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Prepare-se para se aposentar por conta própria, com investimentos, ou encare as consequências.
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Sumário
Parte 1 – Finanças Pessoais ................................................................................. 5
Introdução .......................................................................................................... 5
Capítulo 1 – Ativos e Passivos ............................................................................ 7
Capítulo 2 – Orçamento .................................................................................... 10
Capítulo 3 - Juros ............................................................................................. 12
Capítulo 4 – Cartão de Crédito.......................................................................... 14
Capítulo 5 - Dívidas .......................................................................................... 16
Capítulo 6 - Reserva de emergência .................................................................. 22
Capítulo 7 – Seguros......................................................................................... 25
Capítulo 8 - Descontruindo preconceitos........................................................... 27
Falácias ............................................................................................................ 29
Capítulo 9 - Construindo um investidor ............................................................ 32
Ingredientes 1 e 2 – Administrar e fazer dinheiro .......................................... 32
Ingrediente 3 – Poupança ou “savings rate” .................................................. 34
Ingrediente 4 – Disciplina ............................................................................. 36
Ingrediente 5 – Paciência .............................................................................. 37
Capítulo 10 - Por que investir afinal? ................................................................ 38
Parte 2 – Investimentos ..................................................................................... 41
Capítulo 11 – Previdência Privada .................................................................... 45
Capítulo 12 - Renda Fixa .................................................................................. 48
Taxa Selic ......................................................................................................... 48
O CDI e a taxa CDI – o que é e como funciona ................................................. 49
Taxa de juros real e nominal ............................................................................. 49
FGC – Fundo Garantidor de Crédito ................................................................. 50
Títulos Privados................................................................................................ 52
Caderneta de poupança ..................................................................................... 52
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CDB ................................................................................................................. 53
LC .................................................................................................................... 53
LCA ................................................................................................................. 53
LCI ................................................................................................................... 54
CRI e CRA ....................................................................................................... 54
Debêntures ....................................................................................................... 56
Fundos de renda fixa......................................................................................... 57
Come-cotas....................................................................................................... 59
Conclusão sobre títulos privados ....................................................................... 59
Títulos Públicos ................................................................................................ 60
Tesouro Selic .................................................................................................... 61
Tesouro IPCA................................................................................................... 62
Tesouro prefixado ............................................................................................. 63
Cupons ............................................................................................................. 63
Montando uma carteira de renda fixa ................................................................ 65
Razões para montar uma carteira de renda fixa ................................................. 65
Capítulo 13 - Imóveis ....................................................................................... 68
Capítulo 14 - Fundos de Investimento Imobiliários ........................................... 74
Comparando com os imóveis ............................................................................ 75
Como comprar um Fundo de Investimento Imobiliário ..................................... 77
Subdivisões – como estão agrupados os FII’s ................................................... 78
Segmento.......................................................................................................... 78
Mandato ........................................................................................................... 82
Gestão .............................................................................................................. 83
Rendimentos e Tributação ................................................................................ 84
Riscos dos FII’s ................................................................................................ 85
Renda Mínima Garantida – RMG ..................................................................... 87
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Fatores que afetam o valor das cotas ................................................................. 88
Relação de propriedade: FII x Imóvel ............................................................... 88
Contratos de aluguel: típico x atípico ................................................................ 90
Indicadores para investir em FII’s ..................................................................... 92
IFIX ................................................................................................................. 96
Montando uma carteira de FII’s ........................................................................ 96
O Equívoco ...................................................................................................... 99
Estudos de caso .............................................................................................. 100
HGLG ............................................................................................................ 100
KNRI.............................................................................................................. 102
ABCP ............................................................................................................. 104
Resumo – FII’s ............................................................................................... 106
Capítulo 15 - Ações ........................................................................................ 108
Mercado Primário e Secundário ...................................................................... 111
Mercado à Vista e Fracionário ........................................................................ 112
Ordinárias, preferenciais, “Units” e “Tag along” ............................................. 113
As Perguntas................................................................................................... 115
Economia ....................................................................................................... 117
Governança Corporativa ................................................................................. 119
Contabilidade ................................................................................................. 120
Regime de Caixa e Regime de Competência ................................................... 121
Balanço Patrimonial ....................................................................................... 122
DRE – Demonstração de Resultados do Exercício .......................................... 126
Custo x Despesa ............................................................................................. 128
EBIT .............................................................................................................. 130
EBTIDA ......................................................................................................... 130
DFC – Demonstração de Fluxo de Caixa ........................................................ 132
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Análise Vertical e Horizontal das Demonstrações ........................................... 134
Dívidas das empresas ...................................................................................... 135
Produtividade ................................................................................................. 137
Retorno sobre o patrimônio líquido – ROE ou RPL ........................................ 139
Retorno sobre o Capital Investido – ROIC ...................................................... 140
Dividendos ..................................................................................................... 141
Juros sobre Capital Próprio ............................................................................. 143
Aluguel de ações ............................................................................................ 144
Indicadores ligados ao preço ........................................................................... 145
Vantagem Competitiva ................................................................................... 146
Quando vender uma ação ................................................................................ 147
Mãos de alface ................................................................................................ 148
Escolhendo as empresas.................................................................................. 149
Montando a carteira de ações .......................................................................... 149
“Benchmarks” ................................................................................................ 150
Estudos de caso .............................................................................................. 152
WEG .............................................................................................................. 152
Odontoprev..................................................................................................... 157
Eternit ............................................................................................................ 160
ETF ................................................................................................................ 164
Capítulo 16 - Imposto de Renda ...................................................................... 166
Capítulo 17 – Considerações sobre Renda Variável ........................................ 169
Capítulo 18 - Colocando em Prática ................................................................ 170
Resumo Final ................................................................................................. 171
Epílogo ........................................................................................................... 172
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Parte 1 – Finanças Pessoais
Introdução
O livro que você tem agora em mãos começou a nascer há muito tempo,
quando eu tinha por volta de cinco anos de idade e a inflação era o assunto
número um nos jornais e mesas de bares desse país. Naquela época eu recebia
algumas moedas dos meus avós para comprar balas e coisas do tipo. Minha
origem é uma família de agricultores e, por isso, tive uma ideia genial: plantar
uma das moedas no quintal para que ali crescesse uma árvore de dinheiro.
Naturalmente o ambicioso plano fracassou, mas a ideia de criar algo que
gerasse renda para mim não me abandonou ao longo dos mais de 25 anos que
se passaram.
Conforme fui crescendo passei, mesmo sem perceber, a prestar atenção na
relação das pessoas: familiares, amigos, colegas de trabalho e da sociedade em
geral com o dinheiro. Acompanhava animado as reportagens especiais na TV
sobre finanças pessoais.
No ano de 2009, ao ser nomeado para um cargo público em que receberia
quase o dobro do meu salário anterior, percebi um fenômeno estranho: as
pessoas que ganhavam mais, inclusive mais do que eu, muitas vezes tinham
uma condição financeira ruim, possuíam dívidas e acumulavam déficits
enormes em seus orçamentos, quase sempre gastando muito mais do que
ganhavam. Comecei a prestar mais atenção tentando buscar as causas de tal
situação, e invariavelmente a má gestão dos recursos vinha em primeiro lugar.
O pior é que, com o tempo, a gestão dos meus próprios recursos estava cada
vez pior, ou seja, eu estava indo pelo mesmo caminho destes meus colegas.
Quando finalmente parei para olhar o tamanho do estrago, estava com um
financiamento de automóvel e um empréstimo consignado.
Nesta época fui convidado para uma palestra onde o educador financeiro
perguntou-me se eu possuía um carro. Eu disse que sim, então ele perguntou
quanto eu gastava com ele. Fiquei orgulhoso de saber dizer detalhadamente os
custos. Foi então que ele me disse: “se você investir esse valor mensalmente
terá, já descontada a inflação, 1 milhão de reais aos seus 65 anos de idade”.
Aquela informação caiu como uma bomba na minha cabeça. Com isso, decidi
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pesquisar sobre a veracidade das informações e estudar o tema: finanças
pessoais.
A partir de então passei a ler um livro sobre o assunto (finanças ou
investimentos) por semana. Foi neste momento que encontrei a coleção de
livros da “Expomoney” e a Bastter.com, onde desenvolvi mais os meus
conhecimentos e passei a lidar com o dinheiro de maneira mais racional e
eficiente, exatamente o que pretendo ensiná-los com este livro.
Após um longo período de estudos, descobri que era possível plantar a tão
desejada árvore de dinheiro, mas não seria fácil nem tampouco rápido, exigiria
muito estudo, disciplina e paciência. Neste livro tentarei passar os
conhecimentos básicos para que você plante a sua.
É essencial entender que, no início, será difícil enxergar que financiar bens,
via de regra, é jogar dinheiro no lixo ou que consórcios e títulos de capitalização
são produtos bons apenas para quem os emite. Estudo, planejamento e
disciplina são hábitos que mudarão sua percepção em relação ao dinheiro e à
sua administração.
E afinal, por que é tão importante administrar bem os seus recursos? O
princípio básico dos estudos de economia se pauta no fato de vivermos em uma
sociedade onde há escassez, ou seja, não há recursos suficientes para que
possamos ter de tudo em grande quantidade. Sendo assim, precisamos fazer
escolhas, dentre elas escolher entre consumo ou poupança, entre consumir
muito agora ou ter condições de consumir algo depois, futuro e presente
precisam estar em equilíbrio. Quanto mais financeiramente educada é a pessoa,
mais eficientes e racionais tendem a ser as suas escolhas.
Então, vamos começar nossa jornada pelo mundo das finanças pessoais.
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Capítulo 1 – Ativos e Passivos
“A maioria das pessoas está concentrada demais em ganhar dinheiro. O que eles
deveriam realmente focar é na sua educação financeira”.
Robert Kiyosaki
Robert Kiyosaki, autor do “best seller” Pai rico, Pai pobre, criou um conceito
de ativos e passivos bastante interessante para o investidor. Essa definição não
tem nenhuma relação com o conceito contábil de ativo e passivo que será
explicado mais à frente neste livro.
Ativo para o autor é tudo aquilo que você compra e que coloca dinheiro no
seu bolso, por exemplo: ações que distribuem dividendos, imóveis alugados,
fundos de investimento imobiliários, títulos que pagam juros e outros
investimentos que te remunerem.
Passivo por outro lado é tudo aquilo que, após ser comprado, demandará
gastos para manter. Por exemplo: um automóvel que traz gastos com
combustível, IPVA, seguro e manutenção. Uma casa para moradia que traz
despesa com IPTU, condomínio, reparos e seguro. Uma geladeira mais
moderna, um videogame, smartphone. A lista de passivos é quase interminável.
Passivos são necessários para a vida. Em geral são eles que trazem prazer,
alegria e satisfação para o indivíduo. O erro não está em comprá-los e sim na
forma como são adquiridos, sem planejamento. Outro erro é comprar somente
os passivos, ignorando os ativos.
Aquele que compra ativos gera renda passiva: uma renda que não depende
do trabalho diário e sim dos estudos e de uma boa escolha de ativos, colocando
assim o dinheiro para trabalhar.
Por outro lado, aquele que compra apenas passivos vive de contracheque em
contracheque, sempre com medo do desemprego ou de algo que reduza sua
renda, essa situação é chamada de corrida dos ratos, pois a pessoa fica girando
uma rodinha sem chegar a lugar nenhum, exatamente como um hamster na
gaiola.
É preciso equilíbrio, portanto compre ativos e passivos. Por exemplo, tente
fazer o seguinte exercício: se quer adquirir um smartphone, compre primeiro
um lote de ações, cotas de um fundo de investimento imobiliário ou faça um
aporte no Tesouro Direto. Busque comprar ativos sempre que possível.
O aporte é um valor monetário que você destina aos seus investimentos. No
futuro o que vai definir se você terá um patrimônio formado para a sua
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aposentadoria ou ficará “na pindaíba”, dependendo do governo e de parentes,
são os seus aportes em ativos de valor. A definição de valor será analisada mais
à frente nos capítulos referentes a cada classe de ativo.
Resumo:
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Capítulo 2 – Orçamento
A maioria das pessoas não planeja fracassar, fracassa por não planejar.
John L. Beckley
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de vida. Este livro tentará te ajudar neste caminho e, para tanto, precisaremos
falar sobre os juros.
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Capítulo 3 - Juros
Essa é a diferença entre aquele que paga juros e aquele que os recebe. O que
recebe juros poderá consumir mais com o mesmo gasto ou consumir o mesmo
gastando menos.
A fórmula dos juros compostos é a seguinte:
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M = C x (1+i)n,
onde M é o montante, C o capital inicial, i a taxa de juros e n representa o
tempo.
Perceba que o efeito do tempo no resultado da fórmula é muito grande, pois
o tempo é exponencial. O investidor deve focar nos dois fatores que tem
condições de controlar: o capital (C) e o tempo (n). A taxa (i) não é algo que
conseguimos escolher na grande maioria das vezes.
Para ver o poder dos juros compostos, invista o máximo pelo máximo de
tempo que conseguir! Contanto que não deixe sua qualidade de vida em
segundo plano.
Resumindo, os juros compostos permitem uma confiável e sistemática
acumulação de riqueza ou, como dizem: “um ferro bem tomado”. A escolha é
sua.
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Capítulo 4 – Cartão de Crédito
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Inicialmente vem o desejo de comprar algo. A partir daí você precisa fazer
uma análise: você tem o dinheiro? Se não tiver, aguarde juntar os recursos. Se
tem, veja se consegue um desconto para a compra à vista. Tem desconto?
Compre a vista. Não tem desconto? Parcele no maior número de parcelas
possível sem acréscimo.
A única exceção são os casos envolvendo a sua saúde ou de familiares. Neste
caso se o cartão puder ajudá-lo, não importa como, siga em frente.
O cartão de crédito, se bem utilizado, pode ser um grande aliado na
organização das suas finanças, pois permite a você acumular pontos para trocar
por passagens aéreas ou por produtos. Manter o dinheiro investido enquanto
paga as parcelas daquele produto em que durante a compra você não conseguiu
desconto para pagamento a vista também é uma vantagem.
Diferente do meu amiguinho do início do capítulo que ainda terá tempo para
se educar financeiramente, quem sabe até com este livro, você precisa tomar
uma atitude agora! Afinal, se você não souber utilizar o cartão de crédito de
maneira inteligente acabará entrando nas dívidas que são o assunto do próximo
capítulo.
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Capítulo 5 - Dívidas
“Se você é esperto não precisa fazer dívidas, se não é, não deveria fazê-las.”
Warren Buffet
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Outro objetivo é viajar ao menos uma ou duas vezes por ano (com pacotes
divididos em 10 ou 12 vezes no cartão), mesmo que não goste dos lugares, mas
todo mundo já foi, você não pode deixar de ir.
Existem, também, aqueles que optam por gastar mais de um mês do seu
suado salário para comprar um smartphone ou outro gadget mais moderno e
tecnológico (mesmo utilizando apenas os recursos básicos).
Este é o pensamento padrão do ser humano. Perceba que não há nada de
errado em possuir um gadget, uma casa, um carro, muito menos em viajar. O
erro está na forma como as pessoas buscam concretizar estes objetivos e sonhos.
Na ânsia por realizá-los, elas não analisam friamente os meios para isso. Não
fazem contas e acabam entrando em consórcios, financiamentos ou outras
linhas de crédito e, consequentemente, comprometem grande parte da sua renda
com o pagamento de dívidas.
Além disso, frequentemente, aposentados contraem dívidas para ajudar
filhos e netos. O mesmo vale para servidores públicos. A facilidade para
obtenção de crédito dessas pessoas atrai familiares e “amigos” da mesma forma
que o açúcar atrai as formigas.
Em consequência, os servidores públicos são os cidadãos mais endividados
do Brasil. Apesar de possuírem renda acima da média do brasileiro, os gastos
excessivos e a facilidade de acesso ao crédito somados a uma confiança em
relação ao emprego culminam em endividamento.
Para se ter uma ideia, em 2018, conforme dados divulgados pelo Banco
Central, o servidor público devia em média R$ 15.700,00 na modalidade de
empréstimo consignado, enquanto o trabalhador da iniciativa privada devia, em
média, R$ 580,00. Empréstimo consignado é a modalidade de crédito pessoal
em que o valor das parcelas é descontado automaticamente do contracheque ou
do benefício pago pelo INSS.
Servidor, autônomo ou empregado do setor privado, a sociedade não deve
ditar a forma como você leva sua vida, ou gasta seu dinheiro, portanto tenha
seus próprios objetivos, pautados nos seus valores e nas suas vontades.
Você adquiriu este livro porque está buscando educação financeira, mas
você precisará trabalhar os seus hábitos de consumo para conseguir poupar e
investir. De nada adianta saber apenas quais são as modalidades de
investimentos se você não desenvolver a mentalidade adequada.
Cabe ressaltar que o motivo para o endividamento é, muitas vezes, a visão
equivocada de que caso você não faça uma dívida não será capaz de comprar
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algo. Esqueça essa mentira! Se você consegue comprar algo financiado, você
consegue comprar à vista, já que à vista sai mais barato, pois, além de não pagar
juros, você ainda recebe os rendimentos enquanto economiza para a compra.
As dívidas só fazem sentido em casos extremos, como por exemplo, para a
compra de medicamentos e outros itens relacionados à saúde ou para a compra
de um bem indispensável à manutenção da sua atividade profissional. Ainda
assim, devem ser contraídas da forma mais racional e responsável possível.
As dívidas estão entre as maiores causadoras de divórcios no Brasil e são
uma das maiores causadoras de depressão e suicídio no mundo. Famílias brigam
e se desfazem por dívidas.
Os grandes investidores e educadores financeiros sempre ressaltam o quanto
as dívidas são negativas, e neste livro não poderia ser diferente. Se você deixar,
as dívidas vão te arruinar.
