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Brasília - DF

Dezembro/2017

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INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL

Presidente Revisão
Francisco Paulo Soares Lopes Lyovan Neves Maffia

Diretor de Gestão de Pessoas Edição, Diagramação e Ilustrações


Alexandre Guimarães Nadia Chiba de Carvalho

Coordenadora-Geral de Gestão de Pessoas


Mônica Arcoverde Moraes

Coordenadora de Saúde e Qualidade de Vida no


Trabalho
Brenda Tatiana Pinheiro de Almeida

Gerente do Projeto Educação para Aposentadoria


no INSS
Brenda Tatiana Pinheiro de Almeida

Elaboração
Brenda Tatiana Pinheiro de Almeida
Elexandra Santos do Nascimento Bayma
Luciano Bertol Teixiera
Maria Valéria Primon
Nádia Chiba de Carvalho
Patrícia Cavalcanti Soares
Paula Rubea Bretanha Mendonça Vieira
Sacha Lima Pinheiro

Colaboração Técnica
Ana Rosa Miranda Lima Muniz
Denise Ribeiro Alves Pereira
Lyovan Neves Maffia
Silvio Roberto Vizeu Lima

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Apresentação

A aposentadoria é um momento marcante na carreira de qualquer trabalhador. Nós, servidores do Instituto Nacional do
Seguro Social, sabemos bem disso, pois podemos observar no rosto do cidadão a felicidade por conquistar esse momento
tão esperado.

Entretanto, a aposentadoria pode também ser um momento temido, pois traduz o encerramento de um ciclo, de uma
rotina, e o distanciamento dos colegas de trabalho.

Por isso, a fase da pré-aposentadoria é, muitas vezes, permeada por decisões a serem tomadas e sentimentos contraditó-
rios. Se preparar para esta fase é, pois, essencial para que a aposentadoria seja vivida de modo satisfatório.

Pensando nisso, o INSS oferece aos servidores o Programa Escolhas Conscientes que visa propiciar reflexões sobre suas
escolhas, incentivando-os na elaboração de projetos de vida promotores de saúde e de bem-estar ao longo de sua carrei-
ra. Essa cartilha é um dos materiais desse programa, preparada com muito carinho para você, servidor!

Sabemos o quão importante é esse momento e esperamos que este material sirva de apoio na preparação para uma apo-
sentadoria com saúde física, social, emocional e financeira.

Desejamos que você possa vivenciar a fase de pré-aposentadoria de modo tranquilo, celebrando suas conquistas e sua
trajetória. Que ao olhar para trás, sinta orgulho de tudo que construiu e que ao olhar para frente sinta anseio por tudo
que ainda está por vir.

Desfrute desse material e desse momento!

Dúvidas sobre esse material podem ser encaminhadas para o endereço: dsqvt@inss.gov.br

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Sumário
Lidando com as mudanças.....................................................................................................................................................6
Projeto de vida e Aposentadoria.......................................................................................................................................10
Envelhecimento Ativo.............................................................................................................................................................20
1. Lidando com mudanças....................................................................................................................................................20
a) Fator cultural............................................................................................................................................21
b) Fator comportamental.............................................................................................................................22
c) Fator psicológico.......................................................................................................................................22
d) Fator ambiental........................................................................................................................................22
e) Fator social...............................................................................................................................................22
2. Envelhecer com saúde.....................................................................................................................................................23
2.1. Saúde alimentar................................................................................................................................................25
2.2. Saúde física.......................................................................................................................................................27
2.3. Saúde cognitiva.................................................................................................................................................28
2.4. Saúde mental....................................................................................................................................................30
2.5. Saúde espiritual................................................................................................................................................31
Relacionamentos familiares e sociais saudáveis na aposentadoria...................................................................32
1. Aposentadoria e Família..................................................................................................................................................32
2. Aposentadoira e Rede Social...........................................................................................................................................33
Desenvolvimento de novas competências...................................................................................................................36
Aposentadoria: a competência de lidar com o tempo livre!...............................................................................................36
1. Redescobrindo o lazer.....................................................................................................................................................38
2. Voluntariado, por que não?............................................................................................................................................39

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3. Novas perspectivas profissionais......................................................................................................................................40
4. Aprender sempre!............................................................................................................................................................42
Educação Financeira
1. Lidando adequadamente com as finanças ......................................................................................................................44
1.1 Análise da situação atual (onde estou?).............................................................................................................45
1.2 Análise de onde se quer chegar (para onde ir?).................................................................................................49
1.3 Planejamento (como fazer para chegar onde desejo?)......................................................................................50
2. Tipos de investimento em razão do tempo......................................................................................................................52
Anexo............................................................................................................................................................................................56
Referências.................................................................................................................................................................................58

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Lidando com mudanças

“Tudo que se vê não é


Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo”

(Lulu Santos)

V
ocê já parou para refletir sobre o sentido desta canção? O tempo inteiro estamos vivenciando processos de mudança,
você concorda? Algumas delas são pequenas, outras são de grande dimensão, muitas são até imperceptíveis. O fato é
que, queiramos ou não, mudanças acontecem. Nas nossas vidas, no seio de nossas famílias, no nosso trabalho, no mun-
do e dentro de nós.

Vivenciamos processos de mudança ao longo de toda nossa vida. Você deve se lembrar de muitos destes momentos em sua tra-
jetória. O primeiro dia na escola, o(a) primeiro(a) namorado(a), a mudança de casa, o primeiro emprego, o casamento dos filhos…
Todas estas situações exigiram que você se adaptasse a tudo de novo que surgiu. Em algumas delas você teve margem de escolha,
em outras, a mudança aconteceu sem que você sequer estivesse preparado ou tivesse tomado consciência do que estava por
vir.

Se tudo muda na vida, então, podemos reagir com tristeza quando as coisas mudarem ou encará-las
como oportunidade de viver algo novo. Qual desses caminhos você escolherá? Encarar os processos
naturais da vida como oportunidades de novas experiências é uma forma positiva de encarar a vida,
não acha?

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Então, se entendemos que a mudança é inevitável, devemos nos preparar para quando ela chegar, fazermos as melhores
escolhas possíveis. Quando temos a possibilidade de planejar esta mudança, o ato de escolher pode se tornar algo mais
leve, pois já levantamos informações necessárias para uma tomada de decisão consciente.

Dentre as escolhas que temos que fazer durante nossa vida, definir o momento de encerrar nossa carreira profissional pa-
rece ser uma das decisões mais importantes a se tomar. Afastar-se de uma atividade e de um ambiente laboral que fizeram
parte de nossa vida por tanto tempo, e que, inclusive, definiram em parte quem nós somos, realmente não é uma tarefa
simples. Neste caso, quanto mais nos dedicarmos a refletir sobre a aposentadoria e buscarmos informações, mais tranquilo
será este momento de transição.

Você já parou para pensar como este momento pode ser positivo? Você terá condições de es-
colher o que fazer do seu tempo! Sem a rotina imposta pelo trabalho, o pós-carreira significa
tempo livre. Já imaginou quantas possibilidades, quantos horizontes irão se abrir?

Nossa, são tantos caminhos a seguir...

Você poderá olhar mais para si e escolher o que mais lhe apraz!

Parar de trabalhar formalmente pode trazer um leque de possibilidades para se fazer o que mais gosta. Mas você já se
dedicou a pensar sobre as suas expectativas com relação à aposentadoria? Para lhe ajudar, lançamos algumas questões:

Para refletir e responder:


Que sentimentos afloram quando você pensa sobre sua aposentadoria?
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

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Você tem planejado esta transição e tem projetos para o pós-carreira?
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
O que fará no seu tempo livre?
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
Você fez um planejamento financeiro para realizar seus sonhos?
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

Estes são alguns questionamentos que podem surgir quando pensamos na aposentadoria. Para responder cada um deles é
necessário repensar a vida, fazer um balanço de suas realizações no campo profissional, pessoal, familiar e espiritual, definir
sua missão pessoal, resgatar valores e sonhos.

Planejar a aposentadoria, então, é um processo profundo de autoconhecimento e contato con-


sigo mesmo. É um momento ímpar para cuidar mais de si!

É importante entender que a transição para o pós-carreira implica em transformações de estilos de vida, e que, como qual-
quer outra mudança de comportamento, exige reflexão, envolvimento e tomada de decisão para a ação. Você terá tempo
livre para preencher com as suas melhores escolhas e colocar em prática seus sonhos. Não dá pra deixar para a última hora
a preparação para uma etapa tão importante, não é mesmo?

