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G-0869
Teste de avaliação
fluimucil
Infeções
por vírus respiratórios
Ameaças emergentes
Directora do Curso
M.a José Alonso Osorio
Farmacêutica Comunitária
Especialista em Farmácia Galénica
e Industrial
Vogal de Plantas Medicinais
do Colégio Oficial de Farmacêuticos
de Barcelona
Patrocinado por:
Direcção editorial
D.L.: B-25.121-2012
4 Gripe A .................................................................................................................................................... 6
4.1. Antecedentes. Vírus gripais emergentes .................................................... 6
4.2. Gripe A H1N1/estirpe S-OIV ................................................................................. 6
4.1.1. Morbilidade e mortalidade ....................................................................... 7
4.3. Sintomas . ..................................................................................................................................... 7
4.4. Período de incubação e contágio ...................................................................... 7
4.5. Evolução ....................................................................................................................................... 8
4.6. Tratamento . .............................................................................................................................. 8
4.6.1. Oseltamivir ................................................................................................................ 8
4.6.2. Zanamivir .................................................................................................................... 9
4.7. Precauções para evitar a transmissão.
Conselhos para a população ................................................................................ 10
4.8. Vacinação ................................................................................................................................. 11
4
Introdução
5
4
Gripe A
Os fornecedores de cuidados de saúde, entre os quais resistência cruzada com o vírus anterior, a mortali-
se encontram os farmacêuticos, têm um papel funda- dade mundial ascendeu a menos de 5 milhões de pes-
mental no controlo, tratamento e assistência à popu- soas, devido a uma menor patogenia do que a causada
lação durante a gripe sazonal mas ainda mais durante em 1918 e porque já existiam medidas de controlo
uma possível epidemia ou pandemia por gripes emer- e terapêuticas. Em 1968, a «gripe de Hong Kong»,
gentes. causada pelo vírus H3N2, teve efeitos ainda meno-
Uma das principais pandemias por vírus emergentes res dado que tinha a mesma variante de neuramini-
dos últimos anos foi a da gripe originada pelo vírus dase (NA) (uma importante glicoproteína de super-
emergente A H1N1/estirpe S-OIV que, em finais de fície destes vírus) e parte da população tinha alguma
Abril de 2009, levou a OMS a emitir um alerta mundial. imunidade.
Devido a esta pandemia criou-se na população um Em 1997, em Hong Kong, o vírus H5N1 causou uma
grande alarme que levou, em determinados momen- doença respiratória grave a 18 pessoas, seis das quais
tos, ao colapso nas urgências dos centros hospitala- faleceram. Este surto coincidiu com uma epidemia
res já que, na presença de qualquer sintoma de gripe de gripe aviária muito patogénica, causada por essa
comum, a população dirigia-se aos centros hospitala- mesma estirpe, na população de aves domésticas de
res com medo de ter contraído a chamada gripe A. Hong Kong. Este acontecimento criou um alarme
entre as autoridades sanitárias, por ser a primeira vez
que era detetado que um vírus da gripe aviária podia
4.1. Antecedentes.
ser transmitido diretamente para o homem e causar
Vírus gripais emergentes
uma doença grave com elevada mortalidade. Em 2003
e 2004 surgiram novamente alarmes ao serem regista-
De alguma forma, todas as doenças infeciosas tive-
dos 62 mortos de 122 casos humanos (mortalidade à
ram início nas condições que hoje consideramos
como próprias das doenças emergentes. No que diz volta dos 51%) em diversos países afetados (Indoné-
respeito à gripe, desde o aparecimento em 1918 de sia, Coreia, Cambodja, Tailândia e Vietname).
uma nova estirpe muito virulenta do vírus da gripe,
que produziu a epidemia denominada «gripe espa-
nhola» e que causou mais de 40 milhões de mortos,
4.2. Gripe A H1N1/estirpe S-OIV
foram várias as epidemias e pandemias de gripe que
No final de abril de 2009, a OMS emitiu um alerta de
se manifestaram em diversas partes do mundo devido
pandemia sobre outro vírus emergente causador da
à grande mutabilidade dos vírus da gripe.
gripe que no início foi chamada de «gripe porcina» e
A pandemia de 1918 foi causada por um vírus H1N1 e «nova gripe». Embora o vírus que provocou em 1918
a sua grande mortalidade deveu-se ao facto de naquela a chamada «gripe espanhola» fosse também do tipo A
altura não se conhecerem os antibióticos, nem os anti- H1N1, este vírus verificou-se ser de um novo subtipo:
virais. Embora os antibióticos não sejam eficazes con- A H1N1/estirpe S-OIV, que não tinha circulado ante-
tra os vírus, são eficazes contra as bactérias oportu- riormente na espécie humana. O vírus, contagioso,
nistas que são a causa das principais complicações propagou-se facilmente pelas pessoas, e entre países.
respiratórias, que mataram uma boa parte das pessoas No mês de julho do mesmo ano, foram notificados
que naquela época contraíram a infeção viral. 30.000 casos confirmados em 74 países, o que obri-
Quando em 1957 ocorreu a denominada «gripe asi- gou a OMS a elevar o grau de alerta do grau inicial 5
ática», causada pelo vírus H2N2, com muito pouca para o grau 6.
