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CAO – Crim

Boletim Criminal Comentado – 12/2019


(semana nº 02)

Subprocuradoria-Geral de Justiça de Políticas Criminais e Institucionais


Mário Luiz Sarrubbo

Coordenador do CAO Criminal


Arthur Pinto Lemos Junior

Assessores
Fernanda Narezi Pimentel Rosa
Marcelo Sorrentino Neira
Paulo José de Palma
Ricardo José Gasques de Almeida Silvares
Rogério Sanches Cunha

Analista Jurídica
Ana Karenina Saura Rodrigues
Boletim Criminal Comentado Dezembro-
2019- (semana nº 02)

SUMÁRIO

SUMÁRIO --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
PRESTAÇÃO DE CONTAS........................................................................................................................3
STF/STJ: decisões de interesse institucional COMENTADAS PELO CAOCRIM------------------------------ 5
DIREITO PROCESSUAL PENAL: ------------------------------------------------------------------------------------------ 5
1-Tema: Para a 1ª Turma do STF, compete à Justiça Estadual julgar crime de homicídio praticado por
policial no deslocamento ao trabalho....................................................................................................5

2-Tema: 1ª Turma do STF decide que não cabe ao Judiciário rever decisão de arquivamento do
procurador-geral...................................................................................................................................7

3- Tema: Execução Penal- Indulto e comutação de pena nas decisões do STJ.......................................8

DIREITO PENAL:------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 9
1-Tema: 1ª Turma do STF reconhece que acórdão condenatório que confirma sentença interrompe
prazo da prescrição...............................................................................................................................9

2- Tema: Perda do cargo como efeito da condenação só pode atingir aquele ocupado na época do
crime...................................................................................................................................................11

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2019- (semana nº 02)

PRESTAÇÃO DE CONTAS E O BALANÇO DE 2019

Este é o último Boletim de 2019. O boletim entrará em férias e retorna em fevereiro de 2020.
Aproveitamos a oportunidade para apresentar um resumo de nossa produção e da nossa gestão em
2019 no CAOCRIM. Para além de termos proposto à Procuradoria-Geral de Justiça a criação do GAESP
– Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial; e do
GECRADI – Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento aos Crimes Raciais e de Intolerância, ainda
realizamos:

ATENDIMENTOS AOS PROMOTORES E PROMOTORAS DE JUSTIÇA CRIMINAIS:

No ano de 2019 foram atendidos por telefone fixo 1960 colegas pelos Promotores de Justiça que
integram o CAOCRIM. Não foram considerados os atendimentos por meio de telefone celular e por
meio do aplicativo do whatsapp.

MONITORAMENTO DE RECURSOS:

O CAOCRIM recebeu das Promotorias de Justiça Criminais solicitações de acompanhamento de


recursos e monitorou 102 casos, que envolvem os diversos tipos de Recursos e sustentações orais:

Acompanhamento de recursos em 2ª instância


Ano 2019
14% 27%

27%

32%

Pendente de julgamento pelo TJSP


Provido
Não provido
Envio para Setor Recurso Especial/Extraord.

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ENUNCIADOS:

Elaboramos 66 Enunciados: 1 sobre crimes de licitação; 2 da área ambiental; 23 sobre execução


criminal; 11 elaborados em conjunto com o Setor do “Artigo 28” e Conflitos Criminais; e os demais
sobre a nova lei de abuso de autoridade.

WORKSHOP:

Realizamos em 2019 6 (seis) WORKSHOP: 12/3/19, Aspectos práticos da persecução penal do crime
digital; em 25/04/2019 e 16/05/2019, Atualização Legislativa; em 15/10/2019, “Violência
Doméstica”; e sobre “Execução Penal - Enunciados e Teses do CAOCrim”, em 28/8/2019 e 9/11/2019.

EVENTOS:

Foram promovidas 5 (cinco) grandes reuniões de trabalho: “Projeto Anticrime em Debate”, em


1°/4/2019; “Sistematização das melhores técnicas para a Plenário do Júri”, em 7/6/2019;
“Criminalização da Homofobia e da Transfobia: questões penais e extrapenais”, em 2/8/2019; “A
nova lei de abuso de autoridade”, em 7/10/2019; “A integração entre a Promotoria de Justiça do Júri
da Capital e o DHPP”, em 6/12/2019. Foram promovidos dois importantes eventos com a Escola
Superior do Ministério Público: “Gerenciamento de Crise no Sistema Prisional” e “Resolução
Adequada de Conflitos”. Definimos roteiro de visita do Promotor de Justiça em Presídio.

