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FICHAMENTO - PET

Nome: Natália Coelho Gonçalves

Texto: LORIGA, Sabina. “A biografia como problema”. In: REVEL, Jacques


(org.). Jogos de escalas. A experiência da microanalise. Rio de Janeiro: Editora da
Fundação Getúlio Vargas, 1998. (PP. 225-249)

1 – A aposta biográfica

Pág 225- A autora inicia o texto abordando a imprecisão que sempre marcou a
fronteira que separa a biografia da história. Porém ela ressalta uma mudança radical
nesse ponto: após um longo período dedicado apenas aos interesses pelos destinos
coletivos, o individuo voltou a ocupar hoje um lugar central na preocupação dos
historiadores.
“A redescoberta da biografia remete principalmente a experiências no campo da
história atentas ao ‘cotidiano’, a ‘subjetividades outras’: por exemplo, a história oral, os
estudos sobre cultura popular e a história das mulheres. O desejo de estender o campo
da história, de trazer para o primeiro plano os excluídos da memória, reabriu o debate
sobre o valor do método biográfico.”

Pág 226 e 227 – A autora mostra como a crise do modelo de análise histórico
estrutural, ou seja, a análise marxista, possibilitou o deslocamento do interesse, antes
focado exclusivamente na atividade econômica e política do camponês ( ou do
operário) para sua subjetividade.
Porém, o novo furor biográfico, foi visto por muitos historiadores com alguma
reserva. Temia-se o abandono da “história problema” e a volta de uma história
cronológica, narrativa.
Mesmo entre os partidários da biografia, prevaleceu uma “visão resignada,
minimalista, baseada na estranha convicção de que é menos complexo e menos difícil
debruçar-se sobre o personagem –homem do que sobre as estruturas sociais” (p.228).

2- Alguns predecessores antigos

Pág 228 e 229 – A autora volta ao tempo, de forma a lembrar os altos e baixos
do gênero biográfico.
É colocado que a própria antiguidade foi marcada pela distinção entre história e
biografia. Plutarco aqui, é apontado pela autora, como o grande defensor da biografia.
O debate perdurou entre os historiadores modernos. Houve por um lado, um
desprezo pela biografia, como o exemplo do historiador John Hayward, que em sua obra
intitulada Life and reigne of king Henry III (1599) “recomendava que não se
confundisse ‘o governo das grandes potencias’ com a vida e os feitos dos homens
ilustres”(p229).
Porém, essa separação entre história e biografia não foi aceita de forma unânime
na época moderna. Muitos historiadores no século XVIII acreditavam sim “que o
destino individual dos homens ilustres permitia compreender as escolhas de uma
nação”(p.229).
Pág 230 – A autora mostra que no século XIX, entre os filósofos, ocorreu um
aprofundamento do fosso entre biografia e história, devido a busca destes pelo sentido
da história empírica na história filosófica.
Passou-se a adotar uma visão providencial da história (onde se acreditava que os
indivíduos cumpriam algo que nem mesmo eles poderiam compreender), fazendo assim,
com que se perdesse ainda mais o interesse pela dimensão biográfica.

Pág 231 e 232 – Essa nova visão filosófica da história foi compartilhada
principalmente pelos historiadores positivistas: “Para os historiadores positivistas, as
qualidades pessoais, inclusive as dos grandes homens, não bastavam para explicar o
curso dos acontecimentos, e era preciso levar em consideração as instituições e o meio
(a raça, a nação, a geração e etc.)” (p.231). Segundo a autora, essa atitude teve uma
outra conseqüência conceitual que foi a de purificar o passado, uma vez que no enfoque
evolucionista era indispensável renunciar as variações, as diferenças.
Porém, as particularidades pessoais e principalmente as especificidades
nacionais ainda eram afirmadas pela maioria dos historiadores do século XIX. É citado
como exemplo os trabalhos de Leopold Von Ranke, Barthold Niebuhr, Thomas
Babington Macaulay ( “que acreditava que o espírito de uma época ou de uma
civilização não podia ser entendido a não ser por intermédio da realização pessoal dos
grandes protagonistas”; p.232), entre outros.

3 – O herói

Pág 233 – A autora mostra que na metade do século XIX as tonalidades heróicas
tornaram-se particularmente vivas. Indo em oposição a concepção positivista da
história, ocorreu por parte dos historiadores uma valorização das capacidades e ações
individuais. Porém, não era todo o individuo que merecia um tratamento particular, mas
apenas “o homem que faz a história”.

