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Processo de Execução
No âmbito da tutela de execução, o CPC funcionou mais como uma consolidação das
alterações legislativas levadas a cabo desde meados dos anos 1990, consolidando o
sincretismo processual com uma melhor distribuição de ritos de cumprimento de
sentença, e valorizando importantes alterações para a ação e a defesa em sede de
Pois bem. Então a tutela de execução continua sendo “tutela de execução”. E você,
caro acadêmico em especialização, caro advogado ou profissional das demais funções
essenciais ao funcionamento da Justiça, consegue descrever, em poucas palavras, o
que seria a “execução” enquanto tutela jurisdicional prestada pelo Estado Juiz? Vamos
experimentar?
Se não ficou surpreso, ótimo! Sinal de que você em algum momento já percebeu que
o legislador “fala menos do que deveria”. Certamente, no campo legislativo da tutela
de execução, isso ocorre.
Se discordou, faça uma nova leitura dos dispositivos legais e depois as seguintes
reflexões:
Após suas reflexões e um olhar no passado do CPC de 1973, você perceberá que o
tema da Execução era tratado como objeto do Livro II. As sentenças eram
“executadas” de modo muito similar aos processos de execução dos títulos
extrajudiciais. Por tal razão, e por uma opção legislativa, optou o CPC manter normas
de aplicação para a execução de ambas as execuções. Entendeu?
Vamos agora ver alguns princípios aplicáveis à tutela de execução, tanto de títulos
executivos judiciais e como extrajudiciais.
Não se preocupe, pois o tema dos princípios e sua aplicação prática serão revisitados
no decorrer das aulas.
III – Juízo cível competente – nos casos de sentença pela condenatória, sentença
arbitral, sentença estrangeira, ou acórdão proferido por Tribunal Marítimo – aqui, como
os títulos não foram originariamente gerados no processo civil (brasileiro ou não), o
legislador remete às regras de competência que você analisaria em sede de exercício
de ação de conhecimento, nos termos dos arts. 42 a 69 do CPC.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Luis Carlos de. Curso do novo processo civil. Rio de Janeiro: Editora
Freitas Bastos, 2015.
ASSIS, Araken de. Manual da execução. 20. ed. Rio de Janeiro: Revista dos
Tribunais, 2018.
BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil:
tutela jurisdicional executiva. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019. v. 3.
1 – Responsabilidade patrimonial
Na aula 1, vimos que a tutela de execução é a atividade estatal do Poder
Judiciário em realizar o direito material e pretensões de respectivos
titulares existentes em decisões judiciais e outros documentos que a lei
denomina títulos executivos extrajudiciais.
Ao validarmos tal conceito, implicitamente compreendemos que para a realização do
direito material e pretensões é necessário haver um lastro patrimonial para as
execuções de pagar quantia certa e alimentos, por exemplo. E que também é
necessário o lastro patrimonial no caso de impossibilidade de cumprimento da tutela
específica das obrigações de fazer, não fazer e dar, pois pode ser que seja necessário
convolar a execução para quantia certa, de modo a recuperar, em dinheiro, aquilo que
não foi honrado na prestação originária.
Então, é justamente nesse ponto que entra a noção inicial para conceituar a
responsabilidade patrimonial de uma pessoa natural ou jurídica. Sim, todos nós, sem
exceção, temos uma esfera jurídica pessoal e uma esfera jurídica patrimonial.
Sim! Você pratica atos jurídicos, mesmo que às vezes não perceba, até que algo dê
errado e você, ou outras pessoas envolvidas, se movimente em busca de seus
direitos!
Mas, se todos têm presunção de solvência, mas não, ou necessariamente não, estarão
solventes na sequência temporal da vida, como ter segurança jurídica na prática?
Como um advogado “pode ou não atestar” a solvência de uma pessoa natural ou
jurídica e recomendar, se for o caso, a celebração de determinado negócio jurídico?
E a partir daí podemos sofrer consequências jurídica, tais como restrições explícitas
e implícitas na disponibilidade de bens, limitações ao crédito, invalidação total ou
parcial da prática de atos jurídicos que causam danos a credores e terceiros e
possível condenação por má-fé processual!
Limitações legais
Existe, como a lei, a doutrina e a jurisprudência gostam de observar, uma série de
bens impenhoráveis, isto é, que não podem ser penhorados porque não poderão ser
utilizados diretamente para atender aos direitos de credores.
Limitações contratuais
Ao lado das limitações legais e considerando a liberdade de contratar prevista no art.
