de saúde acerca da política
antimanicomial.

Subsidiados pelas experiências práticas dos estágios realizados em Centros de


Saúde, Centros de convivências, CERSAM, Hospitais Dia e na clínica escola os
alunos contribuirão para a elaboração de estratégias para o acolhimento da
população de usuários de álcool e outras drogas e da saúde mental.

*Alunos
Amir Nadur J. Ítalo de Oliveira Ferreira Bianchi
Brenda Marjorie Silva Lopes Luiz Eduardo Xavier Patrícia C. dos Santos Oliveira
Carla Alves Azeredo Pereira
3 Paula Abreu Figueiredo
Eliane Vieira Sanguinete Marina Martins Vidal Rosana Márcia Sant’Ana Neves
1- COMO SURGIU O SUS?
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi uma
grande conquista brasileira. Até a
promulgação da Constituição Federal de
1988 o sistema público de saúde prestava
assistência apenas aos trabalhadores
vinculados à Previdência Social. Na
ocasião este público era de
aproximadamente 30 milhões de pessoas
com acesso aos serviços hospitalares,
cabendo o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas, como por exemplo,
as Santas Casas de Misericórdia. Dois anos após a promulgação da nova constituição
começa a vigorar um sistema de saúde público que contemplasse toda a população
brasileira. Em 19 de setembro de 1990 foi promulgada a Lei Orgânica da Saúde de nº
8.080. O primeiro passo para a regulamentação se deu a partir de inúmeras manifestações
e lutas populares, por meio da Constituição Cidadã. Um marco para a criação do SUS foi a
8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, onde legitimaram o conceito de saúde pública
e foram estabelecidas as bases para tal sistema. Em 1988, a Constituição Federal passa a
reconhecer a saúde como direito de todos e dever do Estado.

O SUS foi criado pela lei 8.080, em 1990, regulando as ações e serviços de saúde em todo
território nacional e, atribuindo como dever do Estado a garantia de saúde bem como a
redução de riscos e doenças, propondo então ações e serviços para promoção, proteção e
recuperação (BRASIL, 1990). Tal lei, assegura, alguns princípios que contribuem para um
atendimento igualitário e uniforme em todo território nacional, que são: universalidade de
acesso; igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer
espécie; utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades; participação da
comunidade; descentralização político-administrativa, dentre outros.

Tal lei, assegura, ainda, alguns princípios que contribuem para um atendimento igualitário e
uniforme em todo território nacional, que são: universalidade de acesso; igualdade da
assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie; utilização da
epidemiologia para o estabelecimento de prioridades; participação da
comunidade; descentralização político-administrativa, dentre outros.
4
Outra lei importante, a Lei 8.142/90, foi aprovada e garante a participação popular na
gestão do SUS. A referida lei exerce o princípio do Controle Social que é um processo no
qual a população participa, por meio de representantes, da definição, execução e
acompanhamento das políticas públicas de Estado e das políticas de governo. O exercício
efetivo do controle social na saúde acontece por meio dos Conselhos e pelas conferências
de saúde. Os conselhos são compostos por representantes do governo, prestadores de
serviços, profissionais de saúde e usuários. Estas pessoas atuam na elaboração de
estratégias e no controle da execução das políticas de saúde do município. Assim, a partir
da Constituição Brasileira de 1988 e tais leis que regulamentam o SUS começou-se um
processo de reestruturação e organização da saúde brasileira através da descentralização
dos serviços e ações de promoção de saúde e vigilância em saúde.

2- PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO SUS


O Sistema único de Saúde estrutura-se a partir de princípios básicos de atuação e
de princípios organizativos. Tais princípios tem o objetivo de orientar as ações do sistema,
bem como embasar a elaboração de políticas públicas e de governo para a saúde.

2.1- Princípios doutrinários


O Sistema Único de Saúde, para o cumprimento de seus objetivos, possui
premissas fundamentais para que deverão pautar todas as decisões que envolvam o
sistema. Os chamados princípios do SUS foram elencados a partir de sua regulamentação
e são regras gerais e básicas para o funcionamento do sistema.

