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10/11/2019 Sinestesia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Sinestesia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Sinestesia (do grego συναισθησία, συν- (syn-) "união" ou "junção" e
-αισθησία (-esthesia) "sensação") é a relação de planos sensoriais
diferentes: Por exemplo, o gosto com o cheiro, ou a visão com o tato. O
termo é usado para descrever uma figura de linguagem e uma série de
fenômenos provocados por uma condição neurológica.

Índice
Figura de linguagem Teclado sinestésico, segundo o
Exemplos de Sinestesia como Figura de Linguagem compositor Alexander Scriabin
Sinestesia e cinestesia
Relações com a estética, o conhecimento e a percepção humana
Referências

Figura de linguagem
Sinestesia é uma figura de estilo ou semântica, ou ainda, figura de palavra ou tropo, que designa a união ou junção de
planos sensoriais diferentes. Tal como a metáfora ou a comparação por símile, são relacionadas entidades de universos
distintos.

Sinestesia, como figura de linguagem, é o cruzamento dos sentidos, a qualidade de um sentido atribuído a outro,
expressão típica de uma determinada categoria de poetas. Quanto mais sentidos cruzados em apenas um sintagma, ou
sob uma única conjunção sensorial, mais rica será a frase ou poesia sinestésica.

Exemplos de Sinestesia como Figura de Linguagem


"Vamos respirar o ar verde do outono" (autor desconhecido)
(respirar = olfato / verde = visão, no sentido das cores)

"Sempre havia, ao amanhecer, uma cor estridente no horizonte" (Giuliano Fratin)


(cor = visão / estridente = audição)

“E um doce vento, que se erguera, punha nas folhas alagadas e lustrosas um frémito alegre e doce.” (Eça De
Queiros)
(doce = paladar / vento = tato)

"A melodia do pianista era doce e rósea em suas sublimes imensidões" (Giuliano Fratin)
(melodia = audição / doce = paladar / rósea = visão)

"Ainda sentia-se acariciada pelo sabor cromático de uma fragrância musical" (Giuliano Fratin)
(acariciada = tato / sabor = paladar / cromático = visão / fragrância = olfacto / musical = audição)

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"Beijo o perfume de uma voz violácea" (Luigi Fontanari)


(beijo = tato / perfume = olfacto / voz = audição / violácea = visão)

Sinestesia e cinestesia
Há certa confusão em relação aos termos sinestesia e cinestesia: o segundo termo (cinestesia) refere-se ao sentido
muscular, a um conjunto de sensações que nos permite a percepção dos movimentos (Michaelis, 1998); o primeiro
termo (sinestesia) refere-se a uma sensação secundária que acompanha uma percepção, ou seja, uma sensação em um
lugar originária de um estímulo proveniente de um estímulo de outro (Michaelis, 1998 e Dorsch, 1976). Portanto, é
importante ressaltar que o termo sinestesia não se restringe à percepção do movimento e suas propriedades (peso e
posição dos membros), mas engloba um conjunto geral de percepções e sensações interligadas por processos
sensoriais[1].

Relações com a estética, o conhecimento e a percepção


humana
Charles Baudelaire (1993) e os partidários de uma ruptura com a estética clássica no período simbolista, no âmbito da
história da arte, se constituíram nos precursores de uma nova concepção estética que, mais tarde, romperia as
fronteiras do academicismo vigente, incentivando o surgimento de manifestações cada vez mais independentes neste
campo. Neste contexto de mudanças observamos que os poetas simbolistas e pré-simbolistas propõem um retorno ao
subjetivismo e à sensorialidade em oposição à objetividade científica e ao materialismo e é neste contexto que a
sinestesia se configura no conjunto das propostas simbolistas.

