Vous êtes sur la page 1sur 32

CADERNO DE LINGUA

PORTUGUESA
(LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO)

PROFESSOR: PAULO HERCULANO


Macapá
2017

Prof. PAULO HERCULANO


Sumário
1- Texto, Contexto e Elementos Paratextuais ...............................................................5
Conhecimento de mundo ..................................................................................................6
Textos verbais e visuais ....................................................................................................6
2- Definições e concepções de leitura: as essências .................................................8
O tema Leitura ......................................................................................................................8
Leitura e sentido ..................................................................................................................8
Conhecimento Linguístico E Conhecimento De Mundo ............................................9
Informações implícitas .......................................................................................................9
Pressupostos .................................................................................................................10
Subentendidos ...............................................................................................................10
Por que utilizamos sentidos implícitos? .................................................................11
3- Condições De Textualidade ........................................................................................12
Textualidade .......................................................................................................................12
Componentes conceitual e linguístico.........................................................................13
Coerência ........................................................................................................................13
Coesão .............................................................................................................................14
4- Intertextualidade ............................................................................................................15
Citação .................................................................................................................................16
Paródia .................................................................................................................................16
Paráfrase .............................................................................................................................17
5- Tipologia Textual: Tipos e Gêneros ..........................................................................17
O que é tipologia textual? ...............................................................................................18
Narração ..........................................................................................................................18
Descrição.........................................................................................................................18
Dissertação .....................................................................................................................18
Injunção / Instrucional..................................................................................................18
Gêneros textuais ...............................................................................................................19
Carta .................................................................................................................................19
Propaganda.....................................................................................................................20
Bula de remédio .............................................................................................................20
Receita .............................................................................................................................20
Reportagem ....................................................................................................................21
História em quadrinhos ...............................................................................................21
Charge ..............................................................................................................................21
Poema ..............................................................................................................................22

Prof. PAULO HERCULANO


6- Funções da Linguagem ...............................................................................................22
Função emotiva ou expressiva ......................................................................................23
Função Apelativa ou Conativa .......................................................................................23
Função Poética ..................................................................................................................24
Função Fática .....................................................................................................................24
Função Metalinguística ....................................................................................................24
Função Referencial ...........................................................................................................24
7- Figuras da Linguagem .................................................................................................25
Figuras de Palavras ..........................................................................................................25
Metáfora ...........................................................................................................................25
Metonímia ........................................................................................................................25
Catacrese.........................................................................................................................25
Perífrase...........................................................................................................................25
Sinestesia ........................................................................................................................26
Figuras de Pensamento ...................................................................................................26
Antítese ............................................................................................................................26
Paradoxo .........................................................................................................................26
Eufemismo ......................................................................................................................26
Ironia .................................................................................................................................26
Hipérbole .........................................................................................................................27
Prosopopeia ou Personificação.................................................................................27
Apóstrofe .........................................................................................................................27
Gradação .........................................................................................................................27
Figuras de Sintaxe ............................................................................................................27
Elipse ................................................................................................................................27
Silepse..............................................................................................................................28
Hipérbato ou Inversão ..................................................................................................28
Assíndeto ........................................................................................................................28
Polissíndeto ....................................................................................................................28
Anáfora ............................................................................................................................28
Anacoluto ........................................................................................................................28
Pleonasmo ......................................................................................................................28
Figuras de Som ..................................................................................................................29
Aliteração ........................................................................................................................29
8- Variação Linguística .....................................................................................................29
As diferentes variações linguísticas ............................................................................30

Prof. PAULO HERCULANO


Variações diafásicas .....................................................................................................30
Variações históricas .....................................................................................................30
Variações diatópicas ....................................................................................................30
Variações diastráticas ..................................................................................................30

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

texto é necessário identificar o contexto


1- Texto, Contexto e Elementos (social, cultural, estético, político) no qual ele
Paratextuais está inserido.

Você já se perguntou o que é, de fato, um O contexto pode ser explícito, quando é


texto? Geralmente, entendemos o texto como expresso por palavras (o texto em que se
um conjunto de frases, ou seja, algo que foi encontra a frase ou a frase em que se
feito para ser lido. Mas a definição de texto encontra a palavra), ou implícito, quando
não é tão simples quanto parece. está embutido na situação em que o texto é
produzido. Logo, a simples mudança de
Imagine, por exemplo, que você está lendo um contexto faz com que a palavra “madeira” seja
livro e, de repente, encontra em uma página interpretada de maneiras diferentes. Na
qualquer um papel com a palavra “madeira”. primeira situação, embora a palavra esteja
Ora, certamente você ficará intrigado ou dentro de um livro, ela está totalmente fora de
simplesmente não dará importância a isso. contexto, por isso não produz sentido algum.

Agora, vamos imaginar outra situação: você Para deixar ainda mais claro, numa frase o que
está no meio de uma floresta e ouve alguém seria o contexto e qual importância dele. Observe
gritar: “Madeira!”. Bem, se você pretende o seguinte enunciado:
preservar sua vida, sua reação imediata é sair
“Que belo dia!”
correndo. Isso acontece porque a situação em
que você se encontra levou-o a interpretar o Sem se levar em conta o contexto, não se pode
grito como um sinal de alerta. explicar o sentido desta frase. Poderia se imaginar
que ela poderia se referir a um dia agradável, que
A partir desses exemplos simples, podemos a rotina flui sem imprevistos, ou poderia ter sido
chegar a algumas conclusões importantes: dita por alguém que ganhou na loteria. Não se
1º - os textos não são apenas escritos, eles sabe a que contexto se refere, se a um dia de sol
também podem ser orais; após um período chuvoso ou se é um dia de chuva
2º - os textos não são simples amontoados de após meses de sol escaldante. Como não foi
apresentada a situação em que esse enunciado foi
palavras ou frases, ou seja, eles precisam
proferido, há várias possibilidades de sentido
fazer sentido.
nesta frase.

Na segunda situação, uma única palavra foi Observe o texto abaixo retirado de um site de
capaz de transmitir uma mensagem notícias:
de sentido completo, por isso ela pode ser
considerada um texto. Mas o que leva um Por Bernardo Caram,
texto a fazer sentido? G1, Brasília 11/12/2016 16h52
Atualizado 12/12/2016 22h10
Existem elementos que nos ajudam a
interpretar os textos que estão a nossa volta,
mas para que se possa compreender bem um

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

“Delator da Odebrecht cita doações textos. O leitor constrói o sentido do texto


quando articula diferentes níveis de
não declaradas a mais de 30
conhecimento, entre eles o conhecimento de
políticos mundo. Esse tipo de conhecimento costuma
ser adquirido informalmente, através de
Em informações prestadas ao Ministério nossas experiências pessoais e convívio em
Público Federal (MPF) para a assinatura de sociedade. Ativar seu conhecimento de
acordo de delação premiada, o ex-diretor de mundo no momento certo pode ser útil tanto
relações institucionais da Odebrecht Cláudio para salvar sua vida no meio da floresta ou
Melo Filho apresentou valores repassados a para resolver questões do ENEM.
políticos com a finalidade de obter vantagens
para a empreiteira. Agora observe a seguinte imagem:

O depoimento, que veio a público na sexta-


feira (9), traz nomes, valores, circunstâncias e
motivação dos repasses. Parte dos recursos
foi paga por meio de doações eleitorais
oficiais, mas também há registro de propina e
de caixa 2.

Em alguns casos, como o dos senadores


Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros
(PMDB-AL), o dinheiro era entregue a uma
pessoa, mas serviria para abastecer um grupo
dentro do partido. Em outros casos, não é
possível identificar se a doação foi oficial.
Figura 1 - Figura 1- Disponível em: http://www.ccsp.com.br.
Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado). (Foto: Reprodução/Enem)
Cláudio atuava na relação da Odebrecht com
O texto é uma propaganda de um adoçante
o Congresso Nacional. Segundo ele, alguns
que tem o seguinte mote: “Mude sua
pagamentos eram feitos para garantir a
embalagem”. A propaganda utiliza recursos
aprovação de projetos de interesse da
“verbais” e “não verbais”. Os recursos verbais
empreiteira. ” referem-se à palavra “açúcar”, escrita no saco,
e ao slogan “mude sua embalagem”. O
Para compreendermos melhor sobre a conteúdo verbal da propaganda é reforçado
informação retratada no texto é necessário pela parte não verbal, ou seja, a imagem do
que estejamos atentos a situação política do saco de açúcar semelhante a uma barriga
nosso país. gorda, que contrasta com a imagem do
adoçante no canto inferior, bem fininho.
Conhecimento de mundo
Textos verbais e visuais
Ao longo de sua vida, o leitor adquire
conhecimentos utilizados durante a leitura dos Até aqui, vimos que os textos podem ser orais

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

ou escritos. Mas essa noção precisa ser acompanham uma obra. Como podem
ampliada, pois há textos que não contam com motivar a aquisição e a leitura livros, os
o auxílio da palavra, seja ela escrita ou oral. É elementos paratextuais são muito
o caso, por exemplo, da fotografia e da privilegiados pela indústria editorial.
pintura. Dizemos, então, que há textos verbais
e visuais. Há ainda textos que utilizam os dois De todos os elementos paratextuais, o mais
recursos, como no exemplo anterior, assim importante é o título, pois funciona como uma
também como os filmes, que usam imagens, espécie de “slogan” do texto, ou seja, algo que
faça com que o leitor “compre” suas ideias. Alguns
diálogos e legendas.
especialistas já chegaram a sugerir que o título
Então, chegamos a conceito de texto mais
não é relevante para a leitura de um texto, mas
ampliado e consistente: todo enunciado que não é bem assim. Um título adequado pode
faz sentido para um determinado grupo em direcionar a compreensão do texto, ajudando o
uma determinada situação. No ENEM, essa leitor a criar expectativas de leitura.
noção mais moderna de texto é a que vale.
Em alguns casos, o título fornece pistas
Em resumo temos que: importantes para que o leitor levante hipóteses
sobre o que vai ler. Por exemplo, diante de um
Texto: Tomando como definição de texto a de título como “Conheça as angiospermas”, o leitor
Costa Val (1999:3), para quem “texto é uma espera ler um texto que trará explicações sobre as
ocorrência linguística, falada ou escrita, de angiospermas, seus tipos e exemplares na
qualquer extensão, dotado de unidades sócio natureza. Com a ajuda de outros elementos
comunicativa semântica e formal”. paratextuais, como a ilustração de uma flor, o leitor
poderá imaginar que se trata de plantas.
Contexto: O contexto situacional é formado por
informações que estão fora do texto, sejam elas
históricas, geográficas, sociológicas, literárias. Ele
é essencial para uma leitura mais eficaz,
aproximando o interlocutor/leitor do sentido que o
locutor/escritor quis imprimir ao texto.