Depois de realizadas diversas Reuniões de Trabalho com as Promotorias de Justiça Criminais da


Capital - Barra Funda; bem como Reuniões de Trabalho no interior: Araçatuba, Araraquara, Bauru,
Campinas, Marília, Mococa, Mogi das Cruzes, Mogi Mirim, Jundiai, Piracicaba, Presidente Prudente,
Ribeirão Preto, São José dos Campos, São Bernardo do Campo, São José do Rio Preto, Santo André,
Ourinhos, Presidente Prudente e Taubaté; fizemos a difusão sobre a Política Criminal idealizada pelo
CAOCrim, notadamente no que se refere ao “Acordo de Não Persecução Penal”.

Foram realizados até este momento: 810 Termos de Acordo de Não Persecução Penal, no período
de 2018/2019.

BOLETIM CRIMINAL:

Elaboramos em 2019 45 boletins com diversos estudos e publicações sobre atualização de


jurisprudência e atualização legislativa.

NOTAS TÉCNICAS:

Produzimos no CAOCRIM 12 Notas Técnicas a respeitos dos seguintes assuntos: “Intimação do


Ministério Público com fixação em horas”; “Parecer sobre o Fornecimento de bebidas em estádios

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de futebol”; Projeto de Lei 10.732/18; Projeto de Lei sobre Infanticídio – n° 1258/15; Projeto de Lei
37/2013; Projeto de Lei 125/2018; Nota sobre “Planilha para Cálculo de Remição de Pena”; “Execução
Penal Provisória: Medida Constitucional, Convencional e Necessária”; “Nota de Repúdio às
Declarações do Ministro Gilmar Mendes”; “a Prisão em Segunda Instância”; “a Prisão Preventiva no
Pacote Anticrime”; “o Acordo de Não Persecução Penal no Pacote Anticrime”;

STF/STJ: decisões de interesse institucional COMENTADAS PELO CAOCRIM


DIREITO PROCESSUAL PENAL:

1-Tema: Para a 1ª Turma do STF, compete à Justiça Estadual julgar crime de homicídio praticado
por policial no deslocamento ao trabalho

DECISÃO DO STF- Publicado em notícias do STF

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a Justiça Estadual é competente
para julgar crime de homicídio praticado por policial rodoviário federal em briga de trânsito no trajeto
entre a residência e o trabalho. Em decisão unânime tomada na tarde de terça-feira (10), os ministros
entenderam que o fato foi um incidente privado sem conexão com a função pública e indeferiram o
Habeas Corpus (HC) 157012, em que a defesa pedia que o policial respondesse no âmbito da Justiça
Federal.

O caso

Em 31/12/2016, o policial rodoviário federal saiu de casa em Campo Grande (MS) em veículo
particular na direção da rodoviária da cidade para pegar um ônibus até Corumbá (MS), onde está
localizada a delegacia em que trabalha. No trajeto, por volta das 5h40 da manhã, o motorista de uma
caminhonete, que, segundo os autos, dirigia em alta velocidade e com sinais de embriaguez,
desrespeitou a sinalização de um cruzamento e quase colidiu com o carro do policial. Após uma
discussão decorrente de outra manobra inadvertida do condutor da caminhonete, o policial atirou e
matou o motorista e feriu dois passageiros que também estavam no veículo. Em depoimento, ele
afirmou ter agido por receio do cometimento de eventual delito contra sua integridade física e seu
patrimônio (o carro).

Julgamento

A análise do HC pela Turma foi iniciada em abril deste ano, quando o relator, ministro Marco Aurélio,
votou pelo indeferimento do pedido. Segundo ele, o caso não envolve dever de ofício ou flagrante

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obrigatório, conforme dispõe o artigo 301 do Código de Processo Penal (CPP). O relator entendeu
que a mera condição de servidor público federal não basta para atrair a competência da Justiça
Federal, pois o interesse da União está relacionado às funções institucionais, e não ao acusado. Para
o ministro Marco Aurélio, a competência para julgar o caso é da Justiça Estadual.

Na sessão , o ministro Alexandre de Moraes apresentou voto-vista no mesmo sentido. Assim como o
relator, ele entende que o policial se envolveu num acidente de trânsito sem conexão com o exercício
da função. “Foi uma desavença pessoal que não tem relação com o serviço”, concluiu. No mesmo
sentido, votaram os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux.

COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM

Compete à Justiça Federal, nos termos do art. 109, inc. IV, da Constituição Federal, julgar “os crimes
políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou
de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral”.