421 do Código Civil, e mais ainda na Medida Provisória nº 881/2019, existem as
limitações contratuais, que permitem que as partes envolvidas em determinados
negócios presentes e futuros possam “preservar parte de seus bens” em comum
acordo para não serem afetados (um pelo outro) em caso de disputas jurídicas entre
si, não podendo, obviamente, prejudicar terceiros.
I – frauda a execução;
Exemplo: alienação gratuita ou onerosa de bens após ciência de processo que poderia
levar à sua insolvência.
II – se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios
artificiosos;
Exemplo: dificulta o cumprimento de atos de intimação ou citação.
III – dificulta ou embaraça a realização da penhora;
Exemplo: busca confundir o oficial de Justiça em penhoras portas adentro, esconde
veículos ou insinua ser apenas usuário quando é também proprietário
Em todos os casos, resta flagrante o dolo do devedor ou terceiro que pratica tais atos
em burlar, seja com atrasos ou mesmo com intenção definitiva de encerrar a fase ou
tutela de execução.
Os atos aqui referidos não são atos novos a ser estudados, mas sim atos que vocês já
viram no campo do direito privado, e que têm como objeto bens e direitos e respectiva
alienação ou oneração a título oneroso ou gratuito, o que dolosamente reduz sua
responsabilidade patrimonial, impedindo ou dificultando a satisfação do crédito de
credores, fora ou dentro do juízo.
Nesses casos, descoberto tempestivamente pelo credor o ato de alienação, pode ele
pedir sua invalidação em juízo, a partir de uma ação desconstitutiva, chamada de ação
pauliana. Havendo procedência do pedido, o bem volta à esfera jurídica do devedor e
poderá, caso seja efetivamente necessário, ser objeto de penhora e futura
expropriação patrimonial.
Para além do credor que intentou e conseguiu se tornar exequente, o juiz e seus
auxiliares poderão trabalhar em vão, simplesmente porque o devedor (executado ou
não) praticou atos de alienação ou oneração patrimonial que o deixaram insolvente. É
risco quase certo de todos morrerem na praia, jamais alcançando a satisfação material,
desfecho único pretendido em toda e qualquer execução.
Fraude à execução
Ex.: Devedor (pessoa natural) vende seus dois carros e se torna insolvente após a
relação obrigacional de mútuo constituída com o Credor (banco) e com ciência de
processo judicial de cobrança capaz de levar à insolvência.
Elemento objetivo – Dano patrimonial (ativo < passivo) = Deve mais!
Elemento subjetivo – Dolo de fraudar presumido = Sabe das consequências do
ato; requerimento nos autos: ônus da prova invertido ao devedor
(presunção).
Súmula nº 486
Inteiro Teor
Súmula anotada
É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros,
desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a
moradia da sua família.
Súmula nº 549
Inteiro Teor
Súmula anotada
É válida a penhora de bem de família pertencente a fiador de contrato de locação.
Segundo o recorrente, o imóvel seria impenhorável por ser sua única propriedade,
sendo ele o responsável pelo sustento da família. Assim, alegou que, na hipótese,
cabe a proteção do direito fundamental e social à moradia.
O julgamento teve início em outubro de 2014, quando o ministro Dias Toffoli
(relator) – então componente da Primeira Turma – votou pelo desprovimento do RE,
entendendo que a penhorabilidade do bem de família é possível tanto na locação
residencial como na comercial> na ocasião, o julgamento foi suspenso pelo pedido
de vista do ministro Luís Roberto Barroso. Nesta terça-feira (12), ele apresentou
voto acompanhando o relator. De acordo com Barroso, o Supremo tem
entendimento pacífico sobre a constitucionalidade da penhora do bem de família do
fiador por débitos decorrentes do contrato de locação residencial.
Do mesmo modo votou o ministro Marco Aurélio, segundo o qual deve haver
manifestação de vontade do fiador na locação residencial ou comercial,
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Luis Carlos de. Curso do novo processo civil. Rio de Janeiro: Editora
Freitas Bastos, 2015.
ASSIS, Araken de. Manual da execução. 20. ed. Rio de Janeiro: Revista dos
Tribunais, 2018.
BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil:
tutela jurisdicional executiva. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019. v. 3.
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de urgência e tutela de evidência: soluções
processuais diante do tempo da justiça. 2. ed. Revista dos Tribunais, 2018.
NEGRÃO, Theotonio et al. Código de processo civil e legislação processual em
vigor. 50. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2019.
PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Manual de direito processual civil
contemporâneo. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
Fato é que o Código de Processo Civil e outras leis especiais que regulam a tutela de
conhecimento e execução estão cada vez mais correspondentes e atentas às
necessidades reais da sociedade brasileira. Uma justiça efetiva não é necessariamente
aquela medida por números, mas é também aquela que consegue entender as
necessidades e conceder as respostas demandadas no tempo e espaço necessários.
E nem sempre é fácil, considerando a realidade fática que permeia a sociedade civil,
cada mais ativa e interativa, ávida por resultados quase que instantâneos, sob pena
de não mais interessarem ou se prestarem para o uso originário. Atender às
expectativas das obrigações de fazer, não fazer, dar e pagar quantia certa no tempo,
espaço e modo mais adequado exige mais do que mera aplicação da lei existente.
Exige a compreensão da necessidade de medidas de coerção e “incentivo” ao
cumprimento originário, alternativas jurídicas ao cumprimento pelo devedor originário
quando possível e não houver solução, e uma dose coerente de reparação material no
que se convencionou chamar de perdas e danos pelo inadimplemento obrigacional.
A leitura que se fazia das obrigações e possíveis soluções (já no caso do CPC/1916)
era mais objetiva, estanque, no sentido de identificar a relação obrigacional, seus
sujeitos, objeto e regras de pactuação. Parecia até que uma possível intervenção do
Poder Judiciário fosse algo distante, meio que sem muito nexo e também alternativas.
A mora e o inadimplento pareciam punidos com o peso e as métricas do próprio Código
Com base nessa visão, era improvável imaginar um advogado ir a juízo e pleitear o
cumprimento contratual de obrigação de fazer, firme e convicto de que o Poder
Judiciário faria de tudo para alcançar a tutela específica “daquela” obrigação muito
antes da segunda metade dos anos 1990.
Não se afirma que não existiam dispositivos pontuais ou mesmo ritos específicos já
(ou quase desde sempre) preocupados em uma maior efetividade da caneta de juízes,
desembargadores e ministros em atividade. Um excelente exemplo são as chamadas
ações possessórias (códigos de 1973 e 2015) que já inauguravam, através do interdito
proibitório, medidas mais efetivas de cumprimento de ordens judiciais de reintegração,
manutenção e proteção preventiva da posse.
Muito antes, a Lei da Ação Civil Pública trazia em seu art. 11 ideias correlatas, sem
contudo atingir em massa a advocacia privada e suas pretensões, até pelas restrições
à época de seu objeto e sua legitimidade. Fato é que não havia uma tradição em busca
do cumprimento forçado, medidas coercitivas e tudo mais. Majoritariamente, a mora
e o inadimplemento se resolviam em rescisões contratuais (quando fosse o caso) e
perdas e danos.
É a partir dos anos 1990 (mais precisamente do meio para a segunda metade) que as
ideias de tutelas específicas, medidas coercitivas mais fortes, ganham fôlego e
produzem resultados. Daí a importância das normas processuais estarem adequadas
Como seria uma ação de obrigação de fazer (retirada de nome de cadastro indevido)
sem a possibilidade de medidas coercitivas ou a possibilidade de se obter uma tutela
equivalente (certidão positiva com efeito de negativa)?
Imagino que para algumas pessoas isso nem seria possível. As pessoas já contam com
as ferramentas processuais. E olha que falamos aqui de duas das mais simples medidas
que poderíamos invocar. Seria possível ainda falar em outras medidas de restrição de
direito de ir e vir, praticar atos de compra e venda etc.
O mesmo vale para as obrigações de não fazer. Hoje se consegue (para além das
discussões) travar o funcionamento de aplicativos, TV, internet e outros sistemas
operacionais diversos caso se demonstre a periculosidade ou o descumprimento
efetivo da ordem. Os exemplos são bem repetitivos, e envolvem, em sua grande
maioria, proibições de cunho dos direitos da personalidade ou o lado dos direitos
patrimoniais, uso indevido de imagens etc.
E tudo isso só foi possível graças a uma crescente cultura de dispositivos legais que
vêm fortalecendo as decisões judiciais condenatórias de obrigação de fazer, não fazer
e dar. No tocante às obrigações de pagar quantia certa, muito embora a própria
natureza da obrigação não permita maiores punições, o CPC também inovou com
possibilidades de restrições de direitos como meio indireto de coibir o descumprimento
de mandados de pagamento e penhora, por exemplo. Ainda que com algumas
restrições e polêmicas, fato é que existem também ferramentas para ajudar juízes e
credores de quantia certa, ainda que em medida mais tímida.
