Setembro-Outubro/2008 Ano 9 – Nº 94

BOLETIM BONSAI SUL

ANIVERSARIANTES DE BONSAI, ZEN, AMIZADE, HOMENA- OBSERVANDO A NATUREZA.
SETEMBRO/OUTUBRO/2008 GEM.
Os criadores de Bonsai observam
CARLOS W. P. DA SILVA 01/09 Numa de minhas incursões pela e anotam, para seus futuros pro-
DIONE S. FEISTAUER 05/09 Internet, deparei-me com um texto jetos, as formas e estruturas que
ZONIA A. BURLACENKO 18/09 que me deixou maravilhado, pela mais lhe agradam de árvores e-
ANDRÉ L. WEIZENMANN 21/09 sensibilidade e profundo conheci- xistentes na Natureza. Observam
RONALDO HERLINGER 24/09
mento da autora – Haromi Homa- um detalhe do tronco, um dos
SHOHEI KISAKI 24/09
do. Logo após entrei em contato galhos e da copa das árvores e
MARIA ZOÉ A. DE FREI- 29/09
TAS com Ricardo Tavares que homena- como elas se formam.
VICENTE ROMAGNOLE 01/10 geia sua amiga Haromi, já falecida,
FLÁVIO PECHANSKY 02/10 em sua página, pedindo-lhe autori- É difícil ser um criador de Bonsai
FLAVIO PERRONE 11/10 zação para que publicássemos o sem apreciar a Natureza.
CARLOS A. R. PERES 16/10 texto em nosso Boletim Informati-
RODRIGO P. ORNELES 22/10 vo, o que foi prontamente autori- A maioria de nós vive onde se
FRANCISCO C. LUCIANI 26/10 zado com os devidos créditos. A pode observar árvores e arbustos
SIDNEI GILBERTO HOLZ 26/10 seguir transcrevemos o texto: crescendo e assumindo estilos
JULIANA PRESTI TORRES 29/10 (Luis A.M.Rodrigues)
MARIA DA G. B. DA SILVA 29/10
em função dos elementos da Na-
tureza, solo ou falta de vento,
neve onde existe e outros.
Feliz Aniversário! Um Bonsai não é apenas um
Saúde e Paz! objeto para se cuidar e admi- Mesmo nas grandes cidades, a-
rar. É sim uma Vida que há de pesar da parcela concretada,
se respeitar sempre existem parques e árvo-
CALENDÁRIO DE REUNIÕES E E- e talvez até res marginando os rios, as calça-
mesmo ve- das, etc.
VENTOS - 2º SEM/2008
nerar, por-
Setembro que ele con- No Rio de Janeiro, ou em São
centra em si Paulo, para citar duas grandes
- dias 06 e 07 – Exposição no Ginásio
o indecifrá- cidades extremamente populosas
de Esportes Tesourinha
vel mistério e concretadas, é comum se ver
dia 13 – reunião da Existên- árvores fustigadas pelo vento
- dias 20 e 21 – Exposição Estadual cia. junto à praia, ou semi-cascata
de Orquídeas e Bonsai em Três Co- perto de córregos e rios.
roas/RS; MENTE ZEN
Com a erosão, suas raízes mus-
- dias 27 e 28 – Exposição no Centro culosas ficam expostas, demons-
A mente Zen é a mente do prin-
de Eventos do Parque Harmonia nas trando toda a pujança das árvo-
comemorações do Centenário da cipiante.
res centenárias.
Imigração Japonesa para o Brasil
É a capacidade de alguém ser um
Outubro eterno estudante. De um modo geral, com nossa
vida trabalhosa e corrida, nós
- dias 11 e 25 reuniões Há um provérbio que diz: "Não vemos o bosque mas não vemos
- dias 28 a 30 – Exposição no Tribunal se pode encher uma xícara que as árvores que compõem esse
de Contas do Estado. já está cheia." bosque.

Novembro Com a meditação Zen, objetiva- Para ser um bom observador da

- dias 08 e 22 – reuniões mos eliminar de nossa mente an-
tigos pensamentos e idéias, a-
Dezembro brindo espaço para mudanças,
- dia 13 – Jantar de Confraternização crescimentos e a aquisição de
de final de ano. novos conhecimentos.
Natureza, nós temos que olhar
além do óbvio.
