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INTRODUÇÃO
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Cf. SENNET, Richard. A Corrosão do Caráter (2001). O capitalismo flexível seria, em linhas gerais,
uma forma contrária aos mecanismos rígidos da burocracia. Agindo nos limites da legalidade, o
capitalismo flexível torna as empresas mais ágeis, substituindo os padrões clássicos de hierarquia
por outros desenhos mais relacionados com estruturas horizontais. O resultado prático dessa ação
se configura em um sistema mais informal e adaptável.
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Diáconos e diaconisas são pessoas que atuam no apoio aos serviços administrativos e
eclesiásticos de uma igreja evangélica. Na Bíblia, os diáconos tratavam de assuntos administrativos
e prestavam ajuda aos fiéis, enquanto os pastores se dedicavam à pregação e ao ensino. Nas
igrejas atuais, os diáconos são responsáveis por gerir certas tarefas, como o recolhimento e triagem
de dízimos e ofertas, o apoio em causas sociais e assistência aos necessitados, os cuidados com a
manutenção do edifício e com os bens patrimoniais da igreja. Em algumas denominações o diácono
também ajuda com funções espirituais, como administração da Santa Ceia e aconselhamento dos
crentes – este último com grande protagonismo de mulheres, as diaconisas.
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André Valadão (2016), álbum ―Crer para Ver”, gravadora Som Livre.
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Registro meu agradecimento ao amigo e parceiro intelectual Nicolas Quirion, que foi um grande
colaborador das etapas e percursos iniciais da tese sobre os megatemplos e a urbanidade
evangélica. Por ocasião do processo de ingresso ao doutorado no IPPUR, com Nicolas tive o
privilégio de, a partir de múltiplas trocas, conceber e gestar esta pesquisa. Neste sentido, a gratidão
é especialmente legítima.
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Agostinho de Hipona (354-430 d. C.) polemizou com outras doutrinas ou manifestações religiosas
de seu tempo: o Maniqueísmo, o Donatismo, o Pelagianismo e, também, enfrentou com muito rigoro
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Paganismo, existente entre a aristocracia do Império Romano de sua época. A produção da obra
Cidade de Deus veio a continuar a campanha contra os pagãos que havia feito o bispo Agostinho
durante o tempo de calamidades e ameaças, desde o fim do ano 410 até 412. Com a produção de
sermões, conversas e carta aos governantes e cidadãos, Agostinho reproduziu seu ponto de vista
sobre a cidade de Deus e a cidade terrena O conflito entre Agostinho e os pagãos contribuiu para
que ele representasse o mundo dividido em duas classes de indivíduos e duas cidades. Agostinho
observa que a cidade não era constituída unicamente de estruturas materiais, mas em primeiro
lugar de indivíduos, de homens, de cidadãos. Nessa época, o homem não se imagina apenas como
cidadão no Estado, mas também como um ―cidadão do céu‖, membro de uma sociedade espiritual.
No seio de sua obra encontra a solução para um problema fundamental, a saber: as relações do
homem com Deus e o plano espiritual. Agostinho representa classicamente estes dois polos
opostos como cidade: a cidade terrena e a cidade de Deus.
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protagonista Simplício, que é míope, descobre um bruxo que fabrica uma luneta
mágica, onde se pode escolher o espectro de visão desejado: enxergar ou só o
bem ou só o mal. O protagonista experimenta a luneta com os dois imperativos
morais, e com isso vê o mundo somente pelo ângulo do bem – e aí se torna uma
crente esperançoso - ou apenas pelo ângulo do mal – e então se torna um
incrédulo de tudo e qualquer coisa que existe na Terra. Esse romance mostra o
quanto as pessoas fundam um juízo de valor ao olhar a sociedade para discernir
entre o bem e o mal.
O teatrólogo Artur de Azevedo escreve, em 1900, o livro chamado A capital
federal, que mostra como um casal de mineiros do interior se perde – física e
moralmente – na cidade. A cidade, aqui, é esse lugar de perdição. Mas também é o
lugar da razão, da invenção, do conforto, da urbanidade, da superação da
mesmice, o lugar da novidade, da modernidade. Mais adiante, nas décadas de
1910-20 surge, no Brasil, o movimento ruralista, uma ideologia da volta para o
campo, porque a cidade está infestada de comunistas, de movimentos operários,
de uma língua que não é o português; hábitos que não são os nossos,
estrangeirismos (SEVCENKO, 1992). Nos jornais, na literatura, vemos a mesma
questão colocada diante dos novos perigos da cidade em vários aspectos da
política, da vida pública, do comportamento e dos costumes.
