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Sumário
Editorial ........................................................................................................................... 3
Entrevista ........................................................................................................................ 4
ISSN 0100-3364
CONSELHO DE
DIFUSÃO DE TECNOLOGIA E PUBLICAÇÕES É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem
Baldonedo Arthur Napoleão autorização escrita do editor. Todos os direitos são reservados à
Luis Carlos Gomes Guerra EPAMIG.
Manoel Duarte Xavier
Carlos Alberto Naves Carneiro Os artigos assinados por pesquisadores não pertencentes ao quadro
Maria Lélia Rodriguez Simão da EPAMIG são de inteira responsabilidade de seus autores.
Edson Marques da Silva
Sebastião Gonçalves de Oliveira Os nomes comerciais apresentados nesta revista são citados apenas
Cristina Barbosa Assis
para conveniência do leitor, não havendo preferências, por parte da
Vânia Lacerda
EPAMIG, por este ou aquele produto comercial. A citação de termos
técnicos seguiu a nomenclatura proposta pelos autores de cada artigo.
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E DIFUSÃO DE TECNOLOGIA
Cristina Barbosa Assis Assinatura anual: 6 exemplares
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NORMALIZAÇÃO
Fátima Rocha Gomes e Maria Lúcia de Melo Silveira Informe Agropecuário. - v.3, n.25 - (jan. 1977) - . - Belo
Horizonte: EPAMIG, 1977 - .
PRODUÇÃO E ARTE v.: il.
Diagramação/formatação: Rosangela Maria Mota Ennes
e Maria Alice Vieira Cont. de Informe Agropecuário: conjuntura e estatísti-
ca. - v.1, n.1 - (abr.1975).
Capa e design: Thiago Fernandes Barbosa ISSN 0100-3364
Produção de resíduos
PECUÁRIA E ABASTECIMENTO
Silas Brasileiro
Secretário
A EPAMIG integra o
Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária,
coordenado pela EMBRAPA
IA - Como teve início a utilização do tes minerais tradicionais, ou a cinzas, atual Legislação do Ministério de Agri-
fertilizante organomineral na agri- mas com aplicação restrita a pequenas cultura sobre o assunto, etc.
cultura brasileira? plantações, sem possibilidade de pro- O início da utilização do organo-
Luiz Wagner - Os primeiros organo- duzir grandes volumes. A produção em mineral deu-se de forma ampla, após
minerais foram produzidos há mais de larga escala não era possível naquela uma revisão dos conceitos sobre adu-
vinte anos, quando algumas empresas época, devido à falta de tecnologia para bação. Percebeu-se a interação de uma
do Sul e do Sudeste tinham como ba- produção de um fertilizante seguro, sem agricultura contemporânea com vá-
se a mistura de esterco aos fertilizantes riscos ao meio ambiente e às lavouras, rios outros segmentos. O grande volu-
minerais. Era uma mistura simples, sem que pudesse ser usado nos implemen- me de matérias orgânicas produzidas
muito aparato tecnológico. De certa for- tos comuns. Além disso, concorriam pelas agroindústrias e outros setores
ma, foi assim que começaram a ser pro- como empecilho à produção em larga poderia ter um destino mais nobre.
duzidos comercialmente os primeiros escala, a falta de apoio, de incentivos e E a experiência vem comprovando que
organominerais no Brasil. Este proces- de uma retaguarda técnica de suporte podemos produzir um organomine-
so já era conhecido por produtores ru- aos técnicos e aos produtores. Atual- ral em condições de disputar espaço,
rais em várias regiões do mundo com mente, esta retaguarda é indispensá- em pé de igualdade ou superioridade,
bons resultados. Eles usavam o esterco vel, pela necessidade de os produtores com os tradicionais fertilizantes mine-
seco peneirado, misturado a fertilizan- se adequarem à Lei do Consumidor e à rais.
Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.26, n.224, 2005
IA - Novas tecnologias trouxeram avan- nutrientes dos organominerais, o solo, luidor em fertilizante, com excelentes
ços para o processo de utilização mesmo com boa estrutura física, poderá propriedades agronômicas, se somadas
de organominerais na agropecuá- perder em produtividade, se não for fei- à sua alta eficiência, propiciará uma vi-
ria? ta uma recomendação adequada. Para da mais longa às jazidas minerais exis-
Luiz Wagner - Por exemplo, na bio- cada produtor as recomendações devem tentes, como as de fósforo, de potássio,
tecnologia Bioexton, gerada após anos ser revistas, diante das diferenças exis- entre outras, o que significa um gran-
de pesquisa, a compostagem acelerada tentes entre as culturas, os solos e os de avanço em todas as áreas de atuação
de grande volume de matéria orgâni- próprios produtores, etc. É importan- do ser humano. Os organominerais
ca, oriunda de diversas fontes produ- te colocar em prática a experiência de concorrem muito para uma agricultu-
toras, fez com que o processamento quem já obteve bons resultados com os ra moderna, auto-sustentável e consci-
IA - Em Abadia de Goiás, como tem sido humanidade, para que esta não entre ro, e com algumas adaptações, extrapo-
a utilização do fertilizante organo- em colapso, e para a produção de ali- lamos para Goiás. Atualmente, estamos
mineral na agricultura? mentos suficientes para todos, respei- trabalhando em ensaios de dosagens
Luiz Wagner - Para aqueles que não tando a vida e o meio ambiente. Para para a confecção de um futuro material
conhecem organominerais, temos reco- começar a trabalhar com os organomi- didático para as recomendações dos
mendado, inicialmente, a utilização em nerais tivemos que fazer uma avaliação produtos da tecnologia em questão. Este
áreas menores, onde se possa fazer uma mais profunda do nosso papel de agrô- trabalho deve ser contínuo e feito em
avaliação consciente, conduzindo e ava- nomo. Sentimos, então, a necessidade diversas regiões, para um aperfeiçoa-
liando a lavoura lado a lado com os fer- de efetuar a mudança. Também, porque mento das recomendações.
tilizantes tradicionais. Com referência as vantagens que observamos neste Os resultados têm sido consistentes
às fórmulas e/ou dosagens, temos reco- novo sistema de cultivo são muitas e em todas as áreas, com produtivida-
mendado sempre começar pelo cálculo abrangem as áreas social, cultural e eco- des iguais, ou até mesmo superiores
da reposição de nutrientes. Devido à nômica. Devemos destacar que a trans- às obtidas com fertilizantes tradicio-
maior eficiência de fornecimento de formação de um resíduo orgânico po- nais.
Luiz Wagner - As recomendações, so hectolítrico. Em algumas áreas mais acompanhadas, verificamos uma ten-
a princípio, têm como base as mesmas infestadas com doenças e com certo dência de melhoria na qualidade dos
quantidades que seriam fornecidas pe- desequilíbrio nutricional, os organomi- produtos cultivados com os organo-
los fertilizantes minerais, de forma a nerais têm proporcionado maior pro- minerais.
repor os nutrientes retirados com a co- dutividade e até mesmo com doses
lheita. Em solos mais fracos, recém- menores que os fertilizantes minerais. IA - Quais as vantagens e desvantagens
corrigidos, aumentamos a dose entre Além dessas particularidades, poderá na utilização de fertilizantes orga-
20% e 30%. Para o fechamento desses haver um menor desenvolvimento ini- nominerais?
cálculos, usamos um variado número cial em algumas culturas e/ou áreas, Luiz Wagner - O fator limitante para
de fórmulas e tabelas de extração. Ge- mas, logo em seguida, com um ganho o maior uso dos organominerais talvez
ralmente, as coberturas complementam no desenvolvimento da cultura. Isto de- esteja no teor de umidade e granulação.
o que faltará de nitrogênio e/ou potás- vido à disponibilidade controlada dos Para qualquer classe de fertilizante estes
sio. Quando se trata de áreas irrigadas nutrientes nos organominerais. quesitos têm um grande peso no resul-
usam-se os fluidos orgânicos através da tado de um bom plantio. Uma atenção
fertirrigação. Nas culturas de sequeiro IA - E a qualidade no ambiente e nos maior deve ser dada aos organomine-
são usados os organominerais especí- produtos. O que mudou com a no- rais, pelo menor peso específico deles,
ficos para a cobertura e que, de pre- va tecnologia? faltando, algumas vezes, uma melhor
Em algumas áreas mais infestadas com doenças e com certo desequilíbrio nutricional,
os organominerais têm proporcionado maior produtividade e até mesmo
com doses menores que os fertilizantes minerais.
ferência, sejam incorporados ao solo. Luiz Wagner - Uma melhoria am- adequação das plantadeiras, quando da
Algumas particularidades dos orga- biental é sentida imediatamente, pela exigência de maiores dosagens. O fator
nominerais têm-se mostrado a campo retirada da matéria orgânica outrora preço pesa na hora da compra e, atual-
em algumas áreas. Como exemplo, po- poluidora, transformando-a em um fer- mente, os organominerais têm um dos
demos citar uma turgescência maior tilizante sem risco ao meio ambiente. menores custos-benefícios do mercado.
da planta em condições de déficit hí- Esperamos por uma significativa me- Além da questão ambiental, a maior
drico, quando comparada àquelas adu- lhora na fertilidade dos solos com o vantagem está na qualidade do pro-
badas com os fertilizantes minerais. Isto uso constante dos fertilizantes orga- duto colhido. Em termos de merca-
significa que poderá haver no futuro nominerais. A quantificação desta me- do, há uma preferência natural, devi-
a comprovação de uma “economia” de lhora não é muito simples e, por isso, do ao melhor aspecto, coloração, etc.
água, com o uso dos fertilizantes orga- talvez não tenha sido concluída, mas Por isso mesmo a demanda por organo-
nominerais. Outro fator que merece acreditamos estar em vias de ser apre- minerais tem-se mostrado crescente.
Resumo - A matéria orgânica constitui um dos principais componentes do solo e é uma das
maiores responsáveis pela capacidade de troca de cátions dos solos altamente intem-
perizados. É também importante fonte de nutrientes para as plantas e de carbono e ener-
gia para os microrganismos. Proporciona melhoria das condições químicas, físicas e
biológicas do solo. Seu efeito benéfico depende diretamente de sua composição e do esta-
do em que se encontra em função, sobretudo, da relação carbono/nitrogênio.
Palavras-chave: Cobertura do solo. Fertilidade do solo. Resíduo orgânico. Húmus.
INTRODUÇÃO ser lixiviados (o N pode também ser perdi- cidos para as plantas através de aduba-
De maneira geral, os efeitos benéficos do por volatilização). A adição de matéria ções e, indiretamente, à melhoria das con-
da matéria orgânica na agricultura tornam- orgânica nesses solos, além do seu efei- dições físicas dos solos. No entanto, o
se mais expressivos em solos mais pobres to direto na fertilidade, funciona como um simples fato de ser matéria orgânica não
quimicamente e naqueles com textura mais agente protetor de perdas de nutrientes, significa que só há vantagens para o solo.
grosseira (textura média ou arenosa). Nes- devido à presença de ácidos orgânicos que Sabe-se que as plantas absorvem diferen-
tes solos, podem-se destacar, como prin- formam compostos ou quelatos, aumentan- temente os nutrientes, de acordo com suas
cipais características, a baixa capacidade do a disponibilidade dos nutrientes para exigências. Assim, a composição química
de troca de cátions (CTC), o baixo teor de as plantas. dos diversos tipos de matéria orgânica di-
fósforo disponível (seja pela baixa fertili- Na agricultura convencional, a utiliza- fere em função da vegetação que a formou,
dade natural, seja pela alta capacidade de ção de adubos químicos promove, com o podendo ser mais rica em amidos e proteí-
adsorção de fósforo), os insignificantes passar do tempo, uma redução na ativida- nas, como as leguminosas, ou mais rica em
teores de micronutrientes, o baixo conteú- de biológica do solo. Adicionando-se a ele celulose e ligninas, como capins e suas raí-
do de matéria orgânica, o alto nível de alu- matéria orgânica de qualquer fonte, é pos- zes (PRIMAVESI, 1980). Para cada uma
mínio trocável, etc. sível observar modificações químicas, dessas matérias orgânicas existem micror-
Nos solos de baixa fertilidade natural, físicas e biológicas, altamente favoráveis ganismos específicos para sua decompo-
o fósforo constitui um dos principais nu- às plantas, obtendo-se produtos de boa sição, os quais poderão promover diferen-
trientes limitantes da produção agrícola, qualidade sem degradar o solo. tes alterações no solo.
com níveis que variam de 0,005% a 0,2% de A matéria orgânica não decomposta,
P total. Devido à alta capacidade de adsor- EFEITO DA MATÉRIA ORGÂNICA pela sua composição química, pode ser
NO SOLO dividida em: matéria orgânica facilmente
ção de P, este nutriente é fornecido às plan-
tas, pela adubação, em quantidades de até Os efeitos benéficos da matéria orgâ- decomponível (rica em proteínas), que é
cinco vezes a exigência da cultura. O apro- nica estão diretamente ligados ao forne- decomposta primeiro (forma gás carbôni-
veitamento do adubo químico pelas plantas cimento de nutrientes (principalmente de co, água e minerais, inclusive nutrientes),
é cerca de 30% do total aplicado e, depen- micronutrientes), à fonte de carbono e ener- e matéria orgânica de difícil decomposi-
dendo das condições químicas e físicas do gia para os microrganismos do solo, ao ção (rica em lignina, que é decomposta no
solo, pode não passar de 5%, principal- aumento da eficiência de aproveitamento primeiro estádio por fungos e actinomice-
mente o nitrogênio e o potássio que podem de elementos químicos (nutrientes) forne- tos), ou seja, decomposta mais lentamente.
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Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTTP, Caixa Postal 351, CEP 38001-970 Uberaba-MG. Correio eletrônico: jeferson@epamiguberaba.com.br
Esta, em meio semi-aeróbio, é atacada por que produzem substâncias de cresci- de fosfatos, formando complexos está-
fungos. Já em meio aeróbio e clima quente, mento, como triptofano e ácido indo- veis com Fe e Al (SANCHEZ; UEHARA,
é atacada por bactérias, que são eficientes lacético, com efeitos muito positivos 1980; TISDALE; NELSON, 1966), ou atra-
decompositores que deixam, como produto sobre o desenvolvimento vegetal; vés do bloqueio dos sítios de adsorção pe-
final, CO2, água e minerais. Somente a f) a alimentação dos organismos ativos los produtos de sua degradação (FOX;
matéria orgânica de difícil decomposição, da decomposição, que produzem KAMPRATH, 1970). Segundo Guedes
especialmente ligninas, pode dar origem ao antibióticos para proteger as plantas (1982), os componentes orgânicos na su-
húmus. Segundo Igue (1984), o húmus é de enfermidades; perfície do solo podem contrabalancear as
um composto amorfo da fração orgânica superfícies de colóides inorgânicos carre-
g) o fornecimento de substâncias como
do solo que se decompõe pela ação de mi- gadas positivamente e decrescer a energia
fenóis, uma vez que a matéria orgâ-
crorganismos (um produto da decompo- de ligação, aumentando a liberação de P.
nica é um heterocondensado de
sição parcial e posterior síntese catalizada
substâncias fenólicas, que contri-
por microrganismos). REFERÊNCIAS
buem não somente para a respiração
Durante a decomposição da matéria
e a maior absorção de fósforo, mas FASSBENDER, H.W. Química de suelos: com
orgânica, são produzidas substâncias inter-
também para a sanidade vegetal; ênfasis em suelos de América Latina. San José,
mediárias, com características agregantes
Costa Rica: IICA, 1980. 398p.
e estabilizantes, chamadas ácidos poliurô- h) o aumento da capacidade de reten-
nicos. Estes ácidos também são respon- ção de água; grande aumento da FOX, R.L.; KAMPRATH, E.J. Phosphate sorption
sáveis pela melhoria nas condições de agre- CTC; isotherms for evaluating the phosphate reque-
gação do solo pela matéria orgânica. i) o aumento da capacidade de troca riments of soils. Soil Science Society of Ame-
aniônica (CTA), especialmente fos- rica Proceedings, Madison, v.34, n.6, p.902-
IMPORTÂNCIA DA fatos e sulfatos; 907, Nov./Dec. 1970.
MATÉRIA ORGÂNICA
j) a disponibilização de N, P e S, atra- GUEDES, G. A. de A. Effects of lime, P and
A matéria orgânica pode ser importan- vés dos processos de mineralização; water placement on corn responses and
te pela influência que ela tem sobre mui- selected chemical properties of a Florida
tas das características do solo. Segundo k) a menor variação do pH, devido a
Ultisol. 1982. 210p. Thesis (Ph.D.) - University
Fassbender (1980) e Primavesi (1980), entre um aumento na capacidade tampão;
of Florida, Gainsville.
as propriedades do solo, a matéria orgânica l) a participação em processos pedoge-
influi sobre: néticos, devido a suas propriedades IGUE, K. Dinâmica da matéria orgânica e seus
de peptização, coagulação, formação efeitos nas propriedades do solo. In: FUNDAÇÃO
a) a cor do solo, tornando-a mais escu-
de quelatos, etc. CARGILL. Adubação verde no Brasil. Cam-
ra;
pinas, 1984. p.232-267.
b) a formação de agregados através de Com referência à CTC pode-se, por
substâncias que formam bioestru- exemplo, citar2 que a da caulinita varia PRIMAVESI, A. O manejo ecológico do solo:
tura estável à ação das chuvas; de 3 a 15 cmolc dm-3; a haloisita de 5 a agricultura em regiões tropicais. 2.ed. São Paulo:
50 cmolc dm-3; a dos óxidos de ferro amorfo, Nobel, 1980. 541p.
c) a redução da plasticidade e da coe-
de 10 a 25 cmolc dm-3; a montmorilonita
são do solo; SANCHEZ, P.A.; UEHARA, G. Management
de 80 a 150 cmolc dm-3; a ilita e clorita de
d) o fornecimento de ácidos orgânicos considerations for acid soils with high phosphorus
10 a 40 cmolc dm-3; a vermiculita de 100 a
e álcoois, durante sua decomposi- fixation capacity. In: KHASAWNEH, F.E.;
150 cmolc dm-3 e a da matéria orgânica
ção, que servem de fonte de carbono SAMPLE, E.C.; KAMPRATH, E.J. (Ed.). The
pode variar de 100 a 250 cmolc dm-3, sen-
aos microrganismos de vida livre, role of phosphorus in agriculture. Madison:
do que a CTC do húmus pode chegar a
fixadores de nitrogênio, e possibi- American Society of Agronomy, 1980. cap.17,
400 cmolc dm-3. Com relação ao aumento
litam, portanto, sua fixação; p.471-514.
na CTA, a matéria orgânica é extremamen-
e) o fornecimento de possibilidades de te importante quanto a uma melhor utili- TISDALE, S.L.; NELSON, W.L. Soil fertility
vida aos microrganismos, especial- zação do fósforo pelas plantas. A matéria and fertilizers. 2.ed. New York: MacMillan,
mente os fixadores de nitrogênio, orgânica assume duplo papel na retenção 1966. 694p.
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Informação obtida em 2002, através de Euclides Caxambu Alexandrino de Souza, consultor autônomo, atuante na área de nutrição e adubação
de plantas. Correio eletrônico: democrata@netsite.com.br
INTRODUÇÃO inorgânicos pode ser reciclada, parte inci- (serragem), das fábricas de cerveja, de sucos
Resíduo, segundo definição do dicio- nerada e parte depositada em aterros (sa- e de processamentos de alimentos, dos fri-
nário Aurélio, da Língua Portuguesa, pode nitários ou controlados). goríficos, dos abatedouros e dos laticínios.
ser “aquilo que resta de qualquer substân- Quando se fala em resíduos ou em po- Das usinas de açúcar e álcool, originam-se
cia”. No entanto, resíduo pode ser defini- luição ambiental, a primeira idéia que nos o bagaço de cana, a torta de filtro, a vinha-
do também como todo e qualquer resto ou vem à mente é o lixo doméstico. No entan- ça e outros resíduos de menor expressão.
subproduto da agropecuária, da indústria, to, além deste, existem outros tipos de lixo. Da rede de alimentação, são originados re-
do comércio, dos alimentos, etc. Estes resí- No meio urbano, ocorrem também poluen- síduos de feiras e das Centrais de Abaste-
duos podem ser orgânicos ou inorgânicos. tes em potencial, que são os esgotos e os cimento (Ceasas), e quase 100% desse lixo
Na maioria das vezes, são depositados na lixos hospitalares. é orgânico, portanto, passível de aprovei-
superfície do solo e causam uma série de Os resíduos da agropecuária são cons- tamento, como estercos ou fertilizantes.
impactos ao ambiente. Referindo-se ao lixo tituídos de restos ou sobras vegetais (co- Contudo, independente do tipo de li-
domiciliar, a solução mais comum é o depó- mo casca de café e palha de arroz) e/ou xo existente, a agressão ao meio ambiente
sito, a céu aberto, nos chamados lixões, ou animais, como estercos, camas de frango, ainda é uma realidade. Felizmente, já exis-
no aterro sanitário. Ambos causam mais dejetos de suínos, etc. Os lixos industriais te uma grande conscientização de que os
impactos negativos que positivos ao ambi- mais conhecidos são constituídos pelos efeitos da degradação do ambiente têm que
ente. Entretanto, podem-se dar diversas subprodutos da indústria de fertilizantes ser minorados e a tendência atual é mini-
destinações para esses resíduos. Os orgâ- químicos (como o gesso agrícola, prove- mizar qualquer tipo de impacto ambiental,
nicos podem ser reaproveitados na pro- niente da fabricação do superfosfato sim- visando não só preservar o ecossistema,
dução de fertilizantes, de condicionadores ples). Outros exemplos podem ser citados, mas também provocar uma melhoria na
ou corretivos de solo; parte dos resíduos como resíduos das serrarias/carpintarias qualidade de vida do planeta.
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Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTTP, Caixa Postal 351, CEP 38001-970 Uberaba-MG. Correio eletrônico: jeferson@epamiguberaba.com.br
No Brasil, são produzidas 240 mil to- atividade tivesse já definido o seu desti- d) contaminação do solo, de cursos
neladas de lixo a cada 24 horas, que corres- no. Deseja-se que, em breve, todo o lixo d’água e do lençol freático com o cho-
pondem a, aproximadamente, 90 milhões doméstico saia das residências já empa- rume, que escorre pela enxurrada ou
de toneladas/ano. Só em Belo Horizonte, cotado e direcionado aos locais próprios infiltra pelo solo;
Minas Gerais, são recolhidas, diariamente, de reaproveitamento, não gerando, por- e) contaminação do ar atmosférico da
2,5 mil toneladas de entulho e 1,6 mil tone- tanto, qualquer tipo de poluição ao ambi- circunvizinhança pelos odores e mau
ladas de lixo domiciliar. Atualmente, produz- ente. cheiro causados pela liberação de ga-
se o dobro do lixo produzido há 15 anos. ses, durante o processo de decom-
Diariamente, cada brasileiro produz, em mé- IMPACTOS AMBIENTAIS posição do lixo orgânico;
dia, 600 gramas de lixo (nos Estados Uni- Impacto ambiental é uma alteração físi- f) proliferação de doenças, enfermida-
dos, cada americano produz quase 2 kg por ca ou funcional em qualquer um dos com- des e pragas, já que o lixo constitui
dia). Esta quantidade é justificada pelos ponentes ambientais. Essa alteração pode fonte de alimento e de abrigo para
aumentos populacional e do poder aquisi- ser qualificada e, muitas vezes, quantifi- insetos-vetores de doenças, animais
tivo e pelo perfil do consumidor brasilei- cada. Pode ser favorável ou desfavorável ferozes ou peçonhentos, roedores e
ro, que vem adquirindo novos hábitos de ao ecossistema ou à sociedade humana aves lixeiras (o lixo pode provocar
consumo. O tratamento desse lixo continua (TOMMASI, 1994 apud LOPES et al., 2000). doenças como: febre tifóide, leptos-
sendo feito de forma precária. A Resolução no 001 do Conselho Na- pirose e infecções de pele);
Na área urbana, além do lixo deposita- cional do Meio Ambiente (CONAMA), de
do em aterros e lixões, a céu aberto, concor- g) contaminação do ambiente por me-
23/01/1986 (CONAMA, 1986), em seu artigo
rem, para poluir o meio ambiente, os dejetos tais pesados ou até radioativos em
1o, considera impacto ambiental, como
industriais, cujos destinos finais nem sem- função do tipo de lixo depositado;
qualquer alteração das propriedades físi-
pre são conhecidos, e os esgotos que, qua- cas, químicas e biológicas do meio ambien- h) acidentes ecológicos gerados pela
se sempre, não são tratados, sendo despe- te, causada por qualquer forma de matéria deposição de lixos e descartes às
jados diretamente nos rios e cursos d’água. ou energia resultante das atividades hu- margens dos rios e cursos d’água;
Por exemplo, na cidade de Uberaba, manas que direta ou indiretamente afetam: i) acidentes aéreos provocados por
MG, com aproximadamente 300 mil ha-
a) a saúde, a segurança e o bem-estar aves habitantes dos lixões próximos
bitantes, apenas 3% do esgoto recebe tra-
da população; a aeroportos;
tamento. Pequena parcela do lixo urbano
recebe algum tipo de tratamento na cidade, b) as atividades econômicas; j) tempo de exposição de material va-
porém, em breve, serão criados aterros para riável em função do grau de facilida-
c) a biota;
destinação do lixo doméstico, eliminando de e de dificuldade de degradação
d) as condições estéticas do meio ambi- (por exemplo, plástico: mais de 10
não só as características do denominado
ente; anos; metal e pilhas: de 100 a 500
lixão tradicional, onde inúmeros catado-
res, aves e animais convivem diariamente e) a qualidade dos recursos ambientais. anos; vidro e borracha – pneu: tem-
naquele ambiente inóspito, mas também po indeterminado; filtro de cigarro e
Alguns dos impactos ambientais ge-
goma de mascar: 5 anos; fralda des-
o chorume, grande poluidor dos cursos rados pela deposição de lixo doméstico a
cartável comum: 450 anos; fralda
d’água e lençol freático2 . céu aberto, nos lixões, estão listados a se-
descartável biodegradável: 1 ano;
Em países como França e Alemanha, guir:
nylon: 30 a 40 anos; papelão: 1 a
a iniciativa privada é encarregada do lixo.
a) condição subumana de vida das pes- 4 meses; papel: 3 a 6 meses).
