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SOCIEDADE DO FUTURO – DEMOCRACIA E PODER

Lucas Dias dos Santos1


Isabella Alvarenga Lobo Frazão 2

 Objetivo

O presente plano de ação tem como objetivo proporcionar uma reflexão acerca dos temas
“democracia e poder”, ancorado na Filosofia e nas Ciências Sociais. Num sentido dialético,
entendemos a construção social da realidade através da negação das ideias: A+B não é igual a
AB; A+B é igual a C. Portanto, em um processo dialógico, através de questões levantadas e
problematizadas pelos e pelas próprios/as alunos e alunas, tentamos incitá-los a reflexão, com
a Filosofia, o que a realidade deveria ser, com a Sociologia, o que a realidade é.

 Relevância para a comunidade

Em concordância dos alunos que produzem este plano, entendemos a atual conjuntura política
e social do país como resultado, não somente, do golpe parlamentar que a ex-presidenta sofreu.
A proposta do plano de ação, que tem como título “Sociedade do Futuro – Democracia e
Poder”, juntamente a ideia de que, segundo a Lei 9.394/96 e a alínea “c”, do artigo 35, da
mesma Lei, uma das finalidades do Ensino Médio é a construção da cidadania do educando e
“o aprimoramento do educando, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia
intelectual e do pensamento crítico (inciso III)”, é despertar entre o alunato abordado, uma
consciência social e/ou política crítica, através do espaço de discussão possibilitado pela
Filosofia e Sociologia, para que possam ser capazes de participar das decisões e processos para
que construam um futuro melhor, em suas perspectivas.

 Plano de Ação e Psicologia da Educação

Adotando a perspectiva histórico-cultural, encaramos a adolescência como uma construção


social e, como futuros professores, quisemos partir dessa percepção. A adolescência como

1 Lucas Dias é graduando em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília

2 Isabella Alvarenga é graduanda em Filosofia pela Universidade de Brasília


construção social deve ser trazida para a discussão, para que os alunos se entendem já como
cidadãos neste momento de suas vidas para que possam e devam pensar política e agir
politicamente. A ideia é que o exercício da cidadania comece cedo, num sentido de criar uma
cultura cívica. Em referência ao Benjamin Constant (1985), a liberdade, para os antigos,
significava a participação política, quanto mais participação, mais liberdade. Sentiam-se
honrados pelo que valia seu voto. É certo que as condições sociais e materiais para este tipo de
vida eram outras, então, nos agarremos a ideia e desenvolvamos algo semelhante a esta ideia
de liberdade.

 Execução do Plano de Ação

Ao chegarmos na escola, entramos em sala. Pegamos 9 alunos e alunas e dividimos entre os


Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). Retiramo-los de sala e pedimos que
criassem uma sociedade no futuro; concomitante a esta atividade, os alunos e alunas
desenvolviam como queriam que fosse a sociedade do futuro. Depois juntamos os Três Poderes
ao resto da turma. Começamos recolhendo os papéis que eles e elas haviam escrito. Fizemos
perguntas como, “por que vivemos em sociedade?”; “por que devemos viver em sociedade?”;
“qual o papel do adolescente na construção e participação política?”, etc. Durante a conversa
(no lugar de aula), a discussão sobre uma juventude política foi levantada e eles entenderam
que podem e devem participar dos processos políticos, com manifestações, por exemplo.
Depois lemos as frases e textos que eles e elas haviam feito e abrimos para discussão. Exemplo:
“no futuro eu quero que tenha menos arrastão quando eu sair da escola”, após isso perguntas
como “para que haja menos arrastões no futuro, é necessário que haja mais policiais ou menos
bandido. Por quê?”, foram feitas para que os alunos e alunas pudessem refletir sobre. Houveram
concordâncias e discordâncias. No fim, opiniões como “bandido bom é bandido morto” foram
repensadas. Autores como Max Weber, John Locke, Thomas Hobbes e Rousseau foram
trabalhados, com a ideia de Estado e Contrato Social. Ao fim, os Três Poderes se dispuseram
frente à sala e anunciaram a Constituição Federal feita para a sociedade no futuro, os alunos
que não concordassem poderiam se mobilizar para retirar o “poder” das mãos dos governantes.
A forma encontrada de protesto foi estourar os balões os quais governantes seguravam; dentro
dos balões haviam frases acerca da soberania popular e que todo poder emana do povo e, ainda,
que às vezes a ideia de se pensar coletivamente é interessante para a administração e
transformação da realidade.
 Feedback

