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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9

Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE


NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
AUTORA: FRANCISCA DE FÁTIMA DE OLIVEIRA
NRE GOIOERE

PROFESSORA ORIENTADORA: ME. ANTONIA MARIA BERSANETTI


UNESPAR/FECILCAM

CAMPO MOURÃO
2013
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO - PEDAGÓGICA

Título: Diversidade Cultural: A Lei 11645/2008


O Ensino da Cultura Afro – Brasileira e Africana na Escola

Autora Francisca de Fátima de Oliveira

Disciplina / Área de ingresso no PDE Pedagogia

Escola de Implementação do Projeto e Colégio Estadual Carlos Gomes – Ensino


sua localização Fundamental, Médio e Profissional

Município da escola Ubiratã

Núcleo Regional de Educação Goioerê

Professora Orientadora Me. Antonia Maria Bersanetti

Instituição de Ensino Superior Unespar / Fecilcam

Relação Interdisciplinar
Sociologia, História
Caderno Pedagógico
Resumo O presente projeto tem por objetivo, analisar
os conteúdos dos cadernos temáticos que
abordam o ensino de Cultura Afro-brasileira
e Africana, enviadas para as escolas
pelo governo do Estado, que se tornam
obrigatórios no currículo escolar através da
Lei nº. 11.645 de 10/03/2008. Verificar os
Cadernos temáticos que abordam as
Relações Étnico-Raciais, História, Cultura
Africana e Afro-brasileira. Analisar o
contexto histórico em que a Lei 11.645/2008
foi promulgada. Propor aos futuros discentes
do curso de Formação Docentes, que inclua
na sua metodologia práticas que eliminem o
preconceito racial dentro do contexto.
Algumas questões se fazem presentes
nesse processo de pesquisa. Por que é
importante trabalhar na escola com a
diversidade dentro da Cultura Afro-brasileira
e Africana? Por que alguns livros que fazem
parte do currículo escolar ainda omitem
informações sobre a presença e
participação dos negros na história do
Brasil? O método de abordagem teórica
dar-se-á pela linha dos estudos culturais. O
método de procedimento será por meio da
pesquisa interventiva relacionada ao Curso
de Formação de Docentes. A
implementação do Projeto de Intervenção
Pedagógica com base em conhecimentos
adquiridos através de pesquisas
bibliográficas relacionadas ao tema. Alguns
autores servirão de base para a pesquisa.
Bhabha (1980), Hall (2003), Costa (2002),
Valente (2005), entre outros.

Palavras-chave Formação de Professores, Lei 11.645/2008,


Diversidade.

Formato do material didático


Caderno Pedagógico

Público alvo Alunos do 4º ano do curso de Formação de


Docentes da Educação Infantil e Anos
Iniciais do Ensino Fundamental em Nível
Médio, na Modalidade Normal.
O questionamento para a execução do projeto surgiu a partir de várias
situações que surgiram no decorrer do trabalho pedagógico que executo há muitos
anos. Estando presente em várias situações de discriminação racial e social, e saber
que os muros da escola ainda abrigam muitas situações que vêm arraigadas por
anos de preconceito, que precisam ser mudadas por pequenas intermediações
esclarecedoras, e é nesse contexto que meu projeto se encaixa, pois através de
pequenos gestos surgirão grandes fatos.
A única forma de aceitar os fatos é através do conhecimento, pois ninguém
ama ou gosta o que não conhece. Portanto conhecer a história dos povos africanos
no Brasil é o primeiro passo, a forma como ocorreu essa miscigenação, a riqueza
cultural, os padrões de beleza e o berço mundial da civilização, que teoricamente se
explica, e até que nenhum autor prove o contrário é africano.
A mídia ainda se encontra arraigada por alguns equívocos, que mesmo
embutidos por discursos de igualdade, na prática não funciona dessa forma, assim,
a escola promove através de respeito ás leis e projetos educacionais medidas para
transformação de idéias e estereótipos que levaram muitos anos para serem
criados.
A exclusão desses grupos precisa ser banida é necessário que as ações não
fiquem apenas no discurso. A construção da identidade negra precisa continuar
sendo construída, mas não impondo a cultura, mas sim propondo, explicando e
expondo as diversas situações, já que a escola é o principal foco do conhecimento é
nela que precisa começar as verdadeiras mudanças.
Na unidade I desse caderno pedagógico será explanado sobre a Lei
10.639/03 e as Novas Diretrizes Curriculares, e a proposta do ensino de história e
cultura afro-brasileira e africana no Brasil. Também no que se refere a algumas
pesquisas que comprova o Brasil como um país afrodescendente.
Na unidade II em questão será elucidado através de alguns autores e
pesquisas sobre a raça negra e sua diáspora, ou seja, a trajetória da raça negra no
Brasil e seu processo histórico, conceito cultural e qual processo metodológico para
se trabalhar a diversidade cultural no ambiente escolar.
Na unidade III, os autores referenciados no caderno pedagógico, estarão
explicitando o currículo escolar das comunidades quilombolas e as mudanças que
houveram no currículo no estado do Paraná e propondo a dança como uma forma
de transmissão da cultura Afro-brasileira.
Que este caderno possa realmente contribuir com o trabalho pedagógico no
colégio, dialogando com os alunos do curso de Formação de Docentes da Educação
Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental em nível médio, na modalidade
normal, e Consequentemente contribuir com o pedagogo, para que este possa
enquanto organizador do trabalho pedagógico, mediar o trabalho do professor no ato
de ensinar. Assim, constituindo uma escola pública, enquanto espaço de
assimilação /transmissão do saber historicamente construído, que se deve constituir
em uma alternativa concreta.
INTRODUÇÃO
Após muitos anos no exercício do trabalho
pedagógico, deparei-me com algumas situações que possibilitaram a escolha do
tema proposto: Diversidade Cultural: A Lei 11.645/2008-O Ensino da Cultura Afro-
brasileira e Africana na Escola. Assim esse projeto tenta elucidar como ocorre essa
modalidade de ensino e contribuir com uma pequena gama de conhecimento
científico.
A escola por ser um ambiente, onde ocorre um turbilhão de conflitos, e por
estar inserido no mesmo espaço vários seguimentos culturais que se esbarram.
Dessa forma é o lugar ideal para que também haja uma verdadeira reflexão, em
situações onde possam ocorrer discriminação cultural ou racial entre seus alunados.
Fazendo um pequeno retrocesso, nos deparamos com a educação brasileira
que tem sido apontada, pelas pesquisas oficiais e acadêmicas, assim como pelos
movimentos sociais e narrados pela história como um campo de desigualdade social
e racial na educação. Esta situação exige do Estado a adoção de políticas e práticas
de superação do racismo e de desigualdade racial na educação, implantando o
conhecimento à diversidade e equidade social.
Essa temática e de grande relevância, pois, além de ser um assunto em
grande pauta, e fazer parte da grade curricular, há também uma novidade que vem
acrescer esse tema que é o Estatuto da Igualdade Racial, que foi aprovada pelo
Senado Federal, esta lei institui a efetivação da igualdade de oportunidades, a
defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e o combate à discriminação étnica,
seja no campo político, econômico, cultural e social.
Com a intencionalidade de promover mudanças reais esse projeto foi
escolhido para trabalhar com a Formação de Docentes, pois poderá se obter um
resultado eficaz que será perspassado desde a Educação Infantil até o quinto ano
do Ensino fundamental I, sobre a valorização da diversidade cultural e a herança
afro-brasileira em nosso país.
Espero contribuir com a educação através do presente trabalho,
especialmente no Colégio Estadual Carlos Gomes Ensino Fundamental I e II e
Ensino Médio, que será meu campo de aplicação, sendo além do meu local de
trabalho, se encontra também a modalidade de Ensino que é a Formação de
Docentes, que são os futuros profissionais que atuarão na área de alfabetização.