Vamos então ver, com base no CPC, que ferramentas e dispositivos são esses e como
podemos utilizar tais recursos nos peticionamentos (advogados, promotores,
defensores) e nas próprias decisões (juízes e equipes de analistas).
Para Humberto Pinho (2019), as medidas listadas no art. 139, IV, seriam diferenciadas
entre si da seguinte forma:
Seja como for, visto a regra geral do art. 139, vamos às conexões em sede de matéria
de tutela de execução:
Prisão do devedor de alimentos, art. 139, IV, c/c 528 §1º, ambos do CPC –
possibilidade de prisão, sem prejuízo de outras tentativas de restrição de direitos.
Você acha o tema pacífico? Veja a sequência de decisões abaixo, apenas em 2018 e
2019:
JUNHO 2018
DEZEMBRO 2018
“STJ valida bloqueio de passaporte como meio coercitivo para pagamento de dívida”,
disponível em: http://bit.do/e4yNa.
MARÇO 2019
Aqui separamos uma decisão bem completa, envolvendo até o poder geral de cautela,
reforçado pelo art. 297 do CPC. Faça uma leitura e teça comentários sobre a aplicação
de astreintes ao caso concreto:
Para além dos arts. 536-537, o CPC também aborda o tema e suas possibilidades em
dispositivos inerentes ao processo de execução como um todo. Veja:
Viu? O CPC cercou por quase todos os lados (veja que não fomos aos procedimentos
especiais) o fortalecimento de ferramentas que possibilitem o cumprimento do
resultado que espera do título executivo judicial e extrajudicial.
E não podemos deixar de fora a Súmula nº 410 do STJ, que ainda na vigência do
CPC/1973 buscava trazer maior segurança jurídica para o termo inicial de inicial da
aplicação de multa por descumprimento.
Aliás, o art. 461 do CPC/1973 (alterado em 1994) era, na verdade, cópia fiel do art.
84 do CDC/1990. Isso significa dizer que desde 1994 já não possuíamos o então Livro
II tratando da execução de sentenças de fazer e não fazer. É bom recordar que, até
1994, sentenças e títulos extrajudiciais eram executados com os mesmos dizeres
legislativos (Livro II do CPC 1973).
Mas a verdade é que, até 2005, pouca atenção era dada às alterações dos arts. 461 e
461-A do CPC/1973. Foi apenas com a instalação do art. 475-J, e seguintes,
estendendo às obrigações de pagar quantia certa que boa parte da doutrina e
operadores jurídicos começou a enxergar a realidade normativa e metodológica que
se estende até os nossos dias e o CPC, com gratos ajustes em 2015.
Esses são os dois critérios que inicialmente repartem os dizeres normativos a respeito
da execução. Em primeiro lugar, independentemente da espécie ou natureza da
obrigação, o CPC dividiu dois grandes blocos, conforme a origem do título executivo:
E mais: se o credor for uma pessoa jurídica de direito público? Nesses casos, a tutela
de execução deverá seguir a ritualística da Lei nº 6.830/1980, conhecida como a Lei
de Execução Fiscal. Por sua vez, se o devedor for a pessoa jurídica de direito público,
a hipótese será de utilização do CPC mesmo, mas em rito especialmente criado para
confrontar as pessoas jurídicas de direito público de modo diferenciado.
A conjugação dessas três premissas permitiu ao legislador CPC criar ritos distintos para
títulos executivos judiciais e extrajudiciais. Em cada um dos casos, os ritos refletem os
atos processuais mais adequados à busca pela satisfação material dos credores
(exequentes).
Esperamos que você tenha aproveitado a presente aula para preparar de modo
sistêmico o estudo dos ritos processuais de cumprimento de títulos judiciais e
processos de execução no CPC.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Luis Carlos de. Curso do novo processo civil. Rio de Janeiro: Editora
Freitas Bastos, 2015.
ASSIS, Araken de. Manual da execução. 20. ed. Rio de Janeiro: Revista dos
Tribunais, 2018.
O CPC lista, em seu art. 515, os títulos executivos judiciais, que podem ser sentenças
acórdãos, decisões judiciais interlocutórias ou monocráticas nos casos de alguma
concessão de tutela provisória possível. É importante registrar que o cumprimento de
“liminares, tutelas e outros comandos condenatórios” se dá de modo equivalente ao
de uma sentença, com as naturais ressalvas do caráter de provisoriedade.
