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INDIVIDUALISMO NÃO É EGOÍSMO

Nossos ouvidos recebem de forma negativa a palavra individualismo, porque a


confundimos com egoísmo, um vício que condenamos mesmo quando vive dentro de nós.

Porém não é bom aceitar como verdade absoluta tudo o que aprendemos na infância.
Convém refletir a respeito daquilo que pensamos saber.

O individualismo está relacionado à individualidade, ou seja, à capacidade de se


reconhecer como unidade, ainda que integrada a um contexto maior – a família, o país, o
planeta. Somos indivíduos com peculiaridades próprias, uma parte única em um
universo composto de pessoas diferentes que partilham interesses comuns.

O individualismo considera legítimo CUIDAR DOS PRÓPRIOS INTERESSES – o que não


significa, em hipótese alguma, prejudicar os direitos daqueles que nos cercam. O
individualista tem uma noção clara dos seus limites. Sem essa consciência da fronteira
que separa os DIREITOS ALHEIOS dos seus, ele não conseguiria se distinguir do todo e
perderia seu individualismo.

Nossa sociedade valoriza intensas trocas de sentimentos e idolatra as pessoas que se


doam SEM MEDIDA e incondicionalmente. Então, o individualista, que não se entusiasma
em trocar, é visto com reservas.

Trata-se de alguém que não espera muito dos outros e prefere dar pouco de si. Esse
comportamento não é egoísmo, embora as pessoas cujas expectativas ele DEIXA DE
ATENDER o vejam dessa forma.

Egoístas são os que defendem profundas trocas de experiências entre as pessoas PARA
TIRAR VANTAGEM, já que exigem muito e dão pouco. Como não sobrevivem sem isso,
acusam de egoísmo quem não aceita as regras desse jogo de dar muito e receber pouco.

O alvo em geral são os individualistas, que não se prestam a esse tipo de MANOBRA. Aos
egoístas não resta outra saída a não ser se aproveitar dos generosos – aqueles que não
se importam em receber muito menos do que seu empenho em doar mereceria.

O egoísta diz “eu me amo” e gosta de apregoar que consegue suprir as próprias
necessidades e ficar bem consigo mesmo. O objetivo desse discurso é ESCONDER A
VERGONHA que sente de sua total dependência – de atenções, de proteção, de
companhia.

Se fosse independente de fato, não precisaria tirar vantagem dos relacionamentos. Na


verdade, gostaria de ser individualista, de ter força suficiente para bastar a si mesmo, de
agüentar com dignidade as dores inerentes à vida, de poder escolher entre trocar ou não
experiências.

O individualista possui essa força, enquanto o egoísta o imita exibindo uma energia que
NÃO POSSUI.
Por isso, o egoísta se apropria daquilo que NÃO LHE PERTENCE: precisa guardar uma
cota extra para suprir sua incompetência em lidar com a vida.

Faz isso porque é um fraco. Conhece suas limitações emocionais e padece


de INVEJA dos que são verdadeiramente independentes. Tenta incorporar suas atitudes
e até convence muita gente de sua independência. Mas não engana nem a si mesmo.
O individualismo propõe a autossuficiência e isso abre várias portas. P.ex.: cria a atmosfera
propícia para que as pessoas vivam bem sozinhas.

O individualismo favorece o avanço moral na direção da justiça: o egoísta nunca é


individualista, pois não tem a autossuficiência necessária.

Pessoas com tendência mais generosa, ao viverem sozinhas, aprendem a cuidar melhor
de si mesmas e dedicar suas energias em benefício próprio.

O fim da dualidade generoso (o que se envaidece ao dar demais) x egoísta (o que precisa
receber) talvez seja o melhor fruto do individualismo.

Pessoas mais competentes para viver sozinhas costumam ser mais rigorosas ao escolher
seus parceiros sentimentais: isso também é muito bom.

Há um aspecto muito negativo derivado do avanço da individualidade: ele tem a ver com
a enorme diminuição das ações ligadas à solidariedade.
INDIVIDUALISMO NÃO É EGOÍSMO
Individualismo é uma palavra que provoca polêmicas e mal-entendidos.
Penso que, quando isso acontece, é porque o termo está sendo usado com múltiplos
significados, o que desencadeará emoções diferentes de acordo com o modo como cada
um a entenda.

Individualismo é palavra que determina juízo negativo quando é usada como sinônimo de
egoísmo. O mesmo acontece quando ela é usada para descrever uma pessoa
incompetente para relacionamentos afetivos e para uma adequada integração em grupos
de convívio.