Ao término da execução da atividade, os/as alunos e alunas manifestaram a significação que


tiveram ao participar do que foi proposto. Efetivamente reconheceram a importância de se
participar ativamente da política, conhecendo as leis que subjugam o Estado, no sentido de que
precisam ser debatidos assuntos dos quais condizem com a realidade deles e delas como a
violência policial, escassez de recursos necessários na educação e saúde, a homofobia e o
machismo, de tal forma que perceberam com toda certeza que para pôr fim na corrupção do
país, é fundamental um processo de mudanças nos posicionamentos cujo se tem como cidadãos
e cidadãs, assim como exemplos dado pelos discentes em aula, foi à maneira de demonstração
da participação política ativa é na verdade quando se vota conscientemente em pessoas que
deveriam representar e brigar pelos nossos direitos no Congresso Nacional.

Análise da Ação

I. Introdução

A escolha do tema foi norteada por um campo epistêmico que, aparentemente, vem ganhando
visibilidade dentro das produções acadêmico-científicas: a experiência. Segundo Maria Isaura
Queiroz (1999), a escolha do tema de pesquisa não é neutra, ela parte e se relaciona com as
subjetividades e biografias dos autores. Imerso numa sociologia pragmática ou de guinada
pragmatista, me vi seduzido pela ideia de tentar me utilizar das ferramentas pragmáticas em
sala de aula, a saber, a noção de um indivíduo em situ, os indivíduos agindo em situação, em
contexto, assumindo sua não-passividade. Para além da minha área formativa, em consonância
com nossas experiências passadas, nossos desejos, pensamos como nós, enquanto ex-
estudantes do ensino médio, no passado, gostaríamos de ter tido aulas ao decorrer da formação.
Com a soma da sociologia pragmática e nossas experiências e desejos passados pensamos, “não
queríamos ouvir um professor nos conceituar o que é desigualdade social. Nós sabíamos o que
era e é, nós vivemos imersos num contexto desigual”. Nós não queríamos ouvir, nós queríamos
falar, nós gostaríamos de ter tido uma experiência de rompimento com essa forma de ensino-
aprendizagem, se é que se pode chamar esta relação de “ensino-aprendizagem”. Essa relação
professor-aluno não nos cabe mais, “de um lado, um emissor (conhecimento técnico-
científico); do outro, um receptor (sujeito passivo destituído de saber) que deveria
conscientizar-se e/ou apropriar-se de um saber competente”, (HECKERT, 2007). Partindo
desta percepção, tentaremos propor uma reflexão acerca das formas de ensino e suas
implicações para uma formação crítica.

II. A ideia
Tentamos pensar em um tema que não fosse tão chato para se trabalhar, mas no fim, olhando
para as possibilidades, não conseguimos pensar em nada de tão diferente, dada a limitação em
relação ao nosso processo de formação, que está no início. Resolvemos olhar para os textos
trabalhados na disciplina, então “A perspectiva sócio-histórica de Leontiev e a crítica à
naturalização da formação do ser humano: a adolescência em questão” se mostrou como uma
luva no processo de construção do plano de ação já que, segundo o texto, a adolescência é uma
construção social, portanto, há a possibilidade de desconstruí-la e estimular os e as adolescentes
à participação política. A instabilidade política no país; crise na universidade; desejo de dar voz
aos e às estudantes; construção social da realidade e participação política se complementaram
muito bem com a ideia de construção da “sociedade do futuro”. Tudo parecia se encaixar. Ao
fim, tínhamos um quebra-cabeça. A ideia parecia excelente, mas nos faltava a ideia de como
juntar as peças e que no processo de construção (montagem do quebra-cabeça) não ficasse algo
chato, já que a ideia era tratar algo sério, mas de uma forma descontraída para que as pessoas
realmente se interessassem e participassem. No fim, deu tudo certo.