Comentário: O inciso traz uma saudável modificação ao CPC, pois ratifica o que vem
sendo ventilado nas aulas anteriores sobre a aplicação do “cumprimento de sentença”
às decisões interlocutórias e monocráticas. Considerando que já no CPC/1973 a
execução de tais decisões se dava pelo então cumprimento de sentença existente, o
inciso I chega em boa hora. Uma pena que o legislador não aproveitou para modificar
Atenção! Para além do reconhecimento dos títulos executivos judiciais, o art. 515 do
CPC traz ainda dois importantes parágrafos que merecem o devido destaque:
Citação – Intimação
§ 1º Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no juízo cível para o
cumprimento da sentença ou para a liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
Comentário: Importantíssimo dispositivo para o peticionamento, pois uma das
grandes diferenças do cumprimento de sentença em regra é a intimação no lugar da
citação, como era antes do sincretismo processual iniciado nos anos 1990. Aqui, é
Autocomposição judicial
Elementos subjetivos e objetivos estranhos ao processo
De todo modo, com ou sem surpresas, os títulos executivos judiciais devem ser certos
(obrigação identificada e diferenciada), líquido (quantificação) e exigíveis (sem
impedimentos materiais ou processuais), e poderão ter o seu cumprimento requerido
em juízo conforme as disposições dos arts. 513-538 do CPC.
Antes, porém, é importante que você entenda: quando nos referimos aqui a ritos, o
fazemos no sentido eminentemente técnico, processual. Ou seja, de acordo com o
título executivo que tiver em mãos, para realizar o direito material de seu cliente, você
deverá eleger um dos caminhos processuais aqui indicados.
Isso significa dizer que os ritos previstos em lei (Veja: Índice Sistemático do CPC)
trazem uma previsão (não excludente) dos atos processuais do exequente, juiz e
executado, sem prejuízo de outros que podem intervir no curso do processo.
Pois bem, quando a obrigação pecuniária não tiver a rubrica de alimentos ou não for
em face da Fazenda Pública (e vice-versa), o rito a ser obedecido é justamente esse.
A partir do art. 520 do CPC, encontramos os dispositivos que vão tratar da execução
por quantia certa em face de devedor solvente de modo provisório e definitivo. É a
A defesa correta é a impugnação, que não tem efeito suspensivo (regra) e não
impede, portanto, a sequência do cumprimento, e pode ter como temas as chamadas
matérias de ordem pública e outros fatos relevantes após a sentença. É a dialética
presente em respeito ao contraditório continuado, ainda que bem mitigado em relação
ao já proporcionado na fase de conhecimento. Vejamos os temas:
O rito 5º guarda uma sintonia fina com o procedimento a ser adotado para as
obrigações de fazer e não fazer. A bem da verdade, o comando final do requerimento
e eventual é que são alterados, mas as medidas coercitivas e demais disposições de
um rito valem para o outro. A divisão aqui é muito mais de cunho didático.
Importante combinar também o art. 139, IV, do CPC. No caso do art. 538 do CPC, a
efetividade pode chegar ao máximo desejado, pois, no caso da não entrega,
expede-se mandado de busca e apreensão ou imissão na posse. Tirando a hipótese
de perecimento da coisa, é bem provável que a satisfação material seja alcançada pelo
exequente com o apoio do Poder Judiciário. A defesa é realizada também pela
impugnação, nos termos do art. 525 e seguintes do CPC.
O CPC lista em seu art. 784 os títulos executivos extrajudiciais que são documentos
privados e públicos criados pelo homem para, em tese, fazer circular e garantir valores
mobiliários e imobiliários com um grau satisfatório de certeza, liquidez e exigibilidade
a ponto de dispensar a submissão de seus direitos e pretensões ao primado dos
processos de conhecimento. Os títulos executivos extrajudiciais autorizam os
processos de execução e respectivas ordens e comandos em prol da satisfação do
credor por meio da expropriação de bens do devedor.
Ora, mas qual a razão de o direito abraçar tal diferenciação com base apenas em leis
e documentos? Muito simples: as relações sociais se multiplicaram e se entrelaçaram
de tal forma, espaço e tempo que a ideia originária de realizar justiça via um juiz que
irá decidir o certo ou errado parece complexa e forte em demasia, se considerada a
multiplicidade de negócios jurídicos praticados entre as partes.
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força
executiva.
Comentário: O inciso XXI necessita da interpretação mais objetiva e ao mesmo
tempo mais ampla possível, considerando a possibilidade de livre criação legislativa do
direito e suas fontes em estabelecer, ou não, novos títulos executivos ou até mesmo
variações de alguns títulos executivos já existentes.