Aqueles que são felizes o sufici-
ente para poder visitar regiões
selvagens, como por exemplo,

Rua Dona Cecília, 38/203 – Cep 90880-450 – Porto Alegre/RS

Fone: (51) 3022-8936 – e-mail: rodmac@terra.com.br – Home Page: www.bonsaisul.com.br
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em encostas de montes, poderão
contemplar árvores robustas, que
se tornam envelhecidas cedo pela
ação da intempérie, se contor-
cendo, perdendo parte de sua
cortiça e até do seu lenho, mas
que lutam pela sobrevivência te-
nazmente.
E vamos encontrar as mesmas
espécies crescendo de forma
muito diferente, altaneiras, retas,
com a pele perfeita, em campi-
nas ou vales mais protegidos.
Do mesmo modo, a observação
cuidadosa de um Ficus ou de um
Carvalho crescendo há tempos
em um parque revela um tronco
gigante em altura e diâmetro,
cujas raízes são tão robustas e
tão firmes, que até rompem cal-
çadas de concreto. Tais raízes se
irradiam da base do tronco em
todas as direções, se ramificando
e mergulhando de forma magní-
fica no solo.
Somente árvores muito antigas
(vamos evitar chamar de velhas )
se apresentam com tal aparência
e, por isso, quando vemos que
um Bonsai desenvolveu raízes
equivalentes, temos a sensação
de uma árvore centenária, ainda
que o Bonsai possa ser muito
mais jovem.
Para que a sensação de antigui-
dade seja conseguida, devemos
respeitas as cicatrizes que de
modo natural foram deixadas em
nossos Bonsai, tais como um "o-
lho" onde havia um galho que se
quebrou em uma queda (geral-
mente a culpada é a empregada,
nunca nós mesmos), ou então a
existência de um galho que mor-
reu (devido ao nosso descuido na
sua rega ou devido ao nosso des-
cuido em eliminar as cochonilhas
que habitaram tal galho por mui-
to tempo, sugando toda a sua
seiva), mas que ainda se man-
tém unido à árvore e que merece
um tratamento de preservação
de madeira morta, de onde sur-
gem os jins, os sharis.
A INFLUÊNCIA DO ZEN.
A palavra Zen significa sentar e
meditar. É demais para a maioria
da população do Ocidente, mas
muito comum no mundo oriental.
O Zen Budismo se originou na
China como o Chan Budismo, um
sistema de crença que trouxe pa-
ra si bastante da filosofia Taoista.
Tao é o caminho no qual o Ho-
mem deve co-existir em Harmo-
nia com a Natureza. Tudo com
letra maiúscula.
Assim, o Zen Budismo não é uma
religião com muitos dogmas,
doutrinas complexas ou com ri-
tuais pesados, seja de sacrifícios,
seja de ofertas materiais para
seguir os preceitos da religião.
É SIMPLESMENTE UM CAMI-
NHO DE VIDA !
Dessa forma, não há incompati-
bilidade, do lado do Zen Budis-
mo, se alguém é ao mesmo tem-
po, católico, espírita, protestante,
o que for.
Durante os séculos XV e XVI, o
Zen Budismo alcançou seu climax
de influência no Japão, tendo
profundo efeito na pintura, na
caligrafia, na poesia, na cerimô-
nia do chá, trazendo consigo ên-
fase na simplicidade e na auste-
ridade, de modo tranqüilo e sutil.
Ainda sob sua influência evoluí-
ram os projetos de Jardins Zen,
do Ikebana (arte do arranjo de
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flores e outros vegetais) e dos
Bonsai.
Os projetos de Jardins, que cos-
tumavam ser bastante ostento-
sos, se tornaram mais naturais e
discretos. Os Jardins Zen ( kare-
sunsuil ) eram construídos para o
propósito único de meditação.
Um Jardim Zen é uma paisagem
em miniatura, cujos componen-
tes tais como rochas, musgo, ár-
vores, arbustos e água, são posi-
cionados com muito cuidado para
invocar diversas sensações.
Um Jardim Zen também invoca
uma sensação de mistério e de
antecipação, uma vez que partes
do Jardim ficam escondidas à
medida que o observador se des-
loca nos vários cenários do Jar-
dim.
A maioria dos aspectos estéticos
do Zen Budismo permeou o pro-
jeto do Bonsai. Da mesma forma
que o ideal Zen de simplicidade
se concentra no que é essencial,
a essência do Bonsai será melhor
apreciado, se ele for despido de
detalhes desnecessários.
Assim, dando-se ênfase às raízes
tenazes ou a um tronco envelhe-
cido, a determinação da árvore
em sobreviver em um ambiente
inóspito torna-se logo aparente e
o Bonsai torna-se, de pronto,
mais que uma simples réplica em
miniatura. Ele tem sua vida e
seus problemas de forma indivi-
dual e deve ser respeitado por
isso.
