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O MPF e a Justiça de Perseguição – Mídia Sem Máscara

A denúncia foi oferecida pelo Grupo de Trabalho Justiça de Transição do MPF. Antes de analisarmos
o tema central do texto, esclareçamos algumas coisas.

1. O Grupo de Trabalho Justiça de Transição (GTJT/MPF)


O GTJT/MPF foi instaurado pela Portaria nº 21, de 25 de novembro de 2011, da 2ª Câmara de
Coordenação e Revisão do MPF. De acordo com a referida portaria, a criação do GTJT/MPF foi “a
sentença prolatada pela Corte Interamericana de Direitos Humanos no Caso Gomes Lund versus
Brasil, em 24 de novembro de 2010, que condenou o Brasil por violações de direitos previstos na
Convenção Americana de Direitos Humanos nos vários episódios conhecidos como Guerrilha do
Araguaia”. O trabalho do GTJT/MPF, todavia, “não se restringirá ao episódio conhecido como
Guerrilha do Araguaia pois, para cumprir os exatos termos da decisão da CIDH [Corte
Interamericana de Direitos Humanos], deve abranger também os ‘outros casos de graves violações a
direitos humanos’.”

Grupo de Trabalho Justiça de


GTJT
Transição, do Ministério Público
Federal.

Como a sentença da CIDH estabelece que


“o Estado não poderá aplicar a Lei de
Anistia em benefício dos autores [de
supostos crimes contra os direitos
humanos], bem como nenhuma outra
disposição análoga, prescrição,
irretroatividade da lei penal, coisa julgada,
ne bis in idem ou qualquer excludente
similar de responsabilidade para eximir-se
dessa obrigação”; sendo assim, o objetivo
do GTJT/MPF é “examinar os aspectos
criminais da decisão da Corte
Interamericana de Direitos Humanos, com
o objetivo de fornecer apoio jurídico e
operacional aos Procuradores da
República” e definir “um plano inicial para
a persecução penal, a identificação de casos abrangidos pela sentença e aptos à incidência da lei
penal, seguindo o princípio da legalidade; a definição do juízo federal perante o qual serão propostas
as ações penais, de acordo com as disposições internacionais e os dispositivos constitucionais e
legais”. Depurando os floreios jurídicos, o papel do GTJT/MPF é, de fato, encontrar maneiras de
atropelar a Lei da Anistia, cuja constitucionalidade foi reafirmada pelo STF em 2010, e promover
uma caça às bruxas de aparente respeitabilidade e respaldo institucional.

2. A sentença da CIDH
A CIDH considera que “a forma na qual foi interpretada e aplicada a Lei de Anistia aprovada pelo
Brasil (supra pars. 87, 135 e 136) afetou o dever internacional do Estado de investigar e punir as
graves violações de direitos humanos, ao impedir que os familiares das vítimas no presente caso
fossem o idos por m j i conforme estabelece o artigo 8 1 da Con enção Americana e iolo o
fossem ouvidos por um juiz, conforme estabelece o artigo 8.1 da Convenção Americana, e violou o
direito à proteção judicial consagrado no artigo 25 do mesmo instrumento, precisamente pela falta de
investigação, persecução, captura, julgamento e punição dos responsáveis pelos fatos, descumprindo
também o artigo 1.1 da Convenção. Adicionalmente, ao aplicar a Lei de Anistia impedindo a
investigação dos fatos e a identificação, julgamento e eventual sanção dos possíveis responsáveis por
violações continuadas e permanentes, como os desaparecimentos forçados, o Estado descumpriu sua
obrigação de adequar seu direito interno, consagrada no artigo 2 da Convenção Americana” (§ 256,
b). Além disso, a referida sentença da CIDH declara (grifo meu):

As disposições da Lei de Anistia brasileira que impedem a investigação e sanção de


graves violações de direitos humanos são incompatíveis com a Convenção Americana,
carecem de efeitos jurídicos e não podem seguir representando um obstáculo para a
investigação dos fatos do presente caso, nem para a identificação e punição dos responsáveis, e
tampouco podem ter igual ou semelhante impacto a respeito de outros casos de graves violações de
direitos humanos consagrados na Convenção Americana ocorridos no Brasil.