Vemos também, a partir da década de 20, uma forte intervenção da Igreja
Católica nas questões da cidade. Os pensadores leigos e religiosos da Igreja
começam a dar-se conta de que a partir desse período – com a criação do Partido
Comunista, a Semana da Arte de 1922, o tenentismo – os grandes movimentos
político-ideológicos de discussão da sociedade trazem à tona a sensação de que
os católicos estão perdendo a disputa. A esquerda sobe aos morros,
conscientizando as pessoas, propondo políticas de habitação. Quando os
problemas urbanos no Brasil vêm à tona, no primeiro quartel do século XX, a Igreja
constata que precisa intervir diretamente nessas questões. A intelectualidade
católica passa a produzir toda uma reflexão sobre o país e sobre a necessidade de
―cristianizar‖ o Brasil. O cerne da questão brasileira da época é a modernização
das cidades e suas consequências – especialmente a inserção dos novos
costumes no corpo social.
Encontra-se aí toda uma tradição de que na cidade a família vai se perder, a
religião vai ser deixada de lado, a promiscuidade estará às soltas, a mulher será
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Bispo canadense fundador da Igreja de Nova Vida, uma das precursoras do movimento
pentecostal no Brasil. Acostumado a realizar cruzadas evangelísticas pelo mundo inteiro, Robert
McAlister foi convidado por Lester Summeral, evangélico e ativista humanitário norte-americano,
para participar de uma campanha evangelística no Maracanãzinho, Rio de Janeiro, em 1958. No
ano seguinte, em 1959, McAlister veio morar no Brasil acompanhado da esposa e de seus filhos.
Primeiro foi para São Paulo, mas na capital paulistana não logrou muitas oportunidades. Migrando
para o Rio de Janeiro foi morar em Santa Teresa, onde começou a atuação da Igreja de Nova Vida,
que tinha (e tem) como uma de suas características marcantes a evangelização para as camadas
médias da sociedade carioca.
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A URBANIDADE
Sob esse prisma, podemos resumir que a cidade postula que cada uma das
diferentes necessidades deve ser satisfeita em seus vários domínios de uso e
fruição: habitação, trabalho, consumo, circulação, diversão, dignidade, entre outros
princípios. Para Luiz César Ribeiro (2004), o sentido moderno do direito à cidade
expressa, três focos: o democrático, o liberal e o social.
O primeiro é o polis, o segundo o civitas e o terceiro societas. Este
último foco tem a ver com a descoberta de que o civitas e
o polis somente poderiam existir com o mínimo de justiça social.
Podemos, então, imaginar uma sequência: cidadania cívica,
cidadania política e cidadania social. (RIBEIRO, 2004, p. 43)
Entretanto, se compararmos essas tipologias sobre a cidade com o processo
de construção urbana na América Latina e, sobretudo, no Brasil, veremos que há
uma ruptura deste processo histórico com impactos específicos. Aumenta o polis,
mas a cidadania permanece hipertrofiada pela inexistência da urbanidade.
As características das nossas cidades e o padrão de desigualdades
prevalecentes formaram-se sobre a vigência dos clássicos mecanismos da
acumulação urbana, ―cujos fundamentos são as próprias desigualdades
cristalizadas na ocupação do solo‖ (RIBEIRO, 2004, p. 43). As grandes massas,
formadas pelos trabalhadores, são espoliadas por não terem reconhecidas
socialmente suas necessidades de moradia e serviços coletivos, inerentes ao modo
urbano de vida. A construção da grande maioria das cidades brasileiras ligou-se a
uma superexploração da força de trabalho, a uma intensificação do ritmo de
crescimento industrial sob a cobertura de ideologias nacional-desenvolvimentista,
resultando em que muitos trabalhadores fossem excluídos das benesses desse
desenvolvimento capitalista. Uma dessas exclusões se materializou na crescente
desigualdade de classe e do predomínio dos interesses privados sobre os assuntos
coletivos. O resultado desse fenômeno é a urbanização sem o direito às cidades,
uma transição desarticulada de projetos e estratégias de emancipação.
Essa redução não contribuiu para a conquista coletiva do nível de
urbanidade – que, nas palavras de Ana Clara Ribeiro (1995, p. 80) significa ―a
qualidade da vida urbana e de suas condições materiais e sociais‖. Ao contrario, a
incongruência histórica do desenvolvimento brasileiro expôs os cidadãos a um
hibridismo entre formas e práticas reprodutoras de padrões internacionais de
consumo e exclusões radicalizadas.
