Vous êtes sur la page 1sur 7

A teoria de Mcluhan, a TV e a realidade de uma comunidade no Marajó-PA

Ronaldo de Oliveira Rodrigues1

RESUMO
O artigo propõe uma reflexão em torno de algumas características dos estudos midiáticos de Mcluhan, mais
especificamente focalizando a TV e suas relações na sociedade atual. Discute-se as principais ideias que sistematizam o
corpo teórico da teoria mcluhaniana, e como esta pode ser perceptível aos olhos dos viventes de nosso tempo,
especialmente a partir de algumas reflexões sobre a TV no meio rural. Estabelece-se ainda um diálogo com outros
teóricos no sentido de perceber uma maior amplitude sobre a teoria estudada.
Palavras-Chave: Marshall Mcluhan, Comunicação, Televisão, Zona Rural

ABSTRACT
The article proposes a reflection on some features of the media of McLuhan studies, specifically focusing on TV and
their relationships in contemporary society. It discusses the main ideas that systematize the theoretical theory
mcluhaniana, and how this can be meaningful to the living of our time, especially from some reflections on the TV in
rural areas. It also establishes a dialogue with other theorists in order to realize a greater extent on the theory studied.
Keywords: Marshall McLuhan, Communication, TV, Rural Area

Introdução
Está equivocado quem pensa que a globalização (e em decorrência desta, a tecnologização)
como projeto político não atingiu ou atinge os territórios longínquos das grandes capitais, sejam
elas mundiais ou nacionais. O fenômeno da globalização é uma realidade, inclusive na zona rural,
que não tem conhecido limitações insuperáveis. Neste sentido, acredita-se que a teoria de Mashall
Mcluhan (1911-1980) é um forte instrumento para a compreensão daquilo que ocorre no interior e
no cotidiano da sociedade, no que se refere a suas relações com as tecnologias, ao mesmo tempo em
que estas atuam como auxílio para explicações do estágio atual em que se vive.
Ora considerada como determinismo tecnológico, ora como uma teoria sólida das mídias, a
teoria de Mcluhan instigou o homem a pensar que as mídias perturbam todos os aspectos de sua
vida e da sociedade como um todo, afirmando que a evolução das mídias é o principal fator de
explicação (e por isso é fator determinante) da evolução humana. Tal evolução se dá a partir de três
grandes etapas: a invenção do alfabeto fonético ou oralidade, a introdução dos tipos móveis ou
civilização da imprensa (Galáxia de Gutenberg) e a invenção do telégrafo ou a civilização da
eletricidade, que se desdobrará na Galáxia Marconi.
Os meios de comunicação de massa, um após outro, cada qual com sua especificidade,
deixaram marcas e influências em todas as sociedades. Considerando a teoria mcluhaniana não é
exagero dizer que cada período histórico é um período tecnológico e que não vivemos a era
tecnológica, mas apenas mais uma etapa de evolução necessária para que o ser humano complete
sua evolução como tal.
Para analisar um pouco da teoria de McLuhan na sociedade hodierna é preciso lembrar que
no período em que ele inicia o desenvolvimento de sua teoria a televisão está começando a ter mais
intimidade com a sociedade, os computadores ainda estavam na sua segunda fase de evolução
(transistores), eram gigantescos e ainda não eram produzidos em larga escala e a internet já podia
até ter iniciado sua história, mas estava longe de ser o que é hoje.
Este trabalho não vai explorar as etapas de evolução conforme McLuhan, mas irá
proporcionar uma relação de pertinência entre as principais ideias deste teórico com o que ocorre na
sociedade de uma forma geral, trazendo de forma específica o cruzamento com alguns dados de
uma comunidade2 no interior do Pará.