O conselho mais básico quanto a isso é: jamais faça dívidas, mas, se a dívida
for inevitável, quite o quanto antes. Os juros pagos ao fazer dívidas são uma
ótima forma de enriquecer os acionistas do banco no qual você contratou o
financiamento, mas não você.
Sendo assim, como evitar entrar em dívidas? Existem algumas técnicas que
discutiremos agora.
A primeira delas é planejar suas compras com antecedência. Por exemplo,
se você troca de carro a cada 5 anos, prática da maior parte dos brasileiros que
possuem automóvel, já comece a poupar para a troca com base em uma
estimativa. A desvalorização média de um automóvel é de 10% no primeiro ano
contudo ao longo do tempo essa desvalorização vai reduzindo, em 5 anos, um
veículo que custa 50 mil reais passaria a valer 31,9 mil reais, isso se estiver bem
conservado.
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Sendo assim, seria adequado poupar um valor para a troca do veículo. Já que
você terá os juros trabalhando a seu favor e ao mesmo tempo a inflação
trabalhando contra você, utilizaremos uma taxa real de 3,5% a.a., que é a média
obtida, atualmente, em investimentos conservadores de renda fixa.
Considerando um veículo dos mesmos 50 mil reais, o indivíduo deverá investir,
no mínimo, algo em torno de R$ 277,07 por mês para comprar este automóvel.
Para fazer a compra da casa própria em 20 anos existem duas possibilidades:
contratar um financiamento ou poupar enquanto paga aluguel. Vamos analisar
com números reais: consideraremos um imóvel de 300 mil reais que têm um
custo de aluguel de R$ 900,00, realidade existente no ano de 2019 em Belo
Horizonte, Minas Gerais.
O investidor deveria poupar R$ 852,00, usando uma taxa de juros 3% acima
da inflação durante 20 anos e pagar o aluguel no período para comprar a casa.
Por outro lado, o indivíduo que optasse pelo financiamento pagaria, no mesmo
período, considerando a taxa média de financiamento do Sistema Financeiro da
Habitação, SFH, de 10,36% a.a., realidade de 2018, e o IOF de 0,0041%, uma
parcela de R$ 3.903,00 aproximadamente, sem considerar eventuais seguros e
títulos de capitalização empurrados pelo banco. Considerando a Tabela Price,
esse valor totalizaria R$ 936.720,00, ou seja, 3 vezes o valor do imóvel. Aquele
que optou por investir poupou, aproximadamente 204 mil reais e os juros
fizeram o restante do serviço. Além disso, ele pagou de aluguel algo em torno
de 324 mil, gastando no total 528 mil, 44% a menos.
Faremos uma outra simulação, considerando que o investidor dispusesse dos
R$ 3.903,00 para moradia. Sendo assim ele pagaria R$ 900,00 de aluguel e
pouparia R$ 3.003,00. Desta forma, os 300 mil reais seriam atingidos em 7 anos
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e 6 meses, sendo que estamos considerando taxas reais de 3% a.a. O histórico
no Brasil dos últimos dez anos é de 4,5% a.a., o que tornaria a opção de poupar
ainda mais atraente. Se conseguíssemos manter o histórico de 4,5% o tempo
seria 7 anos e 2 meses.
Lembre-se que no caso do financiamento imobiliário você terá uma dívida e
será obrigado a pagar aquela prestação quer queira quer não. Caso não pague,
poderá perder o imóvel e ficar endividado, pois o leilão do imóvel não
conseguirá, necessariamente, quitar sua dívida. No caso da poupança somada
ao aluguel, você gastará menos, terá flexibilidade em momentos de renda menor
ou imprevistos e após 20 anos poderá comprar sua casa à vista pegando um
imóvel mais novo ou melhor. Caso você consiga juntar o montante num período
inferior aos 20 anos poderá comprá-lo antes.
Outro problema em assumir um financiamento imobiliário é que este,
normalmente, envolve vendas casadas, ou seja, ao adquirir um produto você
leva outro conjuntamente. Sendo assim, ao custo da prestação teremos de
somar, no mínimo, um seguro de vida, muito provavelmente um cartão de
crédito do banco e um título de capitalização.
Se, mesmo assim, você decidir pelo financiamento imobiliário, pague o mais
rápido possível. Mantenha uma reserva para emergências e todo o dinheiro
extra que receber utilize para a quitação do imóvel.
O financiamento imobiliário, apesar de arriscado, pode dar certo, pois
pagando até o final, sem percalços, mesmo sendo a forma mais cara de comprar,
você terá um imóvel. O financiamento de automóvel, por outro lado, devido ao
alto custo e a depreciação do bem, é apenas uma forma de desperdiçar seus
suados recursos ao pagar juros. A única exceção é o profissional que utiliza o
veículo como ferramenta de trabalho. Evite financiamentos, esta é a moral da
história.
Sobre as viagens, planeje-se antecipadamente. Se sabe que vai viajar em
dezembro, compre as passagens antes e junte o dinheiro que gastará nas férias.
Não parcele pacotes de viagem a perder de vista ou pegue empréstimos para
viajar.
As dívidas crescem sozinhas. Se você cuidar, mas não resolver, voltam a
crescer. Acabando com elas, mas não fazendo a prevenção, que é a reserva de
emergência, elas voltam e podem tirar sua paz ou mesmo te arruinar. Algo
muito parecido com uma neoplasia maligna, também conhecida como câncer.
Se já está endividado, siga os seguintes passos:
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1. Faça um orçamento avaliando todas as suas receitas e as despesas.
2. Verifique o quanto pode pagar de parcela das dívidas.
3. Vá ao banco e negocie. Faça parcelas dentro do montante que pode
pagar.
4. Venda o que puder para quitar as dívidas.
5. Corte as despesas supérfluas, sem acabar com todo o lazer.
6. Mantenha apenas a reserva de emergência e utilize todo o dinheiro
que entrar na quitação das dívidas.
Outra “fria” na qual você não deve entrar é emprestar dinheiro para
familiares e amigos. Não peça dinheiro emprestado para ninguém, respeite o
trabalho da pessoa e os esforços dela para conquistar esses recursos.
A única exceção, onde você pode emprestar, são os casos que envolvem
problemas de saúde. Neste caso, avalie o quanto pode doar sem ser prejudicado
e dê para a pessoa. Pode até falar que é um empréstimo, mas, internamente,
conte como se fosse uma doação, ou seja, não espere receber de volta.
Sob nenhuma hipótese empreste seu nome. É uma das poucas coisas piores
que emprestar dinheiro. Pessoas perdem tudo, absolutamente todo o patrimônio:
casa, carro e até valores aplicados por terem emprestado o nome.
Quando vierem te pedir dinheiro emprestado indique o endereço da agência
bancária ou financeira mais próxima. Se vierem pedir seu nome emprestado
negue educadamente.
Se, por qualquer motivo, você fez um empréstimo com amigos, colegas de
trabalho ou familiares: pague. Pague antes do combinado e mais do que o valor
combinado, assim, a pessoa terá certeza da sua honestidade. E, sob hipótese
nenhuma, se chateie com alguém que não te emprestou dinheiro.
A última e mais importante técnica que te auxiliará a não entrar em dívidas
ou se meter em problemas, e a se preparar para imprevistos financeiros, é formar
e manter uma reserva de emergência, conforme veremos no próximo capítulo.
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Capítulo 6 - Reserva de emergência
Você já passou por algum imprevisto? Precisou comprar remédios que não
estavam nos planos? Teve de socorrer algum familiar ou amigo em uma
enrascada? Precisou fazer um conserto inesperado no automóvel? Bateu o seu
carro e precisou pagar a franquia do seguro? Ficou desempregado? Se passou
por qualquer uma dessas situações, precisou de uma reserva de emergência. Se
não passou, pode ter certeza, algum dia vai passar.
A reserva de emergência é assunto obrigatório em todo e qualquer livro que
se atreva a tratar do tema finanças pessoais e não poderia estar de fora deste. Os
autores dão os mais diversos nomes para a famosa reserva: colchão de liquidez,
capital de giro pessoal, patrimônio de segurança etc. Trataremos dela como
reserva de emergência.
De acordo com dados divulgados pelo Banco Central em 2016, apenas 46%
dos brasileiros declaram ter de onde tirar o dinheiro para cobrir uma emergência
no valor de R$ 1.520,00. Destes, apenas 14% conseguiriam arcar com a despesa
utilizando recursos próprios. Os demais precisariam recorrer a instituições
financeiras. Ou seja, apenas 6,44% da população possui uma reserva de
emergência igual ou superior a R$ 1.520,00.
Antes de falarmos em quantidade, valores, formas de calcular ou mesmo
onde aplicar o dinheiro, vamos falar sobre o significado da reserva. A melhor
descrição que ouvi até hoje foi a da minha avó, Dona Lourdes: “você precisa
ter um dinheiro para caso alguma coisa aconteça”. A definição está perfeita,
contudo poderíamos acrescentar o termo imprevista, já que para situações
previsíveis devemos nos planejar.
O objetivo da reserva de emergência é te dar uma cobertura para caso algo
imprevisível venha a acontecer, como por exemplo desemprego involuntário,
pagamento da franquia do seguro de automóvel, manutenção mais cara na casa
ou carro, doenças, exames ou cirurgias que não são cobertos pelo plano de saúde
etc. Os exemplos são quase infinitos e nem todos são ruins. A oportunidade de
comprar as passagens para a viagem dos seus sonhos ou o ingresso do show que
você tanto deseja ir pela metade do preço são só alguns dos exemplos de
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situações positivas em que a reserva de emergência pode te ajudar a realizar um
objetivo.
Pessoas racionais avaliam os riscos e tentam atenuá-los. A função da reserva
de emergência é atenuar os riscos ligados ao dinheiro, que, convenhamos, não
são poucos. Entendido o objetivo da reserva, fica uma importante pergunta:
quanto? Os livros trazem os mais diversos valores. Alguns autores sugerem 3
vezes as despesas mensais, enquanto outros sugerem 6 ou 12 meses das
despesas mensais da família. Vejam, o valor é baseado nas despesas e não no
salário ou receitas. Suas DESPESAS DEVEM SER MENORES QUE SUAS
RECEITAS, salvo em alguns momentos específicos nos quais a reserva deverá
te ajudar a manter o equilíbrio.
Avalie sua realidade, autônomos, profissionais liberais e pessoas com muitos
dependentes precisam de uma reserva maior, pessoas com apenas uma fonte de
renda precisam de uma reserva maior do que aquelas com múltiplas fontes de
renda. Enquanto jovens solteiros podem se dar ao luxo de ter uma reserva menor
um pai de família que sustenta 3 filhos não. O tamanho da sua reserva de
emergência irá variar de 3 a 12 meses de despesas.
Caso queira uma reserva maior do que os 12 meses, não há problema. O teste
do travesseiro sempre será um bom conselheiro neste caso.
Definido o tamanho da reserva de emergência, vem a próxima pergunta:
onde aplicar o meu dinheiro? Não há uma resposta definitiva para esta pergunta,
mas devemos entender que todos os investimentos são analisados sob 3 óticas:
liquidez, rentabilidade e segurança. Quando tratamos da reserva de emergência
o foco é a liquidez (facilidade de converter um investimento em dinheiro) e a
segurança, portanto devemos, neste caso, desconsiderar a rentabilidade. Sendo
assim, não sobram tantas opções: caderneta de poupança, fundo DI ou
Certificado de Depósito Bancário (CDB), todos em bancos sólidos, com
liquidez imediata e, se possível, resgate automático na conta corrente. Uma
forma de saber se um ativo serve como reserva de emergência ou não é
responder a seguinte pergunta: consigo sacar esse dinheiro no final de semana?
Sim, serve. Não, não serve.
Alguns educadores financeiros te dirão que o Tesouro Selic é um bom
investimento para a reserva de emergência. Isso não é uma verdade, mas
também não é algo totalmente falso. O Tesouro Selic não é adequado para
manter toda a reserva de emergência pois, o Tesouro Direto, fica indisponível
esporadicamente, seja por questões de manutenção, seja por instabilidades
23
econômicas, e, além disso, sua liquidez é D+1, trocando em miúdos, resgatou
hoje, recebe o dinheiro amanhã. Porém, caso sua reserva seja maior do que 3
meses de despesas, você pode optar por aplicar o que exceder os 3 meses no
Tesouro Selic. Mas lembre-se que no mínimo 3 meses de despesas deverão estar
em uma renda fixa de altíssima liquidez no seu banco de relacionamento.
Antes de construir a sua reserva não faça nenhum outro tipo de investimento
e não compre imóvel, ou carro (a não ser que precise para trabalhar como taxista
ou motorista de aplicativo, por exemplo).
Concluída a sua reserva de emergência, chegou a hora de ensiná-lo a se
proteger de alguns infortúnios. Por isso, trataremos dos seguros.
24
Capítulo 7 – Seguros
25
estão nos períodos finais da faculdade, como o último ano por exemplo, posto
que, no geral, não cobrirão o curso inteiro.
Temos também o seguro contra erros médicos, muito popular no mundo, mas
pouco conhecido no Brasil. Ele se pauta nas seguintes premissas: primeira,
todos estão sujeitos a erros por mais experientes e preparados que sejam e
segunda, ainda que o médico não tenha cometido um erro, o juiz pode não
entender assim, então em algumas especialidades médicas o seguro pode ser um
grande aliado.
No mercado são encontrados até mesmo seguros para atletas. Os clubes
contratam estes seguros para o caso de uma contusão mais séria ou algum
acidente durante os jogos.
Os próprios atletas contratam seguros para o caso de impossibilidade de
seguirem na profissão por problemas de saúde.
Por fim temos o seguro para aparelhos celulares ou “smartphones”, mas estes
não são recomendados pelo Procon, pelo contrário, aconselha o consumidor a
não contratar devido ao elevado preço, além das mais diversas restrições na
hora de indenizar o segurado.
Uma coisa essencial na hora de contratar o seguro é não mentir. Seja honesto,
não diga que é a sua avozinha quem dirige o carro, ou que você não usa o carro
para ir trabalhar sendo que na verdade você é um motorista de aplicativo. A
maioria dos segurados que não recebem a indenização pelo sinistro são aqueles
que mentiram para as seguradoras.
Sinistro é o fato coberto pelo seguro, como por exemplo batida de carro,
falecimento ou incêndio no imóvel. Por outro lado, prêmio é o valor pago pelo
segurado à seguradora em troca da cobertura do risco.
Agora que você entendeu a importância de montar sua reserva de emergência
e de contratar os seguros para se proteger, vamos transformá-lo em um
investidor e para isso, começaremos desconstruindo alguns preconceitos.
26
Capítulo 8 - Descontruindo preconceitos
“Riqueza é aquilo que você acumula e não aquilo que você gasta.”
Thomas J. Stanley
27
desconhecidos ou amigos que passam por alguma situação difícil, por exemplo.
Ou simplesmente não fazer nada, se preferir assim.
Vamos tratar de algumas falácias ligadas ao dinheiro. Para quem não sabe,
falácia é uma mentira defendida com argumentos verdadeiros ou, ao menos,
bastante convincentes.
28
Falácias
Caixão não tem gavetas – A despeito do que dizem sobre caixões não terem
gavetas, alguns modelos de fato o têm, mas em especial, deixar recursos
financeiros de herança para familiares é uma demonstração de preocupação e
carinho, em especial com o cônjuge e outros dependentes que não tem como se
manter após o seu falecimento. Existem diversas histórias onde heranças
causaram brigas nas famílias, mas tantas outras onde, pela falta dela, com a
morte do provedor da família, veio a miséria e problemas sérios para os
familiares e dependentes. Deixar recursos financeiros é importante, mas de nada
adianta se não deixar educação.
Quem poupa não vive – Se dissessem: quem poupa não vive preocupado com
dinheiro deixaria de ser uma falácia. Poupar é essencial. Aquele que poupa
compra mais, com menos. Por exemplo: o indivíduo que financia um carro de
50 mil reais pagará em média 70 mil por este automóvel enquanto aquele que
poupou para adquirir o veículo gastará não mais do que algo entre 40 e 45 mil
reais, dependendo do tempo. Ou seja, quem poupa consome mais com os
mesmos recursos, ou consome a mesma coisa gastando menos recursos.
É normal ter dívida, todo mundo tem – Assim como é normal fumar. Grande
parte da população fuma ou bebe mais do que deveria e nem por isso estes
hábitos passaram a ser saudáveis.
Vai que eu morro amanhã, melhor gastar hoje – Se você morrer,
tecnicamente não faz diferença nenhuma se gastou ou poupou. O problema é se
não morrer, como acontece com a maioria das pessoas, já que a expectativa de
vida no Brasil ultrapassa os 70 anos. O indivíduo que chega a terceira idade sem
poupança e sem recursos está fadado a depender de familiares, de caridade ou
do Estado. É difícil dizer o que é pior.
Não tenho tempo para estudar sobre investimentos – Existe uma ilusão de
que para investir é necessário estudar muito ou ter muito dinheiro. Sim, é
necessário algum estudo, mas nada que passe de algumas poucas horas
semanais inicialmente, mensais e por fim, até mesmo, anuais.
Conheço um fulano que poupou, poupou e morreu sem aproveitar a vida –
Para cada um destes indivíduos existem alguns milhares que não pouparam e
morreram na miséria ou, pior, morreram por falta de recursos para tratar da
própria saúde.
29
Ter muito dinheiro só atrai coisa ruim – Não ter dinheiro nenhum atrai coisas
piores como a miséria e a fome. Dinheiro é um instrumento que pode ser usado
para o bem ou para o mal.
Minha mãe ou pai não me ensinaram – A maioria dos pianistas, médicos,
atletas profissionais e engenheiros não são filhos de pessoas com a mesma
profissão. Se todos esperassem aprender tudo dos pais a humanidade estaria
perdida.
