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O Que Todo Pastor

Deve Saber!
Título do original em inglês:
WHAT EVERY PREACHER SHOULD KNOW!
Publicado por SWORD OF THE LORD PUBLISHERS

Publicado no Brazil com a devida autorização e com os direitos


reservados pelo MINISTÉRIO MARANATA DE LITERATURA
FUNDAMENTALISTA
O Que Todo Pastor
Deve Saber!
(Manual para um ministério bem sucedido)

Pasos simples para conseguir: Mais ouvintes, Maiores ofertas,


Mais resultados, Melhor convívio na igreja, Despertamento espiritual,
Mais soluções de problemas, Sermões mais eficazes e Um ministério
mais eficiente.

Dr. Hugh F. Pyle, D.D.

Ministério Maranata de
Literatura
Fundamentalista
Caixa Postal, 74
37270-000 Campo Belo - MG
8 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER
9

DEDICATÓRIA
Este livro é dedicado à esposa que tem permanecido ao meu lado
durante os anos agitados, difíceis e empolgantes de meu ministério pas-
toral e evangelístico.
Esther, minha rainha, foi a esposa de pastor ideal: dedicada, cons-
ciente, consagrada, firme e pronta a carregar o fardo do pastor e das
ovelhas. Nenhum sofrimento, necessidade ou triunfo dos membros da
igreja passava-lhe despercebido; porém ela nunca deixou de ser mãe
carinhosa e dedicada. Nosso lar era seu reino.
Na igreja, Esther sempre cumprimentava os visitantes e fazia com
que se sentissem bem-vindos. Foi minha companheira de oração, de vi-
sitas e na conquista de almas para Cristo. Embora muito ativa na obra de
Deus, nunca desejou o reconhecimento público.
Hoje, como esposa de evangelista, Esther encara com bom humor
as inconveniências das viagens constantes, a tristeza de ficar longe de
casa e das pessoas que ama e a responsabilidade que lhe cabe nas cam-
panhas de evangelização. Todas as semanas ela é obrigada a despedir-se
de novos amigos e enfrentar a estrada mais uma vez—algumas vezes são
centenas de quilômetros—e começar tudo de novo.
Esther é tudo o que um profeta de Deus possa desejar: é leal, cari-
nhosa, dedicada e disposta para o que der e vier.
Esther, seus pais deram-lhe este nome porque certamente foi “para
tal tempo como este que chegaste ao reino”. Todo e qualquer sucesso
que eu tenha obtido no ministério é devido à sua dedicação e fidelidade.
Meu desejo é que todos os jovens pastores que lerem este livro
encontrem uma companheira assim!
—Hugh F. Pyle
APRESENTAÇÃO
Dr. Hugh Pyle foi ordenado ao ministério do evangelho há 40 anos.
Foi pastor local durante 29 anos e conferencista por nove anos. Pastoreou
e fundou igrejas na Florida, E.U.A. e construiu quatro templos.
Em 15 anos de ministério, sua igreja em Panama City, na Florida,
passou de cem membros para 1600 membros.
Hugh Pyle doutorou-se em Divindade pela Universidade do Tem-
plo do Tennessee, e tem proferido discursos e palestras nas faculdades e
universidades cristãs mais importantes dos Estados Unidos. Também foi
presidente da Southwide Baptist Fellowship.
Escritor talentoso e cativante, é autor de 30 livros e vários sermões
premiados. Suas mensagens são constantes no periódico Sword of the
Lord. Dr. Pyle é um homem de vida espiritual dedicada e convicções
firmes.
Esta é sua obra mais recente. É um manual de 22 capítulos e foi
escrito do ponto de vista e como resultado das experiências de um pastor
evangelista bem sucedido.
O livro abrange inúmeros aspectos do ministério, desde o primei-
ro capítulo—sobre como iniciar o trabalho de modo certo—até o últi-
mo—que esclarece dúvidas pastorais. Com a ajuda de ilustrações perti-
nentes, o Dr. Hugh Pyle trata em detalhes de quase todas as dificuldades
enfrentadas pelos pastores.
O capítulo que lida com a solução de problemas também apresen-
ta meios de evitá-los. As questões mais comuns são estudadas em pro-
fundidade.
O autor é um excelente construtor de sermões, e o capítulo sobre
preparação e apresentação de mensagens é leitura obrigatória a todos os
pastores.
Ao tratar do relacionamento entre conferencista e pastor local, e
sobre como planejar reuniões evangelísticas bem sucedidas, Dr. Pyle
escreve com a autoridade de quem já ocupou as duas posições, e apre-
senta sugestões bastante úteis de como preparar reuniões especiais e vi-
sitas evangelísticas.
Este livro é prático, informativo e é baseado no bom senso, na
compreensão e na solidariedade.
Recomendo-o a todos os pastores. Ele será uma contribuição vali-
osa à sua biblioteca.
—Dr. Curtis Hutson 1.981
PREFÁCIO
Pastor, você já se perguntou o que fazer para que seu auditório
cresça, como conseguir todo o dinheiro de que a igreja necessita, como
lidar com aquele irritante membro da diretoria, como tocar o coração
dos visitantes e como liderar bem os jovens da igreja? Suas perguntas
foram respondidas!
Você gostaria de pregar sermões inspirativos com títulos atraentes
e ilustrações relevantes? Você enfrenta problemas com líderes da igreja
ou tem dificuldade em substituir professores da Escola Dominical que
não fazem o trabalho de modo satisfatório? Você gostaria de saber como
tratar oradores e missionários visitantes sem ter que sofrer um colapse
nervoso?
Você gostaria de construir uma igreja forte e engajada na obra, e
que também seja cordial, receptiva e entusiasmada? Uma igreja que abo-
mine o pecado e lute ao seu lado contra o Inimigo, e continue a conquis-
tar almas para Cristo? As respostas estão aqui!
Você precisa saber como se desvencilhar de problemas de
aconselhamento, reunião de comissões, pessoas intratáveis e situações
delicadas que lhe impedem de se ocupar com tarefas mais importantes?
Como tratar um visitante que fala demais, pessoas que desejam ser visi-
tadas constantemente, cerimônias de casamento e funerais que não co-
meçam na hora marcada e tomam seu tempo? A solução chegou!
Como a igreja pode ter uma escola sem que o pastor tenha de gas-
tar grande parte de seu dia como diretor? É possível conciliar os traba-
lhos da igreja com os da escola? De que modo? Como lidar com os
problemas de funcionários?
Como promover escola e igreja de modo que sejam influentes na
vida da comunidade?
O que o pastor deve fazer para ter um lar feliz e ajustado enquanto
ajuda a resolver as dificuldades que surgem na igreja e no ministério?
Como resolver os próprios conflitos?
Depois de 29 anos de pastorado bem sucedido e quase dez anos de
experiência na área de evangelismo, tenho algumas dicas úteis e oportu-
nas que podem ser usadas na construção de uma obra dinâmica, efetiva e
agradável a Deus e para Deus. Ponha-as em prática, e que o Senhor
abençoe seu ministério e faça-o prosperar!
—O Autor
AGRADECIMENTOS
Sou profundamente agradecido a alguns servos de Deus que me
permitiram fazer uso de seus trabalhos neste livro. Muitos desses mate-
riais são citações breves, numerosas demais para serem mencionadas. Já
que me refiro aos autores de modo favorável, espero que não se impor-
tem de eu citar seus nomes e escritos.
Agradeço ao Dr. W. E. Dowell que me permitiu usar uma parte de
seu excelente artigo sobre “The Philosophy of Music at Baptist Bible
College” (A Filosofia da Música na Faculdade Bíblica Batista). Agrade-
ço aos pastores que ofereceram uma lista dos livros que influenciaram
grandemente seus ministérios.
As pessoas abaixo mencionadas contribuíram com parágrafos ou
páginas desta obra em diferentes assuntos. Sou-lhes imensamente gratos
por terem permitido que eu usasse seus trabalhos:
Dr. Gary Coleman Dr. Bob Jones III
Dr. E. J. Brinson Rev. Bradley Price
Rev. Milton Ker Rev. David F. Price
Dr. Frank Garlock Rev. Norman Pyle
Dr. J. R. Faulkner Rev. Howard Pyle
Rev. Gene Payne
Que Deus abençoe a todos que inspiraram a realização desta obra
e, assim, tornaram possível sua publicação.
—O Autor
ÍNDICE
CAPÍTULO
1. Ponto de partida.............................................................17
2. Aproveite bem seu dia...................................................25
3. Irmãos, reunimo-nos para adorar...................................35
4. Ponha brilho no culto dominical matutino....................49
5. Como aumentar e melhorar as ofertas...........................59
6. Santo barulho!...............................................................73
7. O que fizeram com a música de Deus?.........................85
8. Pregue um sermão!......................................................107
9. Apelo atendido. E agora?............................................123
10. Introdutores: força-tarefa do pastor...........................133
11. Diariamente e em todos os lugares...........................147
12. Escola: ensino ou confusão?.....................................163
13. Como enfrentar, resolver e evitar problemas.............175
14. A vida doméstica e pessoal do pastor........................199
15. Diáconos ou diábonos?..............................................211
16. Série de Conferências bem sucedidas.......................223
17. Pregador visitante: um relacionamento delicado......239
18. Recolhimento de ofertas durante conferências..........255
19. O papel do boletim....................................................265
20. Livros do coração.......................................................271
21. No meio da batalha....................................................273
22. Perguntas e respostas.................................................293
O QUE TODO PREGADOR
DEVE SABER!
(Manual para o sucesso pastoral)
Jeremias 42.4

Certa vez alguns jovens pastores e seminaristas pediram-me que


escrevesse um livro sobre O Que Todo Pregador Jovem Deve Saber. Já
faz uns dois anos que venho observando, relembrando e anotando coi-
sas.
No entanto, estou convencido de que os pastores mais velhos pre-
cisam tanto de conselhos práticos e relacionados ao ministério quanto os
seminaristas e jovens pastores. Assim, depois de 36 anos de ministério
de tempo integral...lá vai! Como eu gostaria de ter lido este livro há 37
anos!
Pastor, você gostaria de saber o que fazer para aumentar a assis-
tência aos cultos; como convencer os membros da igreja sobre o valor
da contribuição financeira; como lidar com aquele intratável membro da
diretoria; o que fazer para que o ministério de música seja eficiente e
glorifique mesmo a Deus; como alcançar os visitantes; como guiar os
jovens no caminho certo? Já vai saber!
Você sonha com uma Escola Dominical vibrante, cujos professo-
res levem o trabalho a sério; quer introdutores que recebam tão bem os
visitantes que eles sintam desejo de voltar à igreja; ora por campanhas
evangelísticas bem sucedidas? As respostas estão aqui!
Você gostaria de pregar mensagens novas, desafiadoras, com títu-
los sugestivos, esboços bem feitos, ilustrações apropriadas e conclusões
decisivas? Gostaria de ter uma lista de livros que lhe serão úteis na
edificação da igreja e que renovarão sua pregação com mensagens
instigantes? A ajuda chegou!
20 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Seu tempo poderia ser bem mais aproveitado com um plano de


ataque bem organizado para o trabalho à frente? Você gostaria de saber
como motivar os professores e encarregados da Escola Dominical; como
demitir—sem causar sofrimento e decepção—funcionários e voluntári-
os; como cuidar—sem muito desgaste—de pregadores, missionários e
outros visitantes? Agora é fácil!
Você gostaria de ter uma igreja forte e participativa, feliz e cordi-
al; uma igreja que ame seu pastor, odeie o pecado e lute contra Satanás,
e continue a ganhar almas para Cristo? Isso tudo é possível!
Seria bom se desembaraçar das longas sessões de aconselhamento,
reunião de comissões, pessoas intolerantes, situações delicadas que con-
somem as horas que poderiam ser gastas na preparação de mensagens e
na conquista de almas? Quer saber como lidar com o visitante que não
pára de falar; com pessoas da igreja que exigem ser visitadas todos os
dias; com as cerimônias (e atrasos) de casamentos e funerais que tomam
muito de seu tempo?
É possível conciliar os trabalhos de uma escola com os da igreja,
sem ter que dedicar muitas horas à primeira? Como lidar com os proble-
mas de funcionários e professores?
Como “segurar a barra”, evitar ataques de coração e fortalecer a
igreja, apesar dos problemas, sem conseguir uma úlcera? Eis como!
21

Capítulo 1
PONTO DE PARTIDA
(Preparar! Apontar! Já!)
Raramente uma corrida é ganha por um atleta que tropeçou logo
no início. Como é importante que o pastor comece seu ministério da
maneira certa!
A partir de agora, tudo é novo. O passado é passado; toque o barco
para frente. Passe uma borracha no que já era. Participe da corrida com
muita energia; estabeleça suas prioridades e fixe os olhos no que é real-
mente importante.
“O sucesso e o fracasso dependem da liderança”, afirma o Dr. Lee
Roberson. É mais fácil liderar um grupo do que incentivá-lo. As pessoas
serão mais eficientes fazendo o que você faz do que fazendo o que você
manda que façam.
Pense no motivo de você estar onde está. Lembre-se de quem o
chamou e para quem você trabalha. Não se esqueça de que seu contrato
foi assinado com Deus. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?”
(Romanos 8.31). “O que fazes aqui?”, Deus perguntou a Elias quando o
profeta estava chorando de medo lá no monte. É importante que deter-
minemos a razão de estarmos onde estamos e quais são nossos objetivos.
Feito isso, caminhe em humildade perante Deus. “O galardão da
humildade e o temor do SENHOR são riquezas, e honra, e vida” (Pro-
vérbios 22.4).
Alguém disse com muita sabedoria que o Diabo não consegue nada
de um homem humilde.
Humildade e mansidão não significam moleza e covardia!
Faça uma lista do que você deseja realizar nesse trabalho. Não
anuncie todos os seus planos de uma vez. Mencione apenas as coisas
sobre as quais não existam dúvidas e que irão encorajar e motivar as
pessoas. O tiro pode sair pela culatra quando falamos demais. Algumas
pessoas, por exemplo, não estão acostumadas a fazer muito esforço. Vão
achar que além de você sobrecarregar-se, exige muito delas também. Se
você é jovem, podem achar que é um novato presunçoso e mandão.
22 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Alguns diáconos ou ovelhas mais experientes do rebanho podem


imaginar que você esteja querendo passar por cima delas e tentarão cor-
tar suas asas, e acabarão deixando-o numa situação embaraçosa logo no
início do ministério.
Faça uma lista de seus sonhos e objetivos e gradualmente compar-
tilhe-os com as pessoas. À medida que a igreja perceber que pode con-
fiar em você, e passar a amá-lo cada vez mais, ela irá segui-lo de espon-
taneamente. Uma boa sugestão (e acho que você deve segui-la) é fazer
uma visita (breve) a todas as famílias da igreja logo nas primeiras sema-
nas do pastorado. Mas cuidado: não tente abarcar o mundo com as per-
nas. Se prometer visitar alguém, cumpra sua palavra.
Se planejar visitar uma centena de casas em poucas semanas, cer-
tamente não conseguirá fazer mais nada nesse tempo. Em vez disso, diga
aos membros da igreja que deseja muito visitar a todos e que será muito
bom passar um tempo conversando com eles sem pressa, mas que se
quiser conhecer todo o rebanho logo, as primeiras visitas terão de ser
rapidinhas.
Desse modo, você não perde tempo e ninguém se preocupa achan-
do que terá de passar horas fazendo sala para o novo pastor. Hoje em dia
as pessoas estão sempre correndo, ocupadas com mil coisas, sem tempo
para nada. No capítulo sobre visitação apresentarei algumas boas suges-
tões sobre o assunto; porém aqui vão algumas dicas interessantes para
quem está iniciando seu ministério pastoral:

1. Planeje as visitas por áreas. Visite os membros da igreja que


moram no mesmo quarteirão ou próximos uns dos outros. Além de pou-
par tempo, esse método é mais prático do que fazer as visitas por ordem
alfabética. Se começar às 19 horas, poderá visitar vários irmãos até às
21horas. Nem todo mundo fica particularmente feliz em receber visitas
depois disso. Pessoas hospitalizadas e as que trabalham à noite têm ho-
rários diferenciados para receber visitas.

2. Cuidado com a pressa. Embora você deseje muito conhecer as


pessoas, e queira visitar todas as famílias o mais breve possível, é impor-
tante não deixar a impressão de que está na correria ou ansioso para
livrar-se de uma obrigação.

3. Todos merecem sua atenção. Inclua crianças, adolescentes, avós


ou qualquer outro membro da família na conversa, principalmente na
PONTA DE PARTIDA 23

primeira visita. Seria muito bom que a esposa do pastor o acompanhasse


nessas visitas iniciais, pois desse modo ela será conhecida e poderá ajudá-
lo a lembrar-se dos nomes das crianças!

4. Mostre interesse pessoal. Não é preciso ser xereta, porém co-


mentários positivos sobre as crianças, sobre um quadro ou sobre as flo-
res são sempre agradáveis de ser ouvidos. Fale mais sobre os hospedei-
ros do que sobre você. Deixe quponta de partidae eles conversem duran-
te a visita, e acharão que você é um bom papo!

5. Faça um arquivo sobre as visitas. Talvez a secretária da igreja


possa fazer um cartão para cada família, anotando nomes e idades; isso
facilitará seu trabalho. Anote a data da visita e as coisas mais importan-
tes sobre a família: quem ainda não é crente, alguém que esteja doente
ou desempregado etc. Se não quiser esquecer-se de nada, faça as anota-
ções durante a visita, mas seja discreto. Você poderá dizer: “Vou colocar
isso em minha lista de oração”, e não se esqueça de orar mesmo.

6. Não mostre favoritismo. No entanto, antes de qualquer outra


pessoa, seria apropriado visitar os membros da diretoria. Caso alguma
família convide-o para uma refeição, não se importe em interromper a
seqüência de visitação por área. Os convites para refeições permitem
visitas mais prolongadas do que as de “conhecimento”. O fato de você
ter sido convidado por uma família pode “correr de boca em boca” e
outros convites acontecerão. Porém nunca mencione esses convites do
púlpito, se não quiser ser acusado de estar “dando uma indireta”, como
se fosse “um morto de fome”. Além disso, por mais gostosa que as refei-
ções sejam, elas exigem muito de seu tempo. Nas cidades menores os
convites para almoços e jantares são mais freqüentes que nas cidades
grandes.

7. Avisar ou não avisar? É necessário comunicar que a visita será


feita? Naturalmente a questão tem seus prós e contras. Na maioria das
vezes, eu simplesmente aparecia. Se a família estivesse em casa, ótimo.
Se não, eu voltava depois. Se eu chegasse na hora do jantar ou quando a
família estivesse aprontando-se para sair ou em meio a uma tarefa qual-
quer, eu fazia uma “visita de beija-flor” e prometia voltar com mais tem-
po.
24 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

As visitas programadas podem deixar um ar de formalidade e reu-


nião oficial. Algumas donas-de-casa sentem-se na obrigação de limpar
tudo, fazer bolo, doces e sanduíches quando sabem que o pastor vai
aparecer. Nesses casos, a visita não pode ser rápida. Por outro lado, se
não avisar você corre o risco de deixar as pessoas numa situação emba-
raçosa, se estiverem no meio de uma discussão ou saindo do banho.
A propósito, alguns membros da igreja parecem nunca ter tempo
para receber visitas, e se você não aparecer sem avisar jamais vai encontrá-
los em casa! Nesses casos, arrisque. Conversando com uns e outros, fi-
cará sabendo quem gosta e quem não gosta de visitas inesperadas. Pes-
soalmente eu sempre achei que, na maioria dos casos, as visitas progra-
madas são muito formais; além disso gasta-se muito tempo “planejan-
do” a coisa toda.

8. Seja natural e educado. Tenha interesse genuíno pelas pessoas,


mas não mostre intimidade excessiva.

9. Não seja intransigente. As pessoas exibirão pontos de vista di-


ferentes dos seus; talvez você discorde delas. Lembre-se de que elas não
o conhecem direito. Com o tempo, você poderá instruí-las de acordo
com o que acha certo. Não discuta.

10. Trate as pessoas como se fossem assíduas na igreja. Se desco-


brir que a família não freqüenta os cultos regularmente, despeça-se com
um “espero vê-los na igreja no domingo que vem”, e tente obter uma
resposta afirmativa!

11. A importância da oração. Antes de encerrar a visita, faça uma


oração. As pessoas devem saber que você fala com Deus.
Na igreja, comporte-se com profissionalismo e organização, e cum-
pra os horários estabelecidos. Sempre haverá alguém que o procurará
entre a Escola Dominical e o culto, ou em outras ocasiões, para falar
sobre a tosse comprida da Mariazinha ou o dedão inflamado do tio que
mora em Pernambuco. Preste atenção na conversa. Ouça e mostre inte-
resse verdadeiro. Prometa orar pela Mariazinha ou pelo tio, e ore mes-
mo. (Se você for esquecido como eu, pegue um papel e anote:
Mariazinha—tosse; tio de Pernambuco—dedão inflamado.)
Quando o culto da manhã terminava, meu boletim estava cheio
dessas anotações. No domingo à noite, com os pedidos de oração e avi-
PONTA DE PARTIDA 25

sos, o boletim parecia um campo de batalha, mas tudo estava anotado.


Um conferencista comentou que eu era o único pastor que ele conhecia
cujo boletim continha anotações de Scofield! Talvez seja melhor carre-
gar uma cadernetinha.
Não é possível cuidar de uma igreja se ficar o tempo todo no escri-
tório. Você trabalha com seres humanos; pessoas de verdade que têm
problemas de verdade.
Você logo descobrirá alguns casos crônicos, dois ou três hipocon-
dríacos e até problemas mentais, e precisará de ajuda para lidar com
eles—se não quiser gastar todo seu tempo nisso. Uma das situações mais
aflitivas na vida de um pastor é observar os noivos saindo felizes da
igreja depois da cerimônia de casamento enquanto ele tenta fazer com
que a irmã “Manteiga Derretida” ou o irmão “Saco de Problemas” pare
de reclamar o tempo suficiente para que um visitante seja cumprimenta-
do!
No entanto tenha paciência até mesmo com os fracos de espírito e
com os neuróticos. Logo você encontrará um diácono atento, um mem-
bro da igreja ativo ou até mesmo uma senhora, já bastante ocupada, que
se disporá a “resgatá-lo” dessas situações. Essa é uma boa tarefa para os
introdutores, como discutiremos no capítulo que trata do assunto.
Não se ofenda (nem se surpreenda) se algumas pessoas não simpa-
tizarem com você de imediato. Afinal, se o ex-pastor ficou na igreja
muitos anos, vai demorar algum tempo antes que alguns membros confi-
em em você e transfiram-lhe a lealdade que dedicavam a ele. Com o
passar do tempo, você descobrirá que alguns que pareciam querer “mor-
der sua perna” no começo do ministério agora “consomem” quase todo
seu tempo.
Faça o possível para se dar bem com as pessoas. Não há vantagem
nenhuma em ser linha dura. Você descobrirá que herdou um diácono, um
superintendente de Escola Dominical ou uma organista que acabaria com
a paciência de Jó ou poria em dúvida a sabedoria do rei Salomão. Mas a
vida não teria muita graça sem os desafios, não é mesmo? Todavia se
você agir com humildade e mantiver seus olhos fixos no Senhor, ele o
ajudará a lidar com os problemáticos.
Nosso desejo sincero é que este livro responda algumas das per-
guntas que afligem os jovens pastores. Contudo seja modesto. Não dê
uma de sabichão. Naturalmente a Bíblia deve ser nosso livro-texto, no
entanto alguns pregadores se beneficiariam bastante com a leitura de
26 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

“Amizade: a chave para a evangelização”, de Joseph C. Alderich (Edi-


ções Vida Nova) e outros livros do tipo.
Os problemas serão inevitáveis, e muitos. Não me esqueço do que
ouvi do Dr. J. R. Faulkner, ex-presidente da Universidade Temple do
Tennessee: “Nós não temos problemas; temos apenas desafios que de-
vem ser ajustados aos planos de Deus”. Nossa fé, que às vezes é provada
pelo fogo, será achada em louvor, honra e glória (1Pedro 1.7).
Não revele todos os seus conhecimentos de imediato. O rebanho
também precisará de alimento espiritual mais tarde. Eu não usaria todos
os meus sermões “cheios de ternura” logo nos primeiros meses e sema-
nas só porque funcionaram bem anteriormente. O que deu certo em um
lugar pode não dar certo em outro. Claro que é bom já estar familiariza-
do com alguns sermões e não ter de gastar muito tempo com estudo e
preparação quando se está tentando conhecer as pessoas e lembrar seus
nomes. No entanto, não pregue uma mensagem só porque a conhece de
cor e salteado. Quem vive das bênçãos passadas pode acabar jogado no
meio de fracassos presentes.
“Aprenda a amar sua igreja”, foi o que ouvi do pastor Jim Brown,
de Batesville, Arkansas. Que verdade! Mesmo no início, quando você
ainda não conhece bem as pessoas, ore pedindo que Deus o faça amar
verdadeiramente Seu rebanho. Aprenda a amá-las por causa de Jesus, e
logo descobrirá que as ama por elas mesmas também.
Cultive bons hábitos logo no começo. Seja bem disciplinado. Le-
vante-se cedo e fale com Deus logo de manhã. “Ele levantou-se cedo”
são palavras usadas em relação a alguns bem sucedidos servos de Deus
da Bíblia. Renove-se a cada manhã. Um dia é diferente do outro, e cada
um deve ser um dia glorioso.
Nenhum pastor que deseje se encontrar com Deus logo cedo, an-
tes que a família se levante e o telefone comece a tocar, tem muito tempo
para ficar assistindo à TV até tarde da noite. Oswald J. Smith dizia que
ansiava mais pela “ronda da manhã” do que pela de qualquer outra hora
do dia.
“Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens”
(Filipenses 4.5). Seja moderado na alimentação, no trânsito e no
dogmatismo. Alguns pastores pecam por comer demais, dirigir perigo-
samente e reagir com violência. Nenhum pastor deve carregar a fama de
glutão, pé-de-chumbo ou incendiário.
Seja pontual. Os cultos devem começar na hora e os compromis-
sos devem ser cumpridos prontamente. Nenhuma dona-de-casa deve fi-
PONTA DE PARTIDA 27

car toda agitada imaginando se “aquele pastor” vai se atrasar novamente


para um jantar do qual foi convidado a participar. Nada azeda mais uma
senhora da igreja do que manter o jantar em fogo baixo, ver a carne
secando na panela e a família reclamando de fome à espera de um pastor
que chega esbaforido e atrasado para a refeição. A hospedeira disfarça
com um sorriso, como se não se importasse porque o arroz grudou na
panela, a carne ficou estorricada e o suflê desmoronou. Porém fique sa-
bendo de uma coisa, companheiro, ela se importa, e muito! Saia de casa
com tempo para chegar na hora!
É bom que o candidato ao pastorado deixe claro à igreja seus al-
vos principais e em que acredita. Se a igreja não o convidar, paciência;
pelo menos ele ficou livre de futuras dores de cabeça. Seja honesto com
a igreja logo de começo. Isso não significa que o pastor vai ser grosseiro
com as pessoas e descer-lhes a lenha para que saibam que as coisas irão
ferver do púlpito, caso se atrevam a incomodá-lo. Seja gentil ao iniciar
seu ministério e dê à igreja tempo para crescer na graça e na confiança
em você. No entanto, seja sincero em relação ao que crê e defende. E
não se esqueça de que existem várias maneiras de se “temperar um chur-
rasco”. Se com um método você não conseguir realizar o que acha que
Deus quer, tente outro. Não desanime se, no início do pastorado, as coi-
sas não acontecerem exatamente como você gostaria que acontecessem.
Seja um exemplo para o rebanho. “O trabalhador deve ser o pri-
meiro a partilhar do fruto de seu trabalho”. Se você não estabelecer
suas prioridades, a igreja também não estabelecerá as dela. Se você for
preguiçoso, não espere outra coisa de seu povo. Se você se mostrar ego-
ísta, a igreja também se mostrará. Se você não for um ganhador de al-
mas, provavelmente sua igreja também não o será.
Morra para si mesmo logo no início. O pastor não pode viver de
mau-humor, ser arrogante nem andar se vangloriando. Seja disciplinado.
Isso é muito importante.
No entanto, por amor a Cristo, o céu deve ser o limite, pense gran-
de e esteja certo de que Deus o usará para abençoar e ajudar Seu povo.
Leia cuidadosamente o restante deste livro. Estude o que outros homens
bem sucedidos na obra de Deus escreveram. Visite igrejas que estão
ganhando almas e observem como estão agindo. A observação pode ser
feita por meio de boletins, periódicos e outros materiais que lhe vierem
às mãos e despertem suas próprias idéias. Ao estabelecer sua rotina pas-
toral, aproveite bem o tempo, que é o assunto do nosso próximo capítu-
lo.
28 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER
29

Capítulo 2
APROVEITE BEM SEU DIA
“O tempo é curto”, avisou o apóstolo Paulo, e os pastores diligen-
tes devem aproveitá-lo ao máximo. A maioria de nós sente-se tolhida
com atrasos, interrupções e problemas que nos roubam as horas tão ne-
cessárias à realização de nossos projetos. Como gerenciar melhor o tempo
e fazer tudo o que Deus planejou para o nosso dia?
Antes de tudo, precisamos controlar a nós mesmos. “Pela muita
preguiça se enfraquece o teto, e pela frouxidão das mãos goteja a casa”
(Eclesiastes 10.18), ensinou o rei Salomão. Quase todos nós somos pre-
guiçosos por natureza. Mesmo a pessoa mais consciente tem seu lado
preguiçoso. “Já é hora de despertarmos do sono” (Romanos 13.11).
Assim sendo, domine a si mesmo antes—e depois, seu dia. “E a
tua força será como os teus dias.” Saber manejar o tempo é muito im-
portante para o sucesso em qualquer profissão, e é especialmente ver-
dade em relação ao ministério da Palavra. Tenha uma agenda para as
tarefas diárias. Mesmo que, às vezes, seu horário fique caótico com
interrupções, é bom saber o que vem pela frente. Planeje seu dia.
Organize-se e faça o possível para se manter organizado. Arquive
seus papéis, e será mais fácil achá-los depois. Se você tiver uma secre-
tária, peça-lhe que mantenha o arquivo atualizado. Descubra o método
mais eficiente para arquivar material para sermões, ilustrações etc. Já
gastei tempo precioso tentando achar uma ilustração, um recorte ou uma
carta que deveria ter sido arquivada corretamente!
Saia cedo da cama! Se você acostumar-se a pular da cama assim
que o despertador tocar, ganhará alguns minutos preciosos. Que vanta-
gem você leva em resmungar, bocejar e rolar para o lado por causa de
mais uns minutinhos de sono? Às vezes o cochilinho transforma-se em
soneca de uma hora—sessenta minutos perdidos. Se a esposa e os filhos
acordam mais tarde, e você não quer fazer barulho logo cedo, separe à
noite as roupas que usará no dia seguinte. Vá para o escritório ou para
30 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

seu lugar de oração antes que a família comece a se movimentar ou o


telefone a tocar. Lave o rosto com água bem fria se ainda estiver sono-
lento. Se você costuma fazer exercício de manhã, certamente estará bem
desperto quando terminá-lo. É aconselhável ler um pouco a Bíblia antes
de orar, para não cair no sono enquanto estiver ajoelhado.
Um cristão chinês bastante conhecido adotou o seguinte lema:
“Bíblia antes do café”.
“Logo de manhã” é uma frase relacionada a muitas pessoas bem
sucedidas da Bíblia. Davi afirmou: “de madrugada te buscarei” (Sl.
63:1). Moisés orou: “Sacia-nos de madrugada com a tua benignidade”
(Sl. 90:14). Salomão convidou: “Levantemo-nos de manhã para ir às
vinhas” (Cantares 7.12). “E Abraão levantou-se aquela mesma manhã
de madrugada, e foi para aquele lugar onde estivera diante dz face do
Senhor” (Gênesis 19.27). “Então levantou-se Jacó pela manhã de ma-
drugada” (Gênesis 28.18). “Levantou-se pois Josué de madrugada”
(Josué 3.1). “Então Gideão levantou-se de madrugada” (Juízes 7.1)
para atacar os midianitas. O próprio Senhor Jesus “levantou-se de ma-
nhã muito cedo” (Marcos 1.35).
Em um de meus pastorados, montei meu escritório numa sala afas-
tada da ala principal da casa. Em outro, usei um quarto grande sobre a
garagem. No último, e o mais longo, um quarto no fundo do quintal.
Estudar no escritório da igreja pode ou não dar certo. Para um pastor
amigo isso deu certo, já que o escritório ficava afastado das outras de-
pendências da igreja, e a secretária “barrava” as interrupções antes que
elas chegassem ao escritório pastoral.
Quando o pastor estuda em casa, é-lhe impossível não ouvir o
barulho proveniente das atividades normais da esposa e filhos. Se a
campainha toca, ele pensa, mesmo inconscientemente, que pode ser al-
guém a sua procura, e teme precisar interromper o estudo. Os filhos
pequenos não entendem por que não podem conversar com o papai já
que ele está em casa. No entanto, se ele “sai” para o escritório, as crian-
ças logo entendem que “o papai foi trabalhar”.
Quando o pastor estuda em casa ou muito perto de casa, é mais
fácil a esposa pedir-lhe que faça uma comprinha de última hora (“Meu
bem, dá para você correr até o supermercado e comprar sabão em pó?”)
ou que conserte algo rapidinho (“Querido, será que você poderia trocar
a lâmpada do banheiro?”) ou que cuide do bebê só um pouquinho (“Vou
aproveitar que o Juninho está dormindo para dar um pulinho até a casa
APROVEITE BEM SEU DIA 31

da Joana. Você poderia ficar de olho nele para mim?”). Claro que assim
que a mãe sai, o diabo acorda a criança, que chora meia hora—tempo
que é roubado dos estudos.
Não se transforme em babá nem em menino de recado. Se cortar
a grama ou ir à padaria no meio da tarde é sua única forma de exercício
físico, tudo bem; mas se você pratica esportes ou faz caminhada todos
os dias, então pague alguém para cuidar do jardim. Não permita que seu
tempo valioso seja consumido com pequenas atividades.
O pastor é seu próprio chefe. Não existe relógio de ponto, nem
gerente a quem prestar contas, nem horário a ser cumprido. Assim o
pastor tem de ser honesto consigo mesmo e com Deus e disciplinar-se a
fazer bom uso do tempo. Já que estamos “por nossa própria conta”, é
fácil “fazer cera” lendo o jornal, papeando com o mecânico, correndo
até o supermercado ou trocando experiências com pastores amigos. O
obreiro atarefado é consciente demais para se ocupar com esse tipo de
coisas.
Devo gastar meu tempo estudando ou fazendo visitas? Devo fa-
zer AS DUAS COISAS, claro! Mas é preciso estabelecer tempo para
elas. No início de meu pastorado, eu fazia de 50 a 70 visitas por sema-
na. Essa foi uma das razões para nossa igreja ter crescido de 100 para
1.600 membros durante meu tempo lá! Em conseqüência aumentaram
as visitas a hospitais; aumentaram também os problemas da igreja e
escola, os funerais e casamentos; o número de ovelhas necessitadas de
ajuda também cresceu. Precisei, então, reduzir o número de visitas para
25 ou até 40 por semana; alguns membros da diretoria já estavam capa-
citados a fazer esse trabalho, dividindo-o comigo.
Porém jamais se torne escravo da cadeira do escritório e fique
esperando que os outros façam o seu trabalho. Estabeleça seu horário
de sair a visitar e ganhar almas para Cristo. Pessoas afastadas, cristãos
desanimados e gente interessada também precisam ser visitadas. E, cla-
ro, as visitas a hospitais e enfermos nunca cessam.
Nenhum pastor pode se dar ao luxo de esquecer os velhinhos da
igreja, principalmente os que estão em asilos ou impossibilitados de
sair de casa. Certamente eles são as pessoas que mais gastam tempo
orando a favor do pastor. Eles são solitários e precisam de incentivo.
São pessoas que realmente precisam do pastor, especialmente os que
não podem se locomover. Embora os membros da diretoria da igreja ou
da comissão de visitação possam ajudar nessa área, nada substitui a
32 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

visita periódica do pastor. Estar com os que sofrem e não podem se


locomover irá fortalecer e encorajar seu próprio coração. Se possível,
grave o culto de domingo para que eles ouçam durante a semana. Tal-
vez a igreja possa comprar gravadores para os que não têm dinheiro.
Os velhinhos apreciam muito as visitas pastorais, e, quem sabe,
aquele dinheiro que a igreja tanto necessita não será doado por alguém
que você nem imaginava que tivesse algum dinheiro! Muitos deles, sen-
tindo-se amados e protegidos pela igreja deixam, em seus testamentos,
grandes quantias para o trabalho do Senhor. Nenhuma igreja pode fazer
a desfeita de ignorar os enfermos e os idosos.
Eu procurava fazer visitas evangelísticas pelo menos duas vezes
por semana: terças e quintas, e também aos sábados. Naturalmente, você
deve estar atento às almas perdidas o tempo todo.
As comissões podem fazer muitas coisas que normalmente os
pastores têm de fazer. Já ouvi pastores e igrejas se gabarem de não
terem “comissão nenhuma para o trabalho, a não ser o pastor e os
diáconos”. Eu, porém, já fui bastante ajudado por excelentes comis-
sões. Não lemos em nenhum lugar da Bíblia que é errado ter comissões.
Embora seja verdade que algumas delas “perdem muito tempo em reu-
niões”, isso não precisa ser necessariamente verdade.
Alguém com muito senso de humor disse a respeito de comis-
sões: “Separadamente eles não fazem nada, e quando se reúnem, deci-
dem que nada pode ser feito”. (Já tive algumas assim!) Todavia se as
comissões forem bem escolhidas, e tiverem um relator (ou relatora)
bastante responsável — e se forem oficialmente aprovadas pela igreja,
o que torna seu trabalho mais importante —não há razão para as comis-
sões não serem ótimas ajudantes do pastor.
Por exemplo, não existe motivo algum para que o pastor (ou sua
esposa) tenha que escolher as flores para a mesa da ceia, ou que faça o
horário de refeições para o evangelista que está visitando a igreja, ou
que dê uma vistoria para saber se o departamento de crianças tem todo
o material necessário e se há lençóis para as caminhas do berçário! Se
as comissões forem bem escolhidas e se tiverem verba para tomar as
providências necessárias, os pastores nunca precisarão carregar alguns
dos fardos que lhe são jogados nas costas. Exemplos de comissões:

Comissão de Patrimônio. Além de cuidar dos bens móveis e


imóveis da igreja, também cuida de sua aparência externa, como jar-
dins, gramados etc.
APROVEITE BEM SEU DIA 33

Comissão do Departamento Infantil. Responsável em providen-


ciar ajuda, móveis e limpeza dos locais onde as crianças se reúnem.

Comissão de Hospitalidade. Se uma senhora esperta e sábia en-


cabeçar esta comissão, os missionários sempre terão um lugar onde se
hospedar; o conferencista fará excelentes refeições, em casas arruma-
das e limpas, junto com o pastor; os visitantes nunca sairão da igreja
sem serem cumprimentados etc.

Comissão de Visita aos Idosos e Enfermos. Alguns idosos sau-


dáveis e ativos podem fazer parte desta comissão. Geralmente eles têm
mais tempo que o pastor, e podem informá-lo se alguém estiver seria-
mente enfermo, hospitalizado etc. A comissão também pode se respon-
sabilizar em gravar os cultos para que os acamados ouçam; mandarão
cartões de aniversário, Dia das Mães e dos Pais, de Natal etc para essas
pessoas. Também se encarregarão de arranjar transporte para aqueles
que desejam ir à igreja, mas não podem caminhar muito.

Comissão de Ornamentação. Cuidarão para que a igreja esteja


sempre bonita e limpa, e que as flores estejam frescas e atraentes.

Comissão de Jovens. É de grande ajuda, especialmente se a igre-


ja não tiver ninguém encarregado de trabalhar com os jovens e adoles-
centes. Esta comissão ficará encarregada de preparar comes-e-bebes
para eventos especiais e reuniões dos jovens. A pobre esposa do pastor
não tem nenhuma obrigação de fazer essas coisas, principalmente sozi-
nha. Mesmo que a igreja tenha um pastor ou diretor de jovens, essa
comissão lhe será extremamente útil.

Comissão de Música. A não ser que a igreja tenha um ministro


de música de tempo integral (que será o diretor da comissão), ela deve-
rá trabalhar junto com o pastor (e sob supervisão dele). Variedade mu-
sical na apresentação do conjunto coral; seleção cuidadosa dos solos,
duetos, trios etc; eliminação do tipo errado de música; música apropri-
ada para funeral ou eventos especiais — todas estas coisas devem ser
levadas em consideração. A comissão de música também tomará provi-
dências para que as pastas dos conjuntos estejam atualizadas e em or-
dem. Claro que se a igreja tiver um ministro de música, ele será respon-
sável por essas coisas, e prestará contas ao pastor.
34 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Comissão de Finanças. Trabalha junto ao pastor, especialmente


na elaboração do orçamento anual da igreja. A comissão deverá estar
atenta para que não aconteçam gastos desnecessários; que haja dinheiro
em caixa para emergências, problemas financeiros de última hora etc.
Certamente alguns diáconos devem ser incluídos na comissão; na verda-
de, em alguns casos, todos os membros da comissão deveriam ser
diáconos. O tesoureiro da igreja não pode ficar de fora, logicamente.

Comissão de Visitação. Em algumas circunstâncias, é valiosa.


Se a igreja tem alguém especialmente encarregado desta área, então a
comissão trabalha sob supervisão dele, que, por sua vez, será supervisi-
onado pelo pastor. Porém a igreja não deve achar que todas as visitas
são de responsabilidade única desta comissão. A comissão deve abrir
caminho, inspirar a igreja, ser exemplo, ajudar a descobrir os interessa-
dos, dar boas-vindas aos que estão chegando de outros lugares, manter
o arquivo de visitação em ordem etc.
Pastor, aprenda a delegar! Eu sei que, em algumas ocasiões, pare-
ce que você vai ter mesmo de fazer o trabalho. Algumas vezes os mem-
bros da diretoria se esquecem de alguma coisa ou o diretor de uma
comissão viaja sem avisar. Mesmo assim, é bom confiar em seus cola-
boradores e delegar responsabilidade. Claro que você deve estar atento
ao que acontece, e também haverá ocasiões em que alguém terá de ser
substituído; algumas vezes o pastor precisa chamar a atenção de um
membro de comissão ou diretoria por causa de um trabalho que precisa
ser feito. Mesmo com todos os problemas, a tarefa é mais fácil quando
há alguém ao seu lado ajudando-o. Além disso, todos os seus colabora-
dores e membros da igreja precisam trabalhar para o Senhor.
Se a igreja tem um pastor de jovens então a comissão de jovens
torna-se desnecessária. E se houver um pastor, é melhor que ele escolha
seus ajudantes. Do mesmo modo, se a igreja tem um ministro de música
ou regente de coro, a comissão de música presta contas a ele, e ele, ao
pastor.
Discutiremos alguns desses assuntos em capítulos separados,
Cada pastor sabe como seu horário deve ser, no entanto já me
pediram para organizar a programação de um dia de trabalho pastoral.
Talvez o apresentado abaixo, e bastante usado, lhe seja útil.
6h (ou mais cedo): Estudo bíblico e oração. Quem sabe 10m para
exercício físico. Faça um rascunho das atividades do dia e ore a respei-
to.
APROVEITE BEM SEU DIA 35

7.10 - 7.30: Banho, barbear, vestir-se.


7.30 - 8.10: Café da manhã e culto doméstico.
8.10 - 8.30: Cuidar da correspondência pessoal, programa de rá-
dio etc.
9.15 - 10.00: Ir ao escritório da igreja, cuidar da correspondên-
cia, ditar cartas.
10.00 – 12.30: Tempo para estudar, almoço com a esposa.
1.15 - 3.00: Estudo, preparação de sermões, responder e-mails
etc.
3.00 - 5.30: Visitas, incluindo hospital, passar pela igreja e verifi-
car se há trabalho acumulado por lá.
5.30 - 7.00: Jantar com a família, tempo com as crianças etc.
7.00 - 8.45: Visitas, reunião de diretoria, culto de oração – depen-
dendo do dia da semana.
9.00 - 11.00: Tempo com a esposa e/ou família.
Às quartas-feiras gaste mais tempo estudando a mensagem da noi-
te do que fazendo visitas e outras tarefas. Aos sábados, passe entre seis e
oito horas, começando logo cedo, nos estudos; faça eventuais visitas à
tarde. Estude mais um pouco à noite e domingo bem cedo. Normalmente
os pastores tiram a segunda-feira de folga. Algumas vezes, para descan-
sar, saí da cidade. Se havia programa de rádio pela manhã ou alguma
visita a enfermos, saíamos logo após. Às noites de segundas e sextas
eram dedicadas à família.
Emergências e fatalidades acontecem, portanto, ajuste-se a elas
sem resmungar demais!
E o aconselhamento? Particularmente, acredito que muitos pasto-
res arruinaram seus ministérios de pregação e evangelismo porque se
dedicaram muito ao serviço de aconselhamento. Você pode fazer uso da
psicologia (quase sempre questão de bom senso!), no entanto Deus não
o chamou para ser psicólogo nem psiquiatra. Ele o chamou para pregar a
Palavra! Mantenha o púlpito aceso e seu coração saturado com a Bíblia
e você responderá a maioria das perguntas em questão de minutos. Se as
pessoas estiverem dispostas a levar a Bíblia a sério e a obedecer a Deus,
você já realizou muita coisa. Caso contrário, só vai conseguir sufocar
seu ministério nas longas horas de “aconselhamento”.
Mas o que fazer com as pessoas que insistem em falar com você
ou exigem tempo para aconselhamento? Primeiro, eu lhes daria a Pala-
vra de Deus e explicaria que este Livro (a Bíblia) tem todas as respostas
36 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

para seus problemas. Incentive-as a participar dos cultos. Dos cultos de


domingo de manhã e noite; dos cultos de quarta-feira; da Escola Domi-
nical; das reuniões de estudos bíblicos; além do tempo que devem estu-
dar a Bíblia em casa.
Segundo, ore com elas e por elas. Ensine-as a orar por si mesmas e
a caminhar com os próprios pés.
Tenha um bom estoque de folhetos e evangelhos à mão para aju-
dar os que necessitam de aconselhamento. Há ótimos livros sobre
aconselhamento no mercado, contudo os que mais me ajudaram foram
folhetos e livros pequenos, que são práticos e vão direto ao assunto.
Se possível, sugira-lhes bons programas evangélicos de rádio ou
TV.
Indique-lhes algum tipo de literatura devocional, como o Nosso
Pão Diário.
Tente encontrar um crente espiritualmente forte que se disponha a
encorajar e ajudar a pessoa.
Peça à classe da Escola Dominical ou outro grupo que envolva a
pessoa em alguma atividade construtiva, de preferência algo que a leve a
servir ao semelhante. Muitas vezes os problemas desaparecem quando a
pessoa se dispõe a trabalhar para os outros.
Se o seu problemático tiver mesmo uma questão mental, claro que
você deve recomendar que procure um médico, cristão de preferência.
Muitas vezes nossos problemas mentais ou espirituais imaginários são
frutos de doença física.
Se o problema for espiritual, mas a pessoa não aceita os conselhos
da Bíblia, e também não aparece para ouvir a mensagem pregada, você
não perderá muito se ela se mudar para outra igreja.
Os pastores mais jovens devem tomar cuidado extra se o aconse-
lhando for alguém do sexo oposto. Uma boa prática é estabelecer um
limite de tempo – digamos, 20 minutos – para conversar com ela. (Se a
pessoa está desejosa de aceitar a Cristo, talvez seja necessário mais tem-
po.) Uma boa idéia é fazer o aconselhamento quando sua secretária ou
outra pessoa estiver por perto, de preferência na sala ao lado da sua. Se
perceber que a mulher é sozinha, carente emocional e necessitada de
atenção, peça que sua esposa o acompanhe no aconselhamento.
Se a pessoa continuar falando e falando, o que o pastor deve fa-
zer? Como terminar a conversa e fazer com que ela se retire?
Quando eu terminava de dizer o que havia a dizer e sentia que a
APROVEITE BEM SEU DIA 37

conversa terminara, eu afastava a cadeira, fechava a Bíblia ou livro que


estava usando e sugeria que orássemos. Mesmo que você já tenha orado
pelo problema, faça uma oração final. Ajoelhar, ficar em pé ou continuar
sentado é sua decisão. Se você perceber que a pessoa é daquelas que
nunca param de falar, e que vai ser difícil colocar um ponto final no
assunto, diga: “Vamos orar antes de você sair.” Dito isto, abaixe a cabe-
ça e agradeça a Deus pela oportunidade da reunião e peça-lhe que aben-
çoe a pessoa em seus afazeres. Mesmo aqueles sem “desconfiômetro”
nenhum vão perceber que você tem mais o que fazer e que já passou da
hora de se retirar. Se a pessoa insiste em ficar zanzando por ali, você vai
ter de ser direto: “Desculpe, mas tenho gente esperando para falar comi-
go” ou “Preciso fazer uma visita a uma pessoa doente” ou “Não quero
tomar mais do seu tempo” e abra a porta para ela.
Em alguns casos, quando você sabe que a pessoa fala pelos coto-
velos e é cheia de problemas, peça à secretária (ou sua esposa ou quem
estiver por perto) que o interrompa depois de uns 20 minutos para avisar
que fulano ou beltrano já está esperando. Em todos os lugares há pessoas
que não percebem quando a conversa já terminou!.
O tempo não pára. Se você é honesto na obra de Deus, nunca vai
colocar seu trabalho em dia. Sempre haverá coisas a ser feitas. Franklin
disse: “Não desperdice tempo, pois a vida é feita dele”. O tempo é curto,
portanto, redima-o.
“Não há doze horas no dia?”, perguntou Jesus. Talvez ele tenha
querido ensinar que devemos nos ocupar e realizar tudo o que pudermos
nas doze horas estabelecidas para o trabalho. Mesmo que durmamos
mais ou menos sete horas, teremos ainda cinco horas para nos divertir,
comer e ficar com a família.
Planeje bem suas doze horas. Talvez valha a pena fazer um inven-
tário para descobrir como o último dia de trabalho foi gasto. Quem sabe
você não consegue melhorar essas doze preciosas horas!
Por falar nisso, o tempo será totalmente desperdiçado se você não
orar. Se tentarmos realizar o trabalho do nosso jeito, em vez de seguir-
mos as ordens de Deus, nosso dia será um fracasso total. Em Marcos 4
lemos que a tempestade passou depois que eles oraram.
Oh, que paz perdemos sempre.
Oh, que dor de coração,
Só porque nós não levamos
Tudo a Deus em oração.
38 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

“A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” – Tiago


5.16
Faça bom uso dos minutos que lhe sobrarem e você perceberá que
ganhou uma hora extra de estudo e conseguiu fazer muita coisa impor-
tante. Tenha sempre um bom livro no carro. Cole versículos bíblicos no
painel ou no pára-sol de seu veículo e aproveite para memorizá-los en-
quanto estiver parado no sinal ou no trânsito. Tenha à mão folhetos e
evangelhos para ler enquanto espera por alguém ou numa fila. Você terá
tempo de ler alguns capítulos de um livro enquanto o mecânico troca o
pneu de seu carro ou faz algum conserto.
Leia o jornal à noite, quando já estiver cansado demais para se
concentrar em coisas realmente importantes. Leia um pouco enquanto
sua esposa acaba de pôr a mesa do jantar. Use todo tempo livre, por
menor que seja, e aperfeiçoe seu trabalho para o Mestre.
Muitos pastores colocam gravadores em seus carros e, assim, apro-
veitam para ouvir sermões ou estudos bíblicos enquanto dirigem ou es-
peram no farol.
É verdade. O tempo não pára. Faça bom proveito dele. Não demo-
ra muito, e o tempo desaparecerá na eternidade.
39

Capítulo 3
IRMÃOS, REUNIMO-NOS
PARA ADORAR
Por que não promover cultos que despertem nas pessoas o desejo
de voltar à igreja? Os cultos e estudos bíblicos podem ser tão agradá-
veis, apropriados e proveitosos que os visitantes não vão querer perder
nenhum deles.
Este capítulo estudará tanto a ordem do culto quanto as coisas
práticas observadas ao longo do tempo. Algumas sugestões são tão cor-
riqueiras que parecerão desnecessárias. No entanto, alguns pastores en-
volvem-se de tal maneira com o trabalho que não conseguem discerni-lo
bem, como a pessoa que se concentra nos detalhes e não vê o quadro
todo. As sugestões oferecidas são questão de bom senso. Já visitei mui-
tas e muitas igrejas, e também já conversei com inúmeras pessoas que se
aproximaram ou se afastaram de igrejas pelas razões que apresentarei.
Então, por favor, não faça pouco caso das observações que apresentarei,
por mais simples que pareçam. Elas farão uma grande diferença em sua
igreja.

1. A primeira impressão é a que fica.


Sua igreja pode não ser chique, rica, sofisticada ou bem ornamen-
tada, mas a falta destas coisas não impede que seja bem arrumada, lim-
pa, organizada e tenha as paredes pintadas. Ao se aproximarem do tem-
plo, os visitantes e membros devem ver que a calçada foi varrida, a gra-
ma foi cortada, as árvores foram podadas e o estacionamento foi bem
demarcado. Ao atravessarem os portões, devem ficar impressionadas
com o clima e aparência agradáveis de boas-vindas. Muitos pastores se
preocupam tanto com os problemas espirituais da igreja que dificilmen-
te percebem o que os visitantes notam logo de cara. Se a igreja é abenço-
ada com um zelador caprichoso, metade do problema já está resolvido.
Mesmo assim – a não ser que o zelador seja alguém fora de série –, o
40 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

pastor terá de ficar lembrando-o das tarefas necessárias para que a pro-
priedade esteja em ordem. Poderá também delegar a supervisão a uma
comissão ou, de preferência, a uma pessoa de confiança.
A maioria dos zeladores não gosta de ter muitos “chefes”. Quem
quer que esteja encarregado de supervisionar o trabalho tem de ser
perfeccionista, mas de boa índole. Também não pode ser uma pessoa
cuja casa e quintal sejam uma bagunça total.
Se possível, contrate para a zeladoria alguém que não seja mem-
bro da igreja. Mas seja como for, não contrate ninguém cuja casa mais
parece um campo de guerra.
Faça todos os esforços para que sua igreja fique conhecida como
um lugar bonito. No mínimo, não dê ocasião para que os visitantes ape-
nas se lembrem da sujeira logo na entrada, dos papéis espalhados pelos
bancos, dos buracos na calçada, do banheiro nojento. As pessoas acostu-
madas a viver em casas bem arrumadas, a freqüentar shoppings bem
iluminados e convidativos, a ser atendidas em bancos e restaurantes que
primam pela limpeza sentirão repulsa em um templo que cheira mal, em
desordem e mal conservado.
Se sua igreja é pequena e depende de voluntários para a limpeza,
não se esqueça de enfatizar a importância do serviço prestado por aque-
les que mantêm o local arrumado, limpo e convidativo. Lembre aos vo-
luntários que “a limpeza é irmã gêmea da santidade”. Este provérbio não
está na Bíblia, mas não deixa de ser verdadeiro! Não abaixe a guarda!
Não despreze o valor da boa primeira impressão.
Se a igreja é pobre demais para pagar um zelador ou muito peque-
na que não tenha voluntários que saibam fazer um bom serviço, tente
contratar seus próprios filhos adolescentes, se eles forem bem discipli-
nados e com idade suficiente para fazer um serviço bem feito. Alguém
disse que há três maneiras de se realizar um trabalho: faça-o você mes-
mo; contrate alguém para fazê-lo; proíba seus filhos de fazê-lo! Se optar
por “contratar” seus filhos, você terá de supervisioná-los para ter certeza
de que o trabalho será bem feito. No entanto, utilize este recurso apenas
se não houver outra saída, e por pouco tempo.

2. Cuidado com os ouvidos alheios!


Tenho certeza de que na maioria das igrejas os cultos seriam bem
mais eficazes se o aparelho de som estivesse um pouco mais alto! Na
verdade, muitas igrejas nem tem essa aparelhagem – o que causa surpre-
IRMÃOS, REUNIMO-NOS PARA ADORAR 41

sa! Alguns pastores acham que só porque eles ouvem o que estão dizen-
do o auditório também ouve. Nem todos os pastores possuem um siste-
ma de som embutido no tórax, como é o caso do Dr. Ian Paisley. Talvez
Billy Sunday conseguisse se fazer ouvir por milhares de pessoas usando
nada mais que um simples painel de madeira como caixa acústica. John
Wesley pregava de cima do túmulo de seu pai às multidões que se reuni-
am ao lado do cemitério da igreja. No entanto, a maioria de nós não tem
pulmões tão poderosos quanto os desses velhos cavalos de guerra. Acho
que se eles vivessem nos dias de hoje, e tivessem de disputar a atenção
dos ouvintes com bancos almofadados, pisos acarpetados, barulho de
avião a jato e de ventiladores, também usariam um bom sistema de som.
Como resultado de ter ficado sentado um bom tempo esperando
para falar em Escola Dominical, cultos e reuniões de jovens pelo país
todo, cheguei à seguinte conclusão: 50% dos pastores e entre 75% e
90% dos diretores de EBD e outras pessoas que falam perante a igreja
não se fazem ouvir claramente. Na verdade, se muitas dessas pessoas
que dão os avisos ou fazem qualquer outro tipo de apresentação na igre-
ja ficassem caladas, o efeito seria o mesmo!
Portanto, aumentem um pouco o volume! Se visitarmos igrejas
que crescem e florescem na conquista de almas para Cristo, observare-
mos que todas possuem um excelente sistema de som, que estão sempre
com o volume alto. É impossível alguém dormir quando o Dr. Lee
Roberson prega ou dá avisos. Quando a voz do Dr. Jack Hyles ressoa,
não perdemos uma única palavra do que ele diz. Pense em qualquer pas-
tor dinâmico e bem sucedido em seu ministério e você descobrirá que
isso também é verdade em relação a eles.
Algumas vezes, ao começar a pregação em uma campanha
evangelística, senti que não estava sendo ouvido de modo claro e efici-
ente. Não havia resposta do auditório. Mas assim que convenci o pastor
ou o técnico de som a aumentar o volume do microfone, o clima da
reunião mudou e os resultados foram visíveis.
Pode ser que os pastores liberais e os amantes da liturgia se con-
tentem com cultos moderados e em tom suave, mas aqueles entre nós
que desejam sacudir os alicerces do Inferno e resgatar as almas condena-
das ao tormento precisarão falar em alto e bom som!
Algum tempo atrás ouvi o evangelista Hyman Appelman contar
que alguém quis saber por que ele gritava e apelava tanto em suas prega-
ções. O evangelista apontou para um beiral de concreto num edifício do
42 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

outro lado da rua e perguntou: “Se você estivesse parado embaixo da-
quele pesado beiral e ele começasse a rachar, e estivesse a ponto de cair
em sua cabeça, você iria querer que eu chamasse gentilmente sua aten-
ção e sussurrasse: ‘Ei, amigo, aquele beiral de concreto vai cair e esma-
gar você. Talvez seja melhor você sair daí’. É isso que você queria?” O
homem respondeu: “Continue gritando, pois vou ouvir”.
Fale alto! Mesmo ao microfone! Alguns oradores resmungam e
murmuram, e abaixam a voz sem se aproximarem do microfone e, con-
seqüentemente, ninguém os ouve. Se você falar alto o auditório lhe agra-
decerá, especialmente as pessoas que sofrem de problema auditivo – e
muitas sofrem.
Um bom sistema de som é algo indispensável. Todas as igrejas
que pastoreei tiveram dificuldade em encontrar um aparelho de som que
valesse a pena e que funcionasse direito. Acústica não é coisa fácil. No
meu último e mais longo pastorado a igreja adquiriu um equipamento de
som caro e apropriado para o trabalho, mas levou tempo até que conse-
guíssemos o efeito desejado. Porém, ainda hoje, o volume adequado
para o conjunto coral ou para um determinado orador não funciona para
outro pregador ou para diretor da Escola Dominical. É preciso um bom
engenheiro de som que faça os ajustes o tempo todo. Não tenha medo de
dizer ao responsável pelo som que é preciso aumentar (ou diminuir) o
volume. Lá de onde está, ele nem sempre ouve o resultado do jeito que
você ouve. Você é o pastor; peça o que é necessário para que o culto seja
feito como deve.
Se as pessoas não ouvirem direito, não serão nenhum pouco tocadas
pela mensagem, mesmo que seu esboço seja espetacular e a ilustração
final seja maravilhosa. No começo de meu ministério, um conhecido
evangelista me explicou que a mensagem do Evangelho jamais seria efi-
caz se não fosse pregada em voz alta. Ele estava absolutamente certo.
No entanto, não estou falando em gritaria e berros no ouvido do
auditório. Não tente substituir a inspiração pela perspiração (ou por um
ótimo aparelho de som). Não estou me referindo a extravasar emoções.
Contudo se a igreja possui um equipamento de som adequado e um téc-
nico que saiba o que está fazendo, o pastor não precisa alterar a voz nem
chegar à exaustão para alcançar os ouvidos (e corações) das pessoas.
O equipamento de som se faz necessário por algumas razões: para
encobrir os gritos de um bebê que destampa a chorar durante o culto;
abafar o ronco ensurdecedor de aviões, caminhões e motocicletas que
IRMÃOS, REUNIMO-NOS PARA ADORAR 43

passam voando sobre e ao redor do templo. Os ventiladores ou apare-


lhos de ar condicionados ligados só aumentam o problema. Quando o
número de presentes aumenta e o templo fica lotado, todo esse barulho é
absorvido pelas pessoas e a roupa que usam. Muitas igrejas modernas
têm piso acarpetado e bancos forrados. Sem um bom sistema de som, o
pastor “fica na pior”. É bom frisar que o pastor pode abaixar a voz de
vez em quando para causar um certo impacto nos ouvintes. Isso pode ser
feito com ótimo resultado se a igreja tiver um bom sistema de som, e o
pastor aproximar-se bem do microfone. No entanto, ele não será ouvido
se fizer isso sem a aparelhagem de som.
E não se esqueça: se sua igreja possuiu aparelhagem de som, au-
mente o volume e veja o que acontece! Aquele pecador teimoso, que
culto após culto ouve suas mensagens, é capaz de acordar e aceitar a
Cristo no próximo domingo! O diretor da Escola Dominical talvez seja
capaz de, finalmente, se fazer entender pelos adultos. E da próxima vez
que alguém der um testemunho, as pessoas ouvirão e serão abençoadas.
Não se esqueça: igrejas grandes e pequenas necessitam de um bom equi-
pamento de som.

3. O auditório está congelando ou fritando?


Nos dias mais frios, algumas igrejas fecham todas as janelas e o
auditório fica a ponto de morrer sufocado. No verão, os ventiladores
ficam em velocidade tão alta que os cabelos voam, as folhas de Bíblias e
hinários não param no lugar, e fica um liga-desliga sem fim, pois uns
sentem frio e outros sentem calor.
O que fazer? Spurgeon afirmou que o oxigênio puro é a coisa mais
importante depois da boa pregação. É primordial que o templo possua
um bom sistema de ventilação, seja no frio ou no calor. Os desinteressa-
dos, que parecem em eterno estupor, já caem no sono de uma vez por
causa do calor. Avise os introdutores para ficarem de olho nas janelas
nos dias mais frios; elas devem ficar um pouco abertas para que o ar
circule. No calor, os ventiladores devem estar numa velocidade que não
incomode ninguém, mas refresque o ambiente. Instrua as pessoas que
não gostam de vento nas costas ou na cabeça para que mudem de lugar.
Se alguém estiver incomodado com o vento não prestará atenção na
mensagem, e não será convencido dos horrores que o esperam no Infer-
no. As pessoas mais velhas sentem muito frio, e as mais novas, geral-
mente, sentem menos. Tente encontrar um mediador comum, mesmo
sabendo que jamais conseguirá agradar a todo mundo.
44 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

4. Comece na hora!
Muitas igrejas não fazem isso. Os atrasos variam de um a dez mi-
nutos. Nada irrita mais às pessoas do que correr para deixar as crianças
prontas, sair adoidadas trânsito afora, caçar um lugar para estacionar,
entrar afobadas na igreja e, quando finalmente se afundam no banco, ter
de ficar esperando pelo pastor, conjunto coral e regente se organizarem
para o hino de abertura. A verdade é que a ordem do culto deve estar
pronta muito tempo antes de ele começar. Pastor, se os cultos em sua
igreja sempre começam atrasados, é hora de ensinar pontualidade à sua
congregação; todos irão ganhar com isso!
Nossa organista começava a tocar alguns minutos antes do início
do culto. Desse modo, se a pianista tivesse algum imprevisto com o con-
junto coral, o trabalho podia ser iniciado sem problemas. O ministro de
música ou regente da igreja, seja ele pago ou voluntário, precisa enten-
der que o trabalho de Deus é a coisa mais importante deste mundo e tem
de ser feito da maneira certa. Isso inclui começá-lo na hora!
Se sua igreja é pequena e não há muitas pessoas que possam tocar
o órgão ou piano na falta do responsável, tenha alguém pronto a iniciar o
culto sem o instrumento. Se o conjunto coral, ou qualquer outro grupo
que fará a abertura, não estiver pronto na hora, inicie o culto com um
cântico congregacional. É importante que os coristas, solistas etc. enten-
dam a importância de estarem prontos na hora. Se por um ou dois do-
mingos você iniciar o culto sem eles, logo entenderão a mensagem! “O
pastor quer que sejamos pontuais.”
Outra boa razão para o culto começar na hora é que o pastor não
tem de cortar parte do sermão. Normalmente eu preparo sermões de 25 a
30 minutos. Se o culto começa atrasado, eu (mesmo que inconsciente-
mente) fico ansioso com o fato de ter de avançar no horário ou ter de
encurtar a mensagem.
Os visitantes e interessados adquirirão confiança em você e em
sua igreja se perceberem que são organizados e pontuais. Geralmente as
pessoas acabam voltando, se gostaram do que viram antes.
Se você, como pastor, perceber que o tempo do culto está saindo
de seu controle, então corte alguns avisos, leia uma passagem menor da
Bíblia antes da mensagem ou faça uma oração mais curta. Só não “alei-
je” a mensagem. Mas lembre-se de que se você for além da hora no final
do sermão, vai perder seu auditório. Sempre procurei não deixar o apelo
muito para o fim da mensagem. Aos domingos de manhã sempre procu-
IRMÃOS, REUNIMO-NOS PARA ADORAR 45

ro terminar a mensagem, fazer a oração final e despedir a congregação


exatamente na hora estabelecida. Caso contrário, as donas de casa fica-
rão pensando no assado que está no forno ou nas visitas que vão chegar,
e farão isso exatamente quando você mais quer pensem em como aplicar
a mensagem a suas vidas.
“Se você não conseguir água em meia hora, pode parar de cavar”,
alguém disse com sabedoria. Aos domingos à noite, você até pode alon-
gar-se um pouquinho mais na mensagem. Mesmo assim, nesta época em
que o tempo é supervalorizado, quando as pessoas sofrem de úlcera an-
siosa e vivem a poder de tranqüilizantes, acho que sua mensagem será
bem mais eficaz se você não ficar conhecido como “aquele pastor que
não pára nunca”.
Outra razão para ficarmos de olho no relógio, principalmente nas
cidades grandes, é que muita gente depende de ônibus, e, especialmente
aos domingos, eles não correm com tanta freqüência como nos dias da
semana. Muitos jovens, adolescentes e até crianças vão à igreja sozinhos
e seus pais esperam que voltem cedo para casa.
Insista com o diretor da Escola Dominical para que o trabalho
comece na hora. Esta é uma maneira de fazer com que todo o resto da
programação ocorra no tempo certo e nada se atrase.
Informe ao regente dos hinos, diretores de quarteto e de músicas
especiais quantos números poderão ser apresentados. Se o dirigente es-
colheu um hino de 16 estrofes, diga-lhe que só há tempo para duas ou
três. Naturalmente,este assunto deve ser discutido com antecedência, e
não lá no púlpito.
Às vezes os pastores mais jovens ouvem falar de pastores bem
sucedidos que pregam longas mensagens, e gastam muito tempo se pro-
movendo, e fazem do apelo uma jornada pela Grande Tribulação e che-
gam até o Milênio, e mesmo assim conseguem que as pessoas voltem
para ser torturadas novamente, saibam que eles são exceção à regra. O
povo volta apesar da falação, não por causa dela!

5. Avisos
Diga a quem for fazer os avisos que os escreva, pois assim não terá
de ficar tentando se lembrar do que deve ser dito e, então, não desperdi-
çará tempo lá na frente. Seja você mesmo rápido e direto em seus avisos.
Jamais diga: “Agora é hora dos avisos” ou “Tenho vários avisos
para dar aos irmãos”. Se fizer isso, muita gente vai aproveitar para tirar
46 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

uma soneca, ler o boletim, ajustar a gravata, cochichar no ouvido das


crianças ou escrever um bilhete. Se um aviso não for importante, esque-
ça-o. (O melhor jeito é escrever tudo no boletim.) No entanto, se é um
aviso importante, e não pode ser deixado de lado, tente algo assim:
“Isso aqui é importante. Ouçam com atenção.”
“Antes de cantarmos, tenho de avisar o seguinte.”
“Há um aviso muito importante no boletim sobre...”
“Mal posso esperar para lhes avisar sobre uma coisa sensacional.”
Mas se a coisa não for realmente “sensacional”, pode muito bem
ser colocada no boletim ou nem mesmo ser mencionada.
Algumas vezes a presidente da Sociedade de Senhoras ou o pro-
fessor de uma classe insiste em dar um aviso. Neste caso, diga: “Antes
que me esqueça, a classe Orvalho do Monte avisa que no próximo do-
mingo...” e passe para algo de interesse geral. Mas deixe claro à classe
Orvalho do Monte que da próxima vez, se não quiser passar em brancas
nuvens, deve entregar o aviso ao pessoal que faz o boletim.
Programas especiais da igreja devem ser mencionados do púlpito.
Na verdade, se você, como pastor, deseja que um projeto seja bem suce-
dido, terá de apoiá-lo publicamente. Nestes casos, no entanto, não o
categorize como um “aviso”. Tão-somente apresente-o com entusias-
mo. Se o projeto envolve a igreja toda, naturalmente você gastará um
pouco mais de tempo falando sobre o assunto do que se fosse um progra-
ma do conjunto coral ou do departamento de jovens.
Os pedidos de oração por enfermos são outro assunto delicado.
Algumas pessoas (aquelas que normalmente não aparecem nas reuniões
de oração das quartas-feiras) esperam que você toque profundamente os
corações dos intercessores para que orem a favor da Maria das Dores
Profundas que está com problema no pâncreas ou pelo Gustavo
Semprenfermo que sofre de azia crônica. Alguns pastores acham que
têm a sincera obrigação de, durante os avisos, fazer uma explanação
completa sobre o órgão afetado do irmão que se encontra hospitalizado.
E aí ficam sem entender por que o pessoal está desaparecendo da igreja!
Na verdade, já ouvi pastores darem detalhes tão íntimos da condição de
saúde de algumas senhoras doentes que fiquei imaginando por que os
familiares das enfermas não se esconderam debaixo dos bancos!
Leve sua igreja a entender que o período de oração a favor dos
enfermos e dos que sofrem é às quartas-feiras à noite. (Mesmo assim, eu
faria uma lista dos pedidos para que o tempo não seja totalmente tomado
IRMÃOS, REUNIMO-NOS PARA ADORAR 47

por eles.) Com isso, se surgir uma emergência, ou alguém ficar em esta-
do crítico, você poderá mencioná-lo rapidamente e de coração, e fazer
uma oração imediata pelo enfermo no culto dominical. Deus ouve as
orações curtas da mesma maneira que ouve as longas.
Naturalmente que se acontecer um acidente trágico no sábado à
noite e algum membro da igreja estiver envolvido, ou a casa de alguém
pegar fogo, ou coisas desta natureza, você deverá mencionar o ocorrido
e insistir para que a igreja ore fervorosamente pelos que sofrem.
Nos cultos de domingo à noite, ao orar, mencione os que estão
seriamente enfermos e os hospitalizados. Os parentes dessas pessoas fi-
carão agradecidos, e você estará relembrando às suas ovelhas que de-
vem interceder por elas.

6. A variedade ainda é o tempero da vida.


Conta-se que um homem foi declarado morto. A funerária prepa-
rou o corpo para o enterro. A igreja preparou um culto fúnebre muito
bonito. O templo estava repleto de flores. Os presentes choravam baixi-
nho. O órgão tocava uma música suave. Alguns amigos do falecido se
preparavam para levar o caixão. De repente, o “defunto” começou a se
levantar, deixando bem claro que ainda não estava morto. O pastor olhou
contrariado e gritou: “Não faça isso! Você está arruinando a cerimônia!”
Em algumas igrejas a programação é tão formal e a rotina tão in-
flexível que o auditório pode acertar o relógio pelos bocejos dos coris-
tas. Não tenha medo de “arruinar a cerimônia” e mudar as coisas de vez
em quando. Os cultos devem ter uma certa liturgia, mas não precisam ser
tão formais que acabam se tornando cerimoniosos e sem vida. E não
estabeleça um padrão tão rígido que o auditório saiba exatamente o que
vai acontecer a seguir. (Quem foi mesmo que disse que a rotina é um
túmulo aberto?)
O culto não precisa começar sempre com a doxologia, que em
muitas igrejas funciona como uma campainha avisando que o trabalho já
começo. Surpreenda o povo de vez em quando e começo o culto com um
hino retumbante pelo coral ou congregação.
Em vez de orar depois da primeira música, faça-o depois da se-
gunda. Assuste a turma e faça os avisos quando menos estiver esperan-
do. (Se você fizer isso, e sem mencionar a palavra “avisos”, a igreja nem
vai saber o que a atingiu!)
48 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Não repita as mesmas palavras sempre que orar. (“Senhor, aben-


çoe todos os povos do mundo, por quem temos a solene obrigação de
interceder.”) Planeje e até mesmo escreva algumas coisas que gostaria
de enfatizar na oração pública. Não sou a favor das orações “enlatadas”,
mas se você pode fazer anotações para suas mensagens, por que não
fazer o mesmo com suas orações? Ore por nosso país (Deus sabe quanto
precisamos disso!). Quando você orar pela situação nacional e internaci-
onal, as pessoas ficarão sabendo que você é um pastor bem informado.
Nenhum Presidente do país deveria ser eleito sem que os pastores das
igrejas realmente bíblicas tivessem mencionado o fato em oração. Se
uma cidade for atingida por uma enchente, é imperativo que o povo de
Deus ore pelos que sofrem. A igreja deve orar pelos desempregados e
pelas comunidades ameaçadas por qualquer tipo de perigo ou violência.
Esses sofrimentos pesam no coração dos cristãos. Eles serão abençoa-
dos e confortados ao saber que o pastor está informado da situação e se
preocupa com eles.
Ore pelas autoridades, pois esta é uma ordem da Bíblia.
Informe-se dos acontecimentos do dia e incentive sua a igreja a
orar. Seja um guerreiro! Sei que alguns pastores se desviam do caminho
principal e se deixam “levar” pelos projetos sociais, embora sejam mui-
to importantes; outros, no entanto, jamais encorajam suas igrejas a es-
crever aos políticos exigindo mudanças que melhorem este país. Se hou-
ver uma campanha contra o aborto, a pornografia ou programas de baixo
nível na TV, explique à igreja qual é sua posição e que atitude você
espera que o rebanho tome.
Um cinema que só exibe filmes pornográficos não deve continuar
suas atividades sem antes tomar conhecimento do insulto que é ao povo
de Deus. Nos Estados Unidos muitos cinemas desse tipo e muitas livra-
rias que só vendiam material pornográfico foram fechados. Em meus
programas diários de rádio, eu falava no assunto constantemente, e, do
púlpito ou em conversas particulares, também informava as pessoas so-
bre o assunto. O povo de Deus anda muito acomodado e tem deixado os
pervertidos e fomentadores de pornografia se safarem e fazerem o que
bem entendem.
Naturalmente, ao falar sobre o assunto, você deverá escolher bem
as palavras e ter cuidado com as crianças no auditório. Fique atento para
não fazer mais propaganda das empresas de Satanás do que o necessá-
rio. Quando era pastor, acho que nunca mencionei o nome da revista
IRMÃOS, REUNIMO-NOS PARA ADORAR 49

Playboy do púlpito, pois não queria que a curiosidade dos adolescentes


ficasse mais atiçada do que já estava. Quantos cristãos fracos não acaba-
ram indo assistir a um determinado filme porque o pastor, inadvertida-
mente, chamou atenção para ele em um sermão? Milhares de cópias de
uma revista nojenta chamada Hustler foi vendida durante o julgamento
de seu editor, Larry Flynt, em conseqüência da enorme publicidade feita
durante todo o processo.
No entanto, em meus sermões contra a nova moral da atualidade,
eu aproveitava para descer a lenha na filosofia da Playboy. Os adultos
sabiam do que eu estava falando.

7. Boas-vindas aos visitantes.


Sempre tive muito cuidado ao apresentar os visitantes pelo nome e
pedir que se levantassem. Algumas pessoas gostam de receber atenção,
porém outras não apreciam ser expostas desse modo em público. Muitas
preferem ficar quietinhas em seu canto e não gostam de ser “pressiona-
das” pelo pastor ou pela igreja e acabar sendo conhecida de todos os
presentes. Isso é verdade especialmente em relação às pessoas não-cren-
tes, que já se sentem pouco à vontade e sem jeito o bastante entre nós, e
não precisam que o pastor faça com que se levantem e digam seus no-
mes. Você até pode forçar alguém a dizer seu nome, profissão e número
do R.G., mas dificilmente verá a pessoa na igreja tão cedo.
Se a igreja tem ficha para os visitantes preencherem, peça-lhes
para entregá-las a você na saída (ou a um dos introdutores). Desse modo,
você terá oportunidade de conhecê-los pessoalmente, e pode ser que
desejem contribuir com mais do que uma ficha no prato de ofertas.
Os visitantes se sentirão menos envergonhados ao lhe entregar uma
ficha, e conhecer o pastor pessoalmente, do que se sentiriam ao ser “exi-
bidos” e apresentados às doze tribos de Israel durante o culto.
No capítulo “Maiores Ofertas”, falarei com mais detalhes sobre o
assunto, mas quero mencionar agora que os coristas, os pastores e qual-
quer pessoa que estiver ao púlpito devem servir de exemplo na contri-
buição. Os pratos devem passar por todos os bancos; use várias pessoas
na hora do recolhimento de ofertas; os pratos do ofertório devem ser
usados para recolher as ofertas entregues a Deus e não para receber
fichas de visitantes, cédulas de votação, ingresso para o jantar dos jo-
vens e pedidos de oração pelos enfermos. Não é de estranhar que as
igrejas estejam com déficit financeiro! Com todo essas coisas nos pra-
tos, como haverá lugar para as ofertas?
50 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

8. Pastor, seja otimista e animado.


Se você não for entusiasmado, como esperar que a igreja o seja?
Nossa pregação (se pregamos a Palavra) tem de mencionar coisas nega-
tivas se desejamos que nossas ovelhas tenham vidas santas e distintas.
No entanto, temos muitos motivos para ser alegres e positivos. Embora
as coisas andem pretas no cenário mundial, isto pode significar que a
vinda de Cristo esteja mais próxima do que pensamos! Algumas vezes
nos desanimamos achando que bem poucos cristãos estão interessados
nas coisas de Deus. Contudo não nos esqueçamos dos sete mil que não
se curvaram diante de Baal. Somos embaixadores de Cristo. Deus está
do nosso lado. As promessas Dele continuam valendo. O céu é uma cer-
teza absoluta para os filhos do Senhor. Deus responde nossas orações. A
Bíblia é nosso alicerce seguro, firme. Jesus Cristo é o mesmo ontem,
hoje e eternamente. Deus continua no trono. Quando sentir que está es-
morecendo e que o pessimismo está querendo tomar conta de você, pen-
se nessas coisas.
Leste Roloff perguntou: “Como podemos ajudar nosso rebanho
machucado, se nós mesmos estamos aos pedaços?”
Observe as igrejas que crescem e frutificam. Todas elas têm pasto-
res otimistas, entusiasmados e fiéis.
Seja alegre! “O coração alegre aformoseia o rosto.” De vez em
quando leia um bom livro de auto-ajuda escrito por algum motivador
conhecido no mundo dos negócios. Ouça fitas gravadas por especialis-
tas em motivação.
Sejamos sensatos ao liderar nosso povo. Mergulhe no amor de
Deus e alimente-se das promessas da Bíblia, e quando você se levantar
diante da igreja, todos se convencerão de que você tem certeza do que
está falando e de que vive pela fé e na vitória do Senhor.

9. Acima de tudo, pregue a Palavra.


Faça da Bíblia o centro de seu ministério. “Bíblia neles!” Mante-
nha-se atualizado, mas lembre-se de que as pessoas não vão à igreja para
ouvir as últimas notícias sobre o que anda acontecendo no país e fora
dele. Elas são ovelhas famintas, e estão procurando comida.
É verdade que as ovelhas precisam ser tosquiadas e necessitam de
umas varadas de vez em quando. Contudo, não deixe de alimentá-las.
Elas não agüentarão a disciplina se não estiverem bem nutridas. Alimen-
te-se da Palavra e, assim, você terá sempre coisas novas e maravilhosas,
IRMÃOS, REUNIMO-NOS PARA ADORAR 51

vindas de Deus, para entregar aos que vêm à igreja. Não lhes ofereça
comida requentada.
“Inste a tempo e fora de tempo.” Ensine que as dificuldades e ca-
lamidades da vida podem ser entendidas com mais facilidade na igreja, à
medida que o pastor vai explicando a Palavra de Deus.
Uma das frases mais ternas que já ouvi à porta da igreja, veio de
uma cristã velhinha, num domingo após o culto. Ela disse: “As ovelhas
foram alimentadas”. Memorize versículos da Bíblia, pois nada abençoa
mais seu ministério do que ela. Seja um homem da Palavra. A igreja não
precisa ouvir: “Assim pensa o ser humano”, mas: “Assim diz a Palavra
de Deus”. Tenha certeza absoluta disso.