Que tal iniciarmos esta jornada?

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Projeto de vida e Aposentadoria

A
té agora temos tratado de vários aspectos envolvidos na aposentadoria, enfatizando as mudanças advindas nesta
etapa da vida, bem como as inúmeras possibilidades de realização pessoal que ainda estão por vir. Neste fascículo,
várias reflexões foram propostas para você olhar para si, refletir sobre sonhos. Isto porque sabemos que a prepara-
ção para a aposentadoria requer um processo de autoconhecimento e percepção de si. Você conseguiu descobrir
novos aspectos sobre si mesmo, ou resgatar sonhos que estavam adormecidos? A que conclusões chegou?

Quando estamos conscientes e seguros de quem somos, do que gostamos, daquilo que nos dá
prazer e de nossos objetivos de vida, fica muito mais fácil imaginar o que poderemos construir
no momento do pós-carreira. Você concorda?

Algumas pessoas chegam à etapa de final da carreira com mais clareza do que desejam fazer na aposentadoria do que ou-
tras. Alguns podem, inclusive, já ter definido os seus projetos e o que fazer para realizá-los. Outros podem nunca ter pen-
sado sobre sua aposentadoria e sobre o que desejam fazer. Outros, ainda, podem saber exatamente o que desejam fazer,
mas nunca pararam para arquitetar como colocarão em prática todos os seus sonhos. Uma das ferramentas para ajudá-lo na
consolidação de um planejamento para o final de carreira e para a aposentadoria é o Projeto de Vida, ou Projeto de Futuro.

Projeto pode ser entendido como conduta organizada para atingir finalidades específicas, as
quais podem dizer respeito à formação de relações pessoais, de carreira, entre outras (VELHO,
2003, citado por SOARES e COSTA, 2011). Além das vontades pessoais, os projetos incluem tam-
bém o campo de possibilidades (as alternativas existentes e as circunstâncias de realização).

Um projeto de futuro, então, diz respeito ao planejamento de ações para o tempo que há de vir, marcado pelos desejos e
trajetórias individuais. Para isso, é necessário que sejam feitas reflexões sobre o passado e o presente, bem como sobre os
desejos e expectativas futuras.

É importante que o seu projeto de futuro contemple vários aspectos de sua vida, como: as relações familiares, a participa-
ção na comunidade, o exercício de outra profissão, o lazer, a ocupação do tempo livre, o planejamento financeiro, os hábitos
de saúde... Ou seja, consolidar de forma organizada as reflexões que você fez ao longo dessa cartilha. Detalhar o plano de
futuro para estes diferentes fatores pode te ajudar a definir prioridades, a identificar as áreas que mais precisam ser desen-
volvidas e a desenhar as estratégias de concretização.

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Mas não se preocupe se você ainda não tem tantas definições com relação ao seu futuro. O projeto, assim como nossa vida,
é um processo em construção. Ele contém as alternativas possíveis neste momento da vida de uma pessoa, mas está longe
de ser fechado, e pode ser a qualquer momento alterado, revisto. Afinal, o projeto é seu!

Os projetos, assim como as pessoas, mudam. Ou as pessoas mudam por meio de seus projetos
(SOARES; COSTA, 2011).

Uma forma de iniciar a construção de um projeto de futuro pode ser pensar nas coisas que você gostaria de começar a fazer,
naquilo que você gostaria de parar de fazer, e no que você já faz e poderia continuar, ou mesmo intensificar em seu dia a
dia. Você já parou para pensar sobre isso? Vamos começar?

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O que eu posso...

Continuar a fazer
Como Quando

Começar a fazer
Como Quando

Parar de fazer
Como Quando

Fonte: França, C. L. (2012), apud Murta (2014) – adaptado

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Fazer este exercício é o primeiro passo para você construir seu novo projeto de futuro. Sim, há um futuro cheio de possibi-
lidades no pós-carreira. Do mesmo modo, há uma distância entre saber que determinada ação nos faz bem e colocá-la em
prática. Que tal começar a diminuir essa distância e colocar em prática as ideias suscitadas nessa cartilha? A dica é: dê o
primeiro passo! É importante começar a colocar algumas ações em prática mesmo antes da aposentadoria, para que essa
transição seja feita paulatinamente.

“Lembre-se do livro de sua vida. As páginas escritas,


escritas estão e você não poderá modificá-las.
Mas as páginas futuras podem ser diferentes”

(GIARDI, 2011, p.79).

O mais fácil é continuar fazendo o que já condiz com seu projeto de futuro. O tipo de vida que se quer levar no seu pós-car-
reira determinará as ações que devem ser eliminadas, mantidas ou iniciadas. Lembre-se que é a sua vida e, portanto, a sua
escolha. Veja quantas possibilidades existem para você escolher!

Você já refletiu neste fascículo sobre sonhos que ficaram engavetados ao longo do tempo, lembra? Então, que tal agora
iniciar ações simples para colocá-los em prática? Faça o registro dele(s) e enumere as ações necessárias para realizá-lo(s).
Uma grande jornada, começa pelo primeiro passo!

“Eu não sou do tamanho de minha altura, mas do


tamanho do que vejo;
e o que vejo são meus sonhos”

(FERNANDO PESSOA, citado por GIARDI, 2011, p.31).

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Meu sonho é...

Descreva seu sonho e o que pensa dele:


___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

Como realizá-lo:
(Registre todas as ações necessárias para a realização do seu sonho.)

1._________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

2._________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

3._________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

4._________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

5._________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

Fonte: Soares e Costa (2011, p. 220) - adaptado

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Ao registrar seu sonho, você assumirá um compromisso em torná-lo realidade e começará a tomar atitudes no sentido de
concretizá-lo. Utilize seu tempo livre investindo naquilo que mais lhe dará prazer e realização. Descubra dentro de si quais
são suas motivações.

Após o diálogo interno, você pode ter várias descobertas em relação ao(s) seu(s) sonho(s). Se sua maior motivação é apro-
veitar seu tempo em programações de lazer (viagens, festas, intercâmbios, hobbies etc.) ou investir no convívio social com
a família, amigos e a comunidade, planeje-se, entre em ação. Talvez, você queira investir seu tempo em ações que façam
bem às pessoas desconhecidas por meio do trabalho voluntário. A trajetória é sua e o sonho também, portanto, a escolha
é individual.

A aposentadoria pode ser um momento oportuno para o resgate daquilo que não pôde ser realizado pela priorização do
trabalho. Cuide, apenas, para que seu(s) sonho(s) não seja(m) causador(es) de conflito com as demais áreas de sua vida. É
importante que seja partilhado com aqueles que o rodeiam, família e amigos, pois podem direta ou indiretamente envolvê
-los, e assim, o diálogo é fundamental para que você o(s) realize de forma harmoniosa e equilibrada.

Neste sentido, o sonho faz parte de seu projeto de futuro, mas não se resume a ele. É importante, que você pense na tota-
lidade de sua vida, em todas as suas dimensões. Para ajudar você na realização do seu projeto, propomos refletir sobre as
seguintes questões.

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Modelo de planejamento de futuro

Nome: ____________________________________________________________

Lembre-se: quem não sabe onde está ou para onde quer ir, sofre todos os riscos de se perder!

Tenha em mente:

“A visão sem ação, não passa de um sonho.


A ação sem visão é só um pensamento.
A visão com ação pode mudar o mundo.”

(JOEL BAKER, citado por Soares e Costa, 2011).

Meu projeto de vida para um ano


Ao refletir sobre as questões abaixo, procure vislumbrar seus objetivos para daqui a um ano, ou seja, escreva o que você
deseja alcançar no período de ___/____/____ a ___/____/____.

O que eu farei em relação a ….?

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1. Meu tempo livre:
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

2. Meus relacionamentos/ convívio social/ lazer


___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

3. Minha saúde/ bem-estar / aparência:


___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

4. Minha vida financeira:


___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

5. Meu desenvolvimento / estudos:


___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

6. Minha ocupação/ atividades profissionais:


___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

Fonte: Soares e Costa (2011, p. 223) - adaptado

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Após a realização das etapas deste fascículo você terá condições de iniciar seu processo de transição para a aposentado-
ria. Não precisa pressa, retorne aos tópicos sempre que sentir necessidade. Faça as reflexões propostas, registre-as. Como
já discutimos, as mudanças são inevitáveis e aposentadoria é um ciclo natural da vida do trabalhador e da trabalhadora.
Aproveite a maturidade que os anos vividos trouxeram por meio de suas experiências e tome suas decisões, faça Escolhas
Conscientes!