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4 Gripe A
Febre alta (>38º) que dura mais de três dias e calafrios. Febre alta (>38º) que persiste por mais de três dias apesar
(Por vezes, aparecimento súbito de 39º ou mais). do tratamento.
Doenças respiratórias nas vias superiores: Dificuldade em respirar, sensação de falta de ar quer seja
congestionamento nasal (pouco frequente), tosse (seca e em repouso ou em movimento.
contínua), dor de garganta (costuma ser leve). Expetoração purulenta
Perturbações digestivas (em alguns casos): diarreia, Outros sintomas de alarme: Tonturas ou alterações da
náuseas, vómitos. consciência. Descida da tensão arterial
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Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes
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4 Gripe A
Peso 15 a 23 kg, 45 mg, 1 vezes por dia. Em doentes com asma ou outras doenças respirató-
rias tratados com medicamentos em inaladores deve
Peso 23 a 40 kg, 60 mg, 1 vezes por dia.
ter-se em conta que:
As crianças com peso superior a 40 kg e que pos-
doente deve continuar o seu tratamento habitual,
O
sam deglutir as cápsulas podem tomar 75 mg uma
utilizando esta medicação alguns minutos antes do
vez por dia.
Zanamivir.
doente deve certificar-se de que tem o seu inala-
O
Efeitos adversos dor de emergência de ação rápida (por exemplo sal-
Os efeitos adversos mais frequentes ( TABELA 4-3 ) butamol) quando utilizar o Zanamivir.
ocorrem geralmente após a administração da primeira
e quando utilizar o Zanamivir sentir uma pressão
S
dose de medicamento, desaparecendo ao longo do
na garganta e no peito ou dificuldade em respirar
período de tratamento. A sua frequência é reduzida se
deve interromper a utilização do mesmo, utilizar o
tomar o medicamento com alimentos. No que se refere
inalador de emergência de ação rápida para o aju-
aos efeitos adversos menos frequentes ( TABELA 4-3 ),
dar a respirar e consultar o serviço de urgência mais
não está clara a sua relação com o tratamento uma vez
próximo.
que muitos deles podem ser devidos à própria patologia
e também ocorrem em doentes com gripe não tratados
Posologia
com oseltamivir.
No tratamento
Tabela 4-3 Efeitos adversos do oseltamivir
Adultos e crianças (com 5 anos ou mais): a dose
Mais frequentes
habitual é de 2 inalações (2 alvéolos) duas vezes
Digestivos: náuseas, vómitos, diarreia,
dores de estômago.
por dia durante 5 dias.
Dores de cabeça. Deve iniciar-se a medicação o mais rápido pos-
Menos frequentes sível, nos adultos no espaço de 48 horas após
Digestivos: sensação de enfartamento na parte superior o aparecimento dos sintomas; nas crianças (≥5
do abdómen, hemorragia no trato gastrointestinal. anos) no espaço de 36 horas após o aparecimen-
Respiratórios: bronquite, infeções do trato respiratório to dos sintomas.
superior.
Neuropsiquátricos: convulsões e delírio (com sintomas Na prevenção depois de estar em contacto com
como alteração dos níveis de consciência, confusão,
comportamento anormal, transtornos delirantes, um indivíduo infetado
alucinações, agitação, ansiedade, pesadelos), que em Adultos e crianças (≥5 anos): a dose habitual é
raras ocasiões tiveram como resultados lesões por
acidente com um desfecho mortal. Desconhece-se a de 2 inalações (2 alvéolos) uma vez por dia du-
contribuição do oseltamivir para estes acontecimentos rante 10 dias.
já que também foram comunicados em doentes com
gripe que não estavam em tratamento. Se ocorrer um surto epidémico na comunidade:
Outros: tonturas, cansaço, dificuldade em dormir, Adultos e crianças (≥5 anos): a dose recomenda-
reações na pele, alterações da função hepática de leves da é de 2 inalações (2 alvéolos) uma vez por dia
a graves, transtornos da visão e alterações do ritmo
durante 28 dias.
cardíaco.
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Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes
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4 Gripe A
Exemplos de material gráfico de educação sanitária que pode ser entregue à população para a prevenção:
GRIPE
Dois gestos de protecção!
A (H1N1)
1
Cubra a boca quando tossir ou espirrar
Quando espirrar ou tossir, deve cobrir a boca e o nariz, usando
sempre um lenço de papel.
Nunca as mãos!
2
Lave as mãos
Lave as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.
SAÚDE 24
SOBRE A GRIPE A (H1N1) 808 24 24 24
A nova estirpe de vírus da gripe transmite-se pelo ar, de pessoa para pessoa, O número que o liga à saúde.
através de gotículas de saliva de um indivíduo doente, sobretudo através da
tosse e dos espirros, mas também por contacto das mãos com objectos e/ou
superfícies contaminados.
CUIDADOS A TER
Trata-se de uma gripe humana e os sintomas desta doença são os mesmos da
gripe comum: febre, tosse, dor muscular, dificuldade respiratória e, nalguns Evitar o contacto próximo com pessoas que apresentem sintomas de gripe:
casos, vómitos e diarreia. febre, tosse, dores de garganta, dores no corpo ou musculares, dores de
cabeça, arrepios e fadiga;
O Ministério da Saúde accionou o Plano de Contingência para este tipo de
situações e encontra-se permanentemente a acompanhar a evolução da Cobrir a boca e nariz quando espirrar ou tossir, usando um lenço de papel.
situação, divulgando informação útil aos cidadãos sempre que necessário. Nunca as mãos;
O QUE FAZER Evitar tocar nos olhos, nariz e boca sem ter lavado as mãos, porque o contacto
com superfícies e/ou objectos contaminados é uma forma de transmissão
Se manifestar sintomas de gripe deve permanecer em casa, ligar para a LINHA
frequente;
SAÚDE 24 808 24 24 24 e seguir as instruções que lhe forem dadas.
