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REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL PODER JUDICIARIO| ESTADO DA PARAIBA GABINETE 00 DES, RICARDO VITAL DE ALMEIDA MEDIDA CAUTELAR INOMINADA n° 0000835-33.2019.815.0000 - busca e apreensao c/c pedido de priséo preventiva RELATOR: Desembargador Ricardo Vital de Almeida REQUERENTE: MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DA PARAIBA 01 REQUERID CARDO VIEIRA COUTINHO. (ORIOLANO COUTINHO ILBERTO CARNEIRO DA GAMA JALDSON DIAS DE SOUZA STELIZABEL BEZERRA DE SOUZA LAUDIA LUCIANA DE SOUSA MASCENA VERAS IARIA APARECIDA RAMOS DE MENESES IARCIA DE FIGUEIREDO LUCENA LIRA RANCISCO DAS CHAGAS FERREIRA RUNO MIGUEL TEIXEIRA DE AVELAR PEREIRA CALDAS ENISE KRUMMENAUER PAHIM RENO DORNELLES PAHIM FILHO. RENO DORNELLES PAHIM NETO ENNY PEREIRA DE LIMA JAIR EDER ARAUJO PESSOA JUNIOR JOSE ARTHUR VIANA TETXEIRA 19 REQUERID! IARCIO NOGUEIRA VIGNOLI 20 REQUERIDO: HILARIO ANANIAS QUEIROZ NOGUEIRA 21 REQUERIDO: VALDEMAR ABILA 22 REQUERIDO: VLADIMIR DOS SANTOS NEIVA 23 REQUERIDO: NEY ROBINSON SUASSUNA 24 REQUERIDO: ARACILBA ALVES DA ROCHA 25 REQUERIDO: FABRICIO PARANHOS LANGARO SUASSUNA 26 REQUERIDO: EMIDIO BARBOSA DE LIMA BRITO 27 REQUERIDO: CASSIANO PASCOAL PEREIRA NETO Por prevencao/dependéncia aos autos n° 0000041-12.2019.815.0000 (Procedimento Investigatério Criminal n°. 001/2019/GAEC Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 Eee ace DECISAO Vistos etc. Cuida-se de MEDIDA CAUTELAR DE BUSCA E APREENSAO. C/C PEDIDO DE PRISAO PREVENTIVA ajuizada pelo Ministério Puiblico do Estado da Paraiba, pelos integrantes do Grupo de Atuacao Especial contra o Crime Organizado (GAECO) e da ComissSo de Combate aos Crimes de Responsabilidade ¢ Improbidade Administrativa (CCRIMP), no uso de suas atribuic6es constitucionais (arts. 127, caput, e 129, inciso III) e com supedaneo nos arts, 240 e seguintes do Cédigo de Processo Penal, contra os investigados acima epigrafados. I- EPITOME DOS FATOS O Ministé do Estado da Paraiba (MPPB), em regime de forga-tarefa com outros érgéos de fiscalizago e atuago local, vem instaurando investigacées a partir do compartilhamento de informacées e provas decorrentes de uma operagdo cognominada “Calvario’, entSo desencadeada pelo Ministério PUblico do Estado do Rio de Janeiro (MPR3) contra a CRUZ VERMELHA DO BRASIL — FILIAL DO RIO GRANDE DO SUL (CV8/RS), no final do ano de 2018, quanco foram massificadas as relagées de auxilio operacional entre os integrantes do Grupo de Atuacdo Especializada no Combate a Corrupcaéo (GAECC/R3) © 0 GAECO paraibano, unidade esta responsdvel, no ambito local, pela conducao das apuracdes, em regime de delegacao da Procuradoria-Geral de Justica. O esforco investigativo iniciou-se com © escopo de obter matrizes de provas da atuacéio, estrutura ¢ funcionamento de uma suposta organizacéo criminosa, que teria se infiltrado na cipula administrativa (com operadores na Paraiba) da CVB/RS (CRUZ VERMELHA DO BRASIL — FILIAL DO RIO GRANDE DO SUL) ec do IPCEP (INSTITUTO DE PSICOLOGIA CLINICA EDUCACIONAL E PROFISSIONAL) e, através de seus membros, desviado recursos puiblicos. Para tanto, o Ministério Piiblico do Estado da Paraiba, por meio do Grupo de Atuacdo Especial Contra o Crime Organizado — GAECO/PB, vem empreendendo esforcos investigativos no sentido de descortinar modus operandi que teria sido empregado pelos integrantes da suposta ORCRIM, Para @ perpetracdéo das teéricas condutas criminosas, bem assim identificar quais seriam 0s agentes publicos ou politicos componentes de suas estruturas ¢ as metadologias por eles aplicadas para a realizaco dos massivos desvios de recursos publicos, ajuizando, diversas medidas cautelares criminais a partir do Procedimento Investigatério Criminal n°. 0000041-12.2018.815,0000 (PIC n®% 001/2019/GAECO-PB), cujos fatos\ por meio dele apurados servem de sustentaculo a versada cauteldr. é S A sccm. OS ndse K00R C ese CCaulelarTrominada Criminal o¢00895"53.2019.815.0000 2 ,0 desenvolver da atividade investigativa, relative 3 OPERACAO CALVARIO, no Estado da Paraiba, apontou a utilizacio das Organizagdes Sociais como forma de garantir a perpetuacdo de um “projeto de poder” e de obtencéio de vantagens ilicitas, via caixa de “propina”, sendo esta, supostamente, uma das engrenagens do tedrico sistema de corrupcao sistémica. Consoante exposto na medida cautelar n. 0000691- 59.2019.815.0000, as investigacSes identificaram a atuacio da enfocada organizac&o criminosa, prioritariamente nos setores da satide e educagiio. Na satide, a internalizacao das referidas organizacdes sociais teria sido uma opcao para viabilizar 0 massivo desvio de recursos pliblicos. No campo da educacao, ganha destaque a utilizac3o de processos de contratac3o, na modalidade inexigibilidade, de forma indiscriminada, e, em momento posterior, a implantac&o da gestZo pactuada. Conforme conclui o Ministério Publico, ‘com a estabilizacao des contratas de gestio na primeira das dreas citadas, estas parcerias foram, igualmente, implementas sob a batuta da Uitima pasta (educacao)’. gigantesco esquema criminoso investigado na “Operagao Calvario” indica 0 envolvimento ce agentes politicos, publicos, empresarios € operadores financeiros, abrangendo priticas de crimes de corrupsao, lavagem de ativos, dentre outros, notadamente interligades as atividades das organizacdes sociais na sade € a adocao de inexigibilidades licittatérias ou a fraude destas na educacio. Segundo assere o drgo ministerial, alguns investigados, presos preventivamente por ocasio da deflagracao das fases precedentes da “Operacao Calvario”, passaram a colaborar, efetiva e voluntariamente, com a persecug3o penal, apresentando narrativas e elementos relativos a estrutura hierarquica € 20 funcionamento da suposta organizacao criminosa, identificando coautores ¢ participes desta e as infragdes penais por eles perpetradas. Qs atos revelados pelos colaboradores teriam evicenciado a lesividade da atuag3o de ORCRIM em referéncia, alguns deles destacados na cautelar em apreco, josis ltteris: () Pagamento de R$ 1.100.00,00 (um milhdo e cem mil reais) para a campanhe eleitoral de 2018, em troca da manutengéo dos contratos em vigor das Organizacées Socais; (i) Pagamento de vantagens indevidas para agentes politicos, disfarcada de doacéo de campanha eleltoral, com a finalidade de obtencSo de contratos futuros junto ao poder executivo estadual, bem assim pagamento de propina mensal para a manutencéo do contrato entre a CVB/RS e o Governo do Estado para 2 gestéo do Hospital de Emergéncia e Trauma Senador Humberto Lucena - HETSHL, no valorfotal aproximado de RS 20.000.000,00 (vinte milhdes a) EA canbe VITA. OE ALMA CautelorIeminac Criminal COC0E35-33.209.615 000 c sen oR (ii) Pagamento de R$ 1.000.000,00 (um milhéo de reais) de vantagem indevida pare a reeleicéo de RICARDO COUTINHO em 2014, em troca ca contratacao da OSS IPCEP pera @ gestio do HGM - Hospital Geral de Mamanguape/PB; (iv) Pagamento de propina para a contratacdo da OSS IPCEP pera gestio do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires e propina de 10% sobre os valores provisionados para a compra de equipamentos; (v) Compra ¢e participacéo no laboratério piiblico da paraiba ~ Lifesa S.A. ~ sociedade com 0 ex-governador; (vi) Preenchimento de cargos nos hospitals geridos pelas OSs e realizagdo de exames por indicacio de agentes politicos de base do Governo para a angariar votos nas eleig6es, como forma disfarcada para completamentaco da propina para manutenco da base politica; (vil). Particioagio de Coriolando Coutinho no controle da Lotep, através da empresa Paralba de Prémios; (vil) Execucéo de obras superfaturadas no Hospital de Emergéncia e ‘Trauma de Senador Humberto Lucene e HTOP; (ix) Pagamento de propina para Gilberto Cameiro, Waldson Souza, Estelizabel Bezerra, Cleudia Veras e Marcia Lucena; (x) Lavagem de dinheiro e desvios; (xi) Prefelta do Municipio do Conde/PB € ex-secretaria estadual de educacéo, Mercia Lucena; (xi) Contratagio de empresas por meio de procedimento de inexigibilidades freudulentos para fornecimento na area da Educacéo. (f. 07/08) Dentre os colaboradores, destaca-se DANIEL GOMES DA SILVA (apontado um dos lideres da suposta ORCRIM, no Ambito econémico), cujas declaragées fazem mencéo @ agentes com prerrogativa de funso, constantes do rol circunscrito no art. 105, inciso 1, alinea “2” da Constituigo Federal, implicando na homologacao de acordo de delacdo pelo Superior Tribunal de Justiga, 0 qual, por sua vez, determinou a instaurago de inquérito e procedeu & iso dos fatos estranhos a sua jurisdicdo. Ressalta 0 Ministério Pibico 2 revelacio, por melo da complexe atividade investigativa, dos fatos que teriam levado 2 ascensdio do Investigado RICARDO VIEIRA COUTINHO ao cargo de Governador do Estado da Paraiba, em 2010, bem assim a infitracao dos seus “comandados’, alguns dos quais egressos da Prefeitura Municipal de Joo Pessoa/PB (ao tempo de uma gestéo como prefeito, imediatamente precedente ao tempo governamental) que teriam passado a gerir administretivamente o Estado, escalar e estruturer as atividades da suposta ORCRIM. Prossegue afirmando que “o grupo fiderado por RICARDO VIEIRA COUTINHO foi prédigo na criagéo de mecenismos e condutas que Cautelar Inominada Crminal 0000835-33.2019.915.0000 © responsavel direto tanto pela tomada de decisdo dentro da empresa 44:10; Fala sobre a contratacéo de funcionarios para dividir com politicos, autoriza a jé falar com a Iris (secretaria estadual da casa civil); - 45:50: falamos de propina digo que ja tem 1,5 milhao disponivel e digo que 1,5 seria para inicio de janeiro e ele pergunta se Livania estava sabendo disso, eu digo que nao. Ele manda ser com o Cori (Coriolano), depois falamos do mensal e define, pedindo que os servicos, também quer indicar. Ajusto a planilha de vaga de funcionarios na secretaria dele; - 49:50: volta a falar sobre a assinatura do contrato do laboratério Lifesa com 0 Estado da Paraiba. Audio Conversa Ricardo 2017 - 170405_004: Reuniao Ricardo Coutinho 09:18: comeca a conversa com Ricardo Coutinho. - E mencionado que Cléudia nao sabe da participagio do ex- governador no Lifesa, mas que esta tem deliberado no trauma; = Falam do conselho da Lifesa (nomeagio do 3° representante); -Mencionam Gilberto/ Coriolano; - Participacao de vocés (ex-governador e@ 0 irmao Coriolano); = 13:00 em diante: falam do laboratério e que falta Coriolano indicar quem sero os laranjas; - Menciona Waldson; - Despacham assuntos diversos sobre o laboratério. Pedidos de Daniel ao ex-govemador: nota do governador falando a respeito do laboratério para imprensa (Jornal valor econémico); Intervencao do ex-governador para a aquisicéo do terreno e junto a SES); = 30:00: ‘reunigo com os municipios para a divulgagdo do laboratério; menciona reuniao com Coriolano; comecam a falar sobre o trauma; : mencionam que existe empresa perceira; : ex-governador menciona que tem de ter o controle: ; Daniel menciona que esté vendo com Livania o edital; indicacdo de cargo; pedidos politicos dos dey itados para atendimento e exames; - 47:00: politico Gervasi Maia; CES wok Seno! 20 ke CARP Ae} cen oESeNT Cautelar Inominada Criminal 0000835-33,2019.815.0000 82 - 50:50: licitacéo Hospital Metropolitano (menciona livania); = 57:10 - menciona Gilberto para a aprovaggo das contas no tribunal de contas; ~ 58:17: faz mengo a possibilidade de propina a conselheiro; ~ 59:56: reuniéo com prefeito, tabela com precos que interessa; - 01:04:00; licitac&o hospital - 01:05:45: estratégia pare campanha politica; = 01:13:45: fim da reuniio com 0 governador. Audio Reuniéo Ricardo importante metropolitano - 170807_004: - 24:15: Inicio da reuni§o; - 31:32: Como acertar propina. Se é para Livania ou para seu irmo; ~ 32:24: Combine ce 0 vencedor da licitacéo ser o IPCEP; - 33:25: Avaliam propina Tribunal de Contas - Gilberto e Arthur; = 34:45: Contratacgo; ~ 35:12: Fornecedores; - 38:56: Adiantamento de propina; = 39:32: Trauma 380 atualmente / més; - 39:53: Combina propina de 200...300; - 40:26: DefinicSo equipe; = 59:51; Menciona Corioleno e laboratério Lifesa "tudo pronto 86 falta entregar os livros - Contrato Social Laboratéria"; ~ 01:01:04: Show U2; = 01:01:04: Acerca para quem vai propina - Livania;, = 01:01:32: Terminam a conversa. Audio “Ricardo Coutinho” n° 150930_001; Reuniso Ricardo Coutinho - 07:00: Entra no quarto 1706 {mencionado no Sudio anteriormente) para reuniao; - 09:11 ~ Comega a reuniéo para falar do LIFESA; ~ 15:54 Acerta participaco societéria do LIFESA; = 20:52 - Daniel menciona que ten relacdo com Leonardo Picciant; = 26:26 — Coriolano; + 26:30 - Opgao para blindar laboretdrio de questionamentos do TCE — Bruno Catéo; = 32:20 - Gilberto MICHELE LOUZADA CARDOSO (secretéria de DANIEL GOMES DA SILVA), no anexo 3 de sua colaborago, narra varios encontros com CORIOLANO COUTINHO, envolvendo supostos repasses de propina, trazendo a colagio documentos aotos a corroborar suas narrativas, a exemplo dos comprovant e voo, pagos com o cartéo de crédito de DANIEL GOMES DA foto do comprovante de hospedagem do hotel em que teria ficado 3 Relata que, no primeiro pagamento da propina, embarcou no dia 06/05/2018, no voo da Gol G3 2167 (ticket de voo anexo), com destino a Joao Pessoa/PB, e, no dia seguinta, apés organizar todo o dinheiro (R$ 750.000,00), aguardou a chegada de CORIOLANO COUTINHGQ, que aportou no local em uma pick up de cor prata. Segundo narra a referida colaboradora, 0 pagamento da segunda parcela (R§ 700.000,00) foi realizado no dia 05/06/2018, quando Novamente viajou para Jodo Pessoa/PB, e, apds repasse da quantia a CORIOLANO COUTINHO, que mais uma vez compareceu em um veiculo pick up, cor prata, no local indicado para 0 encontro - Hotel Manaira -, retarnau ao Rio de Janeiro/RI, no mesmo dia. O repasse do terceiro pagamento teria sido no dia 26/07/2018, quando MICHELE LOUZADA se deslocou a Jodo Pessoa/PB (voo G3 2167 Gol), encontrando com CORIOLANO COUTINHO e realizando a entrega R$ 550.000,00 (quinhentos e cinquenta mil reais) - ticket de vco anexo. Ja em relagéo ao quarto pagamento, supostamente ocorrido em 17/08/2018, no estabelecimento comercial denominado MAG SHOPPING, no baitro de Manaira, nesta capital, MICHELE LOUZADA teria encontrado com CORIOLANO COUTINHO, e, apis, acentrado no vefculo pick up e, algumas quadras depois, repassado o dinheiro referente a propina, no montante de R¢ 500.000,00 (quinhentos mil reais), retornando para 0 Hotel VERDE GREEN, onde estaria hospedada (comprovante do Hotel Verdegreen - Extreto de Conta). A respeito dos referidos encontros, veja-se a narrativa de colaboradora, no supramencionado anexo: QUE, entre os anos de 2017 e 2018 DANIEL GOMES me solictou que entregasse valores em espécie operadores do ent Governador da Paraiba, referentes 2 montagem do Hospital Metropolitano. QUE, nesse periodo fiz algumas viagens para Joao Pessoa para entregou dinheiro em espécie ao irmio do Governador, CORIOLANO COUTINHO. QUE, as entregas foram feitas em hotéis ou locais ptiblicos. QUE, DANIEL me passou todas as orientagdes sobre os locais € a5 pessoas que eu ceveria encontrar, QUE, no total foram 4 (quatro) viagens, nas quais entreguei R$ 2.5 milhdes a pessoa que posteriormente tomei conhecimento se tratar do irmao do ex- governador de Paraiba, CORIOLANO COUTINHO. QUE, DANIEL GOMES participou do primeiro encontro, me apresentando 2 CORIOLANO COUTINHO como pessoa de sua confianga. QUE, nesse primeiro encontro ocorreu no dia 07/05/2: valor entregue foi de R$ 750 mil. QUE no cia 06/05/201! | embarquei no voo de Gol (G3 2167), com tote & Joa0) Caster asnada Crimi! €000835-33.2019.815 0000 worstes'® é Pessoa/PB, desembarcando 8 00:40h, pegando um taxi com destino ao HOTEL MANAIRA, onde me hospedei com uma reserva que ja havia sido faita por DANIEL GOMES. QUE, no dia seguinte, 07/05/2018, apds o café da manh’, encontrei o funcionario KEYDSON SAMUEL, que foi até 0 meu quarto carregando uma mala contendo 0 valor de R$ 700.000,00, que ceveria ser entregue a uma pessoa que chegaria numa pick-up de cor prata, QUE posteriormente tomei conhecimento que 2 pessoa se tratava de CORIOLANO COUTINHO. QUE, acrescentei ‘65 R§ 50 mil que eu havia levado na viegem ne mela levada por SAMUEL e@ descemos para o sagudo do hotel, onde encontramos DANIEL e juntos aguardamos a pessoa a quem seria entreque a mala com 0 dinheiro. QUE pouco tempo depois CORIOLANO COUTINHO estacionou a pick-up prata na frente o hotel, atravessou a porta giratéria e nos encontrou na recepcio. QUE DANIEL me apresentou a CORIOLANO como 2 pessoa de sua conflanca que faria a entrega do dinneiro nos préximos encontros. QUE ento saimos do hotel em direcSo 2 pick-up prata e a mala fol colocada no banco traseiro do veiculo, tendo eu entrado pela porta traseira junto com 2 mala € DANIEL no banco do carona. QUE 0 carro partlu e seguimos por alguns quarteirées até que CORIOLANO nos deixou e voltamos caminhando pare o hotel. QUE naquele ocasiéo apenas eu ful apresentada a CORIOLANO, para que 0 mesmo soubesse que se tratava da pessoa de confiance de DANIEL. QUE a mim nao interessava saber quem seria a pessoa que eu deveria encontrar, até porque tais explicages nunca me erem passadas, e eu também nao questionava, pois nao cabia a funcionaria ouestionar seu chefe. QUE vale ressaltar que apenas apds a minha priséo tive a informacao de que a pessoa do encontro seria 0 irm&o do ent&io governador da Paraiba, senhor CORIOLANO COUTINHO. QUE diante das informacées constantes do proceso, digitei 0 nome informado no Google imagens e deparel-me com a imagem abaixo, tendo certeza de trater-se da mesma pessoa que me fora apresentada por DANIEL em Jo&o Pessoe-PB € que estava numa pick-up estilo modelo $10. QUE, no segundo encantro com CORIOLANO COUTINHO, no dia 05/06/2018, 0 valor entregue foi de R$700 mil. QUE no dia 05 de Junho de 2018 embarquei pela manhd, provavelmente no yoo direto da Cia Gol linhas aéreas, as 9:30h , com destino & Joo Pessoa/PB, levando comigo 0 valor de RS 50 mil retirados do caixa de DANIEL. QUE, a passagem desse voo nio foi localizada, mas certamente 0 cartéo de embarque deve estar no aparelho celular utiizado por mim na época e que foi apreendido pelo MPRJ. QUE ao desembarcar em Jodo Pessoa peguei um taxi com destino ao HOTEL MANAIRA, mas no cheguel a entrar no hotel, j4 que nao iria me hospedar, pbis tratave-se apanas de um “bate 2 volta” com a finalidade He realizar a entrega do valor acordado entre /DANIEL | e/| s ae | ih .50% Ccautelar inorinada Criminal 0000835-33,2019.815.0000 fest CORIOLANO. QUE, permaneci em frente a entrada principal do hotel aguardando SAMUEL chegar com os R$ 680 mil para completar os R$ 700 mil que deveriam ser entregues a CORIOLANO. QUE SAMUEL chegou e estacionou seu catro numa vaga em frente ao hotel, do outro lado da rua. QUE, ento me cirigi até seu carro, entrando na parte traseira e me sentando préxima a mala, entregando a ele os R$ 50 mil. QUE, SAMUEL saiu do carro, abriu a porta traseira, e organizou os RS 50 mil dentro da mala, voliando para o banco do motorista pera aguarder 0 momento da entrega. QUE, logo apés chegou 2 pick-up prata de CORIOLANO, estecionando préximo ao hotel, momento em que desci do carro e entreguei a mala com os R$ 700 mil a CORIOLANO, que apenas me cumprimentou rapidamente e foi embora. QUE voltei para o carro de SAMUEL, e este me informou que nao poderia me lever no aeroporto por que j4 tinh outros compromissos agendados. QUF entao solicitei_ um taxi e parti para o aeroporto, embarcando no mesmo dia para 0 Rio de Janeiro, desembarcando no aeroporto GaleBo. QUE, © terceiro encontro com CORIOLANO COUTINHO ocorreu no dia 26/07/2018, € 0 valor entregue foi de R$ 550 mil. QUE, no dia 26 de julho de 2018 embarquei no voo G3 2167 da Gol, com destino a Jo&o Pessoa/PB, 8s 9:35h, levando comigo R$ 50 mil retirados do caixa de DANIEL, chegando em Joao Pessoa por volta das 12:30h, QUE, segui de Uber direto para o HOTEL MANAIRA, mesmo local de todos os outros encontros anteriores com CORIOLANO, pata fazer a entrega de mala que SAMUEL me entregaria contendo o valor de R$ 500 mil. QUE, fiquei aguardando SAMUEL na entrada do HOTEL MANAIRA, numa lojinha de conveniéncia do outro lado da rua, de frente para a entrada principal do hotel. QUE SAMUEL chegou num veiculo semelhante a um Mini Cooper, nas cores branco com tato e retrovisores vermelhos, tendo eu entragado a ele os R$ 50 mil que levava comigo, os quals foram acrescentados ao valor que estava na mala que ele trazia. QUE, entio ficamos aguardando a chegada de CORIOLANO. QUE, logo em saguida CORIOLANO chegou na mesma pickup de cor prata, ocesiéo em que me dirigi a ele € pedi para que ele nos seguisse alguns quarteirdes frente, para que a entrega néo fosse feita novamente na frente do mesmo hotel. QUE, seguimas algumas quadras adiante, parando o carro ao lado de uma calgeda, tendo CORIOLANO estacionado a pick-up prata vindo em minha direcao, pegando a mala e colocando a mesma no banco traseiro. QUE, nos cumprimentamos repidamente ¢ cada um seguiu em seu carro, QUE, SAMUEL me levou até o ‘aeroporto pata embarque no voo da Cia aérea Gol as 16:45h com retomo para o Rio de janeiro.| QUE, os bilhetes de ida Volta foram emitidos pela empresa LAKSHMITOUR VIAGENS, de ANDREA MARTINS FALCINI (...).” nei { 1 PE (HOR, : . \ Wet 55 x00 Cte i ANGORA! age Wranrons 56 ol QUE, 0 quarto e dltimo encontro com CORIOLANO COUTINHO ocorreu no dia 17/08/2018, € 0 valor entregue fol de R$ 500 mil. QUE, no dia 16 de agosto de 2018 embarquei novamente com destino a Jodo Pessoa/PB, num voo que salu por volta das 12hs (voo no localizado), @ a0 desembarcar solicitel um taxi e fui direto pare o HOTEL VERDE GREEN, localizado a Av. Jo%0 Mauricio, 255 - Manaira, Jodo Pessoa — PB, chegando ao hotel por volta des 16:45h, onde me hospedei, confarme confirmacao de hospedagem abaixo, pois 0 encontro com CORIOLANO COUTINHO estava mercado para a manha do dia seguinte, no MAG SHOPPING, localizado na Av. Gov, Flévio Ribeiro Coutinho, 115 - Manajra, Jogo Pessoa ~ PB. QUE, no dia 17 ce agosto pela manh SAMUEL me pegou com seu veiculo branco com teto e retrovisores vermelhos na porta do hotel, e dessa vez estava acompanhaco de sua esposa QUE, entio entreguei os RS 50 mil que estavam comigo para que SAMUEL os acrescentasse a mala contenco os R$ 450 mil QUE, ent8o seguimos para o MAG SHOPPING, tendo SAMUEL estacionado 0 cairo em frente @ entraca principal do shopping, 20 lado da calgada, onde ficamos aigum tempo parados, até que SAMUEL disse que precisava ir com sua esposa para algum compromisso e me deixou na entrada principal do shopping com a mala. QUE, entéo atravessel a rua e subi as escacas da entrada principal do shopping, me sentando em uma sorveteria/lanchonete localizada ao lado direito da entrada principal, cue possufa mesas e cadeiras na parte externa, em frente ao mar, logo na entrada do primeira piso do shopping, de onde eu podia observar a chegada da pickup prata de CORIOLANO. QUE, passados uns 20 minutos observei quando 0 carro de CORTOLANO passou devagar, como se estivesse a minha procura, momento em que desci as escadas e contornel 9 shopping para ver aonde a pick-up havia estacionado. QUE, entéo me dirigi até a mesme, entrei no carro e seguimos algumas quadras a frente, quando trocamos algumas palavras, tendo CORIOLANO me perguntado se eu trabalhave a muito tempo para DANIEL, tendo eu respondido que sim, hé alguns anos, tendo ele me dito que DANIEL deveria confiar bastante em mim, € que eu precisava vir com mals tempo para Jo30 Pessoa, pois eu vinha “sempre correndo”, momento 2m que CORIOLANO parou 0 carro para que eu cescesse. QUE, voltel caminhando para 0 MAG SHOPPING, entrei em uma loja de acessérios para celular, comprei uma bateria externa para meu celular, chamei um Uber @ retornei para o HOTEL VERDE GREEN, onde loco depois SAMUEL me buscou para me deixar no aeroporto, com retorno ao Galedo no Rio de Janeiro. (Anexo 3 da Colaboracdo de MICHELLE LOUZADA} Além disso, DANIEL GOMES DA SILVA, no anexo 19’da sua colaboragdo (que trata ‘DA COMPRA DE PARTICIPACAO NO LABORATORIQ/PUBLICO DA PARAIBA — LIFESA S.A), também menciona CORIOLANO COUTINHO, Ket nf 50% ee Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 XK 0% =| afirmando haver RICARDO COUTINHO lhe pedido que “tratasse da transferéncia das agGes dele com CORIOLANO COUTINHO”, Em outro trecho ela narra: “Conforme audio anexo, me reuni com CORIOLANO COUTINHO, expliquei todo 0 projeto e sugeri que criasse uma S.A. que seria a dona de cerca de 10% da TROYSP, 0 que equivaleria aos 5% do LIFESA, como combinaco com RICARDO, CORIOLANO, se mostrou muito Interessado no projeto, mas me pediu um tempo para pensar e definir como iria adquirir as aces combinadas com RICARDO”, (Anexo 10) A pece cautelar ainda narra as supostas atividades de CORIOLANO COUTINHO. Segundo argumenta o Ministério Publico, "No perpasso das investigacdes levadas a efeito, foi possivel constatar a participagdo de CORIOLANO COUTINHO, exercendo 0 controle da Loteria do Estado da Paraiba (LOTEP), por meio da Empresa Paraiba Prémios, deixava entrever que, na verdade, a entidade era mais uma dentre tantas manietadas pelo ‘da Coutinho”. DANIEL GOMES DA SILVA, em sua colaboracao, descreveu a envolvimento de CORIOLANO COUTINHO na enfocada organizagao criminosa. Em sua colaboracdo, DANIEL GOMES revelou que, no final de 2017, a Cruz Vermelha Brasileira, filial Parafba, recebeu convite da empresa BILHETAO SERVICO E INTERMEDIACAO LTDA-ME para lancar um “certificado de contribuigéo” no Estado da Paraiba. Segundo relatado, DANIEL GOMES ciscutiu a proposta com a entéo Secretéria-Geral da CVB/PB, MAYARA DE FATIMA MARTINS DE SOUZA, e decidiu assinar 0 contrato com a emprese BILHETAO SERVICO para langar 0 produto “BiLHETAO DA SORTE’, o que ocorreu em 7 de Novembro ce 2017 (conforme arquivo “00000237-CONTRATO captalizac!a}4o Cruz Vermelha PB_versa}o final assinado.pdf”, no anexo 12 da colaboracao premiada de DANIEL GOMES) Face 20 sucesso das vendas e veiculacéio da marca, DANIEL GOMES teria sido contactado por LIVANIA FARIAS ¢ GIBERTO CARNEIRO sobre “e que seria o tal BILHETAO" e qual a participagéo no negécio. LIVANIA FARIAS teria informado 20 colaborador que RICARDO COUTINHO desejava tratar do assunto urgentemente. Didlogo via aplicativo de mensagem WhatsApp (f 105) comprovam haver CORIOLANDO COUTINHO contatado DANIEL GOMES e informado sobre a deflagracéo de operacao pela Policia Federal € ela Policia Civil, em Campina Grande/PB, para “fechar” a empresa BILHETAO SERVICOS. Sobre a reuniaa, afirmou DANIEL GOMES (Anexo 12 da sua colaboracio premiada): “Por volta das 17h do dia 27 de noverbro de 2017, me reuni com CORIOLANDO COUTINHO e com 0 Vice-Presidente da CVB Nacional VICTOR no Hospital de Trauma (gravacéo de A anexo 171127_002), oportunidede na qual ele (CORT: Cauteler Inominada Criminel 6000835-33.2013.815.0000 empresa” PARAIBA DE PREMIOS, administrada por um laranja credenciada junte @ Loteria do Estado da Paraiba (LOTEP), bem como que o lancamento do produto chamado ‘BILHETAO DA SORTE’ pela CVB-PB estava atrapalhando muito 0 negdcio deles. Nesse sentido, ele (CORTOLANDO) me explicou que havia feito e dendncia junto a LOTEP para interditar 0 BILHETAO, resultando na note que havie me enviado por mensagem de WhatsApp anteriormente.” CORIOLANO COUTINHO seria “dono” da empresa Paraiba de Prémios, ¢, assim, no teria admitido que a CVB/PB ingressasse na area (loterias), gerando concorréncia. Segundo consta, CORIOLANO COUTINHO, na reunida com DANIEL GOMES, ordenou que a CVB/PB nao se envolyesse no respective ramo, de modo que teria CORTOLANO COUTINHO telefonado para o “laranja” do “PARAIBA DE PREMIOS” e determinado que marcasse uma reuniéo com a presidente da CVB- PB para criar um novo produto da LOTEP com a PARAIBA DE PREMIOS, demonstrando que o proprio CORIOLANO COUTINHO teria preferido tratar diretemente do assunto e eliminar 0 concorrente BILHETAO DE PREMIOS. Seguem trechos ¢a_—gravacio. © ambiental (dudio “171127_002.mp3", encaminhado no anexo 12 da colaboracio premiada de DANIEL GOMES), transcritas na cautelar: DANIEL: E af apareceu esse grupo, que é 0 Bilhetao, que, na realidade, o BilhetZo ganhou acho que quatro ou cinco Estados, (..) @ ganhou credenciamento para que a Cruz Vermelha, quando quisesse, efetivasse 0 contrato com ele. Literalmente ninguém sabla, no tinha nem idela que existia de rato esse probiema todo que teve, quando o senhor na época de fato me Perguntou. (...) Eles tem uma série de parcertas que bancam as acées sociais, que 2 gente faz hoje um volume gigante de aGBes socais na Paratba. Parte o proprio hospital ajuda e a outra parte a filial toca com esses parceiros privados. Isso ja 6 feito assim ha uns 4 ou 5 anos. (...) A Nacional hoje, para contextualizacio e financiamento das unidades estaduais, ento divulgou para todo mundo ‘olha, existe essa possibilidace, busquem parceiros,’ CORIOLANDO: Seria um reforgo a mais de caixa (3min3Sseqs) G.) DANIEL: reforco de caixa para poder investir no social, literalmente nas campanhas que a gente 34 faz (...) eu Ja Sou abrigado a fazer ‘n’ aces por més e eu tenho que buscar financlamento para fazer as ‘n’ ages por més, ou entio a cruz vermelha vai ter que tirar do boiso dela para poder fazer. Em regra_geral € isso. Foi dal que surgiu a histérle entéo do BILHETAO, mas obviamente 2 gente no sabia desse estresse todo que teve. (...) Conversei contigo, liguei para o VICTOR (..)‘porra Victor, deu um estresse da porra aqui, a gente ee uma relacéo com o Estado, grande (...) ¢ falei ‘vem pa c que’ oA oot Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 co daers er anny vai ter uma reunigo 12 com uma pessoa que eu gosto muito’ enfim, eu tenho um relacionamento realmente muito proximo com o CORI, a gente jA té aqui no governo hé 6 anos, a gente n@o quer ter problema com o governo (...) A Cruz Vermelha té a disposicgo para buscar uma solucio, o que for possivel de resolver. (.) (6mint2segs) CORIOLANDO: O jogo, 0 sorteio (...) aqui na Paraiba, isso a Legislago impée, uma coisa é vocé fazer uma coise pontual, outra coisa é vocé fazer uma acéo toda semana. Isso perde a caracteristica ‘sh é uma agio beneficente’. Essa coisa n&o se sustenta. Segundo, a gente tem um oraao que discipline todo esse processo, esse mesmo drgiio (...) jé teve uma experiéncia com 0 préprio BILHETAO. Os caras nao querem saber de pagar imposto, os caras néio querem saber de pagar premiacio. DANIEL: é 0 mesmo grupo? CORIOLANDO: mesmo grupo. Gd (7min32segs) CORIOLANDO: jogo (...) s6 se realiza se tiver, légico e evidente, o ape do Estado. O Estado faz esse processo acontecer, até mesmo para que os repasses efetivamente acontecam, a premiac3o aconteca, as coisas acontecam. Os caras (...) ‘Ah, 0 Ministério PUblico’. Os caras tao 86 levantando as coisas e vo pro pau. (...) 0 BILHETAO ta dizendo que té de acordo, que té com essas coisas todas. Nao interessa, assim, pra gente, a nao ser que esteja dentra das legalidades no nosso entendimento do Estado (...) n&o interessa, eu acho ruim. As vezes a gente acha que pode té ganhando um negécio e, como vocé sugeriu, disse af a questio das marcas, a gente pode ta entrando numa grande roubada. (...) Levou uma porrada de tempo para se construir uma coisa ¢ para se ter um problema aqui nesse sentido que efetivamente no da. (8min56segs) CORIOLANDO: Ai os caras dizem ‘Ah, ndo, vamos fazer em cima de pau e pedra’ e, ‘no, vamos fazer uma enquete aqui se quer o jogo fiscalizado pelo Estado ou no. (.«) Ah! Quer jogar nesse nivel? Vamo quebrar os caras literalmente. Porque os cata nao tem moral, a relacio que se teve de cumprir as coisas (ai eu tou falando de cumprir 5 cosas legais, do procedimento) em nenhum momento atende (...) DANIEL: ei que vocé quis dizer. (...) Criou-se essa fumaca de legélidae (...) eu acredito que @ lei é muito clara, existe legalldade dé constituicao beneficente. Ai té criando uma situacéo () querendo forcar né? (1Omin2géegs) aye aares ore Wack sce Cauteler Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 80 CORIOLANDO: — Constituico ~—beneficente, _instituigdo beneficente, val ter sortelo toda semana, mestre? Pra cima de mim? (.) DANIEL: Em alguns estados ja tem, jé tem isso direto, porque, | na realidade, é para o custeio da instituico. (.) DANIEL: Para mim, 6 CORI, 0 principal.. Primeiro, eu tenho uma relacéio grande com vocés (...) © que eu acho que foi o| principal? De lé para cé, eu conversei muito com VICTOR, a gente olhou © contrato, eu tenho contato com a filial local (...) e esse contrato ele tem uma clausula de 30 dias, a gente pode rescindir (...) (L1min8segs) DANIEL: Agora, 0 que que muda? E eu acho importante voc’ estar atento (...) até conversei com VICTOR e VITOR falou ‘Olha DANIEL, 0 que pode acontecer efetivamente é a gente rescinde com os caras, a Cruz Vermelha nao vai mais participar disso, mas 0 cara pode arrumar uma outra instituigSo beneficente para, vamos dizer assim, ser a patrocinadora’. CORIOLANDO: Essa foi a discusséo que a gente teve ne LOTEP. 0 objeto centra aqui ndo é porque é a Cruz Vermelha, o objeto central ¢ que geralmente todas as.. vamos dizer... DANIEL: esse mocalidade periédica (...) tem que passar pela fiscelizacS0 do Estado CORIOLANDO: & (13min28segs) CORIOLANDO: 0 cara chege, paga as coisas, entrega 0 prémio. Vocé ote ai 2 anos funcionando. Duvido que vocé encontre | com 0s caras e digarn ‘Ei faltou prémio’ () CORIOLANDO: O cara paga os impostos, paga as coisas todas, ai vai colocar um que no concorre em nada com 0 cara? (...) Vou sair daqui também, porque arranja quelquer essociaco G2) VICTOR: © pagamento do imposto tem que ter, claro. CORIOLANDO: Nao.. eu estou falardo a questo estadual e repessam uma grana para a propria LOTEP também VICTOR: sim, daro. CORIOLANDO: como percentual pra LOTEP do do do do... (...) da venda do produto pro Estado. (2) (15min02segs) DANIEL: tua leitura é essa, de que nao vale a pena continuar nisso? CORIOLANDO: nao vale a pena com os caras nao. (...) Porque ele j tem uma associagson a que eles fazem uma parceria, eu acho que é saul gos deficientes fisicos, que eles fazem o repasse de gra ra para éssa associagao. Cauteler Inominada Criminal 0000835-33,2019.815.0000 CORTOLANDO: Hein? Nao. do do do DANIEL: Da atual daqui. CORTOLANDO: E.. da atual daqui DANIEL: que é a Paraiba de. DANIEL e CORIOLANDO: de Prémios (15min36segs) CORIOLANDO: os caras fazem esse repasse, fazem essas coisas todas. Todo 0 repasse € acompanhado pela prépria LOTEP, pra ver se a coisa pelo menos sai caminhando, é... DANIEL: esté chegando onde tem que chegar né? CORIOLANDO: é... regulamenta esse proceso. Ge) (Lomin8seas) CORTOLANDO: Vocé tem o entendimento de que pode, Eu acho que pode virgula, se for um sorteio esporadicamente. (...) porque muda completamente a caracteristica do processo, hoi. (...) Af a coisa de ter uma contribuicéo, 0 caba diz ‘Homi, perai, deixa eu fazer uma conta aqui, 0 que que significa isso? Deixa eu bater aqui’ ai quando vé ‘Rapaz.. o negécio 6 muita coisa’ DANIEL: tam légica, sem ctivida alguma () (19mini0segs) CORIOLANDO: O que se pode fazer. (,..) outras possibilidades de... até de fazer essa parceria com a Cruz Vermelna mesmo. A briga no é porque é parceria com. (a Cruz Vermelha) (...) DANIEL: e, no fundo (...), 0 interesse nosso ¢ ter receita para as agdes sociais. (2) | DANIEL: acho que a gente pode mais ou menos bater o martelo (...) eu queria primelro explicer a nossa viséo, para no paracer cue sacada fol essa da Cruz Vermelha de uma hora pra outa (...) tem ume legislago de fato, enfim, concorde com a tua leitura. De fato eu nao tinha pensado sobre isso. O negécio periddico, semanal, sai um pouco do principio de ser uma coisa mais esporddica para manutencao. E uma leitura, apesar da lei ser omissa, mas é uma leitura (...) Agora no caso daqui entdo, a gente pode fazer a resciséo, eu te mostro o contrato (...) (2iminiosegs) DANIEL: eu acho que a gente jé combina, a gente fecha de dar 4 notificaco de aviso prévio, damos hoje ou amanné, 30 dias |G.) Agora & claro, nesse periodo, (...) Cruz Vermelha ele no Val ter, mas ele pode procurer outra (...) CORIOLANDO: a discussio que a gente ta tendo lé num é Cruz Vermelha nfo (...) € 0 formato da coisa. ©) vA (22min35segs) Z | DANIEL: 6 CORI, deixa eu te perguntar uytia colsa, | existe possibilidade — eu j& pensando altg mais pra f frente — da gente pensar em propor uma ideia diferente pra LOTEP daqui, de fazer um produto especial, fazer uma coisa 6 em 6 meses, esporddica? CORIOLANDO: pode. @ (25minooseg) CORIOLANDO: tranquilo, tranquilo. D4 pra gente evoluir, eu acho que é importante evoluir, eu acho que a propria LOTEP ta em aberto (...) (3min48segs) DANIEL: de repente podemos até fazer uma reunigo com o pessoal da PARAIBA DE PREMIOS e ver com eles a possibilidade se eles se interessam. Temendo sofrer retaliagdes de RICARDO COUTINHO nos contratos de gestia de unidades hospitalares vigentes com a CVB/RS, DANIEL GOMES teria intercedido junto 2 entéo Secretéria-Geral da CVB/PB, ao Presidente da CVB Nacional, e a outros envolvides, a fim de atender 20 determinade por CORIOLANO COUTINHO. Em conclusSo, 0 colaborador (DANIEL GOMES) afirmou que a Secretéria-Geral da CVB/PB e 0 Conselheiro da CVB, KEYDISON SAMUEL DE SOUZA SANTIAGO, so testemunhas dos encontros dele com CORIOLANO COUTINHO, informando, ademais, que CORIOLANO COUTINHO “controle a LOTEP” e tem muito envolvimento com jogo de apostas no Estado da Paraiba Em corroboragao, vejase 0 depoimento do anexo 25 da colaborac&o premiada de LIVANIA FARIAS: “QUE BILHETE BILHETINHO da LOTEP; QUE no sabe se é da LOTEP; QUE conversou com DANIEL e 0 mesmo disse que esteve com CORIOLANDO COUTINHO e ja havia resolvido situacéo; QUE indagou DANIEL sobre que situacéo, perguntando-Ihe se teve algum problema do mesmo com CORIOLANDO COUTINHO; QUE DANIEL disse que quando 2 CRUZ VERMELHA quando chega ela presta um servico de utilidade publica, cestas basices, esses coisas; QUE tem um negécio chamado “BILHETAO" que um percentual é obrigatdrio enceminhar para uma instituicéo; QUE essa empresa estava mandando para a CV paraibana; QUE estava mandando dinheiro, pois manda um percentual do que vende para uma instituicao ce caridade; QUE DANIEL recebeu um telefonema de CORIOLANO COUTINHO dizendo que queria conversar; QUE CORIOLANO COUTINHO no queria que essa pessoa que estava Id ficasse e sim a que ele indicou; QUE DANIEL para n3o tirar a pessoa de uma vez deixou a pessoa ainda um més ou dois e ficou fezendo com a pessoa que CORIOLANOCOUTINHO indicou; QUE n&o sabe qual o interesse dé CORJOLANO COUTINHO; QUE o dinheiro entrava na CV ¢ comprava cesta Cutler Inorrinada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 [apo basica, fazia feljoada, sendo gasto la mesmo QUE é um percentual que pela lei tem que ser dado; QUE dé para APAE; QUE nao sabe 0 valor recedido pela CV" Segundo ressalta 0 Ministério Publico, todos os colaboradores disseram ter receio de CORIOLANO COUTINHO, "uma vez que pairam sobre ele varias noticias de atos de violéncia e também pelo dominio que exerce sobre as forcas policiais” CORIOLANO COUTINHG, irmao e pessoa de confianca do chefe da ORCRIM, seria, portanto, responsavel por tratar dos “assuntos mais sensiveis” e de interesse direto de RICARDO COUTINHO, 2 exempio do fato envolvendo a aquisigdo do LIFESA (Anexo 10 da colaboracdio). Ademais, os minuciosos levantamentos levados a efeito no curso das investigagbes, bem demonstrados e detalhados na peca cautelar (f. 112/138), figuram como, pelo menos contundentes indicios de que as empresas vinculadas aos familiares do ex-Governador RICARDO VIEIRA COUTINHO se utilizam de pessoas interpostas, com o objetivo de ocuitar os reais proprietdrios, de modo que, pelo cendrlo exposto, caberla a CORIOLANO COUTINHO reger esse “ecossistema de laranjas". Diante do exposto, afigura-se necesséria a segregacao cautelar desse investigado, para garantia da ordem piblica, por conveniéncia da instrucao criminal, e para assegurar a aplicacao da lei penal. Em relacdo a garantia da ordem piiblica, o encarceramento preventivo se mostra necessario, dada a gravidade concreta da conduta incriminada, Porquanto, segundo as investigagdes cemonstram, CORIOLANO COUTINHO, irm&o do ex-Governador RICARDO VIEIRA COUTINHO (referido como chefe da organizagio), e a este ligado