“A chamada terceira idade pode ser a mais bela estação


da vida, pois é o coroamento das etapas anteriores.
Ela apresenta a colheita de tudo o que se aprendeu e viveu,
de tudo o que sofreu e superou. Portanto,
não é uma etapa da vida a ser temida, e muito menos, uma fase
a ser desprezada. É um período de rupturas, descobertas e
valorização da vida fértil que existe em cada um.”

(GIARDI, 2011, p.30)

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Envelhecimento Ativo

O envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade e também um


dos nossos grandes desafios. Precisamos cuidar dessa fase para proporcionar aos idosos
autonomia e independência!

O envelhecimento é um processo natural do desenvolvimento humano e tem início na fase adulta, quando as células do nosso
corpo passam a não se regenerar da mesma forma que antes.

No processo de envelhecer observa-se um declínio funcional que pode ser maior ou menor dependendo dos cuidados com a
saúde.

A idade de 60 anos é estabelecida, pelas Nações Unidas, para descrever pessoas “mais velhas”. No entanto, a idade cronológica
não é um marcador preciso para as mudanças que acompanham o envelhecimento. Existem variações significativas relacionada
s ao estado de saúde, participação e níveis de independência entre pessoas mais velhas que possuem a mesma idade. Portanto,
atividades físicas, cognitivas e sociais são capazes de reduzir expressivamente o declínio funcional.

1 Lidando com mudanças

Envelhecimento normal: diminuição progressiva da capacidade funcional.

Envelhecimento patológico: declínio rápido e patológico das capacidades funcionais.

Envelhecimento ativo: é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o ob-
jetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem (Organização Mundial da Saúde – OMS).

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A palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, não só à capa-
cidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho.

Ser ativo é participar continuamente das decisões sociais e familiares!

Já que as pessoas estão vivendo por mais tempo, como melhorar a qualidade de vida na Terceira Idade?

Há um consenso de que a trajetória de saúde e doença de um indivíduo é o resultado de uma combinação genética, ambiental,
estilo de vida, nutrição e sorte.

Por isso programas e políticas de envelhecimento ativo reconhecem a necessidade de incentivar e equilibrar a responsabilidade
pessoal (cuidado consigo mesmo), com ambientes saudáveis e oportunidades culturais, sociais e financeiras.

As famílias e os indivíduos precisam planejar e se preparar para a velhice, e precisam se esforçar pes-
soalmente para adotar uma postura de práticas saudáveis em todas as fases da vida.

Alguns fatores podem facilitar ou dificultar a vivência de um envelhecimento saudável. Conforme trabalho publicado pela World
Health Organization (2005), os fatores são:

a) Fator cultural

Os valores culturais e as tradições determinam muito como uma sociedade encara as pessoas idosas e o processo de envelheci-
mento. Ainda não temos, em nossa sociedade, o valor cultural de valorizar a sabedoria dos idosos e de planejar o envelhecimento.
Existe um esteriótipo de que velhice significa dependência, um problema social e um peso econômico. E dessa forma, vivemos
ignorando que essa fase um dia chegará.

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b) Fator comportamental

A adoção de estilos de vida saudáveis e a participação ativa no cuidado da própria saúde são importantes em todos os estágios da
vida. Um dos mitos do envelhecimento é que é tarde demais para se adotar esses estilos nos últimos anos de vida. Pelo contrário,
o envolvimento em atividades físicas adequadas, alimentação saudável, a abstinência do fumo e do álcool, o uso de medicamen-
tos de forma sábia podem prevenir doenças e o declínio funcional, aumentar a longevidade e a qualidade de vida do indivíduo.

c) Fator psicológico

Durante o processo de envelhecimento normal, algumas capacidades cognitivas (inclusive a rapidez de aprendizagem e memória)
diminuem naturalmente com a idade. Entretanto, essas perdas podem ser compensadas por ganhos em sabedoria, conhecimento
e experiência.

Frequentemente, o declínio no funcionamento cognitivo é provocado pelo desuso (falta de prática), doenças (como depressão),
fatores comportamentais (como consumo de álcool e medicamentos), fatores psicológicos (por exemplo, falta de motivação, de
confiança e baixas expectativas) e fatores sociais (como a solidão e o isolamento), mais do que o envelhecimento em si.

d) Fator ambiental

Ambientes físicos adequados à idade podem representar a diferença entre a independência e a dependência para todos os indi-
víduos, mas especialmente para aqueles em processo mais avançado de envelhecimento.

Por exemplo, pessoas idosas que moram em ambientes ou áreas de risco com múltiplas barreiras físicas saem, provavelmente,
com menos frequência, e, por isto, estão mais propensas ao isolamento, depressão, menor preparo físico e mais problemas de
mobilidade. Os obstáculos dos ambientes que aumentam os riscos de queda incluem pouca iluminação, pisos irregulares ou es-
corregadios e a falta de corrimão para apoio.

e) Fator social

As oportunidades de educação e aprendizagem permanente, a paz e a proteção contra a violência e maus-tratos são fatores es-
senciais do ambiente social que estimulam a saúde, a participação e a segurança, à medida que as pessoas envelhecem. Solidão,
isolamento social, analfabetismo e falta de instrução, maus tratos e exposição a situações de conflito aumentam muito os riscos
de deficiências e morte precoce.

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O rompimento de laços pessoais, solidão e interações conflituosas são as maiores fontes de estresse, enquanto relações sociais
animadoras e próximas são fontes vitais de força emocional. As pessoas idosas apresentam maior probabilidade de perder paren-
tes e amigos, de ser mais vulneráveis à solidão, isolamento social e de ter um “menor grupo social”. Os maus tratos contra idosos
incluem tanto o abuso físico, sexual, psicológico e financeiro, quanto a negligência.

2 Envelhecer com saúde

S
egundo Chariglione e Janczura (2014. In: MURTA, et al. 2014) o envelhecimento traz alterações observáveis em todo o
corpo: a pele fica ressecada, os músculos perdem o tônus, a constituição óssea diminui, há alterações na postura com cur-
vaturas acentuadas na coluna torácica e lombar; as articulações enrijecem, alterando o equilíbrio e a marcha. Os reflexos
diminuem e há perda de peso. O indivíduo apresenta uma lentificação do pensamento, a atenção diminui, bem como a
capacidade de dividir a atenção entre vários estímulos e mudar o foco da atenção. Há alterações na memória de trabalho (utili-
zada para o resgate de informações aprendidas), na memória prospectiva (lembrar de algo que ainda será feito) e na memória
contextual (relativa a um contexto).

Para refletir e responder:


Que pessoa quero ser quando envelhecer?
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

O quanto de minhas ações hoje contribuem ou me distanciam da pessoa que quero me tornar?

___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________________________

Para retardar ou diminuir os impactos do envelhecimento em nosso organismo, podemos adotar diversos hábitos em benefício
de nossa saúde integral:

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2.1 Saúde alimentar

Uma dieta saudável prolonga a vida com mais qualidade, fornecendo os nutrientes adequados para o cérebro e para o organismo
como um todo.

Por outro lado, segundo a World Health Organization (2005), dietas ricas em gordura e sal, pobres em frutas e legumes/verduras
e que suprem uma quantidade insuficiente de fibras e vitaminas, combinadas ao sedentarismo, são os maiores fatores de risco de
problemas crônicos, como diabetes, doença cardiovascular, pressão alta, obesidade, artrite e alguns tipos de câncer.

Para o idoso, os nutrientes que não podem faltar na dieta são os seguintes:

Zinco – aumenta a imunidade e tem ação oxidante, desacelerando o envelhecimento das células. É encontrado nos alimentos
oleaginosos, como as amêndoas, carnes vermelhas e arroz integral.

Cálcio – para prevenir a osteoporose, manter um bom ritmo cardíaco e também, a saúde do cérebro, alguns alimentos são boas
fontes desse nutrientes: leite e derivados, gergelim, verduras escuras e quinoa.