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A estética Zen também requer
que o domínio das habilidades
artísticas e técnicas seja combi-
nado com intuição e sensibilida-
de, de modo a estimular as res-
postas emocionais do Wabi, Sa-
bi, Shibui e Yugen.
Da mesma forma que o Taoísmo
enfatiza a harmonia do Homem
com a Natureza, assim a espera-
da silhueta triangular de um
Bonsai bem feito simboliza a filo-
sofia da harmonia dinâmica do
Homem, da Terra e do Céu, em
um ente só.
A estética Zen enfatiza o profun-
do e o misterioso, e requer ainda
que haja uma sensação de equi-
líbrio. No Bonsai, as composições
assimétricas concretizam o efeito
desejado.
Estas e outras facetas da estética
Zen são classificadas sob os se-
guintes títulos, que serão exami-
nados a seguir:
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de tal forma que quantidades di- estudaram as características das
ferentes de tinta são absorvidas árvores naturais, em particular a
pelo papel fino de arroz, no qual inclinação dos seus troncos, e
o esboço é pintado. usaram tais observações para
nos legar tais estilos. A figura
Tais simples pinceladas podem abaixo mostra a dinâmica do
conter uma variedade de expres- movimento do tronco nos cinco
sões, como por exemplo, a agita- estilos básicos:
ção de um galho com folhas ca-
indo.
A economia de expressão, ou mi-
nimalismo, é a base do Bonsai.
Um Bonsai deve retratar a essên-
cia de uma árvore madura, imen-
sa que foi envelhecida pelos ele-
mentos. Alguns galhos de uma
árvore lutando em um solo res-
secado morrem devido à falta de
umidade. Ventos fortes dobram
troncos e torcem galhos robus-
tos. O peso da neve compactada
pode fraturar galhos compridos.
E finalmente, as árvores desen-
volvem troncos retorcidos, com
cicatrizes e partes de madeira
morta atrativas.

• Economia de Expressão Esta determinação de viver con-

• Linhas Simples em Equilíbrio
• Resposta Emocional
• Atenção aos Detalhes
ECONOMIA DE EXPRESSÃO.
Em um rolo de papel japonês,
sumiye, não é uma pintura na
acepção usual da palavra. É uma
espécie de esboço em preto e
branco, executado com um nú-
mero mínimo de pinceladas, to-
das elas habilmente controladas
quanto à pressão e à velocidade,
tra a Adversidade foi uma inspi-
ração para monges Zen nas suas
reflexões sobre os testes e as a-
tribulações da Vida.
Em caminhadas árduas serpente-
ando em trilhas montanhosas, os
monges peregrinos devem ter
observado diversas árvores, cen-
tenárias, monumentais, sobrevi-
vendo em condições inóspitas.
Tais árvores parecem possuir o
poder de elevar o espírito e puri-
ficar a mente.
Não surpreende, portanto, que as
mais antigas Árvores-Bonsai ti-
vessem sido escavadas dos lados
das montanhas e criadas em po-
tes pelos monges.
LINHAS SIMPLES EM EQUILÍ-
BRIO.
Linhas simples em equilíbrio são
expressas nos cinco estilos bási-
cos do Bonsai. Mestres japoneses
de Bonsai nestes últimos séculos
• Chokkan ou Vertical For-
mal:
Apresenta um tronco absolu-
tamente vertical.
• Moyogi ou Vertical Infor-
mal:
Apresenta um tronco curvo
com seu ápice bem acima da
base do tronco.
• Shakan ou Inclinado:
Apresenta um tronco que se
inclina em um ângulo de cerca
de 45º.
• Han-Kengai ou Semicas-
cata:
Apresenta tronco bastante in-
clinado, cujos galhos princi-
pais se dirigem para baixo.
Tais galhos inclinados devem
se pendurar abaixo do nível da
superfície do solo, mas não
abaixo do fundo do vaso.
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• Kengai ou Cascata:
Apresenta um tronco que,
primeiro, se arqueia para ci-
ma, de preferência em um ân-
gulo agudo e que continua
crescendo para baixo e abaixo
do nível do solo. Seus galhos
podem se pendurar abaixo do
fundo do vaso.