diretamente, atuava, em tese, no nucleo financeiro operacional da ORCRIM, sendo um dos principais responsdveis pela coleta de propinas destinadas a RICARDO COUTINHO, bem assim por circular nas estruturas de governos para advogar interesses da organizacio junto aos integrantes do alto escalao. Alem disso, como argumentado pelo Parquet na peca cautelar, “ninguém duvida do poder de intimidacéo do investigado RICARDO COUTINHO e de seu itméo, CORIOLANO e demais seguidores, algo, efetivamente, sentido quando da audiéncia com os colaboradores. Se nd intimidagao ativa (que sabe-se que possuem experiéncias de backgreund), presenca de forga reserva de uso retardado possuem 3 saciedade’, de forma @ tornar mals evidente a necessidade de prisso preventive desse investigado, para fins de preservaCSy da instrucéo criminal, tendo em vista o risco de intimidagao de a ep inclusive investigados, importantes para o contexto da investigagao ainda em ci poo BRN a cay Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019, 819.090— 64 Conforme o colaborador DANIEL GOMES DA SILVA (anexo 51), uma empresa de inteligéncia e contrainteligéncia (@ TRUESAFETY CONSULTORIA, INTELIGENCIA E CONTRA INTELIGENCIA EMPRESARIAL LTDA, CNP] 12.586.063/0001-50), teria sido contratada para realizar levantamentos e produzir dossiés (com local de moradia, nome de filhos, de escola, etc.), supostamente para pronto emprego em caso de ameagca externa, isto é, aos interesses (ilicitos) do grupo, também segundo exposto pelo Ministério PUblico. A necessidade de acautelar a instruc&io criminal, toma-se mais evidente, in casu, pols, segundo ressalta o Ministério PUublico, todos _os colaboradores disseram ter receio de CORIOLANO COUTINHO, ‘wma vez que pairam sobre ele varias noticias de atos de violéncia e também pelo dominio que exerce sobre as forcas poticiais’: Por tais raz6es, existe risco concreto de o investigado Interferir nas investigagdes, mediante contato ou ameacas a pessoas, testemunhas e investigados, inclusive ocultando ou fazendo ocultar elementos de prova importantes 4 elucidacdo dos fatos investigados na Operacao Calvario. Segundo investigagées, cabia ao investigado CORIOLANO COUTINHO reger 0 mencionado "ecossistema de /aranjas’ pondo, por conseguinte, am risco a aplicacao da Lei Penal, cujo aspecto reparatirio hd de ser assegurado Portanto, 0 investigado CORIOLANO COUTINHO ppraticou, teoricamente, no minimo, os crimes de organizacéo criminosa (art. 2°, da Lei n° 12.850/13), lavagem e ocultacéo de bens (art. 1°, da Lei n® 9.613/98), nos moldes apontados pelo Ministério Piiblico, justificando, neste momento, a nacessidade de decretacSo da prisdo preventiva, como garantia da ordem pUiblica, da aplicacéio da lei penal e conveniéncia da instruco criminal, sobretudo em virtude da complexidade da organizaco, evidenciada palo nlimero de integrantes e pela presenca de diversos nacleos de atuagao. Com_efeito, a jurisprud@ncia_do STJ é pacifica_no sentido de que justifica a prisdo preventiva o fato de o acusado integrar organizacao criminosa, em razéo da garantia da ordem publica, quanto mais diante da complexidade dessa organizacio, evidenciada no numero de integrantes e na presenca de diversas frentes de atuacao. Nesse sentido: RHC n. 46.094/MG — 68 T. — undnime - Rel. Min. Sebasti8o Reis Junior - DJe 4/8/2014; RHC n. 47242/RS - 58 7. — un&nime — Rel. Min. Moura Ribairo - DJe 10/6/2014; RHC n. 46341/MS — 5 T. — unanime — Rel, Min, Laurita Vaz ~ DJe 11/6/2014; RHC n. 48067/ES — 5? T. — undnime ~ Rel. Min. Regina Helena Costa - Die 18/6/2014. Igual posicionamento se verifica no Supremo Tribunal Federal, v. AgRg no HC n,_121622/PE ~ 2° T. - undnime — Rel. Min. Celso de Mello ~ DJe 30/4/2014; RHC n. 122094/DF — 18 T. - undnime - Rel. Min. Luiz Fux - Dle 4/6/2014; HC n. 1\15462/RR - 2° T. - undnime — Rel. Min. Ricardo Lewandowski — Die 23/4/2013. ¢ | = seme | womssBenor™ Ceuta naa Ba 00695-32018 815.000 « Ademais, consoante jurisprud&ncia cristalizada no ST] e no STF, enguadra-se no conceito de garantia da ordem publica a necessidade de se interromper ou ciminuir a atuagéio de integrantes de organizac3o criminosa, como é ocaso. II.2.3 — QUANTO AO INVESTIGADO GILBERTO CARNEIRO DA GAMA Esse investigado, segundo o Ministério Publico Estadual, sempre ocupou posig&o de destaque dentro do cendrio do agrupamento delitivo objeto da Operacaio que se convencionou de “Calvario’, EntZo Procurador-Geral do Estado, posigéio por ele exercida, desde 2011, e somente cessada em abril do corrente ano (2019), em consequéncia de uma das fases ostensivas da investigacéo sobredita, GILBERTO CARNEIRO jé ocupou a Secretaria de Estado da Administracdo de gestéo de RICARDO COUTINHO, assim como cheflou essa mesma pasta, quando este Ultimo era prefeito da capital paraibana. Assim como WALDSON DE SOUZA e LIVANIA FARIAS, o referido invastigado foi inserida no NUCLEO ADMINISTRATIVO da organizacio criminosa delineada pelo Ministério Pablico em sua peca. Segundo 0 Parquet, como homem de confianca de RICARDO COUTINHO, GILBERTO CARNEIRO teve, em tese, participacdo decisiva para 2 manutengao da ctipule da ORCRIM (e de seu projeto), no ambito do Poder Executivo Estadual, especialmente porque teria se transformado no agente de interlocugao do Executivo frente aos demais Poderes e drgdos, sobretudo de fiscalizacao. © teérico poder de penetragio de GILBERTO CARNEIRO, que inspirava, como certo, seguranga para os demais agentes da organizecao criminosa em refer&ncia (com destaque para os econémicos), bem como o prestigio que aparentemente possuia com RICARDO COUTINHGO, 0 teria transformado num dos mais arrecadadores de “propine” da Operacéio Calvario. E isso para o seu deleito préprio, 0 que haveria Ihe proporcionado grande actimula de patriménio ilicito, Consoante narrado pelo colaborador IVAN BURITY (anexo 6), desde o ano de 2012, parte das “propinas” por ele, em tese, arrecadas de empresdrios era, sempre que possivel (quando o valor do repasse nao era predeterminado), dividido com GILBERTO CARNEIRO e EDVALDO ROSAS, sem 0 conhecimento de LIVANIA, que tomava conta do financeiro da organizaco. = 4 Nas palavras de GILBERTO, o “Coletive Girassol" tinha suas divisdes internas e projetos distintas e todos precisavam ser contempladés. Ele, res veer oe 08 apes Cauteler Inominads Criminel 0000835-33.2019.815.0000 SEP especial, porque precisava cuidar das “demandas juridicas especiais’, algo que, segundo 0 Ministério Publico, faz parte de investigacao auténoma. Ademais, n&o teria sido so de IVAN BURITY que GILBERTO CARNEIRO, de forma divorciada do grupo que teoricamente fezia parte, exigiu pagamento de “propinas” rotineiras, mas também de DANIEL GOMES DA SILVA, Cujas relacGes interpessoais haveriam se intensificado, no carnaval carioca de 2014, quando diversas despesas (com hotéis, passeios de luxo, deslocamentos, etc.) desse investigado, assim como as contraidas por sua esposa (Ana Patricia), teriam sido pagas pelo citado colaborador (DANIEL GOMES). Aparentemente, com recursos do “caixa da propina” (vide Termo de transcricéo de depoimento referente ao Anexo 05 de Daniel Gomes da Silva). A posi¢éo em tese ocupada por GILBERTO CARNEIRO na organizacdo, de PROCURADOR-GERAL DO ESTADO, e a bandeira por ele supostamente defendida e vendida ao colaborador DANIEL GOMES, como sendo sua, isto é, de verdadeiro “defensor dos interesses das Organizagdes Socais” (fonte dos recursos ilicitos), dentro dos projetos de gestdo pactuada do Estado, teria feito com que esse investigativo hipertrofiasse sua importancia no grupo criminoso e passasse a exigit de DANIEL GOMES contrapartidas financeiras, de modo periécico. Segundo observou 0 Ministério Piiblico, com 0 desenvelver da atividade investigativa, os pagamentos de “propina” comecaram em novembro de 2014, no valor mensal de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). Evicéncia(s), nesse sentido, consta de planilha denominada de “Gilberto Trauma”, acostada junto ao Anexo 16 da colaboragao premiada de Daniel Gomes da Silva att Ae Bt Ot Drarte ime mar wis dan Fev Maryan) Ag Set ut Royer Mer 2uimer Oat oHn0 Na sequéncia, fol registrado que nova viagem de GILBERTO CARNEIRO ao Rio de Janeiro/RJ, em outubro de 2015, foi paga (em tese) pelo colaborador DANIEL GOMES DA SILVA, que apreseftou provas que corroboraram: suas alegacdes (arquivo Sheraton Hospedagem Gilberto Carneiro.pdf, anexo 16 da colaboracao premiada de DANIEL GOMES). | ( is i ) ~ Gan oe Gree 25 DOR A p00 WN AG CautelorInorinada Criminal 0000835-32.2039.835.0090 ROATPS EON 6 Nesse perfodo, segundo emerge das investigacies, GILBERTO CANEIRO solicitou a DANIEL GOMES majoracio no valor da “propina” que, mensalmente, estava Ihe sendo paga, pois o LIFESA comecaria a gerar lucros para todos, e ele, membro do seu Corselho de Administracdo, teria papel decisivo na consolidaciio de mais esse projeto. Como elemento de prova do suposto envolvimento de GILBERTO CARNEIRO com a LIFESA, DANIEL GOMES apresenta o Audio 180802_006 (02.08.2018), constante no anexo 16 da sua colaboracdo, que demonstra que ¢ GILBERTO CARNEIRO agiu no sentido de “destrevar” as quest6es da empresa junto ao Estado: 24mind0s DANIEL: Deixa eu botar aqui. (Daniel se levanta para pegar o envelope) Deixa cu ver uma coise sé contigo num... & 0 seguinte... 0 laboratorio deu uma andada boa nas coisas la, no sei se tu té mais ou menos por dentro? A secretaria de sade é que pra variar... mesmas coisas... mais no restante andou bem! T4? Eu até vou deixar contigo aqui depois... més de julho, por exemplo... 2 gente j4 faturou, sé em julho, 653 mil, entéo té comegando a andar... GILBERTO: E... ali... DANIEL... 6. vou te dizer uma coisa, visse, foi pau, visse! Foi preciso muita insisténcia minha, do Governador e CORT. DANIEL: Sé que esse faturamento agui foi trinta mil s6 pre secretaria de satide, mas ela finalmente emitiu dois empenhos grandes agora, de dois produtos... GILBERTO: Foi? DANIEL: E jé pediu os dois produtos... dé uns dois milhées! GILBERTO: Certo! . DANIEL: (ininteligivel)_ primeiro, finalmente! &... e eu combinei com a LIVANIA, como RICARDO autorizou na iltima vez, a gente botar uma pessoa pra poder tentar fazer o meio de campo. A gente pegou aquele SERGIO, um advogado, que trabalhou com a LIVANIA ha muito tempo... GILBERTO: Certo! DANIEL: E € um cata que té no IPCEP.. té no. NO... laboratorio LIFESA. GILBERTO: Ta! DANIEL: E... entéo t& ajudando bastante a gente, (ininteligivel) comegou a andar. Vamos ver se as coisas vo efetivamente funcionar, Mais 0 legal é que a gente ta vendendo, pra vocé ter uma idea, olha aqui 2 quantidade jé. Prefeitura Princesa Isabel, Universidade Estaduai Ciencia e sh oe aici Se Sn pcan eA . ‘eae DANIEL: E... Farmacia Indiistria Quimica Cearense... GILBERTO: Hum... DANIEL: Ent3o quer dizer, té vendendo agora jé pra uma co’sa... Princesa Isabel foi uma prefeltura que comprou bem! Tem uma outra esperanca de no sei o qué... entio finalmente as coisas esto andando ld... eu acho que se Deus quiser... GILBERTO: Quem... quem ligou pra mim... por que... DANIEL: Prefeitura de Desterro... Assim, teria ocorrido um incremento da propina em tese paga, que passou de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) para R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Segundo relata 0 colaborador, fol concedido 1% das agdes do LIFESA em favor de GILBERTO CARNEIRO. Quanto as supostas entregas de dinheiro, elas so perceptiveis pelos diélogos de, pelo menos, trés gravacBes ambientais: Audio “GC 27-6-17.mp3”, em 27.06.2017 — Anexo 16 10m00s GILBERTO: Mas no ia dar tempo no, porque eu sé tinha 5 minutos, A audiéncia Ié era 1:15h, entendeu? DANIEL: Eu tinha que falar contigo um negécio que era rapido af eu: “puta que parlu, que merda” cara GILBERTO: Fique frio. Ai.. Ai ful direto que deu o tempo, entendeu? DANIEL: Passar pelo posto que fica ali pertinho (ininteligivel) aquela partida foi boa. GILBERTO: (risos) junto af DANIEL: Deixa eu te falar, eu t6 com isso aqui. Depois vocé... ta? Na realidade, inclusive, parece que o menino falou pra mim que veio a menos, né? GILBERTO: Hum rum... DANIEL: Eu falei: "Puta". Dei um esporro, vemos 0 que aconteceu, com quem ele pegou e deve ter vindo errado. Ele falou que veio isso. GILBERTO: hum DANIEL: E.. enfim.. tudo bem. Entao, tem aq GILBERTO: Ta DANIEL: T? Que ja fica resolvido, t4? Ai fica em dia com vocé, que ele também falou que tava uma em aberto. Tava um aberto, mas naquele dia eu ia acertar contigo. GILBERTO: E.. eu imaginei DANIEL: (risos) Ai como ele velo.. veio comigo essa semana € euja ene t8 em dia contigo. Audio*Gc 29/09-17. mp3", em 29.09.2017 — Anexo 16 (o9md5s) | & mere isso... od RGA eset 4 Cautlartnominada Criminal 0090835-33.2848.835.0000 6 Ks | GILBERTO: (ininteligivel) E uma é? DANIEL: 12h40min ai. Tem outro més e setembro... 6... t6... t6 bem em dia contigo! GILBERTO: Ta bom. Eu sé... DANIEL: Olha 6... Eu Sempre confiro antes pra nao ter problema... nesse eu no conferi... depois vocé da uma olhadinha pra ver se ta certo... GILBERTO: Ok! DANIEL: Veio... eu trouxe... no deu tempo... GILBERTO: Ta bom! DANIEL: Que eu peguei ontem a noite... mas se tiver alguma diferenga me fala que ai eu... eu assumo... ad (32m20s) DANIEL: Bom, quer pegar entéo? Como é que a gente faz? GILBERTO: Todo mundo entra na minha sala, se alguém vé essa porra ai... dé merda. DANIEL: Quer levar a minha pasta la, e tudo? Eu pego 16..2 GILBERTO: Nao... ai é... DANIEL: Quer que eu te encontre amanha? Eu vou embora até meio-dia. . GILBERTO: Passa alguém... E melhor la..._Conto a grana... No almoco.. DANIEL: No almoco. GILBERTO: Ai vocé pode (ininteligivel) . DANIEL: (Ininteligivel) T6 no Manaira. GILBERTO: Aonde? DANIEL: Manafra, GILBERTO: E melhor passar lé. Que horas vocé vai ta de manha? DANIEL: Cara, devo estar la umas 7hs em diante. Vou jantar I... You sair daqui agora e vou pro hospital...vou ficar trabalhando., £ vou pra la depois. E amanha cedo também to Id. GILBERTO: E.. 7hs, vocé ja esta pronto com certeza? DANIEL: Com certeza. Com certeza ja eu estou la. GILBERTO: Porque eu acho que vai chato... vai ficar ruim.. Poraue.. DANIEL: E. GILBERTO: A ndo ser que vocé disponha aqui e eu depois venha pegar. (pausa) E, acho que disponha, porque eu nao vou sair daqui agora. (Som de maleta abrindo - 3229s) DANIEL: Pega aqui (Gons de envelope de papel - 33m34s-33m55s) (Sons de maleta fechando ~ 33m56s) Audio “: 20minpbs apse CCauteler inominade Criminal 0000835-36.2019.815.0000 70 Tet (J DANIEL; Mudando de assunto, delxa eu te perguntar uma coisa aqui. Tu indicou la pro ANTONIO RANGEL o TIAGO FONSECA, ne? GILBERTO: Foil DANIEL; Té tuco ok? E pra contratar ele mesmo? GILBERTO: Tudo Ok! tudo ok porque... tem que ter confianca comigo, né? (ininteligivel).. DANIEL: Nao, perfeito! ta? Ento, show de bolal Entio, sé pra poder alinhar lé, € j4 t& tudo ok. Eu trouxe.. enfim... eu queria... posso... posso deixar aqui contigo logo? GILBERTO: Pode! Eu queria 56, é... DANIEL: Eu to com... eu trouxe... eu té acho que com dois ou trés meses, eu nao t6 com a planilha aqui. Trouxe um. GILBERTO: Hum! DANIEL: 6... sema trago outro! (inint GILBERTO: Ta! DANIEL: Eu trouxe de Id, no trouxe nem de cA por que 0 meu pessoal daqui té viajando e aqui ta foda por que té tudo... té tudo indo pras cosas normais aqui, GILBERTO: E, se tu puder... atualizar depois. DANIEL: Néo, boto em dia, semana que vem eu mato no dia com voce € te mostro © que tu tem. Confesso que néo olhei sé... a5 planilhas que tava em aberto, Mas ja tem uns dois meses que eu ndo venho, deve ter dois ou tras. Te trago um agora... talvez fique um ou dois. GILBERTO: E eu confesso pra vocé que eu nao tenho nocao, mas deve ser isso mesmo... DANIEL: N5o, mes cu tenho certinho! A itima vez que eu tive na... na Paraiba foi no final de maio, entéo, junho, julho, ja tamo em agosto... entéio eventualmente eu acerto contigo isso ai... mas eu te mostro certinho, eu tenho Ia no meu que vem eu estou de volta, te I). GILBERTO: Ta! DANIEL: Que eu anoto direitinho... eu trouxe aqui. deixar os quarenta contigo. GILBERTO: Ta! DANIEL: Posso pegar 14? Agora eu queria combinar contigo um outro jeito, GILBERTO, eu... eu... eu vou ficar, nesse perioda eleitoral eu nao vou ficar por aqui... GILBERTO: Ta! DANIEL: Td? Esse € 0 pior perfodo que tem pra... eu jaa. j resolvi tudo que tinha pra resolver com todo mundo, entao tudo... ta tudo no script! GILBERTO; Certo! 7 DANIEL: E... entio... tive com a LIVANIA hoje, resolyed restante, mals ou menos, té tudo encaminhado! Enta6, na precisa que eu esteja presente. Eu queria sé combinaf contigg | ) como & que 2 gente faz pros préximos meses. Enta6 pensa, #\\ ’ » vou aka Cautelar Inominada Criminal €000835-33.2019.815,0000 na semana que vem a gente... eu vou botar em dia, mas eu queria... pra néo acumular de nove. Se vocé concordar, teria duas sugestées... a melhor de todas é aquele menino que... que é€ 0 SAMUEL, que 6 um cara de extrema confianca, que € 0 papel do SAULO, antigamente. Aquele que foi Id na tua casa, naquelas vezes... GILBERTO: O do telefone? DANIEL: Isso! Levou computador... ele néo precisa saber 0 que é que é, eu s6 peco pra trazer no envelopinho... te entrega, pronto! Entendeu? E... GILBERTO: Ok! Vocé nao confia? DANIEL: Confio 100 por cento! Jé trabalha comigo desde 0 inicio do projeto aqui... e j4 era meu funcionario antes de vir pra... pra CRUZ, entdo... trabalha comigo hi 15 anos! GILBERTO: No prdximo... voce ainda vai vim? DANIEL: N30, no préximo eu acerto contigo, mas eu té falando 86 pros outros, depois... pra néo ecumular... GILBERTO: E, se vos se vocé puder atualizar esse dai a gente ja resolve isso. DANIEL: Isso! Mais s6 pra gente nao deixar... eu num... eu num gosto de deixar acumula.. é uma merda... até pra trazer é pior GILBERTO: Ta! Conforme indicam as investigagSes, essa “propina” era paga por DANIEL GOMES DA SILVA ou por MAURICIO NEVES, em espécie, e teria rendido, até 0 més de agosto do ano de 2018, o importa de R$ 1.245.000,00 (um milhdo, duzentos e quarenta e cinco mil reais). Esse investigado, supostamente, no sé recebia valores de “propina” de IVAN BURITY e DANIEL GOMES, mas também os recebeu de LEANDRO NUNES DE AZEVEDO, por intermédio de GEO LUIZ DE SOUZA. Quantias entre R$ 100.000,00 2 R$ 150.000,00, determinadas por LIVANIA FARIAS (Anexo 05 da colaboracio premiada de LEANDRO AZEVEDO), DANIEL GOMES continua explicando que nao sé as viagens a0 Rio de Janeiro de GILBERTO CARNEIRO foram custeadas pelo colaborador, mas tembém a Bahia, além do pagamento de ingressos em shows, fretamentos de avides particulares, etc. Veja-se 0 exemplo de um pedido de compra de ingresso para o show da banda Coldplay, que 0 investigado planejava ir com RICARDO COUTINHO (Audio “GC 29-09-17.mp3", em 29.09.2017 - Anexo 16): (09m35s) GILBERTO: Rapaz, o... ele tava querendo que tu tivesse © ingresso pra o igivel) ele me pediu. O show de COLDPLAY que vai ter dia 03 de novembr DANIEL: 3 de novembro... Ta! AMANDA i esse show... GILBERTO: Veja la! ee DANIEL; Vou ver entao,., af séo canis is? 4? - t Presser open Cautelar inorinaca Criminal 0000335-33.2019.815.0000 = n GILBERTO: Ele tinha falado em 6... DANIEL: 6? GILBERTO: Se conseguir 6, dtimo, ta bom? DANIEL: Ta bom! 0 de COLDPLAY nao tava com area VIP, mas tem camarote, de repente é até... até melh GILBERTO: Eu acho.. sim, deixa eu pegar aqui eu acho... DANIEL; Se bobear é até melhor. GILBERTO: Ef Outrossim, para atender a pedidos de membros de diversos poderes e drgaos, 0 colaborador contou com GILBERTO CARNEIRO para promover acomodagées em posts de trabalho, citando 0 Ministério Publico 0 caso de ANA CARLA DE OLIVEIRA MEDEIROS, conforme audio 20000007, juntado ao anexo 16 da colaborac&o premiada de DANIEL GOMES. Nesse contexto, GILBERTO CARNEIRO também conseguiu que o escritério de YURI SIMPSON LOBATO (Lobato, Souza e Fonseca Advogados Associados) fosse contratado pela CVRS (conforme anexo 06 da colaboracio premiada de Daniel), tendo recebido a quantia de R$ 820.257,80 {oitocentos e vinte mil, duzentos e cinquenta reais e oitenta centavos), conforme dados do portal da Transparéncia do Estado da ——Parafba (htto.//transparencia.pb.gov.br/dados-especificos/administracao-hespitalar). Esse escritério, outrossim, jé recebeu R$ 65.388,51 da ABBC — Associacao Brasileira de Beneficéncia Comunitaria, responsével pela administracéo das UPA’S e Hospitais no interior do Estado. No ponto, segundo o Ministério Publico Estadual: "Como dito, além deste escritéric, ha razodveis indicios de outros tantos utilizadas para implementa uma estratégia de \litigancia simulada, pois houve o ajuizamento de véries acdes promovidas junto a0 Poder Judiciario em face de todos que ousassem denunciar as praticas escusas da empresa criminosa, demandas estas, sem qualquer embasamento _sélido, fundamentado ou que apresentasse potencialidade de sucesso, com 0 objetivo central e disfarcado de prejudicar os denunciantes, causando-Ihe danos e dificuldades de ordem financeira e reputacional (caso da ex-primelra dama do Estado, Pamela Béric, e todos os demais jornalistas que ousaram denunclar as praticas do grupo), e de recambiar valores ilicitos, com aparéncia de licitude”” Desse apaghado, verificase que esse __investigado aparentemente deixou um verdadeiro rastro de dano 20 patriménio publico do Estado que, por sua posicag (de Procurador-Geral), mais do que a de todos, tinha por obrigacao zelar e defer Sauls [RGADOR }435-33.2019 815.0000 B Sua tedrica conduta se protraiu no tempo, denotando possuir uma habitualidade € 4nsia por vantagens (sem causa legitima eparente) que somente restou freada pela interveng3o dos érofos de persecuc3o. A ordem Publica foi em tese violada em pretensos atos de corrupcéo, com registro de inicio em 2012, que n3o podem perdurar. Mais do que evitar reiteragSes de crimes contra a Administracao Publica, a credibilidade da Justica deve ser resgatada. Digno de registro dizer que investigados, citados como integrantes da organizacéo criminosa que se infiltrou no Estado e que com GILBERTO CARNEIRO, teriam dividido o valor das “propinas” pagas, ainda fazem parte das fileiras de sua alta administragao, a exemplo de EDVALDO ROSAS, 0 que da concretude ao receio antes mencionado (de renovacies delitivas) ante o status de “atividade" de algumas “células” da prdépria ORCRIM (Anexo 06 da colaboracio premiada de IVAN BURITY). Ao que indicam as investigacées, esse investigado também se utilizaria de laranja (GEO LUIZ DE SOUZA, seu motorista) para receber valores de “propina” e para ocultar seus bens, em técnica de lavagem que poe em risco a aplicacao da lei penal, cujo aspecto reparatdrio hd de ser assegurado. Nesse prisma, viu-se, ainda, que GILBERTO CARNEIRO supostamente patrocinava, n&o do Estado, mas os interesses do seu grupo organizado frente a outros Poderes e drgaos, como os de fiscalizacdo. Sua conduta, Claramente, seria voltada para barrar interesses contrarios @ menutencao da cartilha por eles seguida (da gestio pactuada, nos moldes convencionades pela sociedade delitiva, das inexigibilidades fraudadas, etc.), 0 que mostra articulacSo, poder e capacidede de influir na produgdo de qualquer prova, em Juizo, € numa escorreita instrugao processual, notadamente, reforcando isso, pela contratagio de escritdrios que, Ge forma indicidria, faziam uso de aces judiciais como estratéaia de presso em face de eventuais dissidentes. III.2.4 — QUANTO AO INVESTIGADO WALDSON DIAS DE SOUZA investigado WALDSON DIAS DE SOUZA, apontado como um dos prestigiosos membros do Nucleo Econdémico da enfocada organizacéo criminosa, atuou no Governo RICARDO COUTINHO como Secretdrio de Planejamento, Orcamento e Gestio; Secretario executivo de Satide e Secretario de Desenvolvimento e Articulacéo. WALDSON DIAS DE SOUZA, assim como outros investigados, acompanha o ex-Governedor RICARDO COUTINHO desde o primeira mandato deste na prefeitura de JoZ0 Pessoa/PB, onde foi Diretor-Geral co Fundo Municipal de Satide. L i Os periodos em que WALDSON DIAS DE $OUZA exerceu os mencionados cargos encontram detalhados no quadro qdaixo: cheoe RGB ESEMBAY Cautlr tnominad Criminal 0000835-33,2019.815.0000 < 7 DIRETOR GERALFUNDO MUNICPALDE | oye [>e05 | 200.2010 [_secexecurivo est. SAUDE ‘esTapo | 2010 | 2014-2012 WALDSON DIAS DE SOUZA SECEST. SAUDE esTADO [2014 | 2012-2015 SE ELDG SE MTIOTATO | TRRAeAE estapo | 2014] 2016-2017 | SECRETARIO DO PLAN. CRCAMENTO E | 5 | CTD estapo | 2014] 2017-2018 Segundo o Ministério Publico, WALDSON seria o responsavel pelos acordos politicos e apoios, mediante o repasse de dinheiro a prefeitos, deputados e candidatos em todo o Estado e nos 223 municipios, com o fim de estruturar e manutenir 0 poder politico da organizacao criminosa. Além disso, teria estruturado mecanismos de ocultagéo de propinas, por meio da utilizagéo de escritério de advocacia (direto aos atualmente investigados Francisco Ferreira, Saulo Ferreira e Daniel Gomes; Ele, Waldson e Daniel, na condicéo de sdcios ocultos), escolhido agentes econdmicos para entabular contratos com a Cruz Vermelha, com 0 IPCEP e cemais OSs, valendo-se do ecossistema de empresas manietadas por BRUNO CALDAS. A promocao ministerial registra que, além de aviar esquemas de arrecadago € ocultacio de propinas, WALDSON DE SOUZA se refestelava com 0s privilégios concedidos pelo dinheiro de DANIEL GOMES DA SILVA, tais como 0 deslocamento de sua familia e de um casal amigo, as expensas do colaborador, para 0 carnaval do Rio de Janeiro, no ano de 2014, conforme mestram as fotografias registradas por DANIEL GOMES DA SILVA, em um camarote do sambédromo (imagem anexa pega cautelar). Acerca dessa conduta de WALDSON, em colaboracdo, DANIEL GOMES disse (anexo 15): “Com o pasar do tempo, tive ume maior aproximagio com WALDSON DE SOUZA, fomos ganhando intimidade e ele passou a me pedir pequenos favores pessoais, como pagamento de viagens particulares para ele e sua familia para carnaval no Rio de Janeiro, Rock in Rio e etc.” Inicialmente, os fatos narrados na pega cautelar encontram respaldo nas palavras de MICHELE LOUZADA CARDOSO, que, em colaboracdo (Anexo 13), disse: “QUE eu me lembro de ter conhecido o Sr. WALDSON SOUZA pessoalmente em um hotel no Rio de Janeiro, salvo engano 0 WINDSOR GUANABARA HOTEL. Que acredito ter ido até 0 local seguindo ordens de DANIEL GOMES, para checar se 0 St. WALDSON precisava de alguma coisa @ se estava se atendido, ou seja, para ter certeza de que a estadia estava confortével. Que me recordo de que havia mais, ete ah apart hotel com ele, possivelmente 2 esposa e alguns ami Que n&o houve apresentacéo, minha passagem pelo hotel fol bem rapida, apenas para me certificar de seu bem es conforme orfentado por DANIEL. Que de fato eu ngo mani nenhum contato com as pessoas ligadas a0 governo da Paratha, © por essa razio cesconheco seus nomes, cargos ¢ funcées ¢ possivels ligacGes com meu entéo patréo DANIEL GOMES, pois © mesmo nunca me pds a par de seus negécios, mesmo eu estando @ seu lado por mais de 10 anos, pois apenas seguie suas ordens, a fim de manter-me empregada. Que acredito que esta hospedagem do St. WALDSON tenha ocorrido em um fim de semana, pois logo apds a minha visita ao hotel, possivelmente na segunda feira préxima, soube por DANIEL GOMES que o Sr. WALDSON preferiu passat 0 fim de semana ne residéncia de DANIEL GOMES, deixando as dependéncias do hotel. Que o Sz WALDSON nfo teria se sentido a vontade em dizer para mim que n&o estava bem acomodado, e preferiu deixar 0 hotel. Que apenas os “amigos” do Sr. WALDSON, ou séja, as pessoas que o acompanhavam, permaneceram no hotel, e WALDSON e sua esposa preferiram ficar hospedados na residéncia de DANIEL GOMES, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.” A relacdo entre WALDSON DE SOUZA e DANIEL GOMES se intensificou desde a licitago do HETSHL, que serviu de perémetro para a conducéo do proceso de qualificacao e para o edital de contratac&o, de modo que 0 IPCEP se sagrasse vencedor da disputa, epesar de, conforme mencionado, 0 institute néo possuir experiéncia naquela area de atuacdo. A interferéncia de LIVANIA FARIAS e WALDSON SOUZA, de acordo com a investigacSo, teria sido decisiva e resultado na inclus3o no edital da concorréncia de item que possibilitou a atribuigéo de pontuacdo ao IPCEP, em razéo de sua equipe técnica, de maneira a incrementar seu score na dispute. Apurou-se que nem todos os apresentados como membros da equipe técnica seriam, de fato, funciondrios daquele Instituto. Assim, para comprovar que essas pessoas compunham a equipe do IPCEP, teriam sido apresentados contratos de trabalho mesclados a curriculos €, em alguns casos, inscritos novos membros do instituto apenas para forjar 2 documentacio necessaria. Apesar da fragilidade dos documentos, por determinacéo de WALDSON ¢ LIVANIA, a Comisséo de Selecdo teria aceitado a documentacsio e conferido, irregularmente, pontuacsio suficente & referida organizacao social, que se sagrou vencecora no certame. Certo de que o IPCEP seria selecionado para a gesto do Hospital de Mamanguape/PB, DANIEL GOMES DA SILVA, antes mesmo da publicagdo do edital da disputa, teria acionado sua equipe para cotar os equipamentos a serem adquiridos, selecionar empresas prestadoras de oe minutar 0 edital de selecdo do pessoal, com intuito de, tio logo fosse aésinafio o contrato de gestdo, tudo estivesse pronto para as aquisi¢ées e para ey ve Cauteler Inorninada Criminal 0000835-33.2013.815.0000 O contrato de gestéio para o Hospital Gerel de Mamanguape seria de extremo relevo para @ suposta empresa criminosa manter sua atuacio, vez que o IPCEP adquitiria experiéncia técnica na gestio de hospitais, 0 que, mais tarde, seria decisivo para habilitar o Instituto a gerir o Hospital Metropolitano/PB, 0 que, de fato, tempos depois, aconteceu. A investigacao confirmou varias evidéncias que corroboram todas as colaboragies acerca desta pactuac3o. O colaborador DANIEL GOMES DA SILVA apresentau o Ecital de Selecio 01/2014 — Convocacao Publica para SelecSo de Organizagao Social para os fins de Gerenciamento, Operacionalizacgo € Execucéo das AgBes @ Servicos de Satide no Hospital Geral de Mamanguape, bem como o Didrio Oficial de 12 de Junho de 2014, com o resultado do cartame favorecando o IPCEP. No que pertine a aquisicao de itens e equipamentos para estruturagdo do Hospital de Mamanguape pelo Governo da Paraiba, ficou em destaque a atuacao de BRUNO CALDAS e WALDSON SOUZA, os quais receberam vantagens indevidas por essas intervenges, conforme relatado pelo colaborador DANIEL GOMES DA SILVA, em anexo préprio. WALDSON DE SOUZA, de acordo com a investigagio, teria se valido de BRUNO MIGUEL TEIXEIRA DE AVELAR PEREIRA CALDAS, pessoa interposta, responsdvel por empreses de fachada e pela coleta e distribuicgo de propina, bem como pela contribui¢So no repasse das propinas, por intermédio dos contratos entabulados com empresas manietadas por aquele, junto a drgdos de governo, condutas que teriam contribuido com o caixa da organizag&io e do préprio 'WALDSON DE SOUZA. Entre as empresas manietadas, merece destaque: CRISTIANE FERREIRA, PROMEDICA, NTB CAVALCANTI MAT CIRURGICO LTDA, ENGEMED, MOVEIS ANDRADE. © esforgo investigetivo foi prédigo em demonstrer que WALDSON DE SOUZA sempre determinava a contratagéo das empresas representadas por BRUNO CALDAS a todas as organizaqées sociais contratadas pela Estado, como CRUZ VERMELHA, IPCEP, ACCQUA, FIBRA, ABBC E GERIR, assim como fez com 0 escritdrio de advocacia citado na cautelar. Outro fato de revelo a merecer destaque é que as empresas CRISTIANE FERREIRA e PROMEDICA prestavam 0 servico de engenharia clinic e manutencSo de diversos equipamentos da rede de salide do Estado da Paraiba, sendo a grande maioria instalados no Hospital de Trauma de Jodo Pessoa, quando do ingresso da Cruz Vermelha, Ocorre que os velores desses contratos no constavam da relagio de custa$ apresentada pela CVB para assumir a gestéo. Ou seja, ndo havia provisiondmentd do custo desses servicos, quando dé assinatura do wagigeser" Cael Inia. Pinal 0000935-33.2018.615,c000 7 Pois bem. Ads muita discussio com WALDSON DE SOUZA, decidiu-se por glosar, no contrato da CVB, apenas o valor que WALDSON havia pago, por intermédio da Secretaria de Sade, a essas empresas, para que o TCE aprovasse as contas € no incomadasse, apurou o Ministério Public. Porém, a solugo nao agradou ao mencionado investigado e, diante disso, foi combinado que a CVB assumiria, naquele momento, os custos extras mensais e, posteriormente, quando da renovacéo do contrato emergencial, seria reembolsada pela Secretaria de Saiide. Outrossim, WALDSON DE SOUZA teria pedido também que a CVB simulasse a devolucao dos equipamentos descritos nesses contratos & Secretaria de Saude que, posteriormente, teatralizaria a realocacéo desses equipamentos a outras unidades de sade. Segundo argumentado, ao assim proceder, WALDSON evitaria reduzir os contratos com essas empresas e manteria a boa relacao com BRUNO CALDAS. Ainda no inicio da operacdo da CVB, junto ao Hospital de Trauma, teria sido contratada a empresa de engenharia clinica NTB CAVALCANTI MAT CIRURGICO LTDA., indicada por BRUNO, com a obrigacdo, em tese, de repasse de propina a CVB, Nao bastasse essa suposta obrigaggo para com a CVB, chegou ao conhecimento de que também se pagava propinas a CORIOLANO. ‘COUTINHO, além de WALDSON DE SOUZA, em razdo dos contratos firmados com a CVB, conforme dudios das conversas gravadas (Audio 151218_002). ‘As operagées com a NTB CAVALCANTI MAT CIRURGICO LTDA teriam sido substituidas em razio de desintelig&ncias entre BRUNO CALDAS e Marconi Barkokebas, 0 que resultou na resciséo do contrato com a NTB CAVALCANTI MAT CIRURGICO LTDA ¢ a contratacio da ENGEMED para realizar os mesmos servicos, a pedido de WALDSON DE SOUZA e BRUNO, também, com o pagamento de propina para a CVBRS. No ano de 2014, WALDSON DE SOUZA teria solicitado ao colaborador DANIEL um adiantamento de propina, mas como este jé havia atendido a0 pedido de RICARDO COUTINHO, via Livania, nao possuiria condiges de suportar tal despesa extreordindria. Assim, WALDSON teria proposto que 2 Secretaria de Satide, sob sua esto, efetuasse o pagamento dos valores em atraso do contrato de gestao € que, por conseguinte, a CVB pagasse as notas em aberto da empresa ENGEMED, representada por BRUNO, ¢ de OPME FIXANO, representada por Marco. De fato, no dia 20 de outubro de 2014, véspera do 2° turno da campanha 4 reeleigio ao governo de 2014, a Secretaria de Saude efetuou diversos Pagamentos a CVB, conforme planilha anexa apresentada por DANIEL e imagem encartada a peca cautelar, at ) Desse modo, a CVB/RS pagou 4 ENGEMED o valor total de R§ 751 mil reais, no dia 21 de outubro de 2014, conforme a planitha rere Gee Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 Dy pg pened Posteriormente, esse valor seria abatido no pagamento da propina de BRUNO com a CVE e desta 0 calxa da organizaco controlado por Livania: RELATORIO FINANCEIRO 7 a = uo ATA PAG, | DuScRENINAGKO | CATEGORIA | SAiDARS susTIrIcATIVA| NF i | —_ A os zs | 70000257 aavaase | 49] FORMED. ErGEMATEE| Uecenien | 50n575.50 | sav Drerce | 100026/ | zcor0%0 Faoned ESE 708052 | ayjsorsa | aso | Sremed Engentoi@E] ecco | 25028775 | Senviges Diversos | 10000827 Eis a plenilha feita pelo colaborador DANIEL GOMES DA SILVA para controlar 2 compensacdo dos repasses feitos por BRUNO CALDAS @ CWB, jé que a propina a compensar, mensalmente, era de R$ 75 mil por més: comp ‘Vencimento Valor saldo Saldoapagar Data do pag Saldo Inicial: 750.000,00 Fet 24/08/14 juy4 30/08/2014 75.000,00 675.000,00 22/20/2014 Ago/14 30/09/2014 75.000,00 600.000,00 22/10/2014 Sety4 30/10/2014 75.000,00 525.000,00 2nor014 ouyas 0/1/2014 75.000,00 -450.000,00 ayiy204 Nowi4 30/12/2014 75.000,00 375.000,c0 20/03/2015 Dez/i4 30/01/2014 75.000,00 300.000,c0 23/04/2015 Jan/i5 29/02/2015 75.000,00, 225.000,00 24/05/2015 Fev/i5 30/03/2015 75.000,00 150.000,00 29/6 @ 15/7 Man/15 30/04/2015 75.000,00 75.000,00 15/7 € 27/8 Todo 0 cendrio tragado pelo Ministério Publico acerca da proximidade de WALDSON DE SOUZA e DANIEL, teria permitido ao primeiro 0 recebimento de vultosas propinas para si e para a organizacio, em razio das indicagées de fornecedores, a grande maioria pertencente ao ecossistema de BRUNO CALDAS, que deveriam ser contratadas pelas OSS que operavam para prestar os servicos nas unidades de satide. Nesse contexto, vale apontar os audios anexos 20000005 II e 161215_001, nos quais WALDSON aparece cobrando a efetivacdo da compra de equipamentos para o Hospital Metropolitano, por intermédio de BRUNO CALDAS. Consta da cautelar que, no que pertine 4 aquisigao de eguipamentos para estruturacéo do Hospital de Mamanguape pelo Coeio a Paraiba, ficou em destaque a atuaso de BRUNO CALDAS c WALDSON D! SOUZA, os quais teriam recebido vantagens indevidas por essas /intervenco : CCautelar Tneminada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 confarme relatado pelo colahorador DANIEL GOMES DA SILVA, em anexo préprio. Calha destacar, mais uma vez, que BRUNO CALDAS seria interposta pessoa de WALDSON DE SOUZA e que, por imposigio deste, atuava junto as OSs, empresas © propria Secretaria Estadual ce Satide da Paraiba. Na compra de equipamentos para o Hospital de Mamanguape, a titulo de ilustracao, teria cabido a BRUNO CALDAS intermediar a aquisiao de camas hospitalares da empresa MOVEIS ANDRADES, atuacio que Ihe incrementou a conta da propina que alimentava o esqueme de corrupcao. Dessume-se do teor do relato de DANIEL GOMES DA SILVA que as vendas intermediadas por BRUNO CALDAS para 0 IPCEP atingiram valores superiores 2 R$ 4.000.000,00 (quatro milhdes de reais), sendo que, a maior parcela dessas aquisic6es foi tratada por BRUNO CALDAS com Saulo Fernandes, um dos bragos de DANIEL GOMES, responsavel pela operacionalizacéo do recedimento dos valores para o caixa da propina. Em uma dessas ocasides, teria sido acertado que as operacées intermediadas por BRUNO CALDAS junto 20 IPCEP deveriam render, a titulo de propina, o equivalente a 5% do total de cada aquisicgo para WALDSON DE SOUZA, independentemente do valor que seria desviado para a empresa criminosa. Assim, considerando que as aquisigées totalizaram, aproximadamente, R$ 4.000.000,00 (quatro milhées de reais), tem-se que WALDSON DE SOUZA recebeu, no minimo, cerca de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) a titulo de propina. De acordo com 0 Ministério Puiblico, no anexo 9 de sua colaboracéo, DANIEL GOMES DA SILVA evidencia que Waldson de Souza, entao Secretério de Planejamento do Governo do Estado (2017), participou ativamente do proceso de aquisic3o dos equipamentos do Hospital Metropolitano, por meio de BRUNO CALDAS, fornecendo uma planilha com todo o planejamento que ele havia elaborado (juntou documentos), inclusive indicaio de varias empresas fornacedoras que, mediante pagamento de propina, forneceram equipamentos superfaturados 2 fim de garantir 0 pagamento da propina solicitada por Ricardo Coutinho (Rg 3.000.000,00). Segundo o Ministério Piblico, WALDSON DE SOUZA era o responsével pelos acordos politicos e apoios, mediante o repasse de dinheiro a prefeitos, deputados e candidatos em todo o Estado e nos 223 municipios, com o fim de estruturar e manutenir 0 poder politico da organizacéo criminosa. Além disso, estruturou mecanismos de ocultacéo das propinas, por meio da utilizago de escritérios de advocacia, bem assim foi ele um dos responsaveis pela escolha de agentes econdmicos que entabularam contratos com a Cruz Vermelha, IPCEP ¢ demais OSs, valendo-se do ecossistema de empresas manietadas por BRUNO CALDAS. Em coléboratao, LIVANIA FARIAS confirmou o relato de DANIEL GOMES DA SIL) ay Cautslerinominada Creal opp0835-33,¢089 BFS 0905 80 «i rt ipeneme Cautelar Inorrinada Criminal 0000835-33,2019.815.0000 (-) DANIEL GOMES DA SILVA (CPF 051.381.257-10) veio conversar com a depoente dizendo que no IPCEP era so aquele senhor que estava a frente mais na realidade ele (DANIEL) é quem estava por tras de tudo; que DANIEL n&o se apresentou inicialmente, que o senhor velo por conta prépria, acreditando a colaboradora que ele tenha vindo porque DANIEL mandou que fosse assim, depois ele (DANIEL) chamou a colaboradora € em reuniao que o IPCEP era ele quem ia tomar conta, e que ele tinha mandando 0 senhor até para as pessoas nao verem que era ele quem estava trazendo 0 IPCEP, pois segundo ele temia muito a questiio do MP fazer o levantamento de conluio, entao ele trouxe o IPCEP e 0 hospital foi inauourado antes das eleigSes; que o termo de referéncia e essas coisas nao tinha, nao tinha a época esse critério de saber qual hospital que tinha atestado técnico, de que tinha dirigido hospital, de Quantos leltos tisha, 86 perountava se tnha médico que 14 tinha feito direc3o de hospital e se tinha enfermeiro que ja tinha feito direcio daquela setor, daqueles setores de 4, 0 edital era mt “frouxo" para convacagao; que 0 senhor que procurou a colaboradora sé velo pro forma, pois Jé sabla que era DANIEL quem estava a frente do IPCEP, que o senhor acima itado veio sozinho, se apresentou, seguindo como se fosse uma coisa normal, e nao era pais quem estava por tras era DANIEL; que o edital “frouxo” era feito por DANIEL, as coisas eram os termos e como dizia como era que fazia era DANIEL, se seguia um que se pegava na internet ou do de Janeiro/R) ou de Séo Paulo/SP e ali ia se adequando, entio quando ele via que ali tinha uma cotsa que era mais epertada ele mandava afrouxar; que para a tercetrizacéo do Hospital de Mamanguape ja havia uma determinagio do governador RICARDO VIEIRA COUTINHO (CPF 218.713.534-91), para a implantagio da OS que se tinhe feito com o Trauma, pois no havia concigies do Estado assumir por questo de pessoal, do indice de pessoal, de como pagar ¢ como assumir ‘ento uma vez feito com o Trauma, e jé que o hospital era novo € foi inaugurado © também a determinacao era para ser feito com OS; que DANIEL pediu para ele ficar com esse hospital também, que DANIEL ficou sabendo que o governador queria fazer com OS também com as conversas que ele tinha com as pessoas ligadas a colaboradora @ com as conversas que ele também tinha com o governacor; que Daniel foi quem fez 0 termo de referéncia, ele trazia o terma e antes do edital ir ele dava ou melhor ele fazia a revisio; que abria-se o edital e esse edital nao tinha previsdo de experiencia so simplesmente os critérios era médico e “na lista’; que a colaboradora recebia o edital de DANIEL e apresentava para o secretdrio de satide porém em 2014 nao era mais necessario pois WALDSON ja conhecia DANIEL, ai o préprio WALDSON j ting as trathtivas eo” com DANIEL, a colaboradora ngo estava mals pas tratati a ro [erect ido" ( ¢e BF SI dizer WALDSON faca isso e WALDSON fazer, ele jd se resolvia com DANIEL; que com relacéio a propina recebida mensal ¢ 2 divisao de valores, ou melhor os trezentos e cinquenta mil mensais, a colaboradora disse que no tinha uma coisa definida, fechada, o dinheiro era repassado pra pessoa de DANIEL, que por sua vez recebia e repassava para LEANDRO, ou entdo quenda era um valor alto, como fol um que velo do Rio de Janeiro/RJ por avigo quem foi pegar esse dinheiro Ié foi IVAN BURITY DE ALMEIDA (CPF 288,753.114-04), e trouxe esse dinheiro no avigo; que da tratativa que a colaboradore fez WALDSON nao recebeu nenhum dinheiro, ou seja co valor recebido mensalmente por ela (colaboradora) ele nao recebia nenhum valor; que a colaboradora disse que WALDSON no sabia sobre 0 esquema de propina mensal que ela fez, que ela nunca disse ¢ ele; Que desde 2014 que WALDSON sebia quem era DANIEL porém néo sabia que tinha um valor a mais no contrato, se soube foi por DANIEL no por ela; que DANIEL apresentou 0 edital, entrecou a WALDSON, WALDSON fez 0 andamento, houve @ convoceio, foi publicado € o IPCEP foi selecionado e comecou a trabalhar; Que com relacio a0 hospital DANIEL nao ofereceu nenhum valor e também hinguém solictou; que com relacao a contratacao das pessoa le em Mamanguape a colaboradora disse a DANIEL que o governador disse que se fosse contratar gente la em Mamanguape/PB teria que saber as pessoas que seriam contratadas ld e tinha que saber quais os cargos que tinha que era pra mandar o nome des pessoas que iriam indicar,na época; que, 2 colaboradora ngo tratou valores com relacdo 2 Mamanguape e no sabe informar quem o fez, que nao tem conhecimento, que nao the foi oferecido por DANIEL, bem como no pediu e nem Ihe determinaram que pedisse pelo respective contrato; que néo sabe informar quem tratou com DANIEL sobre o acréscima no contrato de Mamanguape, ou se isso foi tratado, e que a colaboradora no tratou; que quando era pra resolver as coisas do hospital de Mamanguape 2 colaboradora era procurada, assim como as do Trauma; que n&o resolvia os problemas relacionados a fornecedores, pois DANIEL nao deixava que a colaboradora tratasse com os fomecedores, os fornecedores eram exclusivos de DANIEL, porém com relagao a pessoal a colaboradora indicava nomes de quem ia indicar 0 pessoal, tipo deputado, vereador ou aiguma coisa assim; que alguns pedidos eram acatados por DANIEL, porque como havia o processo seletivo entre aspas, tinham alguns que tinham que ser atendidos, os que estavam em primeiro lugar e os outros que iam aparecendo ele ia atendendo de acor do com o que necessitava; que em Mamanguape n&o houve o processo seletivo, DANIEL apenas botou Ié na intemet que ia ter a aberture desse hospitahe al pediu uns nomes para saber quem era que ia’e aj a colaboradora ia mandando as listas das pessoas qué checala até eu a secrelara de governo ou @ SEAD © ghcaminha}gin, 3 E Saeo% gr PE OOF Cutler nominadsCrimne! 