Dessa forma, a CIDH estabelece que o Estado brasileiro deve conduzir eficazmente, perante a
jurisdição ordinária, a investigação penal dos fatos do presente caso a fim de esclarecê-los,
determinar as correspondentes responsabilidades penais e aplicar efetivamente as sanções e
consequências que a lei preveja, em conformidade com o estabelecido nos parágrafos 256 e 257 da
presente Sentença.

A rigor, a decisão da CIDH está dizendo que o Brasil deve rasgar não apenas a Lei de Anistia, mas a
própria Constituição, para que os supostos abusos contra os direitos humanos cometidos por agentes
de Estado durante o regime militar sejam punidos.

Esclarecidos esses pontos, passemos à análise do caso em questão.

3. O caso Aluízio Palhano


Aluízio Palhano Pedreira Ferreira foi presidente do Sindicato dos Palhano
Bancários do Rio de Janeiro, presidente da Confederação Nacional
dos Bancários e Vice-Presidente da antiga Central Geral dos
Trabalhadores – CGT. Era integrante do Movimento Nacionalista
Revolucionário (MNR), de Leonel Brizola (com quem tinha estreitas
relações), e, em 1966, foi enviado por este a Cuba para participar da
reunião da Organização de Solidariedade aos Povos da África, Ásia e
América Latina (OSPAAAL), conhecida como Conferência
Tricontinental. Fundada com apoio entusiástico da União Soviética e
da China, o objetivo da OSPAAAL foi bem sintetizado nas palavras de
Che Guevara:

América, continente esquecido pelas últimas lutas políticas de liberação, que começa a fazer-se
sentir através da Tricontinental, na voz de vanguarda de seus povos, que é a revolução cubana,
terão uma tarefa de muito maior relevo: a criação do segundo e terceiro Vietnã do mundo. […] O
ódio como fator de luta, o ódio intransigente ao inimigo, o ódio que impulsiona mais além das
limitações naturais do ser humano e o converte em uma efetiva, violenta, seletiva e fria máquina de
matar. Nossos soldados têm que ser assim, pois um povo sem ódio não pode triunfar sobre um
inimigo brutal.

A OSPAAAL deveria servir de órgão de articulação entre os diversos grupos de agitprop e guerrilha
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ativos nos três continentes (Ásia, África e América). Documentos oficiais de investigação das Forças
Armadas brasileiras informam:

À Conferência Tricontinental compareceram representantes comunistas de 82 países, dos quais 27


latino-americanos, num total de 483 delegados. A delegação do Brasil foi integrada por Aluísio
Palhano e Excelso Ridean Barcelos, indicados por Brizola; Ivan Ribeiro e José Bustos, pelo PCB;
Vinícius José Nogueira Caldeira Brandt, pela Ação Popular; e Félix Ataíde da Silva, ex-assessor de
Miguel Arraes e que residia em Cuba.

Durante todo o encontro, a tônica foi a defesa da luta armada, desde o discurso de abertura,
pronunciado pelo Presidente de Cuba, Oswaldo Dórticos, quando afirmou que “todos os
movimentos de libertação têm o direito de responder à violência armada do imperialismo com a
violência da Revolução”, até o encerramento, com a afirmação de Fidel Castro de que a luta
revolucionária deveria estender-se a todos os países latino-americanos.

Símbolo da OSPAAAL
OSPAAALlogo
A Conferência Tricontinental suscitou, no dia 16 de
janeiro de 1966, a criação da Organização Latino-
Americana de Solidariedade (OLAS), cujo objetivo era
“unir, coordenar e estimular a luta contra o
imperialismo norte-americano, por parte de todos os
povos explorados da América Latina”. Aluísio Palhano
era o representante brasileiro no colegiado máximo que
dirigia a organização. Com a fundação da Vanguarda
Popular Revolucionária (VPR) por membros do antigo
MNR e do grupo Política Operária (POLOP), ingressou
na organização, que era comandada por Carlos
Lamarca. É conveniente lembrar que a VPR queria a
instauração de um regime comunista nos moldes
cubanos no Brasil, e, para isso, não poupou esforços em
ações criminosas – das quais podemos citar o ataque ao quartel-general do II Exército, em São Paulo,
no dia 26 de junho de 1968, que vitimou o soldado Mário Kozel Filho.