Direito de
Universalidade
todos

PRINCÍPIOS Visão ampla


Integralidade
DO SUS de saúde

Tratamento
Equidade diferente para
igualar

5
2.2- Princípios organizativos

Os princípios organizativos estão previstos na Lei Orgânica da Saúde e determinam


de modo geral, quais serão as principais referências para a estruturação do SUS e de que
modo as estruturas serão ampliadas. Além disso, os princípios organizativos orientam sobre
as responsabilidades regionais e geográficas da atenção à saúde.

Regionalização e Hierarquização

Processo de articulação entre os


Divisão de níveis de atenção
serviços que já existem

Descentralização e Comando único

Redistribuir poder e responsabilidade Garantir o controle e a fiscalização por


entre município, estado e união parte dos cidadãos

Participação Popular

Criação dos conselhos e as conferências de saúde, que visam formular


estratégias, controlar e avaliar a execução da política de saúde.
6
Figura SEQ Figura \* ARABIC 1
Ministério da Saúde (Adaptado)
3- REDE DE ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL

A Rede de Atenção Psicossocial é composta pelos equipamentos de saúde tais como


Centros de Saúde, hospitais, residências terapêuticas, que, de modo articulado, oferecem
cuidados vinculados à atenção psicossocial da população. A RAPS foi criada a partir da Lei
nº 10.216/2001 (Lei da reforma psiquiátrica) que propõe uma nova abordagem para o
modelo de saúde assistencial em saúde mental. As Redes de Atenção Psicossocial são
fundamentais para a organização de atendimento humanizado dos usuários dos serviços de
saúde mental. Nessa perspectiva o foco para o atendimento deixa de ser a doença
isoladamente e passa a ser o sujeito de modo integral. Essa perspectiva foi adotada pela
Reforma Psiquiátrica a partir da compreensão teórico-prática do quão complexo é a
concepção de saúde.

Durante muitos anos no Brasil tratou-se as pessoas com transtornos mentais como sujeitos
incapazes e totalmente dependentes. Desse modo coube a essa população o
enclausuramento total em instituições como hospitais psiquiátricos e manicômios. A tratativa
com os usuários de álcool e outras drogas foi, e ainda é em muitos casos, bastante
semelhante. A relação do sujeito com a substância não deve ser vista apenas como uma
relação química em que a abstinência ou o impedimento do contato sejam capazes de
solucionar. A reforma psiquiátrica apresenta a necessidade de socialização das pessoas e a
possibilidade de que a loucura tenha seu lugar social não marginalizado. Assim a RAPS
subverte a ideia da institucionalização das pessoas com transtornos mentais e da
internação compulsória de usuários de álcool e outras drogas.

3.1- A Rede de Atendimento Psicossocial em Ibirité

A Rede de Atendimento CAPS


Psicossocial de Ibirité é composta por oito
Centro de Hospital
Saúde Matriciamento Municipal
equipamentos da saúde. Dessa forma
cada usuário pode ser encaminhado para
Atendimento
o serviço específico e de acordo com sua Psicológico

necessidade levando em consideração as


REDE DE Residência
condições de saúde, a vulnerabilidade CAPS (AD) Terapêutica
ATENDIMENTO
social, a existência ou não de laços PSICOSSOCIAL DE
familiares. IBIRITÉ

7
CAPS
(Infantil) SAMU

UPA
4- NÍVEIS DE ATENÇÃO EM SAÚDE

A prestação de assistência à saúde está organizada de maneira que os serviços sejam


oferecidos nos três níveis de governo e do modo mais eficiente possível. Dessa forma os
níveis de atenção à saúde dividem-se em três e são eles:

NÍVEIS DE ATENÇÃO
Primário Secundário Terciário
É a “porta de entrada” dos Serviços especializados É o conjunto de terapias
usuários no SUS. Seu em nível ambulatorial e e procedimentos de
objetivo é orientar sobre a hospitalar, com elevada especialização.
prevenção de doenças,
densidade tecnológica Organiza também
solucionar os possíveis
intermediária entre a procedimentos que
casos de agravo e direcionar
os mais graves para níveis atenção primária e a envolvem alta tecnologia
de atendimento superiores terciária, historicamente e/ou alto custo.
em complexidade. interpretada como
procedimentos de média
complexidade.

