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Folha de Rosto
Currículos
Viviane Malheiros é doutora pela USP (Universidade São Paulo) e Project Manager Professional
(PMP). No Serpro há 16 anos, atualmente na Cetec, coordena inovações e pesquisas aplicadas
no tema experiência do usuário (ex.: mobilidade e mapas). Foi pesquisadora visitante na
University of Maryland, Baltimore County, EUA; e colaboradora do projeto internacional Qualipso.
Viviane tem ampla experiência em melhoria de processo e gestão de desenvolvimento de
software. Possui trabalhos publicados em eventos nacionais e internacionais.
Alexandre Rodrigues Gomes é Sócio-Diretor da SEA Tecnologia, em Brasília. Junto com sua
equipe, foi pioneiro na prestação de serviços profissionais em Software Livre e Métodos Ágeis
para o Governo Federal e compartilha hoje com seus clientes a visão da TI como política pública
para a entrega de valor ao cidadão, da promoção da transparência, da participação e do controle
social.
1
Resumo
2
Sumário
Introdução........................................................................................................................................ 4
1. Inovação ...................................................................................................................................... 6
1.1. Conceituação........................................................................................................................ 6
1.2. Principais Barreiras............................................................................................................... 7
1.3. Modelo A-F e o Sistema de Inovação Total...........................................................................8
1.4. O DNA do Inovador...............................................................................................................9
1.5. A Inovação no Serpro.......................................................................................................... 10
2. Empreendedorismo e Startups...................................................................................................13
2.1. A Startup Enxuta................................................................................................................. 14
2.2. Startups internas e inovação...............................................................................................15
2.3. Experimentação, erro e aprendizado..................................................................................16
2.4. Acelerando as iniciativas de inovação.................................................................................17
3. Aceleradora Serpro.................................................................................................................... 19
3.1. Serviços oferecidos pela aceleradora.................................................................................19
3.1.1. Competências............................................................................................................. 20
3.1.2. Conexões.................................................................................................................... 22
3.1.3. Experimentação.......................................................................................................... 23
3.1.4. Execução.................................................................................................................... 24
3.2. A Aceleradora na estrutura organizacional do Serpro.........................................................25
3.4. A equipe de inovação.......................................................................................................... 26
3.4. Fontes de ideias para a execução da inovação..................................................................27
Conclusão...................................................................................................................................... 28
Referências.................................................................................................................................... 29
3
Introdução
Para melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos, o governo brasileiro precisa inovar.
Em um mundo cada vez mais rápido, conectado e com tantas informações disponíveis, a
população demanda por serviços mais rápidos, menos burocráticos e acessíveis de
qualquer lugar. Um canal direto de comunicação, o cruzamento de informações, a
velocidade de disponibilização das informações e serviços, além da integração entre os
mesmos, são cada vez mais necessários. Neste contexto, a tecnologia da informação tem
um papel fundamental. Por isso, a inovação para o Serpro é tão crucial. Como grande
parceiro de órgãos do governo no provimento de serviços, o Serpro precisa estar atento a
novidades e rápidas mudanças tecnológicas e apropriar-se deste conhecimento para
propor serviços cada vez mais diferenciados e adequados.
Alguns projetos de inovação tecnológica, iniciativas para gestão da inovação e
discussões para nivelar o conhecimento em torno do tema estão em andamento na
empresa (Seção 1.4). Isto é muito bom. Mas, estas inciativas, sistemas de coleta de
ideias, fomento a participação em eventos, colaboração e recurso financeiro para algumas
ideias são apenas um lado da moeda. Para de fato inovar - trazer novidade com valor
agregado para os serviços oferecidos - duas questões principais precisam ser
respondidas : Como transformar uma boa ideia em um produto inovador? Como fazer a
transição e incorporar uma inovação no processo produtivo?