Baudelaire, segundo Tornitore (1999) defendia, através da Teoria das Correspondências, a existência de uma relação
entre os domínios sensoriais; para o poeta, certos cheiros estão associados a um certo tipo de verde, anunciando uma
expansão no âmbito da sensibilidade onde é possível sentir um cheiro e ao mesmo tempo provar a doçura da música,
ou ainda ver uma cor em particular. Em suma, defendia a proposta de que sons, cores e cheiros estão misteriosamente
co-relacionados e que esta ligação é intrínseca à natureza das coisas portanto, potencialmente perceptível a todo ser
humano e não necessariamente ligada à sensibilidade do "eleito" ou do "amaldiçoado".

Trata-se de um termo que está presente em diversas áreas de conhecimento, na literatura, por exemplo, Faraco &
Moura, (1998) definem a sinestesia como fazendo parte de uma rede semântica de figuras de linguagem muito
característica do simbolismo que, enquanto propriedade de um discurso, gera uma associação entre uma sensação e
outra sensação, ou uma impressão, ou uma situação; Machado (1967), por sua vez, define etimologicamente o termo
como o ato de perceber uma coisa no mesmo tempo que outra, percepção esta evocada por sensações simultâneas. Em
Silva (1945) observamos um certo alargamento do conceito visto que aponta para a produção de duas ou mais
sensações sob a ação de uma só impressão, segundo o autor, uma das sensações aparece no ponto ou órgão onde atuou
a impressão, a(s) outra(s) sensações se manifestam em órgãos afastados. Dorsch (1976) é da mesma opinião quando
fala da possibilidade de aparecimento de sensações associadas por um estímulo real.

Tornitore (1999) em sua Teoria da História da Sinestesia declara ainda que Pitágoras, Aristóteles e Newton já
identificavam a presença de tal fenômeno no âmbito dos sentidos, contudo é importante observar que, tanto
Tornitore, como o pesquisador americano Richard Cytowic (1995) são unânimes em afirmar que o campo de estudos
referente à sinestesia só é alargado a partir do desenvolvimento da neurociência e em particular da neuropsicologia,
bem como da tomografia computadorizada do cérebro, colocando por terra as ideias vigentes no século XIX que
consideravam a sinestesia um monstro, uma anomalia ou ainda um sinal de degeneração da raça humana.

A partir dos trabalhos de Cytowic (1995) e Tornitore (1999) é possível observar basicamente, a existência de duas
correntes no campo da sinestesia, uma que defende o seu caráter hereditário e seletivo nos seres humanos e outra que
aponta para a ideia de que (...) nós somos todos sinestésicos e que só um punhado das pessoas está conscientemente

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atento para a natureza holística da percepção (Cytowic, 1995, 5:6) contudo, é importante observar que trata-se de um
fenômeno multidimensional e que, segundo o autor, se apresenta em cada ser humano de forma peculiar e
diferenciada.

Tendo em vistas as múltiplas interconexões presentes em nosso cérebro descritas por Pierantoni (apud Tornitore,
1999) como um sistema de "anéis dentro de anéis" de tal forma que, assim que um dado sensório entra na rede,
compara-se como uma pedra lançada em uma lagoa: as ondulações se espalham formando círculos concêntricos em
todos os distritos sensórios ativando outras sensações, declara ainda, juntamente com o psicólogo L.E. Marca (apud
Tornitore, 1999) que todos nós temos um painel de comando que interconecta os vários sensos, normalmente
adormecidos e que também podem ser reativados artificialmente com certos alucinógenos. Quanto ao caráter seletivo
da sinestesia, mencionado acima entendemos, a partir do artigo de Camargo (2002) que pesquisadores tais como o
professor Sean Day da Universidade Central de Taiwan (sinesteta desde a infância), tem se preocupado em catalogar
modalidades diferentes de sinestesia presentes nas pessoas que já tem consciência de possuírem tal habilidade e as
possíveis causas e consequências das misturas de sensações.

Outro pesquisador que tem estudado o fenômeno é Baron-Cohen da Universidade de Cambridge na Inglaterra ele
estuda a presença da sinestesia na fase neonatal, defendendo a ideia de que o cérebro dos portadores de sinestesia é
biologicamente distinto dos demais e que tal habilidade se apresenta nos seres humanos já nos primeiros dias de vida.
English (1977), por sua vez em seu Dicionário de Psicologia também sinaliza para o fato de que a sinestesia é uma
condição encontrada em alguns indivíduos, onde a percepção de certo tipo de objeto é associada com imagens
particulares de outra modalidade sensorial.