Para além dos incisos, o art. 784 do CPC traz importantes considerações acerca dos
títulos executivos extrajudiciais e o exercício de ações em face de direitos creditórios.
Considerando a temática envolvida, faremos tais comentários em conjunto com o
disposto no art. 785 do CPC, que reflete a ideia do princípio da disponibilidade da
execução, tema importantíssimo para o manejo de ferramentas processuais mais ou
menos adequadas e casos mais complexos.
É importante destacar que não se proíbem ações envolvendo discussões sobre o título
executivo e seus requisitos, por exemplo. O que não se pode é inviabilizar o exercício
da ação de execução, sob pena de se retirar sentido da própria diferenciação da tutela
executiva.
Pode-se perguntar, por exemplo, qual seria o interesse do credor, que possui em
seu favor um título executivo extrajudicial, que lhe permite exercer ação para atuar
em processos de execução, de abrir mão de tal direito e exercer ação para atuar em
processos de conhecimento ou eventualmente um rito monitório?
Em situações assim, é possível que o exercício da ação de execução possa gerar uma
possibilidade de embargos do executado com grande potencialidade de descaracterizar
o título executivo, no todo ou em parte, o que precisa ser avaliado por você, advogado.
Para além de simplesmente seguir a previsão legal e formal dos títulos executivos, é
importante ratificar com seu cliente uma coerência entre a realidade fática do
combinado com o realizado.
O art. 785, combinado com o art. 775 (caput), representa a melhor realidade da
autonomia da tutela de execução, ressaltando que a presunção de certeza, liquidez e
exigibilidade do credor tem um peso significativo na tramitação dos processos de
execução, na prática.
No entanto, mesmo considerando tal campo livre, a criatividade nos títulos executivos
extrajudiciais resta contida nas espécies de obrigações aqui apontadas, ainda que
misturadas entre si: fazer e não fazer, dar e pagar quantias certas, razão pela qual o
Antes, porém, é importante que você entenda: quando nos referimos aqui a ritos, o
fazemos no sentido eminentemente técnico, processual. Ou seja, de acordo com o
título executivo que tiver em mãos, para realizar o direito material de seu cliente, você
deverá eleger um dos caminhos processuais aqui indicados.
Isso significa dizer que os ritos previstos em lei (Veja: Índice Sistemático do CPC)
trazem uma previsão (não excludente) dos atos processuais do exequente, juiz e
executado, sem prejuízo de outros que podem intervir no curso do processo.
Pois bem, quando a obrigação pecuniária não tiver a rubrica de alimentos ou não for
em face da Fazenda Pública (e vice-versa), o rito a ser obedecido é justamente esse.
A partir do art. 824 do CPC, encontramos os dispositivos que vão tratar da execução
por quantia certa em face de devedor solvente. No caso dos processos de execução,
os requisitos de todas as petições iniciais estão previstos nos arts. 798-800 do CPC, e
deverão ser conjugados com os demais requisitos ou características específicas no rito.
• Petição inicial;
• Demonstrativo discriminado e atualizado do débito;
• Prazo de três dias para pagamento sob pena de penhora;
• Possibilidade de arresto (em caso de não citação);
• Prazo de quinze dias para embargos ou possível parcelamento;
A defesa correta são os embargos do executado, que não têm efeito suspensivo
(regra) e não impedem, portanto, a sequência do processo de execução. Como
verdadeira ação de conhecimento, os embargos do executado podem versar sobre
tudo que seria lícito alegar sede de processo de conhecimento.
Após o prazo dos embargos do executado, com ou sem oposição e salvo a concessão
de eventual efeito suspensivo, o processo de execução segue o seu curso, caminhando
rumo à expropriação patrimonial dos bens do executado, conforme previsão dos arts.
876-909 do CPC, e presumindo que os atos de penhora, avaliação e depósitos já
tiveram suas respectivas ocorrências, nos termos dos arts. 831-869 do CPC.
• Petição Inicial;
• Demonstrativo discriminado e atualizado do débito;
• Prazo de trinta dias para embargos;
• Sem penhora;
• Sem pagamento.
De acordo com o art. 911, seguem os requisitos da petição inicial e suas possíveis
consequências jurídicas:
• Petição inicial;
• Demonstrativo discriminado e atualizado do débito;
• Prazo de três dias: pagamento/comprovação/justificativa;
• Possibilidade de prisão após o terceiro dia;
• Possibilidade de adoção de rito genérico (quantia certa).
