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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE CAMPINA GRANDE, ESTADO DA PARAÍBA

Autos n° _____

JOÃO PEDRO LACERDA e THALES SANSÃO, já


devidamente qualificados nos autos, por meio de seu advogado constituído que esta
subscreve (conforme procuração em anexo), vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, apresentar:

MEMORIAIS
Dentro do prazo legal e com supedâneo no arts. 403, parágrafo 3°, do Código de Processo
Penal, expondo e requerendo o que se segue.

I – DOS FATOS

Os dois acusados foram denunciados, em concurso de agentes,


pelo tipificado nos arts. 155, 180, parágrafo 3°, e 311, todos do Código Penal, por
supostamente estarem furtando veículos automotores no município de João Pessoa,
Estado da Paraíba, sendo ainda acriminados por receptação imprópria e pelo crime de
adulteração de sinal identificador de veículo.
A polícia militar, sabendo da incidência dos delitos, estacionou
automóvel em uma das vias da região e, em campana, aguardou até que alguém realizasse
o crime de furto, incumbindo de forma injusta os outros tipos penais. THALES SANSÃO,
um dos acusados, foi surpreendido com a voz de prisão em flagrante NO MOMENTO
em que estava prestes a realizar conduta suspeita, o que, per si, não indica consumação
ou tentativa de ilícito algum.
Destarte, durante a instrução criminal, os denunciados
conseguiram provar, através de oitiva das testemunhas, que estavam em locais diversos
da região apontada como o ponto de intersecção para os crimes de furto.
Ademais, importa salientar, neste momento do processo penal,
que a denúncia do Ministério Público foi ofertada e recebida desacertadamente perante
este juízo criminal, tendo em vista a incompetência ratione loci (art 70 do CPP), já
alegada em sede de defesa preliminar. Todavia, tal tese ainda não foi decretada pelo d.
Juízo.
Por fim, o Órgão Ministerial, em suas alegações finais por
memoriais, manteve o pedido de condenação dos acusados nos termos da peça
denunciadora.

III – DO DIREITO

1. Primeiramente, resta salientar que o processo é nulo, em


decorrência da incompetência do juízo, conforme art. 564, inciso I, do Código de Processo
Penal. Tendo em vista que, no caso em questão, os delitos foram praticados em João
Pessoa, Estado da Paraíba, a comarca de Campina Grande é incompetente para o seu
julgamento, uma vez que o critério de competência pelo lugar da infração é a regra do
processo penal (art. 70 do CPP).
2. Em outro ponto, não sendo o entendimento de Vossa
Excelência pela nulidade do processo, este deve terminar em absolvição, por conteúdo
probatório que reconhece que os dois acusados não são autores dos delitos.
O art. 386, inciso IV, do Código de Processo Penal, prevê que o
juízo deverá reconhecer a absolvição quando subsistam provas nesse sentido. Logo, trata-
se de hipótese que se apresenta no presente processo, dada a prova robusta trazida pelos
acusados por meio da inquirição das testemunhas e, somada com apresentação de
passagem rodoviária para cidade de Guarabira, Estado da Paraíba, utilizada por João
Pedro Lacerda, no dia em que determinado furto de veículo automotor ocorreu nas regiões
elencadas pela investigação dos fatos.
3. Outrossim, a prisão em flagrante ora determinada pelos agentes
policiais é manifestadamente ilegal, uma vez que foi antecipada e preparada por estes,
como já alegada na defesa preliminar. Ou seja, os agentes procederam no sentido de tornar
impossível todos os ilícitos penais configurados, dada a ineficácia do meio empregado.
À vista disso, deve-se destacar a atipicidade do fato. Com efeito
e nesse mesmo entendimento, a Súmula 145 do Supremo Tribunal Federal (STF) afirma
que “não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação.” Trata-se, portanto, de hipótese de crime impossível, prevista no art. 17 do
Código Penal.
Portanto, em decorrência da descabida atribuição das
transgressões penais e da atipicidade do fato, os acusados são merecedores da absolvição
sumária, conforme previsto no art. 397, inciso III, do Código Penal, in verbis:
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste
Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
(Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; (Incluído
pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente,
salvo inimputabilidade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou (Incluído
pela Lei nº 11.719, de 2008).
IV - extinta a punibilidade do agente. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).

4. Por derradeiro, havendo condenação, os réus serão


merecedores da pena e do regime mais brando, conforme disposto no art. 59 do Código
Penal, a saber:

Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta


social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra
espécie de pena, se cabível. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Portanto, ambos os denunciados são pessoas da mais verdadeira


honestidade, voltadas para o trabalho digno e manutenção de suas famílias (conforme
depoimento das testemunhas em audiência de instrução e julgamento), não havendo
qualquer mancha em suas fichas criminais. Todavia, dado os erros da prisão em flagrante
e da peça denunciadora, foram injustamente imputados de crimes impossíveis ou
erroneamente configurados, sem consumação ou tentativa. Porém, em razão dos bons
antecedentes e da primariedade destes, ora inicialmente salientados, fazem jus às
garantias do processo constitucional penal, assim como as penas e os regimes iniciais
mais brandos.
IV – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer:


A) Nulidade de todo o processo, nos termos do art. 564, inciso I,
do Código de Processo Penal.
B) Absolvição dos réus, em razão do art. 386, inciso IV, do
Código de Processo Penal;
C) Subsidiariamente postula-se pela absolvição sumária dos
denunciados, com fulcro no art. 397, inciso III, do Código de Processo Penal.
D) Havendo condenação, requer-se pela pena no mínimo legal e
regime inicial mais brando, para os dois acusados, conforme reconhecimento dos
atributos do art. 59 do Código Penal.

Nestes termos,
Pede Deferimento.

Campina Grande, 16 de outubro de 2019.

Luiz Henrique Rodrigues Oliveira


Advogado

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