Pensamentos Finais
O púlpito deve ser bem iluminado. Alguns pastores pregam suas
mensagens quase envoltos na penumbra. Espera-se que eles não amem
mais as trevas do que a luz porque suas obras são más. O rosto do pastor
deve ficar bem às claras. As pessoas têm de ver a expressão facial de um
homem dinâmico e fervoroso tanto quanto devem ouvir o que ele tem a
dizer. Contudo a pregação da Palavra é o que realmente interessa. No
entanto, em muitas igrejas a luz brilha mais forte sobre o conjunto coral
ou a congregação do que sobre o homem de Deus. O pastor certamente
enxergará sua Bíblia e anotações com mais facilidade se o púlpito esti-
ver bem iluminado.
O salão de cultos também deve ser claro e alegre. Algumas igrejas
mais parecem um monastério ou um túmulo. “Que haja luz!” Se o salão
é escuro e melancólico, instale mais janelas e luminárias ou pinte as
paredes de branco – faça o que for necessário para iluminar o local.
Nossa mensagem proclama que iremos viver no Céu, um lugar luminoso
e bonito, onde o Senhor é a própria luz. Não “vivamos na escuridão”
aqui embaixo.
Em algumas igrejas a luz que fica acima do púlpito nunca é acesa.
O zelador ou o técnico em eletricidade pode ter adquirido o mau hábito
de não ligar o interruptor! No mundo do entretenimento, o diretor de
iluminação do palco seria despedido caso não ligasse os holofotes e jo-
gasse as luzes sobre o personagem principal do espetáculo. Quão mais
importante é o homem cheio do Espírito; o proclamador da mensagem
revolucionária de Deus!
Não fique “enrolando” no começo do culto. Vá direto ao assunto,
e proclame o que Deus tem a dizer.
52 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

O culto não precisa ser formal demais, no entanto não deve ser
transformado num espetáculo circense.
Não mostre intimidade excessiva nem irreverência com Deus ou
com o auditório. Você ocupa um cargo de honra; é um representante de
Deus. Não barateie sua posição com conversa mole ou brincadeira sem
graça.
Tenha senso de humor, mas não conte uma piada só por contar.
Muitas vezes uma história bem humorada ajuda o auditório a entender
exatamente o que você está querendo dizer. Não tenha medo de rir de si
mesmo. Se cometer um erro, seja o primeiro a admiti-lo. Não deixe que
o riso natural da congregação o desconcerte nem o envergonhe. O pesso-
al ficará feliz em descobrir que você também é um ser humano!
Não use o púlpito para chicotear um bode velho qualquer, pois
você corre o risco de atingir ovelhas inocentes. Algumas vezes o Inimi-
go nos convence de que o fato de uma família “estar nos cascos” conosco
significa que todo o resto da igreja também está. Se você ignorar o caso
e continuar tranqüilo, a maioria das pessoas nem perceberá o que está
acontecendo.
Tenha interesse genuíno pelo seu povo. Ame-os de verdade, e peça
a Deus que lhe dê paixão pelas almas. Seja honesto, sincero. Mantenha
sua fé viva. Depois do término do culto, muita gente pode se decidir a
voltar no próximo domingo.
53

Capítulo 4
PONHA BRILHO NO CULTO
DOMINICAL MATUTINO
Qualquer bom pastor tem um auditório cheio nos cultos da noite.
Mas, e nos cultos da manhã? O que fazer para que o pessoal apareça
domingo de manhã? É possível competir com o esporte na TV, a pregui-
ça, os almoços de família ou apenas com a indiferença mesmo? É sim!
Contudo não espere para fazer isso no culto de oração de sexta-feira.
Nos programas de rádio, insista nos convites para os cultos da manhã. Se
for falar sobre algo especialmente interessante, avise de antemão. Se o
sermão tiver um título que chame a atenção, publique no boletim da
igreja e até nos jornais da cidade, e em letras grandes.
Peça ao conjunto coral que cante seus hinos mais bonitos e
inspirativos nos cultos da manhã. Trios, quartetos e instrumentos musi-
cais também devem se apresentar pela manhã.
Faça todo o possível para que o pessoal sinta que está perdendo
muito por não vir aos cultos da manhã.
Resumindo, faça muita propaganda do culto da manhã durante a
semana! E veja o que acontece. Pessoas com um mínimo de religiosida-
de aparecerão na igreja. Mas nos dias atuais você tem de oferecer algo
fora do comum, se quiser ter um bom auditório aos domingos – e um
auditório que volte sempre. É preciso trabalhar nisso. Veja como.

1. Ensine a igreja a fazer propaganda dos cultos dominicais


matutinos.
Claro que nem todo mundo vai cooperar. No entanto, os cristãos
fiéis aos cultos da manhã podem aprender a mostrar receptividade e a ter
interesse genuíno em trazer visitantes à igreja.
É necessário enfatizar constantemente a importância da
receptividade, pois ela é facilmente esquecida. Até os cristãos mais con-
54 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

sagrados ficam presos na “tempestade em copo d’água”.


É natural que depois do culto queiramos bater um papo com nos-
sos amigos e familiares presentes ao culto. Portanto é necessário ensinar
à igreja a exercitar essa camaradagem em relação aos outros, principal-
mente aos estranhos, até que ela seja tão natural quanto respirar.
Muitas vezes, durante o tempo em que eu e minha esposa viajáva-
mos bastante, entramos e saímos de igrejas sem que os pastores e os
membros se dessem conta de nossa presença. Dificilmente recebíamos
um sorriso ou um aceno e, mais raramente ainda, um aperto de mão. E
estou me referindo a igrejas calorosas, evangelizadoras, e algumas que
até se autodenominam “A igreja mais amiga da cidade”.
Parece brincadeira, para não patético, entrar numa igreja que anun-
cia “Aqui termina sua busca por uma igreja acolhedora” e ver que nin-
guém lhe dá a mínima atenção. Mas isso acontece o tempo todo.
Repito: é questão de liderança. A igreja acolhedora, calorosa, não
brota do nada. O pastor, os diáconos e outros líderes têm de dar exem-
plo, e direcionarem a igreja nessa direção.
Como curar a falta de atenção para com os visitantes?
Forme o “círculo de amigos do culto dominical matutino” com o
pessoal que freqüenta os cultos da semana. Na quarta-feira à noite, por
exemplo, explique de modo simples e honesto o que a igreja precisa
fazer para alcançar os visitantes e fazer com que voltem sempre. Recrute
também alunos da EBD e freqüentadores habituais. Geralmente eles são
ganhadores de almas e preocupam-se com os outros.
Em suas mensagens sobre conquista de almas, o pastor deve apro-
veitar para enfatizar a importância de alcançarmos os não-crentes. Não
deixe a igreja se esquecer de que os visitantes (e muitos crentes também)
são pessoas com problemas, cansadas, sofridas; algumas são solitárias e
estão à procura de amigos, e desejam ser importantes para alguém. Es-
colha membros da igreja que gostam de lidar com gente para ser “hospe-
deiros” aos domingos. Esse pessoal ficará de olho nos visitantes e falará
com eles após os cultos. Explique-lhes que quando estiverem “de servi-
ço” nada – nem sol nem chuva nem redemoinho – deverá impedi-los de
se juntar aos visitantes e não-membros e fazer com que se sintam à von-
tade na igreja. Os hospedeiros devem anotar seus nomes e passá-los adi-
ante – ao pastor, ao diretor da EBD e aos professores de classes das
quais poderão ser alunos. Se o visitante é crente e canta bem, informe o
regente do coro. Se forem jovens, “plugue-os” ao presidente ou líder da
mocidade. Nenhum visitante deve sair da igreja sem sentir que foi bem-
BRILHO NO CULTO DOMINICAL MATUTINO 55

vindo.

2. Não abra mão de músicas especiais.


Informe ao ministro de música ou regente do coro que mantenha
seu pessoal preparado e animado para os cultos da manhã. Sem exce-
ções! Esta é a chave para o sucesso. Se o conjunto coral da igreja é
realmente bom, peça-lhe que cante um hino na abertura e mais um ou
dois no encerramento. Se não for dos melhores, peça-lhe que apresente
apenas uma música especial. Não incomode a igreja com música “espe-
cial” de segunda e terceira categorias.
Se há quartetos masculinos e femininos e conjuntos de jovens, esta
é a hora de deixá-los “aparecer e brilhar”. No entanto, não abra mão de
suas convicções: não permita música barata e mundana só para “agradar
a turma jovem”. Insista em música de qualidade. Veja o capítulo “O que
aconteceu com a música de Deus”.

CANTE HINETOS BÍBLICOS. Três ou quatro hinetos serão


uma beleza para descontrair e avivar os cultos da manhã. Cuidado para
não repetir os mesmo hinetos em todos os cultos, pois acabarão perden-
do a graça (e o significado) se forem cantados todos os domingos, desde
o Ano Novo até o Dia da Proclamação da República! Cante hinetos que
agradem às crianças, aos adolescentes e aos mais velhos. Varie o reper-
tório. Aprenda, e ensine músicas novas à igreja. De vez em quando per-
mita que a congregação escolha alguns favoritos. Cante os que são bem
conhecidos e os aprendidos recentemente. Não caia na rotina.
Ao passar de uma música para outra, não faça da ocasião algo
solene. Evite as pausas longas. Em vez de anunciar: “Agora entoaremos
alguns hinetos”, e seguir metodicamente a lista dos escolhidos, diga: “É
hora dos hinetos! E vamos começar com ‘A graça de Jesus jamais me
faltará’. Prestem atenção no tema que cantaremos hoje”. A “hora do
louvor” é quase sempre estragada pelas longas pausas entre uma música
e outra, enquanto o responsável pelo retroprojetor fica procurando o
hineto da vez. Prepare-se com antecedência e deixe tudo arrumado para
a hora de entrar em ação. Claro que se você for afortunado o bastante
para ter um pianista que toque de ouvido, melhor ainda.
Os jovens e as crianças são os que mais gostam de cantar hinetos.
Porém os adultos acabam “baixando a guarda” e também passam a gos-
tar dos “corinhos mais animados”.
56 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

APRESENTE NÚMEROS INSTRUMENTAIS. Além do pia-


no e órgão, dê oportunidade para quem está aprendendo música mostrar
seus talentos à igreja. Se houver alguém entendido no assunto, essa pes-
soa poderia até mesmo formar uma “orquestra ou banda” de estudantes
para abrilhantar os cultos da manhã.
Varie a música instrumental; dê oportunidade a todos os que sa-
bem tocar. Mais uma vez, não caia na rotina. Violino é um instrumento
muito bonito, mas quase ninguém gosta de ouvir o mesmo tipo de músi-
ca todos os domingos. Apresente um trombone, um trio de flautas ou
outro instrumento.
Cuidado com os instrumentos, especialmente os mais “fortes”
(como o trombone), muito juntos ao microfone. Você não quer estourar
os ouvidos de ninguém. Algumas vezes, os mais idosos reclamam da
música instrumental ensurdecedora. O técnico de som pode baixar o
volume (ou desligá-lo) se o instrumento estiver muito próximo ao mi-
crofone.

CANTE MÚSICAS EVANGELÍSTICAS e animadas no culto


da manhã. As músicas muito calmas e suaves, como as de “consultório
médico”, não deixarão o pessoal muito desperto ou atento ao sermão
que vem pela frente. O hino “Santo, Santo, Santo” e “Manso e suave”
dificilmente preparam a igreja para um sermão sobre “Prepara-te para te
encontrares com teu Deus”.
Claro que se o pastor preparou uma mensagem para os crentes, os
hinos devem estar de acordo com ela, mas não precisam ser vagarosos,
longos, lúgubres. O hino “Conta as bênçãos” e “A Deus seja a glória” se
encaixam muito bem com um sermão sobre “As tribulações da vida” ou
“O que fazer com os fardos da vida”. Alguns hinos, mesmo que escritos
em ritmo mais lento, podem ser cantados num compasso mais rápido.
Tudo depende da criatividade do regente.
Os “números especiais” devem ser examinados com antecedência
pelo pastor ou quem de direito. Não dê oportunidade para “quem for
tocado pelo Espírito” se levantar na hora e fazer uma apresentação. O
solista lhe ficará eternamente grato, mas os visitantes da manhã talvez
não fiquem tão entusiasmados para voltar no próximo domingo. É bom
que o pastor não seja o encarregado de decidir sobre as apresentações
especiais. Pelo menos, não deve ser do conhecimento geral que é ele
quem decide! Naturalmente o pastor sempre pode fazer um pedido para
BRILHO NO CULTO DOMINICAL MATUTINO 57

que certo trio ou quarteto se apresente.


Outra palavra de advertência: não perca o controle sobre as parti-
cipações musicais no culto. Não permita que o responsável pela música
inclua tantas participações “especiais” que deixe o auditório cansado
antes mesmo de a mensagem começar. Certifique-se de que a parte mu-
sical seja tão bem planejada que o culto não se arraste por toda a eterni-
dade.

3. Surpreenda a igreja.
Você pode pregar sobre os grandes temas da Bíblia, e fazê-lo sem
perder a reverência, e mesmo assim deixar o pessoal tentando adivinhar
o que o significa o tema anunciado no boletim. Você pode ou não anun-
ciar que começará uma série de estudos aos domingos pela manhã. No
entanto, faça tanta propaganda do novo estudo que ninguém vai querer
perder o primeiro da série.
“Um solista misterioso cantará no próximo domingo pela manhã”
ou “Você não vai querer perder a apresentação musical do próximo do-
mingo, vai?” aguça a curiosidade da turma. Se você planeja fazer um
concurso de presença nos cultos da manhã, não dê maiores detalhes so-
bre ele. Surpreenda todo mundo.
Se houver entrega de qualquer tipo de prêmio, faça-o no culto da
manhã. O pessoal vai comparecer para saber quem ganhará o quê.
Dê oportunidade para um ou dois testemunhos no domingo de
manhã. Em alguns casos, mantenha segredo sobre quem testemunhará.
Se a pessoa for membro da igreja, anuncie do púlpito ou no boletim que
“um de nossos membros falará no próximo domingo. Ele dará um breve
testemunho sobre um resgate sensacional (ou uma ‘conversão eletrizan-
te’ ou uma ‘resposta maravilhosa de oração’)!”
Faça batismos domingo de manhã, no fim do culto. E faça um
“alvoroço” sobre ele. Certifique-se de que parentes e amigos dos
batizandos sejam informados. Você terá oportunidade de pregar para um
grande auditório, que certamente contará com a presença de muitos não-
salvos. A igreja ficará surpresa em ver alguns dos visitantes na igreja;
pessoas que vieram para ver seus amigos serem batizados.

4. Não diminua o ritmo.


Não permita que o culto da manhã (e nenhum outro) se arraste até
a morte. Do hino de abertura ao de encerramento, mantenha o ritmo e a
animação.
58 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Cuide para que o conjunto coral esteja no lugar e preparado quan-


do o relógio marcar a hora do culto. Os músicos devem saber com ante-
cedência o que será tocado e cantado. Os introdutores devem estar de
prontidão para qualquer eventualidade. Não permita atrasos.
Feliz o pastor que tem experiência em programa de radio ou TV.
Se este não é o seu caso, observe alguns dos pastores que se enquadram
aqui e cujo sucesso é evidente. Veja como eles fazem as coisas. Depois,
faça de conta de você está no ar, mesmo não estando. Não quero dizer
que você tenha de ser absolutamente profissional e não dar fora nenhum.
Quero dizer que todos os participantes devem estar bem sincronizados,
harmonizados, ativos e organizados para que o culto se desenrole perfei-
tamente e seja tão interessante que ninguém ousará tirar o menor cochi-
lo.
Escolha para fazer a oração de abertura alguém que tenha boa dic-
ção e não tenha medo do microfone. Se a igreja é pequena, o intercessor
poderá ficar em seu lugar, mas deverá se levantar e falar claramente.
Embora quem ore esteja falando com Deus, a congregação não será nem
edificada nem encorajada se não ouvir o que está sendo dito. Se a pessoa
vai orar em frente da igreja, avise-a com antecedência, para que esteja a
caminho quando o pastor anunciar: “Vamos orar”. Como sinal, o pastor
poderá dizer: “O irmão Pedro Silva está vindo aqui à frente para nos
elevar em oração ao trono de graça. Não nos esqueçamos de orar por...
Abaixemos nossas cabeças enquanto o irmão Pedro ora.” A esta altura, o
irmão Pedro já deverá estar no lugar e pronto a começar.
Escolha os hinos com antecedência. Não permita que as pausas
longas sufoquem o culto. Os diáconos ou introdutores devem estar pron-
tos com as fichas de visitantes. Nenhum visitante deve ficar de mão le-
vantada esperando até que alguém corra lá na frente e pegue as fichas,
como já vi muitas vezes.
Quem for cantar – solistas, trios, quartetos etc – deve se dirigir à
plataforma assim que a última frase do hino anterior estiver sendo canta-
da.
Não permita que os cantores façam um discurso antes de se apre-
sentarem. Alguns pensam que esta é uma boa oportunidade para “fazer
uma mensagem”.
Certifique-se de que o regente congregacional não gaste tempo
comentando cada estrofe do hino ou dizendo gracinhas com o propósito
de fazer o povo cantar. Alguns hinos, como “Maravilhosa Graça”, são
excelentes para um conjunto coral, mas a maioria dos auditórios quase
BRILHO NO CULTO DOMINICAL MATUTINO 59

morre asfixiada tentando cantá-lo! De vez em quando, um regente muito


competente poderá chamar a atenção para as “maravilhosas verdades”
contidas em uma das estrofes ou para as palavras “desta quase sempre
esquecida terceira estrofe”. No entanto, esses comentários devem ser
esparsos.
Se o hino escolhido tem seis estrofes e é lento, escolha as mais
significativas para o culto, e a seguir cante um hino mais ritmado.
Quando o coro ou quem quer que seja tenha terminado sua apre-
sentação e estiver se sentando, o pastor ou regente já deve estar pronto
para anunciar o que vem a seguir. Se os programas de TV tivessem tan-
tos intervalos quanto a maioria dos cultos, os patrocinadores perderiam
milhões de dólares em tempo de propaganda. Mantenha as coisas andan-
do.
Na hora do apelo, certifique-se de que os músicos estejam próxi-
mos aos instrumentos e não tenham de “atravessar o deserto inteiro”
para chegar aos seus lugares e tocar a música que é tão importante para
o momento. Quando o pastor começar a fazer o apelo, todos os envolvi-
dos nele – coro, músicos, introdutores etc – devem estar mais do que
atentos. Jamais anuncie o hino do apelo. Malhe o ferro enquanto ele está
quente. Quando pastor disser: “Agora cantaremos”, os instrumentos de-
vem começar e o hino é iniciado de imediato. Não dê ao perdido um
único minuto de silêncio ou de tempo para mudar de idéia quanto a en-
tregar sua vida a Cristo.

5. Atenção com o sistema de som.


Como já dissemos anteriormente, certifique-se de que o sistema
de som está funcionando e que o volume é adequado e alto o suficiente.
A mensagem da Bíblia é a mais importante do mundo. Não a sussurre do
púlpito. Quando os adolescentes ou as crianças forem se apresentar ou
alguém for dar um testemunho, o responsável pelo som deve aumentar o
volume para que o efeito não seja perdido. Naturalmente o som deve ser
ajustado quando o pastor for pregar (a maioria de nós fala muito alto) ou
o coro for cantar.
Cuide para que a música do conjunto coral seja bem ouvida no
momento do apelo. Muitas vezes as pessoas não ouvem o apelo cantado
porque o hino é muito suave e o som está baixo demais.
60 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

6. Seja otimista e incentivador.


Muitas pessoas já mudaram de igreja e afastaram-se de bons pas-
tores por causa da constante falta de incentivo e das “alfinetadas” vindas
do púlpito. Leia bons livros e revistas na área de motivação. Seja otimis-
ta e alegre. “O coração alegre é como o bom remédio.” Muitos dos que
participam dos cultos de domingo pela manhã preferiram sair de casa
para ouvir você em vez de ficar um pouco mais na cama ou assistir à TV
ou ir correr no parque. Você não é obrigado a ser um animador de audi-
tório ou dar uma de bobo da corte, mas pode, no mínimo, mostrar-se
alegre e interessado. A alegria é contagiante. Use psicologia com seus
ouvintes. Alguns líderes cristãos vivem tão “para baixo” que fica difícil
aos seus seguidores terem outro tipo de comportamento.
Em vez de reclamar dos ausentes, alegre-se com os presentes. Não
chateie os que vieram por causa do descaso dos que não vieram. Lembre
aos presentes que “multidão atrai multidão” e que a fidelidade deles para
com a igreja incentivará outros a agir da mesma forma.
Mantenha a cabeça erguida durante o culto, mesmo sabendo que
vai desmoronar depois do culto.

7. De vez em quando, faça mensagens seriadas ou sobre temas


empolgantes.
Embora as séries não devam ser longas demais, acho que as men-
sagens seriadas despertam o interesse das pessoas.
“O Apocalipse Fala”, “Temas Emocionantes da Segunda Vinda”,
“Gigantes Vitoriosos do Antigo Testamento”, “Homens Cujas Orações
Foram Atendidas”, “Como Ter um Casamento Bem Sucedido e um Lar
Feliz” – estes e muitos outros são assuntos interessantes para uma série
de mensagens.
“O que a Bíblia ensina sobre...” é outro jeito de tratar de assuntos
como mundanismo, aborto, luxúria e pornografia, pena de morte, casa-
mento, compromisso, música, Espírito Santo, Inferno etc.
Tente fazer com que a igreja se comprometa a ouvir a primeira
mensagem de uma série, e envolva-a nas restantes. Muita gente que nun-
ca foi assídua ao culto da manhã passará a vir com mais freqüência.
Use os acontecimentos atuais como temas de mensagens: episódi-
os nacionais e internacionais; dias pátrios; morte de gente famosa; des-
cobertas científicas; fatos esportivos etc.
Conte uma história breve para as crianças, ou faça, de vez em quan-
do, uma mensagem específica para elas. Dê oportunidade para que os
BRILHO NO CULTO DOMINICAL MATUTINO 61

adolescentes se apresentem. Envolva as crianças e os jovens (ou meni-


nos e meninas) num concurso de visitantes. Promova almoços especiais
aos domingos. Todas estas coisas “dão brilho” aos cultos da manhã e
mantém aceso o interesse da geração mais jovem, com quem nos enfure-
cemos tanto.

8. A variedade também é tempero nessa área!


Uma série de “editoriais pastorais”, bem escritos, sobre os aconte-
cimentos atuais à luz da Bíblia, atiçam a curiosidade do rebanho. Esses
editoriais são pequenos comentários (de três a cinco minutos) lidos entre
um hino e outro ou pouco antes da mensagem.
Quando for pregar uma série de mensagens evangelísticas nos cul-
tos da manhã, promova um concurso entre os adultos para ver quem traz
mais visitantes.
Campeonatos entre casais ou indivíduos para ver quem traz mais
pessoas à igreja ajuda nos cultos regulares (se não se tornar uma rotina)
e também durante as campanhas evangelísticas ou concurso entre as clas-
ses da Escola Dominical.
Convidar escolas evangélicas, se a igreja não tiver uma, para apre-
sentações especiais de vez em quando é uma boa variação.
Mesmo que o assunto do sermão seja bastante conhecido da igre-
ja, ele despertará interesse na congregação se tiver um título interessante
e bem escolhido.
Planeje tempo para sociabilidade entre o culto e a EBD (ou seja
qual for a ordem em sua igreja). Se possível ofereça suco e biscoitos,
pois tanto adultos quanto crianças necessitam de oportunidade para con-
versar e comer juntos.

9. Alguns lembretes.
Comece na hora—sempre, e termine na hora também.
Comece o culto numa hora em que seja mais conveniente para a
maioria das pessoas de sua comunidade, e seu auditório será maior.
Desperte o entusiasmo dos introdutores para o importante traba-
lho que têm a realizar. Peça-lhes que cheguem mais cedo para cumpri-
mentarem as pessoas. Explique-lhes que devem estar a postos antes,
durante e após o culto. (Falaremos mais sobre o assunto no capítulo
“Introdutores”.)
Certifique-se de que os diáconos estejam motivados para o culto
da manhã. Eles devem fazer parceria com o pastor no esforço de fazer
62 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

deste culto um “grande culto” ou “uma ocasião de ganhar os perdidos”


ou seja qual for seu objetivo para os cultos da manhã. Os diáconos e suas
esposas devem formar a comissão de recepção e misturarem-se às pes-
soas e cuidar para que os crentes mais fracos sejam encorajados e os
visitantes retornem.
Reuniões de oração ou ensaios que aconteçam antes do culto po-
dem atrair mais pessoas para o culto também.
Propague o culto da manhã de todas as maneiras possíveis. Os
convites devem ser feitos de maneira excitante. Se possível, anuncie pelo
rádio e jornal da cidade ou bairro.
Não deixe o culto se arrastar. Mantenha-o vivo. Os anúncios de-
vem ser breves e diretos. Não convide para orar pessoas que começam
no Gênesis e terminam no Apocalipse e fazem as pessoas dormir. Não
“enrole”. Tenha músicas alegres, mas não muitas. Não passe da hora de
terminar; se isso acontecer muitas vezes, o povo não volta.
Faça todo o possível para ter um berçário bonito, limpo e com
pessoal capacitado para deixar os pais tranqüilos. Muitos pais virão nem
que seja para ter um descanso de seus filhos por uma hora mais ou me-
nos.
Fique de olho nas crianças! Não permita que as crianças nem os
adolescentes conversem, dêem risadinhas e perturbem o culto. Talvez
eles atrapalhem exatamente aquelas pessoas que você está querendo ga-
nhar para Cristo. Mande que uma ou duas pessoas fiquem de olho nas
crianças e nos adolescentes durante a mensagem. Peça a estas pessoas
que mantenham a atenção principalmente naqueles que causam mais pro-
blemas. Explique aos pais que seus filhos só devem se sentar longe deles
ou com os amigos apenas se souberem se comportar e prestar atenção no
culto. Peça aos jovens e adolescentes para se sentarem sempre nos pri-
meiros bancos. Isto incentivará os outros a fazerem o mesmo. É melhor
que o pastor não chame (do púlpito) a atenção de uma criança; os pais ou
os introdutores devem cuidar de qualquer problema que ocorrer.
(No caso dos adolescentes, torne-se amigo deles, ame-os e diga-
lhes o quanto você gosta de vê-los na igreja e que se interessa mesmo
por eles. Se os adolescentes gostarem de você e sabem que você gosta
deles, os problemas serão mínimos.)
Aproveite os cultos da manhã para enfatizar os cultos de quarta-
feira à noite. Explique-lhe sobre os estudos bíblicos e a importância da
oração.
63

Capítulo 5
COMO AUMENTAR E MELHORAR
AS OFERTAS
“por tudo o dinheiro responde.”
Eclesiastes 10.19

Muitas igrejas poderiam ter muito mais dinheiro do que têm! Mui-
tos pastores lamentam o fato de que certos projetos “se arrastam” por-
que não há dinheiro suficiente para terminá-los. Um grande número de
igrejas estoura o orçamento, têm cheques devolvidos e não pagam suas
contas, e o trabalho de Deus sofre por falta de dinheiro.
No entanto, muitas igrejas não recolhem todo o dinheiro que po-
deriam. Por quê? As razões são muitas:

1. Alguns pastores não se sentem bem em falar sobre dinheiro.


Isso porque ouvem maus crentes e avarentos reclamarem que “essa igre-
ja vive pedindo dinheiro”, e ficam constrangidos com o assunto.

2. Lêem que a situação econômica do país vai mal, e sentem pena


da igreja e não têm coragem de pedir aos membros que contribuam mais.

3. Não aproveitam as boas oportunidades dadas por Deus para que


o povo contribua.

4. Não desafiam a igreja a contribuir.

5. O próprio pastor não é muito animado e interessado em contri-


buir.

6. Ele não dá o exemplo na contribuição. Também não incentiva


os líderes, coristas e membros da diretoria a contribuir.
64 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

7. Pede mil desculpas quando prega sobre o dízimo.

8. O recolhimento de oferta não é feito com entusiasmo e confian-


ça.

9. A oferta é recolhida com relaxo e grosseria. Quem faz o recolhi-


mento não recebeu nenhum treinamento no assunto.

10. Geralmente a música não é apropriada para um momento tão


“positivo”.

11. Outras coisas acontecem ao mesmo tempo em que as ofertas


estão sendo recolhidas.

12. Não há explicação nenhuma sobre onde o dinheiro será usado.

13. O prato de ofertas serve para receber todo tipo de coisas.

14. O dinheiro, ao ser recebido, não é tratado com o cuidado devi-


do.

15. As pessoas desconfiam da falta de sabedoria no uso do dinhei-


ro.

16. As pessoas não aprenderam que ofertar é uma grande oportu-


nidade que temos de participar na obra de Deus—que tem feito tanto por
nós.
Pastor, você gostaria mesmo de ver sua igreja alegre e interessada
em contribuir? Você apreciaria o aumento das contribuições? Gostaria
que a igreja tivesse todo o dinheiro necessário para a realização de seus
projetos? Suas necessidades e as de sua igreja podem ser satisfeitas.
Falaremos sobre todas estas razões, começando pela número 16. Faz 39
anos que estou no ministério, sendo que fui pastor durante 29 anos. Nos
dez anos que fiquei longe do pastorado local, observei muitas igrejas—
centenas delas. Eis como conseguir ofertas maiores e melhores.

1. Cultuar é oferecer alguma coisa a Deus.


Em Gênesis 22 quando Abraão disse “eu e o rapaz iremos adiante
para adorar a Deus”, ele estava pronto e desejoso de dar a Deus o que
COMO AUMENTAR E MELHORAR AS OFERTAS 65

possuía de melhor e mais precioso. O sacrifico do Monte Moriá era uma


“oferta” a Deus. A primeira vez que a adoração é mencionada na Bíblia
é em referência a uma oferta. E muita gente acha que é possível ter um
culto de adoração sem que se retire uma oferta!
Ensine seu povo que o ofertório é uma parte importante e santa de
nossa adoração e culto a Deus. Ao entregar os dízimos e ofertas, todos
participam de um ato maravilhoso de adoração ao Senhor. Naturalmente
podemos entregar a Deus outras coisas além de nosso dinheiro (tempo,
energia, serviço, talentos), no entanto o dinheiro é mencionado mais ve-
zes. Na verdade, o oferecer é mencionado mais que qualquer outra coisa
no Novo Testamento.

2. Certifique-se de que o dinheiro é tratado e usado de manei-


ra honesta e profissional.
Só assim os empresários, trabalhadores sérios e prováveis contri-
buintes terão certeza de que suas ofertas estão sendo bem aproveitadas.
Pelo menos uma vez por mês, apresente um relatório financeiro de
todo o dinheiro gasto. Assim as pessoas verão que seu dinheiro está sen-
do usado com o salário do pastor, para pagar despesas da igreja, com
missões e em vários outros projetos. Tesoureiro, comissão de finanças e,
naturalmente, o pastor devem trabalhar nisso mensalmente. Mesmo que
sua igreja seja pequena, é bem possível que algum membro tenha habili-
dade para trabalhar com números—alguém de bom senso e que esteja
inteirado dos trabalhos da igreja—e poderá, assim, providenciar o rela-
tório financeiro. A pessoa deve ser cuidadosa em relatar entradas e saí-
das e não perder nenhum cheque.
Se o pastor, os diáconos ou alguma comissão gasta em demasia, o
pessoal acabará perdendo a confiança nos negócios da igreja. Os negó-
cios de Deus são os mais importantes do mundo. Não podemos ser des-
cuidados e enganadores no modo de lidarmos com as coisas.
As pessoas também perderão a confiança se o pastor, o presidente
dos diácono, o tesoureiro ou quem quer que seja tenha acesso ilimitado
ao dinheiro da igreja e sai comprando indiscriminadamente.
Nenhum pastor em seu juízo perfeito vai querer ficar com o di-
nheiro da igreja ao seu dispor. Quando pastoreava, nunca assinei um
cheque, contei as ofertas nem levei para casa o que foi recolhido. Sem-
pre tive cuidado em não dar ocasião para que membros ou não-membros
pensassem que eu queria controlar as finanças da igreja. Há suficientes
66 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

embusteiros e charlatões mantendo o hábito por aí. Eles que carregam a


má reputação de serem loucos por dinheiro, se quiserem, e que eles se-
jam “engaiolados” por roubarem o dinheiro da igreja. No entanto, nós,
ganhadores de almas e pastores de igrejas que florescem, tenhamos bom
senso e fiquemos longe de confusão. Não seja um “mão leve”.
Se os empresários de sua cidade ficarem sabendo que a igreja não
paga suas contas, os prováveis contribuintes terão dificuldade em ofertar.
Se você tem por costume dizer que “usem os envelopes que estão
nos bancos”, certifique-se de que há bastante e que estão limpos. Peça a
alguém que cuide disso antes dos cultos. As crianças costumam dese-
nhar nas costas dos envelopes; os adolescentes escrevem bilhetes, e até
os adultos rabiscam neles, especialmente durante os avisos!
Já ouvi pastores dizerem: “Usem os envelopes que estão nos ban-
cos” quando não havia envelope algum. Certamente o pastor deve ter
pedido ao irmão “Esquecidão” para colocar os envelopes nos bancos,
mas o “Esquecidão” se esqueceu!
Seja sensato, honesto e profissional, se você quer que as pessoas
confiem que a igreja usa bem os dízimos e as ofertas.

3. Cuide bem do dinheiro recolhido.


Quase todas as semanas leio que algum ladrão entrou numa igreja
e roubou o dinheiro recolhido no domingo. Normalmente o dinheiro havia
sido posto numa gaveta ou arquivo. Por quê? Geralmente foi porque
alguém estava com muita preguiça de correr ao caixa eletrônico e fazer o
depósito à noite.
Não guarde dinheiro na igreja, a não ser que haja um cofre. Quan-
do o dinheiro for levado ao banco, que seja feito por ao menos duas
pessoas. Às vezes pessoas deixam a igreja porque foram acusados de
roubar o dinheiro do dízimo. Quase sempre não aconteceu roubo ne-
nhum, porém houve mau gerenciamente e descuido. Suponhamos que
quem levava o dinheiro para o banco tenha sido roubado. Sempre haverá
alguém desconfiado na igreja que achará “a história mal contada”. Como
provar o contrário, se a pessoa estava só a caminho do banco?
Por isso, JAMAIS permita que o dinheiro seja recolhido e contado
por uma só pessoa, ou levado para a casa do tesoureiro para ser contado
lá. Mesmo que a pessoa seja tão honesta quanto o Anjo Gabriel, algum
dia alguém poderá dizer: “Tenho certeza de que entreguei $50,00, mas
não vejo nenhum $50,00 registrado aqui.” Como o tesoureiro vai provar
que é inocente de “tão grande transgressão”? Em muitas igrejas, já vi
COMO AUMENTAR E MELHORAR AS OFERTAS 67

uma única pessoa pegar o dinheiro e sair com ele. Não é justo para com
a pessoa nem tão pouco é bom para os negócios. E se o tesoureiro prova-
do e aprovado, e de toda confiança, passar por uma situação financeira
difícil e o Diabo cochichar em seu ouvido: “Ninguém vai achar falta de
uns trocadinhos do dízimo. E você vai devolver mais tarde”? Coisas
mais estranhas do que esta já aconteceram. Muita gente cai em tentação
na hora da fraqueza; gente que jamais cederia a qualquer tentação que
lhe fosse apresentada.
Outra razão para usar várias pessoas (pelo menos duas) em vez de
uma é que, às vezes, esta uma (o tesoureiro ou quem quer que seja) pode
se desagradar do pastor ou não gostar do conferencista. Ele pensará que
está fazendo um grande favor a Deus se der um jeitinho nas coisas, só
para ter certeza de que o dinheiro vá para essa conta e não para o que foi
planejado. Quando um membro de igreja “cai da fé”, ele faz coisas estra-
nhas.
Se você assumir o pastorado de uma igreja que tenha uma comis-
são de finanças de um só homem, não pressuponha que ele seja desones-
to. Provavelmente isso não é verdade. Possivelmente ninguém nunca
pensou nos riscos. Ele pode ser a criatura mais honesta da igreja e, por-
tanto, todo mundo acha que ele é o homem mais apropriado para mexer
com o dinheiro. Não se meta em apuros ao pular no pescoço dele ou
falar com a igreja sobre o assunto. O coitado do irmão vai achar que
estão duvidando dele.
O melhor a fazer é investigar sobre as práticas da igreja antes de
aceitar o pastorado. Assim ninguém vai pensar que você está “pegando
no pé” do tesoureiro. Se o homem é honesto, ele vai ficar agradecido de
ter mais alguém trabalhando com ele numa situação de risco. Por que
não deixar que sua comissão de finanças de um homem só leia este capí-
tulo sobre “Ofertas maiores e melhores”? Talvez ele acabe implorando
para que alguém o ajude a contar o dinheiro!
Se há recolhimento de ofertas nas classes de Escola Dominical,
providencie para que tal seja feito e contado por duas pessoas. A Bíblia
diz que devemos evitar qualquer aparência do mal.

4. Os pratos de ofertas só devem ser usados para as ofertas.


Peça às pessoas que entreguem as fichas de visitantes para você lá
na porta. Se houver cem visitantes na igreja, talvez você receba cem
fichas, se elas forem passadas às pessoas. Mas poderá receber $100,
68 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

$200 ou mais, em vez de fichas, se elas não tiverem de ser colocadas no


prato de ofertas. Se o auditório estiver lotado, você precisará de ajuda
para cumprimentar os visitante e recolher as fichas à porta. Normalmen-
te as pessoas colocam alguma coisa no prato. Se não tiverem sido avisa-
das para colocarem as fichas de visitas no prato, normalmente colocarão
algum dinheiro. Não há mistério! Quando aprendi essa lição, nossas ofer-
tas aumentaram.
Além do mais, ao receber as fichas à porta, eu tinha a chance de
conhecer as pessoas porque olhava para elas e lia seus nomes. No púlpi-
to, ao dar as boas-vindas aos visitantes, eu dizia: “Estamos felizes com
sua presença, e eu gostaria muito de conhecê-los pessoalmente. Assim,
por favor, preencham a ficha de visitantes e entregue-as a mim na saída,
pois quero ter o privilégio de cumprimentar cada um de vocês, e também
terei mais facilidade em me lembrar de vocês na próxima visita”.
No final do culto, antes da Bênção Apostólica, lembre os visitan-
tes de entregarem as fichas à porta. Muitos ainda as colocarão nos pra-
tos, mas nem tantos. As ofertas aumentarão e os pratos não ficarão tão
cheios de coisas. Algumas pessoas, ao verem as notas nos pratos, ficarão
inspiradas a contribuir. Imaginem o que pensam quando vêem um monte
de fichas de visitantes no prato de ofertas!
Às vezes os pratos poderão ser usados para receber os votos de
uma eleição feita na igreja ou receber pedidos de oração, porém recolha
estas coisas separadamente do ofertório. Não confunda as pessoas; elas
já andam bastante confusas.

5. Explique em que as ofertas serão usadas.


Esclareça que é nosso privilégio devolver a Deus um pouco do
muito que ele nos tem dado. Explique que o dinheiro será usado no tra-
balho da igreja, para a construção de um novo templo, em missões etc.
Deixe tudo bem claro na mente dos ouvintes. As pessoas se confundem
facilmente, e contribuirão mais se souberem exatamente para que estão
contribuindo, e se acharem que o projeto vale a pena. Não importa qual
seja o motivo do culto, explique sempre o propósito dos dízimos e ofer-
tas.
Se a igreja deseja recolher uma oferta especial para algum projeto,
deixe isso bem claro e entregue envelopes específicos para tanto.
Se haverá uma oferta especial, avise com bastante antecedência
para que haja tempo de as pessoas se prepararem.
COMO AUMENTAR E MELHORAR AS OFERTAS 69

6. A hora de recolher oferta, é a hora de recolher a oferta.


Dr. Bill Rice pregou uma mensagem maravilhosa sobre recolhi-
mento de ofertas. Não me esqueço do quanto ele enfatizou que não deve
haver números especiais—solos, conjunto coral etc—nem avisos enquan-
to as ofertas estiverem sendo recolhidas. Se este é mesmo um ato de
devoção e um ofertório a Deus, temos então de estar pensando Nele e em
nossa entrega a ele nessa ocasião. Não acho que devamos “dar um beijo
de despedida” nas notas que ofertamos; esse é o único dinheiro que en-
tregamos e que voltaremos a ver um dia. Assim sendo, despeçamo-nos
dele com gentileza e cuidado. “Entesourai para vós riquezas no Céu”,
disse Jesus em Mateus 6.
Se o conjunto coral estiver se apresentando ou algum aviso impor-
tante estiver sendo dado, as pessoas ficarão distraídas e se esquecerão da
oferta. E os coristas? Eles devem louvar a Deus com suas ofertas tam-
bém. Coloque um prato para eles junto do piano ou órgão.
A pior coisa que já vi, foi um regente da igreja pedir para a congre-
gação abrir o hinário e cantar o hino número tal enquanto as ofertas
estavam sendo recolhidas! Dá para imaginar alguém, em pé, enfiar a
mão no bolso ou na bolsa e dar, enquanto segura o hinário em uma mão
e com a outra passa o prato adiante? A não ser que as pessoas que te-
nham três mãos, eu jamais tentaria um negócio desses! No entanto, isso
acontece. Não é preciso nem dizer que as ofertas são contadas rapidinho
nessas ocasiões!

7. A importância da música instrumental no recolhimento de


ofertas.
Muitos organistas tocam música clássica pesada ou “fúnebre” du-
rante o recolhimento de dízimos e ofertas. Talvez achem que esse tipo de
música seja sedativa e torne a extração menos dolorosa. Os hinos muito
lentos não são bons motivadores, no entanto os rápidos demais podem,
inconscientemente, levar a pessoa a se apressar em mandar o prato adi-
ante antes que tenha tempo de ofertar como deve.
Hinos bonitos, de bom gosto, alegres e desafiadores são excelen-
tes para o recolhimento de ofertas porque nos traz à memória o quão
maravilhoso Deus é e como ele proporciona um retorno espetacular para
nosso investimento.
70 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

8. Ensine como as ofertas devem ser recolhidas.


Parece bobagem, mas é de causar admiração como o recolhimento
de dízimos e ofertas é feito em algumas igrejas.
Algumas vezes duas pessoas o fazem quando, na verdade, a igreja
precisaria de uns quatro ou mais. Deve haver sempre uma pessoa na
ponta do banco quando o prato chegar lá, para que a pessoa que estiver
sentada ali não fique com o prato na mão sem saber o que fazer com ele.
Às vezes, ela tem de fazer acrobacia para entregá-lo a quem estiver atrás
de si. Muitas vezes a pessoa atrás é uma criança ou um adulto debilitado,
e o prato vai para o chão. Pior ainda é quando alguém tem de ficar aba-
nando o envelope ou tem de atravessar o santuário inteiro para entregar
sua oferta porque o prato nunca chegou até onde ele estava sentado.
Sejamos realistas. Pouca gente vai se abalar de seu lugar para en-
tregar uma oferta. Para muitos, já é bastante desconcertante ter de se
levantar e entregar o envelope. Depois, a pessoa pode achar que seu
dinheiro não é tão necessário, pois ninguém se preocupou em facilitar-
lhe a entrega. Repito: algumas pessoas não vão ofertar de jeito nenhum,
mas a maioria contribuirá se o prato chegar até elas e tiver de ser passa-
do adiante. Algumas acham esquisito não oferecer nada quando o prato
é colocado em suas mãos.
Por descuido, alguns recolhedores se esquecem de fileiras inteiras
de bancos. Outros acabam passando pelo mesmo banco duas vezes. Cla-
ro que essas coisas acontecem sem querer, mas mostram como é impor-
tante que as pessoas sejam treinadas para a tarefa e tenham cuidado ao
realizá-la.
Algumas igrejas pedem que adolescentes, e até mesmo juniores,
recolham os dízimos e as ofertas. Acho que a escolha não dá à ocasião a
dignidade e importância merecidas.
Mas se quiser dar-lhes a oportunidade, escolha adolescentes res-
ponsáveis; peça-lhes que sejam cuidadosos no vestir, e treine-os bem.
Talvez, de início, seja melhor deixar que recolham os dízimos e ofertas
nos cultos da manhã. Quando tiverem mais experiência poderão fazê-lo
no culto da noite.
As pessoas que recolhem as ofertas devem ser respeitadas e darem
bom testemunho cristão. Se um homem não goza de boa fama pelo jeito
de cuidar de seus negócios e age de maneira duvidosa no dia-a-dia, eu
COMO AUMENTAR E MELHORAR AS OFERTAS 71

certamente não o escolheria para um trabalho tão importante quanto o


recolhimento de dízimos e ofertas!
Não deixe para escolher em cima da hora as pessoas que vão reco-
lher as ofertas; faça-o com antecedência para evitar qualquer tipo de
confusão. Por esta mesma razão, é importante que essas pessoas sejam
bem treinadas. Mais tarde falaremos sobre o treinamento.
Explique aos diáconos, introdutores ou quem quer que seja que vá
recolher as ofertas a importância de caminharem juntos pelos corredo-
res; com isto, terão certeza de que todos os bancos serão atendidos, e
também não se atropelarão durante o trabalho. Mande que fiquem aten-
tos às crianças ou pessoas que precisem de ajuda em passar o prato adi-
ante. Enfatize a importância de o dinheiro recolhido ser guardado imedi-
atamente.
Como deve ser feita a contagem do dinheiro? É melhor que seja
feita pela comissão de finanças ou diáconos, e o dinheiro deve ser colo-
cado no banco tão logo seja possível.
Eu não permitia que a contagem fosse feita durante o culto, pois
sempre achei que os “contadores” também precisavam ser abençoados
pelos os hinos, músicas especiais e sermão. Ao voltar para o santuário,
além de perturbarem a continuidade do culto, deixam a impressão de
que o dinheiro é mais importante do que os hinos e a mensagem, e isto é
um péssimo testemunho.

9. O dízimo e as ofertas devem ser recolhidos com otimismo e


entusiasmo.
Pastor, seja o primeiro a se entusiasmar com o ofertório. Transmi-
ta a certeza de que o dinheiro necessário à igreja (ou missões, constru-
ção ou seja lá o que for) vai ser suprido por Deus por meio de seu povo.
Deus ama ao que dá com alegria. E ama o que dá com “gargalhadas”
também. Assim, o pastor deve mostrar alegria e satisfação nesta hora do
culto. Leia versículos como Malaquias 3.10, Lucas 6.38, 2Coríntios 9.6-
8 e Filipenses 4.19 para incentivar a igreja a ofertar.

10. Não se desculpe por falar sobre o dízimo.


Ele é tão parte da Bíblia, do viver cristão e das oportunidades
missionárias como todas as outras mensagens ali encontradas. A Palavra
de Deus tem muito a dizer sobre o assunto. Estaremos privando nossa
igreja de algo importante se não falarmos sobre o dízimo. Ninguém pode
oferecer mais do que Deus já nos ofereceu. Então, pregue sobre o dízimo!
72 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

É verdade que, sob a graça, não devemos parar nos dízimos, mas
ele é um bom começo. “Podemos ir além do dízimo depois de dizimar-
mos, mas não podemos ir além dele até que o entreguemos” é um jeito
muito bom de explicarmos o assunto. Eu sempre lembrava aos membros
de minha igreja que eles poderiam conseguir muito mais com 90 por
cento juntos com Deus do que com cem por cento sem Deus, e que Deus
provaria a verdade deste conceito se eles fossem dizimistas fiéis.
Não hesite em falar que quem não entrega pelo menos o dízimo
está roubando a Deus (Malaquias 3.8-9). Tempere suas mensagens sobre
o dízimo com ilustrações não só da própria Bíblia como também da vida
cristã. As ilustrações apropriadas e bem humoradas ajudarão suas men-
sagens a ser mais bem aceitas e farão o não-dizimista rir de si mesmo por
estar sendo mão-de-vaca, mesquinho e unha de fome. Não se esqueça de
providenciar envelopes para o pessoal durante o ano todo. Mantenha um
registro dos dízimos.
Pelo menos uma vez por ano—melhor ainda se forem duas—pre-
gue um sermão inteiro sobre o dízimo. Salpique outras mensagens com
pensamentos sobre o dízimo. De vez em quando faça um estudo sobre
mordomia no sentido bíblico. Nos boletins e outros impressos da igreja,
escreva sentenças expressivas sobre o dízimo. De tempos em tempos,
ofereça à igreja folhetos que falem sobre o assunto.
Antes de pregar um sermão sobre o dízimo, lembre-se de que essa
é uma das melhores coisas que você pode fazer por sua igreja. Portanto,
jamais se desculpe por insistir que sejam dizimistas fiéis.

11. Dê o exemplo e certifique-se de que outros líderes façam o


mesmo.
Os membros da igreja são incentivados e inspirados a dar quando
vêem o pastor, os membros da diretoria e os coristas entregando seus
dízimos.
Muitos crentes acham que só porque entregam uma oferta à classe
da Escola Dominical não precisam entregar mais nada para a igreja.
Quando um visitante vê o prato de ofertas passar quase vazio, no culto,
ele pode pensar: “Acho que o pessoal desta igreja não confia muito nela.
Parece que ninguém está lhe entregando nada!”
Quando pastoreava, eu geralmente entregava uma oferta pequena
na EBD e o dízimo nos cultos. Sempre que havia recolhimento de ofer-
tas, eu procurava colocar algum dinheiro no prato.
COMO AUMENTAR E MELHORAR AS OFERTAS 73
12. Mostre entusiasmo ao entregar o dízimo.
Sua própria alegria e interesse em relação ao dízimo serão
contagiantes. Sua atitude deve ser sempre positiva. Faça prova de Deus
constantemente. Mantenha seu coração sempre aberto em relação ao
dízimo.
Quando houver uma oferta especial ou algo que necessite ser com-
prado, seja o primeiro a participar, e faça-o com alegria. Deixe que os
membros da igreja percebam que, por nada neste mundo, você perderia
o privilégio de contribuir!
Cuide para que sua esposa e filhos sejam tão entusiasmados quan-
to você em relação ao dízimo. As pessoas ficam de olho na família do
pastor. Se elas perceberem que você e sua família dão sacrificialmente,
desejarão fazer o mesmo. Seja generoso (Provérbios 13.7)!

13. Desafie a igreja a ofertar.


As pessoas aceitam desafios verdadeiros. De vez em quando, faça
um almoço ou jantar e convide um orador que faça a igreja vibrar com
uma mensagem sobre dízimos e ofertas. Fale constantemente sobre igre-
jas que estão expandindo o reino de Deus porque seus membros estão
unidos no trabalho e ofertam com alegria. Esdras e Neemias são livros
da Bíblia que nos inspiram a contribuir, assim como as palavras de Jesus
e Paulo o fazem.
Promova uma campanha ou um concurso sobre o dízimo. Algu-
mas igrejas fazem um banquete como “pontapé inicial” de tais progra-
mas.
Se for dar um relatório bastante positivo sobre uma oferta que foi
recolhida no domingo passado, espere até depois de a oferta ter sido
recolhida hoje! Quando algumas pessoas ouvem sobre a maravilha que
foi a oferta já recebida, podem achar que não precisam ser generosas
hoje!
Pense grande. Desafie a igreja com novos projetos, mas sem
sobrecarregá-la, naturalmente. Em uma fábrica da Volkswagen havia o
seguinte cartaz: “Pense grande, e você será despedido!” Isso pode ser
verdade naquela fábrica, mas o pastor que deseja ver seu pessoal envol-
vido e respondendo ao desafio de ofertar deve, sem nenhuma dúvida,
pensar grande.
74 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

14. Aproveite todas as oportunidades para recolher ofertas.


Recolha ofertas nos cultos de quarta-feira, por exemplo. Durante
muito tempo, recusei-me a fazer isso. As pessoas diziam: “Pastor, quem
ofertar, vai fazê-lo aos domingos”. Finalmente eu respondi: “Vamos ten-
tar e ver no que dá”. E foi o que fizemos. Já nos primeiros cultos recolhe-
mos $50 e $60. Não demorou muito e estávamos retirando $100 e $200.
Hoje, ao olhar os registros daquele meu pastorado, vejo que recolhía-
mos regularmente, às quartas-feiras, entre $300 e $400 e, às vezes, mais!
Que pastor não gostaria de aumentar tanto as ofertas semanais, e tão
facilmente?
Algumas pessoas se preparam para entregar seus dízimos e ofertas
no domingo, mas acabam ficando doentes ou precisam viajar. Poucos
membros passam procuram o tesoureiro para deixar o dinheiro com ele,
antes da viagem, no entanto um bom número o trará à igreja na quarta-
feira. Os que esperam para entregar no próximo domingo, talvez gastem
o dinheiro até lá.
Não se esqueça de passar o prato aos coristas. Acredite ou não,
muitas igrejas nunca recolhem as ofertas dos que cantam no conjunto
coral. Em alguns casos, o coro está cantando na hora do recolhimento de
dízimos e ofertas e os coristas não têm como entregar, a não ser que,
depois do culto, corram atrás de um dos diáconos para o fazer. Se entre-
gar os dízimos e ofertas é um ato de adoração, então os coristas devem
adorar também.
Recolha ofertas em ocasiões especiais. Geralmente as pessoas
acham que uma oferta será recolhida quando um filme é exibido ou um
convidado fala ou um missionário se apresenta. Por que não recolher a
oferta e, assim, dar a todos a oportunidade de suprir uma necessidade?
Não deixe que a igreja perca o hábito de contribuir.
Em reuniões de avivamento ou conferências bíblicas eu recolhia
ofertas todas as noites. Falarei sobre este assunto mais tarde, no entanto
quero lhes avisar que as contribuições não são grandes nestas ocasiões.
Algumas pessoas talvez só apareçam na primeira noite. Outras têm di-
nheiro um dia, mas estarão na maior “dureza” no outro. É possível que
os visitantes tenham vindo apenas para ouvir o orador convidado. Por
que não lhes dar a oportunidade de repartir as bênçãos por meio da con-
tribuição?
Use pratos fundos! Muita gente não se anima a colocar dinheiro
nos pratos rasos que a maioria das igrejas usam. Eu ficaria com medo de
COMO AUMENTAR E MELHORAR AS OFERTAS 75

que meu dinheiro fosse carregado pelo vento antes mesmo de chegar ao
púlpito, caso não fosse colocado num prato fundo como os de sopa.
Acho que vale a pena investir em pratos melhores, que não sejam rasinhos,
finos, desenxabidos. Além de inspirar as pessoas, os recipientes fundos
impedem que o dinheiro seja carregado pelo vento. Também é um ato de
fé. “Abra bem sua boca e eu a encherei”, diz o Senhor no Salmo 81.10.
USE ENVELOPES, NÃO FICHAS, PARA OS VISITANTES E
ALUNOS DA EBD. É impossível colocar dinheiro dentro de uma ficha.
Ao pegar um envelope, a pessoa entenderá, mesmo inconscientemente,
que deverá colocar uma oferta ali. Uma ficha pode ser devolvida sem
nenhum dinheiro, mas provavelmente isso não acontecerá com um enve-
lope! Pense no assunto. Quando orar, não agradeça “pelos centavos” que
foram entregues. Use uma psicologia melhor. Diga: “Abençoe a oferta
generosa de teu povo. Somos-te agradecidos porque esse dinheiro será
usado para levar o Evangelho às almas perdidas.” Alguns visitantes abri-
rão suas carteiras assim que a oração terminar.

15. Quando estiver endividado, entregue o dízimo!


Este era o título de um dos primeiros artigos que li depois de entre-
gar minha vida ao Senhor. A economia do país está mal das pernas. Os
preços sobem todos os dias. No entanto, é exatamente por causa disso
que não devemos colocar Deus de lado ou negligenciar nossa igreja.
Deus cuidará daqueles que, como Elias no riacho de Queribe, (1Reis
17), puserem sua confiança Nele. Quando entregamos o dízimo esta-
mos, na verdade, colocando Deus contra a parede (falo com todo respei-
to). Teremos a chance de “provar Deus”, exatamente como ele nos exor-
ta em Malaquias 3.
Veja as coisas pelo lado positivo. Se sentir pena das pessoas, não
deixe que percebam. Elas sempre compram as coisas de que necessitam.
Por que, então, não deveriam contribuir para a maior e melhor causa do
mundo, e a única que DURARÁ PARA SEMPRE? (Confira Mateus 6.19-
33). Em muitos casos, se você não as incentivar a entregar o dízimo do
Senhor, elas desperdiçarão o dinheiro em coisas que nunca mais verão
depois que morrerem.

16. Não se deixe intimidar pelos egoístas.


O fulano que reclama porque o pastor “só fala em dinheiro” pro-
vavelmente não contribui muito, se é que contribui. Se desse o dízimo
regularmente e entregasse ofertas generosas, ele não se importaria que o
76 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

pastor falasse sobre o assunto. Na verdade, ele mesmo testemunharia


sobre o fato.
Não deixe que uns poucos mãos-de-vaca façam você roubar das
pessoas as bênçãos que Deus tem para lhes dar; ensine a igreja a entregar
generosamente seus dízimos e ofertas.
Use de psicologia. Nós convidamos as pessoas para uma festa,
não para um funeral. Leve-as a “ser generosas e ver o que acontece”!
Você sabe que ninguém pode ultrapassar Deus. Desafie alguém a
fazê-lo! É verdade que o versículo “ele prosperará em tudo que fizer”
nunca foi mais verdadeiro do que neste assunto de dízimos e ofertas.
Você estará ensinando às pessoas como prosperar. Quem iria reclamar
disto?
Antes do recolhimento das ofertas, faça uma oração de alegria e
antecipação, ou peça que alguém dedicado e cheio de entusiasmo ore.
Alguém que, por meio da oração, inspire os que desejam aproveitar esta
grande chance de prosperar.
Deus não precisa de nosso dinheiro tanto quanto precisamos de
suas bênçãos. Portanto, jamais tenha medo de falar sobre contribuição.
77

Capítulo 6
SANTO BARULHO!
FAÇA PROPAGANDA! Todos os moradores da cidade ou do bair-
ro devem saber onde sua igreja fica, em que ela crê e o que acontece por
lá!
Não deixe que nenhum dia se acabe sem que sua igreja seja men-
cionada em reuniões de escola, rádio, jornal, feira etc. Nenhuma semana
deve se acabar sem que os moradores do bairro saibam que alguma coisa
está acontecendo na sua igreja!
A maioria dos pregadores não usa uma fração das oportunidades
que lhe batem à porta. Muitos nunca usam um décimo das ocasiões que
se lhe apresentam de tornar a igreja conhecida no bairro. Faça com que
todo mundo tome conhecimento de sua presença no bairro ou cidade.
“O povo ouviu falar que ele estava em casa” (Marcos 2.1). Se
ouviu é porque a notícia passou de boca em boca. Mas o que fazer para
que as pessoas falem sobre sua igreja? Tem de existir outra maneira
além de o pastor fugir com a organista ou o tesoureiro “se mandar” com
o dinheiro da igreja!
A não ser que tenha havido um acidente feio na porta da igreja ou
um defunto esteja sendo velado no santuário, a única vez que algumas
igrejas são mencionadas na imprensa escrita de suas cidades é com uma
nota miúda, no pé de uma página desinteressante, sobre “cultos especi-
ais esta semana”.
É claro que dá para fazer melhor do que isso! Como é que algu-
mas igrejas não param de crescer e o povo se acotovela para assistir aos
cultos? Enquanto isso, outras se arrastam desfalecidas e são ilustres des-
conhecidas na cidade?
Uma das igrejas que pastoreei pegou fogo e foi totalmente destruída.
Mais tarde, um bêbado inveterado me contou que havia ido à igreja uma
vez: “Foi no dia em que pegou fogo...vi a igreja ser queimada até o
último banco”, ele me garantiu. Serviu de consolo. Mas aquele pé-de-
78 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

cana me ensinou uma grande lição. Ponham fogo na igreja e a multidão


correrá para ver a causa de tanta fumaça. Vance Havner, no entanto,
insinuou que o único incêndio que acontece em algumas igrejas é na
cozinha, quando uma irmã encosta o pano de prato na boca do fogão ou
durante uma assembléia geral de meia dúzia de gatos pingados.
Como garantir que ninguém se esqueça do endereço da igreja e
saiba exatamente onde ela fica? Mais ainda, como atrair as pessoas e
despertar nelas o desejo de nos visitar?
Já falamos sobre o que fazer para que continuem vindo, mas o que
fazer para que nos visitem pela primeira vez?

1. Um local estratégico é meio caminho andado.


Se você está iniciando um novo trabalho ou se os membros dese-
jam mudar o templo para outro local, é importante procurar um lugar
bom e de destaque. Quando nossa igreja em Panamá City, na Flórida, era
bem pequena, enchemo-nos de coragem e compramos um aeroporto
desativado (com hangar e tudo) de 3.500 metros quadrados bem no co-
ração da cidade, perto de uma rua principal. A cidade havia se desenvol-
vido ao redor daquele aeroporto particular. Nem é preciso dizer que num
piscar de olhos ficamos conhecidos na região toda. Qualquer pessoa que
chegasse à cidade e perguntasse onde era a Igreja Batista Central ouvia:
“Fica lá no aeroporto, perto do shopping center, na Rua 11” ou “É a que
tem uma escola evangélica bem grande no cruzamento das ruas 11 e
Balboa”.
Claro que nem todas as igrejas podem comprar um terreno desse
porte, porém todas as que puderem devem comprar. Ou pelo menos de-
veriam comprar o lote mais bem localizado que pudessem. Você vai me
responder: “Pastor, minha igreja não tem dinheiro para comprar um ter-
reno de 3.500 metros quadrados”.
Sabe o que fizemos? Em vez de construir um templo bonito logo
de começo, compramos o terreno que achamos que Deus queria que
tivéssemos e mudamos nosso pequeno templo (que mais parecia uma
caserna) ao lado do hangar. Fizemos o seguinte acordo com o adminis-
trador do aeroporto: ele poderia deixar seus aviões ao lado da igreja por
uns tempos, e nós teríamos permissão para usar sua propriedade e parte
do hangar enquanto ele se transferia para o aeroporto municipal. Tive-
mos muitos problemas de adaptação. (Já tentaram ventilar um hangar
inteirinho num dia de muito calor?) Mas sobrevivemos; o aeroporto é
SANTO BARULHO! 79

nosso – e está completamente pago – e temos uma propriedade que é o


sonho de todos as igrejas da cidade e de quase todos o os empresários da
região. Uma boa localização, com uma placa de identificação bem feita,
é uma propaganda que automaticamente chama a atenção de quem pas-
sa.
Se as pessoas vêem que a igreja adquiriu uma propriedade grande,
mas continua atraente enquanto passa pelas “dores do crescimento” e
continua pagando as prestações dm dia, elas entenderão que vocês não
estão brincando e que logo terão um excelente edifício ali.
Nosso hangar não era atraente, mas era grande e estava em pé!
Sempre havia alguma coisa acontecendo por lá. Iniciamos nossa escola
ao lado do hangar. Em nosso programa de rádio diário sempre faláva-
mos de nossos planos e progressos. Depois de alguns poucos anos já
estávamos construindo o novo santuário e o hangar foi ao chão. Valeu a
pena esperar. Faça todo o possível para conseguir uma propriedade em
local estratégico.

2. Mantenha a propriedade e arredores limpos e atraentes.


Enfatizamos a importância destes aspectos no capítulo 3. Se não
for possível contratar um paisagista e um jardineiro, certamente haverá
pessoas na igreja que terão o maior prazer em realizar esse trabalho.
Caso não haja ninguém, junte um grupo de pessoas interessadas que não
se importarão em visitar floriculturas, estufas e empresas de paisagismo
nem de folhear revistas sobre jardinagem e pôr mãos à obra para fazer da
propriedade um orgulho de todos. O trabalho de Deus merece o que há
de melhor.

3. Coloque uma placa bem feita à vista.


Se a propriedade estiver numa rua principal ou num boulevard , a
placa deverá ser grande, incapaz de passar despercebida. Se for numa
área residencial tranqüila, com trânsito calmo e por onde os moradores
passam diariamente, pode ser menor e mais simples.
Seja como for, a placa deve ser trabalho de um profissional. A não
ser que sua igreja seja abençoada com alguém dessa área, contrate um
entendido no assunto. No entanto, examine alguns de seus trabalhos an-
tes de assinar o contrato.
Enquanto a placa não estiver pronta, ilumine bem o local e mante-
nha-o limpo e organizado. Não permita que a pressa o leve a deixar que
80 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

um “curioso” da igreja confeccione a placa. Ele pode ser capaz de meter


o pincel numa parede de fundos, contudo uma placa de anúncio é algo
bem diferente.
Já vi muitas placas de igrejas tão mal feitas que até uma criança
saberia que aquilo não foi trabalho de um profissional.

4. Contate a imprensa.
Embora os jornais das grandes cidades cobrem caro por um espa-
ço pequeno em suas páginas, eu colocaria um anúncio lá, pelo menos
uma vez por semana. Existem também os jornais de bairros – mais bara-
tos – e os suplementos gratuitos de escolas, associações comerciais etc
que alcançam milhares de casas.
Em cidades menores os preços são mais acessíveis, e as opções
são muitas. Talvez você consiga um espaço maior no jornal e até mesmo
a cortesia de uma pequena reportagem. Em localidades menores é sem-
pre mais fácil conhecer o pessoal do departamento de publicidade do
jornal, seu editor, diretor etc. Normalmente esses profissionais se inte-
ressam por histórias das igrejas locais.
Nas cidadezinhas é “sopa”. Seus moradores estão sempre de ouvi-
dos atentos para qualquer tipo de novidade. O pastor esperto mantém
sua igreja sempre diante dos olhos da população. Se a cidadezinha não
tem jornal próprio, anuncie sua igreja nos jornais das cidades vizinhas.

5. Saiba que há diferença entre propaganda e reportagem.


Fico espantado ao ver quantos pastores falam em “fazer uma pro-
paganda no jornal” quando, na verdade, estão se referindo a conseguir
uma reportagem gratuita. Vise a redação do jornal de sua cidade; obser-
ve tudo; faça perguntas; apresente-se à direção. Mostre-se interessado
em trabalhar com eles, e deixe claro que deseja fazer todo o possível
para ajudar a eles e a você também.
Preste atenção nas propagandas e convites que aparecem nos jor-
nais e boletins de igrejas e de outras organizações. Observe que todas as
propagandas bem feitas têm uma mensagem para os leitores. O anúncio
eficaz inclui não apenas o que está acontecendo, mas fala sobre quem,
quando, como, onde e por quê.
Investigue sobre a possibilidade de o jornal ter um funcionário
cristão (ou simpatizante) que possa interceder por você junto aos res-
ponsáveis por sua publicação. Eu sempre encontrei alguém assim nas
SANTO BARULHO! 81

cidades onde fui pastor. Eu fazia questão de conhecer a redação dos


jornais e deixava claro que gostaria de investir dinheiro no trabalho de-
les. Isso sempre dava resultado!
O pastor mostra ignorância quando entra na redação de um jornal
e diz que gostaria de “ganhar uma propaganda grátis”. Se vai ganhar, só
pode ser grátis! Na realidade, o que ele deseja é uma reportagem, ainda
que pequena, sobre o que está acontecendo ou vai acontecer em sua
igreja.
Cuidado com a aparência ao visitar a redação de um jornal. Não se
vista com desleixo nem como um playboy. Não comece pechinchando
nem perguntando se a propaganda pode ser grátis nem se há “bons des-
contos” para igrejas. Alguns jornais dão descontos para igrejas, outros
não. Se o responsável não mencionar o fato, indague se o jornal oferece
preço especial para igrejas ou entidades religiosas. Alguns periódicos
oferecem preços especiais para um anúncio publicado várias vezes ou
para um anunciante que é cliente fiel.
Deixe claro que você tem interesse em colocar um anúncio no
jornal. Nas cidades pequenas o editor do jornal é figura acessível. Apre-
sente-se a ele tão logo seja possível. Diga que você é o pastor fulano de
tal; que veio de tal lugar; que gosta muito do jornal que ele publica; que
acabou de fechar um acordo para um anúncio da igreja e que aproveitou
a oportunidade para conhecê-lo. Pergunte-lhe com quem deverá falar
quando tiver algo sobre a igreja para ser publicado. Não mencione “re-
portagem grátis”; todas as reportagens devem ser gratuitas. Mas prepa-
re-se: nem todos os editores são simpáticos às igrejas evangélicas, espe-
cialmente quando se trata de igrejas fundamentalistas, que não se desvi-
am dos ensinos bíblicos. No entanto, continue investigando para desco-
brir alguém que possa interceder por você junto ao jornal da cidade.
Se você é bom em redação, apresente um trabalho bem escrito
(jamais à mão!), e com antecedência. Se esse não for o caso, procure
alguém que conheça bem a Língua e que saiba redigir. Talvez você tenha
de marcar uma hora com o redator do jornal para que ele mesmo redija
seu artigo. O que não pode acontecer é um anúncio ou reportagem sobre
a igreja (escrito pelo pastor) sair com erros de gramática e de grafia. Não
tenha medo de consultar o dicionário nem de pedir a um professor que o
ajude.
Não repita nem escreva o que for desnecessário; assim, o editor
terá menos correções a fazer.
82 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Eis um exemplo de artigo que dá trabalho aos editores:


“A Igreja Evangélica Fundamentalista Maranata avisa que promo-
verá cultos especiais com o evangelista Bartolomeu Bakadyoro. As reu-
niões serão no templo, situado na Avenida Difícil de Achar, 1779. Have-
rá músicas especiais. No domingo, haverá Escola Dominical às 9h45m e
os cultos às 11 e 19 horas. O pastor aproveita a oportunidade para convi-
dar o público em geral. As conferências irão de domingos até sexta-
feira. O pastor Bokadyoro é um evangelista conhecido em todo o país.
Todos são bem-vindos”.
O que há de errado neste artigo? Muitas coisas. Já que o evangelista
ou as conferências é o destaque, deixe isso claro logo na manchete. Se
não for mencionado o contrário, pressupõe-se que as reuniões serão no
templo. Uma vez que a Avenida Difícil de Achar é difícil de achar, dê
informações de como se chegar lá. O público gostará de saber quem
apresentará as musicas especiais. O horário das reuniões deve ser men-
cionado junto com a data. Um bom editor passaria a caneta na frase “o
pastor aproveita a oportunidade para convidar o público” pois além de
ser um desfile de “p’s” é totalmente desnecessária (por que mais o artigo
estaria no jornal?). Dizer que o pastor Bokadyoro é conhecido no país
todo não esclarece muito sobre ele. Na verdade, o artigo todo é bem
pouco esclarecedor. Exemplo de como o artigo pode ser mais bem redi-
gido:
CONFERÊNCIAS EVANGELÍSTICAS COM FAMOSO PREGA-
DOR DE SÃO PAULO
O conhecido evangelista Dr. Bartolomeu Bokadyoro estará falan-
do de domingo à sexta-feira na Igreja Evangélica Fundamentalista. O
pastor Bartolomeu já se apresentou em 21 estados brasileiros, é autor de
dez livros e conferencista bastante requisitado entre os jovens.
O pastor Edgar Silva, da igreja local, convida a todos para as reu-
niões que irão de 10 a 15 de junho, às 19h30m durante a semana e às 11h
e 19h no domingo.
O conjunto coral Maranata, sob a regência do maestro Canário
Belga, e o quarteto Maranata se apresentarão durante a conferência.
Contaremos também com um grupo musical jovem da cidade Vale das
Canções.
Com o uso de fantoches e palestras para adolescentes, o Dr.
Bokadyoro cativa todas as idades.
Haverá berçário e classes para crianças durante os cultos.
SANTO BARULHO! 83

A Igreja Evangélica Fundamentalista Maranata está localizada na


Avenida Difícil de Achar, 1779, a dois quarteirões do Hotel Sodescansis,
esquina das Ruas Kaesthô e Hacheity. Entrada franca”.
Talvez o editor do jornal não publique o artigo exatamente como
você o escreveu, e pode até mesmo dar uma “podada” aqui e ali; mesmo
assim a redação acima está bem melhor que a anterior, que falava muito
mas não dizia quase nada.
O jornal talvez o informe de que não é preciso escrever a manche-
te do artigo porque o editor redige suas próprias chamadas. Contudo, é
possível que usem sua idéia; se não a usarem, pelo menos terão uma
idéia do que você está querendo comunicar.
Muitos artigos são praticamente “decepados” pelos jornais ou re-
jeitados totalmente porque não apresentam nenhum fato novo. Todavia,
onde conseguir novidades todas as semanas?
Bom, eu aproveitava meus sermões e transformava-os em tópicos
“novos” para o domingo seguinte. Podia ser reavivamento em uma se-
mana; cantata do coral em outra semana; inauguração de uma sala ou
placa e a viagem missionária dos adolescentes. Faça propaganda da Es-
cola Bíblica de Férias que a igreja está planejando há tempos; convide o
público para o grande encerramento da EBF no próximo sábado. Escre-
va sobre o projeto do colégio da igreja ou sobre um novo programa
beneficente. Anuncie o começo de uma nova série de estudos: PASTOR
INICIA NOVA SÉRIE SOBRE TEMAS “ELETRIZANTES” DA
BÍBLIA ou O ANTIGO TESTAMENTO ESTÁ VIVO E ATIVO ou
PROMESSAS DO PASTOR. Anuncie os cursos de trabalhos manuais
oferecidos pelas senhoras da igreja. Se for publicar uma nota sobre uma
nova sala, não se esqueça de juntar fotos da comissão de construção
junto com o pastor, o arquiteto, o engenheiro, o construtor e outros. As
possibilidades são inúmeras.
Dias especiais, competições, conferências bíblicas, visitas de mis-
sionários, contratação de novos funcionários, novas classes, eventos so-
ciais, seminários, viagens, convidados especiais – tudo é notícia.
Anunciar que no próximo domingo o pastor irá pregar sobre ora-
ção não é novidade que mereça ser publicada. No entanto, se o tópico
for: COMO SER ATENDIDO POR DEUS, com uma observação de
que o pastor mostrará como podemos “tocar o Invisível”, o anúncio cha-
ma mais atenção ainda.
84 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Só dizer que você pregará uma mensagem sobre profecias não


desperta o interesse de muita gente, mas anunciar que a mensagem do
próximo domingo será: ISRAEL E A CRISE NO ORIENTE MÈDIO
À LUZ DA BÌBLIA “acorda” até os não-crentes.
Embora a doutrina bíblica do Espírito Santo possa não fascinar o
leitor médio, UMA ANÁLISE DO MOVIMENTO CARISMÁTICO
ATUAL pode causar um reboliço e tanto!
Assim que eu começava uma série de mensagens aos domingos
pela manhã sobre “Os Grandes Heróis da Bíblia”, e fazia toda a propa-
ganda possível, eu deixava que a série tomasse conta de si mesma en-
quanto me concentrava nos anúncios das mensagens de domingo à noite.
E logo que conseguia atrair o pessoal para os cultos da noite, incentiva-
va-os a vir para os cultos da manhã.
Em vez de anunciar que irá falar sobre “O Sangue”, por que não
dar à mensagem o título: “O Banco de Sangue do Céu”? Não avise que
irá pregar sobre o dízimo, mas sim sobre “O Caminho Certo Para o Su-
cesso Financeiro”. Quando Billy Sunday decidiu pregar sobre o versícu-
lo “E seu pecado o achará”, ele deu à mensagem o seguinte título: “O
Fiel Detetive de Deus”. Ao pregar sobre o mesmo assunto, intitulei meu
sermão de: “O Bumerangue”! Em lugar de falar sobre “A Doutrina do
Novo Nascimento”, que tal “Gente Que Nasceu Duas Vezes”?
Aborto, homossexualismo, pena de morte, preconceito racial e di-
reitos iguais para todos jamais caem da moda!
Publique seus anúncios no melhor espaço que seu dinheiro puder
comprar no jornal. Quando pagamos, podemos exigir mais. As progra-
mações esportiva, de cinema, TV e teatro podem ser fortess competido-
ra, a não ser que você tenha algo excepcional a oferecer, e o anúncio seja
acompanhado de uma bela foto.
Sempre que possível, publique uma foto também! Colocar uma
foto do pastor é uma boa maneira de tornar a igreja e seu nome conheci-
dos na cidade. Em caso de série de conferências, não deixe de publicar a
foto do conferencista, não importa a aparência que ele tenha! Segundo o
ditado popular, “Uma foto vale mais do que mil palavras”. A foto cha-
mará muito mais a atenção do leitor para o anúncio se ela for destacada
por uma moldura. Se o templo for uma construção bonita, coloque sua
foto junto à propaganda. Para variar, eu tirava uma foto de um grupo
grande de pessoas à frente do templo. Tire fotos quando o auditório esti-
ver cheio, e guarde-as para serem usadas mais tarde.
SANTO BARULHO! 85

6. Leve a mensagem da igreja à rádio


Alguns pastores “levam jeito” para programas de rádio; outros não.
Se você gosta deste tipo de trabalho e sente-se à vontade à frente de um
microfone, e tem recursos para elaborar um programa bem feito, vá em
frente, e veja se consegue um programa diário. Mas evite os horários da
noite; competir com a TV não é nada fácil.
Sejam programas diários de poucos minutos ou de uma hora com-
pleta, peça a ajuda de entendidos na área. Ofereça o melhor que puder
aos seus ouvintes.
A não ser que os solistas e o conjunto coral da igreja sejam exce-
lentes, não apresente música ao vivo; é melhor ficar com as gravadas
profissionalmente.
Se não for possível ter um programa todo seu, faça anúncios du-
rante a programação normal da emissora. Se a cidade tiver mais de uma
estação de rádio, escolha a melhor delas para sua propaganda.
O tempo no ar é precioso; use-o para transmitir a mensagem de
Deus e para convidar seus ouvintes para os cultos, e não em orações
longas. A não ser por alguns enfermos, pouca gente irá visitar sua igreja
por causa das orações que você fez num programa de rádio. Ore antes de
ir ao ar. A não ser que você seja um “orador” excepcional, faça como o
resto de nós: ore pouco em público; entre “em seu quarto” para o exercí-
cio deste hábito vital.
O programa deve ser iniciado em tom alegre e positivo, seja com
uma citação apropriada ou um convite interessante. A seguir, apresente
um número musical bonito. Só “entre direto” na mensagem se você for
daqueles tipos raros de pregadores que chamam a atenção apenas com a
bela voz.
Os convites feitos em programas de rádio devem ser “rápidos e
rasteiros”. Portanto, escreva tudo o que vai dizer ou que deseja que seja
dito.
Não se esqueça de anunciar o tópico das mensagens do domingo
que se aproxima. Deixe seus ouvintes com a certeza de que algo sensaci-
onal estará acontecendo na igreja no próximo culto. Aguce o interesse
deles.
Fale com naturalidade ao microfone, como se estivesse conver-
sando com os ouvintes. Não é preciso “berrar como um maluco” para
mostrar entusiasmo e prontidão. Ninguém liga o rádio para levar bronca.
86 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Livre-se de toda e qualquer rouquidão antes de fazer o programa


de rádio. Se você sofre de sinusite, não deixe que ela o atrapalhe: pingue
soro no nariz; nada de espirros, tosses e pigarros enquanto estiver no ar.
Os programas podem ser encerrados com um convincente apelo
para que vidas sejam entregues a Cristo ou com um convite caloroso
para que visitem a igreja. Outra opção é deixar um “pensamento do dia”
com os ouvintes.
Não se esqueça de fazer propaganda das atividades especiais da
igreja, mas seja breve. O tempo pode ser mais bem usado com a mensa-
gem da palavra. Jamais peça dinheiro no ar!

7. Coloque outdoors nas entradas da cidade


As placas devem ser bem feitas; trabalho profissional. Se não há
dinheiro para isso, tentem conseguir patrocínio com empresários e co-
merciantes da igreja (ou com ouvintes do rádio).

8. Ilumine bem a fachada da igreja


Se não for possível colocar vários spots iluminando a frente toda
do templo, coloque apenas um, bem forte, direto no letreiro com o nome
da igreja para que seja notado a uma boa distância.

9. Indique o caminho aos visitantes


Sinalize bem sua igreja. Coloque placas e setas nas ruas próximas
ao templo. As pessoas têm de saber exatamente onde vocês estão. Se o
templo fica localizado no fim de uma ruazinha não muito conhecida do
bairro, imprima mapas e distribua-os pela circunvizinhança. Uma boa
idéia é imprimir o mapa nos folhetos distribuídos de casa em casa e
pelas ruas.

10. Imprima convites atraentes e espalhe-os pela cidade toda


Coloque o nome e foto da igreja (se for bonita), foto do pastor, do
ministro de música; do pastor de jovens; do diretor do colégio junto a
um artigo bem escrito e entusiasmado sobre as atividades que promo-
vem. Não se esqueça de colocar horários de cultos e reuniões, endereço
completo, mapa (se necessário) etc. Entregue uma boa quantidade de
convite aos membros da igreja para que distribuam onde quer que este-
jam: nas lojas, no correio, supermercados e afins. A cidade toda precisa
tomar conhecimento da presença da igreja e ser informada sobre seu
trabalho para Deus.
SANTO BARULHO! 87

11. Promova dias especiais e eventos que atraiam visitantes


Não se arrastem pela vida. Mantenham “a bola rolando” na igreja.
Faça uma tempestade cerebral com seus líderes para que surjam idéias
sobre programações e atividades diferentes. Sempre que há um “evento
especial”, a igreja consegue que visitantes se tornem assíduos aos cultos,
e também não deixa a cidade se esquecer que vocês estão presentes entre
ela.

12. Veículos da igreja


Se a igreja tem veículos para transportar membros e visitantes aos
cultos – um ministério bastante produtivo na conquista de almas –, man-
tenha-os sempre limpos, funcionando bem e com o nome e endereço da
igreja bem visíveis. Quando os veículos da igreja estão circulando pela
cidade, mais uma vez o povo é lembrado da presença e trabalho de vocês.

13. Nada substitui a pregação da Bíblia e a conquista de almas


Não importa o quão atraente é o templo nem o quanto a igreja
gasta em propaganda, as pessoas precisam receber alguma coisa quando
vêm aos cultos. Conquiste almas, e outros farão o mesmo. Perguntaram
a um pastor vitorioso em ganhar almas para Cristo qual era a segredo de
seu sucesso. Ele respondeu: “Bom, eu prego o Evangelho aos domingos,
e quinhentos membros fazem a mesma coisa durante a semana toda!”
Anime seu povo. Mantenha o púlpito aceso. Enfatize a importância da
salvação de almas. Pregue a Palavra. Alimente as ovelhas, e elas volta-
ram para receber mais.

14. Conselhos finais


Ao passo que seu trabalho progride e sua igreja cresce, outros pas-
tores e igrejas se aproveitarão de suas idéias e vão ser concorrentes de
vocês. Não fique alarmado nem abatido.
Quando comecei a publicar anúncios da igreja, em Panama City,
acho que era o único a fazer isto (exceto quando uma igreja estava pro-
movendo reuniões de avivamento). No entanto, logo outros pastores se-
guiram no mesmo caminho semanalmente. Hoje, as páginas dos jornais
estão lotadas de propagandas de seitas, de igrejas católicas, carismáticas
e tantas outras. Até os liberais anda anunciando um pouco. Portanto,
dentro do possível, compre espaços melhores e maiores nos jornais (dentro
88 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

do possível) e tente sair na frente. Se a competição ficar acirrada, peça


que seu anúncio seja publicado longe dos das outras igrejas.
Compramos ônibus e logo os tradicionais “de carteirinha” e os
heréticos desenfreados também o fizeram. É assim que as coisas são.
Pastores de todos os lugares têm de agüentar a “competição”.
Certifique-se de que ventiladores, banheiros e bebedores estão
funcionando a contento para os visitantes.
Use todos os meios legais possíveis para chamar atenção e fazer
propaganda da Escola Bíblica de Férias e outras programações especi-
ais.
Sua igreja deve ser famosa por levar gente a Cristo. Visitante e
ouvintes do programa de rádio se lembrarão de vocês quando estiverem
enfrentando dificuldades, e aparecerão.
Se a igreja é dona de colégio, mantenha o equilíbrio entre a propa-
ganda da igreja e a da escola; uma deve complementar a outra.
Use a Internet e o Correio para enviar material que desperte o
interesse das pessoas pela igreja.
Enfatize às suas ovelhas como é importante falar bem da igreja,
trazer visitantes aos cultos e distribuir folhetos e convites pela cidade ou
bairro. Não deixe que a cidade se esqueça da presença de vocês!
89

Capítulo 7
O QUE FIZERAM COM A MÚSICA
DE DEUS?
Depois da pregação da Palavra, a música talvez seja o aspecto
mais importante do culto.
A música solene, sem vida, cerimoniosa pode esfriar ou matar o
fervor evangelístico de uma igreja ou a eficácia de um sermão. Por outro
lado, muitas igrejas abaixaram a guarda e aceitaram os padrões munda-
nos, liberais e carismáticos. Em muitas dessas igrejas, se fecharmos os
olhos, não saberemos dizer – pela música – se estamos em uma boate,
em um barzinho ou em um acampamento do tipo “cai fogo do céu”. Não
é de admirar que os bons e fiéis cristãos, entristecidos com essas coisas,
fiquem em casa lendo a Bíblia, saudosos dos velhos tempos quando os
cultos tinham som e aparência de culto mesmo!
Normalmente onde a música é vazia e mundana a igreja é do mes-
mo jeito.
Há algum tempo, quando era pastor, eu fiquei sabendo que algu-
mas igrejas estavam condescendendo em matéria de música e que algu-
mas (liberais) promoviam reuniões dançantes para seus jovens. No en-
tanto, nunca imaginei que o rock encontrasse lugar em qualquer igreja,
e muito menos naquelas que pregam a Bíblia e acreditam que devem
honrar a Deus.
O conjunto coral não deve ser o “departamento de guerra” da igre-
ja. O pastor é a chave! Se ele leva suas ovelhas a ser um rebanho espiri-
tual, temente a Deus e que ama a Bíblia, automaticamente elas aprecia-
rão a música certa e insistiram em tê-la na igreja. O pastor que acredita
que a Bíblia nos ensina a ser separados do mundo e que incentiva seu
rebanho a viver de modo que agrade a Deus, nunca enfrentará grandes
batalhas sobre que tipo de música a igreja deve cantar nem sobre os
músicos que serão convidados a ser apresentar para seu auditório.
90 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

É preciso muito cuidado na escolha do regente do coro ou do can-


to congregacional. O pastor deve escolher alguém que concorde com
seu ponto de vista sobre o mundanismo, a consagração e a separação.
Claro que não ouvi as músicas cantadas em todos os seminários e insti-
tutos bíblicos do país, porém ouvi muito do que já saiu de alguns deles.
Quando pastoreava, sempre escolhi quartetos, conjuntos corais etc de
instituições conservadoras e realmente bíblicas, e por isso nunca tive de
ouvir música errada nas minhas igrejas.