Importante combinar também o art. 139, IV, do CPC para se ter a percepção de que
não se está limitado a multas diárias. No caso do art. 806, §§ 1º e 2º do CPC, a
efetividade pode chegar ao máximo desejado, pois, no caso da não entrega,
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Luis Carlos de. Curso do novo processo civil. Rio de Janeiro: Editora
Freitas Bastos, 2015.
ASSIS, Araken de. Manual da execução. 20. ed. Rio de Janeiro: Revista dos
Tribunais, 2018.
BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil:
tutela jurisdicional executiva. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019. v. 3.
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de urgência e tutela de evidência: soluções
processuais diante do tempo da justiça. 2. ed. Revista dos Tribunais, 2018.
NEGRÃO, Theotonio et al. Código de processo civil e legislação processual em
vigor. 50. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2019.
PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Manual de direito processual civil
contemporâneo. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
O CPC lista em seus arts. 515 e 784 os títulos executivos judiciais e extrajudiciais
capazes de lastrear atividade jurisdicional de cunho executivo. A primeira é chamada
de cumprimento de sentença e a seguinte de tutela de execução propriamente dita. É
o que dita o CPC em vigor, não destoando muito do diploma anterior em sua essência
consignado após as reformas dos anos 1990 e 2000.
A previsão legal é muito similar às providências que devem ser tomadas no caso de
uma declaração de insolvência das sociedades empresárias, previstas na Lei nº
11.101/205 (Lei de Recuperação Judicial), e podem ser resumidas nas seguintes
etapas previstas entre os arts. 748 a 786-A do CPC:
Repare que, em situações como essa, o credor, ainda que inicie uma execução por
quantia certa em face de devedor solvente, ou mesmo uma fase de cumprimento de
sentença condenatória de pagamento de quantia certa, está envolvido no chamado
concurso universal. É o tratamento diferenciado para aqueles que, na regularidade
formal de pessoas jurídicas empresárias, gozam em razão da função social das pessoas
jurídicas.
O importante aqui é você perceber que seu cliente, credor, pode ser convidado a se
manifestar sobre eventuais requerimentos de recuperação e falência, o que talvez
atrapalhe seus planos de execução singular. Nesses casos, com ou sem processo
judicial de execução, haverá, muito provavelmente a reunião dos credores em
processo e rito único, de modo a conduzir as etapas de definição ou não do estado de
insolvência e possível recuperação ou falência para, em seguida, no modelo de uma
administração supervisionada, tramitar em prol da satisfação material dos credores.
E tal processo vem ocorrendo no campo do direito civil, penal e administrativo, com
um sem-fim de acordos nominados de termos de ajustamento de conduta, termos de
compromisso, acordos de leniência, colaboração premiada etc. Todos eles, sem
exceção, são potencialmente pensados para encerrar ou diminuir litígios com algum
tipo de resultado mais vantajoso e eficaz do que iniciar ou seguir o fluxo normal de
processo judicial. Todos eles, por alguma razão, cedem e ganham direitos e deveres
em seus termos, cláusulas e condições os quais, se fossem levados ao campo da
instrução e de sentenças e acórdãos, provavelmente não chegariam a tanto.
É importante frisar que não se faz aqui nenhum julgamento de mérito sobre o aspecto
legal ou não de tais práticas pela inadequação de espaço e proposta, considerando o
escopo de nossa disciplina. No entanto, também é inegável que você amanhã poderá
advogar para credores e devedores de tais pactos, sendo imprescindível a percepção
de que são títulos executivos formatados por sentenças e contratos, mas que revelam
discutível teor jurídico material, principalmente nos termos realizados fora do Poder
Judiciário (e sem necessidade de homologação).
TAC CHEVRON:
http://www.inea.rj.gov.br/cs/groups/public/documents/document/zwew/mtcx/~edi
sp/inea0171370.pdf.
Caso você seja convidado para atuar em defesa de um executado nas hipóteses
elencadas, como seriam os embargos do executado? De que outras maneiras seria
possível realizar defesas? Que caminhos processuais ou mesmo temas materiais
poderiam ser alegados? É importante você perceber que tais títulos não terão os
argumentos de defesa tradicionalmente previstos.
Para tanto, além de compreender os padrões decisórios dos juizados de seu espaço
cotidiano de trabalho, nada melhor do que consultar os ENUNCIADOS do FONAJE
(Fórum Nacional dos Juizados Especiais) e, em especial, os ENUNCIADOS CÍVEIS.