Método da Subtração:
Da mesma forma que um artista
ao esculpir um bloco de mármore
deve retirar pedaços do material
com seu cinzel, para obter a for-
ma de sua escultura, também o
artista do Bonsai usa o Método
da Subtração, para começar a
dar forma ao seu Bonsai. Uma
vez escolhidos os galhos primá-
rios (nascidos diretamente do
tronco), segundo os critérios para
esse fim, todos os demais devem
ser podados inteira-mente.
Parece simples, mas o artista de-
ve tomar sua decisão sobre tal
escolha apenas depois de muito
observar o exemplar em todos os
seus ângulos e direções de ob-
servação. Tal como na marcena-
ria, se o artista não medir corre-
tamente o que ele vai fazer, de-
cisões erradas podem ocorrer e
madeira cortada é madeira cor-
tada, de modo certo ou errado.
Método da Adição:
Os galhos primários que resta-
ram são encorajados produzir
galhos secundários (nascidos dos
galhos primários) e galhos terciá-
rios (nascidos dos secundários),
que serão sujeitos a sessões de
poda ou aramação. Este é o Mé-
todo da Adição.
Ouvindo a Árvore:
Depois de cuidadoso treinamento
nos cinco estilos básicos, o artis-
ta estará apto a desenvolver de-
senhos mais complicados. De-
pendendo de como certos galhos
são trabalhados e improvisados,
projetos únicos podem ser cria-
dos.
À medida que o artista ganha
experiência e profundidade de
conhecimento, ele está apto a
selecionar e criar exemplares que
vão capturar a imaginação de
quem vê o Bonsai.
Quase sempre, após uma obser-
vação prolongada da arvoreta,
ela mesma vai sugerir um dese-
nho particular ao artista.
Podar é rápido. Onde e como po-
dar é a essência da Arte do Bon-
sai.
Este processo intuitivo e de inte-
ração com o exemplar é chamado
de Ouvindo a Árvore.
RESPOSTA EMOCIONAL.
Nos tempos atuais, em função do
progresso e do modo de viver,
talvez não valha mais dizer que,
quando éramos crianças a maio-
ria de nós tinha grande alegria
em subir em árvores ou notar
que aquelas que atingiam alturas
enormes nos proporcionam uma
sombrinha fresca em um dia
quente de sol.
Algumas décadas depois (sou
contemporânea do Ricardo Tava-
res), vemos tais árvores com
nostalgia, notando como elas
também envelheceram nas su-
cessivas estações do ano de sua
vida.
Com que alegria víamos se apro-
ximar a época da maturação do
kaki, das mangas, dos abacates,
nas árvores do nosso ou dos
quintais de nossos vizinhos.
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Talvez chegue um tempo em que
a maioria das pessoas que mo-
ram em cidades médias e gran-
des somente aprecie tais mila-
gres da Natureza através de seus
Bonsai.
A Arte Zen objetiva invocar uma
resposta emocional semelhante,
que é o estado da mente chama-
do de wabi-sabi, obtido no Bon-
sai através do seu conhecimento
de fatores horticulturais, que re-
verberam na mente dos observa-
dores.
Wabi:
Wabi (pronuncia-se vabí) é a
sensação associada com senti-
mentos de nostalgia, solidão,
austeridade e admiração. Um
Bonsai de Salgueiro Chorão ou de
Podocarpo nivalis (de folhas pe-
quenas e estreitas) com seus ga-
lhos e ramos pendurados poderia
ser um exemplo. Se parte do
tronco estiver coberto de musgo
e se houver uma pedra compon-
do o Bonsai, também parcial-
mente coberta com musgo, a
sensação será muito maior.
Sabi:
Sabi (pronuncia-se sabí), é a
sensação associada aos senti-
mentos de humildade, durabili-
dade, envelhecimento, aspereza,
infinito.
Normalmente, essa sensação
vem da observação de árvores
sujeitas a forte e freqüentes tor-
mentas, ou tenha participado de
algum incêndio, que a afetou
mas não a matou, ou da forma
com que as árvores do nosso cer-
rado reagem às asperezas e se-
cas daquela região.
Shibui:
Shibui é a impressão que nos
vem da observação dos movi-
mentos do tronco de um Bonsai,
que pode ser elegante, majesto-
so, sublime, dinâmico, ou da e-
nergia do seu porte que pode ser
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masculino ou feminino, vigoroso,
suave, robusto, esbelto.
Uma vez definida essa sensação,
ou seja, qual é o Shibui do Bon-
sai, o vaso deve escolhido em
função dela.
Yugen:
Yugen é humor que sentimos ao
se contemplar um Bonsai.
