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A (IN) CONSTITUCIONALIDADE DA LEI MARIA DA PENHA FRENTE AO

PRINCÍPIO DA IGUALDADE

BRUNA QUEZADO

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo questionar a (in) constitucionalidade da Lei n°


11.340 de 07 de Agosto de 2006. Conhecida como Maria da Penha, é considerada
um marco importante para a redução de índices decorrentes da violência doméstica
e familiar, enfrentada por muitas mulheres ao longo da história social brasileira.
Entrou em nossa legislação a partir de Setembro de 2006, com o intuito de prevenir
e proteger a mulher brasileira. Frente ao Princípio da Igualdade, previsto em nossa
Constituição Federal não distinguindo homens e mulheres, sendo então
considerados todos iguais perante a lei.

Palavras-chaves: Constitucionalidade. Lei Maria da Penha. Violência doméstica e


familiar. Princípio da Igualdade.

INTRODUÇÃO

Nasce em nosso Ordenamento Jurídico, a Lei n° 11.340/2006, denominada


de Lei Maria da Penha. Vigorada a partir de Setembro de 2006, foi uma resposta às
buscas pela defesa das mulheres, na qual Maria da Penha Maia Fernandes e muitas
outras mulheres vítimas da violência doméstica e familiar clamavam por justiça. A
partir da sua vigência a referida Lei, surgiram mecanismos nos qual a mulher seria
de tal forma protegida e seu agressor de uma vez por todas punido.
Divergências quanto a sua constitucionalidade ou (in) constitucionalidade
também são questionadas. Quanto a sua constitucionalidade seus defensores
aduzem que como previsto na Carta Magna de 1988 o art. 5° declara todos iguais
perante a lei sem distinção de qualquer natureza. Portanto impõe-se que sejam
tratados desigualmente os desiguais, assim para que seja proclamada a igualdade
substancial, fazendo-se necessário o tratamento desigual para um equilíbrio nas
relações jurídicas.
Uma importante abordagem está a sua (in) constitucionalidade defendida sob
o fundamento a qual a Lei 11.340/2006 fere o princípio da isonomia, prevista no
caput 5° da Constituição Federal de 1988, na medida em que estabelece uma
desigualdade somente em função do sexo.

1 O PRINCÍPIO DA IGUALDADE

1.1 DEFINIÇÃO DO PRINCÍPIO DA IGUALDADE

Nos termos da Constituição Federal de 1988, o artigo 5°, caput afirma: “Todos
são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e os estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
igualdade, a segurança e a propriedade; (...)”.
No seguinte inciso do texto constitucional, a igualdade frente a homens e
mulheres é explicito:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos termos desta
Constituição,
Assim é identificado a importância do princípio isonômico, no qual homens e
mulheres têm os direitos fundamentais assegurados em nossa Lei Maior.
José Afonso da Silva (2009, p.217) afirma “Essa igualdade já se contém na
norma geral da igualdade perante a lei.”
Alexandre de Moraes (2009, p. 36) faz referência a uma citação de Ives
Gandra da Silva Martins (1992, p. 154-152) afirma “Todos os cidadãos têm o direito
de tratamento idêntico pela lei, em consonância com os critérios albergados pelo
ordenamento jurídico.”
Acredita-se que não basta proclamar a igualdade para acabar com o
desequilibro que existe entre as relações de desigualdade existentes em nossa
sociedade, visto que a nossa Carta Magna tem o poder de proteger todos os
cidadãos, sejam homens ou mulheres a garantia da igualdade, sendo um dos
direitos fundamentais assegurados por lei.
1.2 IGUALDADE FORMAL

Pode-se definir claramente a igualdade formal a partir do artigo 5° da


Constituição Federal de 1988 e do artigo 7°. São direitos dos trabalhadores urbanos
e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício
permanente e o trabalhador avulso.
Para Alexandre de Moraes (2009, p. 37),

O princípio da igualdade consagrado pela constituição opera em dois planos


distintos. De uma parte, frente ao legislador ou ao próprio executivo, na
edição, respectivamente, de leis, atos normativos e medidas provisórias,
impedindo que possam criar tratamentos abusivamente diferenciados a
pessoas que se encontrem em situações idênticas. Em outro plano, na
obrigatoriedade ao intérprete, basicamente, a autoridade pública, de aplicar
a lei e atos normativos de maneira igualitária, sem estabelecimento de
diferenciações em razão de sexo, religião, convicções filosóficas ou
políticas, raça, classe social.

