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IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE PEQUENAS CENTRAIS

HIDRELÉTRICAS: CONSIDERAÇÕES SOBRE OS EFEITOS


CUMULATIVOS E SINÉRGICOS
TECHNICAL ARTICLES
PCHNotícias&SHPNews
Publisher: Acta Editora/CERPCH IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE PEQUENAS
DOI:10.14268/pchn.2017.00052
ISSN: 1676-0220 CENTRAIS HIDRELÉTRICAS: CONSIDERAÇÕES
Subject Collection: Engineering
Subject: Engineering, measurement SOBRE OS EFEITOS CUMULATIVOS E SINÉRGICOS
1,2
CARVALHO, Natália Barbosa de; 1,2
FREITAS, Marcos Aurélio Vasconcelos de

RESUMO

Um olhar integrado permite antever possíveis impactos socioambientais de diferentes configurações da matriz energética, como
da necessidade de maior participação de UTEs ao se descartar o aumento da capacidade de regularização dos reservatórios, ou os
impactos de grandes UHEs comparados a inúmeras PCHs em uma mesma bacia hidrográfica. Assim, o objetivo deste trabalho é discutir
os impactos socioambientais das PCHs e seus efeitos sinérgicos e cumulativos quando construídas em sequencia.
Foram analisados diversos estudos com mais de uma PCH no trecho, destacando os principais impactos positivos e negativos, e uma
possível avaliação dos efeitos integrados.
Esses aproveitamentos contribuem para exploração do potencial hídrico, em função de suas características técnica e menor área de inundação,
seus impactos tendem a ser de menor magnitude, além do atendimento a comunidades isoladas e a geração distribuída. Observaram-se,
entretanto, situações onde as PCHs possuem impactos negativos maiores que os positivos, principalmente quando as questões socioambientais
não são dimensionadas e integradas de forma coerente no ambiente em que se inserem. Destacaram-se situações de conflitos nos usos
múltiplos, de interferência na biodiversidade aquática e nas APPs e os impactos associados à formação do trecho de vazão reduzida.
A presença de um maior número de projetos na região não implica, necessariamente, em impactos cumulativos e/ou sinérgicos
expressivos, entretanto a falta de conhecimento e procedimentos dessas avaliações; dados escassos; impossibilidade de obter
informação sobre outros projetos e a falta de legislação são entendidas como fator limitante, mostrando a necessidade de aperfeiçoar
uma análise conjunta de empreendimentos existentes e previstos.

PALAVRA-CHAVE: 1. Pequenas Centrais Hidrelétricas; 2.Avaliação de Impactos Ambientais; 3. Efeitos Sinérgicos e Cumulativos.

ENVIRONMENTAL IMPACTS OF SMALL


HYDRO: OBSERVATIONS ON THEIR EFFECTS
CUMULATIVE AND SYNERGISTS
ABSTRACT

An integrated view allows to predict possible environmental impacts of different configurations of the energy matrix, such as the need
for further participation from thermoelectric plants when disposing increasing reservoir regulation capacity, or the impacts of large
hydro plants compared to many small hydro plants in the same river basin. The objective of this paper is to discuss the social and
environmental impacts of power plants and their synergistic and cumulative effects when built in sequence.
Several studies with more than one PCH in the same section of the river were analyzed, highlighting key positive and negative impacts,
and possible assessment of integrated effects.
These exploitations contribute to exploitation of hydro potential, due to its technical characteristics and lower flood area, the impacts
tend to be of lesser magnitude, in addition to care to isolated communities and distributed generation. It was observed, however,
situations where small hydro have major negative impacts than positive, especially when environmental issues are not scaled and
integrated coherently in the environment in which they operate. Highlights included conflict situations of multiple uses, interference on
aquatic biodiversity and in the permanent protection area and the impacts associated with the formation of the reduced flow section.
The presence of a larger number of projects in the region does not necessarily result in cumulative and/or synergistic impacts significant,
however the lack of knowledge and procedures of these assessments; limited data; inability to obtain information about other projects and
the lack of legislation are understood as a limiting factor, showing the need to improve a joint analysis of existing and planned developments.

KEYWORDS: 1. Small Hydropower Plants; 2. Environmental Impact Assessment; 3. Synergic and Cumulative Effects.

1. INTRODUÇÃO Segundo o Intergovernmental Panel on Climate Change


– IPCC, a classificação de acordo com o tamanho, ainda que
1.1. Conceito de Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCHs
bastante comum e administrativamente simples, não está
A classificação de acordo com o tamanho das plantas levou associados a indicadores ambientais, sociais e econômicos (IPCC,
criação de conceitos como “pequenas hidrelétricas” e “grandes 2011).
hidrelétricas”, com base na capacidade instalada, medida em No Brasil, do ponto de vista legal, a definição de PCH foi
MW, como o critério definição. No entanto, não há um consenso citada pela primeira vez na legislação do setor elétrico em
mundial sobre definições a respeito categorias de tamanho (EGRE 1982, na Portaria nº 109, do Departamento Nacional de Águas e
& MILEWSKI, 2002 apud IPCC, 2011). Energia Elétrica – DNAEE3 , que definiu que seriam consideradas

1
Programa de Planejamento Energético/Pós-Graduação Luiz Alberto Coimbra/Universidade Federal do rio de Janeiro – PPE/COPPE/UFRJ.
2
Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais – IVIG/COPPE/UFRJ.
3
Tratava-se do Manual de Pequenas Centrais, editado em 1982, pelo consócio formado entre o MME, o DNAEE e a Eletrobrás por ocasião da edição do primeiro Programa Nacional de PCH – PNPCH.