Nesta 1ª Unidade será abordado o tema do projeto de implementação a Lei


10.639/03 e as Novas Diretrizes Curriculares, no Curso de Formação de Docentes
na escola pública do Estado do Paraná.

Atividade Metodologia Tempo

O ensino da história e Apresentação de slides 1º encontro


cultura afro-brasileira e com o projeto sintetizado. 4h
africana no Brasil Música ““ziriguidum”, quer
dizer molejo, ritmo do
samba. Uma forma de
transmitir aos alunos essa
modalidade de dança,
herdada pelos africanos.

Brasil, um país Filme: Vista minha pele - 2º encontro


predominantemente afro recortes 4h
descendente Gênero: Documentário
Filme: Sarafina - recortes
Filme: Mississipi em
Chamas – recortes.
Reflexões sobre os Passar slides contendo o 3º encontro
conceitos de gênero, raça texto “O que é 4h
e etnia na formação de Diversidade Cultural”?
professores Escrito por Vorraber
(2008) que explícita que
identidade e diferença são
inseparáveis, dependendo
uma da outra.
UNIDADE I

1. A LEI 10.639/03 E AS NOVAS DIRETRIZES CURRICULARES

1.1 O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana no Brasil

Esse tema sempre foi lembrado nas aulas de História com o tema da
escravidão negra africana. No presente texto, pretendemos esboçar uma reflexão
acerca da Lei 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino
da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e
particulares, do ensino fundamental até o ensino médio.
A Lei 10.639/03 propõe novas diretrizes curriculares para o estudo da história
e cultura afro-brasileira e africana. Por exemplo, os professores devem ressaltar em
sala de aula a cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade
brasileira, na qual os negros são considerados como sujeitos históricos, valorizando-
se, portanto, o pensamento e as idéias de importantes intelectuais negros
brasileiros, a cultura (música, culinária, dança) e as religiões de matrizes africanas.
Com a Lei 10.639/03 também foi instituído o dia Nacional da Consciência
Negra (20 de novembro), em homenagem ao dia da morte do líder quilombola negro
Zumbi dos Palmares. O dia da consciência negra é marcado pela luta contra o
preconceito racial no Brasil.
Essa Lei altera a Lei nº 9.9394, de 20 de Dezembro de 1996, que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede
de Ensino a obrigatoriedade da temática, “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá
outras providências.

O presidente da República perante o Congresso Nacional decreta e sanciona


a seguinte Lei:
o o
Art. 1 A Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar
acrescida dos seguintes arts. 26-A 79-A e 79-B:
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e
particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-
Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o
estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a
cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional,
resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e
políticas pertinentes à História do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão


ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de
Educação Artística e de Literatura e História Brasileira. (LOPES, 2004, p.28)

Essa lei foi sancionada pelo então atual Presidente da República Luiz Inácio Lula da
Silva, em Brasília em 09 de Janeiro de 2003.
Depois de algum tempo em março de 2008 a obrigatoriedade do ensino de História e
Cultura Afro-brasileira, foi modificada posteriormente pela lei 11.645/08 que
acrescenta à temática também a cultura dos povos indígenas. Entretanto nesta
pesquisa, o enfoque será dado somente ao ensino de História e Cultura Afro-
brasileira e Africana.
Assim o papel destinado à educação está no debate sobre tudo que sempre
foi transmitido pela escola sobre a centralidade de uma cultura em detrimento das
demais, de um povo sobre o outro, sobre os processos de exclusão provocados pelo
preconceito e pela exploração, sobre as relações de poder, históricas, que manteve
sempre uma linha divisória entre o rico e o pobre, o negro e o branco, a cidade e o
bairro, o centro e a periferia. Ao assumir e propor essa nova dinâmica de percepção
e reflexiva permitirá a ampliação dos espaços e permitirá que:

À longo prazo, o padrão de vida da população negra venha a superar o


desnível, em relação aos brancos, quanto ao percentual de empregados,
grau de instrução, número de analfabetos, índices de evasão, exclusão e
repetência escolar. (VALENTE, 2005, p.64)

Não é possível também falar em educação sem citar a população de jovens e


adultos negros que deixam a escola devido ao seu sentimento de não-pertencimento
aquele local, aos estereótipos que carrega os estigmas que os acompanham. Diante
da exclusão esses jovens nem sempre percebem por que razões não se adaptaram
à escola e a relaciona a inabilidade para os estudos.
Os objetivos dessa lei têm sido alcançados parcialmente, pois muitos
profissionais da educação ainda não se encontram totalmente preparados e com
conhecimento real para aplicação da citada lei. Portanto o governo está voltado a
capacitar professores e com materiais disponíveis, como os cadernos pedagógicos
para dar suporte a esses profissionais.
Que tal agora ouvir a música: Ziriguidum de Filhos
de Jorge?