Para isto, é importante: (i) questionar e rever processos, ferramentas, métodos e
tecnologias; (ii) aproximar-se do cliente final, o cidadão; e (iii) repensar a cultura,
aumentando o gosto pela mudança e diminuindo a apego pela estabilidade. É preciso
4
A Aceleradora Serpro aparece para viabilizar uma estratégia de inovação
tecnológica para o Serpro, com a missão de fomentar a criação de startups internas e
aumentar a chance de projetos inovadores. Em última instância, a Aceleradora Serpro
facilitará a geração de produtos e serviços inovadores que melhorem a vida do cidadão,
economizando seu tempo e dinheiro no acesso aos serviços públicos.
Na primeira parte deste trabalho, serão apresentados os conceitos chave para
compreender a inovação e as dificuldades e armadilhas encontradas na sua implantação
em empresas de grande porte (Seção 1). Além disso, serão apresentados: conceitos de
empreendedorismo e o que são e como trabalham as empresas startups (Seção 2) e as
aceleradoras.
A segunda parte do trabalho apresenta a proposta de Aceleradora Serpro (Seção
3), discorrendo sobre a estratégia para inovação e os serviços oferecidos.
Nas conclusões, os principais assuntos discutidos são retomados, além de
sugeridos alguns trabalhos futuros almejando ultrapassar as fronteiras da empresa.
5
1. Inovação
1.1. Conceituação
Inovação, na sua etimologia, significa novidade ou renovação [1]. A palavra é derivada do termo
latino innovation, e se refere a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece
com padrões anteriores. No livro O Outro Lado da Inovação [2], os autores simplificam: Inovação é
“Qualquer projeto que é novo para você e possui resultados incertos”. Neste trabalho, será
utilizada uma definição simplificada que abrange tanto a perspectiva de novidade, quanto a de
execução e entrega de valor: inovação é algo que traga novidade e valor agregado.
Do ponto de vista empresarial, a inovação pode materializar-se de várias formas. O Manual
de Oslo [3] traz uma definição para inovação que destaca as diferentes possibilidades de
materialização : “Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou
significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo
método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas
relações externas.” Esta definição focada em implementação é adotada pela Pesquisa de
Inovação Tecnológica (PINTEC)1 [4], consequentemente utilizada em muitas empresas brasileiras.
A Figura 1 apresenta uma tipificação da inovação de acordo com estes níveis de implementação.
6
resulta em um produto ou serviço melhor". Não se trata de um valor menor na equação da
inovação e fornece proteção em relação à corrosão causada pela concorrência [6,7];
• radical (encontra-se também como ruptora ou disruptiva): traz um novo conjunto de
atributos que permitem ao produto ser usado de uma maneira diferente dos que existiam
antes. Rompe as trajetórias existentes, inaugurando uma nova rota de tecnologia [6].
Alguns autores [8] ainda sugerem um tipo intermediário, semirradical. O quadro da Figura 2
ajuda a classificar a inovação considerando Modelo de Negócio e Tecnologia.
7
2008 [9]. As empresas enfrentam o desafio de conciliar a eficiência diária, a manutenção das
regras e o sistema de trabalho com os processos de mudança, melhoria e inovação.
Acontece que pode ser um erro considerar que todo e qualquer projeto inovador precisa
passar necessariamente por todas essas fases e de forma sequencial. Para Kottler e Trias de Bes
[8], fases ou estágios de um processo de inovação não podem ser predeterminados, mas devem
emergir como resultado de um conjunto de funções ou papéis desempenhados por certos
indivíduos. Esta é a proposta do Modelo A-F. Um conjunto de seis funções básicas que devem ser
atribuídas a pessoas específicas a cada projeto, conforme a necessidade. Cada equipe é livre
para criar seu processo e determinar quais são as interações necessárias. As seis funções
básicas são [8]:
• (A)tivadores – iniciam o processo, sem preocupação com estágios ou fases;
8
Figura 4: Modelo A - F. Adaptado de [8]
• cultivar o networking, descobrindo e testando ideias por meio de uma rede diversificada
de pessoas com experiências e perspectivas diferentes;
• experimentar, constantemente testando ideias novas.