Vale a pena uma reflexão mais rigorosa a respeito do tema, especialmente porque temos
vivido uma fase da nossa história na qual cresce a tendência na direção do individualismo.

O INDIVIDUALISMO TEM CRESCIDO BASICAMENTE EM FUNÇÃO DOS AVANÇOS


TECNOLÓGICOS QUE NOS LEVAM A PASSAR CADA VEZ MAIS TEMPO EM
ATIVIDADES SOLITÁRIAS, tais como o uso do computador, de ‘mp3 player’, de jogos
eletrônicos etc.; isso desde os primeiros anos de vida.

É fato também que a disponibilidade da maioria das mães diminuiu porque elas hoje
também trabalham fora de casa. Além disso, é cada vez mais difícil para as crianças
conviverem com outras da mesma idade de forma espontânea, já que as ruas não são
mais o ‘playground’ que eram.

PODEMOS DEFINIR O INDIVIDUALISMO COMO A CAPACIDADE DE EXERCER A


PRÓPRIA INDIVIDUALIDADE. É curioso porque a palavra individualidade tem conotação
positiva, como a conquista de um estado de autonomia.

NASCEMOS TOTALMENTE SEM IDENTIDADE E EM ESTADO DE FUSÃO COM


NOSSAS MÃES. LEVAMOS MAIS DE 20 ANOS PARA COMPLETAR O PROCESSO DE
DESENVOLVIMENTO INTERIOR QUE DEFINIRÁ NOSSA INDIVIDUALIDADE.

Ela é, talvez, uma das nossas maiores conquistas: conseguimos finalmente nos
reconhecer como um ser autônomo, com pensamento próprio e pontos de vista
construídos a partir de nossas próprias vivências – é claro que influenciado por tudo o que
nos cerca.

A INDIVIDUALIDADE NOS FAZ CONSCIENTE DE NOSSA CONDIÇÃO DE


SOLITÁRIOS, de que todos os contatos que estabelecemos com “os outros” é um tanto
precário, que nem sempre somos tão bem entendidos como gostaríamos, isso porque o
modo de pensar de cada cérebro é único e a comunicação nem sempre se estabelece.

POR ANOS LUTAMOS CONTRA A SENSAÇÃO DE SOLIDÃO DETERMINADA PELA


CONSTITUIÇÃO DA NOSSA INDIVIDUALIDADE. Creio que nós, como espécie, ainda
lutamos contra essa condição e só estamos nos aproximando dela em virtude dos avanços
tecnológicos que estão nos “forçando” a dar continuidade ao processo de emancipação
que sempre tendemos a interromper.

OS PROCESSOS CONTRÁRIOS À INDIVIDUALIDADE FAZEM PARTE DO


FENÔMENO AMOROSO, DA TENDÊNCIA QUE TEMOS DE NOS ACONCHEGAR
INICIALMENTE EM NOSSAS MÃES E DEPOIS EM SEUS SUBSTITUTOS ADULTOS –
RELACIONAMENTOS AMOROSOS, PATRIOTISMO ETC.
Ao nos colocarmos como defensores do amor e das tendências gregárias que dele
resultam, nos posicionamos, nem sempre de modo consciente, contra o desenvolvimento
da nossa individualidade. Passamos a considerá-la como nociva ao bem comum, como
algo que nos impediria de pensar também no próximo.

PARA PRESERVAR O TERMO “INDIVIDUALIDADE”, ALTERA-SE O FOCO DAS


CRÍTICAS PARA OUTRA PALAVRA COM SIGNIFICADO SEMELHANTE. AQUELES
QUE SÃO FAVORÁVEIS ÀS CAUSAS COLETIVAS SE COLOCAM CONTRA O
INDIVIDUALISMO – QUE SIGNIFICA APENAS O EXERCÍCIO DA INDIVIDUALIDADE,
ALGO QUE ELES MESMOS CONSIDERAM POSITIVO.

Compreendo a aflição das pessoas diante de um ponto de vista novo e aparentemente


contraditório com o que se habituaram; ou seja, de que o individualismo implica em
egoísmo e descaso pelo outro.