Limpar superfícies sujeitas a contacto manual muito frequente (como, por
As pessoas que venham de áreas afectadas ou que tenham tido contacto próximo
exemplo, as maçanetas das portas, corrimãos, telefones, computadores) com
com alguém com gripe, se apresentarem sintomas, deverão ligar para a LINHA
um produto de limpeza comum;
SAÚDE 24 808 24 24 24
O cumprimento destas indicações é igualmente adequado no que respeita a
crianças.
Direcção-Geral da Saúde
www.dgs.pt
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Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes
Tabela 4-5 Pessoas para as quais está recomendada a vacinação contra a gripe
Critérios de inclusão nos grupos-alvo para vacinação por ordem de prioridades1 (Grupo A, B ou C), tendo em atenção
o desempenho de funções essenciais, o risco para complicações pós-infecção e a disponibilidade de vacinas.
Pessoas a vacinar, 1.ª fase
Profissionais de saúde:
- que, pelo seu número, pela especialização e especificidade das suas funções, sejam dificilmente substituíveis;
- que prestem cuidados a doentes de alto risco (por ex. em unidades de transplantes);
- do INEM e ambulâncias do Sistema Integrado de Urgência Médica (profissionais envolvidos na prestação directa
de cuidados);
- do Instituto Português do Sangue (profissionais envolvidos na colheita de sangue);
- da Linha Saúde 24 (enfermeiros agentes de linha);
Grávidas nos 2.º e 3.º trimestres (> 12ª semana de gestação), com patologia associada;
Titulares de órgãos de soberania e profissionais que desempenhem funções essenciais (1.ª linha)2,3.
Grupo alvo A
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Vírus emergentes que têm uma sintomatologia
respiratória semelhante à do vírus sincicial respiratório:
metapneumovírus humano, bocavírus humano e rinovírus
Nos últimos anos foram descobertos novos vírus res- 5.1. Descrição dos vírus MPVh, HBoV
piratórios que têm em comum o facto de afetar as e rinovírus. Breve explicação
vias superiores e inferiores e que podem levar a um sobre o seu descobrimento
quadro de sintomas semelhantes aos das bronquio-
lites causadas por VSR, ocasionando na maior parte Trata-se de vírus que, embora possam estar a circu-
dos casos uma proporção semelhante de quadros gra- lar há vários anos, foram descobertos em datas rela-
ves e complicações. tivamente recentes ou cuja percepção de relevância
Os principais responsáveis são os vírus: clínica foi detetada nos últimos tempos, tudo graças
Metapneumovírus humano (MPHv). ao desenvolvimento e evolução das técnicas de labo-
ratório.
Bocavírus humano (HBoV).
Rinovírus.
5.1 .1 . Metapneumovírus humano (MPVh)
A diferenciação do agente causador deve realizar-
O metapneumovírus humano (MPVh) é um novo
se no laboratório através de técnicas especializadas,
vírus respiratório descoberto em 2001 por Van den
sendo que por vezes, pode ser necessário um trata-
Hoogen, na Holanda. O género Metapneumovírus
mento específico, se a gravidade dos sintomas não
pertence à família Paramyxoviridae e à sub-família
obrigar à hospitalização, estas infeções são tratadas
Pneumovirinae, a que também pertence o VSR (Vírus
de forma não específica, como as bronquiolites cau-
Sincicial Respiratório). O MPVh é um vírus ARN, de
sadas por vírus sincicial respiratório (VSR), isto é, com
cadeia simples e polaridade negativa que afeta exclu-
medidas de suporte (como pode ver no ponto 2.5.Tra-
sivamente os humanos, e de onde surge a sua denomi-
tamento).
nação como metapneumovírus humano.
No entanto, é conveniente conhecer estes vírus, a sua
Análises serológicas revelaram que aos 5 anos, virtu-
epidemiologia, sintomatologia, períodos de incuba-
almente todas as crianças foram infetadas por este
ção e contágio, formas de diagnóstico e tratamento,
vírus e que esteve a circular aproximadamente por
para que o farmacêutico e a sua equipa possam reco-
mais de 43 anos em algumas populações sem que
nhecer os sintomas de alarme que, na consulta de des-
tivesse sido descoberto antes devido às particularida-
piste, decidem o envio urgente para o médico, dando
des próprias do vírus, dificuldades na sua replicação
uma informação razoável e convincente ao consul-
em linhas celulares e o fracasso dos métodos clássi-
tante. Por outro lado, o conhecimento das normas de
cos de deteção.