Fonte:
http://www.youtube.com/watch?v=U10M6bxZjQw

Vocês também poderão realizar uma pesquisa


sobre os ritmos musicais originários da África.

1.2 Brasil, um país predominantemente afro-descente

A última estatística segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografica e


Estatística)
em comparação com o Censo realizado em 2000, o percentual de pardos cresceu
de 38,5% para 43,1% (82 milhões de pessoas) em 2010. A proporção de pretos
também subiu de 6,2% para 7,6% (15 milhões) no mesmo período. Esse resultado
também aponta que a população que se autodeclara branca caiu de 53,7% para
47,7% (91 milhões de brasileiros).
O que se pode observar a partir dessa análise é que o Brasil além de ter uma
população que predomina a afrodescendência, a maioria do povo brasileiro já se
aceita como pardos ou descendentes de Africanos. Assim também o acesso desses
povos em relação ao mercado de trabalho, cultura, economia, educação e a
inserção social está gradativamente evoluindo. Vindo afirmar nas palavras de
Teodoro et.al.:

[...] a identificação racial não é mera conseqüência da cor dos nossos pais.
É uma construção social para a qual contribui o lugar que as pessoas
ocupam na sociedade e, também, como as próprias pessoas se vêem.
Nada garante que esse modo de construir sua própria identidade seja
constante ao longo do tempo. Para os indivíduos, pode depender de
mudanças nas suas visões de mundo, ideologia ou até refletir experiências
particulares que os afetaram. Do ponto de vista da, pode refletir mudanças
em como cada identidade racial é construída.
[...] Pode-se dizer que o que está ocorrendo não é que o Brasil esteja
tornando se uma nação de negros, mas, sim, que está se assumindo como
tal. (2008, p. 107)

Mas como no Brasil alguns estereótipos de beleza já vêm concebidos e


embutidos com traços e origens que não condizem com os padrões de beleza afro-
descendentes, mas sim que se identificam com a européia, deixa um
questionamento sobre o preconceito referente ainda a identidade negra, que
precisam estar demonstrando o tempo todo que são capazes e que o seu cognitivo
não tem nada a ver com a cor de sua pele.
Munanga (1999, p.13-15) relata que “também parte do princípio da
necessidade da criação de uma identidade que sirva de plataforma mobilizadora”.
Nesse sentido, é necessária a recuperação de uma negritude tanto física quanto
cultural. A criação de uma solidariedade coletiva é difícil devido à presença do ideal
de branqueamento, elaborados nos fins do século XIX e XX pelas elites brasileiras.
Esse Brasil mestiço dificulta a criação de uma forte identidade negra.Telles
(2003, p.301-302) observa que “o racismo e a discriminação existem em todas as
sociedades multirraciais”. A especificidade do racismo brasileiro se deve às
condições históricas, demográficas, culturais, políticas e econômicas de nossa
formação.
Isso faz com que essa afirmação seja cada vez mais necessária no campo
educacional, principalmente na Educação Infantil e nas séries iniciais, que é a base
da formação de identidade social e individual humana. O papel do educador é de
suma importância na construção dessa identidade. Portanto se o educador tem uma
visão holística da sociedade como um todo e não de forma discriminatória, mas
sabendo fazer uma abordagem que inclua a todos não ressaltando os afro-
descendentes, mas aceitando- a como parte dessa sociedade de forma simplista e
normal
Você pode assistir aos vídeos para se aprofundar
sobre o assunto:

Filme: Vista minha pele – recortes - documentário

Filme: Sarafina – recortes

Filme: Mississipi em Chamas – recortes

Fontes:
http://www.youtube.com/watch?v=1iYUSo89d0o
http://www.youtube.com/watch?v=LWBodKwuHCM
http://www.youtube.com/watch?v=5E41USKzJCI

Que tal agora realizarmos essa dinâmica?

Sentar todos no chão, com pernas entrelaçadas e fazer uma conversa


informal sobre os pré-julgamentos que fazemos das pessoas, que vem embutido
com idéias já pré-concebidas que apenas servem para discriminar de forma
aleatória, sem saber qual a história de vida de cada indivíduo.
Reunir em duplas e fazer uma paródia com o tema “diversidade cultural e
social”, dar um tempo de trinta minutos e pedir que apresentem a todos.
Depois de assistirem os recortes do filme, sugerir que façam uma síntese
sobre a temática, cujo foco principal é entender que existem vários tipos de padrões
de beleza e que todos devem ser valorizados não importando cor dos olhos, traços
do rosto e cabelos.
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1.3 Reflexões sobre os conceitos de gênero, raça e etnia na formação de