Vitamina D – aumenta a absorção e a metabolização do cálcio no organismo, além de melhorar a absorção intestinal. Para
obtê-la, tome sol durante 10 minutos por dia, preferencialmente pela manhã e no final da tarde, evitando o horário entre 10h e
17h. Outra fonte é o óleo de figado de bacalhau. Em localidades com pouco sol e em casos de deficiência dessa vitamina, deve-se
tomar suplemento vitamínico com orientação médica.

Fibras – previne a prisão de ventre. Fontes: linhaça, farelo de trigo, farinha de arroz e de aveia nas frutas ou no mingau.

Potássio – Reduz os níveis de sódio, diminuindo o risco de hipertensão arterial e derrame, além de combater a prisão de ventre.
Fontes: banana, soja, damasco, abacate, iogurte, ameixa, melancia, feijões e ervilha.

Ômega 3 – Estimula a comunicação entre as células nervosas e previne doença de Alzheimer, Parkinson, depressão, perda de
memória e de concentração. Fontes: sardinha, salmão, atum e cápsulas de óleo de peixe.

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Vitaminas do Complexo B – atuam no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, além de reforçar o sistema imu-
nológico e melhorar o funcionamento do cérebro, pois têm ação oxidante. São as vitaminas B1 (encontrada na aveia, semente de
girassol e levedura de cerveja), B6 (encontrada no salmão, amêndoas, banana, fígado), B9 (encontrada no fígado, carne vermelha,
arroz integral, feijão, lentilhas e macarrão) e B12 ( encontrada no peixe, frutos do mar, vísceras, carnes em geral, ovos, queijo).

Antioxidantes – combatem os radicais livres (átomos ou moléculas em que falta um elétron e que tomam o elétron faltante de
outra partícula, que por sua vez, fará o mesmo a outra partícula em uma reação em cadeia, causando danos ao organismo), den-
tro das células. Fontes: framboesa, nozes, pimentas vermelha, preta e branca, chocolate amargo, manjerona, mostarda amarela,
gengibre, curry em pó, manjericão, noz moscada, salsa, açaí, alecrim, açafrão, canela, orégano, cravo.

Ferro – Encontrado nas carnes vermelhas, no pescado azul, no frango, no pato e em alguns frutos secos, sementes, legumes de
folha verde escura e cereais, o ferro é fundamental para o bom funcionamento da hemoglobina (pigmento vermelho do sangue),
responsável pelo transporte de oxigênio para as células (FOOD TODAY, 1999).

Fonte: Equipe Terceira Idade (2016).

Para prevenir ou controlar doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes, siga essas dicas simples:

• Evite frituras, gorduras e banhas em excesso;

• Coma frutas, vegetais e cereais integrais;

• Coma peixes marinhos;

• Tempere os pratos com temperos naturais, evitando o sal. Se possível, troque o sal refinado por sal marinho;

• Evite laticínios integrais e carnes gordas;

• Use gorduras saudáveis como azeite, abacate e amêndoas;

• Evite doces;

• Evite o álcool e o cigarro.

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2.2 Saúde física

A prática de atividades físicas deve começar cedo na vida do indivíduo, mas a boa notícia é que ela produz resultados positivos
para a saúde em qualquer idade.

Antes dos 60 anos, recomenda-se que o indivíduo caminhe pelo menos 40 minutos por dia. A partir dessa faixa etária, recomen-
da-se que a pessoa procure uma atividade física dentro de seus limites, evitando ficar longos períodos sentada ou em repouso
(ZIEGLER, 2016).

Foi-se o tempo em que era recomendável o idoso ficar em repouso, como naquelas famosas imagens do idoso de pijama na frente
de uma televisão. Hoje, é recomendável que o idoso combine exercícios aeróbicos e exercícios de força, para elevar a massa e a
qualidade muscular (capacidade de utilizar os músculos quando necessário).

A participação em atividades físicas regulares e moderadas pode retardar declínios funcionais, além de prevenir o aparecimento
de doenças crônicas. Portanto, um idoso que se exercite pode ter condições físicas melhores do que um jovem sedentário (VA-
RELLA, 2012).

Sabe-se, atualmente, que os neurônios continuam a ser produzidos mesmo em cérebros adultos e que a relação entre atividade
física e a produção de novos neurônios é cada vez mais ressaltada, o que reforça ainda mais a recomendação de começar a se
exercitar (VIVO MAIS SAUDÁVEL, 2016).

Benefícios da atividade física em idosos (VARELLA, 2012):

• Melhora os sintomas do reumatismo (perda da mobilidade articular, ainda que sem processo inflamatório), pois o
exercício físico impede os vícios posturais que agravarão a doença e aumenta o vigor muscular, pois o músculo que cresce
ao redor da articulação comprometida estabiliza essa articulação. A parte muscular protege a parte óssea, evitando a
perda de cálcio.

• Diminui sintomas de depressão e ansiedade, pois aumenta a sensação de prazer.

• Aumenta a capacidade de memória, pois a atividade física reduz a viscosidade do sangue e aumenta o fluxo sanguí-

27
neo no cérebro, aumentando a oxigenação. Aumenta a produção de proteínas e controla a pressão arterial no cérebro.
Por isso, é fator de proteção para doenças neurodegenerativas como Alzheimer, Parkinson e derrames, além de estimular
a cognição e a atenção, o que ajuda a evitar quedas

• É uma ótima oportunidade de socialização e resgate da autoestima do idoso.

• Contribui para combater a insônia, a falta de motivação e a baixa de tônus muscular, além de oportunizar novos con-
tatos e relacionamentos sociais (FRANÇA; SANDOVAL. In: MURTA, 2014, p. 157)

2.3 Saúde cognitiva

O envelhecimento provoca alterações cognitivas, tais como redução da atenção e da memória, lentificação no processamento
cognitivo (CHARIGLIONE; JANCZURA, 2014. In: MURTA, 2014). Contudo, existem cuidados que podem ser adotados para minimi-
zar as disfunções cognitivas, bem como melhorar a qualidade de vida de idosos e de seus familiares.

Veja as dicas que preparamos para você:

Recorra a associações. Se você costuma esquecer o nome das pessoas, procure associar o nome de alguém que aca-
bou de conhecer com o de alguém com o mesmo nome, ou associe o nome a uma imagem bizarra. Quanto mais bizarra a
imagem, mais marcante e mais fácil de lembrar. Se você esquece o que vai comprar no supermercado, associe uma imagem
bizarra a um item da sua lista de compras. Você pode até associar sequências com uma história, por exemplo.

Anote o que vai fazer. Não há mal em anotar seus compromissos em uma agenda ou lista, ou usar o alarme de seu
celular.

Crie rotinas e repetições. Pelo menos para guardar objetos como chaves e documentos, procure sempre colocá-los no mes-
mo lugar.

Procure inovar no dia a dia. Se a rotina ajuda na organização, a novidade estimula o cérebro. Faça as atividades ro-
tineiras de novas maneiras; mude o percurso de casa para o trabalho de vez em quando, visite lugares diferentes dos que
você costuma ir.

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Faça uma coisa de cada vez. Identifique as prioridades e faça uma tarefa de cada vez. Assim, a concentração e a
atenção estarão voltadas para aquela tarefa e você não se sobrecarrega.

Exercite a memória. Escreva o nome de cores, por exemplo, azul, e pinte de amarelo. Diga a cor que está pintada bem
alto (amarelo) e faça o mesmo com outras cores. É um exercício simples que pode manter o cérebro ativo.

Exercite sua mente. Quanto mais você usa o cérebro, melhor ele funciona. Faça atividades mentais como jogos de pa-
lavra cruzada, sudoku e jogos de tabuleiro. Reserve uma hora, ou até mesmo meia hora, para ler um livro sobre um assunto
de que você gosta. É preciso exercitar todas as funções cognitivas, bem como usar todo o cérebro (tanto o hemisfério es-
querdo quanto o direito). O hemisfério esquerdo é responsável pelo raciocínio lógico e matemático e pela linguagem verbal;
o hemisfério direito é responsável pelo raciocínio espacial e por um modo de pensar não-verbal e intuitivo, ligado às artes.
Portanto, estude música, pintura ou faça bordado, crochê ou tricô, ou ainda, faça artesanato. Além de exercitar o cérebro,
essas atividades são extremamente prazerosas e o que é hobby pode até se tornar uma segunda fonte de renda.