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A inserção do cristianismo evangélico no campo social teve como movimento propulsor a Teologia
da Libertação, corrente teológica cristã nascida na América Latina na década de 1960. Considerada
um movimento supradenominacional, apartidário e inclusivista de teologia política, engloba várias
correntes de pensamento que interpretam os ensinamentos cristãos em termos de uma libertação
de injustas condições econômicas, políticas ou sociais. Por sua vez, a Teologia da Missão Integral –
TMI é a expressão conceitual de um movimento de renovação missiológica das igrejas evangélicas
na América Latina, cujas origens remontam ao I CLADE – Congresso Latinoamericano de
Evangelização, em Bogotá, e à fundação da Fraternidade Teológica Latinoamericana, ambos em
1969. A Conferência do Nordeste também se enquadra nesse esforço conceitual de renovação das
ações de responsabilidade social das igrejas evangélicas brasileiras. Realizada em 1962 na cidade
de Recife, ao evento foi o resultado do aprofundamento do pensamento e da ação de um grupo de
cristãos que descobriram a necessidade de a igreja participar das lutas sociais do povo. No
documento da conferência pode se ver as seguintes considerações: ―Um dos aspectos positivos que
podemos citar como verdadeiro dividendo da Conferência do Nordeste foi a tomada de consciência
pelas igrejas representadas na reunião, da realidade presente do Brasil. Há uma realidade que nos
desafia no momento presente, perguntando-nos, em angústia, qual é a resposta da Igreja para a
vida da comunidade, à crise em que se debate a nossa Pátria nos dias que correm‖. [grifos meus].
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Dicionário Aurélio, versão 8, formato eletrônico; edição revista, aumentada e atualizada. Disponível
em http://aurelioservidor.educacional.com.br/download. Acesso em: 30 abr. 2018.
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CARTOGRAFIAS DO OBJETO
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Palavra inglesa que significa evangelho. Também é usada como referência ao estilo musical
religioso das comunidades evangélicas. Igualmente, o termo gospel alude aos evangelhos bíblicos
que relatam a vida de Jesus Cristo, tido como a maior referência de conduta humana, moral e cívica
na Terra, pelo qual os cristãos se pautam para construir uma ética e um sentido de mundo para a
vida contemporânea.
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A dinâmica urbana examinada considerará os bairros de DEL CASTILHO (RJ), BATEL
(CURITIBA) e zonas adjacentes nos quais essas igrejas pesquisadas tenham atuação relevante.
Importante dizer que serão evidenciados relatos amostrais das experiências evangélicas nessas
metrópoles, uma vez que seria impossível, numa pesquisa individual, relatar tudo que tais igrejas
produzem em nível de cidade.
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interrelação com a urbanidade, autores como Jean-Marc Besse e David Harvey são
algumas dentre muitas contribuições teóricas que compõem a teia conceitual para
explicar o megatemplo e suas dinâmicas, convergindo à experiência de urbanidade
evangélica nas metrópoles pesquisadas.
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Cena 1
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Os thinktanks são interpretações teóricas através das quais se busca pautar o debate político de
uma dada categoria por meio da publicação de estudos, artigos de opinião e da participação em
ambientes da mídia. Pensar a realidade de um conceito de forma inovadora é a tarefa dos teóricos
dos thinktanks, no entanto, deve-se ressaltar a probabilidade em que esse debate assuma, muitas
vezes, as tarefas de representação de diversos grupos de interesses.
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A maior denominação cristã evangélica da Coreia do Sul é a Igreja Yoido do Evangelho Pleno, de
vertente pentecostal, fundada pelo pastor Yonggi Cho, apontado como um dos responsáveis pelo
grande crescimento dos evangélicos no país. O megatemplo da igreja Yoido do Evangelho Pleno
possui em torno de 1 milhão de membros.
Fonte: https://www.evangelhopleno.org/historia-da-yfgc-iii?lightbox=dataItem-ijfykb96. Acesso em:
22 jun. 2019.
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O endereço de cada megatemplo foi georreferenciado e definidas as coordenadas geográficas
para eles. A partir disso foi possível inserir as coordenadas em um programa digital de
geoprocessamento (QGIS versão 3.4) para criação do mapa vetorial. Tendo as coordenadas
geográficas de cada megatemplo, sobrepusemos com a base cartográfica contínua do IBGE de
unidades da federação, criando assim um mapa dos principais megatemplos evangélicos brasileiros
em sistema de referência geográfica SIRGAS. Vale destacar que para cada megatemplo foi definido
um código para localização no mapa, exposto em tabela ao lado.
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Elaboração: Rita Gonçalo/Victor Ricardini (2018). Fontes: IBGE, 2010; SIRGAS, 2018.
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Fonte: Elaborado pela autora com base em THUMMA & TRAVIS (2007).
Para que esse modelo mental seja posto em prática de maneira mais eficaz,
os evangélicos contam com consultorias especializadas em liderança estratégica e
crescimento de igrejas para implantação de megatemplos e aumento da audiência
de fiéis. Esse tipo de management não é novo no meio evangélico; existe desde
finais dos anos 1990 e surgiu, também, nos Estados Unidos, por meio de
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https://leadnet.org/
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https://www.redeemercitytocity.com/
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https://www.acts29.com/
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Assim, este consumo possui uma ―ética romântica‖, orientada pela busca de
satisfações em níveis materiais, subjetivos e – por que não? – espirituais. Os
megatemplos, enquanto agências religiosas produtoras de sentido oferecem, cada
vez mais, ―mercadorias‖ mágico-religiosas capazes de desencadear sensações
prazerosas frente à possibilidade da realização da prosperidade abrangente. Neste
sentido, o ato de comercializar não se constitui algo externo à fé.