9
dentro dos padrões estabelecidos. Tais executivos são excelentes na execução de quatro
competências de transmissão: analisar, planejar, implementar com atenção aos detalhes e
executar de forma disciplinada [13].
À primeira vista, o perfil dos executores pode parecer desinteressante para a ótica da
inovação, uma vez que eles têm dificuldade de “pensar fora da caixa”. No entanto, como será visto
do decorrer deste trabalho, tais competências são essenciais para transformar uma ideia
inovadora em realidade. É necessário equilibrar os diferentes perfis para que os resultados de
inovação almejados sejam efetivamente alcançados.
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estão previstos: (i) a geração de protótipos funcionais para cada uma das linhas de inovação
tecnológica da empresa, a saber: Mobilidade, Geo, Plataforma como Serviço e Mineração de
Dados; e (ii) ciclos de capacitação - tecnologia para o negócio e negócio para tecnologia.
Existe uma coordenação estratégica focada em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&DI)
tecnológica na empresa, além de uma área de ações governamentais que também trata do tema
inovação.
Alguns produtos e serviços desenvolvidos pelo Serpro são considerados inovadores no
Brasil e no mundo. Os sistemas de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) são dos mais
conhecidos, notoriamente em função do seu programa de preenchimento de declarações e
sistema de envio eletrônico pela internet. As soluções para dispositivos móveis, uma inovação
recente fruto de mais um bem sucedido trabalho de parceria com a Receita Federal, estão em
destaque na Revista Tema de julho de 2013 (Figura 6).
11
contínua. A proposta apresentada neste trabalho visa justamente preencher esta lacuna.
12
2. Empreendedorismo e Startups
Robert D. Hisrich [14] define empreendedorismo como o processo de criar algo diferente e com
valor, dedicando tempo e esforço necessários, assumindo os riscos - financeiros, psicológicos e
sociais – correspondentes, e recebendo como recompensa a satisfação econômica e pessoal. Em
1952, Schumpeter [15], já associava a imagem do empreendedor ao inovador: "O empreendedor
é a pessoa que destrói a ordem econômica existente graças à introdução no mercado de novos
produtos/serviços, pela criação de novas formas de gestão ou pela exploração de novos recursos
materiais e tecnologias".
O termo empreendedor vem do francês entrepreneur e significa aquele que assume riscos
e começa algo novo. Segundo Chiavenato [16], o empreendedor é a pessoa que inicia e/ou opera
um negócio para realizar uma ideia ou projeto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e
inovando. O autor [16] destaca três características básicas que identificam o espírito
13
definição mais atual e aceita, a partir da publicação do livro A Startup Enxuta [18] é: "é uma
instituição humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições de extrema
incerteza”.
2 Landing page é a página de destino ou página de entrada, é a página por onde o visitante chega a um site, quando
um usuário clica em um resultado de busca ou em um anúncio de banner ou links patrocinados, Definição da Wikipedia.
14
Previsão
Estimativas com Previsões
Palpites base em confiáveis
informações
Tempo
Aprendizado
15
ferramentas, métodos ou tecnologias, desejo de reconhecimento da alta direção e dos
colegas, a oportunidade de liderar novos projetos inovadores ou simplesmente o
sentimento de fazer parte de algo importante.
16
negócio rentável. As incubadoras e aceleradoras podem fornecer este apoio.
Ribeiro [19] explica as principais diferenças entre as duas: “Os trabalhos que uma
aceleradora e uma incubadora realizam são similares, principalmente no sentido de que elas
apoiam empresas incipientes ou nascentes. Geralmente, uma incubadora trabalha com empresas
ainda em prototipagem ou com o desenvolvimento de uma tecnologia que ainda não é um
negócio. Já uma aceleradora costuma trabalhar com empresas que estão na sua fase de
validação de produto e mercado, ou seja, em geral estas empresas (startups) já têm um MVP
(Minimal Viable Product) para testar suas hipóteses.”.
A definição da Wikipedia3 é mais sucinta: Aceleradoras são um tipo moderno de
incubadoras de empresas. Diferentemente das incubadoras, que geralmente são financiadas pelo
governo, as aceleradoras são empresas com fins lucrativos e financiadas com capital privado.