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PCHs aquelas centrais que contemplassem cumulativamente as das PCHs no Brasil que indicou, dentre outras recomendações, que
seguintes características: houvesse um aumento da potência limite e também a necessidade
• Operassem a fio d’água4 ou, no máximo, com regularização diária; de criar novos procedimentos, frente às reformas institucionais do
• Tivessem barragens e vertedouros com altura máxima de 10 setor elétrico e, principalmente, da criação do Produtor Independente
metros; de Energia Elétrica (CARNEIRO, 2010).
• Não utilizassem túneis; Nessa mesma época, Coopers & Lybrand5, também reco-
• Possuíssem estruturas hidráulicas, no circuito de geração, mendaram que as pequenas centrais tivessem potência aumen-
para vazão turbinável de, no máximo, 20m3/s; tada para 50 MW e que a outorga fosse concedida através de uma
• Fossem dotadas de unidades geradoras com potência autorização sem a necessidade de processo licitatório.
individual de até 5.000 kW (5 MW), limite esse que buscava Assim, os limites foram sendo aumentados de 10 MW para 25 MW,
unicamente garantir que a indústria nacional tivesse condições através de diversas medidas provisórias (CARNEIRO, 2010), até
de produzir esse tipo de equipamento; chegar ao limite atual em 1998, através de uma audiência pública,
• Tivessem potência instalada total de, no máximo, 10 MW. em que a ANEEL regulamentou a Lei n.º 9.648/986, que fixou 30
Entretanto, o excessivo de número de condicionantes, jun- MW de potência. Também definiu que seria considerado o limite de
tamente com outros fatores, como a falta de incentivos de 3,0 km² de área inundada de reservatório, tendo como referência
mercado e a falta de uma linha de crédito voltada para o setor, a vazão com tempo de recorrência de 100 anos (CLEMENTE,
dificultaram o desenvolvimento do programa de implantação das 2001). Legalmente, esta regulamentação foi efetuada por meio da
PCHs, o que levou à redefinição do seu conceito (LEÃO, 2008), Resolução ANEEL n.º 394, de dezembro de 1998.
através da Portaria DNAEE nº 136 de 1987, foram publicadas Em 2003, houve outra mudança no enquadramento das PCHs,
as nova condicionantes para que um empreendimento fosse com a publicação da Resolução ANEEL nº 652, revogando Resolução
considerado uma PCH, de modo que foram mantidas apenas as nº 394/98, onde foi caracterizado como PCH o aproveitamento
condicionantes associadas à potência (até 10 MW, com unidades hidrelétrico com potência superior a 1 MW e igual ou inferior a
geradoras de no máximo 5 MW. 30 MW, destinado à produção independente, autoprodução ou
A simplificação do conceito de PCH, contudo, não implicou no produção independente autônoma com área de reservatório inferior
aumento do número dos empreendimentos esperados, mas por a 3,0 km², sendo mantidos os demais critérios de enquadramento.
outro lado, a retirada das demais exigências permitiu a execução de Entretanto, o aproveitamento que não atender à condição para a
empreendimentos empresarialmente e ambientalmente contestáveis área do reservatório, porém respeitar os limites de potência e a
(CARNEIRO, 2010). Como exemplos de empreendimento que se modalidade de exploração, terá o limite do reservatório flexibilizado
enquadravam na Portaria DNAEE nº 136 como PCH, mas certamente para até 13 km², desde que atendida pela inequação e condições
estavam em condições inadequadas, podemos citar: mostradas no Art. 4º da à referida resolução7.
• PCH Ernestina, da Companhia Estadual de Energia Elétrica A última alteração nos critérios de enquadramento de PCHs,
– CEEE, com 4,8 MW de potência e, portanto estava no Brasil, ocorreu recentemente com a Resolução ANEEL nº 673,
enquadrada pelo critério da Portaria supracitada, porém com de 04 de agosto de 20158, onde o limite inferior de potência foi
um reservatório de inundação de 40 km2. aumentado para 3 MW e a área de reservatório permitida de até
• PCH Santa Rita, da empresa Cal Chimelli do Paraná, com 750 13 km², como indicado no Art. 2º desta resolução.
kW de potência e construída com uma barragem em concreto
de 70 metros de altura.
1.2. Impactos Socioambientais de PCHs
Segundo Carneiro (2010), os problemas associados aos e-
xemplos citados são que, tais empreendimentos provocam im- Como as demais produções de energia, os projetos hidrelétri-
pactos consideráveis do ponto de vista ambiental e socioeconô- cos, incluindo as pequenas centrais, geram impactos socioambi-
mico (no caso da PCH Ernestina) ou exigem obras de engenharia entais negativos e positivos. Como cada aproveitamento é exclu-
com elevada complexidade (no caso da PCH Santa Rita), o que sivamente desenhado para atender as características específicas
não condiz com os procedimentos simplificados existentes para de um determinado local geográfico, com características especí-
as pequenas centrais. ficas do meio, a magnitude dos impactos ambientais e sociais,
Até 1998, apesar das distorções aparentes, não houve mudança bem como a extensão dos seus efeitos positivos e negativos é
ou melhora na definição do conceito vigente de PCH (CLEMENTE, altamente dependente local.
2011). Entretanto, em 1996 com a criação da Agência Nacional de
1.2.1. Conceito de Impacto Ambiental
Energia Elétrica – ANEEL (Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996),
o setor elétrico passou por uma restruturação, levando, em 1997, Segundo Resolução CONAMA, nº 001, 23 de janeiro de
a criação de um grupo multidisciplinar para realizar um diagnóstico 1986, considera-se Impacto Ambiental “qualquer alteração das

