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Periodicidade: mensal
Revisão: a revisão dos textos é feita pelo próprio autor, não sofrendo alteração pela
revista (a não ser tão-somente quanto à correção de erros materiais).
Conselho editorial: Ana Cristina da Silva, Leonardo Bruno, Marcelo Bizar, Marco
Trindade e Silvio Marcelo.
Contato: sarausuburbio@gmail.com
EDITORIAL
Vamo que vamo, moçada, aos trancos e barrancos sobrevivemos ao ano de
2019, apesar do cenário totalmente adverso para a cultura, estamos mais vivos do
que nunca, chegamos à derradeira edição do ano.
Antes de mais nada, gostaríamos de agradecer a todos e todas, que
continuam colaborando direta e indiretamente com a Revista Sarau Subúrbio,
principalmente nossos maiores incentivadores, que são nossos leitores.
Não deixem de nos escrever, enviando sugestões, dicas, críticas, pois só
assim nossa Revista se aperfeiçoará.
Desejamos um 2020 de muita paz, amor, poesia, música, e se possível que
todos nós possamos voltar a sonhar com um bom bife à cavalo.
Até o ano que vem, uma ótima leitura!
O Rancho da Goiabada
( J o ã o Bo s c o e A l d i r Bl a n c )
02 - EXPEDIENTE
03 - EDITORIAL
04 - SUMÁRIO
05 - O HAITI É AQUI
07 - RETROSPECTIVA
09 - NATAL!!
10 - LA BAKER NO BRASIL
11 - O SAMBA AGONIZA MAS NÃO MORRE
13 - POETAS DA RESISTÊNCIA
14 - UM LUGAR NO SUBÚRBIO
15 - ESTANTE SUBURBANA
16 - VITROLINHA SUBURBANA
18 -
ALUMBRAMENTO
19 -
PAPAI NOEL VEM PELA LAJE
21 -
CARAVELAS & APARECIDA
22 -
HELENA E SEU BALÉ
23 -
UM DIA ESPECIAL
26 -
GUERRA HÍBRIDA
27 -
PETY, UM ROMANCE
29 -
DA SÉRIE SONHAR NÃO CUSTA NADA 01
30 -
MENTES, SEM SOLUÇÃO
31 -
A TEMPOSIÇÃO DAS ALMAS ÍNCUBAS - A FORÇA ENERGÉTICO-PENSATIVO-
IMAGINATIVA
33 - BLOG DO TIZIU
" O H A IT I É A Q U I"
Ba r ã o d a M a t a
RETROSPECTIVA
Diante de um país
em que as sedes dos poderes
são verdadeiros covis
de inescrupulosos seres
que esvaziam nossos direitos,
inflam nossos deveres
e se alimentam deajeito
para engordarem os seus haveres.
Kaju Filho
NATAL
E o momento se renova
Com a chegada do Natal
De alegrias são os dias
Que nós ansiosos aguardamos...
Junior da Prata
LA BAKER NO BRASIL
Orl a n d o Ol i v e i ra
O SAMBA AGONIZA, MAS NÃO MORRE
Onésio Meirelles
POETAS DA RESISTÊNCIA
Elaine Morgado
UM LUGAR NO SUBÚRBIO
Para os moradores mais antigos do bairro, saudosos dos tempos áureos dos
cinemas de rua, fica a lembrança do Cine Imperator, aberto em 1954, tendo
alcançado a marca de maior sala de cinema da América Latina.
Sofrendo um grande impacto com a abertura das salas de cinema de
shoppings centers, no ano de 1986, o Cine Imperator fechou suas portas devido a
problemas financeiros.
Em 1991 o espaço é reaberto, porém como casa de espetáculo, recebendo
ícones da Música nacional e internacional.
Somente no ano de 2012, que a casa foi reaberta com o status de Centro
Cultural, levando em seu nome uma homenagem ao grande Compositor, ilustre
morador do bairro, João Nogueira.
Consultando o sítio oficial do Imperator, é possível perceber um pouco da
dimensão e da importância que assumiu o espaço:
“Em pouco tempo de reabertura, o Imperator – Centro Cultural João Nogueira
já atingiu números impressionantes e se consolidou como o mais importante centro
de artes da Zona Norte do Rio e um dos principais espaços culturais da
cidade. Em 7 anos, o espaço recebeu mais de 6 milhões de visitantes em
aproximadamente 3700 espetáculos reunidos em diversos segmentos artísticos,
como teatro, dança, musicais, show nacionais e internacionais, cinema, eventos
gratuitos, exposições e muitos outros. Em sintonia com o papel de um Centro
Cultural contemporâneo, o Imperator também desenvolve um projeto de Arte-
Educação, com o objetivo de formar novos talentos e profissionais da arte, cultura e
entretenimento”.
O Imperator funciona de segunda à sexta-feira, na rua Dias da Cruz, nº 170,
Méier.