0000835-33.2019.15.0000 f oe para ele; que nao houve proceso seletivo em Mamanguape como houve no Metropolitano; que WALDSON em nenhum momento fez questionamentos a colaboradara com relacdo ao proceso seletivo; que em 2014 o IPCEP foi escolhido; que néo teve mais contato com o senhor que se apresentou camo sendo do IPCEP; que s6 teve contato e acesso a uma servidora do IPCEP, que depois passou a ser servidora do Metropolitano” A peca ministerial retrata também a atuac3o de WALDSON DE SOUZA no caso LIFESA, narrando que, segundo DANIEL GOMES DA SILVA, em colaboracSo, foi WALDSON que Ihe apresentou a mencionada empresa, no ano de 2012, quando era Secretério de Satide do Estado, © mencionado colaborador narrou que WALDSON soube de um projeto que a Cruz Vermelha do Brasii estava fazendo com o laboratério publico do Goids, 0 IGUEGO S.A, conduzido pelo Conselheiro da CVB Fernando Antunes ¢ Ihe apresentou o LIFESA, com objetivo de aferir seu interasse, uma vez que este no estava funcionando na época e gerava custos como manutencéo da sede e pagamento de salérios dos funcionérios. Em azo da especificidade e peculiaridade do modelo de negécio, teriam sido solicitados documentos inerentes ao projeto, para andlise, o que comprovado pelos e-mails abaixo colacionados que WALDSON enviou ao citado colaborador, em abril e junho de 2012: reanish ole LFEGA. a abet nde vib CCautelar Inominada Crinvinal 0000835-33.2019.815.0000 at ape’ B De: ‘Waldson Dias de Souza Enviado em: quiatateies, 14 da juaho de 2012 12:16 Pars: Concutoria Danel Assuntos FW:LITESA- AGEs © AGO's Anexos: ATA De CONSTITUNGAO 59 LIFESA 1988.pdf; ATA AGE 200 2005.paf ATA AGE 2008,.p ATA AGE 2005.2.pdh ATA AGE 20 ATA AGE 2008,pdF- ATA AGE 201 pdf; ATA AGE 201 .1.pdt; ATA AGE 2912 pat. 2010pdF ATA ASEE ACO 2600.pdf, ATA AGE E AGO 2005 ndl; ATA AGE E AGO 2006.1,pa- [ATA AGO 2011.pd6 ATA AGO 2001.pdt ATA AGO 2003.pd ATA AGO z0C4.pd 200%,pdh ATA ASO 2002,pd¢ ATA AGO 2008.1pah;ATA AGO 2008.2 pat ATA AGO 2002 pdf ATAAGO 2009.1 pdt IMAGEM: E-mail enviado por WALDSON pare DANIEL (coleboredor) com informagGes do LIFESA. Acreditando na viabilidade do projeto, 0 colaborador DANIEL GOMES se encontrou com 0 governador & época, RICARDO COUTINHO, bem assim com WALDSON SOUZA ¢ GILBERTO CARNEIRO para apresentar a ideia, conforme audio anexo" que retrata reunldo ocorrida em junho de 2013. Esse fato é confirmado pela colaboracéo de LIVANIA FARIAS (anexo 22), que afirmou que “ent conversa com DANIEL GOMES em 2012, DANIEL querendo muita coisa no Estado, ele enxergou que 0 LIFESA segundo ele era um drgao que se podia ganhar muito dinheiro”, (...); “que DANIEL teve essa conversa, ele achava que essa histéria do LIFESA era a galinha dos ovos de ouro, porque tinha tudo pra, porque se fosse vender se vende muito medicamento saneante ao governo do Estado, e se vendia Por um preco menor e mesmo assim se ganhava muito dinheiro”. ‘As mencionadas tratativas envolvendo a LIFESA teriam sido levadas a efeito e, com isso, muitos se favoreceram com as vantagens supostamente ilicitas, conforme bem retratado quando das condutas referentes 2 CORIOLANO COUTINHO, GILBERTO CARNEIRO e RICARDO COUTINHO, em especial Desse modo, a participacao de WALDSON foi decisiva e imprescindivel para o sucesso da empreitada, em tese, delitiva, inclusive quando da expansdo dos negdcios para os municipios, a partir de quando ele assumiu a Secretaria de Estado do Desenvolvimento e Articulagéo Municipal, conforme do didlogo® entre DANIEL GOMES e RICARDO COUTINHO, co qual transcrevo 0 sequinte trecho: DANIEL: tudo bem? RICARDO COUTINHO: Tudo, tudo em paz! DANIEL: Eu tive com... com CORI agora cedo... RICARDO COUTINHO: Cedo? \ANIEL: EI jé marquei com ele semana que vem na... acho que 4 Aupio: vw-20130623/00008 5 AUDIO 001-171127 [coe0% BS Ceutelar Inominada CF#nap6630835-33.2019.815.0000 Bs principio, 2 6 pra eu Ihe dar ciéncia daquelas coisas Id que... | agora... (ininteligivel) dar um feedback, andou! o laboratério | deu uma andada boa. | RICARDO COUTINHO: O laboratorio, eu peguel, 0 LIFESA... DANIEL: O LIFESA... 0 senhor pegou pesado li, deu... sexta- feira uma reuni&o, praticamente alinharam pra assinar o contrato na outra semana. O que eu fique de [he trazer do laboratorio, a lista de Gnquenta produtos de custo caro, e esses so 0s valores que ja esto praticados, jé to tabelados la, é.. referentes eo contralto, Com a SES, e trouxe para o senhor| ver aquele comparativo do Conde, lembra que falei pro senhor do Conde? eu trouxe inclusive que... era muito. eu fiz um resuminho... porque... eu trouxe... esse aqui é | © mapa de cotacao do Conde. © Conde, ta, ele tinha o mapa deles, ta? Mas em regra geral, os primeiros colocados... total, faturado pelo LIFESA, 738 mil reais, gente faturou pra eles. Agora olha o nosso custo, 495 mil, margem de 243 mil reais, 32 por cento a mais. G.) DANIEL: Se puder esse ano a gente ja comeca com o| orcamento do ano que vem. Se quiser comprar, municipios diferentes, quiserem preso. | RICARDO. COUTINHO: Tem que falar com WALDSON, pra | articular os munic DANIEL: Eu marque... eu vou estar com 0 WALDSON amanné de manhi, se 0 senhor quiser eu falo... RICARDO COUTINHO: WALDSON, BUBA, mes WALDSON ai, I ele... eles... ele fala pra BUBA, que é da (ininteligivel), trabalha diretamente com os municipios, tal... DANIEL: Posso... posso falar com ele (ininteligivel. RICARDO COUTINHO: Diga que fui eu que... DANIEL: Pra ele agendar junto com o BUBA e eu coordenar isso. Té bom. Mas... € muito bom... agora eu... eu... tava tentando ver se tinha um jeito de apresentar... tem que titar a impresséo que a CLAUDIA... agora tem que... ela ta mal assessorada e ta completamente errada disso. Eu tive com a | LIVANIA agora ea LIVANIA comentou comigo qua a CLAUDIA foi falar com ela. RICARDO COUTINHO: Adiantar minha conversa! O1K30min Ge) DANIEL: E na outra ponta a gente vai pilotando tudo aqui | pra que funcione bem também, os hospitais, 0 laboratério, vamo... vai tudo funcionar bem. Tamo visitando muitos municipios govemador agora pra poder botar, botar OS na saude de varios deles, heim? RICARDO: E. DANIEL: Varids tem 8... aprovaram leis, que é muito bom aorsBoguehh - Catalartnominada Criminal 000083533 2680815.0650" a5 DANIEL: ...0u seja, na realidade € bom que té de partidos diversos ento eu to bem... Tem uma que ta bem préxima de fechar agora que é Capo... Caapora, Capoara... RICARDO: Caapora. DANIEL: Caapord... RICARDO: (ruido). DANIEL: ...e 0 Conde né, sao os dois que tao mais... €... ne aguiha pra fechar agora, mas tem varios, Cuité também ta bem adiantado 0 processo ld, bem, bem esperancoso. E eu to fechando esses pela Cruz Vermelha Paraibana, direto pela Paraibana, WALDSON DE SOUZA, no final do ano de 2014, ainda de acordo com as investigag6es e colaboracdo, teria pedido a DANIEL GOMES para que Ihe repassasse, diretamente, um “valor por fora” do que j4 era acertado com o entao governador RICARDO COUTINHO, sob o argumento de que, por forca de suas operades em favor da suposta empresa criminosa, frequentemente era citado em diversos procedimentos, 0 que Ihe gerava muitos custos com advogado. A partir de entéo, DANIEL terla comecado a repassar diretamente para WALDSON a quantia de R¢ 8.000,00 (oito mil reais) mensais. Essa _sistematica, tempos depois, teria mudado com @ determinacéo de WALDSON para que os pagamentos fossem feitos 20 advogado FRANCISCO DAS CHAGAS FERREIRA. De acordo com 0 Ministério PUbiico, os valores eram separados do caixa de propinas e entregues pelo operador SAULO FERREIRA, juridico da CVB/PB, e 0 montante teria chegado a R$ 92.000,00 (noventa e dois mil reais), em espécie, conforme valores veiculados no anexe 15 da colaboragéo ce DANIEL GOMES: “No final do ano 2014, logo apés @ campanha que reelegeu RICARDO COUTINHO, WALDSON me pediu para que repassasse diretament a ele um valor por fora do que ja era acertado com o govemo. Ele me relatou que, diante de oposicéo que ocupava no governo, era frequentemente citado em diversos procecimentos 0 que Ihe gerava muitos custos com advogado, Assim, ele solicitou que, daquala data em diante, por prazo indeterminado, eu custeasse 2 defesa dele naquelas demandas, 0 que corresponderia ao valor de 8 mil reais por més. Eu concordei e, inicialmente, © valor combinado foi pago diretamente a ele, mas depois, passei a fazer os pagamentos diretamente ao advogado FRANCISCO DAS CHAGAS FERREIRA, por ele escolhido, Os valores mencionados eram separados do caixa de propinas € entreques pelo operador SAULO FERREIRA, Juridico da CVB/PBy diretamente ao advogados FRANCISCO, totalizando 0 valor de 92 mil reais em espéce, conforme valores € datagene O; j siticaaaaa if: JoeB eS 0 peor ARON ‘ 86 4.000,00 26/2 2 H/Y/15 12.000,00 18/03/2015 8.000,00 25/03/2015 8.000,00 07/05/2015 8.000,00 03/06/2015 8.000,00 03/07/2015 8.000,00 27/08/2015 8.000,00 15/10/2015 8.000,00 26/11/2015 10.000,00 04/08/2016 10.000,90 02/09/2016" Segundo apurado, com a intensificacdo dos negéclos € a posse de WALDSON DE SOUZA na Secretaria de Interior do Estado da Paraiba, surgiu 2 ideia de uma sociedade advocaticia envolvendo DANIEL GOMES DA SILVA, FRANCISCO DAS CHAGAS FERREIRA e SAULO FERREIRA, porquanto 2 condiggo de WALDSON viabilizaria que um escritério de advocacia atuasse, inclusive, nas demandas pessoals de prefeltos, usando FRANCISCO DAS CHAGAS FERREIRA c SAULO FERREIRA como interpostas pessoas, De acordo com as investigacdes, com 0 inicio do funcionamento do escritério e da sociedade, teriam sido realizadas varias reuniées com politicos e fornecedores, senco que alguns destes contrataram os servicos juridicos oferecidos para agradar WALDSON e¢ a prépria CVB. Extrai-se do Audio 150911_002 que no escritério foram realizadas reuniées para tratar, por exemplo, de um contrato de fornecimento de Luz para o Hospital de Trauma de Jodo Pessoa, também com supostos desvios de dinheiro e posterior divisdo entre os sdcios. Em paralelo, Saulo, conforme combinado, passou a utilizar 0 escritério para acerto com fornecedores, a exemplo da MSHS (medicamentos), ENGEMED (engenharia clinica), MERCURIO (equipamentos médicos) - ambas de BRUNO CALDAS, RD TECNOLOGIA USINA DE GASES - de Dalmo Santos de Olveira - OLITECH EMPREENDIMENTOS E PARTICIPACOES e TSM AUTOMACAO. Entre os inumeros audios, destaca-se 0 nominado de ‘Dalmo’ (150911_001), 0 qual demonstra que reunides da natureza citada eram realizadas no escritorio. Nesse encontro, em especifico, intermediado por Saullo, buscou-se um acerto de propina com Dalmo. Além desta reunido, houve outras com representantes de fornecedores, por indicac¢déo de WALDSON DE SOUZA e FRANCISCO, tais como BRUNO e€ Anténio, acerca de um contrato de fornecimento de Luz para o Hospital de Trauma de Joo Pessoa, corformé Audio 150911_002, também com desvios incluidos e a divisdo acertada para Cautelar inominada Criminal 0000835-33,2019.815.0000 A divisio da receita do escritério entre os quatro sécios, dois oficiis (FRANCISCO e SAULO) e dois n&o oficiais (WALDSON e DANIEL) teria restado comprovada pelo documento anexado pelo colaborador e denominado de “Premissas e Conceitos versdo final’. Nesse documento, ha um quadro Tesumo, abaixo colacionado, em que as letras das colunas A, B ¢ C séo as iniciais dos nomes dos sdcios (W —Waldson, C — Chico de Francisco, S - Saulo, D - Daniel: Cliente Valor Lata a etre B Letra C Mercurio '3.000,00 Dw is Diwicis Reg. Pareira | 7.000,00 Ww c DAW/C/s R. Barbosa wit [ics DAW/C/s MSHS os s DAVICIS Alagoana [5.00.00 b/s s DAW/C/S Tarcio 4.000,00 C C DAW/C/S Dalmo 3.000,00 DAW s DAwicis Clemente. | 3.000,00 b/w Nao tem. D/Ww/C/s Assessoria 1.350,00 c c DAW/C/s Juridica : a Sergipe 5.000,00 D [Ntem DIWICIS Farmacéuticos | 2.000,00 C Te DAWiC/s Fue. Caixa 0 s s DIW/C/S [ chico 8.00000 C [e D/WICS I Total 37.350,00 A participacdo das receitas definidas acima se daria sempre da sequinte forma: [Modula [Letra Percent Obs. ‘Quem indica A 20%6 Advagados: B 30% Escritérlo c 30% © Ministério Publico aponta expressamente a pratica de atividade ilicita pelo escritério de advocacia, consubstanciada na emissdo de notas frias para deputados e prefeitos (técnica de lavagem), uma vez que todos os valores seriam devolvidos em espécie por FRANCISCO FERREIRA ou WALDSON DE SOUZA, abatido as impostos de emissao de nota. Importante observar, conforme —asseverado __ pelos. representantes do Ministério Publico, que 0 escritério encabecado pelo advogado FRANCISCO DAS CHAGAS FERREIRA foi nomeado como liquidante da CDRN (Companhia de Desenvolvimento de Recursos Minerais da Paraiba) a pedido de WALDSON, em contrapartida 4 defesa de RICARDO COUTINHO «0 o ie WALDSON em acies eleitorais e proceso de prestagSo de contas TC/p8 0624: Se rf J Cautelar inomninada Criminal 0000835-33.2019.815,0000 i ee _ permitindo, assim, a FRANCISCO a realizaco de vérios negécios. (vide dudio 130706_001). O investigedo praticou, teoricamente, no minimo, os crimes de organizacao criminosa (art. 2°, da Lei n° 12.850/13) e de peculato, corrupcao passive, (arts. 312, 333, do Cédigo Penal, respectivamente), nos moldes apontados pelo Ministério Piiblico, evidenciando, assim, a necessidade da segregacao cautelar, sobretudo para garantia da ordem publica, por conveniéncia da instruc&o e para assegurar a aplicac3o da lei penal A medida extrema encontra amparo na estreita e direta ligagdo de WALDSON DE SOUZA com RICARDO COUTINHO, membro maior da enfocade ORCRIM, circunsténcia que demonstra a Importancia do investigado em foco na empreitada delitiva, porquanto os indicios apontam ser ele peca chave e imprescindivel na estruturacdo e manutencao do niicleo politico da sociedade, bem como na ocultagdo de propina, escolha de agentes econdmicos para a entabulacéo de contratos, em especial, no Ambito des Secretarias de Saude e de Articulacio Municipal. A prisdo preventiva de WALDSON DE SOUZA também se mostra essencial para 0 sucesso das investigages ¢ melhor epuracdo dos fatos narrados na cautelar, notadamente pelo seu papel de destaque e relevancia no esquema da organizagao delitiva, consubstanciando a concreta possibilidade de que, solto, influencie, convenga e, até mesmo, imponha seu poderio sobre os demais integrantes, sobretudo os que desempenhavam funcdes de menor relevancia. Ademais, no que pertine 4 necassidade da custédia preventiva para asseguramento da instrucao criminal, merece destaque a informacdo trazida pelo Ministério Publico na peca cautelar, a saber: “Dossiés foram, ao que parece (a dimensao sera aprofundada), inicialmente solicitados por RICARDO COUTINHO e WALDSON para levantar a vida de alguns Conselheiros (nomeados por adversérios politicos do ex-Governador) e auditores do TCE, de forma a reverter o “quadro de dificuldades” que 0 governo encontrava nesse Orgo de Fiscalizacéo, 0 que traz vulnerabilidades & coleta probatéria, em especial a oral, a demandar salvaguarda, via PRISAO PREVENTIVA”, De igual modo, o indiscutivel poderio financeiro a vasta teia de conhecimento e relagdes pessoais angariades ao longo de vérios anos em cargos relevantes na Administrago, sobretudo com pessoas poderosas espalhadas pelo pais, que comumente se deslocavam em jatinhos para coleta de propinas, so substrato concretos de que a prisdo do investigado WALDSON DE SOUZA, neste momento, é um meio para assegurar a aplicac&o da lei penal Por derradeiro, a jurisprud€ncia do STJ é pacifica no serititlo de que justifica @ prisdo preventiva o fato de o acusado integrar organizac&o/Crimihosa, em razéo da garantia da ordem publica, quanto mais diante da complexidade fle: a organizacdo, evidenciada no niimero de integrantes e na presenca’ de ‘fers eo" ae TAPER efensogerfenr® Cautelar Inaminada Criminal 6000835-33.2019.815,0000 WAY Er] 89 \ | frentes de atuagao. Nesse sentido: RHC n. 46.094/MG — 6 T. — undnime - Rel. Min, Sebastiao Reis Junior - DJe 4/8/2014; RHC n. 47242/RS — 5? T. — undnime ~ Rel. Min. Moura Ribeiro ~ DJe 10/6/2014; RHC n. 46341/MS — 58 T. — unanime — Rel. Min Laurita Vaz - Dle 11/6/2014; RHC n. 48067/ES — 5° T. — unénime - Rel. Min. Regine Helena Costa — DJe 18/6/2014. Igual posicionamento se verifica no Supremo Tribunal Federal, v.g.: ARg no HC n. 121622/PE - 28 T. — unanime — Rel. Min. Celso de Mello ~ DJe 30/4/2014, RHC n. 122094/DF — 12 T. — unénime — Rel. Min, Luiz Fux - DJe 4/6/2014; HC n. 115462/RR — 2@ T. — unanime — Rel. Min. Ricardo Lewandowski — DJe 23/4/2013. III.2.5 — QUANTO AS INVESTIGADAS ESTELIZABEL BEZERRA e CLAUDIA VERAS. ‘A medida cautelar em apreco apresenta um robusto material indicidrio e probatério em face de ESTELIZABEL BEZERRA, integrante do Nucleo Politico. Referida investigada foi apontada pelo Ministério PUblico como uma das principais articuladoras da suposta organizac&o criminosa, estando entre os responsavels pela estruturacdo das atividades desse agrupamento, assim o fazendo, notadamente, por meio de sua companheira CLAUDIA VERAS, que geriu a pasta da satide do Estado, sendo, esta, por sinal, uma das principais gestoras de estrogens: que concederam aspecto de legalidade &s organizades sociais, na Paraiba. As declaragées dos colaboradores, corroboradas por outros varios elementos inciciarios e de prova, colhidos durante a heteragénea investigacao, revelam, em principio, @ participacdo indispensdvel dessas dues personagens no teatro criminoso, a merecerem aprisionamento cautelar pelas razdes apontadas na peca ministerial. Ao que consta, ocorreu, em fomento a candidatura de ESTELIZABEL BEZERRA a0 cargo de Prefeito de Jodo Pessoa, nas eleigdes de 2012, grande esforco da suposta ORCRIM, porquanto, uma vez ascendendo a chefia do Poder Executivo Municipal, as operagdes do modelo de governance corrupta, hipoteticamente implantado no Estado, seriam expandidas ao cendrio da capital paraibana, ficando, adredemente, acordada a introducao das Organizacdes Sociais, No Ambito da edilidade pessoense. Esse contexto € retratado na colaboracio de DANIEL GOMES (ANEXO 57): *No ano de 2012, a entSo Secretaria de Administracio da Paraiba LIVANIA FARIAS me édlesentou a Deputada Estadual ESTELIZABEL BEZERRA DE SOUZA durante a campanha dela 4 prefeltura de Joz0 Pessoa/PB. | wor [ras go" asl Cautelar Inominade Criminal 000635-33.2019.915,0000 90 LIVANIA FARIAS trabalhava como arrecadadora financeira da campanha de ESTELIZABEL BEZERRA e me chamou nume reunizio, com a participacio do ento Governador RICARDO COUTINHO, para me pedir ajuda financeira para a campanha de ESTELIZABEL. Ambos deixaram claro que o apoio e vitoria de ESTELIZABEL naquele pleito eleitoral seria ponto estratégico na consolidacao do modelo de OSS no estado para ampliarmos para as Unidades de sade municipais, bem como no modelo de gestéo do PSB plementado por RICARDO COUTINHO. Em resposte, ev disse que iria pensar como poderia ajudar. Por fim, RICARDO me pediu para tratar dos préximos passos diretamente com LIVANIA, inclusive, para mercar um almoco com ESTELA para eu conhecer 4 melhor. Nesse sentido, pouco depois, LIVANIA agendau um café da manné no Hotel Haréman Praia Hotel, em Jodo Pessoa, ocasiao em que me apresentou ESTELIZABEL BEZERRA. Naquela mesma reunigo, eu disse @ ambas que iria ajudar na campanha, mas ainda no havia definido quanto poderia destinar. Durante a campanha eu repassei & LIVANIA FARIAS o montante aproximado de R§ 500.000,00 em espécie em diversas patcelas sempre entregues aos emissarios de LIVANIA FARIAS. Porém, ESTELIZABEL no venceu aquelas eleicées municipais. Diante disso, em 2013, ESTELIZABEL foi nomeada pelo Governador RICARDO COUTINHO para o cargo de Secretaria de Comunicacéo do estado, 0 que nos manteve em constante contato, principalmente, para lidar com as comunicagées do Hospital de Trauma, por vezes, intermediada por LENILTON COSTA (diretor de comunicacéo da CVB/RS). Vale ressaltar que ESTELIZABEL é casada com CLAUDIA VERAS, que na época era secreteria executiva da Secretaria Estadual de Sade, outro fator importante na minha aproximacéo com ela. No ano 2014, ESTELIZABEL se candidatou & Deputada Estadual e eu, novamente, a ajudei com o valor de RS 100.000,00 em espécie. Ao final do pleito, ESTELIZABEL foi eleita e, por mais que nfo tivéssemos 0 contato didrio em razéo do Hospital de Trauma, mantive a aproximacao, pois entendi que poderia apostar nas suas proximas candidaturas e contar com alguma contrapartida no futuro." Coutelar Inominada Criminal 0000835-32,2039.815.0000 opcées de infiltragao da ORCRIM no ambito do legislativo estadual, onde o modelo de negécios entéo adotedo ganharia voz de defesa. Para tanto, houve mais uma antecipacao de propina, desde feita, na ordem de R$ 100.000,00 (cem mil reais), em espécie. Na sequéncia, a relacdo de ESTELIZABEL BEZERRA com 0 DANIEL GOMES, que ja era boa, teria se estreitado, quando sua companheira, CLAUDIA VERAS, assumiu, em 2017, a Secretaria de Estado da Satide. Segundo o colaborador DANIEL GOMES (ANEXO 57), esse estreitamento se refletu na admissio de MAYARA DE FATIMA MARTINS SOUZA, entdo chefe de gabinete da Deputada Estadual ESTELIZABEL BEZERRA, para o cargo de Secretdria-Geral da CVB na Paraiba e, posteriormente, para a Presidéncia da CVB/PB. Veja-se: “Em 2017, CLAUDIA VERAS reassumiu a Secretaria Estadual de Satide da Paraiba. Nessa época tivemos uma sintonie maior, tanto pela relacéio que construimos no arimeiro perfoda em que ela_estava a frente da pasta, como pelo meu apoio a ESTELIZABEL, 0 que foi muito util na resolucdo de pendéncias do dia a cia na SES/PB. Ainda em 2017 a pedido de LIVANIA FARIAS, contratei MAYARA DE FATIMA MARTINS DE SOUZA - chefe de gabinete de ESTELIZABEL na Assembleia Legislativa da Paraiba - para ser secretéria-geral da filial da CVB na Paraiba. Para justificar o seu pedido, LIVANIA me confidenciou naquela reuniio que ESTELIZABEL BEZERRA tinha tido um caso extraconjugal com MAYARA, e que por isso CLAUDIA VERAS, bastante chateada, Ihe pediu para conversar comigo e pedir a minha ajuda. Meses depois, em razZio do destaque em seus trabalhos, MAYARA acabou vindo 2 assumir a presidéncia da CVB/PB, apds proceso de eleico intemma, com minha ajuda.” 0 mencionado colaborador afirma (anexo 57) que, em 2018, prestou ajuds financeira para campanha reeleicho de ESTELIZABEL BEZERRA, no montante de R§ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme ja detalhado no corpo de medida cautelar. E ngo somente isso. Toda a estrutura da CVB/PB foi disponibilizada em favor de ESTELIZABEL BEZERRA, tudo com o envolvimento direto de CLAUDIA VERAS. Nesse periodo, as vagas de trabalho disponiveis eram destinadas ao preenchimento segundo as indicacdes de ESTELIZABEL BEZERRA, inclusive, tal pratica, seria contréria 8 determinacéio de RICARDO COUTINH® que, conforme narrativa, ordenou que todo o fluxo de Contant fos canalizado perante IRIS RODRIGUES (dudio 180816_001). Em razdo de/sua atYacao, 0 préprio colaborador (DANIEL GOMES) confirma que, gracas a ESTELL: BE . Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 yrerSegete'g, BEZERRA a CVB/PB foi, por forca de lei estadual, reconhecida como entidade de utilidade publica. Analise-se: *No ano de 2018, CLAUDIA VERAS e ESTELIZAREL BEZERRA voltaram a me pedir ajuda financeira para a campanha de reeleicdo Deputada Estadual. Me lembro que elas comentaram comigo por diversas vezes que aquele pleito seria bem mais cificil do que o anterior, pois seria mais concorrido e ela n&o teria mais 0 mesmo apoio de RICARDO COUTINHO. como em 2014 (dudios anexos), uma vez que RICARDO focaria mais na também candidate CIDA RAMOS, que de ‘ato foi o mals votada no ano de 2018. ‘Apds 0 pedido direto de ajuda e auxilio de CLAUDIA VERAS e ESTELIZABEL decidi ajudar e fazer de tudo para que a campanha fosse um sucesso e ela, 20 final co pleito, fosse eleita. Em um dos encontros que tive com ESTELIZABEL 2 CLAUDIA, combinei de doar via caixa 2 0 montante aproximado de R$ 300 mil reais. O referido valor foi pago em parcelas menszis, abaixo elencadas, por mim ou por Keydison Samuel de Souza Santiago, conselheiro da CVB, diretamente 3 elas em hotéis onde eu estava hospedado (Verdegreen Hotel e Hote! Manaira, ambos em Jodo Pessoa) ou no gabinete de ambas até a eleicéo: 30.000,00 97/05/2018 60.000,00 05/06/2018 37.000,00 05/08/2018 57.000,00 16/08/2018 30.000,00 05/10/2018 40.000,00 06/10/2018 Além da ajuda financeira, eu disponibilizei a filial da Cruz Vermelha Brasileira da Paraiba para ajudar com campanhas sociais nos locals em que a candidate escolhesse. Assim, me recordo que MAYARA ficou ent&o incumbida de agendar um grande evento por més a ser promovido pel CVB/PB em apoio 2 ESTELIZABEL, nos quais foram atendidas centenas de pessoas. Essas ages sociais divulgaram a entio candidata e Geraram muitos’ votos, 0 que, certamente, foi fator deteminante na reeleicgo entre as mais votadas no estado (fol 2 quinta candidata mais voteda) G2) Me lembro, ainda, que ESTELIZABEL BEZERRA também] fo//\ beneficiada pela ‘compra de votos’ de pessoas confratadas te Sen a pee oO oN Gh CautelaeInominads Criminal C000835-73.2019.615.0000 (egal OF trabalhar na rede de saiide do estado e, ainda, como terceirizados contratados diretamente por mim. Para tanto, eu combine! com a Secretaria Estadual de Salide CLAUDIA VERAS que evitaria informar a Secretaria Executiva-Chefe da Casa Civil da Paraiba IRIS RODRIGUES DANTAS CAVALCANTE das vagas que eventualmente surgissem nos hospitais geridos pelas OSS (anexo 11) que eu representava e, assim, pudéssemos fazer 2 substituigo automética do profissional sem 0 conhecimento do Governador. Ge) Apesar da aposta que fiz, no consegui obter muitas vantagens com a reeleicio de ESTELIZABEL BEZERRA, uma vez que logo apés 0 iiltimo pleito eleitoral foi defiagrada a Operacio Calvario que culminou na minha priso. Todavia, como se observa do documento anexo, um dia antes, 0 Governador RICARDO COUTINHO sancionou a proposta de lel da Deputada ESTELIZABEL BEZERRA que reconheceu a utilidade ptiblica da CVB/PB naque’e estado.” Sobre 0 envolvimento de CLAUDIA VERAS e sua articulacdo com os integrantes mais “poderosos” da ORCRIM, tem-se o relato do colaborador DANIEL GOMES (2nexo 8) sobre as tratativas visando a renovaco do contrato de gest8o no Hospital Geral de Mamanguape que, apds a vitéria de Joo Azevedo no primeiro turno de 2018, a enfocada ORCRIM teria decidido mudar a estratégia e promover a publicagéo do contrato vigente e publicizar o novo edital pare contratagéo_somente em janeiro ce 2019. Assim, em 04/12/2018, toda a documentaciio (edital, projeto basico, sugestdo de metas e definico de orcamento do contrato) estava preparada, sendo aprazada uma reunido entre o colaborador, CLAUDIA VERAS, THEREZA RAQUEL TIMO LIVANIA FARIAS para definicio de detalhes técnicos e ajustes dos valores das propinas, mas, com a deflagracdo da Operacdio Calvério (14/12/2018), 0 encontro n&o ocorreu. Segue trecho da colaboracdo (anexo 8): *O governador JOAO AZEVEDO foi eleito no 1° turno, entio decidimos néo publicar o edital no final do ano e apenas prorrogar 0 contrato vigente por mais 6 meses. O contrato foi prorrogado, mesmo apés a deflagracdo da Operacio Calvario, J que ainda no havia atingido o limite méximo de 60 meses de duraco. A idela era publicarmos o edital logo no inicio de 2019. Com isso os trabalhos de elaboracéo de edital, projeto basico, sugesto de metas e definic3o de orgamento do contrato foram implementados e 0 material produzido ficou pronto}/no dia 4/12/2018, conforme demonstram os documentés em et worse CCaulelar inominada Crirrinal 000835-33,2019.815.0000 A est on Tinhamos progremado uma reuniSo, na segunda quinzena de dezembro de 2018, com LIVANIA FARIAS, CLAUDIA VERAS e THEREZA RAQUEL REIS TIMO. A ideia era fecharmos todos os detalhes técnicos e ajustarmos valores de propinas de forma a podermos publicar o Edital logo no inicio de 2019. Porém, com a deflagragéo da Operacao Calvario em 14/12/2018, no foi dado andamento a essas tratativas finai: _ Em episddio anterior, relativamente ao Hospital Metropolitano, novamente, CLAUDIA VERAS, viabiliza a expansdo do IPCEP na area da salide, sendo, segundo 0 colaborador DANIEL GOMES, ao lado de LIVANIA FARIAS, responsavel por aprovar a minuta do Edital da licitagéo confeccionada pelo referido colaborador, direcionando, assim, 0 objeto do certame ao Instituto de Psicologia Clinica Educacional e Profissional - IPCEP. E de se destacar, portanto, que CLAUDIA VERAS teria conhecimento direto dos atos de corrupcio perpetrados no cenério da contratacao do IPCEP para o Hospital Metropolitano e para o Hospital de Mamanguape (renovacao do contrato de gestao), participando ativamente da consumacao desses delitos, seja auxiliando o direcionamento do contrato de gest3o (documentos da licitago produzidos em consonéncia com os interesses do IPCEP), seja na discussiio dos valores das propinas (éudio 170829_004 — ANEXO $). Transcricéo da colaboracdo sobre 0 evento (anexo 9): “DA PREPARACAO D0 EDITAL F PROJETO BASICO Resolvidas as questdes relacionadas aos valores de propinas que seriam pagos ao Governador e sua equipe para 2 gestio e compra de equipamentos do Hospital Metropolitano, passou- a fase de elaboracéo do edital de chamamento com o direcionamento para que o IPCEP pudesse sagrar-se vencedor do certame. Para tanto, eu e a equipe do IPCEP participamos ativamente da elaboracéo da minuta do ecital, a fim de que, nao 83 0 certame fosse direcionado ao instituto, como também fossem inseridas as clausulas que permitissem 0 pagamento das propinas previamente acordadas. A minuta foi apresentada a Secretaria de Saiide, CLAUDIA VERAS, e a LIVANIA FARTAS, sendo a mesma aprovaca pela equipe do governo com reviséo de pequenos pontos e algumas metas, mas mantendo-se o texto basico contendo a pontuacéo necesséria para a classificagdo do IPCEP, além da definicgo do investimento inical para a compra de equipamentos, no valor de R$ 35 milhdes, bem como do custo al ty @ gesido do hospital, da ordem de R$ 8.250 ihdes. 95 (crPOS Cautalar Inominaca Criminal 005083! Xr] Para a elaboracao do Edital de OS n° 002/2017, da 1? licitagéo de 2017, eu € 2 equipe do IPCEP peaamos um modelo ¢e edital da SES/PB (documento Word nomeado “Edital-versao1,17"), ¢ em cima dele apresentamos a 12 verséo contendo as clausulas necessarias ao direcionamento para o IPCEP. Depois das trocas de diversos arquivos com a equipe do governo, nos quais podem se observar nas versdes em Word as revisOes e seus respectivos autores, tais como CLAUDIA VERAS, BRUNO VINICIUS (SES/PB), MARIO SERGIO (IPCEP) E OUTROS (conforme se pode observar__consultando as “propriedades” do documento e clicando em “detalhes” em anexo), finalmente chegou-se 2 uma versio final que foi publicada no diario oficial, sendo que, posteriormente, ainda foram feltos novos ajustes necessarios para atender os interessas do grupo, 0 que acabou rasultando em dois novos editais da licitago, sendo o versio final nomeada “TERCEIRO EDITAL", sobre a qual a licitacéo foi realizada em 28/09/2017 (documento enexo).” A documentacgo trazida pelo colaborador (Pasta Prineira Licitag3o - documentos relacionados a fraude na licitagdo do Hospital Metropolitano para direcionamento ao IPCEP e cesclassificacéo da INDSH — entidade que se inscreveu no certame, contendo documento nomeado ‘doc.importante.Claucia.pdF; Pasta Segunda Licitacdo — documentos relacionados ao segundo certame do Hospital Metropolitano que sagrou vencedora o IPCEP — anexo 9) revela a atuacéio pessoal de CLAUDIA VERAS nesse processo, inclusive hé inscrigGes manuscritas por ela sobre detalnamento ce valores. Alem disso, a prova apresentada pelo colaborador DANIEL GOMES (audio 170829_004 - anexo 9) atesta didlogo durante o qual séo discutidos outros temas de interesse da ORCRIM em referéncia, como a distribuic30 de cargos, em atendimento aos pedidos de politicos, a fraude em licitacaio dos fornecedores do IPCEP e 0 gerenciamento da propina acordada. Néo bastasse todo esse envolvimento, em outro elemento de corroboracao apresentado por DANIEL GOMES (dudio 180816_001 - anexo 9), est retratada uma reunido dele com CLAUDIA VERAS para pagamento de propine no total de R$ 58.000,00 (cinquenta e oito mil reais) com destino 4 campanha de ESTELIZABEL BEZERRA, observe: *DANTEL: Quer CLAUDIA? HII: Quer? DANIEL: Uma aguinha? HNI; Quer aguinha? DANIEL: Quer? (tosse) CLAUDIA: Quero uma aguinha com gas...com ga: ‘a DANIEL: (tosse ~ ruidos) Oh! ... Somou inte cn iC te foo Cautelarinominaca Criminal 0090835-33.2019.815.000 a aonee™ CLAUDIA: Nao... num somei nfo porque eu té respondendo (trecho ininteligivel)... DANIEL: $6... soma ai vai que...que... quanto...quanto vocé soma, So pra ver se ta certo, CLAUDIA: TA, . HNI: E, Qual o numero do apartamento? £ 0? DANIEL: E 202. HNE: (ininteligivel).. CLAUDIA: Obrigada, DANIEL: 15, 30, 60, 37, 58 que ficou faltando uma... t&? CLAUDIA: Ficou faltando uma... DANIEL: N&o depois eu Ihe entrego (isos) CLAUDIA: Hum. DANIEL: nt&o af matamos (ininteligivel)... CLAUDIA: Eu sé perguntei porque vocé me afirmou... DANIEL: E! N&o ficou tem (ininteligivel)... CLAUDIA: Carto...”