4
Usinas hidrelétricas “a fio d’água”, utilizam turbinas que aproveitam a velocidade do rio para gerar energia, por exemplo, a turbina do tipo Bulbo é usada nas usinas fio d’água
por ser indicada para baixas quedas e altas vazões. Essas usinas reduzem as áreas de alagamento, entretanto, como não formam reservatórios para estocar a água, diminui a
capacidade de armazenamento de água, importante durante os períodos de seca (ANEEL, 2008).
5
Empresa consultora, líder de um consórcio, contratado pelo Ministério de Minas e Energia – MME, para colher sugestões para montagem de um novo desenho para o mercado
elétrico brasileiro e de uma nova aparência institucional, o que a partir desse momento se convencionou no o processo de Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro (Projeto RE-
SEB), de 1996.
6
Em 1998, a Lei n.º 9.648 ampliou o potencial das plantas energéticas de 10MW para 30 MW, autorizando a dispensa de licitação para empreendimentos hidrelétricos até esse
limite, para categorias de autoprodutor e produtor independente.
7
Art. 4º: O aproveitamento hidrelétrico que não atender a condição para a área do reservatório de que trata o artigo anterior, respeitados os limites de potência e modalidade de
exploração, será considerado com características de PCH, caso se verifique pelo menos uma das seguintes condições:
I - atendimento à inequação: A≤ 14,xP / Hb Sendo: P = potência elétrica instalada em (MW); A = área do reservatório em (km²);Hb = queda bruta em (m), definida pela diferença
entre os níveis d’água máximos normal de montante e normal de jusante; II - reservatório cujo dimensionamento, comprovadamente, foi baseado em outros objetivos que não o
de geração de energia elétrica. § 1º. Para o atendimento à inequação a que alude o inciso I, fica estabelecido, adicionalmente, que a área do reservatório não poderá ser superior
a 13,0 km2.
§ 2º. Na verificação da condição descrita no inciso II, a ANEEL articulará com a Agência Nacional de Águas - ANA, os Comitês de Bacia Hidrográfica, os Estados e o Distrito Federal,
conforme for o caso, de acordo com a respectiva competência, quanto aos objetivos para definir as dimensões do reservatório destinado ao uso múltiplo.
Além da revisão dos critérios de enquadramento de PCH, essa resolução estabelece os requisitos e procedimentos para a obtenção de outorga de autorização para exploração
de aproveitamento de potencial hidráulico com características de PCH, que serão explicados a seguir. Espera - se que essa resolução leve a um aumento no número de projetos
aprovados (PORTAL PCH, 2015).