A solução para todos estes problemas é
soas que vivem próximas aos lixões
uma questão de filosofia de procedimento, Quando jogados no solo ou enterrados
e sobrevivem dele;
verdadeiramente empresarial. O lixo não no subsolo, esses poluentes atingem e
pode ser tratado como lixo, mas sim como b) péssima qualidade de vida de muitas contaminam os lençóis subterrâneos. Tais
matéria-prima, geradora de empregos, de famílias, pelo convívio diário com o lixões proliferam por todos os municípios.
produtos úteis, que movimenta a economia lixo; Só na cidade paulista de Cubatão, a área
e despolui o meio ambiente. O ideal é que, c) impactos visuais, pela alteração im- ocupada por esses lixões é de dois milhões
100% do lixo ou resíduo gerado em qualquer posta à paisagem; de metros quadrados.
2
Informação obtida em 2003, através do Secretário do Meio Ambiente de Uberaba, MG, Luís Nogueira.
Os esgotos e o lixo orgânico lançados MEDIDAS MITIGADORAS Lopes (2003) destaca que a Câmara apro-
sem tratamento nos rios acabam com toda A deposição de resíduos e de lixo na vou, em segunda votação, o projeto de lei
a flora e a fauna aquáticas. A matéria orgâ- superfície do solo constitui um problema que obriga edifícios comerciais, residen-
nica dissolvida alimenta inúmeros micror- de dimensões alarmantes. Enchentes, des- ciais, shoppings e condomínios a instala-
ganismos que, para metabolizá-la, conso- moronamentos de terra e outras catástro- rem equipamentos apropriados para coleta
mem o oxigênio das águas. Cada litro de seletiva de lixo.
fes que ocorrem durante o período chuvo-
esgoto consome de 200 a 300 miligramas de A reciclagem assume papel de gran-
so poderiam ser evitadas, se o lixo tivesse
oxigênio, o equivalente a 22 litros de água. de importância na não-poluição. Recen-
um destino adequado. Algumas medidas
Se a carga de esgoto for superior à ca- temente, a Empresa Brasileira de Correios
já começam a ser tomadas, visando mini-
pacidade de absorção das águas, o oxigênio e Telégrafos (ECT), em Brasília (DF), lan-
mizar tais impactos.
desaparece, interrompe-se a cadeia alimen- çou quatro selos postais especiais enfa-
Segundo a Radiobrás (PROGRAMA...,
tar e ocorre a morte da fauna. É este o tipo tizando os temas Reciclagem e Artesana-
2003) ações educativas desencadeadas des-
de poluição responsável pelas horríveis to (EMPRESA..., 2003). Segundo Lucas
de 1996, pelo Programa de Preservação dos
cenas registradas, de tempos em tempos, Godinez, diretor-gerente de embalagens
Rios Amazônicos (Pró-Rios), executadas
na represa Billings, em São Paulo, e na Klabin (VOLUME..., 2003), no Brasil, pra-
pela organização não-governamental So-
Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janei- ticamente 100% do papelão é reciclado.
ciedade de Pesquisa e Preservação da Ama-
ro, onde os peixes, pouco antes de morrer A reciclagem de papel e papelão mobiliza
zônia (SPPA) e patrocinadas pelo Banco
entidades como a Bolsa de Valores de São
aos milhares, vêm à tona e, tentam deses- da Amazônia, já conseguiram reduzir em
Paulo (Bovespa), cujo volume mensal che-
peradamente sorver o oxigênio do ar. 60% o volume de lixo lançado nas vias flu-
ga a 1,5 tonelada. Também, no setor de side-
Nos oceanos e mares, esse mesmo pro- viais.
rurgia, 25% dos 32 milhões de toneladas
cesso forma as chamadas “marés verme- De acordo com Barco... (2003), a Aero-
de aço que devem ser produzidos no Bra-
lhas”, que nada mais são do que o acúmulo barcos do Brasil Transportes Marítimos e
sil, neste ano, virão da reciclagem.
de microrganismos consumidores de oxi- Turismo (Transtur), para tentar amenizar os Segundo a Associação Brasileira de
gênio. As águas ficam escuras, os peixes riscos provocados pelo lixo na Baía de Gua- Alumínio (Abal), a coleta de latas de alu-
morrem e os frutos do mar tornam-se tóxi- nabara (RJ), planeja-se colocar um Barco- mínio movimenta, no Brasil, R$850 milhões
cos para o consumo humano. gari, para recolher pedaços de troncos, plás- por ano e envolve, da coleta à transforma-
O lixo jogado nas margens e dentro de ticos e outros detritos flutuantes lançados ção, cerca de 2 mil empresas. A Abal estima
rios, canais, córregos e igarapés pode matar na Baía e que têm provocado pane em aero- também que, aproximadamente, 150 mil
os peixes e outros organismos que vivem barcos. pessoas vivam exclusivamente da coleta
na água. Ele também impede a passagem Segundo Imbelloni (2003), assim como de latas de alumínio, em mais de 6 mil pon-
das águas, causando entupimentos e inun- no mundo inteiro, no Brasil, a inclusão de tos de compra de sucata em todo o País
dações no período de chuvas. trituradores de resíduos alimentares do- (RIPARDO, 2003). Em 2002, a reciclagem
A queima do lixo pode trazer várias con- mésticos nos projetos residenciais é cres- de latas de alumínio gerou uma economia
seqüências ruins: poluição do ar, problemas cente, principalmente em novas residências de energia de cerca de 1.700 GWh ano-1,
à saúde, incômodos à vizinhança e também de alto padrão, que já contam com estes o que corresponde a 0,5% de toda energia
provocar incêndios de difícil controle. eletrodomésticos. Nos grandes centros, co- gerada no País e suficiente para atender
O meio ambiente leva muito tempo para mo São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo a uma cidade de um milhão de habitan-
decompor alguns detritos, por isso a reci- Horizonte esta realidade é melhor, os nú- tes, como Campinas, SP. Segundo a Abal,
clagem é tão importante. Eis o tempo de meros variam de 5% a 30%, dependendo o País reciclou, em 2002, 87% de todas as
decomposição de alguns deles: da região. latas de alumínio consumidas, ou seja, fo-
ram reaproveitadas cerca de 9 bilhões de
jornais .................................................................................. 2 a 6 semanas unidades, o que corresponde a 121,1 mil to-
embalagens de papel ........................................................... 1 a 4 meses neladas de latas.
cascas de frutas ................................................................... 3 meses Com a redução da quantidade de lixo
guardanapos de papel ......................................................... 3 meses depositada nos lixões, outro impacto que
fósforos e pontas de cigarro ............................................... 2 anos também será reduzido é a presença de uru-
goma de mascar ................................................................... 5 anos bus nas proximidades das cidades. De acor-
sacos e copos plásticos ...................................................... 200 a 450 anos do com Diniz (2003), o número de colisões
de aeronaves com pássaros vem aumen-
latas de alumínio, tampas de garrafa e pilhas ....................... 100 a 500 anos
tando no Brasil e em menos de 10 anos,
Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.26, n.224, p.9-13, 2005
12 Aproveitamento de resíduos na agropecuária
os registros saltaram de 235 para 341, portos no País, conseguiu reduzir a po- o código de cores para os diferentes tipos
o que preocupa o Centro de Investigação pulação de urubus nas pistas do Galeão, de resíduos, na identificação de coletores
e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos com um trabalho de recuperação de duas e transportadores, bem como nas campa-
(Cenipa) da Força Aérea Brasileira. Segun- áreas desertificadas em torno do aeroporto nhas informativas para a coleta seletiva:
do o coordenador da comissão que trata (EMBRAPA..., 2003). Nas duas áreas recu- azul: papel/papelão; vermelho: plástico;
desse assunto, capitão Flávio Antônio peradas, atualmente existe vegetação de Ma- verde: vidro; amarelo: metal; preto: ma-
Coimbra de Mendonça, 76% dessas coli- ta Atlântica, o que desestimula o acúmulo deira; laranja: resíduos perigosos; branco:
sões não causam danos às aeronaves ou de urubus, que estão desaparecendo e sen- resíduos ambulatórios e de serviços de
outros problemas, mas o perigo de um aci- do substituídos por pássaros canoros típi- saúde; roxo: resíduos radioativos; marrom:
dente mais grave existe e os urubus são cos de hábitat silvestre, de vôos razantes e resíduos orgânicos e cinza: resíduo geral
responsáveis por 40% desses acidentes bem pequenos. O mesmo tratamento vem não reciclável ou misturado, contaminado,
(DINIZ, 2003; BRASIL..., 2003). Segundo a sendo dado a outros 19 aeroportos no País. não passível de separação. Dentro dessa
Folha Online (BRASIL..., 2003), o Brasil A coleta seletiva é uma alternativa eco- linha, um projeto de lei aprovado pela Câ-
registrou nesse ano (até 05/07/2003) 111 logicamente correta que desvia, de aterros mara Municipal de Curitiba/PR oficializa o
colisões entre aves e aviões e, desde 2000, sanitários ou lixões, resíduos sólidos que padrão internacional de cores para cada
já houve 1.138 casos, porém, há registro de poderiam ser reciclados. Portanto, visa fa- tipo de lixo: sacola verde para vidro; ver-
apenas uma morte e outros casos de perda cilitar o destino e/ou o tratamento desses melha para plástico; azul para papel; amarela
de visão provocados por essas colisões. resíduos. Assim, a vida útil dos aterros sa- para metal; marrom para lixo orgânico e cin-
Nos Estados Unidos, segundo o capitão nitários é prolongada e o meio ambiente za para lixo não reciclável, com o intuito de
Flávio Coimbra (DINIZ, 2003), mais de 300 menos contaminado; muitos recursos na- facilitar o processo de reciclagem na cidade
pessoas já morreram em acidentes aéreos turais têm sua extração reduzida, pelo uso (MARTINS, 2003). Já, na cidade do Rio de
provocados por colisões com pássaros. de matérias-primas recicláveis, além de ter Janeiro, há recomendação para a popula-
Com relação a isso, houve até um Semi- reduzida também a quantidade de um novo ção utilizar sacos plásticos transparentes,
nário, em Terezina (PI), para discutir e bus- lixo, quando se utiliza material reciclado. acondicionando o lixo orgânico em sacos
car soluções para uma superpopulação de No Brasil, existe coleta seletiva em cerca plásticos pretos, entre outras cores existen-
urubus em decorrência do acúmulo de lixo de 135 cidades (GONÇALVES, 2003) e, na tes (PENIDO, 2003).
(LEMOS, 2003). maioria dos casos, ela é realizada pelos ca- Na Figura 1, são apresentados os prin-
Por outro lado, a Embrapa Solos, no tadores organizados em cooperativas ou cipais problemas ambientais identificados
Rio de Janeiro, em parceria com a Empresa associações. Com referência à coleta sele- num local de trabalho e as possíveis vias
Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuá- tiva, a Resolução CONAMA no 275, de de contaminação dos catadores que fre-
ria (Infraero), empresa que administra aero- 25/04/2001 (CONAMA, 2001), estabelece qüentam o lixão.
INTRODUÇÃO É comum observar nos arredores de dos resíduos da superfície do solo. Aos re-
A questão dos resíduos sólidos no muitas cidades, sobretudo nas de menor síduos sólidos provenientes de atividades
Brasil tem sido amplamente discutida. porte, a presença de lixões, que são locais humanas, denomina-se lixo.
Constitui-se em um dos maiores desafios em que o lixo coletado é depositado direta- Resíduos sólidos podem ser definidos
com que se defronta a sociedade moder- mente na superfície do solo, sem quaisquer como o conjunto dos produtos não apro-
na, pois o equacionamento da questão do tratamentos ou cuidados. Estes lixões veitados das atividades humanas (domés-
lixo urbano assume magnitude alarmante. tornam-se poluidores potenciais do solo, ticas, agrícolas, comerciais, industriais, de
Além do crescimento na geração dos re- do ar e das águas subterrâneas e superfi- serviços de saúde, etc.), ou aqueles gera-
síduos, devido ao aumento demográfico, ciais próximas a eles. dos pela natureza, como folhas, galhos,
observam-se mudanças significativas em Segundo o IBAM (2001), a única forma terra, areia que são retirados das ruas e lo-
suas características, conforme a época do de dar destino final adequado aos resíduos gradouros pela varrição, Carqueija et al.
ano e de acordo com a região. A quantida- sólidos é através de aterros, sejam eles sa- (2003). Existem também resíduos gerados
de gerada de lixo, ao que tudo indica, está nitários, controlados, com lixo triturado ou em áreas agrícolas provenientes de unida-
associada ao grau de desenvolvimento da com lixo compactado. Todos os demais des de beneficiamento de produtos, como
região e, em geral, segundo Resíduos... processos ditos como de destinação final casca de café, palha de arroz, etc., de usi-
(1997), quanto mais evoluída, maior o vo- (usinas de reciclagem, de compostagem e nas de produção de açúcar e de álcool, que
lume e o peso de resíduos e de dejetos de de incineração) são, na realidade, proces- geram como resíduos a torta de filtro e o
todo o tipo. Entretanto, fatores como sa- sos de tratamento ou beneficiamento do bagaço de cana; de granjas ou estábulos,
zonalidade, clima, hábitos e costumes da lixo e não prescindem de um aterro para a cujos resíduos são estercos (sólidos ou lí-
população, densidade demográfica, leis e disposição de seus rejeitos. quidos) e camas.
regulamentações específicas, entre outros, No setor agrícola, são também gerados
influenciam a geração de lixo. Portanto, a CONSIDERAÇÕES GERAIS resíduos sólidos das atividades agrícolas
questão é bem complexa e não consiste A destinação dos resíduos constitui a e da pecuária, como embalagens de adubos
apenas na remoção do lixo, mas, principal- etapa final de um processo de despoluição e defensivos agrícolas, rações e restos de
mente, em dar um destino final adequado ambiental. No entanto, é o primeiro passo colheitas. Destes, existe grande preocupa-
aos resíduos coletados. do planejamento da eliminação do lixo ou ção quanto às embalagens de diversos
1
Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTTP, Caixa Postal 351, CEP 38001-970 Uberaba-MG. Correio eletrônico: jeferson@epamiguberaba.com.br
agrotóxicos, em geral altamente tóxicos, já proporções que atinge pequenas, médias um indicativo de que nas grandes cidades
com legislação específica, direcionando um e grandes cidades em todas as regiões do é mais difícil sensibilizar as pessoas para
destino final a elas. País. Alguns estudos (JARDIM et al., 1995 que tenham um comportamento mais ade-
Lixo ainda pode ser definido como res- apud OLIVEIRA; PASQUAL, 1998) com- quado com relação à limpeza de sua cidade.
tos das atividades humanas, considerados provaram que a quantidade de lixo está Já que esta quantidade de lixo público não
pelos geradores como inúteis, indesejáveis diretamente relacionada com a renda per é, certamente, constituída pelo lixo que, na-
ou descartáveis, podendo apresentar-se capita da população, portanto, quanto turalmente, poderia estar nas vias públicas,
nos estados sólido, semi-sólido ou semi- mais desenvolvida for a cidade, maior a mas sim pelos resíduos diversos lançados
líquido. Podem ser de origem residencial, quantidade de lixo gerada. De maneira ge- pela própria população em ruas, praças,
comercial, de indústrias e de hospitais. ral, segundo dados da Pesquisa Nacional canais, terrenos baldios, etc. (PNSB, 2000
Os lixos gerados pela indústria e pelo de Saneamento Básico (PNSB) (2000 apud apud JUCÁ, 2002).
comércio são de composição variada, po- JUCÁ, 2002), observa-se uma nítida tendên- O Brasil produz, anualmente, cerca de
rém, os da indústria são considerados os cia de aumento da geração ou da quanti- 100 milhões de toneladas de lixo, dos quais
principais responsáveis pela poluição das dade coletada do lixo domiciliar per capita, apenas 1% é reciclado. Nos Estados Uni-
águas. Já os lixos hospitalares são de alto em proporção direta com o número de ha- dos, são produzidos 220 milhões de tone-
risco para a saúde humana. As soluções bitantes. Nos municípios com população ladas de lixo por ano e 40% são tratados.
existentes para destinação do lixo domés- entre 500 mil e 1 milhão de habitantes, a Na Europa, a média de reciclagem de resí-
tico, industrial e comercial englobam lixões média de lixo coletada é de 1,29 kg por habi- duos sólidos é superior a 50% em relação
(depósitos a céu aberto), aterros contro- tante por dia. Nos municípios com popu- ao lixo produzido (DESTINAÇÃO..., 2003).
lados, aterros sanitários, reciclagem, com- lação até 200 mil habitantes, a quantidade No Brasil, apenas 2% dos mais de 5.500
postagem e incineração. coletada varia entre 0,45 e 0,70 kg por habi- municípios tratam seus resíduos de forma
tante por dia; acima de 200 mil habitantes, adequada, com coleta seletiva, depósito em
DISPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS esta quantidade aumenta numa faixa va- aterros e processos de reciclagem e com-
DE ORIGEM DOMICILIAR riável entre 0,80 e 1,20 kg por habitante por postagem de materiais, segundo dados da
No Brasil, o serviço de limpeza urbana dia. De qualquer forma, obtém-se, através PNSB (2000 apud JUCÁ, 2002). Cerca de
foi iniciado oficialmente em 25 de novem- da PNSB (2000 apud JUCÁ, 2002), a infor- 71% dos municípios, com menos de 20 mil
bro de 1880, em São Sebastião do Rio de mação de que, na época em que foi reali- habitantes, depositam os resíduos domici-
Janeiro, capital do Império, através do zada, eram coletadas 125.281 toneladas de liares em lixões. De acordo com Jucá (2002),
Decreto no 3.024, assinado pelo imperador lixo domiciliar, diariamente, em todos os mu- a coleta e o tratamento do lixo urbano são
D. Pedro II. O contrato de “Limpeza e Irri- nicípios brasileiros. Esse é um valor impres- um importante instrumento de desenvol-
gação” da cidade foi executado por Aleixo sionante, se considerarmos que a essa enor- vimento social e econômico. Segundo esse
Gary e depois por Luciano Francisco Gary, me quantidade de resíduos deve ser dado autor, Portugal investiu, nos últimos quatro
de onde se originou o termo gari, denomi- um destino final adequado, sem prejuízo à anos, US$1 bilhão na gestão integrada de
nação dada aos trabalhadores de limpeza saúde da população e sem danos ao meio seus resíduos sólidos, enquanto, no mesmo
urbana (IBAM, 2001). ambiente. período, o Brasil investiu pouco mais de
O problema da disposição final assume Outro fato que chama a atenção é a pro- US$30 milhões. Além desse baixo investi-
magnitude alarmante. Como a gestão de dução per capita de lixo público nas ci- mento, o Brasil ainda não dispõe de uma
resíduos urbanos é uma atividade muni- dades com menos de 500 mil habitantes, legislação específica para tratar desta ques-
cipal, restrita aos limites do município, não cuja média está em torno de 0,43 kg por tão de saúde pública (o Congresso Nacio-
são comuns no Brasil soluções conjuntas, habitante por dia; em cidades entre 500 mil nal precisa concluir o Programa Nacional
mesmo que o destino do resíduo seja o e 1 milhão de habitantes, é de 0,35 kg. Isto de Resíduos Sólidos, projeto que tramita
aterro sanitário. Com isso, as administra- significa, por exemplo, que o serviço de lim- na casa há mais de quatro anos alerta da-
ções municipais preocupam-se em afastar peza urbana de uma cidade de 400 mil habi- do pelo professor Arlindo Philippi Júnior
o lixo das zonas urbanas, depositando-o, tantes terá que retirar diariamente das ruas (DESTINAÇÃO..., 2003), da Universida-
por vezes, em locais inadequados, como 172 toneladas de lixo público. Esta coleta de de São Paulo (USP), durante conferên-
encostas, manguezais, rios, baías e vales. de lixo público representa um custo muito cia sobre gestão integrada de resíduos só-
Na maioria das vezes, o lixo é depositado a maior do que aquele gasto com a coleta de lidos na 55a Reunião Anual da Socieda-
céu aberto ou em aterros. lixo domiciliar regular, que retira o lixo co- de Brasileira para o Progresso da Ciência
Os depósitos de lixo a céu aberto (li- locado nas portas das residências, em dia (SBPC). Philippi Júnior (DESTINAÇÃO...,
xões) constituem um problema de grandes e hora preestabelecidos. Esses dados são 2003) comenta, ainda, que o País necessita
Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.26, n.224, p.14-20, 2005
16 Aproveitamento de resíduos na agropecuária
de profissionais capacitados para atuarem verificar que 63,6% dos municípios bra- a) parâmetros técnicos das normas e
no gerenciamento do tratamento e disposi- sileiros usam lixões para depositar seus diretrizes federais, estaduais e mu-
ção final de resíduos e cada tipo de resíduo resíduos! nicipais, os aspectos legais das três
(domiciliar, industrial, hospitalar, agrícola) Os chamados aterros controlados são instâncias governamentais, planos
exige um tratamento especial. uma modalidade de disposição de resíduos diretores dos municípios envolvi-
Além dos lixões, os resíduos urbanos extremamente frágil e, portanto, questioná- dos, pólos de desenvolvimento lo-
podem também ser armazenados em ater- vel como forma adequada de tratamento cais e regionais, distâncias de trans-
ros sanitários ou em aterros controlados, de resíduos. São considerados inadequa- porte, vias de acesso;
que são as alternativas recomendadas para dos, porque facilmente podem-se tornar b) os aspectos político-sociais relacio-
a disposição adequada do lixo domiciliar. lixões. Também, devido a sua engenharia, nados com a aceitação do empreen-
A diferença básica entre esses dois tipos são muito inferiores aos aterros sanitários dimento pelos políticos, pela mídia e
de aterros é que o controlado prescinde de e causam problemas ambientais, tais como pela comunidade;
coleta e tratamento do chorume, assim co- contaminação do ar, do solo e das águas c) os fatores econômico-financeiros
mo da drenagem e queima do biogás (IBAM, subterrâneas (neste tipo de aterro não são não podem ser relegados a um se-
2001). Já o aterro sanitário é um método feitos tratamento de chorume, coleta e quei- gundo plano, pois os recursos muni-
para disposição final dos resíduos sólidos ma de biogás). Assim, pode-se considerar cipais devem ser sempre usados com
urbanos, sobre o terreno natural, através que 52,8% do total de resíduos gerados muito equilíbrio.
do seu confinamento em camadas cober- no País são gerenciados de forma inade-
tas com material inerte, geralmente solo, se- quada. Critérios técnicos
gundo normas operacionais específicas, A seleção de uma área para servir de
para evitar danos ao meio ambiente, em par- Seleção de áreas aterro sanitário para disposição final de
ticular à saúde e à segurança pública. para aterros resíduos sólidos domiciliares deve atender,
No Brasil, segundo a PNSB (2000 apud A escolha de locais para a implanta- no mínimo, aos critérios técnicos impostos
JUCÁ, 2002), coletam-se diariamente cerca ção de aterros sanitários não é tarefa sim- pelas normas da Associação Brasileira de
de 125.281 mil toneladas de resíduos do- ples. A crescente urbanização das cidades, Normas Técnicas (ABNT) (NBR10.157) e pe-
miciliares, destes 47,1% são destinados a associada a uma ocupação intensiva do la legislação federal, estadual e municipal,
aterros sanitários. Do restante, 22,3% se- solo, restringe a disponibilidade de áreas quando houver (IBAM, 2001). Todas as
guem para aterros ditos controlados e 30,5% próximas aos locais de geração do lixo. condicionantes e as restrições relativas às
vão para lixões. Uma parcela mínima (não Contudo, outros fatores devem ser le- normas da ABNT, assim como os aspectos
contabilizada pela pesquisa) é coletada se- vados em consideração para escolha de técnicos da legislação, atualmente em vi-
letivamente e destinada à reciclagem. Este áreas para implantação de aterros, de acordo gor, estão considerados nos critérios lista-
fato pode ser facilmente entendido ao se com o IBAM (2001): dos no Quadro 1.
