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Abstract: This article seeks to clarify the concept of representation, according to the
theories of Cultural History, and analyze the connection between history and
literature, as well as the use of literature as a source document to historiography. In
the field of history, the highlighted names such as Roger Chartier and Pierre
*Formação em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e em Letras pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestrado interuniversitário em História Contemporânea
pela Universidad Autónoma de Madrid e Universidad Complutense de Madrid (2012). Está atualmente
estudando seu Doutorado em História Contemporânea pela Universidad Autónoma de Madrid, sendo
bolsista do Programa próprio auxílio à formação de investigação (FPI) e, em 2013, ganhou uma bolsa
para participar do Center for Brazilian Studies na University of California, Los Ángeles (abril-julho de
2013).
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1Ranke, historiador ligado ao historicismo, corrente historiográfica hegemônica entre o final do século
XIX e o início do XX, defendia o ideal da objetividade na escrita da História. Dizia que a História deve
contar como as coisas realmente aconteceram, como se fosse possível eliminar todos os componentes
de subjetividade do fazer História, desconsiderando que o historiador também é homem do seu tempo.
A chamada História rankeana era eminentemente política, narrativa e baseada em fontes oficiais.
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2 Segundo Chartier (2006), a nova história cultural propõe um modo inédito de compreender as
relações entre as formas simbólicas e o mundo social. A uma abordagem clássica, ligada à localização
objetiva das divisões e das diferenças sociais, ela opõe a sua construção a partir das práticas sem
discurso e das lutas de representações. Em seguida, a nova história cultural encontra modelos de
inteligibilidade em vizinhos que até aí os historiadores tinham frequentado pouco: como antropólogo e
críticos literários. Sucederam-se assim novas proximidades que obrigam os historiadores a ler de
maneira menos diretamente documental os textos ou as imagens e a compreender nos seus
significados simbólicos os comportamentos individuais ou ritos coletivos.
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Dessa maneira, como fica evidente, a História Cultural, embora tenha como
foco a pesquisa em relação à cultura, de forma alguma deixa de contar com uma
abordagem social - muito pelo contrário, uma vez que esse movimento historiográfico
consiste em localizar os pontos de afrontamento entre práticas culturais. Tal teoria,
mais acentuadamente objetiva, busca integrar não só a representação que os
agenteshistóricos têm do mundo social, mas também, de modo mais preciso, a
contribuição que eles dão para a construção da visão desse mundo (BOURDIEU,
2010). É nesse sentido que, por meio da representação, alguns grupos impõem a sua
visão de mundo ou a visão da sua própria posição nesse mundo, isto é, a visão de sua
identidade social. Segundo Chartier (2006, p.40), a nova história cultural formulou
uma nova visão referente às relações de forças simbólicas, como a história da
aceitação ou da rejeição pelos dominados das representações que visam assegurar e
perpetuar à sua sujeição.
Chartier, ademais, analisa o conceito a partir da articulação entre pensamento
e sociedade, retomando a definição de mentalidades3 de Le Goff, citando a frase deste
3Segundo Falcon (2000, p. 42), “Quando se lê, em certos textos da história e ciências sociais, o termo
representação (ou seu plural), tem-se a impressão de que ele se situa no centro deuma constelação de
noções ou conceitos muito variados, como imaginário(s). Geralmente descritos em termos de
representações sociais, tais conceitos ora se apresentam como outros tantos nomes aplicados às
representações sociais, ora como se constituíssem diferentes partes de um todo (representações).”
Acrescenta-se, portanto, a essa gama de conceitos ligados ao conceito de representação, o conceito de
mentalidade(s).
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4 Segundo Bourdieu (2010, p. 8), “O poder simbólico é, com efeito, esse poder invisível o qual só pode
ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que
o exercem.”
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5 “A mimese seria a representação de ações humanas pela linguagem [...] e o que lhe interessa é o
arranjo narrativo dos fatos em história” (COMPAGNON, 2010, p. 102).
6 Segundo Bourdieu (2010), uma das formas elementares de poder político consiste no poder quase
mágico de nomear e de fazer existir pela virtude da nomeação. Assim, os poetas e escritores têm uma
função de explicitação e de produção simbólica. A efetivação dos acontecimentos e sua fixação na
memória dá-se, portanto, mediante à nominação, isto é, entre linguagem e acontecimento há uma
relação essencial.
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7 “„Interpretation‟ is here taken to mean the task of making a historical account appear meaningful
(significant, important) to an audience in the present – to an identity or subjectivity, that the author
intends to be affected by the account (on „interpretation‟ in this sense, see Megill). Historians
“interpret”, that is, they attempt to connect their statements about the past to a present subjectivity,
just as we expect literary artists to do” (MEGUILL, 1999).
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8 Segundo Malerba (2000), entenda-se, grosso modo, aquelas concepções que afirmam a
impossibilidade de acesso ao conhecimento da História, ou, em sua própria formulação, a inexistência
de ou a impossibilidade de acesso a qualquer referente extra-discursivo no texto de história. Ainda,
para Hutcheon (1991), a escrita pós-moderna da história e da literatura ensina que a ficção e a história
são discursos constituintes de sistemas de significação através dos quais se dá sentido ao passado. Em
outras palavras, o sentido e a forma não estão nos acontecimentos, mas nos sistemas que transformam
esses acontecimentos passados em fatos históricos presentes, o que não é um refúgio para escapar à
verdade, mas um reconhecimento da produção de sentido dos construtos humanos.
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BIBLIOGRAFIA
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