Filosofia de Música
Percebendo a tendência da contemporização musical pelas igre-
jas, a Faculdade Batista de Springfield, Missouri, declarou, numa men-
sagem espetacular feita pelo Dr. W. E. Dowell, presidente da mesma, sua
Filosofia de Música. Os líderes da escola não só observaram essa ten-
dência, como decidiram que a faculdade deveria ser protegida dessa ten-
dência liberal e que a música apresentada pela escola deveria ser tradici-
onal. Entre outras coisas, o excelente periódico Baptist Tribune afirma:
O ritmo vibrante das baterias e o som estridente das guitarras não
são aceitáveis na Faculdade Batista de Springfield.. Preferimos que nos-
sos grupos musicais apresentem os grandes hinos e canções espirituais.
As “músicas” de fundo, quando necessárias nas apresentações es-
peciais, devem ser discretas; jamais altas e agitadas como se costuma
ouvir. Isso também se aplica ao uso de play-back. Já ouvi excelentes
cantores apresentando músicas lindíssimas que foram arruinadas por causa
do play-back. Qualquer letra que se refira a Deus como “alguém lá em
cima” ou “o homem do andar de cima” não é aceitável.
Se o instrumento cobre a melodia ou letra da música, ele perdeu
seu objetivo na apresentação. Rock de nenhum tipo será apresentado ou
ouvido na Faculdade Batista de Springfield. A boa música evangélica
deve ser sincera e espiritual. A música sem sentido e frívola e os ritmos
acelerados e as bateria atraem a carne, e não contribuem em nada para o
culto e a adoração. A música apresentada na igreja deve ser moderada
em seus anseios porque não apela às paixões carnais, e sim aos senti-
mentos do coração, que deve ser alcançado por ela. SE EXISTE ALGU-
MA DÚVIDA A RESPEITO DA MÚSICA A SER APRESENTADA,
USE A REGRA DA MODERAÇÃO, E EVITE-A. (A ênfase é do autor
deste livro.) Os ritmos acelerados são uma característica do rock. Não
se trata de um simples compasso normal de música; é uma batida exces-
O QUE FIZERAM COM A MÚSICA DE DEUS? 91

sivamente pulsante. Ouvi o mesmo ritmo no coração da África. Esse


mesmo ritmo infiltrou em nosso meio um estilo pop mais lento de músi-
ca evangélica. Os ritmos musicais acelerados foram planejados para ex-
citar as emoções e os desejos físicos. Trocar a letra mundana pela evan-
gélica não altera o efeito da música. Usar esse estilo é tentar contempo-
rizar com o mundo.
Não citei na íntegra a mensagem do Dr. Dowell, mas a filosofia de
música do Seminário Batista de Springfield é boa para as igrejas tam-
bém.

Padrões Bíblicos
Ao considerarmos a música na igreja, os versículos abaixo devem
ser levados em conta:
A música deve glorificar a Deus (1Coríntios 10.31).
Sua mensagem deve ser bíblica (Efésios 5.19).
Deve ser em nome de Jesus Cristo, em gratidão a Deus (Colossenses
3.17).
Como novas criaturas em Jesus Cristo, todas as coisas devem ser
novas (2Coríntios 5.17).
Não devemos nos conformar “com este mundo”, mas ser “trans-
formados” (Romanos 12.2).
Devemos cantar no Espírito, porém com entendimento (1Coríntios
14.15).
Em Levítico 10.10, Deus manda que façamos “diferença entre o
santo e o profano e entre o imundo e o limpo”.
Não devemos “seguir o caminho dos ímpios.”
Não devemos voltar “a esses rudimentos fracos e pobres” do mun-
do. (Gálatas 4.9)
“ao tempo em que começou o holocausto, começou também o canto
do Senhor” (2Crônicas 29.27) indica que, de acordo com Romanos 12.1,
todos os crentes devem apresentar seus corpos como sacrifícios vivos ao
Senhor.
A música deve ser os “salmos e hinos e cânticos espirituais” men-
cionados em Colossenses 3.16, e não a barulheira sem nexo de um mun-
do obsceno.
Ao descrever os pecados dos sacerdotes, Ezequiel diz: “entre o
santo e o profano não fazem diferença, nem discernem o impuro do
puro” (Ezequiel 22.26).
92 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Não devemos amar “o mundo, nem o que no mundo há” (1João


2.15).
“a santidade convem à tua casa, Senhor, para sempre” (Salmo
93.5).
O pastor Colis Thorn, de Fort Walton, Flórida explica que a músi-
ca “certa”:
1. Glorifica a Deus.
2. Prepara o auditório para a mensagem.
3. Prepara o pregador para transmitir a mensagem corretamente.
Forrest L. Keneer escreveu: “Precisamos voltar a colocar os prin-
cípios bíblicos nos hinos de hoje. Eles têm de ter conteúdo bíblico e ser
reverentes na apresentação”. Depois, ao comentar sobre os rocks e
countries evangélicos, ele afirma: “Esta chama destruidora é alimentada
pela infeliz idéia que muitas igrejas têm hoje de que é muito importante
“falar a língua” dos jovens, do público em geral e do mundo. Essas igre-
jas estão pouco interessadas em glorificar a Deus ... insistamos para que
nosso cântico seja uma adoração, não uma exibição”.
No periódico Baptist Tribune, Dale Peterson pergunta: “Temos
mesmo de oferecer aos adolescentes “o tipo de música de que gostam”?
Peterson continua: “Como batistas fundamentalistas, nós acreditamos
que devemos nos vestir de maneira diferente, que temos de nos abster do
álcool, do fumo, das danças e do rock pesado, mas quando se trata de
“música de igreja”, o assunto é outro. Muitos líderes de jovens dizem
que para alcançarmos os adolescentes, precisamos ser iguais (perdidos)
a eles. Afirmam que temos de nos vestir como eles se vestem, ser “da
hora” e estar “por dentro”. Conversa mole! Os jovens estão procurando
homens e mulheres que lhes mostrem o caminho. A Comunidade Jovem
do Sul de Michigan não segue as tendências modernas e, pela graça de
Deus, nunca seguirá! Ainda cantamos os bons e velhos hinos, e canta-
mos de coração, “à moda antiga”.
Quando eu pastoreava na Flórida, testemunhei as igrejas vizinhas,
uma a uma, adotarem as vestimentas, os hábitos e a música do mundo na
tentativa de “alcançar os jovens”. Mas nossa igreja, com sua mensagem
contra o pecado e o mundanismo, e defendendo os bons e tradicionais
hinos, tinha mais jovens (e a maior escola cristã) naquela parte do Flórida
do que qualquer outra igreja.
O QUE FIZERAM COM A MÚSICA DE DEUS? 93

Temos de Ser Relevantes?


O pastor Richard Kidd, da Pensilvânia, escreveu no boletim de
sua igreja a respeito daqueles que insistem em que “Devemos ser rele-
vantes” ou “Temos de nos atualizar, se queremos transmitir o evangelho
aos nossos jovens”. O pastor Kidd nos adverte que essa “relevância”
contemporânea tem nos afastado cada vez mais dos padrões da decên-
cia, da moralidade e do Deus de nossos pais. Ele cita as palavras de G.
Campbell Morgan: “Já ouvi muitas pessoas afirmarem que para a igreja
ser bem sucedida, ela deve se adaptar aos tempos modernos. Eu afirmo
que a igreja só será bem sucedida se corrigir os tempos modernos!”
Um pastor que cantava num quarteto realmente evangélico (em
Nashville) disse: “Eu conheço essas pessoas. É por isso que não as con-
vido para virem a minha igreja. Não queremos pastores carismáticos
pregando para nós. Por que, então, cantar suas músicas?” Ele me faz
lembrar de um compositor de música gospel moderna (e cheia de modis-
mo) que alega que sua música é tão “inspirada” quanto a Bíblia! O pas-
tor acima mencionado também afirmou: “Se o Clube 700 ou o Clube
PTL aprova um certo tipo de música, não a queremos em nosso meio”.
O escritor Vance Havner lamenta em seu livro Songs at Twilight
(Canções da Madrugada):
“O destempero invadiu as igrejas em relação à música gospel. Já
seria ruim o bastante se o jazz tivesse permanecido nas boates, em meio
à escuridão do ateísmo transplantado da África para a selva de pedra.
Mas quando a igreja se apropria tanto da linguagem quanto do estilo de
Sodoma, é hora de , envergonhados, abaixarmos a cabeça”.
A. W. Tozer escreve em Born After Midnight (Nascido após a meia-
noite):
“A influência do espírito erótico é sentido nos círculos evangéli-
cos de praticamente todos os lugares. Em algumas reuniões, o conteúdo
de quase todas as músicas é mais cheio de romance do que do Espírito
Santo. Letra e melodia são compostas com o objetivo de despertar a
libido”.
No livro Why Our Churches Do Not Win Souls (Por que nossas
igrejas não ganham almas), Dr. John Rice afirma:
“Por onde andam os grandes hinos de avivamento? É triste, mas a
verdade é que poucos hinos são escritos com uma mensagem que apele
aos não-salvos ou aos que não freqüentam a igreja ou aos cristãos frios.
Antigamente, multidões se emocionavam com ‘Maravilhosa Graça’,
‘Bendita Hora de Oração’, ‘Rude Cruz’, ‘Quão Grande és Tu’ etc”.
94 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

No capítulo “A música da igreja geralmente não conquista almas”,


Dr. Rice continua:
“Onde não há grandes avivamentos nem grandes mensagens
evangelísticas, os compositores não compõem hinos evangelísticos. E as
músicas de nossas igrejas não enfatizam a conquista de almas e geral-
mente não se encaixam num programa que tem como objetivo ganhar
almas para Cristo”.
O Dr. Rice cita o Dr. Jack Hyles ao dizer: “Se você quer alcançar
tantos resultados quanto Billy Sundae, sua música precisa ser igual a de
Homer Rodeheaver. Se você quer os avivamentos de Moody e Torrey, é
preciso ter músicas iguais a de Sankey e Alexander!” Que grande verda-
de!
O cantor Mike Coyler afirma:
“Muito de nossa “música evangélica” contemporânea é escrita le-
vando em conta as experiências individuais ou usando a verdade geral
de um modo a agradar até mesmo os modernistas. A maioria delas não
tem dignidade, honra e não são dirigidas a Deus. Nossa perspectiva é
horizontal”.
Reece Randle escreve:
“A música pode, literalmente, construir ou destruir um culto. Se a
música não enfatiza a sã doutrina, ela não é boa. Se a música fala aos pés
e não ao coração, ela é do tipo errado. Se a música só atinge os sentimen-
tos e não fala à mente, ela não está correta. Muitas igrejas estão infesta-
das de música carismática, sem conteúdo e mundana; músicas compos-
tas, popularizadas e empurradas por gente de outro território. Por que
alimentar a carne na tentativa de salvar os perdidos? Por que batemos os
pés e dizemos “amém” enquanto cantamos músicas carnais que possuem
tanto conteúdo espiritual quanto as cantigas de ninar?”
Depois, ele fala sobre as músicas nefastas, as letras pervertidas e
as associações diabólicas da música “religiosa” de hoje, e resumindo,
Reece escreve:
“Se a canção foi inspirada ou adaptada do rock ou da cultura po-
pular, ela despertará pensamentos e sentimentos pecaminosos nos cren-
tes que se converteram daquele ambiente ... A música pode ser essenci-
almente boa, mas se for apresentada do mesmo modo que o é na TV ou
nos espetáculos artísticos, ela se torna perigosa. Aquele som frenético e
barulhento que se ouve em sua igreja prepara mesmo os corações para
sua mensagem? Aquela letra deplorável e sentimental realmente edifica
O QUE FIZERAM COM A MÚSICA DE DEUS? 95

os cristãos? A melodia tão parecida com a do mundo alcança de verdade


os perdidos?”
Meu Testemunho
Eu me converti ainda garoto, na “era do jazz”. No entanto, eu teria
achado estranho se a igreja batista que eu freqüentava no Sul dos Esta-
dos Unidos tivesse esse tipo de música. Deixe-me dizer-lhes do que me
lembro: lembro-me de “O Poder do Sangue”, “Firme nas Promessas”,
“Onde Quer Que Seja”, “A Deus Demos Glória” e outros hinos iguais a
estes, e era isso que eu esperava ouvir quando ia à igreja.
Entreguei minha vida ao serviço de Jesus Cristo na “era do swing”.
Mas certamente teria sentido repulsa – e até mesmo me afastado – se, na
adolescência, minha igreja tivesse convidado uma banda de swing e “as-
tros e estrelas” do mundo artístico para “alcançar os jovens”. Se tivesse
feito isso, eu jamais teria depositado minha vida aos pés de Cristo. Se
quisesse ouvir esse tipo de música, eu não precisaria ir à igreja. Eu que-
ria algo muito melhor.

Os Desertores
Bill Harvey, cantor evangélico, escrevendo sobre a deserção da
igreja por meio da conciliação feita com o novo ritmo musical, explica:
“A deserção refere-se aos compositores em quem depositamos
nossa certeza de receber músicas bem feitas, espirituais, bíblicas e con-
sistentes, mas que se voltaram para a nova “forma de arte” (rock) como
veículo de propagação de suas letras ... palavras que, sem dúvida, nos
abençoariam, não fosse a confusão causada pelo ritmo de macumba que
as acompanha. Os desertores são os quartetos que colocam clichês evan-
gélicos no rock e recusam-se a cantar sem receber alguma
garantia...Infelizmente até algumas escolas e igrejas fundamentalistas
partiram para o rock light e a coreografia em seus grupos musicais no
desejo de mostrar que estão contextualizadas e “por dentro”, e como
isca para atrair multidões!”
Richard De Haan, apresentador do programa “Escola Bíblica do
Ar” (EUA), afirmou à revista Discovery Digest:
“É impossível imaginar o Céu sem música. Certamente as letras
celestiais expressarão adoração, gratidão e louvor ao Senhor nosso Deus”.
Observem o que ele diz a seguir:
“Não sabemos exatamente como será a música no Céu. Porém de
uma coisa tenho certeza: assim que ouvirmos seus primeiros acordes,
96 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

não pensaremos em nem nos lembraremos de nada pecaminoso, desa-


vergonhado e inferior da vida terrena. Ela não será nada parecida com a
música chamada religiosa que ouvimos hoje em dia. Estou me referindo
às melodias que nos faz pensar que estamos numa boate. Estou me refe-
rindo à barulheira infernal, estridente, martelante e metálica de instru-
mentos musicais. À “batida” que lembra a cultura da droga e dos concer-
tos de rock. Vocês podem estar certos de que a música que ouviremos no
Céu não será nada parecida com isso. Nem tampouco a nossa deveria
ser. Esforcemo-nos para que a música dos santos daqui “seja igual à dos
santos de lá”.
“Mas perderemos nossos jovens”, “As multidões se afastarão”, é o
choro dos que aderiram ao “novo som” de música na igreja. Contudo
observem algo interessante: pensando nos lugares onde preguei, recor-
do-me de que os maiores auditórios aos quais falei foram os de igrejas
que possuíam música de alta qualidade – e todas tradicionais; não ti-
nham nada desse “ritmo novo” da moda atual. Eu poderia citar um gran-
de número de igrejas com essa característica tanto no Norte quanto no
Sul dos Estados Unidos – e todas repletas de jovens! Naturalmente a
boa música era o aspecto que mais atraía as multidões. Nenhuma dessas
igrejas havia comprometido seu padrão musical! Isso tem um grande
significado.
Na década de 60, algumas de nossas igrejas fundamentalistas imi-
taram os liberais e novos evangélicos e começaram a programar “festas
caipiras” com música folclórica para os jovens. Não demorou muito para
que o ritmo dançante e o “blues” choroso dos cantores carismáticos tam-
bém fossem abraçados. Isso aconteceu no fim da década de 60 e início
da de 70. Os grupos musicais apareceram com seus trajes “psicodélicos”;
os homens eram cabeludos e as garotas usavam mini-saias ou túnicas
sensuais coladas ao corpo. Os amplificadores que estouravam os tímpa-
nos dos ouvintes eram montados. A “apresentação” começava. Se fe-
chássemos os olhos teríamos a nítida impressão de que estávamos numa
discoteca, e não numa igreja! Os novos lamentos e murmúrios eram acom-
panhados pela cadência de um rock light. Nesse compasso, não demo-
rou muito para que nossas igrejas acabassem aceitando o rock pesado, o
rock “pauleira”, o punk e outros.
Algumas igrejas até permitem que moças se “apresentem” de cal-
ças compridas e outros trajes masculinos. Os homens parecem femini-
nos tanto nos cabelos quanto nas vestimentas. A mini-saia voltou com
O QUE FIZERAM COM A MÚSICA DE DEUS? 97

força total. Muitos desses entertainers evangélicos agarram o microfo-


ne, dançam e rebolam ao som do ritmo gospel exatamente como fazem
seus companheiros de boate. As moças e os rapazes exibem um sorriso
forçado, artificial, e gorjeiam e sussurram uns para os outros enquanto
se contorcem de modo provocante. Onde iremos parar? Isso tudo é con-
sistente com o que a Bíblia ensina sobre o distanciamento que devemos
manter do pecado e do mundanismo? A resposta é óbvia.

A Música Enfeitiça
Na década de 60, Melvin Munn, de Washington, declarou a Life
Line: “Todo mundo sabe que a música é usada para enfeitiçar serpentes.
O que poucos sabem é que ela enfeitiça serpentes e pessoas”. “Loucura
musical, uma arma dos Vermelhos” foi o título de uma mensagem bem
instigante de Life Line. Ela nos advertia sobre o mau uso e as perversões
da música. Herbert A. Philbrick, abrindo o jogo sobre a infiltração co-
munista em nosso meio, escreveu um livro intitulado Your Church – Their
Target (Sua igreja – O alvo deles). Philbrick explica que os comunistas
usavam canções populares para conquistar o coração dos jovens ameri-
canos. Como sabemos agora, a música logo se tornou a cabeça do came-
lo na tenda da igreja.
Na revista Saturday Post de abril de 1978, um senhor chamado
Paul Baker escreveu sobre o ritmo sensual do rock que invadira a igreja:
“Sufocada na década de 60 pelo compasso sedutor do rock-and-roll, a
Igreja arregaçou as mangas, tomou emprestado seu ritmo e conquistou
de volta para si os jovens que havia perdido”. Mas, que tipo de igreja
conquistou que tipo de jovens e para quê? Foram as igrejas sem militan-
tes e sem mensagens bíblicas; igrejas cujos pastores têm medo de falar
contra o pecado; igrejas carismáticas que pensaram que abraçando o
mundo e trocando a santidade pelo “carisma” emocional conseguiriam
se livrar do “estigma” do velho pentecostalismo. Muitas denominações
que perderam o fervor evangelístico (se é que algum dia o possuíram)
aderiram à moda agitada do novo chamariz. Isso resultou na aceitação
da música cantada em boates e barzinhos, dos cantores afeminados de
cabelos compridos e nas apresentações sexy, e tudo é feito em nome de
Jesus Cristo – conforme explicam. Alguns têm a audácia de afirmar que
essa capa moderna do Velho Pentecostalismo é, na realidade, um
reavivamento espiritual!
Até alguns dos compositores em quem confiávamos embarcaram
no novo ritmo. “Ralph Carmichael passou a fazer uso de guitarra e bate-
98 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

ria na gravação de hinos”, escreve Paul Baker. Carmichael ficou em apu-


ros quando os evangélicos tradicionais se opuseram ao “mundanismo”
daquilo tudo. No entanto, com a ajuda de Billy Graham e um de seus
filmes; com o apoio do compositor Ray Repp que injetou música popu-
lar nas missas católicas e com o lançamento feito pelos Batistas do Sul
do musical “Good News” (Boas Novas), os grupos religiosos de música
pop proliferaram por todos os cantos. Baker aplaude esse novo som reli-
gioso “desde as baladas até o rock pesado!”
Você que é um pastor que teme a Deus, glorifica a Jesus Cristo e
prega a Bíblia certamente não vai querer esse tipo de música em sua
igreja. No entanto, uma pequena concessão abre as portas para muito,
muito mais, como já temos observado.
Certa vez na Grã Bretanha, falando em um congresso, Billy Graham
afirmou: “Tenho certeza de que muitos de vocês estão tendo problemas
em se adaptar à música da presente geração. Tenho de confessar que
levei alguns anos e precisei da ajuda de meus cinco adolescentes para
me adaptar a ela”. A música daquele congresso foi “planejada para falar
de Cristo àqueles que haviam crescido ao som estridente do rock”. Con-
tudo, será que devemos nos “adaptar” ao pecado, ao mundanismo, às
concessões? Vocês sabem qual é a resposta.
Um pentecostal advertindo (o que é incomum) sobre os perigos do
rock evangélico afirmou:
“Está se tornando cada vez mais claro que o rock evangélico está a
um passo do rock pesado, e a não ser que retornemos para Deus, nós, os
pentecostais, teremos de lidar com as forças demoníacas que dominarão
nossas músicas. A música contemporânea da esfera do rock é perigosa.
A separação bíblica deve ser aplicada aos nossos conjuntos corais, nos-
sos solistas e nossa música em geral. É sintomático que nesta época em
que as canções da noite estão em voga, a pregação verdadeiramente bí-
blica ande tão escassa. A não ser que nossa música seja diferente da
música do mundo, nós acabaremos por nos tornar mundanos também.
Estou convencido de que um espírito demoníaco anda trabalhando por
intermédio da música e está exercendo um poder controlador que acaba-
rá por destruir seus aficionados”.
Citarei também meu livro The Truth About Rock Music (A Verda-
de Sobre o Rock):
“Muitos discos e fitas das livrarias “evangélicas” hoje são de mú-
sica contemporânea ou rock evangélico. Naturalmente as livrarias ven-
O QUE FIZERAM COM A MÚSICA DE DEUS? 99

dem o que lhes dá lucro, o que lhes abre as portas para a “explosão
gospel”. Alguns gerentes e vendedores admitem que não gostam desse
tipo de coisa, porém ela dá dinheiro, e é o que o público gosta”.

Poluição Sonora
Julian Thomas, ministro de música no Texas, explicou que a po-
luição sonora nos faz tanto mal quanto a poluição do ar, ao descrever o
assalto do rock contra nossos ouvidos nos supermercados e outros luga-
res públicos. Pelo menos na igreja deveríamos estar livres da barulheira
provocada por esse ritmo.
Adam Knieste, terapeuta musical, afirmou: “O rock “é mais fatal
que a heroína. Ele não é um passatempo inofensivo; é uma droga perigo-
sa que viciou nossos filhos. Ele transforma pessoas equilibradas em se-
res perturbados”.
Um cantor famoso, líder de uma banda de rock, explicou que a
“música pop é sensual, e devemos esfregá-lo na cara dos adolescentes”.
Um jornal evangélico relatou que um grupo de médicos que fez
uma pesquisa para um projeto do governo descobriu que há uma cone-
xão direta entre o rock e o sexo fora do casamento. O artigo, escrito por
Donald LaRose, relata que muitos jovens apreciadores do rock “cristão”
tocado nas emissoras “evangélicas” passaram do ouvir para o dançar e
daí para o mundo, e foram arruinados pelo pecado. Estou convencido de
que nada prejudicou e desmoralizou mais a vida espiritual de nossas
igrejas do que a música errada que substituiu os hinos que abençoaram
e inspiraram os cristãos do passado.

O “Novo Som” É Confuso


Já fomos advertidos de que esse novo som confunde muitos os
cristãos. As pessoas que desejam oferecer aos jovens este “novo som”
evangélico são adeptos do rock e da música pop evangélico, e justificam
seu gosto dizendo que “o melhor jeito de alcançarmos os jovens radicais
é com a música que está balançando o mundo. É ali que as coisas acon-
tecem; é ali que as multidões se ajuntam”.
F. M. Hechinger, editor educacional do New York Times pergunta
em seu livro Teen Age Tyranny (Tirânia da Adolescência): “Será que é
isso mesmo que os adolescentes desejam?” E continua:
“A sociedade americana está de tal maneira admirada com os ado-
lescentes que corre o risco de se tornar uma sociedade adolescente com
100 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

padrões de pensamentos, cultura e objetivos eternamente adolescentes.


Como resultado, a sociedade americana está regredindo em vez de pro-
gredir. Esta doença avança de mansinho; é uma paralisia da maturidade.
Ela produz objetivos imaturos na música, nas artes e na literatura. A
culpa não é da juventude. Os erros são cometidos pela sociedade adulta..
Os adolescentes se comportam do jeito que foram ensinados a se com-
portar”.
O Dr. Woychuck afirma:
“Os jovens precisam de líderes e de pais que não façam caso de se
tornarem impopulares entre eles e que os guiem com firmeza nos precei-
tos imutáveis de Deus encontrados em sua Palavra.
A mensagem de salvação, expressada em palavras de revelação
Divina, continua sendo relevante – para todas as idades e gerações – e
não precisa ser deturpada nem diluída na linguagem dos não-regenera-
dos. A música da geração jovem não precisa ser apresentada um estado
de espírito deprimido e num ritmo entorpecente”.
Frank Cook, da rádio HCJB, Equador, escreve:
“Estamos enganados quando achamos que eles querem a mensa-
gem do Evangelho no mesmo formato das músicas seculares que apreci-
am. Portanto, fazer uso dessa música é identificar-se com suas frustra-
ções e estilo de vida negativo quando, na verdade, deveríamos lhes ofe-
recer segurança e liberdade verdadeira!”
O Dr. Woychuck diz ainda: “O Senhor Jesus não adotou a filosofia
dos gregos para alcançar os gregos. Não aderiu ao modo de vida dos
romanos par a se comunicar com os romanos. Não abraçou as tradições
dos judeus para agradar aos judeus”. Que verdade grandiosa!

Padrões Saudáveis de Música


Certa vez, depois de ouvir um conjunto musical de um seminário
de Alabama apresentar em minha igreja alguns dos tradicionais, belos e
inspiradores hinos, escrevi ao departamento de música da escola para
saber quais eram os padrões musicais da instituição. Um dos padrões
adotados pela instituição era o seguinte:
“Admitimos que algumas práticas relacionadas à música contem-
porânea são perfeitamente admissíveis. Por outro lado, há muitas que
não são apropriadas para o culto cristão. Portanto, a linguagem atual
deve ser cuidadosamente examinada antes de receber permissão para ser
usada em qualquer programa musical do seminário. O rock-and-roll não
O QUE FIZERAM COM A MÚSICA DE DEUS? 101

tem vez nas programações nem na vida do seminário, especialmente


quando apresentado na forma já conhecida como “rock evangélico”.
Nosso seminário não quer se tornar conhecido como uma instituição que
se segue o compasso do mundo: (o baque surdo do ritmo balançante; o
ritmo vagaroso do jazz sincopado; o vibrato de uma nota sensualmente
delongada; a harmonia ou desarmonia da música dançante; o giro frené-
tico dos corpos; o sentimentalismo religioso vazio das palavras e pensa-
mentos”).
E continuou:
“Embora reconhecendo o fato de que a música deve se comunicar
com os ouvintes, não aderimos ao conceito popular de que precisamos
adotar a tendência musical moderna para comunicarmos o Evangelho à
juventude de hoje”.
O diretor do departamento de música do referido seminário tam-
bém me enviou uma excelente exposição sobre a “Nova Música da Igre-
ja” onde descreve a ousada música religiosa de hoje e chama de “distrofia
musical” a amplificação eletrônica desagradável dessa baboseira mo-
derna. Ao descrever a associação do rock com as drogas, o sexo ilícito,
a morte, a fornicação, o sexo livre, a pílula anticoncepcional, a
permissividade e falta de moral do egocentrismo, adicionados à ideolo-
gia do parricídio, o diretor chama nossa atenção para “lamentos” religi-
osos em forma de canção aos quais Amós se referiu (Amós 8.3).
No entanto, “esse é o jeito de alcançarmos os adolescentes”, expli-
cam algumas pessoas. Mas, lembrem-se de que a idéia por trás do uso
desse tipo de música é que alguns crentes estão tentando dizer aos ado-
lescentes não-salvos que os cristãos não são muito diferentes deles. “Ve-
jam, nós nos vestimos e agimos como vocês, e até cantamos as mesmas
músicas que vocês cantam.”
Mas como sou pastor, e não compositor e tampouco profissional
na área, pedi a alguns músicos bem sucedidos, educadores de primeira
linha e líderes cristãos que dessem um depoimento sobre música. Pedi-
lhes que fizessem um comentário sobre os perigos que a música evangé-
lica corre hoje em dia. Devemos fazer concessões na área musical? Será
que conquistaremos o mundo se usarmos sua própria música? Pedi-lhes
também que fizessem uma distinção entre o “novo som” religioso do
mundo e a música tradicional evangélica que acreditamos foi e continu-
ará sendo abençoada por Deus. O resultado está abaixo, na íntegra:
“Conquistaremos almas se imitarmos o mundo? É o que muitos
estão fazendo com a música evangélica de hoje. No entanto, isso é total-
102 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

mente desnecessário, pois a intenção de Deus sempre foi que a música


levasse as pessoas a adorá-lo. Deus não pode ser adorado com música
mundana. Outros afirmam que precisamos usar essa “nova” espécie de
música para alcançar os perdidos. Se os “alcançamos” por meios mun-
danos (e carnais) teremos de usar os mesmo recursos para que permane-
çam conosco. Que Deus ajude os fundamentalistas a não se afastarem da
música provada e aprovada. Lembremo-nos de que o Anticristo
instigará“mudanças”! R. Gene Payne, Cantor, Regente de coro, Pastor
“Em todos os aspectos da história da igreja a música usada pela
Igreja tem sido um indicador válido da espiritualidade das igrejas nas
diferentes épocas.”
A corrupção espiritual dentro do Cristianismo atual é marcada pela
falta de ênfase na importância da sã doutrina, da moral sadia, de práticas
e ética saudáveis nos negócios. Assim, é inevitável que a música espiri-
tual debilitante que propaga uma doutrina enferma e, na melhor das hi-
póteses, conceitos de vida cristã frívolos, sem conteúdo, tenham se apo-
derado de nós. Essa música apela à natureza carnal do ser humano. Ela
diverte em vez de instruir, e é aceita e defendida pelas “melhores” igre-
jas.
Dentro do espectro de música aceitável nas igrejas há lugar sufici-
ente para variedade e gostos. Não é de se esperar que as igrejas de me-
trópoles ricas culturalmente apreciem o mesmo tipo de música que as
igrejas de cidades interioranas. Ao mesmo tempo, é preciso reconhecer
que mesmo nessas cidades há um tipo de música que não se encaixa no
louvor a Deus, como também acontece nas grandes cidades. Ninguém
pode usar a desculpa de “os gostos são diferentes” para defender a músi-
ca inapropriada.
O departamento de música das igrejas fundamentalistas se tornou
o parque de diversão de Satanás. Ele pode não ter conseguido invadir a
pregação, mas, em muitos casos, se apoderou da música. Com isso, seus
desígnios subversivos contra o povo de Deus se concretizaram, e contro-
lar a língua do pastor é só uma questão de tempo.
Quando o padrão musical de uma igreja abaixa e o pastor desiste
de lutar para preservar a música espiritual produtiva, ele está abrindo as
portas da para a música que apenas diverte o auditório. A fraqueza de
caráter do pastor será exposto mais tarde em sua pregação e, talvez, em
sua conduta moral. A falta de personalidade que lhe permitiu racionali-
zar o afastamento da música sadia e edificante irá se revelar novamente
O QUE FIZERAM COM A MÚSICA DE DEUS? 103

em sua vida pessoal quando Satanás o pressionar com tentações ou quando


os crentes carnais de sua igreja forçarem-no a ser menos agressivo em
suas mensagens e menos firme em suas convicções.
O propósito da música cristã é transmitir verdades bíblicas. Assim
como é importante que o sermão seja fundamentado na Bíblia, também é
importante que a música o seja. Colossenses 3.16 adverte: “...ensinando
e admoestando uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais
com gratidão a Deus em seus corações”. Se o propósito dos cânticos é
ensinar e admoestar, então o pastor tem obrigação de fazer com que a
música de sua igreja seja espiritual, e não carnal, tanto em estilo quanto
em conteúdo. A ênfase aqui, como em Efésios 5.19, é colocada em
cânticos espirituais. Já é hora de os pastores fazerem uma limpeza na
música apresentada em suas igrejas.
Quando o pastor permite que a música carnal floresça em sua igre-
ja, só posso concluir que sua própria carnalidade está sendo refletida
naquilo que aprova. Ninguém precisa ser profundo conhecedor do as-
sunto para diferenciar a música aceitável da inaceitável. Se o pastor ca-
minha no Espírito, ele será ensinado pelo Espírito a distinguir o que é
santo. O Espírito Santo que em nós habita dará testemunho contra o que
é ímpio e pecaminoso. Não é por falta de evidência nem de entendimen-
to que os pastores dão abrigo à música mundana em suas igrejas, pois
muito já foi dito e escrito sobre o assunto. É por escolha pastoral que ela
permanece”.
Declaração de Dr. Bob Jones III Presidente da Universidade Bob
Jones.
“Estou certo de que muito do que anda acontecendo em nome da
música evangélica só facilita aos jovens em geral o acesso ao mundanismo.
A música moderna é dissonante. As letras, quase sempre, não têm men-
sagem nenhuma e são irritantemente repetitivas. Em vez de levar as pes-
soas à comunhão com Cristo e a meditarem nas verdades gloriosas do
Evangelho, leva-as a comparar o intérprete com algum astro de
Hollywood ou cantor famoso de música country.
A história nos ensina que o ouvido humano médio demora a se
adaptar a mudanças, especialmente em música religiosa, e que, goste-
mos ou não, muito do que ouvimos hoje será música bem aceita amanhã.
Mas se isso acontecer em nossas igrejas, haverá escassez de louvor ver-
dadeiro em nossos cultos”.
J. R. Faulkner Pastor e Ministro de Música
104 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

“Creio que o problema principal de muitas igrejas hoje em relação


à música é o desconhecimento sobre a influência que ela exerce em to-
das as áreas de nossa vida. No entanto, a Palavra de Deus fala claramen-
te que somos afetados pelo que ouvimos. Por exemplo, Romanos 10.17
afirma: “A fé vem pelo ouvir, e ouvir a mensagem de Deus”. Isso quer
dizer que se alguém ouve a Palavra de Deus sua fé aumentará. Por outro
lado, isso também quer dizer que se alguém ouve o que é contrário à
Palavra de Deus sua fé será abalada ou destruída. Tenho certeza de que
muitas pessoas estão perdendo a fé por causa do tipo de música que se
permitem ouvir.
Em 1João 1.1, um versículo que esclarece bem este assunto, le-
mos: “O que era desde o princípio, o que vimos com os nossos olhos, o
que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida”.
Não há dúvida de que o ouvimos e vemos são as duas coisas que mais
influenciam nossa vida. Não é interessante que os educadores chamem
de “audiovisual” este processo usado por Deus em sua Palavra? Mais
interessante ainda é o fato de que o enumeram na mesma maneira que
Deus o fez. Portanto, um jovem que afirma: “Posso ouvir qualquer tipo
de música que quiser” acredita que conseguirá violar os princípios divi-
nos sem sofrer conseqüência nenhuma.
O mais estranho sobre toda esta situação é que muitas pessoas
aceitam em forma musical doutrinas e filosofias que não aceitariam se
lhes fossem apresentadas de outra maneira. Já me espantei em ouvir jo-
vens de nossas igrejas bíblicas fundamentalistas cantando todo tipo de
heresia existencialista, humanista, pragmática e outras. De algum modo
a música os engana e leva-os a aceitar as mais diversas doutrinas que não
aceitariam de outra maneira.
Além disso, a Palavra de Deus nos ensina claramente que quando
abrimos nossa boca para elogiar alguém, também lhe abrimos nosso co-
ração. O Salmo 40.3 afirma: “Pôs um novo cântico na minha boca, um
hino de louvor ao nosso Deus”. A razão principal de abrirmos nossos
lábios e cantar em louvor a Deus é fazer com que nossos corações se
abram também. Assim, quando abrimos nossos lábios para entoar as can-
ções do mundo, estamos abrindo nossos corações para o mundo. Para
mim, isso explica o motivo de tantos jovens estarem tão afinados com o
mundo, e porque o mundo lhes parece tão atraente. Esses jovens inad-
vertidamente abriram seus corações para o mundo por intermédio da
música mundana.
O QUE FIZERAM COM A MÚSICA DE DEUS? 105

Acredito que a resposta está em nos certificarmos de que a melo-


dia e as letras que cantamos sejam bíblicas tanto em seu fundamento
quanto em sua filosofia. Tanto a mensagem quanto seu mensageiro de-
vem ser puros”. Frank Garlock Músico, cantor e compositor
“A questão central em relação à música evangélica é saber de quem
estamos tentando obter aprovação e a quem estamos tentando imitar.
Parece-me que quase todas as músicas são compostas com o desejo de
conquistar a aceitação de pessoas que alimentam sua alma com as melo-
dias mundanas que ouvem durante a semana. Quando vão à igreja, elas
não têm apetite para se alimentarem da música celestial. Desse modo,
músicos bem intencionados envolvem a mensagem do Céu na música do
mundo na tentativa de torná-la mais agradável aos paladares. Muitos
pastores fundamentalistas permitem que a programação musical de suas
igrejas faça o que eles próprios nem sonhariam em fazer com suas men-
sagens: diluir e tornar a mensagem musical mais agradável e aceitável
aos ouvintes.
Procuramos tornar a programação musical de nossa igreja algo
vivo, cheio de entusiasmo e bem evangelístico. Meu desejo é que cada
hino seja tão contundente que salvos e não-salvos ouçam a voz de Deus
claro o bastante para convencê-los ou desafiá-los a fazer a vontade de
Deus.
Todas as músicas têm como alvo principal atingir o corpo, a alma
ou o espírito. A música que objetiva o corpo é sensual, sincopada e
ritmada. A que objetiva a alma descreve situações, é bem recheada de
problemas pessoais e evidencia o ego. A música dirigida ao espírito do
ser humano é inspirativa e enaltecedora. Esta música desperta no cristão
o desejo de proclamar ao mundo todo a grandeza e majestade do mara-
vilhoso Salvador. É essa música que cantaremos no Céu. Portanto, va-
mos colocá-la em prática aqui”. Bradley Price Cantor, regente de coro e
pastor
“A música evangélica atual depara-se com dois problemas. Am-
bos são perigosos e colocam em risco a obra de Deus. Primeiro, muitos
de nós se esqueceram do objetivo da música na igreja. Em 2Crônicas 5
lemos que depois que Salomão acabou de construir o Templo e que os
sacrifícios haviam sido oferecidos, os cantores e os músicos tomara seus
lugares ao pé do altar e puseram-se a louvar a Deus. A Bíblia diz que
depois que terminaram de cantar, “uma nuvem encheu o templo do
Senhor...pois a glória do Senhor encheu o templo de Deus”. Que música
106 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

maravilhosa deve ter sido aquela! O único propósito é louvar e preparar.


Louvar a Deus e preparar os corações para a mensagem de Deus.
Segundo, muitas igrejas estão usando os ritmos “modernos” como
chamariz de multidões. No entanto, não prestam atenção nos perigos do
ritmo “incerto”. Se não podemos distinguir entre o som do mundo e o
som do evangelho, é só uma questão de tempo até nos encontrarmos na
situação que Israel se encontrou em Êxodo 32. Quando os israelitas ter-
minaram de fabricar o bezerro de ouro, Moisés e Josué perceberam que
a música que ouviam era diferente. No versículo 17, Josué pensou que o
povo estava lutando, e o versículo 18 diz que os dois não distinguiram
que som era aquele. Que pena que em nossas igrejas torna-se difícil sa-
ber se o que ouvimos é música “evangélica” ou um sucesso “do momen-
to”.
Como Davi afirma no Salmo 89.15: “Feliz é o povo que aprendeu
a aclamar-te, Senhor, e que anda na luz da tua presença”. Como necessi-
tamos de pessoas que defendam a música certa em nossas igrejas, esco-
las e lares! David F. Price Ministro de Música.
Um cantor evangélico me confidenciou que o motivo de ele ter
abandonado o rock e ter se embrenhado pela música country e a evangé-
lica é porque “isso dá grana”. Não estou nem aí para a música country e
a ouço muito raramente, mas depois de ter pregado contra o rock em
uma igreja da Carolina do Norte, uma senhora se aproximou e disse:
“Pastor, a letra do country moderno é tão suja quanto a do rock”.
Será, então, que não devemos fazer uso de nenhum tipo de música
contemporânea? Só a música antiga é boa? Não necessariamente. No
entanto, uma vez que a maioria da música de hoje é ôca, barulhenta e
própria para ser apresentada em boate, é bom redobrar o cuidado.
Então a igreja não deve fazer uso de música viva, animada, alegre
e gostosa de cantar? Claro que deve. Existem hinos mais vivos, alegres,
e animados do que estes:

“A Linda História”
“Jesus Me Transformou”
“Amigo Incomparável”
“Chamada Final”
“O Dia Glorioso”
“Bendito Cordeiro”
“Louvai”
O QUE FIZERAM COM A MÚSICA DE DEUS? 107

“Segue-me”
“Não Sei Por Que”
“Cristo pra Mim”
“Confiar em Cristo”
“Corajosos”
“Vitorioso”
“Lutar”

Todos eles são ritmados, edificantes, alegres e em compasso ani-


mado, e quando cantados de maneira correta, não se ouvirá nenhum “ba-
tuque” nem o ritmo sincopado próprio das músicas dançantes. Todos os
hinos acima mencionados são canções espirituais que transmitem men-
sagens bíblicas edificantes. O mesmo se aplica aos hinetos, já menciona-
dos previamente.
Devemos cantar com alegria e entusiasmo. Os músicos seculares
transformam em rock pesado até mesmo os hinos de conteúdo espiritual
profundo. Contudo isso não é motivo para que deixemos de cantá-los.
Lógico que não estou sugerindo que massacremos nossas igrejas com
hinos “profundamente” sacros e solenes; hinos que se arrastam sonolen-
tos.
O “Cantor Cristão” e outros estão repletos de hinos profundamen-
te bíblicos que alimentam nossas almas. Mas é preciso estar atento hoje
em dia. Examine cuidadosamente o que você está adquirindo. Alguns
hinários modernos sofreram uma “hemorragia” e perderam muitos dos
bons e velhos hinos e canções que falavam do sangue redentor de Jesus
Cristo.

A Rotina Mata
Não permita que o regente dê lugar à rotina. Alguns hinetos e hi-
nos são repetidos tantas vezes que o povo os canta até dormindo, e a
letra acaba perdendo seu maravilhoso significado. Mesmo os melhores
deles, como “Que Segurança”, “Ó Mestre, o Mar se Revolta”, “Já Reful-
ge a Glória Eterna” podem se tornar corriqueiros se forem cantados “até
a morte” porque o dirigente não passa tempo em oração, consultando a
Deus sobre a música a ser apresentada, nem pesquisando hinos novos ou
que não tenham sido cantados há algum tempo.
Não deixe de lembrar à igreja, e especialmente aos regentes e can-
tores, sobre a importância da música na adoração e no louvor a Deus, na
108 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

edificação pessoal e no testemunho do Evangelho aos não-salvos pre-


sentes aos cultos.
Gosto não se discute, mas há muita coisa boa por aí em matéria de
música evangélica; hinos e hinetos que não comprometem nossa fé.
Mesmo nas igrejas sem muita cultura musical é possível ao pastor ou ao
regente despertar no rebanho o gosto pelos belos e edificantes hinos que
glorificam a Deus e exaltam Suas verdades.
Você e sua igreja podem preferir quartetos a solos; conjuntos co-
rais a duetos. Não importa qual seja a preferência, procure oferecer sem-
pre o melhor para Deus. Não abaixe seu padrão musical só para atrair as
multidões.
Para entendermos a importância que Deus dá à música e aos can-
tores, leiamos 1Crônicas 9.33: “Os cantores, chefes de famílias levitas,
permaneciam nas salas do templo, e estavam isentos de outros deveres,
pois dia e noite se dedicavam à sua própria tarefa”!

Rock na Igreja?
É preciso admitir que nem todas as músicas pobres, vazias e mal
feitas que ouvimos nas igrejas são rock. No entanto, por mais estranho e
inacreditável que pareça, ele está se esgueirando para nosso meio. Cada
vez mais os pastores se deparam com esta pergunta: “O que há de errado
com o rock e seu ritmo?”
Jery Rubin afirma: “A energia selvagem e furiosa do compasso do
rock corre violentamente em nossas veias. O ritmo alucinante desperta
paixões reprimidas. O rock-and-roll marcou o início da revolução!”
O Dr. David Noebel escreve: “Rock evangélico é tão coerente
quanto “círculo cristão de maconha”, “promiscuidade cristã” e “porno-
grafia cristã”.
O Dr. Ronald Sprangler, professor de medicina na Inglaterra, afir-
ma que, com toda probabilidade, a música pop é culpada pela obsessão
dos adolescentes por sexo.
Bob Larson diz: “O rock evangélico tem o mesmo ritmo e o mes-
mo som que os não-crentes associam com a promiscuidade sexual”.
O Dr. Noebel disse ainda: “A igreja está abrigando no peito uma
forma de música que não leva os adoradores a se concentrarem em Deus,
mas nos genitais, que é exatamente o que o antigo paganismo fazia...uma
espécie de fornicação espiritual. O rock evangélico não é espiritual; ele
é erótico”.
O QUE FIZERAM COM A MÚSICA DE DEUS? 109

As citações abaixo me foram enviadas por um jovem que estudou


sobre a influência devastadora causada pelo rock:
Um músico de Nova Iorque afirmou o seguinte: “Se a sociedade
entendesse o significado da música atual – não o significado das pala-
vras, mas da própria música – ela não apenas lhe viraria as costas como
a baniria para sempre. A sociedade destruiria todos os discos e fitas e
poria na cadeia qualquer pessoa que tentasse ouvi-la”.
Frank Zappa, integrante da banda “Mothers of Invention”, decla-
ra: “O som estridente e as luzes incandescentes são ferramentas doutri-
nárias poderosas; a combinação certa de freqüências sonoras pode mo-
dificar a estrutura química do ser humano. Se a cadência de certos com-
passos faz as pessoas baterem os pés, qual será o ritmo que as faria fe-
char os punhos e socar?” Observação: Frank Zappa tem mestrado em
música.
Paul Canter, do grupo “Jefferson Airplane”: “O propósito do novo
rock é aumentar a distância entre as gerações, alienar pais e filhos e
preparar os jovens para uma revolução”.
Platão (em “A República”): “A introdução de uma nova espécie
de música deveria ser evitada por colocar em perigo o estado como um
todo.”
Ao dirigir-se aos governantes, num esforço de banir toda música
de caráter efeminado e licencioso, Platão sentenciou: “Ela destruirá nos-
sa nação”.
Lênin, (ditador da USSR): “Temos de modificar a cultura de uma
nação se a quisermos comunista”.
Depois que minha mensagem intitulada “A Morte do Rei do Rock”
apareceu em The Sword of the Lord, logo após a morte de Elvis Presley,
recebi cartas revoltadas de seus defensores; claro que nenhuma delas
estava fundamentada nas Escrituras. Um dos remetentes, que se propu-
nha a me “esclarecer” quanto ao rock, pelo menos deixou claro o que
pode acontecer quando essa música entra na igreja: “Vi e ouvi essa coisa
pela primeira vez na década de 30, quando minha mãe praticamente me
arrastou para uma embalada reunião pentecostal. Se você quiser ouvir
um rock “dos bons”, vá a uma dessas orgias espirituais. Foi NUMA
DELAS que o falecido Elvis ouviu e aprendeu a tocar e cantar rock. Se
você tem necessidade de julgar alguém, julgue e condene essa influên-
cia”.
Pastores, mantenhamos o Diabo em forma de música longe de
nossas igrejas!
110 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER
111

Capítulo 8
PREGUE UM SERMÃO!
“Pregue a palavra!” é uma ordem de Deus ao pregador. Se não
ensinarmos a Palavra de Deus aos nossos ouvintes, estaremos perdendo
nosso tempo e desperdiçando o deles. “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir
pela palavra de Deus” (Romanos 10.17).
Se o pastor não encorajar, esclarecer e exortar seu rebanho e nem
lhe der o alimento espiritual, este livro não tem valor nenhum.
Os ouvintes devem sair dos cultos transformados, muito melhores
do que eram quando entraram. Mas esta transformação não acontecerá
se não ouvirem a mensagem que vem do Céu. “Há alguma palavra da
parte do Senhor?”, perguntou Zedequias em Jeremias 37.17, e o velho e
afligido profeta de Deus respondeu: “Há”! Paulo não poderia se olhar no
espelho, caso não pudesse afirmar: “Estou inocente do sangue de todos.
Pois não deixei de proclamar-lhes toda a vontade de Deus” (Atos 20.26-
27). Essa era a proclamação de Paulo – “toda a vontade de Deus”. O
apóstolo esfregou o Livro na cara deles!

Prepare-se Para Pregar


Suas mensagens serão preparadas com mais facilidade se seu co-
ração estiver preparado. Prepare-se para pregar. Como? Vivendo
santamente por meio da oração e satisfazendo seu próprio coração com
a Bíblia antes mesmo de pensar no que falar aos seus ouvintes.
“Ele caminha com Deus”, explicou-me um jovem a caminho de
uma igreja na Pensilvânia, onde eu iria pregar. Ele estava falando de seu
pastor. Outra ovelha desse mesmo pastor afirmou: “Ele é um homem de
visão”. As duas afirmações são verdadeiras. Nem é preciso dizer que
esse jovem pastor, que já levou centenas de pessoas a Cristo e batizou
milhares delas, é um homem bem sucedido em suas pregações porque se
entregou primeiro a Deus.
112 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Seja um Ministro de Primeira!


Sua igreja talvez não o veja como um “cara legal”, nem como um
excelente construtor, nem como um orador de primeira, nem como um
administrador talentoso. Não importa o que pensem, certifique-se de que
o vejam como um homem de Deus! Nada substitui esta qualidade. Seja
um ministro de primeira!
Alguém definiu desta maneira um certo pregador cheio do Espíri-
to: “O homem prega como se Deus estivesse bem ao seu lado”. Nunca se
esqueça disso. Você é um representante Dele! Ao pregar a verdade, é a
verdade de Deus que você está pregando. Nunca se desculpe por isso!
Transmita ao povo o que Deus diz. “Diga-lhes tudo o que eu lhe ordenar;
não omita uma só palavra”, foi a ordem de Deus a Jeremias (Jeremias
26.2). Observem o imperativo “não omita uma só palavra”, ou seja, não
a dilua, não suavize a verdade, não coloque ungüento no câncer do peca-
do.
Ninguém gostou do que o profeta disse. As pessoas estavam a ponto
de matar Jeremias depois da mensagem e “todo o povo se juntou contra
ele”. No entanto, o profeta havia sido íntegro e manteve-se fiel à sua
chamada de pregador. Deus não nos chamou para vencer um concurso
de popularidade; ele nos chamou para que fôssemos seus profetas!
No entanto preciso esclarecer uma coisa. Embora o pastor tenha
de ser destemido e fiel, ele não precisa rugir como um leão no púlpito,
sempre caçando briga, pronto a deixar todo mundo louco. Não seja irri-
tante. Não tente provar que você pode ser insuportável ao último grau.
Faça questão de que seus ouvintes entrem em crise por causa da mensa-
gem, não por sua causa e teimosia, e porque você é intratável.
Seu auditório pode até mesmo dizer “Ah, gente!” em vez de “A-
mém!”, mas desde que as pessoas tenham ouvido a verdade, como vinda
de Deus, e saibam que você a transmitiu fielmente porque ama seu povo
tanto quanto ama a Deus, elas agüentarão a mensagem. Devemos pregar
os imperativos de Deus com os corações abrasados. “Não nos queimava
o coração, enquanto Ele nos falava?” Se nosso coração estiver em brasa,
o de nosso rebanho também estará.

Seja Perfeccionista na Preparação


Gaste o tempo que for necessário para receber a mensagem vinda
de Deus; prepare-se e esforce-se para que ela seja eficaz; chore por ela;
ore por ela; recheie-a com boas ilustrações; guarneça-a com dardos que
PREGUE UM SERMÃO! 113

atinjam e abram as feridas do pecado. Depois as unte com o bálsamo de


Gileade para que a transformação feita pela graça de Deus e pela lava-
gem do sangue de Cristo produza a cura completa no final da mensagem.
Sei que um sermão pode ser tão perfeito, polido, elaborado e exa-
to que, ao ser transmitido, fica parecendo um “sino que soa “ e um
“címbalo que retine”. No entanto isso não é desculpa para sermos pre-
guiçosos. Nada impede que preparemos um sermão edificante, claro,
bem esboçado, com ilustrações apropriadas e, mesmo assim, tenhamos a
liberdade do Espírito e o poder de Deus para transmiti-lo.
A mensagem poética e bela também pode ser apresentada com
poder e boa oratória. Muitos pregadores dão prova disso.
Contudo, se você não tem o dom da eloqüência ou da oratória, não
tente pregar dessa maneira. Muitos pastores adquiriram eloqüência por
meio da prática e com a experiência e maturidade. Essas coisas não se
aprendem nos livros. Seja natural, genuíno e sincero, e Deus o moldará
no pregador que ele quer que você seja.
Mas é preciso aumentar o vocabulário. Leia muito. Leia os ser-
mões dos grandes pregadores como Spurgeon, Moody e outros. Apren-
da a colocar as palavras certas nos lugares certos. “Como maçãs de ouro
em salvas de prata, assim é palavra dita a seu tempo” (Provérbios 25.11).
Se você agradar seus ouvintes com um sermão bem apresentado, eles
aceitarão mais facilmente as verdades penetrantes que tiverem de escu-
tar.
Grave suas mensagens de vez em quando e ouça-as depois. Você
descobrirá que sua voz não é tão agradável quanto pensava, a apresenta-
ção não é tão convincente, as ilustrações não esclarecem muito e o esbo-
ço não é a maravilha que você pensava. Depois de chorar e orar e espe-
rar no Senhor, você se sairá muito melhor na preparação do próximo
sermão.
Prepare suas mensagens durante a semana. Não deixe para a últi-
ma hora, e se possível, nem mesmo para dois dias antes. As emergências
acontecem, naturalmente, mas aprenda a estar um passo à frente delas.
Se a situação for realmente calamitosa, pode ter certeza de que Deus
encherá sua boca com palavras de mensagens já apresentadas. No entan-
to, isso não acontecerá se você tão somente se ocupou de coisas sem
importância ou foi preguiçoso e ficou “na flauta” durante a semana.
O mundo não vai se acabar se você cometer um erro. Outras pes-
soas já erraram antes de você. Aprenda a rir de si mesmo, e não fique
114 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

magoado se os outros rirem também. Eles podem até acabar descobrin-


do que, afinal, você é um ser humano!
Não copie ao pé da letra as mensagens de outros pastores, contudo
não há mal nenhum em se inspirar nas idéias e sermões de obreiros dedi-
cados. No início do pastorado, a maioria de nós não saberia por onde
começar nossos sermões, não fosse por Sword of the Lord (“Amigão do
Pastor”, no Brasil) ou outros bons periódicos evangélicos. Num domin-
go de manhã, um conhecido pregador de rádio da Flórida pregou um
sermão que eu havia acabado de ler num livro sábado à noite! Depois de
um famoso conferencista ter pregado uma das melhores mensagens que
eu já havia ouvido sobre Davi, encontrei-a (quase que palavra por pala-
vra) num livro antigo de sermões! Se você decidir pregar o sermão de
outro pastor, pelo menos use suas próprias ilustrações. Assim que você
sair do á-bê-cê pastoral, comece a redigir seus próprios sermões. Devo
confessar que algumas das mensagens que preguei no início de meu mi-
nistério se encaixavam também com meu estilo que até hoje – muitos
anos depois – fico na dúvida sobre quais eram minhas e quais eram
emprestadas de outros pastores. Isso quer dizer que ainda posso “dar um
fora”!
Tenho notado partes de sermões de alguns pregadores famosos em
mensagens de outros famosos. Portanto não se sinta envergonhado de
procurar ajuda em mensagens alheias.
Já lucrei muito com a lógica, a clareza, o senso de humor, a ternu-
ra, a simplicidade, a dinâmica, a eloqüência e a aliteração de muitos
pregadores renomados. Será que podemos afirmar que nosso sermão é
inteiramente nosso?

Memorize a Palavra
Nada o ajudará mais na pregação do que a memorização de gran-
des partes da Bíblia. Eu memorizei 1.500 versículos nos três primeiros
anos após minha conversão a Cristo. E quando comecei, nem pensava
em ser pastor! Se você conseguir puxar da memória centenas de versícu-
los (sem ter de procurá-los na Bíblia), além de ganhar tempo também
poderá rechear suas mensagens com a verdade, abençoar seus ouvintes e
dar brilho e autoridade a tudo o que disser. Tenha sempre nos bolsos
fichas com versículos e revise-os constantemente. Você ficará surpreso
em ver quantos deles podem ser transformados em esboços de mensa-
PREGUE UM SERMÃO! 115

gens.
Não memorize apenas versículos. Poemas, citações inteligentes e
ilustrações bem elaboradas ajudam muito na pregação. Estude as pala-
vras e estude as pessoas. Leia bastante. Saia a ganhar almas para Cristo.
Se você se mantiver abrasado por Cristo durante a semana, suas mensa-
gens serão ainda mais quentes aos domingos.
Pregue sempre que tiver oportunidade. Mesmo que seja para um
grupo pequeno no asilo, na cadeia ou na praça; toda vez que você pregar
estará se aprimorando nessa maravilhosa arte. Aproveite as pequenas
oportunidades e Deus lhe dará grandes oportunidades.
Use aliteração, se funcionar para você, mas não gaste todo seu
tempo tentando combinar palavras só para impressionar seu público com
uma mensagem extremamente bem elaborada.

Os Títulos Ajudam
Se Deus o inspirar com bons títulos, use-os. No entanto, se você já
sabe sobre o que vai pregar, siga adiante e prepare a mensagem; o título
pode vir em cima da hora.
Os títulos são excelentes meios de propagar suas mensagens. “A
maior história de amor desse mundo” foi o título de uma mensagem do
Dr. Lee em João 3.16. “É pecado sofrer adiantado”, baseado no versícu-
lo “Basta a cada dia o seu próprio mal”, foi o título de um sermão de
Talmage. Quando os astronautas estavam dando os primeiros passos em
direção á Lua, preguei uma mensagem intitulada “A caminhada espacial
na Bíblia” que falava sobre o arrebatamento. Certa vez preguei uma
mensagem sobre procrastinação, inspirada em Faraó quando ele disse
“Amanhã”. A mensagem ficou na memória de meus ouvintes. Eles nem
sempre se lembram de meu nome ou de meu rosto, porém se lembram da
mensagem intitulada “Mais Uma Noite Com os Sapos!”
Os sermões que ensinam “como...” fazem sucesso. “Como ser in-
crivelmente feliz”, “Como ganhar almas”, “Como ter um lar feliz”, “Como
entender a Bíblia”, “Como ser cheio do Espírito”, “Como saber a vonta-
de de Deus”. Certifique-se, porém, do que a Bíblia ensina a respeito
desses assuntos, a não ser que você já os conheça por experiência pró-
pria.
Minhas mensagens mais eficazes foram inspiradas em tragédias e
acontecimentos à minha volta. Muitas dessas situações abrem as portas
para que as verdades bíblicas sejam apresentadas. Sermões assim atra-
116 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

em um grande número de pessoas, e são fáceis de ser noticiados. Eles


prendem a atenção das pessoas.
“O que matou Marilyn Monroe” foi o tópico de meu sermão logo
após a morte, por overdose, da deusa do sexo do cinema. Esse foi o
título; o pecado foi o assunto!
“Saias curtas e cabelos hippies” (que virou livro) foi um sermão
que lidava com a moda esquisita que invadiu a sociedade no início da
década de 70 e sobre o que a Bíblia tinha a dizer sobre o assunto. O livro
continua abrindo os olhos do pessoal.
“Como ter certeza de que Deus continua vivo” atraiu a atenção do
público depois que extremistas religiosos decidiram celebrar a morte do
Todo-Poderoso.
Essas mensagens edificaram muito quando foram pregadas, e muitas
foram publicadas mais tarde. Portanto, o trabalho, a pesquisa e o estudo
valeram a pena!

Sermões Seriados
Descobri que os sermões seriados são muito interessantes especi-
almente para os cultos de domingo de manhã. As passagens mais notá-
veis da Bíblia, seus grandes heróis, textos incomuns, epitáfios, mensa-
gens sobre a segunda vinda de Cristo, respostas de oração, mulheres da
Bíblia, profecias messiânicas, mistérios bíblicos, namoro, noivado e ca-
samento, vida de vitórias, histórias de sucessos, tragédias no meio da
noite – estes são alguns assuntos sobre os quais preguei em meu pastorado.
Geralmente a série não deve durar mais de dois meses. Raramente
levei mais tempo pregando sobre um assunto, pois não queria que a igre-
ja ficasse enfadada e perdesse o interesse.
A pregação expositiva – do começo ao fim de um livro – é outro
jeito de manter as coisas em movimento, seja no domingo de manhã ou
à noite, e ela também lhe dá a possibilidade de ir além dos dois meses
acima mencionados. Isso também é verdade em relação aos cultos da
semana. Mas preste atenção no auditório. Se o grupo começar a dimi-
nuir e o interesse a desaparecer, interrompa a série ou adie seu final, e
mude-se para pastos mais verdejantes. No entanto, as mensagens em
série são importantes. Você e seu auditório se beneficiarão de seus estu-
dos aprofundados na Palavra. Os bons comentários serão de grande aju-
da nesse estilo de mensagem. Os livros de sermões de Spurgeon e outros
que retiravam tudo o que podiam da Bíblia serão de ajuda inestimável.
PREGUE UM SERMÃO! 117

Outro benefício da mensagem expositiva é que você já sabe qual


será o assunto do sermão do próximo domingo, e não precisa “queimar
as pestanas” durante a semana tentando decidir sobre o que falar. Porém,
mesmo com seriados, é importante que cada sermão tenha seu objetivo
próprio e um bom título, se possível. Desperte o apetite do auditório
para a mensagem do próximo domingo. Não deixe que o interesse dimi-
nua. Seu próprio entusiasmo deve ser alimentado. Se você não se empol-
gar com o que está descobrindo na caixa do tesouro que é a Bíblia, seus
ouvintes também não se empolgarão.

Estude em lugar sossegado


Afaste-se do barulho e das distrações. Poucos pastores conseguem
produzir muito em um escritório onde há gente indo e vindo o tempo
todo e onde o telefone toca sem parar. Explique a sua esposa e/ou secre-
tária que esse horário de estudo é muito importante e peça-lhes que o
ajudem a mantê-lo com unhas e dentes.
Faça anotações do que ler. Não perca o rumo das coisas. Separe as
ilustrações. Grafe e recorte. Arquive o material no lugar certo. Talvez
você reúna mais do que o necessário para o sermão do próximo domin-
go, no entanto é melhor sobrar do que faltar. Dez minutos antes dos
cultos, eu ainda estava reduzindo as ilustrações da mensagem. Algumas
das ilustrações do sermão deste domingo se encaixarão melhor no ser-
mão de domingo que vem. Não diga tudo o que aprendeu só porque
planejou dizê-las hoje. Nada será perdido. Você poderá usar esse mate-
rial mais tarde, a não ser que Deus lhe dê coisas novas. Tenho certeza de
que o Céu não vai desabar se você não disser tudo o que planejou dizer.
Ore antes de iniciar seus estudos. Jamais se esqueça de Deus quan-
do estiver preparando suas mensagens. “Se o Senhor não edificar a casa
(o sermão), em vão trabalham os que edificam.”
Caminhe um pouco durante o estudo. Vá respirar um ar fresco ou
tome um copo de água fria para limpar as teias de aranha do cérebro. Se
ficar sonolento ou meio grogue, uma soneca de 10-15 minutos ali mes-
mo no carpete do escritório poderá ressuscitá-lo. É melhor dormir uns
minutinhos e estar alerta durante a preparação da mensagem do que ver
o auditório cochilando enquanto você prega. Aos sábados, eu passava
horas em meu gabinete. Desconfio que muitos de meus sermões de do-
mingo foram salvos porque me levantava a cada uma ou duas horas para
ajeitar a mangueira de água no jardim. Aquele pouco de ar fresco e exer-
118 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

cício me deixavam prontos para mastigar os bocados mais difíceis e cla-


reavam-me o cérebro.

Use o dicionário e…
Procure as palavras. Pronuncie-as corretamente. Se não souber,
pergunte. Observe. Faça anotações. Um bom dicionário da língua portu-
guesa, um dicionário bíblico, uma concordância bíblica, um dicionário
de sinônimos e antônimos, um dicionário de regência verbal e nominal –
todos são importantes para o pastor e suas mensagens. Até os dicionári-
os de rimas são úteis. Qualquer boa livraria os possui.
Quando for pregar sobre acontecimentos atuais e temas proféti-
cos, leia as boas revistas de notícias nacionais e estrangeiras. Os jornais
diários estão repletos de boas ilustrações. Não deixe de ler os periódicos
evangélicos.
Livros devocionais para a família produzem excelente material para
mensagens. No entanto, use mas não abuse, principalmente se as ilustra-
ções forem muito antigas. Os acontecimentos do cotidiano são mais apro-
priados e atualizados.
A Bíblia, naturalmente, está repleta de ilustrações, e quanto mais
familiarizado você se tornar com ela, mais estes materiais de primeira
qualidade virão em seu socorro. E não se esqueça de que a Bíblia é o
melhor comentário sobre a Bíblia.

Equipe sua sala cirúrgica


Não se apegue tanto à suas mensagens a ponto de ter pena de dece-
par alguma coisa, se achar que o sermão está longo demais. Revise o
sermão e veja o que é realmente dispensável. (Enterre o excesso na cova
mais próxima!)
A esposa de um senador americano que se tornou conhecido pelos
discursos infindáveis disse-lhe: “Sabe de uma coisa? Seus discursos não
precisam ser eternos para serem imortais”. Este é um bom conselho para
os pastores também. É melhor parar enquanto o auditório está pedindo
mais do que continuar quando ele deseja que você já tivesse parado.
Quem tem menos a dizer são exatamente os que mais gostam de
falar. Em verdade, precisamos estudar muito mais na preparação de um
sermão curto do que na preparação de um sermão longo.
Invista tempo na preparação. Levante mais cedo ou durma mais
tarde , seja lá o que for mais conveniente, pois um pastor mal preparado
PREGUE UM SERMÃO! 119

não precisa nem se perguntar o porquê de suas ovelhas estarem saindo


desanimadas a procura de pastos mais verdes. Se você gastar tempo se
preparando bem, não ficará preocupado com o tamanho do sermão.

“Pregue a tempo e fora de tempo”


Esta foi a recomendação de Paulo, o pregador por excelência. Pre-
gue a Palavra, não se esquecendo de que todo o Evangelho está contido
na Palavra, mas que nem toda a Palavra está no Evangelho. Algumas
pessoas dizem que seus pastores só pregam o “Evangelho”. O que estão
mesmo afirmando é que não estão sendo alimentados com a carne e os
nutrientes das verdades da Bíblia. É evidente que alguns pastores acham
mais seguro ficarem conhecidos como “pregadores do evangelho”, e se
vangloriam no fato de pregarem só “a Cristo, e a ele crucificado”.
Embora Paulo tenha afirmado que devemos “pregar a Cristo, e a
Ele crucificado”, o apóstolo não disse que esta deve ser nossa única
mensagem! “Propus-me a não lhes ensinar outra coisa a não ser” não
significa que o apóstolo tenha ignorado o resto da Bíblia. Ele usou a
Bíblia toda para ensinar de Jesus. E, por falar nisso, é preciso que use-
mos a Bíblia toda para exaltar a Cristo!
Transmita todos os ensinos de Deus. Um velho pastor ensinou:
“Vá para o púlpito de malas prontas”. Ou seja, não se deixe intimidar
por nada. Não tenha medo de pregar a verdade. Antes de pregar contra o
pecado, não observe o auditório para quem está presente. Todos preci-
sam ouvir essa mensagem! “Não temas diante deles; porque eu sou con-
tigo” (Jeremias 1.8). “Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua
voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à
casa de Jacó os seus pecados”, foi isso que Deus ordenou a Isaías (58.1).
Pregue contra o pecado. “Os seus pecados”, não só os pecados dos dias
de Ezequiel e de Isaías. Alguns pastores acham que falar contra o peca-
do é dar uma olhada feia para uma garrafa de pinga de vez em quando ou
dar uns berros contra a jogatina e o crime organizado uma vez por ano.
Desse jeito, muitos pastores “pegam o bonde errado”, já que, pro-
vavelmente, não são muitos os membros de nossas igrejas que estão no
ramo de bebidas alcoólicas, e é bem possível que nenhum seja dono de
cassino ou chefe do crime organizado. “…anuncia ao meu povo a sua
transgressão”: luxúria, avareza, cobiça, inveja, ciúme, fofoca, palavrões,
calúnia, orgulho, mundanismo, imoralidade – estes são alguns dos peca-
120 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

dos do povo Dele.


O povo de Deus precisa “se converter de seus maus caminhos”
para que Ele possa reavivar e sarar nossa terra (2Crônicas 7.14). Há
homens cabeludos cantando em nossos corais, recolhendo dízimos e tra-
balhando com os jovens simplesmente porque muitos pastores se aco-
vardam na hora de clamar contra esse traço feminino e costume munda-
no, que se tornou popular nas cabeças dos seguidores de Satanás. Pode-
mos dizer o mesmo a respeito da música contemporânea alucinada, da
moda feminina escandalosa, das mulheres que vão à igreja de calças
compridas, dos membros da igreja que não saem do cinema ou teatro,
dos diáconos fumantes, e outras concessões mundanas dentro da igreja.
O ser humano é falível e o coração de todas as pessoas é fraco e engano-
so por natureza (Jeremias 17.9). Portanto, os cristãos não terão vidas
limpas, separadas e mais elevadas que o padrão mundano se não pregar-
mos contra o pecado e não instruirmos o rebanho em justiça!
O trabalho do pastor será bem mais fácil nessa área se ele oferecer
boa literatura aos membros da igreja, e certificar-se de que os professo-
res da EBD e os líderes de jovens possuem alto padrão moral. Assim,
você formará, gradualmente, uma igreja que lutará em defesa de suas
convicções porque elas também serão as convicções da igreja. Convide
conferencistas que preguem a verdade, e seu povo entenderá que você
não é o único “destrambelhado” do planeta! Aprenda com a leitura de
revistas e jornais evangélicos, e depois transmitas os ensinos à igreja.
Naturalmente que a Bíblia é o livro que melhor ensina sobre a vida cristã
e a separação do mundo. Aproveite ao máximo as grandes verdades da
Bíblia. Empenhe-se em memorizar versículos como 1João 2.15-17; Tiago
4.3-4; Gálatas 1.4; 2Coríntios 6.14-17; 2Coríntios 7.1; Gálatas 5.16;
Efésios 5.15-18; Efésios 6.12; Filipenses 3.18-19; Colossenses 3.1-6;
1Tessalonicenses 5.22; Tito 2.12-14. As pessoas podem não se agradar
da mensagem contra o pecado só porque você a pregou, no entanto as
verdadeiramente honestas terão dificuldade em argumentar contra esses
versículos bíblicos.
Contudo, não se esqueça de que a verdade deve ser dita em amor.
Não berre nem esmurre o púlpito. Pregue com amor intenso e verdadeiro
por Deus e seu povo, “servindo ao Senhor com toda humildade e com
lágrimas, sendo severamente provado” (Atos 20.19).
Mantenha o equilíbrio, a segurança e a coerência. “Pregue a tem-
po e fora de tempo”. Persevere; não desanime.Tenha bom senso ao lidar
com o rebanho. Não traia a confiança de suas ovelhas. Use exemplos
PREGUE UM SERMÃO! 121

tanto da Bíblia quanto das situações à sua volta para ilustrar o que o
pecado faz conosco. Dessa maneira, a igreja aceitará mais prontamente
suas mensagens puras e verdadeiras contra o pecado.
Não perca o senso de humor. Sorria. Equilibre suas pregações contra
o pecado com mensagens sobre a vida cristã. Incentive e conforte suas
ovelhas. O excesso de mensagens negativas pode voltar-se contra você
mesmo. Devemos nos separar do mundo, mas devemos nos separar para
o Evangelho de Deus (Romanos 1.1).
Leve os membros de sua igreja a trabalhar para Deus e a ganhar
almas para Cristo e você perceberá que seus costumes mundanos cairão
como frutas podres quando a árvore é balançada.
Não pregar contra o pecado é desobedecer a Deus, é desonrar e
negligenciar uma boa parte da Bíblia, é enfraquecer a influência da igre-
ja, é derrotar a vida espiritual de seu povo e dificultar bastante o trabalho
do pastor que porventura venha a substituir você. Muitos pastores vivem
numa batalha crescente porque pregam contra o pecado e muitas igrejas
se dividem porque o ex-pastor se recusava a falar sobre o assunto e a
guiar o povo num viver cristão santo.
Não tenha medo de cara feia, contudo não provoque as pessoas
nem espere o pior de seu rebanho. Se você tentar endireitá-las na base da
carne, elas se tornaram mais tortas do que antes! Pregue a Palavra, repre-
enda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. (Leia 2Tinóteo
4.2). Deixe que a Bíblia endireite as pessoas!

