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Revista de Psicologia
Vol. 14, Nº. 21, Ano 2011 Família, e seu papel no tratamento do paciente
RESUMO
Michelle Pereira Feitosa
Faculdade Anhanguera de Brasília Este estudo buscou identificar as principais dificuldades enfrentadas
michelleamadadedeus@yahoo.com.br por familiares no tratamento de paciente com depressão, assim como o
conhecimento que a família e o paciente têm sobre a patologia, etiologia
e forma de tratamento. Destacando a importância do apoio e
Simone Bohry participação da família no tratamento do paciente. Bem como, o papel
do profissional de enfermagem na educação em saúde para população.
Faculdade Anhanguera de Brasília
Trata-se de um estudo qualitativo, realizado no Centro de Atenção
simonebohry@hotmail.com Psicossocial e em um hospital de saúde mental no Distrito Federal. A
coleta de dados foi por meio de questionários semiestruturados. A
amostra foi de 20 famílias e 20 pacientes com idades entre 18 e 65 anos.
Eleuza Rodrigues Machado A pesquisa apontou que 65% dos familiares apresentam dificuldade de
Faculdade Anhanguera de Brasília entender e identificar os sinais característicos da depressão, 55% só
eleuzarodriguesmachado51@gmail.com procuraram ajuda médica após tentativa de suicídio do paciente, 45%
após agravamento dos sintomas.
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO
Esta pesquisa ocorreu no ano de 2011 e teve como público-alvo pacientes com
diagnóstico de depressão e famílias do Hospital São Vicente de Paula (HPAP) e do Centro
de Atenção Psicossocial (CAPS) de Brasília. Teve como foco levantar as principais
dificuldades enfrentadas pelos familiares no tratamento do paciente com depressão, seu
nível de conhecimento sobre a doença e conscientizar a importância da participação da
família no tratamento do paciente.
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A depressão é uma doença que está acometendo um grande número de pessoas, crianças,
jovens, adultos e idosos, equivalendo a um transtorno que precisa de cuidados, sendo
assim precisa-se destacar a importância de verificar as causas e suas relevâncias para
considerar um tratamento eficaz para pessoas com esse transtorno.
1.2. Epidemiologia
1.3. Conceito
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apetite, desinteresse sexual, isolamento social, dentre outros sintomas (ISTILLI et al.,
2010).
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1.5. Tratamento
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Segundo Schestatky e Fleck (1999) dentre as causas dos conflitos mais comuns
em pacientes depressivos, destacam-se quatro áreas problemas, as quais a terapia
interpessoal busca trabalhar:
Musicoterapia: vem sendo utilizada pelos terapeutas como uma forma alternativa para
tratar a depressão, através dos diferentes ritmos e melodias,seja no ouvir,dançar ou
simplesmente tocar um instrumento, o som musical é capaz de oferecer ao paciente um
relaxamento mental, um alívio do stress, promovendo um bem estar geral que auxilia o
paciente a livrar-se de pensamentos negativos. Proporcionando assim um equilíbrio,
manutenção e recuperação da saúde mental do paciente (PASSONI, 2006).
Atividade Física: a prática de atividade física tem sido um forte aliado no combate dos
sintomas da depressão. Realizar exercícios físicos como aeróbica, caminhada, corrida e
natação contribui para diminuir os níveis de stress, ansiedade e demais sintomas.
Aumentando o vigor e a sensação de bem estar, melhorando a qualidade do sono,
reconstruindo a auto-imagem, melhorando a auto-estima e conseqüentemente o humor
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desses pacientes, dando-lhe condições de reagir melhor frente aos fatores estressores do
dia a dia, promovendo uma melhora psicológica (GODOY,2002) .
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Andrade e Bozza (2010) afirmam que a origem da depressão está associada a traumas
familiares sofridos pelo paciente durante a infância, assim comentam que, ambiente
familiar agradável se torna o principal foco para a cura da depressão. Quando a base
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2. OBJETIVO
3. METODOLOGIA
O estudo referido foi desenvolvido por meio de uma pesquisa descritiva, de levantamento
qualitativo, por meio de dois questionários, um para familiares de pacientes portadores
de depressão e outro para pacientes com diagnóstico de depressão.
