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BREVE ESTUDO SOBRE O C.

1087 DO CIC 1983


O direito sacramental detém-se, ao longo de vários cânones, sobre o sacramento

do matrimónio1 regulando as condições da sua validade. Neste contexto, existem

impedimentos dirimentes, cujos efeitos são definidos no c. 1073: «o impedimento

dirimente torna a pessoa inábil para contrair validamente o matrimónio»2. No presente

trabalho iremos expor, de forma sintética e resumida, a natureza, a origem, o fundamento

e o sujeito da dispensa presentes, explicita ou implicitamente, no c. 1087 que afirma que

«atentam invalidamente o matrimónio os que receberam ordens sacras»3.

O impedimento de ordem sagrada já se encontrava regulado no c. 1072 do CIC 17

e partia do subdiaconado. No entanto, com a reforma das ordens menores 4, tendo ficado

apenas o episcopado, o presbiterado e o diaconado no conjunto das ordens sagradas5, estas

permanecem como contexto do impedimento em estudo. Este último é baseado na

disciplina do celibato eclesiástico6, apoiando-se na Sagrada Escritura (Cf. Mt 19, 12; Lc

18, 28-30; 1 Cor 7, 5; 1 Cor 7, 32-34). Este fundamento remete igualmente para a validade

da recepção do sacramento da ordem7, para a qual é relevante atender ao c. 1026 que

afirma que «para alguém ser ordenado, deve gozar da liberdade devida; ninguém pode,

por qualquer motivo ou por qualquer forma, coagir alguém a receber ordens ou afastar

delas quem seja canonicamente idóneo»8.

1
Cf. CIC cc. 1055-1165.
2
CIC c. 1073.
3
CIC c. 1087.
4
PAULI PP. VI, Litterae Apostolicae Motu Proprio Datae: Disciplina circa Primam Tonsuram, Ordines
Minores et Subdiaconatum in Ecclesia Latina innovatur, in AAS 64, (31 Augusti 1972), 529 ss.
5
Cf. CIC c. 1009 §1.
6
O magistério oficial da Igreja abordou recentemente o celibato nos documentos do Concílio Vaticano II.
Veja-se: CONCÍLIO ECUMÉNICO VATICANO II, Constituição dogmática sobre a Igreja (Lumen
Gentium), §29, Editorial A. O., Braga, 1983; CONCÍLIO ECUMÉNICO VATICANO II, Decreto sobre o
ministério e vida dos presbíteros (Presbyterorum Ordinis), §16, Editorial A. O., Braga, 1983; CONCÍLIO
ECUMÉNICO VATICANO II, Decreto sobre a formação sacerdotal (Optatam Totius), §10, Editorial A.
O., Braga, 1983
7
Cf. CIC cc. 1008 ss; cc 1024.1026.
8
CIC c. 1026.
Um ministro ordenado que atente matrimónio perde, imediatamente, o seu ofício

eclesiástico9 e incorre na pena de suspensão latae sententiae e, se, após uma admoestação,

não retificar a sua acção, poderá ser castigado com outras penas que poderão culminar na

demissão do estado clerical10. Importa compreender, de que forma se aplicam estes

princípios aos diáconos que receberam a ordem sagrada estando já casados 11, para

averiguar se este impedimento afecta, ou não, os que enviuvarem e, neste sentido, os

canonistas mantiveram os critérios disciplinares estabelecidos pelos Motus Próprios

Sacrum diaconatos ordinem 16 e Ad pascendum 6. Desta maneira, não se referindo o

cânone em estudo a estes diáconos, o impedimento é-lhes também aplicável.

Considerando a validade de uma determinada ordenação12, a perda do estado

clerical13 não implica a dispensa da obrigação do celibato, a qual só pode ser concedida

pelo Romano Pontífice14. Deste modo, o impedimento de matrimónio devido à anterior

recepção de ordens sagradas pode ser dispensado, exclusivamente, pelo Romano

Pontífice, como prescreve o Motu Proprio De Episcoporum muneribus, promulgado por

São Paulo VI15 e estabelece o c. 1078 §2, 1º16.

9
Cf. CIC c. 194 §1, 3º.
10
Cf. CIC c. 1394 §1.
11
Cf. CIC cc. 1031.1037.
12
Sobre uma ordenação inválida veja-se: CIC cc. 1708-1712.
13
Cf. CIC cc. 290-293.
14
Para aprofundar o processo de dispensa da obrigação do celibato veja-se: SACRA CONGREGATIO
PRO DOCTRINA FIDEI, De modo procedendi in examine et resolutione petitionum quae
dispensationem a caelibatu respiciunt, in AAS 72, (1980), 1132-1137.
15
Cf. PAULI PP. VI, De Episcoporum Muneribus, in AAS 58, (1966), 467-472.
16
Para as excepções na dispensa, caso o recurso à Santa Sé seja difícil e, simultaneamente houver perigo
de grave dano na demora, qualquer ordinário pode dispensar, mediante o que observa o c. 87 §2 e c. 291.

Tomás Castel-Branco
06 de Novembro de 2019

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