professores

Os conceitos de gênero, raça e etnia ao serem trabalhados na sala de aula


em uma perspectiva da valorização da(s) identidade(s) dos múltiplos sujeitos que
convivem no mesmo espaço da escola deve ter um posicionamento político, a fim de
desconstruir os esteriótipos e os estigmas que foram atribuídos historicamente a
alguns grupos sociais.
A questão de gênero a ser trabalhado na sala de aula, deve começar pelo
entendimento de como esse conceito gênero ganhou contornos políticos. O conceito
de gênero surgiu entre as estudiosas feministas para se contrapor à idéia da
essência, recusando qualquer explicação pautada no determinismo biológico, que
pudessem explicitar comportamento de homens e mulheres, empreendendo, dessa
forma, uma visão naturalista, universal e imutável do comportamento. Tal
determinismo serviu para justificar as desigualdades entre ambos, a partir de suas
diferenças físicas.
De acordo com autoras Guacira L. Louro (1997) e Eliane Maio Braga (2007),
a expressão gênero começou a ser utilizado justamente para marcar as diferenças
entre homens e mulheres não são apenas de ordem física e biológica. Como não
existe natureza humana da cultura, para as autoras, a diferença sexual anatômica
não pode mais ser pensada isolada das construções sócio-culturais em que estão
imersas.
A diferença biológica é apenas o ponto de partida para a construção social do
que é ser homem ou ser mulher. O sexo é atribuído ao biológico enquanto gênero e
é uma construção social e histórica. A noção de gênero aponta para a dimensão das
relações sociais do feminino e do masculino (BRAGA, 2007).
Atualmente, o conceito de raça quando aplicado a humanidade causa
inúmeras polêmicas, porque a área biológica comprovou que as diferenças
genéticas entre seres humanos são mínimas, por isso não se admite mais que a
humanidade é constituída por raças.
No entanto na década de 1970, o Movimento Negro Unificado e os teóricos
que defendiam a causa, ressignificaram o conceito de raça como uma construção
social forjada nas tensas relações entre brancos, negros e indígenas. Muitas vezes
simulados como harmoniosos, não tinha relação com o conceito biológico de raça
cunhado no século XIX, e que hoje está superado.
O termo raça usado nesse contexto, segundo Petronilha Beatriz Silva
(BRASIL, 2004), tem uma conotação política e é utilizado com freqüência nas
relações sociais brasileiras, para informar como determinadas características físicas,
como cor da pele, tipo de cabelo, entre outras, influenciam, interferem e até mesmo
determina o destino e o lugar social dos sujeitos no interior da sociedade brasileira.
O conceito de raça ao ser usado com conotação política permite, por
exemplo, aos negros valorizar a característica que difere das outras populações e
romper com as teorias raciais que foram formuladas no século XIX e até hoje
permeia o imaginário popular.
O termo étnico é geralmente segundo Petronilha Beatriz Silva (BRASIL, 2004)
marca as relações tensas por causa das diferenças na cor da pele e nos troços
fisionômicos que caracterizam a raíz cultural plantada ancestralidade dos mais
diversos grupos, que difere em visão de mundo, valores e princípios de origem
indígena, européia ou asiática. O termo étnico é fundamental para demarcar que
indivíduo pode ter a mesma cor da pele que o outro, o mesmo tipo de cabelo e
traços culturais e sociais que os distingue, caracterizando assim etnias diferentes.
Os professores e as professoras que se posicionam criticamente em relação
ao conceito de gênero, raça e etnia podem instituir discursivamente uma “vontade de
verdade” de um grupo social, para utilizar a expressão de Foucault (2002). Mobilizar
uma ação contra os padrões e os processos de exclusões instituídos é um grande
passo para implantação de uma diversidade cultural, pois as diferenças são
socialmente construídas e estão envolvidas com as relações de poder.
Vamos ler o artigo:
O que é Diversidade Cultural?

Leia o artigo na íntegra em:

http://www.fazendogenero.ufsc.br/8/sts/ST1/Nogueira-Felipe-Teruya_01.pdf

Dividir a sala em grupos para que façam uma pesquisa e releitura do texto completo
e analisem de forma clara e objetiva sobre algumas temáticas propostas para ser
debatidas:

1) Compreendemos os processos históricos e sociais que ocorreram nas últimas


décadas em relação a aceitação e valorização da Diversidade social e cultural?
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2) Os professores e as professoras percebem em sua ação pedagógica como os


conceitos de gênero, raça e etnia são socialmente construídos e discursivamente
usados para marginalizar o “outro” estarão, de fato, contribuindo para a constituição
e uma diversidade cultural que não seja apenas tolerante, mas que perceba “eu” e o
“outro?
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3) Os conceitos de gênero, raça e etnia ao serem trabalhados na sala de aula em
uma perspectiva da valorização da(s) identidade(s) dos múltiplos sujeitos que
convivem no mesmo espaço da escola devem ter um posicionamento político, a fim
de desconstruir os esteriótipos e os estigmas que foram atribuídos historicamente à
alguns grupos sociais?
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Nesta 2ª Unidade será abordado o tema do projeto de implementação, a raça negra


e sua diáspora, no Curso de Formação de Docentes na escola pública do Estado do
Paraná.

Atividade Metodologia Tempo

A raça negra e sua Música: Um sorriso negro. 4º encontro


trajetória histórica e Paródias em ritmo de 4 h
cultural reggae.
Breve histórico da cultura Texto: “Menina Bonita do 5º encontro
brasileira laço de fita.” Síntese do 4 h
livro.
UNIDADE II

2. A RAÇA NEGRA E SUA DIÁSPORA

2.1 A raça negra e sua trajetória histórica e cultural

O conceito de diáspora, na visão de Hall (2003), quer dizer deslocamento ou


migração de um povo, de um determinado lugar para outro. Como exemplo os
negros que deixaram seu país de origem (África), e vieram para outro país (Brasil).
Dentro dos Estudos Culturais, o termo se presta a dar conta especialmente dos
fenômenos relativos a migrações humanas dos ex-países coloniais para as antigas
metrópoles. Para o teórico, o conceito fechado de diáspora se apóia sobre uma
concepção binária de diferença.
Partindo desse pressuposto, ainda é necessário afirmar ainda na ótica do
mesmo autor que a alternativa não é “apegar-se a modelos fechados, unitários e
homogêneos de pertencimento cultural, mas abarcar os processos mais amplos o
jogo da semelhança e da diferença que estão transformando a cultura no mundo
inteiro.” Esse é o caminho da diáspora, que é a trajetória de um povo moderno e de
uma cultura moderna (HALL, 2003, p. 47).
Assim pode-se afirmar sem sombra de dúvidas após muitas pesquisas
embasadas por autores renomados, que as mudanças ocorreram em muitos
aspectos, social, cultural e étnico, analisando a miscigenação desses povos.
Concebe-se também a idéia de mudanças conceituais provocadas por educadores
conscientes e politizados, que trazem toda uma gama de conhecimento ao adentrar
em sua sala de aula e incutir conhecimento em seus docentes, pois o conhecimento
repassado aos discentes não é neutro.
E ao analisar autor como Munanga (2003) descobre-se o seguinte:

(...) uma realidade sempre presente em todas as sociedades humanas.