Meu marido ou esposa não colabora na administração – Sente e converse
com seu cônjuge. Entenda os sonhos e objetivos do seu companheiro ou
companheira. Se não conseguirem construir nada juntos é bastante provável que
precisem compartilhar a miséria na terceira idade.
Tenho filhos – Mais um motivo para poupar! Seus filhos precisarão de ajuda
para os estudos, especializações e outras exigências cada vez maiores do
mercado de trabalho.
Não tenho filhos – Aproveite para poupar! Para você é mais fácil nesse
momento, afinal não tem gastos obrigatórios com escola, fraldas e outros custos
ligados aos cuidados com uma criança.
Ganho pouco. Quando meu salário aumentar eu começo – se for esperar seu
salário subir você vai morrer e não vai juntar nada, pois quando a remuneração
aumentar você dirá que seus gastos aumentaram mais ainda.
Ganho demais – Se você ganha muito esse é um motivo maior ainda para
poupar! Indivíduos com salários muito altos tem mais dificuldade em conseguir
uma recolocação similar no mercado de trabalho em caso de demissão
involuntária. Pense nisso. Aproveite seu poder de geração de renda para
aumentar seu poder de poupança.
Sou funcionário público, o meu é garantido, não preciso poupar –
Servidores já ficaram por mais de 8 anos sem reajuste tendo sua renda reduzida
devido a inflação. Recentemente presenciamos os servidores de Minas Gerais
com salários atrasados e parcelados, servidores do Rio de Janeiro sem receber
o décimo terceiro e muitas outras situações não imaginadas antes por tais
profissionais. Portanto, poupe!
Sou estável – Estabilidade pode ser perdida. Mais de uma vez regimes
estatutários foram alterados em nosso país. Além disso, países como a Grécia
tiveram de demitir servidores públicos devido ao déficit público.
Sou autônomo – Um dos maiores motivos para poupar é ser autônomo ou
empresário dada à incerteza de sua renda. Com um dinheiro guardado você
30
poderá normalizar sua renda em períodos de queda na demanda pelos produtos
e serviços da empresa e, consequentemente, ficar menos estressado.
Dá trabalho ter que cuidar de dinheiro – Dá mais trabalho administrar a
miséria. Com pouco estudo é possível começar uma carteira de investimentos.
Quem tem dinheiro é infeliz – Experimente passar fome ou não ter onde
morar. O Dinheiro não traz felicidade, mas possibilita que você não passe por
situações que tirariam a sua, como por exemplo a falta de um medicamento para
você e seus filhos.
Descontruídos estes argumentos, talvez você consiga pensar em algum
outro, ou diga: “É fácil falar, o difícil é fazer”, mas toda jornada começa com
um primeiro passo, e no caso de acúmulo de patrimônio e tranquilidade
financeira é aderir ao “mindset” correto, ou seja, à mentalidade adequada.
31
Capítulo 9 - Construindo um investidor
32
onde a preocupação com a sobrevivência é tudo o que resta, ficando a
administração dos recursos em segundo, terceiro, quarto ou quinto plano.
A habilidade de fazer dinheiro é a que te faz ter mais recursos à disposição
para investir ou gastar. Os americanos, quando recebem seus salários, dizem
que estão fazendo dinheiro (making money), enquanto os brasileiros usam o
termo ganhar dinheiro. A diferença pode parecer pouca, mas quando você diz
ganhar dinheiro é como se alguém estivesse te fazendo um favor, seja seu chefe
ou a empresa onde trabalha. Essa visão desconsidera tudo o que você fez para
gerar aqueles recursos para a empresa. Afinal, via de regra, só faz sentido para
alguém te contratar se o retorno que ela obterá com seu trabalho for maior do
que o quanto ela te paga. Caso contrário, seria mais vantajoso ficar sem você.
Fazer dinheiro depende, principalmente, das habilidades profissionais do
indivíduo. Apesar de não podermos desprezar a influência da sorte na carreira
dos profissionais, se você for o melhor em qualquer profissão ou um dos
melhores terá uma remuneração acima da média. Se você tiver algum talento
extra, como por exemplo fazer artesanato, ministrar aulas de inglês, falar em
público, dirigir bem ou preparar bolos, pode obter uma renda extra que, talvez,
se torne sua renda principal em algum momento.
De um jeito ou de outro é importante que você busque desenvolver as duas
habilidades. Alguns terão mais facilidade em fazer dinheiro, outros em
administrar, mas todos precisam aprender essas duas coisas e serem os melhores
administradores e profissionais que conseguirem. O caminho para administrar
melhor é a educação financeira.
33
Ingrediente 3 – Poupança ou “savings rate”
34
Nesta simulação utilizamos uma taxa de juros real, ou seja, acima da
inflação, de 3% a.a. (ao ano) e o retorno nominal, aquele que não considera a
inflação, é de 6,5% a.a., taxa Selic de 2019. Sendo assim, um indivíduo que
poupa 10% da renda precisaria poupar 48 anos e um que poupa 90%, 3 anos e
meio.
Não temos controle sobre o retorno nominal ou real dos investimentos. O
controle sobre esses pontos é muito pequeno e o percentual de poupança tende
a variar muito ao longo da vida, sendo, em alguns períodos, altíssimo e em
outros, muito baixo.
A única coisa sobre a qual temos controle de fato é a constância do aporte e
a disciplina para isso, o que torna estas fórmulas pouco válidas para a maioria.
Sem dúvida um indivíduo que ganha 10 mil e poupa 5 mil terá mais
tranquilidade na aposentadoria do que um que, recebendo 50 mil, poupa 5 mil,
pois manter o padrão de vida que tem um custo de 45 mil demandará um
patrimônio muito maior.
Um cálculo atuarial feito por um grande banco brasileiro chegou a seguinte
conclusão: o ideal é que o investidor poupe, no mínimo um percentual da renda
que represente sua idade menos 10, por exemplo:
O indivíduo que decide começar a poupar com 30 anos de idade deve poupar
20% da renda até os 60 anos, por outro lado aquele que começa aos 20 precisaria
poupar apenas 10%.
O recado sobre poupança é simples: poupe o máximo que você puder sem
prejudicar sua qualidade de vida.
35
Ingrediente 4 – Disciplina
“Os grilhões do hábito são leves demais para serem sentidos, até que
ficam pesados demais para serem rompidos.”
Warren Buffett
36
Ingrediente 5 – Paciência
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Capítulo 10 - Por que investir afinal?
38
cidadão aposentava e aos poucos ia se tornando um indigente, agora já se
aposenta como indigente”.
Os fundos de pensão, apesar de uma iniciativa louvável, possuem um risco
alto, pois nunca se sabe quais os interesses dos gestores. Recentemente um
grande fundo de pensão responsável pelos recursos dos empregados de uma
empresa pública quase quebrou por investir em títulos de países em situação
complicada, incapazes de honrar seus compromissos. A aposentadoria desses
beneficiários sofreu um duro golpe, uma queda considerável.
Melhor do que atribuir a outros a responsabilidade pela sua aposentadoria é
preparar você mesmo as condições para uma terceira idade mais tranquila.
De acordo com o HSBC, em pesquisa feita sobre a aposentadoria no mundo,
60% dos idosos esperam que seus familiares ajudem a arcar com suas despesas
na terceira idade. No entanto, a mesma pesquisa revela que mais de 50% dos
familiares de idosos “inativos” são auxiliados financeiramente por estes
senhores e senhoras aposentados. A conta não fecha.
Segundo pesquisa do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento,
15% dos idosos com mais de 65 anos no Brasil não possuem nenhuma fonte de
renda.
Na mesma pesquisa, 64% dos brasileiros entrevistados revelam que nunca
pouparam para a aposentadoria. Questionados entre poupar para uma viagem
de férias ou para a aposentadoria, 49% escolheram a viagem, enquanto 43%
escolheram a aposentadoria e 8% não souberam responder.
Ainda mais alarmante, 51% dos jovens brasileiros disseram que nunca
pensaram na aposentadoria. Nunca pensaram nisso!
Outra pesquisa mostra que de cada 100 brasileiros apenas 4 separam parte
dos seus ganhos para os anos finais. O índice é o mais baixo de todo o continente
americano e um dos piores do mundo. Em levantamento de 143 países feito
pelo Banco Mundial, só 11 países estão abaixo do Brasil, como por exemplo
Níger, Somália, Iémen e Sudão.
Infelizmente esta mesma pesquisa mostra que apenas 1% dos idosos
brasileiros conseguem se manter sem depender de familiares ou do Estado.
Por fim temos a pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito – SPC – que
revela que mesmo entre os pertencentes a classe A, composta por pessoas com
renda acima de 20 salários mínimos, apenas 3 em cada 10 pessoas poupam
pensando na aposentadoria, derrubando a ideia de que o brasileiro não poupa
exclusivamente devido à baixa renda.
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Cabe à geração atual mudar esta realidade. A principal ferramenta para essa
mudança, adivinhem só, é a educação financeira.
Resumo
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Parte 2 – Investimentos
41
a renda variável, representada pelas ações, imóveis e fundos de investimento
imobiliários, dentre outros ativos, depende da economia e de condições
intrínsecas aos negócios e mercados dos quais fazem parte para remunerar o
investidor.
Outra subdivisão é em relação ao objetivo do investimento. Neste caso temos
os ativos de reserva financeira, de crescimento e de geração de renda.
Reserva financeira é a categoria dos ativos de maior liquidez, normalmente
utilizados como reserva de emergência ou para cumprir objetivos específicos,
como, por exemplo, a troca do carro ou da casa.
Crescimento é a categoria dos ativos que tendem a crescer acima da inflação
com o passar dos anos, de preferência com ganhos expressivos. As ações, os
títulos atrelados à inflação e até mesmo imóveis e terrenos bem localizados são
os ativos de crescimento mais conhecidos.
Por fim temos os ativos geradores de renda. Estes ativos pagam uma renda
mensal, semestral ou mesmo anual para o investidor. Os mais conhecidos são
os imóveis alugados, os fundos de investimento imobiliários e as ações.
Uma boa carteira de investimentos tem ativos com os três objetivos
informados, porém sempre focando em ativos de valor.
E o que seriam ativos de valor? São aqueles que possuem valor intrínseco:
um imóvel bem localizado, um título de renda fixa emitido por uma instituição
sólida, seja pública ou privada, fundos de investimento imobiliários com bons
imóveis e uma boa gestão, ou a ação de uma empresa que gere lucros e fluxos
de caixa.
A grande habilidade que deve ser desenvolvida pelo investidor é enxergar o
valor nos ativos. É esse talento que, em última instância, separa os bons
investidores dos demais.
Como dizem: é essencial saber separar o joio do trigo, por isso observaremos
alguns falsos investimentos que são sempre oferecidos pelas mais diversas
instituições, começando por um velho conhecido de todos nós:
O automóvel. Veículos não são investimentos, servem para te levar de um
lugar para o outro, em alguns casos te ajudam a ter mais dinheiro já que você
pode transformá-los em ferramentas de trabalho, mas não são investimentos.
Você não espera um retorno financeiro quando compra o automóvel, espera
desvalorização e gastos com combustível, seguros e manutenção. Automóveis
são bens de consumo e só faz sentido ter um carro se ele couber no seu
orçamento.
42
Casa própria. A casa própria não é um investimento, pois você não a
comprou com o intuito de vender mais caro ou obter ganhos com o aluguel deste
imóvel. Portanto a sua moradia é um bem de consumo também.
Consórcio. Este é um dos piores falsos investimentos, pois ao contratar um
consorcio você está pagando alguém para guardar o dinheiro para você. Você
deixa seus recursos na mão de uma gestora e, além de não receber juros, paga
uma taxa de administração. O consórcio pode ser, inteligentemente, substituído
por um porquinho ou algum investimento simples de renda fixa, como a
poupança.
Título de capitalização. Quase tão ruim quanto o consórcio. Nele alguém
guarda o dinheiro para você e, em troca, você concorre a prêmios. Costuma ser
um ótimo negócio para a instituição financeira que vende o produto, mas não
para você.
COE. Este investimento, também conhecido como “COmecei Errado”, se
assemelha as antigas “bucket shops” misturadas com títulos pré-fixados, onde
você “aposta” no desempenho de certas ações sem ter a ação e com capital
“garantido”. O COE é uma combinação de ativos de renda fixa com renda
variável. Contudo o investidor não é titular nem direta nem indiretamente dos
ativos de renda variável. A parte referente a renda fixa fica em títulos pré-
fixados de modo que caso as premissas do COE não se realizem o investidor
receba o valor que investiu ou algo perto disso de volta. Por exemplo o COE
pode envolver as empresas Amazon e Google fica determinado que, se as ações
dessas empresas tiverem uma valorização de X% o investidor recebe um
determinado retorno no momento em que isso acontecer e caso não aconteça o
investidor recebe apenas a parte alocada na renda fixa, disso vem a ideia de
valores garantidos. É um ativo tipicamente de curto prazo pautado na sorte.
Péssima combinação. Melhor comprar um bilhete de loteria.
Financiamentos. Os financiamentos não são investimentos e sim o seu
oposto, pois ao invés de receber juros, ao fazer um financiamento, você paga.
Os únicos para os quais o financiamento pode ser considerado, em algum
momento, investimento são as empresas onde os financiamentos são utilizados
para comprar máquinas, equipamentos ou serviços que irão incrementar os
lucros e a geração e caixa da companhia.
Seguros resgatáveis. Outro falso investimento, os seguros resgatáveis geram
muita confusão entre os corretores e segurados, pois a promessa é de devolução
dos recursos corrigidos, porém, apenas da parte capitalizável dos recursos, o
43
restante fica para a seguradora na forma de prêmio. Esse modelo foi criado pois
a maior parte dos segurados não gosta de pensar na própria morte, então ter a
expectativa receber algo no longo prazo, caso sobreviva, deixa o segurado mais
tranquilo.
E como encontrar o valor nos ativos sem ser enganado? Vamos tratar disso
no capítulo específico de cada classe de ativos. Começando pela previdência
privada.
44
Resumo
45
Se o investidor investir R$ 1.200,00 em um VGBL e ao final sacar R$
1.500,00 ele pagará I.R. sobre a diferença entre os R$ 1.500,00 e os R$
1.200,00, ou seja, sobre R$ 300,00. Por outro lado, se investir R$ 1.200,00 e
sacar R$ 1.500 no PGBL pagará imposto de renda sobre o total. Portanto, não
faz sentido investir em PGBL nenhum valor que exceda os 12% da renda
tributável que podem ser abatidos do I.R.
46
Quando se investe em um fundo investe-se, na verdade, na mente por trás da
gestão do fundo, seja VGBL, PGBL ou um fundo de ações. Via de regra os
gestores de fundo são remunerados por resultados de curto prazo, sendo assim,
não montarão uma carteira pensando no longo prazo.
A dica é simples, ainda que vá investir em algum desses produtos por
qualquer motivo, não deixe de investir em outros dos investimentos que
estudaremos a seguir, afinal ninguém cuidará melhor do seu dinheiro do que
você.
E a próxima classe de investimentos a ser estudada é a dos ativos de renda
fixa.
47
Capítulo 12 - Renda Fixa
“Dinheiro é apenas uma ferramenta. Ele irá levá-lo onde quiser, mas não vai
substituí-lo como motorista.”
Ayn Rand
Taxa Selic
48
A Selic é a taxa básica da economia que baliza todas as demais transações
de crédito. Via de regra, quanto maior a Selic, mais caros ficam os empréstimos
e mais interessante fica o investimento em renda fixa, consequentemente menos
consumo e menos investimentos em ativos reais, imóveis e maquinários.
49
aos investidores é a taxa real, que representa a diferença entre a taxa nominal e
a inflação.
Para saber a taxa real precisamos de alguns dados: a taxa nominal, a inflação
e o imposto de renda. Assim teremos a taxa real líquida.
Exemplo:
CDB pagando 110% do CDI. Quanto receberei?
Primeiro vamos consultar o CDI no sítio eletrônico da Cetip na internet: a
resposta em 02 de abril de 2019 é 6,40%.
6,40% x 110% = 7,04% a.a. – taxa nominal bruta.
Temos uma taxa nominal bruta de 7,04%, o que não quer dizer muita coisa,
dado que o que nos interessa é a taxa real líquida.
Próximo passo é deduzir o imposto de renda. Vamos considerar uma alíquota
(i) de 20% para uma aplicação de até um ano (181 a 360 dias).
Taxa nominal líquida = 7,04% x (1-i) = 7,04% x (1-0,2) = 5,63%
Agora vamos calcular a taxa real. Para isso precisamos consultar a inflação
medida pelo IPCA que, de acordo com o IBGE, era de 3,89% em fevereiro de
2019.
50
Criado para evitar o pânico bancário. Cobre 250 mil reais por CPF em cada
instituição financeira, limitado a 1 milhão por investidor a cada quatro anos (4
acionamentos). Na prática, o FGC paga ao investidor estes valores em caso de
falência da instituição a qual o investidor alocou seus recursos.
A limitação de 4 acionamentos a cada 4 anos surgiu devido a busca de altas
rentabilidades por parte do investidor que passou a não considerar os riscos
envolvidos. Ainda que o investidor esteja protegido pelo FGC ele não deve
renunciar ao controle de risco.
As modalidades cobertas são as seguintes:
Depósitos à vista ou sacáveis mediante aviso prévio;
Depósitos de poupança;
Letras de Câmbio (LC);
Letras Imobiliárias (LI);
Letras Hipotecárias (LH);
Letras de Crédito Imobiliário (LCI);
Letras de Crédito do Agronegócio (LCA);
Depósitos a prazo, com ou sem emissão de certificado RDB (Recibo de
Depósito Bancário) e CDB (Certificado de Depósito Bancário);
Depósitos mantidos em contas não movimentáveis por cheques
destinadas ao registro e controle do fluxo de recursos referentes à prestação de
serviços de pagamento de salários, vencimentos, aposentadorias, pensões e
similares;
Operações compromissadas que têm como objeto títulos emitidos após
8 de março de 2012 por empresa ligada.