. obrigado! Ressalta-se que a atuacdo de CLAUDIA VERAS no que toca ao recebimento de propina nio se limitaria 2s verbas com o carimbo da satide, como afirmou a colaboradora MARIA LAURA (anexo 17), “que em setembro de 2018 entregou R$ 50.000,00 4 CLAUDIA VERAS, que esse valor fol entreque para CLAUDIA VERAS no canal e que a mesma teve muita urgéncia de receber". Também seria CLAUDIA VERAS uma das responsdveis por indicar pessoas para ocupac3o de postos de trabalho por meio das organizacées socials que atuavam na satide, notadamente a CVB e 0 IPCEP, Nesse sentido, 0 colaborador DANIEL GOMES (ANEXO 11) deixou evidenciado cue ela, especialmente em favorecimento de ESTELIZABEL BEZERRA, fazia indicacao de funcionérios. Outra forma de atuacdo de CLAUDIA VERAS na estrutura criminosa implantaca na satide do Estado da Paraiba seria o atendimento ¢ realizac3o de exames médicos prioritérios em pacientes indicados por seu grupo politico, Em 2017, CLAUDIA VERAS teria passado a concentrar essa “demanda" avaliendo-a de modo que existisse um equilibrio entre o atendimento dos pedidos formulados pelos politicos da base aliada. (anexo 11 da colaboracio de DANIEL GOMES). Sobre isso, a colaboradora CLAUDIA CRISTINA CAMISAO {anexo 14) afirmou que havia uma preferéncia no agendamento de exames de pessoas indicadas por CLAUDIA VERAS: Que logo no inicio de 2018 comecou a receber listas/Co} homes de pessoas que teriam prioridade e que ndo precisarial enfrentar 0 tramite normal de agendamento dos/exam notadamente exames de grande complexidade, 2 exempl fo rapes < Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 wenece” 7 eco cardiocrama, ressonancia, tomografia. Que recebeu pedido de preferéncia de CLAUDIA VERAS, EDVAN de Bayeux/PB, MEIRE de Bananeira/PB, JOIRA do Conde/PB. Acrescentou que muitos dos pedides de CLAUDIA VERAS eram para atender pessoas provenientes do reduto eleitoral de ESTELIZABEL Bezerra, Deputada Estadual da bese do governo. Por seu turno, LEANDRO NUNES, na concig&o de colaborador, confirmou que, em 2012, recebeu de CASSIANO PASCOAL PEREIRA NETO (pessoa que ‘apresentou’ a organizac&o social GERIR a ORCRIM e que, posteriormente, firmou contrato de gestiio para a Maternidade da Patos/PB - & ORCRIM) a quantia de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) destinaco a favorecer ESTELIZABEL BEZERRA, durante a disputa pare 0 cargo de Prefeito de Jodo Pessoa/PB caquele ano, cuja entrega aconteceu no estacionamento do supermercado Carrefour, nesta capital. A partir do material coligido, verifica-se a presenga dos elementos necessarios a prisdo preventiva requeride pelo Parquet em face de ESTELIZABEL BEZERRA e CLAUDIA VERAS. Ambas, segundo indicam as investigacSes, so ativas participantes dias atividades da ORCRIM, e teriam se valido das funcGes inerentes aos cargos ptiblicos ocupados para azeitar as engrenagens da empresa criminosa, locupletando-se de vantagens indevidas das mais diversos matizes. A partir da prova amealhada, especialmente aquela trazida pelo colaborador DANIEL GOMES, denota-se a importancia de suposta atuacao de CLAUDIA VERAS para a manutenco e expanséio das atividades das organizacées sociais na drea da salide. Tratativas teriam refletido ganhos em seu favor e também em beneficio de sua companhelra, ESTELIZABEL BEZERRA, a qual, segundo as investigagdes, desde 2012, aufere vantagens decorrentes da relagio espiiria estabelecida entre Governo co Estado e organizagGes sociais a servico da ORCRIM. Diante desse cenério, a ordem publica foi violada em sua maxima expresso pelas condutas perpetradas por ESTELIZABEL BEZERRA ¢ CLAUDIA VERAS, causacioras (em tese) de prajuizo milionario ao Estado da Paraiba e, porque no dizer, vida e & satide das pessoas preteridas, teoricamente, em seu direito essencial — cireito a satide de qualidade — seja por insuficiéncia de insumos para o regular atendimento, seja pela pretericao deste, porquanto teriam sido priorizados pacientes encaminhados pelo grupo politico que favorecia a hipotética ORCRIM, aos nosocémios geridos por ela. As condutas das teferidas integrantes da organizagio, a exemplo da atuacdo dos demals, voltadas para pratica de fraudes em licitacdes e desvio de req piiblicos, trezem consigo uma série de outres condutas ica, peculato, lavagem , infrages dolpsas, as quais ostentam penas superiores a 4 (quatro) Anos. [noes Ceutelar ZRominaca Criming 0000835-33.2019.815.0000 98 A gravidade concreta das condutas perpetradas, alieda a periculosidade das agentes ¢ ao risco de reiteracao delitiva, confirmam a necessidade de preservacao da ordem publica. A gravidade das condutas esté demonstrada nos autos, repousando, notadamente, na ousadia com que atuaram, em tese, ESTELIZABEL BEZERRA e CLAUDIA VERAS, crentes da impunidade de seus atos, porquanto detentoras de poder politico e decisério decorrentes dos cargos de relevo que ocupavam, aquela na Assembleia Legislativa, esta, na Secretaria de Saiide, com 0 aparente objetivo de satisfazer interesses puramente pessoais, sem se preocuparem com as consequéncias de suas condutas, as quais, em verdade, no se mensuram com preciso. Quanto a periculosidade, emana do cometimento tedrico dos crimes, no contexto de grande e sofisticado esquema criminoso, com destaque para a forma habitual e longeva que ESTELIZABEL BEZERRA teria se locupletedo, panorama que, mais tarde, taria se alargado pela atuacdo fomentadora de sua companheira CLAUDIA VERAS. Como relatado por DANIEL GOMES, para minorar os atritos entre a equipe de governo e DANIEL GOMES, RICARDO COUTINHO nomeou CLAUDIA VERAS para assumir a Secretaria da Satide, pasta que sempre Tepresentou um dos pllares de Sustentaco financeira da empresa criminosa. 7 A titulo de corroborar 0 amplo espectro da atuacdéo de CLAUDIA VERAS, 0 colaborador DANIEL GOMES detalhou sua relevente participac3o na operacionalizacSo do *negécio” envolvendo a LIFESA que somente foi concretizado apés sua assuncdo, posto que esbarrava na resist@ncia dos antigos secretarios da pasta. A medida cauteler também se impde para suprimir @ possibilidade de reiteracdo criminosa. A liberdade de ESTELIZABEL BEZERRA ¢ CLAUDIA VERAS, detentoras de posicdo de destaque na estruture da empresa criminosa, traz risco de continuaco da pratica de atos criminosos. A condig&o de ocupante do cargo de Deputada Estadual confere a ESTELIZABEL BEZERRA néo somente o poder politico, mas posi¢So favordvel a produzir movimentos capazes de manter em funcionamento a empresa criminosa, inclusive em beneficio de sua companheira, CLAUDIA VERAS. Some-se a isso, a necessidade de preservagio da instrucao cri al. Uma vez em liberdade, ESTELIZABEL BEZERRA e CLAUDIA VERAS poderéo influenciar na producdio de elementos, obstaculendo ou fazendo desaparecer indicadores dos crimes a elas foie Any hd isco de deletarem outros elementos de conviccao ainda néo ameatados, até mesmo porque a forma como os deltos eram perpetrados, segundo/até aqui esclarecido, revela planejamento no sentido de homitar 20 maximo 08 vestigios. "| /\ ser") gee [arene peter Cauteler Inominada Criminal 6000835-33.2019.615.0000 99 E importante realgar que a custddia preventiva se justifica também para preservar a aplicacdo da lei penal. Em casos deste jaez, envolvendo vultosa quantidade de dinheiro desviada e ainda ndo completamente rastreadas, a Possibilidade de fuga, agile clandestina, é majorada. Portanto, nos moldes apontados pelo Ministério Publico, justifica-se, neste momento, a necessidade de decretacdo da priséo preventiva, como Garantia_da_ordem piblica, da _aplicacao da lei_penal e conveniéncia da instruc3o |, sobretudo em virtude da complexidade da organizaGo, evidenciada pelo niimero de integrantes e pela presenga de diversos niicleos de atuasiio, conforme precedente do Superior Tribunal de Justica, a seguir ementado: Com_efeito,_a_jurisprudéncia_do ST) ¢ pacifica_no jo de que justifica a priséo preventiva o fato de o acusado integrar organizacdo criminosa, em razéo da garantia_da_ordem_piul quanto mais diante_da complexidade dessa __organizacao, _evidenciada__no numero de integrantes e na presenca de diversas frentes de atuacao. Nesse sentido: RHC n. 46.094/MG — 62 T. = unénime - Rel. Min, Sebastio Reis Junior - DJe 4/8/2014; RHC n. 47242/RS — 5 T. — unanime — Rel. Min. Moura Ribeiro - Die 10/6/2014; RHC n. 46341/MS — 58 T. - unanime — Rel. Min. Laurita Vaz - DJe 11/6/2014; RHC n. 48067/ES - 5° T. - unanime — Rel. Min. Regina Helena Costa - Dle 18/6/2014. Igual posicionemento se verifica no Suprerno Tribunal Federal, v.g.: AgRg no HC n. 121622/PE ~ 22 T. ~ undnime ~ Rel. Min. Celso de Mello ~ DJe 30/4/2014; RHC n, 122094/DF - 197. - unanime ~ Rel. Min. Luiz Fux — Dle 4/6/2014; HC n. 115462/2R ~ 297, ~ unénime - Rel. Min. Ricardo Lewandowski - DJe 23/4/2013. Ademais, consoante jurisprudéncia cristalizada no STJ e no STF, enquadra-se no conceito de garantia da ordem publica a necessidade de se interromper ou diminuir a atuag3o de integrantes de organizacao criminosa, como é 0 Caso, TII.2.6 — QUANTO A INVESTIGADA MARCIA DE FIGUEIREDO LUCENA LIRA MARCIA DE FIGUEIREDO LUCENA LIRA Ex-Secretaria Estadual de Educaco do Governo de Ricardo Coutinho e atual Prefeita do Conde-PB, € Indicada pelo MPPB como integrante da empresa criminosa, uma das principais responsaveis pela estruturagSo das fraudes na educagéo. Tendo sido escolhide para representar os interesses da organizagao criminosa no poder executivo. Consta da cautelar que MARCIA LUCENA eleita pr; municipio do Conde-PB, assim como outros integrantes da empresa cri sua candidatura viabilizada, financeiramente, com recursos do “caixa a. proping’{se% ri e aa eR Cutelar inominaca Criminal 0000835-33.2019.815,0000 2nd propina essa direcionada, além de enriquecimento pessoal dos membros da ORCRIM, também, as eleicBes de 2012 e 2016, com o propdsito de viabilizar 2s operacdes do modelo de governanca corrupta implantado no Estado, uma vez que, como contrapartida, ficou avengada a Introducdo das Organizacbes Sociais (Cruz Vermelha do Brasil) no Ambito do municipio do Conde com a sua eventual assunc3o ao Poder Executivo Municipal. Narra 0 Ministério PUblico que o colaborador DANIEL GOMES DA SILVA, apés prospectar alguns cenarios, compreendeu ser uma 6tima oportunidade de expandir es atividades da Cruz Vermelha Brasileira (CVB) para municipios da Paraiba, n3o sé para consolidar 0 nome da instituiclo e manter os contratos com os proximos governos, mas também garantir viabilidade financeira na hipdtese de RICARDO COUTINHO no atingir seu desejo de eleger seu sucessor. —m razdo disso, foi aprazado um encontro entre DANIEL GOMES DA SILVA e MARCIA LUCENA, em reunio que ocorreu na manha de 6 de setembro de 2016, na residéncia de LIVANIA FARIAS, ficando ajustado que, 2 titulo de adiantamento do caixa da proping, a quantia de R$ 100.000,00 (cem mil reais), entregue, em espécie, pessoalmente, a LIVANIA FARIAS, no dia 27 de setembro de 2016, em seu gabinete, na Secretaria de Estado da Administracao. Esse acontecimento foi registrado pelo colaborador DANIEL GOMES DA SILVA por meio de escuta ambiental (arquivo de audio nominado “Dra 2 pref Marcia Lucena”) conforme fragmento a seguir transcrito: LIVANIA: Sim, a! MARCIA viajou, foi. DANIEL: Descensat LIVANIA: E hoje (ininteligivel)... DANIEL: Que cleic3o braba a dela, né?! Ainda bem ... LIVANIA; (Ininteligivel) DANIEL: ...que dividiu os... ainda bem que cividiu os votos. LIVANIA: (trecho ininteligivel)... MARCIA, criatura. Ela disse: "EU ndo vou ficar... eu Vou a pé porque eu nao tenho dinheiro pra botar combustivel” DANIEL: (risos) LIVANIA: Mas... é, é, & mais interessante, ai quando foi hoje 0 governador disse LIVANIA quanto foi (ininteligfvel)... | daqui pra "MARCIA" eu disse 100 co nosso (trecho ininteligivel)... 30 € 20. Ai ele disse pense numa campanha (trecho ininteligivel)... sabe porque? Porque o senhor lancou onome dela em 2015. coitada. LIVANIA: Ela 2m outubro foi fazer o dever de casa dela. Entdo a parte dela ela fez (trecho ininteligivel) aquela sim... DANIEL: Mas vocé falou bem. LIVANIA: (trecho ininteligivel) é um nome que a gente tem. DANIEL: E, € 6 um nome que (trech®yininteligivel)..que 58 da pra aprender, né? | LIVANIA: Aj ela (trecho ininteligivel)... i; C Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 { vee DANIEL: pra lancer em cima da hora. LIVANIA....dia 25. Ai ela deve t4 no més de novembro, que eu também nao posso viajar por Isso. Al ela val té aqui no més de novembro, af eu... eu. DANIEL: “CAMARGO” (fonético) também. LIVANIA: ...se vocé me perguntar 0 que tem no fundo, eu 86 sei onde é (trecho ininteligivel) DANIEL: (ininteligivel) E... ali (ininteligivel) importante 4 ela ja mandar all pra Camara (trecho ininteligivel) LIVANTA: Pois é. Ai vocé ja vai preparando esses projetos... DANIEL: Jé ta pronto. LIVANIA: JA traga isso pronto. Ai a gente analisa (trecho Inintetigivel) DANIEL: Vou trazer ja...(trecho ininteligive!) LIVANIA: Va fazendo essa sua parte, af depois a gente senta com ela pra ela ir encaminhando. DANIEL: Ta. LIVANIA: Certo? Fonte: PA n®: 100.000, 002088/2019-67— Arcuivor 161017 0OL.MPS. — Data do éucio: 17/10/2036 i Relata a exordial cautelar que alcancado o objetivo da ORCRIM, eleicgo de MARCIA LUCENA como prefeita constitucional do municipio do Conde- PB, Iniclaram os tramites necessérios a Implementacdo do programe de gestéo pactuada naquele municipio (aprovagio do Projeto de Lei n° 009/ 2047 de autoria do executivo, com a consequente publicagéo, em 11 de julho de 2017, da Lei Municipal n° 921/2017, que instituiu o programa de gestdo pactuada sobre qualificac3o de OSs) além de outras providéncias. Pois bem, com a elaboragio do ato normativo chegou o Momento dos envolvidos na trama criminosa acertarem os valores que seriam repassados a MARCIA LUCENA a titulo de propina. Para isso LIVANIA FARIAS agendou nova reuniéo com DANIEL GOMES com a finalidade de solicitar que fosse incluido, no custo mensal do contrato de gestao da satide do Municipio de Conde/PB, 0 valor de R$ 40.000,00 que seriam destinados a prefeita do Conde-PB. DANIEL GOMES DA SILVA(DANIEL) e CLAUDIA — 00:00:57 DANTEL: Vou ter gue ir enbora, que MARCIA acabou de chegar no hospital. CLAUDIA: Quem? DANIEL: MARCIA! CLAUDIA: MARCIA? DANIEL: A... do CONDE. MARCIA do CONDE. CLAUDIA: MARCIA chegou no Trauma? Doente? DANIEL: Nao... nao... no... 80... No... pra reunigo... CLAUDIA: Ah, vocé veio pra reuniao com ela? Nao, enta 0 varno acabar aqui... oN DANIEL: Nao... ngo, mas aqui a gente mata (Fonétic \ CLAUDIA: Ta! ent&o deixa eu... vocé nao vai ta aqui amanha: Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 DANIEL: Tol ] CLAUDIA: Se vacé quiser ir pra reunio com ela, eu vou saber as questées ld do... DANIEL: Posso passar aqui amanha cedo? Vai ta aqui cedo, amanha? Como é que vocé ta, tua programaczo? | CLAUDIA: Deixa eu abrir aqui minha agenda. Eu vou ta aqui, acho que a partir de 9 horas. DANIEL; Ent&o acho que eu venho aqui umas 10 horas, 0 qué que voc8 acha? CLAUDIA: Deixe eu olhar aqui qual € a situacdo da agenda que eu te digo agorinha, porque af eu pego as informaces. DANIEL: Pois é... é... show de bola! CLAUDIA: (ininteligivel)... para poder falar isso aqui pessoalmente... eu fiquel de dar esse retomno... amanhé € que dia? DANIEL: Amanhé é 30! Fonte: PA 1°: 1.00.000.002088/2019-67— Arquivo: 170829. 0O4.MPS, ~ Data do audio: 29/08/2017 A narrativa do Ministério Piiblico somada a gravacio de DANIEL GOMES encontra respaldo nas afirmativas de CLAUDIA CAMISAO (ANEXO 11) que, em colaborago, relatou que repassou 0 valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) a0 esposo de MARCIA LUCENA (JOSE DO NASCIMENTO LIRA NETO, conhecido por “Wanego Lira’), a pedido de LIVANIA FARIAS, em seu escritério particular. Vejamos trechos da colaboracao: ACAO_- TERMO_DE_TRANSCRICAO DE _COLABC CLAUDIA CAMISAO — ANEXO 13 Em sua colaboracéo a mesma disse: “gue, em 2016 a pedido de LIVANIA ajudou na campanha de MARCIA LUCENA que na époce era candidata a prefeita com o valor de R$40.000,00; que essa ajuda foi entregue diretamente a NANEGO LIRA (JOSE DO NASCIMENTO LIRA NETO ~ CPF 441.954.194-68) no escritério particular da doutora LIVANIA; que en setembro de 2016 em um café da manha no Luxor Nord Tambati foi apresentada a MARCIA LUCENA por LIVANIA; que logo em sequida LIVANIA pediu que a colaboradora ajudasse a MARCIA; que nao havia nada atrelado a entreaa do valor pedido como ajuda; que LIVANIA pediu esse valor pontualmente; que LIVANIA alegou que esse dinheiro iria ser utifizado para a campanha de MARCIA; que com relacSo a esse ponto ESTELA BEZERRA no tinha participacao; que cita ESTELA BEZERRA, CLAUDIA VERAS ¢ MARCIA LUCENA em sua coladoracéo por se tatarem do mesmo grupo politico; que em outro momento fez outra contribuigo ao sobrinho de LIVANIA que era candidato a vereador no valor RS15.000,00; que nao recorda 0 nome dele; que em 2018 LIVANIA pedi jo para a campanha de JOAO AZEVEDO; que) a colaboradora solicitou que fosse uma contribuicao oficial; que |\ LIVANIA concordou e assim foi feito uma doaci Cautelar Inominada Criminal 0000325-33.2019.815.0000 solicitacio de LIVANIA; que todas as contribuicdes foram pagas em dinheiro exceto a de JOAO AZEVEDO que foi um depésito na conta de campanha; que 0 valor para COLORAU foi entreque a propria LIVANIA; que LIVANIA dizia que era para a campanha dele; que a doacao para JOAO AZEVEDO nao teve um viés para um contrato especifico, porém estave inserida na Paraiba, com contratos na Paraiba, e por ter apostado todas as suas fichas no investimento que fez aqui no estade queria que ele fosse elelto; que por isso optou por uma contribuicao oficial; que todas as informacées para contribuicio foram repassadas por LIVANIA; que LIVANIA foi quem repassou o nimero da conte de campanha de JOAO AZEVEDO para depésito; que n3o sabe informar se 0s valores doados foram efetivamente utilizados como solicitade, com excegio da contribuicio oficial; que foi informada por LIVANIA que NANEGO era marido de MARCIA LUCENA e a contribuicdo fol repassada a ele no escritéria de LIVANIA Nesse norte, 0 Ministério PUblico € incisivo ao afirmar que ndo ha diividas acerca da participacdo e conhecimento de MARCIA LUCENA nos ilicitos praticado pela ORCRIM. Assim, para demonstrar o cito, aponta os eventos ocorridos nos dias 16 agosto e 31 de outubro de 2017, em que DANIEL GOMES DA SILVA realizou duas reuniées no Hospital de Emergéncia e Trauma Senador Humberto Lucena com @ prefeita MARCIA LUCENA, MILTON PACIFICO JOSE ARAUJO (na companhia do Superintendente da CVB/PB) e equipe, para apresentar vérias Dropostas e modelos de projeto basico de gestdo dos servicos municipais de satide*. A fim de comprovar 0 narrado, o Ministério Piiblico apresenta trechos de didlogos travados entre DANIEL GOMES e LIVANIA FARIAS, vejamos: DANIEL GOMES DA SILVA (DANIEL), LIVANIA FARIAS e WALDSON - 00:27:36 DANIEL: Ta? E... eu $6 precisava depois ce uma colsa... 6... enti nic... no... vamos la... a... MARCIA e 2 equive td pronta pra Ir segunde-felra, ja organizel, ta? LIVANIA: T4, uma vez (ininteligivel), DANIEL: Sé que eu no consegul trazer a lel egora, enfim, ‘ou te mando depois ou levam junto na segunda-feira? Mas a lei € exatamente a do estado da Paraiba, néo muda neda, a nica colsa que eu fiz fol botar ela no Word LIVANIA: 0 que eu nao quero é que entregue la, porque... DANIEL: Pra ela, nao... LIVANIA: E... 6... tem que eu entregar 2 MARCIA. 6 Em relacéo a estes encontros, na pasta ANEXO 58, dentro da subpasta Documentos arquivos nomeados como Modelo.docx, Madela 2.doxx, Vers20 final.dacx e versio v.2.dacx, @ arquivos em formato xlsx retratam as modelos des projetos. Vale salientar que dertro da subpasta \Documentos existe cutra subpasta \CONDE a qual tem outra sdbpasta \CONDE 16-08-2017 que por sua vez tem 2 subpasia \Material de Trabalho, hé varios arquivos gf formagos .docx € xlsx, os quals corespondem as propastas e mocelos de projeto basico. Pode-se netar al quq @ subgasta \CONDE 16-08-2017 remete diretamente a data em que ocorreu a reuniio supraciiad: [ Sa auch tpginaad gam O6b0535-33.2019.825.0000 108 ie ese | DANIEL: Ento td bom! ...eu dou um jeito. LIVANTA: Ou vocé entregar, porque se chegar isso la... DANIEL: De outro jeito 8 pior. LIVANIA; A situacao € muito dificil ainda, DANIEL: Eu vou dé um jeito de ent... olha sé, eu também 36 vou embora no voo da madrugada... de repente eu peso | aqui e entrego a pendrive LIVANIA; Ta! DANIEL: TA bom? Eu... eu te mando por... por mensagem, pra te entregar isso. Ta bom, entéo, pendrive. Tem um... um Pleito, que é aquele pleito de ontem, até a sua secrotéria procurou, que € o negécio do reeauilibrio... LIVANIA: Mas... mas a lei se... se voc quiser o final de semana pra fazer alguma coisa, nao tem problema nic, DANIEL: Nao... nao precisa, ta pronta... a gente so pegou ela em PDF, digitamos em Word € a nica alteracao foi aquela ia... dé mais ce 100 mil habitantes.. LEVANIA: Hum... hum... DANIEL: Lembra que aquela Id do final? A gente botou pra populagio do municipio. Que vocé falou que a gente té com 20 mil habitantes, a gente botou entdo 20 mil habitantes, 1 18 a populagio do municipio, ta? LIVANIA: Ta. DANIEL: E a Unica... além disso, a tinica coisa que eu botei foi que também pode aproveltar as qualificagdes existentes no estado. LIVANIA: Té. DANIEL: Sé isso. Entéo 0 estado da Paraiba ou X (xis) mil habitantes em qualquer parte do pais. LIVANIA: TA DANIEL: Ai fica bem aberto, no fica restritivo, t4? Bom, deixa eu te falar uma coisa, tua secretaria procurou pra caramba o processo do reequilibrio... Fonte: PA r®: 1.00.000.002088/2018-67 ~ Arquivo: 70405_00L.NP3 — Data do éurio: 05/04/2017. Em decorréncia da ruptura politica entre a prefeita MARCIA LUCENA e 0 vice-prefeito TEMISTOCLES FILHO, do pedido da chefe do executivo (MARCIA LUCENA) no sentido de suspender 0 processo de implantacdo do projeto até 0 inicio no ano de 2019 somado a insatisfacdo externada por DANIEL GOMES em relagéo a situagio no municipio do Conde/PB (pois havia adiantado valor em beneficio de prefeita a titulo de propina), RICARDO COUTINHO enviou uma mensagem de texto a MARCIA LUCENA, solicitando que iniciasse as aquisigdes de medicamentos junto ao LABORATORIO INDUSTRIAL FARMACEUTICO DO ESTADO DA PARAIBA S.A. (LIFESA), naquilo que fosse necessdrio para atender € abastecer & demanda do Municipio. Diante dessa “solicitago”, a Prefeitura do Conde/| ser um dos principais clientes da LIFESA, compensando (quase que antecipac8o felta por DANIEL. A fim de comprovar tals fatos 0 Mi Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.c000 colacionou na pega cautelar trechos de conversas trevadas entre DANIEL GOMES € RICARDO COUTINHO. Observem: DANIEL GOMES DA SILVA (DANIEL) ¢ RICARDO COUTINHO ~ 00:59:30 DANIEL: .., deoois 0 melhor cliente nosso foi efetivamente a PREFEITURA do CONDE, foi com quem a gerte vendeu bastante, tem setecentos e poucos mil ... tem aquele resultado stimo que Ihe mostrei ... e 2 gente comegou a fazer zquele trabalho que o senhor me autorizou com 0s municipios ... ento esses municipios desde que o senhor me autorizou pra cé ... foi de novembro, n&o sei se o senhor | lembra ... a gente de navembro pra ca j4 conseguiu fazer isso mas ... té indo bem, ou seje, essa parte dos municipios a gente colocou 4 vendedores, estamos trabalhando ... ¢ ... ali de porta em porta e té conseguind alguns municioios ... claro. que tem muito municipio que quer fazer seus ESQUEMINHAS né ... mas .., mas os caras que so mais sérios a gente ta conseguindo vender RICARDO COUTINHO: E.... porqué... DANIEL: Mas se depois 0 senhor conseguir ... de repente através de GILBERTO, talvez, no sei ...essa parte ld da... se a gente conseguir soltar 0 contrato era importante ... pra balizar as vendas futuras ... aqui no té a venda pras OSs, mas 2 vendes pras OS ... tanto pro TRAUMA quanto pra MAMANGUAPE ... até pra GERIR mesmo a gente j4 conseguiu fazer 3 cotagbes € deve ta efetivendo as préximas vendas agora ... 0 restante todo la do projeto do LIFESA tA indo aquela parte tecnolégica té indo muito bem, é a parte que vai ... Que td funcionando bem de um modo geral.... 6...» Fonte: PA n®: 1.09,000,002088/2019-87 ~ Arquivo: 20000003.!4P3 Quadro 8 — DANIEL GOMES DA SILVA(DANIEL) e RICARDO COUTINHO—00:29:05 DANIEL: E! ja marque’ com éle semana que vem na... acho que na proxima semana eu volto aqui, vou trazer pra ele ja um livro 14 de documento (ininteligivel)... Essa... & rapido assim a principio, é s6 pra eu Ihe dar ciéncia daquelas coisas 18 que... agora... (ininteligivel) dar um feedback, andou! | laboratério deu uma andada boa. |RICARDO COUTINHO: 0 laboratorio, eu peguei, 0 LIFESA. DANIEL; © LIFESA... © senhor pegou pesado la, deu... | sexta-feira uma reunigo, praticamente alinharam pra assinar 0 contrato na outra semana. O que eu fique de Ihe trazer do laboratorio, a lista de cinquenta produtos ce custo cero, e | esses s&o 0s valores que jé esto praticados, jé tio tabelados | 14, &... referentes ao contrato, Com a SES, e trouxé para o senhor ver equele comparative do CONDE, lempr& que falel ro senhor do CONDE? eu trouxe inclusive que,/ era mufto..{ / a “aor. Bs au fiz um resuminho... porque... eu trouxe... esse aqui 6 0 mapa de cotago do CONDE. 0 CONDE, té, ele tinha o mapa deles, t4? Mas em regra geral, os primeiros colocados... total, faturedo pelo LIFESA, 738 mil reais, ¢ gente faturou pra eles. Agora alhia 0 nosso custo, 495 mil, margem de 243 mil reais, 32 por cento a mais. Fonte: PA n®: 1.00.000.002088/2019-67 = Arquivo: 171127_D03.MP3 Data do audio: 77/11/2017 DANIEL GOMES DA SILVA(DANIEL) e RICARDO _ COUTINHO — 00:52:33 [ DANIEL: ... E, pro senhor ter uma idéia, pro Municipio do CONDE agora, na verdade foi uma indicacio da AMANDA, AMANDA fez uma ponte com a MARCIA e botou 0 ditetor da LIFESA. Eu nao participei de nada...Eu me dou bem com MARCIA mas eu n&o participel de nada disso. AMANDA fez 0 contato com ele lé, que AMANDA té no conselho, encaminhou la direitinno ja fecnou a (ininteligivel).., setecentos cinquenta mil reais. E j8 com 50% dos produtos jé foram entregues outros 50% tao sendo entregues més que vem, | quer dizer inacraditSvel (ininteligivel)... € © Estado mesmo a gente no consegulu andar. Entao, lembra que eu tinha falado naquela dltima vez que a gente teve junto, que a gente ia tentar ume Ultima interlocugéo la enfim eu acho que néo tem jeito no sei se 0 senhor me autorizar(ininteligivel)..... RICARDO: Tem que ter jeito, tem que ter. DANIEL: E (ininteligivel)... c& pra nos ainda temos esse | Ultimo ano agora, se a gente acelerar bem agora ele fica, engrena pra frente e engrena bonito ou seja e a gente ta comprendo pro CONDE com uma economia gigante pro CONDE. Eles esto felizes da vida e olhe que a MARCIA coitada ta, td enfrentando uma rebordosa em cima de rebordosa mas (ininteligivel)... agora vai 0, vai receber um, essa quantidade toda agora de medicamento e material, ja recebeu 50% vai receber os outros 50% vai da uma... RICARDO: Ela economizaria quanto nessa compra ai de 750? DANIEL: 22% de economia, nesta...apenas nessa compra. Economia total. Tem item com 50% de economia e tem outros Itens um pouco menos mas na media 22%. Ent&o 0 qué que eu acho que a gente precisava ali (ininteligivel)... dar uma pensada pra gente tinha que ter um inco... um interlocutor efetivo. Eu no sel, eu acho que é 0 tinico caminho...que foi assim que andou no CONDE. O CONDE a (...) MARCIA acabou definindo também, no inicio ngo tava andanco la, af saiu a secretaria de salide num sei o que, ai assumiu uma outra !8, e@ a MARCIA chamou, fazendo uma reuniéo com SERGIO, que 6 0 diretor do, 0 SERGIO é 0 diretor administrativo financeiro do LIFESA ela“ 0, vocés dols se entendam aqui, (ininteligivel)... daqui resolve, é um catirando do outro, se nao der certo...”. Acho que na Sectaria | Satide_2 gente tinha que ter algudm, efetivgrhente, que) a ah { Ver Coutoartorinada Criminal 000895:332039.815 0000 eorsesenitr pudesse caminhar de dentro e resolver, porque senao fica sem ter, uma hora é orcamento, outra hora é 0 contrato, outra hora num sei o que, out...€ inacreditével. O GILBERTO tem ajudado sempre que pode mas ele mesmo, coitado (ininteligivel)... eu peco pra lé, peco vai, peco vai mas também nao anda. Todo projeto de um modo geral tA andando bem o | que de fato nao andou foi na Secretaria Estadual e...cuas coisas que eu cueria Ihe pedir nesse caso. Primeiro, lembra aquela reuniéo que a gente fa fazer com os municipios, eu acho que agora é 0 momento, Depoi... agora que a gente efetivamente vendeu pro CONDE, eu tenho uma venda Concretizada com resultado feito. Eu té... __| Fonz: PA n°; 1,00.000,002086/2019-67 — arquivo: 17112i_001.NPS.~ Data do audio: 27/11/2017 Nesse norte, CLAUDIA VERAS também participa de reunides com RICARDO COUTINHO que tratam acerca da forma de gerir 2 satide do municipio do Conde-PB, conforme gravacdes apresentadas por DANIEL GOMES colacionadas na inicial cautelar: DANIEL GOMES DA SILVA(DANIEL) e RICARDO COUTINHO — 00:46:33 DANIEL: N&o, entra material, medicamento mas é bem menor a proporcéio de um hospital. RICARDO: Porque, que eu conversei com, com, com MARCIA, né? DANIEL: Unhum, do CONDE, isso. RICARDO: E, eu digo MARCIA, eu particularmente num (...) , @u ache que fosse @ gesto do... DANIEL: Da satide inteira? | RICARDO: Bom, eu acho que vocés nao devem... DANIEL: Nao, gestio da sade inteira é fim RICARDO:..,vocé ndo deve se meter porque vai ser um bombardeio tao grande que vocé nao aguenta... vocé ndo tem capacidade de aguentar, é preciso né... DANIEL: Sim lo, so servigos, ou seja pegar o, ela mantenha 1d ©, © odontolégico, 0 psicoldgico, tudo 0 que ela tem o restante (ininteligivel), os "CACS’, todos eles ela pode manter todo ele. A intenc3o nossa era na equipe ser da familia. E na Policlinica, ela tem uma Policiinica i que funciona um dia. | RICARDO: E, (ininteligivel) a Policlinica 0 que eu falei eu disse, ai eu disse a ela olhe, eu acho que na Policlinica vocé pode fazer... DANIEL: Unhum. RICARD! gora os PSF’s eu num, eu num consi- i |. desde KRUMMENAUER | peopacaia LTDA | 70-114822/0001-88 | Séci0 33%) | 29/14/2013 DENISE Soa. ee - KRUMMENAUER | PAHIME PAHIM LTDA 26.454.781/0001-88 | administrador 34/10/2016. 1,350.000,00 PAHIM | (99%) ease RENO DORNELLES| desde DAUM NETO. | PAHIME PAKIM LTDA 26.454,7370001-88 | Sooo 1%) [4 Ass. | 1s0.00000 Fonte: CNEI/SRF Entretanto, ha indicios de que DENISE KRUMMENAUER PAHIM seja “sécia-laranja’, tendo em vista que os sistemas corporativos apontam que, desde 31/07/2014, hd registro de ser empregada na empresa CAMANOR PRODUTOS MARINHOS S.A - CNP) 08.594.814/0001-03, que atua no ramo de criagdo de camardes em Agua salgada e salobra, conforme quadro a seguir: Vinculo empregaticio de DENISE KRUMMENAUER PAHIM (CPF 33638578453) NOME Empresa_ ‘CNP ‘Cargo | Admissio [Desligamento KR VIAGENS E | 14.908.191/0002-| Emissor de aSRiSHG FREET 30 ssagens [17/06/2014 31/07/2014 | DENISE CAMANOR KRUMMENAUER | propuTos | 08-994-§18/0002-) SuPervIsCr lasiogi2014 01/02/2016 PAHIM MARINHOS LTDA __| rf CPF 33638576453) CAMANOR Jo s94,g14/0001-| Supervisor fs PRODUTOS a adinmnistrative [01/02/2016 - MARINHOS S.A. Fonte: Sistema RAIS, consulta em 15/09/2019. Ademais, o Sistema RAIS lista mensalmente os saldrios mensais de DENISE KRUMMENAUER PAHIM que alcancam, em média, a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), conforme demonstrado no quadro a seguir: SALARIO MENSAL DE DENISE KRUMMENAUER PAHIM_ Més/ano_| 2013 | 2014 | 2015 2016 2017 |20i8 [2019 | Jan = 5 4.000,00_| 4.240,00 | 8.664,00_| | Fev = = 4,000,00_|~4.240,00 r Mac = : 4,000,00 529788 | ‘Abr = = 4,240,00 i Mai | 4.240,00 a Jun | 467 [4 240,00 | _ 5130.40 | — Jul 760,00_|4.240,00 5.130,40 ‘Ago. = [3.60000 4.240,00 |. 5130.40 int set [| _- | 4.000,00 | 4.240,00 |" 4.684,00_| 5.130,40 I ‘Out =| 4.000,00 | ~4.240,00_ | 4.76989 | 5.13040 Nov =| 4.000,00 | 4.240,00_| 4.65400 | 5.130,40 V | eo Dez = _[-4.900,00 | 4.240,00_ | 4.654,00 | 5.13040 L pe : — Lace bos PNOPY \ oe ‘ CCautelar Inominadla Criminal 0000835-23.2019.815.00c0 RE 0 “mois _SALARTO MENSAL DE DENISE KRUMMENAUER PAHIM Més/Ano | 2033 | 2014 | 2015 | 2016 2017 | 2018 | 2019 —_13 Sal. = 83334 | 2.12000 | 237124 | 2.565,20 13 Sal. Férias_| | 833,34 | 2.120,00 | 2.36410 | 2.90492 Fonte: RAIS, consulta em 25/05/2019. Relembrado 0 que foi dito sobre a empresa PAHIM E PAHIM LTDA (CNPJ 26.454.781/0001-88), aberta em 31/10/2016, com capital social de R¢ 1.500.000,00, conclui-se que o valor é incoerente com o fato de DENISE KRUMMENAUER PAHIM continuar trabalhando na empresa CAMAMOR PRODUTOS MARINHOS, conforme consulta ao Sistema RAIS 2019, em 25/09/2019 (figura anexa & peca cautelar). Assim, as remuneracOes == mensais de DENISE KRUMMENAUER PAHIM confirmam os indicios de que, atualmente, ela é “sdcia- laranja” de 3 (trés) empresas, inclusive da ARTFINAL DE PROPAGANDA e PAHIM E PAHIM LTDA, trazendo esta os agraventes de estar sediada na sua residéncia e 0 contato eletrénico (e-mail) pertencer a sua cunhada, RAQUEL VIEIRA COUTINHO, irma de RICARDO VIERA COUTINHO. Vinculos de ROMMY KRUMMENAUER PAHIM com GIOVANNI CARLLOS DE ARAUJO ALVES (CPF 035.038.414-23), provavelmente seja esposo, tendo em vista o sobrenome dos filhos GUILHERME KRUMMENAUER PAHIM ARAUIJO. ALVES (CPF 051.289.794-82) e RAFAEL KRUMMENAUER PAHIM ARAUJO ALVES (CPF 605.133.723-77), GIOVANNI CARLLOS DE ARAUJO ALVES é empresdrio individual da empresa que leva seu nome: GIOVANNI CARLLOS ARAUJO ALVES (25.256.164/0001- 05), com nome fantasia RG ASSESSORIA. A empresa RG ASSESSORIA fol aberta na RFB, em 21/07/2016, com sede no enderego residencial 4 Rua Cel. Pompeu, 1404, Ant 2, Centro, Aracati-CE, telefone de n° (88) 9033795, e utllizando e-mail pessoal de ROMMY (rommy.krummenauer@hotmail.com), cabendo enfatizar a auséncia de empregados registrados na RAIS (consulta em 10/10/2019) Em que pese utilizar 0 nome de fantasia RG ASSESSORIA, a empresa tem capital social de R$ 40.000,00 e por atividade principal: atividades de apoio & aqijicultura em Agua salgada e salobra (CNAE 0321305) e secundarias: organizacao logistica do transporte de carga* (CNAE 5250804), locacao de outros meios de transporte n&o especificados anteriormente, sem condutor* (CNAE 7719599), transporte rodovidrio de carga, exceto produtos perigosos e mudancas, intermunicipal, interestadual e internacional* (CNAE 4930202), atividades de consultoria em gesto empresarial, exceto consultoria técnica especifica* (CNAE 7020400). . ‘A empresa ALPHA & BETA CONSTRUCOES E LOC! MAQUINAS LTDA (CNPJ 05.046.771/0001-33), nome fantasia ALPHA &\ BETA CONSTRUGOES, foi aberta na Receita Federal por DENISE KRUMMENAUER PAHIM (CPF 645.402.214-87) @ SONALY DIAS BARROS (CPF 070,049.184-8. cart © BAY yc —_ = _____________foreh oe Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2039 815.0000 140 49% e 51% das cotas, respectivamente. No quadro societario da ALPHA & BETA CONSTRUCOES, tem-se a seguinte composicao: ‘Quadro Societario da Empresa ALPHA & BETA CONSTRUCOES E LOCACOES DE MAQUINAS LTDA Nome fantasia: ALPHA & BETA CONSTRUCOES (CNP 05.046.771/0001-33) - Entrada na] Saida da | | _ oF $6 Qualificacso eet | capress (646,402,214-87| _ DENISE KRUMMENAUER PAHIM 19/09/2013 13/07/2012 (070,049.184-83 SONALY DIAS BARROS 19/09/2011 13/07/2012 oA/oa/zo1i | 19/09/2011 (04/oa/2011 | 19/09/2011 (04/0a/2011_[ 19/09/2011 | 1645.402,014-87 [MARIA APARECIDA FERREIRA DE ARAUIO| (008.980.374-41 | LEANDRO CESAR CUNHA MARQUES '009.514.604-04 | REGINALDO OLIVEIRA DE SOUSA '692.055.664-20] ROBERTO FARTAS DO NASCIMENTO, 13/07/2012 = | JOSE PEDRO DE SOUSA Fonta: Dados do Cadastro CNPI/SRF (consulta em 11/10/2085). Entretanto, ha indicios que SONALY DIAS BARROS tanto quanto DENISE KRUMMENAUER PAHIM (CPF 646.402.214-87) so “sdcias-laranja” na empresa ALPHA & BETA CONSTRUGOES e nas outras duas empresas nas quais participam como sécias. Neste particular, de acorde com os dados do Cadastro CPF/RFB, SONALY DIAS BARROS (CPF 070.049.184-83) tem por endereco residencial a Rua Maria Aparecida Carneiro, 34, no Bairro de Pedregel, bairro simples na periferia de camp Possivelmente o n® 34 seja a cass com chapisco € @ motociclete na frente, pos a ‘casa com muro branco apresenta ° 33. z RRR . Fonte: Tmegens do endereco rua Mara Aparecda, 34, Pedregal, Campina Grande ng street view Consulta em 11/10/2018. Gerr oe Sok con be98 REDE Cautela Inominada Criminal 0000835-33.2019.65,0090 9 A consulta na RelagSo Anual de Informagies Sociais (RAIS), (atualizacao: 01/01/2004 a 31/12/2018), evidencia que SONALLY DIAS BARROS trabalhou na empresa MARIANA 8 COSME ARAUJO (CNPJ 10.725.465/0001-63), no periodo de 01/04/2010 a 01/12/2010, no cargo de vendedora, e, no ano seguinte, foi admitida na fun¢3o de atendente de lanchonete na empresa FELLIPE VITOR XAVIER FALCAO (CNP) 07.197,179/0001-68), onde permaneceu no periodo de 01/10/2011 a 31/10/2012. Assim, a fung3o de atendente de lanchonete é incoerente com a possibilidade de SONALLY DIAS BARROS abrir @ sociedade com DENISE KRUMMENAUER PAHIM e¢ ser a sécia majoritéria ¢ administradora da empresa ALPHA & BETA CONSTRUCOES. Consta da cautelar que, além de SONALY DIAS BARROS (CPF 070.049.184-83) constar como ex-sécla da empresa ALPHA & BETA CONSTRUCOES (CNPJ 05.046.771/0001-33), conforme consulta ao cadastro do CNPJ/RFB, ha registros de que ela figura como socia das empresas SOLUCOES AP LTDA (CNP) 05.047.867/0001-16) e L&M LOJAO DO ESCRITORIO LTDA (LOJAO DO ESCRITORIO) - CNPJ 10.588.065/0001-53. Curiosamente, antes de sair da empresa ALPHA & BETA CONSTRUCOES, SONALY DIAS BARROS adauiriu, em 28/06/2012, a empresa SOLUCOES AP LTDA (CNPJ 05.047.867/0001-16), a qual foi aparece referida em noticias veiculadas na Revista Epaca e na internet imbricada no evento que ficou conhecido como “escandalo dos livros’, referente a aquisicso de livros, no montante de R$ 1.720.950,00, pela Prefeitura de Jodo Pessoa-PB durante a gestiio do entao Prefeito RICARDO COUTINHO (Gestéo 2007-2010). Ne empresa L&M LOJAO DO ESCRITORIO LTDA (CNPJ 10.588.065/0001-53), SONALLY DIAS ingressou com 100% das cotas, em 29/11/2012 (apés as eleig6es de 2012) e permanece com responsdvel (consulta realizada em Outubro de 2019), Cabe esclarecer que 0 capital social da empresa é de R$ 1.000.000,00 (um milh&o de reais), valor incompativel com os rendimentos de um salério minimo. A empresa foi constituida em 22/01/2009 por FELIPE MENDONCA VICENTE e€ TOBIAS CARTAXO LOUREIRO. Em 13/08/2010, foram substituidos por WINSTON FARIAS SIQUEIRA (CPF 034.855.004-96) e CARLOS LACERDA DIAS (CPF 132.634.804-30). A seguir, quadro societario da empresa L&M LOAO DO ESCRITORIO LTDA (CNPJ 10.588.065/0001-53): ‘Quadro societrio da empresa L&M LOJAO DO ESCRITORIO LTDA nome fantasia: LOJAO DO ESCRITORIO (CNP3 10.588,065/0001-53) ch agela| Entrada na| Saidada oF Sécios Qualificagdo | oe 067.368.754-63, FELIPE MENDONCA VICENTE. ExSoco-Administrador | 22/01/2009 13/08/2010) 059,/05,504-18| TOBIAS CARTAXO LOUREIRO NETO [____Bs-S6ci0 22/01/2008 13/98/2010 034.855.004-86| WINSTON FARIAS SIQUETRA | EeSéco-Acministrator_| 13/08/2010 | 14/12/2010 132.634. 604-20 ‘CARLOS LACERDA DUNS ExSSco-Adminisrador | 13/08/2010 [29/11/2012 071,892.508-27 DER ARAUIO PESSOA JUNIOR | EicSéc0 2iyog/20tt 7 25/1/2012 nee CCautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 ee aon < acregeenor "Quadro societério da empresa L&M LOJAO DO ESCRITORIO LTDA : LOJAO DO ESCRITORIO (CNP3 10.588.065/0001-53) ES ices Entrada na| Saida da : |_empresa_|_ empresa 070.049.184- ‘SScio-Administrador e a SONALY DIAS BARROS Responsével (29/28/2022) - Os registros no CNPJ/SRF que apontam SONALY DIAS ainda camo responsavel pelas empresas L&M LOAO DO ESCRITORIO LTDA e SOLUCOES AP LTDA sao contraditérios com o registro na RAIS, quando ela é relacionada, desde 01/08/2014, como empregada do restaurante PRATA DA CASA RESTAURANTE LTDA - ME (CNPJ 19.202.645/0001-35), na fungdo de cozinheira, e sua remuneragao igual a um salario minimo. A consulta no site da RAIS (consulta trabalhador, em 11/10/2019) confirma esse vinculo (figura anexa 4 peca cautelar). E oportuno informar que, em consulta ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), em 11/10/2019, identificou-se que, exceto DENISE KRUMMENAUER PAHIM, os demais sdcios da empresa ALPHA & BETA CONSTRUGOES E LOCACOES DE MAQUINAS LTDA (ALPHA & BETA CONSTRUCOES) séo cadastrados no CAD-Unico dos programas socials e os vinculos emprecaticios, geram indicios de que eram “sécios-laranjas”, Segundo 0 Ministério Puiblico, o sistema CENSEC Indica diversas procuragSes e escrituras de imdveis, vinculadas aos irmaos de RICARDO VIEIRA COUTINHO, havendo necessidade de aprofundar os levantamentos. A seguir, alguns dos registros listados no CENSEC: ‘Ato Data do ato Outorgante Outorgado Procuragéo 13/02/2032 | RAQUEL VIEIRA COUTINHO | DENISE KRUMMENAUER PAHIM Peace: o1y10/20i2 | © &C INCORPORADORA (CNET| RAQUEL VIEIRA COUTINKO e BRENC ab i 42.647. 077/0001-84) DORNELLES PAIM FILHO RAQUEL VIEIRA COUTINHO € BRENO DORNELLES PAHIM FILHO, Procuragi i . 