Qualquer grupo humano, através de seu sistema axiológico, sempre
selecionou alguns aspectos pertinentes de sua cultura para se definir em
contraposição ao alheio. A definição de si (autodefinição) e a definição dos
outros (identidade atribuída) tem funções conhecidas: a defesa da unidade
do grupo, a proteção do território contra inimigos externos, as manipulações
ideológicas por interesses econômicos, políticos, psicológicos etc. (p.45).

Ainda citando Munanga (2003), o autor comenta que muitos professores ao


tentar passar a seus alunos a cultura Negra são acusados de serem “racistas as
Avessas”. Isso significa que é um professor que tenta passar aos seus alunos a
cultura Africana, defendendo seus ideais e a política nacional que acontece em torno
do tema abordado.
Na verdade o objetivo do trabalho dos professores tanto de história como de
outras áreas não é de pregar uma ideologia, mas sim proposta e projetos que visam
subsidiar o trabalho do educador sobre as relações étnico-raciais positivas,
reconhecendo e valorizando a história, a cultura e a identidade da população afro-
descendente do Brasil. Levar os alunos e os educadores a se posicionarem de
maneira reflexiva e crítica, partindo do conhecimento e da contextualização de
situações variadas, para que aprendam por meio da análise de fatos. O objetivo é
formá-los para que sejam capazes de intervir na realidade, transformando-a, quando
necessário. Essa proposta de trabalho visa estabelecer relações humanas mais
fraternas, promovendo a colaboração, a solidariedade e a construção da dignidade
pessoal, além de proporcionar a reflexão sobre várias situações que possam ocorrer
no cotidiano tanto dentro do âmbito escolar ou em convívio social.
2.2 Cultura e conceito cultural

A problemática cultural requer refletir idéias, elementos, que constituem o


processo de aprendizagem, assim como as bases determinantes que propiciam o
desenrolar da aprendizagem no contexto escolar. Portanto é necessário relacionar o
indivíduo enquanto ser em desenvolvimento e o meio enquanto promotor de
aprendizagem e desenvolvimento.
Para analisar tal processo partimos do pressuposto vygotskyano que
considera a linguagem processo de abstração e generalização que liberta o
pensamento do contexto perceptual imediato, tornando o indivíduo capaz de fazer
uso de suas funções psicológicas, reorganizando a sua atividade consciente.
Analisando através de um conceito mais amplo para Vygotsky (2000, apud
LIBÂNEO, 2012), a construção da personalidade e a cultura estão intimamente
ligadas, pois é através dela que se dá a identidade pessoal que é intrínseca de todo
ser humano, pois a relação humana e os signos culturais fazem parte de todo esse
processo de desenvolvimento pessoal.
Outro conceito interessante na visão de Vygotsky (2002) é que a experiência
de gerações anteriores faz com que as pessoas consigam realizar suas atividades
presentes com êxito e credibilidade, pois o contexto cultural viabiliza a
aprendizagem, pois o aluno faz um paralelo de sua vivência cultural com o
conhecimento científico.
O que ser quer provar através dessa pesquisa é que cultura e aprendizagem
estão atreladas e que contribuem de forma significativa na concepção do
conhecimento. Concordando com Vygotsky, Hedegaard (1996) defende com ênfase
que a trajetória histórica dos alunos contribui de forma significativa para a
capacidade de análise e interpretação e compreensão do seu mundo natural e
social.
O indivíduo se desenvolve através da cultura nas inter-relações sociais.
Sendo assim a aprendizagem passa primeiro pelo social para depois tornar-se
individual. Isso faz com que se tome consciência do ser humano que se forma e é de
relevante importância para sua formação pessoal, cultural e social.
Portanto, como aponta Libâneo (2012), a cultura não pode estar desvinculada
da prática educacional, pois, a cultura científica auxilia nas capacidades intelectuais
dos alunos e no seu contexto cotidiano.
PROPOSTA DE
ATIVIDADE

Um sorriso negro
Um abraço negro
Traz felicidade...

Adilson Barbosa, Jorge Portela e Jair Carvalho

A proposta a respeito dessa unidade será após ouvirem e analisarem a música,


fazer uma paródia com gênero samba ou reggae, mas que tenha um cunho cultural
voltado para as raízes africanas. Poderá ser feito apologia sobre o tema.

Paródia
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2.3 Breve histórico da cultura brasileira
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A história do Brasil é marcada pela eliminação simbólica e/ou física do “outro”.