Em que prazo o FGC paga a garantia ao credor?
Não há como o FGC estipular um prazo porque depende de informações que
são passadas pelo Interventor ou Liquidante, conforme for o caso. “Uma vez
recebidas as informações e documentos o pagamento se inicia entre 10 a 15
dias” – conforme informação do FGC.
O FGC cobria em 2016 algo em torno de 1,9 trilhões de reais, contudo seu
saldo é de 2% desse valor. Aproximadamente 33,8 bilhões e reais. Em caso de
quebra de muitos bancos seria inviável a cobertura. Um banco grande
quebrando e, provavelmente, adeus FGC.
51
Títulos Privados
Caderneta de poupança
52
CDB
LC
LCA
A LCA – Letra de Crédito do Agronegócio – investimento lastreado em
operações de crédito do agronegócio, disponibilizada por bancos, financeiras e
cooperativas de crédito autorizadas.
53
As letras são isentas de imposto de renda e cobertas pelo FGC até o limite
de 250 mil reais por CPF em cada instituição financeira.
LCI
CRI e CRA
Os CRI’s – Certificado de Depósito Imobiliário – e os CRA’s – Certificados
de Depósito do Agronegócio – são ativos securitizados, criados com lastro
imobiliário ou de operações do agronegócio.
Securitizar é transformar algo em “securities” ou títulos e valores
mobiliários. O termo deriva do inglês “securitization”.
A securitizadora transforma os créditos do mercado imobiliário em ativos
negociáveis.
Exemplo: Um grande investidor aluga seu imóvel por 100 mil reais ao mês
durante 3 anos, porém ele precisa de 2,5 milhões imediatamente. Esse
investidor vai até uma companhia securitizadora que oferece a ele 2,6 milhões
– valor obtido por cálculos atuariais – por aqueles 3,6 milhões de aluguel que
ele terá direito ao longo do tempo. Securitizados, os aluguéis futuros se tornam
um CRI, e a securitizadora irá vendê-lo no mercado.
54
Existem outras modalidades de securitização de CRI como para a construção
civil, por exemplo.
Os CRI’s podem ser pulverizados, um único CRI com centenas de
financiamentos imobiliários, por exemplo, ou possuir uma única empresa
devedora. Neste último caso dizemos que é um CRI corporativo.
O investidor é remunerado através de juros que serão pagos conforme
determinado no certificado.
A maneira de avaliar a qualidade do CRI é pelo risco de crédito.
Normalmente o CRI recebe uma classificação feito por uma agência de rating.
Normalmente estas modalidades de investimento exigem um aporte inicial
maior, acima de 100 mil reais, sendo que muitos CRI’s e CRA’s são
direcionados para investidores qualificados (com patrimônio acima de 1 milhão
de reais) se tornando um investimento inviável para o pequeno investidor. O
risco é mais alto, pois pode ocorrer calote do locatário ou adquirente do imóvel
e esses títulos não são cobertos pelo FGC.
Tanto os CRI’s quanto os CRA’s pagam imposto de renda conforme tabela
regressiva.
A forma viável, para que o pequeno investidor acesse o mercado de CRI’s e
CRA’s, é a compra de fundos de investimento imobiliários do segmento TVM
que terá um capítulo próprio neste livro.
55
Debêntures
56
Fundos de renda fixa
57
Dentro do segundo nível, os fundos de renda fixa simples são compostos, de
acordo com a instrução CVM 555/2014, da seguinte forma: 95%, no mínimo,
de seu patrimônio líquido representados por:
a) títulos da dívida pública federal;
b) títulos de renda fixa de emissão ou coobrigação de instituições financeiras
que possuam classificação de risco atribuída pelo gestor, no mínimo,
equivalente àqueles atribuídos aos títulos da dívida pública federal;
c) operações compromissadas lastreadas em títulos da dívida pública federal
ou em títulos de responsabilidade, emissão ou coobrigação de instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, desde que, na hipótese de
lastro em títulos de responsabilidade de pessoas de direito privado, a instituição
financeira contraparte do fundo na operação possua classificação de risco
atribuída pelo gestor, no mínimo, equivalente àquela atribuída aos títulos da
dívida pública federal;
Os fundos indexados têm como objetivo seguir indicadores do mercado de
renda fixa, na maior parte dos casos a Selic e a taxa DI ou CDI.
Os fundos ativos são divididos conforme o “duration” médio dos títulos, ou
seja, o vencimento médio dos ativos:
a) Duração baixa – títulos com “duration” média ponderada de vencimento
abaixo de 21 dias, buscando assim minimizar a oscilação dos juros futuros.
b) Duração média – títulos com “duration” média ponderada próxima a
IRF-M – carteira fictícia composta de títulos prefixados – medida no último dia
útil de junho de cada ano.
c) Duração Longa – títulos com “duration” média ponderada igual ou
superior à apurada no IMA-geral – Carteira fictícia de títulos indexados à
inflação que exclui títulos indexados ao IGP-M (NTN-C) – por conta da não
emissão de novos títulos e baixa liquidez observada no segmento no último dia
útil de junho.
d) Duração Livre – o gestor pode escolher os vencimentos que achar mais
convenientes.
No terceiro nível temos:
Os fundos soberanos, que investem 100% dos recursos em títulos públicos
federais notadamente são fundos com risco de crédito menor.
Já os fundos categorizados como grau de investimento investem 80% ou
mais dos recursos em títulos públicos federais ou ativos com classificação de
risco igual ou superior à dos referidos títulos.
58
Quando o investidor opta por um fundo denominado como renda fixa
simples, no terceiro nível, a única opção disponível será renda fixa simples. Já
se o investidor optar pela renda fixa de gestão indexada, o comportamento do
fundo passa a ser atrelado ao índice de referência.
Quando escolhe um fundo denominado investimento no exterior, as opções
para o terceiro nível são:
i) Investimento no Exterior: Fundos que investem em ativos financeiros
no exterior em parcela superior a 40% do patrimônio líquido.
ii) Dívida Externa: Fundos que investem no mínimo 80% de seu
patrimônio líquido em títulos representativos da dívida externa de res-
ponsabilidade da União.
Para maior aprofundamento sobre fundos, ler a instrução 555 de 2014 da
CVM e a cartilha da nova classificação disponibilizada pela ANBIMA.
É importante frisar que fundos de renda fixa não contam com a proteção do
FGC – Fundo Garantidor de Crédito.
Come-cotas
59
Os títulos privados, apesar de terem um risco de crédito mais alto do que os
públicos, tem seu lugar em uma carteira bem montada.
Devemos destacar que a reserva de emergência deve ser alocada
prioritariamente em títulos privados com liquidez imediata, em especial a
caderneta de poupança ou CDB, que, desde que emitidos pela mesma
instituição, tem o mesmo risco e são cobertos pelo FGC.
Entender os riscos inerentes aos títulos privados, não se expondo a estes
investimentos sem uma análise de risco e uma diversificação adequada, é o
melhor caminho para evitar surpresas desagradáveis.
Títulos Públicos
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Tesouro Selic
Começando pelo Tesouro Selic, título mais simples, tem sua remuneração
definida pela Taxa Selic, acrescida de um pequeno ágio ou deságio. Em abril
de 2019, estava disponível para o investidor o seguinte título:
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assim, pelo menos uma parte da sua reserva de emergência deve estar em
caderneta de poupança ou outro produto de renda fixa que possa ser sacado aos
sábados e domingos.
Tesouro IPCA
Título que garante uma rentabilidade real, ou seja, acima da inflação medida
pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – que mede o aumento
geral de preços com base no consumo médio de famílias que recebem de 1 até
40 salários mínimos. É preciso atenção com a marcação a mercado, pois se
vender antes do vencimento poderá haver perdas caso o preço unitário do título
esteja abaixo do VNA – Valor Nominal Atualizado.
O VNA representa o valor atual do título, corrigido pelo seu indexador, no
caso a inflação medida pelo IPCA, considerando que ele tivesse sido emitido
em 15 de julho de 2000 – data fictícia estabelecida arbitrariamente pelo Tesouro
– pelo valor de 1.000 reais.
Este título normalmente tem prazos mais longos. Sendo assim, é
recomendado para objetivos de longo prazo ou sem prazo definido, mas nunca
para objetivos de curto prazo que não coincidem com o vencimento do título.
Exemplos de uso do título: compra de carro ou imóvel na data de
vencimento, acúmulo de patrimônio para aposentadoria ou tranquilidade
financeira.
Atualmente estão disponíveis os seguintes títulos:
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O nome do título, Tesouro IPCA+, faz referência ao fato de o título pagar a
inflação medida pelo IPCA mais uma taxa de rendimento percentual ao ano.
Tesouro prefixado
Título com caráter mais especulativo, ele paga uma taxa combinada no ato
da contratação, ou seja, o investidor sabe exatamente quanto receberá em
termos nominais no vencimento.
O investidor perde caso a inflação suba para níveis acima da rentabilidade
líquida contratada ou incorre em custo de oportunidade, ou seja, ganha-se
menos no período do que ganharia aplicando em outros títulos caso a Taxa Selic
suba para níveis acima do valor contratado.
Em uma economia bastante estável este título faz sentido, porém em um país
onde a taxa básica de juros passa mais tempo se movendo do que parada os
riscos são altos.
Atualmente estão disponíveis os seguintes títulos prefixados:
Cupons
O cupom de juros é uma forma de o emissor do título ir pagando ao
investidor juros antes do vencimento do título. Ocorrem semestralmente no caso
dos títulos públicos federais, sendo em fevereiro e agosto para títulos IPCA com
vencimento em anos pares e maio e novembro para os com vencimento em anos
ímpares. Os cupons dos títulos prefixados são pagos em janeiro e julho.
A escolha por comprar títulos que pagam ou não cupons depende de vários
fatores. A primeira coisa que o investidor precisa saber é que antecipará o
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pagamento de imposto de renda ao receber os cupons. Sendo assim somente
compensará comprar títulos para o recebimento dos cupons para aqueles que
pretendem utilizá-los, ou seja, precisam de uma renda previsível, frequente
(semestral ou trimestral) e que seja corrigida pelo IPCA.
Normalmente estes títulos são indicados para idosos ou outras pessoas que
querem uma complementação de renda e não pretendem vender partes dos
títulos quando precisarem, seja por medo de sofrerem perdas com a marcação a
mercado, seja por preferirem a comodidade de uma renda frequente e corrigida.
O cupom do Tesouro IPCA é pago semestralmente em um valor de 6% ao
ano ou 2,956% ao semestre sobre o VNA – Valor Nominal Atualizado – do
título. Este valor é corrigido pela inflação medida pelo IPCA e com isso o
cupom também será corrigido pela inflação. Do cupom são deduzidos os
impostos e taxas de custódia e administração proporcionais.
O cupom do Tesouro Prefixado é de 10% ao ano ou 4,88% ao semestre sobre
R$ 1.000,00. Este título é recomendado, no máximo, para o pagamento das
taxas do Tesouro, dado que a data de pagamento do cupom coincide com a data
de cobrança destas taxas. Diferente do Tesouro IPCA+, este título não é
corrigido pela inflação, ou seja, o valor a ser recebido por unidade do título, no
vencimento, é de R$ 1.000,00, independentemente da inflação, além de todos
os cupons recebidos no período. Os cupons vão perdendo valor ao longo do
tempo, pois não são corrigidos pelo IPCA, mesmo tendo sempre o mesmo valor
nominal o poder de compra do cupom será cada vez menor.
Caso decida utilizar este título para o pagamento das taxas, basta alocar 5%
da sua carteira de títulos públicos neste ativo.
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Montando uma carteira de renda fixa
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A reserva de emergência, conforme já explorado, é um valor que vai de três
até vinte e quatro vezes as suas despesas mensais, em uma renda fixa de liquidez
imediata. A condição para que um ativo sirva para a função de reserva é a
possibilidade do saque de ao menos parte no fim de semana. Normalmente
recomenda-se a caderneta de poupança ou equivalente no banco de
relacionamento do investidor.
Sobre a proteção contra flutuações do mercado, a renda fixa serve como uma
segurança a mais para o estado emocional do investidor quando o mercado está
em baixa. Tendo como recorrer à renda fixa, as chances de o investidor vender
suas ações em pânico, são menores.
Quando a pessoa decide comprar algo, ela tem duas opções, pagar à vista ou
a prazo. Ao pagar à vista o indivíduo pode conseguir um desconto, mas para
fazê-lo ele precisa do dinheiro em mãos e, até lá, tem de juntar este valor em
algum lugar. A renda fixa é este lugar, em parte devido a sua previsibilidade
que facilita o planejamento, em parte pela segurança.
Por exemplo, se pretender comprar um carro, faz muito mais sentido colocar
os recursos em renda fixa do que em ações, pois, na data planejada para a
compra do veículo, essas ações podem estar em queda e o valor ser insuficiente
para a compra do automóvel.
A regra para a compra de quaisquer bens é simples: priorizar o Tesouro IPCA
com vencimento na data da compra e, caso este não exista, utilizar o Tesouro
Selic, pois o último não sofre marcação a mercado.
Por fim, a renda fixa, apesar de não proporcionar um crescimento expressivo
do patrimônio, traz, geralmente, uma remuneração acima da inflação, ou seja,
seus recursos valerão mais no futuro do que valem hoje em termos de poder de
compra. Tal proteção é essencial, especialmente em um país com um histórico
inflacionário tão terrível como é o caso do Brasil.
Outros motivos podem ser encontrados para montar uma carteira com ativos
de renda fixa. Espero que você comece a sua agora mesmo!
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Cuidado com títulos pré-fixados, as grandes variações da economia afetam
mais esta categoria. Se quiser comprar tenha um percentual pequeno da carteira.
Somente compre títulos que pagam cupons de juros caso pretenda utilizá-
los, pois antecipará o pagamento de impostos.
Não tenha um percentual grande do seu patrimônio em títulos privados e não
concentre esse percentual em poucas instituições (bancos, financeiras etc.).
Lembre-se do limite de cobertura do FGC e, ainda assim não confie cegamente
nesta garantia.
Não despreze a renda fixa, pois ela será seu porto seguro nos momentos de
turbulência do mercado e consequentemente dos ativos de renda variável.
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Capítulo 13 - Imóveis
“Se você comprar um imóvel ele será seu, se financiar você será dele”
Fernando Almeida Mizobuti
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para saciar o sonho da casa própria e, consequentemente, perdendo tempo e
qualidade de vida.
Existe no Brasil uma visão equivocada de que pagar aluguel é “jogar
dinheiro fora”. Nada mais ingênuo, pois o aluguel dá flexibilidade ao indivíduo
permitindo que se mude sempre que necessário, especialmente enquanto não
está estabilizado profissionalmente. Imagine o indivíduo que financie um
imóvel em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, e mude de
trabalho indo trabalhar em Sabará ou Vespasiano, cidades diametralmente
opostas na região metropolitana. Caso ele esteja alugando um imóvel fica fácil
entregá-lo e se mudar, mas se tiver comprado, especialmente via financiamento,
ficará preso tendo de enfrentar horas de trânsito diário para chegar ao trabalho.
A qualidade de vida do indivíduo será comprometida e ele talvez passe a viver
em meio ao trânsito durante, até mesmo, 30% do seu tempo.
A opção entre alugar ou comprar (para aqueles que tem condições de
comprar sem contrair uma dívida) é uma escolha que envolve fatores
emocionais e financeiros. Algumas pessoas não conseguem ser felizes pagando
aluguel e, se terapia não resolver, a compra será a opção mais sensata, o que
não dispensa um planejamento. Por outro lado, aqueles que forem pesar mais
os fatores financeiros, na maioria das vezes, decidirão pelo aluguel, que é, em
geral, mais barato.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Fazenda sobre o
percentual de imóveis alugados em relação aos imóveis ocupados, o Brasil está
na 18ª posição entre 20 países, com 16,56% (9,5 milhões de unidades) à frente
somente da Grécia (16%) e Espanha (15%). No lado oposto, a Alemanha tem
57% dos imóveis ocupados, alugados, a Holanda 47% e a Áustria 46%. Ou seja,
de maneira geral, em países com economias mais sólidas, mais pessoas optam
por viver em imóveis alugados.
O ideal é que a compra do imóvel para moradia seja precedida de muito
planejamento e análise. Algumas perguntas-chave devem ser respondidas
durante a análise:
1. Você pretende morar neste imóvel por muito tempo?
2. Se tiver que viver neste local pelo resto da vida, será feliz?
3. São de fácil acesso os comércios e serviços que você considera
essenciais, como por exemplo academias, lojas, restaurantes, supermercados e
farmácias?
4. O acesso ao seu trabalho é fácil?
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5. Você está estabilizado no trabalho e pretende permanecer nele?
6. O tamanho do imóvel é adequado ao tamanho atual ou pretendido da
família?
Um não a qualquer uma dessas respostas já é motivo para reavaliar a opção
pela compra do imóvel. Caso a resposta para a maioria das perguntas seja não,
o imóvel deverá ser descartado. Em caso de negativa para as perguntas 1 ou 2,
provavelmente você ficará melhor se desistir da compra deste imóvel para
moradia.
Escolhido o imóvel, chegou a hora de planejar a compra. Existem 3 formas
mais conhecidas: o consórcio, o financiamento ou o acúmulo do valor do
imóvel.
