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Já vimos que uma das características da Literatura, seja ela qual for,
é que, sendo produto da imaginação criadora do homem, ela é abstrata,
porque é gerada por idéias, emoções, experiências; e concreta, porque as
palavras precisam ser escritas em alguma coisa que lhes dê um suporte
físico.
Vimos, também, que assim como outras artes, a literatura para
crianças tem algumas especificidades: não tem uma forma específica; vai
da realidade para o maravilhoso, incorpora ilustrações ao texto e admite
modalidades próprias.
Isso não significa que a criança não possa ler alguns textos literários
destinados a adultos. Os meios empregados pelo autor, para estabelecer
uma comunicação com o leitor infantil, estão ligados à adaptação, a uma
forma de adequar os textos para que eles atinjam as crianças. Isso
acontece porque de nada adianta tentar forçar uma criança a ler sobre
assuntos que ela não domina. Não tem nenhuma relação com gostar... Tem
ligação com compreender, identificar.
Também não entendeu? Pois é... Mesmo que o alfabeto seja seu
velho conhecido, você novamente não entendeu nada. Sabe por que isso
acontece? Porque você não conhece latim, não domina a língua na qual o
texto está escrito. Vamos à terceira tentativa:
Não é que você não tenha conseguido ler os três últimos textos. Você
conseguiu ler. O que você não conseguiu foi entender, ou seja, essa leitura
não tem a mínima significação para você, logo, mais do que a informação
visual, você precisa de informação não-visual, de uma habilidade básica da
leitura, que é usar ao máximo os conhecimentos que você já tem, o que
você já viu, já experimentou, já leu. Quanto menos conhecimento você
tiver, menos o texto vai ter significado e, como consequência, menos você
vai compreender. É exatamente o que aconteceu com você que acontece
com uma criança, quando ela tenta ler um texto que não tem significado
para ela.
a) Adaptação do assunto
Se considerarmos que a compreensão de mundo da criança e suas
vivências são diferentes das do adulto, o escritor é obrigado a mudar o
tratamento de certos temas, idéias ou problemas, precisando levar o leitor a
aceitar valores que colaborem para que a criança se integre ao meio social;
b) Adaptação da forma
É preciso que a forma escolhida coincida com as expectativas da
criança. Assim, o enredo deve ter um desenvolvimento linear e personagens
que motivem uma identificação. Se o desenvolvimento deve ser linear, não
deve haver flashbacks e interrupções no andamento da história. Devem ser
evitados, ainda, trechos muito longos com descrições, e os mecanismos de
suspense devem ser a intensificação da ação e da aventura.
c) Adaptação do estilo
O vocabulário e a construção sintática não devem exceder o domínio
cognitivo do leitor, por isso precisam coincidir com as particularidades do
estilo infantil. Dito de outro modo, deve haver o predomínio da oralidade e
a supremacia da afetividade em detrimento da conceitualização Assim, as
frases devem ser curtas, com pouca subordinação; pouca utilização da voz
passiva e de atributos e nomes mais complexos, além do uso mínimo do
discurso indireto.
Sugiro que você, ao trabalhar uma adaptação com seus alunos, leia
também o original. Sabe como é... Sempre tem aquele aluno que faz uma
pergunta sobre o texto e temos que estar preparados, afinal, é por isso que
estamos lá na frente, não é? Isso significa que a leitura do professor é pré-
requisito da leitura do aluno. Mas atenção!!!! A leitura do professor é
indispensável porque ele precisa conhecer o texto que selecionou para os
alunos lerem, e não que a leitura do aluno deva ser atrelada à leitura do
professor, porque o aluno, através de um trabalho textual, pode atingir
outros sentidos e conseguir comprová-los. Muito cuidado com isso!