7 anim | RAQUEL VIEIRA COUTINHO e BRENG rocuragao 06/03/2014 ROMMY KRUMMENAUER PAHIM EL VERA COLA RAQUEL VIEIRA COUTINHO € Procuragio 1103/2013 PAULO CESAR DIAS COELHO Procuracso aprnr/antb: | ge EER CORTOLANO COLTINHO ae POAC | nasemcmes do: ng | 28/2072018 | urna sNGENtInRA LTDA | BRENO DORNELLES PAHIN FILHO eS ee aGr ‘ CORIOLANO COUTINHO 238.760,00 _EVPRESA | Peoria de Comprar BRENO DORNELLES PAHIM FILHO een 080 | sayssyaoia | CONSTRITORA COLMEIA FAQUEL VIEIRA COUTINHO M | (@s.048.817/0001-00) ~ z ji |__ BENNY PEREIRA DELIA Procuragio | sojonnoie | AN Enermaay | cOntoLaNocouTinKo | Percebe-se, portanto, dos levantamentos realizados no cufso investigago realizada pelo MPPB, razodveis indicios de que as empresas virculad: aos familiares do ex-Governador RICARDO VIEIRA COUTINHO se utilizam di 2 7 oe! gutelec ioranaile Cornel conoese:33°2029,915:0000 00 a acest pessoas interpostas, com o escopo de ocultar os reais proprietarios e que cabe CORIOLANO COUTINHO reger esse “ecossistema de laranjas”. Ainda nos termos da peca cautelar do Parquet, apds os contatos feitos por RICARDO, a entéo Secretéria de Satide, CLAUDIA VERAS, agilizou as compras do LIFESA, e CORIOLANO encaminhou ao colaborador DANIEL ‘os documentos, via WhatsApp (anexou fotos), de duas pessoas que deveriam figurar como acionistas da empresa que seria proprietiria das agdes da TROYSP e, consequentemente, LIFESA, delimitando que uma deveria ficar com 98% das agées e © outro apenas 2%, materializando 2 utilizaggo de “laranjas” de RICARDO COUTINHO para que este participasse do LIFESA. Segundo o colaborador, fo! Informado ma época que essas pessoas ja eram “laranjas” ce RICARDO e CORIOLANO em outras ocasides, como é possfvel observar na empresa ARTFINAL. ITMAGEM: Conversa do COLABORADOR com CORIOLANO COUTINHO, sobre envio dos documentos dos “laranjas de RICARDO COUTINHO e suas porcentagers. Nesse cenario, os levantamentos realizados pela investigacdo demonstram, 20 menos em tese, que DENISE KRUMMENAUER PAHIM seria figura relevante do financelro operacional da organizacdo criminosa investigada, possuindo’estreita relagéo de parceria com a familia Coutinho, da qual seria pessoa interposta para jocultacdo de bens que teriam sido obtidos pelo clé de forma, em tese, obscura. : y 2019.815.0000 144 Natal-RN. De acordo com consulta realizada, no Sistema RAIS, a empre: Assim, levando em consideragéo o papel de destaque da referida investigada, 0 que denota a gravidade concreta das condutas a ela atribuidas, entendo pela configuragéo dos requisitos da prisio preventiva, A investigaéa DENISE KRUMMENAUER PAHIM praticou, teoricamente, no minimo, 0 crime de organizagéo criminosa (art. 2°, da Lei n° 12.850/13), nos moldes apontados pelo Ministério Puiblico, justificando, neste momento, a _necessidade de decretacéio da priséo_preventiva, como garantia da ordem publica, da _aplicacdo_da_lsi_penal_e conveniéncia_de_instrugSo_criminal, sobretudo em virtude da complexidade da organizacdo, evidenciada pelo numero de integrantes e presenga de diversos nicleos de atuacdo. Com efeito, a jurisprudéncia do ST) é pacifica no sentido de que justifica a prisdo preventiva 0 fato de o acusado integrar organizago criminosa, em razdo da garantia da ordem publica, quanto mais diante da complexidade dessa organizac&o, evidenciada no niimero de integrantes e na presencga de diversas frentes de atuacSo. Nesse sentido: RHC n. 46.094/MG ~ 62 T. — undnime - Ral. Min. Sebastido Rels Junior - DJe 4/8/2014; RHC n. 47242/RS ~ 5° T. - unénime — Rel. Min. Moura Ribeiro - DJe 10/6/2014; RHC n. 46341/MS — 52 T. - undnime — Rel. Min. Laurita Vaz — DJe 11/6/2014; RHC n. 48067/ES — 54 T. — unanime — Rel. Min. Regina Helena Costa — DJe 18/6/2014. Igual posicionamento se verifica no Supremo Tribunal Federal, v.g.: AgRg no HC n. 121622/PE — 22 T. - undnime — Rel. Min. Celso de Mello — Die 30/4/2014; RHC n. 122094/DF - 1? T. — undnime — Rel. Min, Luiz Fux - DJe 4/6/2014; HC n. 115462/RR — 22 7, — undnime — Rel. Min. Ricardo Lewandowski — DJe 23/4/2013. Ademais, consoante jurisprudéncia cristalizada no STJe no STF, enquadra-se no conceito de garantia da ordem publica a necessidade de se interromper ou diminuir a atuacio de integrantes de organizacao criminosa, como é 0 caso. 11.2.11 — QUANTO AO INVESTIGADO BRENO DORNELLES PAHIM NETO BRENO DORNELLES PAHIM NETO, ligado a familia Coutinho, sendo uma das interpostas pessoas utilizadas pelo cS para ocultar patriménio e diversa operagées estruturadas, é apontado pelo MPPB como membro do NUCLEO FINANCEIRO OPERACIONAL da organizacéo criminosa investigada na OPERACAO CALVARIO. . Segundo a medida cautelar do Parquet, quanto a RBD COMERCIO, antes de deixarem 0 quacro societdrio da empresa, em 01/08/2013, DENISE KRUMMENAUER e RAQUEL VIEIRA COUTINHO constituiram, no 12/07/2013, a empresa DECORA BRINQUEDOS E PRESENTES LTDA recreativos e comércio varejista de artigos de papelaria, com sede na Cautelar Inomminada Criminal 0090825-32,2019.815.0000 BRINQUEDOS admitiu, em setembro de 2013, seus dois primeiros empregados e, em outubro daquele ano, outros dois empregados, sendo um deles, no cargo de operador de caixa, o filho de DENISE KRUMMENAUER, BRENO DORNELLES PAHIM NETO (CPF 073,787.224-13), com salério de R$ 940,00 mensais. Contudo, ele permaneceu com vinculo empregaticio por apenas dois meses (outubro a dezembro de 2013). Entre 01/10/2014 e 15/03/2018, BRENO DORNELLES PAHIM NETO trabalhou na empresa MABELLA SERVICOS LTDA, recebendo salario minimo. ‘Trés anos depois de ingressar formalmente na empresa ARTFINAL DE PROPAGANDA, em 31/10/2016, DENISE KRUMMENAUER e seu filho, BRENO DORNELLES PAHIM NETO (CPF 073.787.224-13) registreram a empresa PAHIM & PAHIM LTDA (CNP) 26.454,781/0001-88), com atividades de teleatendimento e provedores de servicos de aplicacdo e servicos de hospedagem na internet. Em que pese a empresa pertencer formalmente a DENISE KRUMMENAUER PAHIM € a seu filho, BRENO DORNELLES PAHIM NETO, no cadastro da empresa registrou-se 0 e-mail institucional de sua cunhada, RAQUEL VIEIRA COUTINHO (raquel.coutinho@bancodaycoval.com), irm do ex-Governador, RICARDO VIEIRA COUTINHO, gerente administrativa do Banco DAYCOVAL, desde 15/04/2015. De acordo com o Ministério PUiblico, pesquisas na internet apontam que o capital social registrado, em 31/10/2016, pela empresa PAHIM E PAHIM LTDA fol de R$ 1.500.000,00 (um milhéo e quinhentos mil reais), ficando DENISE KRUMMENAUER com 99% das cotas (R$ 1.350.000,00) enquanto seu filho fol responsavel por 1% das cotas (150.000,00). Entretanto, conforme Sistemas RAIS (consulta de 30/09/2019), apds deixar quadro de empregados da empresa DECORA BRINQUEDOS, BRENO DORNELLES PAHIM NETO foi contratado como operador de rede de teleprocessamento pela empresa MABELLA SERVICOS LTDA (CNP) 02.361.243/0001-80), permanecendo empregado de 01/10/2014 até 15/03/2018, recebendo salario minimo. Portanto, € necessario averiguar na JUCEP-RN como foi integralizado esse aporte de um milh&o € quinhentos mil reais ne empresa PAHIM E PAHIM LTDA, diante do indicio de auséncia de lastro financeiro do sécio para suportar esse montante. Cabe lembrar que a abertura da empresa PAHIM E PAHIM LTDA, com capital social de R$ 1.500.000,00 (um milhdo e quinhentos mil reais), ocorreu a menos ce 30 dias das eleigdes municipais de 2016, existindo, ainda, indicios de que a referida pessoa juridica nunca funcionou efetivamente (empresa de fachada), conforme as raz6es a seguir elencadas: a) 2 emprese PAHIM E PAHIM LTDA tinha por sede 0 endereco residencial de DENISE KRUMMENAUER PAHIM e dos filhos BRENO DORNELLES PAHIM NETO e BRUNA KRUMMENAUER. PAHIM core (CPF_096,090.384-41), na Avenida Abel Cabral, 1397, Abt 1102 Bloco C, no CONDOMINIO RESIDENCIAL SIRIUS; (Coutelar Inominada Criménal 0000835-33,2019.815.0000 b) na RAIS (consulta em 25/09/2018), nao constam quaisquer registros de empregados vinculedos & emprese PAHIM E PAHIM LTDA; ) desde 31/07/2014 até outubro de 2019, DENISE KRUMMENAUER tem vinculo empregaticio com a empresa CAMANOR PRODUTOS MARINHOS, S.A * CNP) 08.594.814/0001-03, recebendo R$ —5.000,00 mensais aproximadamente, a titulo de remunereco; ) ha incoeréncias quanto ao vinculo empregaticio do sécio BRENO DORNELLES PAHIM NETO, filno também de ARISMARIO ALMEIDA (CPF 553.657.368-34), dividir 0 quacro social com sua genitora integralizando capital social de RS 1,500.000,00, e, lado outro, manter vinculo empregaticio no periodo de 01/10/2014 @ 15/03/2018 com a empresa MABELLA SERVICOS LTDA, com remuneracéo igual a um salario minimo; €) © corteio eletrénico da empresa PAHIM E PAHIM LTDA pertence a RAQUEL VIEIRA COUTINHO (caquel.coutinho@bancodaycoval.com), sendo indicio de que ela € a real responsdvel pela empresa; f) 0s dados do CNPJ/SRFB (consulta em setembro de 2019) informam que empresa PAHIM E PAHIM LTDA fol balxada na Receita Federal, em 01/04/2019, data posterior & prisio de LIVANIA FARIAS, ocorrida em 16/03/2019, na 3° fase da Operagéo Calvario; Conforme a medida cautela, no que concerne a RAQUEL VIEIRA COUTINHO, foram identificadas, no Sistema CENSEC (Central Notarial de Servigos Eletr6nicos Compartihados), procuracdes emitidas por ela e seu esposo, BRENO DORNELLES PAHTM FILHO, outorgando poderes 2 CORTOLANO COUTINHO PAULO CESAR DIAS COELHO, € outras emitidas por ela e DENISE KRUMMENAUER PAHIM, demonstrando haver estreita relacSo de confianca e atuago conjunta entre eles na conducio de seus negécios e/ou empresas, existindo, ainda, promessas de compra e venda de iméveis, conforme quadro a seguir: Ato ae Outorgante Outorgado Procuracao 13702/2012| RAQUEL VIEIRA COUTINHO DENISE KRUMMENAUER PAHIM, C&C INCORPORADORA (CNET| RAQUEL VIEIRA COUTINHO 2 BRENO Fipalragio _|owuarzota) 12.647.977/C001-84) DORNELLES PAHIM FILHO. RAQUEL VIEIRA COUTINHO BREN pita CESAR ORE CORLIG Procimeio | roo. Nal ES OAH SHO RAQUEL VIEIRA COUTINHO @ BRENO- Procuragao | 06/08/2014] _ROMMY KRUNMENAUER PAHIM BORNE IES CARE CO Escrtura de Compra e BRENO DORNELLES PAHIM FILHO Venda (valor 12/11/2014] CONSTRUTORA COLMEIA, BAQUEL VIEIRA COUTINES: envatuda: &§ 0,00) (05.048.817/0001-00) RAQUEL VIEIRA COUTINHO e BREN) Procuragio | 25/07/2016] "AOS NeLLES PAMIM FILHO CORIOLANO COUTINKO’ Esra de Comer FAR SAL PREER RAQUEL VIEIRA COUTHNHO a 18/10/2016} (valor envaivide: Rb LUNIDADE ENGENHARIA LTDA, 239.768,00) EMPRESA, Cautelar Thominada Criminal 0000835-23.2019.815.0000 Data do Ato 7 Outorgante Outorgado f BENNY PEREIRA DE LIMA (CPF l 12007681404) Fonte: Dados obtidos no Sistema CENSEC. As anilises preliminares, feitas pelo Ministério PUblico Estadual, dos enderegos residenciais, vinculos empregaticios, pagamentos por servicos prestados junto a instituigdes puiblicas, bem como as remuneracées obtidas pelos sécios das empresas listadas, formam o perfil que se espera de sdcios “laranjas” integrantes dos quadros das empresas vinculadas 20 grupo familiar do ex- Governador RICARDO VIEIRA COUTINHO. Nesse sentido, DENISE KRUMMENAUER PAHIM e seu filho, BRENO DORNELLES PAHIM NETO, participam do quadro societdrio de empresas ligadas & familia de RAQUEL VIEIRA COUTINHO, COUTINHO, desde 11/12/2009, conforme quadro a seguir: irm& de RICARDO VIEIRA Vinculo societario de DENISE KRUMMENAUER PAHIM (CPF 336.385.784-53) Vinculo na : cota do Nome empresa ows, | gees | Pde | Cores Lat Social (R$) pe S feo conncio€ zpos KRUMMENAUER 11.476.494/0001-00 | Administrador Ss PAHIM SERVICOS LTDA 5106), 01/08/2013 ‘ALPHA & BETA | Dense E consiny goes € aa] teotcio aang 7090112) RUM ENAVER LOCACDES DE 05.046.771/0001-33 | Ex-sécio (49%) 13/07/2012 Be MAQUINAS LTDA Tepe Denise i ecora artnqueoos¢ ; a | sas KRUMMENAUER [PC eSenTeS IA | 18493722/600.90 | amnacor| 12/07/2013 [as | Ree i pense — ARTFINAOF ; desde KRIRIHENAUER, PROPAGANDA LTDA. 70,114,822/0001-89 | Socio (33%) 20/11/2013, SeMIse eo__| aes KRUMMENAUER | PAHIM E PAKIN LIDA | 25.454.781/0001-88 | Aeminstacor 547972936) '50-000,00 PAHIM. (99%) - RE BORNE 1 dene PAHIM NETO. PAHIM E PAHIM LTDA | 25.454.781/0001-88 | Socio (1%) 31/10/2016] 150,000,00 Fonte: CRPYSRF No curso da Investigacdo realizada pelo MPPB, percebe-se, dos levantamentos realizados, razoaveis indicios de que as empresas vinculadas aos familiares do ex-Governador RICARDO VIEIRA COUTINHO se utilizam de pessoas interpostas, com o escopo de ocultar os reais proprietdrios e que cabe a CORIOLANO COUTINHO reger esse “ecossistema de laranjas’ Ainda nos termos da peca cautelar do Parquet, will) Contatos feitos por RICARDO, a entao Secretaria de Saude, CLAUDIA ERAS, | on Cautelar Inomninada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 ee me wore ° agilizou as compras do LIFESA, e CORIOLANO encaminhou ao colaborador DANIEL os documentos, via WhatsApp (anexou fotos), de duas pessoas que deveriam figurar como acionistas da empresa que seria proprietaria das agdes da TROYSP e, consequentemente, LIFESA, delimitando que uma deveria ficar com 98% das acées e © outro apenas 2%, materializando a@ utilizagéo de “laranjas” de RICARDO COUTINHO para que este participasse do LIFESA. Segundo o colaborador, foi informado na época que essas pessoas ja eram “laranjas" ce RICARDO e CORIOLANO em outras ocasides, como é possivel observar na empresa ARTFINAL. Vide imagem da conversa via whatsapp. Nesse cenério, os levantamentos realizados pela investigacio demonstram, ao menos em tese, que BRENO DORNELLES PAHIM NETO seria figura relevante do nucleo financeiro operacional da organizacdo criminosa investigada, possuindo estreita relagéo de parceria com a familia Coutinho, da qual seria pessoa interposta para ocultagao de bens que teriam sido obtidos pelo clé de forma, em tese, obscura. Assim, levando em consideragéo o papel de destaque do referido investigado, 0 que denota a gravidade concreta das condutas a ele atribuidas, entendo pela configuragéo dos requisitos da prisdo preventiva O investigado BRENO DORNELLES PAHIM NETO praticou, teoricamente, no minimo, 0 crime de organizacao criminosa (art. 2°, da Lei n° 12.850/13), nos moldes apontedos pelo Ministério Puiblico, justificando, neste momento, a necessidade de decretac3o da prisio_oreventiva, como aarantia da ordem publica, da_aplicacéo_da_lel_penal_e conveniéncia da _Instrucdo_criminal, sobretudo em virtude da complexidade da organizaco, evidenciada pelo némero de integrantes e presenca de diversos nuicleos de atuacdo. Com efeito, a jurisprudéncia do ST) é pacifica no sentido de que justifica a priséo preventiva o fato de o acusado integrar organizacdo criminosa, em razio da garantia da ordem publica, quanto mais diante da complexidade dessa organizaciio, evidenciada no niimero de integrantes e na presenca de diversas frentes de atuacao. Nesse sentido: RHC n. 46.094/MG ~ 6? T. — undnime - Rel. Min. Sebastiio Reis Junior - De 4/8/2014; RHC n. 47242/RS - 58 T. — ungnime - Rel Min, Moura Ribeiro ~ DJe 10/6/2014; RHC n. 46341/MS - 5® T. — undnime - Rel. Min Laurita Vaz — DJe 11/6/2014; RHC n. 48067/ES — 5@ T. — undnime — Rel. Min. Regina Helena Costa - DJe 18/6/2014. Igual posicionamento se verifica no Supremo Tribunal Federal, v.g.: AgRg no HC n. 121622/PE - 2 T. - undnime — Rel. Min. Celso de Mello ~ De 30/4/2014; RHC n. 122094/DF — 18 T. - undnime — Rel. Min. Luiz Fux ~ DJe 4/6/2014; HC n. 115462/RR — 2° T. - undnime - Rel. Min. Ricardo Lewandowski - De 23/4/2013. Ademais, consoante jarisprudéncia cristalizada no STJ e no STF, enquadra-se no conceito/de garantia da ordem publica a necessidade de se interromper ou etna a atuacdo de integrantes de organizagao criminosa, como éocaso. | (|. 7 Toe he CaitelrIneminada Criminal! 0000835-33 2019.04. c000, oa GPP) 149 Asean III.2.12 - QUANTO AO INVESTIGADO BENNY PEREIRA DE LIMA © Ministério PUblico do Estado da Paraiba requereu a decretag3o da prisao preventiva de BENNY PEREIRA DE LIMA e medida cautelar de busca e apreens&o em desfavor dele, nos enderecos indicados, em raz&o do suposto cometimento de crimes relacionados 4 suposta ORCRIM. Inicialmente, no que diz respeito ao pedido de prisdo preventiva do investigado, necessario destacar que os crimes pelos quais 0 requerido estd sendo investigado, sobretudo 0 de organizacéo criminosa, preveem pena privativa de liberdade superior a 4 (quatro) anos, restando preenchido, 0 pressuposto do inciso I” do art. 313 do Codigo de Processo Penal para a decratacéio da custédia preventiva. Sabe-se, ainda, a decretagSo da custédia cautelar exige que estejam presentes elementos de materialidace e indicios suficientes de autoria para fins de configuragdo da presenga dos pressupostos fumus comissi delicti e do periculum fibertatis, isso porque, os requisitos previstos no art. 312 do Cédigo de Processo Penal devem estar plenamente delineados para fins de garantia da ordem publica, a bem como conveniéncia da instruggo criminal e aplicacao da lei penal, Oportuno registrar que, no conceito de garantia_da_ordem piiblica, inclui-se também a possibilidade de continuago das praticas delituosas pelos investigados, como bem esclarece Fernando Capez: Garantia da ordem piiblica: a prisdo cautelar é decretada com a finalidade de impedir que 0 agente, sclto, continue a delinquir, n&o se podendo aguardar o término do processo para, somente entZo, retira-lo do convivio social. Nesse caso, a natural demora da persecuco penal pde em risco a sociedade ¢ caso tipico de periculum in mora (Curso de Processo Penal. 19. ed. Sao Paulo: Saraiva, 2012, p. 330). Nao bastasse, ¢ cedigo que a garentia da ordem publica no tem seu conceito adstrito unicamente & necessidade de se impedir a reiteracdo da pratica criminosa, abrangendo, inclusive, 0 efetivo resguardo da credibilidade do Poder Judicidrio, conforme preconiza Julio Fabbrini Mirabete: © conceito de ordem publica nao se limita a prevenir a reproducéo de fatos criminosos, mas também a acautelar 0 meio social e a propria ctedibilidade da justiga em fece da gravidade do crime e de sua repercussao. A conveniéncia da medida deve ser regulada pela sensibilidade do juiz & reagio do meio ambiente a pratica delituosa (Codigo de Processo Penel Interpretado. 11 ed., Sdo Paulo: Atlas, 2003, p. ee Tart, 313. Nos temas do art. 312 deste Cédiao, seré admitida a decreteczo de prisio casuet 1 nos crimes dalasos punidos com pana privativa de lberdade mévima superior a4 o anos ‘Gutelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 wos bs Outrossim, em relacio a0 requisite garantia da ordem publica, faz-se necesséria a demonstracSo de iminente fuga dos agentes. 0 isco de fuga nao pode ser presumido, deve estar fundaco em circunstéincias concretas, no bastando como fundamentacao a gravidade do crime. No tocante ao requisito da conveniéncia da instrucao criminal, como € sabido, tal medida no pode ser decretada volonté pelo juiz. Este requisito, assim como os demais, se mostra legitimo quando foi imprescindivel 4 protego da livre producéo das provas. Destaca, ainda, que assim como a priséo preventiva por conveniéncia da instrugéo criminal, a segregacao para fins de garantia da aplicacso da lei penal consiste em uma tutela tipicamente cautelar, pois vise assegurer a eficdcia e as consequéncias da sentenca, tutelando, portanto, o proprio processo. Tal requisito, incontestavelmente, se faz presente neste momento, conforme a seguir delineado. Portanto, qualquer que seja o fundamento da prisSo preventive 6 necessaria a existéncia de prova razoavel do alegado periculum fibertatis, ou seja, © perigo gerado pelo estado de liberdade do agente deve ser real, com clareza fatica e probatoria suficiente para legitimar a preventiva. Pois bem. No caso em disceptacdo, BENNY PEREIRA DE LIMA, consoant 0 Ministério PUblico, seria interposta pessoa utllizada por CORIOLANO COUTINHO para ccultar patrimdnio, fazendo parte, em tese, do Nucleo Financeiro Operacional da suposta ORCRIM. A investigag3o apontou a existéncia de uma procuracdo outorgada, aos 10/08/2016, conforme registro listado no CENSEC, por BENNY PEREIRA DE LIMA em favor do outorgado CORIOLANO COUTINHO: ] Data do Ato ue Outorgante Outorgado, e . BENNY PEREIRA DE LIMA Procuregao | 10/08/2015, std acme CORIOLANO COUTINHO: De acordo cam o Ministério Piiblico, em consulta ao sistema do GAECO/MPPB, BENNY PEREIRA DE LIMA teria sido proprietdrio da empresa de mesmo nome: BENNY PEREIRA DE LIMA 12007681404, nome fantasia: EDITORA EL ELION (CNPJ 20.939.752/0001-20), aberta na Recaita Federal, desde 29/08/2014 e baixada em 31/05/2015. A empresa tinha sede na Rua Joaquim Ferreira Costa, 15, Sala 02, Manaire, Jodo Pessoa-PB, telefone: (83) §8191478, Email: Joaopessoaempreendimentospb@hotmail.com. Da mesma fonte de consulta mencionada, extrai ie BENNY PEREIRA DE LIMA figuraria como sécio-fundador da empresa LONG PORT, LOGISTICA PORTUARIA LTDA (CNPJ 22.649.310/0001-74), aberta na Regeita Fedafal va if 1 Sewer abe DOM Cautelar Ineminada Criminal 0000835-23.2039.815.0000 oo NARS RO em 15/06/2015, com sede na Rua Presidente Jogo Pessoa, 43, Sala 03, Centro, Cabedelo-PB, telefone (83) 8899-3031 ¢ capital social de R$ 1.000.000,00 (um milhdo de reais), cuja atividade econdmica era Atividades do Operador Portudrio (6231102). Ainda segundo o Sistema do GAECO/MMPB, 0 Investigado teria saido da sociedade empresarial aos 10/08/2015 e, atualmente, a empresa estaria em nome de terceira pessoa. 0 Miristério Pblico avangou na investigac3o e verificou que em nome de BENNY PEREIRA DE LIMA constaria registro de um automdvel EMW COUPER (1/BMW M4 COUPE), ano/fabricacéio: 2014/2015, no valor de R$ 332.426,00 Ocorre que o nome de BENNY PEREIRA DE LIMA, segundo o Ministério Publico, estaria na Relacéio de Candidates Inscritos no Programa de Habilitag&o Social, 32 Regiéo — Campina Grande — EDICAO 2014 (fonte: http://habilitacaosocial.pb.gov.br/docs/2014/inscritos/PHS_RO3.pdf), situagao indicadora de que 0 investigado teria sido beneficiado com a primeira habilitagéo, categoria B, por um programa assistencial do governo, circunstancia indicidria da sua incapacidade financeira de fundar ou ser sécio de empresa, tampouco adauirir veiculo de luxo. Nesse cendrio, 05 levantamentos realizados pela investigacao apontam indicios da atuacao de BENNY PEREIRA DE LIMA como “laranja” de CORIOWANO COUTINHO, para 0 qual outorgou instrumento de procuracdo, tendo o presente investigado praticado, teoricamente, no minimo, o crime de organizac3o ctiminosa (art. 2°, da Lei n° 12.850/13), nos moldes apontados pelo Ministério Piblico. No entanto, a conduta do investigado nao evidencia, a Principio, os indispensdveis requisitos para a decretacdo da custédia cautelar, mas, Por outro lado, so eles suficientes para o deferimento da medida de busca e apreensao pleiteada. Quanto ao pleito de Busca e Apreensdo em desfavor do investigado BENNY PEREIRA DE LIMA, imprescindivel o preenchimento dos requisitos impostos no 240, § 1° e suas alineas*, do Codigo de Processo Penal, os quais se fazem presentes, conforme demonstrados. B Art 240. A busca sera domciiar ou pessoal § 1° Proceder-se-é & busca domiciiar, quando fundadas razBes a autorizarem, para: 4) prender criminosos; 'b) apreender coisas acnades ou obtidas por meios criminosos; ©) aprender instrumentos de falsiicagao a4 de contrafagao € objetos falsificados ou contrafeitas; d) aprender armas e muncées, instrumentos utilizados na pratica de crime ou destinados 2 fim delituoso; '2) descobrir cbjetos necessérias & prova tes Jou & dafesa do réu; F) aprender cartes, abertes ou no, gesfinadds co acusado ou em seu poder, quando haja suspeta de ue o conhacimento do seu Cortelido possa sef tila ellcidagdio do fata; 9) apreender pessoas vitimas de cymes; Fh) colher qualquer elemento de {yore Oe snaprOr Cuteler Inominada Criminal oon oro EE D000 182 Como € por todos sabido, a apreenséo consiste em uma medida assecuratéria que toma algo de alguém ou de algum lugar, a fim de produzir prova ou preservar direitos. Trata-se de um ato processual penal subjetivamente complexo, de apossamento, remogao ou guarda de coisas (objetos, papgis ou documentos), de semoventes e de pessoas do poder de quem as retém ou detém, tornando-as indisponiveis ou as colocando sobre custédia enquanto importarem a instrucao criminal ou ao processo. Neste sentido, em virtude da possibllidade de localizar objetos € documentos relacionados com a pratica dos crimes e colher demais elementos de convicgio, entendo necessério 0 deferimento da medida cautelar de busca € apreensdo, isso porque a medida poderd esclarecer satisfatoriamente as circunst&ncias dos crimes ora investigados e encontrar outros elementos que importem para 0 deslinde do caso. Assim, considerando as circunstAncias mencionadas, por hora € neste momento, salvo melhor e superior juizo, entendo cabivel o deferimento da medida de Busca e Apreenséo em desfavor do investigado BENNY PEREIRA DE LIMA nos enderecos indicados. Todavia, entendo insuficientes os fundamentos para respaidar a decretacio da prisio preventiva do investigado, ao menos neste momento, também, e reserva-me & possibilidade de, concluidas as buscas, decretar- he a segregacao cautelar, em eventual surgimento de novos elementos probatdrios, III.2.13 — QUANTO AO INVESTIGADO JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA foi Secretario Executive de Educagéio e, segundo o Ministério Piblico, um dos principais responsdveis por diversas fraudes nas licitagdes do Estado, ocupando o Nucleo Financeiro Operacional da suposta ORCRIM. Os indicios da participacio de JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA restaram evidenciados por seu relevante papel no desenvolvimento dos procedimentos de inexigibilidade que culminaram, em tese, com a contratacéo de pessoas juridicas, eivadas de ilegalidades, segundo os drgéos de controle. Esse modus operandi, de maximo relevo, teria permitido 0 desvio de recursos pliblicos originalmente destinados & Educago, fomentando o ciclo vicioso de pagamento/recebimento de propinas aos integrantes da ORCRIM desvelade. Para ilustrar, segue copia de documento em que JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA ratifica 0 ato de inexigibilidade de licitaco em favor da EDITORA GRAFSET, de propriedade do também investigado VLADIMIR DOS SANTOS NEIVA, no velor de R$ 6.175.085,28 (sei jes, cento e setenta e cinco mil oitenta e cinco reais e vinte e oito centavos); | A. Cautelar Ineminada Criminal 0000835-23,2019.815,c000 \ 183 “18H0 DE RATFIEAGAC DE MeCIER.DADEDE LITAGKO REGISTRO COE LOL 10st aria wana rexes de uhuitintn,d Suprrnisetogsca ns Senco de Etech a Pasa A atuacdo do mencionado, investigado, que nutria grande confianga de RICARDO COUTINHO, de LIVANIA FARIAS e de GILBERTO CARNEIRO, restou destacada pelo ex-Secretario de Estado da Educacao, alvo da 44 Fase da Operacéo Calvario, em petitdrio direcionado ao GAECO/MPPB. Em seu arrazoado, Aléssio Trindade afirmou: JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA desempenharia o importante pa 2 ExacutLve Ds Administragse De anriue pessoa do Gewsinhe, inc ada, ARTHUR ea a a respol oedenar os 10 governador, da Ex- secretérie Farias, que & tratava como Chefe, codime: Desse modo, conforme bem asseverado pelo 6rgéo mini fa Cautelar Inominada Criminal 1000635-33.2019.815.0000 (nooner 14 ABS pe 0s procedimentos de inexigibilidade de licitacéo fora das hipdteses previstas em lei, realizando, em tese, a ligacdo direta com empresas e operadores, Aléssio Trindade, entao Secretario de Educacao, foi incisivo ao afirmar que JOSE ARTHUR era o homem de confianga de RICARDO COUTINHO © responsdvel por coordenar os procedimentos licitatdrios, situago que depée contra © investigado em questo, diante dos veementes indiclos de irregularidades quanto as diversas inexigibilidades de licitagSo naquela secretaria. No inicio da sua gestéo como Secretério Executive da Educagdo, JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA teria despontado como o responsavel pelos processos licitatorios daquela pasta, chegando, inclusive, a causar desconforto entre os membros da suposta ORCRIM, em um primeiro momento. Nesse sentido, 0 Ministério Publico discorre acerca de episédio envolvendo a aquisig&o dos laboratérios de ciéncia. A BRINKMOBIL, em consércio com a CONESUL, teriam vencido uma licitacao destinada a contratacao de empresa fornecedora de laboratérios de ciéncia. Logo apés a entrega do equipamento, JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA assume o cargo de Secretario Adjunto da Educacao e, antes ce liquidar a despesa referente aos laboratdrios adauiridos, comprou a outra ‘empresa fornecedora, com 0 apoio de LIVANIA FARIAS, outro tipo de laboratério, por meio de procedimento de dispensa de licitacao. Em razéo disso, EDVALDO ROSAS teria ido ao encontro de RICARDO COUTINHO solicitando que interferisse e determinasse 0 pagamento as empresas BRINKMOBIL e CONESUL, © que se concretizou. Em razdo desse obstaculo colocado por JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA, os empresarios nado entregaram a propina na forma acordada, direcionando, em beneficio de IVAN BURITY © EDVALDO ROSAS aproximadamente R$ 700.000,00 (setecentos mil reals) por sua Intervencdo que culminou com a liberacaéo do pagamento retido. Essa quantia foi repassada, segundo o colaborador IVAN BURITY, em 3 ou 4 momentos, no Rio de Janeiro/RJ, por MARCIO VIGNOLI (CONESUL), no fal! do hotel Asthoria, em Copacabana. Os contatidos das cclaboracées de LIVANIA FARIAS, IVAN BURITY, LEANDRO NUNES DE AZEVEDO e< MARIA LAURA, acrescidos de outros tantos fatos € provas de corroboracdo, trouxeram a lume a operacionelizacao dos vastos esquemas de propinas na educaco, cujo modus operandi, inicialmente, era a contratagio de fornecedores, por melo da adogSo indiscriminada de procedimentos de inexigibilidade de licitacéo. Cotroborando essas informacies, 0 Ministério Pablico apurou que no~periodo compreendido entre 2016 e 2018 foram realizacos varios procedimenths de inexigibilidade de licitaglo, distribuidos ne forma da planiha @ yan f ~ Cautetar Inominada Criminal 0000835-33 2019.815.0000 155 2046 (16 INEXIGIBILIDADES) ruomeno pa urcrragho | _ para DE HONOLOGAGIO VALOR (Rs) 0001/2016 ____ 082016 308.0653? | 0007/2036 zwezne | _ seo 0012/2016 25/08/2016 4:544.356,00 00062016 axjo9j2016 65.063.875,85 9000542016 23/09/2016 3.657.800,00 0910/2016 25/09/2016 5.557896,00 900142016 29900)2016 1.148,000,00 0008 2036 1/10/2016 236,00 0015/2036 27/30/2016 1.934460,00 0000/2016 30/11/2016 963.229,40 | 7 os/s22016 sossroa40 | 000332036 aayi2i2016 |___6582.870,00 900312036 2020016 sesroouaan | 90032/2016_ 12/2016 14,488.562,30_ ] 900342036 zyizpn6 2161005090 | 0037/2016 i206 8.254.572,00 TOTAL, _2017 (15 INEXIGIBILIDADES) NUMERO DA LICTTACAO_ _DATA DE HOMOL oGACiO. VALOR (RS) ong9/2016 35/02)2007 2.425 592,00 9013/2016 27/03/2017 1.062.368,50 ____ponosy2017 25/04/2019 720,000,00. 00352016 4j05/2017 590,288,00, 0003/2017, 3/05/2087 8.452.000,00 0005/2017, 3/09/2007 2.528,000,00 0019/2017, 9/2017 15,490,00 001642017, 22/2017 6.496.725 40 0022/2017, 222017 2716533,04 0003/2017 zepizioor7 $.999.591,00 0029/2017 22/12/2017 2999.911,40 0023/2017 2ps2j20.7 2.610893,12 pon24/2017 2722017 12,094.228,00 0025/2017, 222017 9.337:355,00 29)32j2017 4774.550,00 Tora, 2018 (14 INEXIGIBILIDADES) LICTIACAG_ DATA DE HOMOLOGACAO VALOR (R$) era eal wa 0908/2078 14052018 sayéo oie? comma aaa Cui roa ini 0695-9 2019.81.00 ( .90007/2017, 22/08/2018 2.743.355) 001772018 3108/3018 3.591.340,00 oon02018, 30/08/2038 4415.028,80 0017/2018, 31/08/2018, 3.909.510,40 cooreania | 409/018 6.175.085,28 0002018 3/09/2018 1.705,000,00 conosi2018 2309/2018 8.296 595,20 ona 2018 ay/apynoxe a 6.749.676,00 0003112018, 19/12/2018 6.353.700 01 TOTAL A partir das tabelas acima, percebe-se que, no ano de 2016, as dezesseis contratagdes diretas por inexigbilidade de licitaco foram realizadas no segundo semestre (R$ 105.866.262,97), quando JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA jé havia assumido como Secretério Executivo de Educaggo', sendo que R§ 77.308.049,50 foram nos meses de novembro e dezembro daquele ano e, pasmem, recursos da ordem de R$ 65.676.898,70 teriam sido homologados nos dias 28 € 29 de dezembro de 2016. Em 2017, dez procedimentos de inexigibilidade teriam sido homologados no segundo semestre (R$ 59.363.437,96), representando 81,57% do valor contratado no ana, sendo que, desse volume de despesas, R$ 56.835.437,96 teriam ocorrido entre os dias 19 e 28 de dezembro de 2017. No ano de 2018, teriam sido homologados dez procedimentos de inexigibilidade no segundo semestre (R§ 54.669.000,22), ou seja, 74,7% do valor total das despesas naquele ano, sendo que recursos da ordem de R$ 13.103.416,11 teriam sido objeto de homologagio no més de dezembro de 2018. Assim, ha indicios de que irregularidades praticadas por JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA no ambito da Secretaria de Estado de Educacio, relacionadas & homologacao de inumeras inexigibilidades ce licitacéo, inclusive com suposto direcionamento nas contratages. Nesse cendrio, os leventamentos realizados pela investigagdo demonstram, ao menos em tese, que JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA, por ser pessoa de conflanca de RICARDO COUTINHO, de LIVANIA FARIAS e de GILBERTO CARNEIRO, tinha atuacio estratégica frente a ORCRIM, sendo um dos principais responsdveis por diversas fraudes nas licitagées do Estado, com relevante atuacao no desenvolvimento de procedimentos de inexigibilidade ce licitacéo que deram origem, em tese, 8 contrataco de pessoas juridicas, eivadas de ilegalidades, T Ato Governamerialr* 1.363 Jo Pessoa, 30 de junho de 2016, 0 GOVERNADOR DO ESTADO DA PARADA, 0 uso das atriouigdes que Ihe confere o art. 86, inciso XX, da Constituigao do Estado, e tendo em vista o disposto no art, 9°, inciso Il, da Lei Complementary? 58, de 30 de dezembro de 2003, € na Lei n° 8.186, de 16 de marco. Ge 2007, na Le no 9:33, de 73 de jell 7011, e no Decreto 032 506 de 13 de outubro de 2011, e na Ll 1 10467, de 26 de maio de Pe LLV £ nomear JOSE ARTHUR VIANA TETXEIRA para oupar o cargo de es see eee ee sR SRF qnrOO are CautlarInominada Crimina fbE08852882019.615.0000 157 \ ocasionando desvio de recursos piblicos originalmente destinados a Educacéo, pagando e recebendo propina aos integrantes da ORCRIM investigada, fazenco parte do Nicleo Financeiro Operacional da suposta ORCRIM: Assim, levando em consideragdo 0 papel de destaque do referido investigado, 0 que cenota 2 gravidade concreta das condutas a ele atribuides, entendo pela configuracio dos requisitos da prisdo preventiva, notadamente sob 0 enfoque da garantia da ordem publica, da aplicago da lei penal e da conveniéncia da instruc&io criminal, tendo em vista a possibilidade de turbac3o das investigagSes, notadamente pela influéncia exercda no meio politico e empreserial em que o investigado circulava. Portanto, 0 investigado JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA praticou, teoricamente, no minimo, os crimes de organizaggo criminosa (art. 2°, da Lei n® 12.850/13) fraude a procedimento lidtatdrio (art. 90 da Lel n° 8.66/93), nos moldes apontados pelo Ministério Piblico, justificando, neste_momento, a necessidade de decretacio da prisio preventiva, como garantia da ordem publica, da aplicacéio da lei penal e conveniancia da instrucéio criminal, sobretudo em virtude da complexidade da organizacao, evidenciada pelo numero de integrantes e presenca de diversos nticleos de atuacéo. ‘ a i a sentido de que justifica a priséo preventiva o fato de o acusado integrar organizacio criminosa, em raz4o da garantia da ordem publica, quanto mais diante da complexidade dessa organizacao, evidenciada no numero de integrantes e na presenca de diversas frentes de atuaco. Nesse sentido: RHC n. 46.094/MG - 6? T. — undnime - Rel. Min, Sebastdo Reis JUinlor - DJe 4/8/2014; RHC n. 47242/RS — 54 T. — undnime — Rel. Min. Moura Ribeiro ~ DJe 10/6/2014; RHC n. 46341/MS — 52 T. - unnime - Rel. Min. Laurita Vaz - Die 11/6/2014; RHC n. 48067/ES — 5° 7. - unénime - Rel. Min, Regina Helena Costa - Die 18/6/2014, igual posicionamento se verifica no Supremo Tribunal Federal, v.g.: AgRa no HC n. 121622/PE - 2° T. - undnime ~ Rel. Min. Celso de Mello - Dle 30/4/2014; RHC n. 122094/DF — 14 T. - unénime — Rel. Min. Luiz Fux — De 4/6/2014; HC n. 115462/RR — 28 T. - undnime — Rel. Min. Ricardo Lewandowski ~ Die 23/4/2013. Ademais, consoante jurisprudéncia cristalizada no STJ e no STF, enquadra-se no conceito de garantia da ordem publica a necessidade de se interromper ou diminuir a atuacao de integrantes de organizacao criminosa, como € 0 caso. III.2.14 — QUANTO AOS INVESTIGADOS MARCIO NOGUEIRA VIGNOLI e HILARIO ANANIAS QUEIROZ NOGUEIRA i Consta da cautelar que MARCIO roca went é representante da CONESUL, e que HILARIO ANANIAS QuetRoz NOGUEIRA... po Jpn?! 0 TA EE DOR Ceutelar nominaca Crminal 0000835-33.2019.815.0000 ReSeSEP sg inicialmente, fazia parte da empresa Brinkmobil, mas, em 2013, passou a trabalhar Para a CONESUL, empresa fornecedora de laboratérios de ciéncia e livros sobre bullying e matematica financeira. A CONESUL, segundo o Ministério PUblico, seria uma das componentes do Nuicleo Econémico da suposta ORCRIM, porquanto teria realizado pagamento de propina de 5% a 30%, a depender do produto/material adquirido pela Secretaria de Educagéio, cabendo 2 MARCIO NOGUEIRA VIGNOLI e HILARIO ANANIAS QUEIROZ NOGUEIRA repassar os valores a IVAN BURITY. Os valores da propina teriam sido entregues 8 ORCRIM no Rio de Janeiro/RI, tendo TVAN BURITY canfirmado cinco deslocamentos, no perioda de 2014 2 2018, com desiderato de coletar dinheiro da propina entregue pela CONESUL, valores estes empregados no pagamento de fornecedores e colaboradores da campanha eleitoral e para remunerar o prdprio colaborador e a EDVALDO ROSAS. JAIR EDER ARAUJO PESSOA JUNIOR, sobrinno de EDVALDO ROSAS, inclusive, teria passado a ser uma espécie de “ponte” com MARCIO VIGNOLI e HILARIO ANANIAS para comunicacéo, agendamentos € recebimento de dinheiro. © Ministério Pdblico, evidenciado a atuacao dos investigados, discorre acerca de episédio envolvendo a aquisiciio dos laboratérios de ciéncia. A BRINKMOBIL, em cons6rcio com a CONESUL, teriam vencido uma licitacao destinada 2 contratagio de empresa fornecedora de laboratdrios de ciéncia. Logo apés a entrega do equipamento, JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA assume 0 cargo de Secretario Adjunto da Educaggo e, antes de liquidar 2 despesa referente aos laboratérios adquiridos, comprou a outra empresa fornecedora, com 0 apoio de LIVANIA FARIAS, outro tipo de laboratério, por meio de procedimento de dispensa de licitacdo. Em razéo disso, EDVALDO ROSAS teria ido ao encontro de RICARDO COUTINHO solicitando que interferisse e determinasse o pagamento as empresas BRINKMOBIL e CONESUL, © que se concretizou. Em razdo desse obstaculo colocado por JOSE ARTHUR VIANA, 0s empresarios nao entregaram a propina na forma acordada, direcionando, em beneficio de IVAN BURITY e EDVALDO ROSAS aproximadamente R$ 700.000,00 (setecentos mil reais) por sua intervenc3o que culminou com a liberag&o do pagamento retido. Essa quantia foi repassada, segundo o colaboracor IVAN BURITY, em 3 ou 4 momentos, no Rio de Janeiro/RJ, por MARCIO VIGNOLI (CONESUL), no jai! do hotel Asthoria, em Copacabana = Acerca da atuago MARCIO VIGNOLI ers ANANIAS, segue pertinente trecho da colaboracéo de IVAN BURITY: | ( \ fe oeee™ 00 SP gE KO —_ Re rau Arsh Cautelar Inominada Criminal 0000835-23.2019.815.C000 159 “b.3) CONESUL Forneceu laboratérios de ciénca e livro sobre bullying e matemétice financeira. Os valores referentes a estas vendas foram entregues no RJ, em aproximadamente 5 oportunidades (durante o periodo de 2014-2018), @ utilizados para pagar fornecedores colaboradores de campanha, como também remunerar a mim e Edvaldo Rosas. Em todas as oportunidades, eu me desiocava em avido de carreira pera o RJ (JPA-Gale%o), me hospedava no Hotel asthorla que fica na Av, Atlantica em Copacabana, Também ja me hospedel no Centro do Rio, onde foi feita a malor entrega, cerca de R$ 1,5 milhéo, descrita com detalhes na colaboragéo de Leandro, pois nesse caso foi para ele que entreguel 0 dinhelro. Quem me entregou o dinheiro nesta vez foi Marcio, no lobby co hotel, sendo que o dinheiro estava acondicionedo em duas malas. Também fiz varias viagens ao RJ para tratar desse assunto sem no entanto receber valor algum, pois todas as tratativas referente a entrega de valores eram feitas pessoalmente com Marcio Hilario. Em algumas dessas viagens, fui acompanhado por Edvaldo Rosas e seu sodrinho Junior, a0 qual era dada a misséo de receber e depositar em diversas contas bancarias de familiares 0 dinheiro que cabia a Rosas, conforme tratado em anexo préprio. Ao chegar no RJ, avisava a Marcio, que jd estava no hotel, e ele vinha pessoalmente e me entregava os valores no saguso do hotel em mochilas. Os valores variavam de 200 a 400 mil reais por vez. A maiorie desses recursos foram entregues @ Leandro para pagamento de fornecedores de campanha e em algumas vezes, entregues por mim @ alguns fornecedores tipo marketeiros, entre outros.” E continua, retratando 0 modo como se deu a captaciio de fornecedores dispostos a colaborarem com a suposta ORCRIM, dentre eles as empresas representadas por MARCIO VIGNOLI ec HILARIO ANANIAS: No final de 2011, fui chamado por Rui Dantas para encontrar RICARDO COUTINHO. Atendi ao chamado e ele me convidou a voltar para 0 governo para coordenar grupo para destravar projeto Cabo Branco/Centro de Convencdes e ajudar na campanha de Estela para prefeita Segundo ele, RICARDO COUTINHO, @ cempanha de 2010 mostrou que 0 jogo tem que ser outro e que Estela me procuraria porque iriamos enfrentar Cassio, que jogava com todas as armas. Uma semana depois, Estela me’ procur fomos almocar, eu, ela, Livania e uma assessora de Live nome Celia. Lé, Estela relatou que Livania precisave (Cautelar inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 politico e porque a legisaco era outra. Na minha viséo, essa ere uma prética rotineita na politica local. Passados alguns