Seguindo na mesma linha de pensamento, sem que se pretenda elucidar as


discriminações vedadas pelo Sistema Constitucional, faz-se necessário esclarecer o
que se entende por igualdade formal, na lição de Celso Ribeiro Bastos (2002, p.319)
“Esta consiste no direito de todo cidadão não ser desigualado pela lei senão em
consonância com os critérios albergados ou ao menos não vedados pelo
ordenamento constitucional.”
Sem mais delongas, de acordo com os autores acima citados, a igualdade
formal prevista nos termos desta constituição nada mais é do que os direitos e
deveres de todos, inscritos nos textos legais.

1.3 IGUALDADE MATERIAL

Para a igualdade material, todos são iguais perante a lei, não seguindo
somente as digressões fundamentadas nos termos de nossa constituição e na
igualdade formal, mas sim, se preocupando com a realidade de cada um, tratando
de maneira igual os realmente iguais, e assim surgindo a necessidade de tratamento
desigual na medida da desigualdade, aos desiguais.
Na nossa Constituição Federal de 1988, pode-se observar, vários textos que
tem como visão a diminuição das desigualdades, cita-se dois como exemplo:
Art. 3°Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais
e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender
a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com
reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim;
Para Celso Ribeiro Bastos (2002, p. 317)

Desde priscas eras tem o homem se atormentado com o problema das


desigualdades inerentes ao seu ser e a estrutura social em que se insere.
Daí ter surgido a noção de igualdade que os doutrinadores comumente
denominam igualdade substancial. Entende-se por esta a equiparação de
todos os homens no que diz respeito ao gozo e fruição de direitos, assim
como a sujeição a deveres.

Ainda baseada na doutrina do mesmo, pode-se aferir que a igualdade é um


dos princípios jurídico de mais difícil tratamento.
Segundo Celso Ribeiro Bastos (2002, p. 317),

A igualdade substancial postula o tratamento uniforme de todos os homens.


Não se trata, como se vê, de um tratamento igual perante o direito, mas de
uma igualdade real e efetiva perante os bens da vida.

Para Alexandre de Moraes (2009, p.37)

A desigualdade na lei se produz de forma não razoável ou arbitrária um


tratamento específico a pessoas diversas. Para que as diferenciações
normativas possam ser consideradas discriminatórias, torna-se
indispensável que exista uma justificativa objetiva e razoável, de acordo
com os critérios e juízos valorativos genericamente aceitos, cuja exigência
deve-se aplicar a em relação à finalidade e efeitos da medida considerada,
devendo estar presente por isso uma razoável relação de proporcionalidade
entre os meios empregados e a finalidade perseguida, sempre em
conformidade com os direitos e garantias constitucionalmente garantidos.

Para concluir as definições acerca da igualdade material faz-se referência a


Celso Antonio Bandeira de Melo (n° 1, p.79) que Alexandre de Moraes (2009, p.37)
cita: “Assim os tratamentos normativos diferenciados são compatíveis com a
Constituição Federal quando verificada a existência de uma finalidade
razoavelmente proporcional ao fim avisado.”

2 A (IN) CONSTITUCIONALIDADE DA LEI MARIA DA PENHA

2.1 A LEI MARIA DA PENHA

A Lei Maria da Penha n°11.340 de, surgiu no ordenamento jurídico brasileiro


no dia 7 de Agosto de 2006, decretada pelo Congresso Nacional e então sancionada
pelo presidente da república. Vigorada a partir de Setembro de 2006, com o intuito
de reduzir os índices de violência doméstica contra a mulher.
Ricardo Antonio Andreucci (2008, p.603) em sua doutrina afirma “A violência
de gênero é uma das formas mais preocupantes de violência, já que, na maioria das
vezes, ocorre no seio familiar, local onde deveria imperar o respeito e o afeto
mútuo.”
A lei é denominada Maria da Penha em homenagem à cidadã brasileira,
Maria da Penha Maia Fernandes, que assim como muitas outras mulheres, foi alvo
de agressões físicas e cárcere privado praticadas então por seu marido.
Considerada um símbolo na luta contra a violência doméstica, Maria da
Penha mãe de três filhas, sofreu duas tentativas de homicídio, enquanto dormia seu
ex-marido disparou um tiro na qual resultou em sua paraplegia. Não satisfeito insistiu
novamente em agredi-la, mesmo consciente da forma em que se encontrava Maria
da Penha o agressor tentou eletrocutá-la durante o banho.
Assim discorre ANDREUCCI (2008, p.603):
Maria da Penha Fernandes, biofarmacêutica residente em Fortaleza, Ceará,
no ano de 1983, foi vítima de tentativa de homicídio provocada por ser
marido, à época, professor da Faculdade de Economia, Marco Antonio H.
Ponto Viveiros, tendo recebido um tiro nas costas, que a deixou paraplégica.
Condenado em duas ocasiões, o réu não chegou a ser preso, o que gerou
indignação na vítima, que procurou auxílio de organismos internacionais,
culminando com a condenação do Estado Brasileiro, em 2001, pela
Organização dos Estados Americanos (OEA), por negligência e omissão em
relação à violência doméstica, recomendando a tomada de providências a
respeito do caso.