prevenção e dos conselhos de higiene e de alimenta-
ção complementares ao tratamento, reforçará a assis-
tência farmacêutica, nas suas facetas de prevenção e 5.1 .2. Bocavírus humano
manipulação da doença. O bocavírus humano (HBoV) é um vírus da família
Para facilitar a comparação das semelhanças e dife- Parvoviridae descrito pela primeira vez em 2005 por
renças entre a epidemiologia, sintomatologia, diag- um grupo de investigadores suecos liderado por Tob-
nóstico e evolução, a informação é apresentada em ías Allander. Até essa data acreditava-se que o único
forma de tabelas comparativas. membro da família dos Parvoviridae capaz de afetar a
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Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes
espécie humana era o parvovírus humano B19, identifi- A infeção por HBoV foi descrita em crianças com
cado em 1980 e agente causador de eritema infeccioso menos de cinco anos (mais frequentemente em crian-
em crianças e hidrópsia fetal em infeções intrauterinas. ças de dois anos) com doença aguda do trato respira-
O bocavírus humano foi isolado pela primeira vez em tório superior e inferior, apresentando características
clínicas semelhantes às das bronquiolites causa-
2005, em amostras de aspiração nasofaríngea prove-
das por VSR e MPVh e ocasionando uma proporção
nientes de lactantes e crianças suecas com manifesta-
semelhante de quadros graves.
ções clínicas de doença do trato respiratório.
No que se refere às infeções por rinovírus, quando se
manifestam como infeções catarrais que afetam as vias
5.1 .3. Rinovírus
respiratórias superiores, os sintomas são os de uma
Os rinovírus humanos constituem um género inclu- constipação comum: espirros, rinite, tosse, por vezes
ído na família dos Picornaviridae, que se considera a febrícula ou febre baixa, irritação da garganta, otite.
causa mais comum de infeções virais em humanos. As manifestações clínicas associadas à doença das vias
A sua identificação em culturas celulares ocorreu nos inferiores, causadas por este vírus, são semelhantes às
anos cinquenta, pelo que em si os rinovírus não podem do VSR (vírus sincicial respiratório) ( TABELA 5-2 ).
ser considerados vírus emergentes. No entanto, o que
mudou foi a percepção de relevância clínica que se
tinha do vírus. Até à data numerosos estudos relacio-
5.4. Período de incubação.
naram os rinovírus com as contipações comuns das
Transmissão. Diagnóstico
e evolução
crianças maiores e dos adultos, mas desde que nos
anos noventa se introduziu a técnica de PCR (reacção
O período de incubação pode ir desde alguns dias
em cadeia pela polimerase), a possibilidade de carac-
(rinovírus) até cerca de uma semana (MPVh e rino-
terização sistemática de todos os serótipos de rinoví- vírus), embora no caso do HBoV se desconheça qual
rus permitiu constatar que podem infetar também as é o período de incubação. A via de transmissão mais
vias aéreas inferiores de pessoas saudáveis, sem pato- comum é através das secreções respiratórias, através
logia subjacente como asma ou fibrose quística. das gotículas de Flügge que são expulsas ao falar, tos-
sir, espirrar, etc., por isso as normas de higiene (Ver
ponto 2.5.) são de especial importância para evitar a
5.2. Epidemiologia das infeções transmissão.
respiratórias causadas por
MPVh, HBoV e rinovírus Após a realização de um diagnóstico clínico de bron-
quite, bronquiolite, pneumonia e exacerbações de
Trata-se em geral de vírus com expansão universal e asma em doentes com problemas respiratórios, a pre-
picos sazonais que afetam principalmente as vias res- sença de qualquer um destes vírus só pode ser confir-
piratórias inferiores, embora também possam provo- mada em laboratório através de técnicas específicas
car infeções das vias respiratórias superiores. Afetam realizadas em amostras respiratórias, já que as mani-
principalmente os lactantes e crianças, adultos com festações clínicas de infeção, tanto se o agente causa-
doenças respiratórias, idosos e pessoas imunodepri- dor for só um deles como se forem co-infetantes, são
midas. Por vezes, apresentam-se em co-infeção com semelhantes às de outros vírus respiratórios.
outros vírus e podem reinfetar ( TABELA 5-1 ). As complicações mais frequentes são otite média e
dificuldades respiratórias (no caso de MPHv) e pneu-
monias ou exacerbações asmáticas (em qualquer
5.3. Sintomas principais das infeções caso) ( TABELA 5-3 ).
respiratórias causadas por
MPVh, HBoV e rinovírus
5.5. Tratamento das doenças
Num estudo realizado em crianças em 2003, obser- respiratórias causadas por
vou-se que a bronquiolite (sintomas respiratórios MPVh, HBoV e rinovírus
leves que evoluem aos dois ou três dias com sibilos
e/ou tosse sibilante e forçada) foi a manifestação pri- O tratamento das doenças respiratórias causadas por
mária de infeção por MPVh em 62 % dos doentes. estes vírus –como para outras infeções respiratórias
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5 Vírus emergentes que têm uma sintomatologia respiratória semelhante à do vírus
sincicial respiratório: metapneumovírus humano, bocavírus humano e rinovírus
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Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes
Tabela 5-2 Tabela comparativa dos principais sintomas das infeções respiratórias por MPVh,
HBoV e rinovírus
MPVh
Sintomas HBoV Rinovírus
(Adaptado de Abara, 2006) (1)
Sintomas respiratórios de infeção aguda das vias respiratórias superiores
Geralmente, febre ligeira
Febre Sim (em 52% dos casos). Sim.
ou febre baixa.