Personagens da Bíblia
Se pregar sobre personagens da Bíblia, você terá muito que dizer à
sua igreja sobre a vida de outras pessoas. Ponha suas mãos em biografias
bíblicas escritas por gente que entende do assunto. Seu rebanho verá o
pecado de adultério na vida de Davi, de orgulho na de Saul, de
mundanismo na de Jezabel, de concessões na de Ló, inconsistência na
de Sansão, ódio na de Caim, arrogância na de Hamã e de cobiça na de
Geazi.
Por outro lado, muitos personagens da Bíblia nos ensinam lições
preciosas quando estudamos sobre a paciência de Jó, a sabedoria de
Salomão, a obediência de Abraão, a consagração de Enoque, a fidelida-
de de Noé, a dedicação de Ester, a diligência de Neemias, a pureza de
José, a coragem de Daniel, a fé de Davi e a bravura de Elias!
122 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

A Poesia e o Sermão
Até onde a poesia ajuda na pregação de um sermão? Depende do
sermão, do pregador e da poesia. Usar um poema só por usar dá bem
pouco resultado. O objetivo de um poema deve ser esclarecer um ponto,
dar beleza ao que está sendo ensinando, culminar o sermão ou uma parte
dele. O alvo não é mostrar ao público que o pastor conhece inúmeras
poesias.
Alguns pastores têm habilidade para memorizar e recitar poesias
com muito sentimento e entusiasmo. Outros são tão monótonos que dá
pena. Poucos são bem sucedidos e abençoados na leitura de poemas.
Alguns lêem tão mal que é melhor deixar a poesia totalmente fora da
mensagem.
A poesia também deve ser apropriada ao tema. O assunto merece
um capítulo à parte ou até mesmo um livro que fale sobre seu uso em
sermões. Se você planeja usar poemas em suas mensagens, pratique até
que a leitura seja natural e que expressões e gestos estejam adequados.
Memorize e repita as poesias até que possa declamá-las com sentimento
e gestos apropriados. Algumas pessoas não gostam de poesias de jeito
nenhum, e não ficarão nem um pouco impressionadas a não ser que
complementem muito bem as mensagens e sejam declamadas com tanto
sentimento e expressão que atinjam em cheio o coração e a alma.
Alguns hinos, declamados, serviriam de belíssimas ilustrações para
nossas mensagens . Além da literatura evangélica, aproveite-se dos clás-
sicos brasileiros e estrangeiros.
Ofereça preciosidades e você sempre terá um auditório pronto a
ouvir suas mensagens. Não importa o quanto você saiba nem o quanto
tenha estudado; o alimento espiritual precisa ser servido aos ouvintes!
Aprenda a caminhar com os próprios pés e “não dê moleza” ao
Inimigo. Fale perto do microfone para que todos ouçam bem o que você
diz. Alguns pastores abaixam a voz na hora errada e estragam a “frase de
efeito”. Não ande para lá e para cá no púlpito, se não quiser que metade
de suas palavras se perca no ar. Já participei de reuniões em que o audi-
tório precisava se esforçar ao máximo para ouvir o pregador. Em outras
ocasiões, as pessoas protegiam os ouvidos e se encolhiam nos bancos
enquanto a mensagem retumbava a todo volume dos alto-falantes e da
garganta do pregador. O auditório logo mostrava sinais de cansaço fren-
te ao assalto verbal que seus tímpanos sofriam.
PREGUE UM SERMÃO! 123

Não crie hábitos que distraiam a atenção de seus ouvintes. Infeliz-


mente é bastante fácil ao pastor desenvolver maneirismo que irritam o
público. Assoar o nariz, ajustar os óculos, socar o púlpito, mexer as ore-
lhas, coçar a cabeça e limpar a garganta talvez seja necessário de vez em
quando, no entanto podem irritar e distrair o auditório se forem repeti-
dos constantemente. Agradeço a Deus por uma esposa que gentilmente
me chama a atenção quando estou caindo num desses hábitos
exasperantes. Qualquer pastor pode adquirir algumas “peculiaridades”,
caso a esposa ou outra pessoa de confiança não o mantenha na linha.
Oro constantemente antes da mensagem para que Deus não me
deixe fazer nada que leve o auditório a se concentrar em mim em vez de
na mensagem. Peço também para não dizer nenhuma bobagem sem que-
rer.
Preste atenção nos gestos, hábitos e maneirismos de pastores e
conferencistas, e coloque-se no lugar de seu próprio auditório.
Esboce a mensagem para que a apresentação seja eficiente e clara.
O esboço oferece aos ouvintes cabides onde pendurar suas idéias. Além
disso, você não perderá o rumo durante o sermão. Mas não faça um
esboço tão grande e rebuscado que cause a maior confusão na cabeça
dos ouvintes. Se você quer enfatizar vinte aspectos de um assunto, é bem
melhor reduzir o esboço para quinze aspectos distribuídos em quatro ou
cinco divisões. Os ouvintes se lembrarão mais facilmente dos quatro
pontos e ainda sofrerão o impacto dos outros dezesseis que você queria
lhes apresentar!
Bater no púlpito pode causar problemas, especialmente se houver
um microfone perto. O auditório se encolherá não tanto por suas pala-
vras como pelo “baque” que as acompanha e fere os ouvidos alheios.
Ficar se repetindo é outro hábito irritante. Alguns pontos da men-
sagem precisar ser enfatizados, contudo não exagere. Por outro lado, se
pregar sobre personagens da Bíblia ou utilizar diversos versículos para
desenvolver um tema, você será bem sucedido na mensagem.
Use as mãos com naturalidade durante a pregação. Movimentar os
braços, apontar o dedo, agarrar-se ao púlpito como se estivesse fazendo
flexões são gestos que logo cansam o auditório. No entanto, as mãos
podem ser grandes auxiliares na ilustração da mensagem. Estendê-las
com as palmas para cima é um excelente complemento ao versículo:
“Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos”. Gesticular as
mãos vigorosamente para baixo é um ótimo gesto para o versículo:
124 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

“Apartai-vos de mim, malditos”. Ao descrever a tempestade no Mar da


Galiléia, olhe para cima e, quem sabe, seus ouvintes não ficarão a obser-
var o teto à espera de raios e trovões? Ao citar: “Assim como o oriente
dista do ocidente, assim “ele afastou de nós as nossas transgressões”,
faça um movimento ligeiro com as mãos nesses dois sentidos para
exemplificar o versículo.
Se não puder usar as mãos com naturalidade, é melhor deixá-las
em cima do púlpito ou ao lado do corpo para evitar o hábito de brincar
com as chaves que estão no bolso, torcer o lenço ou outro igualmente
irritante.
Não é pecado imitar os gestos dos grandes evangelistas ou de al-
gum pastor que admiramos – desde que os gestos “caiam bem” em nós e
sejam feitos ocasionalmente, e para a glória de Deus. No entanto, é im-
portante que os gestos se encaixem com nossa personalidade e que não
sejam teatrais nem alimentem o ego. Talvez o melhor mesmo seja não
gesticular.
Ponha fogo em suas mensagens. O hálito de Deus é insubstituível
ao poder do Espírito Santo. “Que fez seus ministros uma chama de fogo.”
Alguém sugeriu que se o pastor não consegue colocar fogo em sua men-
sagem, será melhor colocar a mensagem no fogo! Busquem o poder re-
novador de Deus para cada nova mensagem. John Knox exclamou: “Oh!
Senhor. Dá-me a Escócia ou morro!” É Deus quase lhe deu a Escócia!
Encare o auditório quando estiver pregando. Olhar direto nos olhos
das pessoas é muito importante. Cada membro da igreja ou visitante
deve ter a certeza de que você sabe que ele está presente e deve sentir
que a mensagem é dirigida especialmente a ele. Habitue-se a correr os
olhos pelo auditório, mesmo que não “registre” a presença de todos. A
meninada tem menos disposição para brincadeiras na hora do culto quan-
do sabe que os olhos do pastor estão atentos. Se você concentrar seu
olhar em uma única direção, os dorminhocos procurarão um canto na
igreja onde possam descansar tranqüilamente. Se você tem o hábito de
pregar para o teto ou para o chão, os ouvintes nem desconfiarão que o
apelo de arrependimento dos pecados está sendo feito para eles.
Cuidado com a postura. Ponha-se ereto. Não se encurve nem “des-
penque” os ombros como se tivesse carregando o mundo nas costas; não
se jogue em cima do púlpito como se estivesse desfalecendo. Você é um
embaixador de Cristo, e sua postura deve condizer com a dignidade e
importância de sua mensagem. Não é preciso ficar parado como uma
PREGUE UM SERMÃO! 125

estátua; porte-se como alguém que fala com autoridade, pois você sabe
que fala em nome de Deus.
Lembre-se de que sua vida fora do templo determina o respeito
que você recebe no púlpito. Certo homem não simpatizava com D. L.
Moody, no entanto explicou: “Gosto de ouvi-lo porque é o homem mais
intensamente honesto que já conheci na vida”.
Satanás tem muita dificuldade em deter alguém humilde. Nossa
destreza no púlpito pode muito bem levar ao orgulho se não estivermos
sempre atentos. Não nos esqueçamos de que humildade e espiritualidade
andam de mãos dadas. “Humilhai-vos debaixo da potente mão de Deus,
e ele vos exaltará no tempo devido” (1Pedro 5.6). Se cuidarmos da pre-
gação e oração, Deus cuidará de nossa honra e promoção.
Como já mencionei, certifique-se de que o som esteja adequado
ao auditório e que o templo esteja bem ventilado. Se as pessoas não o
ouvirem claramente, sua mensagem produzirá poucos resultados, se pro-
duzir. Se a temperatura ambiente estiver muito quente ou muito fria ou
muito poluída, muitas pessoas se concentrarão no próprio desconforto e
esquecerão a mensagem.
Gostaria de sugerir o seguinte livro para ajudá-lo em seu ministé-
rio: “O Pregador e a sua Pregação” pelo pastor Alfredo P. Gibbs, Editora
Maranata de Literatura Fundamentalista, C.P. 74, 37270-000 Campo Belo
- MG.
126 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER
127

Capítulo 9
APELO ATENDIDO. E AGORA?
O apelo deve ser feito com a convicção de um advogado suplican-
do pela vida de seu cliente ou a dedicação de um bombeiro resgatando
uma criança das labaredas que destroem sua casa. Ele deve ser apresen-
tado de modo inteligente e lógico, mas com tanto fervor e sinceridade
que ninguém duvide da sinceridade do pregador nem da importância do
chamado de Deus aos perdidos.
O apelo varia dependendo da mensagem e das características do
auditório. Nenhum pastor vai agarrar o microfone depois de um culto de
oração com os fiéis da igreja e clamar aos perdidos que abandonem seus
pecados e escapem da ira vindoura. Infelizmente, no entanto, o oposto
também acontece mais vezes do que deveria. Ou seja, o pastor faz todos
os tipos de “apelos” à congregação em geral enquanto as almas perdi-
das, já convencidas de seus pecados e “prontas para a colheita”, ficam
esperando, esquecidas nos bancos.
Nos domingos à noite, o pastor sente-se puxado em várias dire-
ções. Há perdidos necessitando de salvação; afastados que precisam
retornar à comunhão da igreja; descompromissados que devem “entrar
na linha” e envolver-se no trabalho de Deus. Há também pessoas que
precisam ser convencidas a se tornar dizimistas e sustentar a obra; há
crentes que devem sair do marasmo e ser desafiados a conquistar almas
para Cristo. Como atender a todas essas necessidades? Não é fácil.
Primeiro passo em direção ao apelo eficaz: assegure-se de que a
igreja entenda que essa é a hora mais importante do culto. O Dr. R. G.
Lee afirmava que ninguém jamais esperaria que ele adentrasse uma sala
de cirurgia, onde um ente querido estivesse sendo operado, e puxasse o
braço do cirurgião. Do mesmo modo, sua igreja precisava entender que
a delicada cirurgia da alma – que acontece na hora do apelo – era extre-
mamente importante e séria e não deveria ser “sacudida” nem atrapalha-
da por qualquer tipo de barulho, confusão, interrupção ou agitação.
128 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

É importante que as pessoas compreendam que a hora do apelo


não é ocasião para arrumar a gravata, pentear os cabelos, juntar Bíblia e
cantor, cochichar no ouvido do vizinho de banco preparar as crianças
para uma saída estratégica e urgente assim que o culto acabar. A hora do
apelo é sagrada, vital, crucial. O apelo é o clímax de tudo que aconteceu
durante o culto.
Para o pastor e sua igreja, o apelo é tão importante quanto o puxar
da rede para o pescador profissional. É sua vida, sua maior alegria, sua
agonia e seu êxtase. Durante o apelo, compartilhamos um pouco dos
sofrimentos de Cristo. Nessa hora, a igreja deve ansiar, orar e implorar a
Deus pela salvação de almas, enquanto o pastor implora com as almas
perdidas a favor de Deus.
Um famoso pastor e escritor britânico afirmou que não acredita
em apelos e que não faz apelos públicos. Sei que há pastores que exage-
ram no apelo, mas será que existe melhor hora de suplicar por almas
perdidas do que logo após o pastor ter apresentado seus argumentos e
aberto seu coração em público?
Sem dúvida nenhuma o apelo deve ser feito com cuidado, em ora-
ção e com toda clareza. É bem mais provável que os crentes decidam ali,
na hora, a ganhar almas perdidas para Cristo, e a viver de modo que
agrade ao Senhor, do que depois de chegarem em casa, a TV ser ligada e
o lanche servido.
Também é mais provável que os não-crentes aceitem a Cristo no
recinto sagrado do templo, entre os crentes, depois de ouvirem uma
mensagem compassiva, do que lá fora, num mundo indiferente, combativo
e carnal.
Segundo passo: certifique-se de que todos os envolvidos estejam
prontos para agir nessa hora tão importante. Os músicos devem estar a
postos, e não sentados lá atrás, aconchegados juntos aos amigos. Em
muitas igrejas, quando o pastor está encerrando o sermão e começando o
apelo, os músicos desfilam em grande estilo pelo corredor em direção
aos instrumentos.
Se em sua igreja os instrumentistas retiram-se da plataforma na
hora da mensagem, eles devem se sentar o mais perto possível de seus
instrumentos. Desse modo estarão prontos para o apelo e não causarão
tanta comoção. Se a pianista gosta de se sentar perto do namorado e a
organista é casada e quer ficar junto do marido na hora do sermão, peça
aos respectivos que se sentem à frente; assim as mulheres não terão de
marchar até onde eles estão.
APELO ATENDIDO. E AGORA? 129

Os conselheiros que irão ajudar na hora do apelo devem ficar bem


posicionados e dirigirem-se à frente assim que o pastor necessitar deles.
Alguns conselheiros têm de ser arrastados para a tarefa porque estavam
distraídos, em vez de estarem “vigiando e orando”. Tão logo um decidi-
do encaminhe-se para o altar, um conselheiro deve estar ao seu lado. Há
pastores que preferem ter alguns conselheiros à frente, prontos para agir,
assim que o apelo for iniciado. Naturalmente os conselheiros devem ser
bem escolhidos e treinados para um trabalho de tal envergadura.
Terceiro passo: mantenha o fluxo em direção ao púlpito. Uma das
vantagens de os conselheiros se dirigirem para o altar assim que o apelo
for iniciado é o efeito psicológico. O decidido se sentirá menos inibido
em se encaminhar para o púlpito quando já há pessoas se movimentando
naquela direção, e não se sentirá sozinho nem vigiado pelo resto do au-
ditório. Ele pode até achar que muitos dos que se encaminham ao púlpi-
to tomaram a decisão que ele também deveria tomar e, então, sinta-se
mais motivado e à vontade para ir à frente.
É sempre bom que todo e qualquer movimento seja dirigido ao
púlpito. Para tanto, peça aos crentes que se aproximaram do púlpito de-
dicando novamente suas vidas ao Senhor, ou por outro motivo, que per-
maneçam até a oração de encerramento. Pedir-lhes que voltem a seus
lugares assim que a oração em seu favor terminar, não é boa psicologia e
alguns dos presentes, em vez de continuar orando em favor dos não-
salvos, começam a observar quem está retornando (e até pensar: “O que
será que essa aí está aprontando?”).
Claro que quando o Espírito Santo trabalha poderosamente e há
arrependimento verdadeiro e muitos aceitam a Cristo, talvez seja melhor
permitir que o novo convertido ou o afastado vá para junto de algum
ente querido que também precise fazer a mesma decisão e o ajude a se
encaminhar para o púlpito. Seja sensível ao toque do Espírito. Normal-
mente, porém, é melhor que o fluxo de pessoas seja dirigido ao altar.
Quarto passo: certifique-se de que o regente dos hinos já esteja ao
seu lado quando for iniciar o apelo, e evitar que ele marche corredor
afora até você. O hino de apelo já deve ter sido escolhido. Muitos pasto-
res preferem escolher esse hino. De modo geral, é melhor que a escolha
seja feita pelo pastor, a não ser que o regente seja um homem bastante
sensato e espiritual e que “viva tanto no Espírito” que quase consiga ler
os pensamentos do pastor nesse assunto. O regente deve estar com seu
hinário aberto no hino escolhido para que o pastor o anuncie à congrega-
130 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

ção. Assim o regente não precisará dizer nada num momento tão impor-
tante. Algumas vezes o pastor está apelando de todo o coração às almas
necessitadas de salvação e, sem mais nem menos, o regente interrompe:
“Por favor, abram seus hinários no hino 222, que fala sobre o convite de
Cristo ao pecador. Cantemos com vigor e entusiasmo, irmãos!” Nessa
altura dos acontecimentos, o não-crente está ocupado tentando achar o
número 222, enquanto presta atenção no regente e não no homem de
Deus que lhes trouxe a mensagem de Deus. Isso causa muita distração.
Quanto menos for dito à hora do apelo, melhor será, especialmente por
outra pessoa que não seja a que apresentou a mensagem.
Não permita que o regente mude de hino durante o apelo. Se isso
for necessário, o pastor (ou quem quer estiver pregando) deverá fazê-lo.
Às vezes, quando um hino não está tocando os corações presentes, é
melhor mudar para outro. No entanto, a mudança deve ser feita pelo
pregador.
Quinto passo: insista com os introdutores para que mantenham
tudo em ordem e o mais quieto possível às portas durante o apelo. Algu-
mas vezes os introdutores começam a “pôr a casa em ordem” assim que
o apelo começa: juntam boletins que sobraram nos bancos, catam papel
de bala do chão, ajeitam os guarda-chuvas no canto e (tolice das tolices)
deixam que as crianças e outros entrem no santuário a procura dos pais e
amigos. Isso jamais deve acontecer. Essa é a hora da cirurgia e todos os
esforços devem se concentrar nas decisões que serão feitas.
Os coristas também devem se comportar com toda reverência nes-
se momento tão crucial. Não é hora para cochichos nem para ajeitar a
gola da beca. Alguns pastores preferem que o conjunto coral apresente
os hinos de apelo. Dessa maneira os não-crentes não terão de folhear o
hinário a procura do hino mencionado, não se distrairão e nem terão de
terminar o hino antes de ir à frente.
Sexto passo: tenha certeza de que fichas de decisões e lápis bem
apontados estejam acessíveis aos conselheiros. Essa não é a hora de fi-
car revirando gavetas em busca do material. Escolha alguém para ser o
líder dos conselheiros. Esta pessoa se responsabilizará para que todos
tenham o material necessário à mão. Além das fichas e dos lápis, provi-
dencie folhetos ou livreto sobre a vida cristã para serem entregues aos
novos convertidos.
Sétimo passo: é melhor começar com o apelo aos não-salvos. De-
pois de duas ou três estrofes do hino escolhido, dirija-se aos crentes que
APELO ATENDIDO. E AGORA? 131

precisam fazer algum tipo de decisão. Se o pastor ou conferencista sabe


que a maioria dos presentes já é convertida, é bom fazer o apelo a estes
logo depois da primeira ou segunda estrofe. Enquanto as pessoas estive-
rem aceitando o apelo, eu não mudaria de hino. Se depois da segunda ou
terceira estrofe ninguém se decidir, escolha outro hino. Se ninguém acei-
tasse o apelo depois de duas ou três estrofes, geralmente eu pedia aos
ouvintes que abaixassem a cabeça e cantassem suavemente a estrofe se-
guinte em oração. Algumas vezes eu incentivava os crentes a que con-
versassem carinhosamente com um amigo ou parente ao lado, oferecen-
do-se para acompanhá-lo à frente. Muitas pessoas ficam mais à vontade
se alguém lhes fala enquanto os vizinhos estão orando. Eu mantinha o
cântico enquanto houvesse pessoas se decidindo. Se depois de algumas
estrofes, ninguém se decidir, e você tiver certeza de que colocou sua
alma na mensagem e fez o que podia, nada mais resta a não ser colocar
tudo nas mãos de Deus e terminar o apelo. Mas assegure aos ouvintes
que se alguém desejar conversar depois do culto, você estará à disposi-
ção.
Oitavo passo: faça questão de que as pessoas entendam a razão do
apelo. Deixe bem claro que estarão se decidindo a aceitar a Jesus como
Salvador ou de confessá-lo publicamente se já estão salvas. Explique
aos possíveis decididos que se não estiverem bem certos sobre o que
fazer, os conselheiros estão prontos a abrir a Bíblia e ajudá-los. Se o
apelo é para que se tornem membros da igreja, esclareça bem isso e
explique o que devem fazer. Se o apelo é para que os afastados retornem
a Cristo ou para que os crentes se dediquem a ganhar almas para Jesus,
explique exatamente o que você deseja. Algumas pessoas ficam confu-
sas com tantos tipos de apelos feitos pelos pastores.
Nono passo: cada pessoa deve ser alvo de atenção especial e nin-
guém deve ser negligenciado. Os decididos precisam receber ajuda de
um conselheiro assim que chegarem à frente. O conselheiro deve se in-
formar sobre que tipo de decisão a pessoa tomou. Se o decidido tem um
problema mais sério ou precisa de aconselhamento específico ou tem
muitas perguntas, instrua o conselheiro para que o leve a uma sala onde
receberá mais assistência e oração. Alguns pastores preferem que os
conselheiros façam seu trabalho numa dessas salas em vez de fazê-lo na
frente do auditório. Se este for o caso, instrua os conselheiros para que
levem as pessoas a uma decisão imediata por Cristo, dêem-lhes apoio e
retornem ao santuário antes do fim do culto, se possível. Desse modo o
132 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

pastor terá oportunidade de conversar com os decididos, saber seus no-


mes e levar a igreja a se alegrar com a decisão que fizeram. Se antes do
fim do culto alguém não se sentir completamente seguro sobre a decisão
que tomou, apresente-a à igreja no domingo seguinte. Isso encoraja bas-
tante as pessoas, fortalece o novo convertido e abre as portas para novas
decisões.
A maioria das pessoas que se decidem depois de uma mensagem
pura e simples, apresentada no poder do Espírito Santo, não precisam de
muita orientação logo de imediato. O que precisam é de alguém que lhes
assegure da decisão que tomaram. Um evangelista bem sucedido me
ensinou essa lição há muito tempo. Simplesmente peça-lhes que se ajo-
elhem imediatamente, leve-as a orar e peça a Deus que as salvem ali
mesmo. Geralmente as pessoas fazem isso e ficam abertas a mais expli-
cações e versículos sobre a certeza de salvação.
Algumas pessoas têm perguntas e problemas pessoais e necessi-
tam de mais ajuda. Explique-lhes que se aceitarem a Cristo como Salva-
dor e, assim, tornarem-se seus filhos, os problemas serão mais facilmen-
te resolvidos. Um novo convertido entenderá mais sobre a Bíblia logo
após sua conversão do que teria entendido em dezenas de anos sem con-
versão. Portanto leve-os a confiar verdadeiramente em Jesus Cristo e a
aceitá-lo como Salvador o mais rápido possível.
Quando as pessoas forem à frente pressuponha que não sejam cren-
tes (a não ser que você as conheça pessoalmente e saiba que o são) e que
estejam aceitando o apelo de salvação. Depois de pregar uma mensagem
aos perdidos, cumprimente o decidido e pergunte-lhe: “Você quer ser
salvo, não quer?” Se a resposta for positiva, sente-se ou ajoelhe-se com
a pessoa e pergunte: “Você sabe que é pecador, não sabe?” “Sei.” “Mui-
to bem. Mesmo sem entender tudo completamente, você quer aceitar a
Cristo como Salvador? Se quiser, segure minha mão”. Normalmente o
gesto acontece. Então diga: “Vamos abaixar a cabeça para orarmos. Eu
oro primeiro”. Sua oração pode ser mais ou menos a seguinte: “Querido
Pai, somos agradecidos porque o senhor José (ou dona Maria ou seja lá
quem for) entregou sua vida a Cristo. Ajude-o a compreender neste ins-
tante que ele está perdido mas que seu Filho Jesus morreu para salvá-lo
e que o senhor lhe oferece a vida eterna gratuitamente. Ouça nossa ora-
ção e salve-o neste momento, nosso Pai. É o que pedimos”. Dirija-se
então ao decidido: “Agora é sua vez de orar. Come assim: ‘Querido Se-
nhor’ e confesse que você é pecador e que aceita a Jesus Cristo como seu
APELO ATENDIDO. E AGORA? 133

Salvador pessoal neste instante. Abaixe sua cabeça e ore”. Se a pessoa


não iniciar a oração logo, ajude-a da seguinte maneira: “Se você quer
aceitar a Jesus como Salvador e quer fazer isso agora mesmo, terei pra-
zer em ajudá-lo a orar. Feche seus olhos e repita após mim:
‘Querido Senhor Jesus, (mande que a pessoa repita suas palavras
e dê-lhe tempo para tanto), sei que sou pecador. Creio que o senhor
morreu por mim e desejo aceitá-lo como meu Salvador. Entre em meu
coração e salve-me. Ajude-me a viver da maneira que o senhor deseja.
Em seu nome, amém’.”
Depois da oração, pergunte: “Você acredita que Deus respondeu
sua oração, não acredita?” Se a resposta for afirmativa, continue: “Exa-
tamente! Ele respondeu. E se Deus ouviu sua oração, o que ele fez por
você?” “Bom, creio que ele me salvou.” Nesse momento é aconselhável
perguntar como a pessoa sabe que Deus a salvou, e assegure-a com a
Palavra para que saiba que a paz sobre este assunto não é resultado de
sentimentos nem de oração nem da sabedoria do conselheiro, mas é re-
sultado do que Deus diz na Bíblia.
O cenário acima descrito é um modo simples de agir quando as
pessoas acabaram de ouvir uma mensagem clara e já sabem como ser
salvos e foram tocadas pelo Espírito. Se, por outro lado, a mensagem foi
para os crentes, ou se alguém é novo na igreja e ainda não ouviu clara-
mente o plano de salvação, será preciso que um conselheiro apresente o
plano conciso que se encontra em Romanos.
Eu diria: “Há três coisas que você precisa saber, se deseja ser sal-
vo. A primeira é que você é pecador”. Leia Romanos 3.23 e mais um ou
dois versículos de Romanos 3. “A segunda coisa é que Cristo recebeu o
castigo por seus pecados e morreu na cruz por você. Portanto você não
precisa continuar perdido para sempre”. Leia Romanos 5.6, 8 ou Roma-
nos 4.25 e explique que “alguém – você, o pecador ou Cristo, o substitu-
to inocente que carregou nossos pecados – tem de pagar a dívida do
pecado”. Se a pessoa for católica, é importante enfatizar que Jesus res-
suscitou de entre os mortos, pois os católicos geralmente usam um cruci-
fixo e nós queremos que saibam que Cristo não só morreu por nossos
pecados mas também quebrou os grilhões da morte e ressuscitou, e que
Ele vive e está pronto a salvar quem confiar nele. “A terceira coisa que
você precisa saber para ser salvo é que a salvação e a vida eterna estão à
sua disposição a partir de agora. Você só precisa aceitá-las como um
presente de Deus e confiar nele para ser salvo. Você gostaria de segurar
134 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

minha mão como sinal de que aceita a Jesus?” Faça então a oração acima
mencionada.
É bom que o pastor ou outro líder bem treinado converse com o
decidido antes de ele sair da igreja e certifique-se de que a pessoa não
tem dúvida nenhuma. Todos os decididos devem ir para casa com a cer-
teza absoluta de que são novas criaturas em Cristo.

Festeje os novos convertidos e novos membros


Quando alguém aceita a Cristo (ou filia-se à igreja), ele deve ser
recebido com entusiasmo e alegria pelo pastor e pelos membros da igre-
ja. Nunca deixe a pessoa sentada sozinha ou tentando abrir caminho
entre o grupo sem ter ninguém que se alegre com ela ou que a incentive
na decisão que tomou. Assim que alguém aceita a Cristo e é apresentado
como novo convertido, anuncie publicamente como todos estão alegres
com a salvação de um novo amigo. Mencione o nome e endereço da
pessoa. É bem provável que algum membro da igreja more perto do
recém-convertido e possa oferecer-lhe mais ajuda e encorajamento. O
pastor deve aproveitar a ocasião e dizer algumas palavras sobre as bem-
aventuranças da vida cristã e como será bom ter o senhor ou a senhora
Cardoso trabalhando para Deus junto com a igreja toda. O pastor deve
aproveitar a chance e incentivar a leitura da Bíblia, a oração diária e a
necessidade que temos de conquistar almas para Cristo.
Antes ou depois da oração final, seria bom que os membros da
igreja se aproximassem do novo convertido (ou novo membro) e des-
sem-lhe as boas-vindas. Não permita que suas ovelhas adquiram o mau
hábito de sair da igreja imediatamente após o culto sem nem ao menos
cumprimentar os decididos. Esse gesto é muito importante.
Às vezes as igrejas ficam sem saber o que aconteceu com os deci-
didos. Os conselheiros tomam conta de tudo e ninguém é informado
sobre quem aceitou a Cristo ou quem retornou aos braços do Pai. A
igreja se sentirá bem mais motivada a trabalhar, orar e conquistar almas
se testemunhar que Deus está salvando pessoas durante os cultos e ob-
servar que seus convidados estão sendo bem tratados e bem recebidos
quando tomam uma decisão ao lado de Cristo. Os crentes sairão da igre-
ja regozijando-se com a salvação dos perdidos e com a bondade e o
amor de Deus. Se os decididos forem levados para a sala de
aconselhamento e não voltarem para o templo antes da oração final, o
pastor, os conselheiros, os introdutores e todos que trabalharam durante
APELO ATENDIDO. E AGORA? 135

o apelo deverão cumprimentá-los e dar-lhes as boas-vindas. Esses deci-


didos serão apresentados à igreja no domingo seguinte.
Se as pessoas que aceitaram o apelo não se tornarem membros da
igreja imediatamente, deverão ser bem recebidas mesmo assim e ser apoi-
adas e asseguradas que serão batizadas e/ou recebidas como membros
no tempo apropriado. Não as abandone, ou se tornarão presas fáceis das
seitas, dos carismáticos e dos liberais.
É importante obter nome, endereço, idade e outras informações
dos novos convertidos; isso facilitará o acompanhamento que devem
receber da igreja.
Informe à igreja quantas pessoas aceitaram a Cristo, quantas se
dedicaram novamente ao Senhor, quantas mostraram interesse em se tor-
nar membros etc. Este é um relatório que incentiva a igreja, os novos
convertidos, os novos membros, os que retornaram etc.
Qualquer que tenha sido a decisão tomada, as pessoas têm de rece-
ber cuidados imediatos. Se alguém mostrar interesse em ser batizado,
precisa ser logo instruída sobre as qualificações para o batismo. Se o
interesse é em ser membro da igreja, procure saber de onde a pessoa está
vindo, quando e por quem foi batizada etc. É importante que os interes-
sados se sintam queridos e bem-vindos.
Certifique-se de que a pessoa é realmente convertida, quer venha a
fazer parte da igreja por batismo ou carta de transferência. Muitos mem-
bros de igreja têm dúvida quanto a própria salvação, e este aspecto deve
ser esclarecido antes de serem recebidos.
Não mande que o novo convertido faça um discurso na frente da
igreja. Raramente um novo crente agarra a primeira oportunidade que
tem de abrir seu coração em frente a um grupo de pessoas estranhas.
Normalmente se sentem bastante ansiosos se tiverem de se levantar e dar
um testemunho. Isso não significa que a conversão não tenha sido genu-
ína. Não se esqueça de que eles são “bebês em Cristo”. Os recém-nasci-
dos choram, mas não falam assim que nascem!
Se os visitantes virem que os novos convertidos são postos contra
o paredão e obrigados a fazer um discurso ou dizer umas palavras em
frente de todos, alguns deles jamais aceitarão a Cristo – pelo menos não
em sua igreja! Mais tarde, quando os recém-convertidos tiverem seus
olhos espirituais abertos, provavelmente seus lábios também se abrirão
e estarão prontos a dar seus testemunhos.
136 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Acompanhamento dos Novos Convertidos


Empenhem-se para que os novos convertidos façam parte da Es-
cola Dominical, dos cursos de treinamento, da classe de novos mem-
bros, dos cursos de evangelismo e reuniões que lhes darão a oportunida-
de de conviver com outros crentes e os ajudarão a crescer na graça e no
conhecimento. Peça a alguns membros da igreja que se encarreguem de
convidar e trazer os novos convertidos para os cultos de oração da sema-
na. Providencie para que sejam encaminhados à classe dominical mais
apropriada para a idade, estado civil etc. Esses pequenos gestos são muito
importantes.
Mais uma palavra sobre o apelo: use hinos adequados. Se depois
de uma pregação aos crentes houver apelo à consagração, os hinos de-
vem falar em entrega de vida à obra do Senhor, em dedicação à oração e
sobre o desejo de se estar mais perto de Deus. Se a mensagem for de
salvação, os hinos devem falar sobre o destino de alguém que morre sem
Cristo, sobre a certeza de salvação etc. Se Deus estiver abençoando seu
trabalho com inúmeras decisões por Cristo, e for necessário cantar mais
um hino, escolha um que apele direta e firmemente ao coração dos per-
didos.
Escolha e treine cuidadosamente seus conselheiros. Algumas pes-
soas estão sempre prontas a ajudar, mas não têm “jeito para lidar com
gente”. Os conselheiros não podem ser pessoas que falam demais. Eles
têm de entender que a tarefa deve ser feita com eficiência, e que o traba-
lho deles é levar as pessoas a uma decisão firme ao lado de Cristo e não
lhes apresentar um tratado teológico completo. Instrua os conselheiros a
não dar explicações sobre separação, santificação ou a segunda vinda de
Cristo antes de levar os decididos de volta ao templo para serem apre-
sentados à igreja. Quem acabou de aceitar a Cristo não consegue enten-
der tudo de uma vez; é preciso ir devagar. A coisa mais importante nesse
momento é certificar-se de que a pessoa está salva e, se houver tempo,
falar rapidamente sobre a importância do batismo, do caminhar com Cristo
e de participar dos cultos. O resto fica para mais tarde.
Em alguns casos, é bom que o conselheiro também faça o acompa-
nhamento do novo decidido. Aja com sabedoria.
137

Capítulo 10
INTRODUTORES:
FORÇA-TAREFA DO PASTOR
Muitos introdutores nunca aprenderam sobre a importância do tra-
balho que realizam. Muitas igrejas só recebem 25% ou, no máximo, 50%
dos benefícios que a tarefa dos introdutores poderia lhes oferecer. Por
que não aproveitar todo o potencial dessa gente?
Os introdutores podem construir ou destruir um culto. Como é
importante que sejam bem treinados!

Escolha cuidadosamente o líder dos introdutores


Talvez seja melhor eleger um novo líder todos os anos até que o
homem certo seja encontrado. Quando o “Senhor Perfeito” for desco-
berto, mantenha-o no cargo por tanto tempo quanto for possível.
O líder não deve ser escolhido por causa de sua linhagem, popula-
ridade, status ou boa aparência. Essas coisas podem ser importantes até
um certo ponto, mas é necessário mais do que isso. Também não escolha
o líder dos introdutores só porque seu nome foi recomendado pela co-
missão de indicação. Esse líder é (ou pode ser) tão importante para o
pastor quanto o co-pastor, o ministro de música ou o presidente da moci-
dade – talvez até mais importante.
Se os introdutores elegerem o “chefão” deles, faça questão de par-
ticipar do processo e explique que você, como pastor, terá de aprovar a
escolha. Deixe claro que esse homem é um assistente do pastor e, como
tal, deve prestar contas a ele. Assim, para que os cultos sejam conduzi-
dos como o pastor deseja, o escolhido tem de estar afinado com o pastor,
deve amar o pastor e estar pronto a morrer por ele se necessário.

1. O líder dos introdutores deve ser simpático. Os companheiros


devem gostar dele e ele deve gostar dos companheiros. Ele deve ser
cordato, flexível e alegre. Deve ser gentil, educado e inteligente.
138 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

2. O líder dos introdutores deve ser determinado. Ele tem de saber


se ajustar às diferentes situações, e ser flexível se o pastor efetuar algu-
ma mudança nos procedimentos. No entanto, deve ser decidido e firme
em seu propósito de ver as coisas acontecendo de modo ordeiro e tran-
qüilo. Ele não pode se deixar intimidar pelos outros introdutores ou quem
quer que seja.

3. O líder dos introdutores deve ser consagrado. O fato de ele ser


um empresário destemido e respeitado no mundo dos negócios não o
qualifica para essa posição tão importante de liderança.

4. O líder dos introdutores precisa ter capacidade de liderança,


pois outras pessoas estarão trabalhando sob suas ordens. No entanto,
não pode ser orgulhoso e arrogante por causa da posição que ocupa.

5. O líder dos introdutores tem de ser uma pessoa organizada. Ele


precisa entender que o trabalho deve ser feito de modo ordenado, sensa-
to e reverente. Mas às vezes as coisas têm de ser feita às carreiras. As
pessoas chegam à igreja poucos minutos antes de o culto começar e saem
mais apressadas ainda! As ofertas têm de ser recolhidas rapidamente,
mas com dignidade e reverência. Emergências acontecem. Problemas
surgem. Decepções virão. As pessoas esperam que ele faça o impossí-
vel. Portanto, ele tem de ser um homem organizado.

6. O líder dos introdutores também precisa ser moderado. Ele pre-


cisa ser paciente, calmo, educado – mesmo quando as coisas estão dan-
do errado e o povo torna-se impaciente.

7. O líder dos introdutores deve treinar um assistente que faça o


trabalho do jeito que ele faz, pois se ficar doente, precisar viajar de re-
pente ou sair de férias alguém estará preparado para substituí-lo. Portan-
to, tente escolher um líder que esteja ausente o mínimo possível.

Treine os introdutores
O pastor e o líder devem promover cursos de treinamento para os
introdutores. Antes de essas pessoas serem escolhidas para o trabalho,
deixe bem claro que o treinamento é obrigatório. Explique que ninguém
poderá servir nessa capacidade se não for treinado. Torne o curso mais
INTRODUTORES: FORÇA-TAREFA DO PASTOR 139

prazeroso oferecendo uns comes-e-bebes antes da reunião, mas assim


que a parte social terminar, ponha a mão na massa com seriedade. O
pastor deve estar presente ao treinamento para dar apoio e servir de exem-
plo, e também para ter certeza de que estão recebendo as instruções que
deseja que recebam. Contudo, os introdutores devem saber que o pastor
confia no líder do grupo e respeita sua liderança.
Talvez seja necessário fazer mais de uma sessão de treinamento.
Se esse for o caso, esclareça o que vai acontecer e quanto tempo vai
durar cada reunião. Se possível, prepare apostilhas explicativas para que
o pessoal estude em casa.

Prontos a ajudar o pastor


Os introdutores são a força-tarefa do pastor e muitas vezes tam-
bém são seu corpo diplomático. Eles são escolhidos para servir na mis-
são mais importante deste mundo. Espera-se que cooperem, trabalhem e
sacrifiquem-se na magnífica tarefa de ganhar almas para Cristo.
Os introdutores devem prestar atenção aos problemas, às crianças
barulhentas, à temperatura ambiente; o cuidado deve ser constante.
Os introdutores devem estar preparados a interferir, parar e ajudaar,
e até mesmo ficar de olho na descarga. Em uma igreja, o banheiro ficava
encostado ao vestíbulo e se a porta não fosse bem fechada, assim que a
descarga era acionada a igreja toda ficava sujeita ao som “maravilhoso”
da água murmurejando encanamento abaixo durante a mensagem. O
introdutor esperto trataria de certificar-se de que a porta estava conveni-
entemente fechada após o banheiro ter sido usado.
Situações constrangedoras podem acontecer. Algum bêbado pode
cambalear para dentro da igreja. Já me deparei com essa situação mais
de uma vez. Certa feita dois bêbados entraram enquanto os introdutores
distribuíam as fichas de visitantes e, antes que alguém percebesse, os
dois pinguços já estavam sentados bem à frente, prontos para ajudar o
pastor com a mensagem. Se um dos introdutores tivesse permanecido à
porta, talvez com um ajudante, os bêbados teriam sido interceptados em
tempo. Do jeito que as coisas estavam indo, vários introdutores precisa-
ram retirar os intrusos barulhentos por uma das portas laterais. Algumas
vezes torna-se bem difícil “desgrudar” esse tipo de gente de seus luga-
res.
Introdutores, guardem as portas! Numa cidade do interior, a porta
da frente da igrejinha ficava sempre aberta e um cão velho e doente
140 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

entrou mancando corredor adentro. Certamente queremos que alguém


se encaminhe para o púlpito na hora do apelo, mas é claro que preferi-
mos que sejam indivíduos de duas pernas. Hoje em dia nem as igrejas
são poupadas de roubos. Portanto, os introdutores precisam ficar de olhos
bem abertos e observar quem entra por nossas portas.
Eles devem ficar atentos durante todo o culto. Alguém pode adoe-
cer e precisar de ajuda. As crianças pequenas podem ter um “acidente” e
precisarem ser levadas ao banheiro. Alguém pode ficar tão acalorado a
ponto de desmaiar. Os introdutores devem prestar atenção à ventilação
do templo, embora só um ou dois tenham de abrir as janelas ou ligar os
ventiladores.
Os introdutores precisam entender que o trabalham que realizam é
tão importante e necessário quanto o dos professores da EBD, do regen-
te do coro ou do organista. Quando perceberem isso, compreenderão a
importância de serem treinados, de chegar mais cedo aos cultos e de
permanecer até que todos tenham se retirado antes de o templo ser tran-
cado. Acredito que na maioria das igrejas os introdutores nunca foram
informados sobre a importância do trabalho que lhes cabe.. Algumas
igrejas nem têm introdutores; quase na hora do culto o pastor escolhe
alguém para ficar à porta. Assim, quando as pessoas chegam não encon-
tram ninguém que lhes dê as boas-vindas e as ajude a encontrar um lugar
para sentar. Além disso, não há ninguém que seja a força-tarefa do pas-
tor.

Vestido para o sucesso


Os introdutores devem se vestir como representantes do Rei. Não
estou falando em roupa luxuosa e cara, mas em ordem, limpa e apropri-
ada. A posição será mais bem respeitada se os introdutores exibirem
nobreza e responsabilidade. Sempre que possível, os introdutores de-
vem usar terno e gravata. Suas roupas não devem ser chamativas nem
excêntricas. As cores devem combinar entre si. Os cabelos devem ter
corte masculino, serem bem penteados e bem cuidados. É bom que usem
um crachá de identificação.
Os introdutores devem tomar cuidado especial com a higiene pes-
soal. Além de escovarem bem os dentes, é importante que tenham bala
de menta à mão para refrescar o hálito enquanto estão de serviço. O
desodorante não pode “vencer” facilmente. A colônia ou loção após bar-
ba não deve ser “barata” nem ter cheiro forte, enjoativo. Colarinhos e
INTRODUTORES: FORÇA-TAREFA DO PASTOR 141

punhos de camisa têm de estar limpíssimos e os sapatos engraxados. O


mais importante é que tenham sempre um sorriso nos lábios. Os
introdutores não precisam usar terno e gravata, principalmente nos luga-
res de clima quente, mas o inaceitável é ser recebido por introdutores de
bermudas e camiseta e, se forem homens, de cabelos compridos. Mulhe-
res de mini-saia e barriga de fora? Isso é demais, até em cidades praianas!
Seu trabalho será bem mais eficaz, e os introdutores serão bem
mais respeitados pelo público em geral e as crianças perceberão que
estão lidando com alguém que tem autoridade (quando precisam ser cha-
madas às falas), se eles forem zelosos com a aparência física.

Posicione bem os introdutores


Em algumas igrejas os introdutores se juntam a conversar num
canto ou vagueiam sem destino ou caminham par cima e para baixo no
corredor do templo como se estivessem afirmando o quanto são impor-
tantes. Cada introdutor deve ter seu posto e só se afastar dele se precisar
ajudar alguém ou realizar uma de suas muitas tarefas.
Os introdutores não devem ficar de conversa uns com os outros.
Não devem conversar de jeito nenhum depois que o culto começar. Às
vezes os introdutores formam seus grupinhos na frente da igreja e reali-
zam seu próprio “cultinho” enquanto lá dentro o pastor (ou conferencis-
ta) põe todo seu coração na mensagem. Talvez o líder dos introdutores,
ou seu assistente, precise sentar-se no vestíbulo durante o sermão. Nas
igrejas grandes, talvez sejam necessários dois introdutores lá fora. Os
outros introdutores devem ficar sentados em seus postos ou próximo
deles, sempre atentos a qualquer eventualidade. Os introdutores devem
cultuar, cantar e prestar atenção à mensagem. O introdutor é um pecador
salvo pela graça e precisa tanto de alimento espiritual quanto qualquer
outra pessoa.
Se houver estacionamento na igreja, a pessoa escalada para cuidar
dele deve fazer a ronda periodicamente e posicionar-se em um lugar de
onde possa ouvir a mensagem sem dar na vista. Se o estacionamento
precisa ser vistoriado com freqüência, faça um rodízio entre os escala-
dos para que ninguém perca muito do sermão. Geralmente é melhor ter
um número maior de introdutores no final do culto, para que todos os
visitantes sejam cordialmente despedidos e convidados para a próxima
reunião.
142 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Os introdutores devem ter consigo boletins, cartões de visitantes e


qualquer outro material que for ser entregue naquele dia. Os introdutores
devem estar atentos às necessidades dos presentes.
Provavelmente a tarefa mais importante dos introdutores é cum-
primentar as pessoas e ajudá-las a encontrar um lugar no santuário. Para
tanto, eles devem estar em seus postos.

Amigos, mas não íntimos!


Os introdutores devem ser simpáticos e cordiais, mas sem ser “me-
losos”. Também não devem falar demais nem se alongar nos cumpri-
mentos aos visitantes. Os apertos de mãos podem ser firmes… sem que-
brar os dedos da outra pessoa!
Ao cumprimentar pessoas do sexo oposto os introdutores devem
agir com prudência e discrição para não ofender ninguém nem tampouco
deixar impressão desfavorável.
Nem todos os homens recebem com simpatia abraços e tapinhas
nas costas. Algumas mulheres se ofendem com apertos de mãos prolon-
gados e gentilezas excessivas que não sejam de seus maridos, e muitas
solteiras podem interpretar de maneira errada esses gestos. Alguns mari-
dos podem ficar bastante zangados com esse tipo de “atrevimento”.
Sempre que possível, os introdutores devem cumprimentar os vi-
sitantes no final dos cultos e convidá-los a voltar no próximo culto.

Flexibilidade
Os introdutores devem estar sempre prontos a se ajustar a mudan-
ças de última hora. O pastor pode mudar o esquema de recolhimento de
dízimos e ofertas ou decidir apresentar os visitantes antes da hora com-
binada. Os introdutores devem estar munidos de cartões de visitantes
para que ninguém tenha de ficar esperando enquanto alguém dispara
atrás do material depois de o pastor ter iniciado as apresentações. Às
vezes um visitante têm de repetir seu nome tantas vezes que quase fica
rouco. Isso não acontecerá se o pastor tiver todas as fichas em mãos.

Plantão na entrada
Embora seja bastante comum os introdutores ficarem de bate-papo
à porta, negligenciando sua tarefa, com mais freqüência percebemos que
abandonam seus postos, e os membros e visitantes não têm ninguém
para recebê-los assim que chegam. Certa vez, presenciei uma jovem re-
INTRODUTORES: FORÇA-TAREFA DO PASTOR 143

tardatária chegar ao culto e ficar em pé no hall de entrada, sem saber o


que fazer, obviamente embaraçada pelo atraso, enquanto os introdutores
estavam sentados com suas famílias, assistindo ao culto. Eu estava pre-
gando e o pastor da igreja havia se sentado no primeiro banco, em vez de
ficar comigo na plataforma – de onde poderia ter observado o que estava
acontecendo com a pobre jovem lá na entrada. Fiquei tão irritado com a
situação que tive vontade de parar a mensagem e mandar alguém ajudar
a moça. Consegui me concentrar no sermão, mas foi só depois de a jo-
vem ter “pigarreado” – quase no fim da mensagem – que um introdutor
“caiu em si” o suficiente para lhe arranjar um lugar.
Em outra igreja, uma senhora começou a passar mal na entrada e
arranjou um lugar para se sentar e descansou a cabeça em uma mesinha
que havia por lá. No entanto, não vi nenhum introdutor se aproximar e
oferecer-lhe ajuda ou chamar alguém para fazê-lo. Se o líder dos
introdutores ou um assistente estivesse presente isso não teria aconteci-
do. (Também, se o pastor estivesse comigo ao púlpito, ele teria visto o
que estava acontecendo.) Mesmo com o pastor na plataforma (onde deve
estar), é bom que um introdutor de iniciativa fique de plantão, caso situ-
ações assim ocorram.

Introdutor, professor e diácono ao mesmo tempo?


Será que um introdutor também pode exercer o cargo de diácono
ou professor da EBD? Acho que um ou dois poderiam, pois se na reu-
nião de diáconos houver alguma discussão que envolva o trabalho dos
introdutores, será mais fácil passar a informação adiante. Se o líder dos
introdutores também for diácono, a situação será ainda melhor. Em al-
guns casos, um introdutor também pode ser professor da EBD, mas não
do tipo que fala demais, já que lhe pode ser necessário ter de abandonar
a classe para atender uma emergência à entrada. Enfim, um trabalho não
deve interferir no bom andamento do outro.
Um introdutor também pode ser corista? Mais uma vez, uma posi-
ção pode atrapalhar a outra – se ele quiser ser fiel às duas. É melhor ser
bom em uma única coisa do que medíocre em duas.

Quanto mais ... melhor


Fico muito admirado com a “miséria” de pessoas que algumas igre-
jas usam no recolhimento dos dízimos e ofertas. Deve haver gente sufi-
ciente para atender ao coro, auditório e galeria, se houver uma. Algumas
144 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

igrejas têm apenas umas duas pessoas para atender todos esses lugares, e
elas – e o auditório – precisam fazer malabarismo na realização do tra-
balho. Se a igreja tem várias seções de bancos, deve haver pelo menos
uma pessoa trabalhando em cada um de seus lados. As igrejas menores
podem até raciocinar que, já que o auditório é pequeno, não têm neces-
sidade de tantas pessoas para recolher ofertas. Mas essa desculpa é es-
farrapada. Se o auditório é pequeno, torna-se ainda mais necessário um
bom grupo para recolher os dízimos e ofertas, pois as pessoas tendem a
se sentar longe umas das outras. Num auditório pequeno, é bem mais
provável que as pessoas ofertem se os pratos chegarem perto delas, pois
assim não são obrigadas a se levantar e aparecer, em meio a tão pouca
gente, para entregarem sua contribuição. Portanto, use muitas pessoas
para o recolhimento de dízimos e ofertas.
Se a igreja é grande e há muitas pessoas a ser alcançadas, aumente
o número de recolhedores (e pratos) em cada seção de bancos. Cuidado
para que nenhuma fileira seja negligenciada e outras recebam os pratos
duas vezes! Já vi isso acontecer.
Caso use introdutores para o recolhimento de ofertas, providencie
para que haja sempre alguém recebendo os visitantes e membros retar-
datários.
Claro que nem sempre é possível ter pessoas da mesma altura e
tipo físico para recolher os dízimos e ofertas. O importante é que sejam
dedicadas, cuidadosas da aparência e higiene pessoal. No entanto, não
há como negar que um homem alto e magro e outro baixinho e gordo
caminhando lado a lado pelo corredor da igreja criam uma situação, no
mínimo, engraçada. Assim, procure formar duplas com pessoas que te-
nham as mesmas características físicas.

Jovem demais ou velho demais?


Não há regra definida quanto a idade dos introdutores. No entan-
to, é bom que se use pessoas maduras, sérias e que ajam com dignidade.
Se um jovem – tenha ele 20 ou 21 anos – faz parte da igreja há bastante
tempo e já provou ser dedicado, firme e sólido na doutrina, não há razão
que o impeça de realizar o trabalho. Mas não escolha ninguém que seja
volúvel, cheio de gracinhas ou irreverente. O tipo paquerador, que vive
de olhos nas garotas, ou aquele que mal pode esperar pelo término do
culto para “se mandar” com a turma, também deve ficar de fora, pois não
fará um serviço completo e satisfatório.
INTRODUTORES: FORÇA-TAREFA DO PASTOR 145

Ao falar em “dignidade” não quero dizer que a pessoa tenha de se


portar como se já estivesse com um pé na Glória. Quero dizer é que ela
deve ter maturidade suficiente para levar seu trabalho a sério, que seja
tão responsável e dedicada à tarefa quanto um introdutor mais velho o
seria. Não deve ser infantil, petulante, teimosa nem rude, não importa a
idade que tenha.
Pessoas mais velhas e aposentadas também podem ser introdutores.
Na verdade, algumas realizam esse trabalho com muito mais eficiência
que os mais novos. Claro que se a pessoa ficar impossibilitada fisica-
mente ou emocionalmente, deverá ser substituída por outra mais jovem
e dinâmica. O pastor e o líder dos introdutores devem se preparar com
antecedência para esse tipo de situação.

Homens estimados, cristãos muito respeitados


É preciso mencionar isso? É claro que alguém que exale cheiro de
bebida e cigarro não deve ocupar o cargo de introdutor na igreja. Era só
o que faltava! O visitante chega à igreja e dá de cara com um introdutor
que tomou “um gole” com ele no bar durante a semana. Escolha uma
pessoa assim para introdutor e sua mensagem estará arruinada!
Se o introdutor for do tipo de crente que freqüenta cinema, bailes
e boates, ou é sócio de clubes de fama duvidosa, ele não tem lugar na
força-tarefa do pastor de uma igreja sadia, bíblica, que prega o que o
Livro tem a dizer sobre o mundanismo. Algumas pessoas acham uma
boa idéia manter os crentes mundanos ocupados na igreja, pois, quem
sabe, não acabarão se “endireitando” com as pregações que ouvem. Mas
esta idéia não é bíblica nem sensata. A pessoa tem de ser dedicada e
consagrada antes de receber um cargo tão honroso na igreja. O pastor
não precisa ser um carrasco quanto à situação. No entanto, se ele é fiel e
transmite com amor o que a Bíblia ensina sobre o mundanismo (e a Pa-
lavra está repleta de ensinamentos em relação ao assunto), ele será capaz
de formar um batalhão de homens cujos corações foram tocados por
Deus e que servirão ao Senhor com alegria. Deus ordena: “Purificai-vos,
os que levais os vasos do Senhor” (Isaías 52.11).

A frente primeiro
Os introdutores devem fazer com que os bancos da frente sejam
ocupados primeiro. Algumas pessoas se acostumam a um certo lugar
num certo banco e não mudam nem que chova canivete aberto. Outras,
146 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

no entanto, cooperam mais prontamente. Os introdutores devem usar


diplomacia e muito cuidado ao pedir a membros da igreja e visitantes
sentados nas pontas dos bancos que se sentem “mais para o meio” e
deixem espaço nas beiradas para quem chegar mais tarde. Algumas pes-
soas se recusarão a mudar, e não há nada que os introdutores possam
fazer.

Mães com bebês: exceção à regra


Se uma mãe entra com um bebê ou uma criancinha que pode fazer
barulho e perturbar o culto, é melhor que ela se sente atrás em vez de na
frente do auditório. As mães devem ser informadas se houver berçário
ou classe para os pequeninos durante o culto. Não só informe, mas peça
a alguém que as acompanhem até o local e garanta-lhes que os “reben-
tos” serão bem cuidados.
Se a criança não quiser se separar da mãe, ou a mãe deixar seu
filho com estranhos, um introdutor deve ficar atento e oferecer ajuda
caso a criança chore ou precise ser retirada do templo rapidamente. Uma
introdutora certamente poderá realizar esta tarefa com mais eficiência.

Cuidado com a galeria


Os introdutores não devem permitir que crianças e casais de ado-
lescentes se sentem na galeria se não estiverem acompanhados dos pais.
Na verdade, a galeria só deve ser usada em último caso. É mais fácil
alguém que aceitou a Cristo vir à frente se estiver na parte inferior do
santuário do que se estiver lá em cima. Poucos descem da galeria até a
plataforma. Se o templo possui uma galeria, obstrua sua passagem com
uma corda ou coisa parecida até que precise ser realmente usada. Nunca
vi crianças prestarem atenção no culto quando estão na galeria da igreja.
E a maioria dos adolescentes que se sentam nas galerias passam o culto
dando risada, trocando bilhetes e conversando, quando não namoram.
Portanto, mantenha a galeria fechada, se de todo possível.

De olho na garotada
Os introdutores devem ficar de olhos nas crianças e adolescentes
que saem do templo durante o culto. Se os banheiros ficam no final de
um corredor ou atrás do templo, é bom que alguém de confiança tome
conta “do pedaço”. Coisas estranhas (e trágicas) têm acontecido. Ado-
lescentes fazem de conta que vão ao banheiro, mas na verdade estão
INTRODUTORES: FORÇA-TAREFA DO PASTOR 147

indo mesmo é namorar. Crianças pequenas, que gostam de vaguear aqui


e ali, acabam se perdendo ou raptadas. Isto já aconteceu.

IMPORTANTE: Se uma criança (ou adulto) precisa realmente ir


ao banheiro ou tomar água quase no fim do culto ou na hora do apelo,
peça-lhe, ao voltar, que se sente perto da porta, em vez de marchar cor-
redor adentro e arruinar o final da mensagem ou o convite sendo feito ao
pecador. Talvez o pastor deva avisar ao auditório que se alguém precisar
sair quase no fim da mensagem, a pessoa deve achar um lugar perto da
porta, caso volte ao templo. Ao dar esse esclarecimento, o pastor estará
“livrando a cara” dos introdutores.
Caso esteja havendo uma EBD especial, com um pastor de fora,
por exemplo, os introdutores também devem estar à disposição para en-
caminhar os atrasados (ou adiantados) aos lugares apropriados, evitando
distração e confusão.

Não apresse o pessoal


Alguns introdutores mal esperam o culto acabar e já começam a
apagar luzes e fechar portas. As pessoas não devem ser expulsas do tem-
plo assim que o “amém” final seja dito; elas precisam interagir umas
com as outras. Algumas pessoas se demoram mais porque precisam de
ajuda espiritual do pastor ou de outro crente maduro. Elas não devem ser
enxotadas só porque o introdutor (ou zelador) está com pressa. Já acon-
teceu de eu estar conversando com um novo convertido e um apressadinho
começar a apagar as luzes, ameaçando-nos com a escuridão total. Nem
todos os introdutores precisam ficar até que a última pessoa tenha se
retirado, mas pelo menos um deve permanecer tanto tempo quanto ne-
cessário. Um líder organizado providenciará para que não seja sempre o
mesmo introdutor que tenha de “fechar a igreja” depois de cada culto.

Conselhos finais
Introdutores, apresentem-se para o serviço com pelo menos 15
minutos de antecedência. Em cultos especiais, cheguem mais cedo ain-
da, se necessário.
A primeira impressão é a que fica. Os introdutores têm de se com-
portar de tal modo que despertem nos visitantes o desejo de retornar à
igreja. Devem ser cordiais, alegres, gentis e educados o tempo todo.
Não podem ser exibidos nem relaxados. Portar-se com dignidade
148 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

não quer dizer ficar todo “empedernido”. Mostrem entusiasmo. “O tolo


assenta-se em grandes alturas”, afirma Salomão.
O introdutor mais simpático é aquele que consegue se lembrar do
nome das pessoas. Introdutores, exercitem a memória nessa área. Porém
não chamem ninguém de “você”, a não ser que receba permissão. Isso se
aplica especialmente em relação ao sexo oposto. Se não conseguir se
lembrar do nome de alguém, disfarce e aja como se conhecesse a pessoa.
Se não se lembrar mais tarde, pergunte a alguém.

IMPORTANTE: Os introdutores devem sempre ter lanternas e


faroletes à mão, para o caso de faltar luz. O líder dos introdutores deve
se certificar de que uma boa lanterna, carregada com baterias que funci-
onam, possa ser colocada à disposição do pastor o mais rápido possível.
Se a igreja possui telefone, os introdutores devem ter acesso imediato a
ele em caso de necessidade. Ação rápida impede que uma emergência
vire uma catástrofe!
CERTIFIQUE-SE de que todas as portas de saída do templo pos-
sam ser abertas rapidamente em caso de emergência. Deixe as portas
destrancadas, mas não se esqueça de trancá-las ao final do culto.
Os introdutores devem providenciar para que o material distribuí-
do ao público esteja sempre à mão e em quantidade suficiente. Algumas
vezes o pastor manda que as pessoas usem os envelopes que estão nos
bancos e...não há envelope nenhum nos bancos. Verifique se todo o ma-
terial está em ordem antes – bem antes – dos cultos.

Mãozinha pastoral
Como o pastor pode ajudar os introdutores? Elogiando-os de vez
em quando! Diga-lhes o quanto você aprecia o trabalho que fazem. Ex-
plique à igreja que os introdutores são pessoas de sua confiança, seus
colaboradores e que o trabalho deles é muito importante.
Planeje atividades sociais para e com os introdutores. Esse negó-
cio de “só trabalho e nenhuma diversão” não dá certo.
Informe-os sobre mudanças na programação. Procure não
“surpreendê-los” demais. Se um deles der “uma bola fora”, não o repre-
enda publicamente.
De vez em quando, homenageie os introdutores individualmente
ou em grupo.
INTRODUTORES: FORÇA-TAREFA DO PASTOR 149

Insista para que os membros da igreja, inclusive a diretoria, tratem


os introdutores com respeito. Eles podem tornar seu culto um desastre
total ou um sucesso completo!
Se houver bebês e criancinhas no culto, informe os pais que a igre-
ja tem berçário e classes (se houver, naturalmente) onde os pequenos
serão bem cuidados. Assim, durante o culto, o introdutor não ficará em
situação difícil se tiver de pedir à mamãe que leve seu bebê chorão para
outra sala. Algumas vezes, quando o aviso sobre o berçário não funcio-
nava, e o nenê chorão ou a criança bagunceira continuava no culto, eu
orava da seguinte maneira: “Obrigado, Senhor, por todos que estão cola-
borando para que este culto seja uma bênção: o coro, os introdutores e as
pessoas que cuidam das crianças no berçário para que possamos ouvir
tua Palavra com toda atenção”. Geralmente os pais “captavam” a mensa-
gem e levavam os filhos ao berçário.
Algumas dicas sobre etiqueta social no ambiente de trabalho,
publicadas em revistas seculares, podem ser adaptadas e usadas pelos
introdutores de nossas igrejas.
150 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER
151

Capítulo 11
“DIARIAMENTE E DE CASA
EM CASA”
Como visitar
Por que, quando, quem e como o pastor deve visitar? Estas per-
guntas são extremamente importantes.
Visitei uma igreja onde os cultos eram muito desanimados e bem
pouco freqüentados. Alguém me explicou: “Nosso pastor é gente fina,
mas não é de fazer muitas visitas. Ele só visita quando lhe pedem”. Dá
para entender por que a freqüência aos cultos era baixa e a igreja estava
morrendo.
Pastor, se você quer uma igreja forte e ativa, visite suas ovelhas
constantemente. Perguntaram a um pastor extremamente bem sucedido
em seu ministério qual era o segredo de tanto sucesso. Ele respondeu:
“Simples. Oração e visitação”. Vitória por meio da visitação é o segredo
do crescimento de muitas igrejas.
Nada substitui as visitas aos lares ou indivíduos. Segundo ouvi,
85% dos negócios financeiros são fechados em contatos pessoais. D. L.
Moody explicou que entre os milhares salvos em suas campanhas, ele
não sabia de nenhum que não tivesse sido antes visitado por um crente
ou tido algum contato pessoal com alguém de uma igreja.
Ao pensar nas centenas de pessoas que se converteram durante
meu ministério pastoral, também não me recordo de praticamente nin-
guém que tenha aceitado a Cristo sem ter sido convidado, visitado ou
ouvido um testemunho antes, por parte de membros da igreja ou pasto-
res.
Há muitos tipos de visitas: rapidinhas, de conhecimento,
evangelísticas, a doentes, a hospitais e asilos, a presídios, a novos mem-
bros, para resolver problemas e visitas a pessoas interessadas no Evan-
gelho. A igreja pode programar visitas a cargo dos jovens, homens, se-
nhoras, classes da EBD e outras organizações.
152 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

As visitas podem ser eficientes ou desastradas. O programa de


visitação da igreja pode ser um grande sucesso ou uma derrota só. Gos-
taria de relatar o que aprendi e observei nas igrejas por onde passei.
Primeiro, gostaria de falar sobre o pastor e seu esquema de visitação
e depois de como a igreja pode desenvolver um programa eficaz de
visitação.
Nenhum pastor será bem sucedido na conquista de almas para Cristo
nem na edificação da igreja se ficar o tempo todo atrás de uma escrivani-
nha, esperando que outros realizem a tarefa. Talvez as pessoas saíssem
de casa para ouvir Spurgeon ou o apóstolo Paulo, mesmo se eles não as
visitassem, no entanto, a maioria de nós está longe de ser um Spurgeon
ou um Paulo. Nos dias atuais, será que até mesmo eles conseguiriam
uma grande igreja, se não fizessem visitas?

1. Por que o pastor deve fazer visitas?


Para manter seu próprio coração aquecido; para manter a igreja
ativa; para inspirar outros a visitar também; para mostrar seu interesse
pelo povo e para manter contato com a igreja.

2. Quem o pastor deve visitar?


Os membros de sua igreja. No início deste livro, sugeri que o pas-
tor visitasse todos os membros de sua igreja. Alguns precisam de mais
visitas do que outros, no entanto, o pastor precisa visitar todas as suas
ovelhas pelo menos uma vez. Se puder fazer isso logo na primeira sema-
na de seu pastorado, melhor.
Os faltosos. Visite-os antes que se envolvam em problemas real-
mente grandes e desinteressem-se totalmente pela igreja. Essa também é
uma responsabilidade dos professores da EBD e dos diáconos.
Os enfermos. É natural que os seriamente enfermos, machucados
ou hospitalizados esperem uma visita do pastor. É preciso usar de inteli-
gência e sensatez nesse tipo de visita. Consulte o médico, caso o enfer-
mo tenha doença contagiosa. Pastor nenhum é obrigado a correr para
visitar um crente por causa de um simples resfriado ou tosse. Nestes
casos, um telefonema ou um cartão desejando melhoras é suficiente. Claro
que se a pessoa morar sozinha ou estiver num asilo, será bom que al-
guém da igreja ofereça-se para levar uma refeição, um bolo etc. Caso
contrário, a própria família se encarregará dos cuidados necessários.
“DIARIAMENTE E DE CASA EM CASA” 153

Algumas vezes precisei visitar pessoas que espirravam e tossiam


sem parar, mas não me lembro de ter ficado doente por isso. Creio que
Deus cuida de nós quando a visita precisa ser feita nessas circunstâncias.
Em visitas hospitalares, estive em contato com quase todas as doenças
conhecidas neste mundo, e Deus sempre preservou minha saúde. No
entanto, nunca cometi a insensatez de me expor desnecessariamente e
sempre que possível tive o cuidado de não me aproximar demais de pes-
soas gripadas, contaminadas com algum tipo de vírus etc. Ninguém deve
exigir que o pastor se exponha desnecessariamente a doenças contagio-
sas.
Se um membro da igreja estiver hospitalizado, é natural que espe-
re que o pastor se interesse o bastante para visitá-lo, ou peça a alguém da
diretoria que o faça. Geralmente, no entanto, as pessoas preferem mes-
mo a visita do pastor. Porém sua visita não precisa ser diária. Algumas
vezes eu retornava ao hospital com mais freqüência porque outro mem-
bro da igreja havia se internado para uma cirurgia e, já que estava lá,
visitava todas as ovelhas doentes. Com isso, ganhei fama por fazer visi-
tas diárias. Ao passo que a igreja cresce, ou se a cidade é muito grande,
essas visitas tornam-se mais difíceis de serem feitas e os enfermos não
devem exigir a presença constante do pastor. No entanto, ele deve “dar
sinal de vida” de vez em quando. Caso o pastor mesmo não possa ir,
deve pedir a alguém vá em seu lugar.
Em caso de mulheres enfermas, peça a alguma senhora da igreja
que transmita seus desejos de melhora. Por exemplo: “O pastor Silvano
mandou dizer que está orando por sua recuperação e pediu-me para
informá-lo sobre seu estado de saúde hoje”. Se a paciente tiver telefone
em casa, dê uma ligadinha, ou peça para sua esposa ou secretária fazê-
lo.
Membros problemáticos. Estes, e quem está enfrentando proble-
mas, necessitam ser visitados. Algumas vezes, eles mesmos pedem a
visita. Se não for o caso, o pastor deverá telefonar-lhes ou visitá-los e
oferecer-lhes ajuda nas horas difíceis.
Acidentes e tragédias. Nestes casos, o interesse e a preocupação
pastoral são realmente importantes.
Não-membros. Há pessoas que são crentes, freqüentam a igreja,
mas nunca se tornam membros. Elas precisam ser visitadas antes que se
afastem ou caiam nas armadilhas de seitas ou falsos líderes evangélicos.
Interessados. Os visitantes regulares devem ser visitados e
arrebanhados. Alguns já estão salvos, contudo precisam fazer parte de
154 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

uma igreja. Se participam dos cultos regularmente ou se o pastor souber


que têm interesse na igreja, essas pessoas devem ser visitadas.
Os que sofrem. Quem perdeu um ente querido precisa de conforto,
e podem ser ganhos para Cristo nesse instante em que seus corações
estão sensíveis. O pastor inteligente agirá com delicadeza nessas cir-
cunstâncias, especialmente se a família enlutada freqüenta outra igreja
evangélica.
Os solitários. Os viúvos, os aposentados e os idosos sem familia-
res que cuidem deles gostam de ser visitados, e muitas vezes são ganhos
para Cristo nessas visitas. Pastores, não se esqueçam de visitar suas ove-
lhas que estão em asilos e retiros para idosos!
Recém-chegados. Pessoas que acabaram de se mudar para a cida-
de ou para o bairro devem ser visitadas imediatamente. Pergunte aos
estudantes da igreja se há alunos novos em suas classes. Os membros da
igreja podem informar sobre novos vizinhos. As reuniões de bairros e de
pais e mestres, as festas de rua, os aniversários, casamentos, funerais e
outros são oportunidades para que o pastor conheça os recém-chegados.
Encarcerados. Cadeias, penitenciárias e reformatórios também
oferecem oportunidades para ganharmos almas para Cristo. Em alguns
lugares, isso é mais fácil do que em outros.

3. Qual a melhor hora para se fazer visitas?


Depende de quem e do lugar a ser visitado. Em cidades industriais
ou que sediam bases militares, por exemplo, as pessoas cumprem horá-
rios bastante variados. É possível encontrar gente em casa no meio da
tarde. Isso significa umas duas horas de boa conversa ANTES DO JAN-
TAR e antes do anoitecer.
Asilos, hospitais e organizações do gênero talvez tenham horas
estabelecidas para visitas. Os aposentados geralmente têm mais flexibi-
lidade de tempo.
A maioria das pessoas, no entanto, só podem ser visitadas à noite.
Quando visitar os hospitalizados, evite o horário do “rush hospita-
lar”, quando familiares e amigos aparecem. A Constituição garante aos
pastores e guias espirituais o direito de visitarem suas ovelhas fora do
horário estabelecido, mas não abuse do privilégio. Seja breve, sensível
às dificuldades e sentimentos dos pacientes, atencioso aos pedidos de
médicos e enfermeiras.
Quem trabalha por conta própria pode receber visitas rápidas no
local de trabalho, mas seja sensato, pois geralmente a pessoa tem um
“DIARIAMENTE E DE CASA EM CASA” 155

prazo a cumprir ou cliente a atender. Não cause prejuízo a nenhum co-


merciante nem enfureça nenhum freguês por causa de visitas inapropriadas
e longas em local de trabalho.
Se a visita é para crianças ou adolescentes que freqüentam a igre-
ja, faça-a quando os pais estiverem em casa também. Uma visita feita no
sábado à tarde torna quase impossível à família esquecer o convite para
que apareça na igreja no outro dia.
Cuidado com as visitas noturnas. Nem toda campainha que é bem
atendida às nove da noite. A família pode estar se preparando para dor-
mir e não vai querer ser pega de pijamas. Outras pessoas, no entanto,
nunca vão para cama antes das três da manhã e não se importam com
visitas fora de hora. Mas todo cuidado é pouco.
É melhor visitar jovens e adolescentes nos fins de semana, quando
não têm aulas.

4. Como visitar
Planeje suas visitas. Se eu tivesse apenas duas horas para fazer
visitas antes do jantar, eu anotava os nomes das pessoas que precisavam
ser visitadas com mais urgência. Talvez duas morassem na mesma rua
ou bairro e pudessem ser vistas no mesmo dia. Assim, eu poupava tempo
e gasolina, ou sola de sapato.
Se dez pessoas precisavam ser visitadas e eu dispusesse de apenas
três horas, eu priorizava os nomes e fazia as visitas de acordo com as
necessidades mais imediatas. Às vezes eu me demorava em uma casa
mais do que em outra e com isso conseguia progredir em meus objetivos
de visitar um maior número de pessoas.
Prepare-se para ir visitar. Tenha à mão um bom número de folhe-
tos com o endereço da igreja. Familiarize-se com o bairro ou ruas aonde
terá de ir; estude o mapa da cidade, se for o caso. Não deixe de levar
caneta e papel para possíveis anotações. E, naturalmente, não se esqueça
da Bíblia.
Tenha sempre uma lanterna consigo, se for visitar à noite. Não
“pega bem” um pastor ficar tropeçando no escuro, ralando-se todo. Ma-
neje bem a lanterna; não vá jogar o facho de luz nos olhos dos outros
nem nas janelas das casas. Alguém pode achar que se trata de um assal-
tante. Você não quer acabar no IML por causa de imprudência, quer?
Ore sobre as visitas a ser feitas. Peça a Deus que o abençoe e que
o impeça de “de ficar de papo furado”. Peça-lhe que inicie a conversa e
156 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

fale aos corações presentes. Ore por sabedoria sobre a duração da visita
e sobre o que dizer.
Seja breve. Geralmente as visitas se tornam longas demais. Na
verdade, deveriam ser “vapt-vupt”. Use a cabeça. Se a família está se
preparando para o jantar, não é hora de o pastor se sentar e ficar de
“conversê”. Ed Nelson, famoso pastor em Colorado, EUA, relatou que
fez cerca de oito mil visitas em dois anos de pastorado. (É fácil entender
por que Deus o abençoou com um ministério fantástico em Denver.)
Mas tenho quase certeza de que grande parte delas foram do tipo “mal
cheguei e já estou saindo”.
No início de meu ministério na Flórida, eu realizava entre 50 e 70
visitas semanais. Conforme a igreja crescia e meu tempo era exigido em
outras atividades, deleguei um pouco do trabalho a outras pessoas. No
entanto, quase sempre realizava entre 25 e 40 visitas durante a semana.
Muitas eram visitas rápidas; levavam somente o tempo de dizer um “Oi.
Tudo bem? Só passei para saber como estão as coisas. Tchau”.
Se for visitar alguém que faltou à igreja algumas vezes seguidas,
por exemplo, não é preciso mais que um “Sentimos sua falta. Espero que
não tenha ficado doente”. A pessoa se alegrará em saber que notaram
sua ausência, explicará que tinha ido visitar a vovó no interior e que
estará na igreja no domingo que vem. Se eu chegasse a uma casa e perce-
besse que a família estava se sentando para jantar ou estava em meio a
um problema, eu voltava da porta mesmo ou não ficava mais do que uns
rápidos instantes. Claro que se estiverem precisando de ajuda e você
puder ficar um pouco, ou então perceber que tem a oportunidade de
ganhar alguém para Cristo, não vacile – estenda seu tempo um pouco
mais.
Dizem que alguns vendedores são capazes de convencer o cliente
a levar um produto para logo em seguida fazê-lo desistir da compra, e
tudo porque falam demais. Conheço membros de igreja e pastores que
agem da mesma forma. É melhor sair enquanto as pessoas pedem que
fique mais um pouco do que ficar enquanto estão orando para você ir
embora logo.
Torne sua visita tão agradável que o visitado nem veja o tempo
passar. Não entre em discussões intermináveis que não levam a nada.
Evite conversas que obriguem a pessoa a citar a árvore genealógica in-
teira da família. Fique longe de assuntos polêmicos, como profecias,
fins dos tempos e política. Sei que as regras de etiqueta ensinam que ao
“DIARIAMENTE E DE CASA EM CASA” 157

visitarmos alguém não devemos agir como se estivéssemos com pressa.


Eu, no entanto, creio que as pessoas respeitam muito mais o pastor que é
bastante ocupado e que tem outras visitas a realizar. Desculpem a fran-
queza, mas vejo que muitos pastores vivem como se tivessem o dia todo
para ficar de “papo pro ar”, sem ter o que fazer. Tenho absoluta certeza
de que a maioria das pessoas hoje vivem muito ocupadas, na maior cor-
reria, e ficariam muito agradecidas se não tomássemos tanto de seu tem-
po.
Ninguém vai querer saber de sua amizade se você chegar na casa
da pessoa quando ela estiver assistindo a um programa favorito – que só
passa uma vez por semana – ou de olho grudado no jogo final do
campeonato...especialmente se o time dela estiver em campo.
Certo pastor me mostrou uma casa que ficava bem perto de sua
igreja e disse que a família nunca tinha ido assistir a um culto lá. Acon-
tece que um grupo de homens, zelosos do trabalho de visitação que rea-
lizavam, bateu à porta da casa quando o chefe da família estava prepa-
rando um churrasco para algumas pessoas. Os crentes explicaram que
ficariam “só uns minutinhos” porque não gostariam de atrapalhar a reu-
nião da família com seus amigos. No entanto, os visitadores foram fican-
do e ficando, e o dono da casa foi perdendo a esportiva com a grosseria
deles. A visita terminou quarenta minutos depois, com alguns pedaços
de carne estorricados na grelha. O dono do churrasco jurou à esposa que
jamais botaria os pés naquela igreja. Não teria sido muito melhor se os
visitadores tivessem cumprimentado os presentes, explicado quem eram
e o que estavam fazendo e dito que voltariam mais tarde, quando a famí-
lia não estivesse ocupada com seus amigos? Poderiam até mesmo ter
convidado todos para o culto do próximo domingo e saído rapidinho.
Contudo, a falta de “desconfiômetro” do pessoal da igreja fechou as
portas daquela família para a igreja. Infelizmente alguns pastores são tão
conversadores e “desligados” quanto esse grupo de visitação.
Cuidado com as visitas sociais. Se o pastor visitar um membro da
igreja só para bater um papo de amigo, outros vão exigir o mesmo trata-
mento. Deus não o convidou para ser “arroz de festa”. Claro que se um
membro da igreja o convidar para um almoço ou jantar, a situação é
diferente. Neste caso você terá uma excelente oportunidade de conhecer
melhor seu rebanho. Porém, não se sinta na obrigação de reciprocar. A
maioria dos membros da igreja não espera um convite para almoçar ou
jantar na casa do pastor, mesmo que o tenham convidado várias vezes
158 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

para refeições em suas casas. Outras pessoas não veriam com bons olhos
sua visita de amigo à determinada família, e as coisas poderiam ficar
“esquisitas” para o seu lado. Já descobri que nem todos os crentes estão
livres do pecado da inveja.
Seja alegre e cordial. O mundo já é triste o bastante. “O coração
alegre aformoseia o rosto.” Cumprimente todos os presentes. Dê aten-
ção às crianças. Dedique um tempinho aos idosos. Comente sobre a be-
leza de um quadro, de um móvel novo, das flores etc. Procure incluir a
família toda na conversa, a não que esteja se dirigindo a uma pessoa em
especial e à necessidade de seu coração.
Seja ético. Se estiver visitando alguém que pertença a outra deno-
minação, não fale mal da igreja da pessoa, mesmo que você não concor-
de com a doutrina praticada por ela. Não insista para que membros de
igrejas fundamentalistas mudem para a sua, a não ser que tenham de-
monstrado interesse em fazê-lo. Se morarem longe demais da igreja a
que pertencem, então você poderá convidá-los a visitar sua igreja. Se a
pessoa pertencer a uma igreja liberal ou freqüentar uma seita, a coisa é
diferente. Mesmo assim, seja cauteloso e use de muito tato ao lidar com
a situação, e suas chances de sucesso serão bem maiores. Se você con-
quistar para Cristo alguém que já esteja participando de uma igreja evan-
gélica, deseje-lhe as bênçãos de Deus e encoraje-o a batizar-se e filiar-se
à igreja que freqüenta. Caso a pessoa prefira unir-se a sua igreja, ela
mesma dirá.
Quanto tempo deve durar uma visita? Eu geralmente não me de-
morava mais de 20 minutos. As visitas rápidas iam de quatro a cinco
minutos – normalmente um papinho à porta; mas se a pessoa estivesse
realmente interessada em Cristo, eu ficava uma hora ou mais. Mas nor-
malmente eu não precisava de mais de 20 minutos para cumprimentar,
falar sobre amenidades, responder alguma pergunte importante, conver-
sar sobre a vida da igreja, convidar as pessoas aos cultos e fazer uma
oração. Repito: se houver oportunidade de ganhar alguém para Cristo,
demore-se um pouco mais. Se você sentir que os hospedeiros estão sen-
do sinceros no convite para que você fique um pouco mais ou se têm
uma necessidade espiritual a ser preenchida, então fique. Se estiverem
apenas sendo educados no convite ou querem apenas bater um papo
descomprometido, explique que “embora esteja gostando muito do papo
e da companhia, tenho outra visita a fazer” ou “prometi ao irmão Barbo-
sa que daria uma passadinha por lá ainda hoje e tenho de me apressar.
Voltarei com mais tempo outro dia”.
“DIARIAMENTE E DE CASA EM CASA” 159

É preciso orar sempre? Por que não? A não em visitas “vap-vupt”


à porta (e até mesmo nesta circunstância), acho que o homem de Deus
deve orar sempre que fizer visitas (orações curtas, naturalmente). É mui-
to bom as pessoas saberem que o pastor tem um relacionamento pessoal
com Deus. Aliás, talvez essa oração seja a única que muita gente tem o
privilégio de ouvir!
Mantenha um registro das visitas. As simples fichas de arquivo o
ajudarão a se manter em dia com o trabalho de visitação. Anote a data e
os resultados da visita e quando deverá visitar a pessoa novamente. Seja
organizado. Se você tiver seu arquivo em dia, terá uma boa lista de pes-
soas que poderão ser convidadas para cultos especiais, reuniões
evangelísticas etc.
Cuidado com fofocas e diz-que-diz. Evite todo e qualquer comen-
tário maldoso sobre outras pessoas. Se alguém insistir em fofocar, “mude
de canal” rapidamente. “O homem vão cava o mal...e o difamador sepa-
ra os maiores amigos” (Provérbios 16. 27-28). Não critique ninguém.
Mais uma coisa. Não se deixe vencer pelo desânimo. Às vezes
fazemos dez visitas sem nenhum resultado aparente. Mas, então, na 11a.
casa encontramos a família toda preparada para ouvir a palavra de salva-
ção e desejosa de pertencer à igreja. Isso realmente vale a pena!
Por último. Ao fazer visitas a hospitais, seja breve, alegre e oti-
mista. Não fale alto nem “apronte gracinhas”. Não sente na cama do
paciente. Antes de entrar no quarto de uma paciente, certifique-se de que
não há inconveniente nenhum. Não dificulte o trabalho dos enfermeiros.
Não canse o paciente. Ore por ele. Não se demore na visita.

Programa de Visitação da Igreja


Se o pastor é um verdadeiro ganhador de almas e gosta de fazer
visitas, a igreja se interessará em aprender sobre o assunto. Se você,
como pastor, não se dedica nem a ganhar almas nem a fazer visitas, en-
tão é hora de se arrepender deste pecado e pedir a Deus que o enche de
seu Espírito Santo para que você se envolva nessa obra. Você jamais
edificará uma igreja vibrante sem essas duas coisas. (Confira Provérbios
11.20 e Atos 1. 8.)
“Diariamente e de casas em casa… não cessavam de ensinar”
(Atos 5.42). Não abra mão disso! Esse não é uma tarefa apenas do pas-
tor. É uma tarefa de todos os crentes!
Promova um censo a cada três ou quatro anos. Chame-o de “pes-
quisa religiosa”, se desejar. Todas as casas do bairro devem ser visitadas
160 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

nessa ocasião. Talvez você prefira que a igreja vá direto de casa em casa
com a mensagem do Evangelho, entregando folhetos e convidando as
pessoas para assistirem aos cultos. Seja como for, a pesquisa mune a
igreja com as informações necessárias às visitas que serão feitas mais
tarde, pois as pessoas se sentirão mais à vontade conversando com es-
tranhos no portão do que dentro de casa . Os questionários da pesquisa
oferecem informações importantes que serão usadas no trabalho mais
tarde.
Registre tudo. Se a igreja não tem uma secretária de tempo inte-
gral, contrate alguém (ou procure voluntários) para escreverem um rela-
tório sobre as visitas, atualizarem mudanças de endereço, descartar fi-
chas antigas – enfim, um trabalho completo. Com um arquivo bem orga-
nizado, não se corre o risco de visitar um “interessado” que já se filiou à
igreja (sua ou outra) ou alguém que já tenha “ido dessa para a melhor”.
Organize-se. A maioria dos membros da igreja não fazem visita
nenhuma se a coisa for meio desorganizada, cada um por si e como qui-
ser. É bem melhor separar uma noite quando toda a igreja sairá a fazer
visitas, um dia para que as senhoras saiam a campo, uma tarde para en-
trega de folhetos etc. Caso contrário, a coisa não vai para frente. Se cada
um for responsável por si mesmo, ninguém será responsável por nada.
Visite os recém-chegados. No início deste capítulo sugerimos como
descobrir quem são os novos moradores da cidade ou do bairro. Escolha
algumas pessoas para esse trabalho. Elas farão o primeiro contato com
os recém-chegados. Depois, quando for conveniente, o pastor ou outra
pessoa poderá realizar as visitas.
Visitas diurnas. Nem todas as mulheres têm coragem de sair à noi-
te desacompanhadas. Portanto, é bom que elas visitem durante o dia.
Além do mais, algumas senhoras não crentes sentem-se mais à vontade
sendo visitadas por outras mulheres e podem ser ganhas para Cristo du-
rante essas visitas. É verdade que hoje em dia há mais mulheres traba-
lhando fora que antigamente, no entanto, muitas ainda trabalham só em
cassa.
Material atraente. Os convites devem ser atraentes e impressos
em papel de qualidade. Se possível, imprima um folheto com fotos do
pastor, líder de jovens, diretor de música, de um grupo de crianças, ado-
lescentes etc. Se a igreja é dona de escola; tem um bom departamento de
música; está envolvida em algum programa beneficente; tem berçário
bem equipado, anuncie tudo. Peça aos membros da igreja que tenham
“DIARIAMENTE E DE CASA EM CASA” 161

um bom estoque desse material na bolsa, nos carros, lojas etc. Mas não
se esqueça de que o folheto deve ser durável, de qualidade.
De dois em dois. Quando era pastor local, eu sempre gostava de
visitar sozinho, pois o trabalho rendia mais. No entanto, acho mais pro-
dutivo os membros saírem em pares. Isso encoraja quem visita; enquan-
to uma pessoa testemunha, a outra pode orar, preencher as fichas, me-
morizar o nome dos visitados etc. Se na casa houver crianças, um dos
visitadores poderá cuidar delas enquanto a mãe ouve a Palavra. Se a
visita será feita a uma família, esta é uma boa oportunidade para casais
trabalharem juntos na obra.
Esconda a Bíblia. Pelo menos até a conversa encaminhar-se para
o lado espiritual. Ou carregue um Novo Testamento. Por quê? Geral-
mente quando as pessoas vêem alguém à porta com uma Bíblia, ou elas
fingem não estar em casa ou dão uma “cortada logo de cara”. Os assal-
tantes nunca se aproximam com a arma em punho, à vista de todo mun-
do. Eles chegam como quem não quer nada, e então atacam. Os pesca-
dores mostram a isca para o peixe, mas não o anzol.
E a TV? Dificilmente encontraremos uma TV desligada à noite. O
que fazer neste caso? Se a família estiver assistindo a um programa aguar-
dado a semana toda ou se a Seleção (ou o time do dono da casa) estiver
jogando naquela hora, os visitadores podem se sentar um pouco e parti-
cipar da “atividade”. Quando houver um intervalo, convidem o pessoal
para visitar a igreja, entreguem um folheto e batam em retirada. Muitas
vezes, porém, as pessoas ligam a TV porque não têm mais nada a fazer.
Outra saída é falar em voz um pouco mais alta ou bem baixa, na esperan-
ça de que alguém “se toque” e abaixe o volume do aparelho. Se quem
visita conhece bem a família, é possível pedir: “Seria possível abaixar a
TV só um pouco, pois quero lhes fazer um convite”. Se o que estiver
passando não for realmente do interesse de ninguém, a TV será desliga-
da.
Organize as visitas por região. Escale os “missionários” da igreja
para trabalharem nas regiões onde moram. Isso evitará que as ruas mais
afastadas sejam esquecidas na visitação. Divida bem as fichas das pes-
soas a serem visitadas para que nenhuma dupla acabe tendo de visitar só
“gente difícil”, e fique desanimada com os resultados.
Deixe alguma coisa com a pessoa. Entregue folhetos, convites,
boletins dominicais, desde que tenham o endereço completo da igreja.
Reforce o convite e repita horário e endereço.
162 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Visite os pais das crianças. Geralmente as igrejas têm um bom


número de crianças que freqüentam a EBD e os cultos sozinhas. Essas
crianças são portas sempre abertas ao trabalho de evangelização por meio
de visitas. Os pais apreciam todo gesto carinhoso que é feito aos seus
filhos, e dificilmente recusarão uma visita da igreja que trata tão bem
“seus anjinhos”. Na verdade, esses pais estão entre as pessoas mais fá-
ceis de serem ganhas para Cristo. Oração, paciência e persistência dão
resultado.

Algumas dúvidas

1. O pastor deve levar sua esposa quando for fazer visitas?


A igreja não convidou a esposa do pastor para ser sua co-pastora.
Portanto, a igreja não pode exigir que ela o acompanhe em todas as
visitas e esteja presente em todas as reuniões. Cuidar bem de sua casa,
de seu esposo e de seus filhos; atender 50 telefonemas diariamente de
gente que procura seu marido; participar dos cultos da igreja e das ativi-
dades da União Feminina; ser a segunda memória do marido; dar bom
testemunho diante do mundo e da igreja – tudo isso é trabalho mais que
suficiente para deixar a esposa do pastor ocupada durante as 24 horas do
dia. Ela não tem de acompanhá-lo em todas as visitas. Aliás, isso toma-
ria ainda mais o tempo dele, já que ele teria de terminar o serviço de casa
antes de sair.

2. Seria apropriado ao pastor visitar uma senhora que esteja sozi-


nha?
Esta é uma questão delicada. Mas se o pastor tem comunhão ínti-
ma com Deus, respeita e ama sua esposa e é dedicado na conquista de
almas para Cristo, não há problema, ainda que esteja desacompanhado.
Eu raramente entrava e sentava para conversar se uma mulher estivesse
sozinha em casa. No entanto, se um homem de Deus senta-se na sala,
perto da porta, fala rapidamente o que tem a dizer e retira-se, dificilmen-
te cairá nas armadilhas da tentação ou verá sua reputação em jogo. Con-
tudo, se eu tivesse de voltar a mesma casa uma segunda vez, ou eu leva-
va minha esposa ou certificava-me de que o marido ou outra pessoa es-
tava por lá também. Caso contrário, eu ficava à porta, dizia o que tinha a
dizer e ia embora. Agindo assim, nenhum pastor se verá em palpos de
aranha.
“DIARIAMENTE E DE CASA EM CASA” 163

Se o pastor prega duramente contra o pecado e vive o que prega,


todas as mulheres entenderão logo que ele está acima de qualquer sus-
peita e não tolerará idiotices. Quase sempre há crianças ou empregadas
em casa, o que facilita a visita. Se a mulher visitada estivesse vestida
“muito à vontade”, eu parava na porta, dava meu recado e saía. Nas
cidades do interior, onde as casas têm jardins e quintais, o pastor nem
precisa entrar na sala para fala com uma mulher
No entanto, procure fazer as visitas quando o marido também esti-
ver em casa. Se a mulher precisasse de outra visita, eu pedia a minha
esposa ou outra senhora da igreja que fosse em meu lugar.

3. Mas, e se a mulher se atirar nos braços do pastor ou tentar sedu-


zi-lo?
Isso dificilmente acontece quando a mulher percebe que o pastor é
absolutamente sério e que seu padrão moral não dá espaço a desatinos.
Se os olhos dele estiverem na Bíblia e no rosto da mulher a quem ele está
falando do Evangelho, e se ele estiver falando “no Espírito” sobre as
coisas de Deus, não acho que a mulher ouse fazer uma loucura desse
tipo. Em todos os lugares há pessoas “desequilibradas” ou mulheres tão
maldosas a ponto de tentar seduzir um pastor. No entanto, o homem de
Deus deve ser capaz de perceber o que está acontecendo e retirar-se
assim que a situação surgir. O pastor deve ser inteligente o bastante para
não voltar mais àquela casa sem estar acompanhado da esposa ou de
outra pessoa de confiança.

4. E o que fazer sobre os cães soltos no quintal?


A Bíblia adverte: “Cuidado com os cães”. Portanto, precisamos
ter cuidado com os seres de quatro pernas tanto quanto com os de duas.
Geralmente os cachorros latem até que alguém da casa saia para ver o
que está acontecendo. Não fique constrangido em pedir ao dono que
prenda o animal, mas peça com jeito, pois geralmente quem ama ani-
mais acha que eles “também são gente”. Para não criar uma situação
constrangedora, talvez seja melhor o membro da igreja convidar a pes-
soa para tomar um cafezinho em sua casa e apresentar-lhe o evangelho
longe do canino.