Maria da Penha indignada com as humilhações sofridas, começa a luta


incessante para que a justiça necessária fosse realizada, e que seu ex-marido
pudesse ser punido, assim podendo garantir seus direitos, já que por sua vez era
submetida a tratamento desumano ferindo o princípio da dignidade da pessoa
humana elencado na Constituição Federal de 1988 no artigo 1°, inciso III.
Alexandre de Moraes (2005, p.128) conceitua o Princípio da dignidade da
pessoa humana:

A dignidade da pessoa humana é um valor espiritual e moral inerente à


pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e
responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por
parte das demais pessoas, constituindo-se em um mínimo invulnerável que
todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que apenas
excepcionalmente possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos
fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que
merecem todas as pessoas enquanto seres humanos.

Desta forma, a dignidade da pessoa humana juntamente com o direito à vida


e à liberdade, vem a ser um atributo necessário e absoluto para a proteção à
identidade e à integridade de todo o ser humano.
O processo judicial iniciou-se em Setembro de 1984, no qual o réu só foi
levado ao Tribunal do Júri em Março de 1991 e então condenado. Sua defesa
utilizou de todos os meios cabíveis no que resultaram na anulação do julgamento.
Novamente em 1996, Marcos Antonio Viveiros foi levado a júri, quando condenado à
pena de 10 anos e seis meses de reclusão, mais uma vez a defesa recorre, sendo
preso somente em 2002 cumprindo a pena prisional de dois anos.

2.2 ASPECTOS QUE EVIDENCIAM A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A


MULHER E SUAS MEDIDAS PROTETIVAS
2.2.1 Dos sujeitos

Para ser caracterizada a violência doméstica e familiar, não é necessário que


os sujeitos sejam casados, basta ter vínculo afetivo ou relação familiar, na qual o
legislador não faz restrição a gêneros do agressor.
Conforme Andreucci (2008, p.611):

O legislador, portanto, fixou o âmbito espacial para a tutela da violência


doméstica e familiar contra a mulher, o qual compreende as relações de
casamento, união estável, família monoparental, família homoafetiva, família
adotiva, vínculos de parentesco em sentido amplo, introduzindo, ainda, a
idéia de família de fato, compreendendo essa as pessoas que não tem
vínculo jurídico familiar, considerando-se, entretanto, aparentados (amigos
próximos, agregados, etc.).

A Lei 11.340/2006, faz referência ao sujeito ativo e passivo, sendo então


considerado passivo o “agressor”, podendo até mesmo ser um termo tanto para o
sexo feminino quanto para o sexo masculino. Quanto ao sujeito passivo, somente
poderá ser a mulher.
Andreucci (2008, p.614) menciona a mudança de sexo: “(...) até mesmo o
transexual que fizer cirurgia de sexo e passar a ser considerado mulher no registro
civil poderá ter efetiva proteção da lei.”

2.2.2 Dos tipos de violência contra a mulher

Conforme a Lei n° 11.430/2006 em seu artigo 7°, elenca as formas que


enquadram à violência doméstica.
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua
integridade ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause
dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e
perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância
constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularizarão,
exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe
cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a
presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada,
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a
impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação,
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de
seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos,
instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas
necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure
calúnia, difamação ou injúria.