Observemos a seguir como os principais modelos de racionalidade
propostos pelos megatemplos evangélicos colaboram às crescentes demandas
oriundas nas metrópoles, e como seus equipamentos de entretenimento e
consumo fortalecem o movimento de fiéis nessas estruturas.
De acordo com Mafra (2007, p. 145), certa lógica concreta nos adverte que
―na medida que o templo religioso é o lugar do divino entre os homens, este deve
guardar certas qualidades de longevidade, durabilidade, permanência, para, no
retorno, corroborar seu vínculo com o transcendente‖. Mais múltipla e criativa que a
lógica concreta citada, a estética oferece tanto a capacidade de incorporar como de
divulgar ideias e significados das mais diversas tradições.
A racionalidade estética, neste sentido, se apresenta como possibilidade de
um conhecimento de determinada tradição por meio dos sentidos, daquilo que nos
afeta em nossa capacidade de perceber o mundo. Para Carlos Vainer (2010, p.
95), os argumentos a favor de uma estética monumentalista apontam para ―um
caráter de cunho instrumental com pretensos resultados‖, quais sejam: i) a estética
faz parte da promoção do bem-estar e difunde a qualidade de vida na metrópole, e;
ii) cria símbolos da cidade, favorecendo o marketing urbano e contribuindo, desta
forma, para atrair investidores.
É tendência atual entre os megatemplos evangélicos recorrer a estilos
arquitetônicos neoclássico (recuperando a antiguidade greco-romana, com grandes
colunas e abóbadas) ou modernista (com design retilíneo e formas funcionalistas).
A composição paisagística é também um valor central, e muitas denominações
investem em jardins adornados com pedras, oliveiras, tamareiras e outras árvores
especiais. A volumetria das edificações é geralmente legível no tom das vias
urbanas – algumas delas ocupam mais de um quarteirão. No interior do santuário,
a composição de diferentes luzes aliadas ao potente tratamento acústico, às
confortáveis poltronas e aos estímulos estéticos sonoros e visuais permitem que o
visitante experimente algo próximo da sensação de transcendência.
O conforto físico e estético proposto pelos megatemplos projeta-se, portanto,
como uma espécie de ―oásis‖ em meio aos turbilhões socioemocionais que
vivemos nas grandes cidades. Ao aproximar questões de saúde emocional e
riqueza material, os templos-monumentos difusos pelo Brasil parecem estar em
sintonia com os desafios do mundo contemporâneo e da vida mental na metrópole.
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Para Harvey Cox (1990), o mercado tem sido capaz de determinar quais são
as necessidades humanas, e as últimas tendências da teoria econômica miram-se
na tentativa de estender cálculos mercadológicos a áreas que antes se supunha
isentas, tais como o corpo, a vida familiar, as relações interpessoais. Pensar a
racionalidade econômica das igrejas na produção de um ambiente de consumo
implica, assim, perceber quais têm sido suas estratégias para expandir uma série
de atividades que respondem a uma demanda de interesse mais geral. A produção
do templo como ambiente construído cada vez mais tem sido vinculada a uma
função de suporte ao capital. E a própria produção desse ambiente é, ela mesma,
uma mercadoria.
Segundo David Harvey (2008), uma das dimensões do ajuste espacial é
atualizar as demandas do ambiente construído dada a centralidade do território no
espaço urbano, coadunando-o com as formas capitalistas mais avançadas.
Serviços que antes não existiam passam a aparecer, requeridos pela necessidade
de acumulação no circuito primário. As formas pretéritas dos espaços de culto
evangélicos impediam a constituição de um consumo aliado à modernidade. Neste
sentido, coube aos megatemplos modernos atualizarem o ambiente construído
para melhor cumprir uma função social. Novos espaços e relações espaciais são
produzidos para dar vazão aos imperativos da acumulação de capital. A ideia do
megatemplo possibilita, então, o funcionando de uma miríade de ativos financeiros,
cuja circulação do valor é fragmentada em diferentes escalas.
Neste sentido, destacamos como modelo exemplar desse tipo de consumo
as lojas de artigos evangélicos, livrarias e vitrines presentes nos megatemplos
evangélicos. Muitas delas oferecem roupas e acessórios idênticos àqueles usados
por pastores, pastoras, líderes ou ícones do mercado fonográfico ligados às
denominações destes santuários. Também é frequente o consumo de materiais
impressos e digitais ligados ao ordenamento da vida espiritual, familiar e financeira.