No geral, considera-se presente o interesse da União nos crimes cometidos por funcionários públicos
federais no exercício da função, ainda que o sujeito passivo imediato da ação criminosa não seja o
ente público. Como exemplo, podemos citar decisão recente do TRF da 1ª Região na qual se
estabeleceu a competência da Justiça Federal para julgar servidor público que, designado para
trabalhar em um programa promovido pelo governo federal que visava a fornecer atendimento
médico a comunidades indígenas, aproveitou-se das circunstâncias proporcionadas por seu cargo
para submeter uma adolescente indígena à humilhação de ser fotografada em conotação
pornográfica enquanto utilizava vestimentas culturais características (RESE 0001224-
85.2018.4.01.4200/RR, j. 25/06/2019).

É a mesma orientação seguida pelo STJ:

“1. Compete à Justiça Federal processar e julgar crime praticado por funcionário público
federal, no exercício de suas atribuições funcionais. Precedentes.

2. Tal entendimento deriva do fato de que, ao atuar na qualidade de preposto da empresa


pública federal, o acusado a representa e, por consequência, o cometimento de crime no
exercício da função pública atinge diretamente a imagem da instituição.

3. Situação em que, em processo de renegociação de contratos bancários celebrados com


a Caixa Econômica Federal (financiamento de imóvel, limite de cheque especial em conta
corrente e empréstimo pessoal) e inadimplidos, o gerente de contratos da instituição

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financeira, no exercício de sua função na empresa, teria qualificado a querelante de “safada


sem vergonha”, “mal caráter” e “pilantra”, em contato telefônico.

4. Conflito conhecido, para declarar a competência do Juízo Federal da 14ª Vara da Seção
Judiciária do Paraná, o Suscitante.” (CC 147.781/PR, j. 14/9/2016)

É, no entanto, pressuposto que o agente esteja no exercício da função, pois, do contrário, sua
qualidade de funcionário se torna indiferente para o estabelecimento da competência, afastando-se
o interesse da União. Por isso, ao julgar o HC 157.012/MS (j. 10/12/2019), o STF denegou a ordem e
afastou a competência da Justiça Federal para julgar policial rodoviário federal que havia cometido
homicídio enquanto se dirigia ao trabalho.

De acordo com a impetração, no dia dos fatos o policial deixou sua residência num veículo particular
e se dirigiu à rodoviária de Campo Grande/MS, onde tomaria um ônibus até a cidade de Corumbá,
onde se localizava o posto da Polícia Rodoviária Federal em que trabalhava. No caminho, um
motorista de outro veículo, aparentemente embriagado, desrespeitou a sinalização de trânsito e
quase colidiu com o veículo do policial. Após uma discussão decorrente de outra manobra
imprudente daquele indivíduo, o policial disparou sua arma e o matou, ferindo também outras duas
pessoas.

O processo pelo homicídio foi iniciado na Justiça Estadual, mas o impetrante pretendia que, devido
à sua condição de policial federal, a competência fosse deslocada para a Justiça Federal.

A 1ª Turma do STF decidiu por unanimidade que não se trata de competência federal porque o
policial não se encontrava no exercício da função. Tratou-se de uma desavença pessoal, não
relacionada com nenhum dever de ofício, que afasta qualquer interesse da União.

2-Tema: 1ª Turma do STF decide que não cabe ao Judiciário rever decisão de arquivamento do
procurador-geral

DECISÃO DO STF- Publicado em notícias do STF

Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou, nesta terça-feira (10),
determinação do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) de submeter ao Tribunal de
Justiça do Maranhão (TJ-MA) decisão do procurador-geral de Justiça do estado de arquivar os autos
de um procedimento investigativo criminal (PIC). O ministro Luiz Fux, relator do Mandado de

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Segurança (MS) 34730, observou que não há previsão legal para que a determinação do procurador-
geral seja submetida ao controle do Judiciário. “Se houver irresignação contra o arquivamento, a
última palavra é do procurador-geral de Justiça” afirmou.

Para o ministro, o arquivamento de PIC determinado pelo procurador-geral de Justiça não necessita
de prévia submissão ao Judiciário, pois pode ser revisto caso apareçam novos meios de prova, ou
seja, não acarreta coisa julgada material. Ele observou que, como o procurador é a autoridade própria
para aferir a legitimidade do arquivamento desses procedimentos, não há motivo para que sua
decisão seja objeto de controle jurisdicional.