Além do texto e do contexto temos ainda o


Elementos paratextuais. A sabedoria
popular diz que não devemos “julgar um livro
pela capa”. Isso acontece porque muitas
vezes a capa de um livro acaba despertando
ou não nosso interesse pelo texto. Porém,
quando abrimos um livro, podemos nos
deparar com outros elementos, como
contracapa, biografia do autor, prefácio, A partir do título desses livros é possível
dedicatória, índice, notas de rodapé, citações, especular qual será o enredo da história.
posfácio e ilustrações. Esses elementos que Sobre o título “A culpa é das estrelas” de John
margeiam o texto são chamados de Green, é possível imaginar que se trata de
elementos paratextuais. uma história romântica já que o título parece
Portanto, paratextos são elementos que estão fazer alusão a expressão “escrito nas
para além do texto, ou seja, informações que estrelas”, já o segundo título “ Para todos os

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

amores errados” de Clarissa Corrêa, podemos Leitura e sentido


interpretar que a história apesar de uma As palavras significam o que o grupo social
história romântica vai tratar mais convencionou que elas devem significar, mas
especificamente de desilusões amorosas. a comunicação exige muito mais que apenas
Todos esses apontamentos são apenas usar e aceitar passivamente significados
suposições feitas a partir do título preestabelecidos.
Ler, então, é mais que decifrar: ler é ser
2- Definições e concepções capaz de atribuir um significado ao texto,
de leitura: as essências partindo do próprio texto, de modo que cada
leitor consiga relacioná-lo a todos outros
O tema Leitura
textos significativos, seja capaz de reconhecer
Segundo Orlandi (2000:7), o termo
o tipo de leitura que o autor pretendia, e
leitura é polissêmico, isto é, permiti distinguir
possa, depois, dono da própria vontade,
vários sentidos. Podemos entendê-lo, em sua
entregar-se à leitura ou rejeitá-la.
acepção mais ampla, como atribuição de
Para que tudo isso aconteça, é preciso
sentidos, tanto em relação à linguagem
que autor e leitor interajam ao longo de um
escrita como em relação à linguagem oral.
texto. Ao autor cabe delinear o caminho
Qualquer expressão linguística, de qualquer
percorrido durante a produção do texto,
natureza, permite uma leitura.
direcionando o efeito de sentido desejado e a
Leitura também pode significar
intenção comunicativa pretendida; ao leitor
concepção, e é nesse sentido que o termo é
compete ler, reler, analisar, comparar, fazer
usado quando falamos em leitura de mundo,
inferências, ativar conhecimentos.
isto é, quando usamos a palavra leitura para
Todo leitor, ao ler um texto, deve
refletir o conhecimento de cada leitor,
participar da produção de leitura desse texto.
considerando-se ou não sua escolaridade.
Para isso, deve construir, através do que
No sentido acadêmico – mais restrito -,
passaremos a chamar de pistas textuais que
leitura pode significar a construção das bases
o próprio texto fornece, um sentido para ele (o
teóricas metodológicas que permitem chegar
texto) – mas somente o sentido que o próprio
a um texto: são várias as leituras de Rubem
texto autorizar. Procurar essas pistas faz parte
Alves, ou de um texto de Paulo Freire.
do processo de leitura, porque é a partir delas
Em um sentido ainda mais específico, o
que o autor formula e reformula hipóteses,
termo leitura pode ser entendido como estrita
aceita ou rejeita conclusões.
aprendizagem formal, quando se vincula
Agora, pedimos que você coloque em
leitura e alfabetização. ordem, numerando de 1 a 4, as diferentes etapas
Uma reflexão mais aprofundada sobre de participação do leitor na produção de leitura de
leitura nos permite concluir que o leitor um texto.
precisa recorrer a estratégias que lhe ( ) construção de sentido autorizado pelo texto
permitam alcançar o sentido do texto. Além ( ) identificação de pistas textuais
disso, devemos lembrar que há diferentes ( ) aceitação ou rejeição de conclusões
modos de leitura, em relação direta com a vida ( ) formulação e reformulação de hipóteses
intelectual do leitor, isto é, com sua maneira
Esperamos que Você tenha respondido que o
de estabelecer os sentidos daquilo que lê.
leitor procura, em primeiro lugar, pistas textuais;
em seguida, constrói, por meio dessas peitas, um
sentido autorizado pelo próprio texto; depois, de

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

posse dessas pistas, formula e reformula


hipóteses, para, finalmente, aceitar ou rejeitar
conclusões. a).Agora, liste o conhecimento de mundo e
Conhecimento Linguístico E conhecimento linguístico que Você ativou para
Conhecimento De Mundo compreender a mensagem veiculada no texto.

Como podemos deduzir das palavras de Conhecimentos de mundo


Paulo Freire, há uma íntima relação entre _______________________________________
linguagem e realidade, que passamos a chamar _______________________________________
de conhecimento linguístico e de _______________________________________
conhecimento de mundo. A precedência a que
ele se refere localiza-se, sobretudo, no momento Conhecimentos linguísticos:
da alfabetização. _______________________________________
Criança ou adulto nessa situação já _______________________________________
acumularam muito conhecimento sobre a
realidade que os cerca e muito pouco
conhecimento específico sobre a linguagem. b).Explicite os sentidos que o autor dos texto quis
Realizada a aprendizagem da leitura, mais e mais, evidenciar.
a cada ato de ler, ocorrerá sempre a utilização, _______________________________________
pelo leitor, dos já referidos conhecimentos. _______________________________________
Por exemplo: quando lemos o parágrafo _______________________________________
acima destacado, pomos em prática nosso _______________________________________
conhecimento sobre Paulo Freire, suas
concepções sobre alfabetização, os momentos
políticos brasileiros por ele vividos e, Estamos convictos de que você conseguiu
principalmente, o fato de que estava proferindo desenvolver as atividades solicitadas em a e b,
uma conferência em um Congresso sobre leitura, pois certamente interpretou o termo Nokia como o
mas também ativamos o conhecimento linguístico nome de uma marca de aparelho telefônico celular
sobre morfologia, sintaxe e semântica recebidas e percebeu o duplo sentido intencional no termo
da escola ao longo de nossa formação: fala e no termo nele.
Esses conhecimentos nos permitem Esses conhecimentos o levaram a
reconhecer as palavras por ele usadas, a ordem compreender que o autor da frase quis evidenciar
sintática preferencialmente direta e os significados dois sentidos: o de que todos usam o aparelho e
que essas palavras e essa organização nos o de que todos comentam sobre ele.
possibilitam. Eis a operacionalização, no ato de
ler, dos dois conhecimentos necessários: o de Informações implícitas
mundo e o linguístico.
Muitos candidatos ao ENEM se perguntam
Você deverá fazer uso do seu como melhorar sua capacidade de
conhecimento linguístico e do seu conhecimento interpretação dos textos. Primeiramente, é
de mundo para resolver as questões propostas a preciso ter em mente que um texto é formado
seguir, com base na leitura do texto abaixo. por informações explícitas e implícitas. As
informações explícitas são aquelas
manifestadas pelo autor no próprio texto. As
NOKIA informações implícitas não são manifestadas
pelo autor no texto, mas podem ser
O mundo todo só fala nele. subentendidas. Muitas vezes, para

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

efetuarmos uma leitura eficiente, é preciso ir Uma informação é considerada pressuposta


além do que foi dito, ou seja, ler nas quando um enunciado depende dela para
entrelinhas. fazer sentido.
A partir de elementos presentes no texto, é
possível ao leitor recuperar as informações Considere, por exemplo, a seguinte pergunta:
implícitas, para que possa, efetivamente, chegar
a produção de sentido. Por isso, o leitor precisa “Quando Patrícia voltará para casa?”. Esse
estabelecer relações dos mais diversos tipos do enunciado só faz sentido se considerarmos
texto e o contexto, de forma a interpretar que Patrícia saiu de casa, ao menos
adequadamente o enunciado. temporariamente – essa é a informação
pressuposta. Caso Patrícia se encontre em
Por exemplo, observe este enunciado:
casa, o pressuposto não é válido, o que torna
o enunciado sem sentido.
- Patrícia parou de tomar refrigerante.