Os processos de negação desses “outros”, na maioria das vezes ocorreram no plano
das representações e do imaginário social quando estabelecemos os conceitos do
que é ser belo, ser mulher, ou até mesmo do que é ser brasileiro.
Ao tratar a questão da diversidade cultural, Anete Abramowicz (2006) diz que
todo o brasileiro vive uma situação no mínimo, inusitada. De um lado, há o discurso
de que nós somos um povo único, fruto de um intenso processo de miscigenação e
mestiçagem, que gerou uma nação singular com indivíduos culturalmente
diversificados. De outro, vivenciamos em nossas relações cotidianas inúmeras
práticas preconceituosas, discriminatórias e racistas em relação a alguns segmentos
da população, como, as mulheres os indígenas e os afro-descentes.
Na atualidade mesmo com manutenção de vários padrões de comportamento,
de beleza, os documentos relacionados à educação brasileira outorgam que somos
um país construído tendo por base a diversidade cultural. Mas o que significa
diversidade cultural em país onde os diversos grupos sociais são marginalizados em
suas representações?
Os estudos de Ana Célia da Silva (2005) mostram que apesar da diversidade
cultural registrados nos documentos oficiais, porque os bancos escolares são
freqüentados por alunos de diferente origem étnico-raciais e gênero, os conteúdos
programáticos dos livros didáticos e dos currículos escolares apresentam ainda
como padrão o homem, branco e heterossexual.
No intuito de refletirmos sobre as possibilidades de ação pedagógica para
tratar da diversidade cultural na educação escolar, questionamos: como trabalhar os
conceitos de gênero, raça e etnia na sala de aula, com o propósito de valorizar as
múltiplas identidades constituintes no ambiente escolar.
Ana Célia Silva (2005) afirma que nos livros didáticos, nos currículos
escolares e nas falas dos professores, ainda há uma invisibilidade ou a visibilidade
subalterna de diversos grupos sociais, como os negros, os indígenas e as mulheres.
O preconceito instituído e manifestado na prática pedagógica pode levar tais grupos
a uma auto rejeição e rejeição ao seu grupo social, comprometendo os processos
constitutivos de sua identidade(s).

Vamos ler o livro: “Menina Bonita do laço de fita”, que segundo a autora Maria
Clara Machado, escreveu porque tinha seus filhos dois casamentos e com etnias
diferentes, mulatos e brancos, e procurou mostrar a seus filhos em forma de uma
leitura divertida que as pessoas também possuem características diferentes entre si.
Assim, não somente com o objetivo de apresentar aos alunos a riqueza da
diversidade étnico-cultural brasileira, mas contribuindo para que futuramente ao
trabalhar com os menores possam fazer essa distinção para que se apropriem de
valores com o respeito a si próprio e ao outro, mas também como o objetivo de
elevar a auto-estima do aluno negro.
Um caminho para isso é a reflexão conjunta, procurando respostas a
indagações como: Sou preconceituoso? Já vivi situações de discriminação ou
preconceito? E, tratando-se da etnia negra: O que sei sobre o continente africano? O
que sei sobre as condições dos africanos escravizados no Brasil? O que sei sobre
suas lutas de resistência, seus heróis, suas histórias? Conheço a história de Zumbi?
A influência que os africanos escravizados tiveram na formação da identidade
brasileira, nas religiões, festas, cantigas, danças, culinária e, principalmente,
histórias que contribuem para ampliar o repertório e povoar o imaginário das
crianças com representações positivas do negro?

Fonte:
http://www.atividadesparacolorir.com.br/2011/09/menina-bonita-do-laco-de-fita.html

Síntese da Atividade Desenvolvida


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Nesta _________________________________________________________________
3ª Unidade será abordado o tema do projeto de implementação, o legado
cultural_ afro-brasileiro, no Curso de Formação de Docentes na escola pública do
Estado do Paraná.
Atividade Metodologia Tempo

A cultura afro-brasileira Nesse segundo módulo 6º encontro


transmitida através da será passado aos alunos 4 h
dança. do curso de Formação
Docente, a música Mama
África, que é do autor
Chico César e que possui
a intencionalidade de
mostrar além dos
diferentes gêneros
musicais originários da
África, também poderá ser
feito uma segunda análise
sobre os tipos de família
existentes no Brasil,
A Educação quilombola e Filme: Um grito de 7º encontro
as mudanças curriculares liberdade.Sinopse e 4h
do estado do Paraná recorte do filme para
trabalhar uma entrevista.
Currículo Escolar e Texto:As tranças de Bitou. 8º encontro
Comunidades Nessa abordagem, que 4 h
Quilombolas poderá ser feita através
pesquisa em revistas e
jornais com pessoas de
diferentes características
físicas e etnias
construindo um mural de
fotos.
UNIDADE III