QUADRO 1 - Condicionantes e restrições da ABNT relativas aos critérios técnicos para seleção de áreas para aterro sanitário ou controlado
Critérios técnicos
Critérios Observações
Uso do solo As áreas têm que se localizar numa região, onde o uso do solo seja rural (agrícola) ou industrial e fora de qualquer
Unidade de Conservação Ambiental.
Proximidade a cursos d’água As áreas não podem situar-se a menos de 200 metros de corpos d’água relevantes, tais como rios, lagos, lagoas e
relevantes oceano. Também não poderão estar a menos de 50 metros de qualquer corpo d’água, inclusive valas de drenagem
que pertençam ao sistema de drenagem municipal ou estadual.
Proximidade a núcleos As áreas não devem situar-se a menos de mil metros de núcleos residenciais urbanos que abriguem 200 ou mais
residenciais urbanos habitantes.
Proximidade a aeroportos As áreas não podem situar-se próximas a aeroportos ou aeródromos e devem respeitar a legislação em vigor.
Distância do lençol freático As distâncias mínimas recomendadas pelas normas federais e estaduais são as seguintes:
- para aterros com impermeabilização inferior através de manta plástica sintética, a distância do lençol freático à
manta não poderá ser inferior a 1,5 metro;
- para aterros com impermeabilização inferior através de camada de argila, a distância do lençol freático à camada
impermeabilizante não poderá ser inferior a 2,5 metros e a camada impermeabilizante deverá ter um coeficiente
de permeabilidade menor que 10-6 cm s-1.
Vida útil mínima É desejável que as novas áreas de aterro sanitário tenham, no mínimo, cinco anos de vida útil.
Permeabilidade do solo É desejável que o solo do terreno selecionado tenha uma certa impermeabilidade natural, com vistas a reduzir as
natural possibilidades de contaminação do aqüífero. As áreas selecionadas devem ter características argilosas e jamais
deverão ser arenosas.
Extensão da bacia de A bacia de drenagem das águas pluviais deve ser pequena, para evitar o ingresso de grandes volumes de água de
drenagem chuva na área do aterro.
Facilidade de acesso a O acesso ao terreno deve ter pavimentação de boa qualidade, sem rampas íngremes e sem curvas acentuadas, a fim
veículos pesados de minimizar o desgaste dos veículos coletores e permitir seu livre acesso ao local de vazamento, mesmo na época
de chuvas muito intensas.
Disponibilidade de material O terreno deve possuir ou situar-se próximo a jazidas de material de cobertura, preferencialmente para assegurar
de cobertura a permanente cobertura do lixo a baixo custo.
FONTE: IBAM (2001).
Critérios econômico-financeiros
QUADRO 2 - Condicionantes e restrições da ABNT, relativas aos critérios econômico-financeiros para seleção de áreas para aterro sanitário ou
controlado
Critérios econômico-financeiros
Critérios Observações
Distância do centro É desejável que o percurso dos veículos de coleta até o aterro, através das ruas e estradas existentes, seja o menor
geométrico de coleta possível, visando reduzir o desgaste do veículo e o custo de transporte do lixo.
Custo de aquisição do Se o terreno não for de propriedade da prefeitura, deverá estar, preferencialmente, em área rural, uma vez que o
terreno custo de aquisição será menor do que o de terrenos situados em áreas industriais.
Custo de investimento em É importante que a área escolhida disponha de infra-estrutura completa, para reduzir os gastos de investimento
construção e infra-estrutura com abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, drenagem de águas pluviais, distribuição de energia
elétrica e telefonia.
Custo com a manutenção do A área escolhida deve ter um relevo suave, a fim de minimizar a erosão do solo e reduzir os gastos com limpeza e
sistema de drenagem manutenção dos componentes do sistema de drenagem.
FONTE: IBAM (2001).
Critérios político-sociais
QUADRO 3 - Condicionantes e restrições da ABNT, relativas aos critérios político-sociais para seleção de áreas para aterro sanitário ou contro-
lado
Critérios político-sociais
Critérios Observações
Distância de núcleos urbanos de Aterros são locais que atraem pessoas desempregadas, de baixa renda ou sem outra qualificação profissional,
baixa renda que buscam a catação do lixo como forma de sobrevivência e que passam a viver desse tipo de trabalho em
condições insalubres. Isto gera para a prefeitura, uma série de responsabilidades sociais e políticas. Por isso,
caso a nova área localize-se próxima a núcleos urbanos de baixa renda, deverão ser criados mecanismos
alternativos de geração de emprego e/ou renda que minimizem as pressões sobre a administração do aterro em
busca da oportunidade de catação. Entre tais mecanismos poderão estar iniciativas de incentivo à formação
de cooperativas de catadores, que podem trabalhar em instalações de reciclagem dentro do próprio aterro ou
mesmo nas ruas da cidade, de forma organizada, fiscalizada e incentivada pela prefeitura.
Acesso à área através de vias com O tráfego de veículos que transportam lixo é um transtorno para os moradores das ruas por onde estes veícu-
baixa densidade de ocupação los passam, sendo desejável que o acesso à área do aterro passe por locais de baixa densidade demográfica.
Inexistência de problemas com a É desejável que, nas proximidades da área selecionada, não tenha ocorrido nenhum tipo de problema da
comunidade local prefeitura com a comunidade local, com as organizações não-governamentais (ONGs), nem com a mídia,
pois esta indisposição com o poder público poderá gerar reações negativas à instalação do aterro.
FONTE: IBAM (2001).
características diferentes do lixo domici- das águas, tais como as de uso domésti- depuração de esgotos urbanos. Os resul-
liar. No setor urbano deu-se ênfase apenas co, comercial, de utilidade pública, de áreas tados apontaram um ganho ambiental subs-
ao lixo domiciliar, uma vez que os resíduos agrícolas, de superfície, de infiltração, tancial, quando foram analisados os pa-
provenientes de indústrias, dos serviços pluviais, etc. (SANEAMENTO..., 2002). râmetros demanda biológica de oxigênio
de saúde, os radioativos e outros especiais Esgotos sanitários são essencialmente do- (DBO) e coliformes fecais. Estes parâme-
necessitam de medidas específicas para mésticos, com características bem defini- tros são, respectivamente, os principais
armazenamento ou destinação. das, como, por exemplo, odor característico indicadores do consumo de oxigênio dis-
Fora dos limites urbanos, existem tam- (principalmente devido à formação de gás solvido nos corpos hídricos, onde os esgo-
bém os resíduos gerados em áreas agríco- sulfídrico proveniente da decomposição do tos são dispostos in natura, o que provoca
las provenientes de unidades de benefi- lodo contido nos dejetos). Já os esgotos a morte desses corpos, e pela transmissão
ciamento de produtos, como casca de café, industriais são extremamente diversifica- de doenças que se associam às fezes, as
palha de arroz, etc.; de usinas, como as de dos, porém, com características próprias quais passam de um indivíduo doente para
produção de açúcar e álcool, que geram em função do processo industrial empre- um sadio tendo como veículo a água.
como resíduos a torta de filtro e o bagaço gado. Segundo Portugal (1994), as formas de
de cana; de granjas ou estábulos, cujos re- A grande maioria dos municípios minei- tratamentos de esgotos são diversas: por
síduos são estercos (sólidos ou líquidos) ros não trata seus esgotos antes de lançá- digestor de fluxo ascendente; por lodo ati-
e camas; e dos frigoríficos e das fábricas los aos corpos hídricos, o que tem pro- vado; por lagoa de estabilização e por fos-
de produção de adubos. Muitos destes re- vocado deterioração dos manaciais de sa séptica. A fossa séptica é a forma mais
síduos são aproveitados na agropecuária superfície. Parte da explicação para a não comum de tratamento de esgotos e, como
como adubos ou condicionadores de solo instalação de tratamentos reside no fato nos outros tipos de tratamentos há neces-
in natura ou após algum tipo de tratamento de os métodos tradicionais possuírem ele- sidade de limpezas periódicas do lodo de-
específico. Outros, porém, são depositados vados custos de instalação e manutenção. positado.
na superfície do terreno ou lançados nos No Brasil, tornou-se comum nas grandes Uma alternativa que vem sendo estu-
cursos d’água, após tratamento ou não. cidades, a partir do final da década passa- dada na Companhia de Saneamento Básico
Felizmente, muitas tecnologias para tra- da, a instalação de Estação de Tratamento do Estado de São Paulo (Sabesp) é o uso
tamento destes resíduos têm sido desen- de Esgoto (ETE) de grande capacidade de de produtos biotecnológicos no tratamen-
volvidas nos últimos anos, as quais possi- depuração, na qual são utilizados sistemas to de esgotos, de acordo com Pimentel
bilitam reutilizar estes agentes poluidores de filtros biológicos e/ou tanques de aera- (2003?). No entanto, por envolver questões
como adubos alternativos e mais baratos, ção. No entanto, nestes tipos de usinas de
éticas e de grande risco para a humanidade
que, além de contribuírem para a não po- tratamento, obtém-se como subproduto um
e para o meio ambiente, a utilização desses
luição do ambiente, proporcionam a obten- lodo bastante reativo e que poderia ser uti-
produtos ainda gera polêmica em todo o
ção de produtos agrícolas de melhor quali- lizado para fazer compostagem. Por outro
mundo. No Brasil, a importação de orga-
dade, pois, na maioria dos casos são adubos lado, este uso precisa ser visto com muita
nismos geneticamente modificados (OGM)
orgânicos. ressalva, em função da possível contami-
encontra-se em plena discussão científi-
No setor agrícola, são também gerados nação patogênica e de metais que tais lo-
ca pelas autoridades em biossegurança
resíduos sólidos das atividades agropecuá- dos possam conter. Isso faz com que, asso-
(GUERRA et al., 1998).
rias, como embalagens de adubos e defen- ciado a estes tipos de ETE haja necessida-
sivos agrícolas. Destes, grande preocupa- de de um aterro sanitário para disposição REFERÊNCIAS
ção existe em torno das embalagens de desses lodos, o que onera consideravel-
agrotóxicos diversos, em geral altamente CARQUEIJA, F.; SANTOS, S.A.; ALVES, V.C.
mente o processo. Uma alternativa de baixo
tóxicos, já com legislação específica, que O lixo e seus efeitos sobre os solos. Dispo-
custo e de boa eficiência para o tratamen-
direciona a um destino final estas emba- nível em: <http://lixo.com.br>. Acesso: jun.
to de esgotos domésticos, sobretudo para
lagens. 2003.
pequenas comunidades ou bairros de ci-
dades maiores, seria a disposição destes DESTINAÇÃO de resíduos precisa de legisla-
DISPOSIÇÃO FINAL esgotos diretamente no solo. Com relação ção específica, afirmam pesquisadores. Épo-
DE ESGOTOS a esse tipo de tratamento, Souza et al. (2001) ca, São Paulo, n.269, jul. 2003. Disponível em:
Esgotos são dejetos provenientes das verificaram que a disposição no solo apre- <http://revistaepoca.globo.com>. Acesso em: ago.
diversas modalidades do uso e da origem sentou grande eficiência no processo de 2003.
Resumo - Tratamento de resíduos sólidos define-se como uma série de procedimentos des-
tinados a reduzir a quantidade ou o potencial poluidor desses resíduos, seja impedindo
descarte de lixo em ambiente ou local inadequado, seja transformando-o em material
inerte ou biologicamente estável. São operações realizadas com o objetivo de transformar
a parcela do lixo domiciliar e outros, que não podem ser reciclados, em um subproduto de
ampla utilização, que visa à produção de adubos e condicionadores de solo. Faz-se o trata-
mento da porção orgânica do lixo, que muitas vezes poderia ser utilizada na alimentação e
é descartada nas residências, feiras, supermercados e até no processo de beneficiamento e
acabamento final de produtos agrícolas. Estas operações contribuem para uma menor pro-
dução de lixo, além de possibilitar um uso alternativo de materiais que apenas iriam aumentar
a poluição ambiental.
Palavras-chave: Poluição. Lixo. Resíduo orgânico. Aterro. Reciclagem. Compostagem.
Incineração.
INTRODUÇÃO QUADRO 1 - Composição física média dos re- OLIVEIRA; PASQUAL, 1998), no Brasil,
síduos sólidos urbanos (RSU) no são produzidas diariamente 241.614 tone-
Os diversos materiais que compõem o
Brasil ladas de RSU, em que cerca de 90 mil tone-
lixo apresentam características bastante
Componentes Peso ladas são de Resíduos Sólidos Domésticos
diferenciadas. De acordo com Jardim et al.
(média) (%) (RSD) - algo em torno de 26 milhões de to-
(1995 apud OLIVEIRA; PASQUAL, 1998),
aquelas dos Resíduos Sólidos Urbanos Matéria orgânica 60,0
neladas por ano - dispostos, na maioria das
(RSU) são influenciadas por vários fatores vezes, a céu aberto. A disposição final e o
Papel/Papelão 25,0
como: número de habitantes, poder aqui- tratamento dos RSU no País, conforme o
Metal 4,0 IBGE (ANUÁRIO..., 1991), eram: 76% a céu
sitivo, nível educacional, hábitos e costu-
mes da população, condições climáticas e Plástico 3,0 aberto (lixão); 13% em aterro controlado
sazonais. As mudanças na política econô- Vidro 3,0 (lixão controlado); 10% aterro sanitário;
mica de um país também são causas que 0,9% usina de compostagem; 0,1% usina
Outros 5,0
influenciam na composição dos resíduos de incineração. Deste total produzido, de
FONTE: Jardim et al. (1995 apud OLIVEIRA;
sólidos de uma comunidade. O Quadro 1 acordo com Ferreira (1994 apud OLIVEIRA;
PASQUAL, 1998).
mostra a composição física média dos resí- PASQUAL, 1998), a taxa média de geração
duos sólidos urbanos no Brasil. Segundo dos RSD em áreas urbanas é de, aproxi-
Grimberg (2002), é preciso diferenciar lixo recicláveis. O que não tem mais como ser madamente, 0,5 kg por pessoa por dia em
de resíduos sólidos. Restos de alimentos, aproveitado na cadeia do reuso ou recicla- países subdesenvolvidos. Na cidade de
embalagens descartáveis, objetos inser- gem, denomina-se rejeito. Portanto, ainda São Paulo, a média é de 1 kg por pessoa
víveis, quando misturados, tornam-se lixo de acordo com Grimberg (2002), não cabe por dia. Em países desenvolvidos pode
e seu destino passa a ser, na melhor das mais a denominação de lixo para aquilo que chegar a 2 kg por pessoa por dia. Nos Esta-
hipóteses, o aterro. Porém, quando sepa- sobra no processo de produção ou de con- dos Unidos, o total gerado é cerca de 1,8 kg
rados em materiais secos e materiais úmi- sumo. por pessoa por dia, segundo Hinrichs (1991
dos, têm-se resíduos reaproveitáveis ou Conforme Jardim et al. (1995 apud apud OLIVEIRA; PASQUAL, 1998).
1
Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTTP, Caixa Postal 351, CEP 38001-970 Uberaba-MG. Correio eletrônico: jeferson@epamiguberaba.com.br
O lixo, segundo Lima (1991 apud a quantidade ou o potencial poluidor dos serem beneficiados. Esses materiais são
BENINCASA; LUCAS JÚNIOR, 2000), é resíduos sólidos, seja impedindo des- novamente transformados em produtos
definido como todo resíduo que resulte das carte de lixo em ambiente ou local inade- comercializáveis no mercado de consu-
atividades do homem na sociedade, po- quado, seja transformando-o em material mo.
dendo ser classificado, de acordo com sua inerte ou biologicamente estável (IBAM, Para se proceder à reciclagem de resí-
origem e produção, em residencial, indus- 2001). duos, a coleta seletiva deve ser extrema-
trial, hospitalar, especial e outros. Entre- Independente do processo de tratamen- mente cuidadosa, pois, sem esta etapa,
tanto, qualquer que seja sua origem, o lixo to, o sucesso da operação está intimamente todo o material reciclável fica sujo e con-
pode ser separado em uma fração orgânica ligado à coleta desses resíduos. Existem, taminado, tornando seu beneficiamento
e uma inorgânica e ambas podem ser reci- no entanto, dois tipos de coleta, a saber: a mais complicado e mais caro. Além disso, a
cladas. Com relação ao melhor aprovei- seletiva e a diferenciada. Com referência à separação tem que ser feita nos depósitos,
tamento dos resíduos, devido, principal- coleta seletiva foi publicada a Resolução através de processos manuais ou eletro-
mente, à sua excessiva geração, um aspecto CONAMA no 275 (CONAMA, 2001), que mecânicos, o que exige a presença de ca-
importante é quanto ao desperdício ou à estabelece o código de cores para os dife- tadores.
má utilização. Conforme Grimberg (2002), rentes tipos de resíduos, a ser adotado na A reciclagem propicia vantagens, como:
os resíduos orgânicos representam 69% identificação de coletores e transportado- preservação de recursos naturais, econo-
do total descartado hoje no País. Anual- res, bem como nas campanhas informati- mia de energia, economia de transporte
mente, 14 milhões de toneladas de alimen- vas para a coleta seletiva. Esta coleta de- (para levar o lixo para os aterros), geração
tos, segundo o Ministério da Agricultura ve ser feita, quando o objetivo é tratar dos de empregos e renda, conscientização da
Pecuária e Abastecimento (MAPA), viram diversos tipos de resíduos, ou seja, quan- população para as questões ambientais,
lixo, devido a procedimentos inadequados do parte da coleta é submetida à recicla- etc.
em toda a cadeia produtiva. Cerca de 30% gem, parte à compostagem, parte à incine-
das hortaliças ao longo das fases de pro- ração e, o restante, depositado em aterros. Compostagem
dução, industrialização, armazenagem, Nos casos em que não serão feitas a inci- É o processo natural de decomposição
transporte e distribuição são simplesmente neração nem a reciclagem, faz-se uma coleta biológica de materiais orgânicos de origem
perdidos. Perdem-se outras tantas tonela- diferenciada. Neste caso específico, a sepa- animal ou vegetal, pela ação de microrga-
das de hortifrutigranjeiros com o descuido ração apenas é feita entre material orgânico nismos. Consiste num processo biológico
do consumidor no manuseio nos super- e inorgânico. O material orgânico deverá de decomposição controlada da fração
mercados, também nas cozinhas domici- ser direcionado para usinas de composta- orgânica biodegradável contida nos resí-
liares e comerciais, em função dos precon- gem ou de produção de adubos orgânicos duos, de modo que resulte em um produto
ceitos da cultura alimentar que despreza, ou organominerais, enquanto que os mate- estável, similar ao húmus. Este produto
por exemplo, talos, verduras, cascas de fru- riais inorgânicos serão depositados em final, o composto, preparado com restos
tas e de ovos, sementes, etc. Apenas com lixões ou em aterros. Em ambos os casos, animais e/ou vegetais, domiciliares, sepa-
essas sobras, poderiam ser alimentadas deve-se preocupar com a coleta de resíduos rados ou combinados, pode ser conside-
19 milhões de pessoas (COMIDA..., 2002). perigosos como pilhas, baterias de celula- rado um material condicionador de solos.
Com isso, segundo Grimberg (2002), res e lâmpadas fluorescentes. Após implan- Húmus é a matéria orgânica homo-
constata-se um duplo desperdício, uma vez tação de um programa eficiente de coleta, gênea, totalmente bioestabilizada, de cor
que, por um lado, deixam-se de reutilizar ou os resíduos poderão ser submetidos ao escura e rica em partículas coloidais que,
reciclar materiais como vidro, papel, pa- tratamento. quando aplicada ao solo, melhora suas ca-
pelão, metais, alguns plásticos, que podem De maneira geral, os processos de tra- racterísticas físicas para uso agrícola.
dinamizar um mercado gerador de trabalho tamento ou beneficiamento de resíduos Bioestabilização caracteriza-se pela
e renda. E, por outro, gastam-se significati- podem ser resumidos em três categorias: redução da temperatura da massa orgâ-
vas cifras para enterrar resíduos. Estes re- reciclagem, compostagem e incineração. nica que, após ter atingido temperaturas
cursos podem, por sua vez, ser redireciona- Estes processos não prescindem de um de até 65oC, estabiliza-se na temperatura
dos para finalidades mais relevantes como aterro para a disposição de seus rejeitos. ambiente. Essa fase dura cerca de 45 dias
educação, meio ambiente, saúde, cultura. em sistemas de compostagem acelerada e
Reciclagem 60 dias nos sistemas de compostagem na-
TRATAMENTO DOS RESÍDUOS Denomina-se reciclagem a separação de tural. A segunda fase, a da maturação, dura
DE ORIGEM DOMICILIAR materiais do lixo domiciliar, tais como pa- cerca de 30 dias. É a fase em que ocorre a
Define-se tratamento como uma série péis, plásticos, vidros e metais, com a fina- humificação e a mineralização da matéria
de procedimentos destinados a reduzir lidade de trazê-los de volta à indústria, para orgânica.
A compostagem, como processo bioló- liar seria a presença de metais pesados. Caracterização do lixo de Ceasa como substrato
gico, é afetada por qualquer fator que possa Azevedo (2000), estudando um composto para biodigestão anaeróbica. Energia na Agri-
influenciar a sua atividade microbiológi- orgânico produzido na Usina de Recicla- cultura, Botucatu, v.15, n.1, p.27-35, 2000.
ca (PEREIRA NETO, 1992), como: taxa de gem/Compostagem de Irajá, Rio de Janei- COMIDA é o que não falta. Super Interessante,
oxigenação (aeração); temperatura; teor de ro, denominado Fertilurb, constatou que São Paulo, p.47-51, mar. 2002.
umidade; concentração de nutrientes (re- este estava em conformidade com níveis
CONAMA. Resolução no 275, de 25 de abril de
lação C/N, principalmente); tamanho da de tolerância da Environmental Protection
2001. [Estabelece código de cores para diferen-
partícula; potencial hidrogeniônico (pH). Agency (EPA) (NORA, 1993), para a França
tes tipos de resíduos na coleta seletiva]. Diário
Além de condicionar o solo, o composto (FRANÇA, 1981) e Council of the European Oficial [da] República Federativa do Brasil,
orgânico tem outros benefícios (PEREIRA Communities (CCE) (EUROPEAN..., 1993). Brasília, DF, 19 jun. 2001. Disponível em: <http:/
NETO, 1992), tais como: melhoria das ca- Com relação à legislação de compostos orgâ- /www.mma.gov.br/conama/>. Acesso em: ago.
racterísticas físicas estruturais do solo com nicos, a Alemanha é a que possui os pa- 2003.
conseqüente aumento da capacidade de drões mais rigorosos para este tipo de fer-
EUROPEAN COMMUNITIES (AMEND-
retenção de água e ar do solo, devido à tilizante orgânico. Quanto à legislação em
MENT). Act 1993 (c.32). 1993. Chapter c.32.
ação agregadora em solos com baixo teor vigor no País, devem-se incluir, o mais rá-
Disponível em: <http://www.hmso.gov.uk/
de argila; aumento no teor de nutrientes pido possível, limites de tolerância para os acts1993/Ukpga_19930032_en_1.htm>. Acesso
do solo, que contribui para a estabilidade metais pesados, neste tipo de fertilizante. em: 2003.
do pH e melhora o aproveitamento dos
Incineração FRANÇA. Decreto NF.V.44051. Paris, 1981.
fertilizantes minerais; ativação substancial
da vida microbiana e estabelecimento de A incineração do lixo é também um tra- GRIMBERG, E. A política nacional de resí-
colônias de minhocas, besouros e outros tamento eficaz para reduzir o seu volume, duos sólidos: a responsabilidade das empresas
animais que revolvem e adubam o solo; tornando o resíduo absolutamente inerte e a inclusão social. São Paulo, 2002. Disponível
favorece a presença de micronutrientes e em pouco tempo, se realizada de forma em: <http://www.polis.org.br/publicacoes/artigo/
de certas substâncias antibióticas; além de adequada. Mas sua instalação e funcio- polnacressolbeth.html>. Acesso em: ago. 2003.
auxiliar o desenvolvimento do sistema ra- namento são em geral dispendiosos, prin- HAY, J.C. Destruição de patógenos e compos-
dicular, a recuperação de áreas degradadas, cipalmente em razão da necessidade de tagem de biossólidos. BioCycle, June 1996. Tra-
ser utilizado em parques e jardins e como filtros e implementos tecnológicos sofisti- dução livre do Engo Agro Cícero Bley Júnior, 1998.
proteção de encostas, na produção de ra- cados para diminuir ou eliminar a poluição Disponível em <http://www.ecoltec.com.br/
ção animal, etc. Sua aplicação permite, pela do ar provocada por gases produzidos du- publ2.htm>. Acesso em: 2003.
sua ação sinérgica, aumentar o rendimento rante a queima do lixo. IBAM. Manual de gerenciamento integra-
(eficiência) da adubação mineral de 30% a A incineração é um processo de queima, do de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2001.