A informação explícita é “Patrícia parou de Repare que as informações pressupostas


estão marcadas através de palavras e
tomar refrigerante”. A informação implícita é
expressões presentes no próprio enunciado e
“Patrícia tomava refrigerante antes”.
resultam de um raciocínio lógico. Portanto, no
enunciado “Patrícia ainda não voltou para
Agora, veja este outro exemplo:
casa”, a palavra “ainda” indica que a volta de
Patrícia para casa é dada como certa pelo
-Felizmente, Patrícia parou de tomar
falante.
refrigerante.

A informação explícita é “Patrícia parou de Subentendidos


tomar refrigerante”. A palavra “felizmente”
Ao contrário das informações pressupostas,
indica que o falante tem uma opinião positiva
as informações subentendidas não são
sobre o fato – essa é a informação implícita.
marcadas no próprio enunciado, são apenas
sugeridas, ou seja, podem ser entendidas
Com esses exemplos, mostramos como
como insinuações.
podemos inferir informações a partir de um
O uso de subentendidos faz com que o
texto. Fazer uma inferência significa concluir
enunciador se esconda atrás de uma
alguma coisa a partir de outra já conhecida.
afirmação, pois não quer se comprometer com
Nos vestibulares, fazer inferências é uma
ela. Por isso, dizemos que os subentendidos
habilidade fundamental para a interpretação
são de responsabilidade do receptor,
adequada dos textos e dos enunciados.
enquanto os pressupostos são partilhados por
enunciadores e receptores.
A seguir, veremos dois tipos de informações
Em nosso cotidiano, somos cercados por
que podem ser inferidas: as pressupostas e
informações subentendidas. A publicidade,
as subentendidas.
por exemplo, parte de hábitos e pensamentos
da sociedade para criar subentendidos. Já a
Pressupostos
piada é um gênero textual cuja interpretação
depende a quebra de subentendidos.
Observemos como isso é verdadeiro e deve
acontecer em todos os atos de leitura, dos mais

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

simples aos mais complexos. Considere a Um ouvinte/leitor eficiente precisa


manchete do Caderno de Esporte do jornal O captar não apenas as informações explícitas
Liberal, de 24.08.2003. (postas, dadas, expressas), como também as
que estão implícitas, pois, se ele não tiver
essa habilidade, passará por cima de
significados importantes, ou – o que é mais
PAPÃO PROCURA O CAMINHO DA VITÓRIA grave – concordará com ideias ou ponto de
vista que talvez rejeitasse se os percebesse.

Por que utilizamos sentidos implícitos?


Essa manchete esportiva, uma simples e
curta frase declarativa, interpretada
Em todo grupo social, há um conjunto de tabu
adequadamente, desencadeia uma série de
relações entre ela e o leitor, a partir de uma linguísticos. Isso não significa apenas a
informação explícita de que alguém, no caso, um existência de palavras que, em certas
clube de futebol, procura uma forma de vencer. circunstancias, não podem ou não devem ser
Estabelecidas essas relações, o leitor encontra pronunciadas (os palavrões, por exemplo),
outros sentidos além do que foi explicitado. mas também a de temas proibidos e
protegidos por uma espécie de “lei do
A primeira dessas relações, que se silêncio”. Um ditado popular traduz
estabelece entre texto e contexto, leva à plenamente essa restrição: “não se fala em
compreensão de que, para vencer, é preciso uma corda em casa de enforcado”.
tática de jogo, uma estratégia, sentido latente na
Esses tabus linguísticos também se fazem
metáfora caminho da vitória.
presente em relação a determinada
A segunda, linguística por natureza, requer informações que uma pessoa não pode ou
que o leitor reconheça o valor do artigo definido o: não deve dar, não porque elas sejam
ele permite entender que o caminho existe, que é proibidas, mas porque o ato de expressá-las
um preciso e determinado caminho, que só ele constituiria uma atitude repreensível ou
conduzirá à vitória. comprometedora.
Além dos tabus linguísticos um outro
A terceira, ainda no âmbito da linguagem, motivo para o uso de sentidos implícitos é que toda
está centrada no significado de procura. Quem declaração explícita pode tornar-se temas de
procura é porque perdeu ou porque nunca teve. discussões. O que é dito pode ser contradito, de
No caso do clube paraense ele conhecia bem o modo que não se poderia anunciar uma opinião ou
caminho da vitória, porém, no dia em que a um desejo sem, ao mesmo tempo, expô-lo às
manchete foi produzida, não conhecia mais. eventuais objeções dos interlocutores. Julgue v
você mesmo: no dia 01.02.2003, um deputado
A quarta novamente uma relação entre federal reeleito em resposta ao repórter do Jornal
texto e contexto, cumplicidade entre autor e leitor, Nacional, que referia aos erros desse parlamentar
indica que o clube já não vencia há algum tempo. no mandato anterior, respondeu: “a gente não
comete os mesmos erros, porque há tantos erros
Finalmente a quinta relação por meio da novos para serem cometidos...”. Como Você
qual o autor também busca a adesão do leitor, observou o parlamentar admite que continuará
descortina a crítica ao clube que vinha vencendo errando apenas não pretende repetir erros já
seguidamente, enchia a sua torcida de orgulho e cometidos, o que é muito grave, porque o repórter
parara de vencer. Uma sutil ironia sem dúvida. se referia a erros prejudiciais ao povo que o
elegeu.

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

Quando se lê, considera-se não apenas o que Esperamos que você tenha percebido que
está dito, mas também o que está implícito, isto é, os quatro primeiros versos significam o período
aquilo que não está dito, mas que também da ditadura militar, entre 1964 e o limiar da década
significando. E o que não está dito pode ser de de 80 do século XX, e que os quatro últimos
várias naturezas: denunciam a intensa corrupção ocorrida no
a) O que não está dito, mas que de certa referido período.
forma, sustenta o que está dito;
b) O que está suposto para que se entenda o Por isso, tem sido cada vez mais frequente o
que está dito; cuidado de “medirmos as palavras”, para
c) O sentido que se opõe àquilo que está dito; evitarmos os perigos que advêm dos sentidos
d) Outras maneiras de se dizer o que se literais ou explícitos da língua. O recurso que
disse.
se tem mostrado mais frequente e eficaz
parece ser simplesmente o uso dos sentidos
Em época de forte repressão, a livre
manifestação do pensamento, o direto de
implícitos, que conseguem expressar aquilo
contestar e de se denunciar se materializam por que queremos dizer, mas sem que corramos
meio de sentidos implícitos. Foi o que aconteceu o risco de ser responsabilizados por aquilo
no período da ditadura militar no Brasil. que dizemos.
Não é por acaso que, muitas vezes, pessoas
Atento a isso, leia o excerto abaixo, do poema- de destaque no grupo social, ao falarem, o
canção de Chico Buarque, datado de 1984, para fazem de forma tão opaca e incompreensível
aprofundar seu conhecimento sobre sentidos que seu discurso acarreta lacunas no
implícitos. entendimento de seus interlocutores.

(...) Num tempo


Página triste da nossa história
3- Condições De
Passagem desbotada na Textualidade
memória
Das nossas novas gerações Para que uma sequência de enunciados seja
Dormia reconhecida como texto, é preciso que ela
A nossa pátria-mãe tão forme um todo significativo, nas
distraída
circunstancias de uso em que os enunciados
Sem perceber que era
ocorrem. É sobre as condições de
subtraída
Em tenebrosas transações.
textualidade, ou seja, aquelas que permitem
(...) que você avalie a qualidade do que lê e do que
escreve.
Recupere dois sentidos implícitos: A primeira dessas condições é alcançada com
a coerência, isto é, o fator responsável pela
(a)_____________________________________ unidade de sentido; a segunda é a coesão,
_______________________________________ que permite a harmoniosa articulação entre os
_______________________________________ diferentes constituintes do texto.

(b)_____________________________________
_______________________________________
_______________________________________
Textualidade