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propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente Dessa forma, simplificadamente, impactos cumulativos
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante são gerados de outros impactos incrementais de mais de um
das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: empreendimento que se acumulam no tempo ou no espaço,
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;II - as resultando em um efeito maior que o efeito do impacto individual
atividades sociais e econômicas;III - a biota;IV - as condições de cada empreendimento, sobre um determinado componente,
estéticas e sanitárias do meio ambiente e;V - a qualidade dos quanto analisado separadamente
recursos ambientais.” São exemplos de impactos cumulativos, o esgoto de uma
O primeiro dispositivo legal associado à Avaliação de Impactos residência lançados in natura em um córrego, suas consequências
Ambientais, no Brasil9, ocorreu através da Lei Federal 6.938, de 31 podem ser mensuráveis, mas se muitas residências procederem
de agosto de 1981, passou-se a exigir que todos os empreendi- da mesma forma, certamente a qualidade das águas ficará
mentos que potencialmente provocariam impacto ambiental, esta- sensivelmente degradada; ou pequenos empreendimentos
belecessem, dentre outras obrigações: a identificação dos impactos turísticos, como pousadas e restaurantes, e pequenas obras de
ambientais; a caracterização dos efeitos negativos e, a definição infraestrutura urbana individualmente podem ter impacto pouco
de ações e meios para mitigação dos impactos negativos. Deve-se relevante, mas somados e concentrados em uma área modificam
observar que a avaliação do impacto ambiental, em sua concepção, paisagens, qualidade das águas e a cultura local; e ainda corte
representa um importante mecanismo para auxiliar a tomada de de vegetação em uma pequena propriedade rural pode não ter
decisão no processo da política ambiental. efeitos mensuráveis sobre o ecossistema aquático, mas se essa
vegetação for eliminada de toda uma bacia hidrográfica, não há
1.2.2. Impactos Cumulativos e Sinérgicos
dúvidas sobre seus efeitos deletérios.
O conceito de impacto cumulativo foi introduzido juntamente O impacto sinérgico (ou interação de impactos), segundo o
com o primeiro sistema de Avaliação de Impacto Ambiental, Ministério de Meio Ambiente - MMA (2002) é aquilo que tem a
pelo NEPA, em 1970, nos Estados Unidos da América, que capacidade de agir em sinergia ou ação cooperativa de agentes
na define impactos cumulativos como: “[...] o impacto que discretos, no caso, entre impactos diferentes do mesmo projeto
resulta do impacto incremental da ação [em análise] quando ou de projetos diferentes em que efeito total dá origem a outro
acrescia de outras ações passadas e presentes e de ações impacto diferente ou maior que a soma dos efeitos tomados
futuras razoavelmente previsíveis, independentemente de quão independentemente.
pequenas, mas coletivamente significativas que ocorram em Ou seja, os efeitos sinérgicos ocorrem quando que
um período de tempo ou da pessoa que promove essas ações. impactos de naturezas distintas interagem, gerando efeitos
Impactos cumulativos podem resultar de ações individualmente diversos ou maiores que quando analisados individualmente
[Seção 1508.7].” em cada empreendimento. Diz respeito, portanto, à avaliação
Ao longo dos anos este conceito foi ganhando adaptações e da complementaridade de efeitos entre impactos de distintas
novas definições, como a de Canter (1999), que acrescenta à naturezas (Norma Técnica NT 03/2010).
dimensão temporal, a dimensão espacial e evidencia os vários No final deste trabalho, serão feitas algumas considerações e
tipos de impacto cumulativo que podem ocorrer, de modo que apresentados dois estudos de casos sobre os efeitos sinérgicos
impactos cumulativos são impactos de natureza aditiva, interativa, e cumulativos gerados a partir dos impactos de um conjunto de
sinergética ou irregular (imprevisível), gerados por ações PCHs no mesmo trecho de rio.
individualmente insignificantes, mas coletivamente significativas
1.2.3. Impactos Positivos das PCHs
que se acumulam no espaço e tempo (CANTER, 1999).
No estudo de Egler (2001), os impactos cumulativos recebem Para melhor compreensão dos impactos socioambientais
a designação de diferentes formas de impactos, sendo todas gerados as centrais hidrelétricas, devem-se distinguir três
essas tipologias, impactos cumulativos, a saber: tipos básicos dos aproveitamentos quanto à capacidade de
• impactos aditivos dos empreendimentos que não requerem a regularização, que segundo Eletrobrás (1999) são: usinas a
AIA, de acordo com a maioria das legislações existentes, tais fio d’água; usinas de acumulação com regularização diária do
como os projetos de pequena escala, projetos agrícolas que reservatório; e com regularização mensal.
ocupem áreas menores que 10.000 ha. etc.; Uma PCH típica normalmente opera a fio d’água, isto é, geram
• impactos sinergéticos, no qual o impacto total de diferentes energia com o fluxo da água do rio (ELETROBRÁS, 2013). Esse
projetos excede a mera soma dos impactos individuais; tipo de PCH é empregado quando as vazões de estiagem do rio
• impactos de limite ou de saturação, onde o ambiente pode são iguais ou maiores que a descarga necessária à potência a ser
ser resiliente até um certo nível, a partir do qual se torna instalada para atender à demanda máxima prevista.
rapidamente degradado; Nesse caso, despreza-se o volume do reservatório criado pela
• impactos induzidos, onde um projeto de desenvolvimento barragem, sendo estas, normalmente, baixas, pois têm a função
pode estimular/induzir projetos secundários, sobretudo de apenas de desviar a água para o circuito de adução, de modo
infraestrutura; que o aproveitamento energético local é parcial e o vertedouro
• impactos por estresse de tempo ou de espaço, onde o funciona na quase totalidade do tempo, extravasando o excesso
ambiente não tem nem tempo nem espaço para se recuperar de água (ELETROBRÁS, 1999).
de um impacto antes que seja submetido a outro; e As pequenas centrais hidrelétricas a fio d’ água, não exigem a
• impactos globais, tais como os que ocorrem na diversidade construção de grandes reservatórios e assim, o panorama traçado
biológica e no clima do planeta. para projeto de PCH pressupõe que não haja deslocamentos

9
A adoção de sistemáticas para a avaliação de impactos ambientais teve início na década de 1960. Um dos países pioneiros na determinação de dispositivos legais para a definição
de objetivos e princípios da política ambiental foram os Estados Unidos, através da Lei Federal National Environment Policy Act – NEPA, aprovada em 1969, que reconhece o
profundo impacto da atividade humana sobre as inter-relações de todos os componentes do ambiente natural, especialmente as influências do alto crescimento populacional, da
expansão industrial e da exploração de recursos naturais. Apresentando o termo “impacto” usado como sinônimo de “efeito” de uma ação em curso ou uma proposta.
Frente à repercussão da aplicação do NEPA, alguns organismos internacionais tais como Organização das Nações Unidas - ONU, Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID
e Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento -BIRD, exigiram em seus programas de cooperação econômica a observância dos estudos de avaliação de impacto
ambiental.

