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Alexander Berzin
Maio de 2003
Introdução
Muitos membros superiores do regime nazi, incluindo Hitler, mantinham crenças ocultas
bizantinas. Entre 1938 e 1939, impelidos por essas crenças, os alemães enviaram uma
expedição oficial ao Tibete, a convite do governo tibetano, para assistir às celebrações do
Losar (Ano Novo).
O Tibete tinha sofrido uma longa história de tentativas de anexação pelos chineses e de falhas
britânicas de prevenir a agressão ou proteger o Tibete. Sob Stalin, a União Soviética perseguiu
severamente o budismo, especificamente a forma tibetana praticada entre os mongóis dentro
das suas fronteiras e do seu satélite, a República Popular da Mongólia (Mongólia Exterior).
Pelo contrário, o Japão apoiava o budismo tibetano na Mongólia Interior, que tinha anexado
como parte de Manchukuo, o seu estado-fantoche na Manchúria. Alegando que o Japão era
Shambhala, o governo imperial estava tentando ganhar o apoio dos mongóis, sob seu domínio,
para uma invasão da Mongólia Exterior da Sibéria com o propósito de criar uma confederação
pan-mongol, sob proteção japonesa.
[Para mais pormenores, veja: O Envolvimento Russo e Japonês com o Tibete Pré-Comunista:
O papel da Lenda de Shambala {2} {4}.]
antiga, o seu povo emigrou para o sul. Escrevendo em 1679, o autor sueco Olaf Rudbeck
identificou o povo da Atlântida com os hiperboreanos e situou este último no pólo norte. De
acordo com várias narrativas, a Hiperbórea dividiu-se nas ilhas de Thule e Ultima Thule, que
algumas pessoas identificaram com a Islândia e a Gronelândia.
O segundo ingrediente era a ideia de uma terra oca. No fim do século XVII, o astrónomo
britânico Sir Edmund Halley sugeriu pela primeira vez que a terra era oca, consistindo em
quatro esferas concêntricas. A teoria da terra oca excitou as imaginações de muitas pessoas,
especialmente com a publicação, em 1864, da Viagem ao Centro da Terra do novelista
francês Júlio Verne.
Em The Arctic Home of the Vedas (1903), um dos primeiros defensores da liberdade indiana,
Bal Gangadhar Tilak, deu mais um toque ao identificar a emigração dos Thuleanos para o sul
com a origem da raça ariana. Assim, muitos alemães no início do século XX acreditavam que
eram os descendentes dos arianos que tinham emigrado da Hiperbórea-Thule para o sul e que
estavam destinados a se tornarem a raça mestra dos super-homens através do poder de vril.
Hitler era um deles.
Em 1919, a sociedade criou o Partido Alemão dos Trabalhadores. Começando mais tarde,
nesse ano, Dietrich Eckart, um membro do círculo mais restrito da Sociedade de Thule,
iniciou Hitler na sociedade e começou a treiná-lo nos seus métodos para utilizar o poder de
vril para a criação de uma raça ariana de super-homens. Hitler teve uma inclinação para o
misticismo desde a sua juventude, quando estudou o Oculto e a Teosofia em Viena. Mais
tarde, Hilter dedicou o Mein Kampf a Eckart. Em 1920, Hitler tornou-se líder do Partido
Alemão dos Trabalhadores, renomeando-o então para Partido Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães (Partido Nazista).
Após ter servido como general na Primeira Guerra Mundial, Haushofer fundou a Sociedade
Vril, em Berlim, em 1918. Partilhava as mesmas crenças básicas que a Sociedade de Thule, e
dizem que era o seu círculo mais restrito. A Sociedade procurou contatar seres sobrenaturais
debaixo da terra para deles obter os poderes de vril. Afirmou também que a raça ariana tinha
tido origem na Ásia central. Haushofer desenvolveu a doutrina da Geopolítica e, nos finais da
década de 1920, tornou-se diretor do Instituto de Geopolítica da Universidade
Ludwig-Maximilians, em Munique. A geopolítica advogava a conquista de territórios, para
obter mais espaço vital (Alemão: Lebensraum), como um instrumento de obtenção de poder.
Rudolf Hess era um dos estudantes mais próximos de Haushofer e, em 1923, levou-o junto a
Hitler quando este estava preso devido ao seu golpe de estado falhado. Posteriormente,
Haushofer visitou o futuro Führer com frequência, ensinando-lhe geopolítica em associação
com as idéias das sociedades de Thule e Vril. Assim, quando Hitler se tornou chanceler em
1933, adotou a geopolítica como sua política a fim de a raça ariana conquistar a Europa
Oriental, a Rússia e a Ásia central. A chave para o sucesso seria encontrar os antepassados da
raça ariana na Ásia central, os protetores dos segredos de vril.
A Suástica
A suástica é um antigo símbolo indiano de boa sorte imutável. "Suástica" é um
aportuguesamento da palavra sânscrita svastika, que significa o bem-estar ou a boa sorte.
Usada por hindus, budistas e jainistas durante milhares de anos, também se tornou difundida
no Tibete.
A suástica também apareceu na maioria das outras culturas antigas do mundo. Por exemplo, a
sua variação anti-horário [no sentido contrário à direção em que os ponteiros do relógio se
movem], adotada pelos nazis, também é a letra "G" no sistema de escrita rúnico medieval, do
norte da Europa. Os Mações Livres tomaram a letra como um símbolo importante, dado que
"G" poderia representar God [Deus], o Grande arquiteto do universo, ou a Geometria.
Nos finais do século XIX, Guido von List adotou a suástica como emblema para o movimento
Neo-Pagão da Alemanha. No entanto, os alemães não usaram a palavra sânscrita suástica, mas
em vez disso chamaram-na "Hakenkreutz", significando "cruz enganchada". Derrotaria e
substituiria a cruz, assim como o neo-paganismo derrotaria e substituiria o cristianismo.