O consórcio é a primeira forma, nela você paga uma parcela mensal
juntamente com outros consorciados e todo mês um ou mais consorciados são
contemplados. Seja pelo sorteio ou por terem dado um lance – montante abatido
antecipadamente do consórcio. Esta forma depende de sorte e outros fatores
incontroláveis. Pode dar muito certo, assim como pode dar muito errado. Como
não devemos contar com a sorte na hora de uma decisão tão séria quanto a
compra de um imóvel, iremos ignorar tal opção.
A opção seguinte é o financiamento imobiliário. Esta faz sentido apenas para
alguns indivíduos, optantes pelo regime de FGTS, que podem dar uma entrada
suficiente de modo que a prestação não comprometa um percentual muito alto
da renda e seja possível montar um planejamento para quitação do imóvel
dentro de 10 a 12 anos, no máximo.
Existem dois sistemas distintos de financiamento imobiliário: o SAC, ou
Sistema de Amortização Constante, e o PRICE ou SAF – Sistema de
Amortização Francês – com parcelas iguais e a amortização crescente. Evite ao
máximo fazer o financiamento pelo sistema PRICE, pois nos dois casos as
parcelas são corrigidas por algum índice como a TR – Taxa Referencial, porém,
no sistema SAC a parcela vai caindo com o tempo e, ao menos, compensando
esse reajuste.
Destaca-se que, apesar de você começar pagando mais no sistema SAC,
termina pagando menos, facilitando assim a organização do orçamento ao longo
do tempo.
Além disso ao financiar você terá de pagar IOF –Imposto sobre Operações
Financeiras –, e talvez uma TAC – Taxa de abertura de crédito – além de o
banco exigir de você um seguro da dívida para o caso de falecimento que irá
70
variar conforme o valor do imóvel e a sua idade. Em alguns casos sob o pretexto
de reciprocidade o banco exige que o cliente contrate um título de capitalização
e até mesmo um cartão de crédito.
A cada ano o indivíduo pode utilizar o FGTS para reduzir o valor da
prestação paga, porém, esta atitude não é inteligente, afinal não reduz sua dívida
ou os juros pagos. O ideal é utilizar o saldo do FGTS a cada dois anos para
abater do saldo devedor, pagando as últimas parcelas. Não financie sem um
projeto para quitação do imóvel. Aliás, de preferência, não financie de jeito
nenhum!
Perceba também que em alguns casos de financiamentos antigos pelo SFH –
Sistema Financeiro de Habitação, após o pagamento do financiamento sobra
um saldo residual para o tomador pagar. Este valor corresponde algumas vezes
a 40% do valor do imóvel. Tenha muito cuidado com os financiamentos.
Por fim vamos abordar a última e mais racional forma de aquisição do
imóvel: a poupança e consequente acúmulo do valor para a compra da casa.
Vamos começar analisando a forma como a simulação deve ser feita. As
taxas de juros reais no Brasil nos últimos 10 anos têm sido em média 4,5%.
Portanto, para uma projeção conservadora, o ideal é que seja utilizada, no
máximo, uma taxa de 4,0% a.a. em sua simulação, pois o preço dos imóveis
tende a acompanhar a inflação e o poder de compra da população com o tempo.
Primeiro é preciso escolher o imóvel e a região, vamos supor um apartamento
com dois quartos na Região Central de Belo Horizonte que custa, em média,
300 mil reais. Além deste valor, serão gastos 15% em taxas e impostos,
totalizando 345 mil reais. Vamos supor que o indivíduo planeja comprar este
imóvel em 10 anos, considerando uma taxa real, conservadora, de 3,5% a.a.
Como estamos considerando a taxa real, não precisamos corrigir o valor do
imóvel. Sendo assim, o indivíduo deverá poupar R$ 2.412,23 por mês em um
investimento atrelado ao CDI ou à Selic. Se o seu prazo for 20 anos esse valor
cairá para R$ 1.000,68 reais.
Considerando questões relacionadas ao mercado imobiliário e à taxa de
juros, é possível que você alcance o montante em um prazo maior ou menor,
mas não muito diferente. Então não fique muito preso ao prazo e estabeleça
aquele valor de aporte calculado como um piso. Quando puder, aporte mais.
Outra vantagem em juntar o valor é que, com o dinheiro, o comprador ganha
poder de negociação, podendo pedir descontos e condições diferenciadas, além
de escolher entre diversos imóveis, mesmo aqueles não abrangidos pelo SFH.
71
Quando você financia o imóvel contrai uma dívida e consequentemente uma
obrigação a cumprir. Por outro lado, quando investe, recebe juros e em caso de
imprevistos tem um recurso financeiro para te ajudar e não uma obrigação. A
pessoa que paga aluguel pode se mudar para outro imóvel mais barato, caso
necessário, ou para um imóvel mais próximo do seu novo trabalho.
A poupança visando a aquisição do imóvel, apesar de exigir muita disciplina
e planejamento, é, sem dúvida, a forma mais racional de adquirir a casa própria.
A próxima finalidade de compra do imóvel estudada é a aquisição para
investir almejando ganho de capital. Quem nunca ouviu a história de um tio ou
colega de trabalho que comprou um terreno e depois vendeu por duas ou três
vezes o valor? Para investir almejando ganho de capital o indivíduo precisa
estudar a localização do imóvel, em especial os projetos de infraestrutura para
a região como linhas de metrô, hospitais, shopping centers dentre outros. Além
disso, deve pesquisar outros dados como vacância na região e linhas de
financiamento, pois aquele que comprar o imóvel do investidor dificilmente
comprará a vista. Outra dica importante é que você pode procurar a Prefeitura
da cidade escolhida e pedir para visualizar os mapas das obras dos seus locais
de interesse. Dessa maneira é possível saber se vão construir um viaduto ou
alguma outra grande obra próxima à região.
Durante o chamado “boom” dos imóveis ocorrido no final da primeira
década do milênio, os imóveis subiram muito de preço no Brasil e quase
ininterruptamente, por isso mesmo investidores inexperientes e com
pouquíssimo conhecimento conseguiram ganhar bastante dinheiro utilizando
esta estratégia de compra e posterior venda dos imóveis, mas em circunstâncias
normais este procedimento é mais difícil e com elevadas chances de perdas,
portanto tome cuidado.
Entre os seus amigos, ou mesmo na sua família, deve haver alguém que
possui imóveis alugados. Você deve ter ouvido alguma história sobre um
senhorzinho que possuía uma dúzia de apartamentos e, com isso, garantiu uma
aposentadoria tranquila. Essa forma de investir em imóveis consiste em
comprá-los com o intuito de obter renda por meio da locação. Neste caso existe
um fator que deve ser analisado e se sobrepõe a todos os demais: localização.
Analisar a localização envolve alguns pontos importantes, em especial a
vacância e a infraestrutura da região.
Começando pela vacância, quanto mais imóveis vagos houver na região mais
difícil será para você alugar. Terá de colocar valores menores e terá pouca
72
possibilidade de escolha de inquilinos, ou seja, precisará aceitar o que vier. Por
outro lado, se a vacância for baixa e, consequentemente, for difícil encontrar
imóveis vagos para aluguel na região, será mais fácil alugar e você poderá ser
mais exigente, cobrando um valor maior de aluguel, por exemplo.
Prefira imóveis menores. É bem mais fácil alugar um apartamento nos
moldes quarto e sala do que um apartamento com 3 ou 4 quartos.
Sobre a infraestrutura, verifique a presença de transporte público, pois
facilita a locação para pessoas que trabalham em regiões distantes. A
disponibilidade de internet, luz e água são essenciais. Relógio individual para
luz, água e gás também ajudam na locação e reduzem seus custos em períodos
de vacância.
Ao comprar um imóvel com a finalidade de investir, não é adequado o uso
de consórcio ou financiamento. Financiar investimentos é operar alavancado –
usando dinheiro de terceiros e consequentemente tendo de remunerá-los –, o
que aumenta exponencialmente os seus riscos, pois se não tiver renda do
investimento ainda assim precisará pagar a dívida. Imagine a seguinte situação:
você financia um imóvel com o intuito de locá-lo, porém não consegue. Agora
terá de pagar condomínio, IPTU e outros custos de um imóvel vago, além de
pagar uma prestação mensal. As chances de você se enrolar e ficar endividado
e sem sobra de caixa são muito altas. Você pode até perder o imóvel!
Para administrar seus imóveis, contrate uma boa imobiliária ou bom
escritório de advocacia e evite, assim, administrar diretamente e ter trabalho. O
custo de uma boa administração é irrisório em face da grande quantidade de dor
de cabeça que pode ser evitada. A administradora, geralmente, cobrará de você
algo entre 6% e 8% do valor dos aluguéis.
Não se esqueça do imposto de renda. Quem recebe rendimentos sem
retenção na fonte acima de R$ 1.998,00 em 2018 precisa pagar Carnê Leão.
Consulte estes valores atualizados na página da internet da Receita Federal.
Se o seu inquilino tiver interesse em fazer melhorias nos imóveis, ajude com
os custos, dando desconto no aluguel, e não crie empecilhos, pois um bom
inquilino que cuide do seu patrimônio é difícil de encontrar.
Por fim, não gaste todo o aluguel que receber. Faça uma reserva para
eventuais manutenções e reformas nos imóveis que serão necessárias quando
ocorrer a saída de um inquilino.
73
Capítulo 14 - Fundos de Investimento Imobiliários
74
convocada uma reunião de cotistas onde é eleito um novo administrador ou
decidida a liquidação do fundo (venda de todos os ativos com pagamento aos
cotistas).
Não existe um valor mínimo para este tipo de investimento, variando de
acordo com o preço das cotas no mercado secundário – mercado em que os
investidores compram e vendem as cotas de fundos e ações negociando entre
si. Atualmente existem cotas vendidas a menos de 4 reais e cotas por mais de
3.000 reais. O valor mais comum é o de 100 reais, sendo que, os FII’s mais
líquidos costumam ser os negociados nessa faixa de preço. Isso torna o
investimento em fundos imobiliários um dos mais democráticos e acessíveis
do mercado financeiro, pois o investidor não precisa ter um alto valor para o
aporte.
Os FII’s são uma excelente porta de entrada para a renda variável, pois
apresentam uma volatilidade – variação dos preços – menor do que as ações.
A maioria dos fundos não tem prazo de duração, ou seja, tem por objetivo
explorar o imóvel ou os imóveis alvo por tempo indefinido, mas alguns tem
prazo definido. Neste último caso o fundo pretende construir ou comprar
alguns imóveis e posteriormente vendê-los obtendo lucro e devolvendo o
valor aos cotistas. O maior risco nesses fundos é comprar no momento errado
e receber de volta menos do que investiu.
75
Outra vantagem é a liquidez. Vender um imóvel é trabalhoso e demorado,
além da papelada. Algumas vezes a pessoa leva meses ou até mesmo anos
para conseguir vender um imóvel, com corretagens, comissões e taxas
bastante altas. Vender uma cota de FII leva em torno de 3 minutos, e se paga,
geralmente, uma corretagem fixa que vai de 0 (zero) até 30 reais e o dinheiro
estará na sua conta em 3 dias úteis.
A facilidade de diversificação é outro atrativo. Com 10 mil reais o
investidor acessa 15 fundos imobiliários ou mais, com algumas centenas de
inquilinos e imóveis, sendo que com 200 mil reais o investidor acessará
apenas um imóvel.
Os fundos imobiliários têm isenção no pagamento do imposto de renda,
ao menos por enquanto, os imóveis, por outro lado, não têm essa isenção,
sendo que a alíquota de imposto paga pelo investidor em imóveis pode chegar
27,5% dos ganhos com aluguel.
Por outro lado, os imóveis físicos têm a vantagem do direito de posse, ou
seja, se você possui um imóvel físico pode ir morar nele, reformá-lo, mantê-
lo vazio ou alugar para quem quiser, pelo preço que quiser. No FII essa
decisão é tomada pelo gestor e em última instância pela assembleia de
cotistas.
Um bom exemplo para ilustrar essa vantagem de comprar o imóvel foi o
episódio ocorrido com um fundo de investimento imobiliário que alugava um
grande imóvel para o Banco do Brasil. O administrador do fundo chamou
uma assembleia de cotistas para decidir sobre a retenção de aluguéis para
uma obra no edifício ou mesmo uma nova emissão de cotas visando a tal
reforma. No entanto os cotistas, que têm o poder de decisão nestes casos em
fundos de gestão passiva, foram contra a emissão e contra a retenção e o
resultado foi simples. O inquilino saiu do imóvel devido a falta da reforma e
os aluguéis que antes seriam reduzidos por tempo determinado, com o intuito
de reformar o imóvel, desapareceram. E a saída de um inquilino é, quase
sempre, negativa para o fundo e neste caso específico o impacto não foi nada
positivo.
Se o imóvel fosse seu você poderia decidir sozinho entre reformar ou não
e arcar com as consequências da sua escolha.
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É importante destacar a diferença entre a tipologia imobiliária dos imóveis
alvo do investidor individual e daqueles detidos por FII’s. Quando se investe
em imóveis físicos normalmente são comprados apartamentos compostos por
um ou dois quartos, sala, cozinha e banheiro para aluguel ou então pequenas
salas comerciais. Por outro lado, quem investe em fundos imobiliários
compra frações de shoppings, galpões industriais e logísticos, lajes
comerciais, agências bancárias, faculdades e hospitais. Esses imóveis têm
características distintas.
Imóveis e FII’s não são investimentos excludentes e sim complementares.
Você pode investir em um, nos dois, ou mesmo em nenhum deles, caso não
goste das características dos investimentos.
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A maioria dos bancos possui uma corretora vinculada, mas você pode
também utilizar uma corretora independente. A decisão é sua.
Avalie a praticidade e a qualidade do home broker, o atendimento da
corretora e deixe os custos em segundo plano na sua análise.
Segmento
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Shopping, situado na cidade homônima. Os fundos adquirem os shoppings,
integral ou parcialmente, recebem os aluguéis e receitas de estacionamento,
pagam as despesas e distribuem, no mínimo, 95% do resultado líquido
semestralmente aos cotistas. Algo interessante em relação aos fundos de
Shopping é que o cotista ganha parte das vendas. Como assim? Simples,
quando uma loja é alugada, o shopping e consequentemente o FII recebe um
aluguel mínimo e um percentual sobre as vendas. Por isso, as vendas de
dezembro, apuradas em janeiro, levam a um aumento da renda, que é paga
em fevereiro.
Apesar da crise pela qual o país passa, as vendas do setor shoppings
cresceram 6,2% em 2017. Ao final de 2017 o Brasil contava com 571
shoppings situados em 212 cidades e com um faturamento anual de 167,7
bilhões de reais, conforme dados da Associação Brasileira de Shoppings
Centers – ABRASCE.
Atualmente estão listados apenas poucos fundos que locam imóvel para
hospital. Destacam-se pela liquidez o Hospital da Criança e o Hospital Nossa
Senhora de Lourdes. Os dois estão localizados em São Paulo. São inquilinos
que têm uma tendência menor de se mudar devido a estrutura por trás de um
hospital. Atenção, pois a lei do inquilinato traz proteção especial a inquilinos
como faculdades, creches, hospitais e asilos. Em uma disputa judicial o fundo
sai em desvantagem.
Agências bancárias. Com longos contratos, estes FII’s se destacam por ter
inquilinos muito sólidos e que dificilmente se mudam. Talvez nesse aspecto
só percam para os hospitais e shoppings. Os mais famosos alugam para
Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal ou Santander. Uma curiosidade
é que o fundo com maior número de imóveis é o BB Progressivo II, ou
BBPO, que possui agências e prédios administrativos locados para o BB em
todo o país.
Fundos de agências normalmente possuem contratos atípicos, que serão
detalhados adiante, e longos, o que impede que o inquilino saia
antecipadamente sem pagar uma pesada multa, normalmente correspondente
a totalidade do aluguel restante. Porém, após o fim destes contratos, o valor
do aluguel pode estar descolado do preço do m² na região e o cotista pode ter
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a surpresa infeliz de ver os seus rendimentos caírem por uma renegociação
do valor dos aluguéis.
Educacional. São FII’s que alugam o imóvel para instituições de ensino,
segmento que conta com poucos fundos, todos alugando imóveis para
universidades. A vantagem é a dificuldade e alto custo para uma escola ou
faculdade se mudar. A desvantagem é a dificuldade em arrumar um inquilino
caso a desocupação ocorra e a proteção que a lei do inquilinato traz para esses
locatários. Com prazos maiores para a desocupação do imóvel e maior
burocracia para o despejo do inquilino devido a função social que este exerce.
Logística. O segmento é composto por fundos que alugam grandes
galpões, algumas vezes industriais, outras para armazenamento de produtos.
Atualmente este segmento conta com o maior número de FII’s depois do
segmento de lajes corporativas. É um setor com ciclos mais acentuados e que
frequentemente passa por períodos de maior vacância. Por outro tem, com
maior frequência, contratos atípicos com longa duração.
FII’s do segmento residencial constroem imóveis para vender ou alugar.
Atualmente não existe nenhum fundo que construa imóveis residenciais para
locação sendo negociado na bolsa. Como exemplo de fundos que constroem
imóveis para venda temos o Kinea II Real Estate Equity (KNRE) e o RB
Capital Desenvolvimento Residencial II (RBDS). Tais fundos costumam ter
distribuições mais irregulares, pois precisam construir os imóveis e vendê-
los.
TVM, ou Títulos e Valores Mobiliários, também conhecidos como fundos
de papel, são fundos que investem em ativos mobiliários ligados ao mercado
imobiliário, renda fixa, notadamente LCI’s e CRI’s. Dentro desses temos
também os fundos de fundos, que são uma forma de o investidor pagar
alguém para que selecione e compre os fundos para ele. Nesse caso compra-
se a mente do investidor e a sua capacidade de escolha. Mesmo dentro dos
FII’s de papel existem aqueles que concentram seus investimentos em títulos
prefixados, outros em pós fixados atrelados a algum índice de inflação ou ao
CDI. O risco destes fundos é basicamente o risco de crédito, ou seja, o risco
do emissor do CRI ou LCI não pagar a dívida. Podem ser uma opção para
diversificar e se proteger dos momentos de crise e alta vacância do mercado
80
imobiliário, pois seus rendimentos tendem a ter uma variação menor, mas
também uma tendência de estagnação e não crescimento, como os demais
fundos (de “tijolos”). O fundo de papel, como é popularmente conhecido,
dificilmente será o FII com o melhor desempenho da sua carteira ou o com o
pior desempenho.