Tudo isso caracteriza um consumo com vistas a materializar um sentido cultural,
estético e simbólico de referentes legítimos, dimensões nas quais o presente
modelo de acumulação no meio evangélico está fortemente imbricado.
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Fonte: Elaborado pela autora com base nas anotações de campo (2017).
Certamente esse arranjo tem algum impacto na vida urbana. Uma vez que
os conceitos cristãos operam no mundo social continuamente, as regras de
convívio que aparecem no funcionamento da cidade e no plano da subjetividade
estarão mais ativas nos crentes na medida em que eles se identificam com essas
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Cena 2
AS GRAMÁTICAS URBANO-EVANGÉLICAS
Subúrbio19
Composição: Chico Buarque
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Fabricação criativa, nos termos de Aristóteles. Cf. Arte Retórica e Arte Poética. Trad. Antônio
Pinto de Carvalho. Rio de Janeiro: Edições de Ouro/Tecnoprint S.A., 1970.
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Fonte: Mapa base – site Bairro a Bairro – Instituto Pereira Passos (2018).
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Fonte: Mapa base - site Armazém de Dados – Instituto Pereira Passos (2018).
2.1.1. A CONSTRUÇÃO
imóvel tem 72 mil metros quadrados de área construída, sendo que apenas o
santuário, onde são realizados os cultos, mede 45 mil metros quadrados (O
GLOBO, 2012). O megatemplo tem quatro pavimentos, mas com dimensões
correspondentes a um imóvel de dez andares (FIGURA 4), sendo que a legislação
da área permite até 14 pavimentos. Del Castilho, bairro do megatemplo, é uma
região definida no Plano Diretor Municipal como Macrozona de Ocupação
Incentivada — isto é, bairros mais antigos da cidade cuja ocupação deve ser
estimulada para aproveitar a infraestrutura existente (SMU-RJ, 2018).
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Fonte: Reprodução: Universal.org .
23
Disponível em: https://sites.universal.org/universal40anos/artigo/32-a-primeira-sede-mundial-da-
universal. Acesso em: 14 ago. 2018.
24
Com colaboração do professor e historiador Robert Pechman (IPPUR/UFRJ) e da arquiteta
Fernanda Bonfante (UNESA).
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Anotações de campo, março de 2018.
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Legenda: Estação de metrô Shopping Nova América | Shopping Nova América Outlet | Estação de
trem Supervia | Conjunto IAPI | Arboretto Residencial | Condomínio Paulista | Rio Parque
Condomínio Bairro.
Fonte: App ―Legislação Bairro a Bairro‖/SMU-RJ (2018).
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No mapa o shopping está sinalizado como ―Shopping Shopping Nova América‖. Já os pontos na
cor rosa são motéis (Magnus Hotel Norte [à direita], Cartago Hotel [à esquerda]). Nomes omitidos
pelo próprio mapa.
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Disponível em
http://mail.camara.rj.gov.br/Apl/Legislativos/scpro0711.nsf/2482d8d6bb90c4420325764000555c15/1
8d1bb55f99d9fe4032576b3006f2fd8?OpenDocument. Acesso em: 03 mai. 2018.
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Detalhamento feito por Elaine Cristina, gerente-geral do CCJ, durante a visita de campo [março
de 2018].
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uma aura de paz na catedral, um local onde a ―oração é mais forte‖, pela
concentração de pessoas. Le Breton (2009, p. 125) diz que ―a sucessão dos
estados afetivos depende do significado conferido aos acontecimentos, decorre da
cognição. Não são exatamente as circunstancias em si que determinam a
afetividade do ator, e sim a interpretação que esse lhes confere‖. Em referência a
isto, percebemos que o ―sentir‖, numa perspectiva antropológica, é muito comum
em ambientes pentecostais, e a réplica do Muro das Lamentações no megatemplos
é uma síntese desses efeitos miméticos ocorridos no megatemplo IURD Del
Castilho.
O Muro das Lamentações também foi composto por pedras trazidas de
Israel. Essas pedras não foram polidas e permanecem com uma textura rústica,
conferindo ao muro uma imagem de desgaste pelo tempo, uma aparência de
antiguidade. O muro e a rua são separados por uma ampla passagem, que fazem a
mediação entre a rua e o ―espaço sagrado‖. Pedacinhos de papel são colocados
entre as frestas de pedras da réplica do Muro (FIGURA 12). Essa é uma
manifestação representativa da forma como os integrantes da igreja incorporam
esses objetos/monumentos em seu cotidiano religioso.
29
Cf. Nossa Linguagem. Edições Leite Quente, nº 1, 1989.