A Suástica 4
A Ligação Nazi com Shambhala e Tibete
Em 1924, em Frohnau, Berlim, Paul Dahlke fundou a Buddhistischen Haus (Casa para
Budistas). Estava aberta a membros de todas as tradições budistas, mas apoiava
principalmente as tradições Theravada e japonesa, visto que eram naquela época as mais
amplamente conhecidas no ocidente. Em 1933, alí se realizou o primeiro Congresso Budista
Europeu. Os nazis permitiram que a Casa para Budistas permanecesse aberta durante a guerra,
mas controlavam-na firmemente. Como alguns membros sabiam chinês e japonês, agiam
como tradutores para o governo em troca da tolerância ao budismo.
O Ahnenerbe
Sob a influência de Haushofer, Hitler autorizou Frederick Hielscher, em 1935, a estabelecer o
Ahnenerbe (Departamento para o Estudo da Herança Ancestral) com o coronel Wolfram von
Sievers como diretor. Entre outras funções, Hitler encarregou-o de pesquisar runas germânicas
e as origens da suástica, e situar a origem da raça ariana. Tibete era o candidato mais
prometedor.
Alexander Csoma de Körös (Körösi Csoma Sandor) (1784-1842) era um erudito húngaro
obcecado pela busca das origens do povo húngaro. Com base nas afinidades linguísticas entre
o húngaro e as línguas turcomanas [ou túrquicas], achava que as origens do povo húngaro se
encontravam no "reino de Yugurs (Uighurs)", no Turquistão Oriental (Xinjiang, Sinkiang).
Ele acreditava que se conseguisse chegar a Lhasa, lá iria encontrar as chaves para localizar a
sua terra de origem.
Haushofer não era a única influência no interesse de Ahnenerbe pelo Tibete. Hielscher era
amigo de Sven Hedin, o explorador sueco que tinha conduzido expedições ao Tibete em 1893,
em 1899-1902 e em 1905-1908, e uma expedição à Mongólia em 1927-1930. Favorito dos
nazis, Hitler convidou-o a pronunciar o discurso de abertura dos Jogos Olímpicos de Berlim,
Em Fest der weissen Schleier: Eine Forscherfahrt durch Tibet nach Lhasa, der heiligen Stadt
des Gottkönigtums (Festival dos Cachecóis Brancos de Gaze: Uma Expedição de
Investigação através do Tibete a Lhasa, a Cidade Santa da Terro do Rei-Deus) (1950), Ernst
Schäfer descreveu as suas experiências sobre a expedição. Durante as festividades, relatou ele,
o Oráculo de Nechung avisou que, embora os alemães tivessem trazido presentes e palavras
doces, o Tibete deveria ter cuidado: o líder da Alemanha é como um dragão. Tsarong, o
anterior líder pró-japonês das forças armadas tibetanas, tentou suavizar a predição. Disse que
o Regente tinha ouvido muito mais do Oráculo, mas que ele próprio não estava autorizado a
divulgar os detalhes. O Regente reza diariamente para que não haja guerra entre os ingleses e
os alemães, dado que isto também viria a ter consequências terríveis para o Tibete. Ambos os
países devem compreender que todas as boas pessoas devem rezar o mesmo. Durante o resto
da sua estada em Lhasa, Schäfer reuniu-se frequentemente com o Regente e teve com ele um
bom relacionamento.
O Ahnenerbe 6
A Ligação Nazi com Shambhala e Tibete
Com exceção do fato de que Himmler não estabeleceu o Ahnenerbe, mas, em vez disso,
incorporou-o nas SS em 1937, o relato de Ravenscroft contém outras afirmações dúbias. A
principal é o suposto suporte de Agharti pela causa nazi. Em 1922, o cientista polaco
Ferdinand Ossendowski publicou Bestas, Homens e Deuses, descrevendo as suas viagens
através da Mongólia. Nele, relatou ter ouvido falar do reino subterrâneo de Agharti sob o
deserto Gobi. No futuro, os seus poderosos habitantes viriam à superfície salvar o mundo do
desastre. A tradução alemã do livro de Ossendowski Tiere, Menschen und Götter apareceu em
1923 e tornou-se muito popular. Sven Hedin contudo publicou, em 1925, Ossendowski und
die Wahrheit (Ossendowski e a Verdade), através do qual denunciou as afirmações do
cientista polaco. Chamou a atenção de Ossendowski ter recolhido a ideia sobre Agharti da
novela de Saint-Yves d'Alveidre, escrita em 1886, intitulada Mission de l'Inde en Europe
(Missião da India na Europa) para tornar a sua história mais atraente para o público alemão.
Dado que Hedin tinha uma forte influência no Ahnenerbe, é improvável que este
departamento tivesse enviado uma expedição especificamente para encontrar Shambhala e
Agharti e, subsequentemente, tivesse recebido auxílio do último.
Links
{1} http: / / www.teozofija.info / Berzin_Shambhala.htm
{2} http: / / www.berzinarchives.com / web / pt / archives / advanced / kalachakra / shambhala
/ russian_japanese_shambhala.html
{3} http: / / www.berzinarchives.com / web / pt / archives / advanced / kalachakra / shambhala
/ mistaken_foreign_myths_shambhala.html
{4} http: / / www.berzinarchives.com / web / pt / archives / advanced / kalachakra / shambhala
/ russian_japanese_shambhala.html
{5} http: / / www.berzinarchives.com / web / pt / archives / advanced / kalachakra / shambhala
/ mistaken_foreign_myths_shambhala.html
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