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Nota-se uma enorme redução da área alagada, uma vez que 2. MATERIAL E MÉTODOS
a barragem neste caso não tem mais a função de agregar queda
O trabalho envolveu uma extensa elaboração do estado da
e sim, permitir a captação e pequena preservação da água para
arte sobre o histórico e desenvolvimento das PCHs no Brasil e o
permitir a operação da central.
conhecimento sobre seus impactos positivos e negativo no meio
Como contraponto ao menor impacto causado pela redução
em que se inserem. Para isso foram levantadas informações e
de área de reservatório, surgem novos impactos associados à
estudos técnicos nos principais bancos de dados sobre o tema,
formação de um Trecho de Vazão Reduzida - TVR, compreendido
como a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL); o Centro
entre a barragem e a casa de força, afetando o próprio leito natural
Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas
do rio e também a população lindeira que faz uso dessa água.
(CERPCH); as companhias estaduais de energia (CHEFS, CEMIG,
A manutenção da vazão mínima neste trecho vem sendo
CEEE, etc.); o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
objeto de muita discussão entre empreendedores e órgãos
o Intergovernmental Painel of Climate Change (IPCC); Agência
ambientais, pois a vazão destinada a este percurso é uma parcela
Nacional de Águas (ANA); ministérios (MMA, MME); Empresa de
que não estará disponível para a geração (Santos et.al., 2005).
Pesquisas Energéticas (EPE); o Operador Nacional do Sistema
Para o caso de pequenas usinas hidrelétricas a Norma Nº 4
(ONS); a Organização das Nações Unidas (ONU), entre outros.
da Norma de Projetos de Geração de PCH (no item 3, subitem
Para de aprofundar no nível de conhecimento e grau de
3.9) estipula que na elaboração de estudos de concepção do
aplicação da avaliação dos impactos sinérgicos e cumulativos
projeto, deverá ser considerado que a vazão remanescente no
gerados da construção de PCHs em sequencia, analisou-se
curso d´água, à jusante do barramento, não poderá ser inferior à
diversos estudos técnicos (como EIAs-Rimas), dissertações
vazão mínima média mensal calculada com base nas observações
e teses onde se considerou o impacto de mais de um desses
anuais no local previsto para o barramento, de acordo com o
empreendimentos em um mesmo trecho de rio, e mais
Manual de PCH – Eletrobrás/DNAEE (Mortari, 1997). A vazão
detalhadamente de um estudo de caso, que considerou uma
mínima defluente11 no trecho entre o barramento e o canal de
importantes bacia hidrográfica do país, a Bacia do Rio Doce.
fuga deverá ser igual a 80% da vazão mínima observada.
A legislação relativa à outorga para utilização dos recursos
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
hídricos superficiais em cursos d’água, em alguns estados do
Brasil, estabelece como fluxo residual mínimo a ser mantido a De fato, tem se observado que o número de PCHs pelo Brasil
jusante das derivações uma porcentagem da Q7,10 (vazão mínima tem aumentado expressivamente, e vêm sendo construídas no
com sete dias de duração e período de retorno de 10 anos), da que se pode chamar de “efeito cascata”, com a implantação de
Q90% (vazão associada à permanência de 90% no tempo) ou da diversas PCHs em sequência na mesma bacia. Uma cascata de
Q95%
(vazão associada à permanência de 95% no tempo) (Baena pequenas centrais hidrelétricas corresponde a um conjunto de
et. al., 2004). PCHs que dependam da vazão de jusante da anterior para sua
Se consideramos a vazão mínima como sendo igual a Q7,10, geração de energia (MAIA, 2011).
então a vazão a ser defluída na alça do rio será 80% de Q7,10. Alguns estudos consideram essas ocorrências um impacto
Se o rio for federal a vazão mínima observada será igual a 70% ambiental distribuído que, ao contrário das grandes hidrelétricas,
de Q95%, ou seja, aproximadamente Q7,10 é maior que 80 % Q7,10, mesmo com uma potência equivalente em um conjunto de PCHs,
assim nenhum usuário poderá ter outorga no trecho de alça do rio. representam vários pequenos empreendimentos, distribuído
Além disso, a redução da vazão neste estivão do rio pode mudar em diferentes bacias hidrográficas, cujo somatório da área de
a disponibilidade de habitat, o regime de vazão e a extensão da reservatório certamente será menor (COSTA, 2006). Porém, é
área molhada, que pode impactar numerosas espécies incluindo importante ressaltar, que as PCHs não estão bem distribuídas
comunidades aquáticas de plantas, de invertebrados e de peixes. em diferentes bacias e o que tem ocorrido, na verdade, é a
Consequentemente, o fluxo residual nesta seção deve sempre concentração desses empreendimentos nas mesmas bacias e
ser adequado para proteger a ecologia do rio, através das várias muitas vezes em um mesmo corpo hídrico.
variações sazonais. Idealmente, é necessário estabelecer uma No estudo de LEÃO (2008), a suposição que várias PCHs
vazão mínima aceitável. podem gerar impactos maiores, através da degradação
As mudanças no fluxo de água, assim como aumentos no ambiental descontínua entre localidades e atores diferenciados,
sedimento e outros materiais em suspensão podem conduzir ao não foi comprovada. Uma vez que não houve significativa
desaparecimento dos habitats. A alteração do fluxo da água, tal realocação de pessoas, nem prejuízo dos proprietários, as usinas
como alargamento do leito do rio e a redução da corrente pode são participante do MDL, os usos múltiplos ainda prevalecem,
conduzir à redução ou substituição de espécies nativas de peixes. e houve promoção de integração regional ao ofertar energia
Os arranjos que causam uma redução na vazão têm o potencial elétrica para desenvolvimento local. Entretanto, o estudo
de afetar a concentração dos poluentes transportados pela água analisou a sequencia de apenas duas PCHs e mesmo assim foram
e dos organismos patogênicos. detectados parâmetros negativos, como alteração da qualidade
A ecologia de uma área também pode ser afetada perma- da água, alterações do uso do solo, alteração da ictiofauna, e
nentemente pelo estabelecimento do reservatório, que pode interferência sobre a biodiversidade e os fluxos gênicos.
inundar áreas de habitats naturais, mas resultará em um habitat Para o IPCC (2011), os impactos ambientais e sociais
novo que pode atrair outro tipo de fauna. As represas e os açudes acumulados relativos do desenvolvimento pequenos centrais
pequenos têm outros efeitos benéficos na ecologia, incluindo hidrelétricos, comparados aos impactos de uma grande central
fluxo mais lento da água, conduzindo a menor erosão do banco permanecem obscuros, e dependentes das especificidades locais.
do rio; melhora do microclima local e aumento nos níveis de água Além disso, para Egre e Milewski (2002), uma hidrelétrica
à montante do rio. de 2.000 MW localizado em uma área remota pode ter menos

