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PORTO VELHO
Gustavo da Costa Leal1; Juliana Gama e Gama2; Daniel Cunha de Carvalho3; Janduir Silva de
Freitas Filho4*; Joadi de Melo Lacerda Júnior5; Andréia Tamy Konasugawa Pereira6
Resumo – Os recursos hídricos no Brasil são abundantes, porém não chamam muita atenção do
Poder Público. As bacias hidrográficas apresentam degradação, principalmente aquelas localizadas
em zonas urbanas. Com o crescimento desordenado nas cidades os rios, igarapés e nascentes são
agredidos de forma indiscriminada e sem controle. As obras de engenharia civil em muito
influenciam, tendo em vista que as redes de drenagens, por exemplo, fazem lançamentos muitas das
vezes em canais que não possuem capacidade para a autodepuração. Diante destes fatos, o presente
trabalho tem como finalidade a modelagem matemática de igarapés urbanos através do modelo
QUAL2K, possibilitando medidas de intervenção e tratamento através de criação de Estações de
Tratamento de Águas Fluviais para revitalizar aqueles cursos d’água que tiveram suas
características alteradas.
1,2,3,5,6
Graduado em Engenharia Civil. Universidade Federal de Rondônia, Campus José Ribeiro Filho.
4 Professor do Departamento de Engenharia Civil. Universidade Federal de Rondônia, Campus José Ribeiro Filho - BR 364, Km 9,5 CEP: 76801-059
- Porto Velho - RO, janduirfilho@unir.br
A cidade de Porto Velho tem inúmeros igarapés que cortam sua área urbana, são canais
naturais que contribuem para a macro bacia do Rio Madeira. Na área urbana temos alguns de
importância como o igarapé do Bate-Estaca, responsável pelo abastecimento de água na cidade.
Todavia, devido a não existência de uma rede de coleta de esgoto e consequentemente a falta
de uma estação de tratamento, grande parte dos resíduos são despejados in natura nesses igarapés,
criando um efeito deletério na qualidade da água de toda a região. Não existe distinção entre os
igarapés atingidos pela poluição, seja a sua localidade de curso centralizada na área urbana ou mais
afastada do centro comercial, todos se encontram com um índice de poluição alarmante.
Já existem algumas pequenas articulações a fim de realizar estudos e por fim obras para
melhoria na área urbana, a Prefeitura de Porto Velho vêm integrando secretarias e órgãos federais
para que os projetos de macro drenagem possam ser elaborados com a maior caracterização possível
da área beneficia pelas intervenções, parceria entre a SEMPRE – Secretaria Municipal de Obras
Especiais e SIPAM – Sistema de Proteção da Amazônia, por exemplo. Não há contudo, estudos em
andamento com o intuito de se revitalizar aqueles setores onde os cursos d’água já se encontram
degradados (RIGOTTI, 2010).
É devido a esta falta de estudo direcionado a região e a problemática, considerando-se
aspectos minuciosos das propriedades e características dos cursos d’água da região urbana de Porto
Velho que se faz necessário iniciar trabalhos de levantamento quantitativo, qualitativo da qualidade
da água nesses igarapés, modelagem dos fluxos fluviais e dos componentes químicos e biológicos
diluídos nos mesmos para que esses dados possam nortear medidas de intervenção, pontuais e
gerais, almejando a revitalização total da fauna e flora aquática na área urbana. Acreditando que é
possível sim, termos um rio urbano, vivo e atrativo, e não apenas mais um canal de concreto para
escoar material.
Os igarapés, agentes deste estudo, foram escolhidos devido a sua centralização, a sua
proximidade com o Parque da Cidade e principalmente por estarem muito próximo ao Campus do
Instituto Federal de Rondônia, sendo que um deles faz fronteira com o limite lateral do lote onde
prédios institucionais serão instalados. Logo, a melhoria do local é de suma importância e de
interesse da comunidade que faz uso das instalações ali presente.
O objetivo do presente trabalho é realizar um diagnóstico da situação dos cursos d’água e
avaliar um modelo matemático que se adéque ao regime hidrológico amazônico, que possa
descrever a movimentação de substâncias nos fluxos dos igarapés.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A Bacia Hidrográfica da Penal está localizada no município de Porto Velho, na região urbana
central, entre as coordenadas geográficas 8°45´22” S 63°51´35” O e 8°44´40” S 63°52´21” O. Para
fins didáticos os cursos d’água que compõem a bacia a ser estudada serão chamados de Curso 1 e
Curso 2. Ilustrados na próxima figura. O Curso 1 possui 1660m de extensão, sua nascente localiza-
se na Avenida 7 de Setembro, entre ruas Geraldo Ferreira e Governador Ari Marcos, Bairro Agenor
de Carvalho, o Curso 1 passa por pontos importantes da cidade, como o limite da área do Centro
Comercial Porto Velho Shopping. O Curso 2 possui 1850m de extensão, sua nascente localiza-se na
Rua Rio Marmelo, entre ruas Leda e Ananias Ferreira de Andrade, Bairro Agenor de Carvalho, o
Curso 2 corta a praça e grande área verde situada na Avenida José Vieira Caúla e também o limite
lateral do Campus Calama do Instituto Federal de Rondônia.