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De acordo com a denúncia oferecida pelo GTJT/MPF contra o coronel Ustra e o delegado Gravina,
Palhano também era próximo a Carlos Marighella. Documentos das Forças Armadas informam que,
“de 31 de julho a 10 de agosto de 1967, em Havana, realizou-se a I Conferência de Solidariedade dos
Povos da América Latina (I COSPAL), da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS)”. A
denúncia informa que, de acordo com investigações do Serviço Nacional de Informação (SNI),
“Aloysio Palhano e Carlos Marighella, antes de chegarem ao Brasil, passaram por Montevidéu, onde
mantiveram contatos com Brizola. Ficou então acertado que o Comando Nacional revolucionário
deveria se deslocar para São Paulo, onde iniciaram a estruturação de frentes de luta, contando com o
apoio de líderes sindicais e estudantis filiados à UNE. Tiveram início, então, as atividades terroristas
em São Paulo e outros Estados, com a criação de organizações sob a inspiração de Carlos Marighella.”

4. A denúncia do GTJT/MPF

O documento encaminhado à Justiça


MPFdoB
Federal pelo GTJT/MPF é um legítimo
panfleto apologético contra o regime
militar e a favor daqueles que lutaram pela
implantação de um governo totalitário
comunista no Brasil. Para qualquer pessoa
que lesse o documento inadvertidamente,
sem referência a quem o escreveu, seria
muito provável que se pensasse se tratar de
algum manifesto emitido por alguma das
organizações terroristas de esquerda
daquele período. Saber que a denúncia foi
feita pelo Ministério Público – que, de
acordo com a Constituição Federal (art.
127), “é instituição permanente, essencial à
função jurisdicional do Estado”
responsável pela “defesa da ordem
jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais
indisponíveis” – não é somente
escandaloso, mas aterrador, proporcionando os piores prognósticos possíveis.

A denúncia enfatiza, em diversos pontos, a suposta debilidade da luta armada no Brasil. Ao enfatizar,
por exemplo, que “os dissidentes políticos que haviam se engajado na luta armada estavam, em sua
maioria, presos (cerca de quinhentos dissidentes) ou exilados” e que “a VPR na data de início dos
fatos não chegava a somar cinquenta quadros”, o objetivo é claro: criar uma imagem de desequilíbrio
de forças entre os terroristas e o governo militar, um desequilíbrio que, de alguma forma, suaviza as
ações levadas a cabo pelo terror revolucionário e deslegitima qualquer ação de combate levada a cabo
pelas forças nacionais de segurança.

Outra característica que salta aos olhos é a referência quase exclusiva a indícios testemunhais
fornecidos por pessoas que, a exemplo de Aluízio Palhano, participaram ativamente de grupos
terroristas e guerrilheiros durante o regime militar: Altino Dantas Júnior, que foi membro da Ação
Popular (AP), responsável pelo atentado do Aeroporto de Guararapes, e um dos fundadores do
Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT); Inês Etienne Romeu que pertenceu ao POLOP e
Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT); Inês Etienne Romeu, que pertenceu ao POLOP e
foi uma das fundadoras do Comando de Libertação Nacional (COLINA), grupo ao qual pertenceu a
presidente Dilma Rousseff; Lenira Machado, que integrou o Partido Revolucionário Trotskista;
Edson Lourival Reis de Menezes, integrante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR)
que foi enviado para treinamento militar em Cuba em meados de 1968; e o ex-padre Alípio Cristiano
de Freitas, português radicado no Brasil e um dos responsáveis pelo atentado do Aeroporto dos
Guararapes, levado a cabo pela AP. Não se trata de pessoas que então foram presas e processadas
pelo Estado brasileiro sem motivo plausível: todas essas pessoas pertenceram a organizações que se
utilizavam sistematicamente de assaltos à mão armada, seqüestros, atentados e assassinatos como
forma de combater o regime da época e, assim, implantarem seus próprios regimes ditatoriais.