Evite medicamentos para dormir. A não ser que você tenha recomendação médica, não use esse tipo de medica-
ção, pois compromete a capacidade de memorização.

Trate a depressão e a ansiedade. Esses transtornos mentais podem diminuir o ritmo dos processos cerebrais e pre-
judicar a memória. A meditação, a yoga e os exercícios respiratórios são formas naturais e complementares de tratar esses
transtornos, associado aos tratamentos tradicionais.

Evite o álcool e o cigarro. A longo prazo, o álcool causa atrofia cerebral, enquanto o cigarro favorece isquemias cere-
brais e problemas cognitivos (EQUIPE TERCEIRA IDADE, 2016).

Previna a perda dos 5 sentidos. A perda acentuada de algum dos sentidos causa sensação de isolamento do indi-
víduo em relação ao mundo, podendo causar depressão. Para proteger a audição, evite exposição a ruídos excessivos. Para
proteger a visão, use óculos de sol e controle a hipertensão e a diabetes. Para proteger o paladar e o olfato, tenha uma boa
higiene oral e evite fumo e álcool. Com o tempo, a sensibilidade a dor vai diminuindo. Portanto, preste atenção a possíveis
acidentes com fogo na cozinha (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2009).

Procure prevenir, em vez de tratar funções cognitivas já comprometidas. É sempre melhor prevenir a
perda de uma habilidade ou competência, mas se for necessário, o treino constante e certas atividades ajudarão a compen-
sar o que foi perdido (CHARIGLIONE; JANCZURA, 2014. In: MURTA et al, 2014).

29
2.4 Saúde mental
Nossas crenças podem influenciar positiva ou negativamente nossa saúde física, pois o pensamento positivo ou negativo faz com
que o cérebro descarregue substâncias químicas diferentes na circulação sanguínea (LEMOS; FERREIRA, 2009).

• Cultive a alegria, o amor, a compaixão e o perdão, pois elevam a imunidade e auxiliam a saúde física.

• Ria, cante e dance sem moderação.

• Seja altruísta, cultive uma crença.

• Tenha objetivos, faça planos para crescer, aprender ou realizar algo.

• Evite se comparar aos outros, hábito que gera inveja e frustração.

• Evite tomar conta da vida do outro, pois quando você faz isso, você deixa de lado a sua própria vida.

• Seja persistente, mas não teimoso. Não tente mudar o pensamento de outras pessoas. É mais fácil você mudar a si
mesmo do que ao outro.

• Cultive o equilíbrio. A vida é constituída de momentos tristes e alegres. Sabendo disso, procure desenvolver todas as
suas competências e trabalhar seus pontos fracos, para se fortalecer nos bons momentos e passar pelos momentos ruins.
Entretanto, não fique esperando que aconteça algo ruim e viva plenamente os bons momentos.

• Fatos passados, ainda que tristes, fazem parte de sua história mas não devem ser um fardo. Portanto, viva o presente
e aprenda com o passado sem se culpar ou se abater com sua lembrança.

• Agradeça pela sua vida. Evite a insatisfação, que é um gerador de inveja e mágoa.

• Seja feliz. A felicidade tem mais a ver com ser do que com ter. Bens materiais podem fornecer conforto, mas nada
disso trará felicidade se você não se sentir satisfeito ou realizado. Portanto, além de suas obrigações, procure fazer o que
gosta, nem que seja meia hora por dia.

• Lute por uma sociedade mais justa, por políticas públicas que promovam a acessibilidade e o bem-estar social. Faça
valer seus direitos.
30
2.5 Saúde espiritual
A experiência com algo maior, com aquilo que transcende, com o Amor sublime é comumente entendida por espiritualidade, que
pode ou não estar ligada a uma vivência religiosa. A espiritualidade está relacionada à busca por um sentido de vida, com grande
potencial de significação para temas centrais da vida das pessoas, como morte, vida, família, dinheiro, casamento, filhos, dentre
outros (NEUBERN, 2014, In: MURTA, 2014).

A proximidade da velhice desperta em muitas pessoas a vontade de estar mais conectado à sua espiritualidade. Então, a aposen-
tadoria também pode ser um momento para estar mais conectado a si mesmo, ao outro e ao universo. A espiritualidade possui,
portanto, um aspecto de promoção de saúde importante, pois envolve a inserção social e comumente a construção de vínculos
entre as pessoas da comunidade quando é exercida dentro de alguma religião.

A espiritualidade ajuda a enfrentar desafios, frustrações e sofrimentos e também, a superar problemas e traumas. Pessoas que
meditam ou rezam conseguem se recuperar mais rapidamente de doenças graves e transtornos mentais como a depressão (LE-
MOS; FERREIRA, 2009).

Um indivíduo é um mundo por si só, possuindo várias dimensões, como a física, a sensorial, a emocional, a mental e a espiritual.
Em alguns momentos, você poderá olhar mais para um aspecto do seu ser do que para outros. Se isso acontecer, lembre-se de que
você é uma totalidade, e para que um aspecto, como o corpo físico, funcione bem, a mente e o espírito devem ser trabalhados
também.

31
Relacionamentos familiares e sociais saudáveis na aposentadoria
“A vida prossegue por meio de imprevistos e novidades”
(Edgar Morim, sociólogo francês)

O
ser humano deve ser entendido como uma unidade biopsicosociocultural, resultado de sua história
de relações com outras pessoas, com a família e com os grupos sociais. Deve-se considerar as pes-
soas não dissociadas de seu contexto sociocultural e de sua capacidade de se adaptar a este meio.
Deste modo, ao pensar a aposentadoria, é importante refletir sobre o contexto sociocultural em que
estamos inseridos, assim como as influências da dinâmica familiar. No momento da aposentadoria, a família,
de forma geral, e os relacionamentos sociais, passa a ocupar um lugar central na vida daquele que se aposenta.

1 Aposentadoria e a Família

Chegou o tão esperado momento da aposentadoria, e agora? Você sabia que o relacionamento familiar é um dos fatores mais
relevantes para determinar uma atitude positiva frente a aposentadoria?

A aposentadoria é um importante momento de transição na vida dos indivíduos. Mas, o que isso quer dizer? A transição é
um processo psicológico que as pessoas atravessam ao enfrentar uma nova situação (NUSS; SCHROEDER, 2002. Apud, LOUREIRO
et. al., 2015). Cada pessoa possui pontos fortes e fracos que favorecem e/ou que desfavorecem o processo de transição. A família
é um desses fatores.

Família pode ser definida de forma alargada como um agregado doméstico formado por pessoas unidas por vínculos de
consanguinidade, de adoção ou de outros laços sociais (MOREIRA, 2001, p. 22). A aposentadoria é o início de uma nova fase na
vida das pessoas que requer a reestruturação das rotinas diárias de todo o núcleo familiar e não somente daquele que está se
aposentando. A aposentadoria cria novos padrões de relação, permitindo um reajustamento e promovendo novos papéis na dinâ-
mica familiar. Nesse momento, há a oportunidade de realização de projetos coletivos, planejados por toda a família, assim como
a prática de projetos individuais daqueles que estão se aposentando (LOUREIRO et. al., 2015, p.51).

32
Você sabia?

• Muitas vezes o momento da aposentadoria coincide com a saída dos filhos de casa. Para algumas pessoas/casais este é
um momento difícil que pode gerar um sentimento de “ninho vazio”, mas para outros também pode ser uma oportunida
de de resgatar projetos individuais ou do casal.

• Recentes estudos sobre qualidade de vida demonstraram que acima das conquistas materiais, cultivar mais e melhores
relações sociais (amigos, parceiros, relacionamento conjugal construtivo) contribuem significativamente para o sentimen
to de realização e de alegria no período pós aposentadoria.

• A aposentadoria é a hora de ampliar a rede de relacionamentos sociais e fortalecer os laços com o cônjuge. Você sabia
que a partir da aposentadoria, a divisão das atividades domésticas pode ser geradora de desentendimentos para alguns
casais? Como está a divisão de tarefas domésticas na sua casa?

• O período próximo a aposentadoria pode ainda ser o momento de uma dupla demanda: a de apoiar os filhos emocional
mente e financeiramente, no caso daqueles que ainda não alcançaram sua independência; e também de cuidado com os
próprios pais que, devido a idade avançada, necessitam de maior atenção.