Do meu ponto de vista, porém, não vejo nenhuma contradição entre o exercício pleno da
nossa individualidade e o desenvolvimento do sentido moral e de solidariedade social. AO
CONTRÁRIO, TENHO OBSERVADO QUE O INCOMPLETO DESENVOLVIMENTO
EMOCIONAL DAS PESSOAS – O QUE, NA PRÁTICA, IMPLICA NO NÃO
ATINGIMENTO DO ESTÁGIO INDIVIDUALISTA – ACABA POR PROVOCAR
CONDUTAS MORALMENTE DUVIDOSAS.
ASSIM SENDO, NÃO SÓ NÃO CREIO QUE O INDIVIDUALISMO NÃO É SINÔNIMO E
NEM IMPLICA EM EGOÍSMO COMO É FORTE A CONVICÇÃO QUE TENHO NA
DIREÇÃO OPOSTA: O EGOÍSMO DERIVA DA IMATURIDADE EMOCIONAL QUE SE
CARACTERIZA PELO INCOMPLETO DESENVOLVIMENTO DA INDIVIDUALIDADE.
O egoísta não pode ser individualista porque ele tem que ser favorável à vida em grupo já
que não tem competência para gerar tudo aquilo que necessita. É do grupo – ou de
algumas pessoas pertencentes ao grupo – que irá extrair benefícios.
O EGOÍSTA É AQUELE QUE PRECISA RECEBER MAIS DO QUE É CAPAZ DE DAR.
É UM FRACO E NÃO UM ESPERTO. OU MELHOR, É ESPERTO PORQUE É FRACO E
PRECISA USAR A INTELIGÊNCIA PARA LUDIBRIAR OUTRAS PESSOAS E DELAS
OBTER O QUE NECESSITA E NÃO É CAPAZ DE GERAR. O EGOÍSTA TEM QUE SER
SIMPÁTICO E EXTROVERTIDO. NÃO É ASSIM PORQUE GOSTA DAS PESSOAS E
DE ESTAR COM ELAS. É ASSIM PORQUE PRECISA DELAS E TEM QUE SEDUZI-LAS
COM O INTUITO DE EXTRAIR DELAS AQUILO QUE NECESSITA.

Uma outra forma de imaturidade emocional, menos dramática que o egoísmo, é a


generosidade.

O GENEROSO PRECISA SE SENTIR AMADO E BENQUISTO. PARA ATINGIR ESSE


OBJETIVO FAZ QUALQUER TIPO DE CONCESSÃO. O EGOÍSTA PERCEBE ISSO – É
ESPERTO E ATENTO A TODAS AS OPORTUNIDADES DE SE BENEFICIAR – E
TRATA DE OBTER OS FAVORES PRÁTICOS QUE O GENEROSO ESTÁ DISPOSTO A
PRESTAR COM O INTUITO DE SE SENTIR ACONCHEGADO.
Compõe-se uma aliança sólida e nociva entre esses dois tipos de pessoas imaturas e
dependentes: o egoísta DEPENDE PARA ASPECTOS PRÁTICOS DA
SOBREVIVÊNCIA E O GENEROSO DEPENDE PARA ASPECTOS EMOCIONAIS DE
ACONCHEGO E DE NÃO SE SENTIR SOZINHO.
Esse tipo de aliança define um tipo comum de elo amoroso que E. Fromm chamava de
sadomasoquista: O SÁDICO É O EGOÍSTA E O MASOQUISTA O GENEROSO. Existe
uma interdependência na qual o mais poderoso – porque o menos imaturo – é o generoso
ou o masoquista. Sim, porque até mesmo no sadomasoquismo sexual quem dá as cartas
é o masoquista!

Há 40 anos venho tentando desvendar e desfazer essa trama, a meu ver muito duvidosa,
que se estabelece entre os “bons” – generosos – e os “maus” – egoístas. Há mais de
quatro décadas luto contra essa dualidade que não tem nos levado a parte alguma e que
se transmite, através do exemplo, de geração em geração.

HÁ DÉCADAS TENTO VER O QUE EXISTE PARA ALÉM DO BEM E DO MAL. TENHO
BUSCADO COM TENACIDADE E PERSISTÊNCIA UM MODO DE SER QUE SEJA
VERDADEIRAMENTE MORAL E NÃO ESSE PADRÃO QUE DÁ VIRTUDE À
GENEROSIDADE E QUE IMPLICA OBRIGATORIAMENTE NA EXISTÊNCIA DE IGUAL
NÚMERO DE EGOÍSTAS. A GENEROSIDADE NÃO É VIRTUDE PORQUE ELA SE
EXERCE PERPETUANDO O MODO DE SER EGOÍSTA DAQUELE QUE É SEU
BENEFICIÁRIO.
CONSIDERO IMPORTANTE DISTINGUIR GENEROSIDADE DE ALTRUÍSMO: ESSE
ÚLTIMO CORRESPONDE A AJUDA ANÔNIMA A TERCEIROS DESCONHECIDOS OU
POUCO CONHECIDOS, DE MODO QUE NÃO IMPLICA NO REFORÇO DO EGOÍSMO,
JÁ QUE NÃO EXISTE TROCAS ÍNTIMAS.