Entretanto, é possível observar que se trata de um campo de estudos relativamente jovem no qual o avançar das
pesquisas poderá nos dar vislumbres mais claros destas dimensões, proporcionando uma melhor compreensão acerca
da unicidade do ser humano. Outrossim, ressaltamos a importância de compreensão, mesmo que parcial, do
fenômeno como recurso metodológico no interior da prática educativa, tendo em vista que, juntamente com Tornitore
(1999), nos contrapomos à ideia de que a capacidade sinestésica esta restrita a um grupo específico de pessoas, pois,
conforme vimos anteriormente, nem todos atentaram ainda para a existência de tal capacidade, o que desmistifica a
premissa de que a sinestesia seja inerente à categoria dos chamados "artistas". Acerca desta questão Cytowic (1995)
declara que tal associação mais se assemelha a um preconceito infundado do que a uma premissa com embasamento
sólido. Tornitore (1999) declara ainda que, em função da importância que os sentidos tem na vida humana, é fácil
imaginar que não apenas a arte, mas todas as ciências (humanas, exatas, biológicas) são concebidas por meio de
processos sinestésicos, retomando aqui as concepções de Morin no que se refere às relações entre o todo e as partes
constituintes, ao tratar das questões ligadas à complexidade biológica declara: (...) a complexidade começa logo que há
sistema, isto é, inter-relações de elementos diversos numa unidade que se torna complexa (una e múltipla). A
complexidade sistêmica manifesta-se, sobretudo, no fato de que o todo possui qualidades e propriedades que não se
encontram no nível das partes, consideradas isoladas e inversamente, no fato de que as partes possuem qualidades e
propriedades que desaparecem sob o efeito das coações organizacionais do sistema. (Morin, 2000 p. 291).

O que nos leva a entender que o ser humano envolto na complexidade não pode ser considerado em partes estanques e
dissociadas e que a capacidade sinestésica encontra-se envolta no processo de inter-relações mencionado pelo autor.

Referências
TED talk: "I listen to color" (http://www.ted.com/talks/neil_harbisson_i_listen_to_color.html)
Charles Baudelaire (1993). Obras Estéticas: Filosofia da Imaginação Criadora. [S.l.]: Vozes. 252 páginas.
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Córdoba M.J. de, Hubbard E.M., Riccò D., Day S.A. (2009). III Congreso Internacional de Sinestesia, Ciencia y
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Digital interactiva,Imprenta del Carmen. Granada. 1153 páginas. ISBN 978-84-613-0289-5
Córdoba M.J. de, Riccò D. (et al.) (2012). Sinestesia. Los fundamentos teóricos, artísticos y científicos. [S.l.]:
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Carlos Emílio Faraco e Francisco Marto Moura (2003). Literatura Brasileira 6 ed. São Paulo: Editora Ática.
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Morin, Edgar (1993). O Método III. O Conhecimento do Conhecimento. [S.l.]: Europa-América. 232 páginas.
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2-10-cytowic.html) em 1 de maio de 2008
TORNITORE. Tonino. «On the Theory and History of Synaesthesiae» (http://www.rodoni.ch/busoni/pittura/sineste
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Morin, Edgar. «Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro» (https://web.archive.org/web/20080916183
504/http://www.conteudoescola.com.br/site/content/view/89/40/). 2001. 12 páginas. Consultado em 23 de Julho
de 2008. Arquivado do original (http://www.conteudoescola.com.br/site/content/view/89/40/) (PDF) em 16 de
setembro de 2008

1. Miranda, Eliane Santos (Março 2013). «Cinestesia ou Sinestesia?» (http://www.elianesantos.com/2013/03/cineste


sia-ou-sinestesia.html). Eliane Santos Miranda. Consultado em 12 de dezembro de 2018

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