A vazão defluente de uma usina hidrelétrica é composta por duas parcelas: a vazão turbinada e a vazão vertida. A vazão turbinada é aquela passa pelas turbinas e gera energia e
11

a vazão vertida é aquela que passa pelos vertedouros da usina e não gera energia. O vertimento não é desejado, uma vez que uma determinada quantidade de água que poderia
ser utilizada para gerar energia retorna ao rio por um caminho alternativo sem acionar as turbinas.

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impactos negativos, quando comparado os impactos cumulativos de referência diferenciados de acordo com cada órgão ambiental
de 400 PCHs de 5 MW distribuídas em muitas bacias hidrográficas. responsável, criando uma instabilidade legal e incertezas no
As PCHs são associadas à geração de menores impactos, mercado de PCH.
uma vez que, normalmente alagam áreas menores. Entretanto,
deve-se considerar que, as PCHs que não fazem uso de quedas 4. CONCLUSÕES
naturais, resultam na construção de barramentos, os quais
deslocam populações afetadas por um número potencialmente Em escala nacional, os impactos associados ao setor energético
maior de reservatórios de dimensões menores, o que poderá dependem das fontes e tecnologias escolhidas para sustentar o
consequentemente aumentar o número de conflitos de uso local crescimento da demanda de energia. Um olhar integrado sobre o
e torná-los mais problemáticos. conjunto de projetos e sobre as opções tecnológicas disponíveis
conduz a discussão a patamares estratégicos e permite antever
possíveis impactos socioambientais de diferentes configurações
3.1. Análise do Estudo de Caso da Bacia do Rio Doce
da matriz energética. Dessa forma, a análise não pode se
No estudo de Souza et.al. (2011), foram analisados 23 restringir aos impactos associados a uma determinada fonte,
aproveitamentos hidrelétricos, entre PCHs e Grandes Centrais mas às consequências das opções feitas para compor a matriz
Hidrelétricas - GCHs, na Bacia do Rio Doce, na parte pertencente (PDE, 2022).
ao Estado de Minas Gerais através da avaliação de impacto Essa perspectiva permite que a avaliação alcance questões
ambiental de cada empreendimento, possibilitando assim a importantes, como a necessidade de maior participação de
comparação da magnitude do impacto causado por cada um, usinas térmicas ao se descartar o aumento da capacidade
identificando ou não um padrão para o impacto produzido de regularização dos reservatórios, os desdobramentos da
segundo o porte do aproveitamento. A avaliação mostrou que concentração de parques eólicos em regiões de grande potencial
as PCHs apresentaram classificação diversa, sendo algumas turístico, ou os impactos de grandes usinas hidrelétricas
consideradas de médio e de alto impacto ambiental, nenhuma comparados a inúmeras PCH em uma mesma bacia hidrográfica,
foi considerada de baixo impacto, o que nos evidencia que questão essa que motivou este trabalho.
mesmo sendo amplamente considerada uma fonte energética de Ressalta-se, assim, a pertinência da discussão das questões
baixo impacto ambiental, pode gerar impactos ambientais altos socioambientais, em uma escala mais ampla que permita avaliar
dependendo das características locais. E somando a existência os reais custos e benefícios das decisões de implementar várias
de diversos aproveitamentos na mesma região, o resultado dos pequenas centrais na mesma bacia hidrográfica.
impactos pode ser ainda mais alto, que pode não justificar a Em se tratando das PCH, é certo que esses aproveitamentos
energia fornecida. têm contribuído de forma importante para exploração do potencial
O estudo em questão não avaliou os efeitos integrados dos dos recursos hídricos do país. Em função de suas características
empreendimentos, mas considerou o parâmetro “distância técnicas e de sua menor área de inundação, seus impactos
entre barramentos”, o qual, juntamente com a potência ambientais tendem a ser de menor magnitude.