Egoísmo e generosidade interagem e se reforçam de modo negativo nas relações íntimas


entre casais, entre pais e filhos, entre sócios e na sociedade como um todo.

Há décadas venho afirmando que o egoísmo só irá desaparecer quando desaparecer a


generosidade. Ou seja, o parasita só desaparecerá quando não houver mais hospedeiro a
ser parasitado. Assim sendo, todo aquele que defender a generosidade como virtude
estará indiretamente defendendo a existência de egoístas!
A SUPERAÇÃO DA DUALIDADE EGOÍSMO-GENEROSIDADE CORRESPONDE AO
MODO DE SER QUE CHAMO DE JUSTO: AQUELE NO QUAL NÃO SE RECEBE MAIS
DO QUE SE DÁ, MAS TAMBÉM NÃO SE DÁ MAIS DO QUE RECEBE.

O justo terá que ser um indivíduo independente, tanto do ponto de vista prático como
emocional. Não poderá necessitar de ninguém para as questões práticas da
sobrevivência, como é o caso do egoísta. Não poderá necessitar de ninguém do ponto de
vista do aconchego emocional, como é o caso do generoso. ISSO NÃO SIGNIFICA QUE
NÃO DESEJE ESTABELECER ELOS NOS QUAIS HAJAM TROCAS DE TODOS OS
TIPOS. TROCAS JUSTAS.

Não se deve desprezar também a diferença entre necessidade e desejo. No caso do


desejo, o que está em jogo é o prazer e não a necessidade, de modo que tendemos a ser
muito mais cuidadosos na “contabilidade” que envolve as trocas com os que nos cercam.

PESSOAS MADURAS EMOCIONALMENTE GOSTAM DE SE RELACIONAR SOCIAL E


AFETIVAMENTE. POR NÃO PRECISAREM VITALMENTE DAS OUTRAS PESSOAS
NÃO SÃO OBRIGADAS A ESTAR COM ELAS O TEMPO TODO, COMO COSTUMA
ACONTECER COM OS EGOÍSTAS, MAIS IMATUROS E DEPENDENTES.
Pessoas mais maduras gostam também de ficar consigo mesmas, com seus
pensamentos, seus sonhos, suas músicas, seus livros, etc. Pessoas mais maduras são
aquelas que desenvolveram mais firmemente sua individualidade e chegaram a um modo
de ser que lhes agrada; assim, conviver consigo mesmas também é um bom programa!

PESSOAS MAIS MADURAS SÃO, POIS, INDIVIDUALISTAS, AQUELAS QUE


EXERCITAM COM PRAZER SUAS INDIVIDUALIDADES.
Costumam preferir um convívio social mais restrito, de modo que são mais exigentes na
escolha dos seus amigos e conhecidos. Outras não se sentem muito gratificadas com as
interações humanas e pode muito bem ser que prefiram uma vida mais solitária.
Especialmente aquelas que já se conciliaram com essa peculiaridade da nossa condição.

SIM, PORQUE É PROVÁVEL QUE UMA DAS RAZÕES PELAS QUAIS TEMOS
DEMORADO TANTO PARA ATINGIR ESSE ESTÁGIO QUE PODE SER CHAMADO DE
NASCIMENTO EMOCIONAL DERIVA DA NOSSA DIFICULDADE DE ACEITAR A
CONDIÇÃO DE SERES ÚNICOS E SOZINHOS.
Nascemos fisicamente no momento do parto e só depois de vários meses conseguimos
nos reconhecer como separados de nossas mães, o que corresponde ao nascimento
psicológico.
Parece que precisamos mais de 20 anos para que aconteça o nascimento emocional, isso
para aqueles poucos que conseguem chegar até aí!