2 Aposentadoria e Rede Social

Além da família, um importante fator a ser considerado no momento da aposentadoria é o relacionamento social: amigos e vida
comunitária. Para garantirmos uma ampla rede social é preciso o fortalecimento destes vínculos ao longo da vida. Assim, pode-
mos pensar: quem são os integrantes de minha rede social? Minha rede social se restringe unicamente a esfera do trabalho? Na
transição para a aposentadoria é importante diversificar os ambientes de interação social, fortalecendo redes sociais distintas
daquelas do local de trabalho, tais como: igrejas, organizações não governamentais, clubes, etc.

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Você sabia?

Devido ao trabalho, grande número de pessoas abandona sua cidade natal. Tal fato pode conduzir a uma desfiliação das pessoas
de suas origens, de suas famílias e de seus grupos que permaneceram nos locais de origem. Quando os laços de pertencimento
se debilitam, aos poucos as pessoas vão perdendo seus vínculos afetivos (COSTA; MALAQUIAS, 2014. In: MURTA, 2014, p. 165). E
você, tem mantido contato com seus amigos?

Para pensar:

Para que você possa visualizar como está constituída sua rede social hoje, preencha os quadrantes da figura abaixo com o nome
das pessoas que os integram:

Legenda:
Família – pessoas que moram com você e/ou que possuam
forte vínculo afetivo

Família Trabalho Família Extensa – pessoas da família que não residem


com você
Família extensa Comunidade
Trabalho – relações sociais no trabalho
Vida Comunitária – relações sociais em outros espaços
(clubes, igrejas...)

Mapa de rede de acordo com Sluzki (1996, apud Murta, 2014). Adaptado pelos autores.

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É importante destacar que não existem respostas certas ou erradas para o preenchimento do gráfico. É uma oportunidade
para refletirmos acerca de nossos vínculos afetivos. Quantas pessoas integram sua rede social? Qual a qualidade dos víncu-
los? Qual é o seu quadrante predominante? Qual quadrante precisa ser melhor desenvolvido? Em que medida essas pesso-
as contribuem fortalecendo sua confiança, no compartilhar de afetos, como fonte de alegrias e de trocas de conhecimento?

Atenção!

Para a construção de uma atitude positiva frente a aposentadoria com o apoio da família e
dos amigos é preciso expandir e cuidar das redes sociais, sejam elas familiares, profissionais,
sociais ou comunitárias.

Mãos a obra!

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Desenvolvimento de novas competências

Aposentadoria: a competência de lidar com o tempo livre!


A aposentadoria vem acompanhada da possibilidade de usufruir do tempo livre que muitos de-
sejam. Como é bom ter um tempo para nós mesmos, não é?

Entretanto, em razão das atividades e compromissos que assumimos durante a vida, temos per-
dido a capacidade de usufruir de um tempo para nós mesmos, de tal forma que precisamos
desenvolver novas competências para nos permitir aproveitar esse tempo.

Faça uma pausa agora e pense!

Para refletir e responder:

Como você imagina usufruir do tempo livre que a aposentadoria lhe proporcionará?
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O que você gostaria de realizar e ainda não fez? Quais são seus sonhos engavetados?
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As pessoas têm planos distintos para a aposentadoria. Algumas pensam em investir em uma segunda carreira, começar um ne-
gócio, dar aulas, estudar; outras buscam um trabalho voluntário/comunitário; outras escolhem não fazer “nada”, não querem
ter horários ou compromissos; e outras acham até que podem fazer um pouco de tudo. Não há uma maneira certa de se viver a
aposentadoria. Qualquer plano é bom, desde que esteja sintonizado ao que a pessoa realmente deseja. E se tem uma coisa que
apenas você mesmo pode responder é:

O que você realmente deseja para essa fase da vida? Como é que você se imagina quando estiver apo-
sentado(a)?
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Dica:
Converse com pessoas que estão ou que já passaram por essa
fase de transição. Elas podem te inspirar!

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1 Redescobrindo o lazer

Não existe idade para brincar, para nos divertir, para fazer uma atividade que nos dê prazer. Cuidar do lazer é importante para a
nossa saúde física e mental em todas as fases de nossa vida.

Mas, e o que é o lazer?

Lazer (do latim licere, ser lícito, ser permitido) refere-se ao tempo de folga, de passatempo, ócio, descanso ou entretenimento;
indica a forma dos indivíduos utilizarem seu tempo livre, dedicando-se a atividades que apreciem.

Hobby é um tipo de lazer e está relacionado ao prazer de executar alguma atividade independentemente da companhia de outras
pessoas (como fotografar, colecionar selos, aviões ou carros em miniatura, montar quebra-cabeças, cultivar plantas, etc.).

As pessoas têm preferências distintas de lazer. Algumas preferem atividades manuais, outras artísticas, físicas ou intelectuais. As
preferências também podem mudar no decorrer dos anos. O importante é destinarmos sempre um tempo da nossa semana para
desenvolvermos alguma atividade que nos faça feliz fora do trabalho.

Que atividades de lazer pratico? Com que frequência?


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Quais você deseja praticar na aposentadoria? Com que frequência?


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Nem sempre temos tempo e disposição para fazer tudo o que gostaríamos, mas podemos pensar a partir de hoje e aos poucos
colocar algumas atividades em prática, independentemente da etapa em que nos encontramos. A aposentadoria é uma oportu-
nidade de ocupar o tempo livre com diversas atividades de lazer, mas muitos não se dão esse direito. Permita-se usufruir de suas
conquistas. Você merece!

Diversificar as atividades de lazer, aumenta as possibilidades de manutenção de nossa saúde!

2 Voluntariado, por que não?


Existe, no Brasil, uma diversidade de trabalhos voluntários em desenvolvimento, dos mais variados temas, alcançando uma va-
riedade de grupos e indivíduos. Ou seja, tem trabalho para tudo quanto é gosto! E mesmo se não houvesse, não haveria impedi-
mento para ser criado.

O trabalho voluntário é uma grande alternativa que se abre para o recém-aposentado como um espaço para o exercício da cida-
dania, para a prevenção do isolamento e para o sentimento de fazer parte de um projeto importante. Todos nós precisamos nos
sentir úteis de alguma forma, seja no trabalho, na família, na comunidade, etc. Isso alimenta a alma!

O sentimento genuíno de fazer bem a alguém sem esperar qual-


quer retorno é extremamente gratificante. Experimente!

As pessoas que exercem algum trabalho voluntário revelam que são elas próprias as que mais se beneficiam. O potencial trans-
formador que a atividade voluntária é capaz de provocar no voluntário retroalimenta sua energia e vontade de continuar se do-
ando. Para os aposentados, essa pode ser uma forma de participação social, resultando em um envelhecimento mais equilibrado
e saudável.

As atividades voluntárias podem ser permanentes ou esporádicas, pontuais. De uma forma ou de outra, é sempre uma oportu-
nidade de doar nosso tempo por uma causa, fazer pelo outro o que gostaríamos que fizessem por nós ou mesmo de repassar a
alguém um pouco de conhecimento e afeto.

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Faça o bem, não importa a quem!

Além das atividades voluntárias, existem muitas outras formas de participação social: reuniões do condomínio, da prefeitura, do
bairro; movimentos sociais, sindicatos, associações; organizações não governamentais, organizações sociais; movimentos pela
paz, instituições religiosas; entre outras. Tome consciência dos problemas sociais de sua comunidade. Procure aquela causa com
que você mais se identifique e se engaje!

O aumento da expectativa de vida da população brasileira estabelece a necessidade de refletir: é preciso dar um novo significado
a essa etapa da existência humana. Buscar um novo propósito de vida em uma atividade voluntária ou comunitária pode ser uma
experiência única. Pense nisso!

Para mais informações, acesse o site: http://www.voluntarios.com.br

3 Novas perspectivas profissionais

Algumas pessoas, ao se aposentar, pretendem continuar trabalhando seja porque precisam ganhar uma renda extra, ou porque
desejam realizar um sonho adormecido, colocar em uso novos talentos, ter novas experiências profissionais. E existem diversas
possibilidades de recolocação profissional que podem ser aproveitadas, desde que haja planejamento e dedicação. Nessa cartilha
vamos focar no empreendedorismo, contudo lembre-se de que essa é apenas uma das possibilidades.