70% (LINDENBERG, 1990). na presença de excesso de oxigênio, no Disponível em: <http://www.resol.com.br/
O lixo domiciliar contém, naturalmente, qual os materiais à base de carbono são cartilha4/gestao/gestao.asp>. Acesso em: ago. 2003.
microrganismos específicos para a decom- decompostos, desprendendo calor e ge-
LINDENBERG, R.C. Compostagem. In: RESÍ-
posição da fração orgânica, o que exige um rando um resíduo de cinzas. Normalmente,
DUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS: TRATAMEN-
controle da umidade e da aeração, visando o excesso de oxigênio empregado na inci- TO E DISPOSIÇÃO FINAL, 1., 1999, São Paulo.
aumentar a eficiência do processo. Porém, neração é de 10% a 25% acima das neces- Curso... São Paulo: CETESB, 1990. p.13-72.
microrganismos patogênicos, como sal- sidades de queima dos resíduos.
monelas e estreptococos, estão presentes NORA, G. EPA releases final sludge management
rule. BioCycle, p.59-63, Jan. 1993.
no lixo. No entanto, esses microrganismos REFERÊNCIAS
são eliminados durante o processo de com- ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de OLIVEIRA, S. de; PASQUAL, A. Gestão dos resí-
postagem, pois não sobrevivem a tempe- Janeiro: IBGE, v.51, 1991. duos sólidos urbanos na microrregião Serra de
raturas superiores a 55oC por mais de 24 Botucatu: caracterização física dos resíduos sólidos
horas. Segundo Hay (1996), após 15 dias AZEVEDO, J. de. Estudo ambiental/econômi- domésticos de Botucatu/SP. Energia na Agri-
de exposição a temperaturas de 55oC e aci- co do composto orgânico do sistema de bene- cultura, Botucatu, v.13, n.2, p.51-61, 1998.
ficiamento de resíduos urbanos da usina de
ma desta, há de 98% a 99% de probabili- PEREIRA NETO, J.T. Conceitos modernos de
Irajá, município do Rio de Janeiro. 2000.
dade de inativação de coliformes totais e compostagem. In: TÉCNICAS DE TRATA-
120p. Tese (Mestrado em Geociências) – Uni-
Salmonella sp., respectivamente. MENTO DE LIXO DOMICILIAR URBANO, 1.,
versidade Federal Fluminense, Niterói.
Outra questão que poderia influenciar 1991, Belo Horizonte. Curso... Belo Horizonte:
a qualidade do composto de lixo domici- BENINCASA, M.; LUCAS JÚNIOR, J. de. ABES, 1992. p.77-92.
INTRODUÇÃO agrotóxicos deverão entregar as emba- carte aleatório dessas embalagens causa
Inicialmente prevista para entrar em lagens usadas, em postos de recebimento danos ao meio ambiente e à sua reutiliza-
vigor em 31 de maio de 2001, a Lei Federal ou devolvê-las ao revendedor, que deverá ção, mesmo com diversas lavagens, pode
no 9.974, que dispõe sobre a pesquisa, expe- repassá-las ao fabricante. As revendas que causar danos à saúde humana, além de con-
rimentação, produção, embalagem, rotula- não tiverem cumprido as determinações da taminar os rios e o solo, alerta o MAPA.
gem, transporte, armazenamento, utilização, lei correm o risco de suspensão das suas O principal motivo para se dar a desti-
importação, exportação, destino final dos atividades comerciais. nação final correta às embalagens vazias
resíduos e embalagens, registro, classifi- A lei também obriga os fabricantes a dos agrotóxicos é diminuir o risco de danos
cação, controle, inspeção e a fiscalização colocarem nas bulas e rótulos dos agro- à saúde das pessoas e à contaminação do
de agrotóxicos, seus componentes e afins tóxicos as informações sobre os procedi- meio ambiente.
entrou em vigor um ano depois, no dia 31 mentos de lavagem, armazenamento, trans- A falta de observação das leis e decretos
de maio de 2002 (BRASIL, 2000). porte, devolução e destino final das emba- que regem o assunto pode levar os infra-
A partir desta data, a responsabilida- lagens. tores a responderem pelos crimes ambi-
de quanto ao destino das embalagens de Segundo o Ministério da Agricultu- entais da Lei 9.974/2000 (BRASIL, 2000) e
agrotóxicos passa a ser do setor privado ra, Pecuária e Abastecimento (MAPA) são Lei 9.605/1998 (BRASIL, 1998), além do
(produtor, revenda e indústria). O setor produzidas no Brasil cerca de 130 milhões pagamento de multas. A destinação final
público atuará apenas na fiscalização do de embalagens, correspondentes a 25 mil das embalagens vazias de agrotóxicos é
cumprimento da lei. Assim, os usuários de toneladas de agrotóxicos por ano. O des- um procedimento complexo que requer a
1
Engo Agro, Pesq. Fundação Triângulo de Pesquisa e Desenvolvimento, R. Afonso Rato, 1301 - Mercês, CEP 38060-040 Uberaba-MG. Correio
eletrônico: catuberaba@fundacaotriangulo.com.br
2
Engo Agro, M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTTP, Caixa Postal 351, CEP 38001-970 Uberaba-MG. Correio eletrônico: jpaes@epamiguberaba.com.br
participação efetiva de todos os agentes - embalagens rígidas laváveis: efe- agronômica e a nota fiscal de compra
envolvidos na fabricação, comercializa- tuar a tríplice lavagem ou lavagem do produto.
ção, utilização, licenciamento, fiscalização sob pressão;
e monitoramento das atividades relaciona- - embalagens rígidas não-laváveis: Responsabilidades dos canais
das com o manuseio, transporte, armazena- mantê-las intactas, adequadamente de distribuição (revendas)
mento e processamento dessas embala- tampadas e sem vazamento; a) disponibilizar e gerenciar unidades
gens. de recebimento para a devolução de
- embalagens flexíveis contamina-
Os usuários/agricultores deverão seguir embalagens vazias pelos usuários/
das: acondicioná-las em sacos plás-
o procedimento da Figura 1, para devolu- agricultores3 ;
ticos padronizados;
ção de embalagens e vasilhames de agro-
b) armazenar as embalagens vazias na b) no ato da venda do produto, informar
tóxicos e nunca queimar, enterrar, aban-
propriedade, em local apropriado, até aos usuários/agricultores sobre os
donar no solo, jogar na água ou deixar nas
a sua devolução; procedimentos de lavagem, acondi-
beiras de rios ou estradas. Esse cuidado evi-
cionamento, armazenamento, trans-
tará a contaminação das águas de lagos e c) transportar e devolver as embala-
porte e devolução das embalagens
rios e também de animais e de pessoas. gens vazias, com suas respectivas
vazias;
tampas e rótulos, para a unidade de
RESPONSABILIDADES recebimento indicada na nota fiscal, c) informar o endereço da sua unidade
pelo canal de distribuição, no prazo de recebimento de embalagens va-
A nova legislação federal disciplina res-
de até um ano, contado da data de sua zias para o usuário, fazendo constar
ponsabilidades aos usuários, revendedo-
compra. Se, após esse prazo, ainda esta informação no corpo da Nota
res e fabricantes.
restar produto na embalagem, é facul- Fiscal de venda do produto;
Responsabilidades tada sua devolução em até 6 meses d) fazer constar dos receituários que
dos usuários após o término do prazo de validade; emitirem, as informações sobre des-
a) preparar as embalagens vazias para d) manter em seu poder, para fins de tino final das embalagens;
devolvê-las nas unidades de recebi- fiscalização, os comprovantes de e) implementar, em colaboração com o
mento: entrega das embalagens, a receita Poder Público e empresas registran-
Centrais Empresas
Produtores rurais Material reciclado
de recolhimento de reciclagem
Embalagens
Pesagem Processo
Tríplice
lavagem Controle Industrial
3
Sugestão: os revendedores podem formar parcerias entre si ou com outras entidades, para a implantação e gerenciamento de unidades de
recebimento, com o intuito de otimizar custos e facilitar para os agricultores, tendo só um endereço para a região.
tes, programas educativos e meca- QUADRO 1 - Efetivo da tríplice lavagem na remoção do ingrediente ativo de embalagens de pro-
nismos de controle e estímulo à la- dutos fitossanitários
vagem (tríplice ou sob pressão) e à Ingrediente Remoção
devolução das embalagens vazias Volume
Produto comercial ativo Tipo do IA
(L)
por parte dos usuários. (IA) (%)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O uso inadequado de defensivos agrí-
colas pode gerar problemas econômicos,
toxicológicos e ambientais. Dentre os vários
fatores que concorrem para estes proble-
mas, destacam-se a tecnologia de aplicação
deficiente e a falta de precisão na detecção
e avaliação dos problemas e, conseqüente-
mente, um uso indiscriminado de agrotó-
xicos, gerando assim um grande número
de embalagens a ser descartado.
Na maioria dos países desenvolvidos,
há uma grande preocupação com a raciona-
lização e minimização do uso de defensivos.
Esta preocupação está presente em todos
os segmentos da sociedade, envolvendo Figura 3 - Vista geral do galpão da Central de Recebimento de Embalagens de Uberaba
legisladores, pesquisadores, produtores e
usuários em geral.
sil, Brasília, DF, 1998. Disponível em: <http:// comercial, a utilização, a importação, a exporta-
www.agricultura.gov.br>. Acesso em: ago. 2003. ção, o destino final dos resíduos e embalagens,
REFERÊNCIAS
o registro, a classificação, o controle, a inspeção
BRASIL. Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de ______. Lei no 9.974, de 6 de junho de 2000. e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes
1998. Dispõe sobre as sanções penais e administra- Altera a Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, que e afins, e dá outras providências. Diário Ofi-
tivas derivadas de condutas e atividades lesivas ao dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a pro- cial [da] República Federativa do Brasil,
meio ambiente, e dá outras providências. Diário dução, a embalagem e rotulagem, o transporte, o Brasília, DF, 7 jun. 2000. Disponível em: <http://
Oficial [da] República Federativa do Bra- armazenamento, a comercialização, a propaganda www.agricultura.gov.br>. Acesso em: ago. 2003.
1
Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTTP, Caixa Postal 351, CEP 38001-970 Uberaba-MG. Correio eletrônico: jeferson@epamiguberaba.com.br
2
Inventor da tecnologia Bioexton, Pesq. Bioexton, Av. Cel. Cacildo Arantes, 377 - Parque Hyléia, CEP 38055-020 Uberaba-MG. Correio eletrônico:
bioexton@terra.com.br
pela deposição de lixo nas margens de As rochas e os minerais estão sendo colocam à disposição, no solo, os elemen-
rios e cursos d’água, prova concreta de constantemente intemperizados, devido à tos minerais, os quais passam a compor o
desequilíbrio ambiental. Há, portanto, que ação de agentes químicos, físicos e bioló- complexo nutricional para o reino vege-
compatibilizar desenvolvimento e controle gicos, sobretudo pela ação de microrganis- tal.
ambiental, que visem reduzir sua degrada- mos. Estes, entretanto, praticamente não Outro destaque importante foi a des-
ção e aumentar ou manter os recursos na- tiveram participação na formação de ro- coberta do processo bacteriano de redu-
turais renováveis. chas ígneas ou magmáticas, devido à sua ção do sulfato a enxofre elementar, pelo
Nesse aspecto, a biotecnologia é um natureza. Contudo, é inegável sua partici- cientista Beijerinck, no final do século
marco determinante na melhoria da qualida- pação ativa na formação e decomposição 19. Tratava-se de bactérias do gênero
de de vida e, por isso, não pode ficar alheia dos outros tipos de rochas e nos minerais. Thiobacillus, isoladas mais tarde pelo
aos problemas ambientais. Dessa forma, De forma geral, os microrganismos partici- cientista Nathansohn, em 1902. Além deste
lançando-se mão desses conhecimentos, pam ativamente como catalisadores bioló- gênero, existem outros exemplos clássicos
foi desenvolvida uma tecnologia inovado- gicos das transformações geoquímicas, de bactérias oxidantes de formas reduzidas
ra para tratamento de resíduos pelo pro- pela deposição e solubilização de mine- de enxofre, como os gêneros Beggiatoa,
cesso de biodegradação acelerada. rais. Sulfolobus e Sulfobacillus. No gênero
Os ciclos biogeoquímicos descrevem Thiobacillus, as espécies mais importan-
MINERAIS NO SOLO as conversões desses materiais, decorren- tes são T. thiooxidans, que, de acordo com
E SUA RELAÇÃO tes da atividade bioquímica na biosfera e Garcia Júnior (1991), oxida o So e o pH do
COM MICRORGANISMOS englobam todas as transformações físico- meio atinge cerca de 0,5, T. denitrificans,
químicas, tais como dissolução, precipita- T. novellus e T., ferrooxidans. Esta últi-
Mineral pode ser definido como um ele-
ção, volatilização e fixação, essencialmen- ma merece destaque especial, pois, além
mento químico ou uma substância inor-
te através de reações de oxi-redução. São de oxidar as formas reduzidas de enxofre,
gânica de composição química definida,
exemplos de ciclo biogeoquímicos, a forma- oxida ainda o íon ferroso (Fe2+) e sulfetos
encontrada, naturalmente, na crosta ter-
ção e decomposição de carbonatos, silica- metálicos em geral (ROSSI, 1990 apud
restre (GARCIA JÚNIOR, 1997). Porém, os
tos e sulfetos; as transformações micro- GARCIA JÚNIOR, 1997).
minerais podem ou não estar na forma dis- bianas do nitrogênio, fósforo, ferro, enxofre, Isso deixa evidente a participação dos
ponível para nutrir as plantas. Antes de manganês, arsênio, mercúrio, cobre, urânio, microrganismos na liberação de elementos
estarem disponíveis ou não, são, na maioria etc. (GARCIA JÚNIOR, 1997). minerais nutrientes para as plantas. No en-
das vezes, parte integrante dos minérios3 Houve grande destaque da participação tanto, inúmeros fatores de solo condicio-
ou de minerais não decompostos na rocha de microrganismos em processos geoquí- nam a sua disponibilidade, necessitando,
de origem. Os microrganismos exercem inter- micos, quando foram observadas bactérias mais uma vez, da ação dos microrganismos
relação com as plantas e animais no meio (Gallionella ferruginea), como agentes res- e suas inter-relações com plantas e animais
em que vivem, nos mais diversos ambien- ponsáveis por depósitos de ocres de ferro para novamente iniciar o processo de dis-
tes (normais ou extremos). De acordo com em pântanos, feita por Ehrenberg (1838 apud ponibilização de nutrientes.
Garcia Júnior (1997), a característica interes- GARCIA JÚNIOR, 1997) e, também pelas O fornecimento de N para leguminosas,
sante dos microrganismos, em geral, é o evidências que se obtiveram sobre a oxida- a disponibilidade de fósforo, enxofre e mi-
papel que eles têm exercido, desde o apare- ção do H2S e deposição de enxofre ele- cronutrientes e a estabilidade de potássio,
cimento da vida no planeta, em inúmeros mentar na bactéria filamentosa Beggiatoa cálcio e magnésio no solo são extremamen-
processos geológicos fundamentais. Se- sp. e sobre a oxidação de FeCO3 a óxido te dependentes da ação de microrganismos.
gundo este autor, em linhas gerais, a ativida- férrico pela espécie Leptothrix ochracea. A maioria dos nutrientes contidos na maté-
de metabólica desenvolvida pelos micror- Assim, formulou-se o modo quimiolitotró- ria orgânica está associada a compostos
ganismos exerce comprovada influência no fico de vida, ou seja, os microrganismos orgânicos não diretamente assimiláveis
intemperismo das rochas, na formação e obtêm energia para fixação do CO2 atmos- pelas plantas. Para que estes nutrientes
transformação de sedimentos do solo, na férico, através de reações de oxidação de sejam absorvidos pelas raízes, é necessá-
gênese e degradação de minerais e de com- compostos estritamente inorgânicos. Pro- rio que ocorra sua mineralização, realizada
bustíveis fósseis, etc. movendo esta oxidação, os microrganismos pelos microrganismos.
3
Um ou mais minerais associados, que, sob certas condições, podem ser processados, objetivando a recuperação de um ou mais elementos ou
substâncias – metálicas ou não – de interesse econômico.
Colocados no solo, os nutrientes po- Com relação ao potássio solúvel ou tro- FUNDAMENTOS DA
dem passar por processos de indisponi- cável, sua perda está diretamente relacio- TECNOLOGIA BIOEXTON
bilidade para as plantas, seja devido a rea- nada com a capacidade de troca de cátions A disponibilização de elementos quí-
ções no solo, seja devido a perdas. O N (CTC) do solo. É sabido que a CTC dos micos nutrientes para os vegetais, a partir
pode ser perdido por volatilização ou lixi- solos brasileiros varia de 3 a 15 cmolc dm-3 da rocha de origem, só é possível devido a
viação; o potássio, cálcio, magnésio e de solo, sendo, portanto, muito baixa. Há, agentes de intemperismo, ou seja, tem re-
enxofre, por lixiviação; o fósforo, por adsor- então, grande possibilidade de perdas de lação direta com os fatores de formação do
ção, etc. Estes nutrientes são absorvidos K, quando aplicado de fontes minerais, solo, os quais, segundo Jenny (1941 apud
predominantemente quando estão na forma sobretudo em solos de textura grosseira. MONIZ, 1975), constituem: material de
mineral, ou seja, quando se encontram na A turfa, por exemplo, apresenta CTC, que origem, relevo, clima, organismos e tempo.
forma orgânica, não são absorvidos dire- varia de 80 a 120 cmolc dm-3, enquanto que Depois do solo formado, inúmeros fatores
tamente pelas plantas. É necessário que a matéria orgânica pode variar de 100 a contribuem para perdas ou disponibilida-
microrganismos os transformem, passando 250 cmolc dm-3, e a do húmus pode chegar de dos nutrientes e, neste aspecto, o regime
da forma orgânica para a mineral. a 400 cmolc dm-3. O simples fato de adicio- ou dinâmica da matéria orgânica assume
O nitrogênio mineral pode ser facil- nar turfa ou outra fonte de matéria orgâni- papel de grande importância. Isto porque,
mente lavado pelas águas de chuva, se não ca à fonte de potássio, contribui para uma segundo Resende et al. (1995), plantas su-
passar para formas orgânicas. Quando se considerável redução nas perdas desse nu- periores e resíduos animais constituem a
encontra na forma mineral, o N está dis- triente. principal fonte de nutrientes e energia pa-
ponível para as plantas e também para as Comportamento favorável à disponi- ra os microrganismos do solo. Após a de-
perdas. Há, entretanto, maneiras de con- bilidade dos demais nutrientes ocorre tam- posição e incorporação desses resíduos
trolar esta disponibilidade de N, evitando- bém, quando se adiciona matéria orgânica ao solo, os microrganismos iniciam o pro-
se perdas: através de adições de matéria às fontes minerais. cesso de decomposição desses materiais,
orgânica, que formam, então, fertilizantes Diante dos fatores limitantes à nutrição utilizando-os como fonte de nutrientes e
organominerais. Nestes, o N é encontrado das plantas, sobretudo quanto à disponi- energia. Portanto, o teor de C no material a
na forma orgânica e, portanto, com dispo- bilidade e ao fornecimento de nutrientes, ser decomposto e sua relação com o teor
nibilidade controlada, o que faz com que o aliados à crescente poluição ambiental em de N, o que é expresso em termos de rela-
N seja paulatinamente liberado, reduzindo decorrência, principalmente, da deposição ção C/N, são os responsáveis pelo tempo
as perdas. de resíduos na superfície do solo, o pesqui- necessário para que se processe a decom-
Com o fósforo solúvel, as reações de sador Lázaro Sebastião Roberto desen- posição do resíduo.
adsorção pelos óxidos, hidróxidos e oxi- volveu uma tecnologia inovadora. Além de Com base na eficiência dos micror-
hidróxidos de ferro e de alumínio fazem com resolver um problema ambiental, que é a ganismos decompositores de resíduos, a
que, apenas cerca de 25% do P aplicado deposição de resíduos diretamente no so- Tecnologia Bioexton consiste na transfor-
seja absorvido pelas plantas, portanto, lo, essa tecnologia obtém, como subpro- mação de resíduos diversos em matéria
aplicam-se quatro a cinco vezes mais fós- duto, fertilizantes orgânicos ou organomi- orgânica mineralizada, pelo processo de
foro que a planta necessita. Uma maneira nerais de custo mais baixo e com alto valor biodegradação acelerada. Atualmente, fo-
de reduzir ou até evitar a adsorção de P é agregado. Depois de vários anos de estu- ram determinados biocatalisadores especí-
misturá-lo com matéria orgânica. Assim, dos envolvendo biotecnologia, biometa- ficos para mais de 100 tipos de resíduos.
as partículas orgânicas envolvem o P, lurgia e bio-hidrometalurgia (ou lixiviação
protegendo-o da fixação no solo. Tisdale bacteriana), chegou-se ao “Processo de Procedimentos básicos
e Nelson (1966) explicam que a proteção preparação de agentes biocatalisantes”, da tecnologia
ocorre, devido à formação de complexos responsável pela biodegradação acelerada A partir do tratamento de diversos re-
fosfoúmicos, facilmente assimiláveis pelas de resíduos, isto é, processo para produ- síduos, podem-se produzir dois tipos de
plantas; a troca aniônica do fosfato pelo ção de fertilizantes orgânicos e organomi- fertilizantes: um fertilizante orgânico deno-
íon humato (por exemplo, fosfato de cálcio nerais a partir de uma ampla série de re- minado organofértil e um fertilizante orga-
passa a humato de cálcio, que libera o íon síduos orgânicos. Com isso, em 72 horas, nomineral. Este pode ser obtido em uma ou
fosfato para as plantas) e, ao revestimento resíduos são transformados em fertilizan- duas fases, ou seja, pode-se tratar o resíduo
das partículas de sesquióxidos pelo húmus, tes, totalmente isentos de odor desagra- e ter como produto final um fertilizante orga-
formando uma cobertura protetora a qual dável, de patógenos e de outros agentes nomineral, ou primeiro obter o organofértil
reduz a capacidade do solo em adsorver capazes de causar malefícios à saúde hu- e, posteriormente, o organomineral, a partir
fosfato. mana, além da agregação de valores. do organofértil já produzido.
4
Conjunto de microrganismos com cofatores específicos e substratos básicos, com sínteses de aminoácidos ativados que promovem a quebra da
molécula de celulose, além da solubilização de minerais.
superfosfato simples, triplo ou termofos- deve ser estabelecida em função dos teores com esta fonte alternativa de adubação é
fatos; e, como fontes de potássio, cloreto dos nutrientes no solo e das exigências das mais uniforme em termos de tamanho e cor,
ou sulfato de potássio. As proporções da culturas. Por se encontrarem ligados a ra- estando próximas ao padrão de comer-
mistura, para obtenção do fertilizante orga- dicais orgânicos, os nutrientes mais comu- cialização exigido. Este produtor comenta,
nomineral, são definidas após determina- mente perdidos, como N, P e K são mais ainda, que, na colheita, as perdas são cerca
ção dos teores de NPK do produto básico bem aproveitados pelas plantas, possibi- de 30% menores nas áreas com fertilizante
(organofértil), e complementados visando litando até, como no caso específico do P, organomineral que naquelas com adubação
atender, no mínimo, à legislação do Minis- uma redução nas quantidades fornecidas química convencional. Este fato foi verifica-
tério da Agricultura (BRASIL, 1983). Ha- pela adubação sem prejuízo de produ- do no local. Na comercialização, consegue-
vendo necessidade de adicionar outros tividade. Testes de campo com diversas se melhor preço, não por ser a cenoura pro-
macro ou micronutrientes, as fontes deve- culturas demonstraram que essa redução duzida com características orgânicas, mas,
rão ser colocadas no misturador antes de a é amplamente viável, tendo como reflexo principalmente, por ser um produto mais
mistura receber o biocatalisador. Isto por- direto, uma diminuição no custo de produ- apresentável e mais padronizado.
que, este, que é um ativador biológico so- ção. De maneira geral, esta adubação alter- Quanto aos riscos, o produto obtido não
lubilizante e peletizante, irá promover a nativa proporcionou uma economia de cer- apresenta qualquer possibilidade de conta-
interação da matéria orgânica com os mi- ca de 30% do gasto com adubos químicos, minação por patógenos ou pela presença
nerais, formando compostos com os ácidos nos experimentos de campo. Entretanto, a de metais pesados. Os maiores contami-
orgânicos. potencialidade desta alternativa não se nantes da matéria-prima são as pilhas, lâm-
Após, procede-se à granulação e à se- resume apenas nos aspectos econômicos. padas fluorescentes, baterias diversas, etc.,
cagem do produto final, podendo este Sua principal vantagem é a construção da o que, atualmente, já não é mais tanto pro-
estar na forma granulada, farelada ou pó. fertilidade do solo, pois, de ano para ano, o blema, devido à coleta seletiva. Esta, não
Finalmente, o produto é ajustado quan- que se observa é uma melhor estrutura- existindo, também não há risco de conta-
to ao teor de umidade e classificado em pe- ção do solo, aumento da matéria orgânica minação, pois esses materiais, quando pre-
neiras, quanto à granulometria, de acordo e da vida no solo (presença de minhocas sentes, são retirados antes da trituração.
com as normas do Ministério da Agricul- e outros organismos), etc. Com isso, após No Brasil, poucos são os parâmetros
tura (BRASIL, 1983), ensacado e comercia- uso contínuo destes fertilizantes, a neces- para qualificar um produto quanto ao ris-
lizado. sidade de adubação das culturas diminui, co de contaminação por metais pesados.
contribuindo novamente para uma redu- No entanto, são utilizados os dados cons-
UTILIZAÇÃO DOS FERTILIZANTES ção de custo com adubações. tantes nos Quadros 1 a 4, que apresentam
EM EXPERIMENTOS DE CAMPO Há também que mencionar a qualidade níveis máximos permitidos em alguns paí-
dos produtos obtidos, os quais apresentam ses no mundo, para verificação do organo-
Potencialidade e riscos coloração mais forte e mais intensa. José mineral Bioexton. De acordo com esses pa-
O fertilizante produzido com esta tecno- Ferraz do Valle Filho5 , maior produtor de râmetros, os teores de metais tidos como
logia além de ser uma alternativa viável, cenoura do Brasil, na atualidade, usuário indesejáveis estão aquém do máximo per-
em termos de custo, para uso na adubação e produtor de fertilizante organomineral mitido nos países de referência. Portan-
das culturas, apresenta grande potencial Bioexton, comprova esta melhor qualidade to, trata-se de um produto que não oferece
nutricional, uma vez que sua formulação dos produtos, pois a cenoura produzida contaminação.