79
A Primeira Igreja Batista de Curitiba (PIB) foi fundada ano de 1914, mas os
projetos para a construção do novo templo começaram no ano de 1977, quando a
igreja adquiriu o atual terreno vendido pela família Matarazzo. O terreno do templo
está localizado no perímetro entre as ruas Bento Viana, Visconde de Guarapuava e
Avenida Batel, uma das áreas mais nobres da Grande Curitiba. Antes do templo
novo ser construído, foi levantado inicialmente um ginásio onde funcionava as
atividades esportivas, culturais e sociais da igreja, e onde celebravam também os
cultos dominicais.
Os batistas têm por tradição a cultura de serem extremamente íntegros e
transparentes no que tange à administração financeira de uma igreja. Àquela
época, década de 70, não havia práticas que pudessem estimular o aumento da
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capitalização dos recursos da igreja e, por isso, a obra demorou décadas até
chegar no estágio final.
Embora fosse uma igreja tradicional, a PIB Curitiba ganhou fama de―mal
vista‖ na cidade em função de ela nunca ficar pronta. Mas eles tinham um sonho
guardado há tempos: o de se tornaram a principal e mais relevante igreja
evangélica na cidade de Curitiba. Para reverter esse quadro, em 1990 foi instalada
uma Comissão de Construção, presidida pelo então deputado federal André
Zacharow, que era membro da PIB. André Zacharow era um homem de muitas
relações políticas na prefeitura e no campo do planejamento urbano. Foi através
dele que a igreja chegou até o famoso arquiteto Luiz Forte Netto, responsável pelo
projeto do atual megatemplo, que na época atuava tanto em seu escritório
particular quanto na Secretaria de Desenvolvimento Urbano do estado do Paraná,
na área de financiamento de projetos. Lá, Forte Netto teve a oportunidade de
colaborar para financiar a execução de cerca de 4 mil obras com grau de
relevância para a cidade – entre elas, o megatemplo PIB Curitiba.
Integrantes da Comissão de Construção lançaram uma chamada em edital
para escolher o projeto arquitetônico, e o concurso teve dois finalistas: um arquiteto
de São Paulo e Forte Netto, que é curitibano. Nesse período os finalistas fizeram
uma mostra pública com a maquete de seus projetos no pátio do ginásio da igreja,
para que os membros pudessem avaliar calmamente qual proposta lhes
agradavam. Os arquitetos do concurso também cederam uma entrevista para os
membros da igreja, em um evento aberto. Depois, a igreja promoveu uma
assembléia extraordinária para votar qual projeto seria o escolhido. Segundo
Paschoal Piragine, pastor presidente da PIB Curitiba, a proposta do arquiteto
paulista não foi escolhida porque ela não tinha a visão de integração dos prédios, e
o desenho arquitetônico tinha um estilo um tanto ―colonial‖. Já o projeto de Luiz
Forte Netto era mais similar a um centro de convenções, com os prédios
integrados. Alem disso, Piragine avalia que a estética proposta por Forte Netto
agradava mais ao perfil do curitibano.
O briefing do edital de chamada ao projeto expunha claramente que as
razões da igreja em construir o megatemplo eram expandir sua atuação de
responsabilidade social – principalmente nas áreas de educação, música e
assistência social – além de conseguir mais adeptos, transmitir os princípios da
religião e atuar socialmente no que diz respeito ao desenvolvimento da cidade.
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Forte Netto afirma que os batistas da PIB queriam transmitir qual a importância da
religião no mundo e na cidade de Curitiba. A partir desse interesse de expansão
eles precisavam de um templo grande. O projeto vencedor propunha uma igreja
com três blocos integrados: um em que funcionaria o santuário principal, com
capacidade para 5 mil pessoas, e outros dois edifícios que reuniam as atividades
administrativas, as atividades educacionais e de assistência social (FIGURAS 13 e
14).
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CVCO – Certificado de Vistoria de Conclusão de Obras. Corresponde ao HABITE-SE, que é o
documento que atesta a regularidade da edificação perante o Município e é necessário para
averbação da construção no Registro de Imóveis. Para receber o CVCO a vistoria é realizada por
um técnico municipal da Secretaria de Urbanismo, que verifica no local se a obra foi concluída em
conformidade com o projeto aprovado.
Fonte: PREFEITURA DE CURITIBA. Disponível em:
http://www.curitiba.pr.gov.br/conteudo/certificado-de-vistoria-de-conclusao-de-obras/172. Acesso em
20 jul. 2018.
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Cena 3
Anjos da Madrugada
Núcleo no Lar
EVG Night
EVG Digital
EVG Aeroporto
EVG Recrutamento
EVG Resgate
EVG Comunidade
EVG Consolador
EVG em Ação
somente lá – seria possível obter um resultado eficaz para a cura de certos males.