Alguns Bonsai nos dão a sensa-
ção de encantamento e de tran-
qüilidade. Outros, devido a seus
troncos escavados ou às caver-
nas formadas por suas raízes ex-
postas parecem-nos esconder
algum mistério. Um tronco parti-
do nos lembra aquelas árvores
atingidas por raios. Um Ficus,
com suas numerosas raízes aé-
reas, cria uma atmosfera de as-
sombração ou de desbravamento
do desconhecido.
Obviamente, nem todos os culti-
vadores de Bonsai conseguem
produzir algo que possa ser reco-
nhecido como Bonsai-Zen, prin-
cipalmente aqueles que produ-
zem alguma coisa para venda
imediata.
ATENÇÃO AOS DETALHES.
A atenção aos detalhes é essen-
cial para que o Bonsai dê a im-
pressão correta daquela que o
artista está pensando.
E o Bonsai, tal como as pinturas
Zen tradicionais, deve deixar al-
gum espaço para a imaginação
do observador. Um detalhe pode
ser discretamente escondido ou
suprimido ou adicionado.
Por exemplo, você pode criar um
caminho de pedriscos em um
Bonsai do estilo Bosque, que será
escondido por algumas das árvo-
res do Bosque, ao invés de ficar
totalmente visível. Você pode a-
inda, em um Bosque usar dois
tipos de musgo, um mais escuro
e um mais claro. Ao colocar o
musgo mais claro no meio do va-
so, circundado pelo musgo escu-
ro, a sensação será a existência
de uma clareira, cuja incidência
dos raios solares será o musgo
claro.
Não se esqueça que a Arte do
Bonsai visa criar em miniatura
árvores e panoramas encontra-
dos na Natureza em sua plenitu-
de.
Outro detalhe importante é de-
senvolver cuidadosamente as co-
pas dos galhos primários e a co-
pa superior do Bonsai. Se as ra-
mificações nessas copas forem
delicadas, refinadas, ou seja, de
diâmetros bem menores dos di-
âmetros dos galhos, o conjunto
dará a sensação de estarmos di-
ante de uma árvore criada no
campo e não em um vasinho.
Um Bonsai não necessita de inú-
meros galhos primários para fa-
zer uma boa composição, exceto
talvez no estilo Vertical Formal.
Assim, você pode ter Bonsai-Zen
com um só galho primário e a
copa da árvore, ou dois galhos
primários, um de cada lado do
Bonsai visto de frente e a sua
copa superior.
CONCLUSÃO.
Se com o passar do treinamento
de um Bonsai, você sentir uma
sensação de instabilidade, ou de
desleixo, corrija o seu projeto
nas próximas podas, forçando o
crescimento de um novo galho
em um local estratégico, melho-
rando a silhueta da copa superior
e do Bonsai no seu todo.
A vista humana, com suas limita-
ções, com erro de paralaxe em
certos ângulos e, também, por
nosso julgamento subjetivo que
sempre nos diz que estamos
sempre certos, não nos permite
ver certos detalhes sem uma ob-
servação demorada.
O artista moderno conta com
uma arma importante, que é a
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fotografia do Bonsai, na qual se
obtém uma imagem fiel sem sub-
jetividades, e que será ainda me-
lhor se for uma foto em preto e
branco, ou seja, em diversas to-
nalidades de cinza, onde os de-
feitos, omissões e excessos fica-
rão perfeitamente visíveis.
Compare o que projeto que você
está desenvolvendo com árvores
maiores da mesma espécie, para
avaliar a melhor maneira de cul-
tivar o exemplar, de tal forma
que ele seja antes de mais NA-
TURAL
Nota de Ricardo Tavares:
Este capítulo é um tributo a nossa saudo-
sa amiga Haromi Homado. É da sua auto-
ria e revisado por nós. Conheci a Haromi
no curso primário, no Rio de Janeiro, e
nos tornamos amigos desde então. Ha-
romi viveu no exterior durante cerca de
oito anos, no Japão, onde se tornou Mes-
tre em Artes Zen, e na Inglaterra teve a
oportunidade de ministrar inúmeros cur-
sos e proferir inúmeras palestras sobre o
assunto. Foi, também, consultora na im-
plementação de Jardins Zen, tanto públi-
cos quanto particulares. Retornou ao
Brasil em meados de 2004 e faleceu em
janeiro de 2005, na cidade de São Paulo
(SP).
Deixou-nos este trabalho inicial sobre a
Filosofia Zen na Arte do Bonsai, o qual
temos a honra de publicar aqui.
Aprendi muito com Você, Haromi.
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