5. Qual a melhor maneira de chegarmos à casa de alguém sem dar


a impressão de estarmos invadindo seu território?
164 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Depois de bater palmas ou tocar a campainha, afaste-se um pouco


e espere ser atendido. Apresente-se, diga a que veio e peça licença para
conversar um minutinho. Se for convidado a entrar, aceite e agradeça. Se
não, fale rapidamente o que tem a dizer, faça o convite para que a família
visite a igreja, agradeça e retire-se. Se entrar na casa, não fique bisbilho-
tando, tocando em objetos nem esticando o pescoço para ver o que está
acontecendo na cozinha. Perguntar sobre o trabalho da pessoa é aceitá-
vel, mas quer saber quanto ela ganha é grosseria elevada ao quadrado.
Espere ser convidado a sentar, e sente-se no lugar indicado; não fique
experimentando para descobrir qual é a cadeira ou poltrona mais confor-
tável. Aliás, nem mesmo dê a impressão de que está querendo ficar bem
à vontade e acomodado. Se pessoa perceber que você não pretende to-
mar muito de seu tempo, é possível que ela ouça com mais atenção.

6. O que fazer quando o companheiro de visitas causa constrangi-


mentos?
Algumas vezes, porque não havia mais ninguém disponível, levei
comigo um irmão que saía sem a dentadura. Depois de algumas visitas,
abri o jogo com ele e expliquei-lhe que não ficava bem um embaixador
de Cristo sair por aí sem dentadura. Ele a usou durante algumas visitas,
mas depois começou a sair desdentado novamente. Passei a colocá-lo
com outra pessoa meio desmazelada e mandava a dupla para lugares
onde a aparência não fazia muita diferença. Insista para que os visitadores
cuidem do visual. O crente desleixado difama o nome e a obra de Cristo.
Se alguém insiste em continuar “do jeito que Deus me fez”, e vai causar
constrangimento com seu relaxo – seja na aparência ou no falar –, incen-
tive-a a encontrar outro meio de servir ao Senhor. Sempre ensinei meu
rebanho a se vestir da melhor maneira possível, principalmente quando
saiam a visitar. Não estou falando em usar roupa de marca nem festa,
mas em cuidar da higiene e usar roupa limpa e passada, como convém
aos representantes dos Reis dos reis.

7. E se eu não souber responder uma pergunta?


Diga que a Bíblia tem resposta para todas as perguntas. Explique
que você não sabe, assim de memória, onde está a resposta na Bíblia,
mas que irá procurar e voltará depois. O visitador também pode explicar
que o pastor da igreja tem mais conhecimento bíblico que ele e que se a
pessoa for assistir ao culto, o pastor ficará feliz em responder suas dúvi-
das.
“DIARIAMENTE E DE CASA EM CASA” 165

8. Fazemos tantas visitas, mas não vemos quase nenhum resulta-


do. O que está errado? O que precisa ser corrigido?
Faça todo o possível para que a igreja torne-se bem conhecida no
bairro ou cidade e que ninguém se esqueça dela. Use rádios e jornais;
cartazes, folhetos e propaganda de boca em boca. O pastor deve insistir
com os membros da igreja para que convide seus amigos e parentes para
os cultos normais da igreja, e não só para série de conferências e dias
especiais. Os moradores da cidade ou do bairro logo entenderão que a
igreja leva seu trabalho a sério. Desse modo, quando vocês saírem a
visitar, as pessoas já conhecerão a igreja de nome. Muitas pessoas não
querem saber do Evangelho de jeito nenhum, não importa o que a igreja
faça ou diga, mas pelo menos saberão quem são vocês e em que acredi-
tam. É muito importante que cada membro da igreja compreenda que ele
ou ela é um missionário, um embaixador de Cristo, um representante da
igreja. Os filhos de Deus precisam entender que nenhum policial, cartei-
ro, vizinho, cliente ou amigo deve cruzar nosso caminho sem receber um
convite para visitar a igreja. Isso dá resultado!

9. O pastor deve exigir que todos os membros da igreja participem


do programa de visitação?
Para começar, exigir não adianta muito. Sejamos francos: algumas
de nossas ovelhas nunca vão participar de tudo o que promovemos. Indi-
víduos diferentes têm talentos e oportunidades diferentes. Além do mais,
quem trabalha 12 horas por dia, seis vezes por semana e ainda “faz bico”
(e no sol quente), não tem o mesmo tempo nem a mesma disposição de
quem trabalha bem menos, folga nos fins de semana e está em casa todas
as noites antes das sete. Especialmente nas cidades grandes, muitos mem-
bros moram em bairros distantes da igreja; nas cidades pequenas, muitos
moram em sítios. No entanto, essas pessoas devem ser encorajadas a
testemunhar de Cristo lá mesmo onde estão. Deus coloca missionários
em todos os lugares. Outras pessoas não gostam mesmo de fazer visitas,
mas são fiéis ao pastor e às suas orientações e, por onde quer que pas-
sem, convidam conhecidos e desconhecidos para os cultos. Já tive gente
assim em meu pastorado, e acabei descobrindo que não vale a pena bri-
gar.
Eu sempre insisti com os professores da EBD e com os diáconos
para que participassem do programa de visitação da igreja. Alguns par-
ticipavam mais do que outros, e alguns tentavam ajeitar as coisas con-
166 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

forme o horário disponível e, de uma forma ou de outra, faziam as visi-


tas.

10. Alguns membros da igreja são tímidos e tremem só de pensar


em bater de porta em porta. No entanto, são pessoas talentosas em outras
áreas, como administração patrimonial, decoração, música etc. Por que,
então, não lhes dar oportunidade de servir nessas áreas?
Também acho que é improdutivo insistir que todos os membros da
igreja participem do programa de visitação. Na verdade, acho que al-
guns causariam mais danos que benefícios. Algumas pessoas realmente
não têm o mínimo jeito para esse tipo de trabalho. Outras são tão tímidas
que ficam envergonhadas diante do próprio rosto no espelho. Sem falar
naquelas que só abrem a boca para dizer besteira e “dar bola fora”. As-
sim, faça o melhor que puder e ore para que Deus mande as pessoas
certas, e use quem Deus mandar!

11. Como o pastor deve treinar a igreja para o trabalho de visitação


e conquista de almas para Cristo?
Primeiro, pelo exemplo. Uma boa idéia é levar sempre alguém
junto quando for fazer visitas; a pessoa receberá treinamento “ao vivo” e
aprenderá a realizar o trabalho sozinho. Diáconos, professores da EBD e
outros líderes da igreja podem se fazer acompanhar de alguém
inexperiente, mas desejoso de aprender. Promova cursos e palestras so-
bre evangelismo e visitação. Use este livro e outros materiais que exis-
tem no mercado.
Pregue sobre a importância de ganharmos os perdidos para Cristo.
Convide conferencistas que acreditem nisso e pratiquem o que pregam.
Leve alguns de seus melhores ganhadores de almas a cursos e
palestras sobre evangelização.
Durante os cultos, apresente à igreja as pessoas que aceitaram a
Cristo durante a semana por causa de uma visita. Isso incentivará quem
já está envolvido no trabalho e motivará os desanimados.
Alguém comentou sobre o grande evangelista Wesley: “Em sua
busca por almas perdidas, ele chega a perder o fôlego”. Será que isso
também não deveria acontecer conosco?
167

Capítulo 12
ESCOLA: ENSINO
OU CONFUSÃO?
Será que a igreja deve fundar uma escola?
O que fazer se a igreja já tem uma escola?

Se um pastor me perguntar se sua igreja deve ou não fundar uma


escola, minha resposta será: “Nem pense no assunto!” Se o pastor pre-
tende ficar ocupado 24 horas por dia; se ele gosta de longas reuniões
fora de hora; se ele está à caça de mais problemas para lhe empatar a
vida; se ele não está nem aí para seu descanso semanal; se ele quer
encrenca com o Ministério da Educação; se ele anseia causar problemas
na igreja que deixariam até o próprio rei Salomão de cabelo em pé, que
vá em frente!
Sei que as escolas evangélicas estão beneficiando muita gente. Mas
vou apresentar os prós e os contras de uma escola assim. Pense cuidado-
samente no assunto. Consulte seriamente a vontade de Deus para sua
igreja. A coisa não é tão simples quanto parece.
Não vou entrar nos aspectos administrativo e gerencial de uma
escola. A Secretária e o Ministério da Educação e os bons livros escritos
sobre o assunto estão aí para isso. As escolas evangélicas têm meu apoio,
aprecio o trabalho que realizam, faço palestras nessas escolas e oro por
elas.
Minha igreja na Flórida organizou uma escola, e em 13 anos ela
passou de 32 a mais de 900 alunos, entre maternal e colegial. Muitas
crianças aceitaram a Cristo na escola. No entanto, por que mais de 85%
dos alunos eram de lares que não pertenciam à igreja, enfrentamos quase
todos os tipos de problemas que uma escola pode ter.
Deus nos abençoou com bons administradores e funcionários na-
quele período. Em resposta às nossas orações, que não foram poucas e
foram sérias, ele nos enviou exatamente os professores de que necessitá-
168 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

vamos. Todavia, como presidente da escola, eu não podia dedicar-me à


igreja como antes. Algumas vezes eu ia à escola mais de uma vez por
dia. O diretor e os funcionários estavam sempre me procurando em meu
escritório. Havia problemas com alunos, dinheiro, pessoal, pais, disci-
plina, regulamento, comportamento, leis do ensino, esporte – o que você
quiser; mais cedo ou mais tarde o problema surgia. E, às vezes, todos no
mesmo dia!
Nem preciso dizer que já não conseguia fazer tantas visitas como
antes nem dar tanta atenção às ovelhas.
Antes de fundar uma escola, tenha certeza mais que absoluta que é
exatamente isso que Deus quer você faça. Se o Senhor não estiver ao seu
lado o tempo todo, você será um homem morto!
Veja bem se a maioria da igreja realmente aprova essa nova em-
preitada. Na melhor das hipóteses, você perderá alguns membros por
causa da escola, e terá de enfrentar o azedume de outros.
Não se iluda achando que os pais de todos os alunos passarão a
freqüentar a igreja agora. Falo de experiência própria.
Certifique-se de que os líderes da igreja estão ao seu lado e pron-
tos a cooperar. Você precisará de toda ajuda que conseguir, e um pouco
mais.
Sei de pastores que estão atolados em suas escolas. Alguns são
professores; outros são supervisores ou diretores – pelo menos tentam
ser. Alguns cuidam das finanças, outros são motorista do ônibus escolar,
treinador do time e até mesmo faxineiro. Outros são tudo isso! Não é de
estranhar que tantas igrejas estejam morrendo aos poucos!
Quando você pensa que todas as crises foram resolvidas e agora
terá tempo para se dedicar à igreja, surge outro problema, e lá vai você
peregrinar pela Secretária da Educação ou seja onde for.
Se você deseja mesmo afundar o pé na lama, espere até a constru-
ção ser iniciada – ao mesmo tempo em que outras coisas estão aconte-
cendo na igreja!
Se há uma boa escola evangélica em sua cidade, pense muito, muito
mesmo antes de se aventurar na área educacional. Você pode ajudar essa
outra escola em várias áreas, inclusive fazendo propaganda dela na cida-
de, e não precisará colocar seu ministério em risco.
Por mais que eu aprecie as coisas boas que muitas escolas evangé-
licas estão realizando, fico pensando se vale a pena o pastor negligenciar
sua igreja por causa delas.
ESCOLA: ENSINO OU CONFUSÃO? 169

Por mais estranho que pareça, os jovens mais consagrados que


tenho conhecido nas igrejas não estudaram em escolas evangélicas. Os
jovens que estudam em escolas públicas e nas particulares não-evangéli-
cas enfrentam mais oposições, e com mais freqüência se deparam com
situações em que têm de testemunhar de sua fé e defender o que crêem e
aprenderam na igreja. (Geralmente, se grupo de jovens da igreja é firme
e ativo, isso significa que seu líder tem as mesmas características!)
Poucos pastores são também educadores, e não saberiam dirigir
uma escola mesmo que tivessem tempo para isso. Se a igreja possui uma
escola, e tanto uma quanto a outra estão prosperando, é por uma das
duas razões abaixo, ou as duas juntas:

1. O pastor é um pregador talentoso, faz leitura dinâmica e é um


líder dinâmico, e é um gênio em termos de organização. Com tudo isso,
ele pode desenvolver uma boa escola.

2. O pastor é uma dessas raras pessoas que têm temperamento,


personalidade, capacidade e tempo para liderar; tem aquela personalida-
de magnética que atrai colaboradores num piscar de olhos e tem sabedo-
ria para delegar responsabilidades às pessoas certas. Com estas qualida-
des, ele pode ser bem sucedido tanto na escola quanto na igreja.

Mesmo assim, a tarefa exige um tipo de líder que não se importe


em trabalhar duro; que adore problemas; não se importe com crises e
dificuldades; seja capaz de preparar sermões e estudos com a maior faci-
lidade; goste de trabalhar com gente e também se dê bem com qualquer
tipo de pessoa que Deus colocou na terra.
Se você é um pastor ocupado, e pretende fundar uma escola, pre-
pare-se para levantar cedo e dormir tarde. Esqueça os feriados e as horas
de folga – pelo menos até encontrar um excelente diretor, supervisores
capacitados e secretárias de primeira. Você também precisará de um pas-
tor-assistente ou líderes que o ajudem nas visitações enquanto a escola
toma pé. Não quero parecer pessimista, mas fundar e manter uma escola
bem sucedida é tudo, menos fácil.
Sei que muitos pastores-educadores acham que o tempo investido
em educação vale realmente todas as chateações, e que se a igreja ficar
exatamente como está, a escola mais do que recompensa. Talvez tenham
razão. Contudo, muitos pastores de verdade, que não têm dúvida nenhu-
170 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

ma de que foram chamados a pregar, ficam frustrados e exaustos com a


tarefa de também dirigir uma instituição educacional.
Meu maior problema em relação às escolas evangélicas é que,
muitas vezes, elas tiram jovens cristãos verdadeiros das escolas secula-
res (removendo o sal da terra), que ficam sem ninguém que lhes testemu-
nhe de Cristo, e sem pais que defendam a verdade e lutem contra a
permissividade dentro delas. Os poucos que ficam não têm força para
lutar sozinhos, já que os pais cristãos estão envolvidos e protegidos nas
escolas evangélicas, longe do campo de guerra.
Muitos líderes cristãos acham que todas as cidades deveriam ter
uma escola evangélica; mas isso não significa que todas as igrejas da
cidade devem ter sua própria escola!

VANTAGENS DE UMA ESCOLA EVANGÉLICA

1) Seus próprios filhos têm oportunidade de receber ensino bíbli-


co, e (algumas vezes) melhor educação acadêmica do que na maioria das
escolas seculares.

2) De modo geral, as crianças da igreja podem ficar longe de dro-


gas, palavrões e vulgaridades que infestam as escolas de hoje.

3) As crianças têm oportunidade de ouvir a mensagem da Bíblia


nas assembléias da escola, e não precisam ouvir as mentiras da teoria da
evolução nem entrar em contato com a putrefação do ateismo e do ensi-
no humanístico.

4) Se a escola for bem sucedida; administrada com eficiência: pagar


suas contas em dia e incentivar o desenvolvimento acadêmico de seus
alunos, ela causará uma excelente impressão no bairro ou cidade, e
desperterá o interesse das pessoas pela igreja e pelo que ela realiza. Fa-
mílias inteiras poderão ser ganhas para Cristo por meio da escola.

5) Se a escola for bem sucedida, ela atrairá alunos de outras igre-


jas e lares onde a Bíblia não ocupa lugar de destaque e, assim, sua igreja
terá o maravilhoso privilégio de conquistar muitos jovens para Cristo.
Algumas escolas seculares são piores do que outras. Os livros
adotados são muitas vezes perniciosos e vulgares, e a filosofia em rela-
ESCOLA: ENSINO OU CONFUSÃO? 171

ção a “situações éticas” e à famosa nova moral é tão oposta aos


ensinamentos bíblicos que se torna quase obrigatório a formação de uma
escola evangélica na cidade. No entanto, é verdade que nas cidades pe-
quenas, de modo geral, os professores, orientadores e funcionários pos-
suem formação ética e religiosa mais conservadoras. Algumas escolas
seculares são melhores do que outras e, de certa forma, ainda não foram
contaminadas pelo pecado, pelos ensinos humanísticos nem pelas insti-
tuições governamentais.
Meus filhos estudaram em escolas seculares e saíram ilesos. Eles
se mantiveram íntegros, deram bom testemunho cristão e aproveitaram
muito bem a vida no serviçao do Senhor. Eles não participavam de fes-
tas dançantes – nem mesmo das de formatura – e não iam ao cinema.
Sempre tiraram boas notas, vestiam-se com decência e não adquiriram
maus hábitos.
Reconheço que hoje em dia o modo de se vestir, a ênfase na igual-
dade de sexos e a influência do rock e das drogas exercem influência
mais forte na juventude do que antigamente. Sinceramente, não gostaria
nem um pouco que meus netos estudassem nas escolas secundárias de
nossos dias.

COMO ORGANIZAR UMA ESCOLA?


O que fazer se ao seu redor não houver nenhuma escola evangéli-
ca que mereça sua confiança, e você achar que já está na hora de a igreja
ter sua própria instituição de ensino?
Primeiro, fale com a igreja. Depois converse com pastores que já
viveram ou estão vivendo a experiência de dirigir uma escola. Eles co-
nhecem todos os ângulos da situação.
Depois, visite escolas evangélicas e obtenha todas as informações
possíveis. Inteire-se de todas as exigências do Ministério da Educação,
Secretária de Ensino do Estado, Delegacia de Ensino Regional etc. In-
forme-se sobre os procedimentos e exigências legais. Uma escola evan-
gélica não pode de jeito nenhum funcionar “meio que por baixo dos
panos”.
Façam planos e estabeleçam objetivos. Para nossa igreja foi im-
portante enfatizar:

1) A Palavra de Deus. Decidimos que ensinaríamos a Bíblia e


buscaríamos a salvação de nossos alunos.
172 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

2) O Ensino Acadêmico. Comprometemo-nos a oferecer aos nos-


sos alunos a melhor educação escolar possível.
3) O Amor â Pátria. Entendemos que educação social, moral e
cívica ajudaria nossos alunos a ser não apenas melhores cristãos como
também melhores cidadãos.
4) Boas Maneiras e Bons Costumes. Determinamo-nos a ensinar
nossas crianças a se comportarem bem tanto em público quanto em par-
ticular.
5) A Edificação do Caráter. Propusemo-nos a ajudar nossos alu-
nos a se tornarem pessoas decentes e com valores morais bíblicos.

EM QUE LUGAR?
Naturalmente a escola precisará de salas de aula. Algumas igrejas
usam as da Escola Dominical; outras preferem – e podem – ter classes
especificamente para esse fim. Em nossa igreja, começamos com pré-
primário e primeira série. Levantamos uma oferta entre membros da igreja
e grupos interessados no projeto. Como possuíamos um terreno grande,
parte dele foi usado para a construção de classes.
Assim que toda a documentação ficou em ordem, começamos a
fazer propaganda de nossa escola. Toda a igreja – que estava bem cons-
ciente dos fatos – envolveu-se no projeto. Deixamos claro que oferecerí-
amos apenas instrução pré-primária e primária (até a quarta série), pelo
menos a princípio.
Construímos duas salas amplas (para que nenhum supervisor de
ensino reclamasse que as acomodações não eram apropriadas). Toma-
mos cuidado para que a iluminação e ventilação fossem adequadas, e
que as saídas de emergência fossem de fácil acesso.
Certificamo-nos de que o número de banheiros era suficiente e de
que estavam dentro dos padrões de segurança e sanitarismo público.
Também construímos uma pequeno escritório.
Nossa escola começou a funcionar em 1960, com 32 alunos– 20
no pré-primário e 12 na primeira série. Conseguimos professores e dire-
tor dentro da própria igreja.
Nossos melhores professores eram jovens recém-formados, trei-
nados por nós mesmos.
No ano seguinte implantamos a segunda série, depois a terceira e
assim por diante.
Como pastor da igreja, eu supervisionava as atividades da escola.
Mais tarde, por causa do ministério pastoral, a igreja elegeu outra pessoa
ESCOLA: ENSINO OU CONFUSÃO? 173

para fazer esse trabalho. No entanto, sempre fiz questão de estar presen-
te quando alguma decisão importante deveria ser tomada.
Com o passar do tempo, melhoramos nossas instalações, tendo
sempre em mente a segurnça e o bem-estar de alunos e funcionários. A
escola cresceu e tornou-se bem conceituada na cidade. Jamais deixamos
de pagar nossas despesas.
Doze anos mais tarde, tínhamos quase mil alunos entre maternal e
colegial, e éramos muito abençoados por Deus.

PERGUNTAS E RESPOSTAS
1) Devemos contratar apenas professores da igreja?
R) Só se forem qualificados, claro. Os ajudantes devem ser treina-
dos conforme as regras estabelecidas pela igreja.

2) Onde conseguir professores?


R) Creio que a maioria de nossos professores foi resposta de ora-
ção! Anuncie em jornais e revistas evangélicas, visite igrejas e apresente
sua necessidade de professores comprometidos com Deus.

3) A escola deve ser uma organização separada da igreja?


R) (NÃO SEI SE NO BRASIL UMA PODE SER PARTE FIS-
CAL DA OUTRA)

4) A escola deve aceitar ajuda do governo?


R) Se aceitar, também terá de aceitar suas imposições. Quanto
menos interferência de fora, melhor será.

5) Os professores devem ser da mesma fé e ordem que a igreja?


R) Se não forem, terão dificuldade em entender completamente os
objetivos da igreja para a escola e poderão ter problemas em adotar sua
filosofia de ensino.

6) Como manter a escola financeiramente:


R) Com a mensalidade paga pelos alunos. Procure saber o que
outras escolas do mesmo tamanho e padrão estão cobrando e ajuste a
mensalidade ao custo de vida de sua localização. Uma escola bem admi-
nistrada gera lucros.
174 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

7) Queremos oferecer às nossas crianças uma educação de acordo


com os ensinos bíblicos, mas não temos condições de montar uma esco-
la com todas as séries.
R) Comece com uma creche, com o maternal ou pré-primário. Estes
anos formativos são extremamente importantes na vida de uma criança.

8) É possível obter lucros com maternal, creche ou pré-primário?


R) Certamente, já que as qualificações de seus professores não
precisam ser as mesmas daqueles que lecionam para o colegial, por exem-
plo, e, conseqüentemente, os salários são menores. Além disso, a escola
não precisará de tantos equipamentos caros e sofisticados.

9) Como lidar com as finanças da escola?


R) Não se esqueça de que a escola não é uma instituição de carida-
de. Embora seja possível oferecer bolsas de estudo, certifique-se da real
necessidade do aplicante. Nenhum membro (ou não-membro) tem direi-
to de atrasar o pagmento de mensalidades só porque a escola “é nossa”
ou é evangélica e o “amor cristão deve imperar”. Arrecade fundos pro-
movendo festas que envolvam as famílias dos alunos. Além de oferecer
diversão sadia para todos, a escola conseguirá dinheiro para seus proje-
tos.

10) Se a escola for uma organização sem fins lucrativos, como


obter lucro para gerenciá-la?
R) O dinheiro das mensalidades tem de ser suficiente para gerar
benefícios para a própria escola, e não para enriquecer quem quer que
seja!
11) Como envolver os pais dos alunos, principalmente os que não
são crentes?
R) Muitos pais estão sempre prontos a colaborar e envolver-se na
vida escolar de seus filhos. Outros precisam de um empurrãozinho. Nas
programações especiais, use as crianças das famílias que mostram me-
nos interesse pela vida acadêmica dos filhos. Convide pessolamente es-
ses pais para as reuniões e faça tudo para que se sintam à vontade.

12) Como tornar a escola uma organização “bem sucedida” aos


olhos do público?
R) Ofereça educação de primeira! E mantenha a escola “na boca
do povo” – de modo positivo, claro. Algumas das sugestões apresenta-
ESCOLA: ENSINO OU CONFUSÃO? 175

das no capítulo “Santo Barulho”, sobre como tornar a igreja bem sucedi-
da, também funcionam para a escola. Será de interesse da escola ter
alguém bastante ativo na área de relações públicas.

13) Como tratar com os padrões morais numa época em que eles
parecem não existir?
R) Estabeleça regras e padrões coerentes e bíblicos e atenha-se a
eles. Explique aos professores o que você espera deles. Funcionários e
diretores devem concordar 100% com as normas e padrões da escola a
respeito de música, vestimenta, comprimento de cabelo, etc.

14) O que fazer quando um excelente aluno (na área acadêmica)


não segue o regulamento da escola?
R) Geralmente os “gênios” exercem grande influência sobre os
colegas. Assim sendo, não tenha medo de estabelecer e enfatizar regras
e padrões. As academias militares têm regras. Os clubes de futebol têm
regras. Para que fundar uma escola cristã sem regras e padrões! Mante-
nha-se em contato com os pais. Geralmente eles causam mais problemas
que os filhos. Quando os pais não freqüentam uma boa igreja evangéli-
ca, uma igreja que prega contra o pecado, mantenha-os informados so-
bre o que anda acontecendo na área de novos hábitos e costumes, da
moda feminina e masculina, drogas, educação sexual, aspectos éticos,
falta de pudor, etc. Faça-os se sentirem agradecidos por ter os filhos em
sua escola.

15) Como fazer com que os pais não crentes concordem com suas
regras e padrões?
R) Nem todos concordarão. No entanto, têm de compreender que
se querem os filhos em sua escola, eles devem apoiar suas instruções
disciplinares. Peça que assinem um contrato de acordo nesta área. Assim
você livrará sua cara mais tarde. Explique aos pais que as escolas mais
bem sucedidas são as que exigem padrões morais altos e bem estabeleci-
dos.

16) Como evitar conflitos entre escola e igreja?


R) Sempre haverá conflitos e problemas. Faça tudo que puder para
que a escola seja bem vista aos olhos da igreja. Aja com diplomacia.
Não “viva” elogiando a escola, pregando sobre a escola e fazendo pro-
176 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

paganda da escola no púlpito. O povo acaba se cansando desse “papo de


escola”. Só fale e anuncie o absolutamente necessário.

17) O que fazer quando os professores se preocupam mais com a


escola do que com a igreja, e não apoiam sua programação?
R) Em primeiro lugar, não contrate professores que não concor-
dem com o estilo de vida da igreja. Segundo, treine bem seus professo-
res. Explique-lhes que a escola está ligada à igreja e que esta é mãe
daquela e também é mais importante do que ela. Certa vez ouvi um pas-
tor relembrar aos professores para que não carregassem os alunos com
tarefas de casa naquela semana, pois a igreja estava em série de confe-
rências e ele queria a presença de todos. É assim que deve ser. Já teste-
munhei, em algumas igrejas, professores “atolarem” os alunos em tare-
fas de casa durante uma série de conferências. Treine bem seus profes-
sores.

18) E se os pais se rebelarem contra os regulamentos da escola?


R) Não permita que dêem nem mesmo o primeiro passo nesta di-
reção. Firme-se no regulamento. Explique aos alunos que não são da
igreja que as regras são as mesmas para todos, sem exceção. Não abaixe
os padrões nem um pouco. Se o fizer, você estará “frito”.
19) O pastor deverá eventualmente se afastar da escola e deixá-la
completamente nas mãos de sua diretoria?
R) Não totalmente. Se o diretor é pessoa de sua absoluta confian-
ça, ele poderá deixar quase tudo mas não tudo. Mesmo na melhor das
circunstâncias, mantenha um olho no lemo. Haverá ocasiões em que os
pais vão querer falar mesmo é com o pastor. E não haverá como ignorá-
los, especialmente se forem membros da igreja e acharem que não estão
sendo bem tratados na escola. Nestes casos, é preciso chegar a um acor-
do. Não vale a pena deixar o caldo entornar na igreja por causa da esco-
la. Quando se trata de sua escola não deixe a situação lhe escapar pelos
dedos. Mantenha as coisas sob controle, mas seja sensato. Não tente
resolver todos os problemas que surgirem. Não se intrometa em tudo.
Deixe os administradores fazerem o trabalho deles.

20) O que fazer quando um membro da igreja acha que as crianças


da escola recebem mais atenção do que as que não freqüentam a escola?
R) Isso pode realmente acontecer. Não permita que os alunos que
pertencem à igreja dêem uma de “sou mais santo e consagrado do que
ESCOLA: ENSINO OU CONFUSÃO? 177

você”. Providencie programas na igreja que envolvam igualmente todas


as crianças. Quem trabalha na escola e também na EBD ou com outros
grupos da igreja, deve tratar todas as crianças da mesma maneira. Não
permita que a escola promova atividades que entrem em conflito com
atividades especiais da igreja. É muito importante que professores, fun-
cionários e diretoria de escola sejam pessoas fiéis a Deus e comprometi-
das com suas igrejas. Isso evitará muitos problemas e dores de cabeça,
além de manter ativa a vida espiritual deles.

21) Quem deve fazer parte do conselho diretor da escola?


R) Pessoas que entendam de administração e educação, e que te-
nham aptidão e tempo para se envolverem nas atividades da escola. Muita
gente boa acaba “se estragando” quando se torna parte de um grupo
assim. Delegue autoridade e deixe cada um fazer seu próprio trabalho.
Ore sem cessar para que Deus aja e mantenha tudo em ordem até o Arre-
batamento!

22) Há problema em a escola se reunir nas dependências da igre-


ja?
R) A não ser que as salas da igreja tenham sido construídas para
esse propósito também, dificilmente o arranjo vai funcionar. Uma escola
precisa de muitas salas amplas, bem ventiladas e iluminadas, e de muitos
banheiros. A coisa pode funcionar temporariamente. Na segunda-feira,
haverá professor reclamando da bagunça deixada no domingo, da lousa
rabiscada, do lixo pelo chão, etc. Se houver necessidade de usar as salas
da igreja, explique às crianças que devem deixar tudo em ordem e limpo,
inclusive o banheiro. Caso contrário, vai haver problemas com membros
da igreja.

23) É possível aceitar apenas evangélicos (ou só os membros da


igreja) como alunos da escola?
R) Em primeiro lugar, a Constituição não permite discriminação
religiosa. Segundo, dificilmente uma escola sobreviverá financeiramen-
te só com as mensalidades de alunos evangélicos. Além disso, a igreja
perderá a oportunidade de testemunhar de Cristo e ensinar princípios
bíblicos a um grande número de crianças, e também estará desobedecen-
do à Grande Comissão. Mesmo com todos os problemas, se a igreja vai
organizar uma escola, deve aceitar, na medida do possível, todos que
178 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

concordarem com o regulamento previamente estabelecido. Quem sabe


quantos não terão suas vidas transformadas porque ouviram a Palavra de
Deus em sua escola!
179

Capítulo 13
COMO ENFRENTAR, RESOLVER E
EVITAR PROBLEMAS

Se você quer mesmo servir a Deus, prepare-se para enfrentar pro-


blemas. No entanto, não crie problemas para você mesmo! Spurgeon
explicou que há dentro de nós uma fábrica de problemas e quando acha-
mos que os outros não nos causam problemas suficientes, então criamos
os nossos próprios. Os pastores não estão isentos dessa “fabricação”.
“Todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão
perseguições”, é o que Paulo afirma em 2Timóteo 3.12. Jesus declarou
que somos abençoados quando disserem todo tipo de mal contra nós por
causa da justiça (Mateus 5.10-11). No entanto, muitas vezes, nossos pro-
blemas são resultados de nossa teimosia, impaciência e “ataque de ner-
vos”, e não de nossa justiça ou retidão. Podemos e devemos evitar esse
tipo situação.
Por mais correto e bondoso que seja, o homem de Deus enfrentará
mais problemas do que possa imaginar ou enumerar. A maioria deles, no
entanto, encaixam-se nas seguintes categorias:

1. Problemas causados pela língua. (“O que esse tagarela vai


dizer agora?” ou “Esse pastor não vive o que prega.” No capítulo três de
sua carta, Tiago afirma que a língua é um mal que não se pode dominar
e que está cheia de veneno mortal.) Tanto a língua do pastor como a dos
membros da igreja são criadoras de problemas.

2. Problemas financeiros. Tanto as finanças da igreja quanto as


do pastor têm “colocado a corda no pescoço” de muitos servos de Deus.

3. Problemas com o “Gigante Eu”. O famoso “rei na barriga”.


Diótrefes buscou proeminência. Alguns pastores fazem questão de do-
minar a igreja. Por outro lado, há na igreja homens e mulheres que que-
180 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

rem mandar em tudo e em todos, e desejam ser o centro das atenções e,


muitas vezes, líderes absolutos e poderosos.
4. Problemas com o sexo oposto. Um número excessivo de pas-
tores já caiu na armadilha da tentação por se envolverem com mulheres
da igreja (ou não).

5. Problemas com diáconos. Como escolher as pessoas certas


para o diaconato? Como conquistar simpatia e ajuda em vez de oposição
e encrenca?

6. Ajudantes preguiçosos. O que fazer com funcionários e líde-


res que fazem corpo mole?

7. Oposição. Como lidar com a turma do contra?

8. Conflito de personalidades. Somos todos diferentes uns dos


outros. Algumas pessoas nunca vão “morrer de amores” por nós, não
importa o quanto nos esforcemos para conquistar-lhes a amizade.

9. Comunhão com outros pastores e movimentos religiosos.

10. Críticas e discordâncias.

11. Crentes e líderes mundanos.

12. Jovens que se distanciam da igreja.

13. Divisão. Pessoas que se afastam da igreja.

14. Assembléias que viram um pandemônio.


Discutiremos alguns destes problemas em capítulos separados. Não
tenho a pretensão de apresentar soluções para todos os problemas do
pastorado. Caso conseguisse tal feito, Satanás acabaria inventando ou-
tras coisas para atazanar a vida do servo de Deus.
Porém tenho certeza de que a maioria dos problemas podem ser
enfrentados, discutidos e resolvidos, e muitos, muitos outros podem ser
evitados. Deus nos dá força e sabedoria para lidar com as crises. Não
temos de viver derrotados nem desanimados. Os pastores ensinam suas
COMO ENFRENTAR, RESOLVER
E EVITAR PROBLEMAS 181

ovelhas que elas são vitoriosas em Cristo. Eles também devem se apode-
rar dessa vitória.
Antes de discutirmos os problemas acima mencionados, gostaria
de lhes apresentar um excelente esboço feito por meu irmão, Norman
Pyle, sobre como evitar problemas. É melhor evitar do que remediar.
Norman é um pastor excepcional. Ele já lidou com problemas na área
financeira, eclesiológica, de construção, de dramas emocionais de todos
os tipos. Em meio às crises, ele permaneceu firme, convicto e verdadeiro
em seu pastorado de mais de 20 anos na Geórgia, Estados Unidos. Além
de um excelente pastor e pregador, Norman é muito querido por sua
igreja. Suas ovelhas são gentis e leais, e as assembléias de sua igreja
correm na maior tranqüilidade.
Eis o que Norman sugere para evitarmos problemas:

1. “Permaneça em Creta”. Este foi o conselho de Paulo a Tito. Não


fuja dos problemas e mude de igreja quando as coisas começarem a “fi-
car pretas”. Muitas vezes Deus prefere que o obreiro se acalme e “per-
maneça em Creta” (Tito 1.5). Apesar das dificuldades e dos problemas,
o pastor deve “permanecer em Creta” porque ele precisa da experiência
e das bênçãos que Deus irá lhe oferecer ali, porque Creta precisa dele e
porque Deus precisa dele em Creta. Esse é um sábio conselho. Não é
bom fugir todas as vezes que os problemas aparecerem.
Sempre que um pastor pedia que o Dr. John R. Rice o recomen-
dasse a outra igreja, o ilustre pregador respondia: “Por que você não
pede que Deus o recomende? Se fizer isso, quem sabe você nem tenha
de deixar sua atual igreja!”

2. Faça-se de cego e surdo. Não preste atenção às picuinhas que


Satanás inventa para estragar seu dia. Dê uma de cego e surdo para tais
mesquinharias.

3. Não exija que sua esposa seja tão dedicada ao pastorado quanto
você. Isso não significa que ela não deva ser dedicada à obra. No entan-
to, você é quem foi chamado por Deus para ser pastor. Muitos pastores
permitem que a igreja sobrecarregue suas esposas.

4. Estabeleça muito bem suas prioridades. Existe uma diferença


clara entre Deus e igreja. O fato de você “trabalhar na igreja” não signi-
fica que sua vida esteja automaticamente andando nos trilhos. A Bíblia,
182 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

a oração, a devoção e o ganhar almas para Cristo são necessidades pes-


soais do pastor. Não são tarefas que fazem parte do currículo e, portanto,
devem ser cumpridas. Não leia a Bíblia apenas porque um sermão tem
de ser produzido e você está sem inspiração nenhuma. Leia-a para ali-
mentar sua alma!

5. Separe suas preferências de suas convicções. Ainda que esteja


disposto a morrer por suas convicções, o pastor deve aprender a “ceder”
um pouco em questões de preferências.

6. Transforme os diáconos em amigos, e não em concorrentes!

7. Respeite seu ministério, mas aprenda a rir de si mesmo. Alguns


pastores são muito sensíveis e ofendem-se por qualquer coisa. Jamais se
esqueça de que você é um ser humano. Não permita que seu senso de
humor crie mofo. Este conselho de Norman é ótimo: não tenha medo de
rir de si mesmo.

8. Admita seus erros. Seu ministério não ficará minguado por isso.
Normalmente as pessoas admiram um pastor sincero e humilde em suas
atitudes.

9. Conte seus problemas e sofrimentos (familiares e pessoais) a


outras pessoas – usando sempre de bom senso. Não tente esconder seus
dissabores. Não tenha medo de deixar os outros descobrirem que você é
tão humano quanto eles. Se as pessoas se sentirem amadas por você, elas
também lhe expressarão amor, e orarão em seu favor quando você esti-
ver passando por maus bocados.
Meu desejo é que os conselhos de Norman os ajudem a evitar
dificuldades a si próprios.
Passemos agora às 14 áreas que, geralmente, causam mais dificul-
dades aos pastores. Não se esqueçam de que “é melhor prevenir do que
remediar”.

1. A LÍNGUA
“Põe ó Senhor, uma guarda à minha boca: guarda a porta dos
meus lábios”, é o pedido de Davi no Salmo 141.3. Que oração maravi-
lhosa para iniciarmos o dia! Em 1Tessalonicenses 4.11, Paulo adverte:
COMO ENFRENTAR, RESOLVER
E EVITAR PROBLEMAS 183

“Procureis viver quietos”. Quem fala o que pensa, deveria pensar! Se


pensarmos bem e falarmos com sabedoria, dificilmente “pisaremos na
bola”.
Nunca prometa mais do que pode cumprir. Só fale quando tiver
certeza. Quem fala o que quer ouve o que não quer. Quem fala pelos
cotovelos acaba falando bobagem. Nossa língua também precisa de des-
canso. “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus”, diz o Senhor.
Peça a Deus que ele controle seus lábios e guarde sua língua quan-
do você abrir a boca para falar com familiares e o público em geral.
Anote os avisos e o que deve ser falado do púlpito. Treine seu cérebro e
sua língua para que os dois trabalhem em harmonia.
Não dê atenção a todo tipo de conversa que lhe chegar aos ouvi-
dos, principalmente se parecer fofoca. Não repita nada até certificar-se
da veracidade dos fatos e, mesmo assim, só repita 50% das verdades
ouvidas! Palavras impensadas são como folhas secas ao vento: é difícil
recolhê-las.
Não participe de rodinhas de fofoca.
Quem fala a verdade não tem dificuldade em repetir o que falou.
Se alguma coisa precisar mesmo ser dita a respeito de um membro
da igreja, que seja algo gentil e agradável. Quando seus antagonistas
souberem que você anda a elogiá-los, logo passarão para seu lado.
Quando estiver com raiva, conte até dez antes de abrir a boca.
Melhor ainda: passe dez minutos em oração.
Certo pastor confessou à igreja que estava com tanta raiva que
poderia matar alguém. Sinceramente, acho que ele deveria ter guardado
a confissão para si mesmo. “Não se ponha o sol sobre a vossa ira” (Efésios
4.26).
Não se auto-elogie; elogie os outros. Se você fizer algo extraordi-
nário, os aplausos virão. Elogios têm mais valor quando vêm da boca de
terceiros.
Se quiser impedir que o rebanho “viva a fofocar”, de vez em quan-
do pregue sobre como “a língua é um fogo; como mundo de iniqüidade”
(Tiago 3.6); “Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia”
(Tiago 3.5); “A língua falsa aborrece aquele a quem ela tem maravilha-
do” (Provérbios 26.28); “o tolo multiplica suas palavras” (Eclesiastes
10.14). A Bíblia está repleta de versículos sobre o assunto. Fazendo isso,
você colocará o temor do Senhor no coração de suas ovelhas e as fofo-
cas cessarão.
184 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Não pregue só contra o pecado da luxúria, da embriaguez, dos


pensamentos maldosos, do rock e das drogas. Fale também contra a lín-
gua ferina, as palavras sujas, a mentira, os mexericos, o bate-boca e a
calúnia. Estas coisas são tão perniciosas quanto aquelas, ou até mais.
Transmita à igreja os ensinos de Deus sobre o uso da língua. Faça um
estudo sério sobre o assunto.

2. DINHEIRO
Cuide bem de suas próprias finanças. Não dê nenhum passo maior
do que as penas. Ponha em prática as lições do Capítulo 6 sobre como
aumentar e melhorar os dízimos e ofertas e, certamente, suas fonte de
renda também melhorará. Não permita que o dinheiro domine sua vida,
mas leve a igreja a entender que o ministro de Deus deve “viver do evan-
gelho” e que o obreiro é digno de seu salário.
Pague suas contas em dia, nem que tenha de ficar sem comer. Se
tiver que fazer uma “pendura”, explique ao credor suas dificuldades e
assegure-o de que acertará a dívida o mais breve possível. Pague suas
contas dentro dos prazos estabelecidos.
Existe uma diferença grande entre fé e falta de juízo. Se houver
uma necessidade verdadeira, clame ao Senhor e ele cumprirá o que pro-
meteu e suprirá o que você precisar. Se esperarmos no Senhor, ele nos
mostrará se devemos comprar a prazo ou se devemos aguardar até que
tenhamos o dinheiro em mãos. Ao esperarmos em Deus, ele, muitas ve-
zes, se alegra em suprir nossas necessidades de modo inesperado. Pode-
mos receber de presente o que precisamos e, então, ficarmos livres das
prestações.
No entanto, não saia “estendendo o chapéu” por aí na esperança
de receber presentes ou descontos só porque você é pastor. Nem todos
os comerciantes de sua cidade “adoram” dar descontos especiais aos
pastores evangélicos,
Certa vez, depois de me examinar, um oftalmologista perguntou:
“O senhor quer que eu lhe dê o desconto para pastores?” Percebi que ele
estava um tanto exasperado. Respondi: “Não, doutor, só quero pagar o
que o senhor cobra por consulta”. Paguei o preço normal – que nem era
demais—e sempre mantive um ótimo relacionamento com aquele pro-
fissional. Era óbvio que outros pastores “choravam as pitangas” nos ou-
vidos dele.
Por outro lado, Deus abençoa muito seus obreiros. Se alguém lhe
COMO ENFRENTAR, RESOLVER
E EVITAR PROBLEMAS 185

oferecer um desconto especial ou um presente, aceite-o e agradeça. Con-


tudo, jamais se comporte como se merecesse atenção especial. Apenas
glorifique a Deus por seus cuidados. Em casos assim, assegure à pessoa
que ela ofereceu a Deus e que ele a abençoará por isso. Não se esqueça
de orar pelo doador.
Lucas 6.38 afirma que se agirmos com generosidade receberemos
generosidade em troca. Os pastores mais generosos são os que mais re-
cebem. Já percebi que os pastores que realmente se alegram quando um
conferencista ou missionário visitante recebe uma boa oferta em suas
igrejas são geralmente os que mais prosperam. “O que semeia em abun-
dância, em abundância também ceifará” (2Coríntios 9.6).
Não se atropele nas finanças da igreja nem se envolva com o di-
nheiro dela. Deixe que outras pessoas tomem conta dos dízimos e ofer-
tas, esquentem a cabeça com orçamentos e negócios bancários. Não fi-
que xeretando para saber quem é dizimista e quem não é, ou vai acabar
com dois cifrões no lugar dos globos oculares. Pior ainda, pode ser acu-
sado de estar passando a mão na “grana” da igreja.
É responsabilidade do pastor ensinar as ovelhas a contribuir e tam-
bém lhes dar oportunidades de contribuir de modo inteligente. Já estuda-
mos bastante o assunto no capítulo 6. O pastor sensato se manterá o mais
distante possível de assuntos que envolvam dinheiro. O amor ao dinhei-
ro é mesmo a raiz de todos os males, e perder o sono por causa dele só
vai diminuir sua fé, além de lhe arranjar uma bela úlcera antes do tempo.

3. EGO
Problemas de ego são causados por nós mesmos. De acordo com
Salomão, “a humildade precede a glória”. Agradeço a Deus por um ve-
lho e sábio evangelista que “pegava no meu pé” constantemente no iní-
cio de meu ministério. Ele me fazia passar vergonha, rebaixava, chama-
va às falas e enfurecia-me tanto que, às vezes, eu quase o odiava. Porém,
como sabia que ele era um homem de Deus e um ganhador de almas,
entendi que ele estava sendo usado para que Deus me “domasse”. Meu
amigo percebeu que eu era extremamente orgulhoso e auto-suficiente e
que Deus não poderia me usar de modo eficaz enquanto essas coisas
dominassem minha vida. Portanto, o homem não me dava sossego, e não
desistiu de mim até que eu tivesse aprendido algumas lições importantes
que Deus queria me ensinar sobre humildade, quebrantamento, crucifi-
cação da vontade própria. Também li muito sobre a vida vitoriosa, a
186 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

morte do ego e o viver diário sacrificial. Minha Bíblia de Scofield e o


boletim semanal “The Sword of the Lord” também me ajudaram muito
no ministério naquela época. Mesmo depois de tantos anos no ministé-
rio, ainda preciso que essas verdades sejam renovadas em minha vida. O
“velho Adão” sempre teima em descer da cruz; só no Céu ficaremos
livres dele.
Não se torne um ditador, mas também não seja uma marionete.
Alguns pastores mandam e desmandam no rebanho (veja 1Pedro 5.3),
enquanto outros têm tanto medo de se impor que acabam virando capa-
chos de diáconos e igrejas. Leiam cuidadosamente o que a Bíblia ensina
sobre as responsabilidades e tarefas dos pastores, bispos e anciãos. Sir-
vam ao Senhor com humildade, e não se esqueçam de que são obreiros
chamados por Deus e que terão de prestar contas ao seu Mestre, que é o
próprio Senhor Jesus.
Tenham em mente que assim como Deus estruturou o mundo com
diferentes formas de governo, com reis e presidentes dirigindo países,
governadores à frente de estados, diretores conduzindo escolas e deu
aos homens a responsabilidade de serem cabeças de seus lares, ele tam-
bém ordenou que os pastores sejam líderes de seus próprios rebanhos.
As ovelhas têm de aprender a respeitar aqueles que “trabalham entre
vós e que presidem sobre vós no Senhor, e que os tenhais em grande
estima e amor, por causa da sua obra” (1Tessalonicenses 5.12-13).
Se o pastor deseja ser respeitado pela igreja, deverá mostrar que
merece respeito. Se ele for humilde, íntegro, ativo, dedicado à oração e
à obra, consciente e amoroso, a igreja seguirá sua liderança mesmo quando
Deus lhe der santa ousadia e fizer dele um instrumento poderoso de cor-
reção em Suas mãos.
As ovelhas devem respeitar e amar o pastor mesmo que o detes-
tem!
Os pastores jovens precisam ser cautelosos. Não podem se esque-
cer de quem têm muito a aprender e que os cristãos mais velhos já rece-
beram de Deus a sabedoria que os moços ainda não receberam. A nata
precisa de tempo para se formar. Os grandes pastores, assim como os
carvalhos, nascem de pequenas sementes. Quando releio alguns de meus
primeiros sermões (e vejo fotos do início de meu pastorado), fico admi-
rado de as pessoas terem agüentado um pastor de 20/30 anos. No entan-
to, àquela época, eu me achava bastante amadurecido!
Quanto mais pedante for o pastor, mais fácil é substituí-lo. “O or-
gulho é a causa da destruição”, adverte o rei Salomão. Isto é especial-
COMO ENFRENTAR, RESOLVER
E EVITAR PROBLEMAS 187

mente verdade em relação aos pastores. Alguém explicou que o orgulho


é uma doença muito estranha. Ela deixa todo mundo doente, menos a
pessoa que a tem.
Só depois de termos passado muito tempo aos pés da cruz e enten-
dido que nada mais somos que instrumentos nas mãos de Deus – e não
seus empresários – é que estaremos prontos a combater o “Gigante Eu”
que domina algumas de nossas ovelhas.
Pregue sobre humildade e abdicação. Não deixe a igreja se esque-
cer de que no conceito de Deus nós só nos elevamos quando nos humi-
lhamos, só vencemos quando perdemos e só ganhamos quando entrega-
mos.
Faça tantos estudos em Gálatas 2.20, Lucas 9.23-24 e João 12.24
que os egocêntricos da igreja serão reconhecidos assim que puserem as
garras de fora. Algumas pessoas demoram um pouco mais para fazer o
caminho de volta ao Calvário, onde compreenderão que Jesus não ape-
nas morreu por elas como elas também morreram com Ele naquela cruz.
Construa uma igreja empenhada em conquistar almas para Cristo.
Pessoas ocupadas em ganhar os perdidos, distribuir folhetos, ensinar clas-
ses da EBD, liderar estudos bíblicos etc não têm tempo para atazanar o
pastor nem minar os trabalhos da igreja. Quando não têm o que fazer, os
cães de caça ficam impacientes e agitados e, então, passam a grunhir e
atacar uns aos outros.
Se um membro da diretoria, ou outro líder qualquer, gosta de ser o
manda-chuva, as eleições anuais oferecem uma excelente oportunidade
para que a pessoa seja retirada do cargo que ocupa. Ninguém deve ter
monopólio sobre a Escola Dominical, tesouraria ou diaconato da igreja.
Esclareça ao tesoureiro que a tarefa dele é contar os dízimos e ofertas e
assinar cheques, e não controlar e gastar o dinheiro da igreja.
Explique às mulheres que, de acordo com a Bíblia, elas não po-
dem ensinar os homens nem ocupar posição de autoridade na igreja (1Ti-
móteo 2.10-12).

4. SEXO OPOSTO
Mantenha acesa a chama da paixão e do amor por sua esposa; não
se envergonhe de mostrar à igreja que sua lua continua cheia de mel.
Jamais humilhe sua esposa, principalmente em público, para que mulher
nenhuma entretenha a idéia de que seu casamento está na corda bamba.
Ninguém deve ter a mínima dúvida de que o pastor e esposa são dedica-
dos um ao outro e continuam se amando muito.
188 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Evite qualquer contato físico com senhoras, moças e meninas da


igreja (ou não). Algumas mulheres são mais expressivas em sua demons-
tração de carinho e gostam de segurar na mão do pastor ou tocar-lhe o
braço durante uma conversa. Os cumprimentos podem ser calorosos sem
ser prolongados e cheios de “mãos bobas”. Durante uma conversa ou
aconselhamento, algumas mulheres caem no choro, ou ficam muito emo-
cionadas, e se atiram nos braços do pastor ou conselheiro. Se isso acon-
tecer com você, livre-se da situação o mais rápido possível. Ore e man-
tenha conversa em nível estritamente espiritual.
A maioria das mulheres cristãs não age com segundas intenções
quando cumprimentam seus pastores, nem mesmo quando lhe dão um
abraço. No entanto, o pastor deve vigiar suas próprias mãos e pensa-
mentos, e ficar em oração durante toda a conversa!
De vez em quando aparece uma mulher carente em busca de um
aperto de mão – ou mais que isso. Cuidado com a tentação. Se uma
“maior carente” insistir na demonstração de afeto, mande-a conversar
com sua esposa ou peça a alguém de sua confiança que faça parte da
conversa.
Infelizmente os pastores gastam muito tempo em aconselhamentos
que poderiam ser feitos em pouco mais de 15 minutos. Só bastaria ele
pedir à pessoa que relatasse o caso sem rodeios, desse-lhe então alguns
conselhos bíblicos, práticos e diretos e fizesse uma oração objetiva. Não
permita que as horas de aconselhamento consumam o tempo que deveria
ser dedicado ao ministério da Palavra e à conquista de almas para Cristo.
Aconselhamentos longos demais levam à tentação da carne.
Se alguém (seja homem ou mulher) continua procurando-o para
aconselhamento, peça-lhe que procure um dos líderes da igreja ou, caso
a pessoa não aceite seus conselhos nem os da Bíblia, encaminhe-a a um
conselheiro profissional. A maioria das pessoas que busca aconselhamento
só precisa confessar sinceramente seus pecados, ler o livro de Provérbi-
os regularmente, ser assíduas aos cultos e envolver-se na obra de Deus.
Lembre-se de que muitos problemas são resultados de pecados na
vida da pessoa. O sangue de Cristo e a Palavra (e vontade) de Deus são
o remédio que a maioria dos problemáticos realmente necessitam. Não
são precisos dias (nem muitas horas) de aconselhamento para que a ver-
dade venha à tona!
Caso uma senhora precise de mais de uma reunião de
aconselhamento, chame sua esposa ou alguém de confiança para estar
COMO ENFRENTAR, RESOLVER
E EVITAR PROBLEMAS 189

presente. Se a conversa se encaminhar para a vida sexual da mulher,


entregue-a aos cuidados de sua esposa ou outra senhora crente treinada e
experiente em aconselhamento. Sugira-lhe livros que tratem do proble-
ma.
Quando uma mulher reclamar que o marido não a satisfaz ou não
lhe dá muita atenção nem é afetuoso com ela, peça à sua esposa para
ajudá-lo no aconselhamento. Fique longe de situações que possam aca-
bar em desastre ou levá-lo a cair em tentação.
Não visite mulheres que vivam ou passem o dia sozinhas em casa
– a não ser que a conversa seja rápida, no portão. De outro modo, leve
sua esposa ou alguém de confiança, ou então faça a visita quando houver
outros membros da família em casa.
Não ofereça carona a pessoas do sexo oposto, mesmo às muito
amigas. Sei de um pastor que não dá carona nem para a própria filha
quando a encontra na rua. Talvez seja uma atitude um pouco exagerada,
mas pelo menos ele evita “toda e qualquer aparência do mal”.
Se você se vir forçado a dar carona a uma mulher – como levá-la
ao hospital, por exemplo –, chame alguém para acompanhá-los.
É muito comum moças e adolescentes se apaixonarem por pasto-
res e líderes jovens. Não as encoraje. Trate-as com gentileza e educação,
e concentre-se unicamente no trabalho de Deus.
Vigie bem seus próprios olhos e mãos. Algumas mulheres não se
vestem com a decência que deveriam. Salomão aconselha em Provérbi-
os 4.25: “Os teus olhos olhem direitos, e as tuas pálpebras olhem direta-
mente diante de ti”. Mantenham-se “limpos pela palavra” (João 15.3) e
“conserva-te a ti mesmo puro” (1Timóteo 5.22).

5. DIÁCONOS
Dedicarei um capítulo especial a este assunto. Por enquanto al-
guns conselhos rápidos. Estabeleça (por escrito) padrões de conduta para
os diáconos e enfatize as qualificações que devem possuir. Doutrine a
igreja com amor e firmeza, e suas ovelhas entenderão que a escolha de
diáconos não deve ser feita na base da amizade, laços de família ou po-
pularidade. Os diáconos têm de ser homens sinceros, “cheios do Espíri-
to e de sabedoria” (Atos 6.3). A escolha precisa ser feita com cuidado e
muita oração.
Meu irmão, Norman, ensina: “Os diáconos devem ser amigos do
pastor, não seus concorrentes”. Não espere até as coisas ficarem “esqui-
190 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

sitas” entre você e os diáconos para então ensinar à igreja sobre as res-
ponsabilidades e tarefas pertinentes ao cargo. (Ver o capítulo 15.)

6. TRABALHADORES PREGUIÇOSOS
Alguns pastores reclamam que a dor de cabeça aumenta quando a
igreja contrata funcionários para ajudá-los. Não deveria ser assim. Em
alguns casos, o pastor gasta tanto tempo mantendo o pessoal ocupado e
resolvendo problemas causados pelos ajudantes que seria melhor não ter
ajudante nenhum.
Contudo, em primeiro lugar, nós, os pastores, devemos examinar
o próprio coração e estabelecer as áreas em que precisamos de ajuda e
esclarecer bem o que esperamos de nossos colaboradores.
Quando a última igreja que pastoreei (e onde fiz o mais longo
ministério) chegou perto de 500 membros, comecei a ter dificuldades
em realizar todas as tarefas, que incluíam visitas a hospitais, programa
de rádio diário e o preparo das mensagens. O primeiro funcionário que
contratei foi uma secretária. Ela passou a fazer o serviço que antes era
feito por voluntários. Normalmente uma igreja em crescimento precisa
contratar funcionários. Os pastores de igrejas grandes precisam de uma
secretária, se quiserem estar com as tarefas em dia. Precisam de alguém
de tempo integral para atender telefones, colocar a papelada em ordem e
dar atenção às necessidades de uma igreja em crescimento.
Igrejas de qualquer tamanho precisam de um bom zelador por per-
to.
Alguns pastores acham que ninguém deve ser contratado como
zelador ou secretária só porque é membro da igreja e está precisando de
dinheiro. A secretária deve ter boa redação, entender de computador e
saber ficar de boca fechada, além de conhecer a logística da igreja. O
zelador tem de saber receber e cumprir ordens, ser capaz de fazer muitas
coisas ao mesmo tempo, não pode ser preguiçoso nem ter medo de arre-
gaçar as mangas. Ele pode prestar contas do trabalho a quem quer que
seja, mas certamente terá de fazê-lo ao pastor também.
O pastor deve ter autoridade para contratar e demitir funcionários,
e estes precisam estar cientes de que devem prestar contas ao pastor.
Se a igreja é grande o suficiente para contratar funcionários, ela
deve seguir rigorosamente as leis trabalhistas, e todos precisam saber
exatamente quais são suas responsabilidades e se, uma vez ou outra,
precisarão fazer hora extra na obra do Senhor. Quando as expectativas
COMO ENFRENTAR, RESOLVER
E EVITAR PROBLEMAS 191

são bem colocadas e esclarecidas, as frustrações e os mal entendidos são


mínimos.
Em igrejas grandes, secretárias, assistentes do pastor, diretores de
música e líderes de jovens terão, muitas vezes, de trabalhar dobrado.
Assim o pastor deve ser sensível e sensato e dar-lhes alguns dias de folga
depois de uma semana especialmente ocupada.
A causa da ineficiência nem sempre é a preguiça ou má vontade.
Muitas vezes o funcionário não sabe exatamente o que se espera dele ou
porque a tarefa lhe foi dada em cima da hora. Não importa o quanto
valorizemos nosso trabalho, é bom não nos esquecermos de que nin-
guém o verá com o mesmo entusiasmo que o vemos. O pastor de jovem
ou o ministro de música vai se dedicar muito mais ao trabalho dele do
que ao seu.Você, como pastor da igreja, é quem deve se interessar pela
obra em geral. Pode ser que depois de algum tempo ao seu lado os outros
obreiros se entusiasmem com os projetos da igreja tanto quanto você.
Conforme a igreja cresce, torna-se necessário contratar mais fun-
cionários. No entanto, não gastem dinheiro com tarefas que podem ser
feitas por membros da igreja. As ovelhas devem ter oportunidade e ale-
gria de servir ao Senhor. Elas também devem fazer visitas, testemunhar
de Cristo, ensinar classes da EBD etc.
O líder de jovens não é o único responsável em trabalhar com a
moçada. Os membros da igreja precisam assumir algumas responsabili-
dades, e contribuir financeiramente com alguns projetos. Os jovens tam-
bém devem estar comprometidos com todos os trabalhos da igreja, e não
somente com os realizados pelo seu líder. O pastor ou líder de jovens
necessita da ajuda da igreja nas várias atividades do grupo.

Acúmulo de Cargos?
Poucas igrejas podem ter um líder para cada departamento ou gru-
po. Na maioria de nossas igrejas, um número pequeno de pessoas acu-
mula um bom número de cargos – seja por falta de pessoal ou falta de
vontade mesmo.
O ideal seria que o diretor de música, por exemplo, se dedicasse
apenas ao seu trabalho, e que o líder de jovens só se ocupasse desta
tarefa. Quem faz muitas coisas ao mesmo tempo geralmente não faz nada
bem feito.
É natural que um líder tenha um “xodó” todo especial por seu
departamento, queira se dedicar totalmente a ele e não tenha tempo nem
192 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

disposição para mais nada. Mas se a igreja é pequena, os esforços terão


de ser redobrados.
Alguns líderes de jovens só planejam atividades “da hora e legais”
para a turma. No entanto, eles têm responsabilidade, e séria, perante a
igreja e devem, pelo testemunho pessoal, ensinar seus liderados a falar
do Evangelho, ganhar almas para Cristo e também se envolver nos traba-
lhos da igreja. O diretor ou pastor de jovens deve ser leal do pastor da
igreja e tem de se empenhar em levar a juventude a amar a Deus de todo
coração, a respeitar o pastor e a trabalhar na igreja. A função desse líder
não é criar uma “igrejinha” dentro da igreja. Portanto, assim que alguém
for escolhido para liderar os jovens, deixe tudo muito bem esclarecido
entre vocês.

Líderes e Funcionários Insatisfeitos


O que fazer nesta situação? Nem todo mundo “morre de alegria”
porque trabalha na e para a igreja. Prevenir é melhor que remediar. Fi-
que atento aos problemas e mantenha um relacionamento cordial e de
camaradagem com funcionários e obreiros da igreja. Se for necessário
repreender alguém, faça-o com tato e gentileza. Ore com a pessoa e dê-
lhe outra chance. Às vezes uma pequena modificação na maneira de re-
alizar uma tarefa ajuda bastante. Talvez a pessoa necessite apenas de
uma palavra de encorajamento do pastor ou da igreja.
Cuidado para não ofender nem ignorar nenhum de seus ajudantes.
Procure ser amigo, além de pastor e empregador. Tenha sensibilidade ao
tratar com as pessoas. Ore com e por seus colaboradores.
Alguns funcionários realmente não se empenham na tarefa para a
qual foram contratados ou eleitos e, apesar de todas as chances e
encorajamento, não mudam de atitude. Nestes casos, a conversa tem de
ser objetiva e direta. Deixe claro ao “infrator” o que você espera dele.
Infelizmente alguns cristãos são preguiçosos na obra do Senhor e fazem
um trabalho “meia sola”.
Se a situação chegar a ponto de alguém ter de ser removido da
função que ocupa, fale com ele e ore para que a vontade de Deus seja
feita na vida dele. Ore fervorosamente para que Deus mesmo retire a
pessoa da posição que ocupa e para que ninguém fique magoado nem
ofendido. Felizmente nunca precisei demitir ninguém, mas certamente
precisei orar seriamente a respeito de algumas pessoas, e elas mesmas
resolveram se demitir.
COMO ENFRENTAR, RESOLVER
E EVITAR PROBLEMAS 193

Às vezes alguém resolve deixar o cargo que ocupa e decide anun-


ciar sua decisão perante a igreja – quem sabe para angariar simpatia ou
então porque deseja anunciar ao mundo que o pastor “é um osso duro de
roer”. Deixe bem claro aos funcionários e líderes que se houver algum
problema você, como pastor, deve ser o primeiro a saber. Caso a demis-
são seja a única saída, anuncie à igreja (no culto da semana) que “a partir
do próximo mês o irmão João de Freitas não será mais o professor da
classe Gigantes de Israel”. Agradeça o tempo que o irmão dedicou ao
trabalho e ore para que Deus o use de modo ainda mais frutífero.

Desentendimentos
Para evitar ou diminuir equívocos, faça uma reunião semanal – se
possível – com todas as pessoas diretamente envolvidas nos trabalhos da
igreja. Encoraje-as a dar o melhor de si para Deus, ore com elas e ofere-
ça sugestões de como podem melhorar. Dê-lhes oportunidade para ex-
por suas opiniões e necessidades. Se houver choque de personalidade
entre você e alguém ou surgir divergências pessoais, fale separadamente
com o indivíduo. Não permita que o descontrole de alguém afete (ou
infecte) todo o grupo.
Mantenha o púlpito incandescente com pregações fundamentadas
na Bíblia, e seus funcionários e líderes serão motivados a conquistar
almas para Cristo. Sirva de exemplo para eles.
Leia livros sobre gerenciamento, supervisão e delegação de tare-
fas. Aprenda a delegar responsabilidades, e deixe seus ajudantes livres
para agir, desde que o façam dentro das normas e padrões bíblicos esta-
belecidos pela igreja.
Embora o pastor deva ter autoridade para contratar (e demitir) fun-
cionários, é bom que escolha pessoas que tenham a simpatia da igreja.
Se um diácono ou qualquer outro cristão mais experiente achar que de-
terminada pessoa não é a melhor escolha para um cargo, pense duas
vezes antes de tomar sua decisão. Se um candidato a ministro de música
não se afinou com a maioria dos coristas, estude o assunto com carinho
antes de oficializar o convite. Talvez os coristas tenham visto algo que
lhe tenha passado despercebido. Não se apresse.
Observe cuidadosamente a vida da pessoa a ser convidada para
ocupar um cargo na igreja – seja remunerado ou não. Se estiver vindo de
outra igreja, procure saber como era seu relacionamento lá. Ela se dava
bem com o pastor? Como era sua conduta financeira e familiar? Se for
194 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

casado, a esposa concorda com a mudança? Como é o comportamento


dos filhos?
O pastor deve supervisionar líderes e funcionários sem deixar a
impressão de que está vigiando para ver se “não estão fazendo corpo
mole”. Ele deve incentivar seus líderes e funcionários a desenvolver todo
o potencial que Deus lhes deu. Alguém me disse que um chefe não rece-
be de seus funcionários tudo o que espera, mas sim tudo o que cobra.
Concordo, porém acho que a cobrança tem de ser feita de maneira a não
intimidar nem desencorajar ninguém.
Leia bons livros sobre gerenciamento e aprenda com os executi-
vos da área secular. Converse com pastores bem sucedidos para saber
como agem em suas igrejas. Não tenha receio de fazer perguntas.
Incentive seus líderes a participar de seminários, conferências e
cursos de treinamento.
Cuidado com seu próprio comportamento. Não sinta ciúme nem
inveja do trabalho que suas ovelhas realizam na igreja.
Estude a Bíblia e aprenda a ser um líder de valor.

7. OPOSIÇÕES
Como agir com os opositores? Alguns membros da igreja se opõem
ao pastor porque são crentes carnais ou indolentes. Contudo, em alguns
casos, a oposição tem razão de ser. Aprenda com seus oponentes. Use
toda e qualquer oposição como uma bússola que confirma se você está
ou não caminhando na direção certa.
Caminhe ajoelhado! Muitas vezes Deus usa as discórdias para que
nos voltemos à oração. Muitos de nossos problemas desaparecerão ou
serão resolvidos quando pusermos os joelhos em terra.
Estude a Bíblia e descubra como Davi, Josué, Daniel, Elias e Pau-
lo agiram frente às oposições que sofreram.
Leia tudo que puder sobre liderança e gerenciamento, como já foi
sugerido.
É bem mais proveitoso conquistar a amizade de seus opositores do
que derrotá-los. É mais inteligente fazer com que se sintam felizes ao
seu lado do que enfurecê-los. Entretanto, às vezes, é melhor que vivam
enfurecidos longe de você do que ao seu redor!
Seja gentil no trato. Alguns pastores são bombásticos e sem ne-
nhum pingo de paciência. Conheço pastores bem sucedidos no ministé-
rio exatamente porque não tentam impor sua vontade a todo e qualquer
COMO ENFRENTAR, RESOLVER
E EVITAR PROBLEMAS 195

custo. Se as coisas sempre caminham bem entre você, os diáconos e a


igreja...ótimo! Caso contrário, por que não deixar o assunto problemáti-
co em banho-maria por uns tempos? A carne assada devagar ficará bem
mais saborosa ao seu paladar!
As pessoas mudam conforme as circunstâncias. O fulano que se
opôs violentamente a você não mês passado pode ter tido um “dia da-
queles” no escritório ou trocado algumas “amabilidades” com a esposa
antes de ir para a reunião. Quem sabe o reumatismo, a cólica nos rins ou
o joanete não estivesse acabando com a vida de um terceiro? Se você, no
entanto, perder a paciência e “arrancar-lhes o coro” numa reunião, pode
estar certo de que vai pagar caro na próxima reunião. Mas se agir com
educação e pedir que, por favor, orem sobre o ponto de discórdia e pe-
çam a orientação de Deus – pois você não quer cometer nenhum erro –,
pode ter certeza de que receberá o apoio da turma. Tente e veja o que
acontece!
Quando seus oponentes baterem em retirada, estude o assunto po-
lêmico com mais cuidado. Na reunião seguinte, apresente novas e me-
lhores razões para que seu esquema de trabalho seja implantado. Antes
da reunião, procure na igreja alguém que tenha paciência para conversar
com o irmão Nervozildo e explicar-lhe uma ou duas coisas sobre o pro-
jeto.
Não peça nem ameace pedir demissão do pastorado cada vez que
as coisas não saírem como você quer. A igreja pode votar favorável ao
seu pedido! Não aja como criança mimada. Mostre a sensatez e a matu-
ridade que você quer que pensem que você tem. Prove seu valor e você
terá como provar o valor de suas idéias.

8. ATRITO DE PERSONALIDADE
Somos todos diferentes uns dos outros, embora alguns sejam “um
pouco mais diferentes que os outros”. O que fazer quando alguém vive a
discordar de você?
Aceite o fato de que algumas pessoas serão sempre do contra.
Paulo aconselha em Romanos 12.18: “Se for possível, quanto esti-
ver em vós, tende paz com todos os homens”. Deus conhece de antemão
todas as pessoas que irão discordar de você pelo resto da vida. Portanto,
sorria, ore e faça o melhor que puder.
De modo geral, no entanto, os membros da igreja são cordatos e
você conviverá bem com eles; é só uma questão de querer. Aprecie a
196 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

variedade da criação de Deus. O pastor que é amigo das ovelhas e acolhe


em amor o rebanho de Deus, é muito abençoado.
Não fale mal de ninguém, nem mesmo das pessoas difíceis de se-
rem aturadas. Todo mundo tem seu lado bom.
Seja amável e gentil com as crianças. Torne-se amigo dos
pequeninos da igreja.
Peça a Deus que lhe dê amor verdadeiro por aqueles que, aparen-
temente, não simpatizam com você. Dê-lhes atenção; ouça suas recla-
mações; mostre interesse genuíno pelo que fazem.
Ore por essas pessoas e decida-se a fazer o possível e o impossível
para ser o melhor pastor que já tiveram na vida. Até elas ficarão espan-
tadas ao perceber que estão concordando com você cada vez mais.

9. COMUNHÃO COM PASTORES E MOVIMENTOS RE-


LIGIOSOS
Como deve ser a convivência entre pastores e o relacionamento
destes com movimentos e grupos religiosos? Sempre haverá alguém dis-
posto a lhe dar “um conselhozinho” sobre seus relacionamentos e ami-
zades. Peça a Deus que ele seja seu conselheiro e direcione suas atitu-
des. No entanto, gostaria de oferecer algumas sugestões:

1) Mantenha comunhão com os pastores fundamentalistas de sua


área. Eles precisam de você e você precisa deles. Reúnam-se de vez em
quando, mas não gastem muito tempo com papo furado e brincadeiras
improdutivas. Anuncie os eventos especiais promovidos por seus cole-
gas e, sempre que possível, participe deles. Não se roa de inveja dos
pastores mais bem sucedidos que você. Coopere com aqueles que vivem
e pregam a Palavra de Deus.

2) Mantenha certa distância da política, dos políticos e de movi-


mentos populares. Exerça bem sua cidadania e incentive suas ovelhas a
fazer o mesmo. No entanto, há muitos profissionais do evangelho que
são liberais e amigos do mundo que colocam uma “capa de religiosida-
de” em todos os eventos que promovem. Não abandone a pregação bí-
blica nem o hábito de conquistar almas para Cristo.

3) Podemos cooperar com organizações que defendam a moral e


os bons costumes mesmo que nossas doutrinas sejam diferentes. Pesso-
COMO ENFRENTAR, RESOLVER
E EVITAR PROBLEMAS 197

almente, eu jamais me uniria a uma associação de pastores que abrigasse


liberais infiéis e mundanos. Por outro lado, se essa mesma associação
promovesse uma campanha para que o comércio fechasse suas portas
aos domingos ou contra o homossexualismo ou o aborto, eu teria o mai-
or prazer em apoiá-la e ajudá-la como pudesse. Seria praticamente im-
possível ter comunhão com um pastor mórmon ou com um líder dessas
muitas seitas que proliferam ao redor. No entanto, se tal pessoa promo-
vesse uma campanha contra a imoralidade e a pornografia na TV e nas
bancas de revistas, eu uniria minhas forças às suas no combate a esses
males.

4) Sinto-me bastante à vontade para cumprimentar um pastor


carismático e, se tiver absoluta certeza de que ele é convertido, não me
recuso a chamá-lo de “irmão” durante uma conversa. Porém jamais en-
corajaria minhas ovelhas a assistir a um de seus cultos. Podemos agir
com civilidade e dentro da política da boa vizinhança sem comprometer
nossa fé e doutrina.

5) Se você estiver atarefado nas atividades da igreja, na luta contra


o Inimigo, na batalha contra o pecado, na pregação da Palavra e na con-
quista de almas para Cristo, não terá muito tempo para se envolver com
os movimentos religiosos que surgem a todo instante.

6) Participe das reuniões de jovens, de acampamentos e progra-


mas especiais promovidos por pastores fundamentalistas. A união faz a
força e edifica a todos os envolvidos. Outro benefício e que os jovens de
sua igreja perceberão que você não é o único “caretão tradicional” das
redondezas!

7) Quando realizar séries de conferências, convide outros pastores


e igrejas. Cultive a amizade e o convívio cristão entre os irmãos.

10. CRÍTICAS E RECRIMINAÇÕES


Como o pastor deve agir quando é criticado ou recriminado? De-
pende de quem critica e do motivo. Algumas vezes as críticas me ajuda-
ram bastante. Se estiver seguro de estar agindo de acordo com a Bíblia,
não se deixe abalar pelos recriminadores. Preste atenção e veja que li-
ções você pode aprender com a situação. Converse com Deus sobre o
198 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

assunto. Certifique-se de estar agindo de acordo com Sua vontade. Quem


vive corretamente sempre será criticado.
No entanto, se você for obediente a Deus e estiver na rota que ele
traçou para você, não se amedronte diante dos rabugentos e
recriminadores. Confie no Senhor e ele fortalecerá seu coração. Mante-
nha-se tranqüilo em todas as situações. Seja educado até mesmo com os
que vivem a criticá-lo.

11. CRENTES E LÍDERES MUNDANOS


Se os pastores não tivessem gente desse tipo em suas igrejas, Deus
não teria advertido os cristãos a “não amarem o mundo” (1João 2.15). O
mundo é extremamente sedutor e a carne é fraca – e, para nos pegar,
Satanás colocou armadilhas por todos os lados. O Inimigo tentará nos
transformar em fanáticos religiosos ou em crentes mundanos.
Não desista de pregar contra o mundanismo e o pecado. Avise
seus ouvintes sobre os horrores do inferno. Ensine suas ovelhas a serem
ganhadoras de almas. Mantenha sua igreja na linha. Só entregue seu púl-
pito a pastores e conferencistas que o ajudem na edificação de sua igre-
ja. Explique a suas ovelhas que “a amizade do mundo é inimizade contra
Deus” (Tiago 4.4). Não deixe que se esqueçam de que são cidadãs do
Céu, e que só estão de passagem pelo mundo.
No entanto, líder mundano já é outro assunto. Gente que vive com
um pé na igreja e outro no mundo não pode ocupar cargo de liderança na
igreja. Não permita que amantes do mundo sejam líderes de suas ove-
lhas; instrua a igreja a não eleger pessoas que adotem esse modo de vida.
Ponha no papel as condições necessárias para que alguém seja
diácono, professor da EBD ou ocupe qualquer cargo de liderança na
igreja. Esse papel não precisa obrigatoriamente ser um documento assi-
nado, mas os eleitos ou aspirantes a cargos na igreja devem entender que
Deus e o rebanho esperam que eles vivam de acordo com os padrões e
regulamentos bíblicos estabelecidos pela igreja.
Se alguém transgredir o compromisso assumido, ore e fale com a
pessoa em amor e com firmeza, lembrando-a de seu testemunho e influ-
ência diante da igreja.

12. JOVENS FUJÕES


Esqueça a idéia de que pregar contra o pecado afugenta a moçada
da igreja. Sempre preguei furiosamente contra o pecado e o mundanismo
COMO ENFRENTAR, RESOLVER
E EVITAR PROBLEMAS 199

e, mesmo assim, minhas igrejas sempre tiveram tantos jovens quanto as


outras, se não mais. Mas também nunca deixei de alimentar minhas ove-
lhas nem de desafiá-las a se manterem ocupadas na obra de Deus. O que
o pastor não pode fazer é ficar “descendo a lenha” no rebanho o tempo
todo!
Normalmente a juventude da igreja considera os pastores jovens
como “um dos nossos” e, assim, seguem-no de mais boa vontade. Con-
forme envelhece, o pastor percebe que está perdendo o controle exerci-
do sobre os jovens. Isso o deixa frustrado ou rabugento. Envelheça com
classe; não perca o senso de humor; atualize suas ilustrações e seus mé-
todos de ensino.
Não permita que a brecha entre gerações diminua o amor e o res-
peito que os jovens sentem por você. Peça a colaboração de outros ca-
sais da igreja. Há muita gente sentada nos bancos que dariam excelentes
líderes de jovens. Se a igreja tiver dinheiro, contrate um pastor de jovens
de tempo integral, mas escolha alguém treinado em seminários ou facul-
dades verdadeiramente bíblicas.
Você não tem obrigação de providenciar diversão para os jovens o
tempo todo. Ensine-os e desafie-os a ganhar almas para Cristo. Eu reali-
zava anualmente uma ou duas conferências de avivamento especialmen-
te para os jovens. Com freqüência promovíamos reuniões nos fins de
semana e convidávamos palestrantes bem sucedidos no trabalho com a
moçada. Sempre trazíamos grupos musicais verdadeiramente cristãos
para cantar em nossa igreja.
Promova reuniões sociais para os jovens de vez em quando. Alu-
gue bons filmes evangélicos para o grupo ver junto. Mantenha-os em
sintonia com missionários. Encoraje seus jovens a participar ativamente
de conferências missionárias, e eles serão muito abençoados e inspira-
dos por elas.
Convide equipes especializadas em trabalho com jovens e adoles-
centes para treinar e estimular seu grupo em música, evangelismo etc.
Promova retiros, acampamentos, institutos de primavera, verão outono e
inverno.
Participe de seminários para jovens ou peça que os líderes partici-
pem. Atualize-se sobre o que há de novo no trabalho com jovens e ado-
lescentes. Converse com especialistas da área.
Monte uma boa biblioteca em sua igreja e encoraje os jovens a ler
mais. Não desista disso. Logo a moçada crescerá e amadurecerá tanto
200 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

que você ficará de queixo caído. O resultado será tão bom que você terá
de fazer tudo de novo para os juniores e adolescentes!

13. QUANDO A IGREJA SE DIVIDE


Quando uma de minhas igrejas viveu um pequeno desentendimen-
to e alguns membros saíram junto com um ex-pastor, um colega bastante
experiente me disse que toda as cidades deveriam ter uma “boa igreja só
para os insatisfeitos”. Na verdade, nunca sentimos falta dos que nos dei-
xaram. Embora isso tenha acontecido no início de meu ministério, lem-
bro-me que o boletim do domingo seguinte trazia o seguinte versículo:
“Grandes coisas fez Deus por nós, e por isso estamos alegres!” Não
houve nenhum problema sério e o caso não era para divisões. Mantive-
mos a calma e Deus tomou conta de tudo.
Claro que você deseja manter na igreja as ovelhas que andam no
Espírito e, caso surja algum desentendimento, não vai dar de ombros e
deixar que “os incomodados que se mudem” – ainda que sejam as ove-
lhas sem carrapichos –, já que não entenderam “o espírito da coisa”.
Contudo algumas pessoas são tão “malas sem alças” que você não la-
mentará muito a ausência delas. Deus colocará outros em seus lugares.
Nem sempre é uma boa idéia “descer a lenha” do púlpito e acabar
“com a raça” da igreja toda quando acontecer desentendimentos e divi-
sões. Algumas pessoas jamais causarão problemas, a não ser que você
comece a briga. Portanto, mantenha a calma. Aja com diplomacia e com-
porte-se como um embaixador de Cristo. Use o cérebro. Se você elogiar
e amar suas ovelhas e orar por elas quando se afastarem, muitas acaba-
rão se cansando de vaguear por aí e voltarão para o aprisco. Mantenha os
portões sempre abertos.

14. ASSEMBLÉIA OU PANDEMÔNIO?


Para que as “sessões de negócios” não acabem em confusão, pla-
neje-as bem, e com antecedência; prepare o que vai dizer e preveja as
possíveis respostas dos membros da igreja. E não se esqueça de orar!
É importante mostrar uma a atitude correta logo no início da as-
sembléia. Não vá de chicote na mão. Deixe o mau humor em casa.
Seja simpático, mas conduza a assembléia com firmeza e de acor-
do com as regras parlamentares. Ensine à igreja as regras básicas que
devem ser observadas durante uma reunião de negócios.
Não é preciso dar oportunidade para que todo mundo dê sua opi-
nião sobre o que está sendo votado. Se algum diácono ou outra pessoa
COMO ENFRENTAR, RESOLVER
E EVITAR PROBLEMAS 201

respeitada e querida pela igreja apresentar ou propuser a aprovação do


assunto, é provável que a matéria seja decidida rapidamente, a não ser
que você complique as coisas. Claro que se alguém desejar expressar
sua opinião, terá o direito de fazê-lo, mas evite encrencas. Explique a
proposta de modo tão claro, simples e dinâmico que não deixe muito
mais a ser acrescentado.
Se a situação fugir do controle, pare tudo e leve a igreja a orar
pedindo a Deus que acalme os ânimos e lembre vocês que o trabalho é
dele e que não devem entristecer o Espírito por causa de discórdia nem
de palavras insensatas. Confessem seu amor a Deus e uns pelos outros e
peça que ele os oriente na questão sendo discutida. Ore para que a igreja
entenda que o trabalho deve ser feito em amor e comunhão e para o
Senhor. Recomece a assembléia e explique que a palavra só será conce-
dida aos que se propuserem a falar com gentileza, amor cristão e forem
breves.
Não permita discussões nem conversas paralelas. Não abandone a
mesa, deixando o “papo rolar solto”. As ovelhas precisam da orientação
do pastor.
Deus jamais o abandonará. Descanse em seus braços eternos.
Se possível, realize as assembléias num culto da semana, quando
os crentes mais fiéis estão presentes, ou convoque-a para outra noite.
Caso um assunto importante tenha de ser discutido no domingo, depois
da EBD ou co culto, agradeça a presença dos visitantes e deixe-os à
vontade para se retirarem antes de iniciar a reunião. Porém o melhor
mesmo é fazer a assembléia depois de um breve e fervente culto de ora-
ção durante a semana.