As aceleradores lançam processos de participação aberta, procurando apoiar
financeiramente as startups selecionadas, além de oferecer consultoria, treinamento e
participação em eventos durante um período de três a seis meses, normalmente. Em troca, as
aceleradoras recebem participação acionária nas startups.
Acompanhando o ambiente favorável ao empreendedorismo e inovação encontrados no
Brasil atualmente, o Ministério de Ciência e Tecnologia lançou o programa Startup Brasil 4,
apoiando projetos na área de TI que sejam inovadores e colaborem para o desenvolvimento
nacional. A meta é acelerar 150 startups de software e serviços de TI até 2016, sendo até 25%
delas internacionais. As três fases consistem em selecionar primeiro as aceleradoras, depois as
startups e enfim executar os processos de aceleração.
Já estão previstas 3 edições até 2016, envolvendo um montante total de R$40 milhões.
Este bom exemplo de investimento do governo é um estímulo à proposição deste trabalho:
incentivar também o intraempreendedorismo, valorizando os profissionais inovadores que
trabalham dentro da máquina pública e que muito podem contribuir.
17
Tabela 1: Programa Startup Brasil. Fonte http://startupbrasil.mcti.gov.br/programa
18
3. Aceleradora Serpro
A Aceleradora Serpro proposta neste trabalho está alinhada com as diretrizes da Política Serpro
para inovação, apresentada na Seção 1.4 e concretiza algumas das diretrizes, apresentando uma
proposta de como realizá-las na prática.
A Aceleradora Serpro complementa as iniciativas de trabalhar o tema de inovação na
empresa (Seção 1.4). A proposta é contemplar na organização um espaço para vencer as
barreiras: da burocracia; do foco em aumento da eficiência operacional; do excesso de
padronização; do medo de errar e da pressão de entregas emergenciais.
A premissa para atuação da Aceleradora é que o projeto a ser acelerado traga uma
inovação tecnológica. Os objetivos da Aceleradora Serpro são:
• estimular o intraempreendedorismo; fomentando a criação e o desenvolvimento
de “startups internas”, para maximizar o sucesso de projetos de inovação, acelerando-os;
• disseminar a inovação para outras áreas da empresa, tratando da transferência de
uma tecnologia inovadora para a empresa;
• promover a experimentação, enfatizando a prototipação e o aprendizado por meio
de pilotos (estudos de caso);
• apoiar a execução de uma ideia inovadora até que esta se torne um produto ou
serviço com real entrega de valor para o cliente.
A ideia de criar uma Aceleradora Serpro é permitir que um grupo de pessoas com
conhecimento e, principalmente perfil adequado, fique disponível para promover a aceleração de
projetos por meio de consultoria, transferência tecnológica, estabelecimento de conexões. Os
serviços que podem ser oferecidos pela Aceleradora para a empresa estão descritos na Seção
3.1, enquanto que considerações sobre o perfil da equipe aceleradora são colocadas na Seção
3.4.
Para desempenhar bem o seu papel é importante que a Aceleradora esteja integrada a
estrutura organizacional (Seção 3.2). Só assim, a Aceleradora Serpro poderá promover a
inovação, com ênfase em execução, buscando a sinergia com as equipes já estruturadas no
Serpro e por meio: da experimentação de novas ideias, estratégias e tecnologias; da
variedade na utilizaçao de metodos, tecnicas e ferramentas, e de uma grande flexibilidade
na execuçao de tarefas. Estes são fatores críticos para o sucesso da inovação.
19
principalmente em se tratando de empresa de grande porte como o Serpro. É por meio dos
serviços propostos que é possível estabelecer um clima de empreendedorismo interno, garantindo
agilidade na condução dos projetos e flexibilidade na execução de processos tradicionais que nem
sempre serão compatíveis com a inovação sendo introduzida.