QUADRO 1 - Classificação de qualidade de composto e limites para conteúdos de metais pesados em ppm
Qualidade muito alta Abaixo de 1,0 Abaixo de 70 Abaixo de 30 Abaixo de 100 Abaixo de 100 Abaixo de 200
Qualidade alta 1,0 a 2,5 70 a 150 30 a 60 100 a 150 100 a 200 200 a 400
Presença de contaminantes 2,6 a 4,0 150 a 200 61 a 100 151 a 500 201 a 400 401 a 1.000
Qualidade baixa Acima de 4,0 Acima de 200 Acima de 100 Acima de 500 Acima de 400 Acima de 1.000
FONTE: Genevini et al. (1997 apud KIEHL, 1998).
5
Informação obtida em janeiro de 2003.
QUADRO 2 - Níveis de metais pesados adotados pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana São apresentados, nas Figuras 1 e 2,
(CONLURB) - Prefeitura do Rio de Janeiro - Gerência de Pesquisas Aplicadas, Divisão os resultados de análise laboratorial do De-
de Análises Físico-Químicas partamento de Solos e Nutrição de Plantas
Níveis toleráveis de acordo com: e do Centro de Energia Nuclear na Agri-
Elemento cultura, da Escola Superior de Agricultura
Comunidade Comum Européia (1)
U.S.EPA (PART 503)
“Luiz de Queiroz” (ESALQ), da Univer-
Níquel (μg g-1) 300 a 400 420 sidade de São Paulo (USP), realizada em
Chumbo (μg g-1) 1.000 a 1.750 300 amostras de fertilizante de lixo urbano, co-
letadas na Usina de Santa Juliana (MG),
Zinco (μg g )
-1
2.500 a 4.000 2.800
logo após sua produção.
Cobre (μg g )
-1
1.000 a 1.750 1.500
QUADRO 3 - Teores máximos de metais pesados admitidos no lodo a ser utilizado na agricultura, segundo a legislação de diversos países (mg kg-1
de matéria seca)
Países
Dinamarca Suécia Alemanha Suíça Holanda Escócia França Itália Bélgica EUA
Metal pesado Símbolo Baixos
(A) (B) (C) (B) (D) (D) (E) (F) (H) (I)
(G)
Arsênio As – – – – – – – – – – 75
Cromo Cr 100 1.000 900 1.000 500 2.000 1.000 – 75 500 3.000
Cobre Cu 1.000 3.000 800 1.000 600 1.500 1.000 1.000 75 750 4.300
Chumbo Pb 120 300 900 1.000 500 1.500 800 750 100 600 840
Molibdênio Mo – – – – – – – – – – 75
Zinco Zn 4.000 10.000 2.500 3.000 2.000 2.500 3.000 2.500 300 2.500 7.500
Prata Ag – – – – – – – – – – –
Cobalto Co – 50 – 100 – – – – – – –
Manganês Mn – – – 500 – – – – – – –
FONTE: (A) Grüttner (1997); (B) Fernandes et al. (1993); (C) Bergs e Lindner (1997); (D) Silva (1995); (E) Nardin e Charbrier (1997); (F) Spinosa
e Ragazzi (1997); (G) Dirkzwager et al. (1997); (H) Ockier e Muynck (1997); Estados Unidos (1995).
NOTA: – Valor não determinado.
de Empresas (Unitecne), da Universidade através do Centro Tecnológico do Triân- te alternativa de adubação, tiveram como
de Uberaba. gulo e Alto Paranaíba (CTTP), sediado em matéria-prima, resíduos orgânicos diversos
A realização dos experimentos fez parte Uberaba (MG), inicialmente, e, mais tarde, que constituem contaminantes e poluen-
do convênio de parceria tecnológica entre com a Embrapa Hortaliças em Brasília/DF. tes ambientais, se forem deixados expostos
a Universidade de Uberaba e a EPAMIG, Os fertilizantes testados, como fon- e depositados na superfície do solo in
natura. A tecnologia da Bioexton, para
QUADRO 4 - Limites de concentração de metais pesados no lodo de esgoto (LE), adotados pela transformação de resíduos em fertilizan-
Environmental Protection Agency (EPA), para aplicação no solo tes, que utiliza o processo de biodegrada-
Concentrações Limite de carga Limites de Razão de ção acelerada de resíduos orgânicos, foi
Metal máximas cumulativa concentrações carga anual utilizada na Usina de Triagem e Produção
(mg kg-1) (kg ha-1) (mg kg-1) (kg ha-1 ano-1) de Fertilizantes Orgânicos e Organomi-
nerais, instalada no município de Santa
Arsênio 75 41 41 2
Juliana (MG).
Cádmio 85 39 39 1,9
A realização das pesquisas deu-se, ini-
Cobre 4.300 1.500 1.500 75
cialmente, pela necessidade de conhecer
Chumbo 840 300 300 15
o comportamento de um produto fertili-
Mercúrio 57 17 17 0,85
zante produzido a partir de resíduos, prin-
Molibdênio 75 – – – cipalmente orgânicos, nas condições e em
Níquel 420 420 420 21 culturas da região do Triângulo Mineiro e
Selênio 100 100 100 5 Alto Paranaíba. Isso só foi possível atra-
Zinco 7.500 2.800 2.800 140 vés do convênio EPAMIG/Universidade de
FONTE: Estados Unidos (1995). Uberaba (Uniube).
Figura 1 - Laudo analítico: caracterização físico-química de Figura 2 - Laudo analítico: caracterização química para metais
fertilizante obtido de lixo pesados
O primeiro produto testado foi um FERNANDES, A.L.T. Fertirrigação na cultura OCKIER, P.; MUYNCK, G. de. Belgium: Flanders.
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com baixo teor mineral o fosfato de Araxá SILVA, F.C. Uso agronômico de lodo de esgoto:
tamento de esgotos. Pesquisa Agropecuária
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elevando-se, assim, o nível deste nutriente
attraction reduction requirements of the sludge
no produto. Sua composição química fi- SOUZA, J. A. de. Alternativas de adubação da
rules. Water Engineering & Management, Des
nal ficou constituída de 1,25% de N; 3,63% cultura do milho com biofertilizante organomi-
Plaines, v.140, n.6, p.25-26, June 1993.
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A partir daí, passou-se a formular o fer- of Thiobacillus ferrooxidans and Thiobacillus DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 24.;
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Resumo - Composto de lixo urbano produzido no município de Santo André (SP), através
do processo de compostagem natural em leiras estáticas, por um período de quatro meses,
com valores dentro ou bem próximos dos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura,
como parâmetros de controle para avaliar sua qualidade agronômica. Parâmetros quími-
cos de relação C/N e pH utilizados para avaliar o estádio de estabilização ou maturação
do composto demonstraram que este estava bioestabilizado e em condições para ser
utilizado como adubo orgânico, como fonte de matéria orgânica para o solo e nutrientes
para as plantas. Apresenta-se o Faber-Ambra®, método em que as leiras de decompo-
sição (estáticas) mostram aeração passiva, ou seja, ocorre por convecção do ar, devido ao
gradiente de temperatura formado durante a decomposição biológica e a temperatura
ambiente.
Palavras-chave: Lixo. Resíduo orgânico. Compostagem. Tratamento orgânico.
INTRODUÇÃO urbanos: o sistema Faber-Ambra re- ra diária e pode, além de onerar a ope-
duz em 70% a necessidade de área ração, significar um acréscimo de
Os fatores limitantes dos métodos de
de aterro, porém, durante a aplica- 20% do volume a ser aterrado. Atra-
disposição final dos resíduos sólidos, tipo
ção do método, exige-se uma área vés da aplicação do sistema Faber-
aterro sanitário nos padrões brasileiros, são,
para o tratamento dos resíduos. Esta Ambra, elimina-se a necessidade
basicamente, a indisponibilidade de gran-
área não compromete a segurança e desse material, pois os resíduos ater-
des áreas próximas aos centros urbanos,
o conforto da população local. Sua rados estarão estabilizados quími-
o elevado volume de material para cober-
localização pode ser estrategicamen- ca e biologicamente e dispostos de
tura diária e os impactos causados ao meio
te determinada, visando à redução forma uniforme, apresentando uma
ambiente pela decomposição da fração
significativa dos custos de transpor- alta densidade de compactação. Tal
orgânica.
te para o aterro; alternativa deverá ser discutida e
Para minimizar a influência desses fa- liberada pelo órgão ambiental com-
b) disponibilidade de material para
tores, o sistema Faber-Ambra® oferece as petente.
cobertura diária: considera-se que
seguintes alternativas:
a execução de um aterro sanitário, Com o sistema Faber-Ambra, busca-se
a) disponibilidade de grandes áreas nos parâmetros tradicionais brasi- proporcionar os seguintes benefícios para
para aterros próximos aos centros leiros, exige material para cobertu- a área:
1
Engo Agro, Dr., Universidade de Taubaté (UNITAU), R. Quatro de Março, 432 – Centro, CEP 12020-270 Taubaté-SP. Correio eletrônico:
fortesneto@uol.com.br
2
Engo Agro, Dr., Universidade de Taubaté (UNITAU), R. Quatro de Março, 432 – Centro, CEP 12020-270 Taubaté-SP. Correio eletrônico:
sbalest@ig.com.br
3
Bióloga, Especialista em resíduos sólidos, Faber Serviço Ltda, R. Duque de Caxias, 188, sala 13, 2o andar – Centro, CEP 11600-000 São
Sebastião-SP. Correio eletrônico: faberbrasil@uol.com.br
nante dos líquidos emitidos pelo aterro, FONTE: (A) Informação obtida através de Christiane Dias Pereira, Diretora Técnica da Faber Serviço
simplificando, portanto, o sistema de tra- Ltda, em São Sebastião (1999-2004), (B) GTZ (2003).
tamento a ser aplicado. (1) Este valor está diretamente relacionado com o equipamento de compactação.
Densidade
A combinação entre os tratamentos me- Volume oferece um aproveitamento prolongado da
cânico e biológico provoca um aumento A redução da massa e do volume obtida área destinada ao aterro, o que permite re-
expressivo na densidade do material, após através desse sistema, bem como a maior duzir a necessidade de área de aterro em,
sua disposição e compactação no aterro, densidade de compactação dos resíduos, aproximadamente, 70%.
que varia de 0,5 t m-3 no momento da des-
carga para 1,46 t m-3, após a sua compac- Redução em massa proveniente do tratamento: 15% – 20 %
tação no aterro com equipamento apropria- Redução de volume total: 50% – 70 %
do (Quadro 3).
Recalques Federal do Rio de Janeiro/Coordenação dos rina (FATMA), onde se definiu a implan-
Durante a execução do aterro, a com- Programas de Pós-graduação de Engenha- tação do tratamento, visando minimizar os
binação de um equipamento compactador ria (UFRJ/COPPE) e Universidade Alemã impactos ambientais na área de disposição
(30 t) e do tratamento incrementa a estabi- de Braunschweig, para a verificação da final. Em agosto de 2002, foi concedida a
lidade de seu corpo, reduzindo significati- funcionalidade da tecnologia, quando sub- Licença Ambiental de Instalação ao trata-
vamente os recalques. Conseqüentemente, metida às condições adversas brasileiras mento e em outubro de 2003, a Licença de
os custos de manutenção das drenagens (climáticas e gravimétricas dos resíduos). Operação.
do aterro e os riscos de acidentes durante O projeto teve o subsídio do Ministério
a operação também são reduzidos. Alemão de Pesquisa e Educação (BMBF) Tailândia e México
e os resultados científicos apontaram um Esses projetos contam com a coopera-
excelente desenvolvimento da decompo- ção da GTZ para o monitoramento da tec-
Aterros tradicionais: 30% – 40 %
sição biológica, incentivando a implanta- nologia.
Aterro Faber-Ambra: < 10 % ção da tecnologia em caráter comercial em
outros municípios brasileiros e em outros Guadalupe
Alternativas para países em desenvolvimento. A tecnologia foi contratada durante
otimização da aplicação do um período de 15 anos, tendo sido iniciada
tratamento São Sebastião-SP
em janeiro de 2003.
a) implantação de uma unidade para A sensibilização para as questões ambi-
triagem de recicláveis anterior ao tra- entais e seu histórico de pioneirismo con- PRODUTO FINAL DO
tamento mecânico; duziu a Prefeitura de São Sebastião e a TRATAMENTO4
Empresa Faber Serviço, no ano de 2000, a
b) implantação de uma etapa de penei- Segundo Fortes Neto (2002), o compos-
implantarem em caráter comercial o sistema
ramento e secagem para resgate de to de lixo produzido através do processo
Faber-Ambra, visando à redução do volu-
material com potencial de condicio- de compostagem natural em leiras estáticas
me e da contaminação dos resíduos domés-
nador de solos – composto, poste- pelo sistema Faber-Ambra, por um período
ticos. A operação em São Sebastião contou
rior ao tratamento biológico. de quatro meses, pela Empresa Faber Ser-
com a cooperação técnica, durante um pe-
ríodo de um ano, da GTZ, órgão do Minis- viço Ltda., no município de Santo André,
Vantagens oferecidas pelo
sistema Faber-Ambra tério Federal Alemão da Cooperação Eco- SP, apresentou teores médios totais de ma-
nômica e Desenvolvimento (BMZ), para o téria orgânica, nitrogênio, cálcio, potássio,
a) duplica-se a vida útil do aterro;
monitoramento da tecnologia. carbono e micronutrientes, constituindo,
b) as emissões de gases e o teor orgâ- assim, em uma fonte alternativa de matéria
nico do chorume em 90%; Santo André-SP orgânica para o solo e de nutrientes para
c) dispensa-se o material para a cober- A tecnologia foi empregada como téc- as plantas.
tura diária do aterro; nica de compostagem, a título piloto em O composto analisado, de maneira geral,
d) simplificam-se as drenagens e o tra- resíduos exclusivamente orgânicos, visan- apresentou uma composição química que
tamento de gases e líquidos; do contribuir para a minimização dos impac- variou dentro dos valores observados nos
tos sobre o meio ambiente, através da redu- estudos de caracterização de compostos
e) incrementa-se a estabilidade do ater-
ção da sua massa, beneficiando os resíduos no Brasil.
ro, reduzindo os custos de manuten-
orgânicos, a fim de empregá-los na recu- Os teores de metais pesados estão de
ção posterior do aterro. acordo com os valores estipulados pelas
peração de solos como forma de composto
(fertilizante orgânico). legislações da Alemanha, Austrália e Suí-
PROJETOS FABER-AMBRA
ça, e com limites estipulados pelas nor-
Rio de Janeiro-RJ Blumenau-SC mas CETESB 4.230 (CETESB, 1999) e PN 1:
O método Faber-Ambra foi implanta- O município firmou em janeiro de 2002 603.06-008 (NBR 10.004) (ABNT, 1987).
do em um projeto piloto de dois anos em um Termo de Ajustamento de Conduta Dessa forma, o composto não oferece
parceria com a Companhia Municipal de com o Ministério Público e a Fundação do risco para o meio ambiente nem para a saú-
Limpeza Urbana (Comlurb), Universidade Meio Ambiente do Estado de Santa Cata- de pública.
4
Resultados do projeto piloto de compostagem aplicada aos resíduos de feira e poda, do município de Santo André, utilizando processo Faber-Ambra.
Na composição química utilizada para QUADRO 4 - Qualidade Agronômica do composto urbano de Santo André-SP
avaliar a qualidade agronômica do compos-
Variáveis (1)
Média Limites
to de Santo André, apresentada no Qua-
dro 4, observa-se que os teores de fósforo Carbono orgânico (g kg-1) 145,20 _
e magnésio estão abaixo dos limites e os Matéria orgânica (g kg ) -1
343,90 360 a 400
valores de cálcio, potássio, matéria orgâni- Cálcio (g kg ) -1
15,30 15 a 30
ca, nitrogênio, pH, umidade e relação C/N
Enxofre (g kg-1) 1,35 2a5
estão dentro ou bem próximos dos valores
Fósforo (g kg-1) 2,26 5 a 15
estabelecidos pelo Ministério da Agricul-
tura como parâmetros de controle para ava- Magnésio (g kg ) -1
3,61 6 a 12
liar a qualidade agronômica de um com- Nitrogênio (g kg ) -1
8,6 9 a 10
posto. Potássio (g kg-1) 5,00 5 a 15
Os parâmetros químicos de relação C/N
pH 7,7 6a8
e pH são utilizados para avaliar o estádio
de estabilização ou maturação do compos- Umidade (%) 36,85 40 a 44
to. Segundo Kiehl (1998), pode-se conside- C/N 16,00 18 a 21
rar um composto bioestabilizado e, portan- (1) Valores expresso em base seca.
to, já em condições para ser utilizado como
adubo orgânico, quando sua relação C/N
QUADRO 5 - Teores totais(1) de matéria orgânica (MO) e macronutrientes em composto de lixo
estiver no intervalo entre 12/1 e 18/1, e hu-
urbano de Santo André e de alguns municípios brasileiros
mificado, quando essa relação é inferior a
12/1. Já o valor de pH do composto humi- Local MO C N P K Ca Mg C/N
ficado deve ser neutro ou levemente alca- Santo André 343,9 145,2 8,6 2,26 5,0 15,3 3,64 16
lino. Neste caso, ambos os parâmetros quí-
Belo Horizonte 473,63 184,10 12,3 3,03 10,87 27,07 3,77 19
micos do composto urbano do município
Brasília 179,4 275,37 13,03 1,83 4,57 18,3 2,27 21
de Santo André apresentaram valores que
indicaram que o composto estava bioesta- Rio de Janeiro 225,32 131,00 14,47 4,17 10,07 36,07 4,7 9
bilizado e entrando em fase de humificação. Florianópolis 160,3 93 13,43 2,17 9,67 20,10 3,43 7
Esses resultados demonstraram que o com- São Paulo 331,10 192,5 12,13 2,17 10,57 27,63 3,5 15
posto urbano de Santo André, resultante
Manaus 210,59 122,43 7,73 2,40 3,33 20,53 2,2 16
da compostagem dos resíduos de feira e
poda pelo processo Faber-Ambra, tem qua- Média 263,39 166,39 12,18 2,62 8,16 24,95 3,31 14,5
lidade agronômica para ser utilizado como (1) Valores expressos em base seca.
fonte de matéria orgânica para o solo e nu-
trientes para as plantas.
O Quadro 5 apresenta os teores totais fósforo e potássio estão abaixo dos valores constata-se, no Quadro 6, que os teores
de matéria orgânica e de macronutrientes médios, porém situados dentro da faixa de de metais pesados, determinados no com-
presentes nas amostras de composto de variação desses elementos, determinados posto de Santo André, não ultrapassam
lixo urbano de Santo André e de mais seis nas demais amostras de composto. Já em os valores determinados como limitantes
capitais brasileiras. As diferenças observa- relação ao nitrogênio, o teor assemelha-se para a sua utilização em solos na Suíça,
das nas médias entre os compostos estão ao determinado na amostra do composto Alemanha e Austrália. Os teores de me-
relacionadas, principalmente, com a origem de Manaus, e o cálcio foi o elemento que tais pesados também estão de acordo com
do lixo e com os processos de composta- apresentou o menor teor, quando compara- os valores estabelecidos pela norma da
gem utilizados nas usinas. do com os teores determinados nas demais CETESB 4.230 (CETESB, 1999), que re-
Em relação às características nutricio- cidades analisadas (Quadro 5). gulamenta o uso agrícola de lodo de esgoto
nais, observa-se que o teor de matéria orgâ- Tendo como base os valores de metais no estado de São Paulo e também atende
nica apresentou um valor acima das médias pesados, considerados como limitantes aos limites estipulados PN 1: 603. 06-008,
determinadas nas seis cidades brasileiras para composto urbano pelas legislações para a caracterização e classificação de resí-
e os teores de carbono orgânico, nitrogênio, adotadas na Austrália, Alemanha e Suíça, duos (Quadro 6).
QUADRO 6 - Teores(1) de metais pesados no composto de resíduo de feira e poda de Santo REFERÊNCIAS
André-SP
ABNT. PN1: 603.06-800 (NBR 10004): resíduos
Média Limites sólidos – classificação. Rio de Janeiro, 1987.
Variáveis (mg kg-1) (mg kg-1)
CETESB. Aplicação de biossólidos de siste-
Alumínio 12.877,96 – mas de tratamento biológico em áreas agrí-
Arsênio 3,07 (A)
75 colas: critérios para projeto e operação – ma-
nual técnico, norma P 4230, agosto 1999. São
Bário 72,85 (B)
20.000
Paulo, 1999. 32p.
Boro 48,66 –
FORTES NETO, P. Qualidade agronômica,
Cobre 42,31 (C)
1000; (D)
150; (E)
100 e (A)
4.300 ambiental e sanitária do composto urbano
de Santo André. Taubaté, 2002. 10p.
Cromo 54,64 (C)
300 e (E)
100
1
Engo Agro, Gerente Geral Instituto de Fosfatos Biológicos (IFB), CEP 14020-530 Ribeirão Preto-SP. Correio eletrônico: bioativotec@uol.com.br
Estudos anteriores e resultados obti- possam ser diretamente assimilados pelos ao contrário do insolúvel que constitui o
dos nos últimos 12 anos comprovam, de vegetais, apresentam a possibilidade de ser fósforo não lábil. Esta interconversão das
forma irrefutável, que os caminhos trilhados lentamente mineralizados e, assim, suprir diversas formas do fósforo é muito con-
pela IFB, para obtenção de fósforo solubi- as necessidades dos vegetais (JORGE, dicionada pelo pH do solo e o seu con-
lizado através de microrganismo, estavam 1969). teúdo de argila, sesquióxidos, etc. (DIAS
corretos. Segundo Tibau (1978), pesqui- A estrutura eletrônica do fósforo deter- CORREIA, 1980).
sadores russos conseguiram isolar do so- mina comportamentos muito peculiares Schaffer (apud PRIMAVESI, 1964), diz
lo mais de trinta espécies e variedades de para as suas combinações. Os compostos que:
bactérias capazes de solubilizar rapida- que mais interessam a linha de fertilizantes a disponibilidade de P segue em
mente o fosfato tricálcico, na presença de são os ortofosfatos. Estes podem ser de- paralelo com a atividade biológica do
uma fonte de matéria orgânica qualquer e finidos como compostos de fósforo que solo. Quanto mais ativa a microvi-
peptona. No processo, foram isoladas as formam ânions nos quais cada átomo de da aeróbia e heterótrofa, tanto maior
bactérias Bacillus cereus, var. albolactes; fósforo está rodeado de quatro átomos de a disponibilidade dos fosfatos, e
B. mycoides, cepas 1, 2, 18c e 1419, e B. oxigênio, ocupando os vértices de um tetra- acrescenta: nos laboratórios, usa-se
magatherium var. fosfaticum. edro. Tais compostos permitem que oxigê- sempre mais o bioteste para a ava-
Atualmente, o sistema IFB é dotado de nios sejam compartilhados entre tetraedros, liação do fósforo disponível, sendo
um conjunto de fungos e bactérias com de modo que possam formar cadeias, anéis, usados especialmente a Azotobacter
grande capacidade de solubilizar fosfato e mesmo “gaiolas”. A sua mais simples chroococcum, Aspergillus niger,
de rocha, como objetivo principal e em um configuração, PO4, como unidade monomé- Trichoderma, Cunnighamella e
segundo momento fixar e disponibilizar rica, é denominada ortofosfato e encontra- Aspergillus oryzae.
nitrogênio para as culturas fertilizadas com se, praticamente, livre no ácido fosfórico.