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

Chama-se textualidade ou tecitura ao entre estados e coisas, como por exemplo,


conjunto de propriedades que qualquer relações de ordenação temporal, relações de
manifestação linguística deve possuir para casualidade – entre outras. Essas relações
que não seja apenas uma simples sequência podem se manifestar pelo vocabulário, pela
de palavras ou frases. combinação dos tempos verbais, pela ordem
Contemplamos dois, dentre os fatores de apresentação de conteúdo, pela
responsável pela textualidade de qualquer adequação dos campos semânticos.
discurso, juntamente os que envolvem os No texto abaixo, queremos mostrar-lhe
componentes conceitual e linguístico. como se constrói o sentido de um texto a partir
de uma ideia-chave. Acompanhe com atenção
Componentes conceitual e linguístico e, ao final, você constatará que, num texto,
tudo significa.
Dentro do planalto: Fome de reforma
Um texto deve apresentar um conjunto
“João Pedro Stédile está afinado com o
de propriedades decorrentes da relação entre
governo petista. Na semana passada, o líder
as partes que o compõem, de tal modo que,
do MST andou pelos corredores do Planalto
ao final, essa relação resulte em uma unidade
como se fosse um velho conhecido do austero
de sentido e estabeleça uma ligação – nem
prédio. Jotapê tenta convencer o governo de
sempre aparente – entre essas partes. No
que R$ 1 bilhão, previsto no Orçamento para
primeiro caso, manifesta-se a coerência; no
o Incra, é pouco para tocar a reforma agrária.
segundo a coesão.
Quer abocanhar parte do capital internacional
destinado ao projeto Fome Zero. Reforma
Coerência
A coerência ou conectividade agrária, diz, é a maneira mais eficaz de
conceitual é a interdependência semântica combate à fome.” ( Época – 03.02.2003 – p.
entre os elementos constituintes de um texto, 8)
isto é, a relação entre as partes desse texto e Observe que, nesse texto, há uma
que resulta em unidade de sentido. A idéia-chave: João Pedro Stédile. Essa idéia-
coerência decorre da continuidade do sentido, chave, embora não esteja expressa no título
do compromisso entre as partes que formam nem no subtítulo, é uma espécie de “primeiro
a macroestrutura (estrutura semântica global ponto” para o ato de “tecer o texto”. Ela se
do texto) e está ligada à compreensão, repete, quer representar por vocábulos
possibilidade de Interpretação do que diferentes (João Pedro Stédile / o líder do
dizemos, escrevemos, ouvimos ou lemos. MST / um velho conhecido / jotapê), quer
Para que a coerência se realize, há três representada pelo apagamento do vocábulo
propriedades fundamentais – continuidade ou que a poderia expressar.
repetição, não-contradição e progressão – Essa mesma ideia-chave é
que serão desenvolvidas a seguir. responsável pelas formas verbais em 3ª
A relação entre o texto e o contexto, pessoa do singular (está afinado/ andou/
entendido este como a unidade maior em que fosse/ tentar convencer/ quer/ diz). Além
a unidade menor está inserida, é relevante disso, o seu conhecimento prévio permite que
para a depressão das relações do sentido que você identifique a relação de afinidade entre
compõem a globalidade do texto. Elas devem João Pedro Stédile e governo petista, assim
obedecer a condições cognitivas gerais, como entre João Pedro Stédile / governo
satisfazendo às relações lógico-semânticas petista e entre corredores do Planalto /

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

austero prédio / o governo / fome zero enorme sobre o copo. Bebia, depois
/combate à fome. deitava, lia, relaxava..” (Veja – julho/1997)
A coerência conceitual –
macroestrutura ou estrutura semântica – é um
dos requisitos fundamentais para construção As quatro orações do período estão
de qualquer texto, quer ele seja literário, separadas por ponto. Embora não haja
jornalístico, científico, jurídico, acadêmico, conectores gramaticais explícitos, é fácil
quer seja uma conversão espontânea. perceber de que modo essas orações se
Coesão combinam para formar uma sequência, pois é
fácil recuperar os elementos coesivos que não
A coesão pode ser entendida como o foram expressos. Nada impediria que o autor
modo pelo qual frases ou partes delas se da matéria tivesse escrito o texto assim:
combinam para assegurar o desenvolvimento
textual, ou seja, é o modo como as palavras Nas vacas magras, ia de cerveja a
estão ligadas entre si, dentro de uma cachaça, porém nunca ficava bêbado, pois
sequência, a fim de criar uma relação tinha um poder enorme sobre o corpo, isto
semântica entre um elemento do texto e outro é, bebia, depois deitava, lia e relaxava…
elemento que é fundamental para sua A coesão pode ser estabelecida por
interpretação. elementos que fazem o texto progredir a partir
da conexão por eles operacionalizada. Esses
A coesão – isto é, a articulação – será conectores estabelecem uma relação
eficaz quando estabelecer não apenas a semântica de acordo com o sentido que
ligação de uma ideia a outra, mas também que expressam.
tipo de relação específica se institui a partir É pela coesão que se estabelece o
desse recurso. A coesão é marcada nexo entre as partes de um texto. As relações
linguisticamente quando, para isso, coesivas realizam-se por meio de um léxico
empregamos nomes, conjunções, da língua e suas marcas são fixadas
pronomes relativos, preposições, principalmente por elementos da natureza
advérbios, locuções adverbiais, elementos gramatical (pronomes, conjunções,
de transição adequados. preposições, formas verbais), elementos da
natureza lexical (sinônimos, antônimos,
Não há dúvida de que a coesão repetições) e por mecanismos sintáticos
marcada por elementos linguísticos contribui (subordinação, coordenação, ordenação dos
para conferir coerência ao texto. Tais vocábulos, das orações). A coesão, como
elementos, no entanto, não são nem elemento responsável pela textualidade, diz
suficientes nem imprescindíveis para garanti- respeito a todos os processos de
la. É perfeitamente possível haver textos referenciarão ou segmentação que
coerentes que não apresentam elementos asseguram ou tornam recuperável uma
coesivos, como no parágrafo a seguir, ligação linguística significativa entre os
extraído de uma reportagem sobre Di elementos que ocorrem na superfície textual.
Cavalcanti.

“Nas vacas magras, ia de cerveja a


cachaça. Nunca bêbado. Tinha um poder

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

4- Intertextualidade resenhas e traduções, além de estar presente


Assunto comum no Enem, a intertextualidade também em diversos anúncios publicitários.
acontece quando um texto retoma uma parte Nesse caso, dizemos que a intertextualidade
ou a totalidade de outro texto – o texto fonte. se localiza na superfície do texto, pois alguns
Geralmente, os textos fontes são aqueles elementos nos são fornecidos para que
considerados fundamentais em uma identifiquemos o texto fonte. Observe um
determinada cultura. No exemplo dado, exemplo:
compositores brasileiros contemporâneos
retomam um dos textos mais reverenciados
da literatura portuguesa.

Nos anos 90, Pedro Luis e Fernanda Abreu


lançaram a canção “Tudo vale a pena”, cujo
refrão diz o seguinte: “Tudo vale a pena, sua
alma não é pequena”. O mote, na verdade, faz
referência ao famoso poema “Mar português”
(1934), do poeta Fernando Pessoa:

Valeu a pena? Tudo vale a pena


Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor. A intertextualidade, quando explícita, fornece
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, ao leitor diversos elementos que o remetem
Mas nele é que espelhou o céu. ao texto fonte

Como podemos ver, temos dois textos que, No anúncio publicitário utilizado no exemplo,
apesar de distantes no tempo e no espaço, há uma forte referência ao texto fonte,
dialogam entre si. A intertextualidade é facilmente identificada pelo leitor através dos
exatamente essa relação, uma forma de elementos fornecidos pela linguagem verbal e
diálogo entre dois ou mais textos. pela linguagem não verbal. A composição do
anúncio nos transporta imediatamente para o
É importante considerar que a filme “Tropa de Elite”, do cineasta José
intertextualidade pode ocorrer entre textos de Padilha, e isso só é possível em razão do forte
mesma natureza ou de naturezas apelo popular da produção, que ganhou
diferentes. Como é um conceito amplo e grande projeção em nossa sociedade.
passível de classificações, a intertextualidade
Já a intertextualidade implícita ocorre de
pode ser classificada em dois tipos principais:
maneira diferente, pois não há citação expressa
intertextualidade explícita e intertextualidade
da fonte, fazendo com que o leitor busque na
implícita.
memória os sentidos do texto. Geralmente está
inserida nos textos do tipo paródia ou do tipo
Na intertextualidade explícita ocorre a paráfrase, ganhando espaço também na
citação da fonte do intertexto, encontrada publicidade. Observe o exemplo:
principalmente nas citações, nos resumos,

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

de outro texto, são utilizados alguns


marcadores, como as aspas. Dessa forma, o
texto deixa claro que o trecho ou o texto citado
foi tirado de outra fonte, como no exemplo.

A compreensão adequada de um intertexto


depende, naturalmente, do conhecimento do
texto fonte. Vejamos o outro exemplo abaixo.

No anúncio há um elemento verbal que permite a


retomada do texto fonte, mas essa inferência
depende de um conhecimento prévio do leitor: se
ele não souber que há uma referência à música
“Mania de você”, da cantora Rita Lee,
provavelmente o texto não será compreendido em
sua totalidade.
Portanto, a intertextualidade é um elemento muito
importante para a constituição de sentidos do
texto, colaborando em muito para a coerência
textual ao reforçar a ideia de que a competência
linguística não depende apenas do conhecimento
do código linguístico, mas também do
conhecimento das relações intertextuais.

A seguir, veremos vários exemplos de


intertextualidade, seja em forma de citação,
paródia ou paráfrase. Figura 2- Propaganda Chevrolet (Foto: Reprodução)

No exemplo dado, a propaganda buscou


Citação inspiração no texto bíblico "Do pó vieste e ao
pó voltarás", marcando sua reprodução por
meio de aspas.

Paródia

A paródia consiste em uma subversão ao


texto fonte, recriando-o de maneira satírica ou
crítica. Dizendo de outra maneira, a paródia
ironiza o texto original e inverte seu sentido.
“Canção do exílio” (1847) é um dos textos
Esse procedimento intertextual acontece
mais parodiados da cultura brasileira,
quando um texto reproduz outro texto ou parte
exercendo sua influência por várias
dele. Para sinalizar que houve a reprodução
gerações.