L P/ C D
INÉDITOS DE JACOB DO BANDOLIM - Déo Rian e Noites Cariocas
Gravadora: Eldorado
Catálogo: 31.80.0360
Ano: 1980
Artistas: Déo Rian
Referência/Tributo: Jacob do Bandolim
FAIXAS
1 Chorinho na Praia (Jacob do Bandolim)
2 Chuva (Jacob do Bandolim)
3 Baboseira (Jacob do Bandolim)
4 Pateck Cebola (Jacob do Bandolim)
5 Horas Vagas (Jacob do Bandolim)
6 Boas Vidas (Jacob do Bandolim)
7 Ao Som dos Violões (Jacob do Bandolim)
8 Feitiço (Jacob do Bandolim)
9 Orgulhoso (Jacob do Bandolim)
10 Saracoteando (Jacob do Bandolim)
11 Quebrando Galho (Jacob do Bandolim)
12 Heróica (Jacob do Bandolim)
FICHA TÉCNICA:
Formação: Déo Rian (Bandolim), Damásio (Violão), Raphael Rabello (7 Cordas),
Julinho (Cavaquinho), Manoel (Violão) e Darly (Pandeiro)
FOI UM SAMBA QUE PASSOU EM MINHA VIDA
DE P O I M E N T O DE E L A I N E M O R G A DO
ALUMBRAMENTO
Leonardo Bruno
PAPAI NOEL VEM PELA LAJE
Era Natal na casa suburbana dos Silva. A árvore simples estava montada, o
peru sendo preparado e as rabanadas sendo devoradas.
Era o ano de 1989 e Sarinha acabara de assistir “Santa Clauss- o Papai Noel”
na Telefunken da sala, a única da casa por sinal.
- Mamãe, não temos chaminé! Como é que o Papai Noel vai entregar os
presentes?
- Ele vem pela laje.
- Pela laje! Como?
- Ele desce pelo buraco que tem na laje.
A irmã mais velha, que já contava com seus treze anos, deu uma gargalhada:
- Essa boba ainda acredita em Papai Noel, hahaha!
Sarinha, na inocência dos oito anos de idade, se sentiu desafiada.
- Ele existe sim.
- Tá, e como é que você sabe? Já viu ele? – retrucou a irmã.
- Não, mas ele existe sim!
A irmã continuou com a cara de riso, sendo repreendido pela mãe:
- Deixe a sua irmã em paz.
Vinte minutos depois o jantar de Natal estava pronto. Em pouco tempo o peru
estava destroçado e todos bem satisfeitos com a comida. Tinha vindo avó, tios e
primos, a casa estava cheia, como em todos os Natais. O tradicional pavê foi
servido, juntamente com a clássica piada.
Sarinha estava meio emburrada num canto da sala e dentro de si estava
decidida a não dormir aquela noite para ver o Papai Noel chegar pelo buraco da laje
e colocar os presentes ao pé da árvore.
- Você vai dormir no seu quarto. A sala já está cheia de gente pra dormir.
A tia mais nova interveio a favor da sobrinha preferida:
- Deixa ela dormir comigo no colchonete, mana. Não tem problema.
- Mas eu não vou dormir, vou esperar o Papai Noel- disse a menina decidida.
A mãe, comovida, deixou.
Depois da meia noite todos foram dormir, menos Sarinha. A menina sentou ao
lado da tia, já deitada,e começou uma luta ferrenha contra o próprio sono.
Não demorou muito, a menina sucumbiu. O pai, saiu do quarto na ponta dos
pés e depositou os presentes embaixo da árvore. Com muito cuidado, ajeitou a filha
no colchonete e colocou junto a ela um bilhete.
Na manhã seguinte, todos empolgados abriram os presentes. Sarinha ficou
chateada ao perceber que não conseguiu ficar acordada para ver o Papai Noel. Mas
percebeu um bilhete perto de si:
“ Eu estive aqui, mas você estava dormindo.
Não fique chateada com isso.
Desci pelo buraco da laje.
Tenha um Feliz Natal
Papai Noel”
An a C r i s ti n a d a S i l v a
CARAVELAS & APARECIDA
C a ra v e l a s
Angola
Brasil
São Tomé e Príncipe
Guiné Bissau
Timor Leste
Moçambique
Cabo verde
Porto
Gal.
......
aparecida
Aparecer para
parecer.
Aparecerpara parecer ser.
só você vê parecer
ser o que se vê.
Nãoparecer mentira
Aparecerimagem
parecer verdade.
Rodolfo Caruso
Poeta todo dia
HELENA E SEU BALÉ
Helena Teodoro
Uma mulher que representa
A força, a fé e a raiz
Na sua escrita determinada
Da filha, da mulher, da mãe
Uma vida cercada de muitas batalhas
E perdas.
