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canalcienciascriminais.com.br

Como se preparar para uma sustentação


oral?
Bruna Lima
7-10 minutos

Como se preparar para uma sustentação oral?

Ainda estudantes de Direito, ao cumprirmos a grade de audiências e


sessões nos Tribunais na disciplina de prática jurídica, ficávamos
impressionadas com a formalidade e pomposidade que eram as sessões
de julgamento no Tribunal de Justiça. Todos de preto, com respeito e
educação ao dirigirem a palavra uns aos outros.

É um ambiente diferenciado. Até que, meses depois de formadas,


chegou ao escritório o primeiro caso em que teríamos que fazer a
sustentação oral. E agora, como proceder?

Deveríamos elaborar um recurso de apelação, no delito de estupro de


vulnerável qualificado, onde o cliente, o qual estava solto, nos afirmou
com convicção que nada havia feito, uma vez que era claro o conflito
familiar envolvido na lide. A pena na sentença condenatória foi de 22
anos de reclusão.

Assumimos o caso e, logo nas primeiras análises no processo, já


conseguimos identificar que sim, havia de forma nítida um conflito
familiar, onde a vítima, em verdade queria apenas uma sentença
condenatória no âmbito criminal, para ajuizar ação indenizatória no
âmbito cível.

Recurso protocolado, o jeito era aguardar a data do julgamento para


estrearmos então, no Tribunal de Justiça, em sustentação oral. Pois bem,
eis o ponto. Definida a data da sessão, que seria dali 10 dias mais ou
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menos, recorremos aos colegas mais experientes (lembrando que na


época, éramos recém formadas na graduação), para sabermos como
montar a sustentação, o que falar, como nos portar, enfim.

Antes de tudo, nos falaram sobre a importância de conversar


pessoalmente com o desembargador relator, explicando as
peculiaridades do caso e o porquê o decreto condenatório merece
reforma, entregando-lhe, na oportunidade, os memoriais.

Ou seja, ressaltamos aqui a importância de na profissão da advocacia ter


contatos, despidos de vaidade, pois é necessária essa comunicação
entre colegas, já que a verdadeira prática não se aprende nas cadeiras
universitárias, apenas na vida real.

Na peça de memoriais, destinada aos nobres julgadores do Tribunal de


Justiça, é importante fazer apontamentos da apelação, aqueles que não
devem passar desapercebidos antes do julgamento. Assim, a entrega
dos memoriais, além da conversa com o desembargador relator,
demonstra o interesse processual e a atenção que se deve ter com o
caso concreto.

Então já nesse primeiro caso, vimos a importância de individualizar a


situação fática com a qual estamos trabalhando, frente aos milhares de
processos do Tribunal.

Porém, necessário aqui fazer uma crítica do que está ocorrendo no


Tribunal de Justiça Gaúcho, vez que há Câmaras, por mais respeitáveis
que sejam, que estão pautando julgamentos de um dia para o outro. Sim,
literalmente de um dia para o outro.

Foi o que ocorreu com um caso nosso, onde o julgamento do Habeas


Corpus foi pautado na quarta-feira, às 17h para o julgamento na quinta-
feira, às 9h. Se não acompanhássemos diariamente todos os processos,
de modo artesanal, como diz o mestre Jader Marques, talvez não
teríamos nos preparado para no outro dia estarmos presentes na sessão
para sustentarmos oralmente. Então, é necessário esse
acompanhamento, para evitarmos surpresas desagradáveis,

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principalmente aos clientes que confiam no nosso trabalho.

No dia do julgamento, pode-se pedir a preferência com ou sem


sustentação oral (de um tempo pra cá, esse pedido pode ser feito no
portal eletrônico e apenas confirmado no dia) até o início da sessão de
julgamento. Os pedidos de preferência são julgados primeiro, uma vez
que os interessados apenas aguardam o resultado. Em seguida, iniciam
os julgamentos dos processos com sustentação oral.

Nesse ponto, é cabível uma analogia em forma de crítica às


sustentações orais e audiências de custódia. Isso porque em uma das
magníficas palestras que assistimos do Prof. Aury Lopes Júnior, ele nos
fez refletir que, o preso que é levado à audiência de custódia, por mais
brilhante que seja o trabalho do advogado, tem pouquíssimas chances
de ser colocado em liberdade, pois o Juiz plantonista realizará as
audiências de custódia.

Ou seja, é o mesmo Juiz que recebeu o pedido de liberdade e que se no


seu entendimento fosse caso de soltura, já teria expedido alvará de
soltura em favor do segregado.

Afinal, o que audiência de custódia tem a ver com sustentação oral? Nas
sessões, ocorre o seguinte: o advogado pede preferência com
sustentação oral. Se a tua apelação vai ser provida ou a ordem
concedida, os servidores te avisam o resultado antes, de modo que não
será preciso fazer a sustentação oral, a não ser que ainda assim, se
queira. Porém, se tu fores pra tribuna, significa que, do mesmo modo que
a segregação tende a continuar no caso de audiência de custódia, o teu
recurso tende a não ser provido ou a ordem tende a não ser concedida.

Porém, há casos que sim, com a sustentação oral, os desembargadores


atentam-se a fatos e argumentos que não tenham percebido e discutem
ali mesmo, até com pedidos de vista. Ainda assim, não se deve desistir
ou desestimular a força para buscar a reforma condenatória ou a soltura
do cliente. Por mais difícil que seja em alguns casos, aquela situação te
tornará mais forte e combativo, tornando-se base para o futuro.

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Então, na sustentação oral, como em qualquer ato oral, deve-se seguir


uma lógica: primeiro os cumprimentos aos desembargadores, membro
do Ministério Público, servidores, colegas, estudantes e demais
presentes; em seguida, uma breve contextualização fática e já podemos
passar para o importante, que é destacar os pontos não somente
jurídicos, mas peculiares do caso, do fato, pois o direito em si, os
desembargadores sabem muito bem.

Claro que, se encontrar jurisprudência dos tribunais superiores e até


mesmo da própria câmara, pode citar que em caso idêntico, a câmara
agiu da seguinte forma. Referir conflitos familiares, horário da prisão
contra horário do fato, distância do fato e distância da prisão, diversas
mudanças de data de audiência para configurar excesso de prazo,
condições pessoais, são circunstâncias que devem ser citadas na
sustentação oral. Os detalhes que podem parecer insignificantes, são o
que muitas vezes, fazem a diferença no resultado do recurso.

Portanto, exerça a advocacia criminal de forma artesanal e atenta. Utilize


de todos os meios cabíveis para fazer valer o direito do seu cliente,
aquele que confiou a sua própria liberdade a você.

Converse pessoalmente com o relator do seu recurso, entregue peça


escrita ressaltando os termos do seu pleito, esteja presente no
julgamento e manifeste-se em sede de sustentação oral com excelência,
sabendo a integralidade do caso que está sendo julgado e ressaltando
todos os pontos necessários ao provimento do seu recurso aos
julgadores.

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