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

Veja um exemplo de paráfrase da tão


Minha terra tem palmeiras, parodiada “Canção do exílio”, de Gonçalves
Onde canta o Sabiá; Dias:
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá. Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a “Canção do Exílio”.
Agora, leia parte da paródia composta pelo Como era mesmo a “Canção do Exílio”?
humorista e apresentador Jô Soares: Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que palmeiras
Minha Dinda tem cascatas onde canta o sabiá
Onde canta o curió Perceba que o poema “Europa, França e
Não permita Deus que eu tenha Bahia”, de Carlos Drummond de Andrade,
De voltar pra Maceió. estabelece um diálogo com o texto de
Minha Dinda tem coqueiros Gonçalves Dias, mas não tem uma intenção
Da Ilha de Marajó satírica – é uma paráfrase.
As aves, aqui, gorjeiam
Não fazem cocoricó.
5- Tipologia Textual: Tipos e
No poema de Gonçalves Dias, do final do Gêneros
século XIX, o eu lírico deseja cantar a
Sempre cai nas provas o assunto “Tipologia
saudade que sente de sua terra natal, o Brasil,
textual” (Tipos textuais) mas muita gente
enfatizando seus encantos e belezas naturais.
confunde com “Gêneros Textuais” (gêneros
O texto de Jô Soares, do final do século XX,
discursivos).
desconstrói o sentido do texto original, já que Querem dizer a mesma coisa?
o eu lírico quer distância da terra natal, pois
prefere as mordomias da Casa da Dinda, Não.
como ficou conhecida a residência oficial do
Presidente da República na época, Fernando Estas são duas classificações que recebem os
Collor de Mello. textos que produzimos a longo de nossa vida, seja
Através da paródia, Jô Soares faz uma crítica na forma oral ou escrita.
aos escândalos de corrupção do governo, que
culminaram no processo de Sendo que a primeira leva em
consideração estruturas específicas de cada
“impeachment” do presidente.
tipo, ou seja, seguem regras gramaticais, algo
mais formal.
Paráfrase
Já a segunda preocupa-se não em classificar um
Fazer uma paráfrase significa reproduzir as texto por regras, mas sim levando em
ideias de um texto, só que utilizando outras consideração a finalidade do texto; o papel dos
palavras, dentro de uma nova montagem. É o interlocutores; a situação de comunicação. São
recurso intertextual que se faz presente, por inúmeros os gêneros textuais: Piada, conto,
exemplo, em resumos, atas e relatórios, que romance, texto de opinião, carta do leitor, noticia,
fazem parte do nosso cotidiano. biografia, seminário, palestras, etc.

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

Dissertação

O que é tipologia textual?


Dissertar é o mesmo que desenvolver ou
Como dito anteriormente, são as classificações explicar um assunto, discorrer sobre ele.
recebidas por um texto de acordo com as regras Dependendo do objetivo do autor, pode ter
gramaticais, dependendo de suas características. caráter expositivo ou argumentativo.
São as classificações mais clássicas de um texto: Dissertação-Exposição
A narração, a descrição, a dissertação
(expositiva e argumentativa), a injunção, a Apresenta um saber já construído e
predição e a conversacional. legitimado, ou um saber teórico. Apresenta
informações sobre assuntos, expõe, reflete,
Narração explica e avalia ideias de modo objetivo. O
Modalidade em que um narrador, participante texto expositivo apenas expõe ideias sobre
ou não, conta um fato, real ou fictício, que um determinado assunto. A intenção é
ocorreu num determinado tempo e lugar, informar, esclarecer. Ex: aula, resumo, textos
envolvendo certos personagens. Refere-se a científicos, enciclopédia, textos expositivos de
objetos do mundo real. Há uma relação de revistas e jornais, etc.
anterioridade e posterioridade. O tempo
verbal predominante é o passado. Estamos Dissertação-Argumentação
cercados de narrações desde as que nos
contam histórias infantis até às piadas do Um texto dissertativo-argumentativo faz a
cotidiano. É o tipo predominante nos gêneros: defesa de ideias ou um ponto de vista do
conto, fábula, crônica, romance, novela, autor. O texto, além de explicar, também
depoimento, piada, relato, etc. persuade o interlocutor, objetivando
convencê-lo de algo. Caracteriza-se pela
Descrição progressão lógica de ideias. Geralmente
utiliza linguagem denotativa. É tipo
Um texto em que se faz um retrato por escrito predominante em: sermão, ensaio,
de um lugar, uma pessoa, um animal ou um monografia, dissertação, tese, ensaio,
objeto. A classe de palavras mais utilizada manifesto, crítica, editorial de jornais e
nessa produção é o adjetivo, pela sua revistas.
função caracterizadora. Numa abordagem
mais abstrata, pode-se até descrever Injunção / Instrucional
sensações ou sentimentos. Não há relação de
anterioridade e posterioridade. Significa "criar" Indica como realizar uma ação. Utiliza
com palavras a imagem do objeto descrito. É linguagem objetiva e simples. Os verbos são,
fazer uma descrição minuciosa do objeto ou na sua maioria, empregados no modo
da personagem a que o texto se Pega. É um imperativo, porém nota-se também o uso do
tipo textual que se agrega facilmente aos infinitivo e o uso do futuro do presente do
outros tipos em diversos gêneros textuais. modo indicativo. Ex: ordens; pedidos; súplica;
Tem predominância em gêneros como: desejo; manuais e instruções para montagem
cardápio, folheto turístico, anúncio ou uso de aparelhos e instrumentos; textos
classificado, etc. com regras de comportamento; textos de
orientação (ex: recomendações de trânsito);

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

receitas, cartões com votos e desejos (de informais. Cada gênero textual tem seu estilo
natal, aniversário, etc.). próprio, podendo então, ser identificado e
diferenciado dos demais através de suas
OBS1: Muitos estudiosos do assunto listam características. Exemplos:
apenas os tipos acima. Alguns outros
consideram que existe também o tipo Carta
predição.
Quando se trata de "carta aberta" ou "carta ao
Predição leitor", tende a ser do tipo dissertativo-
Caracterizado por predizer algo ou levar o argumentativo com uma linguagem formal,
em que se escreve à sociedade ou a leitores.
interlocutor a crer em alguma coisa, a qual
Quando se trata de "carta pessoal", a
ainda está por ocorrer. É o tipo predominante presença de aspectos
nos gêneros: previsões astrológicas, narrativos ou descritivos e uma linguagem
previsões meteorológicas, previsões pessoal é mais comum. No caso da "carta
escatológicas/apocalípticas. denúncia", em que há o relato de um fato
que o autor sente necessidade de o expor ao
OBS2: Alguns estudiosos listam também o seu público, os
tipos narrativos e dissertativo-
tipo Dialogal, ou Conversacional. Entretanto, expositivo são mais utilizados. Observe o
esse nada mais é que o tipo narrativo aplicado exemplo de uma carta ao leitor logo abaixo:
em certos contextos, pois toda conversação
envolve personagens, um momento temporal Carta ao leitor
(não necessariamente explícito), um espaço Nunca te vi, mas sempre te amei
(real ou virtual), um enredo (assunto da Por: Martha San Juan França (Diretora de
conversa) e um narrador, aquele que relata a redação)
conversa. De todas as tarefas que fazem parte da rotina
de redação de Galileu, a mais prazerosa
Dialogal / Conversacional certamente é ler as cartas dos leitores. Os fãs
Caracteriza-se pelo diálogo entre os da revista são de fato especiais e suas cartas
interlocutores. É o tipo predominante nos traduzem isso. São criativos, curiosos,
gêneros: entrevista, conversa telefônica, chat, observadores e não deixam passar nada.
etc. Fazem perguntas tão difíceis quanto
imprevisíveis. Querem saber de tudo: do
Gêneros textuais monstro do Lago Ness ao Projeto Genoma
Humano. E não se contentam com respostas
Os Gêneros textuais são as estruturas com pela metade. Ler as dúvidas que aparecem
que se compõem os textos, sejam eles orais nas cartas, os comentários sobre as
ou escritos. Essas estruturas são socialmente reportagens passadas e as sugestões de
reconhecidas, pois se mantêm sempre muito futuras é gratificante para qualquer jornalista.
parecidas, com características comuns, Ainda mais para nós, jornalistas de Galileu,
procuram atingir intenções comunicativas que adoramos um
semelhantes e ocorrem em situações bom desafio.
específicas. Pode-se dizer que se tratam das
Felizmente, a revista conta com uma arma secreta
variadas formas de linguagem que circulam
para satisfazer tantas pessoas exigentes. Vou
em nossa sociedade, sejam eles formais ou
apresentá-la agora: Luiz Francisco Senne, nosso

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

secretário de produção, professor de português, Bula de remédio


roqueiro, colecionador de discos de vinil e livros
usados, e responsável pelo atendimento aos Trata-se de um gênero
leitores. Kiko, como é muito mais conhecido, sabe textual descritivo, dissertativo expositivo e
também driblar as angústias dos nossos jovens injuntivo que tem por obrigação fornecer as
amigos em apuros. informações necessárias para o correto uso
do medicamento, como no exemplo a seguir.
Muitos pedem ajuda a Galileu quando recebem
dos professores uma tarefa complicada e não
sabem a quem recorrer. Kiko responde delicada,
mas firmemente: não dá para fazer o trabalho
escolar no lugar do aluno (é festa agora?). Mas
simpatiza com o drama de leitores como este cuja
mensagem é reproduzida acima: "Vocês não
poderiam dar uma dica de como ir bem numa
prova de física porque o meu cérebro está
cansado?" Atendendo ao apelo levado aos
repórteres por Kiko, Galileu oferece a seus leitores
a matéria "Os cientistas alertam: não deveríamos
existir", do editor Marcelo Ferroni. Ela mostra que
a física pode ser criativa em vez de uma aula
chata. Quer ver?