Mas em suas mãos aquela que segura
A adaga, o conhecimento ancestral
Em um Balé encantador
Sempre foi a protagonista
Transformando tudo no Saber
Aquelas meninas em sua maioria
Pretas que procuravam o seu lugar de fala
Me lembro na década de 80
Em casa de família sua fala imponente
E certeira sobre as coisas vida
Um olhar para o preconceito, a discriminação
E o Racismo. Um diálogo nem sempre aceito por muitos
E as meninas ali olhando, como eu
E eu pensava quero isto pra mim, quero ver, criar
Construir, este é o caminho...
Estas mulheres de axé me deram muitos ensinamentos.
Com elas a dor se transforma em alegria,
acolhem, transbordam emoção.
Quando chegam à Academia fazem a diferença.
Que sorte a minha conhecer estas mulheres.
A oralidade foi o maior aprendizado
e estão na memória estes seres tão especiais como Helena.
Márcia Lopes
* Esta poesia foi escrita antes da Escritora e pesquisadora Helena Theodoro ser homenageada no
Movimento Cultural de Samba Inédito e Autoral Samba na Fonte. Aonde fiz a abertura no começo do
Evento, Mês da Consciência Negra, Organizado pela Sapateadora e Compositora Munique Mattos com
as demais Compositoras Aurea Estela, Márcia Lopes, Conceição Carlos e Tereza Pedro.
Mais um texto que faço sobre mulheres negras.
UM DIA ESPECIAL
Silvio Silva
G U E R R A H ÍB R ID A
Marcelo Bizar
PETY, UM ROMANCE
C a p í tu l o 1
Segunda-feira.
Pouco mais de 5 horas da manhã e já se podia prever o calor que o dia
reservava.
As ruas do Rio estavam acordando suaves, boêmias, culpa da alma de seus
moradores.
Fernando pedalava sua rotina na bicicleta.
Entregava pães fresquinhos para restaurantes e lojas de Madureira.
Trabalhava na padaria de um senhor português bastante conhecido por sua
dedicação ao samba.
O dinheiro que o português lhe pagava era pouco, mas às vezes tinha sorte e
até ganhava gorjetas, coisa rara pra um entregador de padaria.
Fernando não podia reclamar muito de sua situação, pelo mesmo era o que
pensava. Tinha consciência de sua pouca instrução.
Passava pela Rua Carvalho de Souza. Estava quase deserta. O pouco sinal de
vida era provocado por carros e ônibus que ele observava passarem preguiçosos.
Não dava nem para acreditar que em pouco tempo muitas pessoas estariam
circulando por ali. Apareceriam de repente, como num passe de mágica.
Cruzando uma das ruelas que cortavam a rua, notou que havia uma pessoa
deitada. Resolveu voltar para ver quem poderia ser, se talvez pudesse ajudar. Seria
melhor verificar, afinal ele tinha muitos amigos e conhecidos que conviviam por ali,
morando ou trabalhando. Talvez fosse algum conhecido precisando de ajuda..
Lembrava-se que já passou por uma situação parecida, quando sofreu uma crise de
epilepsia. Mas, não.
Chegando perto do corpo o entregador notou que não era um conhecido, era
uma mulher que se encontrava ali no chão caída.
Ainda não tinha conseguido ver o rosto, mas as belas pernas vestiam meia-
calça saindo de um vestido preto de couro, as sapatilhas eram rosas.
Ela usava também uma jaqueta, por sinal bastante larga, alguns números
acima do seu.Era loura. Estava de bruços.
- Ei, moça, acorde. Ei, moça!
Como ela não mostrou qualquer reação, Fernando resolveu descer de sua
bicicleta e cutucá-la, nada. Ela deve ter bebido muito ontem à noite, pensou. Vou
virá-la, quem sabe assim ela não acorda no susto.
Quando conseguiu virar a moça entendeu por que ela não acordaria de jeito
nenhum. Seu rosto estava sem cor, porcelana. Da boca o sangue se acumulava no
chão.
Antero Catan
DA SÉRIE SONHAR NÃO CUSTA NADA, 01
Pairava um cheiro de ódio, que tinha um quê de enxofre e dava um tom meio
opaco na densa atmosfera.
"É um dono de plano de saúde" disse olhando pra mim um sujeito feroz de cabeça
raspada, enquanto os demais linchadores amarravam o homem no poste, numa
espécie de tribunal macabro.
No meio daquela explosão de ARRULHOS, de repente uma voz insiste no meu nome,
era o amigo da carteira ao lado, que ante a advertência do professor, me trazia de
volta para a aula de Redação Oficial.
Atenciosamente,
Marco Trindade
MENTES, SEM SOLUÇÃO
E o povo oprimindo
Nas ruas, nas vilas, vielas, favelas
Pintam de vermelho uma triste aquarela
De corpos calados caídos no chão
Lucaco
Percussionista e
criador da web rádio
Viva o Samba
FORÇA DA IMAGINAÇÃO
Pazuzu Silva
E E M 2019. . .