Muitas pessoas sonham em trabalhar por conta própria, ser seu próprio patrão, não é mesmo? Se esse for o seu caso, procure
analisar o que você almeja com isso. Uma grande armadilha é querer empreender porque não teve boas experiências com chefias
durante a fase laboral e achar que a solução é ter seu negócio próprio. É preciso mais que isso para ter um negócio promissor. De-
ve-se desenvolver algumas características de personalidade para atuar como empreendedor, tais como: iniciativa, perseverança,
liderança, capacidade de assumir riscos, adaptar-se ao mercado e a um novo estilo de vida, entre outras.

Veja se você possui essas características ou está disposto a desenvolvê-las.

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Para ser empreendedor, além de ter vontade e visão de negócios, a pessoa precisa:

• ser capaz de executar o que se propõe com muita vontade, determinação, competência e uma boa dose de ousadia;

• ter desempenho diferenciado dos profissionais comuns, de modo a se destacar facilmente em tudo que faz;

• não medir esforços para atingir seus objetivos;

• ser dotada de várias qualidades que a credencia para o sucesso;

• ser consciente de que só se chega lá à custa de muito trabalho e dedicação.

Fonte: www.sebrae.com.br

Dica:
Converse com pessoas empreendedoras. Observe-as no dia a dia e veja não
só quais são os rendimentos do negócio delas, mas principalmente os riscos,
os prós e contras inerentes a qualquer empreendimento. Isso pode ajudar a
ter maior clareza sobre o real estilo de vida dos empreendedores.

Se, após essa análise, você perceber que tem veia empreendedora e que quer seguir esse caminho, responda as
seguintes questões:

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Que área mais desperta o meu interesse?
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Quais conhecimentos precisarei adquirir?


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Quais os passos preciso dar para abrir o meu negócio?


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Para mais informações, acesse os sites:


http://www.empreender.org.br/
http://www.sebrae.com.br

4 Aprender sempre!
Há pessoas que buscam continuar os estudos, seja porque precisam se capacitar para a nova carreira, seja porque também que-
rem realizar um sonho que não foi possível durante a vida laboral. Hoje, há uma grande oferta de cursos: fotografia, pintura, culi-
nária, autoconhecimento, homeopatia e etc, sem falar nos cursos acadêmicos de graduação e pós-graduação. Independentemen-
te do curso, qualquer conteúdo novo estimula as células cerebrais e nos mantêm menos suscetíveis às degenerações cognitivas
do processo de envelhecimento.

Independentemente de qual(is) atividade(s) você pretender investir seu tempo livre, o planejamento da nova ocupação é funda-
mental. Para te ajudar nesse planejamento, aconselhamos que preencha o quadro abaixo e que faça o acompanhamento contí-
nuo do seu plano.

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Eu quero... Então, eu poderia ocupar O que eu preciso para O que me impede Como eu posso superar
Eu gosto... meu temp livre... começar a fazer isso? começar a fazer isso? de começar? esses obstáculos?

(Planos) (Data de início) (Recursos materiais,


(Obstáculos) (Estratégias)

Fonte: Seidl; Conceição (2014. In: Murta, 2014).

Como você pode perceber, são inúmeras as possibilidades para vivenciar o tempo livre que decorre do momento da aposentado-
ria. E o melhor é que você pode refletir, decidir e planejar o que fazer no pós carreira. Não pular etapas e se preparar o aproximará
da concretização de seus sonhos. Com o lápis e o papel em mãos, que tal começar a rascunhar ou concretizar seus projetos?

43
Educação Financeira

1 Lidando adequadamente com as finanças

Estar preparado para as alterações que a aposentadoria provoca na remuneração dos servidores é fundamental para que não haja
um descontrole financeiro que lhe impeça de viver a aposentadoria de forma plena e feliz. Muitas pessoas, quando chegam nessa
fase, se veem impedidas de se aposentar em razão da situação financeira. Outras se perguntam: será que esse é o momento ideal
para me aposentar? Como ficarão minhas receitas e despesas?

Qual é o momento financeiro ideal para se aposentar?

É aquele que você se preparou para tal!

A boa notícia é que lidar adequadamente com as finanças é algo possível de ser aprendido. Então, se por um motivo ou outro você
não está satisfeito com o modo como lida com seu dinheiro, fique atento, isso pode ser mudado! Ficar endividado ou deixar de
realizar sonhos não precisa ser o seu destino.
A premissa básica para um orçamento saudável é que as receitas devem ser maiores que as despesas. A matemática é simples:
não devemos gastar mais do que aquilo que recebemos. Mas por que na prática isso é muito mais complexo? Porque a educação
financeira não é uma ciência exata. A base da educação financeira está nos comportamentos e nos hábitos, que, por sua vez, são
conduzidos por nossos valores.
Um ponto importante para essa mudança é fazer uma análise sincera de suas crenças para, com isso, aprender uma nova maneira
de pensar e agir em relação às suas finanças.

O sucesso financeiro não depende de quanto você ganha, mas de como você
lida com o que ganha. É aquele que você se preparou para tal!

(DOMINGOS, 2012, p.22)

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Para te ajudar na empreitada de mudar o modo como você lida com suas finanças pessoais, indicamos um caminho a percorrer
composto por três etapas:

1) Análise da situação atual (onde estou?)

2) Análise de onde se quer chegar (para onde ir?)

3) Planejamento (como fazer para chegar onde desejo?)

1.1 Análise da situação atual (onde estou?)

Você sabe para onde vai seu dinheiro?


Sabe quanto gasta com roupa, alimentação, educação, saúde...?

Quando temos clareza do estado em que estamos, nosso cérebro se mobiliza para agir. Por isso, saber exatamente qual a nossa
situação financeira é o primeiro passo para mudá-la.
Desenvolva o hábito de registrar diariamente seus gastos, por menores que eles sejam. Faça uma listinha por tipo de gasto. Isso
te ajudará a saber quanto você gasta em cada aspecto.

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Modelo de registro diário

Despesa: Guloseimas - Mês de julho Agora que você já sabe


quais são seus gastos, é o
Dia Valor Forma de pagamento momento de elaborar seu
orçamento mensal. Com
5 R$6,00 Cartão de crédito ele você poderá fazer um
6 R$1,15 Dinheiro acompanhamento, mês a
mês, das suas receitas e
15 R$3,00 Cartão de débito despesas e perceber onde
você pode reduzir os gas-
20 R$2,85 Dinheiro tos. Registre todos os seus
ganhos e despesas do mês.
Total R$13,00
Fonte: Domingos (2012) - adaptado

Atire a primeira pedra quem nunca comprou algo de que não precisava!

Alguns, persuadidos por um vendedor ou pela propaganda de marketing, compram produtos dos quais não necessitam. Outros
compram em busca de uma satisfação emocional, para preencher um vazio que retorna pouco tempo depois. Você já pensou
sobre isso?

O registro dos seus gastos vai lhe ajudar a descobrir se você age assim. Depois da descoberta, é a hora de arregaçar as mangas e
tomar alguma atitude para mudar.

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Modelo de orçamento

Descrição Valor
Receitas Total de receitas
Água Consumista
Energia elétrica
Residência Telefone
Mercado
Manutenção da residência

Medicamento
Convênio médico
Saúde Consciente
dança, natação...)

Faculdade
Educação Cursos de idioma

Fonte: Domingos (2012) - adaptado


Almoço
Alimentação Lanche

Transporte
Pessoal Roupas e calçados

Diversão e lazer

Outras

Despesas Total de despesas


Saldo Saldo do mês
4747
O desafio está lançado:

Eliminar por completo: DESPERDÍCIO


Reduzir ou eliminar: SUPÉRFLUO
Otimizar os gasto: NECESSÁRIO (procurar alternativas)
Fonte: Curso DSOP de Educação Financeira

Desperdícios: gastos que não geram bem-estar, nem estão ligados às necessidades ou aos desejos;
dinheiro jogado no lixo.
Exemplos: multas, pagar por algo e não usar, luzes acesas sem necessidade.

Supérfluos: gastos que geram bem-estar e estão ligados mais aos desejos que às necessidades.
Exemplos: restaurantes, TV a cabo, roupas de marca.

48
1.2 Análise de onde se quer chegar (para onde ir?)

Quais são seus sonhos?

Os sonhos movem os seres humanos.


Uma vida sem sonhos é uma vida empobrecida.