Propaganda
É um gênero textual dissertativo-
expositivo onde há a o intuito de propagar
informações sobre algo, buscando sempre
atingir e influenciar o leitor apresentando, na
maioria das vezes, mensagens que
despertam as emoções e a sensibilidade do
mesmo. Observe na imagem abaixo: Receita

É um gênero textual descritivo e injuntivo que


tem por objetivo informar a fórmula para
preparar tal comida, descrevendo os
ingredientes e o preparo destes, além disso,
com verbos no imperativo, dado o sentido de
ordem, para que o leitor siga corretamente as
instruções.
Observe na imagem a seguir:

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

O investimento é financiado pelo Programa Calha


Norte, do Governo Federal, por meio de emenda
parlamentar, e terá espaços com acessibilidade para
pessoas com deficiência, segundo a prefeitura.
A Secretaria Municipal de Obras (Semob) informou
além da pintura, consertos na rede elétrica e
hidráulica e substituição do telhado, novos espaços
serão implantados no local, como a ampliação da
área para lanchonetes, banheiros e a montagem de
um palco para atrações culturais. A última reforma
aconteceu em 2013, quando o prédio completou 60
anos de criação. ”

História em quadrinhos

É um gênero narrativo que consiste em


enredos contados em pequenos quadros
através de diálogos diretos entre seus
Reportagem personagens, gerando uma espécie de
conversação. Observe o exemplo abaixo:
É um gênero textual jornalístico de
caráter dissertativo-expositivo. A reportagem
tem, por objetivo, informar e levar os fatos ao
leitor de uma maneira clara, com linguagem
direta.

“Mercado Central de Macapá poderá


reabrir em março, prevê prefeitura
Lojistas reclamam de transtornos durante
demora nas obras de reformas.
Prefeitura informou que ponto turístico é
ampliado e revitalizado.
Em obras desde novembro de 2015, o Mercado
Central de Macapá deverá reabrir em março, prevê
a prefeitura. O local é um dos principais pontos
turísticos da capital e reúne diversos pontos de
vendas de comidas típicas e artesanatos.

Charge
Essa é a terceira data reabertura. A primeira foi
anunciada para maio de 2016 e a segunda
É um gênero textual narrativo onde se faz
para setembro do mesmo ano. A obra foi orçada uma espécie de ilustração cômica, através de
em aproximadamente R$ 2 milhões. caricaturas, com o objetivo de realizar uma

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

sátira, crítica ou comentário sobre algum As água ficaram tintas


acontecimento atual, em sua grande maioria. de um sangue que não descorava
e os peixes todos morreram.
Mas uma luz que ninguém soube
dizer de onde tinha vindo
apareceu para clarear o mundo,
e outro anjo pensou a ferida
do anjo batalhador.

Veja o exemplo de uma prosa poética, em um


trecho da obra Iracema de José de Alencar:
“O guerreiro sem a esposa é como a árvore
sem fôlhas nem flôres: nunca ela verá o fruto;
o guerreiro sem amigo é como a árvore
solitária que o vento açouta no meio do
campo: o fruto dela nunca amadurece”.
Poema

Trabalho elaborado e estruturado em versos.


6- Funções da Linguagem
Além dos versos, pode ser estruturado em
estrofes. Rimas e métrica também podem Para que serve a linguagem?
fazer parte de sua composição. Pode ou não
ser poético. Dependendo de sua estrutura, Sabemos que a linguagem é uma das formas de
pode receber classificações específicas, apreensão e de comunicação das coisas do
como haicai, soneto, epopeia, poema mundo. O ser humano, ao viver em conjunto,
figurado, dramático, etc. Em geral, a presença utiliza vários códigos para representar o que
de aspectos narrativos e descritivos são pensa, o que sente, o que quer, o que faz.
mais frequentes neste gênero. Importante
Sendo assim, o que conseguimos expressar e
também é a distinção entre poema e poesia.
comunicar através da linguagem? Para que
Poesia é o conteúdo capaz de transmitir
ela funciona?
emoções por meio de uma linguagem, ou
seja, tudo o que toca e comove pode ser O estudo das funções da linguagem depende de
considerado como poético. Assim, quando se seus fatores principais. Destacamos cada um
aplica a poesia ao gênero poema, resulta-se deles em particular:
em um poema poético, quando aplicada à
prosa, resulta-se na prosa poética (até Emissor – quem fala ou transmite uma
mesmo uma peça ou um filme podem ser mensagem a alguém
assim considerados).
Receptor – (ou interlocutor) – quem recebe a
Veja o exemplo de um poema poético, em
mensagem
Poema da purificação de Carlos Drummond
De Andrade: Mensagem – a informação ou o texto transmitido
Poema da purificação pelo emissor
Depois de tantos combates
o anjo bom matou o anjo mau Código – o sistema de sinais que permite a
e jogou seu corpo no rio. compreensão da mensagem

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

Referente – o contexto ou o assunto da eu ficarei sozinho


mensagem desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
Partindo desses elementos, o linguista russo que habitavam a barraca
Roman Jakobson elaborou seus estudos acerca e não foram encontrados
das funções da linguagem para a análise e ao amanhecer
produção de textos. Em todo processo de
comunicação, a linguagem é expressa de acordo esse amanhecer
com a função que se deseja enfatizar. A mais noite que a noite.
multiplicidade da linguagem pode ser sintetizada
em seis funções ou finalidades básicas. Veja a
O poema que você acabou de ler é de autoria
seguir: de um de nossos maiores poetas, Carlos
Drummond de Andrade, e ilustra bem a função
Função emotiva ou expressiva da linguagem sobre a qual falaremos neste
artigo. No poema, que integra o livro
Na função emotiva (ou expressiva), enfatiza- “Sentimento do mundo”, Drummond
se a linguagem do emissor que expressa posiciona-se em relação ao tema que está
sentimentos, emoções, avaliações centradas abordando, expressando seus sentimentos e
no ”eu” do seu mundo interior. Predomina nas impressões pessoais. Essas características
cartas pessoais, na poesia confessional, nas são próprias da função emotiva da
resenhas críticas ou nas canções linguagem.
sentimentais, assim prevalece o uso da 1ª
pessoa. Como no poema a seguir: Função Apelativa ou Conativa
Carlos Drummond de
Andrade: Sentimento do mundo O objetivo da transmissão da mensagem é
Tenho apenas duas mãos persuadir ou convencer o receptor. Os textos
e o sentimento do mundo,
publicitários apresentam essa finalidade:
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem influenciar o comportamento do leitor,
e o corpo transige envolvê-lo com uma mensagem persuasiva.
na confluência do amor. Normalmente, empregam-se verbos no Modo
Imperativo, como pronomes e verbos na 2ª ou
Quando me levantar, o céu 3ª pessoas.
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram


que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.

Quando os corpos passarem,

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

A publicidade dialoga com seu público-alvo


através da linguagem empregada, variando
de acordo com o tipo de público que pretende
atingir. Função Metalinguística

Esta função refere-se à metalinguagem, que


Função Poética
ocorre quando o emissor explica um código
usando o próprio código. É a poesia que fala
Quando a mensagem é elaborada de forma
da poesia, da sua função e do poeta, um texto
inovadora, utilizando combinações sonoras ou
que comenta outro texto. As gramáticas e os
rítmicas, jogos de imagem ou de ideias.
dicionários são exemplos de metalinguagem.
Desenvolve o sentido conotativo das palavras.
Exemplo:
Predomina na poesia, mas pode ser
encontrada em determinadas formas Vitória
jornalísticas. Substantivo feminino
Por exemplo: 1. Ato ou efeito de sair-se vencedor, de
triunfar sobre um inimigo, competidor
Serenata sintética – Cassiano Ricardo ou antagonista; triunfo.
Rua torta 2. Êxito, triunfo, sucesso alcançado.
Lua morta
Tua porta.
Função Referencial
Função Fática
Transmite uma informação objetiva sobre a
A intenção é iniciar um contato através de realidade. Dá prioridade aos dados concretos,
cumprimentos com uma abordagem coloquial fatos e circunstâncias. É a linguagem
- objetiva e rápida. Em textos escritos, têm característica das notícias de jornal, do
muita importância os recursos gráficos. A discurso científico e de qualquer exposição de
função fática tem o objetivo de fazer a conceitos. Coloca em evidência o referente,
manutenção do canal de comunicação. Como ou seja, o assunto ao qual a mensagem se
exemplo: refere.
Observe a notícia publicada pelo G1-Amapá:
“Protesto contra estrutura precária de
escola do Amapá viraliza na internet
Estudantes publicaram fotos nas redes sociais
em pontos críticos do prédio.
Escola estadual Tiradentes foi selecionada
para modelo de ensino integral
Uniformizados, estudantes da escola estadual
Tiradentes publicaram fotos nas redes sociais em
pontos críticos do prédio, que se encontra em
situação precária, segundo eles. O protesto é para
chamar a atenção sobre a implantação, diante dos
problemas, do modelo de ensino em tempo
integral, confirmado para 2017 no Amapá.