Então concluímos que a adição de for-
BioAtivo. Cadeias do tipo P-O-P são chamadas poli-
mas fosfóricas mais estáveis ao solo, o que
fosfatos e anéis metafosfatos. As estrutu-
propõe o BioAtivo Fertilizante, potencia-
FÓSFORO E SUA ras mais complexas, verdadeiras “gaiolas”,
RELAÇÃO COM O SOLO lizaria seu aproveitamento pelas culturas
são fosfatos condensados denominados
adubadas, fator de suma importância, de-
O fósforo geralmente é encontrado ultrafosfatos. A estrutura tetraédrica tem
vido às escassas fontes deste mineral. Esse
nos solos na forma de fosfato tricálcico especial afinidade por cátions metálicos,
fósforo, mais estável e melhor aproveitável,
(Ca3(PO4)2), dentre outras macromolécu- formando estruturas de maior ou menor
seria obtido através de sua adição em sis-
las, praticamente insolúvel e, portanto, não condensação, o que origina os fosfatos
tema, onde haveria a presença de matéria
disponível para as plantas. Além disso, insolúveis ou pouco solúveis, respectiva-
orgânica como quelante natural às molé-
pode ocorrer na forma de compostos orgâ- mente (lábil e não lábil).
culas de fósforo susceptíveis à ação dos
nicos fosforados e, finalmente, na forma O conteúdo em P do solo oscila entre
cátions do solo e à atividade dos micror-
de mineral solúvel. Entretanto, nesta última 500 e 2.500 kg ha-1, dos quais cerca de 15%
ganismos do processo IFB no solo, que se
forma, ele é muito instável, dificilmente a 70% encontram-se fortemente adsorvi-
mantêm ativos e atuantes no mesmo tor-
permanecendo em condições de ser assi- dos ou em formas inorgânicas insolúveis,
nado fósforo não lábil, para formas de fácil
milado. Essa tendência à indisponibilida- sendo o restante P, de natureza orgâni-
assimilação pelas plantas.
de é devida a processos de fixação, que ca, sobretudo provido dos microrganismos
ocorrem de diferentes maneiras: formação do solo e da mesofauna. Os microrganis-
SOLUBILIZAÇÃO
de compostos com o cálcio (passagem, por mos podem mineralizar P orgânico. O orto-
DOS FOSFATOS POR MEIO
exemplo, da forma de fosfato monocálci- fosfato (H2PO4- e HPO4-), libertado pela
DE MICRORGANISMOS
co, ou superfosfato, que é a mais solúvel mineralização, é rapidamente adsorvido
ESPECÍFICOS – PROCESSO IFB
de todas, para as formas de fosfato bicálci- pelas partículas do solo (fixação do fosfa-
PARA OBTENÇÃO DO
co, pouco solúvel, ou tricálcico que, como to). O fosfato é rapidamente imobilizado
BIOATIVO FERTILIZANTE
visto, é a menos solúvel de todas; preci- pelos microrganismos do solo, por adsor-
pitação pelo ferro, pelo alumínio ou pelo ção e por precipitação dos fosfatos inso- A passagem dos vegetais do ambiente
manganês, formando compostos insolú- lúveis de Ca, Fe ou Al. Há, no entanto, aquático para o terrestre, em eras geológi-
veis: adsorção pelas argilas ou pelos hi- alguns fosfatos que podem facilmente ser cas passadas, exigiu adaptações que lhes
dróxidos de alumínio ou ferro; formação desadsorvidos, além dos que se encontram permitiram extrair do solo os elementos mi-
de compostos orgânicos que, embora não em solução constituindo o fósforo lábil, nerais indispensáveis à sua formação e me-
Desta forma, os pesquisadores respon- mais de 14 anos, para trazer à agricultura JORGE, J.A. Solo manejo e adubação. São Pau-
sáveis pelo processo IFB (Samuel Murgel o que a natureza faz com propriedade e que lo: Melhoramentos, 1969. 225p.
Branco e Paulo Henrique Murgel) de so- lhe é peculiar, ou seja, nutrir seus sistemas
MAXIMOV, N.A. Fisiologia vegetal. Buenos
lubilização de fósforo tornaram possível vegetais de forma sustentável e equilibra-
Aires: ACME Agency, 1948. 433p.
levar até o agricultor um processo natural da através da atividade microbiológica pre-
de fertilização de suas culturas comerciais, sente no solo. MEYER, B.S.; ANDERSON, D.B. Plant phy-
porém potencializado e adaptado às condi- Temos à disposição o resultado de um siology. Toronto: D. Van Nostrand, 1958.
ções exigidas pelo atual sistema de cultivo. trabalho criterioso, moderno e adequado MURGUEL, E. Efeitos ambientais e trata-
O BioAtivo Fertilizante é o que o merca- ao agroecossistema tropical, sem perder, mento dos efluentes líquidos e gasosos de
do tem de mais moderno em nutrição ve- em nenhum momento, a competitividade uma indústria de fertilizantes fosforados.
getal, por se tratar de um complexo sistema em produtividade e economicidade, que os 1991. Tese (Mestrado) – Universidade de São
biológico, equilibrado e racional na produ- insumos agrícolas de sucesso exigem. Paulo.
ção de fertilizantes fosforados.
REFERÊNCIAS PRIMAVESI, A. A moderna agricultura inten-
CONSIDERAÇÕES FINAIS siva. Porto Alegre: Pallotti, 1964. v.1.
DIAS CORREIA, A.A. Bioquímica nos solos,
O BioAtivo Fertilizante é o resultado nas pastagens e forragens. Oeiras: Fundação TIBAU, A.O. Matéria orgânica e fertilida-
da busca incessante de uma pesquisa de Calouste Gulbenkian, 1980. de do solo. São Paulo: Nobel, 1978. 172p.
INTRODUÇÃO da lixiviação ou percolação e erosão de di- e urina, para a faixa de 15 a 100 kg ( EPAGRI,
A suinocultura é uma atividade con- versos elementos químicos para os cursos 1995). A urina é um dos componentes que
centradora de resíduos orgânicos, ricos d’água e águas subterrâneas. influencia na produção dos dejetos líqui-
em nitrogênio e outros nutrientes, e de alto Este artigo tem como objetivo infor- dos e depende diretamente da ingestão de
potencial poluidor, que se não utilizados mar sobre as principais alternativas de uso água pelo animal. Em geral, cada litro de
adequadamente, provocam poluição ambi- dos dejetos de suínos na agricultura, nas água ingerido por animal resulta em 0,6 litro
ental de grande magnitude. formas líquida e sólida estabilizada ou in de urina. Animais na fase de crescimento e
Diversas alternativas têm sido propos- natura e na forma de composto orgânico, terminação não são os maiores produtores
tas para utilização desses resíduos na agro- visando substituir total ou parcialmente a de dejetos, porém, como são em maior nú-
pecuária, sendo o uso como fertilizante, no adubação mineral convencional, reduzir mero dentro da granja, é nesta fase do ciclo
solo, um dos mais promissores, desde que os gastos com adubos comerciais, manter de produção que ocorre a maior quantidade
aplicado com critério. É comum observar, a sustentabilidade da produção agrícola e de dejetos (Quadro 1). Oliveira e Parizotto
em algumas regiões produtoras de suínos, minimizar os problemas ambientais. (1994) consideraram que cada animal, na
o uso de dejetos na adubação de forragei- fase de crescimento e terminação, produz
ras, cana-de-açúcar, café, culturas anuais PRODUÇÃO QUANTITATIVA cerca de 7 a 9 litros de dejeto/dia (fezes,
DE DEJETOS DE SUÍNOS urina, restos de ração e água de higieni-
como o milho, o feijão e outras. Esta práti-
ca requer orientação e acompanhamento A quantidade total de dejetos líquidos zação). Para um plantel de 100 animais a
técnicos, para evitar adição de quantidades de suínos produzidos em uma granja va- produção diária seria de 0,7 a 0,9 m3, cuja
superiores à capacidade de retenção do so- ria de acordo com a idade e o peso corpo- estimativa é importante no cálculo de di-
lo e de extração de nutrientes pelas plantas. ral dos animais. De modo geral, pode-se mensionamento de esterqueiras.
Isto evita problemas de acúmulo de nutri- considerar que um animal produz cerca de Tendo em vista o volume de dejetos
entes e riscos de salinização no solo, além 4,9% a 8,5% de seu peso vivo/dia em fezes produzidos, torna-se necessário o desen-
1
Enga Agra, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTZM, Caixa Postal 216, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: marians@epamig.ufv.br
2
Engo Agro, D.Sc., Pesq. EPAMIG-DPPE, Caixa Postal 515, CEP 31170-000 Belo Horizonte-MG. Correio eletrônico: sanziomv@epamig.br
3
Enga Florestal, M.Sc., Pesq. EPAMIG-CTZM, Caixa Postal 216, CEP 36570-000 Viçosa-MG. Correio eletrônico: neusa-pinheiro@bol.com.br
volvimento de tecnologias para sua utiliza- QUADRO 1- Produção média diária de dejetos nas diferentes fases de produção de suínos
ção, minimizando o impacto ambiental pro- Esterco + Dejetos Produção
Fases de produção Esterco
vocado pelo seu descarte. Dessa forma, urina líquidos mensal
de suínos (kg dia-1)
Loures (1998 apud SILVA; MAGALHÃES, (kg dia ) -1
(L dia ) -1
(m animal-1)
3
2001) apresenta alternativas de uso dos Crescimento e terminação 2,30 4,90 7,00 0,25
dejetos de suínos, tais como:
Porcas 3,60 11,00 16,00 0,48
a) alimentação animal;
Porca em lactação 6,40 18,00 27,00 0,81
b) produção de silagem;
Macho 3,00 6,00 9,00 0,28
c) adubação de culturas (fertirrigação Leitões em creche 0,35 0,95 1,40 0,05
com e sem tratamento e na produção
de compostos orgânicos); Média 2,35 5,80 8,60 0,27
COMPOSIÇÃO DOS
QUADRO 2 - Valores médios das características dos dejetos de suínos, líquido e sólido, na Zona da
DEJETOS DE SUÍNOS
Mata de Minas Gerais - Viçosa, EPAMIG, 2003
A composição química dos dejetos de
Dejeto líquido Dejeto sólido
suínos é muito variável, principalmente em Características
função da idade dos animais, dos sistemas Unidades Valores Unidades Valores
de manejo e de armazenamento utilizados. pH _ 7,09 _ _
De modo geral, a maioria dos dejetos líqui-
Matéria seca kg m -3
18,02 kg t -1
220,00
dos analisados contém menos de 3% de
matéria seca. Considerando esta variação Nitrogênio total kg m -3
2,64 kg t -1
22,30
na composição química, é necessário aná- Fósforo (P2O5) kg m-3 1,09 kg t-1 30,00
lise dos dejetos antes de sua utilização co- Potássio (K2O) kg m-3 1,55 kg t-1 16,00
mo fertilizante. Garcia et al. (2003) analisa-
Cálcio kg m -3
0,50 kg t -1
19,50
ram diferentes amostras de dejetos líquido
e sólido de suínos, utilizados em adubação Magnésio kg m -3
0,20 kg t -1
5,20
contínua de diferentes culturas na Zona da Enxofre kg m-3 0,16 kg t-1 3,90
Mata de Minas Gerais, sendo que a maio- Sódio kg m-3 0,53 kg t-1 8,10
ria dessas é proveniente de criadores que
Ferro gm -3
28,95 gt -1
3811
adotam a separação mecânica. A composi-
ção média encontrada está no Quadro 2. Manganês gm -3
4,41 gt -1
279
QUADRO 3 - Quantidade de adubos minerais equivalentes à aplicação de dejetos de suínos, sólidos ra remoção de compostos orgânicos solú-
(10 t) e líquidos (10 m³), provenientes de separação mecânica e de dejeto líquido de suí- veis e sim compostos inorgânicos solúveis,
no (10 m³) sem separação - Viçosa, EPAMIG, 2003 semelhantes aos fosfatos que são removi-
Adubos minerais dos através de precipitados insolúveis
Dejetos de suínos (LOEHR, 1974).
(composição) Sulfato Superfosfato Cloreto de
De acordo com Oliveira (1993), os de-
de amônio simples potássio
jetos sólidos podem ser desidratados para
(1)
Dejeto sólido 246 kg 367 kg 60 kg a redução do teor de umidade e do odor e
-1
N : 22,3 kg t de matéria seca facilitar o seu manuseio. Isto pode ser fei-
P2O5 : 30,0 kg t-1 de matéria seca to através da secagem natural em terreiro
K2O : 15,7 kg t-1 de matéria seca cimentado ou em esterqueiras, com adição
(1)
Dejeto líquido 115 kg 56 kg 16 kg de materiais absorventes, ou seja, materiais
-
N : 2,3 kg m ³ com grande capacidade de absorção de
P2O5 : 1,0 kg m-³ água, como os utilizados em cama de ani-
K2O : 0,9 kg m-³ mais (maravalhas e serragem de madeira,
(2)
sabugos de milho picado, etc.).
Dejeto líquido 195 kg 89 kg 86 kg
Tratamento biológico
-
N : 3,9 kg m ³
P2O5 : 1,6 kg m-³
No tratamento biológico, a decomposi-
K2O : 5,0 kg m-³
ção da matéria orgânica pelos microrganis-
FONTE: Dados básicos: Garcia et al. (2003). mos (bactérias, fungos, algas, etc.) pode
(1) Provenientes de separação mecânica. (2) Sem separação.
ocorrer tanto na presença de oxigênio (aeró-
bio), quanto na sua ausência (anaeróbio).
Os processos mais acessíveis são as lagoas
TRATAMENTO DE Os tanques de decantação podem ser de
de estabilização, esterqueira e composta-
DEJETOS DE SUÍNOS fundo inclinado e de fundo plano e o seu
gem.
dimensionamento deve ser feito com acom-
No tratamento dos dejetos de suínos,
podem-se considerar duas etapas: o trata-
panhamento técnico, uma vez que o cálculo Lagoas de estabilização
da área do tanque leva em consideração a Este sistema de tratamento de dejetos
mento físico e o tratamento biológico, sen-
vazão do efluente e a velocidade de sedi- líquidos de suínos é considerado mais eco-
do que os dejetos, preferencialmente esta-
mentação das partículas. nômico e, normalmente, possui duas fases,
bilizados, na forma simples ou composta
com resíduos vegetais, podem ser utiliza- O peneiramento também promove a se- uma anaeróbia e outra aeróbia.
dos como fertilizantes para as culturas. paração das fases, obtendo-se duas bem Os dejetos líquidos a serem tratados
distintas, uma líquida e outra sólida, porém no sistema de lagoas de estabilização po-
Tratamento físico com eficiência menor de remoção dos sóli- dem ser do tipo bruto (dejetos não proces-
Este tipo de tratamento consiste da se- dos em relação aos decantadores. Diferen- sados em decantadores e/ou peneiras) ou
paração das fases (sólida e líquida) dos de- tes tipos de peneiras, vibratórias e rotati- líquido, resultante da separação de fases.
jetos, podendo ser feita pelo processo de vas, podem ser encontrados no mercado. Neste caso as lagoas são de menor tama-
decantação, peneiramento, centrifugação A centrifugação é um processo que usa nho (volume).
e separação química (OLIVEIRA, 1993). a força gravitacional para a separação das O sistema constitui-se de um conjunto
No processo de decantação, um volu- fases, com capacidade de selecionar gran- de lagoas em série, as quais podem ser clas-
me de dejetos é armazenado em reservató- de parte da matéria em suspensão. Pode sificadas como: lagoas anaeróbias; lagoas
rio (tanque) por tempo determinado, para ser do tipo horizontal, cilindro rotativo ou facultativas; lagoas aeróbias com aeração
que a fração sólida em suspensão decan- cônico com diferentes velocidades. natural e lagoas aeradas com aeração me-
te, ocorrendo, assim, a separação das fases Outro processo de tratamento dos de- cânica (SILVA, 1977 apud OLIVEIRA, 1993).
líquida e sólida. A fase líquida contém nu- jetos que pode ser utilizado é a separação O sistema de lagoas de estabilização tem
trientes prontamente disponíveis para as química, através da adição de produtos duas fases: na primeira, têm-se as lagoas
plantas, enquanto na fase sólida os nutri- químicos como o sulfato de alumínio, sais anaeróbias, onde não há oxigênio livre
entes estão, em especial, na forma orgânica, de ferro e hidróxido de cálcio ou óxido de na massa líquida e a destruição e a estabi-
não prontamente disponíveis às plantas. cálcio. Este método não é apropriado pa- lização da matéria orgânica ocorrem com a
utilização do oxigênio combinado das mo- sos d’água sem causar danos à vida aquá- liberação de gás carbônico, água e amô-
léculas da matéria orgânica pelos organis- tica (LINDNER, 1994). nia, havendo desprendimento de calor
mos vivos existentes nas lagoas (SILVA, (60oC - 80oC) e eliminação de microrganis-
1977 apud OLIVEIRA, 1993). Estas lagoas Esterqueira mos patogênicos, sementes e tubérculos
desempenham a função de sedimentadoras, São locais de depósito de dejetos lí- de plantas daninhas. Com a fermentação
pois reduzem a carga orgânica dos dejetos quidos, sem separação, para conservação da matéria orgânica, a temperatura é esta-
para posterior tratamento aeróbio. São la- e recuperação dos nutrientes neles conti- bilizada, o volume é reduzido e, ao final, a
goas que requerem menor área superficial dos. Se feita pela escavação do solo, neces- matéria orgânica apresenta características
com profundidades adequadas para pro- sita de revestimento para evitar a infiltração de húmus.
mover as condições de anaerobiose. Neste do chorume no perfil do solo. Normalmente, Os resíduos orgânicos resultantes da
sistema, a demanda bioquímica de oxigênio para facilitar o manejo, são necessários dois produção agrícola, tais como: bagaço de
(DBO) é reduzida na faixa de 50% a 80%. compartimentos, pois enquanto um recebe cana-de-açúcar, palha de café, casca de
Na segunda fase, têm-se as lagoas fa- os dejetos o outro está em processo de de- arroz, palha e sabugo de milho, sobras de
cultativas, que possuem na região super- gradação biológica. Após um período de capineiras, etc., associados aos dejetos de
ficial uma fase aeróbia (presença de oxi- quatro a seis meses de fermentação o ma- suínos, líquido ou sólido, produzirão adu-
gênio), ocorrendo fotossíntese pelas algas terial está pronto para a utilização na agri- bos orgânicos de qualidade, pois os deje-
e suprimento de oxigênio da superfície; na cultura, com a vantagem de os nutrientes tos são excelentes meios de fermentação
região central uma fase facultativa e, no estarem mais disponíveis às plantas. por serem ricos em nitrogênio, sendo impor-
fundo, junto à camada de sedimentos, uma Além da esterqueira, tem-se a bioester- tantes para equilibrar a relação carbono/
fase de anaerobiose, onde é removida uma queira que possui uma câmara de fermen- nitrogênio (C/N), no processo da compos-
quantidade adicional de carbono com a tação anaeróbia e um depósito para o mate- tagem.
estabilização da matéria orgânica. Nesta rial estabilizado. O tempo de permanência Para iniciar o processo de composta-
fase, também pode-se ter lagoas aeróbias dos dejetos na câmara de fermentação é gem, é importante o balanceamento da re-
e aeradas mecanicamente. Para a confec- de no mínimo 45 dias, podendo depois ser lação C/N dos materiais para valores entre
ção das lagoas aeróbias (aeração natural) armazenados, por período de quatro a seis 30 e 40:1. Como regra prática, utilizam-se
são exigidas pouca profundidade e grandes meses, na câmara de depósito (DIAS, 1994; duas a quatro partes de resíduos vegetais,
extensões de áreas, que as tornam limitan- FERNANDES; OLIVEIRA, 1995). material rico em carbono, para uma parte
tes. Já as lagoas aeradas (aeração mecânica) O processo de armazenamento dos de- de dejeto de suíno, rico em nitrogênio.
são aquelas onde a oxigenação é induzida jetos estabilizados, tanto na esterqueira Entretanto, é necessário avaliar a compo-
por agitação mecânica diretamente na su- quanto na bioesterqueira, é importante, sição química, principalmente, os teores de
perfície. tendo em vista sua produção diária e a ne- carbono, de nitrogênio e de matéria seca
O produto final, após o tratamento em cessidade de planejamento das adubações: dos dejetos (SCHERER et al., 1995) e re-
lagoas de estabilização, se utilizadas ape- dose, freqüência, época de aplicação e par- síduos vegetais (materiais palhosos), pois
nas as anaeróbias, contém o dejeto líqui- celamento, para as diferentes culturas na essa composição irá refletir na qualidade
do estabilizado, que pode ser utilizado propriedade. Nos cálculos das doses, é indis- dos adubos orgânicos. Também deve-se
como fertilizante para diversas culturas, pensável considerar as características quí- dar preferência a dejetos, recém-produzi-
como verificado por Konzen et al. (1995), micas dos dejetos estabilizados e do solo, dos nas granjas, que são mais ricos em nu-
para a cultura do milho. Caso tenha sido bem como a necessidade nutricional da trientes, principalmente nitrogênio, o que
utilizado um sistema composto de lagoas cultura a ser explorada. acelera a decomposição (SEDIYAMA et al.,
anaeróbias, facultativas e aeróbias (aeração 1995).
mecânica ou natural), tem-se o lodo (maté- Compostagem O teor de nitrogênio total dos resíduos
ria orgânica) no fundo das lagoas e a água Este sistema de tratamento dos dejetos de culturas agrícolas (bagaço de cana-de-
na superfície (com baixo teor de matéria de suínos é um processo de decomposição açúcar, palha e casca de café, palha e sabu-
orgânica). O lodo poderá ser utilizado co- aeróbia, em que a ação e a interação de mi- go de milho, casca de arroz, restos de capi-
mo fertilizante ou como matéria-prima para crorganismos, em condições favoráveis de neira) é baixo, situando-se na faixa de 0,5%
a compostagem. A água residuária poderá temperatura, umidade, aeração, pH, tipo de a 1,5%, enquanto que nos dejetos de suí-
ser utilizada na fertirrigação e aquela, com resíduos orgânicos e nutrientes disponí- nos, líquido e sólido, esses teores variam
reduzida carga orgânica – DBO –, em ní- veis, permitirão a produção de adubo orgâ- de 0,1% a 4% (KIEHL, 1985; OLIVEIRA;
veis permitidos pela legislação ambiental nico de qualidade. Com diferentes micror- PARIZOTTO, 1994; SEDIYAMA et al.,
(60 mg L-1), poderá ser descartada nos cur- ganismos atuando no processo, ocorre a 1997; GARCIA et al., 2003).
Diferentes compostos podem ser pro- Estes materiais foram utilizados de f) bagaço de cana-de-açúcar + deje-
duzidos com resíduos vegetais interca- forma combinada, com dois ou mais com- to + palha de café (B + D + P);
lados com dejetos de suínos (líquido, semi- ponentes, dando origem a sete tratamen- g) capim-napier + dejeto + palha de ca-
sólido e sólido), lodo de lagoas de decanta- tos: fé (C + D + P).
ção e estabilização de dejetos e efluentes a) bagaço de cana-de-açúcar + dejeto O gesso e o superfosfato simples foram
de biodigestor e cama de suínos (mistura (B + D); utilizados com o objetivo de reduzir as per-
constituída por fezes e urina dos animais
b) capim-napier + dejeto (C + D); das de nitrogênio na forma de amônia e
e maravalha, palha ou restos de culturas).
c) palha de café + dejeto (P + D); melhorar o valor fertilizante do compos-
O processo de compostagem deve ser mo- to.
nitorado, para produção de adubos de me- d) bagaço de cana-de-açúcar + deje- As Figuras 1, 2 e 3 ilustram etapas da
lhor valor fertilizante, em menor espaço de to + gesso (B + D + G); confecção das pilhas de compostagem com
tempo. e) bagaço de cana-de-açúcar + deje- dejeto de suíno líquido e resíduos orgâni-
Com a finalidade de minimizar as per- to + superfosfato triplo (B + D + ST); cos da produção agrícola.
das de nitrogênio durante a compostagem,
alguns autores recomendam o uso de fos-
fato de cálcio, ou sulfato de cálcio (TIBAU,
1983; KIEHL, 1985; PROCHNOW et al.,
1995). Poincelot (1975) e Hoitinik e Poole
(1980) (apud KIEHL, 1985) observaram que
o fosfato de cálcio proporciona aumento
na velocidade de decomposição do mate-
rial orgânico e maior conservação do nitro-
gênio, pela obtenção do fosfato de amônio
que é mais estável.