Não apenas isso. É fato notório que um dos principais meios de ação utilizados pelos grupos
comunistas é a agitprop (agitação e propaganda). Vladimir Lênin, citando o teórico marxista Georgy
Plekhanov, diz:

O propagandista inculca muitas idéias em uma única pessoa, ou em um pequeno número de


pessoas; o agitador inculca apenas uma única idéia, ou um pequeno número de idéias em toda uma
massa de pessoas. […] Por propaganda entendemos a explicação revolucionária de todo o regime
atual, ou de suas manifestações parciais, quer feita de forma acessível a apenas algumas pessoas,
ou às grandes massas: pouco importa. Por agitação, no sentido estrito da palavra, entendemos o
apelo dirigido às massas para certos atos concretos, a contribuição para a intervenção
revolucionária direta do proletariado na vida social.

Georgy Plekhanov
plekhanov
Na guerra de informação e contra-informação necessária ao
proceder revolucionário, a utilização de mentiras, calúnias e
invencionices é algo não apenas corriqueiro, mas
imprescindível. Um exemplo emblemático é o comunicado
preparado pelos guerrilheiros que tentaram, sem sucesso,
seqüestrar o diplomata Curtis Cutter, cônsul norte-americano
em Porto Alegre/RS: o comunicado dizia que, após
interrogatório, o diplomata revelara que trabalhava para a CIA
e que esta agência de inteligência não apenas fornecia
assistência para o Centro de Informações da Marinha
(Cenimar), como também tinha uma rivalidade tão grande com
o SNI que um agente norte-americano havia sido morto por
agentes do SNI, assassinato que foi plenamente abafado pelo governo.

Não se trata apenas de pessoas com um singular dom para a construção de histórias falsas, mas que
receberam treinamento especializado no exterior (Cuba, China, União Soviética, dentre outros países
comunistas) para realizar esse tipo de tarefa. Diante desse contexto, qualquer investigador
minimamente isento, com algum compromisso com a verdade e a justiça, tomaria o testemunho de
pessoas com esse histórico de modo cauteloso, buscando outros indícios que corroborassem os
testemunhos. Os únicos indícios considerados, além dos testemunhais, são os documentos
produzidos pelos serviços de segurança da época – documentos que, é preciso dizer, nada revelam
sobre quaisquer ações ilegais por parte dos agentes de Estado, mas revelam muito sobre a índole e as
atividades não só de Aluízio Palhano, mas das testemunhas em questão. Estas revelações, no entanto,
são solenemente ignoradas pelo GTJT/MPF, que parece selecionar e mesclar com cuidado
excepcional as informações que melhor transformem os terroristas em vítimas indefesas
excepcional as informações que melhor transformem os terroristas em vítimas indefesas.

5. O Pacto de San José


A Convenção Americana de Direitos Humanos, mais conhecida como Pacto de San José, foi
estabelecida em 1969 e assinada pelo governo brasileiro em 1992. De acordo com a sentença da
CIDH, que citamos acima, a Lei de Anistia é incompatível com o Pacto de San José e, por isso, deve
ser atropelada para permitir que as supostas agressões aos direitos humanos sejam investigadas e
punidas pelo governo brasileiro.

Não custa nada repetir:

[…] a forma na qual foi interpretada e aplicada a Lei de Anistia aprovada pelo Brasil (supra pars.
87, 135 e 136) afetou o dever internacional do Estado de investigar e punir as graves violações de
direitos humanos, ao impedir que os familiares das vítimas no presente caso fossem ouvidos por um
juiz, conforme estabelece o artigo 8.1 da Convenção Americana, e violou o direito à proteção
judicial consagrado no artigo 25 do mesmo instrumento, precisamente pela falta de investigação,
persecução, captura, julgamento e punição dos responsáveis pelos fatos, descumprindo também o
artigo 1.1 da Convenção. Adicionalmente, ao aplicar a Lei de Anistia impedindo a investigação dos
fatos e a identificação, julgamento e eventual sanção dos possíveis responsáveis por violações
continuadas e permanentes, como os desaparecimentos forçados, o Estado descumpriu sua
obrigação de adequar seu direito interno, consagrada no artigo 2 da Convenção Americana.

Para uma melhor análise, transcrevo abaixo os artigos mencionados pela sentença (grifos meus).

Artigo 1º – Obrigação de respeitar os direitos

1. Os Estados-partes nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades


nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja
sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma, por motivo de raça, cor, sexo, idioma,
religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, posição
econômica, nascimento ou qualquer outra condição social.