III. A execução – Certo ou errado? Por uma abertura à atenção inventiva

Comecemos pelos resultados. Ao fim, o professor de filosofia que cedeu suas aulas para
aplicarmos a ação nos disse algo próximo a: “Como vocês conseguiram fazer isso? Ficamos
aqui três anos com esses alunos e às vezes não conseguimos mudar o pensamento deles”. Nos
apoiando no conceito breakdown (há dois subtipos, trabalharemos apenas com um), que
“define-se ‘breakdown’ como efeitos que se expressam na ação dos sujeitos frente a momentos
de ruptura do foco atencional”, (NARDIN & SORDI, 2007, p. 102). Segundo Nardin & Sordi,
existe um breakdown de atenção inventiva, ou seja, quando se faz uma pergunta, o docente
espera uma resposta “certa”. Se o aluno está com a atenção inventiva, ele pode dar uma resposta
que pode ser lida como errada, no entanto, esta resposta se remete a experiências passadas que
remetem àquela pergunta. Ao responder “errado”, o aluno é repreendido (denúncia dos próprios
estudantes).
O primeiro ponto que percebemos é a resposta do docente de filosofia, “não conseguimos mudar
o pensamento deles”. Em dado momento, onde as autoras comparam comunicação
informacional que “será definida, neste estudo, por sua preocupação com a informação”
(NARDIN & SORDI, 2007, p. 103), que são ancoradas naquilo que se quer ouvir, em
contraposição da “dinâmica comunicativo-dialógica implica na valorização do pensamento”,
(NARDIN & SORDI, 2007, pp. 104-105) que há uma valorização naquilo que é dito, a conversa
não é para outra pessoa, e sim com outra pessoa. Esta contraposição de comunicação nos
remete ao texto de Heckert (2007), no debate sobre escuta surda e escuta por experimentação,
onde uma é escuta morta, escuta-se aquilo que ser quer ouvir e não se comunica com, mas se
comunica para. Necessitamos de uma escuta como experimentação, vivenciar aquilo, estarmos
abertos a novas possibilidades, abrindo as janelas e esperando o novo, o inesperado, tirando
proveito disso tanto para o ensino, como para aprendizagem.
Os estudantes se mostram resistentes a aceitar essa “mudança” e se sentem pouco confortáveis
para realmente participar das aulas. Talvez, o melhor caminho não seja o de “mudar o
pensamento deles”, mas sim propor uma reflexão sobre os temas e questões e mediar o
conhecimento, não impô-lo.
Ao decorrer da ação, uma frase foi dita como resposta a um desejo, “O Brasil que eu quero é
uma saída da escola sem arrastões". A respostas foi a seguinte, “bandido bom é bandido morto”.
Ao lermos esta frase pelos termos constitucionais ou dos Direitos Humanos, ela é considerada
errada. No entanto, como estávamos em sala de aula, nosso dever não era de repreender, mas
sim, primeiro tentar entender suas motivações para esta afirmação e segundo, estimular uma
reflexão se essa era realmente a melhor saída. Lemos a afirmação “bandido bom é bandido
morto”3 como um breakdown de atenção inventiva, se ela foi proferida com base em
experiências passadas de revolta, sentimentos de impunidade ou solução para um problema.
Para o professor, alunos que saem com esse tipo de pensamento da escola é um caso perdido,
espera que “a vida os ensine, já que a escola não conseguiu”. Segundo Bachelard (1998), o
professor não tem não tem senso do fracasso, porque se acha um mestre, por consequência, a
culpa é sempre do aluno. O problema nunca é de ensino, mas sempre de aprendizagem.