3. O LEGADO CULTURAL AFROBRASILEIRO

3.1 A cultura afro-brasileira transmitida através da dança.

O Brasil é um País rico no que diz respeito às várias etnias que aqui
chegaram, e que fazem parte desse povo. Assim, os autores que falam da cultura
brasileira concordam que a característica marcante de nossa cultura é a riqueza de
sua diversidade, resultado de nosso processo histórico-social e das dimensões
continentais de nossa territorialidade.
A composição étnica dos brasileiros é um conteúdo muito importante,passível
de uma atenção especial por parte do educador ao aplicá-lo em sala de aula.
Mostrar aos alunos a diversidade étnica da população nacional e como esse fator
contribuiu para a nossa identidade cultural; demonstrar aspectos culturais presentes
nas vidas dos brasileiros, originários dos indígenas, portugueses, africanos, além
dos outros imigrantes europeus, árabes e asiáticos.
A cultura é histórica, pensar em cultura é pensar em conhecimento,
significado e formas de interpretar o mundo e nosso cotidiano. A construção de uma
cultura é baseada no que fomos agregando ao longo da história para transformar e
transmitir nosso pensamento, nossas formas de ser e sentir. Conhecer, aprender, ver
as diferenças, como somos e como nos relacionamos é se apropriar do
conhecimento.
Para entender o conhecimento, temos que refletir os inúmeros fatores pelos
quais somos influenciados, como: o que assistimos na TV, o que temos como hábito
de leitura, de saberes adquiridos, de técnicas corporais incorporadas, entre outros.
Ávila (2000, p.2) ao tratar da cultura nos indica que não podemos
compreendê-la como algo homogêneo, alertando para o fato de que ela possui
diferentes formas de coexistir na esfera social, refletindo formas desiguais de
apropriação do capital cultural: as culturas populares, as culturas hegemônicas e a
cultura de massa. Para ela há um entendimento corrente de que a cultura popular é
algo primitivo, que necessita evoluir.
A cultura é essencial ao desenvolvimento do ser humano. De todas as
manifestações culturais, a dança é uma das mais representativas, pois reflete os
aspectos relativos a uma determinada sociedade e desenvolve, a partir da
expressão corporal, movimentos e ritmos diversos. Segundo Boyer (1983), a arte é
essencial na experiência humana, não é uma frivolidade, ele recomenda que a arte
seja estudada para descobrir como seres humanos usam símbolos não verbais e se
comunicam não apenas com palavras, mas através da música, teatro, dança e na
construção do conhecimento. Em seu aspecto folclórico expressa as origens
nacionais, divulgam e perpetuam a cultura de um povo, além de estabelecer bom
relacionamento social e laços de solidariedade, como a democracia, a união, entre
outros. (Vargas, 2007:58). Segundo Nanni (1995 p.29), ”criar é dar forma a um
fenômeno de modo novo e compreendido em termos novos” e a dança permite isso,
pelo processo educacional, a utilização do processo criativo, e por meio deste criar
novas formas e fenômenos do movimento.
Ainda para Nanni (2002, p.100), “a escola deverá estar sensível ao mundo
daqueles que são a maioria, as classes populares e se valer da vontade de fazer
chegar a elas conteúdos significativos que tenham relação com sua vida e que
permitam a compreensão em si, das coisas que a cercam, e da relação entre
ambos”.
Através das atividades de história e de dança, pretendemos que a criança
evolua quanto ao domínio de seu corpo, respeitando as diferenças, desenvolvendo e
aprimorando suas possibilidades de movimento e de entendimento sobre a
diversidade cultural. A escola, enquanto meio educacional deve oportunizar didáticas
e metodologias que facilitem a compreensão sobre a cultura afro-brasileira. A
atuação do professor principalmente nas séries iniciais deverá ser planejada e
coerente. Conforme Gallahue e Ozmun (2001) a escola, muitas vezes, é o espaço
onde, pela primeira vez, as crianças vivem situações de grupo e não são mais os
centros das atenções, sendo que as experiências vividas nesta fase darão para um
desenvolvimento saudável durante o resto de sua vida.
Assim utilizar a dança como um instrumento metodológico, para repassar ao
curso de Formação de Docentes será uma forma de conscientizar que
especificamente o reggae, é mais uma herança cultural trazida pelos africanos. O
Reggae é um gênero musical que tem suas origens na Jamaica, o auge desse
gênero musical ocorreu em 1970. È uma mistura de vários estilos musicais: música
folclórica da Jamaica, ritmos africanos, ska e calipso. Apresenta um ritmo dançante e
suave, porém com uma batida bem característica. A guitarra, o contrabaixo e a
bateria são os instrumentos musicais mais utilizados.
As letras das músicas de reggae falam de questões sociais, principalmente
dos jamaicanos, além de destacar assuntos religiosos e problemas típicos de países
pobres.
O reggae recebeu, em suas origens, uma forte influência do movimento
rastafari, que defende a idéia de que os afrodescendentes devem ascender e
superar sua situação através do engajamento político e espiritual.
Essa modalidade de dança será explorada como sugestão de atividade nesse
primeiro módulo.
Na segunda unidade ouviremos a música Mama África, que é do autor Chico César
e que possui a intencionalidade de mostrar além dos diferentes gêneros musicais
originários da África, também poderá ser feito uma segunda análise sobre os tipos
de família existentes no Brasil, como elas se diferem, cujo texto será encontrado
especificamente no Caderno Orientações e Ações para a Educação das Relações
Étnico Racial, capítulo 20. p. 44.

Mama África (a minha mãe)


é mãe solteira
e tem que fazer
mamadeira todo dia
além de trabalhar
como empacotadeira
nas casas Bahia

http://www.youtube.com/watch?v=hOKCKvYmiig

Após assistirem ao vídeo será feito uma proposta de dança ritmo reggae, o qual
todos poderão se embalar ao ritmo da música, criar novos passos, induzir que todos
se pronunciem a respeito, se já sabiam da origem desse gênero musical ou se para
alguns é novidade.
Leitura do texto: “A família brasileira hoje”, fazer uma roda de conversa, para saber o
que mudou nos modelos de família brasileira. Induzir os docentes para que eles
citem exemplos reais que fazem parte do seu cotidiano.
3.2 A Educação quilombola e as mudanças curriculares do estado do Paraná

Segundo o Caderno Temático da Diversidade, cujo tema é: Pilões, Peneiras e


Conhecimento Escolar (p.33-42) retrata o panorama escolar referente aos
quilombolas, especificamente no estado do Paraná.
Fazendo um retrocesso histórico nota-se que durante muitos anos a
educação paranaense tinha um currículo voltado para privilegiar os povos europeus,
esquecendo-se da grande contribuição cultural e miscigênica dos povos indígenas,
africanos e afro-brasileiros na formação do estado.
Ao fazer uma análise mais detalhada observou-se que havia em 2004 de oito
a dez comunidades quilombolas, e com o fator motivador que foi a criação da Lei
10.639/03 que institui a obrigatoriedade do ensino da História e da Cultura Afro-
Brasileira e Africana no Currículo do Ensino fundamental, e na Secretária de Cultura,
o programa denominado o novo “Paraná da Gente”.
A partir de então várias políticas públicas vem surgindo através de vários
programas e fazendo um paralelo histórico para que essas medidas venham
realmente atender as comunidades quilombolas. Concordando com essa temática
Fernandes Afirma:

Um amplo processo de cidadania incompleto e que anseia por ações e


políticas públicas, visando o reconhecimento e a garantia dos direitos
territoriais dos descendestes dos africanos capturados aprisionados e
escravizados pelo sistema colonial português. As terras dos quilombos
foram consideradas parte do patrimônio cultural desses grupos negros e
enquanto tais devem ser alvos de proteção por parte do Estado.
(FERNANDES, 2007, P.9)