Sediyama et al. (1995, 2000) estudaram
sete compostos produzidos com dejeto
de suínos na forma líquida e resíduos ve-
getais: bagaço de cana-de-açúcar, capim-
napier picado e palha de café. A quantida-
de de dejeto de suíno e de resíduo vegetal,
utilizados nas pilhas de compostagem, foi
calculada com base na composição quími-
ca dessas matérias-primas (Quadro 4), para Figura 1 - Distribuição de dejeto líquido de suínos sobre a camada de bagaço de cana-
obter relação C/N inicial próxima de 30:1. de-açúcar na confecção da pilha de compostagem
QUADRO 4 - Concentrações de nutrientes, na matéria seca, das matérias-primas utilizadas na produção de compostos orgânicos - Viçosa, EPAMIG,
1997
C/N C
(1)
N
(2) (3)
P (3)
K Ca
(3)
Mg
(3) (3)
S Fe
(3)
Zn
(3)
Mn
(3)
Cu
(3)
Matéria-prima
(dag kg ) (dag kg ) (dag kg ) (dag kg ) (dag kg ) (dag kg ) (dag kg ) (dag kg ) (mg kg ) (mg kg ) (mg kg ) (mg kg-1)
-1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1
Bagaço de cana 64 48,95 0,76 0,05 0,15 1,03 0,35 0,04 0,12 52 49 10
Capim-napier 29 43,93 1,47 0,17 1,29 0,98 0,31 0,13 0,07 42 171 20
Palha de café 36 52.95 1,47 0,17 3,66 0,81 0,12 0,14 0,16 30 125 25
Dejeto de suíno 10 21,31 2,10 2,11 0,48 6,52 0,63 0,55 0,37 303 484 958
Figura 2 - Distribuição de dejetos líquidos de suínos sobre palha de café na confecção da pilha de compostagem
QUADRO 5 - Concentrações de nutrientes na matéria seca, pH e relação C/N dos adubos orgânicos produzidos com diferentes materiais orgânicos –
Viçosa, EPAMIG, 1997
(1)
Combinações das matérias-primas
Nutrientes
1 2 3 4 5 6 7
(2)
Nitrogênio total (g kg-1) 25,8 a 24,3 a 28,0 a 25,5 a 22,4 a 29,2 a 28,9 a
(3)
Fósforo total (g kg-1) 15,5 ab 13,6 ab 11,2 b 17,7 ab 27,5 a 15,7 ab 14,9 ab
(3) -1
Potássio total (g kg ) 7,1 c 17,6 b 27,7 a 6,4 c 7,5 c 28,9 a 25,5 a
(3) -1
Cálcio total (g kg ) 14,3 a 14,6 a 11,6 a 17,2 a 17,2 a 16,0 a 14,7 a
(3)
Magnésio total (g kg-1) 2,5 b 3,8 a 3,0 ab 2,4 b 2,4 b 3,3 ab 3,9 a
(3) -1
Alumínio total (g kg ) 21,8 a 19,0 a 20,3 a 24,9 a 21,5 a 17,9 a 21,0 a
(3) -1
Ferro (g kg ) 20,0 a 16,6 a 18,6 a 23,1 a 20,4 a 16,7 a 17,3 a
(3)
Sódio (mg kg-1) 432 a 146 b 259 ab 299 ab 359 a 342 ab 257 ab
(3)
Manganês (mg kg-1) 435 a 490 a 453 a 453 a 391 a 515 a 456 a
(3) -1
Molibdênio (mg kg ) 0,46 a 1,09 a 0,88 a 0,48 a 1,04 a 0,88 a 0,98 a
(3)
Silício (mg kg-1) 1.375 a 1.420 a 1.226 a 1.194 a 1.900 a 1.217 a 1.444 a
(3)
Zinco (mg kg-1) 162 ab 148 ab 74 b 154 ab 178 a 141 ab 120 ab
(3) -1
Cobre (mg kg ) 306 a 162 a 127 a 213 a 273 a 217 a 159 a
(3)
Boro (mg kg-1) 2,49 b 15,47 ab 30,22 a 8,76 ab 11,31 ab 27,03 a 10,32 ab
(4)
pH 6,3 c 7,7 b 8,7 a 6,2 c 5,9 c 8,0 b 8,0 b
Relação C/N 12 13 11 12 14 11 10
FONTE: Sediyama et al. (2000).
NOTA: Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
(1) Combinações das matérias-primas: 1 - Bagaço de cana-de-açúcar + dejeto líquido de suínos; 2 - Capim-napier + dejeto líquido de suínos; 3 - Palha de ca-
fé + dejeto líquido de suínos; 4 - Bagaço de cana-de-açúcar + dejeto líquido de suínos + gesso (1 kg m-3); 5 - Bagaço de cana-de-açúcar + dejeto líquido de suí-
nos + superfosfato triplo (1 kg m-3); 6 - Bagaço de cana-de-açúcar + dejeto líquido de suínos + palha de café; 7 - Capim-napier + dejeto líquido de suínos +
palha de café. (2) Método Kjeldahl. (3) Extração nítrico-perclórica. (4) Determinação em água, na relação 1:2,5.
observaram que a adição de gesso e su- café, fruteiras, hortaliças e outras é promis- se a integridade dos recursos naturais
perfosfato triplo, na dosagem utilizada, sora, pois apresentam elevados teores de da região (MATOS; SEDIYAMA, 1995).
não melhorou o valor fertilizante dos adu- macro e micronutrientes essenciais ao de- Assim, para se calcular a quantidade de
bos, nos respectivos tratamentos, e as con- senvolvimento das plantas, embora de dejeto a ser aplicada no solo é necessário
centrações de Cu, Fe e Zn dos adubos não forma desbalanceada. seguir alguns princípios básicos como:
ultrapassaram os limites de segurança pa- A utilização de dejetos de suínos na quantidade de nutrientes existente no de-
ra utilização no solo. A utilização de dejetos forma fresca ou in natura é mais vantajo- jeto e no solo, conhecer as exigências das
de suínos na compostagem com resíduos sa em relação aos fermentados em lagoas, plantas a serem cultivadas, entre outros.
vegetais proporcionou a produção de adu- principalmente pela riqueza em nitrogênio. A quantidade de dejeto é definida com ba-
bos de alto valor fertilizante que, quando Entretanto, esta forma de utilização exige se no teor do nutriente que está em nível
aplicados no solo em doses adequadas, é cuidados no manuseio, sendo indispensá- mais alto e, se necessário, completam-se
excelente opção para a disposição desses vel a utilização de botas e luvas de borra- os nutrientes em deficiência com adubação
resíduos no ambiente. cha e máscara pelo operador, pois diferen- mineral.
A composição dos adubos orgânicos tes microrganismos patogênicos presentes O uso de grandes quantidades de deje-
é variada, em função das características nos dejetos in natura podem contaminar tos de suínos, por longos períodos, pode
das matérias-primas utilizadas, do grau de o homem. De acordo com Loehr (1977), a provocar acúmulo de P, K, Na, Cu e Zn e
decomposição dos resíduos e dos proces- expectativa de sobrevivência de organis- desbalanço de nutrientes no solo. Também
sos utilizados para conduzir a decomposi- mos patogênicos no solo é de curtos perío- pode ocorrer selamento ou encrostamen-
ção. Assim, para cada 10 toneladas de adu- dos. Matos et al. (1997) encontraram baixos to superficial, quando o solo é continua-
bos orgânicos (matéria seca), produzidos índices de coliformes fecais em amostras mente supersaturado com dejetos líqui-
com dejeto líquido de suínos e resíduos de solo coletadas após 15 dias de aplicação dos (LOEHR, 1977; CLATON; SLACK,
vegetais, Sediyama et al. (1997) encontra- de diferentes doses de dejetos de suínos 1987). Porém, Matos et al. (1997), avalian-
ram 160 kg de N, 135 kg de P2O5; 180 kg de no solo. Ressalta-se que, neste ensaio, as do efeitos de aplicação de dejetos líquidos
K2O; 28 kg de S, 234 kg de Ca, 26 kg de Mg dosagens estudadas foram aplicadas de de suínos no solo, sob doses menores que
e 12 kg de Na, considerando a média dos uma única vez. Por outro lado, com aplica- 800 kg ha-1 de nitrogênio total, não obser-
sete adubos, em quantidades totais de nu- ções de dejetos freqüentes e a longo tempo, varam alterações significativas nas suas
trientes. Assim, o emprego de dejetos de Garcia et al. (2003), analisando diferentes características químicas e microbiológicas,
suínos na produção de compostos orgâ- amostras de solos coletadas sob canaviais, tendo em vista uma única aplicação. Assim,
nicos é uma técnica promissora, principal- capineiras de capim-cameroom e cafezais, os problemas de poluição ocasionados pe-
mente, em propriedades que diversificam a verificaram elevada contaminação do solo los dejetos de suínos podem ser diminuí-
produção agrícola, sendo conveniente a por coliformes fecais e Echerichia coli até dos desde que utilizados com critério, na
mistura de, pelo menos, dois materiais pa- sete dias após a última aplicação do dejeto fertilização dos solos, podendo, assim, re-
lhosos ao dejeto para melhor qualidade do e baixa contaminação aos 30 dias após a duzir os custos de produção.
adubo orgânico produzido. aplicação. Já, aos 90 dias após a aplicação
dos dejetos, estes autores não constata- Capineiras e pastagens
UTILIZAÇÃO DE DEJETOS ram contaminação do solo por estes pa- O uso de dejetos de suínos em capinei-
DE SUÍNOS NA AGRICULTURA tógenos. Tal fato se deve, provavelmente, ras e pastagens é bem-aceito em proprieda-
à forte competição e ao antagonismo de des que exploram a suinocultura de forma
Dejetos líquidos
outros microrganismos e das condições integrada com a bovinocultura. A pecuária
e sólidos
ambientais do solo por serem, reconheci- brasileira é caracterizada por explorações
Potencialidades e riscos damente, inadequadas para a sobrevivên- extensivas, onde os nutrientes do solo vêm
A adição de dejetos de suínos ao so- cia dos coliformes fecais (LOEHR, 1977; sendo extraídos sem o mínimo de reposição.
lo, nas formas líquida e sólida, com ou sem DENG; CLIVER, 1992). Com a perda natural da fertilidade do solo,
tratamento, tende a ser prática relativamen- Tendo em vista a complexidade das inte- devido ao manejo extrativista, altas pressões
te comum na agricultura, sendo também uma rações do agente poluidor com o ambiente, de pastejo e falta de reposição dos nutri-
das alternativas mais aceitas pela comu- recomenda-se que, para a definição das do- entes, as pastagens estão sendo degrada-
nidade para dar destino a esses resíduos. ses de aplicação de dejetos, sejam respeita- das e suas coberturas vegetais substituídas
A utilização destes na fertilização de for- das as peculiares capacidades de suporte por espécies mais tolerantes às condições
rageiras, cana-de-açúcar, culturas anuais, de cada solo e do ambiente, resguardando- de solos ácidos e pobres em nutrientes
Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.26, n.224, p.52-64, 2005
60 Aproveitamento de resíduos na agropecuária
essenciais, mas de baixo rendimento e va- (1994), pode ocorrer também acúmulo de observou-se acúmulo de nutrientes, prin-
lor nutritivo. metais pesados e de nitrato no solo, ou cipalmente, fósforo, cobre e zinco, no so-
A exploração econômica de pastagens nas partes comestíveis de algumas cul- lo adubado com dejeto de suíno. Notou-
estabelecidas em solos de baixa fertilidade, turas, cultivadas nestas áreas. Burns et al. se uma certa lixiviação de fósforo para
através de sistemas tradicionais de mane- (1985, 1987), trabalhando com gramíneas as camadas mais profundas do solo. Isto
jo é dificultada, pois esses solos são carac- forrageiras temperadas e subtropicais, con- pode ser devido ao fato de as forrageiras
terizados pelo seu alto poder de fixação de cluíram que a aplicação de dejeto de suíno do grupo Elefante extraírem pouco fósfo-
fósforo, alta saturação de alumínio, baixa em doses equivalentes a 600 kg ha-1ano-1 ro em relação ao nitrogênio e potássio
capacidade de troca catiônica e carência de nitrogênio não produziram alterações na (MALAVOLTA, 1987; POTAFOS, 1996).
generalizada de nutrientes. Assim, o uso composição da forragem que pudessem Segundo Silva e Magalhães (2001), onde
de dejeto de suíno nestas áreas seria justi- limitar o seu uso para ruminantes. Acima ocorre aplicação freqüente de esterco no
ficável pelos efeitos adicionais da matéria dessas doses, o acúmulo de nitrato atingiu solo, a concentração de fósforo pode ultra-
orgânica ao solo, que, segundo Kiehl (1985) níveis que poderiam ser tóxicos aos ani- passar o nível máximo necessário ao desen-
e Guimarães (1986), pode alterar as caracte- mais. De acordo com Pratt (1979), a riqueza volvimento das plantas. A capacidade de
rísticas físicas do solo, pelas modificações do dejeto de suíno em K poderia aumentar adsorção de fósforo pelas partículas do
em sua estrutura, redução da plasticidade a relação K/Ca + Mg da forragem, aumen- solo torna-se saturada e o fósforo passa a
e coesão, aumento na capacidade de reten- tando os riscos de tetania nos animais que ser lixiviado.
ção de água e manutenção de temperatu- a consumirem. A manifestação desses efei- Quanto às características físicas do
ras mais uniformes. Os efeitos químicos da tos depende de muitos fatores locais como: solo, Garcia et al (2003) verificaram que,
matéria orgânica são caracterizados pelo tipo de solo, composição do dejeto, espécie de modo geral, a estrutura do solo não foi
aumento da capacidade de troca catiônica, de forrageira, condições climáticas e prá- influenciada pelas aplicações freqüentes
aumento do poder tampão, formação de ticas de manejo. Azevedo (1991) observou e sucessivas dos dejetos de suínos. Entre-
compostos orgânicos como os quelatos e maior produção de matéria seca de capim- tanto, houve uma elevação da condutivida-
como fonte de nutrientes, além do efeito gordura com a aplicação de 5,1 t ha-1 de de elétrica no extrato de saturação dos so-
biológico responsável pela intensificação matéria seca de dejeto de suíno, prove- los das áreas adubadas com dejetos, porém
da atividade microbiana e enzimática dos niente de animais em fase de crescimen- com valores muito inferiores a 4 dS m-1,
solos. to, equivalente à aplicação de 194 kg ha-1 que tem sido usado como limite mínimo
Trabalhos realizados por Matos et al. de N. Este autor destacou a elevação subs- para classificação de solos como salino
(1997) destacam que, se a aplicação de de- tancial no conteúdo mineral da forragem (HOLANDA et al., 2001).
jeto de suíno no solo for feita da maneira produzida com a aplicação de dejeto de suí-
adequada, em culturas de elevada capa- no. Milho
cidade de extração de nutrientes como as Em áreas de capineiras de capim- Os dejetos de suínos apresentam gran-
forrageiras, evita-se a poluição de manan- cameroom, adubadas continuamente e por de potencial como fertilizante, pois possuem
ciais de água e, ao mesmo tempo, melhora mais de cinco anos, com dejetos de suí- alta concentração de nutrientes, propor-
a fertilidade do solo. Se usadas sob sistema nos, sólido e líquido, provenientes ou não cionando melhores respostas para culturas
de cortes, as forrageiras são grandes extra- de separação mecânica, Garcia et al. (2003) anuais, especialmente para o milho. Scherer
toras de nutrientes do solo (MALAVOLTA, estudaram as características do solo e et al. (1986 apud EPAGRI, 1995) utilizaram
1986), sendo apropriadas para um sistema o estado nutricional do capim. Observa- o dejeto líquido de suíno, como fonte exclu-
intensivo de aplicação de dejeto de suíno. ram que as plantas adubadas com dejeto siva de N, na dose de 40 m³ ha-1, e obtiveram
Segundo Vicente-Chandler et al. (1964), as encontravam-se bem mais nutridas em aumento médio de 22 sacos de milho por
forrageiras tropicais são capazes de res- relação às não adubadas com dejeto. Estes hectare, em relação a não aplicação de nitro-
ponder a níveis de até 1.800 kg ha-1 ano-1 autores verificaram que os teores foliares gênio. Esta dose proporcionou uma produ-
de nitrogênio. Porém, aplicações excessivas de NPK do capim-cameroom, adubado com ção equivalente à aplicação de 40 kg ha-1
podem causar selamento superficial e dis- dejeto de suíno, foram superiores aos de N na forma de uréia.
persão de partículas do solo (CLANTON; valores dos níveis críticos para a cultura. A produtividade máxima do milho (8.766
SLACK, 1987); contaminação de águas su- Porém, em algumas áreas, observaram um kg ha-1) foi observada com a aplicação de
perficiais e subterrâneas (FAO, 1992; AYERS; acamamento do capim, possivelmente de- 149 m³ ha-1 de dejetos de suínos, sendo que
WESTCOT, 1991) e salinização do solo, em vido ao desbalanço de nitrogênio e potás- as doses de 150 e 200 m³ ha-1 proporciona-
regiões de clima mais seco. Segundo Costa sio. Pelos resultados da análise do solo, ram o fornecimento de NPK em quantida-
des superiores às recomendadas para a total, comercial e de frutos extras foram rios, MG, Freitas (1997) estudou a utilização
adubação mineral. Também observou-se obtidas nas proporções de 26,4%; 26,5% e de diferentes doses de dejeto de suínos
efeito benéfico dos dejetos de suínos nos 33,5% (v/v) de dejetos de suínos: substrato na produção de batata-doce, cv. Paulista.
demais fatores de produção analisados, que comercial, respectivamente. A produtivi- A resposta às doses foi pouco expressiva
indicaram viabilidade não só para produção dade comercial alcançada foi de 165 t/ha, em relação à testemunha, provavelmente,
de grãos, como também para silagem, em correspondendo a 98,7 g/m2 dia-1 de perma- em conseqüência da alta fertilidade do solo
fertirrigação no sulco (CHATEAUBRIAND, nência da cultura na estufa. A proporção e baixo teor de matéria orgânica do dejeto
1988). de esterco:substrato superior a 50% (v/v) líquido utilizado (Quadro 6).
De acordo com Konzen et al. (1995), do- reduziu o conteúdo de todos os nutrien- Experimentos realizados por Sediyama
ses anuais de dejetos líquidos de suínos, tes analisados no pecíolo e folíolo das fo- et al. (1997) com cenoura, cv. Brasília, na
de 45 a 90 m³ ha-1, foram mais econômicas lhas avaliadas. Este autor considerou alter- FEFX da EPAMIG, e com a cv. Nantes, na
e suficientes para a produção de 5.100 nativa viável a produção de tomates em Fazenda Experimental de Pitangui (FEPI),
a 6.400 kg ha-1 de milho em Latossolo sacos plásticos com o uso de dejetos de da EPAMIG, utilizando doses crescentes de
Vermelho-Amarelo, em áreas de cerrado. suínos. dejeto líquido de suínos, mostraram aumen-
Também para produtividade entre 5.400 e Em experimentos conduzidos na Fa- to na produção de raízes com aplicações
7.000 kg ha-1 a utilização de 45 a 135 m³ ha-1 zenda Experimental de Felixlândia (FEFX), até a dose de 88 m3 ha-1 e, tendência de
de dejetos líquidos de suínos dispensa a da EPAMIG, com abóbora híbrida, cv. reduzir a produção na maior dosagem uti-
adubação mineral de plantio e/ou em co- Tetsukabuto, utilizando dejeto líquido de lizada (110 m3 ha-1). Na FEPI da EPAMIG,
bertura. Doses de 4,5 a 6,0 litros de dejetos, suínos incorporado ao solo das covas de a produção obtida foi de 54,17 t ha-1, 16%
aplicadas no sulco de plantio do milho, plantio, Sediyama et al. (1997) observaram maior que a testemunha, e na FEFX da
como fonte exclusiva de N, apresentaram a incremento na produção de frutos em fun- EPAMIG, a produção foi de 37, 32 t ha-1, 55%
melhor relação benefício/custo para uma ção do aumento nas doses. Houve aumen- maior que a testemunha. A maior produ-
produtividade de 5.000 kg ha-1. Estes auto- to de 125% da produção comercial, no trata- ção obtida na FEPI da EPAMIG deve-se,
res recomendam, nas condições estuda- mento com 66 m³ ha-1 de dejeto em relação provavelmente, à maior fertilidade do solo
das, aplicação de 4,5 a 6 L m-1 de dejeto lí- à testemunha (sem adubo), com a produção e também à melhor resposta da cv. Nantes,
quido de suínos no sulco de plantio de mi- de 28,68 t ha-1 de frutos comerciais (Qua- uma vez que o dejeto utilizado continha
lho, nos primeiros três anos. A partir do dro 6). Nas doses maiores houve tendên- menor teor de nutrientes. Verificou-se, após
quarto ano, usar apenas 1,5 L m-1, como cia em reduzir a produção, provavelmente o cultivo da cenoura, que os teores de Na,
manuten-ção. devido a desbalanço de nutrientes no solo. Cu e Zn do solo, onde foram aplicadas do-
Na Fazenda Experimental do Vale do ses crescentes de dejeto, não diferiram da
Hortaliças Piranga (FEVP), da EPAMIG, em Orató- testemunha, que não recebeu dejeto, pro-
As hortaliças também pertencem ao gru-
po de culturas que respondem bem à adu-
bação orgânica, tanto na produtividade, QUADRO 6 - Produtividade de abóbora híbrida, batata-doce e cenoura cultivadas com dejeto líquido
quanto na qualidade do produto colhido. de suínos - Viçosa, EPAMIG, 1995
sob estufa plástica. As maiores produções FONTE: Dados básicos: Sediyama et al. (1997).
vavelmente, devido à absorção de nutri- aplicação de compostos orgânicos em rela- em Minas Gerais, que é 32 t ha-1 (MINAS
entes pela cultura e à forte retenção na fra- ção à testemunha (Quadro 7). A melhor GERAIS, 1995).
ção sólida, tornando os elementos indis- resposta foi observada no tratamento com Em experimento conduzido com abó-
poníveis no solo. aplicação de 90 m3 ha-1 de dejeto seco de bora híbrida, cv. Tetsukabuto, na FEFX, da
Paula (1997) também observou efeitos suínos, com produções de 54,4 e 50,5 t ha-1 EPAMIG, utilizou-se o adubo orgânico, pro-
positivos da aplicação de dejeto líquido no primeiro e segundo cultivos, respectiva- duzido com bagaço de cana-de-açúcar e
de suínos incorporado ao solo dos cantei- mente, seguido do tratamento com aplica- dejeto líquido de suínos, aplicado nas co-
ros, na produção de cenoura, cv. Brasília, ção de 180 m3 ha-1 de composto orgânico vas de plantio. Observou-se aumento na
na FEVP, da EPAMIG. As maiores pro- produzido com capim-napier, dejeto de suí- produção de frutos em função das doses,
duções de raiz (47,6 t ha-1) e de parte aérea nos e palha de café (VIDIGAL et al., 1997; sendo a maior produção (20,42 t ha-1) obtida
(31,69 t ha-1) foram alcançadas nas doses SEDIYAMA et al., 1998). com dose de 72 t ha-1 de adubo orgânico,
estimadas de 72,71 e 64,08 m3 ha-1, respecti- Em relação à cenoura, cv. Brasília, o com incremento na produção de frutos
vamente. Esse aumento na produção, até composto produzido com palha de café e comerciais de 93%, em relação à testemu-
certo ponto simultâneo com a elevação das dejeto proporcionou maior produção de nha (SEDIYAMA et al., 1997).
doses de dejeto, provavelmente, deve-se raízes total e comercial. Em geral, as adu- Nas FEVP e FEFX da EPAMIG, foram
ao acréscimo de nutrientes ao solo, forne- bações orgânicas utilizadas, seja com com- conduzidos ensaios com batata-doce, cv.
cido pelo dejeto de suíno. A incorporação posto, seja apenas com dejeto seco, foram Brazlândia Rosada, utilizando-se diferentes
desse dejeto ao solo mostrou-se promis- suficientes para o alcance de produções doses de adubos orgânicos, produzidos
sora por permitir economia de adubos co- comerciais superiores a 40 t ha-1, produ- com bagaço de cana-de-açúcar e dejeto de
merciais e contribuir para a melhoria das tividade esta superior à média alcançada suínos (FREITAS, 1997; SEDIYAMA et al.,
condições químicas, físicas e microbioló-
gicas do solo, elevando a produtividade QUADRO 7 - Produção comercial de alface (1o e 2o cultivos) e cenoura cultivadas com compostos
das culturas. Porém, aplicações excessivas orgânicos e dejeto de suínos - Viçosa, EPAMIG, 1997
podem acarretar decréscimos na produção,
Alface Cenoura
devido ao acúmulo de nutrientes e dese-
Tratamentos Produção (1o) Produção (2o) Produção
quilíbrios nutricionais.