Híbridos possuem imóveis e/ou aplicações em mais de um tipo de
segmento. Por exemplo, temos o Kinea Renda Imobiliária, cujo código de
negociação é KNRI11, que possui imóveis logísticos e lajes corporativas em
São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Qualquer coisa, desde que seguindo as regras para que seja considerado
um FII, pode entrar no segmento denominado “Outros”. O ideal é ficar longe
ou estudar muito antes de entrar e entender bem o FII classificado como
outro, o que ele faz, de onde vem as receitas etc.
81
Mandato
82
Gestão
83
Rendimentos e Tributação
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Riscos dos FII’s
85
maneira explosiva, em especial a partir de 2016. Já existem alguns FII’s com
liquidez superior a ações negociadas em bolsa. Só nos primeiros meses de
2019 a base de cotistas em fundos imobiliários aumentou mais de 10%.
Por isso e pelos fundos sempre serem constituídos na forma de
condomínios fechados, ou seja, não admitirem resgate de suas quotas, os
investidores em Fundos de Investimento Imobiliário podem ter dificuldade
em realizar a venda de suas quotas na bolsa de valores. Para reduzir esse
risco, dê preferência aos FII’s com maior liquidez.
Hoje os FII’s mais líquidos possuem liquidez maior do que muitas
empresas de capital aberto.
Despesas podem ser cobradas. Diferentemente das ações, alguns autores
acreditam que os Fundos de Investimento Imobiliários podem cobrar dos
cotistas suas despesas caso o fundo apresente prejuízos. Ex.: um edifício
vazio pertencente a um fundo mono imóvel e cujo caixa já acabou e que,
portanto, precise arcar com os custos de condomínio, luz e água. Existe muita
controvérsia sobre o assunto. Na prática isso nunca aconteceu e este autor
acredita que não vá acontecer. O que os gestores fazem na prática é: lançar
uma nova emissão de cotas para levantar recursos com o intuito pagar as
despesas. Vejamos o que diz o art. 13 Lei 8.668/93:
“Lei 8.668/93
Art. 13. O titular das quotas do Fundo de Investimento Imobiliário:
...
II - não responde pessoalmente por qualquer obrigação legal ou contratual,
relativamente aos imóveis e empreendimentos integrantes do fundo ou da
administradora, salvo quanto à obrigação de pagamento do valor integral das
quotas subscritas.”
86
II – não responde pessoalmente por qualquer obrigação legal ou contratual,
relativa aos imóveis e empreendimentos integrantes do fundo ou do administrador,
salvo quanto à obrigação de pagamento das cotas que subscrever.”
Dívidas e alavancagem. Os Fundos de Investimento Imobiliários não
podem se endividar para a aquisição de novos ativos, pois, de acordo com o
Art 35. II Da Instrução CVM 472, é vedado aos FII’s:
“Art. 35. É vedada à instituição administradora, no exercício das funções de
gestora do patrimônio do Fundo e utilizando os recursos do Fundo:
II - conceder empréstimos, adiantar rendas futuras ou abrir créditos aos
quotistas sob qualquer modalidade;
III – contrair ou efetuar o empréstimo”
O que se viu ocorrer foi a securitização de CRI’s – Certificados de
Recebíveis Imobiliários – por parte dos Fundos de Investimento Imobiliários,
visando a captação de recursos para a aquisição de ativos imobiliários. Como
por exemplo o fundo Vinci Shopping Centers (VISC11) que fez tal captação
para adquirir participação em shopping center.
87
A prática de garantir a renda por um período era comum na bolsa.
Atualmente essa prática é mais rara e mais “mal vista” pelo mercado.
Ao comprar um FII é fundamental saber a data final da RMG e a eventual
renda real a ser recebida ao fim da garantia. Existiram casos onde a renda
caiu drasticamente após o fim da RMG ou simplesmente desapareceu. Via
de regra os relatórios gerenciais do FII informarão qual a renda real e o
quanto falta para alcançar a RMG.
88
...
Art. 13. O titular das quotas do Fundo de Investimento Imobiliário:
I - não poderá exercer qualquer direito real sobre os imóveis e empreendimentos
integrantes do patrimônio do fundo;”
Por outro lado, se eu tiver uma laje corporativa e quiser montar meu
escritório de venda de bolinhas de gude lá, posso fazê-lo. Se eu tiver um
prédio de apartamentos e quiser morar em uma das unidades, nada me
impede de fazê-lo.
São situações distintas a do investidor imobiliário e a do investidor em
fundos imobiliários.
89
Contratos de aluguel: típico x atípico
90
No primeiro caso, com os imóveis similares na região sendo alugados por
preços menores, ocorrerá uma pressão para redução do aluguel quando da
renovação do contrato devido ao maior poder de barganha do inquilino. Isso
levaria a uma redução do rendimento recebido pelo cotista. No caso da
desconexão para menos, o risco seria o custo de oportunidade, pois o fundo
pode estar alugando por um determinado valor um imóvel que no mercado
está sendo alugado por um valor maior devido à grande demanda por imóveis
na região.
91
Indicadores para investir em FII’s
92
300 mil reais e receba por sua locação um aluguel de 1.500 reais. O “current
yield” seria 1.500 x 12 / 300.000 = 6% a.a., no entanto seria necessário
descontar alíquota de imposto de renda. Será utilizada a média simples das
alíquotas que vão de 0% até 27,5% que resulta em 14,5%. Neste caso o
“current yield” líquido de I.R. seria 5,1% a.a.
Atualmente o “current yield” dos FII’s varia entre 0% a.a. e mais de 12%
a.a. em média algo em torno de 6% a.a. É preciso ressaltar que não existe
uma relação direta do tipo: quanto maior o “yield” melhor o FII.
O segundo indicador é o FFO (“funds from operation”) que pega o
rendimento líquido e subtrai ganhos com venda de imóveis, ou FFO ajustado
onde são considerados outras receitas não recorrentes. Distribuições acima
do FFO não são sustentáveis no longo prazo.
O terceiro indicador a ser estudado é o P/VPA – Preço sobre Valor
Patrimonial – que analisa o preço do fundo negociado em bolsa em relação
ao seu patrimônio. Ele pode ser um sinalizador de problema no caso de
fundos que estão cotados muito abaixo de seu valor patrimonial. Esse
indicador, apesar de melhor que o anterior, tem alguns problemas.
O primeiro problema é que o valor de avaliação dos imóveis é feito, via
de regra, uma vez ao ano, enquanto o mercado de imóveis não fica estável
durante todo o período, fazendo com que esse valor possa se distorcer em
função do tempo. Outra forma de calcular é utilizando o fluxo de caixa
descontado, mas este depende das condições do mercado imobiliário e da
economia, que, especificamente no Brasil, mudam muito.
Outro problema com o P/VPA é a falta de liquidez dos imóveis. Imagine
a dificuldade que é vender um hospital. De maneira geral, lajes corporativas
tem mais liquidez do que estruturas logísticas, hospitais ou universidades,
então, se for utilizar esse indicador, evite aplicá-lo na análise de fundos que
detém imóveis de menor liquidez. Se não entende muito bem quando utilizar,
ignore o P/VPA.
Outra crítica ao indicador é que no valor patrimonial – VPA – não estão
incluídos o “know how” e a qualidade da administradora e gestora que vem
se mostrando um diferencial cada vez maior no mercado de fundos
imobiliários.
93
O terceiro dado importante é a vacância, que está dividida em vacância
física e vacância financeira. A vacância física refere-se ao quanto da ABL –
Área Bruta Locável – do fundo que está vazia. Por exemplo: um fundo com
5000 m² de ABL e 2000 m² vagos tem uma vacância física de 40% =
2.000/5.000. Por outro lado, a vacância financeira é quanto o fundo está
recebendo em função do quanto poderia receber caso estivesse plenamente
locado. Normalmente as duas vacâncias não são correspondentes, pois, ao
alugar um imóvel vago, além de entrar uma nova receita, para-se de pagar
despesas como, por exemplo, o condomínio.
Veja que o fundo pode ser dono do imóvel inteiro, de fração ideal do
imóvel ou de parte do imóvel. O imóvel todo dispensa explicação. Pode se
dizer que o fundo possui uma fração ideal quando o fundo possui um
percentual do imóvel que não pode ser dividido, ou seja, ele é proprietário de
40% do imóvel como um todo (receitas e despesas) e não quatro andares do
prédio ou 40% das lojas e vagas de estacionamento do shopping. Por outro
lado, o fundo pode também ter alguns andares de um edifício de lajes
corporativas, como por exemplo o FII The One, código de negociação
ONEF11, que é proprietário de 4 lajes corporativas do edifício The One,
localizado no Itaim Bibi, São Paulo. O que acontece nos andares que não
pertencem ao ONEF não interessam aos cotistas, como a saída e entrada de
inquilinos nos demais andares.
A localização dos imóveis é outro dado muito importante e que deve ser
avaliado sempre que possível. Para os moradores de São Paulo e Rio de
Janeiro, locais onde estão a maioria dos imóveis dos fundos, existe a
possibilidade de ir aos edifícios. No caso dos shoppings centers é fácil
conhecer, pois você poderá entrar e ver o movimento. Lembrando que uma
parte considerável da receita dos shoppings vem do estacionamento e de
parte das vendas das lojas. De todo jeito, ainda que você more no interior do
país, poderá pesquisar sobre a localização dos imóveis na internet com base
nos relatórios gerenciais.
Outro dado interessante é o NOI que é o “Net Operational Income”, ou
Receita Líquida Operacional. Normalmente este indicador é apresentado nos
relatórios dos FII’s de Shopping Center. O indicador representa o resultado
94
do shopping após receber os aluguéis e pagar as despesas. O NOI do fundo
imobiliário é a parte do shopping correspondente a ele.
Por fim é importante destacarmos o cap rate. Este número representa o
valor da renda gerada pelo imóvel no ano em relação ao seu valor. Por
exemplo: um imóvel de 1 milhão com aluguel de 10 mil gera um “cap rate”
de 12% = 12x10.000/1.000.000. Quando o fundo faz a aquisição e um novo
imóvel ele avalia o “cap rate” além de outros dados como qualidade do
imóvel e do inquilino, se o caso, necessidade de reformas e adaptações etc.
O rendimento que o cotista recebe não é o “cap rate”/número de cotas, pois
antes da distribuição é preciso subtrair as taxas. Normalmente o fundo vai
demandar “cap rates” mais altos de imóveis de menor qualidade e vai tolerar
“cap rates” menores em ativos de altíssima qualidade, mas é preciso analisar
caso a caso.
Os relatórios gerenciais são, sem dúvida, a principal ferramenta do
investidor na hora de analisar os FII’s. É recomendado que o investidor leia,
ao menos, algo entre 6 e 12 últimos relatórios antes de comprar as cotas do
fundo. Porém não se assuste caso os dois primeiros pareçam áridos, pois a
partir do terceiro relatório do mesmo FII você saberá separar o que é
relevante do que é simplesmente uma cópia (Ctrl C + Ctrl V) dos relatórios
anteriores.
A clareza e qualidade dos relatórios são pontos importantes a serem
analisados. Alguns gestores produzem relatórios mensais, outros trimestrais
ou semestrais e alguns poucos usam o sistema QDNT – Quando Dá Na Telha.
Esse último normalmente não representa uma opção tão boa de investimento.
O fundo também é obrigado pela CVM – Comissão de Valores
Mobiliários – a apresentar demonstrações financeiras que podem colaborar
para a análise a ser feita pelo investidor, mas, normalmente, o relatório
gerencial conterá todas as informações importantes.
Um bom complemento para os seus estudos são o quadro e os murais de
discussão da Bastter.com. onde são feitas as análises e estudos de diversos
fundos de investimento imobiliário.
95
IFIX
96
proteger dos ciclos das mais diversas atividades econômicas. Em alguns
momentos a situação será boa para as lajes corporativas, mas o movimento
nos shoppings cairá. Já em outros quem sofre são os galpões industriais, mas
nada muda para o setor de universidades e assim por diante.
Não há um número mágico de FII’s para se ter na carteira, mas o
investidor deve estar confortável com os ativos que possui e com o percentual
alocado em cada um deles.
Estudos acadêmicos, como o publicado pelo Professor Arthur Vieira de
Moraes indicam que uma carteira formada por 7 a 13 fundos reduz o risco
diversificável a níveis mínimos.
Por outro lado, este autor avalia que o ideal é fazer a si mesmo a seguinte
pergunta: se um dos seus FII’s desaparecer da noite para o dia (situação
bastante improvável) o quanto isso te abalará? Se a resposta for muito, talvez
seja melhor ampliar a diversificação. Por outro lado, se a resposta for nada
ou um pouco, então a diversificação provavelmente estará adequada ao seu
perfil.
Inicialmente tenha um percentual pequeno em cada fundo de investimento
imobiliário, 1% ou 2% da sua carteira total. Depois, com o tempo e a
experiência adquiridas você analisa como se sente em relação a estes
percentuais e decide se quer modificá-los.
O conselho é: faça o teste do travesseiro. Se conseguir dormir tranquilo
com o modo como estão alocados os seus investimentos, você estará no
caminho certo.
Comece estudando os FII’s mais líquidos, àqueles onde há mais facilidade
para comprar e vender as cotas. Dê preferência aos fundos com vários
imóveis e inquilinos e nos quais nenhum imóvel ou inquilino represente um
alto percentual da renda do fundo. São os multi-imóveis e multi-inquilinos.
Os fundos imobiliários monoimóveis (que possuem apenas um imóvel),
por vezes, apresentam um retorno maior, mas aí vale a máxima, quanto maior
o risco, maior o retorno. Normalmente o fundo que possui um imóvel vive
uma dualidade, ou está ocupado e pagando aluguéis reajustados ano após ano
ou está vazio sem render nada e queimando caixa ou precisando de novas
97
emissões para se manter. Portanto deixe os monoimóveis para quando você
tiver mais experiência.
Em seguida, após separar os fundos mais líquidos multi-imóveis e multi-
inquilinos, separe os fundos que te interessarem. Primeiro separe pelo
mandato, em seguida pelo segmento e, depois, leia os relatórios gerenciais
de cada um. No mínimo, os 6 últimos relatórios gerenciais divulgados. Vá
escolhendo aos poucos, compre 1 ou 2 fundos ao mês, afinal a carteira não
precisa ser montada de uma vez. “Roma não foi construída em um dia”.
Evite fundos problemáticos que passam por processos revisionais
contrários aos interesses do fundo, fundos com inquilinos problemáticos ou
que tem uma vacância muito elevada em relação à região onde os imóveis se
encontram.
Deixe os fundos de desenvolvimento e aqueles com prazo de duração
limitado para quando você tiver mais experiência. Estes fundos envolvem um
risco maior e, por isso, exigem mais conhecimento e experiência do
investidor.
Verifique também se os rendimentos são sustentáveis, ou seja, a relação
entre o que o fundo gera de caixa (dinheiro), seja pelos juros dos CRI’s e
LCI’s ou pelos aluguéis dos imóveis, já subtraído das despesas
administrativas e o que paga, na forma de rendimentos, aos cotistas. Um erro
comum é investir em um fundo olhando apenas os rendimentos que, muitas
vezes, estão inflados, e, quando esses rendimentos são reduzidos, se
desesperar e vender as cotas do fundo, muitas vezes com bom gestor e
composto por bons ativos imobiliários, em pânico.
Sob nenhuma hipótese faça uma lista crescente usando o “current yield”
e compre os com valor maior. A maior parte dos erros será cometida por este
tipo de escolha.
98
O Equívoco
99
Estudos de caso
HGLG
CSHG Logística
100
junho de 2010, já passou por 4 emissões de cota, estando ainda em período
de alocação dos recursos da última emissão.
O HGLG foi o primeiro FII de logística com gestão ativa. Atualmente o
fundo conta com 50.452 cotistas. A liquidez diária do fundo é em torno de
3,2 milhões de reais por dia, o que o torna um dos FII’s mais líquidos da
bolsa (fácil de comprar ou vender).
A ABL do fundo em março de 2019 é de 270.428 m², com uma vacância
física atual de 4% e uma vacância financeira de 7,1%.
As distribuições do fundo ano a ano, por cota, ajustadas ao
desdobramento, foram as seguintes nos últimos 5 anos:
2014 – R$ 12,39
2015 – R$ 14,69
2016 – R$ 10,44
2017 – R$ 10,44
2018 – R$ 9,72
101
O fundo HGLG dispõe de 11 imóveis e 23 locatários. Imóveis localizados
em 4 estados brasileiros sendo 8 em São Paulo, 1 em Minas Gerais, 1 no Rio
de Janeiro e 1 em Santa Catarina. Os principais locatários, por área locada,
do fundo são: Lojas Americanas, Cramer, Tetra Pak, Master Offices e Gerdau
(março de 2019).
Em razão da última emissão de cotas, 25% dos recursos do fundo
atualmente estão alocados em renda fixa, buscando oportunidades no
mercado de galpões logísticos.
O fundo tem uma predominância de contratos atípicos, 78,8%. O IPCA é
o principal índice de reajuste do fundo respondendo por 90,3% dos contratos
contra 9,7% dos contratos sendo reajustados pelo IGP-M.
Nos últimos 12 meses o fundo gerou um resultado de R$ 69.204.316,00,
em linha com as distribuições.
