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Resumo:
As operações fundamentais (adição, subtração, multiplicação e divisão) são vistas como
essenciais a qualquer atividade matemática. Nesse contexto, as expressões numéricas servem
como verificação e avaliação do uso dessas operações por parte dos estudantes e dos
professores. Contudo, alguns problemas aparecem quando não existem signos de agregação
(parênteses, colchetes e chaves) nas expressões numéricas e aparecem operações com ordem de
precedência igual a serem resolvidas. Nesse sentido, buscamos fundamentar a importância
desses signos de agregação por meio de um resgate histórico dos mesmos. Quando não for
possível utilizá-los ou não aparecerem numa expressão, apresentaremos nossa proposta de
precedência, utilizando a teoria dos grupos. Mostraremos que a adição e a multiplicação serão as
únicas operações presentes em uma expressão numérica, o que de certa forma, já estabelece a
ordem de precedência.
Introdução
1
Entendemos aqui que os processos aritméticos não são de fato uma linguagem coloquial, já que números
são tão abstratos quanto letras. O termo foi usado para denotar que a linguagem matemática mais comum
entre os não matemáticos é a aritmética.
XII EPREM – Encontro Paranaense de Educação Matemática
Campo Mourão, 04 a 06 de setembro de 2014
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Para maiores informações acesse http://ase.tufts.edu/education/earlyalgebra/about.asp.
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O nosso modo de viver atual só foi possível graças ao domínio matemático que o
homem estabeleceu. Esse domínio foi e vem sendo construído ao longo dos séculos, de
forma gradual e cada vez mais complexa. Foi a partir do desenvolvimento da
linguagem, que vemos uma evolução significativa da matemática. Boyer e Merzbach
(2012, p. 25) apontam para isso, quando afirmam que o:
3
In a rhetorical or syncopated algebra, the aggregation of terms could be indicated in words. Hence the
need for symbols of aggregation was not urgent. Not until the fifteenth and sixteenth centuries did the
convenience and need for such signs definitely present itself.
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Clavius is one of the very first you see round parentheses to express aggregation.
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Em outro momento do mesmo texto, Cajori (1993, p. 139) chama a atenção para
o uso dos parênteses que Clavius utiliza “note que significa √ vezes x2, não
√ ; o é um sinal de separação de fatores5” (CAJORI, 1993, p. 139, tradução
nossa).
Esses são os primeiros usos dos parênteses, contudo, como a maioria dos signos
matemáticos, eles também evoluíram. Na Figura 2, podemos verificar suas mudanças
simbólicas, conforme os anos foram passando.
Em seguida, Cajori traz que o uso de colchetes foi inicialmente utilizado por
Jean Buteon, em sua obra Arithmetica, em 1559, para representar a igualdade. Um
exemplo apresentado pelo autor pode ser visto na Figura 3.
Com relação ao uso das chaves, ela foi usada em 1593 por Vietè e depois em
1637 por Descartes, para indicar a soma dos coeficientes ou fatores de uma dada coluna,
conforme podemos verificar na Figura 4.
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Notice that means √ times x2, not √ ; the is a sign of separation of factors.
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Disponível em: http://jeff560.tripod.com/mathsym.html. Acesso em: 07 abr. 2014.
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In a sequence of the fundamental operations on numbers, it is agreed that operations under radical signs
or within symbols of grouping shall be performed before all others; that, otherwise, all multiplications and
divisions shall be performed first, proceeding from left to right, and afterwards all additions and
subtractions, proceeding again from left to right.
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existe atualmente nenhum acordo a respeito de qual sinal será usado pela primeira
vez8”.
Portanto, nossa proposta é utilizar a teoria de grupos para apresentar uma
justificativa para a ordem de precedência das operações fundamentais nas expressões
numéricas, quando estas não virem com algum signo de agrupamento e/ou não
estiverem em sua forma contextualizada. Dessa forma, na seção seguinte, apresentamos
um breve histórico da teoria dos grupos para em seguida, justificar seu uso.