[…]

Artigo 2º – Dever de adotar disposições de direito interno

Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no artigo 1 ainda não estiver


garantido por disposições legislativas ou de outra natureza, os Estados-partes
comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas constitucionais e com as
disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem
necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.

[…]

Artigo 8º – Garantias judiciais

1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido
anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na
determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra
natureza.
[…]

Artigo 25 – Proteção judicial

1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro recurso efetivo,
perante os juízes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem seus direitos
fundamentais reconhecidos pela Constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando
tal violação seja cometida por pessoas que estejam atuando no exercício de suas funções oficiais.

2. Os Estados-partes comprometem-se:

a) a assegurar que a autoridade competente prevista pelo sistema legal do Estado decida sobre os
direitos de toda pessoa que interpuser tal recurso;

b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e

c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades competentes, de toda decisão em que se tenha


considerado procedente o recurso.

Algo que notamos de antemão é a ausência de qualquer menção a familiares das vítimas no artigo 8.1
do pacto. Em segundo lugar, um artigo imprescindível para uma análise do caso em questão parece
ter sido convenientemente esquecido pela decisão da CIDH: o artigo 13 do

Pacto de San José. Ei-lo (grifos meus):

Artigo 13 – Liberdade de pensamento e de expressão

1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de expressão. Esse direito


inclui a liberdade de procurar, receber e difundir informações e idéias de qualquer natureza, sem
considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por
qualquer meio de sua escolha.

2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar sujeito à censura prévia, mas
a responsabilidades ulteriores, que devem ser expressamente previstas em lei e que se façam
necessárias para assegurar:

a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas;

b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde ou da moral


públicas.

3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias e meios indiretos, tais como o abuso de
controles oficiais ou particulares de papel de imprensa, de freqüências radioelétricas ou de
equipamentos e aparelhos usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros meios
destinados a obstar a comunicação e a circulação de idéias e opiniões.

4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com o objetivo exclusivo de regular
o acesso a eles, para proteção moral da infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto no
inciso 2.

5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como toda apologia ao
ódio nacional racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação à
ódio nacional, racial ou religioso que constitua incitamento à discriminação, à
hostilidade, ao crime ou à violência.

Ora, as atividades nas quais Aluízio Palhano e as testemunhas citadas na denúncia do GTJT/MPF se
concentravam exatamente nesse campo. Em contrapartida, o coronel Ustra e o delegado Gravina
atuavam então justamente para que a lei fosse cumprida. No entanto, os homens que outrora
trabalharam na manutenção da ordem pública e na garantia de segurança aos cidadãos brasileiros
são hoje tidos por reles criminosos – assunção essa que se baseia, no mais das vezes, tão-somente nos
testemunhos daqueles que não só lutaram pela implantação do totalitarismo comunista em solo
pátrio, mas também receberam todo treinamento necessário para ludibriar, inventar histórias
convincentes e mentir descaradamente.

6. Lei de Anistia x “desaparecimento forçado”

A tese do GTJT/MPF é a de que o desaparecimento de Aluízio Palhano, imputado ao coronel Ustra e


ao delegado Gravina, caracteriza-se como sendo “desaparecimento forçado”. O “desaparecimento
forçado” ocorre quando alguém, após seqüestro, desaparece sem que haja indícios sobre sua
localização e seu estado, situação que pode se perpetuar por décadas. Assim, “o homicídio não passa
de mera especulação”. O que impede a utilização dessa tese é a existência de alguma lei ou sentença
judicial que estabeleça a provável morte da vítima. Nesse sentido, a denúncia do GTJT/MPF diz
(grifos meus):

Não se desconhece, obviamente, o conteúdo da Lei nº 9.140/95, cujo texto reconhece a vítima
Aluízio Palhano Pedreira Ferreira e outros 135 dissidentes políticos como mortos.

Ocorre, todavia, que a norma em questão foi editada com o simples objetivo de favorecer
os familiares dos desaparecidos políticos, possibilitando-lhes o recebimento de reparações
pecuniárias e também a prática de atos de natureza civil, notadamente nas áreas de família e
sucessões.