Para além do FONAJE, outras iniciativas são também destaque no tratamento da Lei
nº 9099/95 como um todo:
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Luis Carlos de. Curso do novo processo civil. Rio de Janeiro: Editora
Freitas Bastos, 2015.
ASSIS, Araken de. Manual da execução. 20. ed. Rio de Janeiro: Revista dos
Tribunais, 2018.
BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil:
tutela jurisdicional executiva. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019. v. 3.
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de urgência e tutela de evidência: soluções
processuais diante do tempo da justiça. 2. ed. Revista dos Tribunais, 2018.
NEGRÃO, Theotonio et al. Código de processo civil e legislação processual em
vigor. 50. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2019.
PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. Manual de direito processual civil
contemporâneo. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
BREVES CONSIDERAÇÕES
A tutela de execução foi tratada durante toda a disciplina seguindo a metodologia
prevista no CPC/2015, que seguiu o estilo e a organização do CPC/1973, adequando
questões ritualísticas e ajustando pontos precisos em atos processuais ligados às
medidas antifraude, de incremento das medidas coercitivas e reforço dos atos de
expropriação judicial.
Em que pese tais mudanças, a ideia de dividir a tutela de execução em títulos judiciais
ou extrajudiciais e separar pela espécie da obrigação e sua prestação, bem como pelo
status jurídico de credores e devedores (pessoas naturais, pessoas jurídicas de direito
privado e público), foi mantida. E é justamente pela combinação de dois desses
critérios (espécie da obrigação e sua prestação + status jurídico do credor) que
necessitamos estudar os principais pontos da Lei nº 6.830/1980, que trata da execução
fiscal, sendo uma previsão de tipicidade material e ritualística processual, como
veremos na sequência.
O que faz do Poder Público, logo ele, tão devedor de direitos fundamentais de A a Z
para a sociedade civil, ser merecedor de um cuidado processual diferenciado de A a
Z? É uma pergunta mais que contemporânea.
Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não
tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores,
que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos
orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
§ 1º - Qualquer valor, cuja cobrança seja atribuída por lei às entidades de que trata o
art. 1º, será considerado Dívida Ativa da Fazenda Pública.
A redação do dispositivo é clara ao afirmar como se constitui a Dívida Ativa, bem como
a forte presença do critério da legalidade como item definidor de valores que podem
ou não ser considerados como tais. Assim, já é possível excluir as obrigações de fazer
e não fazer e dar do âmbito das execuções fiscais, sem prejuízo da possibilidade dos
ritos de conhecimento, monitório e mesmo executivo para satisfação dos direitos
respectivos.
Considerando que você poderá atuar como representante da Fazenda Pública ou como
advogado privado de pessoas naturais e jurídicas, é importante saber a referência
normativa da apuração e inscrição da Dívida Ativa. Trata-se da formação do termo de
inscrição que, logo em seguida, baseará a Certidão da Dívida Ativa em si nos termos
do art. 2º da Lei nº 6.830/1980. Como todo documento que se preze a ser um título
executivo ou equivalente, goza de certeza, liquidez e, salvo qualquer outra
intervenção, exigibilidade, nos termos do art. 3º da Lei nº 6.830/1980.
“OAB critica ato do CNJ que constrange contribuintes em dívida ativa com Fisco”,
disponível em: https://www.oabpr.org.br/oab-critica-ato-do-cnj-que-constrange-
contribuintes-em-divida-ativa-com-fisco/.
Como é possível perceber, é uma execução por quantia certa em sua essência, com
diferentes prazos para atos comuns como pagamento, penhora, arresto, avaliação etc.
E não poderia ser diferente pois, por mais que se procure adequar ritos pelos critérios
de espécie da obrigação e status jurídico do credor, ou estamos diante de cobranças
• Prazo de 30 dias
• Necessidade de Garantia do Juízo
"Cabe agravo de instrumento contra decisão que nega efeito suspensivo a embargos
à execução", disponível em: http://bit.do/e4yH6.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Luis Carlos de. Curso do novo processo civil. Rio de Janeiro: Editora
Freitas Bastos, 2015.
ASSIS, Araken de. Manual da execução. 20. ed. Rio de Janeiro: Revista dos
Tribunais, 2018.
BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil:
tutela jurisdicional executiva. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2019. v. 3.
MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de urgência e tutela de evidência: soluções
processuais diante do tempo da justiça. 2. ed. Revista dos Tribunais, 2018.
NEGRÃO, Theotonio et al. Código de processo civil e legislação processual em
vigor. 50. ed. ver. e atual. São Paulo: Saraiva, 2019.