1
Professor Efetivo do Campus Universitário do Marajó-Breves (UFPA) e Mestrando em Ciências da Comunicação
(UFPA)
2
Para a definição deste termo comunga-se com o conceito de Leila Albuquerque (1999) e Nisbet (1978). A primeira
afirma que “o conceito de comunidade é empregado, nos séculos XIX e XX, para todas as formas de relacionamento
caracterizadas por intimidade, profundeza emocional, engajamento moral e continuidade no tempo. O segundo diz que
o fundamento da comunidade está no homem visto em sua totalidade e não na multiplicidade de papéis que possa
desempenhar”. In ALBUQUERQUE (1999)
Sobre a teoria mcluhaniana
Marshall McLuhan (1911-1980) pode ser considerado uma autoridade mundial em
comunicação de massa. Tem uma forte tendência de ser lembrado sempre que uma nova tecnologia
surgir e causar impactos cataclismáticos na forma de organização de vida das pessoas. Que tipo de
tecnologia? Uma que se compare a efeitos gerados, por exemplo, tais como os do rádio, televisão,
internet.
Questionado pela originalidade de seu trabalho, Mcluhan não deixou-se compreender como
uma ilha de conhecimento. Segundo Mattelart e Mattelart (2003, p. 178) em “A galáxia de
Gutenberg” (1962), o próprio McLuhan reconheceu sua dívida intelectual com Innis: “Harold Innis
foi a primeira pessoa a tratar do processo de transformação implícito nas formas de tecnologia. Meu
livro não é mais do que uma nota de rodapé em relação a seu trabalho”.
Contudo, a intenção que o mesmo se propôs em relacionar e compreender as dimensões
psíquicas e sociais3 a partir do ambiente tecnológico deu-lhe respaldo para ser um teórico renomado
e levar adiante a perspectiva que dava base ao desenvolvimento de sua teoria.
Na obra citada anteriormente (A galáxia de Gutenberg) McLuhan faz um estudo sobre a
cultura manuscrita na Antiguidade e na Idade Média, daí em diante parte para a análise da cultura da
página impressa, da cultura tipográfica, revisitando os caminhos anteriores e traçando os pontos de
transformação desta cultura com a cultura oral.
Outra obra de extrema relevância é intitulada “Os meios de comunicação como extensões do
homem” (1964). Nesta, ele sustenta que a humanidade passou por três grandes estágios: o mundo
tribal, que é caracterizado pela predominância do espaço acústico; o mundo destribalizado, que
caracteriza-se pela influência do alfabeto e do livro; e o mundo retribalizado, marcado pela
influência dos meios de comunicação eletrônicos.
Mcluhan foi um dos pensadores mais influentes que dão corpo aos estudos da comunicação
na segunda metade do século XX. Ele estuda a evolução dos meios comunicativos usados pelos
homens ao longo de sua história e dá visibilidade para as características específicas dos diferentes
meios de comunicação.
Para Mcluhan a evolução midiática é determinante para a transformação da cultura. Mera
profecia ou intelectualidade fora do comum?
Quando este estudioso afirmou que os meios de comunicação são extensões do homem, ele
estava trazendo para a sociedade (mais de 40 anos depois) a necessidade de uma reflexão
filosófica4. Acredita-se que para compreender tal afirmação hoje é preciso levar em conta questões
como a de Poder (Pierre Boudieu), Comunicação e da própria representação que se faz da realidade.
No intuito de contribuir com o esclarecimento da ideia apresentada irá se fazer uma breve colocação
sobre os eixos temáticos mencionados.
Pierre Bourdieu em “O Poder Simbólico” afirma que as relações de comunicação constituem
relações de poder. Em meio a tais relações é preciso analisar os fatores a partir do meio com o qual
se propaga a ideia, o lugar de quem fala, as estratégias adotadas e a própria produção de sentidos
que se faz em relação ao conteúdo emitido/recebido. Tal dimensão traz o elo para a relação com o
campo da comunicação, pois é a partir dele que as relações primeiras são possíveis. Porém, mesmo
que o proposto fosse discorrer sobre este campo talvez não daríamos conta de com propriedade
acadêmica satisfazer as expectativas, dada a complexidade e a dimensão das discussões pertinentes
a este campo do conhecimento.
Para se ter uma ideia geral Luiz Martino (s/d) afirma que
o campo comunicacional emerge de forma clara no momento em que volta-se para si
mesmo e se coloca a questão de definir seu estatuto. É a partir das discussões
epistemológicas que podemos dizer que deixamos de ter um campo (no sentido amplo e
vago desse termo) e passamos a ter discussões mais avançadas sobre a possibilidade de