dias, Livania perguntou se eu canhecia a BrinkMobil ea GRAFISET. Disse que sim ¢ ela me pediu para abordé-los e para pedir colaboracées oficiais ou caixa dois, pois eles tinham processos da venda na Secretaria da Educagéo. Procurei ambos, Waldemar Abdalla da BrinkMobil e Vladmir Neiva da GRAFISET, que de imediato se dispuseram a ajudar Foi entéo que Waldemar da BrinkMobil me apresentou Hilario como seu fepresentante comercial, 0 qual até entéo eu néo conhecia. Ato continuo, apresentei eles a Livania que, segundo @ orientago de RICARDO COUTINHO, era Unica pessoa autorizada a conduzir os processos dentro do Estado e, segundo ele, Ricerdo, no ia admitir contatos paralelos porque teve sérios problemas com o irmao Coriolano Coutinho e um fomecedor de livro de nome Pietro, Entendi 0 recado e me limite a falar com 0s fornecedores indicados por Livania e fazer as primeiras arrecadagées de coacies. No periodo que antecedeu a campanha de Estela, me foi passado por Ricardo Coutinho e Livania a incumbénca de reformar 0 Canal 40, tratado em anexo prdprio. Por volta de 2013, Hilario saiu da BrinkMobil e passou a trabalhar para Marcio da CONESUL, 2 este me foi apresentada € apés reuniéo com Livania e Hilrio, o mesmo foi incluido no grupo que eu estava autorizado a captar recursos.” As citadas viagens de IVAN BURTY, bem como a finalidade, jé haviam sido relatadas por LEANDRO NUNES DE AZEVEDO, que, em colaboracao, relatou a realizacdo de cinco viagens realizades na companhia de IVAN BURITY, com a finalidade de operacionalizar o recebimento de propinas, assim como ajustar algumas operades da empresa criminosa, dentre as quais, identificou as seguintes: S80 Paulo - 19/03/2015, Rio de Janeiro/R] - 21/04/2015, Belo Horizonte/MG — 09/06/2015, Rio de Janeiro/R — 21/07/2016. __Ressai, ainda, da peca ministerial que MARCIO NOGUEIRA VIGNOLI ¢ HILARIO ANANIAS QUEIROZ NOGUEIRA preticaram, em tese, crime licitatério, ao elaborar com EDVALDO ROSAS projeto de confeccdo do “Atlas da Paraiba”, posteriormente apresentado a LIVANIA, que teria encaminhado para a Secretaria de Educag&io formalizar a aquisigao por inexigibilidade de licitag8o. Sobre esse fato, 0 colaborador IVAN BURITY afirmou: “b) Aquisicao de Atlas da Paraiba Gs Tema: alaboracdo e edicéo de atlas para ser vendido a Secretaria de Educagio do Estado da PB. Periodos: 2017/2018 Edvaldo Roses me procurou para perguntar se-eu~conhecia alguém que pudesse editar uma obra de amigos dle ga UFPB, im atl da Paraiba. Eu apresentei ele a Hilffio e comecaram si Tae sis he Cautalartnominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 eo ohne a desenvolver 0 projeto que posteriormente fol apresentado por Rosas & Livania, que enceminhou para que a Secretaria de Educacao formalizasse a aquisi¢&o por Inexigibilidade.” Em pesquisa aos sistemas corporativos do GAECO, o Ministério Piiblico apurou que o Estado da Paraiba teria realizado pagamentos 8 CONESUL, representada por MARCIO NOGUEIRA VIGNOLI 2 HILARIO ANANIAS QUEIROZ NOGUEIRA, no valor de aproximadamente R$ 20 milhdes, montante que submetido aos mencionados percentuais de propina, evidenciam, em tese, a dimensao dos valores licitamente recebidos pela suposta ORCRIM. Nesse cendrio, os levantamentos realizados pela investigagio demonstram, a0 menos em tese, que MARCIO NOGUEIRA VIGNOLI, representante da CONESUL e HILARIO ANANIAS QUEIROZ NOGUEIRA, que em 2013 passou a trabalhar para a CONESUL, agiam no Nicleo Econdmico da ORCRIM, tendo realizado pagamento de proprina de 5% a 30%, a depender do produto/material adquirido pela Secretaria de EducacSo, cabendo aos investigados 0 repasse dos valores a IVAN BURITY, na cidade do Rio de Janelro/RJ, em cinco oportunidades, entre 2014 e 2018, com objetivo de coletar dinheiro da propina entregue pela CONESUL, valores estes empregados no pagamento de fornecedores ¢ colaboradores da campanha eleitoral € para remunerar IVAN BURITY e EDVALDO ROSAS. Outrossim, MARCIO NOGUEIRA VIGNOLI ¢ HILARIO ANANIAS QUEIROZ NOGUEIRA praticaram, em tese, crime licitatério, quando elaboraram com EDVALDO ROSAS projeto de confeccéo do “Atlas da Paraiba’, posteriormente apresentado 2 LIVANIA, que teria encaminhado para a Secretaria de Educaco formalizer a aquisicao por inexigibilidade de licitacdo. Logo, ambos tinham atuacgo estratégica frente a ORCRIM, com relevante atuagSo, na qualidade de representantes da CONESUL, na medida em que a empresa por eles representada recebeu do Estado da Paraiba aproximadamente R$ 20 milhdes de reais, dos quais, entre 5% e 30% eram destinados ao pagamento de propina. Assim, levando em considerago 0 papel de destaque dos referidos investigados, 0 que denota a gravidade concreta das condutas 2 eles atribuides, entendo pela configuragéo dos requisitos da prisdo preventiva, notadamente sob 0 enfoque da garantia da ordem piiblica, da aplicac3o da lei penal e da conveniéncia da instrucao criminal, tendo em vista a possibilidade de turbacio das investigagdes, notadamente pela influéncia econdmica exercida por ambos meio politico @ empresarial em que os investigados circulavam. Portanto, os investigados MARCIO NOGUEI! HILARIO ANANIAS QUEIROZ NOGUEIRA praticaram, teoricamertte, np minimo, procedimento licitatdrio (art. 90 da Lei n° 8.666/93), nos moldés apontadds pelo autelar Tnominada Crimin : ~ EG OR CCautelar tnominada Crrrinel 0000835-33.2019.815.0000 dene ‘age’ Ministério Piblico, justificando, neste momento, a necessidade de decretag3o_da prisdo_preventiva, como _garantia da ordem publica, da _aplicacdo da lei_penal e conveniéncia uso_criminal, sobretudo em virtude da complexidade da organizacao, evidenciada pelo ntimero de integrantes e presenca de civersos nicleos de atuacdo. Com _efeito, a jurisprudéncia do STJ_é pacifica_no sentido de que justifica a prisdo preventiva o fato de o acusado integrar organizacao criminosa, em razio da garantia da ordem publica, quanto mais diante da complexidade dessa organizacdo, evidenciada no numero de integrantes e na presenga de diversas frentes de atuacao. Nesse sentido: RHC n. 46.094/MG — 64 T. - undnime - Rel. Min. Sebastiio Reis Junior - DJe 4/8/2014; RHC n. 47242/RS - 5® T. - unénime - Rel. Min. Moura Ribeiro - DJe 10/6/2014; RHC n, 46341/MS - 52 T, - undnime — Rel. Min. Laurita Vaz - DJe 11/6/2014; RHC n. 48067/ES — 5? T. - unanime — Rel. Min. Regina Helena Costa — Die 18/6/2014. Igual posicionamento se verifica no Supremo Tribunal Federal, v.g.: AgRg no HC n. 121622/PE - 28 T. — undnime — Rel. Min. Celso de Mello — DJe 30/4/2014; RHC n. 122094/DF ~ 1? 7. — unanime - Rel. Min. Lulz Fux — DJe 4/6/2014; HC n, 115462/RR — 28 T, ~ undnime — Rel. Min. Ricardo Lewandowski — Die 23/4/2013. Ademais, consoante jurisprudéncia cristalizada no STJ e no STF, enquadra-se no conceito de garantia da ordem publica a necessidade de se interromper ou diminuir a atuagéo de integrantes de organizacao criminosa, como é 0 caso. II1.2.15 - QUANTO AO INVESTIGADO VALDEMAR ABILA VALDEMAR ABILA, representante legal da BRINKMOBIL, & indicado pelo MPPB como membro do Nticleo Econémico da enfocada ORCRIM. Consta da cautelar que IVAN BURITY foi o responsavel por trazer WALDEMAR ABILA para a enfocada organizag3o criminosa, apresentanco-o a LIVANIA FARIAS, que, por orentacio de RICARDO COUTINHO, estava autorizada a conduzir os processos de captacéio de propina dentro do Estado. A BRINKMOBIL, de acordo com o Ministério Publico, é uma ‘empresa do ramo de equipamentos educacionais e fornecia, inicialmente, material de robdtica e kits de material escolar, passando, posteriormente, também a fornecer laboratorios. A referida empresa, desde o inicio da relagdo negocial com o Estado da Paraiba, informou sua disposicio de entregar vantagens financeiras indevidas aos agentes publicos, porém, o repasse deyeria ‘pcorrer em Curitiba/PR, onde a empresa tinha logistica bancdria para sacar 93valorgs. Essa particularidade deu azo a voos fretados sendo transportados, pelo menos, cérca de R$ 1.800.000,00 (um milhao € oitocentos mil reais) a titulo vine cat, Cautelar Inominada Criminal 0900835-32 te eae” 163 Sobre tais acontecimentos, LIVANIA FARIAS declarou: “que a empresa Brink Mobil foi trazida por IVAN BURITY, através de uma pessoa chamada HILARIO, o qual na época era 0 representante e trazia os produtos que eram feitos pela ‘empresa; que nfo conhecia 0 proprietdrio da Brink Mobil sé sabia que seu nome era VALDEMAR; que a empresa vendia os laboratérios de ciéncies, robética, matematica, livros, fardamento, kit escolar, que ele tinha um pool de produtos para venda; que ao Estado da Paraiba foram comprados a ele laboratorios de matematica, de ciéncias, de roodtica, kit escolar @ havia um processo em andamento o ano passado de mochilas escolar; que todo ano se comprava alguma coisa; (...); que 0 laboratério de ciéncas foi comprado a CONESUL, no ano de 2016 e 2017; que aqui na Paraiba a “conversa” era com IVAN @ HILARIO, ¢ a “conversa” em Curitiba onde é a sede da empresa efa com IVAN e seu VALDEMAR; que os primeiros contratos foram de laboratérios; que o percentual de propina acertado pele compra desses laboratirios foi quinze por cenio; que tudo foi acertado entre IVAN e 0 senhor VALDEMAR, HILARIO era sé a pessoa que trazia e levava recaco; que para essas compras tinha licitacao; (..); que @ lidtagio era a secretaria de que fazia o certeme de laboratdrio, a secretaria de educacio fazia o termo de referéncia e encaminhava para a secretaria da administracdo ¢ Id era feito $6 0 edital, que era 0 edital padrao, que era feito pelo TCE e pela CGE; que a secretaria encaminhava; que na época nao tinha muitas empresas que faziam esses laboratdrios; que fazlam uma lictag3o de duzentos laboratérios, se comprasse cem, ou cinguenta, ou trinta, o valor que desse o contrato ele repassava quinze por cento; que segundo IVAN, era assim, pois isso no era negoclado pela colaboradora; que @ negociacdo ocorria entre IVAN e seu VALDEMAR; que IVAN fazia “tipo” uma prestecéo de contas; que IVAN quando ia pegar dinheiro sempre comunicava a colaboradora, que quando o dinheiro chegava o dinheiro, ou quando IVAN ia Curitiba com o fornecedor a colabordora comunicava ao ex-governador RICARDO COUTINHO que tinha se feito isso, que isso foi Pago com o dinhelro disso, que Isso fol feito com o dinheiro daquilo; que em 2014 que IVAN foi pegar um dinheiro ld, levou um fornecedor; (...); que em 2016 e 2017 fol contratado com BRINK MOEIL kit escolar; que n&io houve contratagio em 2018 porque o proceso ainda esta em encaminhamento; que na ocasio também houve a solicitacio de mochilas escolares, ainda no contratado 0 proceso esiava em andamento; (...); que 0 dinhairo da BRINK MOBIL, 2 exempla da GRAFSET e da EDITORA MODERNA, que se recebia dez dias depois ou semanalmente, ficava la até que tivesse a oportunidade de pegar esse dinheiro; que como o dinheiro estava id houve uma discussao entre eles, segundo IVAN uma desconflarica de seu VALDEMAR com ele, porque seu VALDEMAR péo queria) mais y sah 7 f cence CCautelar Inominada Criminal 0¢00835-33.2019.815.0000 { 0 Nee yor eses nies] fazer negécio com IVAN; que seu VALDEMAR queria procurar outro representante do governo aqui pera fazer esse tipo de negécio; que a colaboradora acrecita que a desconfianca fol por causa de valores de percentuais; que IVAN nunca disse colaboradora qual foi o problema da desconfianca; que a BRINK MOBIL denunciou que o governo havia comprade livros que nao eram bons, e essas dentincias ainda esto correndo no érgics; que IVAN acertou 0 “esquema” com HILARIO, e em 2016 @ BRINK MOBIL ficou na “geladeira” sem contrato com a Estado; ‘que depois a BRINK MOBIL voltou pois havia um remanescente (propina) de quase oitocentos mil a receber, que a empresa tinha deixado dos anos de 2013, 2014 e 2015; que @ BRINK MOBIL ficou devendo setecentos mil e poucos reais de propina para 0 governo.” A narrativa do Ministério PUblico e as palavras de LIVANIA FARIAS encontram respaldo nas afirmativas de IVAN BURITY, que, em colaboracao, relatou: “A BrinkMobil fornecia inicialmente material de robdtica e kit de material escolar. Posteriormente passou 2 forecer laboratérios. Por estar situada em Curitiba, a empresa desde 0 inicio informou que nao teria como entregar os valores de contribuigdes aqui em Joao Pessoa. A unica forma de receber esses valores seria mandando alguém buscar em Curitiba, pois eles no tinham logistica bancdria para sacar valores neste montante fora do Estado do PR. Este fato gerou as duas Viagens reletadas no anexo “Viagens de voos fretados’, onde foram arrecadados cerca de R$ 1.800.000,00.” No mencionado anexo “Viagens de voos fretados”, IVAN BURITY rarrou em detalhes a operacionalizagao do recebimento da propina de : ANEXO: VIAGENS EM VOOS FRETADOS a) Curitiba — primeiro semestre 2012 Gels Tema: Entrega de dinheiro referente 8 venda de material de robdtica — Fretamento de aeronave tipo Jato. ->Periodo: primeiro semestre 2012 Resumo: Apés determinacao de Lvania, fui 8 Curitiba por meio de voo avido de Carreira JPA-BSB/BSB-Curitiba e me hospedel em um hetel prdximo ao Centro Civico (hotel Bristol). Ful até o escritério da Brink Mobil na Rua Ricardo Lemos 404, bairro AhU, de taxi, 4 tarde, acertar detalhes da entrega do dinheiro e do voo de volta para JPA. Na oportunidade, fui informado por Waldemar ou ole alspunh de ur eine oe desler de aeroporto secundario em Curitiba a partir de um fae amigo do genro dele (Waldemar), onde eu nao i Pavia preocupar com fiscalizagées. No dia seguinte, Waldemar foi 2o Hotel Bristol, cao fo da mant me levou uma mala com aproximadamente ca milhao. : ey CCauteler Inomninada Criminal 0000835-33,2019.815.0000 weet 6 Segundo 0 Ministério PUbiico, a BRINKMOBIL e: dinheiro se referla a uma licttacio realizada na Secretaria de Educagio para aquisiclo de material de robética, Ao encontrar com Waldemar no saguéo do hotel, rumamos juntos para um zeroclube onde ele me cirecionou a um hangar de onde embarquel em um Jato e voel até o henger do Estado da Paraiba em JPA. (.). Comprovagio: ida a Curitiba em aviio de carreira (com escala em BSB), hospedagem no hotel Bristol, 0 voo de volta foi em uma aeronave branca com 08 lugares, tipo jato voo dirato, que foi fretada por Waldemar por R$ 60.000,00, descontados do dinheiro que foi entregue a mim. RRR SHEE OBE OD HIOBE IO SDE R SID IOEIO IOP IS OPIO b) Curitiba: 2014 Ss Tema: Fretamento de aeronave tipo jato - entreca de dinheiro relacionado & aquisigao de material de robética. ->Perioda: 20.12.2014. Resume: Procedimento semelhante ao primeiro, voo de ida JPA- BSB- Curttiba, me hospede! no mesmo hotel no Centro Civico (Bristol). Estive no Escritorio da Brink Mobil na Rua Ricardo Lemos 404, bairro AhG, acertei com Waldemar os detalhes, como valores, pagamento da aeronave a ser fretada e horario de salda. Na manha seguinte Waldemar esteve no Hotel e me entregou uma mala com aproximadamente R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais) ne 4rea de embarque e desemberque do Hotel e pediu que pegasse um taxi e me deu o nome de um hangar diferente do utilizado na primeira entrega, porém, com as mesmas. garantias de que no haveria fiscalizacio da bagacem. Fui para lé e entrei em um jato fretado por Waldemar também pelo valor de R$ 60.000,00, de onde parti com 2 mala com destino a JPA — hangar do Estado. Houve um reabastecimento da aeronave em M.G., no aeroporto (detalhamento no plano de voo). Segundo me assegurou Waldemar, por questées de seguranca ca operacéo, eu nao constaria como passageiro. Era um passageiro oculto. re) Tivemos, inclusive, escolta de uma viatura policial até passar pele Rodoviatia Federal. Comprovacio: ida a Curitiba em avido de carreira (com escala em BSB), hospedagem no hotel Bristol, 0 voo de volta fol em uma aeronave tipo Jato. Plano de voo com reabastecimento.” ja inserida (Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 | 166 Nos termos da paca cautelar, em pesquisa aos sistemas corporativos do GAECO, o Estado da Parajba realizou pagamentos 4 BRINKMOBIL, de VALDEMAR ABILA, no valor de aproximadamente R$ 96 milhdes, no periodo de 2014 a 2019. Nesse cenério, os leventamentos realizados pela investigagio demonstram, a0 menos em tese, que VALDEMAR ABILA, representante legal da BRINKMOBIL, empresa do ramo de equipamentos educacionais que fornecia, inicialmente, material de robética e kits de material escolar, passando, posteriormente, também a fornecer laboratérios, agla no NUcleo Econémico da ORCRIM, tendo a referida empresa, desde o inicio da relacéio negocial com o Estado da Paraiba, se disposto a entregar vantagens financeiras indevidas aos agentes pUblicos (propina), sendo os repasses ocorridos em Curitiba/PR, onde a empresa tinha logistica bancéria para sacar os valores, os quais giraram em tomo de R$ 1.800.000,00 (um milhao e oitocentos mil reais). . utrossim, ha indicios de que a BRINKMOBIL, em presa de Valdemar Abila, recebeu do Estado da Parafba, o valor aproximado de R$ 96 milhdes, no periodo de 2014 a 2019. Deste modo, levando em considerac3o o papel de destaque do investigado WALDEMAR ABILA, 0 que denota a gravidade concreta das condutas 2 ele atribuidas, entendo pela configuracdo dos requisitos da prisdo preventiva, notadamente sob 0 enfoque da garantia da ordem publica, da aplicacsio da lei penal e da conveniéncia da instrucéo criminal, tendo em vista a possibilidade de turbacao das investigagSes, notadamente pela influéncia econdmica exercida por ele no meio politico e empresarial em que a investigado circulava Portanto, o investgado WALDEMAR ABILA praticou, teoricamente, no minimo, 0 crime de organizacSo criminosa (art. 2°, da Lei n° 12.850/13), nos moldes apontados pelo Ministério Publico, justificando, neste momento, 2 necessidade_de_decretacio da_prisSo_preventiva, como _garantia da publica, da_aplicacéo_da_lei_penal_e_conveniéncia_da_instrucdo_criminal, sobretudo em virtude da complexidade da organizacSo, evidenciada pelo numero de integrantes e presenca de diversos nucleos de atuacao. Com efeito, a jurisprudéncia do STJ é pacifica no sentido de que _justifica_a_prisio_preventiva o fato de o acusado integrar_ org criminosa, em _razéo_da_garantia_da_ordem_publica, quanto _mais _diante da complexidade_dessa_organizacéo, evidenciada no_nimero de integrantes e na presenca de diversas frentes de atuacdo. Nesse sentido: RHC n. 46.094/MG — 63 T. ~ unnime - Rel. Min. Sebastiéo Reis Jinior - DJe 4/8/2014; RHC n. 47242/RS — 54 T. - undnime - Rel. Min. Moura Ribeiro ~ DJe 10/6/2014; RHC n. 45341/MS — 52 T. — unanime ~ Rel. Min. Laurita Vaz - De 11/6/2014; RHC n. 48067/ES — 5? T. — undnime — Rel. Min Regina Helena Costa ~ Ode 18/6/2014, Igual positonamento se veriica no Suprémy Tribunal Federal, v.g.: AgRg no HC n, 121622/PE — 22 T. — undnime ~ Rel. Min. Celso‘de Mal gop 30/4/2014; RHC n, 122094/DF ~ 1° 7, ~ undnime — Rel. Min. Lulz Fux ~ D}€ 4/6/2014; HC n. 115462/RR — 28 T,— undnime — Rel. Min, Ricardo Lewandowski ~ Dde aa Chae" Rae 107 $98 Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 ( onee Ademais, consoante jurisprudéncia cristalizada no STJ e no STF, enquadra-se no conceito de garantia da ordem publica a necessiciade de se interromper ou diminuir a atuacdo de integrantes de organizacio criminosa, como é 0 caso. IIL.2.14 — QUANTO AO INVESTIGADO VLADIMIR DOS SANTOS NEIVA Miristério Piblico aponta VLADIMIR DOS SANTOS NEIVA, representante legal da EDITORA GRAFSET LTDA, como um dos membros do Nucleo Econémico da suposta ORCRIM, formado por empresas contratadas pela Administrag3o Publica com a obrigagio pré-ajustada de entregarem vantagens indevidas a agentes piblicos de alto escalao e aos componentes do Nuicleo Politico. Quanto 2 GRAFSET, vale pontuar que ela também atuava por melo da empresa MVC, registrada em nome da filha de VLADIMIR DOS SANTOS NEIVA, bem assim com algumas empresas sediadas em Sao Paulo/SP, ainda no identificacas, Ao que consta, a GRAFSET teria realizado 0 pagamento de Propina decorrente dos contratos firmados com o Estado da Paraiba, cujos percentuais pagos variavam de 15% a 30%, a depender da origem do material adquirido, quer dizer, se produzido pela propria empresa ou por empresas representacas por ela A operacao, segundo 0 Ministério Piblico, segula procedimento proprio: LIVANIA FARIAS informava a IVAN BURITY 0 pagamento da despesa em favor da empresa, oportunidade em que este entrava em contato com o fornecedor para receber a propina. No caso de VLADIMIR NEIVA, 0 colaborador IVAN BURITY se comunicava por mensagem, via aplicativo Whast4pp, indagando- Ihe se ele iria “malhar” naquele determinado dia, sendo este 0 cédigo para se referir a entrega do dinheiro. IVAN BURITY, em colaboracéo, relatou que, em regra, a entrega da propina acontecia no terreno baldio que servia de estacionamento para os Clientes da academia Superagéo, em Jodo Pessoa/PB. Esclareceu que aproximava seu veiculo do carro conduzido por VLADIMIR NEIVA, que lhe repassava o dinheiro, acondicionado em sacolas de papelao. Narrou que, em seguida, acionava MARIA LAURA é aguardava no préprio veiculo @ chegada dela, momento em que repassava-lhe os valores recebidos. Os repasses, de acordo com o colaborador IVAN BURITY, n3o aconteciam de forma regular, mas parceladamente devido a cifculdage Ce veal saques dos valores e ocorriam sempre apés os pagamentos féalizados pela Secretaria de Educagaa e/ou nas proximidades de periodo pré SEE cists No era raro, assim, que um Unico repasse, sempre em torno de 204 Cautelar Inominada Crminal 0096835-33.2019.815.0000 (duzentos mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), fosse realizado em seis a oito entregas. Segue pertinente trecho da colaboracéo de IVAN BURITY: b.1) GRAFISET Os proprietarios da GRAFSET possuiam uma outra editora em nome de uma filha de Viadmir, a qual também fornecia para a Secretaria de Educacao, Além destas, recordo que através de Viadmir, foram vendidos produtos de uma empresa de Séo Paulo por ele representada. Os repasses financeiros envolvendo estas empresas eram feitos pessvalmente por Vladmir a minha pessoa, sempre utilizando o estacionamento da academia Superacao (em Tambati, JP), @ qual eu frequenteva diariamente. Os percentuais pagos variavam de 15 @ 30%, dependendo se 0 material era produzido pela propria empresa ou de empresas representadas por eles. As entregas aconteciam de forma irregular, em parcelas, devido 8 dificuldade de sacar os valores junto aos bancos. Ocorriam sempre apés os pagamentos e proximidades de periodo pré e pos-eleitoral, As vezes um Unico montante tinha que ser dividido em 6 a 8 entreges. As entregas giravam em torno de 200 a 300 mil reais por entregas. Livania me dizia que © Estado havia feito o pagamento, e que eu procurasse o fornecedor. Eu mendava mensagem pelo celular, via WhastApp, perguntando a Viadmir se ele iria malhar naquele ceterminado dia, Esse era o sinal de que eu estaria aguardando uma entrega de valores. Em geral, a comunicacao Vie aparelhos eletrénicos era minima. No terreno baldio que servia de estacionamento da academia, eu encostava meu carro no carro de Viadmir e ele me passeva 0s pacotes, acandicionados em sacolas de papelao, sempre de alguma loja de gtife, de shopping. Normalmente, eu acionava de imediato Laura e aguardava no préprio cerro até que ele chegasse, repassando a ela os valores, recebidos. Em alguns eventos, quando os niimeros no estavam claros para Livania, eu levava para casa os valores, e la retirava parte deles e dividia com Edvaldo Rosas e Gilberto Carneiro (que sera tratado em anexo préprio). Para se saber 0 montante dos valores entregues pela Grafset a mim, deve-se verificar 0s pagamentos feitos pelo Estado a essa empresa no perfodo de 2012-2018, época em que eu constantemente pegava as sacolas de dinheiro de Viadmir Também é preciso levar em conta que nao havia uma exaticao no cumprimento das promessas dos —_fornecedores. , as expectativas-eram frustradas, pois vinha menos dinheiro do que esperdvamos, 0 que gerava constantes 169 E continua, retratando 0 modo como se deu a captacao de fornecedores dispostos a colaborarem com a suposta ORCRIM, dentre eles VLADIMIR DOS SANTOS NEIVA: No final de 2011, fui chamado por Rui Dantas para encontrar RICARDO COUTINHO. Atendi ao chamado e ele me convidou a voltar para 0 governo para coordenar grupo para destravar projeto Cabo Branco/Centro de Convengdes e ajudar na campanha de Estela para prefetta Segundo ele, RICARDO COUTINHO, @ campanha de 2010 mostrou que o jogo tem que ser outro e que Estela me procuraria porque iriamos enfrentar Cessio, que jogava com todas as armas. Uma semana depois, Estela me procurou e fomos almocar, eu, ele, Livania e uma assessora de Livania, de nome Celia, Lé, Estela relatou que Livania precisava de ajuda ina estruturagdo da campanha e aceitei por conta do desafeto politico € porque a legislacao era outra. Na minha visdo, essa era uma prdtica rotineira na politica local Pessados alguns dias, Livania perguntou se eu conheca a BrinkMobil a GRAFISET. Disse que sim e ela me pediu para abordé-los e para pedir colaboracdes oficials ou caixa dols, pols eles tinham processos da venda na Secretaria da Educago. Procurei ambos, Waldemar Abdalla da BrinkMobil e Viadmir Neiva da GRAFISET, que de imediato se dispuseram a ajudar. Foi entéo que Waldemer da BrinkMobil me epresentou Hilério como seu representante comercial, 0 qual até ento eu nao conhecia, Ato continuo, apresentei eles a Livania que, segundo ‘a orientacao de RICARDO COUTINHO, era tinica pessoa autorizada’ a conduzir os processos dentro do Estado e, segundo ele, Ricardo, nao ia admitir contatos paralelos porque teve sérios problemas com 0 irm&o Coriolano Coutinho © um fornecedor de livro de nome Pietro. Entendi 0 recado € me limitel a falar com os fornecedores Indicados por Livania e fazer as primeiras arrecadacées de doagées. No periodo que antecedeu a campanha de Estela, me foi passado por Ricardo Coutinho e Livania a incumbéncia de reformar 0 Canal 40, tratado em anexo prépri. Por volta de 2013, Hilario saiu da BrinkMobil e passou a trabalhar para Marcio da CONESUL, e este me foi apresentado e apés reuniéo com Livania @ Hilério, 0 mesmo foi incluido no grupo que eu estava autorizado a captar recursos.” Os valores a titulo de propina repassada pela GRAFSET a ORCRIM condizem com os pagamentos efetuados pelo Estado da Paraiba, no periodo de 2012 a 2018. Sobre tals acontecimentos, LIVANIA FARIAS declarau (anexo 2 “que quem trouxe Viadimir fol Ivan; que ele jé vendia produtbs a0 Estado em governos anteriores; que Ivan teria dité para ¢la (Livania) que ele (Vladimir) era uma pessoa (Cautelar Inominada Criminal 0090835-33,2019.815.0000 { ‘0 cumpria compromisso; que ele (Vladimir) jé vendia para a secretarla de educagéo do Estado a agenda do estudante e do professor, que era feita todo ano; que Vladimir tinha a agenda e depois de 2015 tinha o Revisa Enem e também tinha outros produtos; que ele (Vladimir) conversava com Ivan, e Ivan estipulava o valor, que era 25% (vinte e cinco por cento) do produto dele; que quando ele (Ivan) recebia entregava a Laura ou a Leandro, nos primeiros anos a Leandro; que o primeiro contrato dele (Vladimir) é de 2013; que o dinheiro dele era para usar em campanhe; que em cert oportunidade em que ele (Vladimir) entregou o dinheiro e foi feito um valor de Rg 950.000,00 (novecentos e cinquenta mil reais), e desse valor R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) foi dele (Vladimir) € foi entregue na Granja; que ela (Livania) foi entreger esse dinheiro ra Granja, junto com Leandro, que estava dirigindo; que Viadimir entregou R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) € Leandro tinha em casa R§ 450.000,00 (quatrocentos cinquenta mil reais), que ele (Leandro) tinha recebido de outra empresa; que pegou 0 dinheiro de Leandro que ele tnha recebido de outre empresa juntou com o dinheiro de Laura, ¢ foram até a grenja entregar esse valor, antes de 2014; que fol deixar 0 dinheiro na Granja porque estava proximo de 2014 e ro queria ficar com o dinheiro em casa; (...); que com isso quer dizer que desses 950.000,00 (novecentos ¢ cinquenta mil reais), que R$ 500.000,00 (quinhentos mil) que eram da Grafset, foi o ‘inico dinheiro que ela teve noticia que estava na Granja, que era pra isso mas nao serviu; que na Grafset tratava com Viadimir ou com a filha dele que as vezes ia na secretaria para apresentar outros produtos, outros livros, que ele (Vladimir) queria colocar, de outra editora dele, de home MVC; que os outros pagamentos eram entregues a Ivan € gastos durante o periode da campanha e para pagamento de divida; que agora as vésperas das elei¢ées de 2018 Ivan recebeu um valor e repassou para Leandro; que néo lembra quanto foi esse valor; que Leandro se beneficiou, pelo que tomou conhecimento pela imprensa, pelo montante de bens, fo! um valor alto; que se beneficiou também desse dinheiro pera compra da casa e do apartamento.” Diversas pessoas juridicas, contempladas pelo Estado ou aspirando contratacées, contribuiram também com a remodelacao do Canal 40, como a GRAFSET. A busca por patrocinio foi intensa, na medida em que, por conta de obras complementares solictadas por RICARDO COUTINHO ¢ LIVANIA, o orcamento ultrapassou a barrelra de R$ 1.000.000,00 (um milhdo de reais), conforme mencionado em colaboragéo por IVAN BURITY. De acordo com a pega cautelar, em pesquisa aos sistemas} corporativos do GAECO, o Estado da Paraiba realizou pagamentos 8 oe Ser. fe N VLADIMIR DOS SANTOS NEIVA, no valor de = te R: CCautelar Inominada Criminal 0000835-23.2019.815.0000 roe @ oes an ew milhdes, no periodo de 2012 a 2018, montante que, submetido aos mencionados percentuais de propina, evidenciam, em tese, a dimensdo dos velores licitamente recebidos pela enfocada ORCRIM. Nesse cenério, 05 levantamentos realizados pela investigagio demonstram, ao menos em tese, que VLADIMIR DOS SANTOS NEIVA, representante legal da EDITORA GRAFSET LTDA, agia no Nicieo Econdmico da ORCRIM, tendo a referida empresa entregue vantagens indevidas a agentes publicos do alto escalao, bem como aos componentes do nucleo politico (propina), em percentuais que variavam de 15% a 30%, a depender da origem do material produzido por ela, ou outras empresas representadas pela editora. Além disso, ha indicios, também de que a EDITORA GRAFSET LTDA atuava por meio da empresa MVC, registrada em nome da filha do investigado e de outras empresas n3o icentificadas, sediadas em Sao Paulo/S?. Outrossim, hd indicios de que VLADIMIR NEIVA reclizava repasses, a titulo de propina, que variavam entre R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) a R¢ 300.000,00 (trezentos mil reais), muitas vezes entre seis a oito parcelas, no periodo compreendido entre 2012 e 2018. Destaco, por fim, que o Estado da Paraiba realizou pagamentos 4 GRAFSET, empresa pertencente ao investigado VLADIMIR DOS SANTOS NEIVA, no valor de aproximadamente R$ 76 milhées, no periodo de 2012 a 2018, montante que, submetido aos mencionados percentuais de Propina, evidenciam, em tese, a dimens&o dos valores ilicitamente recebidos pela enfocada ORCRIM. Desie modo, levando em consideraciio o papel de destaque do investigado VLADIMIR NEIVA, o que denota a gravidade concreta das condutas a ele atribuidas, entendo pela configuragéo dos requisitos da prisio preventiva, notadamente sob 0 enfoque da garantia da ordem publica, da aplicacao da lei penal e da conveniéncia da instruc&o criminal, tendo em vista a possibilidade de turbag3o das investigacdes, notadamente pela influéncia econémica exercida por ele no meio politico e empresarial em que o investigedo circulava. Portanto, 0 investigado VLADIMIR NEIVA praticou, teoricamente, no minimo, 0 crime de organizagio criminosa (art. 2°, da Lei n® 12.850/13), nos moldes apontados pelo Ministério Puiblico, justificando, neste momento, a necessidade de cecretacso da_prisio preventiva, como garantie da ordem publica, da_aplicacio da lei penal e conveniéncia da instrucsio criminal sobretudo em virtude da complexidade da organizacdo, evidanciada pelo nlimero de integrantes e pela presenca de diversos nUcleos de atuacao. Com _efeito, a jurisprudéncia_do STJ é pacifica_no sentido de que justifica a prisdo_preventiva o fato de o acusado integrar organizacao _criminosa, em razéo da _garantia da ordem_ publi mais _diante da complexidade dessa organizacio, evidenciada no nt de integrantes e na presenca de diversas frentes de atuacdo. Nesse RHC n, 46.094/MG — 6 T. — undnime - Rel. Min, Sebastiéo Reis Juni rat 9E CCautelar tnominada Criminal 0000835-33,2019.815.9000 scare MOMS NC ESEMBAS 4/8/2014; RHC n. 47242/RS - 52 T. — undnime — Rel. Min. Moura Ribeiro - Die 10/6/2014; RHC n. 46341/MS — 58 T. — unanime — Rel. Min. Laurita Vaz - DJe 11/6/2014; RHC n. 48067/ES — 5° T. — un&nime — Rel. Min. Regina Helena Costa — DJe 18/6/2014. Igual posicionamento se verifica no Supremo Tribunal Federal, v.g.: AQRg no HC n. 121622/PE — 2° T. — unanime — Rel. Min. Celso de Mello - DJe 30/4/2014; RHC n. 122094/DF - 12 T. — undnime — Rel. Min. Luiz Fux — DJe 4/6/2014; HC n. 115462/RR — 24 T. - unanime — Rel. Min. Ricardo Lewandowski — Die 23/4/2013. Ademais, consoante jurisprudéncia cristalizada no STJ € no STF, enquadra-se no conceito de garantia da ordem puiblica a necessidade de se interromper ou diminuir a atuag8o de integrantes de organizaco criminosa, como & 0 caso. III.3 — DOS CRIMES IMPUTADOS AOS INVESTIGADOS In casu, salvo melhor e superior juizo, entendo caracterizado © fumus commissi delicti, como minimo em relacio 20s delitos previstos nos arts. 2° ca Lei n° 12.850/13, 89 2 90 da Lei n? 8.666/93, 312, 317 € 333 do Codigo Penal e art. 1° da Lei 9.613/98, entre outros, os quais ostentam penas maximas em abstrato superiores a 04 (quatro) anos. III.4— DO PERICULUM LIBERTATIS Se a priséo, quanto ao seu fundamento, deve estar embasada na extrema necessidade, a legisiacgo preocupou-se em estabelecer quals os fatores que representam o perigo da liberdade do agente (periculum libertatis), justificando a necessidade do encarceramento. Nesse mister, i casu, quanto aos fundamentos, entendo sera prisao preventiva necessdria 4 garantia da ordem publica, a conveniéncia da instrucdio criminal e a aplicaco da Lei Penal. Explico. TII.4.1— DA GARANTIA DA ORDEM PUBLICA A necessidade de constrigéo cautelar dos investigados para fins de GARANTIR A ORDEM PUBLICA esta evidenciada na gravidade em concreto ih raticados; na periculosidade dos agentes e no risco de reiteragéo Cautelar Inominada Criminal 0000835-23.2019.815.C000 173 IIL.4.1.1 - GRAVIDADE EM CONCRETO DOS DELITOS EM TESE PRATICADOS A gravidade das condutas em tese empreendidas esta concretamente demonstrada nos autos, notadamente no modus operandi, na medida em que se denota a ousadia dos investigados e evidente destemor e indiferenca a atividade estatal, dispondo indevidamente de recursos puiblicos que deveriam ter sido investidos nas areas da satide e da educacao. As prdprias engrenagens do hipctético sistema de corrupgio, de utiliza¢3o de Organizagées Sociais nas estruturas da satide e da educagSo, para a aperente perpetuacao de um projeto de poder e para obtencdo de vantagens ilicitas, via caixa de “propina”, demonstra, de forma inequivoca, a gravidade dos crimes imputedos aos investigados. Como bem ponderado pelo Ministério Publico, 0 esforco investigative encabecado aponta para uma verdadeira captura do poder pubblico estadual por um forte e articulado grupo delituoso, na medida em que as agdes supostamente desenvolvidas por seus integrantes teriam sido orquestradas para, uma vez dentro da estrutura politica e administrative do Estado, valer-se de todo tipo de vantagens indevidas (econémicas e/ou pessoais) em detrimento da maquina administrativa e da populacdo. A Suposta lesividade da atuacéo da ORCRIM em referéncia é ‘observada com maior nitidez pela pratica de diversos atos revelados pelos colaboradores em troca de vantagens indevidas, até mesmo a relacdo de independéncia e harmonia que deveria existir entre os Poderes teria sido substituida por uma relago de submissdo, resultado da articulacdo dos integrantes do enfocado organismo delinquencial. Com efeito, a constrigio cautelar impSe-se pela gravidade concreta das condutas criminosas, causadoras de grande intranquilidade social, reveladas no modus operandi empregaco, e diante da acentuada periculosidace dos Investigados, evidenciada na perticipacdo deles em complexa organizacéo cnminosa estruturada para a pratica de diversas infracées penais. Colaciono julgados do ST3: PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINARIO. LAVAGEM DE DINHEIRO. PRISAO PREVENTIVA. GRAVIDADE CONCRETA DA CONDUTA DELITUOSA. GARANTIA DA ORDEM PUBLICA E ASSEGURAR APLICAGAO DA LEI PENAL. MODUS _ OPERANDI, PERICULOSIDADE DO AGENTE, REITERACKO CRIMINOSA E FUGA. FUNDAMENTACAO IDONEA. FALTA, DE CONTEMPORANEIDADE. NECESSIDADE ~~ DE DESESTRUTURACAO. DO GRUPO RIMIN S2- CONSTRANGIMENTO [LEGAL NAO EVIDENCIADO. NULIDADE — be i se ae R CCautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.9000 pepo Nene OTta S Rerese DAS INTERCEPTACOES TELEFONICAS. MATERIA EXAMINADA NO RHC 70.906/MT. REITERAGAO. DE PEDIDO. IMPOSSIBILIDADE. HABEAS CORPUS NAO CONHECIDO. 1, Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram orientacio no sentido de que ngo cabe habeas corpus substitutivo do recurso legalmente previsto pere a hipdtese, impondo-se o nao conhecimento da impetracSo, saivo quando constatada a existéncia de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado. 2. Havenda prova da existéncia do crime @ indicios suficientes de autorie, a priséo preventiva, nos termos do art, 312 do Cédigo de Processo Penal, poderé ser decretada para garantia da cordem publica, da ordem econémice, por conveniénca de Instrugo criminal ou para assegurar a aplicaco da lei penal. 3 No caso em exame, a prisdo preventiva do paciente esta suficientemente fundamentada na necessidade de acautelamento da ordem publica, diante do modus operandi, demonstrada por elementos concretos que indicam sua participagao em complexa ¢ estruturada organizacao criminosa, por ele chefiada, o que evidencia a sua periculosidade. 4. Hipdtese em que o paciente responde a outras 3 aces penais pela pratice, em tese, de crimes de tréfico de drogas, associagdo para o trafico e lavagem de capitais, tendo 0 Ministério Publico narrado na cenincia a realizago de trés operacdes financeiras para 2 pratica de lavagem de dinheiro. 5. A pristio de um dos lideres da organizag3o criminosa é necesséria para garantia da ordem. publica, ameacada pela reiteraco delitiva de seus membros, bem como para desestruturar 0 grupo criminoso, que ha muito pratica crimes graves, a fim de obstar a continuidade dessas infracfes penais em prejuiza da sociedade. 6. Nao ha falar em falta de contemporaneidade das operacdes finenceiras, 0 que justificaria 2 desnecessidade da medida excepcional, uma vez que 0 sucesso da empreitada criminose da orgenizacao cependia da prética reiterada de crimes contra 0 Sistema Financeiro Naconal e de Lavagem de Capitais, a fim de fomentar a coriversdo dos reais em délares americanos para que os investigados pudessem adquirir 0 entorpecente dos fornecedores bolivianos. 7, O Supremo Tribunal Federal ja se manifestou no sentido de que a custédia cautelar para 2 garantia ca ordem publica legttima-se quando evidenciaca a necessidade de se interromper ou diminuir a atuacio de Integrantes de organizacéo criminosa, 8. A fuga do distrito da culpa indica a necessidade da medida constritiva para se garantr 2 aplicac3o da lei penal. 9. A superveniéncia do julgamento do mérito do habeas corpus no STF, revogando liminar anteriormente deferida pare relaxar a custédia ceutelar de outros corréus, prejudice a alegacéo de ofensa a isonomia processual entre os acusados. 10. O reconhecimento de nulidade ou ilecaldade da interceptacéo teleténica nos a Medida Cautelar n. 555-88.2015.4.01.3601 ja foi examinade pela Quinta Turma desta Corte, por ocasiéo do juldamento dd £e02 oni ‘Cautelar Inominada Criminal €000835-33.2019.815.0000, abticoe iis RHC 70.906/MT, ocorrido na sesso do dia 9/5/2017, evidenciando mere reiterago de pedido. 