Uma visão iconográfica da proposta de Aceleradora Serpro é apresentada na Figura 6 e
consolida a base conceitual exposta nas duas primeiras seções deste trabalho. Nesta visão, é
possível perceber os princípios que orientam as atividades da Aceleradora: agilidade,
empreendedorismo e inovação, os acionadores no centro da Figura 8. É possível também
visualizar de forma categorizada os serviços (valor a ser agregado) que a Aceleradora pode
oferecer.
3.1.1. Competências
Competência é a integração e a coordenação de um conjunto de conhecimentos, habilidades e
atitudes (C.H.A.) que, na sua manifestação, produzem uma atuação diferenciada 6. Por contar com
profissionais experientes e capacitados, a Aceleradora Serpro pode auxiliar as startups internas na
aquisição das competências necessárias ao desafio enfrentado. A ideia não é oferecer um pacote
5 A Figura é baseada no formato do brinquedo Genius. um brinquedo muito popular na década de 1980 que buscava
estimular a memorização de cores e sons.
6 Definição da Wikipedia, em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Competência_(administração)
20
pronto, mas sim uma atuação sob medida direcionada a cada pessoa da equipe. O objetivo
somatório dos conhecimentos, habilidades e atitudes encontrados numa equipe multidisciplinar
seja suficiente para garantir o sucesso dos projetos de inovação.
Para ter sucesso nesta atuação, é importante que os profissionais da Aceleradora estejam
atualizados quanto aos conceitos de inovação, empreendedorismo e startups aqui resumidos. No
campo do “saber” (conhecimentos), existem várias técnicas/metodologias/ferramentas inovadoras
que podem ser aplicadas em cenários de risco e incerteza, como Design Thinking, Business
Model Canvas, Personas, Métodos Ágeis de Desenvolvimento de Software (Scrum, XP, FDD),
Pensamento Lean, Customer Development, Personas, Lean Validation Board, User Experience
(UX) dentre outros7. Novidades surgem todo dia, novas buzzwords, então há que se evitar os
modismos. Conhecer as possibilidades e saber indicar a solução certa para o problema é um dos
desafios da Aceleradora.
No campo do “saber fazer” (habilidade), na Aceleradora deve existir pessoas capazes de
se comunicar bem, trabalhar em equipe e transmitir conhecimentos sobre as mais diversas
formas: seminários, cursos, workshops, palestras, consultorias, mentorias. Conhecer e saber
aplicar algumas das ferramentas aqui citadas também é fundamental, pois sentar e trabalhar junto
com as startups aceleradas pode ser um dos métodos mais eficazes de capacitação.
No campo do “comportamento” (atitudes), é fundamental apresentar o espírito
empreendedor. Iniciativa, bom-humor, comprometimento, disposição, gosto por desafios.
Vale salientar todas as competências desejáveis nas startups aceleradas devem ser
encontradas também na Aceleradora, afinal "O exemplo não é a melhor forma de educar, é a
única."8. Todos os perfis do modelo A-F (Seção 1.3), em menor ou maior grau, devem estar
disponíveis na Aceleradora. Dentre estes, merecem destaque os perfis: Ativadores (iniciação),
Facilitadores (instrumentação) e Executores (implementação).
No contexto de uma organização de Tecnologia da Informação, o exercício do papel dos
Buscadores (informação) também é muito importante, por isso recomenda-se que seus
profissionais trabalhem diretamente com pesquisa aplicada ou estejam muito próximos dos
pesquisadores, acompanhando as ondas tecnológicas em uma vigilância constante. Segundo
Toldo et al. [20], as vantagens apontadas para a realização de pesquisas tecnológicas na empresa
são muitas, dentre elas a facilidade de acesso a novas tecnologias e elevação da capacidade da
empresa em assimilar e explorar conhecimento já existente.