Unidades Unidade de Hospital de


Básicas de Pronto Pronto Socorro
Saúde Atendimento

Equipe de Saúde
da Família
Hospital geral

Hospitais Oncologia
Agentes Ambulatóri Cardiologia
comunitários de
Saúde os Oftalmologia
Transplantes
8
Diálise
Cirurgias
Núcleo de Apoio
à Saúde da
Família
4.1- Linhas de cuidado

As linhas de cuidado são uma forma lógica de organizar a distribuição dos serviços de
saúde ofertados em um fluxo capaz de conduzir os processos de trabalho de forma eficaz e
eficiente. As linhas de cuidado também definem qual equipe terá a responsabilidade sobre
aquele cuidado, bem como quem deva ser o responsável por aquela linha. Todos os pontos
de atenção à saúde são importantes para que os objetivos da rede de atenção à saúde
sejam cumpridos e para que a prestação dos serviços seja eficaz os pontos de atenção
diferenciam-se pelas distintas densidades tecnológicas.

Um conceito importante para a compreensão as linhas de cuidado é o de diretrizes


clínicas que são recomendações que orientam decisões assistenciais, de prevenção,
promoção e organização dos serviços de saúde. Basicamente as diretrizes baseiam-se
numa concepção ampliada de saúde- doença e desdobram-se em guias práticos de
conduta e protocolos assistenciais. Na Atenção Primária à Saúde (APS) uma vez
identificada a necessidade básica do usuário, os profissionais de saúde deverão adotar a
linha específica para a condução do paciente, seja do ponto de vista clínico ou social
traçando assim o desenho terapêutico do usuário da rede.

NASF

9
5- AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE
O Programa de Agentes Comunitários de Saúde foi instituído a partir da estruturação da
rede de atenção básica, em 1991. O objetivo da criação do programa era buscar
alternativas para melhorar as condições de prevenção e promoção de saúde nas
comunidades. As atribuições dos agentes estão descritas na Política Nacional de Atenção
Básica (PNAB).

Atribuições Trabalhar com adscrição de famílias em base geográfica


definida, a micro área

Cadastrar todas as pessoas de sua micro área e manter os


cadastros atualizados

Orientar as famílias quanto à utilização dos serviços de saúde


disponíveis;

Realizar atividades programadas e de atenção à demanda


espontânea

Acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias e


indivíduos sob sua responsabilidade, mantendo como
referência a média de uma visita/família/mês

Desenvolver ações que busquem a integração entre a equipe


de saúde e a população adscrita à UBS, considerando as
características e as finalidades do trabalho de
acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou
coletividade

Desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção


das doenças e agravos e de vigilância à saúde, por meio de
visitas

Estar em contato permanente com as famílias, desenvolvendo


ações educativas, visando à promoção da saúde, à prevenção
das doenças e ao acompanhamento das pessoas com
problemas de saúde.

Figura 3 Política Nacional de Atenção Básica 2017 (Adaptado)


10
5.1- O acolhimento em saúde

Todas as ações e serviços em saúde devem ser inspirados


no princípio da humanização, ou seja, as questões de
crença, cultura, religião, convicções políticas, orientação
sexual, gênero, origem (indígena, quilombola, ribeirinho)
devem ser respeitadas e consideradas para o
planejamento das ações em saúde. O acolhimento é uma
das ferramentas para concretizar esse princípio e se traduz
no modo de agir e dar atenção às pessoas que procuram os serviços de saúde, recebendo
a demanda específica trazida, mas também compreendendo de maneira mais ampla outras
questões que exerçam possível efeito sobre a condição de saúde daqueles indivíduos.