CONSELHOS EXTRAS EM COMO EVITAR PROBLEMAS


E DORES DE CABEÇA
Não tenha nenhum amigo íntimo na igreja. Algumas pessoas sim-
patizarão mais com você e serão suas amigas. Embora agradecido pela
amizade, não mostre favoritismo. Para muita gente, familiaridade é sinô-
nimo de confusão. A não ser que você possa convidar todos os membros
da igreja para uma refeição em sua casa, não convide ninguém; assim
não haverá ciúmes nem inveja entre as ovelhas.
Não faça visitas sociais a membros da igreja. No entanto, se for
convidado para uma refeição é próprio aceitar. Também não vejo pro-
blemas em aceitar um convite para um lanche – depois do culto, por
202 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

exemplo, quando outras pessoas também foram convidadas . Todavia


não deixe a impressão de que você está se tornando íntimo de um
grupinho.
Algumas famílias o convidarão com freqüência para almoços e
jantares, e isso poderá dar a impressão de que você gosta mais delas do
que das outras. Procure mostrar afeto e amizade também para com aque-
les que nunca o convidam para refeições.
Não se esqueça da regra de ouro: “Trate os outros como você gos-
taria de ser tratado”.
Se alguém precisar ser corrigido, deixe que a Palavra faça a maior
parte da tarefa. Deus disse a um evangelista: “Se você tentar endireitar
as pessoas, elas ficarão tão tortas quanto você é!”
Seja sensato ao agir. Use de boa psicologia, que significa ter bom
senso. (O livro de Provérbios será de grande ajuda nesta área.)
Se “o Todo-Poderoso e Altíssimo” se relaciona com pessoas de
posição inferior, por que você não o faria?
Seja consistente e justo ao lidar com as pessoas.
Se você continuar tagarelando depois de concluir a mensagem,
tornará sem efeito tudo o que disse antes.
Seja tão ético com os membros da igreja quanto gostaria que fos-
sem com você.
Viaje no balanço do mar, ou seja, não deixe que problemas e atri-
tos o afoguem. Continue olhando para cima! O Inimigo pode cercá-lo,
contudo jamais o prenderá.
Ponha 1Coríntios 13 em prática em sua vida e ministério. O amor
cobre uma multidão de pecados (e problemas).
É impressionante o que a oração pode fazer! Ela move a Mão que
move o mundo.
Se você estiver enfrentando problemas financeiros (ou até mesmo
à beira de uma crise) não espalhe o fato aos quatro ventos; visitantes e
não-crentes não precisam saber de nada. Confie em Deus. Viva de acor-
do com Hebreus 11.
Estude os sermões dos grandes pregadores, como Spurgeon e Dr.
Jack Hyles, mas não se esqueça que você não é um Spurgeon nem um
Hyles. Faça o trabalho para o qual você foi chamado.
203

Capítulo 14
VIDA FAMILIAR E PESSOAL
DO PASTOR
Seu ministério será tão bom quanto sua vida familiar. Mantenha a
chama do amor acesa em seu lar a todo custo. A casa de muitos pastores
mais parece uma torre de babel. Mas será que precisa ser assim mesmo?
Infelizmente muitos pastores foram abandonados pelas esposas e
outros tantos têm filhos que só envergonham o ministério. Você não quer
ser um desses, quer?
De começo, quero esclarecer que a maioria dos pastores de quem
sou amigo e em cujas igrejas preguei vivem muito bem com suas famíli-
as. Também, na maioria dos casos, têm filhos que servem a Deus. Este é
um bom exemplo dado pelos pastores fundamentalistas dos Estados
Unidos, pastores que vivem e pregam a Palavra.
Depois do cuidado com sua própria alma e com seu relacionamen-
to com Deus, seu lar deve ser sua prioridade. Leia 1Timóteo 3 novamen-
te e observe que Deus manda que você cuide bem de seus filhos e de sua
esposa, tenha “seus filhos em sujeição”, seja marido de uma única mu-
lher, que dirija bem seu lar e, assim, tenha um bom testemunho dos que
estão de fora. Entre outras coisas, o apóstolo Paulo enfatiza que deve-
mos ser irrepreensíveis, vigilantes, sóbrios, honestos, hospitaleiros, pa-
cientes, pacíficos, não dados ao vinho nem cobiçosos de torpe ganância.
O pastor só tem a ganhar se estudar não só o que a Bíblia tem a
dizer sobre a vida no lar, mas também ler o que homens espirituais e
instruídos escreveram sobre o assunto. Você e sua esposa precisarão de
graça em dose dupla para manter um lar cristão feliz e exemplar.

1. SEJA ORGANIZADO
Você jamais ficará livre de interrupções e emergências, no en-
tanto, seja prudente e organize sua agenda, planeje suas atividades e as
horas de lazer em família tanto quanto seu ministério. Sua esposa o valo-
204 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

rizará ainda mais ao ver que ela é a pessoa mais importante na sua vida e
que você está, pelo menos, tentando arranjar tempo para ela. Trate-a
como a rainha do lar, dê-lhe honra e trate-a com amor.
Sente-se com sua esposa e explique-lhe que vocês estão servindo
ao Senhor juntos e que você deseja repartir com ela todas as alegrias e
bênçãos do trabalho. Contudo, os dois precisam entender que haverá
tempos difíceis, sofrimentos, problemas, interrupções e decepções a ser
repartidas também. Se vocês decidirem aceitar com alegria tudo que lhes
vier – entendendo que Deus está no controle e que todas as circunstânci-
as fazem parte do plano que ele tem para seu treinamento e serviço –,
então será bem mais fácil enfrentarem as dificuldades.
Passe tempo com seus filhos e um com o outro. O pastor inteligen-
te incentiva suas ovelhas a gastar tempo com suas famílias quando não
houver nenhuma atividade na igreja. Encoraje-as – pelo exemplo – a ter
pelo menos uma “noite da família” semanalmente. Quando a igreja esti-
ver em conferências, seminários etc, é que claro que as famílias deverão
participar destas atividades.

2. CONTINUE A NAMORAR SUA ESPOSA


Não deixe o romantismo morrer! Uma ou duas vezes por semana,
tomem um lanche, almocem ou jantem sozinhos. Tire um dia de folga e
leve sua esposa para passear; faça isso uma vez por semana, se possível.
Quando puder, leve-a para jantar num restaurante fino. Muitas vezes o
ministério obriga o pastor a trabalhar até tarde da noite – mais tarde do
que o sono de sua esposa agüenta – mas não se habitue a fazer isso.
Alimentem a paixão um pelo outro. (Há bons livros evangélicos sobre o
assunto. Leia-os.) Seja carinhoso com sua esposa, e não tenha vergonha
de mostrar isso em público.
Depois de quase 40 anos como pastor e evangelista, posso afirmar
com toda segurança que eu e minha esposa nos amamos e apreciamos
mais um ao outro agora do que em todo nosso tempo de casados. O
relacionamento ficou mais gostoso com o tempo. Há sete anos, quando
iniciei meu ministério como evangelista, comprei – pela fé – um trailer
para que minha esposa pudesse me acompanhar e pudéssemos manter
aceso “o fogo da paixão”. Ela se cansa das viagens e sei que, muitas
vezes, gostaria de “ter um canto seu” em algum lugar novamente, e não
ter de pegar a estrada todas as semanas. No entanto, dificilmente viajo
sem minha esposa. Eu poderia “meter as caras” e pegar a estrada sema-
VIDA FAMILIAR E PESSOAL DO PASTOR 205

nas a fio e, com a maior boa vontade, dar-lhe um descanso. Quase sem-
pre, no entanto, minha esposa respira fundo, faz as malas e parte comigo
para mais uma jornada. Ela tem sido minha grande incentivadora e uma
verdadeira bênção no ministério. Qualquer dia destes, escreveremos um
livro especialmente para esposas de pastor. Ela tem sido uma esposa
excepcional.

3. PROPONHA-SE A SER O MELHOR MARIDO DO


MUNDO
Deixe a preguiça de lado. Ajude sua esposa em tudo o que puder,
e ela se desdobrará para agradar você. Seja um marido paciente, amoro-
so, gentil, agradecido, educado e cavalheiro. Estas qualidades também
beneficiarão seus filhos e sua igreja, e seu casamento só poderá sair ga-
nhando! Analise seu comportamento de vez em quando. Verifique se
você não está negligenciando os pequenos gestos que são tão importan-
tes para as mulheres. Não se esqueça do aniversário de sua esposa, do
aniversário de casamento de vocês, do Dia dos Namorados e outras da-
tas especiais. Abra a porta do carro para ela, puxe a cadeira à mesa,
ajude-a a vestir o casaco etc. Dentro do possível, seja tão dedicado em
seu relacionamento com ela quanto o é em seu relacionamento com Deus.

4. EDIFIQUE-A COMO ESPOSA E IRMÃ EM CRISTO


Não menospreze sua esposa nem deixe a impressão de que ela é
um fracasso no exercício de suas funções. Leiam juntos livros que apri-
morem seu relacionamento conjugal. Se ela perceber que você está inte-
ressado em melhorar, ela ficará incentivada a fazer o mesmo. Peça-lhe
que avalie livros e revistas sobre casamento e vida familiar para que
vocês possam se aprimorar no aconselhamento a casais mais jovens. Ao
estudar para ajudar outras pessoas, ela estará ajudando a si mesma.
Dê à sua esposa oportunidades de participar de encontros de ca-
sais, de congressos para mulheres e outras reuniões promovidas por lí-
deres fundamentalistas e fiéis a Deus.

5. A CASA É DO PASTOR OU “DA SOGRA”?


Você terá algumas vantagens se morar pertinho da igreja, mas, às
vezes, o pessoal se aproveita da conveniência e transforma a casa do
pastor numa verdadeira “casa da sogra”. Com educação e firmeza, escla-
reça que os pastores também são seres humanos e têm direito à privaci-
dade de seus lares. Explique ainda que para ser o pastor que a igreja
206 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

deseja, você precisa de privacidade em sua casa.


Em um dos meus primeiros ministérios, a casa pastoral ficava em
frente da igreja. Alguns membros chegavam mais cedo e acomodavam-
se em nossa sala de estar até a hora do culto. Alguns pais deixavam seus
filhos em nossa casa antes dos cultos ou mandavam que as crianças es-
perassem lá até que alguém viesse pegá-las depois.
Sem consultar minha esposa, alguém avisava que “a reunião da
União Feminina será na casa do pastor, terça-feira, às dez horas da ma-
nhã”. Algumas senhoras bisbilhotavam pela casa inteira antes ou depois
da reunião. Afinal, o pastor morava às custas da igreja, e a casa era pro-
priedade delas também!
Por essas e outras é que acho melhor o pastor ter sua própria casa
ou alugar uma ou então não morar tão próximo à igreja. Entretanto, mes-
mo que o pastor more em casa da igreja, os membros devem entender
que ela é a residência do pastor enquanto ele estiver morando lá e
pastoreando aquele rebanho. Nem que seja preciso ferir gentilmente os
sentimentos alheios, ofereça à sua família um lugar que seja dela. Se agir
com diplomacia e em espírito de oração, a igreja verá que você tem
razão.
Se você morar um pouco distante da igreja (alguns quarteirões ou
quilômetros) enfrentará menos problemas, mesmo que a casa seja da
igreja. Caso planeje ficar bastante tempo na mesma cidade, considere a
possibilidade de comprar sua própria casa. Quem sabe você não conse-
gue convencer a igreja a ajudá-lo a pagar as prestações? Se isso aconte-
cer, certifique-se de que a decisão tenha sido aprovada pela igreja e re-
gistrada em ata; guarde uma cópia da ata com você. Sabe como é: mais
tarde alguém aparece e começa a criar problemas.
Se você tiver de morar na casa da igreja, não seja exigente demais
nem arbitrário nem difícil de ser aturado. Mas não se acanhe em falar
com diáconos ou diretoria quando a casa precisar de reparos. A boa
conservação da casa beneficia a você e à igreja. Não se descuide dos
impostos, seguros, etc. Se a casa pertence à igreja, esta terá de arcar com
tais responsabilidades, o que é uma vantagem para o pastor.

6. É PRECISO DESCANSAR TAMBÉM


Alguns pastores acham que porque o Diabo nunca descansa, eles
devem fazer o mesmo. Acontece que o Diabo não é o nosso chefe, e o
próprio Jesus chamou os discípulos para descansarem um pouco. Quem
VIDA FAMILIAR E PESSOAL DO PASTOR 207

refaz as energias não se desfaz em cacos! Sempre que possível, tenha


seu descanso semanal. Eu sempre tirava as segundas-feiras de folga. Às
vezes alguém da igreja dava entrada no hospital naquele dia ou então
acontecia alguma emergência à qual eu precisava atender. Nestes casos,
eu procurava resolver tudo até a hora do almoço e tirava a tarde para
ficar com minha esposa. Se você quer mesmo ter uma folga, não fique
em casa! Sei que nem sempre dá para fazer isso, mas se der, pegue a
rainha do pastorado, “se mandem” para algum lugar e só apareçam na
terça-feira. A “luazinha-de- mel” só lhes fará bem. Ore sobre o assunto;
quem sabe Deus não toca no coração de alguém que possua uma casa na
praia, nas montanhas ou qualquer lugar agradável onde vocês possam
descansar sem gastar muito. Se não der para tanto, visitem um pastor
amigo ou saiam para jantar num restaurante sossegado e agradável. De-
pois do descanso, você estará “com a corda toda” novamente.
Se você gosta de pescar, pegue a vara e o anzol e saia a procura de
peixes. Se sua esposa não gosta de “dar banho em minhoca”, vá sozinho.
Talvez ela também queira ficar sozinha um pouco. Além do mais, todo
homem precisa ficar a sós de vez em quando, ou em companhia de ami-
gos do mesmo sexo.
Relaxe à noite. Fique de papo com sua esposa. Ajude-a a descan-
sar também. Não leve para cama os problemas de ninguém, nem os da
igreja. Ore sobre seu relacionamento com suas ovelhas. Leve todos os
problemas a Deus e deixe-os lá com ele – pelo menos até a manhã se-
guinte. Sua vida sexual será beneficiada, você dormirá melhor e acorda-
rá revigorado e cheio de disposição para cumprir as exigências do minis-
tério.
Anote as tarefas a ser feitas no dia seguinte e deixe-as trancadas
num arquivo mental. Desse modo os problemas não perturbarão seu sub-
consciente quando você estiver relaxando, lendo ou divertindo-se com
sua esposa. Jogue um jogo de tabuleiro, leia uma boa revista, assista ao
noticiário, faça “uma boquinha” antes de ir para a cama, peça à esposa
para lhe fazer uma massagem e depois a massageie também. Você ficará
bem descansado e dormirá tranqüilo, sem se preocupar com questões
pastorais. Não se esqueça da oração, claro. Ore por e com sua esposa.
Não a deixe pensar que você se preocupa com os problemas de todo
mundo, menos com os dela.
Lógico que as coisas se complicam um pouco mais se vocês tive-
rem filhos pequenos. Mas se vocês organizarem bem o seu dia e noite,
208 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

poderão descansar depois que elas forem para cama. Não permita que os
afazeres domésticos atrapalhem a paz e o descanso de sua noite. Talvez
haja na igreja alguém que não se importaria em ficar com seus filhos
para vocês saírem de vez em quando.

7. INCENTIVE SUA ESPOSA


Haverá ocasiões em que sua esposa terá pena de si mesma por não
ter uma vida “normal”. Outras vezes se sentirá indisposta. Algumas ve-
zes sofrerá pela falta das amizades que não pode ter como esposa de
pastor. Repita constantemente o quanto você a ama e é grato pelo traba-
lho que ela faz para você e para Deus. Afirme-lhe o quanto sua vida e
amor cooperam para o sucesso de seu ministério.
Mantenham o senso de humor. Riam juntos, nem que para isso
seja necessário ler um livro de piadas. Riam também das situações en-
graçadas que lhes acontecem.
Mostre interesse por seus dotes culinários e agradeça-lhe pelas
refeições. Mostre apreço pelas coisas gostosas que ela prepara para você.
Incentive-a a ser uma boa hospedeira, mas não convide ninguém para
uma refeição nem apareça com um “batalhão” de gente para o “rango”
sem falar com ela antes.
Não jogue sobre os ombros da sua esposa todos os problemas,
sofrimentos e dissabores de outras pessoas. Algumas destas questões
você terá de guardar para si mesmo e só falar com Deus sobre elas. Se
sua esposa é uma crente firme e fiel ao Senhor, você poderá, às vezes,
conversar com ela sobre assuntos mais sérios e pedir suas orações. Pou-
pe-a de dissabores que apenas lhe causarão ansiedade desnecessária.
Instrua suas ovelhas a ligar para o escritório da igreja quando tive-
rem pedidos de oração, precisarem marcar uma reunião etc. Se sua igre-
ja é pequena, e seu escritório é em casa mesmo, e vocês têm apenas uma
linha telefônica, peça que telefonem apenas quando for absolutamente
necessário. Claro que certas pessoas telefonam, quer você queira quer
não. Muitas esposas de pastor sofrem de “desgaste ouvidal” no fim do
dia porque a irmã Manteiga Derretida choramingou a tarde toda ao tele-
fone.
Coopere com sua esposa no serviço de casa. Leve o lixo para fora
sem ela ter de “ficar no seu pé”. Troque a luz queimada ou arrume a
torneira que vive pingando antes que ela tenha um ataque de nervos. Não
deixe que ela levante objetos pesados, especialmente se o filhinho queri-
VIDA FAMILIAR E PESSOAL DO PASTOR 209

do de dois anos está pesando tanto quanto um saco de batatas ou quando


ela estiver retirando as compras do porta-malas do carro ou do carrinho
de feira. Ofereça-se para ficar com as crianças para que ela tenha uma
folga ou participe de uma reunião de oração, de uma festinha, ou seja lá
o que for. Sua masculinidade não descerá pelo ralo se você lavar os
pratos ou der banho nas crianças. Sua ajuda será ainda mais apreciada,
se sua esposa tem de trabalhar fora para ajudar no orçamento da casa.
Espero que este não seja seu caso. O ideal seria que as esposas de pasto-
res ficassem em casa cuidando do marido e dos filhos. No entanto, numa
época em que o dinheiro anda curto para a grande maioria das pessoas e
a inflação acaba com quase todo o orçamento da família, as mulheres
precisam arregaçar as mangas e trabalhar fora também. Não permita que
a situação dure mais que o necessário, porém ajude nas tarefas domésti-
cas, especialmente se sua esposa tem jornada dupla de trabalho.
Pastores, prestem atenção ao que vou dizer agora! Algumas jo-
vens esposas acham que seus maridos têm de estar à disposição delas 24
horas por dia e fazer a maior parte do trabalho doméstico. Isto é especi-
almente problemático se seu escritório for em casa mesmo. O ideal seria
estudar em outro lugar. Contudo se isto não for possível, explique à sua
esposa que seu tempo com Deus é precioso e que você precisa orar,
estudar e preparar as mensagens. Não permita que sua querida esposa o
transforme em menino de recados. Seu horário de estudo e visitação
deve ser respeitado e cumprido do mesmo modo que ela tem de cumprir
as responsabilidades domésticas. As tarefas do lar não serão causa de
conflito se vocês planejarem bem o dia-a-dia. Não se transforme em
“capacho” de sua esposa.

8. EDUQUE BEM SEUS FILHOS


Este é um fator de suma importância! A educação no lar não pode
ser descuidada. Peça à sua esposa que não deixe de explicar às crianças
que “os filhos do rei são especiais”; que somos cidadãos do Céu; que
devemos obedecer nossos pais (e que não paire nenhuma dúvida quanto
a isso); que devemos servir de exemplo às crianças da igreja cujos pais
não são crentes. Jamais se esqueça de sua obrigação de “criá-los nos
cuidados e admoestações do Senhor”. Embora a educação dos filhos
recaia mais sobre os ombros da mãe, a responsabilidade maior diante de
Deus é do pai.
Fique atento aos passos dos seus filhos e ao comportamento deles
na igreja. Se eles vivem correndo para cima e para baixo no pátio e
210 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

corredores da igreja ou desenrolam todo o papel higiênico dos banheiros


ou tropeçam nas pessoas à saída do culto, vai “sobrar” para você e sua
esposa.
Geralmente a esposa do pastor tem participação ativa nos cultos.
Se ela é a organista da igreja, passará a maior parte do tempo sentada no
banco do órgão, longe das crianças. A mãe precisa estar perto dos filhos
pequenos, mas nem sempre dá. Por isso é importante que as crianças
aprendam a se comportar. O mau comportamento deles pesa em seu mi-
nistério.
Quando os filhos ainda são pequenos, e a mãe tem responsabilida-
des no culto, peça a alguém para ficar de olho neles. Mas cuidado: não
se aproveite da boa vontade dos outros. Ninguém tem obrigação de cui-
dar de seus filhos por você.
Mesmo os filhos adolescentes precisam de supervisão. Até que
criem juízo e tenham maturidade espiritual para serem responsáveis por
seus atos como filhos do Rei, os pais precisam estar sempre informados
do paradeiro deles e do que andam fazendo. Não permita que sejam
maus exemplos e sentem-se nos últimos bancos, lã no “fundão” da igre-
ja.
Quando entrarem na adolescência, não os largue por conta pró-
pria. Se você fizer o que é certo e não se descuidar da oração, o mesmo
garotinho que gostava de ajudar nas tarefas domésticas e nos trabalhos
da igreja, continuará sendo – mesmo na adolescência – útil à obra de
Deus. E também continuará achando “legal” acompanhar você em algu-
mas visitas. Ele servirá de inspiração e exemplo para outros jovens. Ja-
mais negligencie seus filhos. Mantenha aberto o canal de comunicação
entre vocês. Seja justo com eles. Seja razoável, educado e bem humorado
ao lidar com seus filhos.
Divirta-se com seus filhos; participe de algumas de suas brinca-
deiras. Todos se beneficiarão com isso.
Se precisar discipliná-los, certifique-se de que eles sabem que a
correção é feita em amor e que você deseja o melhor para eles.
“Instrui ao menino no caminho em que deve andar” (Provérbios
22.6) que dizer exatamente isto: educar os filhos é uma tarefa de muitos,
muitos anos. Não “amarele” e fuja das responsabilidades de pai. Seja
consistente. Estabeleça normas e regras adequadas para seus filhos. Se
eles forem indisciplinados, você terá dificuldades em convencer outros
pais da igreja sobre a necessidade de terem um lar verdadeiramente cris-
tão.
VIDA FAMILIAR E PESSOAL DO PASTOR 211

Alguns pastores são tão lenientes com os filhos que o ministério


todo sofre as conseqüências.
Mas não espere que seus filhos e sua esposa sejam seres humanos
perfeitos. Na verdade, dê-se por muito satisfeito se ela tentar ser perfei-
ta. Saiba que neste mundo ninguém – nem mesmo você – alcançará a
perfeição.
Ponha seus filhos para ajudar nas tarefas domésticas o quanto an-
tes. Logo cedo, podem aprender a arrumar as camas e a cuidar da higie-
ne pessoal e das roupas.
Quando for lavar o quintal, consertar o carro ou fazer pequenos
reparos na casa, chame as crianças para ajudá-lo Sua esposa tem proble-
mas e cargas suficientes como mulher de pastor. Ela não precisa ser
empregada nem babá de tempo integral dos filhos. Criança ocupada di-
ficilmente causa encrencas. Todavia, elas também precisam de tempo
para brincar. Se os pais não ficarem “enrolando”, puserem mãos à obra e
realizarem suas tarefas com rapidez e eficiência, os filhos perceberão
que se cumprirem suas obrigações de uma vez, e acabarem logo o servi-
ço, terão mais tempo para se divertir.

9. A IMPORTÂNCIA DO CULTO DOMÉSTICO


Quando você pregar sobre a importância da oração e da leitura da
Bíblia em família, é importantíssimo que seus filhos saibam que o pai
deles pratica o que prega. Decida com sua esposa qual o melhor horário
para a família se reunir perante Deus. O culto doméstico não precisa ser
longo, chato e cansativo. Não pregue “sermõezinhos” nem aproveite a
ocasião para disciplinar os filhos.
Faça do culto doméstico uma ocasião alegre. É importante que
seus filhos o vejam lendo a Bíblia em horários que não sejam o do culto
doméstico e o do culto na igreja. Assim entenderão que você a lê porque
ama a Palavra de Deus.
A mãe deve ensinar muitos, muitos versículos da Bíblia para os
filhos até que comecem a ir para a escola. Incentive os filhos adolescen-
tes a memorizar a Palavra de Deus.

10. CUIDE DA SAÚDE!


É melhor prevenir do que remediar. Médicos e planos de saúde
atestam que pastores têm saúde de alto risco. “Malhe” diariamente, nem
que seja varrer e lavar o quintal ou levar os filhos a pé à escola. Se
212 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

possível, caminhe, corra ou ande de bicicleta todos os dias. Infelizmente


alguns pastores têm fama de ser glutões. Cuide bem do único corpo que
Deus lhe deu. Ele é o templo do Espírito Santo.
Sei que alguns crentes acabam virando “fanáticos” em matéria de
saúde e exageram na dieta alimentar ou regime para emagrecer. Porém
não nos devemos esquecer do conselho do apóstolo sobre sermos “mo-
derados em todas as coisas”. Aprenda tudo o que puder sobre alimenta-
ção e saúde mesmo com os extremistas. Há boas revistas e bons livros
sobre o assunto nas bancas e livrarias. O mercado cristão ainda é bem
pequeno (no Brasil) nesta área, mas é possível encontrar excelente mate-
rial. Mesmo que você não concorde com a teologia do escritor ou com a
versão da Bíblia que ele usa, aproveite seus conselhos sobre alimenta-
ção, saúde e os benefícios dos exercícios físicos.

11. EXERCITE A MEMÓRIA TAMBÉM


É verdade que muitos pastores são “um tanto desligados”, porém
alguns vivem tão no mundo da lua que nunca percebem o que os filhos
aprontam nem ouvem o que a esposa diz. “Tem cuidado de ti mesmo”,
Paulo aconselha. Faça uma lista das tarefas que precisam ser feitas. Ano-
te os pedidos e recados dos irmãos para não ter de “queimar os miolos”
mais tarde tentando se lembrar do que queriam ou disseram. Trate dos
problemas gigantescos quando puder se ajoelhar em oração; não tente
lidar com eles em casa. Sua família precisa tanto de um pai e esposo
quanto de um pastor.

12. ATENÇÃO ÀS BOAS MANEIRAS


Cultive boas maneiras e ensine seus filhos a fazer o mesmo. Acos-
tumem-se a dizer “obrigado”. Seja cortês, gentil, atencioso. Boas manei-
ras são sinônimos de altruísmo. Ensine seus filhos a dizer “por favor”,
“obrigado”, “com licença” e “desculpe-me” e suas ovelhas terão muito
mais satisfação em convidá-los para uma visita.
De modo geral, a presente geração é rude, mal educada e sem
modos. É imperativo que o povo de Deus seja exemplo para ela. Infeliz-
mente até alunos de escolas evangélicas são grosseiros, incivilizados.
A família não deve começar as refeições até que a mãe esteja à
mesa, ou dê permissão. Quando forem convidados para uma refeição,
não se sentem até que a dona da casa esteja sentada. Cuidado com os
modos à mesa. Também espere pela dona da casa antes de “atacar” a
VIDA FAMILIAR E PESSOAL DO PASTOR 213

sobremesa. Não permita que seus filhos se “esparramem” sobre a mesa


ou cadeira nem tampouco apresentem uma “trilha sonora” na hora da
sopa.
Apresente seus filhos e hóspedes aos convidados ou às pessoas
que convidaram vocês. Não pressuponha que todos os presentes já se
conhecem.
Agradeça a refeição que lhe foi oferecida tanto em sua casa como
(e especialmente) na casa de terceiros. As crianças aprendem com o exem-
plo dos pais.

CONSELHOS FINAIS
“Governar bem sua casa” ou “ser o chefe da família” não é per-
missão para tirania nem autoritarismo. Seja “amoroso e cheio de ternas
misericórdias” em seu reinado. Queira que seus filhos se lembrem de
você como um pai coerente; um disciplinador firme que exercia sua tare-
fa com amor e justiça, e que realmente vivia o que pregava. “Não irriteis
a vossos filhos, para que não percam o ânimo” (Colossenses 3.21).
“Maridos, amai a vossas esposas , e não vos irriteis contra elas”
(Colossenses 3.19).
Você terá autoridade para pregar contra o pecado...se não tiver
nada a esconder.
Ande de cabeça erguida. “Sedes firmes no Senhor.” Nenhum mal
poderá lhe fazer o homem.
Não se atrase para os compromissos – nem mesmo para os assumi-
dos com sua família – a não ser em casos de emergências.
Esteja acima de qualquer suspeita. Alguém explicou que o crente
deve viver de tal modo que não tenha medo de vender seu papagaio para
o maior fofoqueiro da cidade.
Discipline-se antes de disciplinar os outros. Não seja preguiçoso.
Se você anda ocupado demais para orar – então você está ocupado
demais!
214 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER
215

Capítulo 15
DIÁCONOS OU “DIABROS”?
“Como lidar com os diáconos?”, perguntou um pastor quando soube
que eu estava escrevendo este livro. Outro quis saber: “Como incentivar
os diáconos?”
Conheço uma igreja que tem a reputação de ser uma “máquina de
triturar pastores”. Dizem que dois ou três diáconos carnais daquela igre-
ja põem todos os pastores para correr. Eles não têm o mínimo respeito
pelos homens chamados por Deus.
Um pastor explicou que há três anos acabou com as reuniões de
diáconos. “Se eles não sabem agir como cristãos, então não vão mais se
reunir!” A igreja cresceu e os dízimos e ofertas dobraram depois que o
diaconato foi encerrado.
Certa vez, num corredor de hospital, um irmão se lamentou comi-
go porque nenhum pastor ficava em sua igreja muito tempo. Os diáconos
começavam controlando o tempo que o pastor gastava em visitas e coi-
sas assim; depois passavam a escolher o assunto das mensagens; a se-
guir, punham o pastor para correr. Sejamos justos: pastores que só sa-
bem respirar e receber o salário deveriam ser postos na rua! Mas a im-
pressão é que muitos diáconos e igrejas (e pastores também) ainda não
entenderam as qualificações e propósitos bíblicos dos diáconos. Conhe-
ço pastores que não querem nem saber de diáconos por pura questão de
medo.
Alguns dos cristãos mais espetaculares que jamais conheci e al-
guns de meus melhores colaboradores no ministério eram diáconos in-
teiramente consagrados a Deus. Por outro lado, em alguns casos, os es-
pinhos na carne que mais me afligiram como pastor também eram
diáconos, que supostamente deveriam me ajudar a carregar o peso e tor-
nar mais leve o fardo do ministério. A responsabilidade dos diáconos
não se restringe a “contratar e dispensar” pastores; eles devem “aliviar a
carga” do pastor. Leiam Atos 6.1-7.
216 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Tenha cuidado ao selecionar seus diáconos, ou você acabará na


pior.
Alguns pastores enfrentam problemas com os diáconos porque
agem como ditadores e são extremamente mandões. Outros têm proble-
mas porque deixam que os diáconos sejam ditadores e mandem neles!
O pastor deve estar no comando da igreja e ser tratado com muita
estima e amor por causa do trabalho que realiza (1Tessalonicenses 5.13).
A reunião do pastor com os diáconos deveria ser como a de Boaz com
sus trabalhadores: “Que o Senhor esteja contigo” e “Que o Senhor te
abençoe” (Rute 2.4).
Quando perguntaram a um pastor se sua igreja tinha um estatuto,
ele respondeu: “Eu sou o estatuto!” Talvez de dez em dez anos apareça
alguém com tanta capacidade e grandeza, mas acho que os casos estão
se tornando raríssimos. Além do mais, se algum pastor viesse com essa
conversa, acabaria no olho da rua bem rapidinho.
Entretanto nossas igrejas têm de aprender que se um país não tiver
um presidente, ele acabará em anarquia. Se um lar não tiver um chefe, a
família só acabará perdendo. Se a igreja não tiver um líder, a confusão
será total. Claro que Jesus é a Cabeça de Sua igreja, porém foi ele mes-
mo quem escolheu o pastor (ou bispo) para ser “supervisor” de seu cor-
po. Liderança só existe se houver liderados.
Querido pastor, se você quer viver em harmonia com seus diáconos,
proponha-se a fazer algumas coisas.
Primeiro, se você é jovem ou está começando seu ministério, vá
com calma. É preciso ganhar o respeito e a confiança de pessoas talvez
mais velhas e, quem sabe, mais experientes que você. Caso você tenha
herdado um grupo diaconal, aprenda a conviver com ele até que a igreja
tenha sido ensinada e tenha crescido, não só numericamente como tam-
bém espiritualmente.
Ao ser convidado a pastorear uma igreja, pergunte sobre os
diáconos; sobre a postura deles; se respeitam os pastores; como se sen-
tem em relação a eles e como deve ser o relacionamento entre pastor e
diáconos.
Se você está iniciando um trabalho, será mais fácil “criar” seus
próprios diáconos e desenvolver o tipo de relacionamento que acha bí-
blico e apropriado.
Seja humilde. Você pode ser espiritual, firme, consagrado, corajo-
so e continuar humilde. Caminhe em submissão a Deus. Quando os
DIÁCONOS OU “DIABROS”? 217

diáconos perceberem que você realmente anda com Deus, eles o respei-
tarão e dificilmente discordarão de você. “Se...não morrer, fica ele só”
(João 12.24). Morra para si mesmo, e o fato de alguns diáconos concor-
darem ou disserem indelicadezas a seu respeito não terá muita importân-
cia. “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir, e
dar sua vida…” (Mateus 20.18).
Não viva amuado; não seja impaciente; não se ofenda por ninhari-
as. Faça todo o possível para se dar bem com todos os homens – inclusi-
ve com os diáconos. Seja paciente com eles. É possível que alguns
diáconos não tenham recebido o mesmo treinamento, a mesma educação
e os mesmos ensinos bíblicos que você recebeu. Por outro lado, alguns
podem ser mais capacitados, treinados, entendidos e experientes na área
financeira que você, e terão muito a lhe ensinar; diáconos assim poderão
ajudá-lo imensamente em seu ministério. Deixe o orgulho de lado: dis-
ponha-se a aprender com os leigos da igreja.
Seja honesto, mas não indelicado ao dizer a verdade. Quem é bru-
talmente franco torna-se grosseiro e cruel. Não fale tudo que lhe vier à
cabeça e, certamente, não revele ao mundo tudo o que você pensa.
Contudo não seja evasivo e falso. Tenha firmeza em suas convic-
ções, porém não seja cabeça-dura. Seja flexível, em submissão a Deus, e
não tenha vergonha de admitir que errou ou agiu sob impulso.
Ensine aos diáconos que “caminhamos pela fé” e que em certas
ocasiões a obra de Deus não será realizada se não formos “atirados” e
agirmos pela fé. Explique a eles que se confiarmos sempre e apenas em
nosso conhecimento e bom senso financeiro, e formos excessivamente
cuidadosos, corremos o risco de não dar lugar à fé e ao Senhor em nos-
sos empreendimentos. A precaução pode nos levar à fraqueza e à derro-
ta.
Os diáconos não devem “mandar” no pastor, mas também não de-
vem ser tratados como se fossem seus mordomos. Embora Atos 6 possa
dar esta impressão, as qualificações apresentadas em 1Timóteo 3 dei-
xam claro que a posição de diácono exige mais que isso. O pastor preci-
sa de colaboradores que tenham discernimento espiritual e possam assu-
mir algumas das responsabilidades e deveres que acompanham as neces-
sidades materiais e financeiras da igreja. O Dr. Harvey Springer afir-
mou: “Para cada problema que meus diáconos me causaram, eles me
livraram de cem”. E continuou: “Não canso de afirmar que sou o líder da
igreja, e não abro mão desta prerrogativa – o que é bem verdade. Mas sei
218 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

também que o líder deve estar tão disposto a repartir seu amor quanto
está pronto a exigir seus direitos”.
Paulo declarou: “Pelo que, ainda que tenha em Cristo grande con-
fiança para te mandar o que te convém, todavia peço-te, antes por amor...”
(Filemon 8-9).
No início de um de meus pastorados, havia na igreja um diácono
grandalhão que se levantava em quase todas as assembléias e dizia: “Sou
visceralmente contra isso”. Esta era sua cantilena: “Sou visceralmente
contra isso”. Muitas vezes a reunião se delongava por causa dele, e nem
sempre era tempo perdido, mas aprendi a ter paciência e boa vontade.
Tempos depois, quando aquele irmão teve de remar contra a maré, ele
dirigiu centenas de quilômetros para me ver e, em lágrimas, pediu des-
culpas pelas dores de cabeça que havia me causado. Digo de coração
que não guardo a mínima raiva nem ressentimento daquele diácono.

COMO LIDAR COM DIÁCONOS PROBLEMÁTICOS


Quem pode ser diácono? Qual o trabalho dos diáconos? Como
lidar com os diáconos? Como encorajá-los?
Atos 6.1-15 e 1Timóteo 3 apresentam o que a Bíblia diz sobre o
assunto. Com amor e clareza, seja fiel no ensino dessas verdades à igre-
ja. A grandeza de uma igreja não é maior que a de seus líderes. Embora
os diáconos sejam servos (grego diakonos), geralmente são considera-
dos líderes e pilares espirituais da igreja. No entanto, não são seus “diri-
gentes”. Filipenses 1.1 faz a distinção. Os diáconos devem ser homens
de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria (Atos 6.3).
Os diáconos foram escolhidos pela primeira vez na Bíblia para
cuidar de um “negócio importante”: a beneficência e o atendimento às
viúvas necessitadas. Eles deveriam se ocupar do aspecto doméstico da
igreja para que os pregadores tivessem tempo de se dedicar à oração e ao
ministério da Palavra (Atos 6.4). Como resultado da escolha desses pri-
meiros diáconos, a “palavra de Deus crescia, e em Jerusalém se multipli-
cava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obe-
decia à fé” (Atos 6.7).
Vemos, então, que a tarefa dos diáconos é permitir que os pastores
e evangelistas possam se dedicar mais ao estudo da Palavra e à conquista
de almas para Cristo.
Estevão foi um homem cheio de fé (Atos 6.5-8), como os diáconos
devem ser. Somos cooperadores de Deus. O Dr. Jack Hyles afirmou que
DIÁCONOS OU “DIABROS”? 219

todos os seus diáconos foram ganhadores de almas. Idealmente, é assim


que deveria ser.
Muitos cristãos fiéis foram arruinados ao serem eleitos diáconos,
pois não tinham ainda a maturidade emocional e/ou espiritual exigidas
pelo cargo. O diácono não pode ser “neófito” e deve ter bom testemunho
tanto da igreja como dos que estão de fora. Não pode ser de “língua
dobre” (1Timóteo 3.8), ou seja, deve ser homem de palavra. “O homem
de mente dividida é instável” (Tiago 1.8). O diácono deve se abster de
todos os tipos de bebidas fortes, claro, e não pode ser louco por dinheiro
(1Timóteo 3.8).
O diácono tem de ser “provado”, e mostrar que é um cristão sóli-
do, estável, sensato e espiritual e, conseqüentemente, “irrepreensível”
(1Timóteo 3.10). O diácono precisa ter a esposa certa (v.11). A vida
familiar do diácono, assim como a do pastor, deve ser exemplar; ele
deve governar bem sua casa e disciplinar seus filhos (1Timóteo 3.12).
Ele deve “guardar” a fé e adquirir confiança na fé (vs.9,13). Re-
sumindo, o diácono tem de ser forte, fundamentado e solidificado em
sua fé na Palavra.
Se alguém preencher todas as qualidades exigidas em Atos 6 e
1Timóteo 3, ele será um diácono ideal. No entanto, por melhor que seja,
ainda é um ser humano (como o pastor também é) e, enquanto estiver
“no corpo”, será imperfeito.
Em um de meus arquivos, as palavras demônio, diácono e diabo
estão em seqüência. Temos a impressão de que, algumas vezes, diáconos
e diabos andam de mãos dadas. Como impedir que isto aconteça? Quais
são algumas dúvidas que os pastores têm sobre o assunto?

1. Quantos diáconos a igreja deve ter? Sete?


R. Depende. Sete foi um bom número para a igreja de Jerusalém,
que era uma igreja enorme quando os diáconos foram escolhidos. Não é
prudente registrar nos Estatutos que a igreja terá “tantos” diáconos, pois
há o perigo de se eleger pessoas erradas só porque aquele número tem de
ser preenchido. É melhor ter apenas dois ou três bons irmãos do que um
grupo que lhe dê imensas dores de cabeça.

2. É possível acabar tendo diáconos demais?


R. É. Neste caso, as chances de alguns serem meio atrapalhados,
sempre do contra e mandões são maiores, Por outro lado, quanto mais
220 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

diáconos, menos possibilidades de dois ou três acharem que eles são os


donos da igreja. Se a igreja tiver seis diáconos, por exemplo, e dois ou
três começarem a causar problemas, então você estará encrencado. Po-
rém se tiver vinte e apenas três forem problemáticos, você ainda terá o
apoio de pelo menos dezessete.

3. O que fazer quando a igreja tem muitos diáconos e todos que-


rem dar uma opinião durante as reuniões do corpo diaconal?
R. Por que dar oportunidade para que todos expressem sua opi-
nião? Quanto maior o número de pessoas, mais fácil é conduzir as reuni-
ões de modo profissional e eficiente. Um corpo diaconal composto de
quatro ou seis membros torna suas reuniões mais informais e dá oportu-
nidade para que tudo que for mencionado acabe sendo discutido. Contu-
do, um corpo diaconal numeroso predispõe mais ao silêncio e faz com
que as pessoas se manifestem apenas quando tiverem algo importante a
dizer, já que sabem que quanto mais falarem mais longa será a reunião.

4. Como agir se diáconos ou membros da igreja sugerirem para o


diaconato alguém que não seja leal ao pastor?
R. Leve o assunto à igreja – 1Timóteo 3 e Atos 6. Esta é uma das
razões de a igreja colocar no papel as normas e os padrões exigidos para
que alguém seja diácono. Isso elimina a maioria dos inidôneos. Nunca
tive muitos diáconos nas igrejas que pastorei. Talvez meus padrões fos-
sem um pouco altos demais, sei lá. A maioria dos candidatos recusava a
oportunidade assim que se inteirava das exigências. Novamente, leva
tempo, é preciso ter paciência e é necessário ensinar muito para formar
um rebanho que saiba como ajudar o pastor a ajudar a igreja.

5. Quais são alguns desses padrões e normas?


R. Entre outros, o diácono deve ser sincero ao responder como é
seu relacionamento com o pastor e se está disposto e feliz em ajudá-lo
da maneira que a Bíblia recomenda. Marido e mulher devem se compro-
meter a “segurar a língua”, a estar prontos a perdoar os irmãos, e dispos-
tos a apoiar o que a igreja realiza sob a liderança do pastor. No final do
capítulo, apresentarei uma lista desses padrões.

6. E se eu “herdar” diáconos encrenqueiros? Como ficar livre de-


les?
DIÁCONOS OU “DIABROS”? 221

R. Ensine e treine o pessoal, ore sem cessar sobre o assunto e crie


um rodízio para os diáconos de maneira que dois ou três fiquem na “re-
serva” durante o ano. Para voltar à ativa, eles devem ser nomeados e
eleitos novamente.

7. E se um deles estiver comprovadamente agindo errado e servin-


do de mau exemplo para a igreja?
R. Neste caso, converse primeiro com Deus e depois com o diácono
em questão. Com gentileza e em espírito de oração, explique-lhe que
alguns irmãos estão desgostosos com o comportamento dele e que você
tem certeza de que o desejo dele é fazer a vontade de Deus. Diga que
você gostaria de ajudá-lo e teria prazer em pedir a um irmão consagrado
que se reunisse com vocês dois para levá-lo a entender o que a Bíblia diz
sobre as atitudes dele. Caso a pessoa não concorde em mudar e também
não queira se demitir do cargo de diácono, leve o assunto ao corpo
diaconal. No entanto, aja sempre movido pelo amor, com muito cuidado
e em contrição de espírito. A não ser que seja um pecado moral que
atinja a igreja toda, talvez nem seja necessário anunciar publicamente
que o referido irmão não é mais diácono; especialmente se a eleição
anual de novos diáconos estiver próxima. Assim você até poderá “livrar
a cara” do irmão e guiá-lo num caminhar ainda mais perto de Deus.

8. Que tal a idéia de termos um grupo de diáconos em treinamento,


ou “Diáconos Juniores”?
R. Tentei a idéia em uma de minhas igrejas. Não tenho certeza se
ela é bíblica, mas também não vejo nada antibíblico nela. Você apenas
estaria treinando um grupo de jovens com potencial de se transformarem
em bons diáconos mais tarde. Dessa maneira, você já ficará sabendo
quem não poderá ser escolhido para o cargo mais tarde.

9. Como incentivar os diáconos a dar o melhor de si?


R. Em minha igreja, colocamos (ou tentamos colocar) os diáconos
em áreas específicas de trabalho. Por exemplo, um deles era relator da
comissão de patrimônio; outro se responsabilizava pela zeladoria (certi-
ficando-se de que o trabalho estava sendo bem feito); um terceiro toma-
va conta da propriedade: arbustos que deviam ser podados, calçada que
precisava de reparos etc. Tínhamos um diácono trabalhando com os jo-
vens; outro com o grupo de missões e assim por diante. Porém todos os
222 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

diáconos eram incentivados a fazer visitas; a ganhar almas para Cristo; a


minimizar conflitos; a promover paz e amizade entre os irmãos; a acom-
panhar a vida da igreja e a cumprimentar os visitantes e recém-chega-
dos.
Se você os encorajar na vida de oração, na visitação e na conquista
de almas, eles não terão muito tempo para lhe criar encrencas nem dores
de cabeça.

10. O que fazer com gente simpática que deseja ser diácono, mas
fazem “campanha” entre os irmãos para ser eleito?
R. Se alguém deseja ser diácono só para poder mandar na igreja e
conseguir uma posição de destaque...mantenha-o distante! A pessoa qua-
lificada é um cristão humilde, que tem vontade de servir, e vê o serviço
como um privilégio, embora não se sinta capacitada para o trabalho. O
crente que se alegra em ficar de fora, se esta é a vontade de Deus para
ele, é quem merece ser diácono!

11. O que fazer com um diácono “explosivo”, que vive arranjando


confusão, não importa o que você faça ou ensine?
R. Quanto mais ele “crescer” menos “explosivo” se tornará. Uma
pessoa assim é imatura e não deve ser diácono. “Lança fora o
escarnecedor, e se irá a contenda”, aconselha Salomão em Provérbios
22.10, “e cessará a questão e a vergonha”. Em pouco tempo os outros
diáconos não agüentarão mais as “explosões” e apoiarão o pastor na
decisão de manter o encrenqueiro afastado do cargo até que ele amadu-
reça e mantenha o gênio ruim sob controle.
De vez em quando faça um sermão avisando que a “rebelião é
como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniqüidade e idolatria”
(1Samuel 15.23). Relembre suas ovelhas que a Bíblia ensina que o ho-
mem espiritual “é pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”
(Tiago 1.19). Desenvolva uma igreja que entenda o significado bíblico
de um verdadeiro diácono.
Alguém comentou sobre os corajosos astronautas em suas missões
espaciais: “Quanto mais sensacional a conquista menos sensacionalista
é o comportamento deles”. É de diáconos assim que precisamos. Pregue
sobre Mateus 18.1: “Quem é o maior?” e sobre Provérbios 15.33: “Di-
ante da honra vai a humildade”.
DIÁCONOS OU “DIABROS”? 223

Dr. Fred Brown, referindo-se ao zelador de uma grande igreja em


Kentucky, Estados Unidos, declarou: “Se eu fosse pastor, preferiria aquele
zelador trabalhando comigo a qualquer pastor assistente!” Todos os
diáconos deveriam ser assim. Que Deus nos dê diáconos tão humildes
quanto um zelador dedicado.
Gostaria de acrescentar que além de ter regras e padrões escritos
para os diáconos, você poderia conversar com outros pastores e também
ler tudo o que puder sobre o relacionamento entre os pastores e seus
diáconos. E algumas igrejas, os diáconos em exercício escolhem os futu-
ros diáconos e depois os apresentam à igreja. Esta prática impede a elei-
ção de alguém não totalmente qualificado para o cargo, e o faz sem ex-
por em público as “deficiências” da pessoa e sem feri-la desnecessaria-
mente. Há muitos cristãos que amam verdadeiramente a Deus, mas por
alguma razão não são qualificados biblicamente para o diaconato.
A seguir, apresento o questionário que usei na escolha dos diáconos
de uma de minhas igrejas. Adapte-o às suas necessidades e convicções.
Não é um questionário abrangente, porém ajudou muitos crentes a per-
ceber que realmente não tinham as qualidades necessárias para servir
como diáconos.
Não se esqueça de que sua atitude pessoal ajuda ou atrapalha seu
relacionamento com os diáconos. Considere-os seus “agentes especi-
ais”. Vocês jogam no mesmo time. Ame-os e ore por eles, e não esconda
isso de ninguém. Mais uma coisa: sempre aprendemos com as pessoas
que menos simpatizam conosco.

QUESTIONÁIO PARA CANDIDATOS A DIÁCONO


Querido Irmão
Seu nome foi sugerido para o diaconato desta igreja. Ser diácono é
uma responsabilidade séria e sagrada. Para ajudá-lo a decidir suas pró-
prias qualificações ao cargo, este questionário deve ser respondido com
toda honestidade, cuidado e depois de muita oração. Suas respostas são
sigilosas. O propósito do questionário é evitar todo e qualquer constran-
gimento a quem quer que seja, e também ajudar a igreja a fazer, sob a
orientação da Bíblia, a melhor escolha possível (leia Atos 6.1-7 e 1Ti-
móteo 3.1-13).

1. Você tem certeza de sua salvação pela fé em Cristo Jesus?


_________
224 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

2. Você acredita que a Bíblia foi verbalmente inspirada por Deus?


_____ Você crê no nascimento virginal de Jesus Cristo, na redenção do
pecado por meio de Seu sangue e em Seu retorno pré-milênio?______

3. De acordo com os ensinos de Atos 6, você crê que a principal


responsabilidade de um diácono é ajudar o pastor nas tarefas do dia-a-
dia da igreja para que ele não tenha de “deixar o ministério da Palavra
para servir às mesas”? _________ Você se relaciona bem com o pastor?
É leal a ele e acha que poderá ajudá-lo, com toda disposição e alegria, a
liderar biblicamente a igreja sob a orientação de Deus? _________

4. Você gostaria de ser candidato a diácono da igreja? _________


Se eleito, dará o melhor de si na realização de suas tarefas? __________

5. Os diáconos do Novo Testamento eram homens “cheios do Es-


pírito Santo”. Você já se entregou completamente a Deus, e propõem-se
a viver uma vida cheia do Espírito e consagrada à obra do Senhor?
_________

6. Cristo e Sua igreja ocupam mesmo o PRIMEIRO lugar em sua


vida – antes de quaisquer outras atividades?

7. De acordo com nossos estatutos, somos uma Igreja Batista In-


dependente não afiliada a nenhuma convenção, e assim devemos conti-
nuar. Você concorda plenamente que este é o modelo de igreja apresen-
tado no Novo Testamento? ______

8. A Bíblia exige “traje honesto” (1Timóteo 2.9), insiste em que as


mulheres “não usem traje de homem” (Deuteronômio 22.5) e que deve-
mos nos “abster de toda a aparência do mal” (1Tessalonicenses 5.22).
Você, sua esposa e seus filhos se vestem de modo comedido e apropria-
do aos cristãos (por exemplo: nada de shorts, minissaia e outras roupas
escandalosas)? _______
9. A Bíblia insiste em que nos afastemos de práticas mundanas.
Você ou sua esposa pertence a alguma sociedade ou organização secre-
tas? _____ Você dança, vai ao cinema, jogam bingo, baralho etc, ou
permite que seus filhos participem destas coisas? ________
DIÁCONOS OU “DIABROS”? 225

10. Você ou sua esposa já foram divorciados alguma vez (1Timó-


teo 3.12)? ______

11. Você é o chefe de seu lar? Sua esposa e filhos são submissos a
você? Seus filhos são obedientes e comportados? ________ (Efésios
5.22-25; 1Timóteo 3.12.)

12. Você é fiel aos cultos da igreja e participa de todos os traba-


lhos especiais que ela promove (exceto em casos de força maior), como
série de conferências, seminários de crescimento espiritual etc? ______

13. Ser honesto é uma qualidade importante. Você é dizimista (de-


volve a Deus 10% do que recebe)? _______ (Malaquias 3.10; 1Coríntios
16.1-3). Você contribuirá regularmente com seus dízimos e ofertas?
_______

14. Seu relacionamento com o pastor e os outros diáconos será


fundamentado na honestidade, confiança e cooperação que devem exis-
tir entre irmãos em Cristo? ________

15. Você bebe, vende ou permite em sua casa bebida alcoólica?


______

16. Você paga suas contas em dia, pois não deseja se meter em
dívidas e envergonhar o nome da igreja? _________

17. Você e sua esposa sabem guardar segredo, ficam longe de fo-
focas e recusam-se a criticar os irmãos? _________ Vocês são capazes
de esquecer os rancores e são prontos a perdoar os que erram? ______
Sua esposa tem as qualidades de uma esposa de diácono, conforme esta-
belecido em 1Timóteo 3.8-11? _________

18. O corpo do cristão é o templo do Espírito Santo (1Coríntios


6.19). Você maltrata seu corpo com o fumo, drogas ou qualquer outro
vício? ______ Você mantém-se puro sexualmente? ________

19. Você aproveita todas as oportunidades para falar do evangelho


e ganhar almas para Cristo? _______ Você está disposto a colaborar
com o programa de visitação e crescimento da igreja? ______
226 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

20. Você concorda que a principal tarefa do crente e levar adiante


a Grande Comissão de Mateus 28.19-20? ________ Você apóia com-
pletamente a programação, os eventos, a pregação, a música e a admi-
nistração de nossa igreja? _______

21. Você concorda com o princípio batista de que a maioria de


votos decide um assunto? Você aceitará sem reclamações as decisões
tomadas pela maioria dos membros em assembléias da igreja? ______

22. Você guardará fielmente o Dia do Senhor? ______ Você se


esforçará para que a igreja cresça, apoiando-se na fé para transformá-la
em uma igreja forte e amadurecida, para a glória de Deus? _____

23. Se algum dia chegar à conclusão de que não pode em sã cons-


ciência, nem em espírito cristão, apoiar seu pastor , os colegas diáconos
e a maioria da igreja (trabalhando em harmonia e amor), concordará em
deixar o cargo de diácono sem desavenças nem discussões? _____
Por favor, assine e devolva ao pastor dentro de dez dias.
Nome:________________________________________
227

Capítulo 16
SÉRIES DE CONFERÊNCIAS
BEM SUCEDIDAS
Depois de pastorear igrejas de todos os tamanhos tanto em cida-
des grandes quanto em pequenas, e de trabalhar como evangelista du-
rante nove anos, tive muitas oportunidades de testemunhar os dois lados
das séries de conferências evangelísticas. Em um capítulo, gostaria de
tratar do “Como” promover séries de conferências, e em outro, dos pro-
blemas causados por esses movimentos. É meu desejo mostrar o que os
pastores devem esperar de um evangelista convidado e o que o evangelista
espera deles. Nossa tendência é esquecer os pequenos detalhes – peque-
nos, mas importantes.
É perfeitamente possível realizar séries de conferências
evangelísticas, conferências bíblicas e também programações missionárias
bem sucedidas e que produzam muitos frutos. As conferências de uma
semana (ou mais) podem realmente “dar bons retornos”. Contudo o su-
cesso do evangelismo não acontece do dia para a noite.
O esforço vale a pena. Se você conseguir o pregador certo – um
homem de Deus – para ajudá-lo, e preparar cuidadosamente todo o pro-
grama, as reuniões serão muito eficazes e os resultados serão duradou-
ros.
Programe uma ou duas séries de conferências evangelísticas du-
rante o ano. Além delas, uma conferência bíblica e uma missionária tam-
bém serão uma grande bênção para a igreja. O ideal é que as séries de
conferências evangelísticas durem uma semana pelo menos. Em alguns
casos, duas semanas seriam ainda melhor. As conferências bíblicas po-
deriam ser de cinco ou seis dias e as missionárias de quatro a seis dias.
Várias conferências longas durante o ano cansam, e acabam tirando o
interesse e entusiasmo da igreja pelos eventos.
Infelizmente muitos pastores desistiram de promover campanhas
evangelísticas em suas igrejas. Não tenha medo de planejar uma campa-
228 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

nha nem de aguardar as vitórias que certamente hão de vir. Planeje bem
e ore muito, e o povo virá.
Como uma série de conferências ajuda sua igreja?

1. Aumenta o número de ouvintes da Palavra e desperta entusias-


mo na igreja.

2. Revigora os desanimados.

3. Busca os membros afastados.

4. Desenvolve o espírito de amizade e comunhão.

5. Estimula consagração, dedicação e entrega.

6. Traz novos membros para a igreja.

7. Reacende a chama dos cultos domésticos nos lares da igreja.

8. Desperta o interesse dos jovens pela obra de Deus.

9. Descobre novos talentos a ser usados na igreja.

10. Ganha almas para Cristo tanto durante como após a campanha.
Muitos pastores têm afirmado que mesmo atualmente – quando a
TV e todos os outros tipos de entretenimento seguram as pessoas em
casa –, as séries de conferências estão atraindo um auditório cada vez
maior, quem sabe até maior que há alguns anos. Esses pastores testificam
que almas continuam sendo salvas e que as evidências da série de confe-
rências ainda continua depois do término da campanha. Isso confirma o
que digo: as conferências evangelísticas funcionam.
Deus mesmo “deu outros para evangelistas” (Efésios 4.11). Por-
tanto é óbvio que ele deseja usar esses evangelistas nas igrejas. Infeliz-
mente, porém, alguns pastores desistiram de promover campanhas
evangelísticas em suas igrejas. Por quê?
Talvez porque tenham se decepcionado com um determinado
evangelista ou por não terem obtido os resultados esperados ou por medo
de não serem capazes de manter o ritmo depois das conferências.
SÉRIES DE CONFERÊNCIAS BEM SUCEDIDAS 229

É raro, mas alguns pastores temem que a oferta dada ao conferen-


cista faça falta aos cofres da igreja. Sei que alguns pastores sentem um
pouco de ciúme de seus púlpitos e outros têm inveja do evangelista usa-
do por Deus para que seu rebanho seja abençoado.
Mas nada disto precisa acontecer. O evangelista convidado será
capaz de abençoar e edificar suas ovelhas; os resultados podem ser gra-
tificantes tanto durante quanto depois das reuniões; o dinheiro oferecido
ao servo do Senhor não fará falta à igreja e, depois da campanha, as
ovelhas gostarão ainda mais do pastor que têm. Elas agradecerão porque
você permitiu que ouvissem uma voz diferente e que aprendessem com
os ensinos ministrados por um servo de Deus tão capacitado.
A maioria dos membros de sua igreja nunca teria o privilégio de
participar de uma verdadeira série de conferências, se você não tivesse
convidado o evangelista para lhes falar. Também, depois de ouvir um
conferencista empolgado falar tantas noites seguidas, suas ovelhas fica-
rão felizes em ouvir suas mensagens novamente. Talvez até comentem:
“Nenhum conferencista é tão bom quanto nosso pastor!”
Em minha opinião, a verdadeira razão de muitos pastores e igrejas
não programarem séries de conferências evangelísticas com mais fre-
qüência é porque ficaram desapontados com o número de visitantes em
conferências passadas e não acreditam que hoje as pessoas saiam de
casa várias noites seguidas para participar de uma série de conferências.
Outros pastores se entregaram ao desânimo; concluíram (pelo menos
interiormente) que as séries de conferências com resultados grandiosos
são coisas do passado!
Temos de concordar que hoje em dia é mais difícil trazer os não-
crentes para uma série de conferências evangelísticas. Há mais atrações
prendendo os jovens; as pessoas estão mais envolvidas com as coisas
materiais e são mais exigentes que antigamente; as seitas e os ismos têm
contribuído para a confusão e vergonha do termo “evangélico”. Isso tudo
significa que precisamos nos empenhar mais, orar sem cessar, planejar
com muita sabedoria, começar a nos movimentar mais cedo e, talvez,
fazer uma campanha mais ampla para conseguirmos penetrar a crosta
endurecida ao nosso redor.
Os evangelistas do passado (nos Estados Unidos) armavam uma
tenda e permaneciam no mesmo lugar durante uns dois meses, ou até que
Deus agisse e as almas começassem a ser salvas. Nós, entretanto, não
estamos dispostos a pagar o preço de uma campanha evangelística bem
230 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

sucedida. Se a igreja não está preparada para dar tudo de si, se não crê
que Deus tem mesmo poder para convencer os pecadores, se não quer
empenha-se no trabalho e na oração, e não está pronta a clamar para que
a campanha produza muitos, muitos frutos, não é justo nem prudente
pedir a um conferencista que invista um mês (ou duas semanas) de seu
tempo em uma série de conferências.
Com todas as comodidades e conveniências de hoje podemos dar
avisos e recados em menos tempo; chegamos mais rapidamente aos la-
res; atingimos uma área maior com nossa propaganda; alcançamos mais
gente e, assim, podemos esperar um grupo bem maior de ouvintes. Qua-
se todas as pessoas têm telefone, automóveis e muitas outras facilidades
jamais sonhadas nos dias das “grandes séries de conferências”.
Todas essas conveniências facilitam as campanhas evangelísticas
de sete, oito ou doze dias. Talvez oito dias – de domingo a domingo –
seja mais prático, principalmente nas cidades grandes, onde a locomo-
ção é sempre mais difícil. Com a maioria dos jovens estudando de dia e
trabalhando à noite, qualquer programação que dure mais de sete dias
terá um auditório pequeno, especialmente no início da semana.
Se sua igreja for corajosa, quiser bons resultados e decidir promo-
ver uma semana toda de conferências evangelísticas, bíblicas ou de
reavivamento, saibam que terão de unir suas forças. Comecem a orar já
para que Deus mande o conferencista certo, e ponham mãos à obra ime-
diatamente. Como pastor, determine-se a fazer todos os esforços para
que a igreja esteja bem preparada quando o pastor convidado chegar e as
reuniões começarem.
OBSERVAÇÃO: Se a igreja pretende convidar alguém famoso,
muito requisitado, é bom convidá-lo o quanto antes, mesmo que seja
com um ano de antecedência. Não se zangue com um conferencista que
não aceitou ir à sua igreja em março quando o convite lhe foi feito em
fevereiro!
Quando pastoreava, eu gostava de promover uma série de confe-
rências assim que as férias terminavam. Este era um bom meio de dar
uma “injeção de ânimo” na igreja logo no começo do ano.
Dependendo das circunstâncias e do tipo de trabalho, os meses de
férias também podem dar bons resultados. Uma solução para estes me-
ses mais fracos em assistência (quando muita gente viaja) é combinar a
série de conferências com a Escola Bíblica de Férias; em vez de convi-
dar um único pastor para falar, convide uma equipe de evangelismo;
SÉRIES DE CONFERÊNCIAS BEM SUCEDIDAS 231

tenha alguém para trabalhar especificamente com as crianças. Escolha


temas que enfatizem a família; realize as conferências ao ar-livre ou em
acampamentos (se a locomoção for fácil); promova conferências só para
os jovens.
Experimente realizar uma série de conferências com dois ou três
conferencistas.
Mesmo que o número de visitantes e de convertidos não seja gran-
de, sua igreja se beneficiará com a série de conferências, e os resultados
serão duradouros. Muitas pessoas medem o sucesso de uma campanha
evangelística pelo número de pessoas que aceitaram a Cristo. No entan-
to, estas conferências também têm o objetivo de despertar, alimentar e
desafiar aqueles que já pertencem a Deus. Se os crentes se reavivarem,
eles se unirão ao pastor na conquista de almas perdidas – mesmo depois
do término das conferências.
Como se preparar e financiar uma série de conferências bem suce-
dida? As respostas virão a seguir. As idéias são simples; só é preciso ter
bom senso; o trabalho não é tão complicado quanto parece.

SUGESTÕES PARA CONFERÊNCIAS BEM SUCEDIDAS

1. Ore a favor do trabalho e convide o conferencista que Deus


colocou em seu coração. Se alguém sugerir o nome de um pregador que
você conhece só de nome, vá ouvi-lo antes de convidá-lo. Se não for
possível, quem sabe você não pode obter uma fita com duas ou três de
suas mensagens? Em último caso, converse com outros pastores e pro-
cure obter informações. Não fique constrangido em dar alguns telefone-
mas. Se o provável convidado for também escritor, leia um pouco do
que ele escreveu.

2. Se você deseja convidar um grande conferencista, alguém mui-


to requisitado, terá de se adaptar ao calendário dele. É melhor ter um
excelente pregador na data que for mais conveniente a ele do que um
conferencista “meia boca” na data escolhida pela igreja.

3. Prepare-se e prepare a igreja com meses de antecedência. Se


desejamos a conversão de familiares e amigos, temos de começar a orar
antes das conferências. Distribua os convites e coloque cartazes de qua-
tro a seis semanas antes da programação. Comece a empolgar a igreja e
232 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

a treinar os conselheiros e todo o pessoal que terá participação nos cul-


tos. Visite os não-crentes. Peça aos membros da igreja que façam uma
lista de seus convidados e comecem a orar pela salvação deles. Se vocês
trabalharem antes de a série de conferências ser iniciada, terão mais tem-
po para cultivar o terreno junto aos amigos e conhecidos, para mostra-
rem simpatia e camaradagem e para se tornarem amigos das pessoas que
querem ganhar para Cristo.
Se deixarem as visitas para a última hora – poucos dias antes de as
conferências serem iniciadas –, as pessoas podem ficar com um pé atrás,
arranjar um monte de desculpas para não ir etc. Coloquem os nomes dos
amigos, conhecidos e familiares na lista de oração e ponham os joelhos
em terra.
Realizem um censo ao redor da igreja bem antes das conferências.
Anotem nome, endereço e telefone das pessoas; peça aos membros da
igreja que comecem as visitas, e preencham uma ficha com todas as
informações úteis sobre os lares visitados.
Encoraje suas ovelhas a colocar o nome de várias pessoas em suas
listas de oração; pessoas que poderão ser ganhas para Cristo. Se cada
membro da igreja ganhar uma pessoa, imagine os resultados! Mas isto
provavelmente não acontecerá se vocês deixarem tudo para a última hora.

4. Peça ao conferencista para escrever uma pequena biografia de


sua vida e sobre seu ministério, e o que ele espera do trabalho que reali-
zará em sua igreja. Leia cuidadosamente o material. Há muito que apren-
der com um servo dedicado a Deus e que tenha muita experiência na
obra do Senhor. Procure atender todos os seus pedidos, se houver algum.
Se ele propuser algo que não lhe pareça apropriado ou difícil de ser
realizado, sugira uma alternativa. Por exemplo, se sua igreja só gosta de
cantar os bons e velhos hinos – e até já ameaçou uma “greve de voz” se
o novo hinário for usado nos cultos – e o conferencista sugerir alguns
hinetos apropriados às mensagens que pregará, comunique-se com ele.
Vocês estarão poupando tempo e evitando dores de cabeça.

5. Seja o primeiro a se entusiasmar com a série de conferências!


Fique tão animado a ponto de contagiar a igreja toda. Varie a propagan-
da feita do púlpito e no boletim, e faça-a por várias semanas. Peça aos
professores da EBD que despertem o interesse dos alunos pela campa-
nha evangelística. Os mínimos detalhes são importantes. Motive os co-
SÉRIES DE CONFERÊNCIAS BEM SUCEDIDAS 233

ristas e todas as organizações e ministérios da igreja. Passe seu entusias-


mo para os jovens. Obtenha todas as informações que puder a respeito
do conferencista. Enfatize as apresentações especiais que acontecerão
durante as reuniões. Se o pastor convidado já foi esportista, cantor, ator,
apresentador de TV ou se cometeu algum “pecado cabeludo” antes de se
entregar a Cristo, sua propaganda já está meio caminho à frente.
A maioria dos conferencistas são homens cheios do Espírito e que
se preocupam com os perdidos e desejam ardentemente o reavivamento
dos salvos. Procure saber o que aconteceu por onde ele pregou, e trans-
mita os fatos à sua igreja. Se ele é escritor, reproduza um parágrafo ou
uma frase de seus livros nos boletins da igreja. Se o convidado trabalha
com jovens ou é habilidoso com as crianças, informe isso à turma. Eles
nunca se esquecerão “daquela” série de conferências da igreja!

6. Ore muito e leve a igreja a fazer o mesmo. Promova reuniões de


oração nos lares, escritórios etc. No entanto, não tenha reuniões todas as
noites da semana, ou os membros da igreja estarão exaustos antes mes-
mo do início das conferências. Alguns pastores imprimem lembretes de
oração para os crentes carregarem nos bolsos e bolsas ou terem em casa,
sempre à vista, e não se esquecerem de orar pelos trabalhos. Faça reuni-
ões de oração dos homens, das senhoras e dos adolescentes também.
Uma cadeia de oração produz muitos resultados.
Durante a série de conferências, promova reuniões de oração de
15 ou 20 minutos antes dos cultos. Elas são bastante frutíferas. Mas não
“desça a boca” nos membros que não participarem destas reuniões. Al-
gumas pessoas que certamente haveriam de comparecer são as mesmas
que provavelmente trariam mais visitantes também. É melhor que che-
guem em cima da hora e com muitos visitantes (explique-lhes isto) do
que mais cedo – para orar – e sem ninguém para ouvir a mensagem de
salvação e reconciliação.
Peça a um adulto – que tenha interesse (e paciência) – para reunir
os juniores e orar com eles antes dos cultos. A oração não só poderá
resultar na salvação de alguns pais como ajudará a diminuir a “estripulia”
que a meninada faz quando se ajunta. Não menospreze a oração das
crianças. Elas também podem orar poderosamente.

7. A boa propaganda é a alma do negócio! Leia novamente o capí-


tulo 5; ele poderá ajudar muito na preparação da campanha evangelística.
234 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Se for necessário, recolha uma oferta especial para cobrir as despesas


com a série de conferências. Os cartazes, faixas e panfletos não preci-
sam ser luxuosos; mas de bom gosto e bem feito, sim. O material deve
ser exposto pelo menos uma semana antes de as conferências serem ini-
ciadas e retirados logo que terminarem. Se algum comerciante deu per-
missão à igreja para colocar faixas e cartazes em frente de seu estabele-
cimento, sejam tão prontos em retirá-los quanto foram ao pedir licença
para colocá-los. Dificilmente um comerciante que foi tratado com tanta
consideração lhes recusará permissão em outras oportunidades.
Coloque uma bela faixa – trabalho de profissional – em frente à
igreja. Uma faixa feita “no joelho”, mesmo que com todo amor carinho
dos adolescentes, jovens ou outros membros, deixará impressão de des-
leixo. Quem sabe a União Feminina não consegue levantar um bom di-
nheiro para a confecção da faixa?
Se possível, coloque outdoors nas entradas da cidade
Artigos e propaganda no jornal são essenciais. Planeje tudo muito
bem. Releia o capítulo 5 sobre o assunto. Se você não entende de leiaute,
busque ajuda de um profissional. Aprenda com quem está fazendo a
coisa certa. Mesmo que o retorno da propaganda nos jornais não seja
grande, ela mantém a série de conferências diante dos olhos do público
e enfatiza toda a publicidade feita pelos pôsteres, faixas, convites e tele-
fonemas que foram instrumentos de decisão para a visita de muitas pes-
soas à igreja. Além disso, a propaganda no jornal deixa claro que você
está trabalhando e que a igreja está viva e ativa na comunidade. É bem
provável que algumas pessoas que não assistiram às conferências apare-
çam na igreja depois. A propaganda é sempre válida.
Se apenas uma família se interessar pelas conferências por causa
da propaganda, ela pode – unindo-se à igreja mais tarde – entregar dízimos
e ofertas que pague muitas e muitas propagandas!
Imprima convites de bolso atraentes sobre as conferências. Car-
tões são melhores que panfletos, já que não se dobram nem voam tão
facilmente e cabem em bolsos de camisas e nas bolsas de mulheres, e
podem ser distribuídos a qualquer momento. Nenhum empresário vai
querer andar com os bolsos do terno cheios de folhetos. E se andassem,
em que estado ficariam os convites? Encham a cidade ou bairro de con-
vites; vão de casa em casa convidando as famílias. As senhoras, os ho-
mens, os adolescentes, enfim, todos os membros da igreja devem se en-
volver no trabalho. Faça desta visitação um projeto especial do domingo
antes do início das conferências.
SÉRIES DE CONFERÊNCIAS BEM SUCEDIDAS 235

Pode ser que a transmissora de TV e a rádio da cidade concordem


em anunciar a campanha evangelística da igreja. Forme uma comissão
de propaganda e relações públicas; escolhas pessoas entusiasmadas e
cheias de idéias e incentive-as a começar a trabalhar nos comerciais bem
antes da data das conferências. (Mais uma vez, releia o capítulo 5.)
Nas propagandas, não diga apenas que “o irmão Mineiro, de Mi-
nas, realizará uma série de conferências na igreja”. Coloque o nome do
conferencista em letras grandes e diga de onde ele é em Minas! Se ele vir
do outro lado do país, esta informação pode levar muita gente a pensar
que se alguém está vindo de tão longe, talvez valha a pena ouvi-lo. Se ele
for escritor, cantor, educador, anuncie! Se é conhecido nacionalmente,
informe o público. Agora, dizer que um jovem de 23 anos, recém forma-
do em teologia, é “conhecido no país e fora dele”, extrapola o exagero.
Seja honesto em sua propaganda.
IMPORTANTE: Não se esqueça de colocar nos convites, faixas,
cartazes etc o endereço completo da igreja e informações sobre sua loca-
lização, especialmente se ficar numa rua escondida no final do bairro.
Certifique-se de que o horário dos cultos esteja bem visível.
Imprima convites em número suficiente para que o pastor convi-
dado e membros da igreja possam distribuí-los mesmo durante as confe-
rências. Muitas vezes, em minhas campanhas evangelísticas, cheia à igreja
onde iria trabalhar e não encontrei nenhum convite para eu próprio en-
tregar a alguém que encontrasse na rua. A cidade inteira tem de saber
sobre as conferências antes mesmo de elas começarem, e ninguém deve
se esquecer delas enquanto estiverem acontecendo.

8. Não faça nenhuma programação especial às vésperas das confe-


rências nem durante as conferências. Não confunda o pessoal com ativi-
dades diferentes quase à mesma época. A campanha evangelística vai
precisar de todo o tempo, oração e dedicação dos membros da igreja.
Reuniões de diáconos, da comissão de construção, da escola e do grupo
de sociabilidade podem ser deixadas para mais tarde. “E isso faremos”,
deve ser nosso clamor! Nada deve ocupar o pensamento de suas ovelhas
a não ser a série de conferências, a comunhão com Deus e a conquista de
almas para Cristo. Para algumas igrejas, a série de conferências
evangelísticas é um mal necessário que deve ser espremido num calen-
dário já bastante apertado com as programações que o pastor “inventa”.
Não é de estranhar que não haja conversões nem reavivamento por ali!
236 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

9. Promova “dias especiais” durante a campanha, caso o conferen-


cista já não tenha algo em mente; ele lhe ficará agradecido por isto. Por
exemplo, planeje “O Culto dos Gêmeos”, “O Culto do Vizinho”, “O
Culto do Colega de Trabalho” etc. Se a série de conferências for iniciada
no começo ou meio da semana, promova o “Culto de Boas-Vindas ao
Conferencista” ou o “Culto da Fidelidade À Igreja”. Estas reuniões in-
centivarão o evangelista convidado, além de serem um ótimo “ponta pé”
inicial da campanha. Mas por que promover a “Noite da Escola Domini-
cal” quando professores e diretor da mesma não se esforçam para que
100% dos alunos – sejam crianças, jovens ou adultos – compareçam? Se
a primeira noite da série tiver um bom auditório e se as pessoas gostarem
do que viram e ouviram e se Deus derramar suas bênçãos, o sucesso da
campanha estará praticamente garantido.
Se você promover “A Noite da Família”, planeje-a bem, e com
tempo para que os membros da igreja convidem seus familiares antes
que estes se comprometam com outras atividades. O mesmo critério deve
ser aplicado a qualquer noite especial. Os colegas de trabalho precisam
de tempo para se programar e, quem sabe, vir direto do serviço para a
igreja. E eles virão, especialmente se gostarem do amigo que lhes fez o
convite.
Em uma das igrejas onde fiz uma série de conferências, o pastor
prometeu Bíblias, comentários bíblicos e outros livros evangélicos para
quem trouxesse mais visitantes todos as noites. A igreja se empenhou na
tarefa. Oitenta e duas pessoas se comprometeram a encher um banco
cada uma em um dos cultos. Muitas pessoas foram salvas só naquele
culto especificamente e, se não me engano, 114 aceitaram a Cristo du-
rante a campanha evangelística. No entanto, informe o conferencista sobre
seus planos.
10. Escolha cuidadosamente as pessoas que estarão diretamente
envolvidas na série de conferências. Treine bem os conselheiros para
que sejam rápidos e eficientes ao lidar com as pessoas que aceitaram a
Cristo. Na maioria das vezes, só é preciso alguém se ajoelhar com os
novos decididos e pedir que Deus trabalhe em suas vidas e perdoe seus
pecados. Instrua os conselheiros para que não se envolvam em discus-
sões sobre textos da Bíblia, denominações evangélicas e coisas do tipo.
Isso só confunde as pessoas e pode até desinteressá-las de seguir a Cris-
to. Os conselheiros devem pressupor que cada pessoa que vai à frente é
alguém que precisa de salvação – a não ser que sejam informados do
SÉRIES DE CONFERÊNCIAS BEM SUCEDIDAS 237

contrário. Infelizmente, muitos membros de igreja ainda não foram sal-


vos por Jesus. Fiquei sabendo de um conselheiro que ao apresentar uma
nova convertida anunciou: “Esta senhora da ‘Ciência Cristã’ rededicou
sua vida a Jesus”! É importante que os conselheiros sejam treinados para
levar as pessoas a fazer uma decisão verdadeira ao lado de Cristo. Leia
cuidadosamente o capítulo 9, que fala sobre o assunto.

11. Explique ao conjunto coral e a quem for apresentar números


especiais a importância da boa música evangelística e dos hinetos bem
cantados durante toda a série de conferências. É bom que coristas, solis-
tas etc ensaiem bem seus números especiais, mas não é necessário se
desgastar nesta tarefa. Assim, é importante que os ensaios comecem bem
antes de a campanha começar. Leia novamente o capítulo sobre música
na igreja e certifique-se de que todos os números especiais sejam ade-
quados.
Não convide grupos musicais (de fora) sem informar o conferen-
cista. É importante que sua filosofia de música e a do conferencista este-
jam em sintonia. Não convide nenhum solista, grupo musical etc do tipo
“meia boca”, sem postura e cujo testemunho não seja verdadeiramente
cristão.
A não ser que os solistas da igreja saibam mesmo cantar, e sejam
pessoas que movam corações com suas vozes melodiosas, deixe que as
músicas especiais (que precisam ter arranjos bem feitos) sejam apresen-
tadas pelo conjunto coral, por quartetos e trios.

12. Apresentação do conferencista. É importante que o pastor con-


vidado seja apresentado de maneira correta. Se as conferências forem
começar no domingo de manhã, por exemplo, leve o conferencista para
uma visita rápida às classes da EBD – a não ser que todos os alunos se
reúnam no templo para um “escolão”. Aliás, reunir a igreja toda para
uma palestra inicial é um excelente meio de começar a série de conferên-
cias. Se a campanha for de domingo a domingo, promova uma grande
“festa de despedida” para o conferencista na EBD. Incentive a partici-
pação de todos os alunos e seus familiares.
Ao apresentar o conferencista, além de mencionar seu nome com-
pleto e de onde ele vem, fale um pouco sobre sua família, seus estudos
etc. A introdução não precisa ser longa e nem rebuscada, no entanto
precisa ser feita com bom gosto. Geralmente o auditório é mais recepti-
238 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

vo quando conhece um pouco sobre o palestrante. Mesmo que a igreja já


o conheça, muitos visitantes não têm a mínima idéia sobre quem ele é.
Não deixe de apresentar a esposa do conferencista, se ela estiver presen-
te.
Claro que não é necessário uma apresentação completa todas as
noites. Basta repetir seu nome e entregar-lhe o púlpito.

13. Enfatize aos professores e ao diretor da EBD como é impor-


tante que incentivem os alunos a participar da série de conferências. Sugira
aos professores que se sentem com a meninada durante os cultos. Muitas
crianças poderão ser salvas por causa do interesse que um professor
mostrou por elas. Além de estar presentes aos cultos, os professores de-
vem observar se seus alunos também estão. Forme uma comissão de
pessoas que se disponham a telefonar aos crentes faltosos ou visitá-los,
e que façam o mesmo com pessoas interessadas. Organize bem esta ati-
vidade para que ninguém receba dois telefonemas ou duas visitas que
tratem do mesmo assunto. Os “telefonistas e visitadores” devem mos-
trar-se entusiasmados pela série de conferências.

14. Os diáconos exercem papel muito importante na visita aos afas-


tados e desencorajados na fé. Depois das visitas e telefonemas, devem
ficar atentos e observar se alguns dos visitados aparecem na igreja; se
for o caso, um diácono deve se sentar junto ao visitante, ou pelo menos
cumprimentá-lo e expressar alegria por sua presença.

15. Se a igreja oferece transporte para levar pessoas à igreja, fa-


çam um intensivo programa de visitação e oração para que muitas pesso-
as assistam aos cultos durante as conferências

16. Entre em contato com o conferencista dias antes da campanha


e acerte os últimos detalhes de sua chegada, da hospedagem e aspectos
importantes das conferências.
Quando fiz uma campanha evangelista no estado da Carolina do
Norte, o pastor entregou-me, a caminho do hotel, três fichas de arquivo
com as seguintes informações:
1) Horário dos cultos;

2) Horário em que eu seria apanhado no hotel para os cultos;


SÉRIES DE CONFERÊNCIAS BEM SUCEDIDAS 239

3) Nomes do pianista, do regente de música e do diretor da EBD;

4) Plano de refeições;

5) Quem iria me buscar para as refeições;

6) Como e quando as ofertas seriam recolhidas;

7) Perguntas sobre despesas de viagem;

8) Quem era responsável pela venda de meus livros;

9) Informações sobre o programa de rádio e outros compromissos

10) Explicações sobre programas especiais como “O Culto do Vi-


zinho” etc.
Naturalmente, durante toda a campanha pude me dedicar à oração
e ao ministério da Palavra. Aquele pastor foi uma bênção para mim e
para as conferências.
Muitas vezes viajo de carro, como muitos pastores fazem. Como é
bom quando o pastor hospedeiro me envia um mapa detalhado de como
chegar à igreja!

17. Os introdutores não podem se esquecer do quanto são impor-


tantes durante as conferências. Leia novamente o capítulo 10;
“Introdutores: Força-Tarefa do Pastor”. Em nenhuma outra ocasião os
introdutores são tão necessários quanto nos cultos especiais da igreja.

18. Inicie o culto na hora marcada. A pontualidade facilita a tarefa


do conferencista, e os visitantes ficam impressionados com a organiza-
ção da igreja. Começar e terminar os cultos na hora anunciada é meio
caminho andado para trazer as pessoas de volta noite após noite.

19. Providencie berçário para as criancinhas, e insista com os pais


para que as deixem lá. Muitas vezes o choro de um bebê atrapalha o
culto inteiro. Organize uma boa equipe para cuidar não só dos bebês
como também das crianças maiores. A responsabilidade desta tarefa não
é necessariamente da esposa do pastor. Os adolescentes podem ajudar
240 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

bastante, desde que bem supervisionados. Muitos adolescentes prefe-


rem ficar com as crianças, quando, na verdade, precisam mesmo é ouvir
a mensagem.

20. Dê atenção especial a todas as idades. Quando faço série de


conferências, procuro me comunicar com as crianças em todas as reuni-
ões contando uma história da Bíblia especialmente para elas. A meninada
se anima e convida os amiguinhos. Também me dirijo aos adolescentes;
converso com eles sobre namoro e “ficar”. Aos crentes adultos, apresen-
to um plano simples de como podem ganhar amigos e vizinhos para
Cristo.
Se o conferencista não tem nada preparado para as crianças e ado-
lescentes, peça a um professor da EBD e ao líder de jovens que organi-
zem algo especial para a turma. A garotada pode se reunir para orar e
distribuir folhetos e convites durante a campanha. Os adolescentes po-
dem colaborar muito com a série de conferências (mesmo antes de ela
ser iniciada). Reúna-os numa mesa de pizza e refrigerante e observe o
entusiasmo deles explodir!