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

A Secretaria de Estado da Educação (SEED) Obs.: toda metáfora é uma espécie de


destacou que uma equipe de implantação do comparação implícita, em que o elemento
programa de Educação em Tempo Integral (ETI) comparativo não aparece.
realizou uma série de visitas às escolas que terão a Exemplo: A vida é uma nuvem que voa.
nova modalidade de ensino e devem receber
reformas. A SEED ressaltou que está aberta ao
diálogo com a comunidade escolar.
As fotos foram publicadas na página do grêmio Metonímia
estudantil da escola e alcançaram até o momento
mais de 2 mil compartilhamentos. Nas imagens, os A metonímia consiste em empregar um termo
alunos seguram cartazes com dizeres sobre a no lugar de outro, havendo entre ambos
situação do espaço, na visão de cada aluno, e alertas estreita afinidade ou relação de sentido.
sobre perigos. ” Observe os exemplos abaixo:
a) Autor pela obra: Gosto de ler Machado
de Assis. (Gosto de ler a obra literária
7- Figuras da Linguagem de Machado de Assis.)
b) Símbolo pelo objeto simbolizado: Não
Figuras de Linguagem são recursos especiais te afastes da cruz. (Não te afastes da
usados para dar maior ênfase à comunicação. religião.)
Elas são classificadas em:
 Figuras de Palavras
Catacrese
 Figuras de Pensamento
 Figuras de Sintaxe
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso
 Figuras de Som
contínuo, cristalizou-se. A catacrese costuma
ocorrer quando, por falta de um termo
Figuras de Palavras específico para designar um conceito, toma-
se outro "emprestado". Assim, passamos a
As Figuras de Palavras são recursos empregar algumas palavras fora de seu
utilizados para produzir maior expressividade sentido original.
à comunicação. Elas consistem na Exemplos:
substituição de uma palavra por outra, isto é, "asa da xícara" "batata da perna"
no emprego figurado, simbólico, seja por uma "maçã do rosto" "pé da mesa"
relação muito próxima (contiguidade), seja por "braço da cadeira" "coroa do abacaxi"
uma associação, uma comparação, uma
similaridade.
Metáfora Perífrase

A metáfora consiste em utilizar uma palavra Trata-se de uma expressão que designa um ser
através de alguma de suas características ou
ou uma expressão em lugar de outra, sem que
atributos, ou de um fato que o celebrizou. Veja o
haja uma relação real, mas em virtude da
exemplo:
circunstância de que o nosso espírito as
associa e depreende entre elas certas A Cidade Maravilhosa ( Rio de Janeiro) continua
semelhanças. atraindo visitantes do mundo todo.

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, b) O corpo é grande e a alma é pequena.
recebe o nome de antonomásia. c) "Quando um muro separa, uma ponte
une."
Exemplos: d) "Desceu aos pântanos com os tapires;
subiu aos Andes com os condores."
a) O Divino Mestre (Jesus Cristo) passou a
vida praticando o bem.
(Castro Alves)
b) O Poeta dos Escravos (Castro Alves) e) Felicidade e tristeza tomaram conta
morreu muito jovem. de sua alma.
c) Poeta da Vila (Noel Rosa) compôs lindas Paradoxo
canções.
Consiste numa proposição aparentemente
Sinestesia
absurda, resultante da união de ideias
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, contraditórias. Veja o exemplo:
as sensações percebidas por diferentes órgãos a) Na reunião, o funcionário afirmou que o
do sentido. operário quanto mais trabalha mais tem
dificuldades econômicas.
Exemplos:

a) Um grito áspero revelava tudo o que Eufemismo


sentia. (Grito = auditivo; áspero = tátil)
b) No silêncio negro do seu quarto, Consiste em empregar uma expressão mais
aguardava os acontecimentos. (Silêncio = suave, mais nobre ou menos agressiva, para
auditivo; negro = visual) comunicar alguma coisa áspera,
desagradável ou chocante. Exemplos:
a) Depois de muito sofrimento, entregou
Figuras de Pensamento a alma ao Senhor. (Morreu)
b) O prefeito ficou rico por meios ilícitos.
As figuras de pensamento trabalham com a (Roubou)
combinação de ideias, pensamentos. Dentre c) Fernando faltou com a verdade.
as figuras de pensamento, as mais comuns (Mentiu)
são:

Ironia
Antítese
Consiste em dizer o contrário do que se
Consiste na utilização de dois termos que pretende ou em satirizar, questionar certo tipo
contrastam entre si. Ocorre quando há uma de pensamento com a intenção de ridicularizá-
aproximação de palavras ou expressões de lo, ou ainda em ressaltar algum aspecto
sentidos opostos. O contraste que se passível de crítica. A ironia deve ser muito
estabelece serve, essencialmente, para dar bem construída para que cumpra a sua
uma ênfase aos conceitos envolvidos que não finalidade; mal construída, pode passar uma
se conseguiria com a exposição isolada dos ideia exatamente oposta à desejada pelo
mesmos. Observe os exemplos: emissor. Veja os exemplos abaixo:
a) "O mito é o nada que é tudo."
(Fernando Pessoa)

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

a) Como você foi bem na última prova, Das lutas, na tempestade,


não tirou nem a nota mínima! Dá que ouçamos tua voz..." (Osório
b) Parece um anjinho aquele menino, Duque Estrada)
briga com todos que estão por perto. Gradação

Hipérbole Consiste em dispor as ideias por meio de


palavras, sinônimas ou não, em ordem
É a expressão intencionalmente exagerada crescente ou decrescente. Quando a
com o intuito de realçar uma ideia. Exemplos: progressão é ascendente, temos o clímax;
a) Faria isso milhões de vezes se fosse quando é descendente, o anticlímax.
preciso. Observe este exemplo:
b) "Rios te correrão dos olhos, se Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais
chorares." (Olavo Bilac) Joana com seus olhos claros e brincalhões...

O objetivo do narrador é mostrar a


Prosopopeia ou Personificação
expressividade dos olhos de Joana. Para
Consiste em atribuir ações ou qualidades de chegar a esse detalhe, ele se refere ao céu, à
seres animados a seres inanimados, ou terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e
características humanas a seres não seus olhos. Nota-se que o pensamento foi
humanos. Observe os exemplos: expresso em ordem decrescente de
a) As pedras andam vagarosamente. intensidade. Outros exemplos:
b) O vento fazia promessas suaves a
quem o escutasse. a) "Vive só para mim, só para a minha
vida, só para meu amor". (Olavo Bilac)
b) "O trigo... nasceu, cresceu, espigou,
Apóstrofe amadureceu, colheu-se." (Padre
Antônio Vieira).
Consiste na "invocação" de alguém ou de
alguma coisa personificada, de acordo com o Figuras de Sintaxe
objetivo do discurso que pode ser poético,
sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo As Figuras de Sintaxe ou Figuras de
chamamento do receptor da mensagem, seja Construção são utilizadas para modificar um
ele imaginário ou não. A introdução da período, ou seja, interferem na estrutura
apóstrofe interrompe a linha de pensamento gramatical da frase, com o intuito de oferecer
do discurso, destacando-se assim a entidade maior expressividade ao texto.
a que se dirige e a ideia que se pretende pôr Assim, as figuras de sintaxe operam de
em evidência com tal invocação. Realiza-se diversas maneiras na frase, seja na inversão,
por meio do vocativo. Exemplos: repetição ou na omissão dos termos.
Elipse
a) Moça, que fazes aí parada?
b) "Pai Nosso, que estais no céu..." Consiste na omissão de um ou mais termos
c) "Liberdade, Liberdade, numa oração que podem ser facilmente
identificados, tanto por elementos gramaticais
Abre as asas sobre nós,

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

presentes na própria oração, quanto pelo Exemplo: Triste estava Manuela. (Neste caso,
contexto. Exemplos: o estado do sujeito surge antes do nome
a) Regina estava atrasada. Preferiu ir direto “Manuela”, que na construção sintática usual
para o trabalho. (Ela, Regina, preferiu ir direto seria: Manuela estava triste).
para o trabalho, pois estava atrasada.) Assíndeto
b) As rosas florescem em maio, as
margaridas em agosto. (As margaridas Síndeto corresponde a uma conjunção
florescem em agosto.) coordenativa utilizada para unir termos nas
Zeugma orações coordenadas. Feita essa observação,
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre a figura de pensamento assíndeto é
quando é feita a omissão de um termo já caracterizada pela ausência de conjunções.
mencionado anteriormente. Exemplos: Exemplo: Daiana comprou uvas para comer,
(e) limões para fazer suco.
a) Ele gosta de geografia; eu, de
português. Polissíndeto
b) Na casa dela só havia móveis antigos;
na minha, só móveis modernos. Ao contrário do assíndeto, o polissíndeto é
caracterizado pela repetição da conjunção
Silepse coordenativa (conectivo).
Exemplo: Dolores brigava, e gritava, e falava.
Na silepse há concordância da ideia e não do
termo utilizado. São classificadas em:
Anáfora
Silepse de Gênero, quando ocorre
discordância entre os gêneros (feminino e A anáfora é a repetição de termos no começo
masculino); das frases, muito utilizada pelos escritores na
Silepse de Número, quando ocorre construção dos versos a fim de dar maior
discordância entre o singular e o plural; ênfase à ideia.
Silepse de Pessoa, quando ocorre Exemplo: Se eu amasse, se eu chorasse, se
discordância entre o sujeito, que aparece na eu perdoasse. (A repetição do termo “se”
terceira pessoa, e o verbo, que surge na enfatiza a condicionalidade que o emissor do
primeira pessoa do plural. discurso quer propor).
Exemplos: Anacoluto
São Paulo é suja. (silepse de gênero)
Um bando (singular) de mulheres (plural) O anacoluto altera a sequência lógica da
gritavam assustadas. (silepse de número) estrutura da frase por meio de uma pausa no
Todos os atletas (terceira pessoa) estamos discurso.
(primeira pessoa do plural) preparados para o Exemplo: Esses políticos de hoje, não se pode
jogo. (silepse de pessoa). confiar. (Numa sequência lógica, teríamos:
“Esses políticos de hoje não são confiáveis”
Hipérbato ou Inversão ou Não se pode confiar nesses políticos de
hoje.)
O hipérbato é caraterizado pela inversão da Pleonasmo
ordem direta dos termos da oração, segundo
a construção sintática usual da língua (sujeito Repetição enfática ou redundância de um
+ predicado + complemento). termo que soa “desnecessário” no discurso, o