Em relação à alocação, o fundo informou via fato relevante que assinou
compromisso de compra e venda de um imóvel em Guarulhos, locado para
empresa de logística. “Cap rate” de aproximadamente 11,7%. Maiores
detalhes serão fornecidos no futuro. Acompanhe os relatórios gerenciais para
se inteirar mais sobre a conclusão do negócio. Na Bastter.com são postados
todos os relatórios gerenciais dos FII’s.
A participação do CSHG Logística no Ifix é de 3,2% a maior de um fundo
de logística no momento da publicação deste livro.
KNRI
Kinea Renda Imobiliária
102
razões: maior necessidade de espaço para armazenagem e necessidade de
desmobilização de capital das empresas que vem optando pela venda e
locação dos galpões.
Mandato: Renda.
Segmento: Híbrido.
Gestão: Ativa.
Taxa de administração e gestão: 1,25% sobre o valor de mercado.
O Patrimônio do fundo ultrapassou 2 bilhões de reais após a 5ª emissão
de cotas.
Administrado pela Intrag DTVM Ltda e gerido pela Kinea Investimentos
Ltda, o fundo iniciou suas atividades em 11 de agosto de 2010.
O fundo possui 16 imóveis, sendo 8 edifícios comerciais e 8 centros
logísticos, com um total de 74 contratos de locação e mais de 50 inquilinos.
A vacância física é de 5,26%, enquanto a vacância financeira é de 9,35%
e 11,93% de vacância financeira ajustada pelas carências previstas nos novos
contratos de locação.
O fundo vem sendo negociado em todos os pregões com volume diário de
3,2 milhões de reais.
Em relação aos contratos de locação, 58,44% são típicos contra 41,56%
de contratos atípicos. 43,9% dos contratos são reajustados pelo IGP-M e
56,1% pelo IPCA.
A receita do fundo é proveniente da seguinte distribuição por Estado:
52,82% SP, 20,86% MG e 26,32 RJ. Os escritórios são responsáveis por
37,5% das receitas do fundo enquanto a logística responde por 62,5% das
receitas.
A distribuição em 2018 foi de R$ 10,48 contra um resultado R$ 10,14 por
cota, sendo que os R$ 0,34 distribuídos acima do resultado saíram do caixa
do fundo. O fundo distribuiu nos últimos 5 anos os seguintes valores:
2014 – R$ 10,97
2015 – R$ 11,04
2016 – R$ 11,04
2017 – R$ 11,24
2018 – R$ 10,48
103
A despeito do momento desafiador do mercado, o fundo conseguiu manter
as suas distribuições estáveis.
Ele tem a segunda maior participação no ifix (6,11%) ficando atrás apenas
do fundo de recebíveis imobiliários da própria Kinea, o KNCR.
ABCP
Grand Plaza Shopping
104
Mandato: Renda.
Segmento: Shoppings.
Gestão: Passiva.
O segmento de shoppings centers é bastante peculiar. Diferente dos
demais segmentos de FII’s, ele participa do resultado dos inquilinos, pois
parte do aluguel recebido vem dos resultados das lojas. A sinergia entre
locador e locatário tende a ser maior.
Além disso, pelo Brasil ser um país extremamente violento, as pessoas
buscam opções de lazer mais seguras como, por exemplo, um cinema no
shopping.
O ABCP conta com 21.188 cotistas e é administrado pela Rio Bravo
Investimentos DTVM Ltda. A taxa de administração e gestão cobrada pela
Rio Bravo é de 0,1% a.a. O shopping foi inaugurado em 1997 com a oferta
de cotas no mercado – IPO – em 2003.
O fundo é dono de 98,6% do Grand Plaza Shopping que está situado na
cidade de Santo André e é considerado um dos mais importantes shoppings
centers do ABC Paulista. O fundo também possui participação no edifício
comercial anexo. A ABL do fundo é de 69.503 m².
Em termos de liquidez, a média de negociação diária do fundo é de 500
milhões de reais com participação em 95% dos pregões. Um FII com menos
liquidez do que os dois analisados anteriormente, mas ainda assim com uma
liquidez adequada para que o pequeno investidor possa vender e comprar
cotas.
A vacância atual do fundo é de 0,8% colocando-o como um dos fundos
com menor vacância do segmento. Nos últimos 5 anos a desocupação do
fundo nunca passou de 2,6% mesmo com a crise que afetou o varejo
brasileiro.
A distribuição de rendimentos por cota, nos últimos 5 anos, ajustada ao
grupamento – situação onde diversas cotas são transformadas em uma, no
caso em questão cada 5 cotas se tornaram uma – das cotas, foi a seguinte:
2014: R$ 4,08
2015: R$ 4,30
2016: R$ 4,49
105
2017: R$ 4,88
2018: R$ 5,25
Resumo – FII’s
Ativos Geradores de renda;
Investem em ativos imobiliários (principalmente: imóveis, LCI, CRI);
Distribuem rendimentos, geralmente, mensais;
106
Investimento a partir de 4 reais, sendo que a maioria dos fundos tem suas
cotas negociadas na casa dos 100 reais;
Ler, no mínimo, os 6 últimos relatórios gerenciais antes de investir no
fundo.
Não comprar o fundo exclusivamente pelo alto “current yield”.
Avaliar: a diversificação (em inquilinos e imóveis), os imóveis
(principalmente a localização) e a gestão.
107
Capítulo 15 - Ações
Você já parou para pensar, alguma vez, na quantidade de contas que você
paga? Conta de luz, conta de água, conta de telefone, assinatura da TV a
cabo, conta do bar, combustível para o automóvel, exames médicos, contas,
contas e mais contas. Já ficou imaginando para onde vai todo aquele
dinheiro? Saiba que grande parte destes recursos vão para empresas de
capital aberto e, em última instância, para o bolso dos acionistas destas
companhias.
O investidor tem a possibilidade de receber dinheiro dessas empresas ao
invés de apenas pagar contas para elas. Imagine as companhias elétricas te
pagando mais dinheiro na forma de dividendos do que você paga de conta de
luz. Interessante, não é mesmo?
O mercado de ações remonta ao período da Grécia e Roma antigas, porém
ganhou expressividade durante as grandes navegações. A Companhia das
Índias Orientais, em 1.610, dividiu seu capital em cotas iguais e transferíveis
(muito similar às nossas ações atuais).
Naquela época, quando um investidor colocava dinheiro na empresa dizia-
se que ele estava adquirindo partes de uma ação. No caso, a ação era a
navegação e o comércio de especiarias com a Índia, a África e outras regiões.
Esses direitos eram negociados no mercado, similar àquele de frutas que você
vai aos domingos, e depois de concluída a ação, os lucros obtidos eram
divididos entre os acionistas.
Hoje em dia o mercado cresceu, surgiram mais ativos e formas diferentes
de negociar. Além dos investidores, que são aqueles que desejam parte dos
resultados obtidos pelas companhias com suas operações, existem também
os especuladores, que almejam ter lucros com a compra e venda de ativos,
de maneira geral comprando e vendendo posteriormente por um preço maior.
Não há certo ou errado, são formas diferentes de abordar o mercado.
108
Aqueles que especulam no mercado tem baixa probabilidade de ter
sucesso. Nos Estados Unidos, pesquisas revelaram que em torno de 1% dos
“traders” tem resultados consistentes e sucesso no longo prazo. Os demais
99% tem perdas e desistem dentro de até 5 anos. Outras pesquisas foram
realizadas, inclusive no Brasil, com conclusões iguais.
Ser “trader” é participar de um jogo de soma zero, onde uns ganham e
outros perdem. Por outro lado, investir é ser sócio de companhias
participando dos seus resultados. Quando a Fleury, empresa de medicina de
diagnóstico, faz um exame de imagem e descobre uma doença, possibilitando
assim o tratamento de uma pessoa enferma, a pessoa ganha com o
diagnóstico, a empresa ganha com o pagamento pelo exame realizado e você
ganha como acionista na medida em que a empresa aumenta seu faturamento.
Neste livro não trataremos do viés especulativo do mercado. O foco será
na estratégia da compra de partes das empresas para se tornar sócio e se
beneficiar com os resultados. Estes benefícios, via de regra, provêm da
geração de caixa da empresa. A partir da geração de caixa a empresa pode:
pagar proventos, seja na forma de dividendos ou juros sobre capital próprio,
reinvestir o dinheiro na empresa para que ela cresça ou recomprar as ações,
aumentando a participação que cada ação representa na companhia.
Normalmente as companhias fazem as 3 coisas, só que a proporção de cada
uma delas varia conforme o momento da empresa.
Tal estratégia é conhecida como “Buy and Hold”, isto é, comprar e
segurar. O objetivo do investidor é ter a maior participação possível em boas
empresas e manter tais participações enquanto as organizações continuarem
com valor. E a definição de valor não é trivial.
O investidor que segue a filosofia do “Buy and Hold”, também conhecido
como “Holder” deve estudar e compreender as companhias antes de comprá-
las e, de preferência, jamais vendê-las.
O Brasil possui, aproximadamente, 340 empresas listadas em bolsa.
Dentre elas: Ambev, Arezzo, Banco do Brasil, Bombril, Bradesco, Camil,
Carrefour, Cemig, Copasa, CVC, Eletropaulo, Fleury, Grendene, Hermes
Pardini, Itaú, Lojas Renner, Magazine Luiza, MRV, Natura, Riachuelo,
109
Petrobrás, Vale, Sabesp, Santander, TIM, Vivo etc. Você provavelmente já
comprou algum produto ou utilizou os serviços de alguma dessas empresas.
Uma empresa de valor é, de maneira muito resumida, aquela que obtém
lucros, gera caixa e tem boa governança. Enfim, tem bons fundamentos.
Nesta parte do livro nos aprofundaremos no que são estes fundamentos.
Existe um preconceito entre os não investidores que faz com que eles
acreditem que, para investir, é necessário ser economista, contador ou
administrador. Nada mais equivocado, pois todo o conhecimento que você
precisa para começar a investir é aprendido no ensino fundamental: regra de
três simples e juros compostos.
Peter Lynch foi gestor do “Magellan Fund” com um histórico de
rentabilidade 29,2%, durante os 13 anos em que geriu o fundo. Esse retorno
fez com que ele fosse conhecido como o melhor gestor de fundos de todos
os tempos. Formado em história, filosofia e psicologia, o famoso gestor
destaca que qualquer um pode aprender a investir.
Fique tranquilo, pois traremos os conceitos básicos sobre o mercado de
ações e aquilo que você precisa aprender de administração, contabilidade e
economia. Serão abordados apenas os assuntos essenciais para que o
investidor faça sua análise.
110
Mercado Primário e Secundário
111
Por outro lado, quando você negocia as ações na bolsa – durante o pregão
– que é a sessão diária de negociação de ativos e, no momento em que este
livro é escrito, ocorre entre as 10 e as 17 horas, você está no mercado
secundário. Nele os investidores compram e vendem as ações negociando
entre si, a empresa não participa necessariamente deste processo. A maioria
dos negócios ocorre no mercado secundário.
Quanto maior o número de negócios diários de um ativo no mercado
secundário, maior é a sua liquidez. E, quanto maior a liquidez das ações da
empresa melhor para o investidor, pois é mais fácil para ele comprar ou
vender ações da companhia.
112
Ordinárias, preferenciais, “Units” e “Tag along”
Ordinária, preferencial, “Unit” e “Tag along” são alguns dos termos que
todo o investidor em ações precisa saber.
As ações são subdivididas em ordinárias e preferenciais. As ações
ordinárias dão direito a voto. O controlador da companhia é aquele que detém
o maior número de ações ordinárias, não necessariamente 50%+1
(majoritário). O preferencialista por outro lado não possui voto ativo na
empresa, mas tem preferência no recebimento de dividendos.
“Units” funcionam como pacotes que contém ações ordinárias e
preferenciais. Algumas vezes a “Unit” possui outros ativos como opções,
mas na maior parte dos casos é apenas uma certa quantidade de ações
ordinárias e uma de ações preferenciais.
Algumas empresas formam “Units” para depois trocarem-nas por ações
ordinárias e migrar para o novo mercado. As motivações por traz da criação
de “Units” pelas companhias são as mais variadas possíveis.
O “Tag along” é o direito de o minoritário receber um percentual (80%)
ou mesmo a totalidade (100%) do que recebe o majoritário no caso da venda
do controle da companhia. Por exemplo: se a Coca Cola resolver comprar a
Ambev você terá o direito de receber, no mínimo, 80% do valor pago ao
controlador por ação. Vender ou não é opção sua.
Voltando à Ambev, quando a Brahma comprou a Antartica os
preferencialistas não tinham direito à “Tag Along” por isso tiveram perdas.
Outro caso é o da Vale, que converteu as suas ações preferenciais em
ordinárias, migrando para o Novo Mercado. O preferencialista recebeu
0,9342 ação ordinária por cada ação preferencial. Dias antes do anúncio da
conversão as ações preferenciais estavam cotadas acima das ordinárias.
As ações ordinárias, obrigatoriamente, dão direito ao menos a um “Tag
Along” de 80%, mas a grande vantagem de ter ações ordinárias é, na verdade,
estar no “mesmo barco” do controlador. O controlador – que pode ser um
acionista majoritário ou um grupo controlador – a princípio quer o melhor
para si mesmo, consequentemente ele quer o melhor para os detentores de
ações ordinárias. É possível que em algum momento aconteça conflito de
113
interesses entre os controladores e minoritários, mas não é algo comum. A
dica é simples. Desde que as ações ordinárias tenham liquidez, comprar
ordinárias traz uma segurança a mais.
Algumas empresas estão no nível de governança chamado de Novo
Mercado. Nesse segmento, além de outras regras, a empresa só pode ter ações
ordinárias, deve oferecer 100% de “Tag Along” e ter um “free float” (ações
em circulação) de no mínimo 25% das ações da companhia.
114
As Perguntas
115
um serviço ou tecnologia – contudo, hoje os consumidores têm muitas opções
e, via de regra, optam pelo menor preço. Outro exemplo é o caso dos serviços
de transporte privado, como o “taxi”, antes exclusividade daqueles que
possuíam a autorização, hoje enfrentam a concorrência de diversos
aplicativos, onde, novamente, o que o consumidor busca é o menor preço e
não uma experiência especial de transporte.
4 – Os produtos da empresa precisam ser atualizados constantemente?
A Coca Cola mantém sua fórmula inalterada há quase 100 anos, os
calçados da Nike pouco mudam de uma coleção para a outra, o mesmo vale
para as cervejas da Ambev ou o macarrão vendido pela M Dias Branco.
Contudo, os “smartphones” produzidos pela Apple, Samsung ou Motorolla
precisam de constantes aprimoramentos para não ficarem obsoletos.
5 – Caso esses produtos precisem de constante atualização, como a
empresa se sai ao atualizar seus produtos em comparação aos concorrentes?
A Apple, a despeito da concorrência com outras fabricantes de
“Smartphones”, se destaca pela sua tecnologia, assim como a Samsung.
Outras empresas têm dificuldades em concorrer, pois, além de tudo, as
marcas ganharam lugar no imaginário do consumidor que se identifica com
os seus produtos.
116
Economia
117
Isso se deve ao fato de existirem diversos produtos substitutos à pera, você
pode comer maçãs ou morangos no lugar. Por outro lado, um diabético não
pode substituir insulina por um remédio para dor de cabeça.
Empresas cujos produtos não têm substitutos fáceis e não enfrentam uma
grande concorrência, em geral, se revelam um bom negócio, mas de nada
adianta um excelente modelo de negócios mal administrado.
O investidor em ações deve buscar analisar e entender os negócios por trás
daquele código de negociação e não apenas papéis. Nunca esqueça disso.
E um dos mais importantes indicadores de valor é a governança
corporativa.
118
Governança Corporativa
119
Contabilidade
120
Regime de Caixa e Regime de Competência
121
Balanço Patrimonial
123
O balanço mostrado é o da Grendene S.A, código de negociação GRND3
que pode ser encontrado na Bastter.com ou no RI da companhia. Observamos
124
que a empresa possui uma liquidez corrente de 7,98 e não possui
endividamento líquido, pois a posição em caixa somada às aplicações
financeiras (1,5 bilhões) já é maior do que o passivo total da companhia.
A Grendene é uma empresa conservadora que quase não usa capital de
terceiros. Outras empresas têm características distintas e contrairão dívidas,
o que não fará delas melhores ou piores. Você precisa analisar caso a caso,
setor a setor e empresa a empresa.
O setor de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, por
exemplo, costuma ser bastante alavancado. Ou seja, para ser sócio de
empresas deste setor você precisa aceitar uma liquidez menor e um risco um
pouco mais alto. Tais empresas se endividam, pois tem receita “garantida”
pelas concessões das quais são detentoras.
Em um momento futuro iremos nos aprofundar nos indicadores. Não se
preocupe tanto com isso agora.
125
DRE – Demonstração de Resultados do Exercício
126
Repare nas linhas. As Lojas Renner vendem uma peça de roupa, recebem
a receita bruta, pagam os impostos sobre as vendas, sobra a receita líquida.
Pagam o custo das mercadorias e dos serviços, fica o Lucro Bruto e assim
sucessivamente. Essa empresa também tem receitas vindas da sua financeira,
pelo uso do cartão Renner.
A DRE tem uma sequência lógica onde o dinheiro entra e vai saindo aos
poucos. O que sobra no final é o Lucro Líquido ou o Prejuízo.
127
Custo x Despesa
128
Entender a diferença entre custo e despesas serve para eliminar uma antiga
falácia que diz que as empresas devem sempre reduzir os custos. Errado, os
custos devem aumentar, pois mais custos, via de regra, representam mais
vendas e assim um retorno maior para os acionistas. No entanto, um aumento
129
de custos sem um aumento correspondente na receita pode ser um problema.