Considerando a amplitude da crença que os brasileiros têm no sobrenatural e em
entidades espirituais de outras matrizes, a IURD criou a Reunião do Desmanche
Espiritual, que consiste em prática de orações intensas voltadas para o
desfazimento de trabalhos espirituais (especialmente os de matriz afro) e outras
questões relacionadas ao plano espiritual. Nos dias do ―desmanche‖ no Templo
Maior, após as reuniões pode-se agendar um atendimento individual com as
obreiras ex-mães de santo, detentoras de todas as técnicas e o saber-fazer do
desmanche de trabalhos espirituais. Minha interlocutora Inês, por exemplo, diz que
já foi alvo de um trabalho em encruzilhada feito com ovos, e que a obreira explicou-
a que o artefato tinha finalidade de morte. As obreiras que atuam no desmanche
sabem identificar os elementos contidos em cada trabalho e qual a sua finalidade,
por meio de ―revelações místicas‖. Inês pontua que todas as pessoas deveriam ir à
reunião do Desmanche Espiritual, pois ―todo mundo tem um guerra contra a qual
precisa lutar‖.
Gilson, então, inicia comigo uma discursividade que parece ser meio pronta,
reproduzida para todos os freqüentadores, mas que acredito possuir bastante
eficácia para muitas pessoas que ali se encontram. Primeiro ele começa dizendo-
me que eu só encontrarei Jesus se permanecer firme – diga-se, firme até o final do
culto, firme no percurso de freqüentar regularmente as reuniões, firme em me
entregar e comprometer-me com as atividades do Templo.
É um caminho progressivo o que ele me aponta. Acho super curioso como a
IURD e seus membros detêm esse teor discursivo capaz de alterar as
mentalidades, especialmente nas camadas populares, tão carentes de esperança e
determinação.
Para me convencer do quanto serei bem-sucedida se permanecer constante
na igreja, ele me conta seu próprio testemunho. Foi traficante do morro da Mineira,
no Catumbi, durante sua juventude. Tinha várias mulheres, algumas inclusive
portadoras de DST, segundo ele. Uma de suas companheiras, ele aponta, era
soropositiva, e Gilson atribui ao poder de Deus o fato de não ter contraído o HIV.
Sua conversão aconteceu num templo IURD em São Cristovão, rua São Luiz
Gonzaga 447, no ano de 1985.
Ele conta com orgulho sobre essa conversão. Disse que na ocasião uma
senhora, católica, o apontou a localização da igreja, e expressou abertamente que,
pela aparência dele, ele devia estar ―com espírito ruim no corpo‖. Gilson acreditou
naquela leitura da senhora; entrou no templo IURD, e a partir dali sua vida
começou a se transformar.
Ouço-o atentamente e aproveito esse gancho de sua transformação pessoal
para fazer uma observação. Digo a ele que o Templo Maior de Del Castilho é o
único lugar evangélico no Rio onde, até hoje, observo uma presença exponencial
de homens. Dependendo da reunião parece, às vezes, que o numero de homens
supera o de mulheres. Comento que essa característica não é comum nas igrejas
evangélicas, pois geralmente a iniciativa de buscar a Deus é das mulheres. Gilson
me dá uma resposta que parece ser inteligente: ―Os homens vêm aqui porque aqui
tem ‘o Poder’. Eles sabem que aqui vão encontrar resposta, transformação‖.
Na sequência Gilson me diz que durante a semana é bastante procurado
pelos homens no Templo Maior, já que ele figura como referencia no megatemplo
por ser ex-traficante. Ele relata que as principais questões que os homens
100
Criado para dar assistência às mulheres que sofreram algum tipo de trauma.
Consiste em encontros nos quais são debatidos temas como perdão,
autoconhecimento, ―cura‖ interior. Há também a ênfase para o apoio às vitimas de
violência domestica e auxílio às mulheres para reparação por meio do incentivo e
encorajamento para acessarem a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.1340, de 7 de
agosto de 2006).
O Projeto Raabe tem uma estrutura de acolhimento, orientação assistencial
e jurídica, psicológica e espiritual, cuidados específicos após atendimento. O
acolhimento, a escuta, o suporte e o esclarecimento são os pontos de relevância
101
do projeto no primeiro momento, que, junto com a força da lei, é uma maneira de
lutar contra os abusos perpetrados.
virtudes e como deve estabelecer planos para sua transformação, tendo como
restrição (ou capacitação) as estruturas a que são confrontados.
31
O sinal de transmissão do canal Rede Super só em aberto em Curitiba. Em outras regiões
metropolitanas, como Rio e São Paulo por exemplo, ela é fechada e veiculada somente através de
assinatura digital.
106
32
Profissional que faz o mapeamento das tendências de comunicação estratégica para um público
específico.
107
3.2.6. Adoração
35
Disponível em: https://www.instagram.com/p/BZCNUmUDx2L/. Acesso em: 06 mai. 2018.
36
Partido Republicano Brasileiro. Legenda nº 10.