21. Se a igreja tem uma escola, cuide para que suas atividades não
atrapalhem as conferências. Convide o conferencista para falar na as-
sembléia. Promova um culto especial para a escola e convide os alunos.
Se a escola possui conjunto coral, quartetos etc, peça-lhes que se apre-
sentem. Os pais certamente irão prestigiar a participação dos filhos.
Quando fiz conferências na igreja do Dr. Bruce Cummons, no estado de
Ohio, ele cancelou todas as tarefas de casa e testes daquela semana; os
alunos não tiveram nenhuma desculpa para não comparecerem aos cul-
tos. Que beleza trabalhar com um pastor assim!
22. Certifique-se de que o templo e todas as suas dependências –
inclusive estacionamento, hall de entrada e calçada – estejam limpos e
em ordem antes do início das conferências. Podem árvores e arbustos, e
não se esqueçam de colocar papel higiênico e toalhas extras nos banhei-
ros. Muitas pessoas visitarão sua igreja pela primeira vez, e algumas –
dependendo do que virem e ouvirem – decidirão se voltam ou não.
Caprichem para a série de conferências.
SÉRIES DE CONFERÊNCIAS BEM SUCEDIDAS 241

23. Ao dar avisos, apresentar os visitantes e cumprimentar os pre-


sentes seja diplomático. Não se mostre aborrecido porque alguns se atra-
saram. Alegre-se por causa dos que vieram! Não resmungue (com cara
de enterro): “Que pena! Hoje temos menos gente do que ontem”. Em vez
de murmurar, expresse sua alegria: “A presença de vocês nos deixa mui-
to contentes! Sei que mais pessoas chegarão daqui a pouco. Nosso Deus
é maravilhoso e tem nos coberto de bênçãos! Louvemos ao Senhor pelo
que ele já realizou e continuará realizando durante esta semana!”

24. Convide times esportivos, escoteiros, clubes de serviço e ou-


tras igrejas da cidade para as conferências. Talvez haja em sua igreja
alguém que possa atuar como Relações Públicas junto a estas organiza-
ções e acertar a visita de cada uma em um determinado culto. Não se
esqueça de registrar e agradecer a presença de todos. Os colegas pasto-
res merecem atenção especial também.

25. Planeje (depois de falar com o conferencista) reuniões em es-


cola, na Ordem dos Pastores, em fábricas etc. Programe visitas às auto-
ridades e entrevistas em programas de rádio e TV (se for o caso) e com
o jornal da cidade. Essas atividades extras contribuem para que mais
pessoas assistam às conferências.
26. Agilize os cultos: seja rápido nos avisos. Escreva o que tem de
ser dito e seja breve. Não permita que as músicas especiais se arrastem e
atrasem o culto. Quem for apresentar um número especial já deve estar a
postos antes mesmo de chegar sua vez. Não “complemente” o sermão do
conferencista. Os ouvintes devem sair da igreja com a mensagem no
coração. Outra coisa: é grosseria entregar ao conferencista um auditório
exausto de tanto ouvir avisos, músicas especiais e do levanta-e-senta
para cantar, orar e ler a Bíblia. Avisos e números especiais não devem
tomar mais que meia hora do culto todo. Então, os “entretantos e
finalmentes” – incluindo-se as músicas especiais e os hinos
congregacionais – devem ser breves.
27. É importante que os cultos terminem de modo vibrante. Rego-
zije-se no que foi dito e apresentado. Se houve salvação de almas, ale-
gre-se. A igreja deve ter oportunidade de louvar a Deus pelos que se
entregaram a Jesus. Mostre otimismo e felicidade com o que ainda irá
acontecer nos próximos cultos. Escolha um hino animado para o encer-
ramento. Enquanto o auditório se retira, o pianista ou o conjunto coral
242 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

deve apresentar uma música alegre, cheia de vida. As pessoas devem ir


para casa com os corações entusiasmados pelo que Deus está realizando
na igreja!
243

Capítulo 17
PASTOR LOCAL E
CONFERENCISTA: UM
RELACIONAMENTO DELICADO
Uma campanha evangelística ou de avivamento espiritual deve ser
uma das experiências mais felizes e magníficas do ano para a igreja toda.
E deve ser um trabalho muito bem sucedido. O diretor de uma faculdade
teológica me pediu que falasse aos jovens seminaristas sobre: “O que o
pastor local espera do conferencista e vice-versa”. O tema era pesado!
Elaboremos um pouco sobre o assunto.

O QUE O CONFERENCISTA ESPERA DO PASTOR…


…que o convida a investir uma semana ou mais de sua vida ministerial
na igreja dele?

1. O convite é para valer ou o pastor está apenas sondando a pos-


sibilidade de promover uma série de conferências com ele? Alguns pas-
tores gostam de “jogar verde para colher maduro” com vários conferen-
cistas ao mesmo tempo, dando-lhes a impressão (a cada um em separa-
do) que gostariam de convidá-los para uma campanha evangelística ou
de avivamento em suas igrejas.
Isso é “jogo sujo”, porque muitas vezes o conferencista, depois de
gastar tempo e dinheiro em telefonemas na tentativa de arranjar uma
data para aquele pastor em sua agenda já bastante cheia, acaba desco-
brindo que muitos foram consultados e um já foi escolhido. Isto é o
mesmo que propor casamento a várias jovens ao mesmo tempo e casar-
se com a primeira que concordar com a data escolhida!
Claro que não há nada de errado em consultarmos vários pastores
sobre a possibilidade de realizarem uma série de conferências em certa
data, conforme o calendário da igreja. O pastor local tem liberdade de
244 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

perguntar o que quiser sobre o conferencista, suas convicções, seus mé-


todos, planos de viagem e hospedagem, preferências etc. Posso lhes ga-
rantir que os conferencistas famosos estão acostumados a isso e que a
caixa postal deles vive abarrotada de correspondência desse tipo. No
entanto, quando um pastor escreve a um conferencista: “Temos certeza
de que Deus quer que o irmão venha realizar uma série de pregações em
nossa igreja. Pedimos que marque uma data que lhe seja mais conveni-
ente. Quando o senhor pode vir?”, a pessoa tem todo o direito de acredi-
tar que o convite é sério e que pode agendar uma data para aquela igreja.
Se o pastor prefere entrar em contato com vários conferencistas
para conhecê-los melhor e então decidir a quem convidar, deve fazê-lo
bem antes da época planejada para a campanha. Melhor ainda, se quiser
agilizar o processo, é passar a mão no telefone e conversar francamente
com os conferencistas, explicar-lhes o que pretende e fazer as perguntas
necessárias.
Não desista de convidar alguém só porque não conseguiu falar
com ele nas primeiras vezes que lhe telefonou. Os conferencistas muito
ocupados não têm tempo para ficar ao lado do telefone. Quem sabe ele
não está pregando em uma igreja perto da sua? Vá lá conversar com ele
pessoalmente.

2. Não pode haver dúvidas entre o conferencista e o pastor quanto


ao dia , mês e ano da série de conferências. Informe-o quanto ao tama-
nho da igreja, seu potencial etc. Ao convidar um evangelista para um
trabalho, é uma questão de cortesia explicar-lhe o que você tem em men-
te e quais as possibilidades de conversões e avivamento em sua igreja.
Não é responsabilidade do convidado perguntar: “Quantos membros tem
sua igreja? Teremos muitos visitantes? O templo é grande?” No entanto,
talvez ele queira saber estas coisas, e tem o direito de ser informado
especialmente quando está buscando a vontade em relação às conferên-
cias. Isto não quer dizer que um evangelista chamado por Deus somente
queira pregar em igrejas grandes, ou que precise ter certeza de que tudo
vai dar muito certo. Eu nunca exigi “esse tipo de coisa” e nunca pedi
garantias de nada, e também nunca conheci nenhum conferencista que o
fizesse, e minhas melhores conferências foram em igrejas pequenas.
Porque o tempo dos conferencistas é curto e precioso, eles preferem ir
aonde podem ser mais bem aproveitados, aonde há possibilidade de mais
almas serem salvas e aonde podem influenciar mais pessoas a viver para
PASTOR LOCAL E CONFERENCISTA: UM
RELACIONAMENTO DELICADO 245

Deus. Por que falar a cem pessoas quando tem a oportunidade de falar a
duas mil e ganhar dez vezes mais almas para Cristo? Naturalmente, o
conferencista deve orar e buscar a vontade de Deus quanto aos lugares
onde deva pregar. Talvez o Senhor queira que ele vá a uma igreja peque-
na. Contudo, nenhum pastor deve tentar iludir o conferencista sobre a
igreja que o está convidando. É sempre agradável receber uma carta do
pastor falando sobre sua igreja; sobre o que crêem e o que desejam rea-
lizar; quantos alunos fazem parte da EBD; quantos membros a igreja
tem; se o templo é grande ou pequeno, e até mesmo o nome de alguns
conferencistas que já pregaram lá.
Mesmo que a igreja seja pequena, as ofertas sejam inexpressivas e
os crentes estejam desanimados, o conferencista provavelmente irá as-
sim mesmo – se puder. Mas ele tem de ter a chance de avaliar a situação
e tomar sua decisão, depois de passar tempo ajoelhado em oração.
Caso a igreja não tenha condições financeiras de hospedar o con-
ferencista em um hotel e ele precise ficar na casa de algum membro da
igreja que tenha filhos pequenos e onde não haja muita privacidade, é
bom que essas informações lhe sejam dadas antes de acertarem a data da
série de conferências. Certa vez recebi uma carta convidando-me para
realizar um trabalho especial em determinada cidade. O remetente me
garantiu que a igreja estava ansiosa por minha visita. Embora a carta
fosse bastante animadora, quando telefonei ao pastor para conversar so-
bre o convite, descobri que ele, para complementar o salário, trabalhava
em uma cidade, que não morava muito perto da igreja – composta de 35
membros – e que, na verdade, não estava lá muito entusiasmado com a
idéia de receber um conferencista. Nada mais justo do que o conferen-
cista ser informado do que o aguarda.

3. O conferencista tem o direito de esperar que a igreja toda se


empenhe e concentre seus esforços para que Deus opere de modo real e
verdadeiro.

4. O pastor deve assegurar ao conferencista que a igreja está dis-


posta a investir tempo e dinheiro em propaganda e folhetos para que as
conferências sejam muito bem sucedida logo no primeiro dia. (Se o au-
ditório continuar pequeno, é bom que o conferencista examine-se a si
mesmo!)
246 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

5. O sistema de som e todos os equipamentos essenciais ao bom


funcionamento das reuniões têm de estar em ordem antes de as confe-
rências começarem. Não é justo que a garganta do pregador fique em
frangalhos por conta de microfones e caixas de sons inadequados.

6. O pastor consciente começa os cultos na hora marcada; é breve


ao fazer anúncios e orienta o ministro de música para que os números
especiais não tomem muito tempo do culto, pois não quer que o confe-
rencista “corra” na apresentação da mensagem. Não há nada mais frus-
trante para quem prega do que ver seu tempo ser consumido em anúnci-
os ou testemunhos infindáveis e perceber que terá de fazer uma “ampu-
tação” na mensagem, se não quiser que o auditório pegue no sono ali
mesmo por causa da hora avançada.
7. Não é responsabilidade do conferencista fazer com que o berçá-
rio funcione como deve e insistir com as mães para que deixem seus
bebês lá durante o culto. Não é o conferencista quem deve lembrar aos
senhores pais e aos introdutores que fiquem de olho nos adolescentes
peraltas. Nenhum mensageiro que coloca sua alma na pregação da Pala-
vra de Deus tem de ser obrigado a competir com bebês chorões nem com
juniores inquietos nem com adolescentes engraçadinhos.
8. O conferencista deve ser informado (com antecedência) se terá
de fazer visitas que lhe tomarão muito tempo e se, além da igreja, haverá
cultos em outros locais. Os pastores mais bem sucedidos no ministério
são os que dizem ao conferencista: “Quero que você tenha tempo para
orar, estudar, escrever e preparar suas mensagens. Não esperamos que
você faça visitas por nós”. Claro que todo pregador que se coloca nas
mãos de Deus não se recusará a fazer visitas importantes e promissoras,
quando convidado. No entanto, o conferencista não pode ficar esgotado
de tanto andar de lá para cá visitando gente. Ele precisa estar descansado
para o trabalho que foi convidado a fazer. Alguns conferencistas gostam
de fazer visitas com o pastor da igreja; outros, no entanto, ficam muito
cansados e sem disposição para os cultos da noite. Um excelente confe-
rencista, poderoso na conquista de almas, explicou-me que se empenha-
va de todo coração tanto para ganhar uma única pessoa como para falar
a multidões. Achei que não seria sensato exauri-lo com visitas aos lares.
No início do ministério, eu costumava levar os conferencistas para
visitar os “duros de coração”; os maridos machões incrédulos; os perdi-
dos da cidade. No entanto, pelo que me lembro, essas visitas não deram
PASTOR LOCAL E CONFERENCISTA: UM
RELACIONAMENTO DELICADO 247

muitos resultados. Alguns “durões” aprenderam a se “armar” e passaram


a jogar todo tipo de oposição para cima do conferencista. Outros, quan-
do descobriam que iríamos visitá-los, arranjavam uma viagem “inespe-
rada”, ou tinham “um negócio urgente” para realizar exatamente nos
dias das conferências e, então, não podiam ouvir o pregador convidado.
É verdade que toda regra tem suas exceções e, em alguns casos, a visita
de um conferencista é mais que bem-vinda e oportuna. Contudo, o con-
ferencista precisa ter tempo para descansar, estudar e orar.

9. Encha as mãos dos membros da igreja de folhetos bem feitos e


ensine-os a ser porta-vozes da campanha. Os crentes devem mostrar en-
tusiasmo ao falar da série de conferências e do pregador e suas mensa-
gens. O conferencista não pode se elogiar, mas os membros da igreja
podem fazer isto por ele! A igreja tem de ficar tão empolgada com o que
Deus está realizando que até as pessoas mais apáticas quererão saber o
que está acontecendo lá.
10. O pastor, a diretoria e os membros da igreja em geral precisam
trabalhar muito durante a série de conferências. Durante as campanhas
realizadas em minhas igrejas, eu ficava rouco de tanto fazer convites a
não-crentes e aos afastados. Eu me empenhava em que prometessem ir
aos cultos. Quando o pastor local não tem de pregar, ele fica livre para
fazer visitas, dar telefonemas e orar como nunca.
11. Mesmo antes de o conferencista chegar, o pastor faria bem em
pregar algumas mensagens a respeito dos empecilhos a uma série de
conferências. Peça a Deus que o ajude a conscientizar a igreja sobre os
problemas causados pela falta de perdão; pela ira; raiva; inveja; mau
humor; impaciência; mundanismo; orgulho; desonestidade; espírito crí-
tico; preocupação; luxúria; descrença; falta de oração; preguiça em tes-
temunhar de Cristo; amargura; fofoca e calúnia; cobiça; acusações; in-
consistência; apego à televisão; desinteresse e falta de amor pelas almas
perdidas. Estas são algumas coisas das quais os crentes precisam se arre-
pender, se a igreja quer mesmo experimentar o avivamento real e teste-
munhar a salvação de muitas almas. Pastor, antes de pregar sobre esses
empecilhos, certifique-se de que você mesmo não é culpado de nenhuma
deles!

12. Pastor, esteja presente em todas as reuniões. Se o conferencis-


ta estivesse falando à classe de adultos, eu fazia questão de estar lá, não
248 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

só para lhe dar uma força como para ser exemplo à minha igreja. Além
disso, minha alma também precisava ser alimentada. Alguns pastores
são famosos por “abandonar” o conferencista e sair vistoriando as clas-
ses da EBD ou a contagem dos dízimos e ofertas. Em algumas ocasiões,
tive de encerrar os trabalhos da EBD ou aconselhar um convertido em
igrejas de terceiros porque não havia ninguém mais para fazê-lo. Algu-
mas vezes, o pastor não estava presente quando terminei a mensagem e
fiquei sem saber a quem passar a palavra.

13. Durante uma série de conferências, esqueça tudo o mais...menos


as pessoas. Concentre-se em ganhar almas para Cristo; em levar muitos
ao arrependimento. Não fique preocupado com as eleições, atividades
sociais, projetos da escola, orçamento da igreja, construção do novo tem-
plo etc. Acho que até mesmo as uniões de treinamento, os grupos de
estudo bíblico, as reuniões missionárias e os intermináveis ensaios do
conjunto coral deveriam ser cancelados. Em vez de as senhoras
evangelizadoras se reunirem para tomar chá e ler “pontos” da revista, é
melhor que gastem o tempo em oração e visitação!
Em vez de o pessoal interessado em evangelismo passar uma hora
sentado na união de treinamento antes do culto evangelístico, não seria
mais sensato que orassem pelos não-salvos e saíssem a buscá-los para o
culto? Acho que algumas vezes somos nossos maiores obstáculos.

14. Antes de convidar solistas e grupos musicais para se apresen-


tarem na série de conferências, procure saber exatamente quem eles são.
Se não conhecê-los direito, você pode acabar tendo um ataque cardíaco.
Não faça o conferencista morrer de vergonha por ter de se levantar e
pregar depois de um grupo barulhento e mundano ter “assassinado” a
hora do louvor!

15. Ao levar o conferencista e esposa para almoçar ou jantar na


casa de alguém, não pressuponha que eles já conhecem todo mundo lá.
Geralmente não conhecem e, na maioria das vezes, nem sabem quem são
os hospedeiros. Faça as apresentações. Melhor ainda: antes de saírem
para a refeição, conversem um pouco sobre a família hospedeira. Muito
constrangimento poderá ser evitado com isso. Por exemplo: a dona da
casa pode ser viúva ou divorciada, e uma conversa sobre o ex-marido
pode ser bastante constrangedora!
PASTOR LOCAL E CONFERENCISTA: UM
RELACIONAMENTO DELICADO 249

16. Escolha cuidadosamente as casas que hospedarão o conferen-


cista. Forme uma comissão de hospedagem ou selecione alguém de bom
senso para o trabalho. Não coloque uma lista no quadro de avisos pedin-
do voluntários que queiram oferecer uma refeição ao visitante. Quando
era pastor, algumas vezes fiquei em palpos de aranha diante de uma situ-
ação que poderia ter sido evitada. Não vá levar o conferencista para uma
casa onde haja gente doente ou com doença contagiosa. Evite lugares
sujos, malcheirosos, que causam nojo. Trate o conferencista como você
gostaria de ser tratado na igreja dele. Os conferencistas viajam muito e
comem em todos os tipos de lugares e bebem água filtrada e água de
torneira; diante das circunstâncias, fazem tudo o que podem para se manter
saudáveis. Eles não precisam de mais situações que comprometam seu
bem-estar físico.
Isso não quer dizer que famílias pobres não possam receber o con-
ferencista. Mas pobreza não é desculpa para sujeira e comida mal feita.
A equipe de hospedagem tem de ficar “esperta”.

17. O pastor deve acompanhar o conferencista às refeições; deixe


isso bem claro à igreja. Geralmente os conferencistas querem a compa-
nhia do pastor da igreja, pois não se sentem à vontade em conversar com
pessoas estranhas – sobre as quais não sabe praticamente nada – e que
também se sentem acanhadas diante dele. É verdade que alguns mem-
bros da igreja preferem ficar a sós com o visitante porque não gostam
muito do pastor local. Se isto for verdade, aí é que o visitante não deve
mesmo ir sozinho àquela casa. Os hospedeiros não são obrigados a con-
vidar também a família toda do pastor, principalmente se ele tem muitos
filhos. Se a esposa do conferencista estiver presente, é bom que a esposa
do pastor os acompanhe. Os responsáveis pela hospedagem e alimenta-
ção do conferencista devem explicar todos esses detalhes às famílias
que vão receber os visitantes.

18. Procure não consumir todo o tempo do conferencista. Natural-


mente ele vai querer conversar e trocar idéias com você, mas também
espera não ter de “fazer uma viagem” para chegar à casa onde fará a
próxima refeição nem ser arrastado para uma longa e cansativa sessão
de aconselhamento nem ter de esperar até o dia do juízo final antes de
voltar para seu quarto e descansar um pouco depois de algumas visitas
ou programa de rádio. Tenha consideração para com o visitante.
250 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

19. O conferencista fica mais tranqüilo quando percebe que o pas-


tor está atento ao que se passa na igreja durante a pregação; isso poderá
ser feito com mais eficiência se o pastor ficar ao púlpito, junto com o
convidado. De modo geral, a igreja toda – adultos, jovens, adolescentes
e crianças – comporta-se melhor quando sabe que o pastor está obser-
vando o que acontece durante a mensagem. Além do mais, estando à
frente, o pastor tem oportunidade de observar se alguém está sendo toca-
do pelo Espírito durante a pregação e também ver quem está presente e
quem não está. O bom mesmo é que o pastor da igreja e um assistente
fiquem sentados ao lado do conferencista. A mensagem do evangelho é
a tarefa mais preciosa que existe, e merece todo nosso empenho.

20. Não gaste tempo dos cultos especiais com propaganda de even-
tos futuros a serem promovidos pela igreja. Se deseja aproveitar a oca-
sião, porque tem à sua frente uma grande platéia, faça esses avisos no
último culto da série de conferências. Durante toda a campanha
evangelística, as pessoas têm de sentir que estão participando das reuni-
ões mais importantes do mundo; reuniões que precisam de toda atenção
possível.
21. É importante que a família do pastor seja exemplo para todos.
Seus filhos devem sentar-se nos primeiros bancos e comportar-se muito
bem durante os cultos. Já participei de uma campanha em que os filhos
do pastor não tomaram parte das reuniões especiais para os adolescen-
tes. Isto afeta negativamente o que pretendemos fazer pelos jovens. A
maioria dos filhos de pastores são crianças notáveis, bem educadas e
comprometidas com a igreja. Nossos pastores estão sendo excelentes
pais!
22. A igreja é responsável pelas despesas de viagem, alimentação
e hospedagem do conferencista. Além disto, uma oferta de amor deve
ser-lhe entregue como investimento na obra de evangelização. Muitos
conferencistas não têm renda fixa; sustentam-se das ofertas que rece-
bem. As igrejas precisam ser sensibilizadas quanto a isto e dar-lhes uma
oferta generosa. Este é um assunto delicado e gera mal entendidos nas
igrejas. Por esta razão, pedi que meu pastor, Milton Ker, escrevesse, no
capítulo 18, um pouco sobre o assunto. Falemos agora sobre…
PASTOR LOCAL E CONFERENCISTA: UM
RELACIONAMENTO DELICADO 251

O QUE O PASTOR ESPERA DO CONFERENCISTA?


1. O evangelista (assim como o pastor da igreja) deve ser diligente
e cuidar de sua correspondência prontamente. Já ouvi pastores reclama-
rem de conferencistas relapsos quanto a mandar fotos, acertar datas, res-
ponder cartas e coisas do gênero. É verdade que muitas vezes, por estar
viajando, o conferencista não pode cuidar rapidamente de sua corres-
pondência, e quando chegam em casa já começam a se preparar para
outra campanha. E assim, a correspondência vai se acumulando. Tam-
bém, muitas vezes, o conferencista depende da resposta do Pastor A
para então responder ao Pastor B. Tanto os pastores locais quanto os
conferencistas devem ser corteses uns com os outros e responderem suas
cartas o mais rápido possível. É enervante tanto para um quanto para
outro ficar com datas “penduradas” a espera de uma decisão. Os confe-
rencistas têm de ser organizados, manter o arquivo em dia e cuidar bem
de sua correspondência, e ser consciente de suas responsabilidades.

2. Enviar fotos, marcar a data da campanha etc o quanto antes para


que o pastor tenha tempo de se preparar adequadamente. O pastor hos-
pedeiro precisa receber esse material com pelo menos dois meses de
antecedência, e, dependendo das circunstâncias, com até três meses.
Alguns preferem que os conferencistas lhes enviem o material até mais
cedo, mas acabam perdendo tudo antes mesmo de usá-lo.

3. Informe ao pastor da igreja seus planos de viagem, meio de


transporte, quando pretende chegar à cidade e o que necessitará quando
chegar lá. Se viajar de carro e precisar de garagem para estacioná-lo, não
deixe de avisar. Se você vai aproveitar a viagem para realizar negócios
particulares e quer dividir as despesas com a igreja, informe seus planos
ao pastor o quanto antes. Se viajar de avião, não se esqueça de informar
o horário de chegada e o número do vôo. Se houver alteração de planos,
não se esqueça de comunicar.

4. O conferencista deve ter liberdade para oferecer sugestões so-


bre a propaganda da série de conferências e de como a igreja pode atrair
mais visitantes aos cultos, a não ser que o pastor da igreja lhe informe
que tudo está sob controle. Alguns pastores gostam de receber sugestões
e ajuda de seus conferencistas.
252 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

5. Informe ao pastor sobre suas preferências alimentares, mas seja


flexível. Não seja cricri. Se você tiver problemas de saúde ou alergia a
algum tipo de alimento, não espere até a última hora para avisar a comis-
são de hospedagem e alimentação.
6. Tenha consideração pelo púlpito de seu colega, e honre o pas-
tor como homem e líder do rebanho. Encoraje-o; empenhe-se para ajudá-
lo enquanto for seu convidado. Não se comporte de modo que envergo-
nhe o pastor. Não faça brincadeiras de mau gosto sobre o pastor e seus
colaboradores. Mesmo que você e o pastor sejam bons amigos, algumas
pessoas podem não entender e achar que você está desrespeitando o pas-
tor delas. O conferencista deve valorizar o pastor diante de suas ovelhas.
7. O conferencista não deve levar seus próprios convidados. Se
sua esposa costuma viajar com você, avise o pastor. Se ela não faz parte
da equipe convidada a acompanhá-lo, a igreja hospedeira não tem obri-
gação de pagar sua passagem nem hospedagem (se ficarem em hotel).
Algumas igrejas não se importam – e até fazem questão – de arcar com
as despesas da esposa do conferencista, e é uma bênção quando isto
acontece. No entanto, não exija que o façam. Não leve filhos nem ami-
gos, sem antes consultar a igreja. Minha esposa viaja bastante comigo,
mas suas despesas correm por minha conta, e sempre comunico ao hos-
pedeiro quando ela irá me acompanhar.

8. Não faça exigências ao pastor. Já me surpreendi ao saber que


alguns pastores ficaram aliviados porque sou simples e fácil de agradar.
Obviamente alguns tiveram experiências bastante infelizes com confe-
rencistas rabugentos. Se não há uma sala sobrando na igreja para eu usar
como escritório, acomodo-me em um lugar sossegado ou numa classe da
EBD. Os assentos nem sempre são confortáveis e a iluminação nem sem-
pre é das melhores, mas sempre dou um jeito; a maioria dos pastores dá
o melhor de si. Você pode fazer sugestões para melhorar a Escola Domi-
nical ou alguma organização, porém jamais imponha suas idéias. Alguns
conferencistas acabam com nossa fama.

9. Os conferencistas devem ser prudentes e amáveis ao lidar com


as pessoas. Alguns pastores reclamam comigo sobre conferencistas que
esbravejam do púlpito, apontam o dedo para algumas pessoas do auditó-
rio (envergonhando-as terrivelmente), quase as obrigando a levantar a
mão aceitando a Cristo. Espero que não haja muitos desse tipo por aí.
PASTOR LOCAL E CONFERENCISTA: UM
RELACIONAMENTO DELICADO 253

Dificilmente alguém que foi pressionado ou ridicularizado volta à igre-


ja. Os conferencistas precisam ser atenciosos, compassivos, diplomáti-
cos e afáveis quando fizerem o apelo. Deixem sempre uma porta aberta
para que o pastor da igreja continue a trabalhar com as almas que não se
renderam a Cristo durante a série de conferências. Seja totalmente trans-
parente ao fazer o apelo. Os ouvintes têm de perceber que você é confiável.

10. Seja discreto e cuidadoso ao lidar com moças e senhoras. Não


dê nenhuma brecha para que suspeitem de você. Evite toda e qualquer
aparência do mal.

11. Atenção às boas maneiras. Seja pontual nas refeições e nos


cultos. Comporte-se como um verdadeiro cavalheiro na casa do pastor e
na casa dos membros da igreja. Seja agradecido pelo que lhe servirem à
mesa. Cumprimente e agradeça à anfitriã pela refeição. Assim que voltar
para casa, mande uma cartinha de agradecimento aos seus hospedeiros.
Se possível, ofereça-lhes um presentinho também. Jamais deixe de es-
crever ao pastor da igreja agradecendo-lhe pela oferta e pelos atos de
gentileza recebidos. Escreva seus agradecimentos uns dois dias após as
conferências. Os agradecimentos escritos não dispensam os agradeci-
mentos feitos do púlpito no último culto da campanha. Se alguém lhe
oferecer um carro para usar durante as conferências, entregue-o em or-
dem, e com o tanque cheio, a menos que saiba que a igreja cuidará disto.

12. Não se descuide da oração nem do preparo do sermão. Os


membros da igreja podem deixar de orar e o pastor, com tantos afazeres,
pode se esquecer, mas você, o conferencista, não pode se dar ao luxo de
não orar, orar e orar. Mais ainda: se negligenciarmos o estudo da Bíblia
e nossa comunhão com Deus, isto ficará evidente quando subirmos ao
púlpito.

13. Seja amigável. Não se enclausure nem seja um “chatonildo”.


Sei que não fomos chamados para ser “arroz de festa” e que não temos
tempo a perder com trololós, mas temos de ser gentis, simpáticos e aten-
ciosos com as pessoas. Mostre-se paciente com os idosos e as crianças.
Considere um privilégio autografar Bíblias ou responder perguntas.
254 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

14. Não pressione os pastores. Se Deus quiser que você pregue em


determinada igreja, ele mesmo convencerá o pastor a convidá-lo. Ne-
nhum pastor gosta de conferencistas que telefonam ou escrevem insis-
tindo para pregar em suas igrejas. Não estou falando de situações quan-
do o pastor tenha pedido que o conferencista lhe comunicasse assim que
tivesse uma data livre ou estivesse perto de sua cidade. Neste caso, o
telefonema é perfeitamente aceitável.
15. Arrume sua própria bagunça. Em hotéis, pousadas etc, as ca-
mareiras arrumam os quartos dos hóspedes, mas se você ficar na casa de
alguém, mantenha seu quarto em ordem. Faça a cama; não deixe suas
coisas largadas pelo chão e, por favor, mantenha o banheiro em ordem.

16. Anedotas têm hora e lugar certos, e só se forem limpas. Histó-


rias e comentários de duplo sentido vão levar você para o brejo cedo,
cedo.

17. Deixe a preguiça de lado. Mantenha-se ocupado. Estude, ore,


testemunhe, leia, caminhe, exercite-se, escreva, mantenha sua corres-
pondência em dia. Não dê chance para que o Inimigo o transforme num
conferencista descuidado e preguiçoso. Livre-se das revistas pornográ-
ficas que tenham sido deixadas no quarto do hotel. Pense em tudo o que
for puro, adverte-nos o apóstolo Paulo. Despreze o que for pernicioso.
Não alimente os desejos carnais. Cuidado com seus olhos em bancas de
revistas e livrarias. Não se deixe escravizar pela TV; ela pode empobre-
cer sua vida espiritual e acabar com as horas preciosas de estudo da
Bíblia e comunhão com Deus.

18. Não seja ganancioso. Não se aborreça se perceber que o pastor


não está se empenhando para que você receba uma boa oferta da igreja.
Alguns pastores não sabem como é a vida de alguém que depende das
ofertas recebidas em séries de conferências. Ele conhece o rebanho que
tem e sabe que a igreja será generosa mesmo que o assunto não seja
mencionado a todo instante. Se a oferta for pequena, louve a Deus por
ela e agradeça ao pastor; lembre-se de que você trabalha para Deus, e ele
vai cuidar de suas necessidades. Às vezes, o pastor local não se dá conta
de que os conferencistas – que não têm um salário mensal – pagam seu
próprio aluguel, impostos, plano de saúde, água, gás e eletricidade e
outras despesas com as quais, geralmente, os pastores locais não têm de
PASTOR LOCAL E CONFERENCISTA: UM
RELACIONAMENTO DELICADO 255

se preocupar porque a igreja se encarrega delas. Espero que este livro


ajude tanto pastores como evangelistas a entenderem melhor um ao ou-
tro nessa área.

19. Não permita que a “dor de cotovelo” tome conta de seu corpo
todo. Se o carro do pastor é melhor que o seu e a casa dele maior que a
sua, simplesmente agradeça a Deus pelo que você tem, e lembre-se de
que você também não tem algumas das dores de cabeça dele! Se tiver a
impressão de que outros conferencistas são convidados por igrejas mai-
ores e mais ricas do que as que convidam você, não se esqueça de que
somos chamados a sofrer por Cristo “fora do acampamento” e de que
toda e qualquer bênção que recebemos é muito mais do que merecemos.
20. Quando “requentar” sermões, certifique-se de que continuam
“saborosos”! Não repita os velhos sermões como se você fosse um papa-
gaio. Estude-os um pouco mais; tempere-os com muita oração; unte-os
com o óleo do Espírito e deixe que a unção do Senhor esteja sobre você
também. E não deixe de atualizar as ilustrações.

21. Não exagere ao falar sobre as séries de conferências que já


realizou. Não devemos nos dar mais crédito do que o merecido.

22. “Revolva-se na Palavra”, aconselha o Dr. Appelman. Apegue-


se à Bíblia, para que sua fé continue firme e seus sermões sempre novos.

23. Não fale demais. Alguns pregadores levam os ouvintes a to-


mar uma decisão, e continuam falando até que eles desistam do que fize-
ram. Spurgeon dizia que pregamos enquanto as idéias abençoadas vão
enchendo nossa mente, e falamos tanto que logo o auditório começa a ter
idéias não tão abençoadas!

24. Evite os tiques nervosos e hábitos irritantes. Trejeitos ridícu-


los, gestos engraçados; chaves balançando no bolso, anel que gira e gira
no dedo distraem e enervam o auditório. Observe-se falando diante do
espelho e veja se você já não adquiriu alguns. Livre-se deles.

25. Não culpe ninguém pelo fracasso da campanha. Quando me


lembro de algumas reuniões que fiz, percebo que minhas atitudes nem
sempre foram das melhores ou então comecei a série de conferências da
256 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

maneira errada. Dependendo do lugar, as pessoas são mais ou menos


receptivas logo de início. As pessoas do interior podem desconfiar do
“pregador da cidade grande” até o conhecerem melhor. Conquiste a con-
fiança dos seus ouvintes; assim que passarem a gostar de você, prestarão
atenção em suas mensagens.

26. Não desenvolva amizades na igreja com pessoas que possam


convidá-lo a visitá-las ou queiram corresponder-se regularmente com
você. Não faça uma lista de possíveis sustentadores com a intenção de
lhes pedir dinheiro mais tarde. Os pastores se ressentem disto, e com
toda razão.

27. Vista-se com discrição. Talvez o conferencista use um blazer


que o pastor da igreja jamais usasse, no entanto, é bom evitar roupas
espalhafatosas e que pareçam ter custado uma nota preta. Vista-se com
capricho: terno lavado e passado, camisa limpa e sapatos engraxados!
Esqueça os penteados excêntricos e as cores “cheguei”. Jamais se des-
cuide da higiene pessoal, e que Jó 17.1 jamais seja seu versículo preferi-
do – especialmente a frase inicial.

28. Certa vez, numa aula de evangelismo de uma faculdade teoló-


gica, alguém me perguntou que tipo de pregador eu não convidaria para
falar em minha igreja (eu pastoreava naquela época). Relacionei os se-
guintes:
(1) Os “poderosos”, os profissionais cheios de si mesmos.
(2) Os grosseiros e que usam terminologia vulgar.
(3) Os que contam piadas de mau gosto ou pareçam ser doidos por
um rabo-de-saia.
(4) Os que vivem choramingando por causa de dinheiro ou façam
qualquer coisa por ele.
(5) Os que vivem a falar de si mesmos e não de Deus.
(6) Os mal-educados e os ingratos.
(7) Os que menosprezam o pastor da igreja ou tentam humilhá-lo
publicamente.
(8) Os engraçadinhos de tempo integral que recheiam o sermão de
anedotas irrelevantes, só para divertir o auditório.
(9) Os efeminados; os detalhistas ao extremo; os sérios demais e
os pomposos.
PASTOR LOCAL E CONFERENCISTA: UM
RELACIONAMENTO DELICADO 257

(10) Os que pregam mensagens vazias, sem substância; sem con-


teúdo. Alguém que não “pregue a Palavra”.
(11) Os que pregam sempre a mesma coisa; que vivem “requen-
tando a marmita”.
(12) Os que “apelam” na hora do apelo; os desonestos em seus
negócios; os que continuam falando quando o sermão já terminou.

29. E que evangelista eu convidaria novamente? Também me fize-


ram esta pergunta. Convidaria os sinceros, compassivos, frutíferos. Con-
vidaria novamente o evangelista que sabe falar ao coração das minhas
ovelhas e encorajá-as a amar e servir ao Senhor cada vez mais e melhor.
O conferencista sensato ao lidar com as pessoas; que seja fácil de ser
agradado; que não tenha uma crise de nervos se alguma coisa não sai
como ele quer. Sempre gostei de conferencista bem humorado, versátil e
imaginativo em suas pregações. Os conferencistas apaixonados em con-
quistar almas para Cristo eram convidados a voltar ao meu púlpito. Dei
preferência aos pregadores que advertiam minhas ovelhas contra o peca-
do e o mundanismo, mas o faziam com gentileza e contrição; homens
que não barganhavam com o erro; que haviam estado aos pés do Calvário.
Minha igreja gostava de ouvir pregadores com essas qualidades,
cujas mensagens eram instigantes; homens cujas mensagens não eram
quilométricas.
Quando penso nos evangelistas que convidei, vejo uma combina-
ção de pessoas simples e preocupadas com as almas perdidas; sinceras e
dinâmicas; destemidas, entusiasmadas e interessantes; coerentes e sen-
satas; sensíveis e ternas; objetivas e eficazes. Evangelistas que apresen-
tavam mensagens singelas, porém substanciosas; pungentes e penetran-
tes. Se pudéssemos combinar todas estas características em uma só pes-
soa, teríamos uma mistura de Paulo, Isaías, Jeremias, Estevão e Moisés!
Graças a Deus porque ainda existem pastores valorosos entre nós. Quan-
do os velhos pregadores despirem suas capas, Deus usará os jovens que
estiverem com seus escudos brilhando e suas espadas afiadas, prontos a
pisar na arena.
258 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER
259

Capítulo 18
RECOLHIMENTO DE OFERTA
DURANTE AS CONFERÊNCIAS
Alguns pastores relutam em incentivar o auditório a dar uma ofer-
ta expressiva durante as séries de conferências. Existem pelo menos três
razões para este comportamento:

1. Alguns temem que se falarem muito em dinheiro, os visitantes e


outros pensarão que a “igreja só quer meter a mão na carteira deles”.

2. Outros temem que uma oferta generosa para o conferencista


pode fazer falta à igreja.

3. Acredito que outros (e espero que sejam poucos), acham que os


conferencistas são tão bem pagos que é melhor não mimá-los ainda mais!
Não há razão para nada disto.
Qualquer pessoa inteligente sabe que ninguém vive sem dinheiro e
que os evangelistas de tempo integral precisam de sustento para sobrevi-
ver e continuar viajando.Quem oferta porque é agradecido pelas bên-
çãos que recebe, geralmente vai contribuir com mais do que o dízimo e
ofertas regulares. E mesmo que não o façam, nenhuma igreja passará
necessidades se investir em evangelismo, assim como não sofre porque
investe em missões.
Nenhuma oferta é grande demais para se dar a um evangelista de
valor. As despesas de viagem e hotel são altas, principalmente para os
evangelistas que não fazem parte de nenhuma missão nem têm sustento
permanente de uma igreja em particular, como os pastores locais, e ain-
da sustentam uma família e também precisam arcar com despesas de
transporte, impostos, plano de saúde etc. Uma oferta generosa – mesmo
que pareça muito por poucos dias de trabalho – compensa as ofertas
pequenas que o conferencista recebe, e que juntas são menores do que o
260 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

salário anual do pastor. Assim, não se preocupe achando que vai dar
dinheiro em excesso ao conferencista.
Infelizmente os “curandeiros” e os charlatões mancham o nome
dos conferencistas por causa das imensas ofertas que recolhem, mas os
crentes espirituais de nossas igrejas sabem que há diferença entre uns e
outros, e precisam ser informados sobre as reais necessidades dos
evangelistas e suas famílias. Nossas igrejas devem entender que muitos
desses homens estão se sacrificando e têm dificuldade em cuidar de suas
obrigações enquanto viajam tanto.
O Pastor Milton Ker, meu sucessor na Igreja Batista Central de
Panamá City, na Flórida, é uma jóia de pastor. É um dos homens mais
generosos que já conheci, e muito experiente em recolher boas ofertas
em séries de conferências (ou de qualquer outro tipo!). Por isso, pedi-lhe
que escrevesse um artigo sobre o assunto. Eis o que ele diz:

O QUE TODO PASTOR DEVE SABER SOBRE RECOLHI-


MENTO DE OFERTAS EM SÉRIE DE CONFERÊNCIAS
As principais razões de uma igreja ser financeiramente estável são
bem conhecidas, e começam com R. (1) Recolher as ofertas educadamente
; (2) Registrar cuidadosamente todas as ofertas e (3) Relatar fielmente
as ofertas.
Neste momento, estamos interessados no recolher, e especialmen-
te no recolher oferta para o conferencista. Como deve ser feito este reco-
lhimento? As 14 proposições seguintes respondem à pergunta.

1. O pastor deve preparar a igreja para o importante evento. A


série de conferências precisa ser vista como algo muito especial. Pesso-
as inteligentes não apóiam coisas insignificantes. Bem antes do início
das conferências, o pastor deve plantar no coração dos membros da igre-
ja o interesse pela obra e o potencial que ela representa. A igreja tem de
ver a série de conferências como um negócio importante.

2. O pastor deve perceber que é dele a responsabilidade de reco-


lher uma oferta expressiva. Se a oferta recolhida não for suficiente, o
pastor falhou em guiar seu povo como deveria. Ele precisa acreditar que
a oferta pode e será grande. Esta não é hora de fugir da raia e dar descul-
pas esfarrapadas.
RECOLHIMENTO DE OFERTA DURANTE
AS CONFERÊNCIAS 261

3. O pastor deve enfatizar a verdade: “Deus deu uns para


evangelistas...”. A igreja tem de entender que o conferencista foi “envi-
ado por Deus”. Ele recebeu chamado divino; unção divina; inspiração
divina; capacitação divina e deve se apresentar ao trabalho por ordem
divina. Ele é uma das maiores bênçãos de Deus à igreja. Por tudo isto, o
conferencista tem de ser recebido com amor e honra.

4. O pastor deve informar a igreja sobre as necessidades finan-


ceiras dos evangelistas. As pessoas têm de saber que: 1) os evangelistas
trabalham em igrejas de todos os tamanhos e recebem ofertas de todos
os tamanhos; 2) os evangelistas não podem realizar 52 séries de confe-
rências no ano. Assim, talvez eles fiquem algumas semanas sem receber
nada; 3) além das despesas normais de viagens, os evangelistas têm fa-
mílias que dependem deles; 4) geralmente os evangelistas não têm sus-
tento garantido por organizações ou missões; 5) os evangelistas depen-
dem de Deus e do povo de Deus; 6) os evangelistas precisam se vestir
como mensageiros de Deus diante do povo.

5. O pastor deve capitalizar na importância do alvo. “Quem mira


o nada geralmente atinge o alvo.” O pastor sábio estabelece um alvo de
quanto quer recolher de ofertas nas conferências. A igreja não precisa
saber de quanto é o alvo, mas o pastor precisa. Ele deve fazer das tripas
coração para que o alvo seja alcançado, e nem um centavo a menos.

6. O pastor deve anotar as despesas da campanha. A igreja preci-


sa receber uma estimativa das despesas da série de conferência. Pessoas
bem informadas geralmente são pessoas satisfeitas. No entanto, se as
despesas forem exorbitantes, a reação pode ser outra.

7. O pastor deve edificar uma igreja que se orgulhe de cuidar bem


dos evangelistas. É bom que os crentes aprendam a se regozijar em fazer
o melhor para os servos de Deus. Ensine suas ovelhas a colocar em prá-
tica o ensino de Jesus: “...quando fizeste a um desses pequeninos, a mim
o fizeste”. Enfatize a pergunta: “Como trataríamos a Jesus?” Desafie a
igreja a fazer mais do que é normalmente feito pelas igrejas porque esta-
rão fazendo para o Senhor.
8. O pastor deve ensinar o que a Bíblia diz sobre o sustento da
obra e dos servos de Deus. Pregue sobre Lucas 6.38; Mateus 6.33 e
Filipenses 4.19; peça à igreja que memorize estes versículos.
262 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

9. O pastor deve se alegrar em “caminhar a segunda milha” e


compartilhar as bênçãos com a igreja. Ofereça um presente simples,
como uma cesta de café da manhã, ao conferencista (caso ele se hospede
em hotel). O pastor tem de estar atento às pequenas necessidades de seu
convidado. A igreja deve fazer o melhor que puder pelo conferencista e
tratá-lo com toda cortesia e generosidade.

10. O pastor deve tratar o recolhimento de ofertas com muita se-


riedade. Alguns acham que o recolhimento de ofertas é hora para brin-
cadeiras e piadinhas. Mas não é! É hora de oração, adoração, gratidão e
amor. É hora de investimento e é hora de fé.

11. O pastor deve planejar o recolhimento da oferta. “Quem falha


em planejar, planeja falhar.” O plano abaixo foi traçado pelo falecido
Dr. Bill Rice. O plano funciona.
(1) A palavra chave é Convite
a. Prepare as pessoas que recolherão as ofertas.
b. Prepare os envelopes.
c. Prepare o que você vai dizer.
(2) Passos para recolher a oferta:
a. Peça aos ouvintes que peguem um envelope e esperem pela
oração.
b. Mande que os envelopes sejam entregues rapidamente.
c. Chame atenção dos ouvintes para o envelope.
d. Leia o versículo impresso no envelope e use-o para explicar
o motivo dos dízimos e ofertas.
e. Enfatize a necessidade de quem recebe e a responsabilidade
de quem entrega.
f. Faça uma oração breve e direta.
g. Recolha as ofertas.
h. Anuncie a próxima oportunidade de ofertarem.
i. Na próxima vez, repita o processo.

12. O pastor deve se alegrar com a igreja quando o trabalho é


bem feito. No primeiro culto após as conferências, mencione de quanto
foi a oferta e agradeça a todos que colaboraram. Os irmãos devem lou-
var a Deus juntos porque contribuíram para o trabalho de um servo do
Senhor.
RECOLHIMENTO DE OFERTA DURANTE
AS CONFERÊNCIAS 263

13. O pastor deve ser o exemplo da igreja. Se ele é mesquinho,


seu povo também será. Se ele for generoso e desprendido, o povo será
contagiado por ele.

14. O pastor deve confiar que Deus suprirá as necessidades. Ele


deve orar fervorosamente pelo assunto. Deve reivindicar a promessa e
crer que Deus dará a vitória...e ela virá! – Pastor Milton Ker
O pastor Milton tratou do assunto muito bem. No entanto, um pouco
mais pode ser acrescentado. O tema é importante. Fico abismado em ver
quantos bons evangelistas iniciam o trabalho e logo são obrigados a lar-
gar tudo simplesmente porque não conseguem dinheiro suficiente para
viajar e sustentar suas famílias.
O evangelista Darrell Dunn comentou que se um evangelista parti-
cipa de 30 série de conferências num ano (que é a média), ele fica 22
semanas sem receber nada; é como se ficasse cinco meses de licença não
remunerada! Nenhum pastor e bem poucas pessoas podem se dar a este
luxo, no entanto os evangelistas de tempo integral podem!
É importante que o pastor mesmo dirija o momento de recolhi-
mento de ofertas. Às vezes, pastores bem intencionados pedem que um
diácono ou líder se encarregue deste trabalho, pois quer que a pessoa se
sinta útil na obra. No entanto, um assistente, por melhor que seja, não
possui o mesmo discernimento, autoridade e eficiência do pastor, e, ge-
ralmente, não entende as necessidades do obreiro da mesma maneira
que o pastor entende.
As ofertas de amor para o conferencista serão maiores se, em vez
de colocarem o dinheiro solto num prato, as pessoas receberem um en-
velope específico (e se o envelope for usado de maneira correta). Natu-
ralmente, os envelopes devem ser providenciados pela igreja, e não pelo
conferencista.
Use de psicologia: jamais mencione que as ofertas estão “de bom
tamanho”. Talvez Deus tenha preparado alguém para suprir algumas
necessidades do evangelista, mas se a pessoa ouvir o pastor dizer que já
recolheram uma boa oferta, ela pode concluir que seu dinheiro não é
mais tão necessário.
Deixe bem claro qual o propósito das ofertas. Se o dinheiro reco-
lhido nas duas primeiras noites for ser usado para cobrir despesas de
viagem, hospedagem, propaganda etc, os contribuintes têm direito de
saber. Quando a oferta recolhida for considerada um investimento em
264 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

evangelismo e, assim, destinada ao sustento do conferencista e sua famí-


lia, ou da equipe que está fazendo a obra, esclareça bem isso ao auditó-
rio.
Alguns pastores recolhem a oferta para cobrir despesas e a oferta
específica para o evangelista ao mesmo tempo. Contudo, a combinação
pode confundir os doadores e resultar em ofertas menores, porque geral-
mente as pessoas ofertam mais quando sabem que o dinheiro será entre-
gue ao conferencista que lhes é muito querido; poucos querem que seu
dinheiro seja usado em “despesas de campanha”. Ao ouvir a palavra
“despesas”, alguns pensam em conta de água, luz, limpeza etc e acham
que qualquer mixaria é suficiente.
É caro viajar hoje em dia. Explique à igreja em quanto ficará, apro-
ximadamente, as despesas de viagem do conferencista. Atualize-se so-
bre preço de passagem de ônibus, de avião, de gasolina e pedágio –
dependendo do meio de transporte usado pelo evangelista. Pode ser que
algum membro da igreja seja tocado a cobrir essas despesas todas, e
imediatamente!
IMPORTANTE: Geralmente são precisos alguns cultos para que
todo o dinheiro necessário seja recolhido. Portanto, não espere até o
último culto da campanha para recolher a oferta de amor para o confe-
rencista. Vai que nesse dia cai o maior toró? O auditório será pequeno e
as ofertas menores ainda.
Encoraje os presentes a retirar um envelope, orar e perguntar a
Deus que tipo de investimento ou sacrifício Ele quer que façam. Incenti-
ve o auditório a fazer um cheque tão generoso quanto possível. (Alguns
pastores explicam que “cada centavinho” será entregue ao conferencis-
ta, e algumas pessoas só entregam os “centavinhos”!) Se o pastor se
referir ao “cheque que vocês farão”, ele estará dando ao assunto um
caráter de investimento e generosidade. Quase todos os pastores dese-
jam que suas ovelhas contribuam liberalmente, no entanto eles não sa-
bem aplicar bem a psicologia das palavras.
Se a igreja recolher uma oferta de amor para os conferencista to-
das as noites, escolha um dos últimos cultos para enfatizar a necessidade
de uma oferta um pouco maior. Incentive as pessoas a investir na vida e
no ministério do servo de Deus que tem abençoado a tantos com seu
trabalho. Certifique-se de que haja envelopes de contribuição em todos
os bancos, todas as noites, para que os visitantes do dia (que talvez não
voltem amanhã) tenham oportunidade de contribuir para o sustento do
evangelista.
RECOLHIMENTO DE OFERTA DURANTE
AS CONFERÊNCIAS 265

Não faça anúncios nem entregue fichas de visitantes enquanto as


ofertas estiverem sendo recolhidas. Ninguém deve ser perturbado quan-
do estiver adorando a Deus com sua oferta. Os avisos devem ser dados
antes ou depois das instruções sobre o ofertório. Os equívocos são co-
muns quando anúncios e instruções são dados ao mesmo tempo.
Alguns evangelistas já se sentiram humilhados pelo jeito em que o
recolhimento das ofertas de amor foi explicado ao auditório. Acho que
nenhum pastor chegou a dizer: “Vamos dar uns trocadinhos para ajudar
nosso conferencista a voltar para casa”; no entanto, é embaraçoso de-
mais para um evangelista e sua família ouvirem: “Precisamos ajudar o
evangelista, coitado. Vamos agora recolher uma oferta para ele”. Parece
caridade.
“Quem tem põe, quem não tem tira” é uma das “pérolas” ditas por
alguns pastores que desejam dar “um ar de leveza” ao momento. Ouvi
sobre um pastor que convidou um evangelista bastante conhecido, e na
hora da oferta fez um apelo fantástico aos amigos pessoais do convidado
que estavam presentes, mas não insistiu nenhum pouco para que suas
próprias ovelhas contribuíssem. Ficou óbvio que estava poupando-as. A
responsabilidade financeira para com o sustento do evangelista é da igreja
que o convida, e não de seus amigos e de outras igrejas da cidade!
Alguns pastores fazem piadinhas e gracinhas na hora do recolhi-
mento das ofertas, na esperança de tornar a extração menos dolorida.
Esta atitude só barateia o Evangelho e humilha o servo de Deus. Assim
que as ofertas começarem a ser recolhidas, o auditório não deve ser dis-
traído com outros projetos. Às vezes, enquanto a oferta para o evangelista
(ou missionário) está sendo tirada, o pastor apresenta um quadro triste
sobre a situação da igreja no momento ou reclamam sobre a condição da
escola ou do templo e falam da necessidade de dinheiro para reformar
isto ou aquilo.
Em certa igreja, durante o ofertório, alguém contou uma história
triste sobre uma velhinha muito necessitada. O conferencista talvez te-
nha sido abençoado ao repartir sua oferta de amor com a senhora carente
que ele nem conhecia, mas o correto e inteligente teria sido retirar do
fundo de beneficência ou da tesouraria a ajuda para pobrezinha, em não
confundir suas necessidades com a oferta de amor que estava sendo reti-
rada para o evangelista convidado pela igreja.
Suas ovelhas só estarão sendo beneficiadas se aprenderem a ofertar
com generosidade. Certamente “mais abençoado é dar do que receber”.
266 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Preste atenção e veja que as igrejas que mais contribuem para os


evangelistas e missionários são as que Deus mais faz prosperar. As en-
tradas aumentam e a igreja cresce em número e em maturidade espiritu-
al. “Daí, e dar-se-vos-á”, disse Jesus. Quando eu pastoreava, minhas igre-
jas tinham suas necessidades supridas durante a semana e depois da se-
mana que havíamos entregado ofertas de amor a outros. É assim que a
coisa funciona.
Se a igreja vive “enfiando a faca” nos membros para que ofertem
para projetos da escola, compra de bancos, de veículo etc, é bom dar um
tempo antes de realizarem uma série de conferências. Assim o pessoal
terá condição de entregar uma oferta que valha a pena; uma oferta que
não deixe a igreja envergonhada por não ter feito o que deveria fazer.
Nenhum pastor deve se convencer de que a igreja não pode se dar ao
luxo de convidar um evangelista que viva da pregação da Palavra. Só é
necessário um pouco de planejamento e bom senso, além de instruir a
igreja a ofertar liberalmente.
Se o pastor costuma avisar que “os envelopes estão nos bancos, à
sua frente”, é bom certificar-se de que estão mesmo lá; de que não foram
todos usados ou rasgados no culto anterior. Algumas vezes as pessoas
procuram, mas não acham envelope nenhum! (Estude novamente o Ca-
pítulo 5, sobre “Como aumentar e melhorar as ofertas”).
Pastores, informem o conferencista sobre o que será feito a respei-
to de suas despesas e da oferta de amor. Enquanto prega em sua igreja,
ele não deve se preocupar com dinheiro nem ficar imaginando como irá
pagar a passagem de avião. Contudo, ele é um ser humano e certamente
tem contas a vencer. Por que não lhe oferecer paz de espírito e informá-
lo de que o tesoureiro cuidará de suas despesas de viagem, alimentação
e hospedagem? Quando sabemos que a igreja tem muitas oportunidades
de contribuir, é mais fácil confiar que Deus usará seu povo para suprir
nossas necessidades.
É bom recolher ofertas durante toda a série de conferências? Mal
não faz, e se alguém não tiver oportunidade de assistir a todos os cultos,
terá pelo menos uma chance de contribuir financeiramente. Se houver
recolhimento de ofertas somente na última noite da campanha, por exem-
plo, uma pessoa que tenha precisado viajar na ocasião perderá a bênção
de colaborar. Talvez uma família venha de outra cidade para ouvir o
conferencista uma vez e sinta grande alegria em contribuir para o susten-
to dele. Se o prato de ofertas não for passado quando a família estiver
naquele culto, todos – conferencista, igreja e família – perderão.
RECOLHIMENTO DE OFERTA DURANTE
AS CONFERÊNCIAS 267

É importante ter um número suficiente de pessoas recolhendo as


ofertas. Leia os capítulos que falam sobre oferta e introdutores e apro-
veite as sugestões oferecidas ali.
E se as conferências forem canceladas poucas semanas antes de
seu início? Creio que a igreja deve assumir alguma responsabilidade
perante o conferencista. O Dr. Bob Gray afirma que se a igreja cancelou
o trabalho, ela deve mandar ao evangelista um cheque que cubra as des-
pesas da viagem que seria feita (uma vez que ele gastará dinheiro tentan-
do reorganizar seu calendário e talvez perca muitos dias fazendo isto).
Se o cancelamento aconteceu em cima da hora, mandem dinheiro extra,
em sinal de cortesia. Se o cancelamento foi feito com meses de antece-
dência, o conferencista provavelmente terá tempo de encaixar outra igreja
naquela data. Quando uma campanha é cancelada no último instante, o
conferencista talvez fique sem fazer nada durante uma semana, quando
poderia estar ganhando almas para Cristo em outro lugar se não tivesse
assumido compromisso com a igreja que desistiu da campanha. Quando
as conferências que eu realizaria em certa igreja foram canceladas, e eu
estava a caminho da cidade, mandei minha esposa de volta para casa (de
avião) e fiquei tremendo de frio durante uma semana em nosso trailer –
pois iria fazer outra campanha em lugar próximo de onde estava. Naque-
la semana perdi a oferta de amor, gastei com a passagem de avião, com
alimento e com o aluguel do espaço usado para estacionar meu veículo.
O pastor disse que “sentia muito”, mas surgira um imprevisto. Apeguei-
me a Romanos 8.28, mas peço aos pastores e igrejas que pensem bem
no assunto!
Afirmo com alegria que, de modo geral, os pastores têm sido “ma-
ravilhosos” comigo. A maioria tem sido correta, amável e generosa. São
as pessoas mais sensacionais que já conheci. Não tenho do que reclamar.
Sei que tanto pastores como conferencistas podem aprender com este
capítulo. Se isto acontecer, fico agradecido. Algumas igrejas pequenas
me surpreendem com sua generosidade. Algumas igrejas grandes dão
um passo maior que a perna e estão com a corda no pescoço. O que o
evangelista deve fazer? Deve confiar no Senhor e jamais se esquecer de
que foi Ele quem nos chamou e de que Ele nos sustentará! Filipenses
4.19 não perdeu a força!
268 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER
269

Capítulo 19
O PAPEL DO BOLETIM
(e coisas do gênero)

O que as pessoas realmente encontram no boletim semanal da igre-


ja? O informativo vale a pena? Ele acrescenta alguma coisa aos mem-
bros da igreja? Ele pode ser melhorado?
A maioria dos boletins que encontramos por aí são desastrosos. É
de estranhar que um bom número deles acabe largado nos bancos ou
sejam transformados em aviõezinhos que sobrevoam o estacionamento
ou a calçada da igreja?
Em primeiro lugar, o papel do boletim deve ser de boa qualidade.
Deixe o trabalho de impressão para uma gráfica – a não ser que a igreja
tenha condições de realizar um trabalho bem feito. É possível que o bo-
letim seja um dos fatores determinantes para que alguém decida ser mem-
bro de sua igreja. Hoje em dia, com impressoras de última geração, qua-
se todas as igrejas imprimem seus próprios boletins. Mas cuide para que
o resultado seja um boletim atraente e fácil de ser lido.
Alguns boletins não dizem quase nada, enquanto outros são tão
cheios de diz-que-diz-que e citações dos “quatro ventos e sete mares”
que não apresentam uma boa imagem da igreja nem inspiram ninguém a
voltar no próximo domingo nem participar dos cultos da semana.
Quase todos os boletins apresentam, de maneira mais ou menos
rebuscada, a ordem do culto vespertino; no entanto, o culto da manhã é
noticiado num rodapé, em letras minúsculas, junto a um monte de avi-
sos.
Acontece que as pessoas que recebem o boletim no culto da noite
já estão na igreja. O importante é interessá-los pelo culto da manhã
também! Não há mal nenhum em que a ordem do culto da noite receba
um pouco mais de atenção (embora não seja tão necessário em nossas
igrejas bíblicas). O bom mesmo é promover mais o culto da manhã e a
EBD. Anuncie estas atividades em LETRAS MAIÚSCULAS e coloque
270 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

um monte de pontos de exclamação depois do título da mensagem que o


pastor apresentará. Peça que os conjuntos, solistas, quartetos etc tam-
bém cantem no culto da manhã; e não se esqueça de mencionar seus
nomes; as pessoas gostam disso, e muitas são atraídas pelos nomes, prin-
cipalmente se forem originais.
Se a mensagem for sobre um tema do momento, enfatize isso no
boletim, ao lado das atividades importantes da semana. Se houver uma
série de conferências se aproximando, anuncie-a no boletim em domin-
gos alternados.
Não deixe de chamar a atenção do pessoal para os cultos da sema-
na, especialmente quando promover uma série de estudos. Entregue aos
visitantes um boletim que valha a pena ser levado para casa e lido duran-
te a semana. Se a igreja tem programa de rádio, não deixe de avisar o dia
e a hora; se houver mais de uma emissora na cidade, especifique em qual
a igreja se apresenta.
Os boletins bem feitos, principalmente se tiverem uma capa boni-
ta, dificilmente serão jogados fora.

Correspondência Especial
Alguns pastores publicam uma carta de oração ou jornal semanal
ou mensal especialmente para os membros da igreja. Era o meu caso. Eu
usava os três primeiros parágrafos de meu editorial para ter uma conver-
sa “íntima” com minhas ovelhas. Se estivéssemos às vésperas de algum
trabalho especial, ele era a ênfase do primeiro parágrafo. Minha carta
era semanal; assim, eu normalmente usava o primeiro parágrafo como
isca para meu sermão da manhã ou da noite do domingo que se aproxi-
mava. Os bons títulos chamam a atenção do público. O título deve ser
tão interessante e convidativo quanto possível.
As coisas mais importantes eram incluídas nos três parágrafos ini-
ciais. No restante da primeira página eu relatava quantas pessoas haviam
participado dos cultos, o valor das ofertas recolhidas, avisos importantes
e os motivos de agradecimento. Na segunda página, eu publicava os
pedidos de oração (pessoas hospitalizadas, viajando etc), anúncio de ati-
vidades para os jovens, uma nota sobre a escola e coisas assim. Uma
citação interessante aqui e ali prende a atenção dos leitores.
Atualize a lista de endereços e verifique se os nomes e sobreno-
mes estão corretos. Lembre-se: a embalagem valoriza o produto. Todo
mundo gosta de ver o próprio nome bem escrito num envelope bonito.
O PAPEL DO BOLETIM 271

Envie sua correspondência com tempo suficiente para que as notí-


cias não fiquem velhas. Convites que chegam em cima da hora ou depois
do acontecimento não produzem efeito nenhum. Às vezes o Correio é
lento, mas às vezes a culpa é mesmo do pastor, que demorou a enviar sua
correspondência. Planeje bem seu calendário.
Quando escrever aos membros da igreja, dê um toque bem pesso-
al às cartas. As ovelhas sentirão que a mensagem é importante quando
vem acompanhada do toque especial do pastor. Sua comunicação com
os membros da igreja deve ser cheia de vida e relevante. Não deixe a
impressão de que está apenas traduzindo ou citando alguma coisa que
outra pessoa escreveu e que não tem nada a ver com a igreja ... ou sua
carta vai parar no lixo.
Enfatize o que está acontecendo no momento e o que irá acontecer
em breve na igreja. Mantenha o pessoal ansioso pelo que está às portas.
Se você publicar os avisos em sua correspondência aos membros
da igreja e no boletim dominical, não precisará usar tempo do culto para
isto. Acho que alguns avisos são importantes o bastante para serem
enfatizados do púlpito, contudo alguns pastores fazem o auditório dor-
mir quando iniciam a cantiga dos avisos intermináveis.
Incentive a igreja a ter o boletim sempre à mão e dar uma olhadela
nele durante a semana para não se esquecer das coisas importantes. (Isto
irá poupá-lo dos telefonemas perguntando a que horas vai acontecer tal e
tal reunião, quando o horário está bem lá, no boletim ou na carta pasto-
ral.)
Recordo-me da correspondência que recebi de uma igreja pouco
antes de realizar uma série de conferências lá. O cabeçalho, em letra
maiúscula, anunciava: DAMOS AS BOAS-VINDAS AO O DR. HUGH
PYLE E AO CONJUNTO MUSICAL CSEHY. 10-15 DE NOVEMBRO.
Minha foto e a do conjunto haviam sido impressas na primeira página. O
horário e as informações pertinentes às conferências estavam ali tam-
bém. Ainda na primeira página havia uma coluna intitulada: NOVO
RECORDE DE COMPARECIMENTO AOS CULTOS. A página intei-
ra era de grande inspiração e encorajamento para os leitores. Nas pági-
nas internas havia uma breve mensagem do pastor, uma lista de missio-
nários, fotos da escola, avisos e casamentos, funerais etc. ocorridos no
meio da igreja. A última página trazia informações “agitadas” para a
turma jovem. Ninguém jogaria aquela correspondência no lixo antes de
uma leitura cuidadosa. Acredito que alguns nem mesmo se desfariam do
272 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

boletim tão cedo. O pastor da igreja foi muito criativo na diagramação e


conteúdo do informativo.
O boletim e a carta pastoral bem escritos podem até mesmo ser
enviados a pessoas interessadas no evangelho, a não-salvos ou àqueles
desejosos de se transferir para a igreja. Desse modo, tornam-se excelen-
tes meios de evangelização e de convite para os cultos. No entanto, o
boletim ou a carta pastoral pode conter material pertinente apenas aos
membros da igreja – aos que fazem parte da família; coisas que você não
gostaria de dizer aos não-crentes ou ao público em geral.
Igrejas que crescem e têm cultos bem freqüentados geralmente
publicam boletins e outros informativos de qualidade e atraentes. Obser-
ve, faça perguntas e aprenda com quem está fazendo a coisa direito.
Nesta área, podemos aprender até com pessoas das quais discordamos
em doutrina e metodologia.
Quando cheguei a uma igreja onde, durante o fim de semana, rea-
lizaria um seminário para família, dei uma olhada no boletim e não en-
contrei nenhuma palavra sobre o trabalho que seria iniciado naquele
domingo. Havia notas sobre reuniões em outros domingos e atividades
para os jovens. Tive a impressão que as pessoas não foram levadas a
acreditar que as conferências eram realmente importantes. O pastor e o
escritório da igreja não estavam na mesma sintonia quanto ao meu traba-
lho! Organize, planeje, pense. Cuidado para que não haja conflito de
datas. Algumas vezes, em minhas andanças, descobri que a igreja havia
programado outras atividades para a semana da série de conferências.
Quando isto acontece, o pastor tem de tomar tempo do culto para expli-
car que este ou aquele trabalho foi adiado. A igreja tem de entender que
todas as outras atividades ficam em segundo plano quando há uma série
de conferências evangelísticas ou de avivamento.
Para ajudar seus leitores, não se esqueça de colocar no boletim o
endereço completo da igreja, incluindo o número de telefone. Algumas
igrejas não o fazem. Revise cuidadosamente tudo o que for escrito. É
mais fácil corrigir erros na hora do que ficar dando explicações depois!
Não irrite os funcionários do escritório da igreja. Mantenha o
almoxarifado bem suprido e seja bem claro em suas instruções. Não dei-
xe os funcionários “se virarem”, sem saber exatamente o que devem
fazer e como fazer. Se o intervalo para o cafezinho for um momento de
descontração e alegria, ninguém vai ficar “enrolando” até dar a hora de
encerrar o expediente. Leia bons livros sobre gerenciamento.
O PAPEL DO BOLETIM 273

Os escritórios e salas da igreja devem ser bem iluminados e venti-


lados. Providencie para que o pessoal do escritório tenha cadeiras con-
fortáveis. Não coloque mesas de trabalho perto de janelas que ofereçam
muita distração. Equipe bem o escritório, e o rendimento será maior.
Não seja muquirana na hora de consertar equipamentos quebrados. Ofe-
reça aos seus funcionários as ferramentas apropriadas para o trabalho
que realizam.
Sempre há exceções, mas procure não contratar membros da igre-
ja como funcionários. Se contratar, o relacionamento entre vocês deve
ser de patrão e empregado. Deixe bem claro desde o início que a pessoa
está trabalhando para o pastor (e para Deus) e que todas e quaisquer
diferenças de personalidade e preferência são postas de lado quando nos
dispomos a fazer nosso melhor para Deus.
274 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER
275

Capítulo 20
LIVROS DO CORAÇÃO
“Traga… e os livros”, pediu o apóstolo Paulo (2Timóteo 4.13).
Nenhum pastor será bem sucedido se não for amante dos bons livros.
Já ouvi a seguinte pergunta diversas vezes: “Quais os livros que
mais o ajudaram no ministério?” São muitos, e jamais me separaria de
alguns deles. Outros, recomendo como excelentes fontes de ensino e
leitura.
A Bíblia Scofield continua sendo minha Bíblia de estudo (quantas
já se “acabaram” em minhas mãos!). Também tenho aprendido muito
com a Bíblia Tompson (publicada no Brasil pela Editora Vida) e ou-
tras. Às vezes leio outras versões da Bíblia para não me habituar à pági-
na em que um versículo aparece na Bíblia Scolfield.
Mesmo antes de pensar em me tornar pastor, comecei a memorizar
versículos sobre a salvação. Depois, memorizei uma boa porção dos que
combatem as desculpas que as pessoas dão para não serem crentes no
Senhor Jesus. Com a Palavra de Deus, não há como errar!.
Leia as biografias dos grandes servos de Deus, como Judson,
Livingstone e Carey. Dr. Moody é sempre revigorante e inspirador.
Os sermões de Spurgeon são imortais e devem ser lidos
freqüentemente. Podemos nos inspirar nas idéias de Spurgeon, mas não
devemos ficar decepcionados se não pregarmos como ele pregava!
Os pastores precisam ler livros de auto-ajuda e inspiradores. Não
deixem de ler “O Pregador e a Sua Pregação”, de Alfred P. Gibbs.
De vez em quando, pastores e evangelistas têm de vislumbrar as
chamas do Inferno para que seus corações continuem se consumindo
pelas almas perdidas e não se esqueçam do que elas devem ser salvas.
Coloque suas mãos em livros que falem sobre a situação dos perdidos e
o lugar para onde irão, caso não se entreguem a Cristo.
O pastor não pode deixar de possuir um bom dicionário bíblico e
também uma boa concordância. É importante ter um dicionário da Lín-
276 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

gua Portuguesa; um dicionário de sinônimos e antônimos; concordânci-


as verbal e nominal e outros do gênero.
Adquira livros de mensagens de pregadores eficientes na conquis-
ta de almas para Cristo, como Spurgeon, por exemplo.
Mantenha-se informado sobre o que acontece no mundo. Leia as
boas revistas seculares (ainda é possível encontrar algumas nas bancas e
livrarias), como Seleções do Reader’s Digest. Não se “mate” para ler
tudo o que lhe chegar às mãos, mesmo que seja material evangélico.
Você perderá um tempo precioso, que poderia ser usado no estudo da
Bíblia.
Dizem que os pregadores pioneiros, como Wesley, “acordavam às
4h da madrugada e começavam a pregar às 5h. Seus dias eram divididos
mais ou menos assim: oito horas para dormir e comer; oito horas para
estudar e orar; e oito horas para pregar, visitar e atender outros compro-
missos” (Bready). Wesley insistia que seus pregadores gastassem pelo
menos cinco horas – em 24 – lendo bons livros! Seja amigo de seus
livros.
277

Capítulo 21
NO MEIO DA BATALHA
(Miscelânea de Finanças, Construção, Casamentos,
Funerais, Programa dos Jovens, Padrões etc.)

Pessoas muito mais entendidas do que eu já escreveram sobre es-


tas coisas. Assim, em vez de dedicar um capítulo inteiro a cada assunto,
pedi a colaboração de alguns experts; acrescentarei, então, algumas su-
gestões práticas e pessoais.
Muitos pastores ficam atolados em problemas quando iniciam uma
construção. Outros vêem a igreja se dividir por causa das dificuldades
com a construção. Alguns descobrem, mortificados, que o trabalho está
mal feito ou que, na urgência, não pensaram em tudo que precisariam
para o edifico.
Quantos pastores lamentam não ter providenciado mais vagas no
estacionamento ou arrependem-se da colocação dos banheiros onde es-
tão agora ou deploram não ter contratado um profissional para fazer a
instalação do sistema de som, deixando que o irmão Somsonildo fizesse
o trabalho só porque ele prometeu “um bom desconto” para a igreja. O
hall de muitos templos é pequeno demais e totalmente inadequado.

Construção do Templo
Reúna seus líderes e, juntos, orem, pensem e planejem a constru-
ção do templo. Decidam o que a igreja precisa e observem outros tem-
plos. Não construam um auditório igual ao primeiro que encontrarem. A
Comissão de Construção deve ser formada por homens diligentes. Peça-
lhes que visitem outras igrejas e dêem uma boa olhada nos templos de
que mais gostarem.
Estude cuidadosamente as plantas de templos já acabados. Infor-
me-se sobre os custos. Antes de iniciar a obra, procure levantar todo o
dinheiro que puder. Incentive a igreja inteira a se envolver no projeto.
Pregue mensagens entusiasmadas sobre as grandes “construções da Bí-
278 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

blia”. Aconselhe-se com pastores que se saíram bem na edificação de


igrejas fortes e ganhadoras de almas. Peça a alguns desses colegas que
lhe apresentem construtores e arquitetos de confiança. Adapte plantas
de outros templos às necessidades de vocês. O importante é que o resul-
tado seja o que vocês imaginaram e que seja perfeito para o contexto da
igreja.
Se vocês têm planos de começar uma escola mais tarde, o edifício
de educação cristã deve ser construído com isso em mente. As salas
devem ser amplas; os corredores e banheiros precisam ser adequados ao
número de alunos. Evite dores de cabeça e desperdício de dinheiro mais
tarde.

Algumas dicas práticas:


Deixe um bom espaço entre os bancos. Já ouvi conferencistas la-
mentarem porque os bancos de algumas igrejas são juntos demais, o que
dificulta a locomoção das pessoas durante o apelo. Se um gordinho esti-
ver sentado na ponta do banco, pior ainda! Não sacrifique a salvação de
almas em favor de uma fila a mais de bancos.
Deixe espaço à frente. Os decididos e os conselheiros precisam de
espaço para conversar, ajoelhar e orar.
Construa uma plataforma alta para o púlpito. O auditório precisa
enxergar o pregador. Em algumas igrejas a plataforma (ou palco) é tão
baixa que muitos não conseguem ver o servo de Deus anunciando a men-
sagem.
Projete um hall amplo. Os irmãos e amigos precisam de espaço
para um bate-papo depois do culto. Os pastores não gostam que as crian-
ças conversem dentro da igreja, mas não lhes oferecem um lugar para
que o façam antes ou depois do culto. Poucas igrejas têm um espaço
grande o suficiente para que um escritor ou professor coloque uma mesa
onde exibir os livros que são uma bênção maravilhosa para nosso povo.
Uma entrada bem iluminada e espaçosa é um bom chamariz para os
visitantes.
Planeje bem o estacionamento. Evite colocar as entrada e saída
do estacionamento em ruas de muito trânsito, em descidas ou muito per-
to de uma curva. A segurança do pessoal tem de ser prioridade.
Pense no sistema de som. Não deixe tudo para a última hora. É
preciso tempo e dinheiro para que o sistema de som fique completo e
funcione como deve.
NO MEIO DA BATALHA 279

Construa os banheiros em local de fácil acesso. Não obrigue nin-


guém a desfilar por todo o auditório, atravessar toda a extensão do palco
e só então chegar lá no fundo, onde estão os banheiros. Naturalmente, o
edifico de educação cristã precisa de alguns banheiros. Planeje cuidado-
samente a localização dos bebedouros também.
Coloque tantas caixas de som quantas forem possíveis. O som
deve ser bem distribuído. Pense nos ventiladores: quantos serão neces-
sários para que as pessoas se sintam confortáveis durante o culto?
Instale torneiras e tomadas na área externa do templo. Parece
bobagem, mas algumas igrejas se esquecem disso e depois se encontram
em apuros quando é preciso ligar uma máquina para um trabalho qual-
quer ou usar a mangueira d’água.
Instale as tomadas de luz fora do alcance das crianças. Isso vale
também para as tomadas dos ventiladores. O controle da aparelhagem
de som deve estar acessível, principalmente para quem estiver no palco.
Dê atenção especial à iluminação do templo. Em muitos deles, os cultos
são realizados na penumbra e, às vezes, falta claridade e beleza à área do
púlpito.
Pense nos dias de chuva. Membros da igreja e visitantes ficarão
agradecidos se o hall de entrada for coberto; se tiverem um lugar para se
abrigar do aguaceiro e onde colocar os guarda-chuvas e sombrinhas,
eles vão amar você ainda mais.
Instale os telefones bem longe do auditório. O trim-trim vai per-
turbar a todos. Algumas pessoas ficarão a imaginar para quem é o telefo-
nema ou se houve um desastre ou se alguém quer falar com elas. Um
diácono ou um introdutor deverá ficar de plantão, se a igreja costuma
atender chamados durante os cultos.
Dê atenção à tinta. As cores claras e discretas são mais apropria-
das para um templo. Azul e verde claro dão uma sensação de tranqüili-
dade e alegria ao ambiente. A cor do piso também é importante. Os tons
claros “mostram” muito a sujeira. Dizem que os tons vibrantes, como o
vermelho, deixam o pessoal agitado, principalmente durante as assem-
bléias de negócios da igreja. Pense bem antes de escolher a cor da tinta!

Financiando a Construção
Pedi ao Dr. Gary Coleman, pastor bem sucedido no Texas, que
escrevesse um pouco sobre as finanças da igreja. Muito do que ele diz
está relacionado ao programa de construção. Eis suas considerações, pelas
quais agradecemos.
280 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

1. Integridade
Uma das chaves para o ministério eficaz é planejar um esquema
financeiro que seja um exemplo de integridade e decência. As pessoas
que nos cercam não podem ter motivo nenhum para duvidar de nossa
honestidade e responsabilidade no trato com o dinheiro da igreja. A inte-
gridade da igreja está ligada, de certo modo, à integridade do pastor.
Isso quer dizer que pastor e igreja têm de honrar seus compromissos
financeiros. Ser íntegro também significa não usarmos nossa posição e
autoridade para conseguir descontos e “precinhos camaradas”. Os co-
merciantes se ressentem deste comportamento indelicado. Normalmen-
te eles acham que a igreja é um cliente como outro qualquer.

2. Prestação de Contas
Prestar contas é explicar como o dinheiro entrou e como e onde foi
usado. Acho prudente o pastor se reunir com os diáconos regularmente
para analisarem o relatório financeiro, e depois informarem a igreja de
como andam as coisas. A prestação de contas elimina dúvidas e contro-
vérsias. O ministério de um pastor corre sérios riscos quando ele faz
mistério a respeito das finanças da igreja. Às vezes, problemas surgem
quando o dinheiro levantado para um fim é usado em outra coisa. Por
exemplo, se a igreja promoveu um jantar para angariar fundos para a
construção de salas da EBD, o dinheiro arrecadado deve ser usado para
este propósito. Todas as compras devem ser aprovadas por uma única
pessoa. Os pedidos devem ser feitos por escrito. Estabeleça procedi-
mentos para a contagem e depósito do dinheiro. A contabilidade da igre-
ja tem de ser muito bem feita.

3. Planejamento
Planeje um orçamento anual realista e apresente-o à igreja. A apro-
vação do orçamento dá ao pastor o direito de usar os fundos ali estabe-
lecidos sem ter de convocar uma assembléia sempre que precisar gastar
um centavo. É preciso estabelecer regras para o uso do dinheiro alocado
no orçamento.
Para ajudar seu rebanho a crescer na graça da contribuição, e le-
vantar o dinheiro necessário para o orçamento da igreja, realize anual-
mente um seminário sobre a necessidade de sermos bons mordomos de
Cristo. Este tipo de trabalho permite ao pastor falar sobre finanças, ne-
cessidades da igreja e dízimos e ofertas dentro de um contexto amigável,
NO MEIO DA BATALHA 281

sem ofender a ninguém. Converse com pastores e diretores de organiza-


ções que já realizaram esse tipo de seminário e peça informações sobre
como organizar um em sua igreja.
Todo cuidado é pouco em se tratando de construção e ampliação
de templos ou qualquer propriedade da igreja. Estudem cuidadosamente
as necessidades, os custos e as implicações de a igreja arcar com mais
uma responsabilidade financeira. Mesmo que a igreja esteja na expecta-
tiva de crescimento, nenhuma construção deve ser baseada simplesmen-
te nesta expectativa, principalmente se o pagamento do projeto depen-
der do arrecadamento resultante desse suposto crescimento. Ao planejar
uma construção, considere as seguintes coisas:

1) Não assine contratos por dia de serviço. Toda e qualquer obra


deve ser feita sob contrato fechado, a não ser que membros da igreja se
ofereçam para trabalho voluntário.
2) Planeje bem a construção para que não haja necessidade de
modificações depois. Mudanças causam despesas, principalmente de-
pois de a construção ter sido iniciada.
3) Não se deixe intimidar por membros que acham que a igreja
tem obrigação de fazer negócio com eles só porque são partes do reba-
nho. Membros da igreja devem submeter suas propostas como qualquer
outro empreiteiro.

4. Princípios da contribuição
Sem dúvida, um dos fatores principais do sucesso financeiro da
igreja é o fato de o pastor compreender e praticar os princípios da contri-
buição. Generosidade produz generosidade. A disposição do pastor em
contribuir liberalmente para a obra do Senhor e para ajudar outros, im-
pulsiona a igreja toda a fazer o mesmo. Ao contribuir, o pastor deve
fazê-lo desprovido de orgulho e da atitude de “coitadinho”. Comporta-
mentos assim obstruem a influência que ele tem sobre as ovelhas. O
pastor deve levar a igreja não só a entregar os dízimos e ofertas, mas
também a contribuir para o sustento de outros ministérios e indivíduos.
Dar e receber estão relacionados a plantar e colher. O pastor pode desen-
volver na igreja o hábito da contribuição generosa quando a mantém
informada das necessidades de terceiros.
—Gary Coleman
282 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

MORDOMIA CRISTÃ EM AÇÃO


Dr. E. J. Brinson, pastor da Igreja Batista Betel e presidente da
Escola Batista de Arlington, ambas no Texas, dirige uma congregação
de mais de 2.500 membros que sustenta 85 missionários, emprega uma
equipe ministerial de sete homens e tem cinco secretárias. Em 1979, o
orçamento da igreja passou de 3.440 dólares semanais para mais de doze
mil dólares. A verba anual destinada a missões é de mais de cem mil
dólares. Pedi ao Dr. Brinson, conhecido conferencista na área de
evangelismo, mordomia cristã e Escola Bíblica Dominical, que nos ex-
plicasse sua filosofia de mordomia cristã. Eis o que ele diz.

DEFINIÇÃO, ALVOS E PRINCÍPIOS DA MORDOMIA


CRISTÃ

1. Definição de Mordomia Cristã. “É um esforço conjunto que


objetiva o ensino dos conceitos bíblicos de Mordomia juntamente com
um chamado à obediência e uma oportunidade para que seja exercida.”