Já as despesas devem se manter ou ao menos subir menos do que as receitas
e custos, assim a empresa terá maior lucratividade.
EBIT
EBTIDA
130
Quando a companhia faz um grande investimento, muitas vezes devido à
amortização, à depreciação e às despesas financeiras, o lucro não sai do lugar,
mas sempre que o investimento for bem feito o EBTIDA começará a crescer
e com a conclusão da amortização e pagamento das dívidas o lucro deve
seguir o mesmo caminho.
131
DFC – Demonstração de Fluxo de Caixa
132
Acima o Fluxo de Caixa da Empresa Grendene. Vemos que:
1 – A empresa converte praticamente todo o EBTIDA em Fluxo de Caixa
Operacional. O que é um dado positivo.
2 – A empresa vem gerando Fluxo de Caixa Operacional acima do Capex
em todos os anos analisados. Outro ponto positivo.
Você pode encontrar o quadro compilado da DFC e dos dados da DRE e
do Balanço Patrimonial na Bastter.com, tanto para as ações negociadas na
bolsa de valores brasileira e das negociadas na NYSE – New York Stock
Exchange – americana.
133
Análise Vertical e Horizontal das Demonstrações
134
Dívidas das empresas
135
pode virar um pesadelo no período de baixa. O ideal é que estas empresas,
com receitas variáveis, tenham um nível de endividamento menor.
136
Produtividade
137
ela “gira” muito menos, ou seja, o número de carros vendidos é bem menor.
Consequentemente, a Toyota é mais lucrativa e tem um retorno maior sobre
o seu patrimônio, agregando mais valor para o acionista.
138
Retorno sobre o patrimônio líquido – ROE ou RPL
139
Retorno sobre o Capital Investido – ROIC
140
Dividendos
141
entender o quanto ela precisa, de fato, reinvestir para operar de maneira a
manter suas vantagens competitivas.
Ao analisar uma empresa não se preocupe muito com a categoria,
dividendos ou crescimento, busque qualidade, pois empresas boas vão
crescer ou pagar dividendos a depender do momento em que estão. Algumas
crescerão e pagarão dividendos.
Um erro comum, conforme explicitado anteriormente, cometido pelo
investidor iniciante é comprar empresas olhando exclusivamente o DY sem
saber se existe geração de caixa sustentando aqueles dividendos.
Essa estratégia é tola e leva a desastres, como por exemplo comprar
empresas extremamente endividadas, que pegam recursos emprestados para
pagar os seus dividendos.
Os dividendos irão crescer na medida em que as empresas crescerem e
não tiverem projetos de investimento. Nestes momentos a geração de caixa
será direcionada para remunerar os acionistas na forma de dividendos e juros
sobre capital próprio ao invés de projetos próprios da companhia.
142
Juros sobre Capital Próprio
JCP, ou juros sobre capital próprio, também são proventos pagos aos
acionistas da companhia. O JCP são despesas dedutíveis do lucro para fins
de base de cálculo do Imposto de Renda. Se por um lado a companhia não
paga imposto de renda (IRPJ), por outro é descontado do acionista o
percentual de 15% a título de imposto de renda em relação aos lucros.
Simplificando, juros sobre capital próprio custam menos para as empresas
e acionistas, pois a alíquota média de Imposto de Renda de uma empresa no
Brasil supera os 30%, bem acima dos 15% cobrados no JCP.
Então por que as empresas não distribuem apenas JCP? Simples, o
pagamento dos JCP é limitado por lei à TJLP, taxa de juros de longo prazo,
do período. Por exemplo, em 2019, uma empresa pode pagar até 7,03% do
seu patrimônio líquido na forma de juros sobre capital próprio ao ano.
Os juros sobre capital próprio são somados aos dividendos para o cálculo
do DPA – dividendo por ação e consequentemente do DY – Dividend Yield
e do PY – Payout.
143
Aluguel de ações
144
Indicadores ligados ao preço
145
Vantagem Competitiva
146
Quando vender uma ação
147
Mãos de alface
148
Escolhendo as empresas
Por fim, podemos dizer que o que buscamos ao comprar ações é adquirir
participação em empresas que não se envolvam em confusões ou rolos,
companhias que sejam lucrativas, com lucros crescentes ou ao menos
resilientes em momentos de crise, forte geração de caixa (FCO e FCL
Capex), dívida equilibrada, boas margens, se comparada ao setor de atuação,
e um alto retorno sobre o patrimônio.
Além disso é preciso avaliar as vantagens competitivas da companhia e a
governança. Ler a página do R.I., alguns releases e ouvir webcasts pode te
ajudar a entender melhor a companhia. O FAQ da Bastter.com e os quadros
são ferramentas de enorme valia para os investidores.
149
O seu primeiro passo você já deu ao ler este livro.
“Benchmarks”
Você, provavelmente, deve ter sentido falta de gráficos do tipo: CDI vs
Selic ou IBOV (ibovespa) vs IFIX vs CDI dentre outros possíveis
“Benchmarks”.
“Benchmark” ou comparação entre produtos e desempenhos, tradução
livre, são métricas que alguns investidores utilizam para avaliar se a sua
carteira está indo bem ou mal.
Uma típica métrica é o CDI. Quase todos, por algum motivo, gostam de
comparar tudo com o CDI ou a Selic (considerada a taxa livre de risco pela
teoria econômica). A lógica é, se estou correndo riscos deveria ganhar mais
do que a taxa livre de risco.
Outro “benchmark”, muito utilizado no mercado de ações é o ibovespa.
Índice que mede o desempenho das ações mais negociadas e com maior valor
de mercado da bolsa brasileira. Não detalharemos os cálculos de tais índices,
pois para o holder são inúteis.
O objetivo ao construir uma carteira de ativos é ter tranquilidade e gerar
renda. Se você tem um desempenho igual ou acima do CDI, não faz
diferença. O importante é ter confiança na sua carteira e nas suas escolhas
como investidor. Comprar ativos de valor e ter paciência para aportar o
máximo possível.
Anos atrás foi feita uma pesquisa entre aposentados que são investidores
em ações nos Estados Unidos em uma das melhores regiões para se viver
após a aposentadoria. Perguntaram aos senhores e senhoras se haviam batido
o mercado, no caso dos EUA representado pelo S&P 500. Alguns
responderam que sim, outros não, até que um respondeu: não sei e tanto faz,
o importante é que o valor que acumulei até aqui me permitiu viver neste
local.
Invariavelmente acompanhar benchmarks vai deixá-lo mais inseguro e
fazer com que cometa erros. Mesmo os melhores investidores passarão
150
períodos com desempenho abaixo do CDI ou do ibovespa e, nessa hora,
aquele que acompanha o benchmark, tem mais chance de fraquejar.
Foque em valor, o resto é resto.
151
Estudos de caso
WEG
152
uma concorrente teria dificuldades em conquistar os consumidores dado que
uma usina hidrelétrica não busca uma turbina avaliando simplesmente preço.
Vamos ver a política de distribuição de resultados da companhia.
A WEG observa aos seguintes fatores para definir a alocação de recursos,
conforme retirado do sítio eletrônico da própria organização:
(i) Consideram-se o comportamento atual e as perspectivas futuras dos
mercados de atuação atuais e potenciais da Companhia para identificar
as oportunidades de investimento existentes para a Companhia;
(ii) Considera-se a necessidade de recursos para manutenção e expansão
da capacidade produtiva e das estruturas de apoio para a exploração
destas oportunidades de investimentos disponíveis para a Companhia;
(iii) Consideram-se os recursos disponíveis para a Companhia para
efetuar os investimentos necessários, sendo tanto recursos próprios
como de terceiros, já disponíveis ou que poderão ser, com razoável
confiança, obtidos no futuro;
(iv) Considera-se a necessidade de flexibilidade e solidez financeira para
manutenção dos negócios e do acesso ao crédito pela Companhia;
(v) Os recursos excedentes são distribuídos aos acionistas como
remuneração do capital, na forma de dividendos, incluídos os Juros
sobre Capital Próprio.
153
O lucro líquido e o EBTIDA mais do que dobraram entre 2011 e 2018. A
empresa mantém margens estáveis de lucro enquanto consegue aumentar
suas receitas. O retorno sobre o capital investido é de 12% contra uma taxa
Selic de 6,5%.
As margens da companhia estão acima de 10% e o ROIC, acima de 12%.
Acima dos dois dígitos que gostamos. Ou seja, a princípio, boa produtividade
e bom retorno sobre o capital investido.
154
A empresa possui uma dívida líquida de pouco mais de 240 milhões contra
um EBTIDA de 1,8 bilhões, formando assim uma relação dívida/EBTIDA
de 0,13, muito abaixo do nosso limite de 3.
A seguir o Fluxo de caixa da empresa:
155
Vemos um forte crescimento na geração de caixa que passou de 300
milhões em 2011 para 1 bilhão e 300 milhões em 2018 com fortes
investimentos em “capex”, algo em torno de 1/3 do caixa gerado. A empresa
busca investir para desenvolver novas tecnologias e fazer aquisições
estratégicas como a dos negócios de armazenamento de energia em baterias
da norte-americana “Northern Power Systems” – NPS.
Apesar dos resultados interessantes a escolha de uma empresa para
investir vai além de números. Você deve estabelecer seus próprios critérios,
fazer suas próprias escolhas. Estude, busque aprender sobre setores,
segmentos e áreas de atuação, não siga quaisquer recomendações às cegas.
156
Odontoprev
157
A Odontoprev distribui a maior parte dos seus lucros na forma de
dividendos. Isso se deve a baixa necessidade de capex da companhia.
Os maiores riscos da companhia são os seguintes:
1. Não conseguir estimar ou controlar os custos com sinistro.
2. Conseguir fazer o repasse do aumento dos custos aos clientes.
3. Uma redução do número de clientes teria grande impacto.
158
A companhia passou de uma geração e caixa operacional – FCO – de 125
milhões em 2011 para 324 milhões em 2018. E de um FCL “Capex” (dinheiro
que sobra de fato) de 120 milhões para 302 milhões, demonstrando aquela
baixa necessidade de “Capex” da qual falamos anteriormente.
Gostou da Odontoprev? Não vai sair comprando, não. Estude antes, leia a
página da ação na Bastter.com e também a página do R.I. – relação com
investidores – da companhia. Procure entender bem o modelo de negócios
antes de investir.
159
Eternit
160
Os lucros, antes consistentes se converteram em prejuízo, nem mesmo o
lucro operacional pode ser preservado.
161
Retirado da Bastter.com
162
A dívida da empresa cresceu e, por outro lado, a geração de caixa caiu
de 89 milhões em 2011 para 5 em 2018, abaixo da necessidade de
investimento da companhia.
Nem sempre conseguimos ver antecipadamente a deterioração dos
fundamentos da companhia, por isso, a diversificação é essencial para
qualquer investidor. Te protege dos seus erros, e tenha certeza, você vai
errar!
163
ETF
164
Tesouro Direto, e outros produtos de renda fixa, mas você pecará por falta
de diversificação.
165
Capítulo 16 - Imposto de Renda
166
Obteve, em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens ou
direitos sujeitos à incidência do imposto ou realizou operações em bolsas de
valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas.
Fez jus a isenção do IR incidente sobre o ganho de capital recebido na
venda de imóveis residenciais cujo valor resultante da venda tenha sido
aplicado na aquisição de imóveis residenciais localizados no país no prazo
de 180 dias, contados a partir da data de celebração do contrato de compra e
venda. Independente da isenção, esse tipo de transação deve ser declarado.
Realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e
assemelhadas. (Conforme os leitores deste livro eventualmente farão).
Obteve receita bruta em valor superior a R$ 142.798,50 com atividade
rural, ou pretende compensar, no ano-calendário ou posteriores, prejuízos
com atividade rural em anos anteriores ou no próprio ano a que a declaração
se refere.
Tinha, em 31 de dezembro do ano anterior, a posse ou a propriedade de
bens e direitos, inclusive terra nua, de valor total superior a 300 mil reais. (É
o que esperamos para os leitores deste livro).
Estas métricas da obrigatoriedade mudam a cada exercício, portanto fique
atento e se atualize acessando à página da Receita Federal do Brasil.
As ações devem ser declaradas em bens e diretos sob o código 31 (Ações)
já os fundos imobiliários devem ser lançados sob o código 73 (Fundos de
Investimento Imobiliário).
Os dividendos são declarados como rendimentos isentos e não tributáveis
sob o código 09 (Lucros e dividendos recebidos) já os rendimentos dos
fundos imobiliários são declarados sob o código 26 (Outros).
Os juros sobre capital próprio devem ser declarados nos rendimentos
sujeitos à tributação exclusiva/definitiva na fonte sob o código 10 (Juros
sobre capital próprio).
As operações de vendas de ações devem ser registradas em Operações
Comuns/Day-Trade. Já as com Fundos de Investimento Imobiliários devem
ser declaradas nas Operações Fundos Invest. Imobiliários.
167
O investidor pode carregar o prejuízo para ser compensado em anos
posteriores tanto nas negociações com ações quanto com fundos
imobiliários.
Os títulos de renda fixa: Tesouro, CDB, LCI devem ser declarados em
bens e direitos sob o código 45 (Aplicação de renda fixa). Já a caderneta de
poupança deve ser declarada com o código 41(Caderneta de poupança).
Os rendimentos recebidos dos cupons pagos pelo Tesouro ou pelo
vencimento dos títulos públicos e privados como os CDB’s devem ser
declarados em rendimentos sujeitos à tributação exclusiva com o código 06
(rendimentos de aplicações financeiras).
168
Capítulo 17 – Considerações sobre Renda Variável
169
Capítulo 18 - Colocando em Prática
Depois de ler o livro você deve estar pensando: por onde eu começo?
Naturalmente, pelo começo. Quite suas dívidas e monte sua reserva de
emergência, só assim você estará apto a investir. Comece investindo em
renda fixa, crie o hábito de aportar mensalmente uma parte do seu salário ou
pró-labore. Tenha disciplina e paciência.
Preste atenção no que tem mais valor para você, esqueça o que os outros
querem, veja o que realmente te importa.
Compre ativos financeiros, que coloquem dinheiro no seu bolso e não só
passivos, que vão retirar seu dinheiro. Estude antes de comprar suas
primeiras ações ou fundos imobiliários e comece comprando valores
pequenos. Compre um pouco para entender a dinâmica do investimento. Não
tenha pressa.
Sobre o quanto da sua carteira de investimentos deverá ser alocada em
renda fixa e o quanto deverá ser alocada em renda variável, saiba que só você
pode decidir. Faça o teste do travesseiro, se você estiver preocupado demais,
talvez deva reduzir sua exposição à renda variável, se estiver tranquilo pode
manter ou aumentar aos poucos. Diversifique de modo que um problema
sério em algum ativo ou classe de ativos, seja ação, fundo imobiliário, título
ou qualquer outro não faça um grande estrago no seu patrimônio.
Acima de tudo, não volte a gastar mais do que ganha e a fazer dívidas!
170
Resumo Final
171
Epílogo
Se você sobreviveu até aqui, receba o meu agradecimento. Fico feliz por
ter sido parte da sua jornada como investidor que, espero, não esteja
terminando aqui e sim começando.
O primeiro prêmio que você ganha ao passar a investir, ao invés de se
endividar e consumir de forma descontrolada, é a tranquilidade e a paz de
não ter o dinheiro como uma preocupação constante. Diferente do que muitos
pensam, a pessoa que investe pensa menos em dinheiro e não mais do que
aquela que não investe.
Não há garantia de nada, a única garantia é que, em condições iguais,
aquele que investe estará melhor do que o que não investe. Assim como, via
de regra, aquele que pratica esportes estará com a saúde melhor do que os
sedentários.
Pode ser que você não concorde com grande parte do que leu neste livro.
Talvez realmente acredite que o ideal é que algum parente, instituição ou
quem sabe o governo lhe sustente na terceira idade. Talvez queira fazer
“trades”. Não faz mal.
Siga seus valores e viva da maneira que achar mais adequada. Aceite as
consequências dessas escolhas, seja grato e ao mesmo tempo esqueça a ideia
de que alguém lhe deve algo, seja os seus pais, o patrão ou o governo (talvez
o cunhado deva alguma coisa). Acima de tudo, não tente mudar os outros ou
considere seu jeito de pensar ou estilo de vida como superiores e mais
corretos.
Viva bem e invista de maneira consciente.
172
Agradecimentos
Agradecer a todos aqueles que ajudaram na jornada que foi escrever este
livro é quase impossível, portanto, aqueles que não forem incluídos não se
sintam esquecidos.
A primeira pessoa a quem agradeço é a minha avó Maria de Lourdes que
além de me criar, me ensinou não só os primeiros conceitos básicos de
educação financeira, como também conceitos ligados ao caráter e aos valores
que devem nortear a vida e o comportamento de uma pessoa. Conceitos
essenciais para todo e qualquer ser humano. Agradeço também todos os
outros familiares que de alguma forma me apoiaram, irmãos, pais, tios e
primos.
Seria impossível não agradecer aos meus amigos Kátia, Matheus e
Vinícios pela revisão e importantes conselhos sobre o conteúdo do livro. E à
Verônica minha paciente e incrível companheira que foi a maior leitora deste
livro, lendo e relendo várias vezes para que eu pudesse trazer um material
com qualidade para os estudos de vocês.
Por fim, agradeço ao Bastter que foi quem me proporcionou grande parte
do conhecimento expresso neste livro e me deu a oportunidade de atuar como
educador financeiro pela Bastter.com. Foi lá que descobri minha verdadeira
vocação e a profissão que sonho em seguir.
Dedico este livro aos meus irmãos: Pedro, Caio, Marcus e Cauã, afilhados,
primos e demais crianças que representam o futuro. Afinal, para que esse
futuro brilhante se concretize, precisarão de muita educação, inclusive
financeira.
173