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ABSTRACT
The literature on corporate social responsibility is critically reviewed,
considering the recent developments in the direction of stakeholder social
responsibility, ecocentric management, ethical trade and responsible
consumption.
INTRODUÇÃO
A presente reflexão propõe uma análise crítica de algumas lacunas da literatura investigada
sobre responsabilidade social corporativa, em um contexto de interconectividade propiciada
pela telemática e de globalização das relações comerciais, culturais e políticas, quais sejam:
o paradigma ecocêntrico de gestão organizacional e a responsabilidade do ato de consumo.
O texto inicia com uma avaliação da literatura sobre responsabilidade social corporativa
que foi investigada pela autora em seu projeto de tese de Doutorado que está em curso. A
seguir, são apresentados os requisitos para uma mudança de paradigma de gestão
antropocêntrica para a ecocêntrica. Finalmente, aponta-se para a necessidade de se levantar
uma discussão sobre a responsabilidade do ato de consumo para a adoção da vertente
normativa da responsabilidade social corporativa, seguindo-se as considerações finais.
“Rather than limiting our analyses to the norms and values of any given society
or historical period, the normative guidelines for business practice should
reflect the broadest realms of human knowledge and experience....Business
must be placed within and understood as part of a cosmological context. Only
then will the force and impact of its values and actions become apparent... The
cosmos does not revolve around the corporation, nor does the corporation
deserve a special, centered status. Now is the time to abandon our pre-
copernican-like assumption of corporate centrality and seek instead to describe
business’s normative function as one part of a larger cosmological whole.” (p.
7).
Os trabalhos de Zadek (1994, 1997, 1998) seguem nesta linha de reflexão, apontando para
uma necessidade de equilíbrio entre performance corporativa, ética e responsabilidade,
realinhando, por um lado, a corporação para se tornar inclusiva de seus stakeholders e, por
outro lado, apontar a responsabilidade dos consumidores para o consumo ético e demais
stakeholders para o comércio ético. Suas proposiçòes teóricas são corroboradas por
pesquisas empíricas no Reino Unido que apontam que os consumidores britânicos optariam
por produtos e serviços de empresas que tenham comprovado uma maior responsabilidade
social em suas operações (Zadek, 1997).
A literatura mais recente sobre responsabilidade social corporativa expõe as lacunas que
precisam ser mais elaboradas pela academia. Entre elas, é interessante destacar, para a
presente reflexão, as contribuições de Jones (1996, 1999) e Logsdon e Yuthas (1997).
Jones (1999) identifica quais são os antecedentes institucionais para que o discurso e
prática de responsabilidade social corporativa possam ser realizados, principalmente pelo
processo de stakeholder management integrante do conceito de responsividade social (ver
modelo de Wood, 1991). Tais condições institucionais seriam necessárias, mas não
suficientes, uma vez que a prática de stakeholder management depende fundamentalmente
dos agentes de decisão possuirem valores consistentes com a responsabilidade social e
agirem de acordo com eles. Os antecedentes institucionais se dariam nos níveis
sociocultural, nacional, da indústria em que a corporação está inserida, da empresa e do
indivíduo.
Por sua vez, Logsdon e Yuthas (1997) propõem um modelo que integre estágios de
desenvolvimento moral das organizações, performance social corporativa e orientação da
organizacão para seus stakeholders. Partindo dos estudos de ética nos negócios, em
especial os trabalhos de Kohlberg (1969, 1976, 1981), desde a década de 60, e os
trabalhos mais recentes de Reidenbach e Robin (1991), Sridhar e Cambrun (1993), e de
Trevino (1986, 1992), seu artigo inicia com uma argumentação quanto ao paralelismo entre
desenvolvimento moral das organizações e a categorização de Kohlberg para os níveis de
desenvolvimento moral do indivíduo. O estágio de desenvolvimento moral das
organizações estaria relacionado ao estágio de desenvolvimento moral e características
pessoais de seus dirigentes, além das forças ambientais de expectativas sociais, normas da
indústria e comunidade local de negócios, leis e regulamentações.
Enderle (1998), refletindo sobre esse novo conceito de empresa, desenvolve um modelo em
que as responsabilidades corporativas, nas dimensões econômicas, sociais e ambientais,
devem ser consideradas em três níveis de desafios éticos a que as corporações se
proponham: nível 1 - onde há mínimos requisitos éticos; nível 2 - em que são consideradas
obrigações além do nível ético; e, finalmente, nível 3 - em que há aspirações para ideais
éticos. Cada corporação poderia ser analisada em sua conduta quanto ao estágio em que se
encontra, segundo esses três níveis, em cada uma das dimensões de responsabilidade
corporativa - social, econômica e ambiental.
• minimização dos custos tangíveis e intangíveis do ciclo de vida dos produtos e serviços
da organização; e
Para tal transformação, há uma questão permanente que o consumidor deve colocar para si:
“Por que comprar?”. Uma pergunta curta e que requer toda uma reorientação na qualidade
de consciência dos indivíduos. Seria um novo eixo de imagem de si e do outro; de imagem
do tempo passado, presente e futuro; de imagem do próximo e do distante; de imagem de
causas e efeitos; de imagem de autonomia e de interdependência; de imagem de vítima e de
réu; de imagem do normal e do absurdo; de imagem de saúde e de doença; de imagem de
saudáveis e de doentes; enfim, toda uma transformação no conjunto de premissas para a
existência humana.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente reflexão tratou de criticar a viabilidade do discurso e prática da responsabilidade
social corporativa à luz do paradigma tradicional de gestão e do
consumerismo/mercantilização das relações sociais.
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