O ministro ressaltou ainda que a decisão de arquivamento de inquérito policial ou de peças de


informações determinada pelo procurador-geral nos casos que sejam de sua atribuição originária
pode ser revista pelo Colégio de Procuradores, mediante recurso dos legítimos interessados,
conforme prevê a Lei Orgânica do Ministério Público (Lei 8625/1993). Entretanto, nas hipóteses em
que não sejam de competência originária do procurador-geral, aplica-se a norma do Código de
Processo Penal (artigo 28) que desobriga o encaminhamento dos autos ao Judiciário.

COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM

A titularidade da ação penal pública, incondicionada ou condicionada, pertence ao Ministério


Público.

Trata-se de função institucional que lhe foi conferida, com exclusividade, pela Constituição Federal
de 1988. É incontrastável o poder jurídico-processual do chefe do Ministério Público que requer, na
condição de ‘dominus litis’, o arquivamento judicial de qualquer inquérito ou peça de informação.

Inexistindo, a critério do procurador-geral elementos que justifiquem o oferecimento de denúncia,


não pode o Tribunal, ante a declarada ausência de formação da “opinio delicti’, contrariar o pedido
de arquivamento deduzido pelo chefe do Ministério Público. Nesse sentido temos precedentes vários
do Supremo Tribunal Federal, sendo o mais recente mandado de segurança em comento. Trata-se,
em verdade, mais uma vez, da consagração do sistema acusatório do processo penal brasileiro.

3- Tema: Execução Penal- Indulto e comutação de pena nas decisões do STJ

Jurisprudência em Teses - STJ

EDIÇÃO N. 139: DO INDULTO E DA COMUTAÇÃO DE PENA

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DIREITO PENAL:

1-Tema: 1ª Turma do STF reconhece que acórdão condenatório que confirma sentença interrompe
prazo da prescrição

DECISÃO DO STF- Publicado em notícias do STF

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), em sessão realizada no último dia 26, afastou
o reconhecimento da prescrição da pena imposta a um réu, ao entender que o acórdão que confirma
a sentença condenatória também interrompe o prazo prescricional. A maioria do colegiado
acompanhou o voto do ministro Alexandre de Moraes pelo provimento do agravo regimental
interposto pelo Ministério Público Federal (MPF) no Recurso Extraordinário (RE) 1237572.

No caso em questão, o MPF questionava decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que havia
reconhecido a extinção da punibilidade do réu em decorrência da prescrição da pretensão punitiva,
por entender que a decisão de segundo grau que apenas confirma a condenação imposta na instância
anterior, ainda que altere a pena, não interrompe o prazo prescricional, contado a partir da sentença
condenatória.

O ministro Marco Aurélio, relator, em decisão monocrática, havia negado seguimento ao recurso
extraordinário. O MPF então apresentou o agravo submetido ao julgamento da Primeira Turma.

Acórdão condenatório

Ao votar na sessão da Turma, o ministro Alexandre de Moraes observou que a prescrição é o


perecimento da pretensão punitiva em razão da inércia do próprio Estado. Assim, a confirmação da
condenação em segundo grau demonstra que o Estado não está inerte, muito pelo contrário. Para o
ministro, esse entendimento é reforçado pela alteração do inciso IV do artigo 117 do Código Penal
pela Lei 11.596/2007, que acrescentou a expressão “acórdão condenatório” como fator de
interrupção da prescrição. “Não obstante a posição de parte da doutrina, o Código Penal não faz
distinção entre acórdão condenatório inicial e acórdão condenatório confirmatório da decisão”,
afirmou. “Não há, sistematicamente, justificativa para tratamentos díspares”

Citando precedente da Primeira Turma no mesmo sentido, o ministro Alexandre lembrou que a
prescrição é interrompida pela simples condenação em segundo grau, tanto no caso de confirmação
da sentença quanto da alteração da pena anteriormente imposta. Em tal situação, a sentença, como
título condenatório, é substituída pela decisão da segunda instância. “O que se executará será o
acórdão, e não a sentença”, explicou.

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No caso dos autos, o ministro ressaltou que a pena imposta foi de um ano e quatro meses. Por isso,
não ocorreu a prescrição da pretensão punitiva, uma vez que não houve o transcurso de quatro anos
entre os marcos interruptivos da publicação da sentença penal condenatória, que se deu em
25/6/2014, e do julgamento da apelação, em 18/6/2018.

No julgamento, ficou o vencido o relator, ministro Marco Aurélio. O ministro Alexandre será o redator
do acórdão.