3
A primeira se compreende quando Mcluhan fala das tecnologias alterando comportamentos humanos e a segunda
quando o mesmo discorre acerca das alterações provocadas no âmbito cultural em função das tecnologias.
4
Para Maria Lúcia Aranha (2002) a reflexão filosófica consiste em dar uma volta e meia no pensamento para se
compreender o fenômeno em discussão
uma disciplina ou autonomia do saber comunicacional.

No mesmo artigo o próprio Martino fala acerca do caráter interdisciplinar da comunicação, o


que nos permite propor relações para se estudar, por exemplo, os efeitos dos fenômenos midiáticos,
a partir da televisão, na cultura de determinado grupo, comunidade, etc.
No terceiro aspecto tem-se que para Hartley (1982, p.12) a realidade é uma mera questão de
ponto de vista, ou seja, a representação dela depende do estudo da matéria e de sua aplicabilidade
ao mundo social em detrimento do sujeito que analisa o fenômeno. Esta é uma questão interessante
de se analisar até mesmo para uma melhor compreensão do que hoje seriam os meios quentes e os
meios frios segundo McLuhan. Segundo ele “um meio quente permite menos participação do que
um frio” (MCLUHAN, 2007, p. 39). Como exemplos tem-se que o rádio seria um meio quente,
enquanto a televisão um meio frio.
Continuando sobre as especificidades da teoria de McLuhan, o mesmo valoriza as
dimensões formais dos meios. Neste aspecto é válido ressaltar a diferença abordada quanto a TV e o
cinema, que apesar de veicularem a exibição de imagens em movimento e sonorizadas tem
características diferenciadas, em que toda a conjuntura que constitui o plano de fundo do cinema é
extremamente pensada para produzir o impacto desejado naquele momento. Enquanto que a TV
caminha pelo lado oposto desta vertente, embora se deseje impactar, dependendo da filosofia que
está por trás da produção dos programas.
A tecnologia altera comportamentos e o próprio ambiente cultural. Este é um dos princípios
norteadores que dá início a teoria de McLuhan. A partir deste princípio tem-se que a origem da
evolução do ser humano e de todas as suas ações está no meio tecnológico. Considerando-se que
nem a religião é isenta da influência cultural de determinado período histórico então como
considerar que a tecnologia poderia dar formato a este conjunto de comportamentos? Talvez tenha
sido isso que Mcluhan traz como desdobramento nos seus escritos finais.
O ponto frágil da teoria mcluhaniana é o que dá origem ao conceito de determinismo
tecnológico. Este poder de transformação das mídias de maneira quase que cega vai trazer certa
imponência que retira o caráter de contribuição dos outros elementos ou se contribuem são pouco
significativos, sejam eles sociais, políticos, econômicos e/ou culturais.
Nesta perspectiva McLuhan aposta que uma tecnologia sempre condiciona os modos pelos
quais os indivíduos passam a se relacionar na sociedade. Por isso é que o teórico afirma que a
evolução das culturas é extremamente dependente dos modelos tecnológicos.
A postura de Mcluhan diante daquilo que considerou como proposta teórica soou de maneira
muito estranha a alguns estudiosos, como por exemplo a Raymond Williams que critica Mcluhan
por acreditar que este isolou a ideia de construção do ser humano em sua realidade sócio-histórica,
não concordando que a mídia por si só pudesse moldar os efeitos idealizados no ser humano.