2.2.3 As medidas protetivas

Tendo como finalidade a proteção de mulheres vítimas de violência doméstica


e familiar, a Lei Maria da Penha assegura a assistência da mulher e uma série de
medidas que possibilitam maior garantia dos seus direitos.
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar
será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos
na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema
Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e
emergencialmente quando for o caso.
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de
violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo
federal, estadual e municipal.
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e
familiar, para preservar sua integridade física e psicológica:
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da
administração direta ou indireta;
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do
local de trabalho, por até seis meses.
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar
compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e
tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos
de violência sexual.
Também em âmbito de lei, estão previstas no artigo 22 algumas medidas
contidas no qual são dirigidas ao agressor de tal forma para maior garantia a
proteção e integridade da vítima.
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em
conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre
outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao
órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o
limite mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio
de comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade
física e psicológica da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a
equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras
previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as
circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério
Público.
§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas
condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de
dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição
as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de
armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da
determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de
desobediência, conforme o caso.
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o
juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial.
§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto
no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973
(Código de Processo Civil).
Desta forma, como definido nas medidas, o agressor estará sujeito se não
cumprimento da lei, as penas previstas, bem como prisão em flagrante e preventiva
dentre outras medidas severas, descartando a hipótese da aplicação de penas como
pagamento de cestas básicas, prestação de serviços e outras consagradas no artigo
17.

2.3 CONCEITO DE (IN)CONSTITUCIONALIDADE

Para definir a inconstitucionalidade, pode-se aferir que esta é um fenômeno


jurídico e social, regulado e reconhecido pelo direito.
Para J. J. Gomes Canotilho (1998, p.878) "inconstitucional é toda lei que viola
os preceitos constitucionais".
Na doutrina de José Afonso da Silva (1994, p.48), a respeito da
inconstitucionalidade, fala-nos sobre "conformidade com os ditames constitucionais",
a qual "não se satisfaz apenas com a atuação positiva de acordo com a
Constituição", mas ainda com o não "omitir a aplicação de normas constitucionais
quando a Constituição assim o determina."
Com base nas definições acima citadas, não se faz necessário uma maior
abordagem a respeito do tema referido, pois delas, já se tem clara e direta definição
do conceito de inconstitucionalidade.
A inconstitucionalidade ou a constitucionalidade são de uma forma geral,
abordadas a partir de dois termos de suma importância, a norma ou a ausência dela
(omissão) – valoração atualizada – e a Constituição, isto é, um valor constitutivo. Daí
afere-se que, são por tanto uma relação contrária inserida no mundo jurídico.
Para concluir a respeito José Afonso da Silva (2009, p.47) discorre:
Verifica que nos casos em que não sejam praticados atos legislativos ou
administrativos requeridos para tornar plenamente aplicáveis normas
constitucionais. Muitas destas, de fato, requerem uma lei ou uma
providência administrativa ulterior para que os direitos ou situações nela
previstos se efetivem na prática.

2.4 ASPECTOS DA (IN) CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 11.340 DE 2006

Decorrente de discussões polêmicas sobre a Lei n° 11.340, deve-se salientar


a sua constitucionalidade ou inconstitucionalidade.
Os grandes defensores da constitucionalidade, argumentam que a distinção
do sexo, não fere o princípio da igualdade, sendo que, a Lei Maria da Penha entra
no Ordenamento jurídico para preencher uma lacuna existente e com a finalidade de
igualar homens e mulheres.
Para DIAS (2007, p.55)

Como tudo que é novo gera resistência, há quem sustente a


inconstitucionalidade tanto da Lei Maria da Penha como de um punhado de
seus dispositivos, na vã tentativa de impedir sua vigência ou limitar sua
eficácia. A alegação é que a Lei criou a desigualdade na entidade familiar,
como se a igualdade constitucional existisse no âmbito da família. Até o fato
de ela direcionar-se exclusivamente à proteção da mulher é invocado, uma
vez que o homem não pode figurar como sujeito passivo, nem ser
beneficiário das suas benesses, o que afrontaria o princípio da igualdade.

Quando mencionada a (In) constitucionalidade, há de se relevar que desde o


início das sociedades, as mulheres eram vistas como símbolo de fragilidade, no qual
teriam que ser submissas ao sexo masculino, mesmo não parecendo ser justo e
igualitário entre o gênero. Quando é criada uma legislação específica a favor da
mulher, do negro ou de qualquer outra forma, sendo talvez entendida como
abrangente de somente uma classe, tornando-se por si discriminatória.
Segundo CUNHA (2007, p.22):

Numa agressão mútua o que justifica a mulher ficar amparada pelo presente
diploma e o homem não? Sabendo que a violência doméstica não se
resume na agressão do marido contra a mulher, qual o motivo para se
proteger a filha agredida pelo pai e o filho agredido não? Para uma
agressão do filho contra a mãe há lei específica protegendo a vítima, porém
para a sua agressão contra o pai não?
Vale também salientar, a manifestação do Tribunal de Justiça do Estado do
Mato Grosso do Sul, devido à inconstitucionalidade da lei, que em 7 de Agosto foi
proferida a decisão que entendeu por discriminante e permitiu a aplicação da Lei
11.340/2006 aos homens:

LEI MARIA DA PENHA (LEI 11.340/06) - INCONSTITUCIONALIDADE


SUSCITADA PELO JUÍZO DE 1º GRAU COMO ÓBICE À ANÁLISE DE
MEDIDAS ASSECURATÓRIAS REQUERIDAS - DISCRIMINAÇÃO
INCONSTITUCIONAL QUE SE RESOLVE A FAVOR DA MANUTENÇÃO
DA NORMA AFASTANDO-SE A DISCRIMINAÇÃO - AFASTAMENTO DO
ÓBICE PARA A ANÁLISE DO PEDIDO. A inconstitucionalidade por
discriminação propiciada pela Lei Federal 11.340/06 (Lei Maria da Penha)
suscita a outorga de benefício legítimo de medidas assecuratórias apenas
às mulheres em situação de violência doméstica, quando o art. 5º, II, c/c art.
226, § 8º, da Constituição Federal, não possibilitaria discriminação aos
homens em igual situação, de modo a incidir em inconstitucionalidade
relativa, em face do princípio da isonomia. Tal inconstitucionalidade, no
entanto, não autoriza a conclusão de afastamento da lei do ordenamento
jurídico, mas tão somente a extensão dos seus efeitos aos discriminados
que a solicitarem perante o Poder Judiciário, caso por caso, não sendo,
portanto, possível a simples eliminação da norma produzida como elemento
para afastar a análise do pedido de quaisquer das medidas nela prevista,
porque o art. 5º, II, c/c art. 21, I e art. 226, § 8ª, todos da Constituição
Federal se compatibilizam e harmonizam, propiciando a aplicação indistinta
da lei em comento tanto para mulheres como para homens em situação de
risco ou de violência decorrentes da relação familiar. Inviável, por isto
mesmo, a solução jurisdicional que afastou a análise de pedido de
imposição de medidas assecuratórias em face da só inconstitucionalidade
da legislação em comento, mormente porque o art. 33 da referida norma de
contenção, acomete a análise ao Juízo Criminal com prioridade sendo-lhe
lícito determinar as provas que entender pertinentes e necessárias para a
completa solução dos pedidos. Recurso provido para afastar o óbice"
(TJMG) Disponível em: http://br.vlex.com/vid/41441065> acesso em 15 de
junho de 2010.

Se a normativa da lei, fosse também aplicável aos “homens” que buscassem


seus direitos e garantias fundamentais, não se faria necessário, alterações na
mesma.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo foi analisada a Lei n° 11.340 de 7 de Agosto de 2006, conhecida


como Lei Maria da Penha, tendo como fundamento, conter os índices de violência
doméstica e familiar vivenciadas por mulheres.
Cansada de humilhações, a brasileira Maria da Penha Maia Fernandes, foi
vítima de agressões que deixaram marcas significativas na alma e no corpo.
É evidente que, a mulher por ser discriminada e considerada um mito da
fragilidade desde os primórdios, seria beneficiada por um rol de medidas protetivas,
nas quais tornaram-se mais severas as penas para a agressões contra a mulher no
lar.
Mesmo questionada, sua constitucionalidade ou (in)constitucionalidade, vale
dizer que, frente ao Principio da Igualdade elencado no art. 5°,caput, da Constituição
Federal de 1988, “todos são iguais perante a lei”, e ainda no inciso I declara,
“homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos termos desta
Constituição”; não intervindo na diferença do sexo.
Em tese, a Lei n° 11.340/2006 é inconstitucional, pois de certa forma, faz
abrangência a mulheres, no qual o homem não disporia de tais instrumentos quando
fosse vítima da violência doméstica ou familiar.
Independente de quem seja a vítima, a violência em âmbito familiar é um
problema grave e deveria ser assegurado a todos os cidadãos, seus direitos de
forma igualitária perante a Lei.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDREUCCI, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 4. ed. Revista e


aumentada. São Paulo: Saraiva, 2008.

BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. 22 ed. São Paulo: Saraiva,
2002.

CANOTILHO, José J. G. Direito constitucional e teoria da constituição. 3. ed.


Coimbra: Livraria Almedina, 1998.

CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Violência doméstica: Lei Maria
da Penha Lei 11.340/2006, comentada artigo por artigo. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2007.

DIAS, Maria Berenice. A lei Maria da Penha na justiça: a efetividade da lei


11.340/2006 de combate a violência doméstica e familiar contra a mulher, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 24 ed. São Paulo: Atlas, 2009.

SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo 32 ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2009.

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