instalada, representou o pior desempenho na avaliação das Entretanto, há situações onde as PCHs possuem impactos
pequenas centrais. Isso é reflexo da situação atual das PCHs, negativos maiores que os positivos, principalmente quando as
que comumente foram e são construídas muito próximas umas questões socioambientais não são dimensionadas e integradas
das outras, e evidencia ainda mais a necessidade de incorporar de forma coerente no ambiente em que se inserem. Dessa forma,
estudos integrados, que considerem os impactos cumulativos e/ recentemente tem sido dada atenção especial aos impactos
ou sinérgicos no planejamento. ambientais sinérgicos e cumulativos resultantes da concentração
Ressalta-se que no trabalho de Souza et.al. (2011), os de PCH em uma mesma bacia hidrográfica, sobretudo quando
parâmetros estudados foram: área alagada; potência instalada; associados à interferência na biodiversidade aquática e nas Áreas
potência instalada por área alagada (ou seja, produtividade); de Preservação Permanente - APP.
distância entre barramentos; distância de sedes urbanas; e Adicionalmente, deve-se ter atenção especial ao desvio do
qualidade da água. Entretanto, destaca-se que esses parâmetros trecho de rio construído para as usinas a fio d’água, que por
não refletem a gama de potencias impactos, negativos e positivos, um lado reduz a área alagada, uma vez que a barragem neste
gerados pelas PCHs, desconsiderando, por exemplo, impactos caso não tem mais a função de agregar queda e sim, permitir a
no meio biótico, destruição de habitat, erosão e assoreamento, captação e pequena reserva para permitir a operação da central,
desenvolvimento econômico, entre outros. por outro, entretanto, surgem novos impactos associados à
Em função do uso intensivo dos recursos naturais, principalmente formação do trecho de vazão reduzida, afetando o leito natural
no que se refere aos aproveitamentos hidre-létricos, tem-se do rio e também a população lindeira que faz uso dessa água
observado que a avaliação individual dos projetos não consegue (Santos et al., 2005).
captar os efeitos sinérgicos do conjunto de empreendimentos a De fato, a presença de um maior número de projetos em uma
serem implantados em uma determinada área, especialmente os mesma região não implica, necessariamente, em impactos cumu-
aproveitamentos em uma mesma bacia hidrográfica, tão comum lativos e/ou sinérgicos expressivos ou que não possam ser miti-
na maioria dos estudos de inventário de PCHs. Isso tem levado gados ou evitados, entretanto para evitar esses impactos e fazer
muitos Conselhos de Meio Ambiente a sugerir que o licenciamento jus à credencial de sustentabilidade que esses aproveitamentos
deste tipo de empreendimento seja inserido em uma Avaliação possuem, é imprescindível que a influência, impactos e viabilidade
Ambiental Integrada - AAI. A princípio, esta avaliação deverá socioambiental de cada projeto relativo à PCH sejam sempre anali-
permitir a análise da interação dos impactos, como no caso do uso sados e avaliados no contexto da multiplicidade dos empreendi-
múltiplo da água em uma bacia hidrográfica. mentos previstos para uma mesma bacia hidrográfica, evitando,
Contudo, este tipo de estudo não é amplamente aplicado no assim, impactos ambientais irreversíveis.
Brasil, não sendo um procedimento legal. Ainda assim este tipo Wärnback & Hilding-Rydevik (2009) sugerem que a falta
de avaliação tem sido cada dia mais requerido e/ou sugerido pelos de conhecimento e procedimentos no que se refere à forma de
diferentes conselhos. O resultado é que, são elaborados termos quando e como se incluem os impactos cumulativos e sinérgicos

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IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE PEQUENAS CENTRAIS
HIDRELÉTRICAS: CONSIDERAÇÕES SOBRE OS EFEITOS
CUMULATIVOS E SINÉRGICOS
TECHNICAL ARTICLES