11. Habeas corpus no conhecido”. — grifei PROCESSUAL PENAL E PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA ACAO PENAL. IMPOSSIBILIDADE INDEPENDENCIA DAS PERSECUCOES PENAIS. _PRISAO PREVENTIVA. ORGANIZAGAO CRIMINOSA. FUNDAMENTACAO CONCRETA. ILEGALIDADE. AUSENCIA. RECURSO EM HABEAS CORPUS IMPROVIDO, 1. Esta Corte Superior entende que a reunio dos acusados para a pratica de crimes, por si s0, acarreta a configuraco do delito de organizacao criminosa, sendo assim desnecessario 0 transito em julgado de condenacées relativas aos crimes que a organizacéo pretendia consumar. 2. Ndo se afigure possivel, na via estreita do habeas corpus, avaliar a extenséo das investigacdes realizadas, bem como 05 fatos delituosos e bem juridicos envoivides, com precisio, para aferir se houve ou ngo bis in idem. 3. Apresentada _ fundamentacéo__concreta__para__a decretacao da _priséo__preventiva, evidenciada_na periculosidade do _acusado _consistente _na_sua Participacaéo_em complexa_organizacéo _ criminosa estruturada para a pratica de diversas infracdes penais, tais_como _corrupcéo _passiva, extorséo, falsidade ideolégica, fraude _processual_e _trafico_de entorpecentes, 0 que constitui base empirica idénea para_a decretacSo da cautelar_penal com vistas as manutencdo da ordem publica, néo ha que se falar em ilegalidade a justificar a concessao da ordem de habeas corpus. 4. Recurso em habeas corpus improvido". Grifel Ainda em relag3o ao modus operendi empregado, destaco a impressionante organizacdo e agilidade com que os investigados teriam atuado na suposta obtencao de recursos lictos, utilizando-se de diversas plataformas para alcangarem tal desiderato. Na espécie, a gravidade concreta das condutas em tese perpetradas, cujos indicios remanescam com suficiéncia nesta fase sumdria de cognicdo, resulta da ousacia e desembaraco com que terlam agido os investigacos, ciente da impunidade por seus atos, atuando no intuito de satisfazer interesses pessoais outros, lesando 0 patriménio publico. © grau de danosidade de tais agdes é de tal monta que nao é possivel aquilatar 0 ambito do prejulzo causado, sadendo-se apenas atingir indistintamente a populaggo mais carente de auxilio estatal. Cautelar Inominada Criminal 0000835-33,2019.815.9C00 _nerge sone 176 Assim, & de elevada nocividade e reprovabilidade a pratica dos crimes em exame, os quais representam a corrupcdo sistémica que assola 0 pais, solapam as bases do Estado Democrético de Direito e, precipuamente, sonegam aos cidadios os recursos nacessarios a uma prestac3o satisfatoria de servicos publicos de qualidade. Destaco, também, serem gravissimos os delitos atribuidos aos investigados, inserindo-se no rol das infracdes penais de elevado potencial ofensivo, ‘0s quais vinham (e ainda esto) sendo em tese cometidos, ao que consta, salvo elementos adversos futuros, de forma bastante profissional e concertada, pols @ sobredita ORCRIM aparentemente utiliza uma metodologia criminosa dotada de diversas cautelas voltadas a encobrir os rastros dos seus delitos. Além disso, a gravidade das condutas também resta evidenciada pelos prejuizos aos cofres ptiblicos, com reflexos nos servicos de salide e educagao prestados a populacéo, os quais vem se mostrando deficiente no nosso Estado, talvez pela car&ncia de recursos desviados, embora a eles destinados. III.4,1.2 — PERICULOSIDADE DOS AGENTES Trata-se, na hipétese, de apuracao de crimes de relevo, que subtraem dinheiro da sade e da educagSo de forma perniciosa, trazendo vultoso prejuizo a toda a sociedade paraibana. Assim, diante do porte do esquema que se pretende desembaragar, cumulado com a forte articulacéo dos envolvidos, sopesa-se contundente sugestao fatica e real de periculosidade a deferir a constrigéo. Os elementos dos autos dado conta, com a necessdria suficiéncia, da real periculosidade dos investigados, pois, de forma destemida ¢ indiferente, aparentemente lograram se utilizarem de inusitados e diversos cios para dolosamente propiciar o desvio de recursos ptiblicos e, a partir disso, assegurar 0 enriquecimento ilicito dos membros do suposto agrupamento delituoso, em comunhao de designios com outras pessoas, justificando, também por essa razdo, a cecretagSo da custédia preventiva pela necessidade de garantia da ordem publica. A periculosidade dos requeridos emana, outrossim, de suas tedricas participagdes em um grande e sofisticado esquema criminoso, articulado com 0 nitido objetivo de pithar os cofres pUblicos, o que teria ocorrido, com destaque pare a alta densidade lesiva dos graves crimes supostamente reiterados por meio da organizag&o criminosa sob investigag&o, de forma habitual e em detrimento dos setores da sade e da educacSo, jé criticos em nosso Estado. ST) dispenibiliza precedentes, segundo os quais, quando a conduta criminosa é praticada contra a Administracdo Publica de forma reiteradd, por grupo expressivo de pessoas, aparentemente estruturado e organizado/ com a Participagao de servidores pblicos _e agentes politicos, e para _lesar Son [Nia SE 0OF Cautetar Incmninada Criminal 0000835-33.2049.615.0000 wenktseuetiy < ut consideravelmente o Erario, justifica-se a custédia antecipada, a fim de garantir a ordem puidlica e cessar a pratica delitiva, por demonstrar a periculosidade e o desprezo significativo pelo bem juridico tutelado. Nesse sentido, e por todos, os julgados do STJ: RHC 73.323/RJ, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, Quinta Turma, julgado em 13/06/2017, REPDJe 29/08/2017, DJe 21/06/2017; HC 330.283/PR, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, Quinta Turma, julgado em 3/12/2015, DJe 10/12/2015. Também hd a compreenséo de constituir a periculosidade dos agentes, evidenciada no apontamento de reiteracSo delitiva, motivacao idénea pare 0 decreto da custédia cautelar, protegendo a garantla da ordem publica. Destaco, também por todos, os seguintes precedentes da referida Corte Superior: HC n. 286854/RS 5? T. undnime Rel. Min. Felix Fischer Die. 1/10/2014; RHC n. 48002/MG 62 T. unanime Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura. DJe 4/8/2014; RHC n. 44677/MG 5® T. undnime Rel. Min. Laurita Vaz DJe 24/6/2014. III.4.1.3 — RISCO DE REITERAGAO DELITIVA © STJ tem compreendido que a periculosidade do agente, evidenciada na reiteracdo delitiva, constitui motivacao idénea para © decreto da custédia cautelar, como garantia da ordem publica. Nesse sentido: RECURSO EM HABEAS CORPUS. PECULATO, ORGANIZACAO CRIMINOSA E LAVAGEM DE DINHETRO. PRISAO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PUBLICA E DA ORDEM ECONGMICA. CUSTODIA CAUTELAR —_DEVIDAMENTE_JUSTIFICADA. MANIFESTO CONSTRANGIMENTO [LEGAL NAO EVIDENCIADO. RECURSO NAO PROVIDO. 1. A gravidade concreta dos delitos em tese cometidos e a complexidade da organizacéo criminosa da qual o recorrente é supostamente integrante - bem estruturada, com ramificagées na facco criminosa denominada Comando Vermelho e que, em principio, envolveu a administracao publica de municipios da Regio dos Lagos do Estado do Rio de Janeiro e estava em pleno funcionamento - revelam que a constricéo cautelar se mostra medida adequada e necessaria para fragilizar a prépria estrutura organizacional da qual fazia parte e, dessa forma, cessar_a pratica de novas infracGes penais. 2. Na dicc3o do Supremo Tribunal Federal, "A custédia cautelar visando 4 garantia da ordem publica lecitima-se quando evidenciada a necessidade de se interromper ou diminuir a atuacéo ce Integrantes de organizaco criminosa. ee r, Doe (RHC _n, 122.182/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, 1% 15/9/2014). 3. A custédia do recorrente tambéih se CautelarInminaca Criminal oc00835-33.2019 815.000 pense ] Joe SSO, { owengaor™™ necessiria para garantir-se a ordem econdmica, tendo em vista a magnitude dos valores oriundos de complexa orgenizacao ciminosa que foram ocultados e dissimulados, versando @ espécie sobre um sofisticade esquema criminoso voltado & reciclagem de dinheiro, por meio de vultosa quantia de numerdtio movimentado e de elevados lucros euferidos por meio, inclusive, de desvios de recursos publicos. 4. A manutencéo de atuego de grupos organizados como o dos autos interfere, sobremaneira, no desenvalvimento econdmico do Pais, seja em termos macroeconémicos, prejudicando as politicas estahelecidas e a estabilidade do mercado, seja em termos microeconémicos, em que a atuacéio criminosa da azo stuagdes de concorréncia desieal © de perturbacaio na Grculagdo de bens no mercado. 5. Em razéio das especificidades do caso concreto, das evidéncias de pratica de crimes conta a Administracao Publica, de lavagem de dinheiro e de orgenizacio criminosa - e sem olvidar que a custédia preventiva deve ser imposta somente como ultima ratio -, fica evidenciado que o recurso a cautela extrema se mostra a Unica medida apta a afastar 0 periculum libertatis e, portanto, desacorselhade se tora a imposigio de qualsquer das medidas cautelares alternativas 2 prisSo. 6. Recurso em habeas corpus néo provido”. ~ grfel. © tracado contexto fatico indica ndo serem as condutas narradas fatos isolados na vida dos requeridos, porquanto estarem eles em tese envolvidos em um esquema criminoso de longa data, que denota atuar com habitualidade, demonstrando de forma evidente e concreta a possibilidade de reiteracSo delitiva. Nesse contexto, convém mencionar as muitas viagens, supostamente realizadas por alguns investigados, as quais demonstram que os pagamentos de propina n&o teriam sido fatos isolados no ambito da ORCRIM, deixando clarividente a possibilidade de reiteracdo criminosa por parte de seus integrantes, cada um exercendo 0 seu papel. Diante de tais fatores, fica evidente a possibilidade de haver outros pagamentos ilegais, organizados e estruturados entre os participantes do apontado esquema criminoso, sendo, indispensavel, também por este fundamento, 2 segregacao preventiva dos investigados. A necassidade de prevenir a participac&io dos requeridos em outros esquemas criminosos, ou seja, em novos delitos, e, ainda, para impedir possivel recebimento de saldo de propina pendente de pagamento, justificam, nesse momento, € sob minha dtica, modesta, a decretaco da prisdo preventiva para a garantia da ordem publica. 12 RC 65.954, Re. puro ROGERIO SCHTETTT CRUZ, SEXTA TURMA,julgado em 20/09/2016, Oe 04 snore week eseter™ aut8 nec Criminal 0000835-332018.815.c000 179 O fundamento da priséo cautelar na garantia da ordem publica tem por desiderato, outrossim, € no caso, impedir que os investigados continuem delinquindo e, consequentemente, trazer protecio a propria comunidade, coletivamente valorada. Delito desse jaez, nao raro, redundam em consequéncias tragicas para @ populacgo em geral, despertando justificada desconfianca popular, acostumando-se com o senso de impunidade, gerando clima de intranquilidade ¢ inseguranga juridica Além disso, segundo ja decidiu o Supremo Tribunal Federal, “a custédia cautelar, visando a garantia da ordem publica, legitima-se quando evidenciada a necessidade de se interromper ou diminuir a atuacdo de integrantes de organizacdo criminosa’’. O STJ tem seguido a mesma linha, send, veja-se: PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINARIO EM HABEAS CORPUS. TRAFICO DE DROGAS. ASSOCIACAO PARA 0 TRAFICO, PRISAQ _PREVENTIVA. ALEGADA——AUSENCIA DE FUNDAMENTACAO DO DECRETO PRISIONAL. SEGREGACAO CAUTELAR DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA NA GARANTIA DA ORDEM PUBLICA. QUANTIDADE, DE DROGA. ORGANIZACAO CRIMINOSA. RECURSO ORDINARIO DESPROVIDO. I - A segregacio cautelar deve ser considerada excecéo, jé que tal medida constritiva sé se justifica caso demonstrada sua real indispensabilidade para assegurar a ordem publica, a instrucdo criminal ou a aplicagio da lei penal, ex vi do art. 312 do CPP. II - Na hipétese, 0 decreto prisional encontra-se cevidamente fundamentado em dados concretos extraidos dos autos, pera a garantia da ordem pibiica, seja em raz&o de indicios de que 0 recorrente integra estruturade organizago crimincsa, voltada para o tréfico de drogas interestadual, seja pela quantidade, variedade e potencialidade lesiva das drogas apreendicas (450 9 de maconha e 20 g de coceina), circunsténcias indicativas de um maior desvaior da conduta em tese perpetrada, ben como da Periculosidade concreta do agente, a revelar a indispensabilidade da imposicéo da medida extrema Precedentes. II - A jurisprudéncia do col. Pretério Excelso, também enquadra-se no conceito de garantia da ordem publica a necessidade de se interromper ou diminuir a atuagio de integrantes de organizacdo criminosa, no intuito de impedir a reiteragio delitiva. Precedentes. IV - A presenga de circunstancias pessoais fevordvels, tis como_ primariedade, ocupacao licita € residéncia fixa, ndo tem 0 condo de garantir a revogacéo da priséo se hé nos autos elementos habeis a justificar a imposico da segregaco cautelar, como na hipdtese. Pele mesma razéo, néo ha que se falar em/possibilidade de 13 RHC 122182, Rel, Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julaedo em 19/08/2014. Cautelar Inominada Criminal 9000835-33.2019.815.0000 4 RIC 105.602/0S, Rel. Minstro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, juigado em 11/12/2018, Ofe 14/12/20) aplicaggo de medidas cautelares diversas da prisio. Recurso ordinério desprovido"* : Noutro vértice, os fatos ora versados afetam toda a sociedade. E ver que além de atingir setores ja criticos no Estado da Paraiba, os atos, em tese praticados, ferem a confianca da populagSo ne propria Administracaio Publica. Ao surgir a noticia de disseminagio de praticas de desvio de dinheiro publico, a populagéo mais carente é a vitima mais sensivel da crueldade com que agentes piblicos corruptos, associados a empresarios vidos pelo lucro facil, desviam os recursos piblicos. Dai ser incompreensivel que se pretenda cogitar no ser extremamente graves os crimes ora, ainda que preliminarmente, imputados. Nao bastasse, parecem surgir, a cada dia, novos indicios e provas de que os esquemas criminosos engendrados para sangrar os cofres ptiblicos sio maiores e heterogéneos. TIL.4.2 — DA CONVENIENCIA DA INSTRUCAO CRIMINAL A necessidade da segregacdo por conveniéncia da instrucdo criminal, a mais visivel entre as razdes da priséo preventiva do ponto de vista da instrumentalidade, decorre, na espécie, da necessidade de assegurar a realidade da prova processual em relaco aos investigados, que podem, acaso permanecam em liberdade, influenciar na produc&o de elementos, obstaculizando-os ou impedindo-os, fazendo desaparecer indicadores dos crimes que a eles séo imputados, apagando vestigios, subornando, ameagando testemunhas, entre outros fatos. A decretagéo da custédia preventiva, no caso, também visa igualmente acautelar a instru¢So criminal, na medida em que a suposta ORCRIM da qual teoricamente fazem parte os requeridos, notadamente através do seu nucleo de agentes publicos, podem interferir (direta e indiretamente), das mais variedas formas, na produgao das provas, enfim Jn casu, a penatrago dos agentes em outros drgios piiblicos e de fiscalizacdo, a ponto de Impactar em tomadas de decisées, cria situacao de risco concreto para o processo de maturacSo da prova, em julzo, o que mostra 0 poderio da Organizacéo e sua capacidade de interferir na instrucdo, especialmente porque, como adiantado pelo MPPB, dotada de forca de reserva e de intimidacéo, consubstanciada, como exemplos dados, na contratacio (indicidria) de escritérios de advocacia que patrocinavam, como estratégia, medidas de “litigncia simuteda’, como também de empresa(s) de contrainteligéncia, como a Tuesafet (anexo 51 da Colaboracao de Danie! Gomes). © modus operandi evidencia um isco concreto de ee liberdade, podero os investigados imprimir esforgos no sentido de géletar bs registros de sua suposta atuacSo criminosa. A forma como teriam sido erpatrados ae adhe! Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 [err a os delitos demonstram que a forma de agir dos investigados teria sido meticulosamente planejada no sentido de reduzir, em grau maximo, os vestigios de seu funcionamento. Néo se olvide, ademais, que téo importante quanto investigar a fundo a suposta atuagio ilicita dos investigados, com a consequente punicio, é a cessacdo da atividade ilfcita e a recuperacdo do resultado financeiro criminosamente auferido. Nesse sentido, deve-se ter em mente que no atual estdgio da modemidade, uma simples ligacdo telefénica ou uma mensagem instant&nea pela internet sio suficientes a viabilizar a ocultag3o de vultosas somas de dinheiro, como as que parecem ter sido pagas em propinas. A extensa tela criminosa que teria sido engendrada para desviar recursos piblicos neste Estado nao esta completamente decifrada, podendo a liberdade dos requerides comprometer seriamente o desfecho das sérias e expeditas investigagbes em curso. Em sintese, 0 encarceramento preventivo, no caso, encerra verdadeira precaucéo tendente a preservacéo da escorreita coleg&o da prova. IIL.5 — DA GARANTIA DA APLICAGAO DA LEI PENAL DA APLICAGAO DA LEI PENAL Iniclalmente, a garantia da aplicacdo da lei penal decorre da possibilidade de, em liberdade, os investigados possam vir a furtarem-se das sangdes penais, fugindo para local incerto e nao sabido, inclusive dentro do territ6rio brasileiro. Em relac3o & aplicagao de Lei Penal, como bem pondera 0 6rgio ministerial, 6 de se destacar as diversas cautelas supostamente adotadas pelos investigados, no sentido de encobrir as marcas de seus crimes, dentre as quais menciona-se: contato limitado com o material do crime, modificacdes de enderegos de hotel, em cidades diferentes, inexist&ncia de rastro bancdrio de movimentacao financeira, ocultaco de bens em nome de laranjas. A ocultacaio de bens, por si sd, reclama o asseguramento da aplicagio da Lei Penal, em seu aspecto reparatério, sobremaneira, porquanto a facilidade de locomacao interestadual, e mesmo internacional, de alguns dos membros da ORCRIM, ser também motivo de sobeja preocupacéo integrantes da enfocada ORCRIM/ de |se utilizarem de laranjas, no processo de ocultacéo de patriménio, remeté 4 necessidade de se garantir a aplicacdo da Lei Penal, em seu prisma de eficigytia, Na "ny supostamente empregada pelos 930 Bs waht PE Sor Cautear tnominada Criminal 000055 seeresa ya ‘yoo 162. & N3o se pode descurar de todo o contexto fético tragado que a suposta Organizacdo Criminosa orquestraca pelos investigados teria manipulado elevades somas de cinheiro, fato que viabilizeria, facilmente, uma fuga do pais, gil e clandestina, sendo este um argumento apto e suficiente a justificar a revogaciio do decreto segregatorio. Acerca da ameaca a aplicacao da lei penal como requisite para decretagéo de prisdo preventive, nos termos do art. 312 do Cédigo de Processo Penal, 2 jurisprud&ncia do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justica afirma: “A intengdo de se furtar a aplicacdo da lel penal é razao suficiente para a manutenso do decreto de priséio preventiva. Fundamento id6neo apresentado para a constri¢o da liberdade. Precedentes”'’, “Nao é ilegal a manutengo do encarceramento provisério que se funda em dados concretos 2 incicar a necessidade da medida cautelar, especialmente em elementos extraidos da conduta perpetrada pelo acusedo, demonstrando a necessidade da pristio para garantia da aplicacSo da lel penal’. (ST), Sexta Turma, RHC n. 76906/SP, Rel. Min. Marla Thereza de Assis Moura, }. 10.11.2016, viu,, DJE de 24.11.2016). Ademais, havendo indicios da existéncia de quantias miliondrias obtidas por meio criminoso, ainda pendentes de rastreamento, justifica- se a prisdo preventiva, pois a liberdade dos investigados coloca em risco a possibilidade de haver o sequestro de tais quantias, frustrando a aplicagao da lei penal, j4 que poderiam praticar atos com vistas a ocultar 0 produto dos seus supostos crimes. IIL. 6 - DA CONTEMPORANEIDADE Conforme o STJ*, "a contemporaneidade da cautelar (ante os riscos aos bens juridicos tutelados no art. 312 do CPP) deve ser relativizada em pelo menos duas hipéteses. A primeira ciz respeito a natureza do crime investigado, que, consubstanciando-se em fato determinado no tempo, tenderia, em principio, a no mais justficar 2 cautela maxima quando passados anos desde a sua pratica. Todavia, seria possivel admiti-la na situac&o em que, pelo mado com que perpetrada a aco delitiva, no seria leviano projetar a razoavel probabilidade de uma recidiva do comportamento, mesmo apés um relevante periodo de aparente conformidade do réu ao direito. A segunda estaria relacionada ao carater permanente do crime imputado ao agente, porquanto, ante indicios de que ainda persistem atos de desdobramento da cadeia delitiva inicial, no haveria dbice decretaco da priséio proviséria”. No caso, tanto em razéo da natureza dos crimes investigados, quanto em face da existéncla de indicios de ainda persistirem atos de 15 STF, Segunda Turma, RHC n, 116965/, be. Min. Cérmen Licia,j. 13.08.2013, vat, DIE de 05.09.2013, 1G HC 459.373/R, Rel. Minstio ROGERIO. SCHIETTT CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 1709/2019, ble 20/03/2019 Infermagies Complementares affnente. ng “AuMe Cautelar Inomineds onnahethbst vt 19 s - desdobramento da cadeia delitiva, nfo ha Obice & decretac3o da prisio preventiva. Nesse contexto, ¢ clarividente @ contemporaneidede entre as supostas condutas criminosas e 0 decreto de prisdo preventiva, porquanto a ativicade delituosa da ‘suposta ORCRIM, por meio da qual teriam sido empreendidas (em tese) as condutas tipicas irrogadas, 2o que consta, revela-se habitual e continua. Em sintese, a contemporaneidade se verifica diante dos contundentes indicios de participacio dos investigados em organizacao criminosa atuante. Nesse sentido, 0 STJ: RHC 116.025/RS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 22/10/2019, DJe 04/11/2019). Ademais, a contemporaneidace se refere aos fatos justificadores dos riscos que se pretende com a priséo evitar (STI. HC n. 493.463/PR, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Sexta Turma, julgado em 11/6/2019, DJe 25/6/2019). Na hipotese, os fatos narrados nas linhas precedentes justificam a necessidade atual de segregagdo € atendem ao requisito essencial da cautelaridade. A prisdo preventiva revola-se necessdria A garantia da ordem publica e & conveniéncia da instrucSo criminal, por raz6es atuais, tal como exposto. Por outro lado, 6 premente considerar a natureza dos crimes investigados (corrupcéo, organizagéo criminosa, centre outros), porquanto dificiimente s3o descobartos no decorrer do exercicio do cargo pubblico, o que afasta a alegada auséncia de contemporaneidade da medida. Além da natureza dos crimes, na andlise dos riscos e da contemporaneidade, deve ser observadas as particularidades, como o numero € a gravidade concreta dos crimes e 0 concurso de varios agentes, com o desenvolvimento de investigagdes, tal como se deu na hipstese. Nesse sentido, o STJ, em recente julgedo: RECURSO EM HABEAS CORPUS. PRISAO PREVENTIVA. AGENTES POLICIAIS. ORGANIZACAO CRIMINOSA. EXTORSAO MEDIANTE SEQUESTRO. CONSTRANGIMENTO _ILEGAL. FUNDAMENTACAO CONCRETA. GRAVIDADE DOS DELITOS. REITERACAO DELITIVA. AUSENCIA DE CONTEMPORANEIDADE DA MEDIDA. NAO OCORRENCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Apresentada fundamentacéio concreta para a decretac3o da priséo preventiva, evidenciada na gravidade concreta dos crimes porquanto revela, em tese, a reiterada pratica de crimes, cometides por agentes publicos vinculados a Policia Civil do Estado do Rio de Janeiro e 3 Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro. 2. Pacifico é 0 entendimento de que a urgéncia intrinseca as cautelares, notadamente a prisio processual, exige a contemporaneldade dos fatos Justifcadores dos riscos que se pretende cam a priséo evitar. Precedentes 3. O periodo pouco maior de um ano para o decreto prisional, observada as particularidades, como o niimero e|a (\* - LE are CCautelar Inominada Criminal 0000835-33,2019.815.0000 pritedi poo c a gravidade concreta dos crimes e 0 concurso de varios agentes policiais, com 0 desenvolvimento de investigagées, no torna certa a auséncia de riscos e da falta de contemporaneidade. 4. Recurso em habeas corpus improvido. (RHC 111.803/RJ, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 24/09/2019, DJe 01/10/2019) ~ Grifei Assim, no meu modesto entender, esté preenchido o requisito da contemporaneidade. IIL. 7 — DA INADEQUABILIDADE DE APLICACAO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISAO Finalmente, no vislumbro, quanto aos _investigados supramencionados, suficiéncia em nenhuma das medidas cautelares alternativas 3 priséo preventiva, previstas no art. 319 do Cédigo de Processo Penal, isso porque, em havendo a indicag3o de fundamentos concretos aptos a justificar a custodia cautelar, néo se revela cabivel a aplicagéo de medidas cautelares alternativas 2 prisdo, posto que insuficientes a resguardar a ordem pUblica e aplicag3o da lei penal @ a preservar a instruco criminal. ‘Ademais, descabe falar em substituigo da medida extrema por cautelares menos gravosas (art. 319, CPP), pois, em se tratando, em principio, de Organizacéo Criminosa, que provavelmente oculta registros cteis a investigaggo, somente a segregacao imediate, aliada a outras medidas, poderia permitir 2 completa elucidacdio dos fatos. Nesse cendrio, entendo necessaria a priséio preventiva dos investigados, nos termos do art. 282, § 6°, e dos arts. 312 e 313, todos do CPP. Por fim, “A existéncia de condicées pessoais fevoraveis, tais como primariedade, bons antecedentes, ocupaciio licita e residéncia fixa, nio tem o condao de, por si s6, desconstituir a custddia antecipada, caso estejam presentes outros requisites de ordem objetiva e subjetiva que autorizem a decretagéo da medida extrema”. IV - DA BUSCA E APREENSAO Consoante circunscreve a norma plasmada no art. 240, § 1°, alineas “b” e “e”, do CPP, é cabivel a busca domiciliar quando fundadas razées a autorizarem para, dentre outras causas, aprender coisas achadas ou obtidas por meios criminasos e descobrir objetos necessérios prova da infragao. / | 6 TFTH FE STATE Fr nso LAURIA Wa, SCA TU, doom sss one wxfarania. | (°° ee ange BOF Cautelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 Ni i. : sepgesene | De inicio, ressalto divergirem os institutos “busca” € “apreenso”. A busca consiste na dilig&ncia, cujo objetivo é 0 de encontrar objetos ou pessoas. A apreensdo deve ser tida como medida de constricéo, colacando sob custédia determinado objeto ou pessoa. N3o é de tado impossivel que ocorra uma busca sem apreensdo, e vice-versa.'° Conquanto a busca e apreensio esteja inserida no Cédigo de Processo Penal como meio de prova (Capitulo XI do Titulo VII), sua verdadeira natureza juridica é de meio de obtenc&io de prova (ou de investigacaio da prova). 1ss0 porque cansiste num procedimento (am regra, extraprocessual) requlado por lei, com © objetivo de conseguir provas materials, e que pode ser realizado por outros funciondrios que no 0 juiz (v.g,, policiais). Sua finalidade precipua nao é a obtencio de elementos de prova, mas sim de fontes materials de prova. Nessa esteira, a busca e apreensio, em suma, pode ser entendida como uma medida cautelar coercitiva de obtengao de coises ou pessoas, excepcionando as normas de garantia de liberdade individual, objetivando resguardar para © processo elementos que possam servir como prove da materialidade ou autoria delitiva. Ngo ha dbice & realizag3o de diligéncla de busca e apreensio durante a fase investigativa, quando restar demonstrada a necessidade da medida cautelar como forma de se evitar 0 desaparecimento ou, ainda, adulteracdo de provas reputadas indispensdveis & apuragéo das condutas sob investigacio. Como medida acautelatéria, a busca e apreensdio destina-se a impedir que desaparecam as proves do crime e se subordina aos pressupostos comuns de todas as liminares: "Yumus boni iuris“e “pericullum in mora’: In casu, entendo presentes os requisitos autorizadores da medida pretendida. Isto porque s&o plausiveis os argumentos deduzidos pela parte autora, notadamente que se refere 4 necessidade do uso desse instrumento processual. IV.1 - DO FUMUS BONI IURIS Na hipétese, existem contundentes indicios, pelo menos, da pratica, pelos investigados, de crimes contra a Administracéo Publica, em especial os tipificados nos ats. 2° da Lei n° 12.850/13, 89 e 90 da Lei n° 8,666/93, 312, 317 e 333 do Cédigo Penal e art. 1° da Le! 9.613/98, entre outros. Passo a analisar os fatos e os fundamentos juridicos condizentes a cada requer /- Te Renato Brasiero de ima, em sis obra Motel’ Processo Penal volume ince ~ 4. £4. ver, amp. €atual. ~ Salvador: Ed. JusPodiv, 2016, p/710. yer iofr00 MALTS ADOR outer Irominada Cine ips 8. 15.0000 196 IV.1.1 - QUANTO AOS INVESTIGADOS ALVOS DE PEDIDO DE PRISAO PREVENTIVA No tocante aos investigados RICARDO VIEIRA COUTINHO; ESTELIZABEL BEZERRA DE SOUZA; MARCIA DE FIGUEIREDO LUCENA LIRA; WALDSON DIAS DE SOUZA; GILBERTO CARNEIRO DA GAMA; CLAUDIA LUCIANA DE SOUSA MASCENA VERAS; CORIOLANO COUTINHO; BRUNO MIGUEL TEIXEIRA DE AVELAR PEREIRA CALDAS; JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA; BRENO DORNELLES PAHIM NETO; FRANCISCO DAS CHAGAS FERREIRA; DENISE KRUMMENAUER PAHIM; DAVID CLEMENTE MONTEIRO CORREIA; MARCIO NOGUEIRA VIGNOLI; VALDEMAR ABILA; VLADIMIR DOS SANTOS NEIVA e HILARIO ANANIAS QUEIROZ NOGUEIRA, as suas condutas restaram bem delineadas no topico referente & prisdo preventiva, suficientes a demonstrar a presenca cos requisitos do “fumus boni juris” e “pericullum in mora’; tipicos e necessérios para a concessdo da medida liminar de busca e apreensdo. Ademais, a fundamentasgo utilizada para deferir a contricdo cautelar em face dos requeridos acima epigrafados, serve, por conseguinte, para embasar a concessdo da busca e apreensdo contra eles requerida. Palo exame dos elementos de conviccao até entao havidos, verifica-se devidamente cumprido 0 requisito do fumus boni furis, porquanto demonstrados indicios da pratica delitiva, direcionando o pleito ministerial ao recolhimento de documentos probantes da(s) conduta(s) praticada(s). De igual modo, quanto ao pericufum in mora, tem-se que a possibilidade concreta de que os agentes coligados ao esquema venham a intencionalmente encobrir ou destruir provas porventura depositadas nos enderecos indicados pelo Ministério Publico, conduta que comprometeria, sobremanelra, 0 sucesso des apuragies. As caracteristicas préprias dos crimes de “colarinho branco” levam & necessidade de realizacio da busca e apreensio nos enderecos dos investigados, por ser o meio mais eficiente e célere para obter a prova da matericlidade delitiva ~ que se pretende reforgar. E, ainda, uma medida util para a elucidacéo dos fatos e pertinente, pois constitui a medida adequada finalidade almejade pelo érg30 ministerial. Entendo, outrossim, suficientes os elementos trazidos a justificar 2 realizagiio de busca e apreenséo nos enderesos relacionados na peca cautelar, notadamente porque tal medida visa corroborar o material probatdrio ja colhido no curso das investigagbes. 2 Quanto ao requerido BENNY PEREIRA DE LIMA, 0 pido ae prisio preventiva em face dele restou indeferido. Contudo, no tépico respect ee sa ert 9 rio Cauteler Inominada Crininel (000835-33.2019.815.0000 aks, 17 (1IL.2.12) foi devidamente apreciado e deferido o pleito de busca e apreensdo em desfavor deste investigado. 1V.1.2 — MARIA APARECIDA RAMOS DE MENESES. Maria aparecida Ramos de Meneses, apelidade “CIDA RAMOS", Deputada Estadual, apontada como uma das mais fiéis integrantes do anunciado grupo criminoso, teria sido escolhida para representar a ORCRIM nos Poderes Executivo e Legislativo, integrando, assim, 0 nticleo politico da organizagio. Segundo narra a inicial da cautelar, CIDA RAMOS gozava da estrita confianca de RICARDO COUTINHO e, por isso, seu nome despontou para representar 0s interesses da orgenizacdo criminosa na Assembleia Legislative do Estado da Paraiba. Inicialmente, durante a campanha eleltoral pata 0 cargo de Prefeeito de Jo%o Pessoa/PB, em 2016, RCARDO COUTINHO e LIVANIA FARIAS terlam solicitado um adiantamento de propina a DANIEL GOMES DA SILVA para, novamente, viabilizar a captura do Poder Executivo Municipal, sendo langada a disputa CIDA RAMOS, que nio obteve &xito. Na ocesido, foi avencado o valor total de R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais), em espécie, subtraidos do “caixa de propina” arrecadada. © valor foi repassado em duas ocasiées (R$ 250.000,00, no dia 4 de setembro de 2016, e R$ 400.000,00, em 17 de setembro de 2016) por KEYDSON SAMUEL, diretamente, a LEANDRO NUNES AZEVEDO, emissério de LIVANIA FARIAS. Ao que consta, as frustradas tentativas da organizagéo criminosa em colocat, primeiramente ESTELIZABEL BEZERRA e, na éleicdo seguinte, CIDA RAMOS, para administrar 0 municipio de Jo&0 Pessoa, no obstante ‘© emprago de recursos e a grande estrutura de campanha, teriam feito com que o suposto grupo criminoso se visse obrigacdlo a acomodad-las no Legislativo Paraibano, até porque naquele Poder havia ruidos de irreguleridades na sade estadual, que precisavam ser contidos. Nas eleigdes de 2018, CIDA RAMOS foi eleita deputada estadual e, de acordo com a narrativa ministerial, terla assumido com ESTELIZABEL BEZERRA a “linha de frente” na defesa institucional dos interesses da organizagio criminosa, articulando e promovendo, em tese, artificios politicos em favor do grupo delitivo, como, por exemplo, quando da aparente manobra utilizada pare impedir a instalaco da CPI da Cruz Vermelha. Consta da pega ministerial que 'Ujm fato que tem o cone aclarar 0 escopo dos mandatos de ambas [ESTELIZABEL e CIDA RAMO: Cautelar Inorninada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 embaragos criados para a instalagSo da CPI da CRUZ VERMELHA, posto que para impeair a instalacdo desta CPI, ambas propuseram outras trés CPls, com 0 fito de inviabilzar sua instalacéo, tentando manter oculta as indmeras licitudes, bem assim Jonge da opiniGo popular pior usando de pautas relevantes como instrumentos das mais vis razées, consoante 0 que fol amplamente alvulgado por todos meios de comunicagiio.” Diente desse cendrio, hd veementes indicios de que CIDA RAMOS teria se beneficiado de valores desviados dos cofres pliblicos, pessoalmente e pelo financiamento eleitoral realizado pelo colaborador DANIEL GOMES, em atengo as ordens de RICARDO COUTINHO. Igualmente, a indicacio e ascenséo politica da investigada 20 cargo de deputada estadual aparentemente se configurou numa verdadeira artimanna da suposta associacdo delitiva, regada por dinheiro ilicto, para ampliar sua ramificaco politica para 2 Casa Legislativa Estadual. Revela-se necessdria, portanto, a produgdo de material probatério quanto & mencionada investigada, diante dos indicios de que ela teria atuado no esquema criminoso, sobretuda com a utlizacéo do cargo de deputada estedual, para o qual foi cleita, em tese, com verbas provenientes de propina, na defesa de interesses escusos. Um mandato eleitoral, enfim, que estaria em utilizaco como instrumento protetor da ORCRIM. IV.1.3 — JOSE EDVALDO ROSAS JOSE EDVALDO ROSAS, segundo apurado pelo GAECO, integraria 0 niicleo administrativo da anunciada empresa criminosa, desempenhando papel de destaque na sua estabilizacdo e estruturacéo, sendo um dos principals articuladores das varias campanhas do PSB, alcangando a presidéncia da agremiagdo partidaria. De acordo com 0 Ministério PUblico, 2 arrecadaciio de propinas das empresas fornecedoras da Secretaria de Estado de Educacdo seria uma das principais atividades de EDVALDO ROSAS na ORCRIM. Conforme afirmou o colaborador IVAN BURITY, GILBERTO CARNEIRO 2 EDVALDO ROSAS 0 procuraram para informar que parte do valor arrecadado com fornecedores da Secretaria de Educac&o deveria ser revertida em beneficio deles, sob 0 argumento da necessidade de atendimento de "cemandas do PSB” e “demandas juridicas especia's” e, havendo qualquer ruido, resolveriam com RICARDO COUTINHO. IVAN BURITY nariou ter inicialmente resistido em atender aquela pretensio, porquanto as ordens de RICARDO COUTINHO eram para que a propina fosse direcionada exclusivamente para LIVANIA FARIAS. Acatou, entretanto, 0 comando de EDVALDQ ROSAS, até porque, como as propinas pagas pelos fornecedores da educacag’possuiam margens variadas, a operacao proposta poderia ser implementada sem causa a @ empresa criminosa ou dificultar 0 relacionamento de seus “oe ane a, So CautslarInorinade Criminal oie gf ona 109 As vantagens financeiras ilicites (propinas) proporcionadas por essas empresas, segundo a inicial ministerial, seriam captadas sempre apés a realizagéo dos pagamentos pelo Estado, cujos montantes eram percentuals que variavam entre 5% e 30%, incidentes sobre os pagamentos, a depender do produto/material adquirido pela Secretaria de Ecucacéo. A aquisicao de livros, ainda segundo 0 Ministerio PUblico, rendia propina que poderia atingir 30%; os demais materiais (laboratdrios, kits escolares atc) poderiam atingir 20%. Essa flexibilidade, somada aos casos nos quais 0s valores da propina nao haviam sido definidos por LIVANIA, teria permitido a IVAN BURITY, EDVALDO ROSAS ¢ GILBERTO CARNEIRO retirarem, em proveito prdprio, parte desse mantante para o que se corvencionou chamar de “Coletivo Girassol”, Em seu relato, 0 colaborador IVAN BURITY indicou cinco deslocamentos, no periodo de 2014 a 2018, com desiderato de coletar dinheiro da Propina entregue pela CONESUL, valores estes empregados no pagamento de fornecedores € colaboradores da campanha eleitoral e para remunerar 0 préprio colaborador e EDVALDO ROSAS. A CONESUL € a BRINKMOBIL, ao que consta, venceram licitag3o destinada & contrac&o de empresa fornacedora de laboratério de ciéncia e, em virtude da atuacdéo de EDVALDO ROSAS para que fosse liberado 0 pagamento dessas empresas, as quais terlam efetuado 0 pagamento de aproximadamente R$ 700.000,00 (setecentos mil reais) em propina. Essa quantia foi repassada, segundo o colaborador IVAN BURITY, em trés ou quatro momentos, no Rio de Janeiro/RJ, por MARCIO VIGNOLI, representante da CONESUL, no hall do Hotel Asthoria, em Cobacabana. © colaborador IVAN BURITY narrou que rateava parte da propina com EDVALDO ROSAS. Esclareceu que, em principio, os repasses aconteciam em Joaa Pessoa/PB, mas, o maior volume era amealhado em Curitiba/PR € Rio de Janeiro/RJ, locais para onde viajou por diversas vezes acompanhado de JAIR EDER ARAUJO PESSOA JUNIOR (sobrinho de EDVALDO ROSAS), a quem cabia distribuir 0 dinheiro recebido utilizando contas bancarias de parentes e aliados politicos ‘A bem da verdade, a investigacao indica que EDVADO ROSAS teria sido um dos maiores beneficiados com o recebimento de propinas “no Planejadas”, 0 que Ihe teria permitido grande enriquecimento, como antecipou [VAN BURITY, em sua colaboragio (anexo 6). Diante do exposto, sobejam indicios da existéncia de um esquema criminoso atuante na rea da educacao, bem assim do envolvimento de JOSE EDVALI ROSAS no suposto recebimento de propinas decorrentes de vantaggfs indevidas obtidas pelas empresas fornecedoras da Secretaria de Estado de Educa¢ao. fe pee er pet il Ait tnominada Gina 9000835-33,2019815.0000 190 IV.1.4 —JAIR EDER ARAUJO PESSOA JUNIOR JAIR EDER ARAUJO PESSOA JUNIOR 6& sobrinho de EDVALDO ROSAS e, de acordo com o colaborador IVAN BURITY, ele tinha 2 missdo de receber @ parte da propina destinada ao tio e depositd-la em diversas contas bancarias de familiares e aliados politicos, tudo no intuito de ocultar aquele dinheiro ilicito. © mencianado colaborador narrou, ademais, a realizagdo de diversas viagens na companhia de EDVALDO ROSAS e de JAIR EDER, em especial pare o Rio de Janeiro/RJ e para Curitiba/PR, a fim de tretar do recebimento de valores com MARCIO NOGUEIRA e HILARIO ANANIAS, representantes legals das empresas beneficiadas com contratos na Secretaria de Estado de Educagao. A investigaggo, em casos desse jaez, também tem por abjeto descortinar o destino do dinheiro piblico desviado, médvel que justifica, neste momento, a realizacio de busca e apreensdo nos enderecos do mencionado investigado. IV.1.5 — NEY ROBINSON SUASSUNA NEY SUASSUNA, na qualidade de ex-Senador, guarda fortes vinculos politicos no Estado da Paraiba e, em decorréncia disso, teria sido 0 responsdvel pela internalizacdo das operacdes de DANIEL GOMES DA SILVA no Estado da Paraiba, a partir do momento em que o apresentou ao ento candidato ao Governo do Estado, RICARDO COUTINHO. Em colaboragio, DANIEL GOMES narrou que NEY SUASSUNA 0 interpelou acerca de interesse em fazer negécios na Paraiba, afirmando ser muito amigo de RICARDO COUTINHG, que, na sua visio, tinha grandes chances de ganhar o pleito eleitoral. Confirmado o interesse, DANIEL GOMES DA SILVA foi apresentado a RICARDO COUTINHO, o qual, durente o encontro, partilhou a necessidade de levantar recursos para a campanha ao Governo do Estado e propds que, eleito, trabalhariam juntos em alguns projetos na area de saiide, DANIEL GOMES aceitou a proposta e, naquele mesmo dia, entregou a quantia de RS 200.000,00 (duzentos mil reais) em espécie, valor repassado 4 LIVANIA FARIAS, na presenca de ARACILBA ROCHA e de FABRICIO SUASSUNA. Em sua colaboracio, LIVANIA MARIA FARIAS afirmou que: Juda a un ARACILBA, @ entéo NEY SUASSUNA entrou em corto com j CCautelar Inomirada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 DANIEL; que DANIEL informou que iria fazer um depésito de R$300.000,00 (trezentos mil reais); que ao conierir 0 depésito, verificou que néo estava em nome do pal de DANIEL; cue pessoalmente, indagou DANIEL se a pessoa cujo nome aparecia nie trensfer€ncia teria como justificar a disponibilidade do valor; que DANIEL Ihe disse que @ trensferéncia foi feita em nome de um tio, cue ganhava muito dinhelro; que a conversa sobre o depésito de R$ 300.000,00 se deu por telefone, por intermédio de NEY SUASSUNA; que ARACILBA fol quem fez 0 contato com NEY SUASSUNA”’ RICARDO COUTINHO se elegeu e, consequentemente, o Governo do Estado da Paraiba iniciou transagdes com DANIEL GOMES, a partir de quando NEY SUASSUNA, interlocutor, passou a exigir comisséo. Em razio disso, 0 colaborador DANIEL GOMES DA SILVA repassava, mensalmente, a0 ex-Senador a quantia de R$ 40.000,00 (quarenta mil reals), além do pagamento referente locag&o fantasiosa de 10 (dez) apartamentos de propriedade co citado investigaco. A outra parte da quantia ajustada era retirada do caixa de propina e entregue, mensalmente € em espécie, a NEY SUASSUNA, na casa dele, quando da prestag3o de contas, conforme éudios", enquanto 2 outra parcela era repassada mediante simulagéo de pagamentos a empresas indicadas por FABRICIO SUASSUNA, as quais emitiam notas fiscais descrevendo diversos servicos jamais executades, ou seja, aparentemente serviam somente como forma de disfarcar e “lavar” o dinheiro da progina. Com finco no exposto e vislumbrendo a possibllidade de que 0 investigado possa ter praticado o crime de lavagem de dinheiro, entre outras figuras tipicas, a serem melhor discernidas, entendo suficientes os elementos trazidos a justificar 2 realizagdo de busca e apreensdo nos enderecos relacionados, notadamente porque tal medida visa corroborar o material probatério ja colhido no curso des investigagies. 