REAFIRMO MINHA CONVICÇÃO QUE O INDIVIDUALISMO CORRESPONDE AO


ATINGIMENTO DA MATURIDADE EMOCIONAL, CONDIÇÃO INDISPENSÁVEL PARA
O ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES AFETIVAS DE QUALIDADE E TAMBÉM O
SURGIMENTO DE UM EFETIVO AVANÇO MORAL ENTRE NÓS.
Essa é a boa notícia que deriva das dramáticas e nem sempre adequadas mudanças que
temos acompanhado nos últimos 50 anos. Espero que tenhamos tempo para vê-la
florescer, o que só acontecerá se o mundo não acabar justamente em mais uma guerra
entre o “bem” e o “mal”!

EGO CENTRADO -

Certa vez, declarei não ser egoísta, mas ter o ego centrado. Me explico, ou melhor, Flávio
Gikovate, psicoterapeuta, explana bem o que eu gostaria de dizer com essa frase, no artigo
“INDIVIDUALISMO NÃO É EGOÍSMO”. Nele, Gikovate faz a distinção entre o
individualismo e o egoísmo. O individualismo está relacionado à individualidade, ou seja,
a capacidade de nos reconhecermos como unidade mesmo diante da multiplicidade,
enquanto o egoísmo está atrelado às pessoas que querem mais receber do que doar.

O individualismo ocorre quando a pessoa é naturalmente altiva, preferindo conservar suas


reservas para momentos e relacionamentos nos quais ela se dispõe a partilhar interesses
comuns. Não se trata de ser interesseiro, pois o interesseiro está apenas disposto a
“SUGAR” o que o outro tem a lhe oferecer. É direito do individualista cuidar do que lhe
valha contanto que não venha a prejudicar ninguém – eles tem noção de seus limites.

É natural que, em um mundo em que a pluralidade cada vez mais reina, soe estranho
quando não agimos de forma idolatrada a todos aqueles que clamam por ajuda. Penso
que, se ajudássemos a nós mesmos, criássemos autonomia, o mundo seria muito melhor.
Por que? Porque não posaríamos de vitimas. Não nos manifestaríamos como coitados.
Sim, somos frágeis, mas é no reconhecimento de nossas fraquezas que nós podemos nos
impulsionar para uma ação redentora.
Ninguém quer demonstrar fragilidade e por isso usa a fantasia de egoísta. Será que ser
servido é realmente melhor que servir?

Não estarei sendo egoísta se eu pouco esperar dos outros e dar pouco de mim aos
mesmos. Não quero cobrar o que não posso dar. Os egoístas se aproveitam dos
generosos – daqueles que não se importam com a gratidão. Daqueles que não visam a
moeda de troca. O problema é que o egoísmo não se limita a meros favores – ele
sequestra, ele ilude, manipula – dá a sensação de autossuficiência, quando, na verdade,
se fosse, não precisaria usar suas artimanhas para ludibriar os bondosos.

Gikovate diz que o egoísta “CONHECE SUAS LIMITAÇÕES EMOCIONAIS E PADECE


DE INVEJA DOS QUE SÃO VERDADEIRAMENTE INDEPENDENTES.” Podem até se
expressarem autônomos, mas não se enganam. Sofrem calados. Não aceitam ajuda se
não a tiver pedido. Perdem-se nas suas frustrações porque não querem admiti-las. São
super-homens, mulheres-maravilha, mas não são homens super nem maravilhas de
mulher.

O individualista tem consciência do seu ego e utiliza-o para tomar posse de si e se tornar
uma pessoa – com máscara irretirável . O egoísta tem o próprio ego girando em torno de
si – sua identidade não tem concretude.

O egoísta é marcado pelo “EU”. O individualista é o “Nós” unificado. Em qual perfil você se
encaixa? Parece não haver meio termo. Escolho dar o melhor de mim, mesmo se o
reconhecimento não aceitar o convite da minha festa chamada vida. E nesta, só
permanecerá quem estiver disposto a ser (a)gente.
COMO FORTALECER O SEU EGO

Num mundo dominado por religiões e pela vontade de poder sobre os outros nada mais
natural que a palavra egoísta tenha virado sinônimo de arrogante, egocêntrico, insensível
e até mesmo mau. Mas o que seria o ego? Com certeza há várias definições dentro da
psicanálise, mas pelo menos para esse artigo a nossa definição será bem simples:

EGO = sua personalidade, seu caráter ou o seu EU verdadeiro, ou seja, aquele que você
enxerga quando olha para dentro de si mesmo e não aquele que você deduz através de
estímulos externos.