A relação estabelecida entre os agentes comunitários de saúde e os usuários se forma à


medida em que a pessoa e família atendida compreende as intervenções do agente como
benéficas para sua condição de saúde. A medida em que os usuários e agentes passam a
se conhecer melhor cria-se um vínculo muito importantes entre o usuário e o serviço de
saúde.

O agente comunitário de saúde tem um papel importante na identificação de fatores que


podem dificultar ou impedir o acesso dos usuários de populações específicas às unidades
de saúde. Muitas vezes esses entraves estão baseados na falta de informação sobre os
serviços de promoção, prevenção e tratamento de saúde oferecidos pela unidade de saúde.
Nesse sentido a atuação dos ACS é fundamental para prestar esclarecimentos acerca do
funcionamento do sistema de saúde, por sua proximidade e vínculo com a comunidade.

6- PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM SAÚDE


Pode-se compreender promoção de saúde como o processo de capacitação da comunidade
para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação
no controle desse processo. Nesse sentido é preciso compreender a saúde como um
conceito positivo, que considera de modo relevante as condições e recursos sociais e
pessoais de uma população.
A Atenção Primária à Saúde tem um papel muito importante da prevenção e na
promoção em saúde. A proximidade da comunidade e a presença dos agentes comunitários
de saúde contribuem para que a APS solucione problemas comuns e de complexidade
baixa da população, evitando assim o agravamento de condições de saúde.

6.1 A atenção básica e os usuários da saúde 11 mental

Durante muitos anos o modelo de assistência psiquiátrica no Brasil foi


baseado na hospitalização e no asilamento dos doentes com o intuído de
manutenção da ordem moral e social pública. Os tratamentos eram
conduzidos, na maior parte das vezes, com opressão, precárias condições de vida,
pouca ou nenhuma possibilidade de socialização.

Após a reforma psiquiátrica o sistema de saúde passou a garantir o exercício da cidadania


das pessoas com transtornos mentais e garantir seus direitos de individualidade e
autonomia. A partir dessa concepção o atendimento passou a ser oferecido na rede de
atenção primária como para os demais usuários e respeitando o princípio doutrinário da
equidade, serviços específicos, como as Redes de Atendimento Psicossocial, foram criados
para oferecer atendimento adequado às pessoas com transtornos mentais.

6.1.2 O Guia de Saúde Mental como apoio às abordagens dos ACS’s

O Guia de Saúde Mental é uma ferramenta de trabalho e tem como um dos objetivos
apoiar os ACS no desenvolvimento de ações de cuidado em saúde mental às pessoas,
famílias e comunidade que fazem parte do território de atuação desses profissionais. Com
essa cartilha é esperado que sejam minimizadas as angústias que os profissionais sentem
ao se depararem com pessoas e famílias que têm, ou que convivem com problemas de
saúde mental, em especial com aqueles decorrentes do uso prejudicial de álcool, crack e
outras drogas. A seguir, apresentaremos algumas orientações relacionados ao atendimento
e intervenção com usuários de álcool e outras drogas.
É importante que a intervenção com os usuários de álcool e outras drogas aconteça sem
afastá-los da família e da comunidade. Para tanto, é fundamental tratar e apoiar todos
envolvidos, priorizando famílias que demonstram maior dificuldade com a situação. Nesse
sentido, um Projeto Terapêutico deve ser desenvolvido para cada grupo familiar a partir do
conhecimento, aceitação e respeito das pessoas, considerando que cada lugar apresenta
suas particularidades e seus desafios.
O ACS não precisa ter todas as respostas diante dos questionamentos embaraçosos que
possam surgir no acolhimento, podendo e devendo buscar ajuda da equipe para conversar
e esclarecer ao usuário no próximo encontro. A maneira como se estabelecem as relações
entre a equipe faz toda diferença no trabalho. As equipes devem se complementar. 12

A Redução de Danos (RD) é uma estratégia muito útil para aumentar a qualidade de vida
das pessoas, pois visa a diminuição de malefícios à saúde construindo conjuntamente um
modo de viver mais saudável. Para usar as estratégias de RD com os usuários, é
importante pergunta-lo se solicita ajuda, quais os malefícios o consumo de drogas está lhe
causando e como o profissional poderá ajudá-lo a diminuir e eliminar alguns desses efeitos.
Entre as ferramentas para desenvolver as estratégias de redução de danos, estão a escuta,
o acolhimento, o vínculo e o acompanhamento ao longo do tempo, sempre pensando o
usuário de uma maneira integral.