2. Alvos da Mordomia Cristã. “Que Deus esteja no controle de


tudo o que os crentes são e possuem, e que, assim, eles libertem-se com-
pletamente dos padrões moral e financeiro exibidos pelo mundo.”

3. Princípios da Mordomia Cristã. “Tudo, inclusive os crentes, per-


tencem ao Senhor. Deus quer que seus filhos sejam bons supervisores de
todos os Seus bens, para Sua glória e honra.”

É IMPORTANTE SABER

I. O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE MORDOMIA CRISTÃ

1. É uma afirmação o senhorio de Deus sobre todas as coisas: Sal-


mo 24.1; Ageu 2.8; Êxodo 19.5; 1Crônicas 19.14; Deuteronômio 32.6;
Salmo 50.10-12.

2. Ela determina a responsabilidade do cristão em administrar,


supervisionar e usar todas as coisas para a glória de Deus: Lucas 19.13;
Mateus 25.14; Gálatas 6.5; Provérbios 9.12.
NO MEIO DA BATALHA 283

3. É um sistema contábil do qual o cristão terá de prestar contas


por ocasião da auditoria: Lucas 16.2; Romanos 14.12; Mateus 18.23;
21.33-41; 25.19.

II. POR QUE DEVE SER ENSINADA

1. Ensinar – temos de proclamar todas as recomendações de Deus.

2. Testemunhar – temos de praticar os princípios de Deus.

3. Provar – temos de confiar que Deus nos abençoará e satisfará


nossas necessidades.

III. A MORDOMIA CRISTÃ É O ÚNICO PLANO DIVINO


PARA O SUSTENTO DA SUA OBRA

1. Deus entregou a si mesmo e tudo o que possui a nós:Romanos


8.32; 1Coríntios 16.1-2.

2. Deus encarregou a igreja de evangelizar o mundo: Mateus 28.19-


20.

3. Deus nos desafia a tomar posse de suas riquezas por meio da


contribuição fiel: Filipenses 4.19; Lucas 6.38; 2Coríntios 9.6-13.

CONCLUSÃO

1. Se Deus entregou seu Filho pelos pecados de todos nós...e ele o


fez;

2. Se Deus anunciou a mensagem de Redenção a sua igreja...e ele


o fez;

3. Se Deus deseja que o Evangelho seja pregado a todas as


nações...e ele o deseja;

4. Se Deus nos apresenta o plano que financia sua obra...e ele apre-
senta,
284 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

5. Então por que não temos tudo o que necessitamos para que o
trabalho seja feito? A resposta é simples: é porque erramos ao não en-
tender, ensinar e implementar o plano financeiro bíblico na realização
da Sua obra.
Leia novamente o capítulo sobe como conseguir maiores e melho-
res ofertas.

O NOME DA IGREJA
O nome pode construir ou destruir uma igreja. Pense em algumas
igrejas que crescem e florescem e veja como se chamam.
Primeira Igreja Batista só faz sentido se ela for mesmo a primeira
de um lugar; a Igreja Batista Central deve estar no centro da cidade ou
bairro. Igreja Batista do Calvário é um nome bastante comum e, uma vez
que igrejas proeminentes são assim chamadas, sinta-se à vontade para
usá-lo também.
Normalmente as igrejas são conhecidas pelo nome da cidade, vila
ou bairro onde estão localizadas.
“Graça” e “Calvário” dão peso ao nome da igreja, o que é bem
estranho em um mundo em faz pouco caso da graça de Deus.
Igreja Batista Bíblica é um excelente nome, no entanto identifica
mais uma denominação evangélica do que uma postura doutrinária.
Lembre-se de que cidades e lugares da Bíblia são praticamente
desconhecidos dos não-crentes, e alguém terá de lhes explicar a razão de
a igreja ter o nome que tem. Antes de fazer a escolha definitiva, pare e
pense nas igrejas que têm o nome que lhe agrada. Como são essas igre-
jas? Elas são famosas pelo quê? Não permita que um nome mal escolhi-
do ou um tanto “peculiar” demais restrinja a influência de sua igreja.
Resumindo, escolha um nome “atraente” e que identifique a cida-
de, vila ou bairro onde a igreja está localizada; um nome que leve as
pessoas a sentir que encontraram “a” igreja certa para uma época tão
incerta. Além do mais, o nome deve ser fácil de ser soletrado e pronun-
ciado. Verdadeiramente, “um bom nome vale mais do que muitas rique-
zas”.

NÃO SE TRANSFORME EM “SANTO” CASAMENTEIRO


As cerimônias de casamento são inevitáveis, pois acreditamos que
as pessoas devem se casar e construir seus lares. No entanto, o pastor
não tem de dedicar boa parte de seu tempo a elas. Como tantos pastores,
NO MEIO DA BATALHA 285

já perdi horas preciosas por causa de casamentos. Muitos noivos insis-


tem em que o seu pastor, e nenhum outro, realize a cerimônia do casa-
mento deles.
Como impedir que estas cerimônias consumam muito do tempo
que você gostaria de dedicar ao estudo da Palavra e à conquista de almas
para Cristo?
Eu não faço o casamento de todos e quaisquer noivos que me apa-
reçam. Alguns pastores não realizam a cerimônia de casamento se um
dos noivos for divorciado. Se você tem esta mesma postura, sua lista já
está reduzida. Se você desconfia que os noivos estão escondendo a ver-
dade sobre o estado civil deles (ou de um deles) ou se há alguma dúvida
quanto a salvação deles, explique-lhes que você apenas realiza casa-
mentos de pessoas crentes, e que sejam viúvas ou solteiras.
Sei de pastores que só fazem casamento de suas próprias ovelhas;
isto já diminui bem o trabalho deles.
Às vezes, um dos pastores auxiliares pode realizar a cerimônia.
Outro modo de economizar seu tempo é “abrir o jogo” com os noivos
durante o aconselhamento. Além dos assuntos espirituais e familiares,
fale com eles sobre suas expectativas quanto à cerimônia religiosa. In-
sista para que o horário seja cumprido, pois seu tempo é precioso. Não
se esqueça de que você é o pastor da igreja; não deixe que ninguém lhe
diga como usar seu próprio tempo.
Um ensaio ajuda a cerimônia a transcorrer sem grandes proble-
mas, e poupa seu tempo também.
Se as músicas escolhidas não forem apropriadas para uma igreja
verdadeiramente cristã, não se acanhe em explicar ao casal que vocês só
permitem hinos e músicas tradicionais nessas ocasiões. Caso a igreja
tenha regras e padrões estabelecidos quanto a roupas, velas, decoração e
coisas do gênero, fale com os noivos antes que finalizem os detalhes da
cerimônia. Se você suspeita que algo inapropriado, embaraçoso ou em
desacordo com as normas da igreja possa acontecer durante a cerimônia,
converse com os noivos imediatamente.
Lembre aos noivos que o zelador da igreja não é obrigado a limpar
a sujeira resultante da festa do casamento deles (se esta acontecer na
igreja, claro, e dependendo da política adotada pela igreja nestes casos).
Algumas igrejas cobram uma taxa de limpeza e aluguel do santuário,
principalmente se o templo é muito usado para casamentos.
286 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Não se acanhe em dar cunho evangelístico às mensagens de casa-


mento. Se os noivos não concordarem com isso, que se casem em outro
lugar! Não faça da mensagem um espetáculo humorístico. As cerimôni-
as de casamento devem ser uma ocasião sagrada e terna, e têm de ser
feitas com dignidade e finesse.
Uma última recomendação: a não ser que você conheça bem os
noivos, e tenha certeza de que são crentes fiéis, avise-os de que não
poderão servir bebida alcoólica na recepção. Fique atento para que ne-
nhum parente ou amigo dos noivos “contrabandeie” essa “água que pas-
sarinho não bebe” para a festa.

FALECIMENTOS E FUNERAIS
Quando um membro da igreja falecer, visite a família imediata-
mente e ore com ela. Seja carinhoso e sensível nessas horas. O silêncio
amigo é sempre apreciado, mas uma oração nunca é rejeitada. Leia al-
guns versículos apropriados à ocasião e conforte os enlutados. Se hou-
ver pessoas entrando e saindo (como geralmente acontece), peça um
momento de silêncio para uma rápida reflexão e oração. Ofereça-se para
ajudar a família nos preparativos do enterro. Nessas horas, a família fica
um tanto “fora de si” e não sabe exatamente o que fazer. Seja cuidadoso
e discreto ao dar sugestões para o funeral. As pessoas que sofrem geral-
mente ouvem os conselhos do servo de Deus que se porta com dignidade
e cavalheirismo.
Se o culto fúnebre acontecer no velório (ou capela) do cemitério,
respeite as normas estabelecidas pela direção do local. O pastor educado
e gentil conquista o respeito de todos (até mesmo dos não-crentes).
Os funerais não são ocasiões para sermões longos nem apresenta-
ções musicais intermináveis. Certifique-se de que os números especiais
são adequados à ocasião, mesmo se forem escolhidos pela família enlu-
tada.
Eu sempre iniciava os cultos fúnebres com uma oração, que era
seguida de um hino; depois, lia uma passagem bíblica relacionada ao
acontecimento, e outra música era apresentada. Minhas mensagens não
passavam de 15 minutos. Normalmente as pessoas me agradeciam pelas
palavras de conforto, e comentavam que eu conseguia dizer muito em
pouco tempo.
Deve-se fazer apelos em funerais? Quando havia não-crentes, e eu
percebia que o Espírito Santo estava falando a alguns corações, eu fazia
NO MEIO DA BATALHA 287

um apelo, mas nem sempre. No entanto, só pedia que os que desejassem


confiar em Cristo como salvador levantassem a mão, e fazia uma breve
oração (enquanto as cabeças estavam abaixadas). Então perguntava
quantos havia orado comigo entregando suas vidas a Jesus. Testemunhei
muitas decisões em funerais. Outras vezes, esperei até que o enterro es-
tivesse terminado para conversar com as pessoas. Ganhei almas para
Cristo no cemitério mesmo. Em outras ocasiões, achei melhor aguardar
até que a família voltasse para casa; também guiei alguns a Jesus em
seus próprios lares. O Espírito Santo orienta o pastor que se coloca à sua
disposição e está pronto a obedecer.
E se outros pastores estiverem envolvidos na realização do fune-
ral? Neste caso, faça o que lhe pedirem, seja oração ou leitura da Bíblia.
Algumas vezes, em situações assim, li o plano de salvação ou orei sobre
ele. Geralmente, os pastores liberais ou preguiçosos ficam felizes da
vida se puderem escapar de fazer a mensagem, já que não têm muito a
dizer mesmo. Mas aja com imparcialidade e consideração. E seja breve.
Um culto fúnebre não é ocasião para expor os erros de pastores liberais
e condescendentes. Se você falar a verdade de modo claro e no poder de
Deus, a diferença entre vocês será óbvia.
O que fazer quando alguém morre em uma cidade, porém será
enterrado em outra? Haverá ocasiões em que você terá de fazer a viagem
e ir ao enterro. Outras vezes, poderá pedir à família que permita a reali-
zação de um culto fúnebre onde estão no momento, e deixe a cerimônia
no cemitério para o pastor da outra localidade. Se este for o caso, não
deixe de visitar a família enlutada no dia seguinte ao funeral.
Anote os nomes de parentes ou vizinhos presentes ao culto fúne-
bre. Geralmente os corações ficam mais sensíveis nessas ocasiões, e a
semente do Evangelho plantada agora renderá frutos mais tarde. Nas
semanas seguintes ao enterro, dê atenção e carinho à família enlutada.
Se o pastor agir com respeito e consideração em situações de luto
e sofrimento, a igreja se tornará querida e respeitada pela comunidade.
Mande flores em nome da igreja à família enlutada. Peça à União Femi-
nina que se ofereça para levar refeições. Esses pequenos gestos signifi-
cam muito em horas de sofrimentos.
Não é necessário ao pastor ficar o tempo inteiro velando o corpo
junto com a família. Além de você ter outras responsabilidades a ser
atendidas, provavelmente a família quererá ficar a sós um pouco.
288 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Não exagere nos elogios ao defunto. Muitas pessoas o conhece-


ram bem melhor do que você o conheceu. O mais seguro mesmo é se
apegar à Bíblia e à mensagem de salvação. Se o falecido não era crente
no Senhor Jesus, não aumente o sofrimento dos familiares com a lem-
brança de que ele foi para o Inferno. Porém não é necessário mentir e
deixar a impressão de ele foi para o Céu. Sua mensagem deve ser para os
vivos.
Se você não conhecia muito bem a pessoa falecida, procure saber
seu nome completo, como também os nomes de familiares que possivel-
mente serão mencionados na mensagem. Enquanto espera o começo do
culto, não se encolha num canto nem fique olhando para as paredes.
Aproveite o tempo para conversar com não-crentes e confortar amigos e
familiares.
Não faça referências demasiadas à família (nem ao morto nessas
ocasiões). Exalte o Senhor Jesus!

PROGRAMAÇÃO PARA JOVENS E ADOLESCENTES


A igreja pode oferecer bons programas para seus jovens, adoles-
centes e crianças, como por exemplo: Clube Oanse (Obreiro Aprovado
Não Será Envergonhado), Palavra da Vida e outros. Um líder esperto
aproveitará o que há de melhor em cada um deles e criará um programa
sob medida para sua turma.
Seja amigo dos jovens da igreja. Respeite-os. Memorize seus no-
mes, lembre-se de alguns de seus passatempos favoritos e inteire-se de
suas vitórias. Elogie-os sempre que merecerem.
Não viva “descendo a lenha” neles nem os menosprezando. Algu-
mas vezes será preciso chamar-lhes a atenção do púlpito, no entanto, os
resultados serão melhores se você conquistar-lhes a confiança e falar
com eles individualmente ou em suas próprias reuniões.
Dependendo de suas condições físicas e idade, participe de todas
as atividades que promoverem. Os adolescentes podem deixar você “es-
gotado”! Mas seja amigo deles e mostre interesse genuíno por eles e
pelo que fazem.
Não permita que o pastor ou líder de jovem organize sua própria
“igrejinha” nem afaste os jovens de você. Comunique-se com ele (ou
com eles) regularmente para inteirar-se do que anda acontecendo e para
que saibam o que você espera deles. Insista com o líder de jovens para
que não ceda um milímetro nos padrões de comportamento estabeleci-
dos pela igreja.
NO MEIO DA BATALHA 289

Seja sincero e honesto com os jovens. Não tenha medo de exigir


que “andem na linha”, seja em matéria de cabelo ou vestimenta. Não
receie ser taxado de “mão de ferro” por se agarrar a padrões elevados de
conduta. Ame seus jovens; ore constantemente por eles; seja absoluta-
mente honesto com eles, e você conseguirá que façam (e sejam) quase
tudo o que desejar.
Falei em uma igreja que possui um grupo de jovens dedicados ao
Senhor. O filho do pastor é um adolescente muito consagrado, e a filha,
de 14 anos, é uma garota bem educada e fiel. O pastor não tem medo de
falar duramente contra o pecado. Ele não faz concessões ao mundo. Cer-
ca de 30 adolescentes se reuniam nos primeiros bancos do santuário, e
ouviam atentamente às mensagens. As brincadeiras e gracinhas eram
mínimas, se é que houve coisas desta natureza. Alguns adolescentes aju-
dam no aconselhamento de jovens que se entregam a Jesus. Outros estão
envolvidos com o ministério de música, transporte etc. Que igreja! Os
garotos se vestem como garotos, e as meninas, com decência e pudor.
Por outro lado, já estive em igrejas onde os jovens se ajuntavam
nos últimos bancos (e alguns se ajuntavam mesmo!) e cochichavam,
davam risadinhas, passavam bilhetes e bagunçavam o tempo todo. Por
que a diferença? Creio que as palavras do Dr. Roberson se aplicam aqui:
“Tudo é culpa ou crédito da liderança”. O pastor deve treinar bem tanto
os pais quanto os filhos de sua igreja. A tarefa exige tempo, sangue, suor
e lágrimas, mas vale a pena!
Tenha paciência com os jovens. Eles enfrentam problemas. Não
perca a esportiva com eles. No entanto, não tente bancar o comediante
nem faça palhaçadas. Seja um servo de Deus exemplar e eles o respeita-
rão. Os jovens esperam que o pastor seja um gigante espiritual. Não os
decepcione.
Mantenha seus próprios filhos nos bancos da frente para que sir-
vam de exemplo aos outros jovens e crianças. Seja sincero com seus
filhos. Explique-lhes que você precisa muitíssimo da ajuda deles e o que
o testemunho deles é importante para Cristo e para o trabalho que Deus
deu ao pai deles. Divida com eles as vitórias de seu ministério e eles o
ajudarão nos momentos difíceis também. Cuide para que seus filhos te-
nham aparência de meninos e que suas filhas se vistam com decência e
feminilidade. O comportamento de seus próprios filhos é meio caminho
andado na edificação de um grupo de jovens compromissados com a
obra de Deus.
290 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Fique de olho no departamento de jovens. Preste atenção aos pro-


jetos que realizam. Recompense-os pelas vitórias alcançadas.
Não procure “entretê-los” o tempo todo. É muito melhor envolvê-
los na conquista de almas e incentivá-los a fazer visitas. Com isso, eles
apreciarão muito mais as brincadeiras e festas que acontecerem.
Mantenha a biblioteca da igreja equipada com bons livros e filmes
evangélicos. Faça intercâmbios com grupos de jovens consagrados e fir-
mes na Palavra. Incentive as competições esportivas saudáveis, desde
que não interfiram nas atividades da igreja e não tomem muito do tempo
deles – e do seu próprio!
Promova conferências de avivamento para seus jovens. Incentive-
os a participar de acampamentos, encontros e retiros. Se for preciso,
peça a membros da igreja que “patrocinem” a viagem dos mais pobres.
Encoraje-os a levantar dinheiro – de modo saudável e cristão – para
estas programações especiais. Leve-os a visitar seminários e faculdades
teológicas para que vejam o que outras centenas de jovens estão fazendo
na causa do Mestre.
Para impedir que sejam contaminados pela música do mundo, pro-
mova seminários de música com profissionais consagrados ao Senhor.
Ensine-os a trilhar no caminho certo, e você não terá de gastar tanto
tempo combatendo os caminhos errados. Desenvolva neles o gosto pela
boa música.
Peça ao ministro de música que, sempre que possível, dê oportuni-
dade aos jovens de participarem nos cultos. Peça-lhes que o ajudem nos
programas de rádio.
Se a igreja oferece transporte para os cultos, deixe que os jovens
organizem o trajeto do ônibus ou vans.
Ofereça-lhes livros que falem sobre namoro e noivado cristãos.
Não tenha medo de estabelecer regras e padrões. Você não perde-
rá o respeito deles com isso. Aliás, eles o admirarão e respeitarão muito
mais.
Promova “dias especiais” para os jovens da igreja. À época de
formaturas, por exemplo, quando as escolas promovem bailes e viagens,
proponha festas bem elaboradas para a turma da igreja. Não é preciso ir
a nenhum restaurante caro (se sua cidade tiver algum). A União Femini-
na mesmo poderá fazer uma refeição tão espetacular que a turma não a
esquecerá tão cedo!
NO MEIO DA BATALHA 291

Deixe que os próprios pais divirtam os filhos pequenos. Natural-


mente a igreja deverá oferecer atividades especiais durante o ano para os
menores, até mesmo porque algumas crianças que freqüentam a igreja o
fazem desacompanhadas dos pais. Porém aconselho que as programa-
ções mais aprimoradas sejam oferecidas aos adolescentes. Mesmo as-
sim, as atividades para os pré-adolescentes devem ser simples; torne-as
mais elaboradas à medida que as crianças vão se tornando mais madu-
ras. Os juniores da atualidade fazem coisas que antigamente eram pró-
prias dos adolescentes. Assim, quando chegam à adolescência querem
fazer coisas de “adultos”! Converse com os pais sobre este assunto.
Crie um plano de memorização da Bíblia para os jovens e mante-
nham-se firmes nele.

“ERGA UMA BANDEIRA PARA O POVO”


(Isaías 62.10)
Inclua no regimento interno da igreja as normas e padrões estabe-
lecidos para diáconos e membros da diretoria. Estabeleça regras de con-
duta para os funcionários, introdutores, membros de comissões e outros
que forem escolhidos para servir à igreja.
Quando eu era pastor, minha igreja sabia muito bem qual era o
padrão de comportamento exigido dos professores da EBD, líderes em
treinamento, líderes de jovens, diretores de departamentos. Quem quer
que se candidatasse a um cargo na igreja recebia uma cópia das normas
e padrões que havíamos estabelecido, e que também incluíam aspectos
como: experiência de salvação, forma de batismo, fé e doutrinas e se-
nhorio absoluto de Cristo. Também declarávamos que:

· A Palavra de Deus exige o abandono de práticas mundanas, tais


como: cinema, dança, baralho etc. (1João 2.15-17; Romanos 12.1-2;
2Coríntios 6.14-17.)

· Tanto 2Coríntios 7.1 quanto 1Coríntios 6.9 mandam que os cris-


tãos tratem seus corpos como templo do Espírito Santo. Bebidas alcoó-
licas e fumo são proibidos.

· Aqueles que ocupam cargos na igreja devem ser assíduos aos


cultos de domingo, da semana e aos especiais também.
292 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

· A doutrina do dízimo deve ser aceita e praticada por todos os


cristãos.

· A Bíblia exige que os cristãos se vistam com decência (1Timóteo


2.9). Sendo assim, temos a convicção de que o uso de shorts e de qual-
quer outro tipo de roupa escandalosa e provocativa não convêm aos cris-
tãos. Em nosso entender, as mulheres não devem usar roupa de homem
nem os homens devem usar roupa de mulher.

· Fofoca, calúnia e crítica destrutiva não têm lugar na vida do cris-


tão.

· Todos os salvos devem se envolver na conquista de almas para


Cristo e na tarefa de visitação, e devem incentivar estas práticas.

· Todos os professores e funcionários têm de participar das reuni-


ões semanais da diretoria da escola. Devem também se engajar com en-
tusiasmo e disposição nas atividades da igreja.
Estas eram algumas das afirmações importantes que faziam parte
de nosso Regulamento Bíblico. Fique à vontade para acrescentar deta-
lhes e outras regras ao que elaboramos. Qualquer candidato a cargos na
igreja ou quem quer que fosse contratado como funcionário da mesma
recebia uma cópia de nosso regulamento. Quando os líderes seguem um
padrão de conduta elevado, os membros da igreja também obedecerão
às normas de comportamento estabelecidas na Bíblia.
Seja fiel a sua consciência, a Deus e à Bíblia. Seja simpático, mas
seja firme.

A ESPOSA DO PASTOR
Os jovens que aspiram ao ministério se preocupem (e com razão)
em achar a esposa certa. O assunto requer muita oração!
Visite faculdades teológicas e seminários cujos pontos de vista e
convicções sejam iguais aos seus. As chances de se encontrar uma jo-
vem consagrada a Deus são bem maiores nesses lugares do que em quais-
quer outros do mundo.
Procure uma jovem que se interesse pelas almas perdidas e que
tenha ideais grandes e nobres. Talvez você até encontre alguém que de-
seje muito ser esposa de pastor!
NO MEIO DA BATALHA 293

Confie e espere pacientemente no Senhor. Não se apresse. Na hora


certa, Deus lhe mostrará a moça certa. Não siga os apelos da carne. Ande
no Espírito.
Quando achar que a garota certa apareceu, não se casem antes de
você a conhecer bem, e também aos pais dela, de saber sobre sua forma-
ção, seus objetivos na vida, seus sonhos e seus desejos. Depois de ter
aceitado a Cristo, o casamento é o passo mais importante que alguém
toma na vida. Casamentos mal feitos já arruinaram a vida de muitos
pastores.
Ore com e por sua “eleita”. Certifique-se de que vocês são compa-
tíveis e de que ambos desejam fazer a vontade de Deus mais do que
qualquer outra coisa na vida.
O que o pastor deve esperar da esposa em relação à igreja? Alguns
pastores exigem muito de suas esposas. Antes de qualquer coisa, permi-
ta-lhe ser esposa e mãe. Claro que ela deve usar seus talentos na obra de
Deus, mas você estará se poupando de muitas dores de cabeça se não a
colocar na linha de frente o tempo todo. Muito ciúme, inveja e confusão
brotam entre as senhoras da igreja quando a esposa do pastor é a dirigen-
te de música ou presidente da União Feminina Missionária. E quando
você abrir os olhos, a situação já estará “preta”. Algumas esposas são de
grande valor para seus maridos porque são professoras da EBD, solistas,
líderes de crianças. Em alguns casos, talvez esta seja mesmo a vontade
de Deus.
No entanto, a maior contribuição que uma esposa de pastor pode
lhe oferecer é ser mãe dedicada, esposa amorosa, cristão fiel e exemplo
gracioso de mulher consagrada, recatada e altruísta.
Não exija o impossível. Não queira que sua esposa realize coisas
para as quais não tenha habilidade ou que a deixem em frangalhos só de
pensar em realizá-las. Se ela o acompanha com freqüência na visitas (o
que deve fazer), é professora da EBD, é assídua aos cultos, recebe bem
as pessoas e ajuda você a se lembrar dos nomes dos membros e dos
visitantes da igreja e de datas importantes, comparece a casamentos e
funerais, atende ao telefone para você, ajuda-o a criar filhos tementes a
Deus, é esposa dedicada e amorosa, é ótima cozinheira e dona de casa,
fique certo de uma coisa: ela está “para lá” de ocupada – e um pouco
mais!
Leia novamente o capítulo 14, que fala sobre o lar e a vida do
pastor. Trate sua esposa como a rainha do lar. Seja amável, gentil e cava-
294 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

lheiro com ela; valorize o trabalho dela. Jamais a humilhe. Encoraje-a


sempre. A parte que lhe toca na vida não é nenhum pouco fácil. Seja
amigo, amante e marido de sua esposa. Ela precisa muito de você!
É importante que ela esteja sempre a par de tudo o que seus filhos
fazem; ajude-a a entender a importância disso. O comportamento dos
filhos tem grande impacto no ministério de um pastor. Não permita que
seus filhos sejam malcriados. Discipline-os em oração; invista todos os
esforço e tempo que puder na educação de seus filhos. As crianças pre-
cisam receber atenção tanto do pai quanto da mãe.
Cuidado com o que você e sua esposa conversam em frente dos
filhos. Aconselhe sua esposa a não ficar muito íntima de membros da
igreja (o conselho vale para você também). É impossível fazer grandes
amizades com uns sem despertar ciúme e inveja em outros. Esta é uma
das grandes aflições do ministério – ser amigável com todos sem ser
amigo íntimo de ninguém. Você e sua esposa gostarão de algumas pesso-
as (e até as amarão) mais do que de outras, todavia, se puder, não deixe
que a preferência seja visível. Amem a Deus acima de tudo e de todos, e
a amizade com terceiros será ainda mais gostosa, mesmo que vocês não
possam expressá-la da maneira que gostariam.

GANHAR ALMAS PARA CRISTO É O QUE REALMENTE


IMPORTA
Um jornal estadual da Convenção Batista do Sul dos Estados Uni-
dos trouxe o seguinte parágrafo a respeito de uma igreja muito importan-
te na Convenção:
O________ (nome do boletim) da Primeira Igreja Batista
de________(nome da cidade) afirma: “Quase todas as áreas de nosso
trabalho estão em franco progresso. A assistência aos cultos aumenta-
ram visivelmente. Os Embaixadores do Rei estão fazendo uma excelen-
te tarefa. Os conjuntos musicais melhoram a cada dia. Estamos criando
grupos de belas-artes, teatro e entretenimento. Nossa igreja continua
cumprindo sua missão na obra de Cristo tanto na comunidade local quanto
ao redor do mundo”!
Não havia uma única palavra sobre a conquista de almas nem so-
bre a pregação e o ensino da Bíblia. Nenhuma indicação de que os cultos
de oração eram importantes ou estavam sendo bem freqüentados. No
entanto, a igreja achava que estava “cumprindo sua missão”. Os líderes
daquela igreja precisam estudar novamente a Grande Comissão dada
por Jesus.
NO MEIO DA BATALHA 295

Eis o que disseram a respeito de John Wesley: “Ele deixou uma


ótima biblioteca, uma toga pastoral surrada, uma reputação achincalhada
e a Igreja Metodista”. Wesley deixou o seguinte conselho aos pregado-
res: “Sua tarefa é ganhar para Cristo o maior número de almas que pu-
der”.
Vance Havner escreveu: “Conhecer a Cristo e torná-lo conhecido
– menos que isto é inútil; mais que isto é supérfluo”.
296 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER
297

Capítulo 22
PERGUNTAS E RESPOSTAS
(O Pastor e Suas Dúvidas)

“Conselhos para nosso próprio bem geralmente não nos fazem bem
nenhum.” – Reader’s Digest. No entanto, os pastores enfrentam dificul-
dades cujas respostas se encontram ou na Bíblia ou são questão de bom
senso ou vêm com a experiência de terceiros. Darei algumas respostas
práticas às dúvidas mais comuns dos pastores.
Os pastores deveriam aprender, com Davi, que é Deus “em quem
eu confio, e que me sujeita o meu povo” (Salmo 144.2). Quando nós
tentamos “subjugá-los” com nossas próprias forças só arranjamos
encrencas. Minha ajuda vem do Senhor. Nós os pastores somos conse-
lheiros espirituais e instrumentos de Deus, contudo “não que tenhamos
domínio sobre a vossa fé, mas porque somos cooperadores de vosso
gozo…” (2Coríntios 1.24).
As perguntas abaixo não estão em ordem de importância, porém
me foram feitas por jovens pastores (e não tão jovens) ou são dúvidas
que, pelo que sei, têm causado problemas a alguns pastores.

TRANSFERÊNCIA DE PASTORADO
1. Quanto tempo devo permanecer na mesma igreja? Como
saber que é hora de mudar de igreja? Com que antecedência o aviso
de saída deve ser dado?
Em um artigo interessantíssimo sobre o assunto, Dr. Truman Dollar
deplora o fato de que atualmente muitos pastores usam uma igreja como
sala de espera e alavanca para outra maior e “melhor”.
“Filho, encontre uma cidade onde fincar suas raízes e permaneça
lá por um longo tempo”, era, de acordo com o Dr. Dollar, o conselho
dado aos jovens pastores nos primórdios da Baptist Bible Fellowship.
Em um artigo publicado no The Baptist Tribune, o Dr. Dollar cita
um número de igrejas grandes e produtivas que gravaram seus nomes na
298 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

história, e acrescenta que todas tiveram pastores que ali permaneceram


de 20 a 27 anos. O Dr. Dollar faz referência à “mentalidade de perma-
nência” dos pastores bem sucedidos em seus ministérios. Ele apresenta
uma lista de razões importantes que mostram por que o pastor deve “sos-
segar num canto” por um bom tempo e dedicar-se a construir um traba-
lho duradouro. O autor faz uma observação maravilhosa: “Muitas vezes,
a liderança pastoral firme fica comprometida por causa da mudança fre-
qüente de pastores... Primeiro faz-se necessário estabelecer uma boa li-
derança para então se resolverem os problemas estruturais. A
credibilidade do pastor diante da igreja não é construída do dia para a
noite. É um processo que exige esforço, oração e sofrimento conjuntos”.
Outras razões apresentadas por Dr. Dollar para a longa permanência em
uma mesma igreja são: amadurecimento pessoal do pastor; entender que
as pessoas são basicamente iguais, não importa o lugar; tornar a igreja
uma parte de sua família; empenhar-se na solução de problemas, e ter a
mesma visão de ministério que Deus tem.
Claro que, às vezes, Deus manda que o pastor se transfira para
outra igreja, especialmente no início do ministério. No entanto, aceite
uma igreja como se pretendesse ficar lá para o resto da vida e só deixá-
la se Deus assim o direcionar. Nem sempre problemas e dificuldades são
sinais de que Deus quer que você se transfira para outro lugar. Quais são
suas razões para deixar a igreja? Você magoou-se porque suas idéias
foram rejeitadas? Aceita o primeiro convite que aparece e manda a es-
posa arrumar as malas enquanto você “ora sobre o assunto”? Você deci-
de largar tudo por causa de um “diácono rabugento”? Esteja certo de que
os mesmos problemas o aguardam em outra igreja.
Naturalmente, algumas vezes, você já terá feito tudo o que havia
para ser feito. Se as evidências externas e a convicção interna indicarem
que é hora de mudar, e um desafio verdadeiro para um ministério maior,
melhor e mais oportuno surgir, analise as possibilidades de mudança. Na
maioria dos casos, porém, são necessários de três a cinco anos no mes-
mo lugar para termos certeza de que fizemos o melhor que podíamos.
Se estiver ansioso para se mudar, não será correto iniciar uma cons-
trução ou qualquer outro projeto trabalhoso pelo qual você não esteja
disposto a ficar e ajudar a igreja em sua execução.
Logo que tomar a decisão de aceitar outro pastorado, dê à igreja
pelo menos 30 dias de aviso prévio; um pouco mais ou um pouco menos
dependendo da necessidade. Provavelmente a igreja não mudará nada
PERGUNTAS E RESPOSTAS 299

até que você saia; e você não se concentrará mais no trabalho atual assim
que se decidir pela mudança.

2. Antes de aceitar uma igreja, o que devo observar e averi-


guar para ter certeza de que ela é a certa para mim?
Espero que você seja investigado com mais cuidado do que a mai-
oria das igrejas o fazem ao convidar um pastor. Porém, do mesmo modo,
você deve examinar a igreja. Procure saber o motivo da saída do ex-
pastor. Descubra de que espécie de mensagens ela gosta e/ou tolera. Per-
gunte sobre o estilo de música apreciado pela igreja e se estão dispostos
a mudá-lo, caso você ache necessário. Procure saber se querem um pas-
tor de verdade ou apenas um “pau-mandado”. A igreja permitirá que
você escolha os evangelistas e conferencistas de sua preferência ou terá
de checar com os diáconos sempre que desejar convidar alguém?
A igreja está disposta a crescer e ramificar-se? Por exemplo, se
você é empolgado com a idéia de um trabalho em escolas públicas, tente
descobrir se o apoiariam nesse ministério. Se Deus colocasse em seu
coração o desejo de construir um acampamento, a igreja o ajudaria no
projeto? Se a igreja tem um programa de rádio semanal e você está con-
vencido de que há campo para um programa diário, converse com a igre-
ja sobre o assunto.
Se existe uma necessidade urgente de mais acomodações, a igreja
concorda em iniciar uma reforma ou construção, caso você se compro-
meta a levar o projeto até o fim? Se sua esposa é uma exímia organista,
qual será a reação da organista atual? O conjunto coral é um campo de
“batalha”?
Como a igreja vê o movimento carismático? Os membros da igre-
ja aceitarão suas correções e advertências em relação ao pecado e falsas
doutrinas?
A igreja é independente ou está ligada a alguma convenção? A
igreja sustenta missionários de sua própria escolha? Qual a opinião da
igreja sobre as escolas evangélicas? A igreja colaboraria com você no
trabalho de visitação e conquista de almas para Cristo?
Como é feita a escolha de diáconos, membros da diretoria e outros
líderes da igreja? Que tradução da Bíblia é usada pela igreja? Preferem
as tradicionais ou usam as “linguagens modernas” que andam por aí?
Gostariam que você colaborasse com a associação de igrejas e pastores
locais e com os movimentos cívicos e políticos da comunidade?
300 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Qual o papel das mulheres na igreja? Os pais o incentivariam quan-


do falasse seriamente com aos jovens sobre decência no vestir, sobre o
viver santo, e sobre a separação do mundo? As famílias apreciariam sua
opinião e conselhos a respeito do estudo e educação dos filhos?
A igreja concordaria em exigir um alto padrão de
comportamento de seus funcionários e líderes? Você terá
liberdade de contratar e demitir seus próprios auxiliares?
Estas são algumas das coisas sobre as quais você deve se informar.
Se você não estiver disposto a abrir mão de suas convicções, talvez seja
melhor começar “do nada” seu próprio ministério!

3. Não é verdade que muitos problemas nas igrejas são causa-


dos pela falta de tato dos pastores?
Pelo que sei, bom senso não é matéria obrigatória em nenhuma
escola! Falta de tato nada mais é do que falta de bom senso. Ao ler este
livro, os pastores descobrirão que muitas das respostas apresentadas são
questão de sensatez. É verdade que muitos pastores não usam o mínimo
de psicologia ao lidar com suas igrejas.
Um pastor sugeriu a uma senhora cujo filho estava sendo malcria-
do e respondão com ela: “Este menino está precisando é de umas boas
palmadas!” E era verdade, no entanto a mãe se ofendeu com a falta de
tato do pastor. Ele poderia ter usado de psicologia e comentado: “As
crianças são bênçãos em nossas vidas e merecem todo amor e cuidado
dos pais, mas não é fácil educá-las; é preciso muita paciência. Tenho um
excelente livro sobre o assunto. Se a senhora quiser dar uma olhadinha
nele, terei prazer em emprestá-lo”. Depois, poderia ter-lhe oferecido um
dos muitos bons livros cristãos que tratam do assunto.
Outro pastor respondeu todo ouriçado a uma “bocuda” de sua igreja:
“Respeito é bom, e eu gosto!”. Ela o havia mesmo desrespeitado, porém
é óbvio que alguém assim não tem o mínimo respeito pelo servo de Deus.
Até certo ponto, o orgulho do pastor levou a melhor na situação. Ele
poderia ter dado “um tapa de luva” na mulher com uma resposta gentil
ou com um elogio que a teria desarmado completamente, e suas palavras
seriam como “brasas quentes na cabeça dela”.
Durante uma reunião, um líder da igreja mandou que outro fosse
“plantar batatas”. A grosseria não o ajudou nenhum pouco a convencer
oponente a aceitar sua idéia!
Use a cabeça; observe as pessoas e peça a Deus que lhe dê amor
PERGUNTAS E RESPOSTAS 301

por elas. Ao passo que você cresce espiritualmente, a “boa psicologia”


virá com a experiência e idade. Estude o livro de Provérbios. Ele é o
manual de psicologia mais completo que existe no mundo!

4. As pessoas reclamam que sou grosseiro em minhas prega-


ções. No entanto, minha única intenção é que vivam de modo que
agradem a Deus. O que devo fazer?
Vivemos numa época em que as igrejas se tornaram tão mundanas
e o mundo se tornou tão “igrejeiro” que mensagens sobre santidade de
vida são bastante impopulares. Deixe os sermões evangelísticos para os
cultos de domingo à noite. Pela manhã, quando geralmente só os “fiéis”
estão presentes, ensine sobre a necessidade de o cristão viver de maneira
santa, diferente do mundo. Nem todos concordarão com você, claro.
Seja paciente ao guiar suas ovelhas na jornada espiritual. Se você puser
a igreja para trabalhar na conquista de almas para Cristo e incentivá-la a
estudar a Bíblia, as mensagens sobre a santidade do viver cristão serão
aceitas de bom grado.
O pastor pode “descer a lenha” o quanto quiser, todos os domin-
gos, nas mulheres que aparecem de calças compridas na igreja. As cren-
tes fiéis não usarão esse tipo de roupa nos cultos mesmo que não concor-
dem plenamente com o que ele disser. No entanto, as pessoas que se
ofenderão – e quem sabe até mesmo deixem de vir à igreja – são exata-
mente as que ainda não se entregaram a Cristo e as que precisam enten-
der verdades espirituais mais importantes do que regras de vestimenta.
Eu usava os cultos da semana e os de domingo de manhã para doutrinar
minhas ovelhas, e explicava-lhes que devíamos ser pacientes com quem
aparecesse na igreja com roupas escandalosas ou espalhafatosas e tam-
bém com os jovens e adolescentes que usavam cabelos compridos. De-
pois de se converterem, as mulheres observavam que as senhoras da
igreja usavam vestidos ou saias nos cultos. A maioria dos jovens cortava
o cabelo depois que se entregava a Cristo. Aqueles que continuavam
cabeludos mudavam-se para outras igrejas, mas pelo menos tínhamos
chance de falar-lhes de Jesus. Em todo esse processo, os membros da
igreja eram fortalecidos em suas convicções sobre o modo de se vestir
do cristão e sobre a necessidade de não termos comunhão com o mundo.
Nas campanhas evangelísticas, não gasto muito tempo pregando
contra homens de cabelo comprido nem sobre mulheres que usam roupa
de homem. No entanto, o auditório compreende a mensagem porque
302 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

sempre enfatizo que “somos novas criaturas em Cristo”. Também conto


ilustrações sobre os depravados e outros tipos de cabeludos, como os
cantores de rock, e faça-o de tal modo que o auditório percebe claramen-
te a diferença. Quando descobrem que podem ser maravilhosamente li-
bertas dos vícios, as pessoas sentem-se mais dispostas a abandoná-los
do que quando um pastor fica o tempo todo lhes azucrinando a vida por
causa do cigarro, bebida e coisas do tipo.
Quando falo às crianças, aconselho-as a nem mesmo gastarem tem-
po pensando nesses vícios nojentos. Durante todo o tempo que estou
falando às crianças, estou pregando aos pais, e eles “engolem” a mensa-
gem porque não querem que seus filhos caiam nos vícios.
Detesto ver mulheres desfilando de calças compridas e outros ape-
trechos masculinos. No entanto, prefiro que ouçam a mensagem do Evan-
gelho de calças compridas do que vê-las caminhando para o Inferno ves-
tidas do mesmo jeito.
Nas mensagens sobre o juízo final, aborde temas como cinema,
dança, rock e coisas do gênero e ilustre seus ensinos com histórias tão
arrepiantes que a turma fique de cabelo em pé só de pensar em participar
dessas atividades.
Mas não faça do “juízo final” o único assunto de seus sermões.
Imite a Bíblia: varie o tema de suas mensagens. Dê à igreja tempo para
aprender e crescer.

5. Como aprender mais da Bíblia? Como esboçar um capítu-


lo? Como não me tornar um pastor “cujo poço secou”?
Este é um pedido e tanto! O melhor jeito de aprender a Bíblia é
“lendo a Bíblia”! Leia, anote, pesquise, ore a respeito do assunto, seleci-
one trechos bíblicos e memorize-os; ponha em prática o que aprender.
Aproveite-se de jornais evangélicos como “O AMIGÃO DO PASTOR”,
por exemplo; estude livros de pregadores especialistas em esboços e
sermões. Varie seus métodos de estudo. Eu leio um pouco do Novo e do
Antigo Testamento todos os dias, e estudo a Bíblia de Scofield. Tenho
sempre à mão uma concordância e um dicionário bíblico, e um bom
dicionário escolar. Faço muitas anotações.
Enquanto estudo, vou observando os trechos que serviriam para
aliteração e renderiam um bom esboço. Algumas vezes, o esboço está
bem ali no texto. Alguns capítulos são mais difíceis; nestes casos não
force um esboço aliterado; se não dá, não dá. Existem ótimos livros de
PERGUNTAS E RESPOSTAS 303

estudos bíblicos nas boas livrarias evangélicas. Contudo, eu pesquisei e


produzi a maioria de meus próprios estudos. Veja as sugestões de livros
do capítulo 20.
Após minha conversão, memorizei 1.500 versículos bíblicos em
dois anos e meio, e isso tem sido de grande auxílio nas minhas pregações
até hoje. Alguns daqueles versículos caem como uma luva para esboços
de sermões. Nada tem me ajudado mais do que memorizar a Palavra.
Para evitar que o “poço fique seco”, o pastor tem de receber tanto
quanto oferecer. Medite na Palavra. Passe tempo a sós em comunhão
com Deus. Peça que o Senhor o mantenha alimentado. Planeje séries de
mensagens que obriguem você a estudar bastante. Leia os sermões dos
grandes pregadores sobre diferentes assuntos e vá anotando idéias e ilus-
trações. Não permita que seu coração deixe de amar e buscar os perdi-
dos.

6. Devo permitir que os membros da igreja me chamem sim-


plesmente pelo nome?
Acho que não; devem chamá-lo de “pastor Nelson” (se este for o
seu nome) e não simplesmente de “Nelson”, quer dirijam-se ou refiram-
se a você. Recomendo aos pastores que chamem suas ovelhas de “ir-
mão” ou “irmã”. Este tratamento evita intimidade desnecessária. “Se-
nhor” e “senhora” mostram respeito e consideração aos irmãos mais ve-
lhos. Mesmo que alguém dispense ser chamado de “senhor” ou “senho-
ra”, você deve continuar sendo chamado de “pastor”. É importante que
os membros da igreja respeitem seu cargo e sua autoridade. Isso não
significa que você seja orgulhoso ou “o todo poderoso”, mas que é um
servo de Deus e pastor do rebanho, e que as ovelhas devem tratá-lo com
todo o respeito. Viva bem perto de Deus, e seu rebanho não considerará
você como “mais um dos nossos”.

7. Devo dedicar-me apenas à “pregação da Palavra” e deixar


de lado a cruzada contra o mundanismo e a imoralidade?
Certamente a salvação de almas e a pregação bíblica devem ter
prioridade em seu ministério. No entanto, ao estudarmos a Bíblia perce-
bemos claramente que Deus se preocupa também com as questões mo-
rais. A História – tanto bíblica quanto secular – mostra que as nações
que viveram como os Estados Unidos vivem hoje foram destruídas. Se
as coisas continuarem no caminho que estão, logo perderemos a liberda-
304 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

de de culto; já não podemos ensinar a Bíblia nas escolas públicas como


fazíamos antigamente. Assim, por questão de sobrevivência, TEMOS
de tomar uma posição firme nesse aspecto. A Bíblia (particularmente o
Antigo Testamento) mostra que os verdadeiros profetas e os reis indica-
dos por Deus fizeram alguma coisa contra a idolatria, o homossexualismo,
as autoridades corruptas e a matança dos inocentes.
Para mim, o pastor que enfia a cabeça na areia e alega não ter sido
chamado para falar contra a sodomia, o aborto, a pornografia e o alcoo-
lismo que tomam conta do país, está fugindo de sua responsabilidade.
É verdade que alguns pastores exageram na “cruzada” contra o
mundanismo e acabam negligenciando o próprio rebanho. Isto também
não está certo. Peça a Deus que lhe dê equilíbrio no ministério. Mas é
preciso combater o pecado! As forças do mal estão determinadas a des-
truir nossas igrejas e escolas.
O tão conhecido “Gay Rights” (Direitos dos Homossexuais) não
teria sobrevivido se os pastores dos Estados Unidos tivessem levantado
suas vozes e alertado as igrejas sobre o que estava acontecendo. Poderí-
amos ter incentivado as mulheres de nossas igrejas a protestarem tão
ferozmente contra a pornografia nas bancas de revista e outdoors que a
sujeira teria de, pelo menos, ser vendida às escondidas. Se os pastores
tivessem agido mais rapidamente, os crentes fiéis já teriam dado cabo
dos palavrões e das vulgaridades que povoam os meios de comunicação
do país, e a coisa não teria ficado tão feia como está. Os milhares de
crentes de nossas igrejas deveriam ter “pegado firme no pé” dos deputa-
dos e senadores e exigido leis mais rigorosas a respeito do aborto, direi-
to dos homossexuais, pornografia e bebidas alcoólicas. Se realmente in-
citássemos nossas ovelhas contra o pecado, políticos liberais (e talvez
insanos?) jamais seriam eleitos para cargo nenhum. Poderíamos ter im-
pedido que o mal que assolou nosso sistema público de ensino fosse tão
catastrófico. Estamos acomodados e deixando que os corrompidos ga-
nhem terreno e que os “açougueiros” matem bebezinhos antes mesmo
que tenham a chance de nascer. Nossas igrejas dificilmente nos ouvem
esbravejar contra estes males.
Graças a Deus, há tempo para agirmos. Se nos apressarmos, os
pastores deste país ainda terão chance de mudar a situação. Sem dúvida
nenhuma, devemos nos preocupar com questões morais, e temos de man-
ter nossas igrejas informadas sobre o que anda acontecendo por aí!
PERGUNTAS E RESPOSTAS 305

8. Devemos deixar claro logo de início que somos uma igreja


fundamentalista, bíblica e pré-milenista ou é melhor que as pessoas
descubram por si mesmas?
Depende do lugar onde vocês estão. Se estiverem em meio a igre-
jas liberais e condescendentes com o mundo, talvez seja melhor esclare-
cer sua doutrina e pontos de vista logo de cara. A questão para mim é
que todas as igrejas batistas deveriam ser fundamentalistas e bíblicas; as
outras é que se desviaram; nós, fundamentalista bíblicos, somos as ver-
dadeiras igrejas batistas. Nosso nome pode atrair batistas famintos pela
mensagem bíblica, e com isto temos a oportunidade de acolher muitos
batistas de outras convenções (cansados de tanto liberalismo) e ofere-
cer-lhes uma igreja bíblica e idônea.

9. Os pastores devem se envolver em política e “fazer propa-


ganda política”?
Fazer “propaganda política” não, mas orar pelo país e pelo Presi-
dente, quer em particular ou em público, sim. Acho também que o pastor
deve manter os membros da igreja informados sobre questões morais e
assuntos que envolvam seus direitos e deveres de cidadãos. Em época de
eleições, o pastor deverá incentivar a igreja a orar sobre o destino do
país e (sem fazer discurso político ou partidário) orientar os irmãos para
que votem em candidatos conservadores e descentes.

10. O pastor deve ser específico em suas mensagens contra o


pecado e o mundanismo ou deve falar de um modo geral, como mui-
tos fazem?
O pastor tem de erguer sua voz como uma trombeta e anunciar “ao
meu povo a sua transgressão” (Isaías 58.1). Se o pastor não falar espe-
cificamente contra o cinema, bailes, rock, depravação, droga, bebida al-
coólica, cigarros etc, o povo não prestará muita atenção em suas mensa-
gens. Dê duro no pecado, mas não fique batendo na mesma tecla sem
parar. Não tente provar que você consegue ser muito chato quando quer.
Seja sensato. Mostre às ovelhas o quanto são amadas e elas entenderão
que você denuncia o pecado porque não quer que nenhuma delas se per-
ca. Ao perceberem que você age e fala motivado pelo amor e por desejar
o melhor para todos, um dia (e pode até ser logo) as pessoas lhe agrade-
cerão por ter sido honesto e corajoso ao lidar com elas.
306 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

11. É apropriado usar ilustrações pessoais, falar de coisas que


realmente me aconteceram?
Certamente, e muito apropriado, mas não se exagere! Referências
pessoais em excesso podem deixar a impressão de que você se acha
simplesmente o máximo! Deixe o “Eu” de lado tanto quanto possível.

12. Como posso conseguir melhores resultados nas visitas que


faço? O tempo parece sempre tão curto. É necessário visitar os mem-
bros da igreja regularmente?
Não é fácil mostrar interesse pessoal em tanta gente ao mesmo
tempo. Procure visitar todos os membros da igreja pelo menos uma vez.
Mantenha-se informado sobre os doentes; as pessoas com problemas
sérios; os fracos na fé e os afastados. Se visitar estas pessoas e também
os não-crentes, você já estará para lá de ocupado! Jeremias 23.1-2 mos-
tra o que Deus pensa dos pastores que não visitam suas ovelhas e, com
isso, permitem que elas se desviem a procura de outros pastos. Esteja a
par do que acontece com seu povo. Mas é difícil conseguir isto sozinho.
(Releia o capítulo 11, que fala sobre visitação.) Treine os diáconos e
outros líderes para que o ajudem na tarefa. As pessoas geralmente sen-
tem mais carinho e gratidão pelo pastor que as visita quando estão doen-
tes. Parentes e amigos também ficam felizes quando o pastor incentiva a
igreja a orar por seus entes queridos enfermos, quando avisam que o
doente já sarou ou quando dão informações sobre o paciente. No entan-
to, não é necessário apresentar “uma lista de supermercado” sobre as
doenças e males que afligem uns e outros.
Num mundo cheio de gente perturbada e sem rumo na vida, os
pastores jamais conseguirão pôr as visitas em dia. Todavia, alguns de
nós têm problemas nesta área porque gastam tempo demais em uma úni-
ca casa. Seja breve; explique o motivo de sua presença, ore e “tchau”!
Não se deixe tentar pela vontade de ficar um pouco mais e “jogar con-
versa fora”.

14. Devo usar as versões “populares” da Bíblia ou manter-me


fiel à tradução de Ferreira de Almeida?
Meu conselho é que fiquem com a tradução de Ferreira de Almeida,
por ser mais confiável e esmerada. Incentive os crentes novos, e até mesmo
os visitantes, a que levem suas Bíblias aos cultos. Eu tenho usado outras
versões somente em meus estudos particulares.
PERGUNTAS E RESPOSTAS 307

15. O que faço para que conferencistas famosos preguem em


minha igreja?
Para começar, eu deixaria que eles marcassem a data que lhes fos-
se mais conveniente. Depois lhes escreveria honestamente sobre meu
ministério e minha admiração por eles; daria informações sobre a igreja
(tamanho, localização) e falaria de minha certeza sobre o quanto ajuda-
riam o meu rebanho. Deixaria claro que a igreja cobriria suas despesas
de viagem e hospedagem e que faríamos todo o possível para que sua
estada conosco fosse a melhor possível. Também lhes asseguraria de
que não pouparíamos esforços para que a cidade inteira ficasse sabendo
da série de conferências e de que nos empenharíamos para que o templo
estivesse cheio todas as noites. Deus levantou grandes pregadores em
nosso meio. Cabe a nós fazer as coisas do jeito certo.

16. Um pastor fundamentalista poderia fazer parte de clubes e


associações políticas?
Não vejo como um pastor consegue tempo para estas coisas. Eu
jamais faria parte de qualquer organização onde situações embaraçosas
ou comprometedoras pudessem me acontecer. Evite toda e qualquer apa-
rência do mal. Se você deseja mesmo ser bem sucedido no ministério
pastoral, não se envolva em coisas que tomem muito de seu tempo. Não
fomos chamados para ser “gente-fina e bem relacionada em todas as
camadas sociais”, mas sim para sermos pregadores e líderes espirituais.

17. Por que, muitas vezes, os membros da comissão que me fez


o convite para ser o pastor da igreja são os primeiros a se voltar
contra mim?
Talvez essas pessoas tenham maior capacidade de avaliação e se-
jam decisivas nos negócios da igreja, e é exatamente por estas qualida-
des que foram escolhidas para fazer parte da referida comissão! E pode
ser que se sintam responsáveis por você estar na igreja e pensem que têm
o dever de “policiar” seu trabalho. Talvez achem que agora se sairão
melhor e queiram tentar novamente.

18. Por que, com freqüência, os crentes mais velhos ficam ma-
goados quando os mais novos e os recém-chegados se tornam ativos
na igreja?
Infelizmente isto acontece, mas não deveria. Os irmãos mais ve-
lhos que se dedicaram para que a igreja chegasse onde está hoje, às ve-
308 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

zes, sentem-se ameaçados com a presença de líderes mais jovens e com


menos “tempo de casa”. Normalmente as pessoas de meia-idade (tanto
homens quanto mulheres) estão passando por mudanças que as deixam
mais sensíveis e nervosas, de qualquer maneira. Se forem tão consagra-
das quanto parecem, elas dominarão os sentimentos e ressentimentos
contra terceiros. No entanto, alguns crentes mais velhos perdem o pri-
meiro amor e não oram nem leiam a Bíblia como deveriam. Ore por
essas pessoas, seja paciente com elas e procure compreendê-las. Ocupe-
as na obra mesmo quando líderes novos e dinâmicos aparecerem. Fique
longe de situações que gerem mal estar entre as ovelhas. Se quiser evitar
desavenças familiares na igreja, não coloque muitos “índios da mesma
tribo” para trabalhar juntos. Se a igreja possuiu uma escola, não convide
esposas de membros da diretoria para serem professoras, coordenado-
ras, diretoras. Não permita que uma pessoa fique em um mesmo cargo
tanto tempo que a única maneira de removê-la de lá é num caixão.

19. O que devo fazer para não ser interrompido a toda hora?
Algumas vezes elas são instruções divinas. Na maioria dos casos,
o pastor tem de “ir de acordo com a maré”. Mas uma secretária esperta e
uma esposa atenta podem “peneirar” os telefonemas e poupá-lo dos “car-
nes de pescoço”. Aprenda a encurtar o papo de quem fala e fala, mas não
tem nada realmente importante a dizer. (Veja os capítulos 2 e13.)

20. Sinto-me desanimado e sem energia para cumprir todas as


minhas tarefas.
Faça um exame de saúde completo anualmente. Deixe a gula de
lado. Alimente-se de modo saudável. Coma bastante proteína, verduras
e legumes crus e uma porção de salada, seja de frutas ou legumes. Beba
muito suco de frutas cítricas. Cuidado com os doces! Pão branco e açú-
car refinado não fazem muito bem à saúde, segundo os entendidos. Nin-
guém precisa ser fanático por nutrição para fazer refeições equilibradas;
só precisa ter bom senso. Talvez você esteja com falta de vitaminas. Não
use café e alimentos estimulantes como muleta ou substitutos da dieta
equilibrada e saudável. Evite alimentos gordurosos e frituras.
Faça exercícios aeróbicos quatro ou cinco vezes por semana; ca-
minhe e encha os pulmões de ar fresco, corra, ande de bicicleta; é impor-
tante fazer musculação e abdominais também. Um programa equilibra-
do de exercícios físicos manterá você em forma e disposto a lutar contra
PERGUNTAS E RESPOSTAS 309

os Golias que lhe aparecerem pela frente. A não ser que você dê longas
caminhadas, nenhum exercício precisa tomar muito de seu tempo. Faça
caminhadas rápidas e vigorosas. Jogar futebol é um bom exercício e não
precisa necessariamente durar 90 minutos. Lembre-se: consulte seu mé-
dico antes de começar a “mexer o esqueleto” – principalmente se é se-
dentário – e se decidir fazer dieta para perder peso. Não durma de mais
nem de menos. “ …desejo que te vá bem em todas as coisas, e que te-
nhas saúde…” (3João 2).

21. Pego-me repetindo as mesmas coisas e as pessoas me lem-


bram que “já lhes contei este fato antes”. Como evitar este “vexa-
me”?
Arquive suas mensagens e anote onde foram pregadas. Quando
era pastor, eu sempre escrevia num canto da página das ilustrações (ou
dos recortes de jornais ou revistas) a data em que foram usadas em mi-
nha igreja. Agora que sou conferencista, tenho algumas ilustrações que
uso em diferentes sermões e faço as devidas anotações para saber onde e
quando usei determinado material.

22. Como devo agir quando um ex-pastor visita a igreja?


Esta é uma coisa que nenhum pastor deveria fazer, mas infeliz-
mente muitos fazem. Se o antigo pastor é um homem de Deus muito
respeitado pela igreja, e fez ali um bom ministério, você só terá a ganhar
se o elogiar, recebê-lo gentilmente, pedir que ore nos cultos e que pregue
de vez em quando. Quem gostava dele gostará ainda mais de você. Mas
quando você se tornar o ex-pastor, aconselho-o a ficar fora do caminho
de seu substituto e não lhe causar problemas nem tentar lhe dar conse-
lhos que não foram pedidos. Eu procuraria ir o menos possível a uma ex-
igreja. Agora é a vez do novo pastor receber o afeto das ovelhas. Você já
teve sua oportunidade. Caso você tenha deixado a igreja por causa de
problemas, o melhor mesmo talvez seja não colocar mais os pés lá.
Não concorde em realizar casamentos nem aceite compromissos
que sejam da competência do pastor atual. Não aceite honrarias que per-
tençam a ele!

23. O que os pastores mais negligenciam em detrimento pró-


prio?
Não sei, mas acho que é a oração. É tão fácil preenchermos nossos
dias com todos os tipos de atividades e deixarmos a vida de oração à
310 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

míngua. Depois da oração, penso que o interesse pelas almas perdidas e


pela visitação aos membros da igreja e interessados é o que mais sofre.

24. Qual a pior característica em um pastor fundamentalista?


Talvez seja a preguiça! Ouvi uma senhora contar como ficou es-
pantada com o aparente descaso dos pastores do lugar para onde havia
se mudado. Alguns só conversavam sobre pescaria, futebol e política!
Não é nem preciso perguntar por que suas igrejas não cresciam! Algu-
mas vezes eu me sentia como um ladrão por tirar um dia de folga na
semana.

25. Como adquirir autoconfiança?


Nada prospera tanto quanto o sucesso. Continue estudando suas
mensagens e não deixe de fazer visitas; não desista até ver resultados.
Cada vitória será um incentivo a mais. Leia e ouça bons autores
motivadores. O livro de Provérbios não pode ser esquecido. Estude a
vida dos homens bem sucedidos da Bíblia, como Paulo, José, Moisés,
Davi, Samuel, Abraão. A questão é mais de confiança em Deus do que
de autoconfiança!

26. Como iniciar e organizar uma igreja?


A Convenção ou Associação Regional a que pertencemos certa-
mente sabe quais as cidades ao redor que não têm igrejas de nossa de-
nominação e também saberá como melhor orientá-los. Você também
poderá fazer uma pesquisa de campo. Muitas cidades necessitam de igre-
jas fundamentadas na Bíblia. Reúna um grupo (mesmo que pequeno) de
gente interessada em espalhar o Evangelho e saiam a fazer visitas. A
partir daí, o trabalho será muito e será difícil! Algumas igrejas tiveram
seu início na sala de visita de alguém, em garagens alugadas, escolas,
hotéis. Assim que as pessoas notarem que o grupo está crescendo, que
vocês fazem um trabalho sério e que vieram para ficar, elas confiarão em
vocês e mostrarão desejo de fazer parte do trabalho. Ganhem almas para
Cristo. Quando o grupo estiver estabelecido, comecem a rascunhar um
estatuto e regimento interno e pensar em construção. Vocês podem es-
crever o próprio estatuto e regimento interno e desenhar a própria plan-
ta, mas é sempre bom dar uma olhada no que outras igrejas
fundamentalistas já fizeram.
PERGUNTAS E RESPOSTAS 311

27. É verdade que os pastores são os piores motoristas que


existem?
Infelizmente ouvi que sim. Os pastores deveriam ter fama de se-
rem motoristas sensatos e responsáveis. Há pastores que se gabam de
“voarem baixo no asfalto”. Além de isto ser um péssimo testemunho
também é um péssimo negócio. Não imitem o andar furioso de Jeú (2Reis
9.20). Planos de saúde e companhias de seguro afirmam que os pastores
lhes dão prejuízos. Leia novamente a resposta da pergunta 20. Cuide
bem da saúde, e será mais fácil manter a sanidade mental! Pior ainda,
alguns pastores são péssimos pagadores. Não é de admirar que os des-
crentes fiquem admirados!

28. Quais as sete áreas mais importantes na preparação de um


jovem pastor?
Em meu entender são: 1) CORAÇÃO. Certifique-se de estar real-
mente salvo e em comunhão com Deus. “Bem-aventurados os limpos de
coração.” 2) MENTE. Estude, leia, pesquise, treine. Matricule-se numa
boa faculdade ou seminário fundamentalista que enfatize a conquista de
almas para Cristo e a importância da comunhão com Deus. 3) ALMA.
Ore, medite na Palavra, enriqueça sua vida espiritual. 4) PÉS. Gaste as
solas dos sapatos fazendo visitas, testemunhando de Cristo, ganhando
almas. 5) BOCA. Fale de Cristo nas praças, cadeias, fábricas, lojas – em
todos os lugares que lhe abrirem as portas. 6) MÃOS. A palavra “consa-
gração” significa “mãos cheias”. Sirva ao Senhor, não se recuse a fazer
tarefas humildes, não fuja do trabalho duro. 7) TEMPERAMENTO.
Aprimore sua personalidade. Aprenda a rir de si mesmo e com os outros.
Deixe o azedume de lado. Veja os acontecimentos pelo ângulo da fé e do
otimismo. Trabalhe com alegria. Quando a situação ficar “preta”, dê uma
boa gargalhada. Olhe sempre adiante!

29. Como lidar com os divorciados da igreja? Até que ponto


devem ser envolvidos na obra?
Conheço uma igreja que acabou se dividindo porque um líder achou
por bem ensinar que os divorciados não poderiam nem mesmo ser mem-
bros da igreja! Se os divorciados não podem trabalhar na obra, o que
fazer com os que já roubaram, xingaram, mentiram e cobiçaram uma
mulher? Devemos excluir todos os membros que já fumaram ou bebe-
ram? Se fizermos isto, nossas igrejas ficaram vazias e teremos de fechar
as portas.
312 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

Permitíamos que divorciados trabalhassem na igreja quando con-


firmávamos que agora eram cristãos consagrados e firmes em Cristo.
Alguns cantavam no conjunto coral e outros trabalhavam com as crian-
ças. Um de nossos mais fiéis membros do conselho diretor da escola era
casado com uma divorciada que ele conhecera antes de se converter. Um
jovem muito consagrado carregava o peso da solidão porque sua esposa
havia caído no pecado e fugido com outro homem. Não sei por que de-
veríamos penalizar ainda mais um inocente não permitindo que servisse
à igreja. No entanto, por causa do bom testemunho e para que não cau-
sássemos tropeço a ninguém, não permitíamos diáconos divorciados,
mesmo que a separação não tivesse sido culpa dele. Sei que 1Timóteo
3.12 dá margem a várias interpretações, contudo, em caso de eleição de
diáconos e ordenação de pastores, achávamos melhor prevenir do que
remediar.

30. Minha igreja não permite que eu faça conferências em ou-


tros lugares ou participe de qualquer tipo de reunião que seja. O
que devo fazer?
Comece a “fazer a cabeça” de alguns diáconos e outros líderes.
Convença-os de que se der uma “saidinha” de vez em quando, você se
fortalecerá e crescerá como pastor. Não abuse de seus privilégios, mas
seu ministério não sofrerá se você sair duas ou três vezes por ano para
fazer conferências, desde que tenha alguém de confiança para ficar em
seu lugar. Sua igreja participará das bênçãos advindas das almas que
você ganhou para Cristo em outros locais. Mostre-lhes que estarão cola-
borando com outras igrejas se permitirem que você fique fora alguns
dias em séries de conferências, seminários etc. Os pastores dedicados
gastam entre 50 e 70 horas trabalhando na Causa e precisam de “um
tempo”, mesmo que seja em retiro de pastores e seminários bíblicos. Vá
com calma em sua tarefa de mostrar essas verdades a seus líderes. Leve-
os a perceber que um pastor fiel e dedicado raramente tem um dia
inteirinho de folga, por mais que tente. Se você convencer alguns líde-
res-chave, eles cuidaram dos outros. Do mesmo modo, você conseguirá
convencer a igreja a pagar seu plano de saúde, prestações de uma casa e
coisas parecidas.

31. Somos muito fracos em relação à música. Não importa o


que façamos, somos sempre criticados. E o que fazer quando a irmã
“Taquara Rachada” pede para fazer um solo?
PERGUNTAS E RESPOSTAS 313

Leia cuidadosamente o Capítulo 7, que fala sobre a música na igreja.


Varie a seleção de hinos. Escolhas músicas que sejam realmente signifi-
cativas, que sejam entendidas. Não deixe que o ministro de música caia
na rotina. Antes de uma apresentação instrumental, anuncie o nome do
hino e, se for pouco conhecido, leia uma ou duas estrofes. O auditório
deve ser saber que ouvirá uma música sacra e saber a que ela se refere.
Infelizmente em algumas igrejas a música é uma tragédia. Alguns pasto-
res e regentes acham que o auditório é composto só de matutos.
Segundo o pastor Al Bradshaw: “Quando a música despenca a
igreja despenca também”.O Dr. Victor Sears afirma em seu artigo
“Modernism Takes a New Form” (A Nova Cara do Modernismo) que o
modernismo esgueirou-se para dentro da igreja em produções mundanas
conhecidas como música contemporânea ou soft rock (rock light) acom-
panhadas de playback barato produzido por grupos medíocres em estú-
dios de quinta categoria. “O tom sensual, a cadência selvagem e o estilo
cabaré apelam à carne e não ao espírito...esse tipo de música foi maqui-
nado no Inferno, propagado entre os carismáticos e publicados por suas
editoras. Até as igrejas fundamentalistas e outras que repudiam os ensi-
nos carismáticos a respeito do dom de línguas, curas, milagres estão
cantando essas músicas. Algumas pessoas afirmam que esse tipo de
música evangélica tem o mesmo ritmo ao som do qual dançavam antes
de se converterem. O tom sensual, mundano enoja qualquer cristão fiel e
certamente é repulsivo aos ouvidos do Deus Todo-Poderoso. Oriente
sua igreja. Ajude suas ovelhas a cultivar o gosto pela boa música”.
Se a igreja tiver um ministro de música, deixe que ele cuide da
irmã “Taquara Rachada”. Se quiser poupar o domingo do Senhor, talvez
você tenha de deixar que alguém assim “cante” na união de treinamento
ou no culto de oração da semana. Quem sabe ela não ache seu lugar no
conjunto coral sem arruiná-lo totalmente! No entanto, se ela é ruim de-
mais, você não tem outra saída a não ser explicar-lhe – mesmo correndo
o risco de magoá-la – que os números especiais já estão todos progra-
mados. Sugira ao ministro de música que programe um “teste musical”
para a escolha de solistas, e assim a irmã “Taquara” será eliminada. Ou-
tra solução é pedir que ela se encarregue do Culto Infantil ou do berçá-
rio, e com isso poupar os ouvidos da platéia.
314 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

32. O que fazer quando alguns membros da igreja se voltam


contra você?
Agradeça por que são alguns e não todos! Se você estiver real-
mente determinado a servir a Deus, prepare-se para a turma do contra.
Como afirma o Dr. Bob Jones, o pai: “As portas do sucesso se abrem
firmadas nas dobradiças da oposição”. Jesus avisou: “Ai de vós, quando
todos os homens de vós disserem bem…”. Mas aprenda com seus
opositores. Algumas vezes eles têm razão no que dizem. Certifique-se
de estar agindo corretamente e de estar dentro da vontade de Deus. Quanto
às críticas, Lincoln dizia: “Se eu tentasse responder a todas as críticas e
ataques que me fazem, não teria tempo para mais nada. Não tenho obri-
gação de agradar as pessoas, mas sim de fazer o melhor que puder. Se no
fim eu estiver errado, nem que dez legiões de anjos jurem que estive
certo vai adiantar. No entanto, se o final mostrar que estive certo, nada
do que foi dito a meu respeito terá valor algum”.

33. Tenho dificuldades em controlar meu gênio. Vivo recla-


mando e também sou agressivo com as pessoas.
Não se esqueça de que você trabalha para Deus, e de que “não
haverá reclamações” (Salmo 144.14). Mostre entusiasmo. Se você for
um cristão alegre e caminhar com Deus, suas ovelhas aceitarão mais
tranqüilamente o que você disser. Seu temperamento não deve ser um
“destempero”. Morra para si mesmo. Muitas vezes nosso gênio está na
carne e não no Espírito. Deixe que a Palavra que você prega “agrida” as
pessoas. Não viva de mal com o mundo. Spurgeon afirmou: “Pega-se
mais moscas com mel do que com vinagre”.

34. Como manter as coisas sob controle? Esmoreço


facilmente.
Torne-se dono da situação. Organize seu dia e seu trabalho, e não
se esqueça das horas de lazer. Levante cedo e...mãos à obra. Não fique
zanzando para lá e para cá reclamando da vida. Spurgeon sentenciou:
“Ai do pastor que se atreve a perder uma hora”. Alimente-se bem e faça
exercícios; mantenha-se em forma e saudável.
Cuide da correspondência! Force-se a realizar esta e outras tarefas
que talvez sejam difíceis para você. Alguns diretores de faculdades in-
sistem com os alunos para que façam algumas matérias das quais não
gostam. Domine a situação; não deixe que ela domine você. Se você
PERGUNTAS E RESPOSTAS 315

detesta fazer visita a hospitais, cantarole e regozije-se a caminho de lá.


Agradeça a Deus porque você é o visitante e não o visitado.
Ore enquanto trabalha. Viva na presença de Deus. A batalha é dEle,
não é sua. Se houver perdas materiais, lembre-se de que, na verdade,
tudo pertence a Ele. Deus pode repor qualquer coisa. Não viva na me-
lancolia. Não tente abraçar o mundo com as pernas. Leia a história de
Jetro e Moisés. Moody aconselhou: “É melhor fazer dez homens traba-
lharem do que fazer o trabalho de dez homens”.
Fique de olho em você mesmo. Vasculhe sua vida e dê cabo da
preguiça, inveja, orgulho, luxúria, cobiça, distrações, vaidade, glutonaria.
“Aquele pois que cuida estar em pé, olhe não caia” (1Coríntios 10.12).

34. Muitos missionários reclamam de serem negligenciados por


pastores e igrejas. Como consertar este relacionamento?
É triste, mas acontece. Alguns missionários voltam para casa e são
praticamente ignorados pela igreja. Mais uma vez, está nas mãos da li-
derança reverter a situação. Os pastores devem incentivar suas ovelhas a
demonstrar amor pelos missionários através de orações e correspondên-
cias. Os pastores devem programar uma bonita e entusiasmada recepção
para os missionários em visita à igreja. Dê –lhes todo o tempo que preci-
sarem para falar sobre o trabalho que realizam.
Certifique-se de que a hospedagem foi preparada. Pense nas ne-
cessidades dos missionários enquanto estiverem em sua igreja. Talvez
do que mais precisem é descansar. Alguns precisarão de transporte, cui-
dados médicos e dentário.
Não abandone o missionário à própria sorte depois do culto. É
impressionante ver quantos pastores agem assim. Fique junto ao missio-
nário (ou peça a um diácono para fazê-lo) e observe como é pequeno o
número de pessoas que o cumprimentam e dão-lhe boas-vindas. É uma
tristeza! Parece incrível, mas, às vezes, ninguém se lembra de que o mis-
sionário que está fazendo uma visita rápida à igreja também precisa al-
moçar, jantar ou tomar café! Incentive seu pessoal a convidar os missio-
nários para uma refeição. Os membros de sua igreja se beneficiarão muito
com a visita. Confeccione um mural missionário para a igreja e mante-
nha-o atualizado e bem à vista.
O pastor pode ajudar o missionário de muitos jeitos, como, por
exemplo, buscá-lo na igreja onde está ou na rodoviária; levá-lo à próxi-
ma igreja onde deverá se apresentar; enviar-lhe um mapa com todas as
316 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

informações sobre como chegar ao templo; oferecer-lhe um computador


para checar e-mail etc.
Inúmeras vezes missionários me disseram como se sentiam felizes
em receber cartas enviadas por mim, seu pastor. Eles pareciam tão feli-
zes com o fato de um pastor lhes escrever que minha impressão era que
bem poucos o faziam. Os missionários já têm problemas e desafios de
sobra. Não precisamos aumentar-lhes a carga com nossa negligência.

36. Por causa da situação econômica, algumas igrejas estão


diminuindo suas áreas de trabalho. Alguma sugestão?
Não desperdicem nada. Verifiquem se não há torneira pingando,
descarga vazando, ventiladores ligados ou luzes acesas em salas desocu-
padas. Não contratem profissionais para trabalhos que possam ser exe-
cutados por membros da igreja. “De grão em grão a galinha enche o
papo”, ensina o ditado popular.
Para outras informações em como manejar as finanças da igreja,
leia os capítulos 6 e 21 deste livro.

37. O que o pastor deve fazer quando percebe que cometeu


uma asneira e tomou uma decisão errada?
Todos nós “pisamos no tomate” de vez em quando. O melhor mes-
mo é reconhecer o erro. O rebanho aprecia esta atitude, principalmente
nos pastores mais jovens. Precisamos nos humilhar uma vez ou outra.
No início de meu ministério, em meio a uma crise, disse à minha
igreja algumas coisas totalmente desnecessárias, e meu comportamento
foi lastimável. Em princípio eu estava certo, mas na prática eu deveria
ter agido de outro modo.Um irmão mais velho e experiente me alertou
que, por causa de meu cargo, eu estava numa enrascada. Ele também me
explicou que “quanto mais alta sua posição, mais solitário você fica”, e
que todo líder, pastor, presidente, gerente tem de tomar decisões que
desagradam muita gente. Disse ainda que eu seria um fracasso como
pastor seu não conseguisse “segurar a barra” quando o caldo entornasse
e se “perdesse os cadernos” diante de críticas e problemas. Ele estava
absolutamente certo ! Portanto, se você tem certeza do que está fazendo,
vá adiante e gentilmente mostre o caminho, mesmo que algumas pessoas
se aborreçam. No entanto, quando perceber que “deu o maior fora”, en-
gula o orgulho, peça perdão, volte atrás e comece tudo de novo em outra
direção. Estude 1Crônicas 10.7-13. Podemos aprender bastante com os
irmãos mais velhos.
PERGUNTAS E RESPOSTAS 317

38. As igrejas ao meu redor estão sempre brigando e dilace-


rando-se por uma coisa ou outra. Como um pastor inexperiente sabe
de que lado deve ficar?
Acho melhor você ficar do lado de Deus! Tenho à minha frente
um jornal com uma foto de milhares de carismáticos na chuva, em frente
ao Congresso em Washington, capital dos Estados Unidos. Trata-se da
marcha “Washington para Jesus”. Eles agitam os braços e “falam em
línguas”, informa a reportagem. A foto está estampada na primeira pági-
na do jornal. Os organizadores esperam a adesão de milhares de outras
pessoas. Quando os jornalistas quiseram saber contra o que o grupo pro-
testava, foram informados de que “não protestavam contra nada! Esta-
mos indo lá por Jesus”. Com o país mergulhado no pecado, alcoolismo,
devassidão e na “lei de Gerson”; em uma terra que já foi cristã, mas que
agora ridiculariza a Bíblia; em uma nação embrenhada em pornografia,
aborto, corrupção e degradação, aqueles crentes não tinham nenhum
motivo para protestar! No entanto, havia milhares deles de mãos dadas,
gritando e “falando em línguas”. Meu coração se aperta quando penso
que é para este tipo de coisa que o mundo olha e define como “Cristia-
nismo”! Enquanto isso, nós, crentes fundamentalistas, que cremos na
Bíblia, não nos reunimos para nada porque vivemos discutindo, man-
chando a reputação uns dos outros e criticando quem não faz as coisas
do nosso jeito.
Com o passar do tempo, percebi que depois de todos os fatos e
evidências virem à tona, a maioria das fofocas e calúnias feitas a pasto-
res e outros líderes cristãos eram mentiras. Com a maturidade aprende-
mos a ser mais cuidadosos e a não abraçarmos qualquer turma
aniquiladora que aparece à nossa frente. Não permita que ninguém pen-
se por você ou escolha seus amigos.
Claro que devemos nos posicionar contra o mundanismo, a here-
sia e as seitas religiosas. Aqui a história é outra. Contudo, mesmo discor-
dando em alguns pontos de vista, podemos nos juntar a outros crentes
para lutarmos contra o comunismo, a bebida alcoólica, a pornografia, o
aborto, o homossexualismo e outras coisas do tipo. Há muitos cristãos
dedicados no mundo, pessoas que amam ao Senhor de verdade, que têm
métodos diferentes dos meus. Talvez eles ainda não tenham aprendido
algumas das coisas que Deus já me ensinou. Entretanto eu não preciso
detestá-los nem denegri-los. É possível que eles saibam coisas que eu
ainda não sei e que Deus os esteja usando para alcançar pessoas que eu
318 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

não alcançaria. Nunca vi um monumento construído em homenagem à


recriminação.
Spurgeon afirmou: “Uma das marcas da condenação é ter os lábi-
os em chama e a alma congelada. Deus nos liberta do refinamento exces-
sivo e da superficialidade… Conheço um grupo de religiosos que, tenho
certeza, nasceram de uma mulher, mas parecem ter sido amamentados
por uma loba… Nossa tarefa não é sair pelo mundo à caça de heresias,
como se fôssemos cães farejando ratos; também não podemos ser tão
seguros de nossa infalibilidade a ponto de erguermos estacas eclesiásti-
cas com o propósito de calcinar nas brasas do zimbro da discriminação
desenfreada e da suspeita cruel as pessoas que discordam de nós”
(Spurgeon’s Lectures [Preleções de Spurgeon]).
Dr. Jack Hyles, em sua grande mensagem “A Doce Vingança”,
adverte-nos de que esse negócio de doce vingança não existe, e que quan-
do fazemos alguém “pagar pelo que fez” ou “damos o troco merecido”,
ficamos com o sabor vazio da vingança na boca. Ele nos lembra que
José, Abraão e Davi agiram movidos pela graça, compaixão e misericór-
dia ao se depararem com seus inimigos. Dr. Hyles afirma: “Nossos ser-
mões podem ser maravilhosos, porém jamais nos levarão à altura espiri-
tual que alcançamos quando desistimos de nos vingar de nossos inimi-
gos”. Ele continua dizendo que nunca somos tão fundamentalista como
quando imitamos Jesus em sua oração: ‘Pai, perdoa-lhes, pois não sa-
bem o que fazem”!
Charles Finney declarou: “Falar a verdade com a intenção de pre-
judicar é o mesmo que caluniar”!
Li o seguinte em algum lugar: “Desprezo os homens que censuram
e rebaixam os homens cujos empreendimentos os elevaram acima dos
homens que os achincalham e rebaixam”.
Seria bem melhor que os cristãos fundamentalistas, obedientes à
Bíblia, vivessem unidos em um mundo cada vez mais afastado de Deus
e descrente, ou então correremos o risco de “vivermos separados” sem
liberdade nenhuma de abrirmos as portas de nossas igrejas. Basta ter de
lutar contra o pecado, o mundo, a carne e o Diabo. Depois desta luta,
mal terei forças para levantar um dedo contra meu próprio grupo! “So-
mos cooperadores com Deus.”
Um experiente e fiel cristão afirmou em relação à crítica ao próxi-
mo: “Antes de censurar alguém, busque em Deus amor verdadeiro pela
pessoa. Certifique-se de conhecer todos os fatos e ter concedido todas as
PERGUNTAS E RESPOSTAS 319

atenuantes possíveis. Caso contrário, quão ineficaz, quão ininteligível e,


talvez, provocativa a melhor das censuras pode se tornar”.

***********
Para concluir este livro, deixo-lhes um conselho que solicitei a
meu irmão, Howard M. Pyle, pastor experiente e diretor de escola em
Atlanta, Geórgia.
Sua contribuição para “O que todo pregador deve saber” fecha
com chave de ouro tudo o que já foi dito aqui:
Meu conselho aos jovens pastores é que tenham o cuidado de não
imitar nem duplicar o estilo e os hábitos de pastores mais experientes.
Seja você mesmo. Alguns receberam um único talento, outros recebe-
ram cinco talentos e outros receberam dez talentos. Deus requer fideli-
dade sobre o que nos foi dado e não sobre nossa capacidade de nos
igualarmos ao próximo.
Nem todas as igrejas devem organizar uma escola (que pode ser
bênção para uma igreja e praga, difamação e fardo para outra). Nem
todas as igrejas precisam ter vans, programa de rádio e TV campeões de
audiência nem possuir um acampamento. É bem melhor seguir a Deus
do que seguir tradições, costumes e conveniências.
Meu conselho aos jovens pastores é que orem para sentirem inun-
dados de amor por seu rebanho sem jamais ter de sacrificar suas convic-
ções, seus princípios e seu caráter. Fazer o que é certo – mesmo corren-
do o risco de perder amigos e membros da igreja – sempre acaba dando
CERTO. “Nunca sacrifique o duradouro no altar do imediato.” “Faça o
que é certo, mesmo que as estrelas caiam.”
Só teremos a ganhar se colhermos os frutos das experiências e
sabedoria de homens mais velhos que já participaram de inúmeras bata-
lhas. Todos os Timóteos necessitam de um Paulo; todos os recrutas lu-
crarão se derem ouvidos a um general cinco estrelas; e cada pessoa pode
me ensinar alguma coisa – SE eu quiser aprender.
Adicionando:
JAMAIS SUBESTIME:
O Poder de Deus – Efésios 3.20.
A Influência de Satanás – 1Pedro 5.8; 1Tessalonicenses 2.18.
O Potencial da Oração – João 14.13-14.
A Inconstância do Ser Humano – Salmo 118.8-9.
A Fraqueza da Carne – Romanos 13.14.
320 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER

O Valor de uma Alma – Lucas 15.7.


A Recompensa da Entrega – Lucas 3-38.
Depois de dizer tudo o que disse, que Deus coroe de sucesso seus
esforços em se tornar o pastor que Ele quer que você seja!
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322 O QUE TODO PASTOR DEVE SABER
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