Que atividades de lazer pratico? Com que frequência?Então, faça uma listinha dos seus
sonhos que precisam de dinheiro para serem realizados. Deixe sua emoção fluir e lembre-
se daqueles sonhos deixados para trás. Não faça restrições e não pense, nesse momento,
se poderá ou não alcançá-los. Sonhe!

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Dinheiro é um meio de atender necessidades e de


realizar projetos, e não um fim em si mesmo.
Fonte: Curso Banco Central

4949
1.3 Planejamento (como fazer para chegar onde desejo?)

Ter algo pelo qual buscar é fator de motivação.

Contudo, sonho sem ação pode gerar frustração.

Então, agora que você listou seus sonhos, é preciso eleger prioridades de curto, médio e longo
prazos. Transformar seus sonhos em projetos, com metas claras e objetivas, é uma maneira de
visualizar melhor os caminhos a serem seguidos para concretizá-los.

Exemplo de planilha dos sonhos

Meus sonho é... Meus sonho custa... Quanto vou guardar por mês? Prazo Prioridade
1
2
3
Total a poupar:

50
É preciso ter cuidado para você não querer realizar todos os sonhos em curto prazo, lançando
mão de empréstimos e financiamentos. O custo do imediatismo pode não ser vantajoso e, pode
até mesmo te impedir de realizar alguns sonhos.
Provavelmente serão necessários alguns esforços para retirar seus sonhos “do papel”, mas com
certeza seus esforços serão recompensados, pois transformar sonhos em realidade é uma alegria
imensurável!
Para te ajudar, compilamos algumas dicas preciosas:

1) Adéque seu padrão de vida.


Reveja, uma a uma, as despesas que você listou e questione-se:
● Todas essas despesas são realmente necessárias?
● Em que eu poderia reduzir meus gastos?
● Quais gastos eu poderia eliminar?

2) Poupe
● Procure poupar, no mínimo, 10% da sua renda
● Priorize compras à vista
● Pechinche (não há vergonha em pesquisar; pior é comprar um produto, virar a esquina
e vê-lo em outra loja pela metade do preço)
● Não desperdice (fique de olho no que você compra e não usa)
● Envolva a família (é fundamental o compromisso de todos para que os objetivos sejam
alcançados).

5151
Um ótimo exercício para quem vai se aposentar é fazer o cálculo da remuneração que receberá
após a aposentadoria para passar a gastar apenas esse valor. Assim, quando você se aposentar,
não sentirá tanto o impacto da redução da remuneração e, ainda, terá poupado algum valor.
3) Invista
Para saber qual o melhor investimento, é preciso considerar alguns fatores:
● o valor que você possui;
● por quanto tempo pretende investir;
● seu perfil de investidor.

2 Tipos de investimento em razão do tempo

Curto prazo: Poupança e CDB


Médio prazo: CDB, Tesouro Direto, Fundos de Investimento
Longo prazo: Previdência Privada, Tesouro Direto e Ações

Poupança:
● Investimento tradicional.
● Isento de Imposto de Renda para pessoas físicas.
CDB: Certificado de depósito bancário
● Títulos emitidos pelos bancos para captar recursos.
● Podem ser resgatados antes do vencimento.

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● Opções com taxas pré-fixadas e pós-fixadas.
Títulos públicos:
● Títulos emitidos pelo governo para captar recursos para financiar a dívida pública.
● Incide Imposto de Renda (IR) sobre o lucro, com alíquota regressiva de até 15%.
Ex: Tesouro direto.

Fundos de investimentos:
● Comunhão de recursos captados de investidores que visa obter rendimentos financeiros pela aplicação em títulos e
valores mobiliários.

● Podem apresentar renda fixa ou variável.


Ações:
● São valores mobiliários que correspondem a uma parte do capital social de um empresa S/A.
● Tem rentabilidade variável, de acordo com a valorização do preço de mercado da ação.
● O investidor recebe parte dos lucros da empresa em forma de dividendos.
Previdência privada:
● É possível escolher o valor da contribuição e a periodicidade em que será feita.
● Tipos:
1) Plano Gerador de Benefícios Livres – PGBL
Resgate a qualquer tempo, mas com elevado custo de Imposto de Renda.
Imposto de renda cobrado sobre o valor total resgatado de acordo com a tabela escolhida na contratação do
plano (tabela regressiva ou progressiva).
O valor pago ao plano pode ser abatido no IR (desde que esse valor representa até 12% de sua renda bruta anual).

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Porém quando o dinheiro é sacado, o imposto pago é referente ao total que havia no fundo.
2) Plano Vida Gerador de Benefícios Livres – VGBL
O valor pago não pode ser abatido no IR. Porém, quando o dinheiro é sacado o imposto cobrado é referente ao
que odinheiro investido rendeu.

Fonte: Curso Banco Central (adaptado)

Para ter segurança na escolha do investimento, é recomendável que você procure um especialista.

Indicamos também o aprofundamento do estudo sobre esse assunto por meio dos sites abaixo:

ENEF- Estratégia Nacional de Educação Financeira: http://www.vidaedinheiro.gov.br/ferramenta.php?f=planejamento

https://cidadaniafinanceira.bcb.gov.br/treinamento/index.php

Acreditamos que você já percebeu que a Educação Financeira é importante em qualquer fase da vida. Nas etapas anteriores a
escolha consciente em se aposentar, os planos financeiros precisam estar mais claros quanto às receitas e às despesas, afinal
sabemos que haverá reduções de proventos. Esperamos que os conteúdos tenham contribuído na ampliação dos seus conheci-
mentos sobre Educação Financeira.

54
5555
Anexo
Direitos do Idoso
A Lei nº 10.741/2013, também conhecida como o “Estatuto do Idoso”, assegurou uma série de direitos para quem tem 60 anos
ou mais. Conheça alguns deles:
Saúde
• Distribuição gratuita de remédios de uso continuado;
• Proibição da discriminação, em razão da idade, pelos planos de saúde;
• Ao idoso internado é assegurado o direito a acompanhante.
Educação, Cultura, Esporte e Lazer
• Direito à meia-entrada nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer;
• Os cursos especiais para idosos devem incluir conteúdo relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços
tecnológicos, para sua integração à vida moderna.
Transportes coletivos
• Os maiores de 65 anos têm direito a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semiurbanos, bastando apresentar
documento de identidade;
• Obrigatoriedade da reserva de 10% de assentos preferenciais nos veículos de transporte coletivo;
Nos trasportes coletivos interestaduais é garantida a reserva de duas vagas gratuitas em cada veículo para idosos com renda igual
ou inferior a dois salários-mínimos. Se o número de idosos exceder o previsto, eles devem ter 50% de desconto no valor da pas-
sagem, considerando-se sua renda.
• Reserva de 5% das vagas dos estacionamentos públicos e privados, em local que permita maior comodidade do idoso.
Justiça
• O idoso tem prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e diligências judiciais.
Violência e abandono

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• Deixar de prestar assistência ao idoso é crime, com pena que varia de detenção de seis meses a um ano;
• Abandonar idoso é crime, com pena que varia de detenção de seis meses a três anos;
• Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-lhes aplicação diversa da de
sua finalidade é crime, com pena que varia de um a quatro anos de detenção.
Trabalho
• Proibição da limitação de idade máxima para a contratação de empregados;
• Maior idade é critério de desempate nos concursos públicos.
Habitação
• Reserva de 3% das unidades nos programas habitacionais públicos ou subsidiados por recursos públicos.
Estacionamento
• É assegurada a reserva, nos termos da lei local, de 5% das vagas nos estacionamentos públicos e privados, as quais deverão ser
posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade ao idoso.
Prioridade na Tramitação de Procedimentos Administrativos
• O artigo 69-A da Lei 9.784/1999 garante às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos prioridade na tramitação
de procedimento administrativo em qualquer órgão ou instância no âmbito da Administração Federal direta e indireta. O requeri-
mento de prioridade deverá ser dirigido à autoridade competente responsável pelo procedimento administrativo.

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Referências
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dução científica. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, João Pessoa, v.3, Número Especial, p.45-56, Out. 2013. Disponível em:
http:// pediodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/pgc

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GERONTOLOGIA. Memória e Atividade Física no Processo de Envelhecimento. Vivendo com saú-
de. Disponível em <https://www.aterceiraidade.com/vivendo-com-saude/memoria-e-atividade-fisica-no-processo-de-envelheci-
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6161
INSS

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