Em 90% dos casos (irritativa, Irritativa, seca ou
Tosse Irritativa, seca ou produtiva.
seca ou produtiva). produtiva.
Rinorreia e congestionamento
Sintomas nasais Rinite. Espirros, rinite.
nasal (88%).
Sintomas a nível da Eritema da faringe (33%). Irritação da garganta,
Faringite, laringite.
garganta. Dor de garganta (50%). faringite.
Conjuntivite Possível.
Otite Tímpano anormal (51%). Como complicação. Como complicação.
Sintomas respiratórios das vias inferiores
Tosse coqueluchóide,
Tosse por afetação
Produtiva. espasmódica e emetizante, Produtiva.
das vias inferiores
parecida com a tosse convulsa.
Sibilos (51%). Similar à bronquiolite Episódios recorrentes
Sibilos, roncos
Roncos ou estridor (20%). por VSR ou MPHv. de sibilos.
Afetação brônquica Produção de muco. Obstrução mucosa. Obstrução mucosa.
Dificuldade respiratória,
Dificuldade Taquipneia, ruído nasal frequência cardíaca
respiratória (sintomas de pneumonia). acelerada, alargamento
das fossas nasais.
Sintomas de De pneumonia.
complicações
respiratórias De exacerbação asmática.
por vírus - traduz-se em medidas de suporte: hidrata- umidificar o ar, ajuda a diminuir a aderência do
H
ção adequada, tratamento da febre, tratamento das muco.
secreções e da obstrução brônquica (a n-acetilciste- Repouso.
ína pode ser utilizada como fluidificante do muco
quando os sintomas assim o justificarem) e forneci- Ir ao médico
mento de oxigénio quando necessário. Qualquer consulta na farmácia devido a sintomas
Os medicamentos antivirais, como a ribavirina, não respiratórios (em crianças ou adultos) que, para
demonstraram a sua utilidade neste tipo de doenças. além de sintomas de constipação, incluam: tosse
coqueluchóide (espasmódica e emetizante, pare-
Por se tratarem de doenças virais, o tratamento anti- cida com a tosse convulsa); tosse e sibilos (seme-
biótico é desnecessário e só será utilizado nos casos lhante à bronquiolite por VSR); sinais de obstru-
de sobreinfeção bacteriana. ção brônquica; sinais de pneumonia (taquipneia,
dificuldade respiratória, som nasal), dificuldade
2.5.1. Terapia complementar respiratória ou exacerbação asmática, deve con-
sultar o médico para obter o seu diagnóstico, tra-
Ingestão de líquidos para ajudar a fluidificar o muco
tamento e acompanhamento.
e evitar desidratações
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5 Vírus emergentes que têm uma sintomatologia respiratória semelhante à do vírus
sincicial respiratório: metapneumovírus humano, bocavírus humano e rinovírus
Tabela 5-3 Incubação, transmissão, diagnóstico e evolução das doenças respiratórias causadas
por MPVh, HBoV e rinovírus
MPVh HBoV Rinovírus
Período de Em geral de 2 a 4 dias
5 a 6 dias. Desconhece-se.
incubação (intervalo de 2 a 8 dias).
Transmissão missão de gotículas
E Provavelmente: missão de gotículas de
E
de Flügge (de secreção Gotículas de Flügge. Flügge.
respiratória), expulsas ao Contacto direto com Transmissão nosocomial.
falar, tossir, espirrar, etc. secreções contaminadas. As secreções respiratórias
Transmissão nosocomial contêm elevadas quantidades
(hospitais e centros de Como circula pela corrente
sanguínea: de vírus durante 3 a 8 dias.
saúde).
Transfusões de sangue. A excreção viral pode persistir
Transplantes de órgãos. até 3 semanas.
Transmissão oro-fecal
(detetou-se nas fezes de
pessoas infetadas).
Diagnóstico Através da deteção do vírus Através de técnicas de PCR No laboratório: técnicas de
em amostras respiratórias (reação de polimerização em PCR múltiplo em amostras
obtidas por aspiração cadeia) convencional e em respiratórias.
nasofaríngea e/ou serologia. tempo real de ANF (aspiração Existe a dificuldade de por
nasofaríngea) e LBA (lavagem vezes se encontrar como co-
broncoalveolar) (14). infetante.
Evolução. A evolução costuma ser boa Sintomas de constipação Alguns casos começam com
e a duração média é de 8 comum que evoluem para sintomas de constipação
dias. Em alguns casos evolui bronquiolite ou bronquite. comum que podem evoluir
desfavoravelmente para para bronquiolite ou
pneumonia. bronquite.
Complicações Otite média e dificuldades Descompensação de doentes Podem chegar a causar
mais frequentes respiratórias por obstrução. asmáticos. Pneumonia. Por pneumonia e exacerbações
vezes associou-se a quadros em doentes asmáticos.
febris com exantema (8).