Como sabemos, é plenamente possível alguém possuir uma imagem para a sociedade
que está em conflito com o seu ego. É muito simples e fácil representar um personagem
para usufruir da aprovação alheia, sem se preocupar com os efeitos que essa contradição
possa ter sobre o seu ego. O virtuoso, dirá a maioria, é aquele que consegue se libertar
do seu próprio ego, suprimi-lo até um ponto em que ele não mais incomoda adquirindo
assim a consciência da sua insignificância e da sua verdadeira missão nesse mundo que
é servir ao próximo. E aquele que é servido agradece gerando assim satisfação para o
altruísta que passa a se julgar virtuoso e merecedor de aprovação divina. Um excelente
marketing, mas será que o produto na prática entrega o que promete?

Pessoas que abraçam essa idéia são extremamente frustradas e chatas, pois desejam
para os outros algo que elas próprias não conseguem realizar. Quanto mais se dão conta
da dificuldade dessa tarefa, mais suprimem o seu ego na esperança de um total
desprendimento sobre si mesmo. Reclamam do mundo egoísta, que “se afastou de Deus”,
como se eles possuíssem o bastião da virtude, como se fossem seres humanos mais
elevados. Com uma rápida olhada pelo mundo dos últimos 2000 anos constata-se que a
tática dessa gente gerou poucos resultados práticos, a não ser guerras por poder e
dominação, mas é claro que a culpa é dos seres humanos pecadores que estão em um
nível mais baixo de espiritualidade.

Dentro desse contexto podemos definir o egoísta como sendo aquela pessoa que valoriza
e procura fortalecer o seu ego. Ele não aceita comprometer o seu ego, pois sabe que um
indivíduo sem ego é apenas massa de manobra dos arrogantes guardiões da virtude. É
um idiota útil sem personalidade, facilmente controlado por terceiros, sejam eles políticos,
religiosos ou essa entidade chamada ’sociedade’. O verdadeiro egoísta não sacrifica o seu
ego, nem solicita o sacrifício de outros egos pela sua causa. Ele não se submete nem
domina. Ele é independente. Isso não significa que ele é egocêntrico. Ele entende que o
homem é um ser gregário que precisa viver em sociedade para ser feliz. Ele entende a
diferença entre sacrifício e solidariedade ajudando os seus irmãos por livre e espontânea
vontade, pela admiração dos seus valores e do seu esforço honesto ou mesmo por uma
necessidade fortuita.
E COMO FORTALECER O SEU EGO?

 Seja HONESTO: Não esconda quem você é para os outros. Tenha orgulho do seu
ego e haja com honestidade no trato com as pessoas. Seja um livro aberto. Seja
íntegro. Não use uma máscara para distorcer o seu ego perante os outros. Se você
não consegue ter orgulho de quem você é, quem mais poderá ter?

 Tenha CORAGEM: Coragem para ser você mesmo, coragem para assumir as
decisões difíceis que a vida nos coloca diariamente, coragem para enfrentar e
vencer os seus medos, coragem para assumir suas convicções mesmo que elas não
façam parte do bom senso. Tenha coragem de assumir a sua própria felicidade.
Tenha coragem para superar as derrotas e celebrar as vitórias. Tenha coragem de
ousar, de tomar uma atitude. Pessoas corajosas geralmente possuem uma boa
auto-estima independentemente se são bem-sucedidas ou não. Sucesso é um
caminho e não um destino.
 Seja ÉTICO: Aja sempre com a retidão da ética. Ou uma pessoa é ética ou não é
ética. Não há meio-termo ou circunstâncias. Uma pessoa que não é ética também
não pode ser egoísta, pois está destruído o seu ego independentemente do mal que
esteja causando aos outros. Um bandido não tem respeito por si mesmo nem pelos
outros. É um morto-vivo sem auto-estima e pronto para qualquer ato irracional.
 Tenha AUTO-RESPEITO: Use a razão para não cometer atos contra o seu próprio
bem-estar e a sua vida. Não tenha comportamentos auto-destrutivos. Se respeite e
se ame caso contrário ninguém lhe dará nenhum valor.
 Seja DETERMINADO: Siga os seus sonhos, mesmo que tudo conspire contra eles.
Não se apegue às circunstâncias para justificar sua inércia. Respeite os outros, seja
honesto e tenha atitude para fazer o que precisa ser feito. Nunca desista de ser feliz.
Nunca se entregue ao sistema.