Entretanto, não é isso que diz a Lei nº 9.140/95 (grifo meu):

Art. 1º – São reconhecidos como mortas, para todos os efeitos legais, as pessoas que tenham
participado, ou tenham sido acusadas de participação, em atividades políticas, no período de 2 de
setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, e que, por este motivo, tenham sido detidas por agentes
públicos, achando-se, deste então, desaparecidas, sem que delas haja notícias.

A lei é claríssima: os “dissidentes políticos” (nome eufemístico para aqueles que seqüestraram,
assaltaram e mataram em nome da revolução comunista) listados no anexo da lei – dentre os quais se
encontra Aluízio Palhano Pedreira Ferreira – são considerados oficialmente mortos para todos os
efeitos legais, inclusive penais. Ainda que a fantasiosa possibilidade de o coronel Ustra e o delegado
Gravina serem realmente culpados pelo desaparecimento de Palhano fosse verdade, este foi
declarado oficialmente morto, o que faz cair por terra a tese do “desaparecimento forçado” e coloca os
supostos réus sob a proteção da Lei de Anistia.

7. Conclusão
Gramsci preconizava a infiltração comunista em todos os níveis do Estado para, desde dentro,
promover a revolução cultural e, pouco a pouco, deformar a sociedade, moldando-a ao bel-prazer da
causa revolucionária. A educação foi o primeiro foco de ação gramsciana no Brasil – no que muito
contribuiu Paulo Freire, seguidor tanto de Gramsci quanto de Althusser – e, nos tempos hodiernos,
vemos o resultado dessa contaminação
vemos o resultado dessa contaminação.

O GTJT/MPF é hoje comandado pelo Dr. Ivan Cláudio Marx (quanta ironia!), Procurador da
República no Município de Uruguaiana/RS. Em seu artigo “O julgamento pela Corte Interamericana
de Direitos Humanos e a Possível Efetivação do Direito à Justiça no Brasil”, publicado no início de
2011, o procurador deixa bem clara qual é a sua posição sobre a Guerrilha do Araguaia: “verdadeiro
massacre [que] foi marcado pela total liberdade de atuação dos aparatos de repressão, não havendo,
até hoje, maiores esclarecimentos sobre o paradeiro dos muitos desaparecidos.” Em um outro artigo,
“Sociedade civil e sociedade civil organizada: o ser e o agir” (publicado em 2006), o procurador deixa
bem clara a sua herança intelectual: Hegel, Marx e Gramsci. Se a própria existência do GTJT/MPF já
é algo detestável, vê-lo coordenado por um homem do calibre do procurador Marx é o mesmo que ver
o galinheiro entregue nas mãos da raposa.

Ivan Cláudio Marx


Ivan Claudio Marx
Os malabarismos jurídicos da denúncia do GTJT/MPF, de
colorido político bastante evidente, mostram de maneira
inequívoca a que ponto chegou o aparelhamento e a
instrumentalização do Estado em nome da revolução. Os
derrotados de outrora não apenas se apropriaram de
setores estatais estratégicos, como dele fazem uso como
bem entendem – especialmente para levar a cabo vinganças
particulares e alimentar ódios antigos. O Estado de Direito
em solo brasileiro está sendo vilipendiado
progressivamente. Nos aproximamos cada vez mais, dia
após dia, de um regime totalitário, e as evidências são mais
do que meros devaneios conspiracionistas: são provas
incontestáveis. Carlos Alberto Brilhante Ustra e Dirceu
Gravina, homens que dedicaram suas vidas para que isso não ocorresse, são imolados em praça
pública para o deleite daqueles que, outrora terroristas, hoje agem como senhores da nação, como
donos do Brasil.

Além do cristalino papel revolucionário do GTJT/MPF, algo que merece ser destacado é o desprezo
pela soberania nacional típico da mentalidade globalista. A assunção de que o Estado brasileiro deve
ser subserviente a um organismo internacional, ainda que essa subserviência represente uma ameaça
frontal à segurança jurídica e à normalidade constitucional no Brasil, é uma idéia abjeta. Nesse
sentido, o GTJT/MPF não trabalha apenas como títere da perseguição oficiosa àqueles que atuaram
como agentes de Estado durante o regime militar, mas adota uma posição frontalmente contrária à
soberania nacional brasileira.

Felipe Melo edita o blog da Juventude Conservadora da UnB.

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