Este estudo foi realizado na cidade de Taguatinga/DF, com vinte famílias e vinte
pacientes diagnosticados com transtorno de humor unipolar que fazem acompanhamento
médico no Hospital São Vicente de Paula (HPAP) e no Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS). Como critério de inclusão era necessário que os entrevistados tivessem idade
acima de 18 anos e terem diagnóstico de depressão. Os familiares e os pacientes que
expressaram o desinteresse ou negação em responder o questionário, ou deram respostas
incompletas, ou não assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) foram
excluídos da amostra.
No que se refere aos aspectos éticos, este estudo foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP) da instituição nº 0289/2011, ao qual foi submetido à observância
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
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Dentre entrevistados, 15% (3) citaram algumas formas de tratamento e 10% (2)
explicaram a patologia por meio dos sintomas (tristeza, insônia, variação de humor,
ansiedade, cansaço, pensamentos de morte, agressividade e confusão mental).
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problemas familiares (pela falta de diálogo, por brigas, separações, problemas conjugais,
traições e fim de relacionamentos), e também a fatores pessoais (traumas como abuso
sexual na infância, agressão, assalto, rejeição, baixa auto-estima, não se aceitarem
fisicamente, uso de cigarro, álcool, drogas, por sentimentos negativos como o ciúme,
egoísmo, insegurança, possessividade, sonhos estranhos). Dos pesquisados 60% (12)
apresentaram a patologia após mudanças de papéis relacionados a desemprego,
problemas financeiros, não qualificação profissional, dificuldade no trabalho, filhos
doentes e gravidez de auto-risco. Por luto, 55% (11) iniciaram a depressão após perda de
um ente querido (pai, mãe, irmãos, avô, avó, tio, primos e amigos). Apenas 20% (4)
relataram apresentar dificuldade de relacionamento interpessoal com sentimentos de
tristeza, solidão e isolamento.
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Os pacientes relataram 60% (12) que a prática de atividade física ajuda a aliviar o
stress o que contribui muito para o tratamento, porém apenas 35% (7) praticam
regularmente alguma atividade física. Isso demonstra o pouco conhecimento dos
pacientes a cerca dos benefícios que a atividade física trás para o corpo e mente.
Com relação ao nível de conhecimento dos familiares sobre depressão, 65% (13) dos
familiares afirmaram que não conhece e apresentam grande dificuldade de entender e
identificar os sinais característicos da depressão.
“... doença complicada, minha mãe (portadora de depressão) fica triste, vive numa
montanha russa, um dia está ótima, animada, no outro não quer levantar da cama...”
“... doença que o paciente não tem vontade de viver uma vida normal se isola num
cantinho, não gosta de ter contato...”
“... doença ruim, difícil, a família não sabe como lidar e acaba isolando o paciente...”
“... falta entendimento entre todos (os familiares) por não saber lidar com a doença...”
Apenas 10% (2) dos familiares compreendem que é uma doença,que precisa ser
tratada, apóia, acolhe, trata com carinho, atenção, paciência, respeito, amor, tenta animar e
estar próximo.
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“... Se for muito profunda, precisa de medicamento, se for leve, pode ser tratado com
apoio da família, e com vontade própria, com mudança do estilo de vida...”
Dos pacientes pesquisados, 15% (3) responderam que não teriam coragem de
atentar contra a própria vida, porque acreditavam em Deus.
A pesquisa corrobora com que Saraceno (2004) vem apontando, que as famílias
apresentam grandes dificuldades pela falta de conhecimento a cerca etiologia, sinais e
sintomas e tratamento da doença, sendo esses os principais motivos que impossibilitam
esses familiares a compreender, colaborar e participar do tratamento.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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A depressão é uma doença séria, que vem crescendo a cada dia e não estamos
dando à devida importância as drásticas conseqüências que ela pode provocar. Se essas
famílias são educadas, orientadas para identificar os sinais e sintomas da depressão, as
fases da doença, suas formas de tratamento (medicamentoso, psicoterápico e mudanças
nos hábitos de vida), os efeitos colaterais das medicações, e a importância do apoio e
participação ativa no tratamento, estaremos preenchendo essa lacuna que falta e que é
essencial para a recuperação do paciente.
REFERÊNCIAS
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Simone Bohry
Graduada em Psicologia pela Universidade
Católica de Brasília, Distrito Federal (2003) e
Mestrado em Psicologia Clínica e Cultura pela
Universidade de Brasília (2007). Professora da
Faculdade Anhanguera de Brasília (2010).
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