Perceba que as características acima provêm do interior da pessoa e não de estímulos


externos. Um ego blindado lhe dará a auto-estima e a força necessária para perseguir o
seu principal objetivo nessa vida que é ser feliz a sua maneira. Você se sente incomodado
por pessoas bem-sucedidas, independentes, felizes, que possuem bons relacionamentos,
vontade de viver e brilho nos olhos? Caso positivo talvez seja o momento de investir em si
mesmo. Seja um bom egoísta e fortaleça o seu ego. O mundo agradece.

AUTODETERMINADO, LUCIDO E ASSERTIVO.

FIRMEZA, OUSADIA E CORAGEM


FORTALECIMENTO DO EGO : AUTONOMIA

O fortalecimento do ego ( ego estruturado ) é a fonte da livre manifestação do homem na


busca de seus reais objetivos. A criatura autônoma na perspectiva psicológica é dona de
si mesma e reúne elementos para o alinhamento mental, que lhe permite alcançar suas
metas. Um ego estruturado, porém, pode nos levar à arrogância, ao personalismo, a auto-
suficiência e a ostentação. Pelo contrário quem se conecta com o SELF divino, capacita-
se para gerenciar suas capacidades internas e adota a humildade como conduta, pois não
sente necessidade de passar uma imagem, mas apenas ser.

Tem consciência de seu real valor na vida. Nem mais, nem menos valor. Apenas o que
realmente é. A autonomia vem da capacidade de libertar-se de padrões idealizados,
assumindo sua realidade em busca do melhor possível. A grande batalha pela autonomia
não está em libertar-se de pressões externas e sim das velhas programações mentais e
gatilhos emocionais que nos escravizam. Somente aprendendo a nos amar,
conseguiremos transformar esses atitudes pessimistas em respeito, reflexão, auto-
avaliação e perdão. A saúde mental surge quando nos livramos dessas estruturas internas
opressoras que são impulsos, condicionamentos, complexos, tendências, clichês
emocionais e intelectuais.

Quando não reconhecemos nosso valor ficamos à mercê do estímulos evolutivos, ou seja,
pessoas, lugares, guias espirituais, cargos, instituições e filosofias que nos dizem o que
fazer e quem somos nós. A autonomia pode ser sintetizada na seguinte frase : " Entrego-
me a mim mesmo e respondo por mim" . Seu princípio básico é : " Somente eu posso dizer
o que quero e interpretar através dos meus sentimentos o que realmente necessito para
crescer".
Individualismo e interesse próprio não são egoísmo
As relações que ocorrem no mercado são constantemente criticadas como sendo a epítome do egoísmo ou
da ganância, recompensando o interesse próprio acima da ética.
Como Friedrich Hayek expôs, "a crença de que o individualismo aprova e estimula o egoísmo humano é
uma das razões principais pelas quais tantas pessoas o desaprovam."

Entretanto, essa crença está errada.

Mercados realmente são formados por pessoas com interesses próprios atuando conjuntamente para
alcançar seus objetivos, e quase sempre sem conhecer umas as outras. Porém, buscar o interesse próprio
não é o mesmo que ser egoísta.

As pessoas têm interesses diversos

Economistas pressupõem que indivíduos possuem interesses próprios. Isso significa simplesmente que
cada indivíduo se importa com um determinado objetivo; e alguns fins importam mais do que outros. A
consequência disso é que cada pessoa prefere ter o controle (o poder para decidir o uso) de mais recursos
do que de menos, pois isso a permite alcançar aqueles objetivos que ela mais valora de uma maneira mais
eficaz do que se ela possuísse menos recursos à sua disposição.

Só que desejar o controle sobre mais recursos para alcançar nossos objetivos não é um pensamento
monomaníaco.

Hayek entendeu essa confusão e escreveu que:

Se dissermos que as pessoas devem ter suas ações guiadas por seus próprios interesses e desejos, esta
sentença será rapidamente mal-entendida ou distorcida pela crença de que as pessoas devem ser
exclusivamente guiadas por suas próprias necessidades ou interesses egoístas, sendo que, na verdade,
significa somente que elas devem ser permitidas a se esforçar para alcançar qualquer objetivo que
julguem desejável.
Se tudo com que um indivíduos se importasse fossem com ele próprio, então aí sim o interesse dessa
pessoa poderia ser igualado ao egoísmo. Mas se alguém se importa com qualquer coisa ou com qualquer
outra pessoa além de si própria, então há várias diferenças fundamentais entre isso e o egoísmo

Quando Madre Teresa, por exemplo, utilizou seu Prêmio Nobel para construir um hospital para leprosos,
ela estava agindo de acordo com seu interesse próprio, pois tais recursos foram utilizados para efetuar algo
com o qual ela se importava. Mas ela não agiu de maneira egoísta.