37
Democratas. Legenda nº 25.
114
38
Audiência Pública sobre o Plano Municipal de Educação. Disponível em: Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=ep_819nHPKo
39
A íntegra do projeto de lei 1709/2016 pode ser consultada na página da Câmara de Vereadores
do RJ. Ao seguir as seções Atividades Parlamentares > Proposições > Busca Especifica, é
possível encontrar o nome dos parlamentares autores das emendas ao projeto, e verificar quais
emendas estão em tramitação. Pelo mesmo caminho será possível verificar se o projeto foi votado
na íntegra, para então ascender ao estatuto de Lei. Cf.:
http://www.camara.rj.gov.br/controle_atividade_parlamentar.php?m1=materias_leg&m2=9a_Leg&m
3=prolei&url=http://mail.camara.rj.gov.br/APL/Legislativos/scpro1316.nsf/Internet/LeiInt?OpenForm
.Acesso em: 02 mai. 2018.
40
Disponível em: http://prefeitura.rio/web/sme/plano-municipal-de-educacao. Acesso em: 05 mai.
2018.
41
Disponível em:
http://mail.camara.rj.gov.br/APL/Legislativos/scpro1720.nsf/249cb321f17965260325775900523a42/e
613a15b1e79f0e7832580c9004fdc07?OpenDocument&Start=1. Acesso em: 05 mai.2018.
115
O vereador comenta que ter a igreja unida e capilarizá-la por meio da política
seria uma estratégia forte para combater as desestruturas familiares. Para ele, a
essência cristã deve pautar as diretrizes dos governantes, a fim de fazer a cidade
―ser uma bênção‖. Uma vez que a ética cristã condicionaria o comportamento do
governante, este não privilegiaria mecanismos escusos para roubar a saúde, a
educação, a segurança pública. Na percepção de Inaldo, a cidade tende a ser mais
abençoada quando tem uma governança cristã (não necessariamente evangélica),
sendo assim a metonímia da bênção. Com o governante cristão, ele afirma,
―dinheiro sobra, tudo sobra. Ele não tem duas mulheres, três mulheres pra gastar
dinheiro... tudo sobra, né! O que traz discernimento é ter esses valores e ser bom
no que faz‖ [Inaldo Silva, Entrevista de campo, Maio de 2018].
Integrantes de partidos políticos pautados em valores cristãos acreditam que
são nas grandes instituições como família, escola e igreja onde se aprende os
princípios da ética e as diretrizes para os comportamentos públicos e privados, a
fim de combater os ―vícios‖ da cidade. Um assessor político do PRB, Y.S (iniciais
fictícias), 38 anos, expressou a alcunha de que o Rio de Janeiro transformou-se
numa cidade ―viciada‖. Ele atribui tal cenário às dívidas superfaturadas para se
concluir as Olimpíadas; às fraudes nas administrações hospitalares; ao excesso de
investimento de verba pública em manifestações populares, como o Carnaval. O
―antídoto‖ para essas mazelas seria uma administração onde o prefeito e o
secretariado participam, juntos, de um mesmo pensamento para ―ajudar a crescer a
cidade‖. Para o assessor político, ―quando o justo governa o povo se alegra, mas
quando o ímpio governa o povo geme‖ [Y.S., Entrevista de campo, Maio de 2018].
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BROWN, Peter. Santo Agostinho: uma biografia. Rio de Janeiro: Record, 2005.
HARVEY, David. Direito à cidade. In: Lutas Sociais, São Paulo, n.29, jul-dez.
2012, p.73-89.
LEMINSKI, Paulo. Nossa linguagem. In: Edições Leite Quente. Curitiba: Fundação
Cultural de Curitiba, v.1, n.1, mar.1989.
MACEDO, Joaquim Manuel. A luneta mágica. São Paulo: Martin Claret, 2015.
MAHMOOD, Saba. Politics of Piety: The Islamic Revival and the Feminist
Subject. Princeton: Princeton University Press, 2005.
MAFRA, Clara. Casa dos homens, casa de Deus. In: Análise Social, vol. XLII
(182), 2007, p. 145-161.
ORO, Ari Pedro. Religião no espaço público: atores e objetos. São Paulo:
Terceiro Nome, 2012.
ORO, Ari Pedro; STEIL, Carlos. Globalização e Religião. Petrópolis: Vozes, 1997.
REIS, Elisa Pereira. Sobre a cidadania. In: Reis, Elisa Pereira (Org.). Processos e
escolhas. Estudos de sociologia política. Rio de Janeiro: Contra Capa, 1998.
SILVA, Drance Elias. Religião, dádiva e cidadania. In: BURITY, Joanildo (Org.)
Religião e Cidadania. São Cristóvão (Sergipe): Editora UFS, 2010.
APÊNDICE 1
APÊNDICE 2