no processo de avaliação de impacto, a falta de legislação e • BAENA, L.G.N.; SILVA, D.D.; PRUSKI, F.F.; CALIJURI, M. L.
de regras claras são entendidas como os principais obstáculos 2004. Engenharia na Agricultura, Viçosa, v.12, n.1, 24-31,
a essa avaliação. Esta situação leva à consideração e gestão Jan./Mar., 2004.
dos impactos cumulativos e sinérgicos apenas se realize se • BRASIL, DECRETO Nº. 4.873, DE 11 DE NOVEMBRO DE 2003.
os responsáveis pela tomada de decisão assim o entenderem Institui o Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso
(ROSS & THERIVEL, 2007), como é a tentativa da Empresa de da Energia Elétrica - "LUZ PARA TODOS" e dá outras providências.
Pesquisas Energéticas – EPE, com a recomendação da AAI de • BRASIL, Resolução ANEEL nº 652, de 09 de dezembro de
bacias hidrográficas. 2003. Estabelece os critérios para o enquadramento de
Atualmente, a Avaliação Ambiental Integrada se insere no aproveitamento hidrelétrico na condição de Pequena Central
planejamento energético e ambiental como um instrumento Hidrelétrica (PCH). Diário Oficial da República Federativa do
intermediário entre a realização de inventários e os estudos de Brasil, Brasília, 9 dez. 2003.
viabilidade, tendo como objetivo geral subsidiar a definição de • BRASIL, LEI 10.438/2002 de 26 de Abril de 2002.
diretrizes e orientações para o planejamento e a implementação • BRASIL, Resolução ANEEL n.º 394, de 4 de dezembro de
de ações para a região, no âmbito da Política Energética Nacional 1998. Estabelece os critérios para o enquadramento de
(EPE, 2007). empreendimentos hidrelétricos na condição de pequenas
O termo integrado refere-se à interação dos efeitos dos centrais hidrelétricas. Diário Oficial da República Federativa
diferentes empreendimentos hidrelétricos e à interação entre as do Brasil, Brasília, 7 dez. 1998.
diferentes variáveis que caracterizam os impactos ambientais, • BRASIL, RESOLUÇÃO CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de
visando identificar e avaliar os efeitos sinérgicos e cumulativos 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a
resultantes dos impactos ambientais ocasionados pelo conjunto avaliação de impacto ambiental.
de aproveitamentos hidrelétricos nas bacias hidrográficas do país • CAMARGO, J. R. P. 2002. In: TOLMASQUIM, M., T. (org.).
(EPE, 2007). Fontes renováveis de Energia no Brasil. Rio de Janeiro:
Canter (1996) adianta que não existe um conhecimento Editora Interciência, 2002.
científico abrangente no que se refere à sustentabilidade dos • CANTER, L.W.. 1999. Environmental Impact Assessment,
recursos naturais e aos impactos cumulativos e sinérgicos nesses Second Edition, New York: McGraw-Hill Book Co., Inc., 1999.
recursos, soma-se a isso a falta de informação quando se trata de • CARNEIRO, Daniel Araujo. PCHs: pequenas centrais
monitoramento ambiental no Brasil, excetuando grandes bacias
hidrelétricas: aspectos jurídicos, técnicos e comerciais. Rio de
hidrográficas.
Janeiro: Synergia: Canal Energia, 2010.
Um conceito fundamental relativo à avaliação de impactos
• CERPCH, Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais
sinérgicos e cumulativos está associado à dificuldade de
Hidrelétricas. 2007. Publicações. Disponível em: <http://www.
delimitação. Há muito tempo que se estudam os limiares
cerpch.unifei.edu.br>. Acesso em: 08 de dezembro de 2011.
ecológicos e a resposta das populações aos mesmos, e ainda assim
• CLEMENTE, L., 2001. Seleção da Potência Instalada Ótima
o comportamento desses parâmetros não é próximo da complexa
de PCHs no Contexto de Mercados Competitivos. Dissertação
realidade dos sistemas ecológicos. Em linhas gerais, esses
(M.Sc.) -Setor de Tecnologia -Universidade Federal do Paraná.
limites referem-se ao ponto a partir do qual o comportamento
Curitiba, 2001
dos componentes de um sistema se altera de tal forma, rápida e
• COLACCHI, F. 1996. Suprimento Energético: Instrumento
imprevisível, que se torna impossível o retorno ao estado inicial.
de Apoio ao Desenvolvimento Rural Sustentado. Dissertação
É, portanto claro que, para se cumprirem os objetivos de uma
(M.Sc.) -Programa de Planejamento Energético. PPE/COPPE/
avaliação dos impactos sinérgicos e cumulativos, estes limites
UFRJ. Rio de Janeiro, 1996.
devem ser aperfeiçoados, e se não o forem, corre-se o risco de
• COSTA, C. V., 2006. Políticas de Promoção de Fontes Novas
afetar ambientes sensíveis de modo irreversível.
e Renováveis para a Geração de Energia Elétrica: Lições da
E certamente, uma vez avaliado e estudado os impactos
Experiência Europeia para o Caso Brasileiro. Tese de D.Sc.
ambientais integrados gerados pela implantação de mais de uma
Programa de Planejamento Energético, COPPE/UFRJ, Rio de
pequena central hidrelétrica, faz-se necessário o desenvolvimento
de medidas de mitigação ou compensação desses impactos, Janeiro, 2006.
através da implementação de programas e projetos ambientais. • EGLER, P. C. G. 2001. Perspectiva do Uso da Avaliação
De forma geral, tais programas e projetos objetivam minimizar, Ambiental Estratégica no Brasil. Parcerias estratégicas,
quando possível, os impactos negativos, ou compensá-los de Brasília, v. 11, n. Junho 2001, 2001.
alguma forma quando a minimização não é viável, podem ainda • ELETROBRAS, Centrais Elétricas Brasileiras, 2013. Informações
ter como finalidade maximizar os impactos positivos. sobre o setor elétrico. Disponível em: < http://www.
eletrobras.com/elb/data/Pages/LUMIS293E16C4PTBRIE.
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IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DE PEQUENAS CENTRAIS
ARTIGOS TÉCNICOS HIDRELÉTRICAS: CONSIDERAÇÕES SOBRE OS EFEITOS
CUMULATIVOS E SINÉRGICOS

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