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

qual pode ser utilizado intencionalmente 8- Variação Linguística


(pleonasmo literário) como figura de
linguagem, ou por desconhecimento das A variação linguística é um fenômeno que
normas gramaticais (pleonasmo vicioso), acontece com a língua e pode ser
nesse caso um vício de linguagem. compreendida por intermédio das variações
Exemplo: A noite escura da Amazônia. (Note históricas e regionais. Em um mesmo país,
que a noite já pressupõe escuridão.) com um único idioma oficial, a língua pode
sofrer diversas alterações feitas por seus
Figuras de Som falantes. Como não é um sistema fechado e
imutável, a língua portuguesa ganha
As Figuras de Som ou de Harmonia
diferentes nuances. O português que é falado
correspondem a uma categoria das figuras de
no Nordeste do Brasil pode ser diferente do
linguagem associadas à sonoridade.
português falado no Sul do país. Claro que um
Elas valorizam a expressividade do texto, por
idioma nos une, mas as variações podem ser
meio da sonoridade, ou seja, da repetição de
consideráveis e justificadas de acordo com a
sons.
comunidade na qual se manifesta.
Observe a imagem a seguir:
Aliteração

Consiste na repetição de consoantes como


recurso para intensificação do ritmo ou como
efeito sonoro significativo. Exemplos:
a) Três pratos de trigo para três tigres
tristes.

b) O rato roeu a roupa do rei de Roma.

Assonância
As variações acontecem porque o princípio
Consiste na repetição ordenada de sons
fundamental da língua é a comunicação,
vocálicos idênticos. Exemplos:
então é compreensível que seus falantes
"Sou um mulato nato no sentido lato
façam rearranjos de acordo com suas
mulato democrático do litoral."
necessidades comunicativas. Os diferentes
falares devem ser considerados como
variações, e não como erros. Quando
Onomatopeia
tratamos as variações como erro, incorremos
Ocorre quando se tentam reproduzir na forma
no preconceito linguístico que associa,
de palavras os sons da realidade. Exemplos:
erroneamente, a língua ao status.
a) Os sinos faziam blem, blem, blem,
blem.
No Brasil, por exemplo, todos falam a língua
portuguesa, mas existem usos diferentes da
b) Miau, miau. (Som emitido pelo gato).
língua devido a diversos fatores. Dentre eles,
destacam-se:

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

As diferentes variações linguísticas


Fatores regionais
De acordo com esses fatores podemos
É possível notar a diferença do português
classificar as variações da seguinte forma:
falado por um habitante da região nordeste e
outro da região sudeste do Brasil. Dentro de
uma mesma região, também há variações no Variações diafásicas
uso da língua. No estado do Rio Grande do São as variações que se dão em função do
Sul, por exemplo, há diferenças entre a língua contexto comunicativo, isto é, a ocasião determina
o modo como falaremos com o nosso interlocutor,
utilizada por um cidadão que vive na capital e podendo ser formal ou informal.
aquela utilizada por um cidadão do interior do
estado.
Fatores culturais Variações históricas
O grau de escolarização e a formação cultural A língua é dinâmica e sofre transformações ao
de um indivíduo também são fatores que longo do tempo. Um exemplo de variação histórica
colaboram para os diferentes usos da língua. é a questão da ortografia: a palavra “farmácia” já
Uma pessoa escolarizada utiliza a língua de foi escrita com “ph” (pharmácia). A palavra “você”,
uma maneira diferente da pessoa que não que tem origem etimológica na expressão de
teve acesso à escola. tratamento de deferência “vossa mercê” e que se
transformou sucessivamente em “vossemecê”,
“vosmecê”, “vancê”, até chegar na que utilizamos
Fatores contextuais
hoje que é, muitas vezes (principalmente na
Nosso modo de falar varia de acordo com a
Internet), abreviado para “vc”.
situação em que nos encontramos: quando
conversamos com nossos amigos, não
usamos os termos que usaríamos se Variações diatópicas
estivéssemos discursando em uma Representam as variações que ocorrem pelas
solenidade de formatura. diferenças regionais. As variações regionais,
denominados dialetos, são as variações
Fatores profissionais referentes a diferentes regiões geográficas, de
O exercício de algumas atividades requer o acordo com a cultura local. Um exemplo deste tipo
domínio de certas formas de língua chamadas de variação é a palavra “mandioca” que, em certos
línguas técnicas. Abundantes em termos lugares, recebe outras denominações, como
específicos, essas formas têm uso “macaxeira” e “aipim”. Nesta modalidade também
praticamente restrito ao intercâmbio técnico estão os sotaques, ligados às marcas orais da
linguagem.
de engenheiros, químicos, profissionais da
área de direito e da informática, biólogos,
médicos, linguistas e outros especialistas. Variações diastráticas
São as variações ocorridas em razão da
Fatores naturais
convivência entre os grupos sociais. As gírias, os
O uso da língua pelos falantes sofre influência
jargões e o linguajar caipira são exemplos desta
de fatores naturais, como idade e sexo. Uma modalidade de variação linguística. É uma
criança não utiliza a língua da mesma maneira variação social e pertence a um grupo específico
que um adulto, daí falar-se em linguagem de pessoas. As gírias pertencem ao vocabulário
infantil e linguagem adulta. específico de certos grupos, como os policiais,

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

cantores de rap, surfistas, estudantes, jornalistas,


entre outros.

Já os jargões estão relacionados com as áreas


profissionais, caracterizando um linguajar técnico.
Como exemplo, podemos citar os profissionais da
Medicina, os advogados, os profissionais da
Informática, dentre outros.

Prof. PAULO HERCULANO


UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ
PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E AÇÕES COMUNITÁRIAS
DEPARTAMENTO DE EXTENSÃO
PROGRAMA DE INCLUSÃO, ACESSO E PERMANÊNCIA

Referências SOUZA, Elaine Brito. “Implícitos e presupostos”,


Educação. Disponível em
<http://educacao.globo.com/portugues/assunto/es
ANTUNES, I. Aula de português: encontro &
tudo-do-texto/implicitos-e-pressupostos.html>.
interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.
Acesso em 6 de janeiro de 2017.
BAKHTIN, Mikhail Mjkhailovitch. Estética da
criação verbal / Mikhail Bakhtin [tradução feita ________. “Tipologia textual e tipos de gêneros”,
a partir do francês por Maria Emsantina Galvão Portuguesxconcursos. Disponível em
G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 1997. <http://www.portuguesxconcursos.com.br/p/tipolo
gia-textual-tipos-generos.html
KOCH, Ingedore Villaça, ELIAS ,Vanda Maria. Ler >. Acesso em 7 de janeiro de 2017.
e Compreender: Os sentidos do texto. São
Paulo: Contexto, 2010. PEREZ, Luana Castro Alves. “Funções da
Linguagem?”; Português- uol. Disponível em
MARCUSCHI. L. A. Produção Textual, Análise <http://portugues.uol.com.br/redacao/funcao-
de Gêneros e Compreensão. São Paulo: emotiva.html>. Acesso em 07 de janeiro de 2017.
Parábola Editorial, 2008.
PEREZ, Luana Castro Alves. “Variação
Linguística”; Português- uol. Disponível em
SILVA, Marina Cabral da. "O texto e o
<http://portugues.uol.com.br/redacao/variacao-
contexto"; Brasil Escola. Disponível em
linguistica-lingua-movimento.html>. Acesso em 10
<http://brasilescola.uol.com.br/redacao/o-texto-
de janeiro de 2017.
contexto.htm>. Acesso em 05 de janeiro de 2017.

SOUZA, Elaine Brito. “O que é um texto?”; SILVA, Débora. “Tipos de variações Linguísticas”.
Educação. Disponível em Estudo prático. Disponível em
<http://educacao.globo.com/portugues/assunto/es <http://www.estudopratico.com.br/variacoes-
linguisticas-diafasica-diatopica-diastratica-e-
tudo-do-texto/o-que-e-um-texto.html>. Acesso em
historica/>. Acesso em 10 de janeiro de 2017.
05 de janeiro de 2017.
________. “Figuras de linguagem”, Só português.
Disponível em
SANTOS, Paula Perin dos. “Contexto”. Disponível
<http://www.soportugues.com.br/secoes/seman/s
em<http://www.infoescola.com/redacao/contexto/
eman3.php>. Acesso em 07 de janeiro de 2017.
>. Acesso em 06 de janeiro de 2017.

PEREZ, Luana Castro Alves. "Tipos de ________. “Figuras de linguagem”, Toda matéria.
intertextualidade"; Brasil Escola. Disponível em Disponível em <
<http://brasilescola.uol.com.br/redacao/tipos- https://www.todamateria.com.br/figuras-de-
intertextualidade.htm>. Acesso em 10 de janeiro linguagem/>. Acesso em 07 de janeiro de 2017.
de 2017.
FERREIRA, Márcia Ellen de Oliveira; VIDAL,
Eládio do Nascimento Junior. Coletânea de
SOUZA, Elaine Brito. “Intertextualidade”, textos da disciplina. Pará: Plano de formação
Educação. Disponível em docente do estado do Pará, 2011.
<http://educacao.globo.com/portugues/assunto/es
tudo-do-texto/intertextualidade.html. Acesso em 4
de janeiro de 2017.

Prof. PAULO HERCULANO

Vous aimerez peut-être aussi