IV. Função social da escola: entre a sociedade e o mercado

3 Interpretamos a morte simbolicamente como o fim, isto é, se os estudantes queriam o fim de algo e a
resposta foi expressa com a morte, ela nada mais representa do que um fim.
Por diversos momentos, os e as estudantes nos contaram como é chato e acham errado a forma
que os professores trabalham. Segundo o alunato, “é chato vir pra escola, ter que estudar umas
coisas que não fazem sentido e que só serve pra fazer uma prova. Eles não nos ensinam a pensar,
eles nos ensinam a reproduzir conhecimentos para o PAS e ENEM”. Embora os estudantes não
tenham deixado claro o que gostariam de fazer na escola além de “aprender” um conhecimento
para reproduzi-lo, nós tomamos liberdade para fazer uma interpretação acerca de suas falas.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases (nº 9.394/96), a educação tem “por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o mercado de trabalho” (BRASIL, 1996, art. 2º - grifo nosso). Ao olharmos as denúncias
dos estudantes, evidencia-se o direcionamento pedagógico cujo o qual a instituição de ensino
trabalha4: estão preparando-os aos vestibulares. Por fim, no curso de ensino como um todo, o
estágio final é o mercado de trabalho.
“A primeira coisa que gostaria de dizer sobre a experiência é que é necessário separá-la da
informação”, (Bondía, 2002). Nos parece completamente aceitável tratar o que é-se trabalhado
nas escolas como “informação” e que, portanto, condiz com a proposta da LDB, acerca do
preparo ao mercado de trabalho, já que entendemos conhecimento dividido em dois, a saber,
informação e experiência. Parece-nos coerente o conhecimento informacional, isto é, um
conhecimento de informação para sua replicabilidade a determinadas funções, são estas: fazer
provas para chegar a um novo estágio de formação educacional formal, pelas instituições.
Ainda segundo Bondía (2002), “a experiência é que o nos passa, o que nos acontece, o que nos
toca. Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca”. Não há como fomentar uma
formação para o exercício da cidadania com o conhecimento de informação; é necessário que
haja um conhecimento pautado nas experiências. A realidade social se constrói a partir das
interações, e elas são múltiplas. As escolas estão estruturadas num modelo de fábrica, onde há
caixinhas específicas para coisas específicas. É tudo muito fragmentado. Há aí, uma crise de
percepção.

4
Há uma contraposição da visão dos professores a dos estudantes, esta, será abordada nas considerações
finais
Neste sentido, enquanto produtora de peças ao mercado de trabalho5, a escola6 vem se dando
bem. No entanto, enquanto agente de preparo ao exercício da cidadania, a escola deixa a desejar,
segundo a fala dos próprios alunos e alunas. Talvez a explicação para isso seja que os
professores: a) não veem necessidade para isso porque são adolescente; b) não é prioridade por
conta do direcionamento pedagógico na escola; c) não há recurso (no sentindo de como é
estruturado os Parâmetros Nacionais Curriculares). Ou uma soma de tudo isso.

V. Cidadania e adolescência

“Como ninguém sabe direito o que é um homem ou uma mulher, ninguém sabe também o que
é preciso para que um adolescente se torne adulto”, (BOCK, 2004, p.34).
Bock (2004) se propôs a estudar a adolescência dentro da psicologia. Fez uma revisão de
bibliografia e durante seus estudos conclui que a adolescência é uma fase natural do
desenvolvimento do humano, segundo a psicologia pesquisada, que a naturalizou. Ainda no
mesmo estudo, Bock (2004) mapeia as características dos adolescentes, segundo a revisão de
bibliografia e, por vezes, são taxados com caraterísticas pouco valorizadas na sociedade. A
relação dos jovens com os adultos é sempre conflituosa, recomenda-se paciência e que é uma
fase passageira: aí se apresenta a adolescência como um estágio transitório do
desenvolvimento, que culminaria na idade adulta.
Em contraposição a estas ideias, baseada em Adélia Clímaco (1991), Bock (2004) vê o processo
de construção social da adolescência, ela faz um mapeamento histórico para uma possível
resposta. As coisas mudam com o advento da Primeira Revolução Industrial, quando o trabalho
sofisticou-se, necessitando mais tempo para a formação, esta formação era adquirida na escola.
Reuniu-se num mesmo espaço jovens e afastando-os do mercado de trabalho. O desemprego
estrutural da emergente sociedade exigiu um retardo deste grupo no mercado de trabalho e
aumentou os requisitos para o ingresso, o que foi respondido com o aumento no tempo em
escola. Com isso, gerou-se dependência dos filhos em relação aos pais. Aumento de