Observando os gráficos referentes à educação quilombola nota-se um baixo


índice de escolarização referente a idade dos jovens, principalmente quem trabalha
no campo, e com um grande número de analfabetos, e ao alunos que freqüentam a
escola a maioria possui uma defasagem cognitiva acentuada. Muitos desses jovens
são compelidos ao chegar a uma certa idade migrar para centros maiores para fazer
novos cursos que não condizem com sua realidade social. Com esse diagnóstico o
governo criou diversas ações que atendessem a necessidade educacional desse
povo.
Assim foram criadas mais escolas que atendessem os quilombolas, formação
continuada de professores, fazendo com que o Projeto Político Pedagógico viesse
de encontro às necessidades deles.
Freire (1980) ressalta que todos esses cuidados não quer dizer que a matriz
Curricular fugiria às Diretrizes Curriculares Estaduais da Educação Básica, mas sim
compor Diretrizes que cruzem com as reais necessidades do povo quilombola.
A educação para povos e comunidades quilombolas encontra-se em processo
de estruturação. Desse modo, articular meios para que esses estudantes tenham
suas especificidades atendidas no espaço escolar, é um passo significativo para
construção da cidadania. Articular, subsidiar e garantir que estudantes quilombolas
tenham suas especificidades atendidas, bem como acesso, permanência e
conclusão de seus estudos é permitir o exercício de uma política equânime para
melhor qualidade educacional e de vida a essas comunidades.
Entrevista baseada na sinopse do filme
Recortes do filme: Um grito de liberdade

Fonte
http://8a-frica.blogspot.com.br/2012/07/um-grito-de-liberdade-nos-anos-1970-na.html

Após assistirem aos recortes do filme, farão uma simulação de entrevista que será
executada junto a seus familiares, cujo tema da pesquisa será sobre preconceitos
que foram vivenciados ou presenciados por eles. Em um segundo momento, eles
lerão em alta voz para todos, os relatos trazidos, o filme, servirão para respaldar o
debate que acontecerá em sala.

Entrevista

1) Já presenciaram algum tipo de preconceito dirigido a alguém que vocês


conheçam ou tenham vínculo afetivo ou de parentesco?
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___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2) Narrar de que forma ocorreu esse fato, se possível com ano e mês.
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3) Qual foi sua reação diante desse fato lamentável?


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3.3 Currículo Escolar e Comunidades Quilombolas

Os quilombos se diferenciam entre si por não serem uma comunidade


uniforme, pois cada quilombo tem seu jeito peculiar de ser, com culturas e costumes
diferenciados conforme relata Nunes (2006).
Como proposta Freire afirma que “ensinar e aprender não ser indissociáveis,
e dessa forma os sujeitos envolvidos podem se interdepender no ensino-
aprendizagem, passar conhecimentos e recebê-los. A formação docente possibilita
are visão de saberes, pois conforme Freire (1996, p.25)

Quem forma, se forma e re-forma ao formar, e quem é formado forma-se e


forma ao ser formado [...] Não há docência sem discência, as duas se
explicam e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se
reduzem à condição de objeto um do outro. Quem ensina aprende a
ensinar, e quem aprende, ensina a aprender.

Assim o Currículo dessas comunidades quilombolas, precisa estar voltado


para as práticas cotidianas envolvendo as práticas culturais que são desenvolvidas
na comunidade local. Pois currículo tem que se identificar com a sociedade a qual
atende, pois “as narrativas continuadas no Currículo, explícita ou implicitamente,
corporificam noções particulares sobre diferentes grupos sociais (SILVA, 2002,
P.195).
O povo quilombola construiu sua identidade, ao longo de sua trajetória um
modo de vida diferente que corre o risco de ser marginalizado ao analisar o histórico
da construção da sua identidade.
Muitas vezes a escola por ter dificuldades de abordar e trabalhar assuntos
referentes à Diversidade Étnica Cultural e as diferenças, por isso, acabam
neutralizando esse campo e homogeneizando esse currículo como monocultural,
pois teriam que romper vários padrões pré-estabelelecidos, para trabalhar esse
conteúdo.
Também é preciso reconhecer e aceitar a diferença, compreendendo a luz
das relações históricas, sociais e culturais. Gomes (2003, p.73) infere que,

Nem sempre o diferente nos encanta. Muitas vezes ele nos assusta, nos
desafia, nos faz olhar para nossa própria história, nos leva a pensar em
revistas as nossas ações, opções políticas e individuais e os nossos
valores. Reconhecer as diferenças implica romper com preconceitos,
superar as velhas opiniões formadas sem reflexão, sem o menor grau de
contato com a realidade.

Historicamente, os seres humanos muitas vezes têm dificuldades para se


relacionarem com as diferenças, pois teriam que abdicar de seus valores já
enraizados, transpor seus preconceitos e partir para ações concretas que efetivem
atitudes democráticas, justa e igualitária.
PARA ENCERRAR...

Livro: As tranças de Bintou

Fonte:

http://www.youtube.com/watch?v=C8j2CqP8Lu0

Sugiro nessa abordagem, que poderá ser feita pesquisa em revistas e jornais
com pessoas de diferentes características físicas e etnias construindo um mural de
fotos.
Interessante, depois fazer um questionamento do motivo das escolhas da
foto. Servirá também como uma reflexão sobre a forma de cada indivíduo, ou futuro
profissional da educação lida com a Diversidade cultural e de raça.
ABRAMOWICZ. Anete. Trabalhando a diferença na educação infantil. São Paulo:
Moderna, 2006.

Boyer, M. C. (1983). Dreaming the rational city: the myth of American city
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BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes Curriculares Nacionais para a


Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-
Brasileira e Africana, p. 44. Parecer CNE/CP 3/2004, de 10 de março de 2004.

III CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO – 2010 - RJ

COLL, C., et al. Os conteúdos na reforma: ensino e aprendizagem de


conhecimentos, procedimentos e atitudes. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Ficha técnica do filme: “Kiriku e a feiticeira”: Título original: Kiriku ET La


sorcière. Gênero: Animação. Ano de lançamento (França): 1998. Estúdio: Trans
Europe Film. Distribuição: ArtMann. Direção e Roteiro: Michel Ocelot. Música:
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GALLAHUE, D. L. & OZMUN, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor.


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