17
6
Tuberculose: uma infeção bacteriana
reemergente e co-infectante
A tuberculose é considerada uma das primeiras doen- as migrações viajavam também diversas doenças in-
ças humanas de que se tem conhecimento, e remonta feciosas, incluindo a tuberculose, reemergindo assim
a 15.000 e 20.000 anos. Trata-se de uma doença infe- em países onde se pensava estar controlada.
ciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculo-
Esta situação teve como consequência que em 1993
sis, também chamado bacilo de Koch, em honra do
a Organização Mundial de Saúde declarasse a tuber-
seu descobridor. Geralmente afeta os pulmões, em-
culose como “urgência mundial”.
bora 19% dos casos de tuberculose sejam exclusiva-
mente extrapulmonares (urinária, peritoneal, pericar- Para o século xxi, a Organização Mundial de Saúde
díaca, ganglionar e óssea). definiu como objetivo a erradicação da tuberculo-
se, algo que é possível tendo em conta que existe um
tratamento de razoável eficácia e uma vacina barata
6.1. Epidemiologia capaz de cortar a cadeia de transmissão. No entan-
to, não vai ser uma tarefa fácil, devido sobretudo a
Foi e é uma das doenças com maior prevalência no dois fatores: por um lado, o aumento de casos desde
mundo. Até que em 1952 se desenvolveu a isoniazi- a década de noventa fez com que voltasse a ser con-
da (hidrazida do ácido isonicotínico), o primeiro dos siderada uma pandemia mundial, e por outro, o apa-
antibióticos específicos, esta doença era temida pe- recimento de 2 estirpes muito resistentes aos fárma-
la sua elevada morbilidade e mortalidade. A isoniazi- cos utilizados até ao momento: a tuberculose MDR
da converteu a tuberculose numa doença curável na (Multi-Drug-Resistance) e a tuberculose XDR (Extreme
maior parte dos casos, e o aparecimento da rifampi- Drug Resistance), que foi detetada pela primeira vez
cina na década de sessenta reduziu notavelmente o em 2006.
tempo de tratamento, o que se traduziu numa sensí-
vel redução do número de casos novos, e levou a crer
que esta doença estava em franco retrocesso no mun- 6.1 .2. Infeção e doença tuberculosa
do industrializado, embora continuasse a ser impor- No entanto, para compreender a epidemiologia e re-
tante em muitos países sub-desenvolvidos. levância desta doença, deve-se diferenciar entre infe-
ção e doença tuberculosa (Aguado JM, 2003).
6.1 .1 Reemergência Infeção tuberculosa. A infeção tuberculosa produz-
Quando em 1981 se constatou o aparecimento da se quando o indivíduo entra em contacto com o My-
síndrome de inumodeficiência adquirida causado pe- cobacterium tuberculosis, o que desencadeia no or-
la infeção do vírus VIH, caracterizado por debilitar o ganismo uma resposta imune e que na maioria dos
sistema imunitário dos indivíduos infetados, que logo casos consegue deter a multiplicação dos bacilos e
atingiu a categoria de pandemia, ressurgiram com in- controlar a infeção. No entanto, o sistema imunitá-
tensidade, e como complicação do mesmo, outras do- rio pode não destruí-los totalmente e alguns podem
enças infeciosas que se pensavam estar em retroces- permanecer em latência intracelularmente, sem que
so como a tuberculose. A este facto convém juntar a sejam apresentados sintomas ou manifestações clíni-
intensificação das migrações massivas dos países me- cas da doença. Cerca de 10% dos infetados correm
nos desenvolvidos para os países mais desenvolvidos, o risco de desenvolver a doença em algum momen-
e as condições mantidas ou agravadas de pobreza em to da sua vida, sobretudo quando se apresentam do-
muitos países, principalmente na Ásia e África. Com enças crónicas debilitantes (como diabetes, silicose,
18
6 Tuberculose: uma infeção bacteriana reemergente e co-infectante
etc.), alcoolismo, infeção por VIH, cancro, tratamento relacionado com os índices de melhoria da eficácia
com imunossupressores, ou outras situações que de- na luta contra a tuberculose, com uma notável re-
bilitem o sistema imunitário: infância, puberdade, en- dução na prevalência de resistência aos antibióticos
velhecimento, desnutrição, etc. específicos. A taxa de incidência de tuberculose em
Doença tuberculosa. Em cerca de 5% dos doentes Portugal (segundo os dados do Ministério da Saúde)
que são infetados com o Mycobacterium tuberculosis, o em 2010 foi de 22,9 casos por cada cem mil habitan-
seu sistema imunitário será insuficiente para impedir tes, o que pressupõe uma diminuição de 8,5% em re-
o desenvolvimento da doença e irá produzir a doen- lação a 2009 e confirma a taxa de redução constante
ça tuberculosa primária, aparecendo sintomas e mani- de 6,3% por ano dos últimos 10 anos. Estes valores
festações clínicas sugestivas de doença ativa, que se aproximam-se dos valores dos países considerados de
encontrarão na exploração física do doente. “baixa incidência”, que correspondem aos países em
que a incidência de tuberculose é inferior a 20 casos
Noutros 5% dos infetados, produz-se a doença por
reativação endógena, após meses ou anos, dando lu- por cem mil habitantes.
gar à tuberculose pós-primária. A situação menos favorável ocorre nas grandes áreas
Como indicado anteriormente, as localizações mais urbanas de Lisboa, Porto e Setúbal, que concentram a
frequentes são a pulmonar e a pleural, mas também a maior parte dos casos e onde o ritmo da diminuição é
ganglionar, miliar, meníngea, osteoarticular, gastroin- mais lento. Nestas áreas, está a dar-se especial ênfase
testinal, genitourinária e outras. na determinação dos fatores de risco que podem ter
um impacto negativo no êxito dos tratamentos e no
aumento das resistências.