5 Cabe destacar que quando falamos em mercado de trabalho, nos referimos ao mercado que não
exige uma formação mais específica, como um curso de nível superior ou técnico
6 A escola que tratamos neste texto em específico é o Centro de Ensino Médio 404, Santa Maria – DF.
Falas com base única e exclusivamente da experiência desta escola.
qualificação técnica, extensão do período escolar e dependência econômica dos pais: foram
dadas cartas para uma nova categoria social.
Talvez seja este o motivo de resistência que pais e professores têm em relação aos jovens, a
falta de experiência é um marco para a impossibilidade de tomada de decisões. Embora essa
seja a acusação recorrente, pais e professores nada fazem em relação a isso. Esperam que a
solução caia do céu, a vida adulta trará a resposta. Ao entendermos esta construção social da
adolescência, podemos nos questionar o real significado do ser-adolescente na sociedade e
devemos nos questionar se estes não devem participar dos processos políticos – afinal,
cidadania se constrói na prática e, portanto, não devemos impossibilitá-los de participar e agir
politicamente. Na Sociedade do Futuro, que é resultado do presente, não serão os adultos, os
principais usufrutuários deste mundo que se constrói, portanto, é coerente que os adolescentes
adentrem a vida pública.
Segundo Silva (2004), não existe uma linearidade no curso de desenvolvimento humano, a fase
adulta não é um ápice do gozo de experiências cujo as quais foram acumuladas. O que define
como o ser pensa e age é a situação em que se encontra. Se é a situação que define como se
pensa e como se age, temos novamente a confirmação de nossa ideia sobre a participação dos
jovens enquanto construtores de uma sociedade.

VI. A perspectiva do professor na inserção de assuntos complexos

Por meio da interação em sala de aula, foi observado que os alunos da instituição se sentiram à
vontade para reproduzir os seus pensamentos diante dos que estavam presentes, e efetivamente
percebemos a influência que a escola tem através do educador de introduzir um panorama
cultural de períodos históricos antigos e atuais, e tratar de assuntos que são dados como
complexos, sem que seja perceptível pelos/as discentes, de acordo com Silveira “possam
conhecer, no âmbito da subjetividade, da constituição do sujeito, com suas possibilidades de
emancipação e autonomia intelectual” (SILVEIRA, p. 3), ou seja, o aprendizado vai torná-los
mais independentes e humanos, no sentido de que terão consciência de quando agirem de forma
desigual com outro indivíduo e vice-versa.
A escola é o primeiro contato social que temos depois da família, no entanto Castro (2008) diz
que:
“Lidar com aquilo que é diverso, com diferenças de crenças, valores e histórias, se
constitui em uma grande dificuldade porque escola é, de fato, o lugar onde ocorrem
esses choques culturais, tanto dos discentes entre si como deles com os educadores”.
(CASTRO, 2008. p. 93)

Portanto a responsabilidade de edificar uma sociedade menos desigual, com menos violência e
aceitável de se viver, tem que partir dos cidadãos e cidadãs da sociedade, não somente do
professor que tem como papel ser mediador de informações no processo de aprendizagem, mas
muitas vezes está agindo além dessa prática, pois a inserção dos e das adolescentes na
compreensão dos assuntos do mundo, como cultura, política, gênero, religião entre outros é de
inteira necessidade, por mais que tenham certo grau de dificuldade e exigir certa maturidade
para um amplo entendimento, é importante o desenvolvimento de atividades que dão
oportunidades deles expressarem seus pensamentos no sentido de estarem geralmente em
contato direto com esses assuntos.
Mesmo a escola tendo seu poder limitado por ausência de subsídios do Estado, ela pode
contribuir de forma positiva em contraposição as injustiças que sustentam as bases da
disparidade na sociedade, porém Silveira (2006) diz que “muitos professores sentem-se
despreparados e inseguros para abordar temas tão delicados” (SILVEIRA, 2006, p. 8) como
exemplo a aplicação de assuntos relativos a política como democracia e cultura que serviria
como método para ativar o senso crítico dos alunos e das alunas afim de que percebam que ao
redor deles existe um mundo com imensuráveis problemas, e como Sociedade do Futuro
precisa compreender a existência da diversidade humana com uma pluralidade de valores e
concepções, que deve ser respeitada e inclusiva, por isso “é necessário que os professores sejam
provocados para desenvolver sua inteligência na direção do complexo a fim de que saibam
como criar situações que desafiem seus alunos a evoluir nessa direção”, (MAGDALENA &
COSTA, 2003, p.21), pois para se ter uma sociedade democrática de qualidade, grandes passos
são dados na escola com educação de qualidade e vimos que a autoridade do professor cria
possibilidades de expandir as manifestações socioculturais como mecanismo que tornaria
visível a equidade social.