A TV na realidade rural
A chegada da TV em uma comunidade rural no interior da Amazônia de alguma maneira
confirma a afirmação de que “acreditava-se que somente os grupos de alto rendimento pudessem ser
atraídos por ela. Essa crença, porém mostrou-se totalmente incorreta ...” (BRIGGS, BURKE. 2006,
p. 234).
Segundo Dutra (2009, p.17)

A Amazônia, entendida como espaço físico-geográfico e humano, não constitui algo


homogêneo nem um vazio. Aqui sobrevivem grupos aos quais a mídia, com freqüência,
chama de “povos da floresta”, às vezes “povos da Amazônia”, para os quais torna-se
familiar a presença de antenas parabólicas, sucedâneas do rádio, tornando presentes, no
lugar, realidades do mundo contemporâneo.

Esta realidade nos leva a pensar não só na TV, mas no conjunto dos meios de comunicação
presentes no cotidiano. Pois, para Silverstone (2002) “não podemos escapar a mídia. Ela está
presente em todos os aspectos de nossa vida cotidiana”. Tal afirmação cruza com o pensamento de
um renomado antropólogo brasileiro, José Carlos Rodrigues apud Parcias (2002), quando este
afirma que “a atual sociedade só é possível com os meios de comunicação de massa”.
Quanto a presença deste meio no interior da Amazônia vale ressaltar que

no ambiente rural, especialmente ribeirinho, a cultura mantém sua expressão mais


tradicional, mais ligada à conservação dos valores decorrentes de sua história. A cultura
está mergulhada num ambiente onde predomina a transmissão oralizada. Ela reflete de
forma predominante a relação do homem com a natureza e se apresenta imersa numa
atmosfera em que o imaginário privilegia o sentido estético dessa realidade cultural.
(LOUREIRO, João de Jesus. 2001, p.65)

É preciso relacionar tal afirmação a questão de que a cultura amazônica brasileira vem
recebendo uma avalanche de informações através de canais de televisão do Brasil e do mundo que
influenciam o modo de vida das pessoas e trazem à região uma gama de novas informações e
conhecimentos que transformam não só o cenário amazônico em sua dimensão estética, como
também os sentidos de seus habitantes e seus pontos de vista. Dessa forma a expressão tradicional
dessas localidades tende a ser altera em tão curto espaço de tempo quanto maior for a presença das
tecnologias.
O Marajó5 é uma região da Amazônia que tem uma cultura bastante diversificada, devido
sua especificidade, ou seja, a manifestação cultural da região se dá de maneira muito singular, por
meio de sua culinária, danças, costumes, festas, mitos, religião, visagens, entre outras. É uma
população formada por comunidades que vivem intensamente essa cultura em todas as dimensões
de seu cotidiano, nos momentos mais corriqueiros de suas vidas, de trabalho, de sobrevivência,
como na economia, na pesca, agricultura e pecuária.
Em meio a esta realidade bucólica, surge a televisão como objeto de ressinificação de
cultura, que acaba por dar um novo formato ao padrão de vida das pessoas, até então, com hábitos
rurais. Exemplo deste fato é o que se apresenta na comunidade São Pedro 6, que vive os dois lados
das situações relacionadas ao uso da TV, conforme os argumentos dos apocalípticos e dos
integrados.
Uma dimensão é percebida quando muitos moradores da comunidade afirmam que a partir
da chegada da Tv (final da década de 80) nesta localidade muitas coisas começaram a mudar e entre
estas se percebeu que, por ser uma comunidade católica, muitos relacionam a pouca participação
dos moradores nos cultos dominicais por conta de que preferem ficar diante da TV aos domingos.
Outra relação que se faz é com o crescente aumento de atos violentos e ainda a própria relação com
alguns hábitos, tais como o futebol entre os moradores deixou de ser tão freqüente, as “rodas” de
conversa à noite e mesmo a própria redução da participação na festividade da comunidade,
realizada no mês de junho (que agora restringe-se a apenas dois dias e que antes era de pelo menos
uma semana, com bingos, festas, e outras tradições).
Nesta primeira situação citada pode-se relacionar a Tv a abordagem apocalíptica de Neil
Postman (1991) que foca seus argumentos e críticas nos conteúdos televisivos. Para ele, a natureza
maléfica desse veículo está justamente no fato da impossibilidade de tratar coisas sérias,
importantes socialmente, por conta de que fenômenos como a espetacularização, a banalização dos
conteúdos, a metáfora e o entretenimento, que são características inerentes a televisão e alimentam a
impossibilidade citada.
É claro que isto pode ter relações mais complexas como, por exemplo, a própria forma como
fomos “educados” para assistir TV. Segundo Malcher (2009, p.73) “a televisão brasileira guarda
proximidade, principalmente, em seu início, com o modelo de TV norte-americano, seja na sua
implantação, ou na importação do que era produzido por esse país”. Tal idéia confirma, por
exemplo, o fato do sobrevalor que se dá ao entretenimento na Tv brasileira e a própria autora
5
Expressão que tem origem indígena e vem da palavra “imbara-yo”, que significa barreira do mar. Porém, sua
denominação foi estabelecida e generalizada pelo governo português no período colonial, quando do extermínio das
populações indígenas (CRISTO et all, 2005, p. 114)
6
Comunidade rural localizada há cerca de 40 km da cidade de Breves, na Ilha de Marajó-PA. O acesso a esta
comunidade pode ser através de estrada (1 hora em diante) ou pelos rios (3 horas em diante).
ratifica “se do lado norte-americano a preocupação residia no poder de venda que o novo meio
proporcionaria ... na Inglaterra a televisão teria de servir a fins culturais, não apenas ao
entretenimento”. (p. 61)
Isso corrobora o que Márcio Guedes apud Parcias (2002) afirma: “No Brasil as pessoas
assistem TV, e não a programas. Na Europa as pessoas ligam o aparelho para ver um determinado
programa, e aqui elas ligam a televisão e deixam ´rolando´ o tempo todo, é um tipo de vício
tremendo”.
Por outro lado deve haver uma forte motivação para que mais de 90% 7 dos moradores da
comunidade São Pedro sejam proprietários de TV e antena parabólica. Nesta outra situação
relaciona-se o fenômeno a teóricos como Martín-Barbero que percebe a televisão como um meio
muito importante para o estudo da cultura
... o que está mudando não se situa no âmbito da política, mas no da cultura, e não
entendida aristocraticamente, mas como “os códigos de conduta de um grupo ou de um
povo”. É todo o processo de socialização o que está se transformando pela raiz ao trocar o
lugar de onde se mudam os estilos de vida. “Hoje essa função mediadora é realizada pelos
meios de comunicação de massa”. Nem a família, nem a escola – velhos redutos das
ideologias – soa já o espaço chave da socialização, “os mentores da nova conduta são os
filmes, a televisão, a publicidade. (MARTÍN-BARBERO (1997, p. 58)