Deve ser dada especial atenção a seleção/ formação e motivação de pessoas
considerando que o Serpro é uma empresa pública e que seus profissionais ingressam mediante
concurso público. Na pesquisa “Empreendedores Brasileiros: Perfis e Percepções 2013” [22],
alguns números chamaram a atenção: 11% dos brasileiros dos empreendedores formais e
7 Várias dessas técnicas e ferramentas são extremamente interessantes e adequadas a projetos de inovação. Apesar
da tentação de entrar em detalhes em pelo menos algumas delas, preferiu-se aqui focar mais no porque
8 Frase atribuída a Albert Schweitzer, médico e filósofo alemão.
21
informais entrevistados declararam preferir voltar a ser empregados a serem donos do próprio
negócio. Os principais motivos seriam a estabilidade no emprego e a precaução quanto às
incertezas de mercado (Figura 11).
3.1.2. Conexões
A motivação para cooperar está relacionada a aspectos organizacionais, tais como estrutura
organizacional, preocupação com a medição (indicadores e métricas) e orientação empresarial.
Muito tempo pode ser perdido em projetos com excessivas autorizações (típicas de estruturas
funcionais) e execução de processos de controle, que são importantes para medir a eficiência dos
processos utilizados em larga escala, mas que têm um peso muito grande na execução de
projetos acelerados. Neste mesmo sentido, uma orientação empresarial por atendimento de
demanda, pode inibir a colaboração em projetos inovadores, que se antecipam a necessidade do
cliente ("mas o cliente não solicitou esta funcionalidade ou melhoria").
Para a entrega de um projeto acelerado, o networking é fundamental. Está no núcleo do
DNA do inovador. É preciso conhecer pessoas chaves nas áreas da empresa e estimulá-las a
contribuir mesmo que a mudança possa trazer um trabalho adicional ou desconforto pelo
desconhecido.
A aceleradora deve ser capaz de transitar entre as áreas e fazer o meio de campo,
coordenando as ações entre as áreas e provendo acesso privilegiado aos recursos para os
projetos acelerados.
É essencial, para entregar os serviços da dimensão Conexões, que a Aceleradora tenha
22
uma independência de atuação reconhecida. Ela assume parte as funções desempenhadas pelo
papel Facilitador do Modelo A-F e, em menor escala, o papel de Ativador.
Além de conexões para um projeto acelerado, pode ser necessário coordenar ações
corporativas para introdução de uma inovação. Apesar de muitos projetos não precisarem de
capital, pode ser necessário, por exemplo, um trabalho de coordenação para aquisição
corporativa de um serviço ou ferramenta estratégicos que, se tratados no contexto individual de
um projeto custariam bem mais. A aceleradora poderá apoiar, por exemplo, coordenando a
definição de requisitos entre diferentes projetos que carecem de uma mesma tecnologia e
acionando a prospecção alternativas para apoiar, por exemplo, processos de aquisição ou adoção
de uma ferramenta de software livre. Outra forma de prestar o serviço de coordenação é a
conexão com assessoria jurídica, para avaliação das implicações legais que o uso de uma nova
tecnologia pode trazer.
3.1.3. Experimentação
A inovação, como já foi dito, caracteriza-se pela novidade. Por isso, prototipação rápida e em
quantidade é muito importante. Desenvolver experimentalmente e testar antes de desenvolver um
produto para produção permite exercitar e errar o quanto antes, sem a pressão da eficiência e
produtividade tão perseguida em processos produtivos. Isto é a base do ciclo Construir-Medir-
Aprender, apresentado no item 2.1.
A Aceleradora deve viabilizar a disponibilização de recursos necessários aos experimentos,
como por exemplo um laboratório para prototipação. Um ambiente propício para criar, examinar,
testar, descobrir novidades e treinar. Este ambiente deve fornecer recursos de hardware e
software de acordo com necessidade dos projetos e ações corporativas encaminhadas e deve ter
também um processo bastante flexível de trabalho, que comporte as diversas características que
um projeto inovador pode ter. Por exemplo, para um projeto que utilize dispositivos móveis, ter
alguns destes dispositivos no laboratório é fundamental.
Esta é o objetivo do modelo 3P, proposto na Figura 7.