Teoria de Grupos
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If an arithmetical or algebrical term contains ÷ and ×, there is at present no agreement as to which sign
shall be used first.
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Discussões
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Como podemos ver, a necessidade do estabelecimento de regras universais é
importante quando os problemas que aparecem não fazem menção a uma
contextualização ou não apresentam um signo de agregação. E nesse caso, a simbologia
e o uso de regras é uma parte importantíssima nesse contexto, “embora, em essência, ela
seja apenas um conjunto de convenções em grande parte arbitrárias, seu adequado
estabelecimento tornou mais fácil e prático entender, aprender e trabalhar com conceitos
matemáticos cada vez mais sofisticados” (GARBI, 2009, p. 432).
Nesse âmbito, a “aritmética escolar, hoje, embora plenamente justificada do
ponto de vista dos significados matemáticos, parece não levar em conta necessidades da
rua, embora muitas vezes diga que sim” (LINS; GIMENEZ, 2007, p. 16).
Por outro lado, professores e pesquisadores têm buscado contextualizar tais
expressões, vejamos, por exemplo, o relato de Parmegiani (2011, p. 1), sobre a
contextualização do ensino das expressões numéricas. Ela utiliza o problema “Qual foi a
mesada do menino Jean, se sua mãe lhe deu uma nota de R$ 10,00 e seu pai lhe deu 4
notas de R$ 5,00?” para construir uma expressão numérica; que nesse caso, pode ser
representada por . Nesse caso, a regra para operar segue do problema, ou
seja, fazemos a multiplicação e, em seguida, o resultado é adicionado a 10, resultando
em 30. Conforme aponta a autora,
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no segundo, apenas adição e subtração. Nos dois casos, escolher por uma operação em
relação à outra significa obter resultados diferentes.
Assim, a primeira coisa a se pensar é qual o conjunto em que estamos
trabalhando? . Sabendo disto, começa a nossa discussão. Pensando na
teoria de grupos, a subtração no conjunto dos números naturais não seria uma operação
binária, pois , mas podemos definir
quando
Quando estamos trabalhando no conjunto dos números inteiros a operação de
subtração é uma operação binária, porém não possui todas as propriedades de um grupo
abeliano, como por exemplo, a comutatividade e a associatividade. Há um grande
problema, quando estamos no conjunto dos números inteiros, pois temos dois
significados para o símbolo , pois podemos a) estar apenas fazendo uma operação de
subtração, significando que é uma operação. Assim, por exemplo, , significa
que estamos subtraindo 2 do número 4 ou, b) fazendo uma adição, significando que é
um sinal. Assim, teríamos , e, nesse caso, não temos nenhum problema, pois a
adição é comutativa e associativa. Assim, parece fazer mais sentido operar da esquerda
para a direita. Outro detalhe importante é quando o símbolo – aparece à extrema
esquerda, sem nenhum outro número antes. Nesse caso, esse símbolo significa
necessariamente um sinal e não uma operação.
O mesmo ocorre com a operação de divisão, ela só é uma operação binária no
conjunto dos números racionais, e mais uma vez, essa operação não é comutativa e nem
associativa. Aqui também temos o problema de interpretação quando escrevemos .
Conclusões
Referências
DOMINGUES, Hygino Hugueros; IEZZI, Gelson. Álgebra Moderna. 4. ed. São Paulo:
Atual, 2003.
GARBI, Gilberto Geraldo. A Rainha das Ciências. 4. ed. São Paulo: Editora Livraria
da Física, 2009.
NETO, Ernesto Rosa. Didática da Matemática. 11. ed. São Paulo: Editora Ática, 2005.
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OLIVEIRA; Daniele Holzschuh et. al. Bingo das Expressões Numéricas. In: Encontro
Nacional de Educação Matemática, XI., 2013, Curitiba, Anais... Curitiba, 2013.
ROTMAN, Joseph. Advanced Modern Algebra. 2. ed. New Jersey: Prentice Hall,
2003.
WELLS, Webster; HART, Walter. Second Course in Algebra. New York: D. C. Heath
& Co, 1913.