É claro que somente um estudo mais específico na comunidade citada irá revelar o
verdadeiro sentido adotado quanto ao uso da TV na localidade, contudo assegura-se que o próprio
McLuhan não viria a crer que ele poderia estar no centro de uma discussão travada no interior da
Amazônia brasileira.
Ressalta-se que McLuhan afirma que todos os meios de comunicação - por si só e
independentemente das mensagens que se comunicam - exercem uma influência irresistível sobre o
homem e a sociedade. Como entender tal teoria na comunidade rural do Marajó? Os impactos
causados, as alterações nos comportamentos das pessoas, como por exemplo o fato de alguns pais
de família saírem um pouco mais tarde para caçar por que ficam na TV até tarde da noite ou o
próprio fato da redução da participação nos cultos dominicais, ou o aumento da violência não
estaria ligadas a teoria desenvolvida por McLuhan? Acredita-se que sim.
Pode-se dizer que independente das condições com as quais a TV chegou na comunidade,
ela mesma provocou impactos e independente da opinião dos moradores daquele lugar começou a
vender a filosofia de quem a constrói.
Não seria exagero afirmar que para Mcluhan a televisão consiste em um dos meios úteis
para que continuemos a obra ininterrupta da evolução biológica. Pois aí está um exemplo dos meios
de comunicação como extensões do homem. Aí está um exemplo de que o meio é a mensagem.