6.1 .3. Situação atual no mundo
A proporção de casos multi-resistentes em 2010 foi
Atualmente, segundo os dados reunidos pela OMS e
de 1,6% do total dos casos e, de entre estes, a propor-
pelos CDC (Centros para o Controlo e Prevenção de
ção de casos ultra-resistentes foi de 10%.
Doenças da U.E.), a tuberculose encontra-se em todas
as regiões do mundo, embora a sua presença seja es-
pecialmente grave na Ásia e em África, onde a eleva- 6.2. Sintomas
da incidência de sida e a resistência à farmacoterapia de tuberculose pulmonar
da estirpe XDR agrava a situação. Em 2007, na África
do Sul, sequenciou-se pela primeira vez o genoma da Na fase primária da infeção, geralmente não são apre-
estirpe XDR, o que constitui um primeiro passo para sentados sintomas. Quando a doença se apresenta, os
encontrar novos tratamentos específicos e eficazes. sintomas principais são: tosse (por vezes com expe-
Segundo o relatório mundial da OMS sobre a vigilân- toração de muco); expectoração com sangue, transpi-
cia e resposta em matéria de tuberculose multi-resis- ração excessiva (especialmente noturna); febre; perda
tente e ultra-resistente (WHO, 2010), calcula-se que involuntária de peso, falta de apetite (anorexia, apa-
em 2008 havia no mundo 440.000 pessoas com tuber- tia) e fadiga.
culose MDR, das quais um terço faleceu. Em termos Outros sintomas são a dificuldade respiratória, dor
quantitativos, a Ásia é a mais afetada pela epidemia. torácica e sibilos ( TABELA 6-1 ).
Estima-se que, à escala mundial, quase 50% dos casos
de tuberculose MDR se registem na China e na Índia.
Em África situam-se 69.000 dos casos produzidos, cuja 6.3. Período de incubação
grande maioria não chegaram a ser diagnosticados. e contágio da tuberculose
pulmonar (transmissão)
6.1 .4. Situação em Portugal
(Ministério da Saúde) O período de incubação é muito variável e pode de-
senvolver-se de poucos meses a anos depois da ex-
Em relação à União Europeia, Portugal é um dos paí-
posição.
ses com maior incidência de casos notificados e maior
expressão dos aspetos que lhe dão o carácter de infe-
ção emergente. 6.3.1. Transmissão
No entanto, está a assistir-se a uma forte redu- A tuberculose pulmonar transmite-se pelo ar quando
ção no nível da tuberculose endémica, diretamente o doente fala, canta, espirra, tosse ou cospe. Quando
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Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes
20
6 Tuberculose: uma infeção bacteriana reemergente e co-infectante
Tabela 6-2 Pessoas a quem se deve realizar Tabela 6-3 Situações em que a prova da
a prova da tuberculina (PT) para tuberculina pode apresentar
detetar infeção tuberculosa falsos negativos por fatores
Pessoas com suspeita de doença tuberculosa. dependentes do hospedeiro
Pessoas que convivem ou têm contacto direto e/ou VIH, varicela, parotidite.
prolongado com doentes com tuberculose pulmonar.
Infeções bacterianas: Brucella, febre tifóide, formas
Pessoas que em radiologia têm imagens sugestivas de graves de tuberculose, tuberculose disseminada
tuberculose pulmonar antiga, não tratada ou tratada e tuberculose pleural.
com índices considerados insuficientemente eficazes.
Vacinas com vírus vivos.
Doentes com infeção VIH e doentes com sida.
Pessoas incluídas nos grupos de risco de que a infeção Situações de imunossupressão como desnutrição
se transforme em doença: diabetes mellitus, silicose, grave, IRC.
insuficiência renal crónica, alcoolismo, desnutrição, Tratamentos imunossupressores: corticoterapia
gastrectomia, neoplasias da cabeça, pescoço ou prolongada, quimioterapia.
hematológicas, tratamento imunossupressor
prolongado (transplantados, corticoterapia prolongada Doença de órgãos linfóides. Leucemia, linfoma,
e antiTNF). sarcoidose.
Pessoas em risco social de contrair ou transmitir a Idades extremas da vida: idosos e menores de seis
doença: trabalhadores ou residentes em instituições meses.
de saúde, prisões, lares de idosos, escolas, clínicas de
Adaptado de Guias clínicos Fisterra. Tuberculose.
desintoxicação de toxicodependentes.
http://www.fisterra.com/guias2/tuberculosis.asp#Contenido
Pessoas provenientes de regiões com elevada
incidência de tuberculose.
Grávidas com sintomas sugestivos de tuberculose;
infeção VIH; outras doenças que aumentam o risco A avaliação de um doente com suspeita de tuber-
de tuberculose; contacto com pessoas com tuberculose
pulmonar ou laríngea; imigrantes de regiões com alta culose pulmonar inclui sempre uma história clí-
incidência de tuberculose. nica completa, exploração física detalhada, prova
Adaptado dos Guias clínicos Fisterra. Tuberculose. da tuberculina (Mantoux), radiografia ao tórax e
http://www.fisterra.com/guias2/tuberculosis.asp#Contenido estudo microbiológico adequado.
