1.1- Conceito: regra geral é a aplicação da lei vigente a época dos fatos (tempus Regit actum) 1.2- Exceção é a extratividade: aplicação de uma lei a fatos ocorridos fora do âmbito d sua vigência, realiza-se em dois ângulos. a) Retroatividade da lei penal mais benéfica b) Ultratividade: aplicação da lei penal mais benéfica, já revogada, a fatos ocorridos após o período de sua vigência. 1.3- Abolitio criminis: ocorre quando a lei posterior deixa de considerar como crime certo fato. Extingue a se a punibilidade do agente em qualquer fase do processo. Não subsiste contra o réu condenado nenhum efeito, apagando-se, inclusive o registro constante da sua folha de antecedentes. a) Confronto com a edição de lei penal benéfica (novatio legis in mellius) - quando abranda a punição aumentando o benefício. b) Confronto com a edição de lei penal prejudicial (novatio legis in pejus) – quando o legislador transfere para outro tipo incriminador a mesma conduta, por vezes aumentando a pena. Ex: rapto que foi transferido para o art. 148º, § 1º, com aumento de pena. 1.4- Lei penal benéfica em vacatio legis e combinação de leis – no período de vacatio legis a lei não pode retroagir para beneficiar o réu. Obs.: não pode haver combinações de leis no direito penal. 1.5- Competência para aplicação de lei penal benéfica a) Com o processo em andamento, até a sentença, cabe ao juiz de 1º grau a aplicação da lei b) Em grau de recurso, poderá aplicar a norma favorável o tribunal. c) Trânsito em julgado: o Juiz da execução criminal / tribunal, pela via da revisão criminal. 1.4- crime permanente e a lei penal benéfica: aplica-se a lei nova durante a atividade executória do crime permanente, aquele cuja consumação se estende no tempo, ainda que seja prejudicial ao réu. 1.5- Crime continuado e lei penal benéfica: previsto no art 71 do CP, beneficia o réu na aplicação da pena. Tal se dá quando o agente pratica várias condutas, implicando na concretização de vários resultados, terminando por cometer infrações penais da mesma espécie em circunstâncias parecidas de tempo, lugar e modo de execução, aparentando que umas são meras continuações de outras. Em face disso, aplica-se a pena de um só dos delitos, se iguais, ou do mais grave, se diversas, aumentada de um a dois terços. Aplica-se a lei mais severa, como ocorre no crime permanente. 1.6- Retroatividade da lei processual benéfica: Em regra, as normas processuais são publicadas para vigorar de imediato. A doutrina classifica as normas processuais em: a) Normas Processuais Penais materiais: tratando do status libertatis do acusado (queixa, perempção, prisão cautelar, prisão em flagrante), devem ser submetidas ao princípio da retroatividade benéfica. b) Normas processuais penais propriamente ditas: são vinculadas a procedimentos, aplicando de imediato, não retroage. 1.7- Leis intermitentes: São formuladas para durar um período determinado e breve. Espécies: a) leis excepcionais: são leis feitas para durar enquanto um estado anormal ocorrer. Ex.: calamidade pública b) leis temporárias: são editadas com período certo de duração, dotadas de auto-revogação. 1.7.1- Extensão e eficácia: não respeitam o princípio da retroatividade benéfica. São sempre ultrativas, continuam a produzir efeitos aos fatos praticados durante a sua época de vigência, ainda que tenham sido revogadas. 1.7.2- Normas penais em branco, legalidade e intermitência: são normas penais em branco aquelas cujo o preceito primário (descrição da conduta) é indeterminado quanto a seu conteúdo, porém determinável, e o preceito sancionador é sempre certo. a) Normas propriamente em branco: que se valem de fontes formais homogêneas, em outras palavras, são as que possuem o complemento de igual hierarquia. b) Normas propriamente em branco: que se utilizam de fontes formais heterogêneas, buscam complemento em normas de hierarquia inferior. O complemento da norma em branco é em regra, de natureza intermitente, feito para durar apenas um determinado período. O complemento da norma em branco é sempre ultrativo. Se for de caráter secundário. Ex.: tabela de preço. Se o complemento for parte essencial, haverá retroatividade Ex.:substância que deixa de ser considerada droga.
2-Tempo e lugar do crime.
2.1- Tempo do crime: teoria da atividade. No crime permanente a continuado, se prolonga no tempo, nesse caso é considerado tempo do crime todo os período em que se desenvolver a atividade delituosa. 2.2- Teoria sobre lugar do crime: a) Ubiquidade: Adotada pelo nosso código penal, também chamada de teoria mista, preconiza que o momento do crime pode ser tanto o da conduta, quanto a do resultado. 2.2 Lugar do crime nas infrações penais permanentes ou continuadas: continua-se a adotar a teoria mista, permitindo, portanto, considerar lugar do crime aquele onde se der qualquer ato de execução ou mesmo onde se concretizou o resultado. Ex.: se houver um seqüestro, cujos autores mudam de local do cativeiro a todo momento, passando por várias cidades até que soltam a vítima, o lugar do crime é qualquer um daqueles por onde passou ofendido.
2- Aplicação da lei penal no espaço.
a) Territorialidade (regra geral) b) Extraterritorialidade – exceção: aplicabilidade da lei penal brasileira a crime ocorrido fora do território nacional. 2.1- Princípios: a) Defesa ou proteção: leva-se em conta a nacionalidade brasileira do bem jurídico lesado pelo delito. b) Justiça universal ou cosmopolita: Tem-se em vista punir crimes com alcance internacional c) Nacionalidade ou personalidade: leva-se em conta a nacionalidade brasileira do agente do delito. d) Representação ou bandeira: tem-se em consideração a bandeira brasileira da embarcação ou da aeronave privada, situada em território estrangeiro.
3- Critérios para a extraterritorialidade:
a) Incondicionada: o interesse punitivo da justiça brasileira deve ser exercido de qualquer maneira. b) Condicionada: somente se preencher alguns requisitos.