Considerações Finais

Deve-se ter em mente que quando se fazem estudos sobre Mcluhan, mais do que puramente
conclusões estão os seus construtos teóricos. Os alicerces para o desenvolvimento de novas teorias
ou ainda de novas compreensões sobre outros fenômenos sociais. Por exemplo, McLuhan não falou
de TV Digital, porém falou de TV e desta como um meio frio e do potencial de participação e
envolvimento da mesma.
McLuhan não falou exatamente dos locais em que a tecnologia iria chegar, mas alertou que
iria alterar comportamentos, cultura, manifestações e formas de vida. E talvez daí ele tenha sido um
tanto esquecido por duas décadas e quando do ápice da internet o mesmo surge com o esplendor de
um sábio que falou sobre a coisa certa no momento antecipado.
Enfim, entende-se que McLuhan muito tem a contribuir para os estudos atuais da socidade,
considerando esta em sua evolução tecnológica. Portanto o fato de ter relacionado seus estudos aos
fenômenos ocorridos em uma comunidade no interior do Marajó-PA é apenas um exemplo de como
7
Dados obtidos a partir de uma pesquisa realizada no início de 2010 com alunos da UFPA/Campus Breves sob minha
orientação
se pode relacionar sua teoria para uma melhor compreensão daquilo que envolve a sociedade em
sua conjuntura.

Referências Bibliográficas

ALBUQUERQUE, Leila Marrach Basto de. Comunidade e sociedade: conceito e utopia. Revista
Raízes, Ano XVIII, Nº 20, novembro/99 pp. 50-53

BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Tradução de Fernando Tomaz. 6ed. Bertrand Brasil.
Rio de Janeiro, 2003.

BURKE, Peter; BRIGGS. Asa. Uma história social da mídia. 1ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.

DUTRA, Manuel Sena. A natureza da mídia: os discursos da TV sobre a Amazônia, a


biodiversidade, os povos da floresta. São Paulo: Annablume, 2009.

GUEDES, Márcio. apud PARCIAS, Cíntia et all. Televisão e o imaginário social: a lógica da
fragmentação. Revista Eclética. PUC-RJ, 2002. Disponível em <puc-riodigital.com.puc-
rio.br/.../12%20-%20televisão%20e%20imaginário%20social.pdf>

HARTLEY apud JOST, François. O que significa falar de realidade para a televisão. In:
Televisão e realidade. Itania Gomes (org.). Salvador: EDUFBA, 2009.

MALCHER, Maria Ataíde. Teledramaturgia; agente estratégico na construção da TV aberta


brasileira. São Paulo: INTERCOM, 2009.

MARTINO, Luís M. S. Ceticismo e interdisciplinaridade: paradoxos e impasses da teoria da


comunicação. Compôs

MARTÍN-BARBERO, Jesus. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. Rio


de Janeiro: UFRJ, 1997. Traduzido por Ronaldo Polito e Sérgio Alcides.

MATTELART, A. e MATTELART, M. História das teorias da comunicação. São Paulo: Loyola,


2003.

MCLUHAN, Marshall. A galáxia de Gutenberg.: a formação do homem tipográfico. Tradução


de Leônidas Gontijo de Carvalho e Anísio Teixeira. São Paulo, Editora Nacional-USP, 1972.

MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. Tradução de Décio


Pignatari. São Paulo: Cultrix, 2007. (15ª reimp. da 1ªed. de 1969)

LOUREIRO, João de Jesus Paes. Cultura Amazõnica: uma poética do imaginário. São Paulo:
Escrituras Editora, 2001.

POSTMAN, N. Divertirse hasta morir. Barcelona: Ediciones de la Tempestad, 1991.

RODRIGUES, José apud PARCIAS, Cíntia et all. Televisão e o imaginário social: a lógica da
fragmentação. Revista Eclética. PUC-RJ, 2002. Disponível em <puc-riodigital.com.puc-
rio.br/.../12%20-%20televisão%20e%20imaginário%20social.pdf>

SILVERSTONE, Roger. Por que estuda a mídia. São Paulo: Loyola, 2002.

Vous aimerez peut-être aussi