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Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes
Tabela 6-4 D
oses e esquemas de tratamento de alguns dos principais medicamentos antituberculosos
Medicamento Dose diária 2 vezes por semana 3 vezes por semana
Isoniazida 5 mg/ kg (máx. 300 mg) 15 mg/ kg (máx. 900 mg) 15 mg/ kg (máx. 900 mg)
Rifampicina 10 mg/ kg (máx. 600 mg) 10 mg/ kg (máx. 600 mg) 10 mg/ kg (máx. 600 mg)
Piracinamida 30-35 mg/kg 2,5-3,5 g 2-3 g
<50 kg: 1,5 g <50 kg: 2,5 g <50 kg: 2 g
51-74 kg: 2 g 51-74 kg: 3 g 51-74 kg: 2,5 g
>75 kg: 2,5 g >75 kg: 3,5 g >75 kg: 3 g
Estreptomicina 0,75 - 1 g 0,75 - 1 g 0,75 - 1 g
Etambutol 15 mg/kg 50 mg/kg 30 mg/kg
Adaptado de Guias clínicos Fisterra. Tuberculose. http://www.fisterra.com/guias2/tuberculosis.asp#Contenido
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6 Tuberculose: uma infeção bacteriana reemergente e co-infectante
5.6.1. Medidas de prevenção de tuberculose nos lactantes das zonas com alta pre-
valência de mortalidade por complicações graves da
entilação adequada dos locais. A vida média dos
V
infeção primária.
bacilos expulsos para o ar é de seis horas. Numa ha-
bitação, a ventilação com duas substituições de ar Recomenda-se a sua utilização sistemática em:
ambiental por hora elimina 90% das partículas trans- aíses em desenvolvimento com altas taxas de in-
P
portadas pelo ar, e depois de seis substituições só feção e grande incidência de infeção precoce em
fica 1% dos núcleos das gotículas (recomendações crianças (taxas de infeção tuberculosa superiores a
SEPAR). 1% no primeiro ano de vida).
tratamento correto dos doentes é uma das me-
O rianças não infetadas previamente, em zonas ou
C
lhores medidas de controlo. Em três semanas, a maior grupos sociais com risco anual de adquirir a infeção
parte dos doentes que tomam o tratamento adequa- superior a 1%.
do deixam de ser contagiosos, embora até ao segun-
rianças de grupos de risco em países desenvolvi-
C
do mês possa persistir um risco baixo de contágio.
dos, quando outras estratégias de prevenção forem
pessoa infetada deve proteger-se sempre que es-
A inadequadas ou impossíveis.
pirrar ou tossir com lenços descartáveis, para evitar
Nos países desenvolvidos, encontra-se indicada em:
que as gotículas respiratórias se evaporem para se
converterem em núcleos de gotículas. rabalhadores da área da saúde ou social em contac-
T
to frequente com doentes tuberculosos.
s doentes devem usar máscaras cirúrgicas que ta-
O
pem a boca e o nariz, quando saírem dos seus quar- m crianças não previamente infetadas em situação
E
tos, quer seja no hospital ou em casa, e quando de:
frequentarem espaços comuns. Isto evita a dissemi- -C
ontacto estreito e inevitável com doentes con-
nação de bacilos ao falar, tossir, espirrar ou respirar. tagiosos não tratados, mal tratados ou infetados
por bacilos tuberculosos resistentes aos antibióti-
edidas de higiene e lavagem das mãos depois de
M
cos usados habitualmente.
tossir.
-P
opulações com taxas de infeção superiores a 1%
impeza dos espaços e superfícies com panos hú-
L anual.
midos.
-G
rupos com alta taxa de infeção tuberculosa e di-
Garantir a adesão ao tratamento. fícil acesso aos serviços de saúde.
ontrolo dos contactos que o doente tenha tido
C Está contra-indicada em:
durante o período de tempo em que teve sintomas
Imunodeficiência congénita ou adquirida, incluindo
respiratórios incluindo a tosse (British Thoracic So-
a infeção por VIH.
ciety, 2000). Se este dado for desconhecido, devem
valorizar-se os contactos durante os três meses que Infeção ou doença tuberculosa prévia.
precederam a primeira cultura positiva, incluindo Doenças gerais da pele, incluindo o eczema.
aqueles com quem vive e os contactos muito pró-
Gravidez.
ximos (relações, visitas frequentes, contactos estrei-
tos no local de trabalho, etc.).
5.7.1. Novas vacinas
Vacinação.
Atualmente estão a investigar-se no mundo sete no-
vas vacinas contra a tuberculose que assegurem uma
6.7. Vacinação maior eficácia. A que se encontra no estádio mais
avançado é a que se está a desenvolver no Hospital
A BCG é uma vacina não patogénica, que se prepara Germans Trias i Pujol de Badalona (Barcelona, Espa-
a partir de bacilos vivos atenuados de Mycobacterium nha), que concluiu com êxito a fase II e será rapida-
bovis. O seu papel na prevenção da tuberculose nos mente iniciada a fase III, decisiva dado que é testada
países desenvolvidos é motivo de discussão. A sua efi- em pessoas infetadas e que será administrada nesta
cácia varia, segundo diversos estudos, entre 0 e 83%, fase na África do Sul, onde a prevalência de estirpes
embora se tenha demonstrado que reduz a incidência resistentes é elevada.
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Bibliografia recomendada
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Teste de avaliação
fluimucil
Infeções
por vírus respiratórios
Ameaças emergentes
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