23
Figura 11: Modelo de inovação tecnológica 3P
A ideia de trabalhar com piloto (ou estudo de caso) é focar no controle das variáveis que
influenciam no desenvolvimento e ter uma execução bem sucedida do projeto. Esta execução
controlada é fundamental para o aprendizado. O piloto permite o empacotamento de lições
aprendidas e o início de fundamentação para estabelecer um padrão industrial de uso da
inovação. Como já é um serviço funcional que será entregue em produção, o piloto ajuda a fazer
a ponte entre protótipos e produção em operação contínua.
Para de fato analisar o valor da inovação para o negócio, é importante que o piloto seja
funcional e seja entregue para produção. Ou seja, funcional. Em algum momento o conhecimento
adquirido com estudos, prototipações e estudos de caso deverá transferido para as áreas
produtivas da empresa, de forma a ganhar em eficiência e escala.
3.1.4. Execução
O sucesso real de uma inovação se dá no lançamento do novo serviço ou produto e sua produção
em larga escala. As iniciativas inovadoras precisam se integrar ao portfólio geral da empresa, com
impactos em vendas, marketing e negócios. Esta é uma fase que despende bastante energia e
perfis adequados. O uso da equação simplificada “inovação = ideias”, com pouca ênfase na
implementação, é a principal causa do fracasso de muitas iniciativas.
A fórmula “inovação = ideias + execução” [2] se mostra mais adequada. Como a transição
da nova tecnologia para o dia a dia da empresa é fundamental para a inovação, no sentido de
agregar valor aos serviços oferecidos, a aceleradora deve ter um foco considerável em
transferência de tecnologia para operação contínua. Esta será a única forma de ganhar em escala
de produção. À medida em que uma nova tecnologia vai se tornando conhecida, é possível
estruturar o conhecimento relacionado a esta tecnologia e começar a definir um padrão industrial
24
para seu uso.
A partir de protótipos e de pilotos (estudos de caso), ou seja de experimentação, passa-se
a dominar a tecnologia e a entender como ela poderá ser adotada na empresa. Cada nova
tecnologia introduzida deve ser compatibilizada com o ambiente operacional da empresa, onde os
procedimentos tornam-se mais rotineiros. Para transferir o conhecimento adquirido em projetos
piloto para os processos operacionais, treinamento de disseminadores e mentoria aos primeiros
grupos que foram utilizar a nova tecnologia são fundamentais.
Um problema comum a ser enfrentado é que os funcionários seguem os produtos que
desenvolvem conforme eles se movem de fase. Dois problemas podem ser gerados, neste caso.
Em algum tempo, os gerentes criativos ficam presos em rotinas operacionais, em vez de criar
novos produtos e serviços. Se não tomarem cuidado, muito em breve serão surpreendidos
defendendo o status quo. Além disso, será necessário formar um novo grupo de pessoas para
trabalhar os protótipos e pilotos e a formação deste perfil nem sempre é trivial.
Nas startups internas aceleradas, muita ênfase será dada às funções de Desenvolvedores
e Executores do Modelo A-F, uma forma de realmente viabilizar a chegada dos novos produtos ou
serviços apresentando valor agregado aos clientes. Isto sim está alinhado ao mais modernos
conceitos de inovação.
25
estrategicamente.
Empresa
Estrutura Funcional
Pessoal Equipe
Parceria
Compartilhado Dedicada
26
A Aceleradora Serpro pode imediatamente começar a atuar acelerando algum dos projetos
oriundos do ConSerpro edição 2013 ou anteriores, por indicação da diretoria. Uma vez
implantado, o Processo Serpro de Inovação (PSin) também pode servir entrada. Campanhas
internas de comunicação podem ser realizadas para estimular a participação. Qualquer que seja a
origem das ideias, é importante que os projetos acelerados apresentem resultados concretos,
para evitar cair no descrédito.
A partir de uma boa ideia, a inovação tem grandes chances de ocorrer (Figura 13). A
Aceleradora Serpro vem para auxilar na criação e desenvolvimento da startup interna, que deve
ser formada por uma equipe multidisciplinar trabalhando com ciclos curtos de construir-medir-
aprender. A Figura 13 a seguir resume a proposta.