O modelo adotado para a modelagem dos igarapés foi o QUAL2K regulamentado pela
Agência Norte-americana de Proteção Ambiental (U.S. – Environmental Protection Agency –
EPA). A escolha do modelo foi devido a sua ampla utilização em estudos de qualidade da água. Os
igarapés em estudo possuem alta concentração de carga poluidora, tendo níveis críticos de oxigênio
dissolvido nas proximidades dos pontos para implantação das estações de tratamento de água
fluviais.
O monitoramento deste estudo foi realizado no período entre os meses de abril e junho de
2014, distribuído em intervalos de 7 dias por amostragem. Os procedimentos de amostragem foram
realizados segundo a ABNT NBR 9898/1987 e NBR 9897/1987, que referem-se à metodologia de
coleta e acondicionamento de amostragens. Foram selecionados 8 pontos de coletas, sendo 4 pontos
no Igarapé I e 4 pontos no Igarapé II.
No monitoramento foram analisados os parâmetros químicos oxigênio dissolvido e demanda
bioquímica de oxigênio, permitindo caracterizar a qualidade da água dos igarapés em estudo. Estes
dados foram comparados com os indicadores da qualidade da água de rio, em conformidade com a
Resolução nº 357 (CONAMA, 2005).
A calibração do Modelo Qual2K tem como objetivo ajustar os dados observados e os
estimados através de variações de parâmetros no software. Para que haja aplicabilidade do modelo,
as condições de calibração serão especificadas:
• Vazões: foram utilizadas as vazões médias de cada elemento através da velocidade média e
nível da água. Os dados foram coletados nos dias 27 de abril de 2014 e 08 de julho de 2014, meses
que apresentam alta e baixa precipitação (mm) respectivamente.
• Velocidade: foram utilizadas as velocidades médias de cada trecho, obtidas através de
flutuador, cronometrando-se o tempo gasto para percorrer um determinado trecho.
A simulação da qualidade da água nos igarapés foi realizada para um período de 30 dias. No
primeiro cenário temos a modelagem dos dados fazendo uso dos pontos de lançamento de esgoto
verificados in situ e uma contribuição mínima para a rede de drenagem pluvial. Como um segundo
cenário o autor acrescentou um crescimento de 50% nos volumes de lançamentos e esgotos e uma
contribuição extrema da rede de drenagem pluvial, a fim de se obter uma simulação de forma que o
dimensionamento das estruturas de tratamento atendam a um crescimento significativo de pontos de
lançamentos nos igarapés
3. RESULTADOS
O modelo QUAL2K gera gráficos de concentração versus distância, portanto, foram criados
gráficos seguindo o mesmo padrão para os valores obtidos através do monitoramento.
O oxigênio dissolvido quando analisado no sentido do escoamento permite observar as
mudanças de condições básicas para sustentação de seres vivos no ambiente. Pode-se verificar as
áreas com impacto ambiental e as de recuperação através da autodepuração.
O Figura 1 e 2 abaixo mostra a simulação no Igarapé I para o oxigênio dissolvido e demanda
bioquímica de oxigênio, respectivamente, comparando os Cenário 6 para a rede de drenagem (70%
de seção e velocidade de 4,0m/s) e crescimento de 50% para o lançamento de esgoto doméstico e o
Cenário 1 para a rede de drenagem (30% de seção e velocidade de 2,0m/s) e crescimento de 50%
para o lançamento de esgoto doméstico.
O Figura 3 e 4 abaixo mostra a simulação no Igarapé II para o oxigênio dissolvido e demanda
bioquímica de oxigênio, respectivamente, comparando os Cenário 6 para a rede de drenagem (70%
de seção e velocidade de 4,0m/s) e crescimento de 50% para o lançamento de esgoto doméstico e
Cenário 1 para a rede de drenagem (30% de seção e velocidade de 2,0m/s) e crescimento de 50%
para o lançamento de esgoto doméstico.
30 OD Modelado para o
25 Cenário 1
20 Dados Coletados
15
10
5
1,96
1,4
0
0,14
0,28
0,42
0,56
0,7
0,84
0,98
1,12
1,26
1,54
1,68
1,82
2,1
2,24
2,38
2,52
2,66
2,8
2,94
Distância (km) a partir da Nascente I
20
15
10 DBO (mg/L)
OD (mg/L)
5
0
1,32
0
0,11
0,22
0,33
0,44
0,55
0,66
0,77
0,88
0,99
1,1
1,21
1,43
1,54
1,65
1,76
1,87
1,98
2,09
2,2
2,31
2,42
2,53
2,64
2,75
2,86
2,97
16 OD Modelado para
o Cenário 6
14
OD Modelado para
12 o Cenário 1
10 Dados Coletados
8
6
4 2,125
1,75
0
0,125
0,25
0,375
0,5
0,625
0,75
0,875
1
1,125
1,25
1,375
1,5
1,625
1,875
2
2,25
2,375
2,5
2,625
2,75
2,875
3
Distância (km) a partir da Nascente II
Figura 3 – Comparação entre valores teóricos e reais de OD para o Igarapé II.
2,2
0,11
0,22
0,44
0,55
0,66
0,77
0,88
0,99
1,1
1,21
1,32
1,43
1,54
1,65
1,76
1,87
1,98
2,09
2,31
2,42
2,53
2,64
2,75
2,86
2,97
0
4. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
OUTROS