(t ha ) -1
(t ha )-1
(t ha-1)
Adubos orgânicos BC + DL 41,7 bcd 38,0 bcd 41,0 b
Para a utilização de dejetos de suínos BC + DL + G 37,5 bcd 31,6 cd 43,5 ab
em hortaliças, em especial, as folhosas, BC + DL + ST 35,8 cde 33,4 bcd 49,5 ab
torna-se necessária a compostagem des-
BC + DL + PC 43,5 bc 40,6 abc 47,0 ab
tes resíduos com vista à estabilização do
material orgânico, redução dos riscos de PC + DL 42,1 bcd 40,3 bc 57,0 a
1997). Na FEVP, da EPAMIG, a maior REFERÊNCIAS dia: EMBRAPA-CNPSA, 1994. 47p. (EMBRAPA-
produção foi obtida com a maior dose apli- AYRES, R.S.; WESTCOT, D.W. A qualidade da
CNPSA. Documentos, 32).
cada, ou seja, 28,13 t ha-1 de raízes comer- água na agricultura. Campina Grande: UFPB, EPAGRI. Aspectos práticos do manejo de de-
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J.L.; RUSSO, J.R. Análise dos efeitos da fer-
tura, caracterizada pela diminuição da den- de suínos aplicados em irrigação em sulco
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bre as características químicas e físicas do
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noura), considerando-se apenas o primei- COSTA, C.A. Crescimento e teores de sódio Compost Science & Utilization, v.2, n.1, p.57-
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Fossa séptica:
importância, construção e operação
Antônio Carlos Coutinho 1
Resumo - Diante da atual realidade, em que a ambiência vem sendo cada vez mais degra-
dada, ações são propostas, diariamente, para tentar reverter essa situação. A construção de
fossas sépticas no meio rural torna-se bastante oportuna, porque é lá que os “olhos d’água
brotam” e todo o processo tem início. Conscientizar a população rural dos problemas de
saúde advindos da ingestão de água contaminada e como evitar que os esgotos residenciais
caiam diretamente nos mananciais contaminando-os, são ações indispensáveis para que
esse problema que vem-se agravando dia-a-dia seja resolvido. Ao divulgar, ensinar e
aportar recursos financeiros, para que práticas destinadas a evitar a contaminação dos
cursos d’água sejam adotadas, os órgãos públicos estarão contribuindo para tornar esse
nosso Planeta realmente “azul”.
Palavras-chave: Resíduos orgânicos. Saneamento rural. Esgoto sanitário. Esgoto rural.
INTRODUÇÃO Todo produtor rural, além de ser respon- construção de fossa séptica. Ela se des-
Se não cuidarmos dos nossos manan- sável pela produção de alimentos é também tina, em princípio, a separar e a transfor-
ciais agora, futuramente, qual será a pers- responsável pela produção de água, que mar a matéria sólida contida nas águas de
pectiva de vida do homem no Planeta Terra? se torna cada vez mais requerida em termos esgotos e descarregar, no terreno, onde se
Esta é uma preocupação que se deve de quantidade e qualidade, para atender completa o tratamento, os líquidos e ga-
ter, em áreas com acúmulo de pessoas que a inúmeras atividades, sejam elas rurais, ses resultantes das transformações opera-
buscam lazer, como acontece em grande sejam elas urbanas. Responsabilidade se- das.
extensão das margens do Baixo Rio Grande. melhante com a preservação deve ter o sim- As águas servidas sofrem nas fossas
Nestas áreas existem aglomerados de ran- ples usuário de fim de semana, ou de feria- sépticas a ação de bactérias anaeróbias,
chos, áreas de camping, clubes e residên- dos, evitando poluir o ambiente. Assim, a organismos microscópicos que só podem
cias. Será apresentada uma alternativa, construção de fossas sépticas é um pas- atuar em meios onde não circule o ar. Sob
que, dentre outras, pode constituir-se nu- so importante na manutenção da saúde a ação dessas bactérias, parte da matéria
ma opção a mais, para que os esgotos ge- do ambiente. A sustentabilidade da agri- orgânica sólida converte-se em gases, ou
rados não sejam jogados em fossas secas cultura passa pela preservação e pelo uso em substâncias solúveis, que, dissolvidos
ou lançados diretamente nos mananciais, racional da água, bem precioso sem o qual no líquido contido na fossa, são esgotados
o que pode poluir a água, o solo e, conse- não existiria vida. através de uma linha de tubos e lançados
qüentemente, ser foco de doenças. Portanto, é responsabilidade de todos, no terreno.
O tifo, a disenteria e várias outras doen- colaborar para que a água nunca seja con- Durante o processo, depositam-se no
ças são transmitidas por micróbios existen- taminada e venha a faltar, tanto no campo, fundo da fossa, as partículas minerais sóli-
tes nas águas servidas sem tratamento e quanto na cidade. das (lodo). Forma-se também, com o tempo,
nas de esgotos, as quais, pela falta de pre- na superfície do líquido, uma crosta consti-
cauções, contaminam as de uso domésti- FOSSA SÉPTICA tuída de substâncias insolúveis mais leves,
co, pondo em perigo a vida daqueles que a Uma das alternativas para tratamen- que contribui para evitar a circulação do ar,
utilizam para alimentação ou outros fins. to de esgoto nas residências rurais é a o que facilita a ação das bactérias.
1
Engo Agro, Gerente de utilização de energia CEMIG - Fazenda Energética de Uberaba, Uberaba-MG. Correio eletrônico: acco@cemig.com.br
Quando as fossas são bem constituí- do banheiro, para evitar curvas nas cana- ser tratada diariamente. Sendo a terra sol-
das e localizadas e a tubulação do efluente lizações. É aconselhável que elas sejam lo- ta e porosa e baixo o nível do lençol de
é bem assentada, é dispensável a retirada calizadas a uma distância mínima de 15 m água subterrâneo, bastarão, em regra, 9 m
do depósito de lodo, senão depois de de qualquer manancial, possivelmente uti- de tubulação por pessoa.
vários anos de funcionamento. lizável para fins domésticos. As dimensões internas básicas para a
LOCALIZAÇÃO E TUBULAÇÃO O comprimento necessário da linha de construção de uma fossa séptica com ca-
As fossas devem ser localizadas, tan- tubos dependerá, em cada caso, da nature- pacidade de 2.160 litros são mostradas na
to quanto possível, perto da casa e ao lado za do terreno e da quantidade de líquido a Figura 1.
Figura 1 -
Dimensões
básicas de uma
fossa séptica
NOTA: A - Planta
B baixa; B - Corte
longitudinal de
uma fossa
séptica com
capacidade de
2.160 litros.
COMO CONSTRUIR UMA As fôrmas poderão ser retiradas no dia caimento ser reduzido a 1 cm por metro,
FOSSA SÉPTICA seguinte ao da colocação do concreto, que quando os tubos forem de 15 cm.
deverá ser mantido úmido por alguns dias.
A parte superior da fossa deve ficar ao
Assentamento do esgoto
nível do terreno natural ou pouco abaixo,
Laje de cobertura da fossa
para que o tubo de saída seja enterrado
e chicanas Para escoamento do efluente da fossa,
cerca de 40 cm.
A laje de cobertura, que é moldada à usam-se tubos de concreto ou de barro de
Escavação parte, deve assentar perfeitamente sobre 10 cm de diâmetro, assentados a uma pro-
as paredes laterais da fossa. Para facilitar a fundidade mínima superior a 50 cm, e que
Quando o terreno for bastante firme,
remoção, convém dividi-la em várias peque- varie, em regra, entre 30 e 40 cm (Fig. 2).
as próprias paredes da escavação poderão
nas lajes, com largura de cerca de 60 cm, À exceção dos quatro ou cinco primeiros
servir de fôrmas externas. Caso contrário,
espessura de 8,0 cm e comprimento corres- tubos a partir da fossa, que serão coloca-
a escavação deve ser feita com 1 cm a mais
pondente à largura da fossa. dos unidos e com as juntas tomadas com
para cada lado, de maneira que permita a
Para reforço de cada laje, serão coloca- argamassa de cimento e areia para evitar
fácil colocação e retirada das fôrmas.
das, na sua maior dimensão e nas proxi- vazamento, os demais serão colocados com
Preparo das fôrmas midades de sua face inferior, três barras de intervalo de 0,5 cm entre pontas. Estas jun-
ferro redondas de ¼” de diâmetro. tas ficarão abertas para que o terreno absor-
Usar tábuas de 11/2” (3,8 cm).
va o efluente.
Para evitar excessiva aderência do con-
Ligação da fossa Este modo de assentamento dos tubos
creto é aconselhável pintar, com uma de-
à canalização da casa permite que as águas que saírem da fossa
mão de óleo, a superfície das fôrmas, po-
O esgoto que liga os aparelhos sanitá- sejam absorvidas por uma camada super-
dendo ser utilizado para esse fim óleo de
rios domésticos à fossa é feito com tubos ficial do terreno, de 50 a 60 cm de espessura,
lubrificação de automóvel, já usado (óleo
de concreto ou de barro vidrado, do tipo na qual são muitas as bactérias aeróbias,
queimado).
ponta e bolsa. As juntas devem ser bem que agem sobre as águas de esgotos, com-
Traço do concreto cimentadas com argamassa no traço 1:2, pletando o seu tratamento.
para evitar vazamento. O assentamento dos tubos do esgoto
O traço, em volume, dos materiais (ci-
Para tubos de 10 cm de diâmetro, é deve ser colocado com encaixamento uni-
mento, areia seca e brita) empregados no
conveniente dar um caimento de 2 cm por forme de 40 cm por metro, aproximadamen-
concreto será de 1:2:3.
metro, para o lado da fossa, podendo esse te (Fig. 3).
A areia utilizada deve ser, tanto quanto
possível, limpa e áspera ao tato; a brita lim-
pa, resistente e de dimensões não supe-
riores a 2,5 cm.
Colocação do concreto
A espessura do fundo ou base das fos-
sas é de 15 cm; a das paredes laterais, con-
forme indica a Figura 1.
O concreto deve ser colocado nas fôr-
mas 45 min, no máximo, depois de mistu-
rado, em camadas regulares de 15 a 25 cm
de espessura. Ele deve ser bem socado, prin-
cipalmente nos ângulos e cantos das fôr-
mas.
Moldam-se, em primeiro lugar, a base e,
em seguida, as paredes laterais. Para a laje
de cobertura deve ser usado o mesmo con-
creto empregado para as paredes e para o Figura 2 - Corte transversal mostrando as diversas camadas de materiais a serem
fundo. colocados sobre a manilha
Figura 3 - Corte longitudinal mostrando o assentamento de manilhas para escoamento de efluentes da fossa
INTRODUÇÃO Energética de Minas Gerais (Cemig) o mo- operação com 145 estações de coleta de
A necessidade de fazer o acompanha- nitoramento de sedimento e, em 1991, o água e 9 estações de coleta de sedimento.
mento da qualidade de água e da produção de Qualidade da Água de Reservatórios A quantidade de dados produzidos pe-
de sedimento cresce a cada dia no Brasil, da empresa. Desde então, vêm sendo de- las análises das 145 estações de coleta de
por causa do seu uso intenso pela indús- senvolvidas metodologias que foram evo- água é muito grande e, para que eles pos-
tria, mineração e agricultura, associado com luindo, acompanhando os problemas e as sam ser consultados a qualquer tempo, foi
a expansão da população humana e ação muitas variações inseridas nos diversos criado um banco de dados digital instala-
antrópica do homem nas bacias hidrográ- ecossistemas pelas atividades observadas do em rede. Ele é um software que permite
ficas. O desenvolvimento tecnológico, em nas suas bacias de drenagem ao longo des- o armazenamento de dados físicos, quími-
muitos pontos benéfico para o homem, trou- tes anos. Convém lembrar que a Cemig pos- cos e hidrobiológicos das estações de mo-
xe, em contrapartida, problemas para os sui reservatórios em praticamente todas as nitoramento da Cemig. A partir dos dados
ecossistemas aquáticos, tornando a água, bacias hidrográficas do estado de Minas armazenados é possível calcular diversos
em muitos casos, imprópria para outros Gerais, que, por sua vez, possui uma gran- índices de qualidade da água. O sistema
usos como a recreação e a pesca. Diante de e variada rede de importância econômica foi desenvolvido para rodar em ambientes
disso, torna-se importante o acompanha- para o Brasil. A Cemig faz monitoramento desktop e o banco de dados de sedimen-
mento da qualidade da água e da produ- de seis bacias (Grande, Paranaíba, Pardo, to foi desenvolvido em linguagem Access.
ção de sedimento, para que se tenha uma São Francisco, Doce, Paraíba do Sul e Je- Através da geração de arquivos texto de
real dimensão do seu comprometimento. quitinhonha) e 24 sub-bacias diferentes, exportação/importação é possível o intercâm-
Na década de 70, iniciou-se na Companhia perfazendo um total de 31 reservatórios em bio de dados entre os sistemas instalados.
Bióloga, Gerência de Programas e Ações Ambientais CEMIG, Av. Barbacena, 1.200 - Santo Agostinho, CEP 30123-970 Belo Horizonte-MG.
1
A Cemig, seguindo a filosofia de normati- horário em que a temperatura do ar é mais sólidos totais – mg L-1; sólidos to-
zação de dados, pretendeu que o sistema baixa, mais agradável ao trabalho e traz tais dissolvidos – mg L-1; pH; tur-
fosse feito da forma mais adequada e uni- menos distorções para os resultados a bidez – NTU; alcalinidade bicar-
forme possível, para que os dados obtidos serem obtidos. bonato – mg L-1; cálcio – mg L-1;
pudessem ser utilizados pela própria empre- Outras considerações de cunho práti- ferro total – mg L-1; nitrogênio ní-
sa em todas as suas unidades e por seus co são observadas, como o transporte das trico – μg L-1; cor – mg L-1; nitro-
parceiros, podendo-se fazer uma avaliação amostras, com um mínimo de variações, gênio amoniacal – μg L-1; fosfato
espacial e temporal da qualidade da água para o local onde elas serão analisadas e total – μg L-1; oxigênio dissolvi-
nos reservatórios da empresa. Para isto, foi os horários e os meios de transportes dis- do – mg L-1; DBO – mg L-1; fito-
editado, também, um Manual de Procedi- poníveis. plâncton – org mL-1; zooplâncton –
mentos de Coleta e Metodologia de Análi- org mL-1; clorofilaa – μg L-1 (GOLTER-
se de Água (ROLLA et al., 2001), cujo prin- Coleta de água classificada MAN, 1978);
cipal objetivo foi padronizar os métodos a em dois tipos c) coletas de profundidade, mais ou
serem utilizados nas campanhas de campo menos 1 m do fundo: condutivida-
Contínuas ou permanentes
e laboratórios. Dá-se uma atenção especial de elétrica – μS cm-1; cor – mg L-1;
para a coleta, porque os resultados obtidos Normalmente, feitas pela manhã e execu-
sólidos totais – mg L-1; sólidos to-
serão duvidosos e comprometerão as inter- tadas após uma caracterização prévia do
tais dissolvidos – mg L-1; pH; tur-
pretações e projeções, caso ela não seja fei- reservatório a ser monitorado, decidindo-
bidez – NTU; alcalinidade bicar-
ta de forma correta. O guia tenta, também, se a periodicidade e o tamanho da rede de
bonato – mg L-1; cálcio – mg L-1;
minimizar as diferenças existentes entre os amostragem, de acordo com a necessidade
ferro total – mg L-1; nitrogênio ní-
da região e a importância estratégica da
coletores, para que os resultados obtidos trico – μg L-1; nitrogênio amonia-
usina.
possam ser colocados no banco de dados cal – μg L-1; fosfato total - μg L-1;
e, posteriormente, comparados e avaliados oxigênio dissolvido – mg L-1; DBO –
Emergenciais
para se traçarem estratégias de manejo de mg L-1.
Realizadas em qualquer dia ou hora, vi-
reservatórios, visando sua melhor utiliza-
sam atender problemas causados por algum Parâmetros considerados
ção, operação e mesmo a conservação de
seus equipamentos. Outro objetivo é o de
acidente ambiental, que pode trazer pro- indispensáveis para
blemas para a vida aquática. O roteiro, para uma coleta de rotina em
chamar a atenção para a segurança e a saú-
esse tipo de serviço, é montado com base ambientes lóticos
de dos coletores durante o trabalho. (rios, riachos e nascentes)
nas informações das equipes de campo da
região afetada e informações da população As coletas seguiram as mesmas re-
PROCEDIMENTOS
ribeirinha. gras definidas para ambientes lênticos.
METODOLÓGICOS
Considerou-se que em rios, córregos, etc.,
Na definição dos parâmetros, quantida- Parâmetros considerados não existiria estratificação da água, logo as
de de estações e periodicidade do moni- indispensáveis para coletas foram feitas a uma determinada
toramento de um reservatório, levaram-se uma coleta de rotina em profundidade. Elas foram realizadas com
em consideração as diferenças regionais, ambientes lênticos balde, a aproximadamente 20 cm de pro-
geográficas, sociais e econômicas, pois as (lagos, reservatórios, etc.) fundidade e as estações de coleta escolhi-
ações decorrentes do uso do solo, na bacia das de acordo com a facilidade de acesso
a) para as coletas que devem ser feitas
de drenagem dos reservatórios, vão deter- para os técnicos. Os parâmetros físico-
a 20 cm da superfície: estreptoco-
minar as condições em que o ecossistema químicos foram praticamente os mesmos
cos fecais – NMP 100 mL-1; colifor-
a ser monitorado se encontra e as tensões da metade da zona fótica de ambientes lên-
mes fecais – NMP 100 mL-1; fito-
exercidas sobre ele. Determinados reserva- ticos, exceto, por alguns poucos parâme-
plâncton para cianófitas – org mL-1;
tórios vão requerer um planejamento mais tros. O parâmetro hidrobiológico escolhido
óleos e graxas – mg L-1; temperatu- no monitoramento da Cemig para ambien-
elaborado, devido a sua localização próxi-
ra da água – oC (perfil); temperatura tes lóticos foi o zoobênton considerado
ma a grandes centros industriais e urbanos
do ar – oC; transparência do disco o melhor bioindicador para águas doces.
e/ou devido a sua dimensão e importância
de Secchi – m; As coletas são feitas a 20 cm da superfí-
para a geração de energia.
As coletas são programadas, preferen- b) coletas feitas na metade da zona fóti- cie: temperatura do ar – oC; temperatura da
cialmente, para a parte da manhã, que é o ca: condutividade elétrica – μS cm-1; água – oC; condutividade elétrica – μS cm-1;
cor – mg L-1; sólidos totais – mg L-1; sóli- da descarga líquida total daquela dado. Assim, muitos foram amostrados
dos totais dissolvidos – mg L-1; pH; tur- seção transversal do rio (CEMIG, apenas uma vez ou anualmente, outros se-
bidez – NTU; alcalinidade bicarbonato – 1990); mestralmente, e alguns trimestralmente, de-
mg L-1; cálcio – mg L-1; ferro total – mg L-1; b) método de incremento de larguras pendendo das exigências legais e/ou de
nitrogênio nítrico – μg L-1; nitrogênio amo- iguais (Fig. 2 e 3): consiste em cole- seu comprometimento. Algumas estações
niacal – μg L-1; fosfato total – μg L-1; oxi- tar amostras em dez pontos diferen- foram abandonadas, porque não se mos-
gênio dissolvido – mg L-1; DBO – mg L-1; tes numa seção transversal. Para de- traram importantes dentro do processo, e
coliforme fecal – NMP mL-1; estreptococo terminar esses pontos, divide-se a outras por terem resultados considerados
fecal – NMP mL-1; zoobênton – ind L-1. largura do rio na seção desejada em muito bons dentro da legislação. Algumas
dez partes iguais para fazer a coleta estações foram acrescentadas, à medida
Coleta de sedimento das amostras. que as informações de cada reservatório
As coletas são efetuadas utilizando-se A freqüência de coleta de sedimento eram conhecidas e os locais considerados
dois métodos de medição: consiste em dez coletas de amostras anuais de importância dentro do processo.
a) método de incremento de descar- feitas pela equipe de hidrometria, uma Todos os resultados de qualidade de
gas iguais (Fig. 1): consiste em co- coleta diária nos meses chuvosos (outubro água obtidos no monitoramento foram
letar amostras em cinco pontos di- a março) e uma coleta semanal nos meses comparados com a legislação estadual
ferentes numa seção transversal de secos (abril a setembro) feitas pelo obser- DN COPAM 010/1986 (COPAM, 1987),
um rio. Esses pontos são posiciona- vador da estação de medição. estando, em sua maioria, dentro dos pa-
dos nos centróides dos incrementos As coletas foram feitas para atender drões. Alguns, como era esperado, tiveram
de descargas iguais, que correspon- aos objetivos do trabalho e de acordo com resultados muito ruins.
dem a 10%, 30%, 50%, 70% e 90% a importância do reservatório a ser estu- Para os parâmetros físico-químicos, foi
RESULTADOS
Os Gráficos de 1 a 5 apresentam o resul-
tado do IQA para as estações de coleta do
epilímnio. O Gráfico 1 apresenta as estações
localizadas na Bacia do Rio Grande, per-
fazendo um total de sete reservatórios e 28
estações. A maioria delas foi considerada
de boa (19) e média (7) qualidade, sendo
uma excelente e uma ruim.
O Gráfico 2 apresenta o estudo em outros
Figura 3 - Amostras coletadas pelo método de incremento de larguras iguais sete reservatórios da Bacia do Paranaíba,
onde foram amostradas 32 estações. Des-
tas, 20 foram consideradas de boa quali-
utilizado o Índice de Qualidade de Água duação abaixo: excelente 90<IQA<100; dade, 11 de média qualidade e uma de exce-
(IQA). Este índice é determinado pelo pro- bom 70<IQA<90; médio 50<IQA<70; ruim lente qualidade. As estações localizadas
dutório ponderado das qualidades de água 25<IQA<50; muito ruim 0<IQA<25. O cál- na Bacia do Rio São Francisco são apresen-
correspondente aos parâmetros: oxigênio culo do IQA foi desenvolvido pela National tadas no Gráfico 3. Por ela pode-se obser-
dissolvido, demanda bioquímica de oxigê- Sanitation Foundation – USA, através de var que nos cinco reservatórios estudados
nio, coliformes fecais, temperatura da água, pesquisa de opinião feita a 142 profissio- com amostras feitas em 21 estações, os
pH, nitrato, fosfato total, sólidos totais e nais de distintas especialidades. resultados foram 15 estações com água
turbidez. A qualidade das águas é indica- Para entender melhor as relações fós- de boa qualidade, cinco de média e uma
da numa escala de 0 a 100, segundo a gra- foro/nitrogênio, utilizou-se a taxa N/P, que ruim.
Gráfico 3 - Índice de Qualidade de Água (IQA) das estações de coleta dos reservatórios da Cemig na Bacia do Rio São Francis-
co - 2002
Gráfico 4 - Índice de Qualidade de Água (IQA) das estações de coleta dos reservatórios da Cemig na Bacia do Rio Doce - 2002
Gráfico 5 - Índice de
Qualidade de Água (IQA)
das estações de coleta
dos reservatórios
da Cemig na Bacia do
Rio Jequitinhonha - 2002
Gráfico 11 - Taxa
CF/EC das estações
dos reservatórios da
Cemig na Bacia
do Rio Grande - 2002
Gráfico 12 - Taxa
CF/EC das estações dos
reservatórios da Cemig
na Bacia do Rio
São Francisco - 2002
Gráfico 13 - Taxa
CF/EC das estações dos
reservatórios da Cemig
na Bacia do
Rio Paranaíba - 2002
Gráfico 14 - Taxa
CF/EC das estações
dos reservatórios da
Cemig na Bacia
do Rio Doce - 2002
CONCLUSÕES FINAIS _______. Relatório do monitoramento da UHE GOLTERMAN, H.L.; CLYMO, R.S.; OHNSTAD,
Da interpretação dos resultados das de Nova Ponte. Belo Horizonte, 2001. M.A.M. Methods for physical and chemical
medidas de campo e análises laboratoriais CONAMA. Resolução CONAMA n o 274, de
analysis of freshwater. 2.ed. Oxford: Blackwell,
apresentadas nos itens anteriores, concluiu- 29 de novembro de 2000. [Revisa os critérios
1978. (International Biological Programme.
se que as águas dos reservatórios da Cemig de Balneabilidade em Águas Brasileiras]. Diá-
Handbook, 8).
apresentaram em sua maioria qualidade boa,
rio Oficial [da] República Federativa do Bra- KREENKEL, P. A.; NOVOTNY, V. Water quality
quando medidas pelo IQA.
sil, Brasília, DF, 8 jan. 2001. Disponível em: management. New York: Academic Press, 1980.
Entretanto, a presença de nutrientes
<http://www.mma.gov.br/conama/>. Acesso em: 671p.
deve ser um motivo de alerta, especialmen-
2003.
te nos reservatórios do Triângulo Mineiro, METCALF & EDDY INC. Wa s t e w a t e r
pois no futuro podem trazer problemas para COPAM. Deliberação Normativa no 10, de 16 de
engineering: treatment, disposal, and reuse.
o uso das águas dessa região. dezembro de 1986. Estabelece normas e padrões
3thed., rev. 1979.
para qualidade das águas, lançamento de efluen-
REFERÊNCIAS tes nas coleções, e dá outras providências. Minas ROLLA, M.E.; PELLI, A.; RAMOS, S.M.;
CEMIG. Métodos e equipamentos para me- Gerais, Belo Horizonte, 10 jan. 1987. Diário do SOUZA, D.S. Manual de procedimentos de
dição de descarga sólida em suspensão. Belo Executivo. Disponível em: <http://www.feam.br>. coleta e metodologia de análise de água. Belo
Horizonte, 1990. Acesso em: jun. 2003. Horizonte: CEMIG, 2001.