Leia a íntegra do voto do ministro Alexandre de Moraes.

COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM

O art. 117, inciso IV, do Código Penal foi modificado pela Lei nº 11.596/07 para anunciar que, além
da sentença condenatória, também o acórdão condenatório interrompe o curso da prescrição. Antes,
tão somente a sentença condenatória recorrível era causa de interrupção.

De acordo com a nova redação legal, além da inclusão do acórdão como causa interruptiva
estabeleceu-se que a interrupção ocorre pela publicação da decisão, não pelo julgamento.
“Publicação” não deve ser confundida com divulgação na imprensa oficial, sendo compreendida nos
termos do artigo 389 do Código de Processo Penal. Desse modo, considera-se publicada a sentença
quando o escrivão procede à juntada desta aos autos – na sentença ou acórdão proferidos na própria
audiência ou sessão, a publicação ocorre neste ato.

Com a edição da lei, duas orientações passaram a debater qual espécie de acórdão condenatório
recorrível teria efeito interruptivo. Há quem sustente que a alteração, alinhando-se a decisões
judiciais recorrentes, contempla somente os acórdãos condenatórios em ações penais originárias e
os reformatórios da absolvição em primeira instância. Por isso, tendo havido condenação em
primeira instância, o acórdão que simplesmente a confirme, negando provimento ao recurso da
defesa, ou que somente majore a pena, não interrompe o prazo prescricional. Aqueles adeptos desta
orientação se alicerçam no fato de que a lei lança mão da partícula “ou” entre as expressões
“publicação de sentença” e “acórdão condenatório”; logo, exclui-se a possibilidade de que ambos
irradiem efeitos interruptivos do prazo fatal. Sintetizando este entendimento, temos o seguinte
aresto do Superior Tribunal de Justiça:

“1. O curso da prescrição interrompe-se pela publicação da sentença ou do acórdão condenatório


recorríveis, o que ocorrer em primeiro lugar (art. 117, IV, do Código Penal). 2. A Corte Especial deste
Tribunal Superior, no julgamento do AgRg no RE nos EDcl no REsp n. 1.301.820/RJ (relator Ministro
Humberto Martins, DJe 24/11/2016), pacificou o entendimento de que o acórdão confirmatório da
condenação não constitui novo marco interruptivo prescricional, ainda que modifique a pena fixada.”
(STJ – AgRg nos EDcl no AREsp 359.573/SP, Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, j.
5/9/2019).

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Outra orientação sustenta que a interrupção do prazo prescricional se dá inclusive pelo acórdão que
se limita a confirmar a condenação de primeira instância ou a aumentar a pena, segundo, aliás,
deixou claro o relatório do projeto da lei que viria a alterar o Código Penal.

Esta é a orientação adotada pela 1ª Turma do STF. A prescrição é, como se sabe, o perecimento da
pretensão punitiva ou da pretensão executória pela inércia do próprio Estado. No art. 117 do Código
Penal, que deve ser interpretado de forma sistemática, todas as causas interruptivas da prescrição
demonstram, em cada inciso, que o Estado não está inerte. Não obstante a posição de parte da
doutrina, o Código Penal não faz distinção entre acórdão condenatório inicial e acórdão condenatório
confirmatório da decisão. Não há, sistematicamente, justificativa para tratamentos díspares. A ideia
de prescrição está vinculada à inércia estatal e o que existe na confirmação da condenação é a
atuação do Tribunal. Consequentemente, se o Estado não está inerte, há necessidade de se
interromper a prescrição para o cumprimento do devido processo legal.

2- Tema: Perda do cargo como efeito da condenação só pode atingir aquele ocupado na época do
crime

DECISÃO DO STJ- Publicado em notícias do STJ

Para a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o cargo público, a função ou o mandato
eletivo a ser perdido como efeito secundário da condenação – previsto no artigo 92, I, do Código
Penal – só pode ser aquele que o infrator ocupava à época do crime.

Com base nesse entendimento, o colegiado concedeu habeas corpus para reduzir as penas e afastar
a determinação de perda do cargo efetivo de duas servidoras públicas municipais condenadas pela
prática do crime previsto no artigo 90 da Lei de Licitações (Lei 8.666/1993), cometido quando
ocupavam cargo comissionado.