27
Conclusão
Como grande parceiro do governo no provimento de serviços, o Serpro precisa estar sintonizado
nas novidades tecnológicas e apropriar-se deste conhecimento para propor serviços cada vez
mais diferenciados e adequados. A inovação está em pauta na empresa, com destaque, inclusive,
no seu planejamento estratégico. Ainda assim, algumas lacunas importantes relacionadas a como
disseminar a inovação no dia a dia e conciliar os benefícios e desafios da inovação com as
atividades de produção e aumento da eficiência operacional precisam ser tratadas.
Este trabalho propôs a Aceleradora Serpro, fundamentada em um vasto referencial teórico,
que abrangeu: conceitos de inovação, empreendedorismo, funcionamento de empresas startups,
incubadoras e aceleradoras. A literatura relacionada é farta. Além da proposta da Aceleradora,
uma contribuição importante deste trabalho é a identificação e consolidação de literatura
disponível na área, bem como um levantamento das iniciativas relacionadas a inovação no
Serpro.
O objetivo da Aceleradora é promover o empreendedorismo interno no Serpro e
disseminar inovação para as outras áreas na empresa, partindo-se do pressuposto que para de
fato inovar, não é suficiente que a empresa tenha resultados e iniciativas isoladas de inovação.
Mas, sim, que possua uma estratégia organizacional e mecanismos que incorporem a inovação
nos processos e áreas produtivas, enfatizando a execução da inovação. A Aceleradora Serpro é
complementar as iniciativas de inovação existentes na empresa, buscando proporcionar um
espaço propício para criar, examinar, testar e aprender.
Diversos aspectos relacionados a como implantar a Aceleradora no Serpro foram
considerados, entre eles: quais serviços a Aceleradora oferecerá e como estes serviços
contribuem para promover a inovação; como a Aceleradora pode ser integrada na estrutura
organizacional do Serpro; seu modelo de funcionamento; e o perfil necessário das equipes.
Posicionando-se entre a pesquisa e os processos produtivos em escala e acelerando a introdução
de tecnologias inovadoras na empresa, a Aceleradora garantirá a produção de serviços
inovadores de forma ampla.
A própria implantação da Aceleradora pode seguir os princípios de experimentação,
empreendedorismo apresentados. Como trabalho futuro, sugere-se a definição de equipe para
experimentar o modelo e acelerar um projeto de inovação tecnológica. A partir deste projeto, os
autores podem observar o modelo de startups internas e aceleradora proposto, testá-lo e melhorá-
lo. Adicionalmente, a experiência da Aceleradora Serpro pode ser aproveitada em outros órgãos
de governo, para assim atender os anseios de agilidade e inovação manifestados pela sociedade
brasileira.
28
Referências
[1] Wikipédia, a enciclopédia livre. Artigo Inovação. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Inovação. Acesso em 19 de jul. 2013.
[2] GOVINDARAJAN V., TRIMBLE, C. O Outro Lado da Inovação: A execução como fator crítico
de sucesso. Editora: Elsevier-Campus, 2009.
[3] OCDE. Manual de Oslo - Diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação.
Terceira Edição, 2005. Versão traduzida por FINEP disponível em:
http://download.finep.gov.br/imprensa/oslo2.pdf. Acesso em: 22 de jul. 2013.
[6] ALVARENGA NETO, R.C.D. Em Busca da Interface. Revista HSM Management, Novemebro-
Dezembro, 2012.
[7] DRUMMOND, R. Como construir uma cultura de inovação nas organizações. Seminário N
Escola de Gestão, material didático do seminário, 27 e 28 de junho de 2013. Acesso restrito.
[8] TRÍAS DE BES, F; KOTTLER, P. A Bíblia da Inovação: Princípios fundamentais para levar a
cultura da inovação contínua às organizações.. Editora Leya, São Paulo, 2011.
[15] SCHUMPETER, J. A. The creative response in economic history. Journal of Economic History,
Nov. 1947. p. 149-159.
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