O livre-mercado força os egoístas a trabalharem pelos outros

Outra maneira de caracterizar essa distinção entre interesse próprio e egoísmo é que, ao passo que pessoas
egoístas têm um interesse próprio (elas só se importam consigo próprias), ter um interesse próprio não
implica ser egoísta. E o interesse próprio, seja ele egoísta ou não, é o que faz com que a cooperação social
seja estimulada e, por conseguinte, terceiros sejam beneficiados pelas interações voluntárias no mercado.

É por isso que mesmo que uma pessoa que esteja no mercado seja egoísta, isso não significa que o mercado
a tornou mais egoísta, e nem que o mercado expandiu o âmbito do egoísmo nas relações humanas.

Para ilustrar isso, suponha que João seja um indivíduo completamente egoísta. Ele só pensa em si próprio
e quer enriquecer rapidamente. Considerando-se que os direitos de propriedade de terceiros são
respeitados, João só pode alcançar esse objetivo se ele induzir todos os outros indivíduos a voluntariamente
cooperarem com ele. Ou seja, João terá de oferecer algo que seja do interesse desses outros indivíduos.

Mais ainda: João só conseguirá isso se o que ele oferecer for melhor do que todas as alternativas
existentes. João não pode coagir ninguém a consumir seus bens e serviços.
Sendo assim, embora seja egoísta e não se importa em nada com os outros, João tem de agir de maneira a
atender os interesses daqueles que estão ao seu redor. Só assim João poderá alcançar seus próprios
interesses

Esse é o milagre descrito na metáfora da mão invisível de Adam Smith. Mesmo que alguém seja egoísta,
essa pessoa — para alcançar seus objetivos — terá inevitavelmente de beneficiar terceiros no mercado,
fornecendo-lhes bens e serviços de qualidade, e esperando que elas, voluntariamente, consumam estes bens
e serviços. E para que elas consumam estes bens e serviços fornecidos pelo egoísta João, estes têm de ser
de qualidade.

Desta forma, o egoísmo de João é domado e direcionado para a cooperação com terceiros, fornecendo-lhes
mais opções de consumo e beneficiando-lhes como resultado desta interação.

Em termos práticos, a maioria dos empreendedores no mercado é motivada pelo desejo de auferir lucros
monetários. No entanto, em uma economia de mercado, a única maneira de um empreendedor auferir
lucros é servindo bem seus clientes (e mantendo seus custos baixos).

Como explicado pelo dr. Robert Murphy:

Um dos mais belos aspectos de uma economia de mercado é que ela é capaz de domar as pessoas mais
egoístas, ambiciosas e talentosas da sociedade, fazendo com que seja do interesse financeiro delas se
preocuparem dia e noite com novas maneiras de agradar terceiros. Empreendedores conduzem a
economia de mercado, mas a concorrência entre empreendedores é o que os mantém honestos.
Conclusão

Em A Teoria dos Sentimentos Morais, Adam Smith argumentou que:

Por mais que um indivíduo seja tido como egoísta, há evidentemente alguns princípios em sua natureza
que o tornam interessado no bem-estar de terceiros, e que fazem com que a felicidade deles sejam
necessárias a ele — embora ele nada ganhe com isso além do prazer de ver a felicidade deles.
E longe de apoiar o simples egoísmo, ele conclui que "restringir nossas emoções egoístas e satisfazer as
emoções benevolentes é o que constitui a perfeição da natureza humana." Em outras palavras, nosso
interesse individual inclui o aprofundamento da nossa natureza benevolente.

Está claro que os participantes do mercado não podem ser caracterizados como motivados pela
ganância. Sendo assim, o que explica esses falsos ataques?

Os ataques vêm de pessoas que pensam que suas preferências subjetivas deveriam se sobrepor às
preferências dos proprietários e da maneira como estes controlam suas propriedades. Para essas pessoas,
os proprietários e suas respectivas propriedades devem ser, por meio da coerção do estado, domados,
subjugados e forçados a se adaptar a essa visão redistributivista do mundo. A intenção desses pretensos
reformadores é simplesmente impor, à força, suas preferências sobre terceiros.

Ao agirem assim, eles paradoxalmente não parecem perceber que tal comportamento é a exata definição da
ganância que eles tanto criticam.

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