"A perda do cargo público, por violação de dever inerente a ele, necessita ser por crime cometido no
exercício desse cargo, valendo-se o envolvido da função para a prática do delito. No caso, a
fundamentação utilizada na origem para impor a perda do cargo referiu-se apenas ao cargo em
comissão ocupado pelas pacientes na comissão de licitação quando da prática dos delitos, que não
guarda relação com o cargo efetivo, ao qual também foi, sem fundamento idôneo, determinada a
perda" – afirmou o relator, ministro Sebastião Reis Júnior.

Cargos comissionados

A controvérsia envolveu duas escriturárias efetivas que foram nomeadas para assumir o cargo de
membro em comissão de licitação da prefeitura onde trabalhavam.

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Nessa atividade, teriam participado de um processo fraudulento de licitação, pelo que foram
condenadas a dois anos e quatro meses de detenção, no regime aberto, além da perda do cargo
efetivo. O Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a sentença sob o fundamento de que a
legislação impõe a perda do cargo público.

No habeas corpus apresentado ao STJ, as impetrantes alegaram que os efeitos da condenação sobre
o cargo público deveriam se restringir àquele exercido quando da prática criminosa, desde que
relacionado a ela – no seu caso, o cargo comissionado de membro da comissão de licitação.

Entendimento pacífico

Para o ministro Sebastião Reis Júnior, o acórdão do tribunal paulista contrariou entendimento
pacífico do STJ no sentido de que a perda de cargo, função ou mandato só abrange aquele em cujo
exercício o crime foi cometido, e não qualquer outro de que o réu seja detentor.

O relator reconheceu constrangimento ilegal na questão do cargo e também em relação à dosimetria


da pena.

"A jurisprudência desta corte tem consolidado entendimento na linha de que eventuais condenações
criminais do réu transitadas em julgado e não utilizadas para caracterizar a reincidência somente
podem ser valoradas, na primeira fase da dosimetria, a título de antecedentes criminais, não se
admitindo a sua utilização também para desvalorar a personalidade ou a conduta social do agente",
destacou.

Além disso, o ministro observou que é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em
curso para agravar a pena-base, como estabelecido na Súmula 444 do STJ.

Ao conceder o habeas corpus, a turma decidiu que, quanto ao crime do artigo 90 da Lei de Licitações,
a pena-base deve ser estabelecida no mínimo legal, afastada a perda do cargo público efetivo. Com
a redução da pena, foi alterado o prazo de prescrição – o que resultou na extinção da punibilidade.

Leia o acórdão.

Esta notícia refere-se ao(s) processo(s):HC 482458

COMENTÁRIOS DO CAO-CRIM

A condenação criminal pode ter efeitos que ultrapassam a execução forçada da sanção penal
imposta. Há efeitos que decorrem automaticamente da sentença condenatória, como a obrigação
de indenizar o dano causado e o confisco dos instrumentos e produtos do crime, assim como há
outros que dependem da natureza do crime cometido e da devida fundamentação do juiz.

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Dentre estes últimos se encontra a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo, disposta no
art. 92, inc. I, do CP. Este efeito incide desde que:

a) aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados
com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública;

b) aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos nos demais casos.

Nas duas situações, cumpre ao magistrado sentenciante examinar a extensão da gravidade da


conduta para decidir se é absolutamente incompatível a permanência do agente nos quadros da
Administração Pública. Não se trata, portanto, de um efeito automático da condenação (parágrafo
único do art. 92).

Mas é possível que no momento da condenação o agente esteja ocupando cargo diferente daquele
exercido ao tempo do crime. Neste caso, segundo decidiu o STJ no HC 482.458/SP (j. 22/10/2019),
não é possível decretar a perda se o fato for relativo à violação dos deveres inerentes ao cargo, pois
a conduta criminosa deve ter relação direta com a atividade pública desempenhada.

No caso julgado, duas servidoras públicas haviam sido condenadas por crime licitatório cometido
quando ocupavam cargos comissionados, mas a condenação impôs a perda do cargo efetivo, que
não guardava relação nenhuma com o crime:

“O cargo, função ou mandato a ser perdido pelo funcionário público como efeito secundário
da condenação, previsto no art. 92, I, do Código Penal, só pode ser aquele que o infrator
ocupava à época da conduta típica. Assim, a perda do cargo público, por violação de dever
inerente a ele, necessita ser por crime cometido no exercício desse cargo, valendo-se o
envolvido da função para a prática do delito. No caso, a fundamentação utilizada na origem
para impor a perda do cargo referiu-se apenas ao cargo em comissão ocupado pelas
pacientes na comissão de licitação quando da prática dos delitos, que não guarda relação
com o cargo efetivo, ao qual também foi, sem fundamento idôneo, determinada a perda”.

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