O ACS precisa estar disposto a participar da vida da comunidade. A atuação em territórios


violentos e vulneráveis, por exemplo, pede a compreensão de uma posição neutra que
nunca toma partido de conflitos locais. Ao contrário, sempre contribui para a criação de
territórios de paz. Por fim, é importante que o ACS esteja consciente de que carrega em si a
diminuição de sofrimento, a aproximação da saúde, a confiança conquistada pela escuta, a
orientação para um novo caminho. E, dessa maneira, ele experimenta o triunfo da sua
profissão.

6.2- A atenção básica e os usuários de álcool e outras drogas

Historicamente, a questão do uso abusivo e/ou dependência de álcool e outras drogas tem
sido abordada por uma ótica predominantemente psiquiátrica ou médica. As implicações
sociais, psicológicas, econômicas e políticas são evidentes, e devem ser consideradas na
compreensão ampla do problema. É importante destacar que o consumo de drogas ilícitas é
constantemente relacionado à criminalidade e práticas antissociais. Essa percepção
distorcida do uso de álcool e outras drogas promove a cultura do combate à substância e
posiciona o indivíduo e seu meio social em um plano menos importante.

As condições de saúde dos etilistas e


drogadictos não se resumem às consequências
do uso das substâncias e a prestação de
13
serviços de saúde para esta população deve ser
integral e específica. Uma situação comum para
esta população é a ausência total ou a
fragilidade dos vínculos familiares o que dificulta
a adesão ao tratamento, a localização dos usuários. A entrada na rede de atenção à saúde
é fundamental para a minimização dos danos do uso das substâncias e para a promoção da
saúde em outros aspectos. A Política Nacional de Redução de Danos prevê a assistência
dos usuários em questões básicas de assistência social e de saúde que visem minimizar os
danos causados pela substância ou extinguir todos os danos adjacentes ao uso.

6.2.1 Abordagem da Redução de Danos na Atenção Básica

A Política Nacional de Atenção Básica (Brasil, 2017) predispõe que as equipes


multidisciplinares devem inserir em suas práticas uma abordagem com foco na redução de
danos e a manutenção da saúde.

O QUE VEM A SER REDUÇÃO DE DANOS?

Atuar na lógica da redução de danos implica que a abordagem


deve ser centrada no acolhimento empático, no vínculo e na
confiança de tal forma que esta atitude por parte do ACS
favoreça a adesão da pessoa ao serviço básico de saúde.
Quando os usuários do serviço compreendem que precisa
buscar ajuda para lidar com seu problema a atuação do ACS é
de certa maneira facilitada evitando ações menos normalizadora
e prescritiva. Desta forma, o ACS evita uma postura de
julgamento no sentido de valorar quais comportamentos são
adequados ou não.
DEVEMOS ABORDAR APENAS O USUÁRIO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS?
Trabalhar na lógica da redução de danos implica necessariamente abordar a
família desta pessoa oferecendo possibilidades de apoio para ajudá-la a lidar
com o problema. Geralmente, os usuários de álcool e outras drogas
dificilmente procuram os serviços da atenção básica, o que em muitos casos,
torna a família o elo de ligação entre equipe de saúde e o usuário. Não
apenas os usuários e sim toda a família, precisam ser assistidos para que
CUIDADO
possam enfrentar em conjunto o problema que afeta a todos. CUIDADO TUTELAR
EMANCIPATÓRIO