Pág 234 e 235 – É colocado que a biografia foi uma forma encontrada por alguns
historiadores de não cair na armadilha da “história historizante”, da história cronológica,
que pregava que os fatos falavam por si.

Pág 236 e 237 – Segundo a autora as argumentações em favor da biografia


acabaram-se por se mostrar bastante ambíguas. Isso porque, se de um lado a biografia
servia para enaltecer certas capacidades criadoras de determinados homens, por outro
lado revestia esses mesmos homens de uma certa “divindade” (a figura do herói).

4- O homem patológico

Pág 237 – Enquanto alguns historiadores ainda celebravam alguns heróis do


passado, mais ou menos na mesma época, o campo literário passa a privilegiar cada vez
mais a história dos homens comuns.

Pág 338-340 - Porém a autora mostra que nem todos os historiadores


mantiveram-se conservadores no que diz respeito a história dos destinos individuais.
Ela cita como exemplo as reflexões do historiador Jacob Burckhardt. Este,
embora não abandonando totalmente a figura do herói, procurava aprofundar sua análise
no drama dos limites humanos (homem patológico), deixando de lado portanto, este
espírito de divindade que muitas vezes caracterizou certos indivíduos históricos.
“Para Burckhardt como para Soren Kierkegaord, o centro permanente da história
era o homem mortal, geralmente sofredor, ‘o homem com suas dores, suas ambições e
suas obras, tal como ele foi, é e será sempre’! Não o homem da providência dos
filósofos e nem mesmo essa impostura romântica que é o herói, mas antes o individuo
independente, livre em seu limitado, que conhece e admite sua dependência em relação
aos acontecimentos gerais do mundo”. (p.239)

5 – O homem-partícula

Pág 241 e 242 – Dando continuidade as considerações sobre a biografia


histórica, a autora Sabina Loriga, analisa agora a obra de Hippolyte Taine. De acordo
com este autor, as idéias e os sentimentos deveriam ser observados em sua variedade no
individuo, uma vez que estes representavam a verdadeira causa das ações humanas.
“Para Taine, a única história válida devia basear-se na psicologia, e não existia
contradição entre o particular e o geral. Seu ponto de partida, confessava ele em 19 de
setembro de 1891, não era uma idéia a priori ou uma hipótese sobre a natureza, mas a
observação experimental: toda noção abstrata devia ser separada e analisada a partir de
uma situação particular ou de um individuo concreto”.(p.241)

Pág 243 – É mostrado, como no inicio do século XX, alguns desses pontos
analisados das obras de Burckhardt e Taine foram retomados e aprofundados pelos
historiadores prosopógrafos e outros estudiosos. Entre os estudiosos citados estão:
Lewis Namier, Freud entre outros.

6 – Norma e possibilidade

Pág 244 – Sabrina Loriga mostra que desde então a crise do heroísmo chegou a
um ponto extremo. Porém a morte do herói não eliminou a possibilidade de se estudar o
individuo. Ocorreu apenas uma mudança de foco. Se antes se estudava o “grande
homem” hoje a aposta é no estudo do homem comum.
Entre os trabalhos que marcaram esses novos estudos encontram-se os de
Edward P. Thompson, Carlo Ginzburg, entre outros.

Pág 245 – Porém, essa transformação biográfica se mostra ainda bastante


trabalhosa. Tem-se ainda a dificuldade de exprimir a múltiplas experiências de um
individuo, ou seja, retratar um individuo não estático, mas de atitudes imprevisíveis,
incoerente e múltiplas dentro da sociedade.

Pág 246 – A autora aponta que o grande problema na produção biográfica é que
muitas vezes se busca ( ou força-se) uma coerência, uma unidade de sentido, entre o
meio ( o contexto) e a vida de determinado individuo.

Pág 247 a 249 – Isso se deve muitas vezes a regra do oficio, que impõe a
contextualização da pessoa em seu ambiente; regra essa que faz com que se difira a
biografia histórica da biografia como gênero literário. Porém, esse princípio
fundamental foi muitas vezes confundido com o da representatividade, onde se busca no
estudo da existência uma certa normalidade, uma conformidade com o todo social.
Porém a autora mostra, que estudos realizados nos últimos anos pela micro-
história têm contribuído para mudar essa perspectiva. Assim, já “não é necessário que o
individuo represente um caso típico, ao contrário, vidas que se afastam da média levam
talvez a refletir melhor sobre o equilíbrio entre a especificidade do destino pessoal e o
conjunto do sistema social”. (p.248)

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