1V.1.6 — FABRICIO PARANHOS LANGARO SUASSUNA FABRICIO SUASSUNA, filho de NEY SUASSUNA, seria, de acordo como o Ministério PUblico, conhecedor do suposto esquema criminoso existente entre RICARDO COUTINHO e€ DANIEL GOMES, porquanto teria participado da suposta primeira tratativa de desvio de verbas publicas ocorrida entre estes, ainda na campanha eleitoral de 2010 para 0 governo do Estado da Paraiba. DANIEL GOMES, em colaboragio, confirmou que aceitou a Proposte apresentada Dor RICARDO COUTINHO e, no mesmo dia ca reunigo, entregou a quantia de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais)-em espécie, & LIVANIA FARIAS, na presenca de ARACILBA ROCHA e de FABRICIO SUASSUNA, no interior de um veiculo estacionado em frente a um hi 19 Audios 151130 001 NEXO 67 ~ COLABORACKO DANIEL GOWES DA SILVA... oe ALYY PaSeNthce OE SOR. SeoeMs 192 CCeutelar Inominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 Ainda segundo 0 colaborador DANIEL GOMES, uma parcela da propina paga 2 NEY SUASSUNA era repassada mediante simulacdo de pagamentos 2 empresas indicadas por FABRICIO SUASSUNA, as quais emitiam Notas fiscais descrevendo diversos servicos jamais prestados. FABRICIO PARANHOS LANGARO SUASSUNA, de acordo com as investigagées, seria, em tese, 0 operador de um esquema que visava dar ar de legalidade & propina repassada por DANIEL GOMES e que tinha por beneficidrio NEY SUASSUNA. Nesse diapasdo, considerando a possivel pratica de ilicito referente a lavagem de dinheiro, também entre outras figuras tipicas, necessaria 2 realizagSo de busca e apreenséio em desfevor do investigado, a fim de identificar as empresas envolvidas, bem como revelar a destinacao dada aos recursos provenientes dos eventuais ilicitos administrativos. IV.1.7 — EMIDIO BARBOSA DE LIMA BRITO Segundo apontam as investigagSes, EMIDIO BARBOSA DE LIMA BRITO guardava relagio de estrita confianca com NEY SUASSUNA, atuando, inclusive, como interposta pessoa para as operagées daquele no Estado da Paraiba. DANIEL GOMES DA SILVA, em colaboracao, afirmou ter pago propina a NEY SUASSUNA ¢ que repassava uma parte do valor por meio de pagamento referente @ ficticia locagéo de 10 (dez) apartamentos, cuja operacionalizacio dessa transacéo era realizada pela empresa SOUTO MAIOR CONSTRUCGES E INCORPORACOES LTDA (ME), da qual EMfDIO BARBOSA DE LIMA BRITO figura como sécio. Os veementes indicios sobre a atuacdo de EM{DIO BARBOSA DE LIMA BRITO na suposta realizagéo de lavagem de dinheiro, operada por meio de uma empresa de construcdo e incorparacao, responsavel pelo agenciamento de pagamentos de supostos alugueis em favor de NEY SUASSUNA, autorizam a medida de busca e apreensSo em desfavor co referido investigado. IV.1.8 — CASSIANO PASCOAL PEREIRA NETO © investigado CASSIANO PASCOAL PEREIRA NETO, conforme re peca cautelar, seria pessoa ligada a NEY SUASSUNA, aparecendo como \responsavel pela apresentacio das operagdes de DAVID CLEMENTE MONTEIRO CORREIA, representante do INSTITUTO GERIR, no Estado da vee \ < ‘ micfepo VITAL DE ALMEIDA DESEMBARGADOR Cautelar thofrinada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 193 Sequndo 0 colaborador LEANDRO NUNES DE AZEVEDO, em raz5o da implantag&o do contrato de gesto da Maternidade de Patos/PE, passou a receber de CASSIANO PASCOAL PEREIRA NETO, mensaimente, R$ 2.000,00 (dois mil reais), telatando que LIVANIA também recebia propine por sua intervengo no processo de contratacao. Ainda de acordo com LEANDRO NUNES, em 2012, CASSIANO PASCOAL PEREIRA NETO ‘ealizou pagamento de propina a ESTELIZABEL BEZERRA no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), cuja entrega teria ocortido no estacionamento do supermercado Carrefour, nesta capital. LIVANIA FARIAS, em colaborago, detalhou toda a pactuacSo com 0 INSTITUTO GERIR, identificendo CASSTANO PASCOAL PEREIRA NETO e DRESLO como as pessoas que “apresentaram” a referida organizacdo social, inclusive, a colaboradora confirmou ter viajado & Goidinia/GO para conhecer os responsaveis € suas operacdes. Na oportunidade, o proprio DAVID CLEMENTE MONTEIRO CORREIA © 0s oprincipais executivos, entre os quais “Carri” e “Edsamuel", recepcionaram-na e, apés reunides, acertaram que a participaciio do Gerir, no Estado da Paralba, seria na gestio da Maternidade de Patos/PB e no Hospital Estadual de Taperoé/PB. Alm dessas unidades de saide, em momento posterior, 0 Instituto Gerir assumiu, mediante contrato emargencial, a administracao da UPA de Guarabira/PB. ___ AS_Informacies trazidas pelos colaboradores LEANDRO NUNES ¢ LIVANIA FARIAS so, como minimo, indicios suficientes da atuacSo de CASSIANO PASCOAL PEREIRA NETO na distribuicdo de propina para membros do Governo do Estado da Paraiba, em virtude das vantagens obtidas pelo INSTITUTO GERIR, evidenciando, assim, a necessidade da medida de busca e apreensdo em desfavor do investigado, 1V.1.9 — ARACILBA ALVES DA ROCHA ARACILBA ALVES DA ROCHA foi Secretaria de Estado e, nos termos da pega ministerial, teria sido responsavel pela intermediaciio da ORCRIM com varios operadores, agentes politicos e lobistas. A investigada atuaria como “assessora” de RICARDO COUTINHO e, nessa condic&o, promovido a primeira reuniao deste com DANIEL GOMES DA SILVA, conforme orquestrado por NEY SUASSUNA, com 0 qual guardava estreita relado de confianca Conforme relatado por DANIEL GOMES em sua colaboracéo, essa reuniSo, ao que consta, se mostrou bastante proveitosa, porquanto, no mesmo dia, ele aceitou a proposta de RICARDO COUTINHO e, sob a promessa de celebragdo de contratos com o Estado da Parafba, entregou gquantia de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) em espécie, valor mcs CIVANIA FARIAS, na presenca de ARACILBA ROCHA e de FABRICIO SUASSUNA. { i — MEIDA Cycanoo(irh De AL Coutelar Inominaga Criminal 0006835-33,2019.815.0000 SY ESEMBARGADO4 A patticipagéo da investigada no esquema criminoso esté descrita por LIVANIA MARIA FARIAS, que em colaboracao narrou a atuacao de ARACILBA ROCHA como intermedidria no inicio das tratativas entre RICARDO COUTINHO e DANIEL GOMES. Em um evento narrado por LIVANIA, ARACILBA acionou NEY SUASSUNA e conseguiu que este convencesse DANIEL a depositar R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) em favor da cempanha de RICARDO COUTINHO (Documento de fi,, onde figura como depositante Jaime Gomes da Silva). Como se denota, existem indicios do envolvimento da investigads na ORCRIM, sobretudo na func&o de angariar financiadores, sob a promessa de realizacao de contratos fraudulentos com o Estado da Paraiba, sendo necessério, destarte, o aprofundamento das investigacdes por melo da realizagdc de busca € apreens3o nos enderacos indicados. 1V.1.10 - CANAL 40 © CANAL 40 é a estrutura fisica, localizada na rua Waldemar Pereira do Egito, 289, Mangabeira, Joa Pessoa/PB, onde teria se consubstanciaco 0 verdadeiro “quartel-general’ da suposte orgenizac&o criminosa. Aideia do CANAL 40, de acordo com o Ministério Publico, seria fruto da necessidade de viabilizar o plano de inocular membros da organizacSo nos poderes Executivo e Legislativo paraibanos, a fim de proporcionar aos postulantes, sobretudo aqueles do Partido PSB, os melhores recursos, centralizados em uma grande estrutura e com altissimo padrSo de qualidade. © acompanhamento da execugéo do projeto de reforma do prédio do CANAL 40, que, em verdad, seria uma reconstrugéo, coube a IVAN BURITY, o qual, em colaboracdo, narrou que essa tarefa deveria ser desempenhada de forma "secreta”, ou seja, sem registros oficiais, porquanto bancada pelo saldo de caixa da propina recebida por diversos agentes econémicos. Segundo IVAN BURITY, apés reuniio com LIVANIA FARTAS RICARDO COUTINHO, recebeu 2 misséo fazer uma ampla reforma, quase uma reconstrugéo das instalacdes, porque a idela era erguer um pavimento a mais em toda a extensdo do prédio, tanto que parte teve que ser demolida porque nao tinha fundagées adequadas. Essa misstio de reconstruir o canal deveria ser cumprida, no entanto, sem chamar atencao, sem contratos oficiais com construtoras e sem alvara. Com o fim de viabilizar 0 projeto de remodelacdo do CANAL 40, IVAN BURITY teria procedido inmeras coletas de propina em empresas dos mais diversos matizes, registrando, em colabOracio, que as coletas ocorreram em uma construtora que fica em frente ao Restaurante Tenda do Camarao, na Torre, € em outra situada na Av. Hilton Souto Maior, ambes contactadas previamente por LIVANIA, bem como na empresa GRAFSET. | (\ x a _ cago VA CE ADOR Cautelar Inominada Criminal c000835-33.2049, 495 IVAN BURITY relatou que nessas coletas Ihe coube receber recursos da ordem de R$ 100 2 200 mil e pagar perte das contas da construg3o do ‘CANAL 40. Ressaltou, ademais, que a busca por patrocinio foi intensa, na medida em que, por conta de obras complementares solicitadas por RICARDO COUTINHO e LIVANIA, 0 orcamento ultrapassou a barreira de R$ 1.000.000,00 (um milhao de reais). As instalagées do CANAL 40, segundo informagées do colaborador IVAN BURITY, ficaram suntuosas, com estuidios climatizados e isolados acusticamenta, bloco de comando com escritério e suite para RICARDO COUTINHO, salas com antessalas para candidatos, varias salas para reunido, salas para produgSo de videos e spots de radio, refeitério, cozinha, 17 estacionamentos cobertos, complexo de salas para 0 juridico, duas recepcdes independents, sala para “T.1.” e um muro reforgado. Essa estrutura teria sido utilizeda nas campanhas posteriores e incubadas todas as campanhas da empresa criminosa de 2012 a 2018, servindo como ponto de apoio para tratativas ilicitas e gerida por servidores publicos desviados de suas fungées, como, por exemplo, MARIA LAURA FARIAS. Em sua colaboracéo, MARIA LAURA FARIAS informou que se tornou a gestora do CANAL 40 e, mesmo sendo servidora da Procuradoria-Geral do Estado, ficava integralmente no Canal, sendo de sua responsabilidade gerir toda a estrutura administrative, sob as ordens de LIVANIA e com o emprego de valores por ela repassados, via LEANDRO NUNES DE AZEVEDO. Especificamente sobre 0 CANAL 40, MARIA LAURA, em colaboracao, relatou: ‘que LIVANIA sempre ia e separava os moveis para depois mander alguém ir pager; que ‘eles” alugaram uma casa em Tambauzinho, por trds do Espaco Cultural, para reuniées de campanha; que “montou” essa casa; que alguém da candidatura da oposicSo alugou uma casa préxima; que por isso os integrantes da campanha de JOAO AZEVEDO desistiram da casa; que LIVANIA achou methor fazer as reunides sequintes no Canal 40; que passaram a se reunir no Canal 40 jé préximo ao periodo das eleigdes; que muitas reuniées eram realizadas a acite; que, ao saber que JOAO AZEVEDO iria, LIVANIA foi airés dos méveis para arrumar 0 gabinete; que JOAO AZEVEDO comegou a atender i no periodo do més de agosto; que LIVANIA comprou as moveis na loja "ESPACO A"; que a loja fica préxima ao antigo posto FREEWAY, na Avenida Epitécio Pessoa; (...); que chegou @ ir duas vezes 4 /oja para fazer os pagamentos; que dentre os méveis comprados esté uma mesa preta, carissima, com © nome "PARIS" em dourado, em varios locais da mével; que também foi comprada uma mesa de faca com dez a doze lugares; que também fot comprado um estofado com duas cadeiras de apoio; que também foram compradas auas mesinhas de canto; que também fol comprada uma mesa redonda, na cor laranya, toda espelhada; que também foi comprada uma mesa de centro, em lace,yia cor bege; que todos esses méveis estdo na casa do Bairro das Indtistrjas; que, também foi comprado um hack, de laca, cor clara; que esses méveis anes x4 6 ey. Ey Wath Te AOR (a0 VALE GAD CCaulelar trominada Criminal 0000895-39.2019.815.9000 gh esa ‘ 70.000 (setenta mil reais); que a mesa custou R$ 30.000 (trinta mil reais); que todos esses moveis foram destinados ao gabinete e {a ficaram até perto do Natal; que LIVANIA era quem sempre ia escolher os mdveis a serem comprados; que a ordem de comprar e pagar veio de LIVANIA; que era usual montar um gabinete novo para 05 candidatas; que o mesmo ocorreu com RICARDO COUTINHO™ Ainda segundo MARIA LAURA, parte cos méveis adquiridos pare o CANAL 40, pagos por meio de propinas, foram destinados, posteriormente, 20 esctitério de RICARDO COUTINHO, no Bairro dos Estados. Acrescentou que adquiriu, com dinheiro ce propina, matarial de informatica, celulares e outros tantos objetos, ressaitando ter conhecimento que a casa onde estava instalado o CANAL 40 pertencia a irm3 de RICARDO COUTINHO, mas a fiscalizacio daquele imével competia a CORIOLANO COUTINHO. Revela-se necessdrla, dessarte, a produgio ce material probatério quanto 20 mencionado imével, porquanto teria ele sido erguido, mobiliado @ aparelhado com dinheiro, em tese, advindo de propina. 1V.1.11 — BRENO DORNELLES PAHIM FILHO. BRENO DORNELLES PAHIM FILHO, segundo 0 Ministério Publico, € casado com Raquel Vieira Coutinho, irma do ex-Governador RICARDO VIEIRA COUTINHO ec de CORIOLANO COUTINHO, As investigacdes apontam a suposta participagdio de BRENO DORNELLES PAHIM FILHO na ORCRIM como pessoa interposta da "familia Coutinho", utilizada pare ocultar os integrantes do “cla”, em tese, reais beneficiarios das atividades das empresas Ametista Ltda e Cobre Servicos de Reforma e Pintura Ltda-ME. As noticias obtidas pelo Ministério Publico revelam que BRENO DORNELLES PAHIM FILHO havla trabalnando na antiga VARIG - VIACAO AEREA RIO-GRANDENSE, no periodo de 06/09/1982 a 21/06/2006, ¢ desde 10/07/2006 até 0s dias atuais, trabalha na empresa GOL LINHAS AEREAS S.A., situacSo indicadora de que sempre foi empregado na iniciativa privada, no cargo de supervisor administrative, com salério _mensal de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), aproximadamente. Além disso, conforme a ial cautelar, BRENO DORNELLES PAHIM FILHO teria participado da abertura da empresa AMETISTA LTDA, nome fantasia PEDRA DA LUA (CNPJ 70.310.487/0001-94), aos 30/09/1997, com atividade no ramo de hotéis. E que, aos 23/10/2013, 0 mencionado investigado teria realizado com seu cunhado, CORIOLANO COUTINHO, a abertura da empresa COBRE SERVICO DE REFORMA E PINTURA LTDA-ME (CNP) 19.131.134/0001-70), nome fantasia COBRE SERVICO, d6 ‘ac le canstrucao civil, com capital social de RE 40.000,00 (quarenta mil reais). ( at, PE ALMEIDA Cautelar Inominada Criminal 197 ‘Ademais, 0 Ministétio Publico apurou, por meio do Sistema CENSEC (Central Noterial de Servigos Eletrénicos Compartilhados), procuracdes emitidas por BRENO DORNELLES PAHIM FILHO, outorgando poderes a CORIOLANO COUTINHO, demonstrando haver estreita relagéo de confianca e atuacao conjunta entre eles na conducao de seus negcios e/ou empresas, conforme dados a seguir: fin 1p eee Outorgante Outorgado = | | ___RAQUEL VIEIRA COUTINHO e Procuragio | 25/07/2016 | geeNo DORNELLES PAHIM FILHO | CORFOLANO COUTINHO Fonte: Dados obtidos no Sistema CENSEC. Diante desse cendrio, a anilise preliminar dos elementos trazidos na cautelar evidencia a presenca de indicios de cue BRENO DORNELLES PAHIM FILHO possa ter atuado como sécio “laranja” nos quadros de empresas vinculadas a0 grupo familiar do ex-Governador RICARDO VIEIRA COUTINHO, de modo que a busca e apreenso no endereso do citado investigado se mostra indispensavel para a producgo de material probatério. IV.2— DO PERICULUM IN MORA Conforme bem ponderou o Ministério Publico, “o arresto de documentos, objetos e informacées utilizades nas tretativas que precederam o cometimento dos crimes anunciados, que os materializem ou que relevem técnicas de lavagem, como de ocultacéo de bens em nome de terceiros (manobrada empregada por integrantes de nucleo ou célula especifica da ORCRIM), mostram-se aptos a fornecer o substrato necessdrio ao érgSo acusador, na medida em que a anélise do material coletado, mormente dos devices (fontes de boa prove na atualidade), poderd fazer exsurgir ou reforgar a realidade dos fatos.” In casu, a Bo concessio de medida initio iitis, ou a sua demora, pode vir a tornar de todo indcua a diligéncia, porquanto ser possivel os investigados, a0 menos teoricamente, ocultar documentos e outras provas necessarias & comprovaco da ilicitude das condutas em tese perpetradas, dificultando, ou até mesmo abstaculizando, a instruc&o probatéria, sendo razodvel temer que informagSes importantes desaparecam, tornando invidvel a tutela jurisdicional. Outrossim, existe um risco concreto de que o conhecimento acerca da Intensifica¢do e do aprofundamento das investigacées provoque a destruico de provas, méxime porque o/debate em tarno da Operagao Calvario, e sua grande repercussao na realidace déste Estado, e além fronteiras, pode precipitar todo esse processo de obstrucao de provas. C Hi Yracse ebm epee ane (Cautelar tnominada Criminal 0¢00835-33,2019.815.0000 198, Além disso, os fatos ent3o esquadrinhados teriam se dado no contexto de uma organizacao criminosa, sendo eles catelogados dentro dos “casos de dificil prova”, Nao ha duvida que o combate a esse tipo de criminalidade exige paradigmas outros e novos, assim como a valorizagio de standards probatérios (ou elementos de convencimento) néo usuals (prova Indireta ou prova por indfcio). Entiio, 0 deferimento do pedido se afigura conveniente para elucidacéio dos fatos em toda sua extenséo, mormente para a coleta de provas essenciais a comprovar a prética, ou no, das condutas criminosas sob apuragio; ¢ para, além disso, corroborar elementos de provas ja angariados. Hé, sem duivida, indicios, sobejos, como minimo, da participactio dos Investigadas em praticas ligadas @ corrupcéo (de aderéncia 8 ORCRIM), em sentido amplo (formas de materializagdo: responsabilidades em torno da edicSo de atos questionados, prenhes de irregularidades; auséncia de fiscalizacéo de contratos e recusa em prestar informasées aos drgdos de controle; presenca de vinculos subjetivos com o alto comando de organiza¢o criminosa, quando se esperava imparcialidade; adocdo de técnicas de contrainteligéncia, contatos e registros telefOnicos suspeitos; recebimento de propina por intermediérios; histérico de comportamentos suspeitos @ etc.) Para o deferimento dessa medida de cunho cautelar e instrumental é suficiente a presenca de indicios de prova (0 que nda se confunde com prova por indicio}, ou juizo de probabilidade (probale cause) do fato que se exige para pronunciamentos judiciais dessa natureza. Na hipétese versada, as suspeitas razoaveis (reasonable suspicion) em torno dos crimes apontados justificam 4 fartura o deferimento da pretensao. A gravidade concreta das condutas em tese perpetradas, cujes indicios remanescem com suficiéncia nesta fase sumaria de cognicao, resulta da ousadia @ desembaraco com que teriam agido os investigados, lesando, ou, no minimo, alguns deles, ajudando a lesionar o patriménio publico. O grau de danosidade de tais actes € de tal monta que ndo é possivel aquilatar 0 mbito do prejuizo causado, sabendo-se, Unica e insofismavelmente, que atinge indistintamente a populagéo. Ademais, restou evidenciado que as apontadas condutas delituosas foram, ao menos em tese, praticadas em um esquema criminoso que, aparentemente, possui um modus operandi criativo ¢ aprimorado, sendo a medida de busca e apreensio necessdria para reforcar os elementos de provas acerca da materialidade dos crimes, com a coleta dos objetos, instrumentos e produtos a estes relacionados. Nao se olvide que a gravidade dos fatos investigados e a necessidade de resguardo do interesse puiblico, autorizam, por si sds, 0 deferimento da busca e apreenséo perseguida, posto que € medida “per si’ imposta ao atendimento do interesse de toda a concise. | ‘a Bumelor oF Cauteler Inominada Criminal 0000835-33.2019, wes AROADOR 190 DES Ademais, mostra-se recomendavel a ordem de busca e apreensio, haja vista tratar-se 0 contexto em foco de fato complexo, exigindo investigacdio diferenciada e continua. Nesta esteira, o artigo 5°, XII, da CRFB/1988 admite a relativizacdo da protecao 4 intimidade e a vida privada para fins de investigacao criminal, ainda mais quando se esta diante do interesse da sociedade de conhecer o destino dos recursos puiblicos, do seu patriménio, desviado (em tese) a fins escusos. V-—DA APREENSAO DE MATERIAIS FISICOS E DIGITAIS LOCALIZADOS NO IMOVEL, AINDA QUE PERTENCAM A TERCEIROS. Nos termos do art. 240, §19, “e” e “h’, do CPP, é cabivel a busca domiciliar, quando fundadas raz6es a autorizarem, para descobrir objetos necessarios & prova de infracdo ou a defesa do réu e colher qualquer elemento de convicgao. Na espécie, notadamente em razéo da natureza dos crimes supostamente praticados, é possivel que os investigados tenham se utilizado, ou ainda utilzem, de objetos, a principio, pertencentes a familiares, funciondrios e terceiros, podendo, portanto, ser apreendidos, independentemente da propriedade, quaisquer objetos, documentos e materizis eletrénicos localizados no respectivo Imdvel, desde que relevantes investigac&o e estejam relacionados as infracdes penais sob apuracao. VI — DA APREENSAO DE MATERIAIS ELETRONICOS E DO AFASTAMENTO DE SIGILO TELEMATICO DOS SERVICOS DIGITAIS DISPONIVEIS EM TAIS APARELHOS. Néo ha duvide acerca da crescente evolucao do crime. O Estado precisa, e deve, acompanhar, langando m&o do uso de novas técnicas investigativas, a exemplo da busca e apreensdo nao classica, Assim, quanto a necessidade de apreensdo de materiais eletrénicos € afastamento de sigilo telematico dos servicos digitais disponiveis em tais aparelhos, destaco nao se subordinar aos ditames da Lei n. 9.296/96 a obtencao do contetido de conversas e mensagens armazenadas em aparelhos de telefone celular ou smartfones. O sigilo a que alude o art. 5°, XII, da Constituigéo Federal, refere a interceptac3o telefénica ou telematica propriamente dita, ou seja, é da comunicagdo de dados, e néo dos dados em si mesmos. Assim, a obtencdo do contetido de conversas € mensagens armazenadas em aparelho de telefone ir Ou smartphones nao se subordina aos ditames da Lei n. 9.296/96. snore i agih dados armazenados nos aparelhos celulares decorrentes de envio ou recebimento cna RICA DAROFOOF CautelrInominada Chnina 9000835-3.2019 15.0000 bree 200| dados via mensagens SMS, programas ou aplicativos de troca de mensagens (dente eles 0 "WhatsApp"), ou mesmo por correio eletrGnico, dizem respeito a intimidade e a vida privada do individuo, sendo, portento, inviolaveis, no termos do art. 5°, x, da Constituiggo Federal, de modo que somente podem ser acessados e utiizados mediante prévia autorizacdo judicial, nos termos do art, 3° da Lel n. 9.472/97 e do art, 7? da Lei n. 12,965/14. “O acesso ao contetido armazenado em telefone celular ou smartfone, quando determinada judicialmente a busca e apreens%io destes aparelhos, nao ofende a art. 5°, inciso XII, da Constituicdo da Repilblica, porquanto 0 sigilo a que se refere o aludido preceito constitucional é em relag&o a interceptacao telefénica ou telematica propriamente dita, ou seja, é da comunicagSo de dacos, e néo dos dados em si mesmos. Na pressuposiggo da ordem de apreensfio de aparelho celular ou smartfone esta o acesso aos dados que neles estajam armazenados, sob pena de a busca e apreenséo resultar em medida irrita, dado que o aparelho desprovido de conteudo simplesmente nao ostenta virtualidade de ser utilizado como prova criminal". Em sintese, ocorrendo busca e apreensdo da base fisica dos aparelhos de telefone celular, ante a relevancia para as investigacoes, a fortior, nao hé dbice para se adentrar no seu contetido j4 armazenado, porquanto necessério a0 deslinde do feito, sendo prescincivel outra autorizacio judicial para anélise e utllizagao dos dados neles armazenados.” Jn casu, torna-se necessario 0 afastamento do sigilo telematico do material eletrnico apreendido, em especial, os aparelhos celulares, tablets e computadores, bem assim 0 acesso aos servigos digitais utilizados pelos investigados nos aparelhos e localizados na intemet. Verifica-se funcionarem alguns aparelhos como meros exibidores (clientes) de contetido disponivel na nuvem (servidores), no que se chama “computacao na nuvem”. Em verdade, & possivel que os investigados utilizem de servigos de armazenamento digital, inclusive em nome de terceiros, e que grande parte do contetido probatério relevante nao seja acessivel sem o uso da internet, ou seja, os arquivos nao estaro propriamente dentro do aparelho eletrénico, na abordagem © mesmo se aplica para os computadores que eventualmente sero apreencidos, senco cada vez mais comum a utilizacao de “drives virtuais’, que somente armazenam localmente parte dos arquivos utilizados pelo usuario”. E também observavel a facilidade de criagao de e-mails clandestinos, em nome de pessoas ficticias, cujas credenciais de acesso estardo disponiveis unicamente nesses aparelhos. 20 S1J, HC 372.762/MG, Rel. Ministro FELDK FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 03/10/2017, DJe 16/10/2017. 21 RHC 75 800/0R, Rel, Winistro FELIX FISCHER, QUINTH! TURMA, jugado em 15/08/2036, DJe 26/09/2016. 22 RHC 77.232/SC, Rel. Minsto FELIX FISCHER, QUINTATURMA, jugado em 3/30/2017, Dle 16/30/2017. 23.05 sistemas de armazenagem na-nuvem scmente dsppnibilzam um “cache, ou ‘seja, um depésto de arquivos, beseado nos arquves mais utlizados pelo ysudrio. | pacafoo VIAL FE ROR. Cautela Inominada Criminal €000835-23 2019.8 ee) | 201 Assim, deve ser viabilizado o acesso aos dados armazenados nos aparelhos eventualmente apreendidos, robustecendo o alvitre quanto a licitude da prova, VII - DO DISPOSITIVO Ante o exposto, INDEFIRO O PEDIDO DE PRISAO PREVENTIVA de BENNY PEREIRA DE LIMA, por nao vislumbrar os requisitos indispensaveis 4 custédia preventiva, circunscritos no art. 312 do Cédigo de Processo Penal, em relacdo a este investigado; ao passo em que, sob a normatizacio dos arts. 5°, LIV e LXI, e 93, IX, da Constituicio Federal, e 312 do Cédigo de Processo Penal, DECRETO AS PRISOES PREVENTIVAS de (1) RICARDO VIEIRA COUTINHO; (2) ESTELIZABEL BEZERRA DE SOUZA; (3) MARCIA DE FIGUEIREDO LUCENA LIRA; (4) WALDSON DIAS DE SOUZA; (5) GILBERTO CARNEIRO DA GAMA; (6) CLAUDIA LUCIANA DE SOUSA MASCENA VERAS; (7) CORIOLANO COUTINHO; (8) BRUNO MIGUEL TEIXEIRA DE AVELAR PEREIRA CALDAS; (9) JOSE ARTHUR VIANA TEIXEIRA; (10) BRENO DORNELLES PAHIM NETO; (11) FRANCISCO DAS CHAGAS FERREIRA; (12) DENISE KRUMMENAUER PAHIM; (13) DAVID CLEMENTE MONTEIRO CORREIA; (14) MARCIO NOGUEIRA VIGNOLI; (15) VALDEMAR ABILA; (16) VLADIMIR DOS SANTOS NEIVA e (17) HILARIO ANANIAS QUEIROZ NOGUEIRA, por entender necessarias & garantia da ordem publica, & conveniéncia da instrucdo criminal e ao asseguramento da aplicago da Lei Penal. Executadas as determinagées de aprisionamento contidas neste gecisium, recomendo as autoridades responsaveis pelos atos de constricdo respectivos, sejam as pessoas do sexo masculino, enquanto detentoras de prerrogativa de priséo diferenciada, devidamente alojadas na ala adequada e especial da Penitencidria de Seguranga Média Juiz Hitler Cantalice, localizada nesta Capital, devendo aqueles desprovidos desse status ser encarcerados no Presidio Des. Fidscolo da Noébrega (Réger), igualmente situaco em Joao Pessoa. Condizente as pessoas do sexo feminino, por sua vez recomendo sejam acomodadas no Penitencidria de Reeducacao Feminina Maria Julia Maranhao, localizada no Bairro de Mangabeira, também nesta Capital, e, em nao havendo no ergastulo feminino acomodacSo de pris%io especial condizente, a quem porventura tal prerrogativa possua, que seja, ou sejam, encaminhadas e mantidas na 6? Companhia Independente da PM/PB em Cabedelo, Paraiba, 8 disposico deste Juizo subscritor das constricées. Em relaciio aos investigados RICARDO VIEIRA COUTINHO e CORIOLANO COUTINHO, deverdo ser mantidos em separado e sem contato de qualquer natureza em relago 2os igualmente investigados GILBERTO CARNEIRO DA GAMA e WALDSON DIAS DE SOUZA, até ulterior deliberacao/deste jue Determino, outrossim, a expressa proibicao de visita de qualquer/pessoa, salvo | ese oem Sinonoo® Cautelar Inominaca Criminal 0600835-33.2019.815,9000 SS aca S aeneelu \ Re RES familiares de 1° e 20 graus (em linha reta e colateral) e advogados, na forma da lei ¢ observadas as normas inerentes ao local de cumprimento da medida restritiva de liberdade, visando evitar ingeréncie e influéncia politica no presente processo judicial. Havendo necessidade de deslocamento de quaisquer dos presos, a escolta policial deverd ser realizada exclusivamente pelo GAECO — Grupo ce Atuacdo Especial Contra 0 Crime Organizado. Para os advogados, devem ser observadas as regras previstas no art. 7°, V, da Lei 8906/94 - EOAB Caso a priséio de algum dos requeridos ocorra em outro Estado da Federaco, ele deverd ser removido, no prazo maximo de 30 (trinta) dias, para a cidade Jo&o Pessoa/PB, observadas as determinagdes contidas nos pardgrafos acima, nos termos do art. 289, § 3°, do CPP. Dever, ainde, ser observadas as disposigies da Resolucéo 213/2015 do CNJ, com a realizagio de audiéncia de custédia, no prazo maximo de 24 (vinte e quatro) horas da ciéncia do cumprimento dos mandados ce priséo preventiva Ademais, com lastro nos arts. 5°, XI, da Constituigéo Federal € 240, § 19, alineas “b" e “e”, do Cédigo de Processo Penal, DEFIRO a BUSCA E APREENSAO, estritamente relacionadas aos fatos sob investigacdo, bem assim, os pedidos de aditamento formulados pelo Ministério PUblico, tudo nos seguintes termos: A) DECRETO © afastamento da garantia de inviolabilidade domiciliar, concedendo autorizago judicial para a realizac3o de busca e apreenso, pelo Ministério Publico € pelas forcas de seguranca publica, para arrecadacdo de provas relevantes investigacdo criminal, independentemente da sua efetive propriedade, nos seguintes enderecos, inclusive, em construgSes existentes na mesma area do imdvel, a exemplo de depésitos em éreas externas, casas de hdspedes e residéncia de moradores: “AWO | NOME ENDERECOS j AVENIDA GOVERNADOR ANTONIO DA SILVA MARIZ, 600, CASA 77, PORTAL DO SOL, JOAO PESSOA/PS (RFE) 1 RICARDO VIEIRA COUTINHO | STTIO GAMELAS, S/N, ZONA RURAL, BANANEIRAS/PB RUA DESPORTISTA AURELIO ROCHA, 655, PEDRO GONDIM, JOKO PESSOA/PB (ESCRITORIO) RUA JOSEMAR RODRIGUES OF CARVALHO, n® 275, APTO 2 CORIOLANO COUTINHO 1703, 3D OCEANIA, CEP 5837-415, JOKO PESSOA/PB. RB AVENIDA GOVERNADOR ANTONIO DA SILVA MARIZ, SN, QUADRA, L'55, BOSQUE DAS PROUIDEAS, PORTAL DO GILBERTO CARNEIRO DA Gama SOL JOKO PESSOA/PB (NG) (OAB 10631 PB) RUA J0K0 WACHADO, n0/553, sl, 17 @ 18 — CARNEIRO GAMA ADVOGADOS — GErtro, oo Pafsoa/PR — CEP. 158.013-520 (ESCRITOAIO) / Cautelar Inorrinada Criminal 0000835-23.2019.815.0000 sj DES! 203 RUA ARNALDO COSTA, n® 1672, CRISTO, JOKO WALDSON DIAS DE Souza | RUAARNALDO-CO RUA WALFREDO GOMES CORREIA, 32, JOSE AMERICO, JOKO PESSOA/PS (RFE) | | 5 ESTELIZABEL BEZERRA DE SOUZA ‘AVENIDA UMBLZEIRO, $47, APTO 402, WANATRA, TORO PESSOA/PB (N3) 6 | CLAUDIA LUCIANA DE SOUSA ‘AVENIDA UMBUZEIRO, 547, APTO 402, MANAIRA, JOAD MASCENA VERAS: PESSOA/PB (RFB/N3) me MARCIA DE FIGUEIREDO LUCENA RODOVIA P3 018, SN, SITIO EMBALIRA, CONDE/PS (RFS) © URA RUA FRANCISCO CARNEIRO DE ARAUIO, $5, APTO 501, CASO BRANCO, JOAO PESSOA/PB (N3) ] 'AVENIDA SAPE, 601, APTO 1402, MANATRA, JOAO | | PESSOA/PB (N3} ESTRADA DE GOIAMUNDUBA, CONDOMINTO AGUAS DA 8 FRANCISCO DAS CHAGAS FERREIRA | ceara, QUADRA 2-2, LOTE 6, BANANEIRAS/PB (OAB 18025 PB) RUA FERNANDO LUTZ HENRIQUE DOS SRNTOS, 125, JARDIM OCEANIA, JOAO PESSOA/PB (N3) (ESCRITORIO) DAVID CLEMENTE MONTEIRO | RUA 14, 19 551, JARDIM GOIAS, CEP 74610-180, cicade CORREIA de GOTANIA/GO | 0 BRUNO MIGUEL TEIKEIRA DE | RODOVIA BR 230, KM 0, LT 208, QUADRAD, [AVELAR PEREIRA CALDAS_| INTERMARES, CABEDELO/PS (RF) Ee AVENIDA ABEL CABRAL, 1397, APT 1102, BLOCO C, NOVA a DENISE KRUMMENAUER ANIM paRNAMIRIM, PARNAMIRIN/RN (RFB) RUA ISMAEL PEREIRA DA SILVA, n® 1515, CONDOMINIO. 12 | BRENO DORNELLES PAIN FILHO | SOLAR ALTAVISTA, APTO 302, BLOCO B, CAPIM MACIO, NATAL/RI [AVENIDA ABEL CABRAL, 1397, APT 1102, BLOCO C, NOVA 13 BRENO DORNELLES PAHIM NETO paaNaMIRIM, PARNAMIRIN/AN (RFS) RUA SENADOR RUI CARNEIRO, 219, SKO JOSE, 14 Benny PEREIRA DELIA | RUA SENADOR RUT z sina RUA CASIMIRO DE ABREU, 36, APT® 804, BRISAMAR ~ 15 | _coséaaTHue viawa Tencerra | RUA CASIMIRO DE AB i RUA GENERAL PEREIRA DA SILVA, n® 79, APTO, 501, 16 MARCIO NOGUEIRA VIGNOLI | kar niveRen/aa (aro) + HITARIO ANANIAS QUEIROZ | RUA CECILIA MARQUES DA LUZ, 410, ATUBA, | — NoguetRe CURITIBA/PR (RFE) i RUA CLOVIS BEVILAQUA, 420, CABRAL, APT 501, (78 YaLbeNa. dra es ‘AVENIDA ARGENIRO DE FIGUEIREDD, 2406, APT, 102, | 39 VLADIMIR DOS SANTOS NEIVA SaRDIM OCEANIA, JOAO PESSOA/PB (RFS) a MARIA APARECIDA RAMOS DE | RUA CORONEL MIGUEL SATYRO, 280, AFTO 301, CABO MENESES BRANCO, JOAO PESSOA/PB (RFB) 7 ‘AVENIDA JOAO CIRILO DA SILVA, CONDONINIO VILA 2 JOSE EDVALDO ROSAS REAL, LOTE 135, ALTIPLAND CABO BRANCO, JOAO fi 3) ror /AVENIDA BAIA, 223, BATRRO OOS ESTA 22_| AR DER ARALDO PESSOA NOR | NENIDA BALA, ENIOTO BARBOSA DE TINA BRITO RUA ENTDIO LUCAS DE SLVR, 365, UNNERSTTART, (OAB 8132 PB) CAMPINA GRANDE/PB (RFB) TRUA 15 DE NOVEMBRO, n° 2450, FALNEIRA, CARPINA 24 | cASSIANO FASODAL PEREIRA NETO | ERS Re ey RUA ENPRESARIO WALDEMAR PEREIRA DO EGITO, 289, MANGABEIRA, JOA0 PESSCAVPE | € s 23 25 CANAL 40 ALMEIBA —frcae seatoe® OR Cautelar Irominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 Me 204 | un 3osé cone, 675, conDowituo pORTINHO 00 ae NEY ROBINSON SUASSUNA | MASSARLI, BARRA DA TIIUCA, RIO DE TANETRO/R1 (RFS) | 7 | canon SSE 28 FABRICIO PARANHOS LANGARO | AVENIDA OCEANO INDICO, 1252, APT. 802, SSUASSUNA, [WTERMARES, CABEDELO/PR (RFA) B) eventuais diligéncias em prédios piblicos, DETERMINO o livre acesso a todas as salas e ambientes do orgéo, bem como a abertura de todo o Mobilidrio que possa conter documentos e objetos pertinentes a investigacao; C) DETERMINO a expedic3o de mandados de busca e apreens&o para os enderegos supramencionados, com a finalidade de apreenséo de quaisquer evidéncias, fisicas e digitais, relacionadas aos crimes contra a Acministracao Publica, em especial corrupcdo, peculato, fraudes licitatérias, lavagem de cinheiro e organizac&o criminosa, notadamente, mas no se limitando, a: €.1) Comprovantes de recebimento e de pagamento; prestagao de contas; ordens de pagamento; agendas; anotacdes; papéis; lixos; documentos bencérios etc, relacionados acs ilicitos narrados nesta petico; €.2) Dispositivos eletrénicos, tais como Desktops; notebooks; discos rigidos; smarifones; pen drives; tablets; sistemas de armazenamento digital, existentes no local de residéncia dos investigados ou nas empresas; €.3) Sistemas eletrénicos utilizados pelos representados; além de registros de cameras de seguranca dos locais em que se cumprem as medidas; C.4) Valores em espécie superiores a R$ 20.000,00 ou US$ 5,000,00, desde que nao seja apresentada prova cabal de sua origem licita, D) AUTORIZO, desde jé, a busca em quartos de hotéis, motéis @ outras hospedagens temporarias onde os investigados tenham se instalado, caso estejam ausentes de sua residéncia; a revista pessoal e apreensao de materiais em veiculos, inclusive se os investigados estejam em deslocamento; 0 acesso a0 contetido eletrénico dos dispositivos eletr6nicos, inclusive na nuvem, em especial os relacionados 2 didlogos e e-mails contidos nos dispositivos; e 0 afastamento do sigilo telematico dos servicos digitais contides nos aparelhos apreendidos nas residéncias dos investigados; E) AUTORIZO, ainda: Z E.1) que as diligéncias possam ser Aetua ass simultaneamente com o auxilio e integragao le membrog_ = aoe : TpeSEMBARGADOR Cauteler Ineminac Criminal Goo0835-23.2039.635.c000 ee as | agiD6 do Ministério PUiblico de outros Estados, Controladoria- Geral da Unido, da Policia Civil, Policle Militar, Policia Federal e Policia Rodovidria Federal, bem como, quanto a esta Ultima, seja requisitada a sua participacdo; E.2) 0 levantamento do sigilo desta medida cautelar e do seu material probatdrio, inclusive das partes e anexos cas colaboragées premiadas nela utilizadas, t8o logo sem cumpridas as medidas nela deferidas, por ser matéria de interesse publico, devendo ser observado as disposigées contidas nos arts. 5° e 7°, § 3°, da Lei n 12.850/2013. E.3) 0 uso € difusSo do acervo probatrio desta medida cautelar, no Ambito de procedimentos criminais e civeis e administrativos, inclusive com @nvio de achados de atos ilicitos a outras instituigdes, a exemplo do Ministério Publico federal, Controladoria-Geral da Unido, Ministério Publico de outros Estados e dentro do proprio Ministério Piblico do Estado da Paraiba. F) Quanto a busca e apreensdo em escritério de advocacia, devem ser observadas as prerrogativas contidas em topico préprio, referente ao investigado FRANCISCO DAS CHAGAS FERREIRA, medida que deve ser estendida ao enderego informado na petigao de aditamento apresentada pelo MPPB (CARNEIRO GAMA ADVOGADOS — Av. Joo Machado, 553, sis. 17 e 18, Centro, Joio Pessoa/PB — CEP 58.013-520), em relac3o ao investigado GILBERTO CARNEIRO DA GAMA, cujo pedido ministerial fica, desde ja, deferido. G) _DETERMINO, desde logo, DECRETADO 0 LEVANTAMENTO DO SIGILO DOS AUTOS, depois do cumprimento das medidas ora pleiteadas e deferidas, e, ademais, que os membros do MPPB responséveis pela investigacdo franqueiem, aos investigados € aos seus advogados, acesso e estes autos ¢ a0 material probatério a cle referente, em obediéncia & Sumula Vinculante n° 14, Cumpra-se. Expecam-se, com urg€ncia, os mandados de busca e apreensdo, nos moldes acima, bem assim os mandados de prisdo e as respectivas cartas precatérias que se fizerem necessarias, com as ressalvas aqui consignadas. Joo Pessoa/PB, 16 de dezembro de Des. Ricardo Vital de Almei¢ RELATOR CCautelar tnominada Criminal 0000835-33.2019.815.0000 206

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