QUAIS DEVEM SER AS AÇÕES PRIORITÁRIAS DOS ACS COM FAMÍLIA E USUÁRIO
DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS?
14

Avaliar a situação
Criação do vínculo com
analisando o contexto
todas as pessoas
social e econômico dos
envolvidas no problema.
envolvidos

Estabelecer um diálogo
Atuar de forma diretiva no
com os envolvidos para
sentido de sugerir algumas
que ampliem a percepção
ações no cotidiano das
e análise da situação às
pessoas:
quais estão envolvidos.
Tentar sempre que
Alternar o consumo de
possível, reduzir a
bebida alcóolica com
quantidade e o uso de
alimentos.
drogas.

Informar que não se Evitar a ingestão de


deve dirigir após bebidas alcoólicas,
ingerir álcool e/ou estando de barriga
drogas. vazia

Aos usuários de crack


ou drogas ingetáveis,
orientar não Ingerir bastante água
compartilhar
cachimbos ou seringas

6.3 - Atendimento humanizado na Atenção Básica

O papel do agente comunitário de saúde na comunidade 15

A assistência em saúde mental da comunidade tem sido realizada pelas unidades básicas
de saúde por uma equipe multiprofissional composta por agentes comunitários de saúde,
médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos. Os ACS são os membros da equipe que
melhor compreendem o contexto social dos usuários, pois além de prestar atendimento a
partir da demanda individual esses profissionais são capazes de identificar potenciais
questões sociais que tenham algum impacto na condição de saúde das pessoas.

O processo de formação permanente dos ACS

Os serviços de saúde mental devem promover a ampliação da autonomia das pessoas e


das comunidades. Além disso, deve ser centrado nos princípios de cidadania, participação,
descentralização e intersetorialidade permitindo aos usuários a manutenção e o resgate de
vínculos sociais que acabam se perdendo diante de longas e repetidas internações
psiquiátricas. Nesta perspectiva o processo de educação permanente dos agentes
comunitários de saúde se configura como um instrumento primordial para a atuação na
comunidade.
A educação permanente dos ACS está voltada para o
aprimoramento do exercício de sua função, uma vez que
é uma profissional base a favorecer a não
institucionalização dos usuários. A ação dos Agentes
comunitários de saúde visa promover:
Uma tecnologia de cuidados que considere um compromisso
ético de acolher e cuidar de pessoas culturalmente
desinseridas, socialmente abominadas, transfigurando-as em
sujeitos amorosos, passíveis de alguma inteligibilidade, de
provocar simpatia, solidariedade e alianças terapêuticas. (Pitta,
1996, p 154-155)

A partir destas prerrogativas a equipe de agentes comunitários de saúde discutem


os casos mais relevantes com suas respectivas equipes a fim de compreender de maneira
coletiva qual é a melhor jornada terapêutica para cada indivíduo. Durante a apresentação
de casos os ACS podem esclarecer questões técnicas e realizar importantes apontamentos
sobre vínculo familiar, condições socioeconômicas e outros fatores que possivelmente
interferem nas condições de saúde.

Atenção dos agentes comunitários de saúde em relação ao público alvo

O processo de promoção da saúde em relação aos usuários da saúde mental e de álcool e 16


outras drogas tem início na análise feita pelos agentes comunitários de saúde sobre o
contexto social da comunidade e segue com ações específicas, como:

▪ Identificar os usuários específicos ▪ Promover momentos de


▪ Informar-se sobre o morador e afetividade;
fazer cadastro ▪ Estimular a independência;
▪ Acompanhar os profissionais de ▪ Respeitar a sua necessidade
saúde nas visitas domiciliares espiritual e religiosa;
▪ Promover o bem-estar ▪ Estimular o gosto pela cultura
▪ Ouvir o morador respeitando a sua ▪ Incentivar o gosto pelo estudo;
necessidade individual de falar; ▪ Estimular a participação em
▪ Ajudar a recuperação da terapias ocupacionais e físicas;
autoestima dos valores e da ▪ Observar as alterações de
afetividade; comportamentos
▪ Informar aos moradores da agendados
comunidade sobre procedimentos