VII. Considerações finais

A Sociedade do Futuro, como propomos, foi uma tentativa de dar voz àquelas e àqueles que
não têm ou, ainda, quando se tem, não se fazem ouvidas. Em nossa breve estadia em sala de
aula conseguimos perceber desejos e não-desejos do público envolvido, percebemos também,
por parte do corpo docente, no geral, uma vontade ajudar as alunas e alunos a “mudarem de
vida”, segundo eles.
No tópico “A função social da escola”, alunos viam o direcionamento pedagógico da escola
como uma forma de preparação a provas. Ao conversarmos com os professores, e após exporem
suas opiniões, ficou claro que, na verdade, a intenção desse sistema é que eles realmente entrem
em faculdades e universidades, pois acreditam que o caminho da educação é a melhor forma de
emancipação social, seja no sentido do pleno desenvolvimento humano, bem como para uma
melhora em suas condições socioeconômicas, contudo, uma ideia não exclui a outra. Segundo
Melo (2005),
“Seguindo a linha de pensamento de Cornelius Castoriadis pode-se ressaltar
que o que mantém unida uma sociedade e que outorga sua singularidade e a
diferença de outras sociedades e da mesma sociedade em diferentes épocas é
o complexo emaranhado de significações imaginárias que atribuem, orientam
e dirigem toda a vida da sociedade considerada e aos indivíduos concretos que
corporalmente a constituem”, (MELO, 2005 – tradução nossa, p. 10 apud
CASTORIADIS).
Portanto, concluímos que por mais que as intenções dos professores e professoras sejam boas,
as vezes, as alunas e alunos interpretam como algo negativo, por não enxergarem as motivações
do corpo docente. Entendemos também que a culpa não é só dos professores e professoras, pois
agem dentro de um sistema de ações limitadas, já que se orientam a partir de uma política
nacional comum. Existe uma dificuldade por parte de entendimento do corpo discente, ao passo
que também existe dificuldades por parte dos professores.
Acerca do sistema de ensino como um todo, evidenciou-se o não protagonismo do alunato em
sala de aula, a Sociedade do Futuro trabalhou no sentido oposto, mas vale salientar que esta
“aula” (lê-se conversa entre alunos e alunas) se deu por alguns motivos, como a) esse tipo de
aula dinâmica-participativa é mais fácil de ser realizada dentro das áreas de humanas, em nosso
entendimento; b) partimos de um lugar de realização de “aula” diferente dos professores que
realmente trabalham isso.
Por fim, tivemos um breve lampejo sobre as dificuldades de “ensino-aprendizagem” na escola
pública em que fomos e nos ousamos a ter uma noção de que essa realidade se repete Distrito
Federal a fora, com base em experiências próprias etc. Há uma série de dificuldades a serem
superadas, desde a estruturação do currículo escolar e a função social da escola, até a forma
como os professores lecionam (dados os recursos e preparos) e a estrutura física das escolas.
Os problemas começam no sistema, mas tomando a essência da Sociedade do Futuro, devemos
agir no presente, para que construamos um futuro melhor, com um sistema de ensino melhor.
Com respeitos recíprocos, professoras/es e alunas/os devem se unir, caso queiram um sistema
melhor. Professoras/es e alunas/os, uni-vos!

Referências

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