6.4 O papel do ACS na equipe de saúde

Selecionar quais os casos que devem ser


encaminhados para a equipe

T Ter noção de família:


“Consideramos família todo grupo
1
de pessoas coabitam e/ou
desenvolvem entre si as mais
variadas formas de convívio
afetivo
O encaminhamento se inicia no
2 momento em que há contato com
o grupo familiar, de maneira a
tratar e apoiar essas pessoas
para que elas possam lidar da
melhor forma com o membro mais
É importante priorizar aquelas
doente
3 famílias que têm uma dificuldade
maior para enfrentar o problema
4 Elaborar para cada família um projeto terapêutico

5 Acompanhar cada usuário individualmente 17


Acompanhar cada usuário individualmente

6 Redirecionamento do cuidado, numa perspectiva de atenção


integral e humanizada aos usuários.

Ter uma suspensão provisória de opinião: deve-se cuidar para


7 não impor a sua própria visão de mundo ao outro; as pessoas
devem ser aceitas e respeitadas conforme sua própria maneira
de entender o mundo e a si mesmo.

É importante que lembrar que existe uma equipe com quem os


8 ACS podem contar, caso precisem.

Buscar e estimular parcerias no território para garantir o


9
atendimento (nos CAPS e/ou Unidades de acolhimento)

10 Evitar participar de conflitos familiares ou comunitários


CONCLUSÃO

Os transtornos mentais e o uso abusivo de substâncias como álcool e outras drogas não
devem se confundir. Trata-se de situações bastante distintas, mas convergem na percepção
social que causam e na dificuldade que esses dois públicos têm em estabelecer vínculos
com os serviços de saúde. É fundamental estabelecer uma concepção positiva sobre a
entrada dessa população nas unidades de saúde, vislumbrando benefícios resultantes dos
vínculos estabelecidos com o serviço. Este manual e a capacitação do ACS teve como foco
contribuir na inserção desses sujeitos. Para que isso se efetuasse procuramos abordar
neste material como o Sistema Único de Saúde (SUS) se materializa na forma dos
equipamentos que compõem a Rede de Atenção Psicossocial e, além disso, levantar
questionamentos sobre a atuação dos agentes comunitários de saúde (ACS), de modo a
contribuir nas dificuldades, promoção e prevenção da saúde do público em questão.

Compreendemos que os agentes têm extrema importância na inserção desses usuários,


pois é através deles que se gera um vínculo dos usuários com o serviço de saúde. A
capacitação dos ACS se faz necessária através de um princípio de humanização,
indagando e buscando soluções para as dificuldades que se fazem presentes na prática.
Foi pertinente evocar princípios sobre como a equipe se relaciona, pois, é através dela
como um todo que são efetivadas soluções para melhor efetivação da prática.
18
Projetos e intervenções ainda são sempre necessários como maneira de minimizar os
danos. Construir práticas de saúde com foco na promoção e prevenção da saúde
considerando o contexto social em que os usuários estão inseridos são fundamentais para o
sucesso do trabalho da equipe de saúde.

19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, V. S. (2005). Um modelo de educação em saúde para o Programa Saúde da


Família: pela integralidade da atenção e reorientação do modelo assistencial. Interface:
comunicação, saúde, educação, 9(16), 39-52

BRASIL, Secretaria Municipal de Saúde. Plano Municipal de Saúde. Ibirité. Secretaria


Municipal de Saúde, 2015

______. Lei Nº. 8080/90, de 19 de setembro de 1990. Brasília: DF. 1990. Disponível em
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8080.htm Acesso em: 23 abr. 2018.

______. Lei Nº. 8142/90, de 28 de dezembro de 1990. Brasília: DF. 1990. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8142.htm Acesso em: 23 abr. 2018.

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______. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da


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______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p

PITTA, A. O que é a reabilitação Psicossocial no Brasil, hoje? In: PITTA, A. (org.).


Reabilitação psicossocial no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1996. P.19- 26.

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